4

Click here to load reader

AULA 10 GTB - Roberta Brum

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AULA 10 GTB - Roberta Brum

Desenvolvimento Histórico do EvolucionismoAula 10 GTB – Roberta Brum

Objetivo: Apresentar e discutir os principais fundamentos da teoria da evolução por seleção natural, de

Charles Darwin, dentro de uma perspectiva histórica e sob a ótica da filosofia da ciência contemporânea.

FILOSOFIA DA CIÊNCIA E DARWINISMO

Em 1859 foi publicado o revolucionário livro de Charles Darwin, que trata-se de uma reunião de argumentos consistentes favoráveis que a vida é monofilética e que os seres vivos sofreram modificações ao longo do tempo geológico através da seleção natural das variações favoráveis. Desde então surgiram várias críticas a essa teoria. Os principais problemas para sua aceitação pela comunidade científica estavam relacionados à herança e à idade da Terra. Quanto á herança, Darwin propôs o mecanismo de pangênese, mas esta foi descartada por August Weismann, ao concluir que há uma separação funcional entre células somáticas e sexuais. Só com a redescoberta das leis de Mendel é que a questão da herança de caracteres pode ser solucionada. Depois, com ajuda de ilustres geneticistas evolucionistas, foi que a seleção natural foi matematicamente formalizada e adquiriu status científico, prevalecendo sobre propostas alternativas para explicar o mecanismo da evolução.

Pangênese foi uma teoria aceita até o século XIX para explicar a hereditariedade dos caracteres (inclusive dos adquiridos).

A IDADE DA TERRA

Darwin recebeu duras críticas do famoso físico Kelvin, que demonstrou erroneamente que a Terra não poderia ter tanta idade quanto Darwin defendia. Atualmente, através de dados acurados por métodos radiométricos, sabemos que a idade da Terra gira em torno de 4,5 bilhões de anos, ou seja, o suficiente para a evolução proposta por Darwin.

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DA EVOLUÇÃO

Dentro da cultura ocidental, a origem da diversidade dos organismos vivos e extintos pode ser explicada de duas maneiras:

Criação Divina – todos os seres vivos teriam sido criados por Deus, no Jardim do Éden. O homem teria sido criado do barro e de sua costela teria sido criada a primeira mulher, originando a humanidade através de seus descendentes. O argumento crucial utilizado na sustentação dessas narrativas é a fé, que implica em acreditar no sobrenatural, ou seja, fora da alçada da ciência. Porém, atualmente, grupos fundamentalistas, buscam sustentação e argumentos favoráveis a uma interpretação literal da narrativa bíblica, numa batalha ideológica contra o humanismo secular e o racionalismo científico.

Evolução – é baseada em causas naturais dentro do raciocínio científico. Esta teoria criou situações polêmicas, pois mostra o homem como apenas mais uma espécie na natureza, e

Page 2: AULA 10 GTB - Roberta Brum

não como uma criação divina e especial como é descrita no Criacionismo. Um aspecto relevante é o fato de que a evolução aconteceu e possui evidências favoráveis vindas de diversas áreas do conhecimento. Outro aspecto, mais complicado de explicar, é sobre o mecanismo pelo qual a evolução ocorreu. Darwin, após ler sobre as idéias de Malthus, sobre a relação entre crescimento populacional e recursos alimentares, teve a inspiração que faltava para construir sua teoria de evolução baseada na seleção natural. Entretanto, Darwin recebeu muitas críticas e acusações. Alguns autores afirmaram que a teoria darwinista era uma argumentação tautológica, com base de que a seleção natural seria uma sobrevivência diferencial e esta afirmação já era conhecida. Mas Darwin apresentou a seleção natural de uma forma diferente, afirmando que qualquer variação favorável em um indivíduo de qualquer espécie levaria à preservação deste indivíduo, e seria herdada por seus descendentes. Outra crítica à teoria da evolução diz que ciência “legítima” é aquela passível de observação direta e experimentação. Karl Popper, no entanto, demonstrou que o critério defendido pelos indutivistas, o da verificabilidade, além de impossível, não era o suficiente para separar ciência de não-ciência (metafísica), mas sim o critério da refutabilidade, ou seja, o da falseabilidade.

A EVOLUÇÃO E A CIÊNCIA

Verdade é uma palavra que existe para o religioso, e não para o cientista, pois toda “verdade” científica é circunstancial. Através da interminável tentativa de propor novas conjecturas e tentar de todas as maneiras demonstrá-las falsas por meio de experimentos, observações e inferências coerentes é que avançamos nosso conhecimento em relação ao mundo. Porém, as críticas sobre essa evolução também não param. Um exemplo disso é sobre o estudo dos processos evolutivos, que são considerados por alguns autores como conceitos metafísicos. No entanto, suas ontologias podem nos levar a boas hipóteses científicas e assim, podem vir a fazer parte de programas de investigação científica. Outra crítica à teoria da evolução é de que a história evolutiva é um fenômeno histórico, ou seja, feita a partir de casos particulares, comprometendo a preditividade. Um contra-argumento é o de que fatos particulares podem ser gerados por padrões replicados e assim por diante. Apesar de todas as críticas, a idéia de evolução dos seres vivos permanece aceita porque o criacionismo não apresenta evidências favoráveis, além de termos teorias corroboradas e homologias como ferramentas para recuperarmos as relações de parentesco. Mas vale ressaltar que a ciência deve ser considerada “humildemente” como apenas mais uma forma de obtenção de conhecimento e não como a única ou a melhor forma para isso e nem deve ser pregada como supremacia do conhecimento sobre outras áreas (mesmo tendo evidências disso a cada dia).

Programas de Investigação Científica Progressivo (com heurística positiva) – o programa consegue responder mais e mais

perguntas e gerar novas situações passíveis de teste. Regressivo (heurística negativa) – caso contrário ao progressivo e está fadado a ser

abandonado ou substituído por outro programa melhor.

EXERCÍCIOS

Page 3: AULA 10 GTB - Roberta Brum

1. Qual o critério apontado por Popper para separar ciência de não-ciência (pseudociência ou metafísica)?

Segundo Popper o critério fundamental que define a ciência é a falseabilidade de suas hipóteses. Falseabilidade é quando em vez de tentarmos demonstrar que uma teoria é certa adotamos o procedimento de tentar demonstrar que ela é falsa.  Por exemplo, imagine que seja formulada a seguinte hipótese "toda a vez que eu visto roupa amarela chove"; pelo critério de Popper não basta contar os dias em que choveu quando eu usava roupa amarela (verificabilidade), mas também os dias em que NÃO choveu quando eu usava roupa dessa cor (falseabilidade). Somente se nossas teorias "sobreviverem" a vários testes de falseabilidade é que elas podem ser chamadas de científicas do ponto vista de Popper.  

2. Que se entende por tautologia?

Tautologia é uma teoria que não pode nunca ser falseada devido ao seu caráter de lógica circular. Exemplos: a) "Chove ou não chove todos os dias" b) "as pedras mais pesadas são aquelas que têm maior peso"

3. Quais as idéias básicas do darwinismo?

As espécies se transformam ao longo do tempo através de mutação, recombinação e seleção natural. Segundo o darwinismo todos os organismos descendem de um ancestral comum que se transformou lentamente ao longo do tempo em função de forças seletivas físico biológicas.  

4. Aponte pelo menos três situações que, se fossem demonstradas verdadeiras, derrubariam a teoria da evolução.

Situação 1 - descobrir que os todos os fósseis são falsificações e que espécies NÃO se transformam com o tempo.Situação 2 - descobrir que NÃO acontecem mutações no DNA que afetam a forma e funcionamento dos organismos.Situação 3 - descobrir que as mutações que aumentam a taxa de sobrevivência/reprodução de um organismo NÃO são selecionadas positivamente.

5. Por que a “ciência da criação” não corresponde a um programa científico?

Porque não se baseia na falseabilidade para constituir suas teorias. A ciência da criação faz parte da religião cristã e uma religião pede que seus seguidores tenham fé e crença inquestionáveis na doutrina.  A ciência, por outro lado, pede aos cientistas que duvidem constantemente de suas teorias e as coloquem prova através de experimentos que visam buscar suas falhas (principio da falseabilidade).