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CURSO PREPARATÓRIO PARA O CARGO DE AUDITOR-FISCAL DA RFB PROF. FABIANO PEREIRA - DIREITO ADMINISTRATIVO --------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br Olá! A nossa aula de hoje é extremamente especial, pois tratará de um tema presente em quase todos os editais de concursos públicos da ESAF: atos administrativos. De todos os tópicos que serão apresentados, gostaria que você concedesse uma atenção especial aos requisitos, atributos e formas de invalidação do ato administrativo, que são os assuntos mais freqüentes em provas de concursos públicos. No mais, fico aguardando eventuais dúvidas em nosso fórum. Bons estudos! Fabiano Pereira [email protected] "Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas imediatamente. Perceba que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te impeça ou te atrase, de modo algum." (Eileen Caddy)

Aula 16 - Direito Administrativo - Aula 03

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Direito Administrativo

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1 Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br

Olá!

A nossa aula de hoje é extremamente especial, pois tratará de um tema presente em quase todos os editais de concursos públicos da ESAF: atos administrativos.

De todos os tópicos que serão apresentados, gostaria que você concedesse uma atenção especial aos requisitos, atributos e formas de invalidação do ato administrativo, que são os assuntos mais freqüentes em provas de concursos públicos.

No mais, fico aguardando eventuais dúvidas em nosso fórum.

Bons estudos!

Fabiano Pereira

[email protected]

"Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas

imediatamente. Perceba que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te impeça ou te atrase, de modo algum."

(Eileen Caddy)

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ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Considerações iniciais ............................................................. 03

2. Ato e fato administrativo

2.1. Distinção entre ato e fato administrativo ..................... 05

2.2. Fatos administrativos ................................................... 06

2.2.1. Fato administrativo involuntário ................................ 06

2.2.2. Fato administrativo voluntário ................................... 06

3. Conceito ................................................................................... 07

4. Elementos ou requisitos do ato administrativo ......................... 08

4.1. Competência ................................................................. 08

4.2. Finalidade ..................................................................... 09

4.3. Forma ........................................................................... 10

4.4. Motivo .......................................................................... 11

4.5.Objeto ............................................................................ 14

5. Atributos do ato administrativo ................................................ 14

5.1. Presunção de legitimidade ............................................ 14

5.2. Imperatividade ............................................................. 16

5.3. Autoexecutoriedade .................................................... 16

5.4. Tipicidade ..................................................................... 18

6. Classificação dos atos administrativos ..................................... 18

7. Espécies de atos administrativos .............................................. 25

8. Desfazimento dos atos administrativos .................................... 28

9. Convalidação de atos administrativos ....................................... 33

10. Revisão de véspera de prova – “RVP”...................................... 35

11. Questões comentadas ............................................................. 38

12. Relação de questões comentadas – com gabaritos ................. 61

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1. Considerações iniciais

Ao exercer a função administrativa com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas primárias, a Administração Pública utiliza-se de um mecanismo próprio, que lhe assegura um conjunto de prerrogativas necessárias ao alcance das finalidades estatais: o denominado regime jurídico-administrativo.

É o regime jurídico-administrativo que garante à Administração Pública a possibilidade de relacionar-se com os particulares em condição de superioridade, podendo impor-lhes decisões administrativas independentemente da concordância ou da aquiescência, pois são necessárias ao alcance das finalidades estatais.

Com o intuito de materializar as funções administrativas, ou seja, para realmente colocar em prática a vontade da lei, a Administração irá editar várias espécies de atos, cada um com uma finalidade específica, a exemplo de uma portaria, um decreto de nomeação de servidor, uma ordem de serviço, uma certidão negativa de débitos previdenciários, uma instrução normativa, uma circular, entre outros.

Apesar de ser regra geral, é válido esclarecer que nem sempre os atos editados pela Administração serão regidos pelo direito público, pois, dependendo do fim visado legalmente, alguns atos podem ser praticados sob o amparo do direito privado.

Diante disso, é possível concluir que a Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos:

1º) atos que são regidos pelo direito público e, consequentemente, denominados de atos administrativos;

2º) atos regidos pelo direito privado.

Os atos administrativos editados pela Administração estão amparados pelo regime jurídico-administrativo, portanto, expressam a sua superioridade em face dos administrados. Por outro lado, nos atos regidos pelo direito privado a Administração apresenta-se em condições isonômicas frente ao particular, como acontece, por exemplo, na assinatura de um contrato de aluguel.

Quando a Administração deseja celebrar um contrato de locação (ato regido pelo direito privado, mais precisamente pelo Direito Civil) com um particular (deseja alugar um imóvel para instalar uma unidade administrativa da Polícia Federal, por exemplo), essa relação bilateral é consequência de um “acordo de vontades” entre as partes.

No referido contrato, as cláusulas não foram definidas e elaboradas exclusivamente pela Administração, existiu uma negociação anterior até que se chegasse a um consenso sobre o que seria melhor para as partes e, somente depois, o contrato foi assinado.

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Pergunta: Professor Fabiano, então é correto afirmar que, nos atos regidos pelo direito privado, a Administração jamais gozará de qualquer prerrogativa ou “privilégio”?

Não. Tenha muito cuidado com a expressão “jamais”, “nunca”, “exclusivamente”, “somente”, entre outras, pois excluem a possibilidade de exceções, existentes às “milhares” no Direito.

Como regra geral, entenda que, nos atos regidos pelo direito privadoa Administração encontra-se em uma relação horizontal em face do particular, ou seja, uma relação isonômica, em igualdade de condições. Desse modo, não irá gozar de prerrogativas.

Todavia, em situações excepcionais, tanto o direito privado como o Direito Administrativo (direito público) podem estabelecer prerrogativas (“privilégios”) à Administração, caso seja necessário ao alcance do interesse público.

Exemplo: Como estudaremos adiante, todos os atos regidos pela Administração, inclusive os regidos pelo direito privado, gozam do atributo denominado “presunção de legitimidade”. Sendo assim, da mesma forma que ocorre em relação aos atos administrativos, os atos regidos pelo direito privado também são presumivelmente editados em conformidade com o direito.

Pergunta: Professor, quando você afirma que a Administração Pública pode editar atos regidos pelo direito público e pelo direito privado, você está incluindo no conceito de Administração também os poderes Legislativo e Judiciário?

É claro que sim. Lembre-se de que a função administrativa é típica do Poder Executivo, mas não é exclusiva. Portanto, os poderes Legislativo e Judiciário também poderão exercê-la atipicamente.

Atenção: Essas informações sobre os atos regidos pelo direito privado são muito importantes para responder algumas questões em prova. Contudo, o nosso foco de estudo neste capítulo são os atos administrativos, ou seja, aqueles regidos pelo direito público.

Dificilmente você irá encontrar uma prova de Direito Administrativo que não exija conhecimentos sobre o tema, principalmente sobre os “requisitos” e “atributos” do ato administrativo. Tente assimilar todos os conceitos que serão apresentados, bem como todas as questões que serão disponibilizadas ao término da aula, pois serão essenciais para o seu sucesso no concurso desejado.

Aproveitando a oportunidade, gostaria de convocá-lo para participar do fórum de dúvidas. Tenho constatado que poucos alunos estão participando efetivamente do fórum e isso dificulta a elaboração das próximas aulas, pois não consigo perceber a evolução do curso.

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Não consigo saber, por exemplo, se a linguagem está sendo acessível, se as questões de fixação do conteúdo estão sendo respondidas facilmente, enfim, preciso desse retorno.

Caso você não queira se manifestar no fórum, envie o seu e-mail para [email protected].

No mais, vamos voltar para o “batente”!

2. Ato e fato administrativo

Apesar de a ESAF não cobrar esse tema com muita freqüência em suas provas, é necessário que você conheça as diferenças conceituais existentes entre ato e fato administrativo.

2.1. Distinção entre ato administrativo e fato administrativo

Sem aprofundarmos neste momento, entenda que a edição de um ato administrativo tem por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir ou declarar direitos, isto é, os atos administrativos necessariamente produzem efeitos jurídicos.

Por outro lado, os fatos administrativos são acontecimentos provenientes da atuação da Administração que não produzem efeitos jurídicos, ou seja, não implicam aquisição, extinção ou alteração de direitos, pois representam uma mera execução ou materialização do ato administrativo.

Atenção: lembre-se sempre de que o fato administrativo é uma consequência do ato administrativo. Primeiro, edita-se o ato administrativo e, posteriormente, no momento de colocá-lo em prática, de executá-lo, ocorre o fato administrativo, que também é denominado de “ato material” da Administração.

Exemplo: Imagine que um servidor, ao se deparar com um carregamento de produtos impróprios para o consumo (com prazo de validade expirado), tenha que efetuar a apreensão dos mesmos. Nesse caso, a apreensão dos produtos é um ato material, ou seja, o servidor irá retirar os produtos do veículo que os transportava e levá-lo para o depósito do órgão público. Entretanto, a apreensão somente ocorreu em virtude da lavratura de um ato administrativo de apreensão.

Ainda podemos citar como exemplos de fatos administrativos a limpeza de vias públicas, uma cirurgia médica realizada em um Posto de Saúde do Município, a aula ministrada por um professor de Universidade Pública, a edificação de uma obra, entre outros.

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2.2. Fatos administrativos

Para facilitar a assimilação desse conceito, lembre-se de que fato jurídico pode ser entendido como um acontecimento capaz de criar, extinguir ou alterar relações jurídicas.

Quando algum acontecimento é irrelevante para o Direito, pois não repercute na esfera jurídica, estaremos diante de um “simples” fato, mas não “fato jurídico”, pois este repercute no mundo jurídico e o primeiro não.

Exemplo: Acabei de presenciar o meu filho de um ano (que está aqui ao meu lado, próximo ao computador, “malinando”) fazer um risco na parede recém-pintada de meu escritório.

Pergunta: Esse risco efetuado na parede do meu escritório é simplesmente um fato ou um “fato jurídico”?

É apenas um fato, pois não repercutiu no Direito, não produziu efeitos jurídicos.

Sendo assim, quando algum fato jurídico acontece na órbita do Direito Administrativo, será denominado fato administrativo, que pode ser entendido como um acontecimento voluntário ou involuntário que repercute no mundo jurídico.

2.2.1. Fato administrativo involuntário

É aquele que decorre de um evento natural que produziu consequências jurídicas no âmbito do Direito. Podemos citar como exemplos a morte de um servidor, um raio que causou um incêndio em uma repartição pública, ou, ainda, o nascimento do filho de uma servidora.

Pergunta: Nos exemplos citados, quais as consequências jurídicas (efeitos jurídicos) que a morte e o nascimento podem produzir na Administração?

Bem, com o falecimento do servidor, ocorrerá a vacância do cargo e surgirá o direito de seus dependentes receberem pensão. Por outro lado, como o nascimento do filho de uma servidora, esta passará a usufruir da famosa “licença-maternidade”.

2.2.2. Fato administrativo voluntário

Os fatos administrativos voluntários são consequência de atos administrativos ou de condutas administrativas que refletem os comportamentos e as ações administrativas que repercutirão no mundo jurídico.

Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, os fatos administrativos voluntários se materializam de duas maneiras distintas:

a) por atos administrativos, que formalizam a providência desejada pelo administrador através da declaração de vontade do Estado;

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b) por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou não precedidas de ato administrativo formal.

3. Conceito

São vários os conceitos de ato administrativo formulados pelos doutrinadores brasileiros, cada um com as suas peculiaridades. Entretanto, percebe-se nas provas de concursos públicos uma maior inclinação pelo antigo conceito elaborado pelo professor Hely Lopes Meirelles, que assim declara:

“Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.”

Analisando-se o conceito do saudoso professor, podemos concluir que o ato administrativo possui características bastante peculiares e, consequentemente, muito exigidas em provas da ESAF:

1ª) É uma manifestação unilateral de vontade da Administração Pública: nesse caso, é suficiente esclarecer que a Administração não está obrigada a consultar o particular antes de editar um ato administrativo, ou seja, a edição do ato depende, em regra, somente da vontade da Administração (pense no caso da aplicação de uma multa de trânsito, por exemplo).

2ª) É necessário que o ato administrativo tenha sido editado por quem esteja na condição de Administração Pública: é importante destacar que, além dos órgãos e entidades que integram a Administração Pública direta e indireta, também podem editar atos administrativos entidades que estão fora da Administração, como acontece com as concessionárias e permissionárias de serviços públicos, desde que no exercício de prerrogativas públicas.

3ª) O ato administrativo visa sempre produzir efeitos no mundo jurídico: segundo o professor, ao editar um ato administrativo, a Administração visa adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou, ainda, impor obrigações aos administrados ou a si própria.

Além das características que foram apresentadas acima, lembre-se ainda de que, ao editar um ato administrativo, a Administração Pública encontra-se em posição de superioridade em relação ao particular, pois está amparada pelo regime jurídico-administrativo.

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4. Elementos ou requisitos do ato administrativo

Os elementos ou requisitos do ato administrativo nada mais são que “componentes” necessários para que o ato seja considerado inicialmente válido, editado em conformidade com a lei.

Não existe uma unanimidade doutrinária sobre a quantidade e as características de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Entretanto, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, iremos adotar o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

4.1. Competência

O ato administrativo não “cai do céu”. É necessário que alguém o edite para que possa produzir efeitos jurídicos. Esse alguém é o agente público, que recebe essa competência expressamente do texto constitucional, através de lei (que é a regra geral) ou, ainda, segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, através de normas administrativas.

Neste último caso, o ilustre professor informa que “em relação aos órgãos de menor hierarquia, pode a competência derivar de normas expressas de atos administrativos organizacionais. Nesses casos, serão tais atos editados por órgãos cuja competência decorre de lei. Em outras palavras, a competência primária do órgão provem da lei, e a competência dos segmentos internos dele, de natureza secundária, pode receber definição através dos atos organizacionais”.

Sobre a competência, além de saber que se trata de um requisito sempre vinculado do ato, é importante que você entenda ainda quais são as principais características enumeradas pela doutrina, pois é muito comum encontrarmos questões em prova sobre o assunto.

1ª) É irrenunciável: já que prevista em lei, a competência é de exercício obrigatório pelo agente público sempre que o interesse público assim exigir. Não deve ser exercida ao livre arbítrio do agente, mas nos termos da lei, que irá definir os seus respectivos limites.

2ª) É inderrogável: os agentes públicos devem sempre exercer a competência nos termos fixados e estabelecidos pela lei, sendo-lhes vedado alterar, por vontade própria ou por atos administrativos, o alcance da competência legal.

3ª) Pode ser considerada improrrogável: quando a agente público edita um ato que inicialmente não era de sua competência, isso não significa que, a partir de então, ele se torna o único competente legalmente para exercê-lo, pois, provavelmente, o ato foi editado em razão de avocação ou delegação, ambos estudados anteriormente.

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4ª) É intransferível: como a avocação e a delegação estão relacionadas exclusivamente com o exercício da competência, é válido destacar que a sua titularidade permanece com a autoridade responsável pela delegação, que poderá ainda continuar editando o ato delegado, por exemplo.

5ª) É imprescritível: o exercício de determinada competência pelo seu titular não prescreve em virtude do lapso temporal, independentemente do tempo transcorrido. A obrigação de exercer a competência subsiste sempre que forem preenchidos os requisitos previstos em lei.

Para responder às questões da ESAF: A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável (Auditor-Fiscal/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF).

Além das características apresentadas, atente-se ainda para as regras básicas previstas na Lei 9.784/99 (Lei do processo administrativo federal), objeto frequente nas provas de concursos.

1ª) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial;

2ª) Não pode ser objeto de delegação a edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;

3ª) O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial;

4ª) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante;

5ª) As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado;

6ª) Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

4.2. Finalidade

Trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que impõe a necessidade de respeito ao interesse público no momento da edição do ato administrativo.

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Tenho certeza de que você se recorda de que a finalidade do ato administrativo deve ser atingida tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito para que este seja considerado válido.

Em sentido amplo, significa que todos os atos praticados pela Administração devem atender ao interesse público. Em sentido estrito, significa que todo ato praticado pela Administração possui uma finalidade específica, prevista em lei.

Apesar de a Administração ter por objetivo a satisfação do interesse público, é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com o objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo, na permissão de uso de um certo bem público (quando o Município, por exemplo, permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado municipal para montar o seu estabelecimento comercial).

Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja editado exclusivamente para satisfazer o interesse particular.

Sendo assim, o requisito denominado “finalidade” tem que responder à seguinte pergunta: para que foi editado o ato?

Para responder às questões da ESAF: Lembre-se sempre de que a finalidade é o efeito mediato (secundário) que o ato administrativo produz.

4.3. Forma

A forma, que também é um requisito vinculado do ato administrativo, a exemplo dos requisitos da competência e finalidade, também pode ser compreendida em sentido estrito e em sentido amplo.

Em sentido estrito, a forma pode ser entendida como o revestimento exterior do ato administrativo, o “modelo” do ato, o modo pelo qual ele se apresenta ao mundo jurídico.

Em regra, o ato administrativo apresenta-se ao mundo jurídico por escrito. Entretanto, existe a possibilidade de determinados atos surgirem verbal, gestual, ou, ainda, virtualmente.

Exemplo: Quando o guarda de trânsito emite “dois silvos breves” com o seu apito, ocorre a edição de um ato administrativo informal, pois ele está determinando que você pare o veículo para que seja fiscalizado. Da mesma forma, quando o semáforo de trânsito apresenta a cor vermelha, está sendo editado um ato administrativo informal determinando que você também pareo veículo.

Ao contrário do princípio da liberdade das formas, que vigora no direito privado, segundo o qual os atos podem ser praticados por qualquer forma idônea para atingir o seu fim, vigora no Direito Administrativo, em regra, o princípio da solenidade das formas, segundo o qual, para a edição

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de um ato administrativo, devem ser respeitados procedimentos especiais e forma prevista em lei.

O princípio da solenidade das formas está consagrado no § 1º, artigo 22, da Lei Federal 9.784/99, ao estabelecer que “os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável”.

Sendo assim, em âmbito federal existe norma expressa que impõe a regra da forma escrita para o exercício das competências públicas, o que nos leva a entender que, em regra, os atos administrativos devem ser formais.

Em sentido amplo, a forma pode ser entendida como a formalidadeou procedimento a ser observado para a produção do ato administrativo. Em outras palavras, entenda que a lei pode determinar expressamente outras exigências formais que não fazem parte do próprio ato administrativo, mas que lhe são anteriores ou posteriores (exigência de várias publicações do mesmo ato no Diário Oficial, por exemplo, para que possa produzir efeitos).

Ao contrário do que ocorre em relação ao princípio da solenidade das formas, que impõe a necessidade da vontade administrativa se exteriorizar por escrito, em relação à formalidade ou procedimento, somente será exigida uma dada formalidade se a lei expressamente determinar. Inexistindo lei impondo uma exigência formal além da exteriorização escrita, não há que ser requerer qualquer procedimento complementar.

Esse é o teor do caput do artigo 22 da Lei 9.784/99, ao declarar que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.

Para responder às questões da ESAF: Forma é a exteriorização do ato e/ou as formalidades que devem ser observadas durante o processo de sua formação (Assistente Administrativo/Ministério da Fazenda 2009/ESAF).

4.4. Motivo

O motivo, que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fatoe de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo.

O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo.

Para que um ato administrativo seja validamente editado, faz-se necessário que esteja presente o pressuposto de fato e de direito que autoriza ou determina a sua edição.

a) Pressuposto de fato: É o acontecimento real, uma circunstância fática concreta, externa ao agente público e que ensejou a edição do ato.

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Exemplos: a circunstância fática concreta que enseja a edição de um ato administrativo de desapropriação para fins de reforma agrária é a improdutividade de um latifúndio rural; a circunstância fática concreta que enseja a edição do ato que concede a licença-maternidade a uma servidora é o nascimento do filho; a circunstância fática concreta que enseja a edição do ato concessivo da aposentadoria compulsória é o implemento da idade de setenta anos, etc.

b) Pressuposto de direito: é o dispositivo legal em que se baseia a edição do ato. Em outras palavras, são os requisitos materiais estabelecidos na lei e que autorizam (nos atos discricionários) ou determinam (nos atos vinculados) a edição do ato.

Exemplos:

1º) No ato de desapropriação para fins de reforma agrária, o pressuposto de direito para a edição do ato está no artigo 184 da CF/88, que assim declara: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social”[...] . Foi o artigo 184 da CF/88 que fundamentou juridicamente a edição do ato.

2º) No ato concessivo de licença-maternidade, em âmbito federal, o pressuposto de direito que autoriza a edição do ato é o artigo 207 da lei 8.112/90, ao declarar que “será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração”.

3º) No ato concessivo da aposentadoria compulsória, o pressuposto de direito, em âmbito federal, é o artigo 186 da Lei 8.112/90, ao afirmar que “o servidor será aposentado compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço”.

4.4.1. Motivo e motivação

É necessário que você tenha muita atenção ao responder às questões de prova para não confundir motivo e motivação, que possuem significados diferentes.

O motivo, conforme acabei de expor, pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo.

Exemplo: Na concessão de licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, já sabemos que o nascimento do filho corresponderá ao pressuposto de fato e o artigo 186 da Lei 8.112/90 corresponderá ao pressuposto de direito (ambos formando o motivo).

Entretanto, a motivação somente passará a existir a partir do momento que o agente público do setor de recursos humanos declarar expressamente, por escrito, o pressuposto de fato e de direito que justificará a edição do ato.

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4.4.2. Teoria dos motivos determinantes

Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade, tem que ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que sequer existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, ao explicar a teoria dos motivos determinantes, afirma que “os motivos que determinam a vontade do agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocação de ´motivos de fato´ falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam”.

Exemplo: Suponhamos que o Prefeito de um determinado Município tenha decidido exonerar o Secretário Municipal de Turismo, ocupante de cargo em comissão. Entretanto, por ser colega do Secretário e temer inimizades políticas, decidiu motivar o ato alegando a necessidade de reduzir a despesa com pessoal ativo (motivo) em virtude da queda no montante de recursos recebidos do Fundo de Participação dos Municípios.

Porém, três meses após a exoneração do ex-Secretário de Turismo, imaginemos que o Prefeito tenha decidido nomear a sua irmã para ocupar o mesmo cargo, mas sem motivar o ato.

Pergunta: No referido exemplo, ocorreu algum vício (irregularidade) na exoneração do Secretário Municipal de Turismo, já que o Prefeito sequer era obrigado a motivar o ato de exoneração?

Sim. Realmente o Prefeito não era obrigado a motivar o ato de exoneração, pois se trata de cargo de confiança (em comissão), de livre nomeação e exoneração. Contudo, já que decidiu motivar o ato, a motivação deveria corresponder à realidade, ser verdadeira e real, o que não aconteceu no caso.

Como o motivo alegado (redução de despesas) foi determinante para a edição do ato de exoneração, mas, posteriormente, ficou provado que ele não existia, deverá ser anulado o ato por manifesta ilegalidade, seja pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

Para responder às questões da ESAF: De acordo com a teoria dos motivos determinantes, a situação fática que determinou e justificou a prática de ato administrativo passa a integrar a sua validade (Analista Administrativo/ANA 2009/ESAF) .

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4.5. Objeto

O quinto requisito do ato administrativo, que pode ser discricionário ou vinculado, é o objeto, entendido como a coisa ou a relação jurídica sobre a qual recai o ato. Trata-se do efeito jurídico imediato (primário) que o ato administrativo produz.

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o objeto é o efeito jurídico que o ato produz. O que o ato faz? Ele cria um direito? Ele extingue um direito? Ele transforma? Quer dizer, o objeto vem descrito na norma, ele corresponde ao próprio enunciado do ato.

Para os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, o objeto do ato administrativo identifica-se com o seu próprio conteúdo, por meio do qual a Administração manifesta sua vontade, ou atesta simplesmente situações pré-existentes.

Assim, continuam os professores, é objeto do ato de concessão de alvará a própria concessão do alvará; é objeto do ato de exoneração a própria exoneração; é objeto do ato de suspensão do servidor a própria suspensão (neste caso há liberdade de escolha do conteúdo específico – número de dias de suspensão – dentro dos limites legais de até noventa dias, conforme a valoração da gravidade da falta cometida); etc.

5. Atributos do ato administrativo

Como consequência do regime jurídico-administrativo, que concede à Administração Pública um conjunto de prerrogativas necessárias ao alcance do interesse coletivo, os atos administrativos editados pelo Poder Público gozarão de determinadas qualidades (atributos) não existentes no âmbito do direito privado.

Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder às questões de provas, é necessário que estudemos a presunção de legitimidade ou veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.

5.1. Presunção de legitimidade e veracidade

Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princípios). Essa presunção é consequência da confiança depositada no agente público, pois se deve partir do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais foram respeitados pelo agente no momento da edição do ato.

A presunção de legitimidade dos atos administrativos tem o objetivo de evitar que terceiros (em regra, particulares) criem obstáculos insensatos ou desprovidos de quaisquer fundamentos, que possam inviabilizar o exercício da atividade administrativa.

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Para responder às questões da ESAF: A presunção de legitimidade alcança todos os atos administrativos editados pela Administração, independentemente da espécie ou classificação.

Não é correto afirmar que a presunção de legitimidade dos atos administrativos seja juris et de jure (absoluta), pois o terceiro que se sentir prejudicado pode provar a ilegalidade do ato para que não seja obrigado a cumpri-lo. Desse modo, deve ficar claro que a presunção de legitimidade será sempre juris tantum (relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que não seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato (que considera ilegítimo ou ilegal).

Enquanto o Poder Judiciário ou a própria Administração não reconhecerem a ilegitimidade do ato administrativo, todos os seus efeitos continuam sendo produzidos normalmente, e o interessado deverá cumpri-lo integralmente.

Para responder às questões da ESAF: O atributo da presunção de legitimidade também tem sido cobrado em provas como “presunção de legalidade”, apesar de alguns autores discordarem desse entendimento.

Quando se afirma que o ato administrativo é presumivelmente legitimo, está se afirmando que foi editado em conformidade com o direito, ou seja, respeitando-se as leis e princípios vigentes. Por outro lado, ao se afirmar que o ato administrativo é presumivelmente legal, restringe-se a presunção ao respeito à lei.

Atenção: A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro ainda afirma que, além de serem presumivelmente legítimos, os atos administrativos também são presumivelmente verdadeiros. Segundo a professora, a presunção de veracidade assegura que os fatos alegados pela Administração são presumivelmente verdadeiros, assim como ocorre em relação a certidões, atestados, declarações ou informações por ela fornecidos, todos dotados de fé pública.

Por último, lembre-se sempre de que é do particular a obrigação de demonstrar e provar a ilegalidade ou possível violação ao ordenamento jurídico causada pela edição do ato. Enquanto isso não ocorrer, o ato continua produzindo todos os seus efeitos.

Esse é o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, ao afirmar que essa presunção “autoriza a imediata execução ou a operatividade dos atos administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos administrativos são tidos por válidos e operantes, quer para a Administração, quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos”.

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5.2. Imperatividade

A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência.

Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não necessita de previsão em lei, a imperatividade exige expressa autorização legal e não pode ser aplicada a todos os atos administrativos.

É o atributo da imperatividade que permite à Administração, por exemplo, aplicar multas de trânsito, constituir obrigação tributária que vincule o particular ao pagamento de imposto de renda, entre outros.

Para responder às questões da ESAF: O professor José dos Santos Carvalho Filho considera os termos coercibilidade e imperatividade expressões sinônimas, ao declarar que “significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência (ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarie interesses privados), na verdade, o único alvo da Administração Pública é o interesse público”.

Em virtude da unilateralidade, a Administração Pública não precisa consultar o particular, antes da edição do ato administrativo, para solicitar a sua concordância ou aquiescência, mesmo que o ato lhe cause prejuízos.

A doutrina majoritária entende que a imperatividade decorre do poder extroverso do Estado, que pode ser definido como o poder que o Estado tem de constituir, unilateralmente, obrigações para terceiros, com extravasamento dos seus próprios limites.

O poder extroverso pode ser encontrado, por exemplo, na cobrança e fiscalização dos impostos, no exercício do poder de polícia, na fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, no controle do meio ambiente, entre outros.

5.3. Autoexecutoriedade

A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.

O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de iralém do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de garantir que o ato administrativo seja executado.

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A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos (atos negociais e enunciativos, por exemplo), ocorrendo somente em duas hipóteses:

1ª) Quando existir expressa previsão legal;

2ª) Em situações emergenciais em que apenas se garantirá a satisfação do interesse público com a utilização da força estatal.

Exemplo: Imagine que a Administração Pública se depare com a existência de um imóvel particular em péssimas condições, prestes a desabar e que ainda é habitado por uma família de cinco pessoas.

Nesse caso, a Administração não precisará recorrer ao Poder Judiciário para retirar obrigatoriamente as pessoas do local, utilizando a força se preciso for, pois está diante de uma situação emergencial, na qual a integridade física de várias pessoas está em risco.

Também podem ser citados como exemplos de manifestação da autoexecutoriedade a destruição de medicamentos com prazo de validade vencido e que foram recolhidos em farmácias e a demolição de obras construídas em áreas de risco (zonas proibidas).

Atenção: Conforme já informei, nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e, para fins de concursos públicos, a multa(ato administrativo) é o exemplo mais cobrado em relação à ausência de autoexecutoriedade.

Nesse caso, apesar de a aplicação da multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento a Administração somente poderá recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário.

Conforme nos informam os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a única exceção ocorre na hipótese de multa administrativa aplicada por adimplemento irregular, pelo particular, de contrato administrativo em que tenha havido prestação de garantia. Nessa hipótese, a Administração pode executar diretamente a penalidade, independentemente do consentimento do contratado, subtraindo da garantia o valor da multa (Lei nº 8666/1993, artigo 80, inciso III).

Por último, é necessário deixar bem claro que os atos praticados sob o amparo do atributo da autoexecutoriedade podem ser revistos pelo Poder Judiciário, sempre que provocado pelos interessados.

Para tanto, basta que os interessados demonstrem que tais atos foram praticados de forma arbitrária, desproporcional, desarrazoada ou abusiva, por exemplo, para que o Poder Judiciário possa anulá-los retroativamente.

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5.4. Tipicidade

Não existe consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo. Todavia, como a ESAF eventualmente utiliza o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que o conheçamos.

Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.

Como é possível observar, o princípio da tipicidade decorre da aplicação do princípio da legalidade. Segundo o entendimento da professora di Pietro, para cada finalidade que a administração pretende alcançar existe um ato definido em lei, logo, o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

Resumidamente falando, a professora entende que, para cada finalidade que a Administração deseja alcançar, existe uma espécie distinta de ato administrativo e, portanto, é inadmissível que sejam editados atos administrativos inominados.

Para responder às questões da ESAF: A tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais; não existe nos contratos porque, com relação a eles, não há imposição de vontade da Administração, que depende sempre da aceitação do particular; nada impede que as partes convencionem um contrato inominado, desde que atenda melhor ao interesse público e particular (Maria Sylvia Zanella di Pietro).

6. Classificação dos atos administrativos

Não existe uma uniformização doutrinária sobre a classificação dos atos administrativos, pois cada autor possui uma classificação própria, segundo os critérios adotados para estudo.

Entretanto, para fins de concursos públicos, penso que o mais sensato é focarmos a classificação do professor Hely Lopes Meirelles, que tem sido adotada pelas principais bancas examinadoras do país, inclusive pela ESAF.

6.1. ATOS GERAIS E INDIVIDUAIS

Os atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles que possuem destinatários indeterminados, com finalidade normativa, tais como os decretos regulamentares, as instruções normativas, etc.

Caracterizam-se por serem de comando abstrato e impessoal (destinados a sucessivas aplicações, sempre quando ocorrer a hipótese neles prevista), muito parecidos com os das leis, e, portanto, revogáveis a qualquer tempo pela Administração. Geralmente são editados com o objetivo de explicar o texto legal a fim de garantir a sua fiel execução.

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Podemos citar como principais características dos atos gerais:

1ª) Devem prevalecer sobre o ato administrativo individual;

2ª) Para que produzam efeitos em relação aos particulares, necessitam de publicação na imprensa oficial;

3ª) Podem ser revogados a qualquer momento, respeitados os efeitos já produzidos;

4ª) Os administrados não podem impugná-los diretamente perante a própria Administração ou Poder Judiciário.

Ao contrário dos atos gerais, atos administrativos individuais são aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis, podendo alcançar um ou vários sujeitos, sendo possível citar como exemplos os decretos de desapropriação, a nomeação de servidores, uma autorização ou permissão, etc.

Atenção: Para que um ato administrativo seja classificado como individual, não interessa a quantidade de destinatários, mas sim a possibilidade de quantificá-los (definir a quantidade e conhecer os destinatários).

Exemplo: Nesses termos, poderá ser considerado ato administrativo individual tanto aquele responsável pela nomeação de um candidato para o cargo “X”, quanto aquele responsável pela nomeação de 20 (vinte) servidores, simultaneamente, pois, nesse caso, é possível definir e conhecer quais candidatos estão sendo atingidos pelo ato.

Outra característica importante dos atos individuais é a possibilidade de serem impugnados diretamente pelos administrados, seja através de uma ação de rito ordinário (ação judicial comum), mandado de segurança ou, ainda, ação popular, sempre que forem praticados contrariamente à lei.

Nos termos da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, “a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

Sendo assim, caso o ato individual tenha gerado direito adquirido para o seu destinatário, torna-se irrevogável.

6.2. ATOS INTERNOS E EXTERNOS

Atos administrativos internos são aqueles que produzem efeitos somente no interior da Administração Pública, e, portanto, não têm o objetivo de atingir os administrados, sendo possível citar como exemplos uma ordem de serviço, uma portaria de remoção de servidor, etc.

Como não possuem o objetivo de alcançar os administrados, não exigem publicação no Diário Oficial, sendo suficiente a comunicação aos seus destinatários internos pelos instrumentos de comunicação disponíveis.

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Por outro lado, atos administrativos externos ou de efeitos externos são aqueles que afetam os administrados, produzindo efeitos forada Administração, e, por isso, necessitam de publicação no diário oficial. Como exemplos, podemos citar um decreto, um regulamento, uma portaria de nomeação de candidato aprovado em concurso público, etc.

Apesar de não possuírem o objetivo de alcançar diretamente os administrados, é válido destacar que os atos que onerem os cofres públicose todos aqueles que visem produzir efeitos fora da Administração são considerados externos, e, portanto, devem ser publicados.

6.3. ATOS DE IMPÉRIO, DE GESTÃO E DE EXPEDIENTE

Atos de império ou de autoridade são aqueles praticados pela Administração no gozo de sua supremacia sobre o administrado. São aqueles através dos quais a Administração cria deveres aos particulares independentemente de concordância ou aquiescência, tal como acontece na aplicação de uma multa de trânsito, na edição de um decreto de desapropriação, na apreensão de mercadorias etc.

Atos de gestão são aqueles editados pela Administração sem fazer uso de sua supremacia sobre o administrado, estabelecendo-se uma relação horizontal (igualdade) e assemelhando-se aos atos de Direito privado, sendo possível citar como exemplo a aquisição de bens pela Administração, o aluguel de equipamentos etc.

Atos de expediente são os atos rotineiros praticados pelos agentes administrativos no interior da Administração, sem caráter vinculante e sem forma especial, que têm por objetivo organizar e operacionalizar as atividades exercidas pelos órgãos e pelas entidades públicas. Para exemplificar, podemos citar o preenchimento de um documento, a expedição de um ofício a um particular, a rubrica nas páginas de um processo administrativo etc.

6.4. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS

Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização”, ao passo que “discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu modo de realização”.

Em outro tópico da aula, afirmei que o ato administrativo possui cinco elementos ou requisitos básicos: competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Sendo assim, sempre que a lei estabelecer e detalhar esses cinco elementos, não deixando margem para que o agente público possa defini-los no momento da edição do ato, este será vinculado.

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Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente público não possui alternativas ou opções no momento de editar o ato, pois a própria lei já definiu o único comportamento possível. Portanto, caso o agente público desrespeite quaisquer dos requisitos ou elementos previstos pela lei, o ato deverá ser anulado pela Administração ou pelo Poder Judiciário.

Exemplo: Suponhamos que determinada lei municipal estabeleça todos os requisitos que devem ser cumpridos pelo particular que tenha a intenção de construir um edifício. Nesse caso, se o particular apresentar toda a documentação necessária e cumprir todos os requisitos legais, a Administração não possui outra alternativa a não ser conceder a licença para o particular construir, por ser um direito subjetivo deste.

Como a Administração não possui alternativas ou opções (conceder ou não a licença), já que a lei estabeleceu todos os requisitos necessários à edição do ato, este é denominado vinculado.

Por outro lado, no ato discricionário a lei apenas estabelece e detalha os requisitos da competência, forma e finalidade, deixando ao critério da Administração decidir sobre o motivo e o objeto. Sendo assim, é válido ressaltar que os requisitos competência, forma e finalidade serão semprevinculados (definidos em lei), independentemente de o ato ser discricionário ou vinculado.

No ato discricionário a Administração possui alternativas ou opções, e, dentre elas, irá escolher a que seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.

Exemplo: Suponhamos que o servidor público federal “X” tenha procurado o Departamento de Recursos Humanos do órgão em que trabalha para solicitar o parcelamento do seu período de férias, pois deseja usufruir 15 dias em julho e 15 dias em janeiro.

Pergunta: Nesse caso, poderá a Administração Pública recusar-se a deferir o pedido de parcelamento das férias efetuado pelo servidor?

Sim. O § 3º do artigo 77 da lei 8.112/90 estabelece expressamente que “as férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim requeridas pelo servidor e no interesse da administração pública”.

Desse modo, como a Administração pode deferir, ou não, o pedido efetuado pelo servidor, o ato será discricionário.

6.5. ATO SIMPLES, COMPLEXO E COMPOSTO

Ato administrativo simples é aquele que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado, sendo irrelevante o número de agentes que participarão da edição do ato. A edição do ato simples depende da vontade de um único órgão e independe de aprovações ou homologações posteriores.

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Como exemplos, podemos citar a edição de um parecer sob a responsabilidade de uma determinada autoridade administrativa, o despacho de um servidor ou uma decisão proferida por um conselho de contribuintes (neste caso, apesar de ser composto de vários membros, a decisão é uma só, representando a vontade da maioria).

Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar de ser um único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para que possa produzir os efeitos desejados.

É possível citar como exemplos os atos normativos editados conjuntamente, por dois ou mais órgãos, tais como as Portarias Conjuntaseditadas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Receita Federal do Brasil (a exemplo da Portaria Conjunta nº 01, de 10 de março de 2009, que dispõe sobre parcelamento de débitos para com a Fazenda Nacional); editadas pelos órgãos do Poder Judiciário (a exemplo da Portaria Conjunta 01, de 07 de março de 2007, que regulamenta adicionais e gratificações no âmbito do Judiciário), entre outras.

Nesse caso, deve ficar bem claro que existe uma manifestação conjunta de vontade de todos os órgãos envolvidos antes de o ato ser editado.

Por outro lado, ato administrativo composto é aquele em que apenas um órgão manifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é necessário que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar, aprovar, autorizar ou homologar o ato.

Atenção: Lembre-se de que, no ato composto, o seu conteúdo é definido por apenas um órgão, mas, para que o ato produza os seus efeitos, é necessária a manifestação de outro ou outros órgãos.

Como exemplo de ato composto, podemos citar a nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, nas palavras da professora Maria Sylvia Zanela Di Pietro, teríamos um ato principal (nomeação efetuada pelo Presidente da República) e outro ato acessório ou secundário(aprovação do Senado Federal).

Ao responder às questões de prova, tenha muito cuidado para não confundir ato complexo e ato composto. Lembre-se sempre de que o ato complexo depende da manifestação de vontade de dois ou mais órgãospara que seja editado. Apesar de ser um único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para que possa produzir os efeitos desejados, a exemplo do que ocorre em relação ao ato de aposentadoria, que é editado por vários órgãos e entidades da Administração, mas somente se aperfeiçoa com o registro no Tribunal de Contas da União - TCU.

De outro lado, ato composto é aquele em que apenas um órgãomanifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é necessário que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar, aprovar, autorizar ou homologar o ato. A professora Maria Sylvia Zanela Di Pietro cita

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como exemplo de ato composto a nomeação do Procurador-Geral da República, que depende de prévia aprovação do Senado Federal. Nesse caso, teríamos um ato principal (nomeação efetuada pelo Presidente da República) e outro ato acessório ou secundário (aprovação do Senado Federal).

De outro lado, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que o exemplo de ato composto apresentado pela professora Di Pietro “parece situar-se entre os atos complexos”.

Para o citado professor, atos complexos são aqueles cuja vontade final da Administração exige a intervenção de agentes ou órgãos diversos, havendo certa autonomia, ou conteúdo próprio, em cada uma das manifestações. Exemplo: a investidura do Ministro do STF se inicia pela escolha do Presidente da República; passa, após, pela aferição do Senado Federal; e culmina com a nomeação.

Bem, perceba que o exemplo utilizado pelo professor para demonstrar o ato complexo realmente é semelhante ao utilizado pela professora Di Pietro para demonstrar o ato composto. Desse modo, atente-se para os dois conceitos ao responder às eventuais questões de prova.

6.6. ATO VÁLIDO, NULO E INEXISTENTE

O ato válido é aquele editado em conformidade com a lei, respeitando-se todos os requisitos necessários para a sua edição: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

É importante que você entenda que nem todo ato válido é necessariamente eficaz. Pode ocorrer de o ato ter sido editado nos termos da lei, porém, para que possa produzir efeitos, às vezes depende da ocorrência de um evento futuro e certo (termo) ou futuro e incerto (condição).

Por outro lado, ato nulo é aquele editado com vício insanável em algum de seus requisitos de validade. Entretanto, apesar de ser nulo, é válido destacar que o ato produzirá seus efeitos até que o Poder Judiciário ou a própria Administração Pública estabeleça o contrário. Essa possibilidade decorre da presunção de legitimidade ou legalidade, um dos atributos do ato administrativo.

Ato inexistente é aquele que não existe para o direito administrativo, pois não foi editado por um agente público, mas por alguém que se fez passar por tal condição.

Exemplo: Imagine que um indivíduo qualquer (que não possui nada para fazer na vida) esteja “fiscalizando” o comércio na cidade de Montes Claros/MG apresentando-se como auditor da Secretaria do Estado de Fazenda de Minas Gerais. Imagine agora que o suposto “servidor” aplique uma multa a um determinado comerciante, preenchida em um pedaço de guardanapo.

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Ora, nesse caso, está claro e evidente que o falso servidor não atua em nome da Administração e, portanto, não pode editar atos administrativos. Sendo assim, a Administração não pode ser responsabilizada por eventuais prejuízos causados a terceiros por esse falso servidor.

Atenção: O professor Hely Lopes Meirelles não concorda com a existência de atos anuláveis no âmbito do Direito Administrativo, pois entende que, se os atos foram ilegais, são necessariamente nulos.

6.7. ATO PERFEITO, IMPERFEITO, PENDENTE OU CONSUMADO

Ato administrativo perfeito é aquele que já completou todo o seu ciclo de formação, superando todas as fases necessárias para a sua produção. A perfeição do ato refere-se ao processo de elaboração, ao passo que a validade refere-se à conformidade do ato com a lei.

Sendo assim, caso o ato administrativo já tenha sido escrito, motivado, assinado e publicado no Diário Oficial, por exemplo, pode ser considerado perfeito, pois cumpriu todas as etapas necessárias para a sua formação. Entretanto, apesar de ser perfeito, o ato pode ser inválido, pois, apesar de ter concluído as etapas para a sua edição, o ato violou o texto legal.

Em contrapartida, ato administrativo imperfeito é aquele que ainda não ultrapassou todas suas fases de produção e que, portanto, não pode produzir efeitos. Trata-se de um ato administrativo incompleto, que ainda necessita superar alguma formalidade para que possa produzir efeitos.

Ato administrativo pendente é aquele que, embora perfeito (pois já cumpriu todas as etapas necessárias para a sua edição), ainda não pode produzir todos os seus efeitos porque está aguardando a ocorrência de um evento futuro e certo (termo) ou futuro e incerto (condição).

É válido destacar que todo ato pendente é perfeito, pois já encerrou seu ciclo de produção, mesmo que ainda não possa produzir os efeitos pretendidos. Contudo, não é correto afirmar que todo ato perfeito é pendente, pois às vezes o ato já cumpriu todo o seu ciclo de formação e não está aguardando qualquer termo ou condição.

Ato consumado ou exaurido é aquele que já produziu todos os seus efeitos, tornando-se definitivo e imodificável, seja no âmbito judicial ou perante a própria Administração Pública.

Como exemplo de ato consumado, podemos citar uma autorização de fechamento da rua “Y”, concedida pela Administração municipal, para a realização de uma festa junina, em 22 de junho. Nesse caso, no dia 23 de junho, poderá a Administração revogar a autorização?

É claro que não, pois o ato estará consumado, tendo produzido todos os efeitos inicialmente desejados.

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7. Espécies de atos administrativos

7.1. Atos normativos

Os atos normativos são aqueles editados com o objetivo de facilitar a fiel execução das leis, possuindo comandos gerais e abstratos, tais como os decretos regulamentares, as instruções normativas, os regimentos, entre outros.

Apesar de possuírem comandos gerais e abstratos (assim como acontece com as leis), os atos normativos não podem inovar na ordem jurídica, possuindo como limite o texto da lei que regulamentam.

7.2. Atos ordinatórios

Os atos ordinatórios decorrem do poder hierárquico e têm o objetivo de disciplinar o funcionamento da Administração, orientando os agentes públicos subordinados no exercício das funções que desempenham. Os atos ordinatórios restringem-se ao interior da Administração e somente alcançam os servidores que estão subordinados à chefia que os expediu.

Como exemplos de atos ordinatórios, podemos citar as ordens de serviço (que são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos, contendo imposições de caráter administrativo ou especificações técnicas sobre o modo e a forma de sua realização); as instruções (que são ordens escritas e gerais a respeito do modo e da forma de execução de determinada atividade ou serviço público, expedidas pelo superior hierárquico com o objetivo de orientar os seus subordinados), as circulares (que visam à uniformização do desempenho de determinada atividade perante os agentes administrativos), entre outros.

7.3. Atos negociais

Atos administrativos negociais são aqueles pelos quais a Administração faculta aos particulares o exercício de determinada atividade, desde que atendidas as condições estabelecidas no próprio ato.

Os atos negociais possuem um conteúdo tipicamente negocial, pois representam o interesse convergente da Administração e do administrado, porém, não podem ser caracterizados como contratos administrativos (já que os atos negociais são unilaterais) e não gozam dos atributos da imperatividade e autoexecutoriedade.

Para exemplificar, podemos citar as licenças, as autorizações, as permissões, as aprovações, as dispensas, etc.

Os atos negociais, nas palavras dos professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, podem ser vinculados ou discricionários e definitivos ou precários.

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Os atos negociais vinculados são aqueles em que existe um direito do particular à sua obtenção. Uma vez atendidos pelo particular os requisitos previstos em lei para a obtenção do ato, não cabe à Administração escolha: o ato terá que ser praticado conforme o requerimento do particular, em que faça prova do atendimento dos requisitos legais.

Os atos negociais discricionários são aqueles que podem, ou não, ser praticados pela Administração, conforme seu juízo de oportunidade e conveniência. Assim, mesmo que o particular tenha atendido às exigências da lei necessárias ao requerimento da prática do ato, essa poderá ser negada pela Administração. Não existe um direito do administrado à prática do ato negocial discricionário; esta depende sempre do juízo de oportunidade e conveniência, privativo da Administração.

Os atos ditos precários são atos em que predomina o interesse do particular. Já sabemos que a Administração somente pode agir em prol do interesse público e que este é a finalidade de qualquer ato administrativo, requisito sem o qual o ato é nulo. Ocorre que há atos nos quais, ao lado do interesse público tutelado, existe interesse do particular, o qual, normalmente, é quem provoca a Administração para a obtenção do ato.

Os atos precários resultam de uma liberdade da Administração e, por isso, não geram direito adquirido para o particular e podem ser revogados a qualquer tempo, pela Administração, inexistindo, de regra, direito à indenização para o particular.

Os atos definitivos embasam-se num direito individual do requerente. São atos em que visivelmente predomina o interesse da Administração. Tal não significa que não possam ser revogados. Embora a revogação desses atos não seja inteiramente livre, a ocorrência de interesse público superveniente autoriza sua revogação por haver ele se tornado inoportuno ou inconveniente, salvo na hipótese de o ato haver gerado direito adquirido para seu destinatário. Poderá surgir direito de indenização ao particular que tenha sofrido prejuízo com a revogação do ato.

Nas questões de concursos públicos, as três espécies de atos negociais mais cobradas são a licença, a autorização e a permissão.

1ª) Licença: trata-se de um ato vinculado e que será editado em caráter definitivo, pois, enquanto o destinatário estiver cumprindo as condições estabelecidas na lei, o ato deverá ser mantido. Após cumpridos os requisitos legais, o particular possui direito subjetivo à sua edição.

Como exemplos, podemos citar a licença para o exercício de uma determinada profissão, a licença para construir, a licença para dirigir, etc.

2ª) Autorização: trata-se de ato discricionário e precário, em que, quase sempre, prevalece o interesse do particular. Podem ser revogados pela Administração a qualquer tempo, sem que, em regra, exista a necessidade de indenização ao administrado.

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A professora Maria Silvia Zanella di Pietro entende que, no direito brasileiro, a autorização administrativa pode ser estudada em várias acepções:

a) Como ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração faculta ao particular o desempenho de atividade que, sem esse consentimento, seria ilegal, tal como acontece na autorização para porte de arma de fogo (artigo 6º da Lei 9.437/97);

b) Como ato unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público faculta ao particular o uso privativo de bem público, a título precário, a exemplo da autorização concedida para o bloqueio de uma rua para a realização de festa junina;

c) Como ato unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público delega ao particular a exploração de serviço público, a título precário, como acontece na autorização para a exploração do serviço de táxi.

3ª) Permissão: Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, trata-se de ato discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração.

Como se trata de ato precário, poderá ser revogada sempre que existir interesse público, ressalvado o direito à indenização ao particular quando a permissão for onerosa ou concedida a prazo determinado.

7.4. Atos enunciativos

Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, atos administrativos enunciativos “são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Dentre os atos mais comuns dessa espécie, merecem atenção as certidões, os atestados e os pareceres administrativos”.

1º) Certidão: é a declaração por escrito da Administração sobre um fato ou evento que consta em seus bancos de dados. Como exemplo, podemos citar a certidão negativa de débitos tributários, que deve ser expedida pela Administração Fazendária no prazo máximo de 10 dias, contados da data da entrega do requerimento no órgão.

2º) Atestado: é a declaração da Administração a respeito de um fato ou acontecimento de que teve conhecimento no exercício da atividade administrativa, mesmo que não constante em livros, papéis ou documentos que estejam na sua posse.

Como exemplo, podemos citar um atestado médico editado por uma junta médica oficial declarando que o servidor não está momentaneamente apto ao exercício de suas funções.

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3º) Pareceres: são manifestações de órgãos técnicos através do quais a Administração apresenta a sua opinião sobre algum assunto levado à sua consideração.

Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, o parecer pode ser normativo ou técnico:

a) Parecer normativo: é aquele que, ao ser aprovado pela autoridade competente, é convertido em norma de procedimento interno, tornando-se impositivo e vinculante para todos os órgãos hierarquizados à autoridade que o aprovou. Tal parecer, para o caso que o propiciou, é ato individual e concreto; para os casos futuros, é ato geral e normativo.

b) Parecer técnico: é o que provém de órgão ou agente especializado na matéria, não podendo ser contrariado por leigo ou, mesmo, por superior hierárquico. Nessa modalidade de parecer ou julgamento não prevalece a hierarquia administrativa, pois não há subordinação no campo da técnica.

Os atos enunciativos são meros atos administrativos, portanto, não produzem efeitos jurídicos. Sendo assim, alguns autores até afirmam que os atos enunciativos não seriam atos administrativos, portanto, é necessário ficar atento ao responder às questões de prova.

7.5. Atos punitivos

Os atos punitivos são aqueles que contêm uma sanção imposta pela Administração aos seus agentes públicos ou particulares que praticarem atos ou condutas irregulares, violando os preceitos administrativos.

Os atos punitivos são consequência do exercício do poder disciplinar (no caso de sanções aplicadas aos agentes públicos ou particulares que tenham algum vínculo com o Poder Público) ou do poder de polícia (nos casos de sanções aplicadas aos particulares, mesmo que não mantenham qualquer vínculo com a Administração), a exemplo das multas, interdição de estabelecimentos violadores das normas administrativas, destruição de produtos apreendidos, etc.

8. Desfazimento dos atos administrativos

Todo ato administrativo, após ter sido editado, deve necessariamente ser respeitado e cumprido, pois goza do atributo da presunção de legitimidade, que lhe assegura a produção de efeitos jurídicos até posterior manifestação da Administração Pública ou do Poder Judiciário em sentido contrário.

Apesar disso, deve ficar claro que os atos administrativos não são eternos, já que podem ser desfeitos após a sua edição em virtude da constatação de ilegalidade (anulação), em razão de conveniência ou oportunidade da Administração (revogação) ou, simplesmente, em virtude de seu destinatário ter deixado de cumprir os requisitos previstos em lei (cassação).

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8.1. Anulação

Quando o ato administrativo é praticado em desacordo com o ordenamento jurídico vigente, é considerado ilegal. Assim, deve ser anuladopelo Poder Judiciário ou pela própria Administração, com efeitos retroativos.

Para responder às questões da ESAF: Um ato ilegal (contrário ao ordenamento jurídico) deve ser sempre anulado, nunca revogado.

Além disso, lembre-se ainda de que a anulação desse ato ilegal pode ser efetuada pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício ou mediante provocação). Ademais, a anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos.

Esse é o teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal ao afirmar que a “Administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos”.

Sendo assim, é necessário ficar bem claro que os atos ilegais não originam direitos para os seus destinatários. Entretanto, devem ser preservados os efeitos já produzidos em face de terceiros de boa-fé (que não têm nenhuma relação com o ato nulo).

Exemplo: os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino citam o caso de um servidor cujo ingresso no serviço público decorre de um ato nulo (a nomeação ou a posse contém vício insanável). Imagine-se que esse servidor emita uma certidão negativa de tributos para João e, no dia seguinte, seja ele exonerado em decorrência da nulidade de seu vínculo com a Administração. Os efeitos dos atos praticados entre ele e a Administração devem ser desfeitos. Mas João, que obteve a certidão, é um terceiro, portanto, sua certidão é válida.

Grave bem as informações abaixo sobre a anulação dos atos administrativos, pois, assim, você jamais errará uma questão da ESAF sobre o tema:

1ª) A anulação é consequência de uma ilegalidade, de um ato que foi editado contrariamente ao direito;

2ª) A anulação de um ato administrativo pode ser feita pelo Poder Judiciário, quando for provocado pelo interessado, ou pela própria Administração, de ofício ou também mediante provocação do interessado;

3ª) A anulação possui efeitos retroativos (ex tunc) , ou seja, deixa de produzir efeitos jurídicos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido);

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4ª) A anulação não desfaz os efeitos jurídicos já produzidos perante terceiros de boa-fé;

8.2. Revogação

A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais conveniente ou oportuno.

Ao revogar um ato administrativo a Administração Pública está declarando que uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse público, não mais existe, o que justifica a extinção do ato.

Para responder às questões da ESAF: Um ato ilegal jamais será revogado, mas sim anulado. Da mesma forma, se a questão de prova afirmar que um ato inconveniente ou inoportuno deve ser anulado, certamente estará incorreta, pois conveniência e oportunidade estão intimamente relacionadas com a revogação.

A revogação de um ato administrativo é consequência direta do juízo de valor (mérito administrativo) emitido pela Administração Pública, que é a responsável por definir o que é bom ou ruim para coletividade, naquele momento. Assim, é vedado ao Poder Judiciário revogar ato administrativo editado pela Administração.

Atenção: o Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas, também pode editar atos administrativos (publicação de um edital de licitação, por exemplo). Sendo assim, caso interesse público superveniente justifique a revogação do edital licitatório em momento posterior, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo.

Neste caso, o edital estaria sendo revogado pelo próprio Poder Judiciário, pois ele foi o responsável pela edição do referido ato administrativo. O que não se admite é que o Poder Judiciário efetue a revogação de atos editados pela Administração Pública, pois estaria invadindo a seara do mérito administrativo.

Nos mesmos moldes, quando o Poder Legislativo edita um ato administrativo no exercício de sua função atípica, também pode efetuar a sua revogação, sendo proibido ao Poder Judiciário manifestar-se em relação ao mérito desse ato.

Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos “ex tunc”, na revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos.

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Exemplo: imagine que um determinado servidor público federal esteja em pleno gozo (no terceiro mês) de licença para tratar de interesses particulares, que foi deferida pela Administração pelo prazo de 02 anos (artigo 91 da Lei 8.112/90). Neste caso, mesmo restando ainda 21 (vinte e um) meses para o seu término, a Administração poderá revogá-la a qualquer momento, desde que presente o interesse público.

Da mesma forma que agiu discricionariamente a Administração no momento de concessão de licença para tratar de assuntos particulares, nos termos do artigo 91 da Lei 8.112/90, será discricionária também a revogaçãoda licença, caso assim justifique o interesse público.

O ato de revogação possuirá efeitos “ex nunc” (para frente), ou seja, o servidor irá retornar ao trabalho somente após a edição do ato revocatório, sendo considerado como de efetivo gozo o período de três meses que usufruiu da licença.

Pergunta: professor, o que preciso saber para não errar nenhuma questão de prova sobre revogação?

Anote aí:

1º) Que a revogação é consequência da discricionariedadeadministrativa (conveniência e oportunidade);

2º) Que os atos inválidos ou ilegais jamais serão revogados, mas sim anulados;

3º) Que somente a Administração Pública pode revogar os seus próprio atos administrativos;

4º) Que a revogação produz efeitos ex nunc, enquanto na anulação os efeitos são ex tunc.

Para responder às questões da ESAF: A revogação é a supressão de um ato discricionário, fazendo cessar seus efeitos jurídicos, o que ocorre quando ele (ato) era legítimo e eficaz (Analista Técnico/SUSEP 2006/ESAF).

Pergunta: professor Fabiano Pereira, é ilimitado o poder conferido à Administração para revogar os seus atos administrativos?

Não! Existem alguns atos administrativos que não podem ser revogados, são eles:

1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos: suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de férias a um servidor e que todo o período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não há como revogar o ato que concedeu férias ao servidor, pois todos os efeitos do ato já foram produzidos;

2º) os atos vinculados: se a lei é responsável pela definição de todos os requisitos do ato administrativo, não é possível que a Administração

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efetue a sua revogação com base na conveniência e oportunidade (condição necessária para a revogação);

3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares: trata-se de garantia constitucional assegurada expressamente no inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88;

4º) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a preclusão de revogação da anterior.

5º) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso, os efeitos são estabelecidos diretamente na lei;

8.3. Cassação

A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que o particular, destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção.

Exemplo: se a Administração concedeu uma licença para o particular construir um prédio de 03 (três) andares, mas este construiu um prédio com 05 (cinco) andares, desrespeitou os requisitos inicialmente estabelecidos e, portanto, o ato será cassado.

8.4. Outras formas de extinção do ato administrativo

Além das hipóteses de desfazimento do ato administrativo estudadas até o momento, que dependem da manifestação expressa da Administração ou do Poder Judiciário, a doutrina majoritária ainda lista as seguintes:

1ª) extinção subjetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do sujeito destinatário do ato. Por exemplo, se a Administração concedeu ao servidor uma licença para tratar de assuntos particulares, mas, durante o gozo da licença, ele faleceu, considera-se extinto o ato, por questões óbvias.

2ª) extinção objetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do próprio objeto do ato. Exemplo: se o particular possuía permissão para instalar uma banca de revista em uma praça, mas, posteriormente, a praça foi destruída para a construção de uma escola, o ato de permissão consequentemente será extinto.

3ª) extinção natural: ocorre após o transcurso normal do prazo inicialmente fixado para a produção dos efeitos do ato. Exemplo: se foi concedida licença-paternidade a um servidor, o ato será extinto naturalmente depois de 05 (cinco) dias (que é o prazo legal de gozo da licença).

4ª) caducidade: ocorre quando a edição de lei superveniente à edição do ato administrativo impede a continuidade de seus efeitos jurídicos. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro cita como exemplo o caso de um parque de diversões que possuía permissão para funcionar em uma região da

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cidade, mas que, em razão de nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível.

Neste caso, o ato anterior que permitia o funcionamento do parque naquela região (hoje proibida por lei) deverá ser extinto, pois ocorrerá a caducidade.

9. Convalidação de atos administrativos

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, “convalidação é o ato administrativo através do qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado”.

Na verdade, a convalidação nada mais é que a “correção” do ato administrativo portador de defeito sanável de legalidade, com efeitos retroativos (ex tunc).

Para responder às questões da ESAF: A convalidação consiste em instrumento de que se vale a Administração para aproveitar atos administrativos eivados de vícios sanáveis, confirmando-os no todo ou em parte.

A lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo Federal) estabelece expressamente que:

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1º. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º. Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Inicialmente, é necessário esclarecer que a convalidação de um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis (aqueles encontrados nos requisitos “competência” e “forma”). Se o ato administrativo apresentar vícios insanáveis (a exemplo daqueles encontrados nos requisitos “finalidade”, “motivo” e “objeto”), deverá ser necessariamente anulado.

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Apesar de não ser entendimento majoritário na doutrina, é importante destacar que o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que também é possível convalidar atos com vício no objeto ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo.

Nesse caso, como a vontade administrativa se preordena a mais de uma providencia administrativa no mesmo ato, é viável suprimir ou alterar alguma providência e aproveitar o ato quanto às demais, não atingidas por qualquer vício.

Para responder às questões da ESAF: Em relação ao requisito “forma”, a convalidação é possível se ela não for essencial à validade do ato administrativo.

O prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente(automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

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SUPER R.V.P.

1. A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a) atos que são regidos pelo Direito Público e, consequentemente, denominados de atos administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado;

2. Fique atento ao conceito de ato administrativo formulado pelo professor Hely Lopes Meirelles, pois ele é muito cobrado em questões de concursos: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.”

3. São elementos ou requisitos do ato administrativo a competência, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto. Os três primeiros são sempre vinculados e os dois últimos podem ser vinculados ou discricionários;

4. O motivo, que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo;

5º. Cuidado para não confundir as expressões “motivo” e “motivação”. O motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo;

6. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente público no momento da edição do ato deve corresponder à realidade, tem que ser verdadeiro, pois, caso contrário, comprovando o interessado que o motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que simplesmente não existe, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário;

7. Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder às questões de provas, lembre-se da presunção de legitimidade e veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade;

8. Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com a lei, alcançando todos os atos administrativos editados pela Administração, independentemente da espécie ou classificação;

9. A presunção de legitimidade será sempre juris tantum (relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que não seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato, quando for manifestamente ilegal;

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10. A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência. Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não necessita de previsão em lei, a imperatividade exige expressa autorização legal e não pode ser aplicada a todos os atos administrativos;

11. A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário;

12. Nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e o exemplo mais comum em provas é o das multas. Nesse caso, apesar da aplicação de a multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento, a Administração somente poderá recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário, não sendo possível gozar da autoexecutoriedade;

13. Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo, mas, como as bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que você o conheça. Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.

14. Para que você possa responder às questões de concursos públicos sem medo de ser feliz, lembre-se sempre de que um ato ilegal (contrário ao ordenamento jurídico) deve ser sempre anulado, nunca revogado. Além disso, lembre-se ainda de que a anulação desse ato ilegal pode ser efetuada pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício ou mediante provocação);

15. A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos(ex tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos;

16º) A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido e legal, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais conveniente ou oportuno.

17. O Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas, também pode editar atos administrativos (publicação de um edital de licitação, por exemplo). Sendo assim, posteriormente, caso interesse público superveniente justifique a revogação do edital licitatório, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo;

18. Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos “ex tunc”, na revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos;

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19. Não podem ser revogados os atos já consumados, que exauriram seus efeitos; os atos vinculados; os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares; os atos que integram um procedimento e os denominados meros atos administrativos;

20. A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que o particular, destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção;

21. A convalidação (correção) de um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis, pois, caso o ato apresente vícios insanáveis, deverá ser necessariamente anulado.

22. O vício de incompetência admite convalidação, que nesse caso recebe o nome de ratificação, desde que não se trate de competência outorgada com exclusividade;

23. Em relação ao requisito “forma”, a convalidação é possível se ela não for essencial à validade do ato administrativo;

25. O prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente(automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

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QUESTÕES COMENTADAS - ATOS ADMINISTRATIVOS

01. (Administrador/ENP 2006/ESAF) Um dos requisitos e/ou elementos essenciais de validade dos atos administrativos, que constitui o seu necessário direcionamento a um fim de interesse público, indicado expressa ou implicitamente na norma legal, embasadora de sua realização, é a) a competência. b) a finalidade. c) a forma. d) o motivo. e) o objeto.

Comentários

A finalidade pode ser definida como o efeito mediato (satisfação do interesse público) que a Administração quer alcançar com a prática do ato administrativo, devendo sempre constar, expressa ou implicitamente, no texto legal.

A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que é o legislador que define a finalidade que o ato deve alcançar, não havendo liberdade de opção para a autoridade administrativa; se a lei coloca a demissão entre os atos punitivos, não pode ela ser utilizada com outra finalidade que não a de punição; se a lei permite a remoção ex officio do funcionário para atender a necessidade do serviço público, não pode ser utilizada para finalidade diversa, como a de punição.

Seja infringida a finalidade legal do ato (em sentido estrito), seja desatendido o seu fim de interesse público (sentido amplo), o ato será ilegal, por desvio de poder.

GABARITO: LETRA B.

02. (Analista Tributário/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF) De acordo com o disposto na Lei n. 9.784/99, que regula o processo administrativo, no âmbito da Administração Pública Federal, a Administração deve anular seus próprios atos e pode revogá-los, sendo que a) a revogação, por motivo de conveniência ou oportunidade, deve respeitar os direitos adquiridos. b) a revogação prescinde de motivação. c) a anulação, quando o ato estiver eivado de vício de legalidade, pode ocorrer a qualquer tempo. d) a anulação prescinde de motivação. e) tanto a anulação como a revogação estão sujeitas à prescrição decenal, não havendo o que cogitar, de eventuais direitos adquiridos.

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Comentários

a) Apesar de a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal assegurar à Administração a prerrogativa de revogar os seus próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade (discricionariedade administrativa), impõe a necessidade de respeito aos direitos adquiridos, o que torna correta a assertiva.

b) Em regra, todos os atos administrativos precisam ser motivados (pelo menos esse é o entendimento da doutrina majoritária e que deve ser assimilado para concursos públicos), assim como acontece na revogação, o que torna a assertiva incorreta.

São raros os atos administrativos que prescindem (dispensam) de motivação. Nas provas da ESAF, o exemplo mais utilizado de ato administrativo cuja motivação não é obrigatória é o de exoneração e nomeação para cargos em comissão (também chamados de cargos em confiança).

c) O art. 54 da Lei 9.784/1999 preceitua que “o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. Assertiva incorreta.

d) O art. 50 da Lei 9.784/1999 prevê que, dentre outras hipóteses, deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, os atos administrativos que importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. Assertiva incorreta.

e) O texto da assertiva contraria expressamente o teor do art. 53 da Lei 9.784/1999, que é expresso ao afirmar que “a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA A.

03. (Auditor-Fiscal/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF) Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta. a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária previsão normativa expressa. b) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada. c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável. d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela autoridade superior competente, nos limites definidos em lei.

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e) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do lugar, entre outros.

Comentários

Antes de analisarmos as assertivas da questão, aplicada no concurso para o provimento do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, em 2009, é importante destacar que muitos foram os recursos apresentados pelos candidatos com o intuito de anulá-la, já que várias assertivas apresentaram afirmações ambíguas, que dificultaram a interpretação de seu texto.

Todavia, insistindo no erro, a ESAF decidiu não anulá-la, mantendo o gabarito originalmente disponibilizado.

a) Perceba que o texto da assertiva afirma que “não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato”, sendo necessária expressa previsão normativa. Realmente, essa é a regra que impera no Direito Administrativo brasileiro, o que levou a ESAF a considerar correta a assertiva.

O professor José dos Santos Carvalho Filho, por exemplo, afirma que “enquanto no direito privado a presunção milita em favor da capacidade, no direito público a regra se inverte: não há presunção de competência administrativa; esta há de originar-se de texto expresso”.

Entretanto, informa a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro que “quanto à previsão em lei, há que se lembrar a possibilidade de omissão do legislador quanto à fixação da competência para a prática de determinados atos. A rigor, não havendo lei, entende-se que competente é o Chefe do Poder Executivo, já que ele é a autoridade máxima da organização administrativa, concentrando em suas mãos a totalidade das competências não outorgadas em caráter privativo a determinados órgãos”.

Em conformidade com o entendimento da citada professora, a competência do Presidente da República pode ser presumida para a edição de determinados atos que não estejam expressamente previstos em lei, o que tornaria a assertiva incorreta. Contudo, esse não foi o posicionamento adotado pela ESAF, que considerou a regra de que a competência não pode ser presumida.

b) O art. 12 da Lei 9.784/1999 estabelece que “um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”.

Entretanto, deve ficar claro que o ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que pode continuar exercendo-a cumulativamente com a autoridade delegada, desde que exista essa ressalva no ato de delegação. Assertiva incorreta.

c) A competência realmente é inderrogável, já que não se transfere a outro órgão ou agente por acordo realizado entre as partes. No mesmo sentido, também pode ser considerada improrrogável, pois o agente público não pode

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praticar atos que estejam fora do âmbito de sua competência. Assertiva correta.

d) Eis aqui mais uma assertiva que gerou muito discussão entre os candidatos, e com razão!

O art. 13 da Lei 9.784/1999 é expresso ao afirmar que “será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior”. Diante do que foi exposto, não há dúvidas de que a avocação realmente deve ocorrer em caráter excepcional.

Todavia, essa “excepcionalidade” não se aplica à delegação. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que “a regra é a possibilidade de delegação; a exceção é a impossibilidade, que só ocorre quando se trate de competência outorgada com exclusividade a determinado órgão”. Contudo, mesmo diante dos argumentos da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, a ESAF decidiu considerar a assertiva correta, indeferindo todos os recursos que foram apresentados.

e) O texto da assertiva simplesmente reproduziu o entendimento do professor José dos Santos Carvalho Filho, quando afirma que “a norma que define a competência recebe o influxo de diversos fatores: são os critérios definidores da competência. Tais critérios constituem fatores necessários à consecução do fim último do instituto - a organização e a distribuição de tarefas. A definição da competência, assim, decorre dos critérios em razão da matéria, da hierarquia, do lugar e do tempo”. Assertiva correta.

GABARITO: LETRA B.

(Administrador/AGU 2010/CESPE) A respeito do direito administrativo, julgue os itens seguintes.

04. O ato discricionário permite liberdade de atuação administrativa, a qual deve restringir-se, porém, aos limites previstos em lei.

No ato discricionário a Administração possui alternativas ou opções, e, dentre elas, irá escolher a que seja mais oportuna e conveniente ao interesse público, sempre dentro dos limites previstos em lei. Assertiva correta.

05. O ato administrativo, uma vez publicado, terá vigência e deverá ser cumprido, ainda que esteja eivado de vícios.

Todo ato administrativo, após ter sido editado, deve necessariamente ser respeitado e cumprido, pois goza do atributo da presunção de legitimidade, que lhe assegura a produção de efeitos jurídicos até posterior manifestação da Administração Pública ou do Poder Judiciário em sentido contrário, ainda que eivado de vícios (ilegalidade). Assertiva correta.

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06. É facultado ao Poder Judiciário, ao exercer o controle de mérito de um ato administrativo, revogar ato praticado pelo Poder Executivo.

A revogação de um ato administrativo é consequência direta do juízo de valor (mérito administrativo) emitido pela Administração Pública (que é responsável por definir o que é bom ou ruim para coletividade, naquele momento).

Assim, é vedado ao Poder Judiciário revogar ato administrativo editado pela Administração (Poder Executivo), sob pena de ofensa ao princípio da separação dos poderes. Assertiva incorreta.

(Agente Administrativo/AGU 2010/CESPE) Com relação aos atos administrativos e ao controle da administração pública, julgue os itens a seguir.

07. No caso de um administrado alegar a existência de vício de legalidade que invalide determinado ato administrativo, esse indivíduo deverá fundamentar sua alegação com provas dos fatos relevantes, por força da obrigatoriedade de inversão do ônus da prova, originada no princípio da presunção de legitimidade do ato administrativo.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que o atributo da presunção de legitimidade ou veracidade inverte, sem dúvida nenhuma, o ônus de agir, “já que a parte interessada é que deverá provar, perante o Judiciário, a alegação de ilegalidade do ato; inverte-se, também, o ônus da prova, porém não de modo absoluto: a parte que propôs a ação deverá, em princípio, provar que os fatos em que se fundamenta a sua pretensão são verdadeiros; porém isto não libera a Administração de provar a sua verdade, tanto assim que a própria lei prevê, em várias circunstâncias, a possibilidade de o juiz ou o promotor público requisitar da Administração documentos que comprovem as alegações necessárias à instrução do processo e à formação da convicção do juiz”. Assertiva correta.

08. Nem todos os atos administrativos possuem o atributo da autoexecutoriedade, já que alguns deles necessitam de autorização do Poder Judiciário para criar obrigações para o administrado.

Nem todo ato administrativo editado pela Administração Pública goza do atributo da autoexecutoriedade, a exemplo do que ocorre nas penalidades de natureza pecuniária, como as multas. Nesse caso, se o particular recusar-se a efetuar o pagamento, é necessário que a Administração ingresse com uma ação judicial para receber o respectivo valor. Assertiva correta.

09. (Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/MPOG 2009/ESAF) Marque a opção correta quanto aos atos administrativos. a) Os atos administrativos de opinião apenas atestam ou declaram a existência de um direito ou situação, como os pareceres.

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b) A presunção de veracidade diz respeito aos fatos. c) A autoexecutoriedade consiste em atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. d) A Forma é um elemento do ato administrativo que consiste no efeito jurídico imediato que o ato produz. e) Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo, sendo que o pressuposto de fato é o dispositivo legal em que se baseia o ato.

Comentários

a) O professor Hely Lopes Meirelles afirma que “atos administrativos enunciativos são todos aqueles em que a Administração se limita a certificarou a atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Dentre os atos mais comuns desta espécie merecem menção as certidões, os atestados e os pareceres administrativos”.

Perceba que o texto da assertiva está se referindo, especificamente, aos atos administrativos de opinião, a exemplo dos pareceres (espécies de atos enunciativos). É necessário ficar claro que os pareceres não têm por objetivo atestar ou declarar a existência de um direito ou situação, mas apenas apresentar a opinião dos órgãos consultivos da Administração sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência, não produzindo efeitos jurídicos. Assertiva incorreta.

b) Enquanto a presunção de legitimidade assegura à Administração a prerrogativa de que os seus atos administrativos são editados em conformidade com a lei, a presunção de veracidade diz respeito aos fatosalegados pela Administração no momento da edição do ato, considerando-os presumivelmente verdadeiros, até prova em contrário. Assertiva correta.

c) O atributo que permite à Administração impor os seus atos administrativos a terceiros, independentemente de concordância ou aquiescência, é a imperatividade. Assertiva incorreta.

d) O elemento do ato administrativo que consiste no efeito jurídico imediato que o ato produz é o objeto, o que torna a assertiva incorreta.

e) O motivo realmente é representado pelo pressuposto de fato e de direitoque servem de fundamento para a edição do ato administrativo. O pressuposto de fato nada mais é do que a circunstância concreta e real que ensejou a edição do ato, enquanto o pressuposto de direito se manifesta no dispositivo legal que autorizou o agente a editá-lo.

Assim, não restam dúvidas de que a assertiva está incorreta, pois o seu texto inverteu as definições de pressuposto de fato e pressuposto de direito.

GABARITO: LETRA B.

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10. (Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/MPOG 2009/ESAF) Marque a opção incorreta. a) Quando a lei confere expressamente à Administração remoção ex officio de funcionário, aponta uma situação de discricionariedade. b) A lei, ao definir o motivo do ato administrativo, utilizando-se dos chamados conceitos jurídicos indeterminados, aponta uma situação de discricionariedade. c) O mérito do ato administrativo diz respeito à oportunidade e conveniência diante do interesse público a atingir e tem relevância quanto ao controle judicial da Administração Pública. d) Cuida-se de controle legislativo sobre a Administração Pública a competência do Senado Federal para processar e julgar o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade. e) A competência pode ser objeto de delegação ou de avocação, ainda que se trate de competência conferida por lei a determinado agente, com exclusividade.

Comentários

a) A remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Trata-se de um instrumento colocado à disposição da Administração com a finalidade de garantir que a força de trabalho seja remanejada em conformidade com a conveniência e oportunidade administrativa. Assertiva correta.

b) O texto da assertiva está correto, pois, ao utilizar um conceito jurídico indeterminado, a lei realmente aponta uma situação de discricionariedade, assegurando ao administrador certa margem de liberdade para decidir.

O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “conceitos jurídicos indeterminados são termos ou expressões contidos em normas jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido, permitem que o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo significado, mutável em função da valoração que se proceda diante dos pressupostos da norma. É o que sucede com expressões do tipo ‘ordem pública’, ‘bons costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança nacional’ e outras do gênero. Em palavras diversas, referidos conceitos são aqueles cujo âmbito se apresenta em medida apreciável incerto, encerrando apenas uma definição ambígua dos pressupostos a que o legislador conecta certo efeito de direito”.

c) O texto da assertiva está em conformidade com o entendimento da doutrina majoritária, e, portanto, deve ser considerado correto.

O mérito do ato administrativo realmente está relacionado à prerrogativa assegurada ao administrador de escolher a opção mais conveniente e oportuna ao interesse público, dentro dos limites estabelecidos pela lei. No mesmo sentido, entende a doutrina majoritária que o Poder Judiciário não pode interferir na discricionariedade administrativa, alterando decisões que a lei reservou àquele que, em tese, possui habilitação técnica para tal.

Somente quando a decisão administrativa violar expressamente os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e moralidade, por exemplo, é que o Poder

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Judiciário estaria autorizado a analisar a discricionariedade do ato administrativo.

d) A Constituição Federal, em seu art. 52, I, dispõe que compete privativamente ao Senado Federal “processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles”.

Trata-se de um verdadeiro controle legislativo exercido sobre a Administração Pública, consequência da teoria dos freios e contrapesos (checks and balances). Assertiva correta.

e) O art. 13 da Lei 9.784/1999 é expresso ao afirmar que não podem ser objeto de delegação a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos administrativos e as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade, o que torna incorreta a assertiva.

GABARITO: LETRA E.

(Procurador Federal/AGU 2010/CESPE) Julgue os seguintes itens, acerca do ato administrativo.

11. O ato de delegação não retira a atribuição da autoridade delegante, que continua competente cumulativamente com a autoridade delegada para o exercício da função.

§ 1º, do art. 14, da Lei 9.784/1999, dispõe que “o ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada”. Assertiva correta.

12. A anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, nos processos que tramitem no TCU, deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, o que se aplica, por exemplo, à apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

A Súmula Vinculante nº 3, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal em 30/05/2007, declara que "nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão."

Perceba que o texto da Súmula Vinculante é claro ao afirmar que não é necessário assegurar o contraditório e a ampla defesa na apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão, o que torna incorreta a assertiva.

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13. O ato administrativo pode ser inválido e, ainda assim, eficaz, quando, apesar de não se achar conformado às exigências normativas, produzir os efeitos que lhe seriam inerentes, mas não é possível que o ato administrativo seja, ao mesmo tempo, perfeito, inválido e eficaz.

A primeira parte da assertiva está correta ao afirmar que o ato administrativo inválido pode ser eficaz. Essa possibilidade é conseqüência do atributo da presunção de legitimidade, que assegura aos atos administrativos a produção imediata de todos os seus efeitos, ainda que eivados de vícios que os tornem ilegais.

Por outro lado, a segunda parte da assertiva deve ser considerada incorreta, pois afirmou que um ato administrativo não pode ser, ao mesmo tempo, perfeito, inválido e eficaz.

Ora, a perfeição do ato administrativo está relacionada apenas com o respeito às fases necessárias à sua produção, sem qualquer relação com a validade (legalidade). Assim, se um ato administrativo completou as etapas necessárias à sua produção (perfeição), mesmo desrespeitando algum dispositivo legal (sendo considerado inválido), ainda sim poderá produzir todos os seus efeitos (eficaz) em decorrência da presunção de legitimidade.

(Técnico Administrativo/ANEEL 2010/CESPE) Com relação ao instituto da licitação e aos atos administrativos, julgue os itens que se seguem.

14. A revogação do ato administrativo, que implica extinção de um ato válido, produz efeitos retroativos.

Ao contrário do que ocorre na anulação, cujos efeitos são “ex tunc”, na revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos. Assertiva incorreta.

(Administrador/DENTRAN ES 2010/CESPE) Em relação a processos, atos e contratos administrativos, bem como acerca da Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue os itens seguintes.

15. A Carteira Nacional de Habilitação, devido a sua emissão decorrer de ato vinculado, caracteriza-se como uma licença.

A licença realmente é espécie de ato vinculado, pois, cumpridos os requisitos legais, o particular passa a ter direito subjetivo à sua edição. É o caso da Carteira Nacional de Habilitação, pois, se o condutor cumprir todos os requisitos exigidos pela lei, sendo aprovado em todas as etapas do processo, a Administração estará obrigada a emiti-la (ainda que seja mulher ... brincadeirinha ...). Assertiva correta.

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16. No processo administrativo disciplinar, por não se seguir rito próprio de processo judicial, admite-se a utilização de provas obtidas por meios ilícitos, tais como escuta telefônica não autorizada por juiz.

O art. 30 da Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é claro ao afirmar que “são inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos”, o que torna a assertiva incorreta.

17. (Assistente/Ministério da Fazenda 2009/ESAF) Acerca dos atos administrativos, assinale a opção correta. a) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é absoluta. b) O administrado pode negar-se a cumprir qualquer ato administrativo quando ainda não apreciado e convalidado pelo Poder Judiciário. c) Até prova em contrário, presume-se que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei. d) Cumpridas todas as exigências legais para a prática de um ato administrativo, ainda que seja ele discricionário, o administrado passa a ter direito subjetivo à sua realização. e) Considera-se mérito administrativo a conveniência e a oportunidade da realização do ato, sempre previamente definido e determinado pela lei.

Comentários

a) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é relativa (juris tantum), isto é, admite prova em contrário, o que invalida o texto da assertiva.

b) Em razão do atributo da imperatividade, os atos administrativos podem ser impostos obrigatoriamente aos particulares, independentemente de concordância ou aquiescência. Ademais, como estão amparados pelo atributo da presunção de legitimidade, tais atos não precisam ter a sua legalidade apreciada pelo Judiciário a fim de que produzam imediatamente todos os seus efeitos jurídicos.

Assim, deve ficar bem claro que o administrado não pode se negar a cumprir o ato administrativo, salvo se houver autorização administrativa ou judicial nesse sentido. Assertiva incorreta.

c) Tal prerrogativa é consequência do atributo da presunção de legitimidade, o que torna a assertiva correta.

d) A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que “a atuação da Administração Pública no exercício da função administrativa é vinculadaquando a lei estabelece a única solução possível diante de determinada situação de fato; ela fixa todos os requisitos, cuja existência a Administração deve limitar-se a constatar, sem qualquer margem de apreciação subjetiva”.

Por outro lado, “a atuação é discricionária quando a Administração, diante do caso concreto, tem a possibilidade de apreciá-lo segundo critérios de oportunidade e conveniência e escolher uma dentre duas ou mais soluções,

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todas válidas para o direito”. Nesse caso, mesmo que o administrado cumpra todas as exigências legais para a prática de um ato administrativo discricionário, ainda sim não terá direito subjetivo à sua realização, o que invalida o texto da assertiva.

e) Perceba que o texto da assertiva afirmou que o mérito administrativo é sempre previamente definido e determinado pela lei, o que não é verdade.

O mérito administrativo nada mais é do que a discricionariedade assegurada ao administrador para decidir sobre a conveniência e a oportunidade ao exercer a função administrativa, portanto, não está previamente definida e determinada por lei. É a margem de liberdade concedida ao agente públicopara escolher, dentre as várias alternativas existentes, aquela que melhor satisfaz o interesse público.

GABARITO: LETRA C.

18. (Analista de Finanças e Controle/STN 2008/ESAF) O Diretor-Geral do Departamento de Vigilância Sanitária de uma cidade brasileira anulou o ato de concessão de licença de funcionamento de um restaurante ao constatar uma irregularidade em um dos documentos apresentados para sua obtenção, existente desde o momento em que foi apresentado. Em relação a essa situação hipotética, marque a opção correta. a) Sendo o Diretor-Geral a autoridade competente para a concessão da licença, apenas uma autoridade superior a ele poderia tê-la anulado. b) A invalidação da licença tem efeitos ex nunc, ou seja, não retroativos, em respeito aos atos já dela decorridos até então. c) Por haver repercussão no campo de interesses individuais, a anulação da licença deve ser precedida de procedimento em que se garanta o contraditório àquele que terá modificada sua situação. d) Ainda que o documento seja novamente apresentado, desta vez regularmente constituído, não será possível a convalidação da licença anteriormente concedida por ser absolutamente nula. e) Tendo sido uma manifestação legítima de controle de mérito da Administração Pública, avaliados os critérios de conveniência e oportunidade, não é cabível indenização.

Comentários

a) A Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal é expressa ao afirmar que “a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

A propósito, a prerrogativa de anulação dos atos ilegais deriva do princípio da autotutela e pode ser exercida pela própria autoridade responsável

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pela edição do ato (no caso, o Diretor-Geral), ou, ainda, pela autoridade hierarquicamente superior a ele (consequência do poder hierárquico), o que torna incorreta a assertiva.

b) A anulação de um ato administrativo, por razões de ilegalidade, pode ser realizada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, produzindo efeitos ex tunc (retroativos). Por outro lado, a revogação (que ocorre com fundamento na conveniência e oportunidade administrativa) somente pode ser realizada pela própria Administração, produzindo efeitos ex nunc (não retroativos).

Diante do que foi exposto, o texto da assertiva deve ser considerado incorreto, pois afirmou que a invalidação (anulação) da licença produz efeitos ex nunc (não retroativos), quando o correto seria ex tunc (retroativos).

c) No julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 710085/SP, publicado em 06/03/2009, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “embora a Administração esteja autorizada a anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais (Súmula 473 do STF), não prescinde do processo administrativo, com obediência aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório”. Assertiva correta.

d) A princípio, a licença está sendo invalidada (anulada) em virtude de o particular não ter cumprido corretamente o procedimento necessário (forma) à sua concessão, já que apresentou um documento irregular.

Todavia, como a doutrina majoritária entende que os vícios apresentados nos elementos “forma” e “competência”, em regra, podem ser sanados, a licença poderá ser convalidada se o documento correto for posteriormente apresentado. Assertiva incorreta.

e) A assertiva afirmou que ao anular a licença a Administração exerceu um controle de mérito, avaliando os critérios de conveniência e oportunidade, o que não é verdade.

A anulação de um ato administrativo está diretamente relacionada com a sua legalidade, e não com a conveniência e oportunidade, que somente estão presentes na revogação. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA C.

(Técnico Superior/IPAJM 2010/CESPE - adaptada) Segundo a doutrina, pode-se definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público, e que está sujeita a controle pelo Poder Judiciário.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo. 23.ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 196 (com adaptações).

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Com relação aos atos administrativos, julgue os itens seguintes.

19. Caso um indivíduo obtenha licença perante a administração pública para construir uma casa, cumpra os requisitos exigidos e, mesmo assim, a administração, discricionariamente, casse tal licença, esse ato de cassação será legítimo porque se trata de controle de conveniência e oportunidade, inerente aos poderes da administração pública.

A licença para construção de um imóvel é ato administrativo vinculado e, portanto, será editado em caráter definitivo. Enquanto o destinatário estiver cumprindo as condições estabelecidas na lei, a licença nãopode ser cassada. Ademais, depois de ter cumprido os requisitos legais, o particular possui direito subjetivo à sua edição.

Assim, constata-se que o texto da assertiva está incorreto, pois afirmou que é legítima a cassação da licença com fundamento da conveniência e oportunidade administrativa, o que não é verdade.

20. A imperatividade é uma característica de todos os atos administrativos existentes, mesmo nos atos de consentimento, como, por exemplo, uma autorização.

Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não necessita de previsão em lei, a imperatividade exige expressa autorização legal e, portanto, não se aplica a todos os atos administrativos, a exemplo de uma autorização. Assertiva incorreta.

21. A imperatividade é o atributo que tem o ato administrativo de ser posto em execução pela própria administração pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

A imperatividade é o atributo do ato administrativo que assegura à Administração a prerrogativa de impor unilateralmente as suas determinações aos particulares, independentemente de concordância ou aquiescência.

A definição apresentada pela assertiva refere-se a outro atributo do ato administrativo, isto é, a autoexecutoriedade, o que invalida completamente o seu texto.

22. A autoexecutoriedade é a característica que têm todos os atos administrativos de, tão logo postos em prática, poderem alcançar os objetos por eles almejados. Isso é necessário para salvaguardar rápida e eficientemente o interesse público.

Nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e o exemplo mais comum em provas é o da multa. Nesse caso, apesar da aplicação de a multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento, a Administração somente poderá

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recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário, não sendo possível, assim, usufruir do atributo da autoexecutoriedade. Assertiva incorreta.

23. Tipicidade é o atributo que determina a correspondência do ato administrativo às figuras definidas previamente em lei. Esse atributo é corolário do princípio da legalidade, representando garantia para o administrado, pois a administração só poderá fazer o que a lei determina. A tipicidade é característica exclusiva dos atos unilaterais.

Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo, mas, como as bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que você o conheça.

Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”, o que torna correta a assertiva.

(Promotor de Justiça Substituto/MPE ES 2010/CESPE - adaptada) Julgue os itens seguintes com referência à teoria dos atos administrativos.

24. Como faculdade de que dispõe a administração para extinguir os atos que considera inconvenientes e inoportunos, a revogação pode atingir tanto os atos discricionários como os vinculados.

Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que existem algumas espécies de atos administrativos que não podem ser revogados, a saber: os atos consumados, que exauriram seus efeitos; os atos vinculados; os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares; os atos que integram um procedimento e, ainda, os denominados meros atos administrativos.

Assim, deve ficar bem claro que a revogação somente pode alcançar os atos discricionários, jamais os atos vinculados, o que invalida o texto da assertiva.

25. Ato administrativo simples é o que emana da vontade de um só órgão administrativo, sendo o órgão singular, não colegiado.

Ato administrativo simples é aquele que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado, sendo irrelevante o número de agentes que participarão da edição do ato, o que invalida o texto da assertiva.

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A edição do ato simples depende da vontade de um único órgão e independe de aprovações ou homologações posteriores, a exemplo de um despacho de determinado servidor em processo administrativo.

26. Todos os atos administrativos dispõem da característica da autoexecutoriedade, isto é, o ato, tão logo praticado, pode ser imediatamente executado, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

Nem todo ato administrativo editado pela Administração Pública goza do atributo da autoexecutoriedade, a exemplo do que ocorre nas penalidades de natureza pecuniária, como as multas. Nesse caso, se o particular recusar-se a efetuar o pagamento, é necessário que a Administração ingresse com uma ação judicial para receber o respectivo valor. Assertiva incorreta.

27. A perfeição do ato administrativo diz respeito à conformidade do ato com a lei ou com outro ato de grau mais elevado, e, nesse sentido, ato imperfeito é o ato praticado em dissonância com as normas que o regem.

Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que a perfeição do ato administrativo diz respeito à conclusão de todas as etapas (fases) necessárias à sua edição. Assim, é perfeito o ato administrativo que concluiu todas as etapas para a sua edição, e, por óbvio, imperfeito é aquele que não concluiu essas etapas. Assertiva incorreta.

28. Pela conversão, a administração converte um ato inválido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato original.

O texto da assertiva está em conformidade com o entendimento da doutrina majoritária, portanto, deve ser considerado correto.

O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, por exemplo, afirma que “pela conversão, quando possível, o Poder Público trespassa, também com efeitos retroativos, um ato de uma categoria na qual seria inválido para outra categoria na qual seria válido”, produzindo, retroativamente, os efeitos próprios de outro ato.

A título de exemplo, o professor cita a conversão de uma nomeação em caráter efetivo para cargo de provimento em comissão em nomeação em comissão. Assertiva correta.

29. (Auditor/Prefeitura de Natal - SEMUT 2008/ESAF) Quanto aos Atos Administrativos, analise os itens a seguir e marque a opção correta:

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I. A imperatividade não existe em todos os atos administrativos, não se aplicando a atos enunciativos.

II. O objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz.

III. A fonte da discricionariedade é a própria lei: aquela só existe nos espaços deixados por esta.

IV. Os atos administrativos negociais contêm uma declaração de vontade da Administração apta a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas pelo Poder Público.

V. A revogação do ato administrativo pode ser feita pelo Judiciário e pela Administração, quando o administrado praticar ato contrário à lei.

a) Os itens III e V estão corretos. b) Os itens II e IV estão corretos. c) Os itens I e V estão incorretos. d) Os itens II e III estão incorretos. e) Os itens IV e V estão incorretos.

Comentários

Item I – O texto da assertiva está correto, pois o atributo da imperatividade somente está presente nos atos administrativos que impõem obrigações aos particulares, a exemplo de um decreto de desapropriação. Nos atos enunciativos, que são aqueles pelos quais a Administração simplesmente atesta ou reconhece determinada situação de fato ou de direito, esse atributo não existe.

Item II – Enquanto o objeto apresenta-se como o efeito jurídico imediato (primário) que o ato produz, a finalidade pode ser entendida como o efeito jurídico mediato (secundário) que o ato visa alcançar, portanto, está correta a assertiva.

Item III – Mais uma assertiva da ESAF que simplesmente reproduziu as palavras da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ao afirmar que “a fonte da discricionariedade é a própria lei; aquela só existe nos espaços deixados por esta. Nesses espaços a atuação livre da Administração é previamente legitimada pelo legislador.

Ao ser obrigado a escolher a conduta mais satisfatória ao interesse público, dentre as várias opções existentes, o administrador público atuará discricionariamente, porém, nos limites e “espaços” permitidos pela lei. Assertiva correta.

Item IV – O professor Hely Lopes Meirelles afirma que “atos administrativos negociais são todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público”, portanto, correta a assertiva.

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Item V – A revogação restringe-se à análise dos critérios de conveniência e oportunidade e somente pode ser realizada pelo responsável pela edição do ato administrativo, no caso, a Administração.

O Poder Judiciário apenas poderá revogar um ato administrativo se tiver sido o responsável pela sua edição, como acontece, por exemplo, quando um Tribunal revoga licença para tratar de interesses particulares concedida a um servidor.

Quando o ato administrativo é editado em desconformidade com a legislação vigente, será passível de anulação e não de revogação, o que torna incorreta a assertiva.

Antes de marcar a resposta da questão, perceba que somente o “Item V” está incorreto, pois todos os demais foram considerados corretos. Assim, a única alternativa que responde corretamente à questão é a letra “b”, já que não afirma que apenas os itens II e IV estão corretos.

GABARITO: LETRA B.

30. (Procurador da Fazenda Nacional/PGFN 2007/ESAF) Considerando os atos administrativos, analise os itens a seguir:

I. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu que cabe ao Poder Judiciário apreciar o mérito dos atos administrativos, e que a análise de sua discricionariedade é possível para a verificação de sua regularidade em relação à forma, objeto e finalidade;

II. Não se aplica a Teoria dos Motivos Determinantes aos atos discricionários;

III. A Administração pode revogar seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos, respeitados os direitos adquiridos;

IV. Uma vez anulado o ato pela própria Administração, cessa imediatamente sua operatividade, não obstante possa o interessado pleitear judicialmente o restabelecimento da situação anterior;

V. O ato administrativo pode ser extinto pela caducidade, a qual ocorre porque o destinatário descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situação jurídica.

A quantidade de itens corretos é igual a:

a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

Comentários

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Item I – No julgamento do Agravo Regimental proposto no Recurso Extraordinário nº 365.368/SC, publicado em 29/06/2007, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “embora não caiba ao Poder Judiciário apreciar o mérito dos atos administrativos, o exame de sua discricionariedade é possível para a verificação de sua regularidade em relação às causas, aos motivos e à finalidade que os ensejam”.

Como o texto da assertiva afirmou que “cabe ao Poder Judiciário apreciar o mérito dos atos administrativos para a verificação de sua regularidade em relação à forma, objeto e finalidade”, deve ser considerado incorreto, pois essa não foi a conclusão a que se chegou no julgamento do RE-AgR 365.368/SC.

Item II – O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que de acordo com a teoria dos motivos determinantes, “os motivos que determinam a vontade do agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocação de ‘motivos de fato’ falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam”.

Analisando-se os comentários do professor Celso Antônio Bandeira de Mello, conclui-se que a teoria dos motivos determinantes é aplicável sim aos atos administrativos discricionários, caracterizando-se como um eficiente instrumento de controle da atividade administrativa. Assertiva incorreta.

Item III – Se o ato administrativo é ilegal, não poderá ser revogado, mas somente anulado. A revogação ocorre quando a Administração entende não ser mais conveniente e oportuno manter vigente um ato administrativo válido, editado em conformidade com a lei. Assertiva incorreta.

Item IV – O professor Hely Lopes Meirelles afirma que “uma vez anulado o ato pela própria Administração, cessa imediatamente sua operatividade, não obstante possa o interessado pleitear judicialmente o restabelecimento da situação anterior, e até mesmo obter em mandado de segurança a suspensão liminar dos efeitos do ato invalidatório”.

Em outras palavras, quando a Administração anula um ato administrativo ilegal, este deixa de produzir efeitos imediatamente. Entretanto, se o administrado não concorda com a anulação do ato, poderá recorrer ao Poder Judiciário pleiteando a anulação da anulação do ato administrativo, o que faria com o que o ato anulado voltasse a produzir efeitos. Assertiva correta.

Item V – Diferentemente do que consta no texto da assertiva, a caducidade ocorre quando o surgimento de uma nova lei impede a continuidade de um ato administrativo editado em conformidade com a legislação anterior.

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Quando o administrado deixa de cumprir as condições necessárias para a manutenção do ato administrativo e seus respectivos efeitos, ocorre a sua cassação (forma de extinção do ato), o que torna a assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA A.

(Procurador Municipal/Prefeitura de Boa Vista – RR 2010/CESPE) Julgue os itens que se seguem, relativos aos contratos administrativos.

31. Apesar de a decisão executória da administração pública dispensar a intervenção prévia do Poder Judiciário, não há impedimento para que ocorra o controle judicial após a realização do ato.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que “embora se diga que a decisão executória dispensa a Administração de ir preliminarmente a juízo, essa circunstância não afasta o controle judicial a posteriori, que pode ser provocado pela pessoa que se sentir lesada pelo ato administrativo, hipótese em que poderá incidir a regra da responsabilidade objetiva do Estado por ato de seus agentes (art. 37, § 6º, da Constituição). Também é possível ao interessado pleitear, pela via administrativa ou judicial, a suspensão do ato ainda não executado”. Assertiva correta.

32. A oportunidade e a conveniência são fundamentos para que a administração revogue um ato administrativo válido; os efeitos já produzidos por esse mesmo ato, todavia, serão preservados.

A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais conveniente ou oportuno.

Ao revogar um ato administrativo, a Administração Pública está declarando que uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse público, não mais existe, o que justifica a extinção do ato, cujos efeitos até então produzidos são mantidos. Assertiva correta.

(Consultor do Executivo/SEFAZ ES 2010/CESPE) A respeito do ordenamento jurídico-administrativo brasileiro, julgue o próximo item.

33. Quando um administrador público executa ato administrativo classificado como discricionário, não cabe, conforme a doutrina e a jurisprudência dominantes, o exame da legalidade desse ato pelo Poder Judiciário.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que “a rigor, pode-se dizer que, com relação ao ato discricionário, o Judiciário pode apreciar os aspectos de legalidade e verificar se a Administração não ultrapassou os

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limites da discricionariedade; neste caso, pode o Judiciário invalidar o ato, porque a autoridade ultrapassou o espaço livre deixado pela lei e invadiu o campo da legalidade”. Assertiva incorreta.

(Auditor Federal de Controle Externo/TCU 2010/CESPE) Julgue os itens seguintes, referentes aos atos administrativos.

34. Sempre que a lei expressamente exigir determinada forma para que um ato administrativo seja considerado válido, a inobservância dessa exigência acarretará a nulidade do ato.

Por se tratar de requisito sempre vinculado do ato administrativo, quando a lei expressamente exige determinada forma para que um ato administrativo seja considerado válido a sua inobservância realmente ensejará a nulidade do ato. Assertiva correta.

35. O Poder Judiciário pode, de ofício, apreciar a validade de um ato administrativo e decretar a sua nulidade, caso seja considerado ilegal.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que “o Judiciário nãopode apreciar ex officio a validade do ato; sabe-se que, em relação ao ato jurídico de direito privado, o artigo 168 do CC determina que as nulidades absolutas podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, e devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do ato ou dos seus efeitos; o mesmo não ocorre em relação ao ato administrativo, cuja nulidade só pode ser decretada pelo Judiciário a pedido da pessoa interessada”. Assertiva incorreta.

36. Em processo administrativo disciplinar, a remoção de ofício de um servidor pode ser utilizada como forma de punição.

A remoção não é uma das penalidades previstas no art. 127 da Lei 8.112/90, que apenas se refere à advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada.

A finalidade específica da remoção de servidores é suprir a carência de pessoal existente em outros órgãos ou entidades. Sendo assim, se a remoção for utilizada com a finalidade específica de punir um servidor, estará ocorrendo um flagrante desvio de finalidade (espécie de desvio de poder), pois a remoção estará sendo utilizada com uma finalidade diversa daquela prevista em lei. Assertiva incorreta.

(Analista Judiciário – área administrativa/TRE BA 2010/CESPE) Acerca dos atos e dos poderes administrativos, julgue o item a seguir.

37. Ato administrativo complexo é aquele que resulta do somatório de manifestações de vontade de mais de um órgão, por exemplo, a aposentadoria.

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Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar de ser um único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para que possa produzir os efeitos desejados.

A aposentadoria realmente é um exemplo de ato administrativo complexo, conforme reiterado várias vezes pelo Supremo Tribunal Federal em suas decisões. Assertiva correta.

(Analista Judiciário – área judiciária/TRE BA 2010/CESPE) Com referência ao ato administrativo, julgue os itens subsequentes.

38. Um dos efeitos do atributo da presunção de veracidade dos atos administrativos reside na impossibilidade de apreciação de ofício da validade do ato por parte do Poder Judiciário.

Se o ato administrativo é presumivelmente legítimo, desde a sua edição,não há razões para que o Poder Judiciário possa se manifestar de ofício sobre a sua legalidade. Assertiva correta.

39. Apesar de o ato de revogação ser dotado de discricionariedade, não podem ser revogados os atos administrativos que geram direitos adquiridos.

Os atos administrativos que geraram direitos adquiridos para os particulares realmente não podem ser revogados, sob pena de violação ao inc. XXXVI, do art. 5º, da CF/1988, que é expresso ao afirmar que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Assertiva correta.

(Técnico Judiciário/TRE BA 2010/CESPE) Julgue os itens a seguir, relativos aos atos e poderes administrativos.

40. A autoexecutoriedade é um atributo de todos os atos administrativos.

Conforme destacado anteriormente, a autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos, pois somente poderá ser colocada em prática quando existir autorização expressa em lei ou quando se tratar de medida urgente, que, se não for adotada de imediato, pode causar graves prejuízos ao interesse público. Assertiva incorreta.

41. Entre as espécies de atos administrativos, os atestados são classificados como enunciativos, porque seu conteúdo expressa a existência de certo fato jurídico.

O atestado realmente é uma espécie de ato enunciativo, podendo ser definido como a declaração da Administração a respeito de um fato ou

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acontecimento de que teve conhecimento no exercício da atividade administrativa, mesmo que não constante em livros, papéis ou documentos que estejam na sua posse.

Como exemplo, podemos citar um atestado médico editado por uma junta médica oficial declarando que o servidor não está momentaneamente apto ao exercício de suas funções. Assertiva correta.

42. (Analista de Finanças e Controle/STN 2008/ESAF) Quanto à discricionariedade e à vinculação da atuação administrativa, pode-se afirmar corretamente: a) a discricionariedade presente num ato administrativo nunca é total, pois, em geral, ao menos a competência, a forma e a finalidade são elementos definidos em lei e, portanto, vinculados. b) o ato administrativo será discricionário quando a lei não deixar margem de liberdade para a atuação do administrador e fixar a sua única maneira de agir diante do preenchimento de determinados requisitos. c) a conveniência e a oportunidade de realização dos atos constituem o mérito administrativo, presente nos atos vinculados e passível de controle pelo poder judiciário. d) quando o motivo for um aspecto discricionário do ato administrativo, ainda que expressamente indicado pela administração pública para a prática de determinado ato, não estará passível de controle pelo poder judiciário. e) a admissão de servidor público é ato administrativo discricionário típico, assim como a permissão de uso de bem público é exemplo clássico de ato administrativo vinculado.

Comentários

a) A doutrina majoritária afirma que são cinco os requisitos ou elementos de validade do ato administrativo: competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Os três primeiros são sempre vinculados, isto é, previamente estabelecidos e detalhados pela lei. Por outro lado, o “motivo” e o “objeto” podem ser vinculados ou discricionários.

Mesmo nos atos discricionários, os elementos de competência, forma e finalidade sempre serão previamente estabelecidos em lei (vinculados), o que limita a discricionariedade do administrador no momento da edição do ato administrativo. Assertiva correta.

b) O texto da assertiva está incorreto, pois quando a lei não deixar margem de liberdade para a atuação do administrador e fixar a sua única maneira de agir diante do preenchimento de determinados requisitos, ter-se-á um ato administrativo vinculado.

c) De início, é importante esclarecer que nos atos vinculados não há que se falar em mérito administrativo, já que todos os requisitos de validade serão previamente estabelecidos pela lei, o que torna a assertiva incorreta.

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Ademais, deve ficar claro que, em regra, o Poder Judiciário não está autorizado a apreciar o mérito do ato administrativo, sob pena de violação à teoria da separação dos poderes. Contudo, em caráter excepcional, se o conteúdo do ato for visivelmente violador dos princípios da moralidade, proporcionalidade ou moralidade, entende a doutrina majoritária ser possível a análise judicial.

d) Em razão da teoria dos motivos determinantes, os motivos alegados pela Administração, no momento da edição do ato administrativo, devem corresponder à realidade, isto é, devem ser verdadeiros, sob pena de o ato administrativo ser posteriormente declarado nulo pelo Poder Judiciário. Assertiva incorreta.

e) Em relação à “admissão” de servidor público, o ato administrativo correspondente pode ser vinculado ou discricionário. Quando se tratar de nomeação para cargos de provimento efetivo, será vinculado. Por outro lado, será discricionário quando se referir a nomeações para cargos em comissão (também chamados de cargos de confiança), de livre nomeação e exoneração.

A permissão de uso de bem público é exemplo clássico de ato administrativo discricionário, pois, antes de editá-la, a Administração analisará a sua oportunidade e conveniência para o interesse público. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA A.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES COMENTADAS - COM GABARITOS 01. (Administrador/ENP 2006/ESAF) Um dos requisitos e/ou elementos essenciais de validade dos atos administrativos, que constitui o seu necessário direcionamento a um fim de interesse público, indicado expressa ou implicitamente na norma legal, embasadora de sua realização, é a) a competência. b) a finalidade. c) a forma. d) o motivo. e) o objeto.

02. (Analista Tributário/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF) De acordo com o disposto na Lei n. 9.784/99, que regula o processo administrativo, no âmbito da Administração Pública Federal, a Administração deve anular seus próprios atos e pode revogá-los, sendo que a) a revogação, por motivo de conveniência ou oportunidade, deve respeitar os direitos adquiridos. b) a revogação prescinde de motivação. c) a anulação, quando o ato estiver eivado de vício de legalidade, pode ocorrer a qualquer tempo. d) a anulação prescinde de motivação. e) tanto a anulação como a revogação estão sujeitas à prescrição decenal, não havendo o que cogitar, de eventuais direitos adquiridos.

03. (Auditor-Fiscal/Receita Federal do Brasil 2009/ESAF) Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta. a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária previsão normativa expressa. b) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada. c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável. d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela autoridade superior competente, nos limites definidos em lei. e) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do lugar, entre outros.

(Administrador/AGU 2010/CESPE) A respeito do direito administrativo, julgue os itens seguintes.

04. O ato discricionário permite liberdade de atuação administrativa, a qual deve restringir-se, porém, aos limites previstos em lei.

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05. O ato administrativo, uma vez publicado, terá vigência e deverá ser cumprido, ainda que esteja eivado de vícios.

06. É facultado ao Poder Judiciário, ao exercer o controle de mérito de um ato administrativo, revogar ato praticado pelo Poder Executivo.

(Agente Administrativo/AGU 2010/CESPE) Com relação aos atos administrativos e ao controle da administração pública, julgue os itens a seguir.

07. No caso de um administrado alegar a existência de vício de legalidade que invalide determinado ato administrativo, esse indivíduo deverá fundamentar sua alegação com provas dos fatos relevantes, por força da obrigatoriedade de inversão do ônus da prova, originada no princípio da presunção de legitimidade do ato administrativo.

08. Nem todos os atos administrativos possuem o atributo da autoexecutoriedade, já que alguns deles necessitam de autorização do Poder Judiciário para criar obrigações para o administrado.

09. (Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/MPOG 2009/ESAF) Marque a opção correta quanto aos atos administrativos. a) Os atos administrativos de opinião apenas atestam ou declaram a existência de um direito ou situação, como os pareceres. b) A presunção de veracidade diz respeito aos fatos. c) A autoexecutoriedade consiste em atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. d) A Forma é um elemento do ato administrativo que consiste no efeito jurídico imediato que o ato produz. e) Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo, sendo que o pressuposto de fato é o dispositivo legal em que se baseia o ato.

10. (Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/MPOG 2009/ESAF) Marque a opção incorreta. a) Quando a lei confere expressamente à Administração remoção ex officio de funcionário, aponta uma situação de discricionariedade. b) A lei, ao definir o motivo do ato administrativo, utilizando-se dos chamados conceitos jurídicos indeterminados, aponta uma situação de discricionariedade. c) O mérito do ato administrativo diz respeito à oportunidade e conveniência diante do interesse público a atingir e tem relevância quanto ao controle judicial da Administração Pública. d) Cuida-se de controle legislativo sobre a Administração Pública a competência do Senado Federal para processar e julgar o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade.

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e) A competência pode ser objeto de delegação ou de avocação, ainda que se trate de competência conferida por lei a determinado agente, com exclusividade.

(Procurador Federal/AGU 2010/CESPE) Julgue os seguintes itens, acerca do ato administrativo.

11. O ato de delegação não retira a atribuição da autoridade delegante, que continua competente cumulativamente com a autoridade delegada para o exercício da função.

12. A anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, nos processos que tramitem no TCU, deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, o que se aplica, por exemplo, à apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

13. O ato administrativo pode ser inválido e, ainda assim, eficaz, quando, apesar de não se achar conformado às exigências normativas, produzir os efeitos que lhe seriam inerentes, mas não é possível que o ato administrativo seja, ao mesmo tempo, perfeito, inválido e eficaz.

(Técnico Administrativo/ANEEL 2010/CESPE) Com relação ao instituto da licitação e aos atos administrativos, julgue os itens que se seguem.

14. A revogação do ato administrativo, que implica extinção de um ato válido, produz efeitos retroativos.

(Administrador/DENTRAN ES 2010/CESPE) Em relação a processos, atos e contratos administrativos, bem como acerca da Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue os itens seguintes.

15. A Carteira Nacional de Habilitação, devido a sua emissão decorrer de ato vinculado, caracteriza-se como uma licença.

16. No processo administrativo disciplinar, por não se seguir rito próprio de processo judicial, admite-se a utilização de provas obtidas por meios ilícitos, tais como escuta telefônica não autorizada por juiz.

17. (Assistente/Ministério da Fazenda 2009/ESAF) Acerca dos atos administrativos, assinale a opção correta. a) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é absoluta. b) O administrado pode negar-se a cumprir qualquer ato administrativo quando ainda não apreciado e convalidado pelo Poder Judiciário. c) Até prova em contrário, presume-se que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei.

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d) Cumpridas todas as exigências legais para a prática de um ato administrativo, ainda que seja ele discricionário, o administrado passa a ter direito subjetivo à sua realização. e) Considera-se mérito administrativo a conveniência e a oportunidade da realização do ato, sempre previamente definido e determinado pela lei.

18. (Analista de Finanças e Controle/STN 2008/ESAF) O Diretor-Geral do Departamento de Vigilância Sanitária de uma cidade brasileira anulou o ato de concessão de licença de funcionamento de um restaurante ao constatar uma irregularidade em um dos documentos apresentados para sua obtenção, existente desde o momento em que foi apresentado. Em relação a essa situação hipotética, marque a opção correta. a) Sendo o Diretor-Geral a autoridade competente para a concessão da licença, apenas uma autoridade superior a ele poderia tê-la anulado. b) A invalidação da licença tem efeitos ex nunc, ou seja, não retroativos, em respeito aos atos já dela decorridos até então. c) Por haver repercussão no campo de interesses individuais, a anulação da licença deve ser precedida de procedimento em que se garanta o contraditório àquele que terá modificada sua situação. d) Ainda que o documento seja novamente apresentado, desta vez regularmente constituído, não será possível a convalidação da licença anteriormente concedida por ser absolutamente nula. e) Tendo sido uma manifestação legítima de controle de mérito da Administração Pública, avaliados os critérios de conveniência e oportunidade, não é cabível indenização.

(Técnico Superior/IPAJM 2010/CESPE - adaptada) Segundo a doutrina, pode-se definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público, e que está sujeita a controle pelo Poder Judiciário.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo. 23.ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 196 (com adaptações).

Com relação aos atos administrativos, julgue os itens seguintes.

19. Caso um indivíduo obtenha licença perante a administração pública para construir uma casa, cumpra os requisitos exigidos e, mesmo assim, a administração, discricionariamente, casse tal licença, esse ato de cassação será legítimo porque se trata de controle de conveniência e oportunidade, inerente aos poderes da administração pública.

20. A imperatividade é uma característica de todos os atos administrativos existentes, mesmo nos atos de consentimento, como, por exemplo, uma autorização.

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21. A imperatividade é o atributo que tem o ato administrativo de ser posto em execução pela própria administração pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

22. A autoexecutoriedade é a característica que têm todos os atos administrativos de, tão logo postos em prática, poderem alcançar os objetos por eles almejados. Isso é necessário para salvaguardar rápida e eficientemente o interesse público.

23. Tipicidade é o atributo que determina a correspondência do ato administrativo às figuras definidas previamente em lei. Esse atributo é corolário do princípio da legalidade, representando garantia para o administrado, pois a administração só poderá fazer o que a lei determina. A tipicidade é característica exclusiva dos atos unilaterais.

(Promotor de Justiça Substituto/MPE ES 2010/CESPE - adaptada) Julgue os itens seguintes com referência à teoria dos atos administrativos.

24. Como faculdade de que dispõe a administração para extinguir os atos que considera inconvenientes e inoportunos, a revogação pode atingir tanto os atos discricionários como os vinculados.

25. Ato administrativo simples é o que emana da vontade de um só órgão administrativo, sendo o órgão singular, não colegiado.

26. Todos os atos administrativos dispõem da característica da autoexecutoriedade, isto é, o ato, tão logo praticado, pode ser imediatamente executado, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

27. A perfeição do ato administrativo diz respeito à conformidade do ato com a lei ou com outro ato de grau mais elevado, e, nesse sentido, ato imperfeito é o ato praticado em dissonância com as normas que o regem.

28. Pela conversão, a administração converte um ato inválido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato original.

29. (Auditor/Prefeitura de Natal - SEMUT 2008/ESAF) Quanto aos Atos Administrativos, analise os itens a seguir e marque a opção correta:

I. A imperatividade não existe em todos os atos administrativos, não se aplicando a atos enunciativos.

II. O objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz.

III. A fonte da discricionariedade é a própria lei: aquela só existe nos espaços deixados por esta.

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IV. Os atos administrativos negociais contêm uma declaração de vontade da Administração apta a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas pelo Poder Público.

V. A revogação do ato administrativo pode ser feita pelo Judiciário e pela Administração, quando o administrado praticar ato contrário à lei.

a) Os itens III e V estão corretos. b) Os itens II e IV estão corretos. c) Os itens I e V estão incorretos. d) Os itens II e III estão incorretos. e) Os itens IV e V estão incorretos.

30. (Procurador da Fazenda Nacional/PGFN 2007/ESAF) Considerando os atos administrativos, analise os itens a seguir:

I. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu que cabe ao Poder Judiciário apreciar o mérito dos atos administrativos, e que a análise de sua discricionariedade é possível para a verificação de sua regularidade em relação à forma, objeto e finalidade;

II. Não se aplica a Teoria dos Motivos Determinantes aos atos discricionários;

III. A Administração pode revogar seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos, respeitados os direitos adquiridos;

IV. Uma vez anulado o ato pela própria Administração, cessa imediatamente sua operatividade, não obstante possa o interessado pleitear judicialmente o restabelecimento da situação anterior;

V. O ato administrativo pode ser extinto pela caducidade, a qual ocorre porque o destinatário descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situação jurídica.

A quantidade de itens corretos é igual a:

a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

(Procurador Municipal/Prefeitura de Boa Vista – RR 2010/CESPE) Julgue os itens que se seguem, relativos aos contratos administrativos.

31. Apesar de a decisão executória da administração pública dispensar a intervenção prévia do Poder Judiciário, não há impedimento para que ocorra o controle judicial após a realização do ato.

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32. A oportunidade e a conveniência são fundamentos para que a administração revogue um ato administrativo válido; os efeitos já produzidos por esse mesmo ato, todavia, serão preservados.

(Consultor do Executivo/SEFAZ ES 2010/CESPE) A respeito do ordenamento jurídico-administrativo brasileiro, julgue o próximo item.

33. Quando um administrador público executa ato administrativo classificado como discricionário, não cabe, conforme a doutrina e a jurisprudência dominantes, o exame da legalidade desse ato pelo Poder Judiciário.

(Auditor Federal de Controle Externo/TCU 2010/CESPE) Julgue os itens seguintes, referentes aos atos administrativos.

34. Sempre que a lei expressamente exigir determinada forma para que um ato administrativo seja considerado válido, a inobservância dessa exigência acarretará a nulidade do ato.

35. O Poder Judiciário pode, de ofício, apreciar a validade de um ato administrativo e decretar a sua nulidade, caso seja considerado ilegal.

36. Em processo administrativo disciplinar, a remoção de ofício de um servidor pode ser utilizada como forma de punição.

(Analista Judiciário – área administrativa/TRE BA 2010/CESPE) Acerca dos atos e dos poderes administrativos, julgue o item a seguir.

37. Ato administrativo complexo é aquele que resulta do somatório de manifestações de vontade de mais de um órgão, por exemplo, a aposentadoria.

(Analista Judiciário – área judiciária/TRE BA 2010/CESPE) Com referência ao ato administrativo, julgue os itens subsequentes.

38. Um dos efeitos do atributo da presunção de veracidade dos atos administrativos reside na impossibilidade de apreciação de ofício da validade do ato por parte do Poder Judiciário.

39. Apesar de o ato de revogação ser dotado de discricionariedade, não podem ser revogados os atos administrativos que geram direitos adquiridos.

(Técnico Judiciário/TRE BA 2010/CESPE) Julgue os itens a seguir, relativos aos atos e poderes administrativos.

40. A autoexecutoriedade é um atributo de todos os atos administrativos.

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41. Entre as espécies de atos administrativos, os atestados são classificados como enunciativos, porque seu conteúdo expressa a existência de certo fato jurídico.

42. (Analista de Finanças e Controle/STN 2008/ESAF) Quanto à discricionariedade e à vinculação da atuação administrativa, pode-se afirmar corretamente: a) a discricionariedade presente num ato administrativo nunca é total, pois, em geral, ao menos a competência, a forma e a finalidade são elementos definidos em lei e, portanto, vinculados. b) o ato administrativo será discricionário quando a lei não deixar margem de liberdade para a atuação do administrador e fixar a sua única maneira de agir diante do preenchimento de determinados requisitos. c) a conveniência e a oportunidade de realização dos atos constituem o mérito administrativo, presente nos atos vinculados e passível de controle pelo poder judiciário. d) quando o motivo for um aspecto discricionário do ato administrativo, ainda que expressamente indicado pela administração pública para a prática de determinado ato, não estará passível de controle pelo poder judiciário. e) a admissão de servidor público é ato administrativo discricionário típico, assim como a permissão de uso de bem público é exemplo clássico de ato administrativo vinculado.

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GABARITO

01.B 02.A 03.B 04.V 05.V 06.F 07.V 08.V

09.B 10.E 11.V 12.F 13.F 14.F 15.V 16.F

17.C 18.C 19.F 20.F 21.F 22.F 23.V 24.F

25.F 26.F 27.F 28.V 29.B 30.A 31.V 32.V

33.F 34.V 35.F 36.F 37.V 38.V 39.V 40.F

41.V 42.A