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1ª Edição | 2010 | O Brasil sob a Nova Ordem A economia brasileira contemporânea Uma análise dos governos Collor a Lula Rosa Maria Marques e Mariana Ribeiro Jansen Ferreira Organizadoras

Aula 19 política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia brasileira)

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1ª Edição | 2010 |

O Brasil sob a Nova Ordem

A economia brasileira contemporânea – Uma análise dos governos Collor a Lula

Rosa Maria Marques e Mariana Ribeiro Jansen Ferreira

Organizadoras

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Capítulo 2 Política Econômica Brasileira de

Collor a Lula: 1990-2007

Paulo Nakatani

Fabrício Augusto de Oliveira

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Capítulo 2

Política Econômica Brasileira de Collor a Lula: 1990 - 2007

Introdução A crise brasileira dos anos 1980 foi fruto do esgotamento do processo de substituição de importações e da exaustão das fontes de financiamento do Estado, com a eclosão da crise da dívida externa provocada pelo aumento brutal das taxas de juros pelo Federal Reserve System (FED), em 1979/1980. A crise do início dos anos 1980 manifestou-se pela aceleração da inflação. O desenvolvimento das contradições internas abriu espaço para uma camada de jovens intelectuais que foi “ocupando” espaços no interior das instituições do governo federal.

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A ideologia liberal, já dominante em escala mundial, foi assumida e disseminada por esses novos intelectuais. 1. O Governo Collor/Itamar Franco (1990-1994) Quando Collor assumiu a presidência, o processo inflacionário brasileiro havia passado de 50,0% em dezembro de 1989 para mais de 70,0%, em janeiro e fevereiro de 1990, e para 80,0% em março, segundo o IGP-DI. Para enfrentar essa situação, exatamente no início de seu governo foi lançado o Plano Brasil Novo, o qual foi conduzido pela economista Zélia Cardoso de Melo e ficou conhecido como Plano Collor I (OLIVEIRA, 1990; CARVALHO,2006).

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O ponto central e mais polêmico desse plano foi o diagnóstico monetarista da inflação, que seria combatida com o brutal bloqueio dos ativos financeiros do setor privado. Na sequência de seu governo, Collor avançou a implantação das políticas neoliberais com a redução das tarifas de importação, a partir de julho de 1990, a formulação de uma “nova” política industrial e a reforma do comércio exterior. 2. O Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) A consolidação da nova aliança que passou a comandar a sociedade brasileira ocorreu com a eleição de Fernando Henrique Cardoso.

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Nessa aliança, as classes dominantes nacionais, principalmente as frações financeira e internacionalizada, apoiadas pelo grande capital internacional, assumiram o poder estatal por meio dos novos intelectuais orgânicos. 2.1 A trajetória do Real 2.1.1 A primeira fase do programa: âncora cambial e juros elevados A trajetória do Plano Real é a de um programa de estabilização que foi marcado por alguns acertos e muitos desacertos. Entre os acertos do plano, podem ser apontados: a) diagnóstico correto das raízes do processo inflacionário, enfatizando-se, na sua origem, a necessidade de construção de uma âncora fiscal para garantir o seu êxito;

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b) engenhosa terapia prescrita para dar cabo do fantasma da hiperinflação que rondava o País desde os anos 1980 por meio da criação da URV; c) resultados obtidos no campo da estabilidade monetária, com a redução da taxa de inflação de 40% ao mês para níveis moderados, abaixo de um dígito; d) compromisso assumido com a modernização da economia e a realização de reformas necessárias para o aumento de sua produtividade, principalmente com a redução do “custo-Brasil”.

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Os principais desacertos começaram a aparecer tão logo os interesses pessoais e políticos de então ministro da Fazenda, FHC, candidato a presidência da República, se sobrepuseram aos interesses da sociedade de consolidação do projeto de estabilização econômica. Visando reverter os baixos níveis de votação que as pesquisas eleitorais indicavam até meados de 1994, o timing de implantação do plano foi revisto, assim como as peças que lhe deveriam dar sustentação, com o objetivo de garantir frutos para modificar os resultados da corrida sucessória.

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A política cambial e a crise de financiamento externo A combinação da política de câmbio sobrevalorizado com taxas de juros elevadas, produziu efeitos negativos imediatos sobre as contas externas. Enquanto entre 1990 e 1994 o volume capital monetário que ingressou no Brasil na forma de empréstimos em moeda atingiu US$ 33,2 bilhões, o montante saltou, no período após o lançamento do Plano Real (1995-2000), para extraordinários US$ 218,1 bilhões. A fuga de capitais, ocorrida a partir de agosto de 1998 como consequência da crise da economia da Rússia, reduziu o fluxo de capitais especulativos naquele ano, mas não o eliminou, pois entre 1999 e 2002 o ingresso de capitais nessa conta foi de US$ 107,2 bilhões, e as saídas foram de US$ 94,1 bilhões.

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O desenlace da crise O fechamento do acordo com o FMI para o triênio 1999-2001, com a implementação de programas de conteúdo fortemente recessivo, colocou como exigência o compromisso do País com a geração de superávits primários do setor público de 3,5% do PIB para controlar/estancar o crescimento da relação dívida-PIB. 2.1.2 A segunda fase do plano: metas inflacionárias, recessão e instabilidade Na sua segunda fase, o Plano Real, passou a se apoiar nos seguintes pilares: a) câmbio flutuante; b) regime de metas inflacionárias; c) estabelecimento de metas para os superávits fiscais primários.

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A política cambial Nesse desenho, a taxa de câmbio de equilíbrio, segundo a concepção neoclássica (e neoliberal) dominante no governo, seria determinada pelo livre movimento das forças de mercado, sem interferência do Bacen. As metas de inflação Em março de 1999, implementou-se o sistema de metas de inflação no Brasil, adotando-se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como medida oficial da inflação e substituindo-se a Taxa Básica e a Taxa de Assistência, ambas do Bacen, por uma única taxa básica de juros denominada Sistema Nacional de Liquidação e Custódia (Selic).

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O arranjo fiscal Para assegurar a geração dos superávits primários, a política econômica apoiou-se predominantemente em dois instrumentos: a) elevação da carga tributária; b) corte de despesas discricionárias. 3. O Primeiro Mandato do Governo Lula (2003-2006) Após as turbulências decorrentes da transição em 2003, navegando em águas e com ventos favoráveis do cenário internacional, o governo Lula obteve em 2004 o maior crescimento desde 1994, quando o PIB conheceu uma variação positiva de 5,3%.

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Beneficiado por um cenário externo altamente favorável e pelo forte ciclo de altas das commodities, o governo Lula, mesmo mantendo-se fiel à cartilha neoliberal, conseguiu reduzir consideravelmente o grau de vulnerabilidade externa da economia brasileira. 4. O Segundo Mandato do Governo Lula (2007-2010) No que diz respeito à política econômica, o governo de Lula continuou fiel às propostas neoliberais. Não tem sido diferente a política macroeconômica no segundo mandato, apesar de se ter considerado uma flexibilização da política fiscal e de o governo ter apresentado projetos com objetivos de longo prazo.

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4.1 O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Lançado em janeiro de 2007, o PAC teve como objetivo anunciado “romper barreiras e superar limites ao crescimento econômico”, de forma a sustentar uma taxa de crescimento de 5% ao ano. 4.2 A política de desenvolvimento produtivo a) aumento da taxa de investimentos de 17,6% em 2007 para 21% do PIB; b) aumento dos gastos em pesquisas e inovação de 0,51% (2006) para 0,65% do PIB; c) aumento de 1,18% em 2007, para 1,25% da participação das exportações brasileiras no mercado internacional; d) aumento de 10% no número de micro e pequenas empresas exportadoras.

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4.3 O Fundo Soberano do Brasil (FSB) A proposta de criação do FSB, teve como principal motivação dar argumentos consistentes a esta ala da política econômica, tanto para se contrapor às ameaças que vinham sendo feitas pelo Banco Central de dar continuidade à elevação das taxas de juros, como para reverter a supervalorização da moeda nacional. Considerações Finais Os prejuízos para o sistema financeiro têm sido imensos, e os riscos de contaminação da economia real estão cada vez mais evidentes, com perspectivas de instalar-se uma brutal recessão no mundo capitalista.

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Depois de navegar por águas tranquilas do cenário internacional no primeiro mandato e começar a colher prêmios do capital financeiro internacional no segundo, pelo bom comportamento da política econômica, o governo Lula perdeu o timing de correção dos problemas da economia brasileira e pode começar a colher as tempestades que pairam sobre a economia mundial. Depois do “momento mágico vivido pela economia brasileira”, não será nenhuma surpresa se o País caminhar, dentro de algum tempo, para um novo “momento trágico”, com queda no investimento e aumento do desemprego.