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Os truques (heurísticas) abaixo foram retirados do livro Segredos e Truques da Pesquisa de Howard S. Becker, Ed. Zahar, 2008. O livro original em Inglês foi publicado em 1998. O que estiver entre aspas é uma ci tação direta do livro. Mantemos as páginas para facilitar a consulta ao livro através de um rastro. 1. Truque da essência (p. 180) "Quando levanto a mão, meu braço se levanta" se pensarmos nessa ação sem o braço, fica evidente que a ação não ocorrerá. Portanto lembre-se: esse truque ajuda a eliminar o acessório do que essencial num dado fenômeno. Becker chama esse o t ruque de Wittgenstein, porque essa reflexão provém do dito filósofo. 2. Truque da causa (p. 91) Quando estudamos algo é importante usar a idéia de causalidade, já que isso permite estabelecer relações importantes. Beck argumenta que, o raciocínio sobre variáveis dependentes e independentes, quando se faz uma pesquisa, ajuda a estabelecer causalidade, já que, se uma variável dependente sofrer impacto com a mudança de uma variável independente pode-se estabelecer causalidade. 3. Truque da generalização (p. 165) "Diga-me o que encontrou, mas sem usar nenhuma das características definidoras do caso real”. Ou seja, procure descrever algo que ocorreu sem utilizar os descritores fundamentais. Por exemplo, se você estiver diante de uma situação que envolve, por exemplo, professores e alunos num processo de avaliação de ensino, explique isso sem mencionar professores, alunos ou ensino. Isto é, diga que a situação envolve emissores e receptores e avaliação da qualidade da emissão. Generalizações são extremamente úteis, mas tem que ser utilizadas com muito cuidado. 4. Truque da resposta (p. 160) "As informações que tenho são resposta para uma pergunta, qual seria essa pergunta?". Ou seja, uma vez tendo coletado uma série de i nformações sobre fatos, como será que esses fatos estarão relacionados com uma indagação? Que indagação? A resposta a essa  pergutna leva a que, ao tratar desses fatos, fique claro qual o objeto de interesse em estudo, para o qual esses fatos sejam relevantes. 5. Truque da hipótese nula (p. 40) Para explicação do truque chamado Hipótese Nula, recorremos ao livro de Pedro Alberto Barbetta, “Estatística Aplicada às Ciências Sociais”. Segundo Barbetta: “ Dado um problema de pesquisa, o pesquisador precisa saber escrever a chama hipótese de trabalho ou hipótese nula. Esta hipótese é descrita em termos de parâmetros  populacionais e é, basicamente, uma negação daquilo que o p esquisador deseja provar. “, “Quando os dados mostrarem evidência suficiente de que a hipótese nula H0, é falsa, o teste a rejeita, aceitando em seu lugar a chamada hipótese alternativa, H1. A hipótese

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Os truques (heurísticas) abaixo foram retirados do livro Segredos e Truques da Pesquisa

de Howard S. Becker, Ed. Zahar, 2008. O livro original em Inglês foi publicado em

1998. O que estiver entre aspas é uma citação direta do livro. Mantemos as páginas para

facilitar a consulta ao livro através de um rastro.

1. Truque da essência (p. 180)

"Quando levanto a mão, meu braço se levanta" se pensarmos nessa ação sem o braço,

fica evidente que a ação não ocorrerá. Portanto lembre-se: esse truque ajuda a eliminar o

acessório do que essencial num dado fenômeno. Becker chama esse o truque de

Wittgenstein, porque essa reflexão provém do dito filósofo.

2. Truque da causa (p. 91)

Quando estudamos algo é importante usar a idéia de causalidade, já que isso permite

estabelecer relações importantes. Beck argumenta que, o raciocínio sobre variáveis

dependentes e independentes, quando se faz uma pesquisa, ajuda a estabelecer

causalidade, já que, se uma variável dependente sofrer impacto com a mudança de uma

variável independente pode-se estabelecer causalidade.

3. Truque da generalização (p. 165)

"Diga-me o que encontrou, mas sem usar nenhuma das características definidoras do

caso real”. Ou seja, procure descrever algo que ocorreu sem utilizar os descritores

fundamentais. Por exemplo, se você estiver diante de uma situação que envolve, por

exemplo, professores e alunos num processo de avaliação de ensino, explique isso semmencionar professores, alunos ou ensino. Isto é, diga que a situação envolve emissores e

receptores e avaliação da qualidade da emissão. Generalizações são extremamente úteis,

mas tem que ser utilizadas com muito cuidado.

4. Truque da resposta (p. 160)

"As informações que tenho são resposta para uma pergunta, qual seria essa pergunta?".

Ou seja, uma vez tendo coletado uma série de informações sobre fatos, como será que

esses fatos estarão relacionados com uma indagação? Que indagação? A resposta a essa

 pergutna leva a que, ao tratar desses fatos, fique claro qual o objeto de interesse em

estudo, para o qual esses fatos sejam relevantes.

5. Truque da hipótese nula (p. 40)

Para explicação do truque chamado Hipótese Nula, recorremos ao livro de Pedro

Alberto Barbetta, “Estatística Aplicada às Ciências Sociais”. Segundo Barbetta: “ Dado

um problema de pesquisa, o pesquisador precisa saber escrever a chama hipótese de

trabalho ou hipótese nula. Esta hipótese é descrita em termos de parâmetros

 populacionais e é, basicamente, uma negação daquilo que o pesquisador deseja provar.

“, “Quando os dados mostrarem evidência suficiente de que a hipótese nula H0, é falsa,

o teste a rejeita, aceitando em seu lugar a chamada hipótese alternativa, H1. A hipótese

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alternativa é, em geral, aquilo que o pesquisador quer provar, ou seja, a própria hipótese

da pesquisa, considerando a foram do planejamento da pesquisa.

Como exemplo: “H0: a proporção de homens fumantes é igual à proporção de mulheres

fumantes, na população em estudo.” e “H1: a proporção de homens fumantes é diferente

da proporção de mulheres fumantes, na população em estudo”. Vejam quer a hipótese

nula é colocada na forma de igualdade e a alternativa em termos de desigualdade. Para

refutar a H0 é necessário verificar se os dados fornecem evidência suficiente, isto, em

estatística, significa aplicar um teste de significância.

O livro de Becker usa o troque da hipótese nula como uma forma de coletar mais

informações. Falamos sobre o caso de escolhas aleatórias de população de pesquisa e do

caso do que você esta fazendo aqui. Escolher aleatoriamente participantes de uma

 pesquisa como hipótese nula leva a que se estude as razões de porque rejeitar tal

hipótese e nesse processo aprende-se mais como melhor escolher os participantes. No

caso do que você esta fazendo aqui, parte de uma hipótese aparentemente sem sentido,

mas que ao tentarmos refutá-la consegue-se saber mais sobre a aparente falta de sentido

da hipótese nula.

6. Truque da congruência e da coerência (p. 39)

As descrições resultantes da tarefa de entendimento do meio social devem ser coerentes,

ou seja devem ter início, meio e fim; devem fluir. Essas estórias também devem ser

congruentes, isto é refletir os fatos da realidade.

7. Truque do “como” ao invés do “por que” (p. 85) 

Muitas vezes o uso da pergunta "por que" pode ser impróprio. Becker, no contexto de

 pesquisa social, acredita que o "por que" intimida; provocando respostas defensivas. Ele

sugere o uso do "como" para chegar-se ao que se deseja saber. Ele argumenta que a

 pergunta "como" é menos intrusiva.

8. Truque das anomalias (p. 84)

Em algumas situações encontram-se partes que fogem da regra, são anômalas, isto é:

são um ponto fora da curva. Esses casos devem ser tratados com cuidado, quer para

invalidar uma conclusão geral, ou para chamar a atenção para uma eventual exceção.

Ou seja, se existe razão para uma conclusão geral, essa não deve ser impedida por umcaso anômalo, mas que precisa ser tratado.

9. Truque do lugar (p. 83)

"Tudo tem que estar em algum lugar". Esse truque enfatiza o uso da pergunta "onde" do

conjunto básico de questões de Quintilian (O quê, Por quê, Quem, Quando, Onde,

Como). Enfatiza também o sentido de contexto, ou o mapa. Veja nas notas de aula

(Parte II).

10. Truque da omissão (p. 83)

"Insira o que não puder ser omitido". Esse truque enfatiza a noção de que se deve ter

atenção ao que é essencial e remete ao truque da essência.

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11. Truque do tempo (p. 83)

"Tudo tem que acontecer em algum momento". Esse truque enfatiza o uso da pergunta

"quando" do conjunto básico de questões de Quintilian. 

12. Truque da dúvida (p. 124)

"Duvide de tudo que lhe for dito por qualquer pessoa que detenha o poder". Claro que,

isoladamente, essa frase é discriminatória e pouco científica, no entanto, o que Becker

quer dizer é que muitas vezes ao fazer uma investigação, os clientes de nossa

investigação por diversos motivos, delimitam o acesso ao Universo de Informações as

quais se terá acesso (Ver Seção 2, da Parte III). Cabe ao engenheiro de requisitos deixar

claro, aos interessados, sobre os problemas gerados por análises parciais.

13. Truque da definição do conceito (p. 161)

"Deixe o caso definir o conceito". Aqui Becker argumenta que o estudo de situaçõesusando-se um conceito já estabelecido limita o que podemos apreender sobre a situação,

o que justificaria partir-se para uma estratégia diversa que seria a produzir conceitos

com base nos casos. Na verdade esse truque é fundamental porque tem implicações

sobre a tarefa de classificar.

14. Truque da completeza (p. 60)

Evitar a concentração em elementos únicos e estudar também aqueles relacionados. O

exemplo dado por Becker foi a implantação de um política publica para doentes mentais

que se mostrou ineficaz porque deixou de levar em conta além dos pacientes, suas

famílias.

15. Truque das relações contextuais (p. 174)

"Situar qualquer termo que pareça descrever um traço de uma pessoa ou grupo no

contexto do sistema de relações a que pertence". Isso nos ensina que se um elemento de

um conjunto possui uma característica relacionada ao conjunto, isso não fará que esse

elemento tenha a mesma característica em relação a outro conjunto. Uma pessoa

considerada alta numa sala de primeiro grau, não necessáriamente será considerada alta

num grupo jovens de primeiro grau interessados em aprender basquete.

16. Truque da falácia da página em branco ( p. 31)

O cientista social tem de evitar o preenchimento de espaços em brancos com

estereótipos que se pode ter em mente. Aqui vale fr isar uma parte do texto: ” No

entanto, como todos nós afirmamos ser cientistas sociais, não nos contentamos com a

imaginação e a extrapolação, como poderiam fazer um romancista ou um diretor de

cinema”. Ou seja, o conhecimento anterior que temos, ou que pensamos ter, só poderá

ser utilizado se for comprovado no caso em questão.

17. Truque da visão social (p. 73)

"As coisas são apenas pessoas agindo juntas". Esse truque procura demonstrar que os

objetos na verdade são entendidos como o contexto social o usa, e, portanto outros usos podem estar mascarados. Portanto, ao estudar as coisas há que levar em conta os

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contextos sociais que lhe interpretam. O exemplo usado no livro é sobre máquinas de

escrever. O teclado QWERTY, o padrão de teclados, foi desenhado com o objetivo de

reduzir a velocidade de escrita para que a máquina de datilografia funcionasse a

contento. Quando se descobriu que poderíamos ter teclados mais eficientes, já era tarde

 para mudar um padrão com o nível de aceitação tão maciça.

18. Truque do papel dos atores (p. 70)

"Transformar pessoas em atividades". Esse truque orienta que se evite classificar

 pessoas por tipos, mas que as pessoas sejam relacionadas por atividades que fazem ou

desempenham. Focando e atividades, o fazer, evita-se uma possível estagnação oriunda

de classificação por tipo. "O foco em atividades e não em pessoas desperta em nós um

interesse pela mudança, e não pela estabilidade, por idéias de processo, e não de

estrutura".

19. Truque dos loucos (p. 48)

"Eles devem estar loucos". Quando em algum momento nos defrontamos com situações

que aparamente não tem sentido, mas fazem para outros, podemos pensar então naloucura, mas se estudarmos mais a fundo o problema, poderemos descobrir algum

sentido que deixamos de ver, a princípio. Becker dá exemplos com a situação da troca

de sexos e da prostituição de mulheres visualizadas como "normais". A castração pode

ser entendida como loucura, mas pode ter sentido se uma análise mais detalhada for

feita. O mesmo em relação a as razões que levam uma mulher a se prostituir.

20. Truque da coincidência (p. 50)

A atenção à coincidência pode levar a que relacionamentos entre eventos ou coisas, sem

aparente ligação, possam se tornar explícitos. A revelação de coincidências é possível

quando procuramos ter um foco em estórias ou processos. Essas estórias permitem que

coisas sem aparente ligação tenham o seu elo revelado. O truque da coincidência

consiste em analisar com mais detalhe aquilo que aparentemente é, somente, mera

coincidência.