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METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DE GEOGRAFIA I 52 UNIMES VIRTUAL Aula: 16 Temática: Trabalho de campo e ensino de Geografia II Nesta aula continuamos a falar sobre Trabalho de Campo e contextualizar sua aplicação no espaço urbano. Os temas ligados à cidade e ao urbano são conteúdos educativos que pro- piciam aos alunos da Geografia Escolar possibilidades de confronto num Trabalho de Campo entre as diferentes leituras do espaço urbano, podendo ser uma leitura presa a imagem cotidiana e/ou uma leitura atrelada a ima- gem científica. O tratamento desses temas permite ao professor de Geografia explorar concepções, valores, compor- tamentos dos alunos em relação ao espaço vivido, alem de permitir também analisar a gestão da cidade a partir da experiência dos alunos; permite ainda tra- balhar com o objetivo de se garantir o direito à cidade. (CAVALCANTI, 2002, p.16) Podemos ver que o planejamento e a participação dos alunos na elabo- ração do Trabalho de Campo estimulam a iniciativa e a formação inte- lectual dos alunos envolvidos. O roteiro proposto no Trabalho de Campo, bem como os lugares a serem visitados, devem estar atrelados com os conteúdos trabalhados no programa de Geografia e/ou presente nos livros didáticos da disciplina. Eles devem ser cuidadosamente selecionados e analisados. Há ainda outros fatores como a viabilidade, a segurança, e caso reúna outras disciplinas escolares deve ser pensado como um todo pelos professores de todas as disciplinas e os alunos envolvidos. Outro cuidado é sempre articular as atividades feitas fora da sala de aula com as atividades realizadas internamente. Dada a essas características do Trabalho de Campo, podemos ter dificul- dades de ordem estrutural nas escolas para a realização das atividades no campo, como a falta de transporte, segurança, verbas e outros materiais como filmadoras, gravadores, pranchetas de desenho, entre outros itens importantes para os Trabalhos em Campo. A solução mais rápida é o en- volvimento de professores, alunos e pais para a efetivação da atividade. Porém um Trabalho Campo organizado no próprio bairro em que se loca- liza a unidade escolar, a pé, ou então no centro da cidade por transporte público pode se revelar uma excelente oportunidade de efetivar a prática

Aula 16 - Trabalho de Campo e Ensino de Geografia II

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METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DE GEOGRAFIA I52UNIMES VIRTUAL

Aula: 16

Temática: Trabalho de campo e ensino de Geografia II

Nesta aula continuamos a falar sobre Trabalho de Campo e contextualizar sua aplicação no espaço urbano.

Os temas ligados à cidade e ao urbano são conteúdos educativos que pro-piciam aos alunos da Geografia Escolar possibilidades de confronto num Trabalho de Campo entre as diferentes leituras do espaço urbano, podendo ser uma leitura presa a imagem cotidiana e/ou uma leitura atrelada a ima-gem científica.

O tratamento desses temas permite ao professor de Geografia explorar concepções, valores, compor-tamentos dos alunos em relação ao espaço vivido, alem de permitir também analisar a gestão da cidade a partir da experiência dos alunos; permite ainda tra-balhar com o objetivo de se garantir o direito à cidade. (CAVALCANTI, 2002, p.16)

Podemos ver que o planejamento e a participação dos alunos na elabo-ração do Trabalho de Campo estimulam a iniciativa e a formação inte-lectual dos alunos envolvidos. O roteiro proposto no Trabalho de Campo, bem como os lugares a serem visitados, devem estar atrelados com os conteúdos trabalhados no programa de Geografia e/ou presente nos livros didáticos da disciplina. Eles devem ser cuidadosamente selecionados e analisados. Há ainda outros fatores como a viabilidade, a segurança, e caso reúna outras disciplinas escolares deve ser pensado como um todo pelos professores de todas as disciplinas e os alunos envolvidos. Outro cuidado é sempre articular as atividades feitas fora da sala de aula com as atividades realizadas internamente.

Dada a essas características do Trabalho de Campo, podemos ter dificul-dades de ordem estrutural nas escolas para a realização das atividades no campo, como a falta de transporte, segurança, verbas e outros materiais como filmadoras, gravadores, pranchetas de desenho, entre outros itens importantes para os Trabalhos em Campo. A solução mais rápida é o en-volvimento de professores, alunos e pais para a efetivação da atividade.

Porém um Trabalho Campo organizado no próprio bairro em que se loca-liza a unidade escolar, a pé, ou então no centro da cidade por transporte público pode se revelar uma excelente oportunidade de efetivar a prática

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pedagógica geográfica e das demais disciplinas contidas no Trabalho de Campo. Os alunos podem tomar contato com uma dinâmica desconheci-da, tendo oportunidade de analisar e refletir sobre as estruturas, formas e funções espaciais vivenciadas no cotidiano dos alunos ao vivenciar o bairro com um olhar mais atento.

O principal cuidado a se tomar para que o Trabalho de Campo não se torne apenas um passeio é o planejamento, o envolvimento dos alunos, a propo-sição de saberes, habilidades e competências e a avaliação delas antes, durante e a após o campo podem garantir êxito na medida em que vincula teoria e prática e também prazer e aprendizado.

Seguindo e concordando com as idéias da geógrafa Lana Cavalcanti, notamos a realidade é una e indivisível e tem a virtude de ser mais rica do que nossas percepções e con-

ceitualizações sobre ela. São as disciplinas escolares e acadêmicas que parcelam o real. E com isso, de acordo com a epistemologia atual – Edgar Morin há perdas e ganhos. Para reduzir as perdas, a integração disciplinar tem sido uma prática corrente na escola a partir dos anos 1990, no entanto muito negligenciada nos Trabalhos de Campo. Por exemplo, um passeio com os alunos no centro da cidade de Santos com os professores de His-tória, Geografia e Letras pode ser muito rico.

O professor de História pode tratar do patrimônio cultural e histórico, vi-vida pela cidade de Santos no apogeu do café e seu desmembramento na estruturação do centro da cidade em sua urbana com suas vias de circulação, como ruas e avenidas próximas à área portuária, discutindo o seu nascimento, evolução, tratar de estilos arquitetônicos entre outros elementos. Já o professor de Geografia poderia mostrar a produção e re-produção das paisagens urbanas ao conjugar formas atuais e pretéritas, verificando que o patrimônio acumulado neste período é reaproveitado como fonte econômica atual presa à atividade turística, a relação com o ambiente litorâneo, com a importância do porto de Santos e seu posiciona-mento decisivo na vida dessa cidade, os fluxos e fixos no urbano com uma materialidade cultural que permanece em meio aos novos equipamentos; e a representação gráfica do espaço urbano por meio de croquis, mapas e desenhos. Em língua portuguesa, a leitura e linguagem dos corpos físicos, bem como dos outdoors, propaganda, letreiros de lojas em diferentes pe-ríodos poderiam revelar curiosidades da linguagem estudada em sala, na verdade é a língua do cotidiano das ruas uma língua viva e vibrante. E claro que muito mais poderia ser feito. O exemplo aqui esboçado preso ao cen-tro da cidade de Santos busca apenas ilustrar algumas das possibilidades de Trabalho de Campo.

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Nesta aula apresentamos algumas características presa aos Trabalhos de Campo que o professor de Geografia vai encontrar em sua prática pedagógica cotidiana ao organizar

esse tipo de atividade. Um desafio interdisciplinar que é a integração das disciplinas no Trabalho de Campo.

Finalizamos a unidade II que destacou a questão da formação do professor de Geografia como elemento fundamental para a efetivação de uma Geo-grafia Escolar mais envolvente, participativa e reflexiva.