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CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS TEÓRICO – CURSO REGULAR PROFESSORA: CLÁUDIA KOZLOWSKI Português para concursos – Profª Claudia Kozlowski – AULA 6 - 1 - AULA 6 - SINTAXE DE REGÊNCIA Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA. Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Chamamos de regentes aos termos que pedem complemento e de regidos aos que complementam o sentido dos primeiros. Regente Regido COMPREI - UMA CASA DEPENDO DE VOCÊ CRENÇA EM DEUS ÁVIDO DE CARINHO INSISTO EM LUTAR VEJO - O MAR A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou dependência entre os elementos da oração. Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”. Veremos casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo) exige certa preposição ou tem o seu sentido modificado em virtude do emprego de alguma delas. Os complementos servem a nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e a verbos – daí, a regência dividir-se em nominal e verbal. REGÊNCIA NOMINAL – estuda a relação entre um substantivo, um adjetivo ou um advérbio com o termo que complementa o seu significado. REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de acordo com a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da preposição no complemento direto). Nosso estudo terá por base, principalmente, as lições de Celso Pedro Luft presentes nas seguintes obras: - Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003; - Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002. REGÊNCIA NOMINAL Conforme visto anteriormente, a regência nominal estuda a relação entre os nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) e os termos regidos por estes nomes. Essa relação é sempre regida por preposição. Muitos nomes derivados apresentam o mesmo regime dos verbos de que derivam. Assim sendo, o conhecimento do regime de certos verbos permite que se conheça o regime dos nomes cognatos, como o substantivo "obediência", o adjetivo "obediente", e o advérbio "obedientemente", que regem a preposição a, exatamente como ocorre com o verbo "obedecer", que lhes deu origem.

AULA 6 - SINTAXE DE REGÊNCIA

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AULA 6 - SINTAXE DE REGÊNCIA

Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA.

Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Chamamos de regentes aos termos que pedem complemento e de regidos aos que complementam o sentido dos primeiros.

Regente Regido

COMPREI - UMA CASA

DEPENDO DE VOCÊ

CRENÇA EM DEUS

ÁVIDO DE CARINHO

INSISTO EM LUTAR

VEJO - O MAR

A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou dependência entre os elementos da oração.

Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”. Veremos casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo) exige certa preposição ou tem o seu sentido modificado em virtude do emprego de alguma delas.

Os complementos servem a nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e a verbos – daí, a regência dividir-se em nominal e verbal.

REGÊNCIA NOMINAL – estuda a relação entre um substantivo, um adjetivo ou um advérbio com o termo que complementa o seu significado.

REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de acordo com a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da preposição no complemento direto).

Nosso estudo terá por base, principalmente, as lições de Celso Pedro Luft presentes nas seguintes obras:

- Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003;

- Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002.

REGÊNCIA NOMINAL

Conforme visto anteriormente, a regência nominal estuda a relação entre os nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) e os termos regidos por estes nomes. Essa relação é sempre regida por preposição.

Muitos nomes derivados apresentam o mesmo regime dos verbos de que derivam. Assim sendo, o conhecimento do regime de certos verbos permite que se conheça o regime dos nomes cognatos, como o substantivo "obediência", o adjetivo "obediente", e o advérbio "obedientemente", que regem a preposição a, exatamente como ocorre com o verbo "obedecer", que lhes deu origem.

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A título de exemplo, segue uma pequena relação de substantivos e adjetivos acompanhados das preposições mais usuais (segundo Celso Luft, op.cit.):

Substantivos

Admiração (a, de, por, para (com), perante)

Afeição (a, para (com), por)

Aversão (a, por, em)

Atentado (a, contra)

Capacidade (de, para, em)

Devoção (a, com, para com, por)

Dúvida (acerca de, de, em, sobre)

(OBS. A preposição pode ser omitida antes de oração desenvolvida – “Não há dúvida (de) que você é o melhor.”)

Habilidade (de, em, para)

Liberdade (a, para, de)

Manutenção (de, em)

Medo (a, de)

(OBS. Medo a evita ambiguidades apresentadas por medo de: “medo do inimigo – o inimigo teme ou é temido?”)

Obediência (a, de, para com)

Ojeriza (a, contra, por)

Respeito (a, com, de, com, para com, por)

Adjetivos

Acostumado (a, com)

Agradável (a, para, de)

Ansioso (de, para, por)

(OBS. A preposição pode ser omitida antes de oração desenvolvida – “Estava ansioso que a aula acabasse.”)

Ávido (de, por)

Capaz (de, para)

Compatível (com, entre)

Contemporâneo (a, de)

Contíguo (a, com, entre)

Contraditório (a, de, com, entre)

Diferente (de, entre, por)

Essencial (a, para, em)

Fácil (a, para, em, de)

Favorável (a, para)

Hábil (em, para)

Habituado (a, com)

(OBS. Habituado com deve ser imitação de acostumado com “Estava habituado com o chão de estrelas ...”)

Imbuído (de, em)

Impróprio (a, de, para)

Insensível (a, para, com, para com)

Passível (de, a)

(OBS. Passível aempregado como se fosse sujeito a, talvez pela proximidade com passivo a)

Prestes (a, em, para)

Próximo, junto (a, de)

Relacionado (a, com)

Satisfeito (com, de, em, por)

Semelhante (a, em)

Sensível (a, para)

Sito (em)

(OBS: Os verbos que indicam permanência regem preposição em: morar, residir, estar – o mesmo ocorre com os adjetivos correspondentes: sito em; a construção sito a surgiu na língua escrita jornalística e de tabeliões, e não encontra abono na gramática normativa).

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Advérbios

Os advérbios terminados em -mente, via de regra, seguem o regime dos adjetivos de que derivam.

Exemplos: análogo (a) - analogamente (a); contrário (a) - contrariamente (a); contraditório (com) - contraditoriamente (com); diferente (de) - diferentemente (de); favorável (a) – favoravelmente (a); relativo (a) - relativamente (a).

Recentemente, uma prova da ESAF explorou, em uma mesma questão, por duas vezes o conhecimento acerca de regência nominal. Vejamos a questão.

(ESAF/SEFAZ CE/2007)

Foram introduzidos erros morfossintáticos, de pontuação e/ou de falta de paralelismo em artigos do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Ceará. Assinale o único artigo inteiramente correto.

b) É dever de o funcionário levar, por escrito, ao conhecimento da autoridade superior irregularidades administrativas que tiver ciência em razão do cargo que ocupa, ou da função que exerça. c) Deve o funcionário guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza reservada que tem conhecimento em razão do cargo que ocupa, ou da função que exerce.

Os dois itens estão INCORRETOS.

O substantivo “ciência”, presente na opção b, rege a preposição “de” (“Alguém tem ciência DE alguma coisa”).

Assim, se o termo regido estiver representado por um pronome relativo, a preposição antecede este pronome: “irregularidades administrativas DE QUE tiver ciência ...”.

O mesmo erro volta a surgir na opção c. O substantivo “conhecimento” rege a preposição “de” ou “sobre” (“Alguém tem conhecimento DE/SOBRE alguma coisa”).

O pronome relativo “que” substitui os substantivos “documentação” e “assuntos” (“a documentação e os assuntos de natureza reservada que tem conhecimento em razão do cargo que ocupa...” alguém tem conhecimento).

Note que a preposição “sobre” que se encontra no período é exigência da construção “guardar sigilo [sobre a documentação e os assuntos...]” e não “ter conhecimento”, uma vez que, como vimos acima, a preposição deve ser empregada ANTES DO PRONOME RELATIVO QUE RETOMA O REFERENTE: “a documentação e os assuntos de natureza reservada DE QUE tem conhecimento em razão do cargo que ocupa ...”.

REGÊNCIA VERBAL E TRANSITIVIDADE

O conceito de REGÊNCIA VERBAL passa necessariamente pela definição da TRANSITIVIDADE DO VERBO.

Há verbos que bastam por si mesmos – são os verbos INTRANSITIVOS.

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Outros há que necessitam de informações suplementares, ou seja, do auxílio de uma expressão subsidiária, que se apresenta sob a forma de COMPLEMENTO. Esses são os verbos TRANSITIVOS.

Aliás, essa denominação provém do conceito de TRANSITAR/TRÂNSITO. Se esse “trânsito” não encontra obstáculo algum, ele é DIRETO. O “obstáculo” é a preposição.

Assim, quando não há preposição necessária (obstáculo), o verbo é TRANSITIVO DIRETO, ou seja, liga-se ao complemento diretamente (OBJETO DIRETO).

No caso de a preposição ser obrigatória, o verbo é classificado como TRANSITIVO INDIRETO e o complemento é antecedido de preposição (OBJETO INDIRETO).

Em todo momento, mencionamos “preposição necessária” ou “obrigatória”. Isso porque há casos em que, mesmo sendo dispensável, a preposição é utilizada como recurso estilístico (exemplo 1 abaixo), como, por exemplo, para evitar ambiguidade, ou obrigatoriamente quando o objeto direto vier sob a forma de um pronome oblíquo tônico (exemplo 2). Nesses casos, o complemento é chamado de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO.

Exemplo 1 – Matou o caçador ao leão. – Sem a preposição, não saberíamos quem matou quem.

Exemplo 2 – Nem ele entende a mim, nem eu a ele. – Os pronomes oblíquos tônicos exigem sempre a preposição, mesmo que exerça a função de objeto direto.

Em determinadas construções, alguns verbos, mesmo acompanhados de complemento direto (OBJETO DIRETO), podem requerer um outro complemento, precedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Esses verbos são os chamados TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ou BITRANSITIVOS, já estudados em aulas anteriores.

Por fim, há também os que necessitam de uma informação adicional que venha a complementar o sentido ou alcance do objeto (direto ou indireto) já apresentado. Esses são os verbos TRANSOBJETIVOS, apresentados na Aula 3 - VERBOS. Essa “informação complementar” vem sob a forma de PREDICATIVO DO OBJETO.

O predicativo do objeto pode estar ligado diretamente ao verbo (O júri considerou o réu inocente) ou por meio de uma preposição (Os médicos consideravam a doença como incurável.)

Podem ser transobjetivos os verbos: chamar, considerar, julgar, reputar, supor, declarar, crer, estimar, tornar, designar, nomear, sagrar, coroar, encontrar, achar, deixar etc.

Como já ressaltamos antes, a transitividade de um verbo só pode ser definida na oração, de acordo com os elementos presentes na construção.

REGÊNCIA VERBAL E SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS

Enquanto que os nomes (regência nominal) exigem uma e/ou outra preposição, não tendo seu significado alterado, alguns verbos, a depender da acepção que se deseje apresentar, podem exigir determinada preposição, aceitar mais de uma ou até mesmo dispensá-la.

Ou seja, os substantivos e adjetivos podem reger diversas preposições sem que tenham seu sentido alterado. Já os verbos apresentam sentidos diferentes a

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depender da preposição que for utilizada. Essa é a diferença significativa entre regência nominal e verbal e é por isso que o estudo da sintaxe de regência verbal é bem mais complexo do que o de regência nominal.

Em relação às provas de concursos públicos, o número de questões que envolvem aspectos de regência verbal é infinitamente maior que o de questões sobre regência nominal. Isso você irá perceber nos exercícios de fixação.

Há verbos que admitem mais de uma regência sem ter seu sentido alterado.

Falar sobre o assunto. Falar do assunto. Falar acerca do assunto.

Ele não tarda em chegar. Ele não tarda a chegar.

Em algumas construções, a preposição é usada, mais do que para reger, para acrescentar novos matizes de significação aos verbos.

Cumpri o dever. / Cumpri com o dever. – O verbo é originalmente transitivo direto (primeiro exemplo). A preposição serve para acentuar a ideia de cuidado, zelo.

Fiz que ele fosse aprovado./ Fiz com que ele fosse aprovado. – O verbo fazer é transitivo direto. A preposição emprega valor de dedicação, esforço.

Comi o bolo. / Comi do bolo. – Apenas um pedaço do bolo, e não todo ele, foi comido.

COMPLEMENTOS VERBAIS COM REGÊNCIAS DIFERENTES

Quando, em uma construção, surgirem dois ou mais verbos com regências diferentes em relação a um mesmo elemento, o rigor gramatical exige que se apresentem os dois objetos distintos.

Entrei e saí do quarto com extrema rapidez.– CONSTRUÇÃO CONDENADA

O verbo entrar rege a preposição em (entrei no quarto), enquanto que o verbo sair exige a preposição de (saí do quarto). Assim, para que se observe a norma gramatical, devemos colocar cada verbo acompanhado de seu complemento:

Entrei no quarto e saí dele com extrema rapidez.

Se a transitividade dos verbos for a mesma, seja direta, seja indireta com a mesma preposição, pode-se apresentar somente um dos elementos.

O amigo que muito admiro e estimo veio aqui hoje.

O pronome relativo que retoma o substantivo amigo. Tanto o verbo admirar quanto estimar são transitivos diretos. Assim, não há preposição antes do pronome relativo que exerce a função de objeto direto de ambos os verbos.

O amigo que muito admiro e me preocupo veio aqui hoje .

Essa construção está condenada. Enquanto o verbo admirar é transitivo direto, o verbo preocupar-se exige o complemento regido pela preposição com (Eu me preocupo com o amigo). Assim, para corrigi-la, devemos repetir o pronome relativo, tomando o cuidado em usar, no segundo caso (com preposição), o relativo quem (assunto a ser tratado na aula sobre PRONOMES).

O amigo que muito admiro e com quem me preocupo veio aqui hoje.

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Todavia, alguns autores, para empregar ao texto maior brevidade e concisão, admitem a forma gramaticalmente inadequada.

“Não se recorda ou não sabe que perdeu uma carta?” (Machado de Assis)

O verbo recordar é transitivo indireto, com a preposição de (alguém se recorda dealguma coisa), ao passo que o verbo saber apresenta emprego transitivo direto (alguém sabe alguma coisa). No entanto, um único complemento (o direto) foi apresentado.

Note que essa “simplificação” ocorre também em outras construções:

Ele esteve com ela antes e durante o velório. (antes do velório)

Ele esteve com ela antes, durante e depois do velório. (durante o velório)

COMPLEMENTOS COMUNS A MAIS DE UM VERBO

Se, em uma série de verbos com a mesma regência, apresenta-se um mesmo complemento expresso junto a um deles, pode-se repeti-lo (valorizando cada um dos verbos) ou omiti-lo (dando ênfase ao conjunto de ações).

Eu muito os admiro e os respeito.

Eu muito os admiro e respeito.

Tanto o verbo admirar como o respeitar são transitivos diretos, o que possibilita essa construção.

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS

Agora, iremos analisar as possibilidades de sintaxe de regência de alguns verbos. É lógico que nosso objetivo não é esgotar (até porque isso seria impossível), mas simplesmente apresentar.

Sempre que surgirem dúvidas, busque o auxílio de um bom dicionário de regência (como o indicado no início de nossa aula).

Em alguns verbos, destacaremos observações feitas por mestres consagrados, como Celso Luft, Evanildo Bechara e outros.

Como tudo na língua, a sintaxe de regência também sofre mutações decorrentes do uso. Por isso, serão registradas, também, algumas “inovações sintáticas” ocorridas em certos verbos e ressaltadas por Celso Luft em seu Dicionário Prático.

Agradar

a) No sentido de acariciar, acarinhar, é transitivo direto.

Com as mãos calosas, agradava o filho choroso.

b) No sentido de satisfazer, contentar, é transitivo indireto.

Suas palavras agradaram ao público que o ouvia.

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Por analogia com contentar (transitivo direto), também ocorre a transitividade direta, não obstante impugnação dos puristas: “Essa regência (transitiva direta) se justifica nas acepções contentar e afagar, mimar.” (Celso Luft).

Esforça-se mas não consegue agradá-lo.

E o que fazer na hora da prova? Analisar as demais opções e procurar identificar o posicionamento da banca – se tradicional (transitividade indireta) ou moderna (direta). De qualquer forma, se houver menção a “norma culta”, segue-se a sintaxe original (agradar a alguém).

Aspirar

a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto.

"Aspirava o cheiro das rosas abertas depois da chuva." (Rachel de Queiroz)

b)No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com preposição A).

"E quem mora no beco, só aspira ao beco." (Rachel de Queiroz)

Não se diz aspiro-lhe, e sim aspiro a ele(s), a ela(s).

Só encontra o amor quem a ele aspira.

Assistir

a) No sentido de ver, presenciar, estar presente, é transitivo indireto. Esse objeto indireto deve ser encabeçado pela preposição a, e se for expresso por pronome de 3ª pessoa, exigirá a forma a ele(s), ou a ela(s) (nunca lhe/lhes).

Todos assistiam ao espetáculo (a ele).

Vimos em nossa aula de verbos que os verbos transitivos apenas indiretos não se constroem na voz passiva porque só o objeto direto da ativa pode transformar-se no sujeito da passiva. Ainda se lembra disso? Pois é, agora a coisa vai complicar um pouquinho.

Na linguagem coloquial, dada sua proximidade com os verbos VER, PRESENCIAR, OBSERVAR (todos eles transitivos diretos), é usual o emprego do verbo ASSISTIR (que, nessa acepção, é transitivo indireto) em voz passiva: A missa foi assistida por milhares de fiéis.

De qualquer forma, segundo a linguagem culta formal, deve-se abolir essa construção.

Para a prova, mais uma vez recomendamos cuidado: bancas tradicionais exigem os aspectos cultos da gramática, devendo ser respeitada a sintaxe original.

Outras mais modernas podem aceitar a forma passiva. O jeito é analisar as opções e agir com bom senso.

b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger, servir, é transitivo direto OU indireto (indiferentemente).

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O médico assiste os doentes.

Ele assistiu-lhe (ao doente) na enfermidade.

Para lembrar: se for para prestar socorro, não importa a regência – assista o/ao acidentado de qualquer forma.

c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto.

Não lhe assiste o direito de reclamar.

d) No sentido de morar, constrói-se com preposição EM, sendo TRANSITIVO INDIRETO.

“Assiste em Lisboa.” (Caldas Aulete, citado por Celso Luft)

QUESTÃO DE PROVA

(ESAF/AFC CGU / 2006)

Leia o seguinte texto para responder às questões 02 e 03.

O final do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias da comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições. De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos atuais conceitos sobre o homem e seus aspectos, constituídos no momento histórico iniciado no século XV e consolidado no século XVIII. A modernidade que surgira nesse período é agora criticada em seus pilares fundamentais, como a crença na verdade, alcançável pela razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso. Para substituir esses dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes.

(http://pt.wikipdia.org (acessado em 14 de dezembro de 2005, com adaptações))

Julgue a assertiva abaixo.

a) A retirada da preposição a antes de “um processo” (l.1) preservaria a correção gramatical da oração, mas alteraria o sentido do verbo assistir e, conseqüentemente, prejudicaria a coerência textual.

O item está CORRETO.

ACORDO ORTOGRÁFICO : Houve a supressão do trema na palavra “consequentemente”.

Existe a possibilidade de o verbo ASSISTIR ser transitivo direto – na acepção de prestar socorro, assistência. A retirada da preposição antes de “um processo”, portanto, provocaria alteração de sentido e, consequentemente, prejuízo à coerência do texto, mas não à correção gramatical.

Atender

a) Quando o complemento for pessoa, é transitivo direto ou indireto

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O diretor atendeu os/aos alunos.

Se a preferência for pelo pronome (e não o substantivo), usa-se somente de forma direta o, a, os, as (e não lhe/lhes):

O diretor os atendeu.

b) Quando o complemento for coisa, é transitivo indireto. No entanto, modernamente é aceita também a forma direta para coisa.

O governo não atende as/às reivindicações dos grevistas.

Atenda o/ao telefone, por favor.

Resumo: Modernamente, aceitam-se a sintaxe direta ou indireta, indistintamente. Se o complemento estiver expresso por um pronome, usa-se a forma direta (o,a, os, as).

Chamar

a) No sentido de chamar a presença de alguém, é transitivo direto:

Eu chamei meu filho e pedi um favor.

Ninguém o chamou aqui, seu moço.

b) Na acepção de pedir auxílio ou atenção, é transitivo indireto, com a preposição por.

"Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (M. Assis)

c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualificar, admite as seguintes construções:

Chamaram-no covarde.

Chamaram-no de covarde.

Chamaram-lhe covarde.

Chamaram-lhe de covarde.

Nessa construção, é um verbo transobjetivo, apresentando o complemento verbal (objeto direto ou indireto) e o predicativo do objeto (que pode vir acompanhado de preposição ou não).

Esse é o único verbo transobjetivo que apresenta complemento indireto. Todos os demais possuem apenas objetos diretos.

Custar

a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito aquilo que é difícil, podendo apresentar-se sob a forma de uma oração reduzida de infinitivo, que pode vir precedida da preposição a.

Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim.)

Custa-me dizer que acendeu um cigarro.

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Custou-me muito a brigar com Sabina.

Como vimos na aula sobre concordância verbal, quando o sujeito é representado por uma oração (sujeito oracional), o verbo permanece na 3ª pessoa do singular.

Na linguagem cotidiana, dada a sua proximidade com “demorar” ou “ser difícil”, houve alteração na construção, atribuindo-se valor à pessoa (Custei a entender essa lição, Ele custou a chegar aqui.).

Essa inovação sintática, presente até em registros literários, segundo CEGALLA (Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa), ainda não foi sancionada pelos gramáticos.

Para a prova, leve a sintaxe originária: Custou-lhe chegar aqui. Custou-me entender a lição.

b) No sentido de causar, acarretar consequências, é transitivo direto e indireto.

A imprudência custou-lhe lágrimas amargas.

c) No sentido de indicar preço, é intransitivo. O que se lhe segue exerce a função sintática de ADJUNTO ADVERBIAL DE PREÇO.

Esta casa custou trinta mil dólares.

Contudo, Celso Luft observa a possibilidade de o verbo CUSTAR apresentar transitividade direta: "Aquele imóvel custa milhões." / "custa uma fortuna.".

Nessas construções, não se atribuiu nenhum preço exato, e o que se segue exerce a função de objeto direto - é complemento verbal, e não adjunto adverbial, excepcionalmente.

Informar, Avisar, Comunicar, Cientificar

Agora, começamos a conhecer alguns verbos que admitem dupla regência, ou seja, indistintamente direta e indireta para coisa ou pessoa (serão chamados de flexíveis), e outros que apresentam somente uma forma para coisa e outra para pessoa (inflexíveis).

Parece que estou falando grego, não é? Vamos, então, partir para os exemplos. Assim, o conceito fica claro.

Dentre os verbos flexíveis, podemos destacar:

- INFORMAR: Eu posso informar alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa) ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa).

O ministro informou o povo sobre as novidades na Economia.

O ministro informou as novidades na Economia ao povo.

- AVISAR:

Avisei o amigo do acidente. / Avisei o acidente ao amigo.

Por isso, em construções de voz passiva, tanto a pessoa como a coisa podem exercer a função de sujeito paciente, porque qualquer desses elementos pode ser o objeto direto, indiferentemente:

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O amigo foi avisado do acidente. O acidente foi avisado ao amigo.

Outros verbos não possuem essa “flexibilidade”. Vamos analisar alguns desses verbos inflexíveis

- COMUNICAR: Como o sentido originário desse verbo é “TORNAR ALGO COMUM (enfatiza-se a coisa em detrimento da pessoa).

Assim, esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para pessoa = COMUNICAR ALGO A ALGUÉM.

Comunicamos ao diretor a decisão do grupo.

Por isso, segundo a norma culta, condena-se a construção de voz passiva em que a pessoa se apresente como sujeito, uma vez que ela exercia a função de objeto indireto da voz ativa. Somente a coisa pode ser o sujeito paciente:

A decisão do grupo foi comunicada ao diretor.

(e não: O diretor foi comunicado da decisão do grupo)

- CIENTIFICAR: O sentido de CIENTIFICAR é TORNAR ALGUÉM CIENTE (enfatiza-se a pessoa em detrimento da coisa).

Enquanto o verbo comunicar apresenta construção direta para coisa e indireta para pessoa, o verbo cientificar é direto para pessoa e indireto para coisa (Eu cientifiquei o diretor da decisão do grupo.).

Agora, para uma melhor compreensão, vamos traçar um paralelo entre COMUNICAR e CIENTIFICAR.

COMUNICAR ALGO A ALGUÉM ≠ CIENTIFICAR ALGUÉM DE ALGO

Celso Luft observa que às vezes ocorre a inovação sintática cientificar algo a alguém, que atinge também verbos como informar, avisar, certificar. Contudo, em linguagem culta forma, é preferível a sintaxe originária cientificá-lo de.

No decorrer dos exercícios de fixação, encontraremos mais alguns verbos de dupla possibilidade de regência.

Esquecer

Admite três construções diferentes:

Esqueci o nome dele.

Esqueci-me do nome dele.

Esqueceu-me o nome dele.

Quando pronominal (esquecer-se), o verbo necessariamente é empregado com complemento indireto (esquecer-se de algo).

Se este complemento for oracional, especialmente em orações desenvolvidas (iniciadas pela conjunção que), admite-se a omissão da preposição DE: “Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra” (Drummond).

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O que nas duas primeiras construções é objeto (direto ou indireto) passa a sujeito na terceira: "O nome dele esqueceu-me" significa que esse nome apagou-se da memória, saiu da lembrança. Essa sintaxe emprega à construção um valor involuntário da ação ocorrida (algo foi esquecido por mim).

"Nunca me esqueceu esse fenômeno." (M. Assis)

= O fenômeno (sujeito) nunca esqueceu a mim (objeto indireto)

Tudo o que acontece com o verbo ESQUECER se repete com o verbo LEMBRAR.

Lembrar

a) Com o sentido de trazer à lembrança, evocar, recordar-se, é transitivo direto.

Seu penteado lembrava as divas de Hollywood.

b) Com sentido de vir à memória, aceita, à semelhança do que ocorre com o verbo esquecer, três modelos de construção:

Lembro o acontecimento.

Lembro-me do acontecimento.

Lembra-me o acontecimento

Implicar

a) No sentido de ter implicância com, mostrar má disposição para com alguém, é transitivo indireto.

Implicou com os irmãos..

b) No sentido de comprometer-se, enredar-se, envolver-se em situações embaraçosas, é acompanhado de pronome reflexivo e de complemento introduzido pela preposição EM.

Atualmente não são poucos os políticos que se implicam em negociatas.

c) No sentido de trazer como consequência, acarretar, é transitivo direto.

"... um dever que implica desdouro para meu amigo, se eu me esquivar a cumpri-lo." (C. C. Branco)

"...sem que a investida do novo chefe implicasse a menor quebra no movimento político e social." (Latino Coelho)

Celso Luft: “Implicar em algo é inovação em relação a implicar algo por influência dos sinônimos redundar, reverter, resultar, importar. Aparentemente brasileirismo. Plenamente consagrado, admitido até pela Gramática Normativa.

P.ex.: Tal procedimento implica (em) desdouro (Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa, pg. 401)”

Em relação a essa inovação, já vejamos uma questão de prova da ESAF:

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(AFRF/2002.1) Julgue os períodos abaixo em relação à correção gramatical.

b) A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial. / A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam em tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial.

Este item foi considerado CORRETO pela banca.

Na acepção de trazer como consequência, acarretar, tradicionalmente o verbo implicar é transitivo direto (“Seu silêncio implicava consentimento.”). Contudo, provavelmente seguindo a doutrina recente, a construção com o verbo transitivo indireto foi tida por correta em ambos os períodos – implicam tratamento / implicam em tratamento.

Obedecer

É um verbo transitivo indireto, que rege a preposição a.

Em relação à possibilidade do emprego dos pronomes oblíquos lhe/lhes no lugar de a ele(s)/ela(s), a maioria esmagadora dos gramáticos se posiciona favoravelmente à troca.

Ele não é capaz de obedecer às ordens de seu chefe.

Quem lhe desobedecer sofrerá sanções.

Mesmo sendo um verbo transitivo indireto, modernamente admite voz passiva, reminiscência do antigo regime transitivo direto. São diversos registros literários dessa possibilidade. Essa observação, inclusive, consta da Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, e é abonada por Celso Luft (“A voz passiva é vista como normal - Alguém é obedecido.”).

"A Senhora manda, e é obedecida." (José de Alencar)

Em linguagem culta formal, contudo, ainda se recomenda a construção indireta.

Para a prova, tome muito cuidado. Algumas bancas são extremamente tradicionais e ficam naquele “feijão com arroz”. Outras já preferem inovar e explorar novos conceitos. O candidato deve procurar identificar o posicionamento da banca e, se isso não for possível, analisar as demais opções antes de tachar a afirmação como certa ou errada.

Idêntica é a construção do antônimo desobedecer.

Ele não podia mais desobedecer às vontades de Deus.

Vamos ver uma questão de prova:

(NCE UFRJ / INCRA / 2005)

25 - Sabemos que só os verbos transitivos diretos admitem a forma passiva; por isso, a alternativa que mostra uma forma adequada de passiva é:

(A) O pai do candidato foi comunicado do ocorrido;

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(B) Os professores são muito obedecidos pelos alunos;

(C) O chefe foi substituído pelo novo funcionário;

(D) O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros;

(E) A peça será acontecida no dia 28 de agosto.

O gabarito foi a letra C. Note que a banca da UFRJ não aceitou a forma passiva do verbo OBEDECER (opção B), considerando-a inadequada.

Em relação aos demais verbos:

a) o verbo COMUNICAR apresenta como objeto direto a COISA e indireto a PESSOA. Por isso, estaria incorreta a forma passiva de pessoa como sujeito paciente (O pai foi comunicado).

c) o verbo SUBSTITUIR é transitivo direto – Uma pessoa substitui outra. Assim, é possível a construção passiva: O chefe foi substituído. Essa foi a resposta certa.

d) na acepção de “ser o sucessor”, o verbo SUCEDER constrói-se com objeto indireto: Ele sucedeu ao pai na gestão dos negócios.

Contudo, há registros clássicos da transitividade direta do verbo (sintaxe em desuso). Luft registra que “é compreensível certa inclinação por sucedê-lo na linguagem culta formal”, muito comum no português clássico, talvez por influência do verbo substituir. Note que a banca não aceitou a forma direta, considerando incorreta a construção de voz passiva O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros.

e) O verbo ACONTECER pode ser INTRANSITIVO (algo acontece) ou TRANSITIVO INDIRETO com a preposição a (algo acontece a alguém). Não há, pois, objeto direto para que se possa construir voz passiva.

Pedir

Trata-se de um verbo transitivo direto (Pedir algo) ou transitivo direto e indireto (Pedir algo a alguém).

Somente aceita o complemento regido pela preposição para quando houver subentendida, entre o verbo e a preposição, uma palavra como licença, autorização, permissão.

Pedimos que sejam observadas as regras de convivência.

Os alunos pediram [permissão] para sair.

Perdoar - Pagar – Agradecer

Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e objeto indireto em relação à pessoa.

Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem!

Agradeci-lhe os presentes.

Já paguei as contas a meus credores.

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Contudo, por influência de verbos do mesmo campo semântico – desculpar alguém / indenizar alguém– surgiu uma nova estrutura: objeto direto para a pessoa (perdoar alguém / pagar alguém), o que levou à possibilidade de construção passiva:

Todos foram perdoados pelo rei (o rei perdoou todos).

Neste mês, os empregados não serão pagos (a empresa não pagará os empregados).

Preferir

O verbo é transitivo direto e indireto (Preferir uma coisa a outra).

"Capitu preferiu tudo ao seminário." (M. Assis)

Em virtude da proximidade semântica com querer, desejar (uma coisa mais do que outra), passou a ser comum na linguagem coloquial a forma preferir uma coisa mais do que outra ou preferir muito mais, construções condenadas pelos gramáticos.

Para a prova, tenha sempre em mente a sintaxe original: PREFERIR ALGO A OUTRA COISA.

Não há impedimento algum para a construção com somente o complemento direto:

Prefiro os antigos moldes.

Proceder

a) No sentido de ter fundamento é intransitivo.

Seu pedido não procede.

b) Como portar-se, conduzir-se, é intransitivo também, sempre seguido de adjunto adverbial de modo.

Sua esposa procedia brilhantemente em público.

b) Na acepção de provir, originar-se, descender, usa-se com preposição de.

A língua portuguesa procede do latim.

c) Usa-se com preposição a (transitivo indireto) no sentido de dar início, realizar.

Proceder-se-á ao início da sessão.

Responder

A regência primária apresenta complemento indireto, com a preposição a:

Responder às cartas, às perguntas, ao questionário.

Contudo, na língua vigente no Brasil, a sintaxe direta para coisa já está consagrada, ainda que repudiada pelos puristas.

O verbo, nesse caso, pede objeto direto para coisa e indireto para pessoa (Responder algo a alguém). O objeto indireto pode se apresentar sob a forma de pronome (lhe/lhes).

Não irei responder-lhe o pedido de casamento.

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Respondo as suas cartas..

Essa construção possibilita a voz passiva:

As cartas foram respondidas.

Simpatizar

O verbo simpatizar não é pronominal. Pede objeto indireto regido da preposição com.

Simpatizei com ela. (correto)

Simpatizei-me com ela. (errado)

Não simpatizei com ele nem com suas ideias.

O verbo antipatizar apresenta o mesmo regime.

A classe antipatizou com o novo professor.

Visar

a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou alguém, é transitivo direto.

Visei o alvo.

b) No sentido de pôr o visto em, é transitivo direto.

As autoridades visaram o passaporte.

c) Na acepção de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de preferência com a preposição a, embora modernamente, devido à aproximação com verbos como buscar, pretender, objetivar (transitivos diretos), se acumulem exemplos com objeto direto.

Nela visei, acima de tudo, ao bem da comunidade.

O verbo visar já se constrói, nesse sentido, sem a preposição:

Essa sociedade não visa lucro.

Essa inovação ocorre, principalmente, quando o complemento vem sob a forma nominal de infinitivo.

Eles visam alcançar suas metas.

Vamos ver como a ESAF tratou do assunto:

(TCU/ 2006) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical.

A precariedade dos serviços públicos é responsável por cerca de(1) 8% das barreiras ao crescimento do País. Esse impacto se deve aos(2) efeitos em cascata que as deficiências no setor público causam à economia. No Brasil, esses problemas parecem tão arraigados à rotina nacional que aparentam ser

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imutáveis. Não são. O Reino Unido está implementando uma reforma que visa o(3) aumento de produtividade e à melhoria da qualidade dos serviços públicos.

O primeiro passo aconteceu com o estabelecimento de alguns princípios:

• metas nacionais de desempenho, mensuráveis e disponíveis para comparação pelo público;

• clara definição de responsabilidades entre as entidades públicas;

• aumento de flexibilidade, por meio da(4) simplificação de processos e da redução da burocracia;

• oportunidade de escolha por parte do público em relação aos provedores de serviços.

A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões de libras.

(Adaptado de Revista Veja, n. 49, p.154.)

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

O gabarito foi a letra c – o verbo visar, no sentido de objetivar, originalmente é transitivo indireto.

Assim, em “uma reforma que visa o aumento de produtividade”, devemos inserir a preposição a: visa ao aumento de produtividade.

Caso restasse alguma dúvida em relação à possibilidade de se construir sob a forma direta (modernamente aceita), a banca tratou de sepultá-la com a apresentação do outro objeto indireto: “visa (...) à melhoria da qualidade dos serviços públicos”.

É assim que se faz prova: diante de uma questão cujo tema é polêmico, você deverá analisar com cuidado todas as possibilidades. Normalmente, bancas consagradas, como a ESAF, procurar fugir desse debate, indicando, de alguma forma, o seu posicionamento.

VERBOS DE DESLOCAMENTO X VERBOS DE PERMANÊNCIA

Verbos que indicam deslocamento (chegar, ir, voltar, etc.) constroem-se com a preposição a, opondo-se aos que indicam permanência (morar, residir, etc.), que se constroem com a preposição em.

Ele chegou ao colégio muito cedo.

O presidente veio a São Paulo de avião.

Ele mora na rua Virgílio de Resende.

Ficarei em casa a noite.

Se você ficou pensando naquela clássica expressão ENTREGAMOS À DOMICÍLIO, muito comum nos letreiros de pizzarias, farmácias e afins, vamos entender.

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Para começar, como veremos na próxima aula, palavras masculinas não podem ser precedidas de “a” com acento grave, pois não apresentam um artigo definido feminino antes de si (afinal de contas, elas são masculinas!!!). Então, não ocorre crase.

Em relação à regência do verbo entregar, eu lhe pergunto: a entrega por ser feita a alguém em algum lugar, não é? O complemento que indica a “pessoa que recebe a entrega” é regido da preposição A (Entreguei ao porteiro). Mas “domicílio” não é uma pessoa, e sim um local (expressão de valor adverbial). Por isso, a preposição que antecede esse vocábulo é EM – Entregamos em qualquer ponto do país (e não a qualquer ponto do país).

Por isso, a entrega é feita em domicílio ou no domicílio, e nunca “à domicílio”.

E agora, consegui acabar com aquela confusão que a pizzaria causou?

Agora, até bateu uma fome. Ainda bem que nossa aula está chegando ao fim.

O passo seguinte é resolver as questões de fixação, até mesmo para ver como as bancas examinadoras se posicionam, e estudar, estudar, estudar...

Em nossos próximos encontros, voltaremos a este assunto. Falaremos sobre CRASE e, em seguida, PRONOMES, estudando, inclusive, a relação entre sintaxe de regência e pronomes relativos.

Bons estudos e até lá.

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

01 - (FGV/ALESP/2002) Assinale a alternativa cuja regência está de acordo com o padrão culto: A. Prefiro mais doce a salgado. B. Prefiro mais doce do que salgado. C. Prefiro doce do que salgado. D. Prefiro doce a salgado.

02 - (FGV/Pref.Guarulhos/2001) Assinale a alternativa em que há erro de regência verbal. A. Minha aparência não lhe agradou. B. Esta é a regra que você obedecerá. C. Assiste-lhe sempre esse direito. D. Essa foi a conclusão a que chegamos.

03 - (FGV/ICMS MS – ATI/2006)

Em Você se lembra do rosto dela naquele instante?, obedeceu-se às regras de regência verbal.

Assinale a alternativa em que isso não tenha ocorrido.

(A) Prefiro questões de gramática do que de interpretação.

(B) Aspiraram à vaga de piloto da companhia aérea.

(C) Os médicos assistiram o paciente.

(D) Perdoamos-lhes as dívidas.

(E) Pagaram-lhe bem.

04 - (BESC / ADVOGADO/ 2004)

Texto II

CAPÍTULO III

Do Contrato Estimatório

Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.

(Novo Código Civil)

Pela leitura do texto II, percebe-se a importância do uso correto dos pronomes oblíquos. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha ocorrido.

(A) O chefe encontrou a secretária no corredor e pagou-a ali mesmo.

(B) Cabia-lhe o direito de reaver o documento.

(C) Os pacientes esperavam que o médico os assistisse com urgência.

(D) Ele não lhe perdoou a dívida.

(E) Ela lembrava-lhe a boa infância.

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05 - (ESAF/AFRF/2003)

Julgue a assertiva abaixo em relação aos aspectos gramaticais.

e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.

06 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003)

Sobre a regência do verbo assistir na oração “a Região Metropolitana finalmente assistia ao início de um capítulo bom da novela protagonizada por mais de 3 milhões de pessoas” (linhas 10-13), pode-se afirmar que:

A) está correta, porque o verbo foi empregado como transitivo indireto, no sentido de ser do direito;

B) é semelhante à regência do verbo amar em frases como “Deve-se amar ao próximo”;

C) admite a construção passiva, que seria: “O início de um capítulo bom da novela protagonizada por mais de 3 milhões de pessoas era assistido finalmente pela Região Metropolitana;

D) está consoante com a língua escrita padrão, mas divergente dos hábitos da língua falada no Brasil;

07 - (CESGRANRIO / PREF.MANAUS / 2004)

Marque a opção em que a regência do verbo NÃO está adequada, conforme a norma culta.

(A) O pesquisador agregou-se ao grupo da universidade.

(B) O auxiliar inseriu os dados no computador.

(C) A criança agradeceu os primos o presente.

(D) A situação de crise influiu na decisão do conselho.

(E) Eu entreguei o requerimento ao advogado.

08 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005)

Assinale a opção que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza e concisão.

(A) A parada o autorizava à cobrar um novo preço;

(B) A parada lhe autorizava de cobrar um novo preço;

(C) A parada o autorizava de cobrar um novo preço;

(D) A parada o autorizava a cobrar um novo preço;

(E) A parada lhe autorizava a cobrar um novo preço.

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09 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)

A alternativa em que o pronome LHE está mal empregado é:

(A) Só lhe comuniquei de minha decisão ontem;

(B) Não lhe desejo mal;

(C) Deste ator só lhe conhecia a foto;

(D) Vou apresentar-lhe meu amigo;

(E) Atribuímos-lhe uma atitude negativa.

10 - (UnB CESPE/INSS/1998)

Quanto à correção da substituição do trecho sublinhado pela forma apresentada em negrito, julgue os itens abaixo.

1. “Já fez sua declaração de imposto de renda? / Já a fez?

2. “Os decretos-leis (...) abanam o rabo negativamente” / Os decretos-leis (...) abanam-lhe negativamente

3. “Mas se tiveres alguma dúvida” / Mas se tiveres ela.

4. “Os decretos-leis tentam barrar um senhor distinto” / Os decretos-leis tentam barrá-lo

5. “Agora é só (...) encheres este formulário-sanfona” / Agora é só (...) o encheres

11 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)

Muitos gramáticos condenam o uso de um mesmo complemento referido a verbos de regência diferente, o que ocorre em:

(A) entrar e sair de casa;

(B) contemplar e pintar a paisagem;

(C) ler e memorizar o telefone;

(D) conhecer e admirar a obra do artista;

(E) precisar e gostar de boas companhias.

12 - (ESAF/AFC STN/2002)

No passado, para garantir o sucesso de um filho ou de uma filha, bastava conseguir que eles tirassem um diploma de curso superior. Uma vez formados, seriam automaticamente chamados de “doutor” e teriam um salário de classe média para o resto da vida. De uns anos para cá, essa fórmula não funciona mais. Quem quiser garantir o futuro dos filhos, além do curso superior, terá de lhes arrumar um capital inicial. Esse capital deverá ser suficiente para o investimento que gerará um emprego para seu filho.

Em relação aos aspectos textuais, julgue a asserção abaixo.

d) A regência do verbo chamar empregada no texto(l.3) é considerada coloquial. A gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego desse verbo como transitivo direto.

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13 - (CESGRANRIO/TRANSPETRO/2006)

Por meio de uma carta, os funcionários _______________ aos superiores.

Com respeito à regência, a forma verbal que preenche adequadamente a lacuna acima é:

(A) chamaram.

(B) convidaram.

(C) cumprimentaram.

(D) pressionaram.

(E) responderam.

14 - (FCC / INSS MEDICO / 2006)

Empregou-se de acordo com o padrão culto escrito a forma grifada em:

(A) Estava tão atrapalhado, que enviou a carta justamente àquele que nunca poderia tê-la recebido.

(B) A atitude desequilibrada daquele jovem foi uma heresia aos idosos que ali estavam sendo homenageados.

(C) Informou-lhe de que deveria fechar o contrato até o fim do dia.

(D) Recuperou-lhe daquele distúrbio com a competência e dedicação que todos lhe reconhecem.

(E) Ele foi investido com uma difícil tarefa de comando, da qual se desincumbiu com grande habilidade.

15 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002)

Como na frase “O nível de complexidade do Deep Fritz reside nas linhas de código que o constituem” (linhas 17-18), também as frases abaixo estão corretas quanto ao emprego do pronome o, menos em uma, em que o correto seria empregar o pronome lhe. Esta frase está na opção:

A) Procurei um técnico para cientificá-lo de que havia um problema para resolver.

B) Embora o problema fosse de difícil solução, o computador o resolveu.

C) Vou procurar o técnico para certificá-lo que o problema já foi resolvido.

D) O cientista comentou que a empresa o contratou para resolver problemas complexos.

E) A empresa que construiu o computador resolveu doá-lo para um museu.

16 - (ESAF / Analista IRB/2004)

Identifique a letra em que uma das frases apresenta erro de regência verbal.

a) Atender uma explicação.

Atender a um conselho.

b) O diretor atendeu aos interessados.

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O diretor atendeu-os no que foi possível.

c) Atender às condições do mercado.

Os requerentes foram atendidos pelo juiz.

d) Atender o telefone.

Atender ao telefone.

e) Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença.

Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.

17 - (UnB CESPE/DEFENSOR/2004)

Analise a correção da assertiva abaixo.

Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.”, o emprego da preposição que antecede os termos “um país” e “humanidade” é exigido pelas regras de regência segundo as quais está empregado o verbo implicar.

18 - (UnB CESPE / AGU / 2002)

A impunidade que daí deriva não está ligada, pois, a diferenças sociais que impliquem que nem todos sejam iguais perante a lei, mas tão-só a que todos se submetem a ela como se vestissem roupas muito maiores que as devidas. A sociedade moderna é democraticamente relaxada.

Com base no trecho acima, julgue a assertiva.

Em “a diferenças sociais” (l.1), “a que todos” (l.2) e “a ela” (l.3), as três ocorrências da preposição “a” devem-se à regência da palavra “ligada” (l.1).

19 - (ESAF/TFC SFC/2000)

Assinale a opção que corresponde a erro gramatical

Outro mito muito em voga(A) é de que(B) a globalização torna(C) a vida das pessoas muito mais instável. Isso é só parcialmente verdade. As economias estão muito mais competitivas hoje em boa parte do mundo, o que(D) pode passar uma sensação maior de instabilidade. Um recente estudo do Banco Mundial, no entanto, mostra que(E) não há nenhuma evidência de aumento da instabilidade em termos de crescimento de PIB e de consumo privado na América Latina.

(Adaptado de Exame, 1/11/2000, p.141)

a) A

b) B

c) C

d) D

e) E

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20 - (ESAF/TRF/2003)

Assinale a opção em que o trecho do texto foi transcrito com erro de sintaxe.

a) As empresas do setor imobiliário que deixaram de prestar contas das transações realizadas em 2002 vão ser alvo de investigação da Receita Federal. Imobiliárias, construtoras e incorporadoras tinham prazo limitado para entregar a Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias- Dimob.

b) A estimativa é de que metade das empresas não declarou, mas o coordenador-geral de Fiscalização da Receita acredita que muitas delas ainda vão cumprir a exigência. Até o prazo foram entregues 21.395 declarações, mas nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar.

c) O coordenador diz que os dados da Dimob serão confrontados com as informações da declaração das empresas e das pessoas físicas. O coordenador afirma ainda que as informações serão cruzadas com os dados da CPMF, que têm sido instrumento indispensável ao trabalho de fiscalização do órgão.

d) Na declaração, as imobiliárias só devem informar as operações realizadas no ano passado. As empresas que não tiveram atividades em 2002 estão desobrigadas de prestar contas. Quem deixou de entregar a declaração no prazo pagará multa mínima de R$ 5 mil por mês-calendário. Em caso de omissão ou informação de dados incorretos ou incompletos, a multa será de 5% sobre o valor da transação.

e) Essa declaração foi criada em fevereiro de 2003 para identificar as operações de venda e aluguel de imóveis. A Receita quer saber, por exemplo, a data, o valor da transação e a comissão paga ao corretor. No ano passado, foram fiscalizadas 495 empresas do setor, cujas autuações somaram R$ 1,2 bilhão.

(Adaptado de www.receita.fazenda.gov.br, 5/06/2003)

21 - (UnB CESPE / AGU / 2002)

Analise a assertiva a seguir.

A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” (R.25) por A minha firme convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências de formalidade da norma culta escrita.

22 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002)

Analise a proposição abaixo.

O verbo “conferem”, em “o BB adotou medidas que conferem maior transparência às decisões internas e às movimentações da empresa no mercado bancário” está empregado no texto com a mesma regência e com sentido equivalente ao que está empregado no seguinte exemplo: Os dados do relatório final do BB conferem com aqueles divulgados pela imprensa no decorrer da semana.

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23 - (UnB CESPE/CEF/2006)

Julgue o item que se segue.

No trecho “que a família ensine a criança, desde pequena, a saber lidar com dinheiro e a se envolver com o controle dos gastos”, o verbo ensinar rege um complemento com preposição e um sem preposição.

24 - (FCC/TCE MA – Analista/2005)

... os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes...

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase:

(A) ... choveu menos na Amazônia.

(B) ... assim como aconteceu no início do século XX.

(C)) ... duplicando o impacto sobre o ambiente.

(D) ... que se trata de variações médias ao longo de três décadas.

(E) ... a atual seca se torna mais relativa.

25 - (FCC/TRT 15ª Região/2004)

O Conselho Nacional de Justiça precisará de segmentos setoriais...

O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na frase:

(A) ... tornando-a mais rápida...

(B) ... limita a liberdade dos juízes...

(C) ... e pode permitir a influência do Executivo...

(D) ... se a aplicação for restrita a matérias tributárias...

(E) ... mas valem apenas para os advogados privados...

26 - (FUNRIO/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL/2009)

Todo o nosso comportamento social está regulado por normas a que devemos obedecer, se quisermos ser corretos. O mesmo acontece com a linguagem, apenas com a diferença de que as suas normas, de um modo geral, são mais complexas e coercitivas.

Por isso, e para simplificar as coisas, define-se o “linguisticamente correto” como aquilo que é exigido pela comunidade linguística a que se pertence. (Celso Cunha: “A Noção de Correto”, 1985)

Qual das frases abaixo, embora consagrada pelo uso na imprensa de prestígio, ainda é apontada como um desvio em relação às normas da língua padrão?

A) Custa-me crer que tudo isso ainda seja proibido na sociedade brasileira contemporânea.

B) Quinze por cento da população gaúcha declararam que seus momentos de lazer diminuíram.

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C) A maior parte daqueles bairros não tinham nenhuma estrutura para suportar as enchentes.

D) Assim que elas intervieram, a dúvida foi sanada e todos ficamos satisfeitos e felizes.

E) O público feminino preferia mais a punição da vilâ do que a vingança da heroína.

27 - (FUNRIO/FURP SP/2009)

No que se refere à regência verbal, a alternativa que atende à prescrição da norma padrão é

A) Esta medida provisória obsta os nossos planos de carreira.

B) A população prefere ver a polícia na rua a ouvir falar de direitos humanos.

C) A perda da folha de consumação implica em multa de $ 200,00.

D) Assisti o filme com interesse, apesar do calor da sala de projeção.

E) O diretor visou, carimbando, a todos os atestados de tempo de serviço.

28 – (FUNRIO/CIA.DOCAS/2006)

A frase que apresenta ERRO quanto a sintaxe de regência é:

a) Falta de atenção implica em erros.

b) Prefiro ler a ver televisão.

c) Assistimos a uma partida emocionante.

d) Todos visam a uma vida tranqüila.

e) Perdoou ao filho a desobediência.

29 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

Com base no texto, julgue a assertiva abaixo

1. É certo que houve expansão da frota, tanto de carros,

como de caminhões e ônibus. Mas isso é muito pouco

para explicar a verdadeira chacina na malha rodoviária

a que o país parece assistir de braços cruzados.

5. Cabe boa parte da culpa aos motoristas. Quem

viaja pelas estradas brasileiras não precisa ir longe

para constatar verdadeiros descalabros. Motoristas

dispostos a tudo mostram sua estupidez e total falta

de responsabilidade: trafegam em alta velocidade,

fazem ultrapassagens inconvenientes, andam pelo

10. acostamento, usam faróis altos e frequentemente

dirigem alcoolizados.

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(Estado de Minas, Editorial, 6/1/2009.)

- O emprego da preposição “a” em “a que o país parece...”(ℓ.4) justifica-se pela regência de “assistir”.

30 – (FGV/SEFAZ RJ/2009)

O leitor já viu onde quero chegar. (L. 40)

Assinale a alternativa cuja estrutura seja equivalente semanticamente à apresentada acima, mas que dela se diferencie quanto à adequação da linguagem ao padrão normativo.

(A) Já observou o leitor onde quero chegar.

(B) O leitor já viu aonde quero chegar.

(C) Quero chegar onde o leitor já viu.

(D) Em que ponto quero chegar o leitor já viu.

(E) O leitor já viu em cujo local quero chegar.

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GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO

01 – D

Como vimos, o verbo preferir, quando se apresenta bitransitivo, ou seja, com complemento direto e indireto, emprega a preposição a junto a este último. Assim, o certo é “prefiro doce a salgado”.

O paralelismo sintático deve ser observado. O que é isso? É a relação entre elementos de mesma função, no caso, complementos verbais. Se resolvermos colocar o artigo antes do primeiro elemento, exceto em situações muito particulares, devemos repeti-lo nos demais. Assim, como não houve artigo antes do objeto direto (doce), também não haverá antes do objeto indireto (salgado).

Não vai se acostumando com essa molezinha aí, não... essa questão tranquila só foi colocada no início da bateria de exercícios para dar um refresco. Mais adiante, vamos ver questões “de verdade”.

02 – B

O verbo obedecer é transitivo indireto, regendo a preposição a. Por isso, essa preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui o objeto indireto (regra): Esta é a regra a que você obedecerá.

Na opção a, temos o verbo agradar. A banca manteve o posicionamento originário e apresentou o verbo, na acepção de contentar, como transitivo indireto, usando o pronome lhe. Supondo que o examinador apresentasse o verbo agradar com complemento direto (agradá-lo), o candidato deveria ler atentamente todas as opções antes de marcar a resposta. Na opção seguinte, a regência estava inquestionavelmente incorreta.

O verbo assistir, no sentido de caber razão ou direito, é transitivo indireto (opção c).

Finalmente, o verbo chegar, por indicar deslocamento, rege a preposição a. Quem diz “chegar em” não chega a lugar algum. Está correta a construção apresentada na opção e (Nós chegamos a uma conclusão a conclusão a que chegamos).

03 – A

Essa deve ter sido barbada também. Como vimos na questão 01, a regência do verbo preferir, quando bitransitivo, exige a preposição a. Assim, “prefiro questões de gramática a de interpretação”.

O verbo aspirar, como desejar, é transitivo indireto, com a preposição a. Está correta a opção b.

O verbo assistir, no sentido de prestar assistência, pode ser construído com objeto direto ou indireto. O examinador apresentou a primeira forma.

Tanto o verbo perdoar (d) quanto pagar (e), segundo a norma culta, possuem objeto direto de coisa e indireto de pessoa. Assim, também estão corretas as formas “Perdoamos-lhes as dívidas” e “Pagaram-lhe [a ele] bem”.

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04 – A

Conforme vimos na questão anterior, o verbo pagar, em relação à pessoa, é indireto. Assim, o correto seria “pagou-lhe [ou a ela] ali mesmo”.

Na opção b, o sujeito do verbo caber era “o direito de reaver o documento”. Isso cabia a alguém. Foi corretamente empregado o pronome lhe na indicação do objeto indireto de pessoa.

Em questões anteriores, já falamos sobre a regência dos verbos assistir (no sentido de prestar assistência) e perdoar.

Resta-nos destacar o emprego do pronome pessoal oblíquo com valor possessivo na opção e. Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são usados para representar um nome (substantivo), evitando, assim, sua repetição (mais sobre isso será tratado na aula específica sobre pronomes).

No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor possessivo, ou seja, no lugar do “seu/sua” ou “dele/a”. Esse emprego costuma causar muita confusão com a função de objeto indireto, uma vez que o pronome também pode se ligar ao verbo por meio de hífen. Vejamos a diferença.

Em “Roubou-lhe a carteira”, o que se quer dizer é que “roubou a sua carteira” ou “roubou a carteira dela”. Esse pronome, na verdade, não está complementando o verbo roubar, mas atribuindo ao substantivo carteira uma característica – a sua propriedade. Assim, sua função não é a de objeto indireto (complemento verbal).

Na oração “Ela lembrava-lhe a boa infância”, o complemento verbal (objeto direto) é “a boa infância”, atendendo à sintaxe de regência do verbo lembrar (transitivo direto).

Mais uma vez, vemos que a função do pronome oblíquo lhe não é completar o sentido do verbo (como o faria um objeto indireto), mas modificar o substantivo “infância”, como o faria um pronome possessivo sua (Ela lembrava a sua boa infância). Por isso, a função sintática do pronome oblíquo, com valor de possessivo, é a de adjunto adnominal (elemento que vem junto ao nome para definir, alterar ou restringir o significado do nome). Está, portanto, correta a construção.

Essa opção deve ter suscitado inúmeras dúvidas, hem? Bem que lhe avisei que a moleza iria acabar...

Não se preocupe com esses conceitos sobre pronome. Voltaremos a falar sobre o assunto na aula própria.

05 - Item CORRETO

Já que falamos sobre o verbo lembrar, vamos falar agora sobre o seu antônimo.

O verbo esquecer-se, como vimos, quando pronominal, é transitivo indireto, regendo a preposição de (Não se esqueça de mim.). Contudo, quando o seu complemento indireto está sob a forma oracional (“que a construção do autoritarismo...”), é possível a elipse (omissão) da preposição.

06 – D

A banca “brincou” com a regência do verbo assistir e o desuso da construção clássica. Na acepção de ver, presenciar, é transitivo indireto com a preposição a.

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Por isso, não admite voz passiva. No entanto, na linguagem coloquial, a do dia a dia, a do botequim, duvido que alguém tenha coragem de dizer: “Saia da minha frente, pois estou assistindo ao jogo”. No mínimo, vão achar que é provocação.

07 – C

Ainda que você se lembrasse da polêmica do verbo agradecer (opção c), a banca facilitou a sua vida: apresentou dois complementos diretos. Segundo a norma padrão, a forma adequada seria: A criança agradeceu aos primos o presente (indireto de pessoa, direto de coisa).

08 – D

Esse é mais um verbo que apresenta dupla possibilidade de regência: pode-se autorizar alguém a algo (direto de pessoa e indireto de coisa) ou autorizar algo a alguém (direto de coisa e indireto de pessoa).

De qualquer forma, a preposição é a, e não “de”. Eliminamos, assim, as opções b e c.

Na opção e, a banca sugere dois complementos indiretos: lhe e a cobrar um novo preço, enquanto que na opção a coloca um acento grave antes de um verbo (que não pode ser antecedido de artigo definido feminino – crase é o assunto da próxima aula).

Por isso, a única opção correta é mesmo a letra d – “A parada o autorizava (direto de pessoa) a cobrar um novo preço (indireto de coisa)”.

09 – A

O verbo comunicar é transitivo direto para coisa e indireto para pessoa (Comunicar algo a alguém). Assim, o erro não está necessariamente no emprego do pronome lhe, mas na colocação de uma preposição antes do objeto direto: Só lhe comuniquei minha decisão ontem. Não há abono, no Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, para a construção “Comunicar alguém de algo”, só “Comunicar algo a alguém”.

Na opção c, há um excelente exemplo do pronome oblíquo com valor possessivo, mencionado na questão 4: Só conhecia a foto do ator = Só conhecia a sua foto / a foto dele = Só lhe conhecia a foto.

O pronome não está complementando o verbo, mas se referindo ao nome (foto).

Nas demais opções, também está correto o emprego do pronome oblíquo:

b) Não desejo mal a ele;

d) Vou apresentar meu amigo a ele;

e) Atribuímos a ele uma atitude negativa.

10 – C / E / E / C / C

Estão incorretas as substituições propostas nos itens 2 e 3:

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Item 2 – O verbo abanar é transitivo direto (abanam o rabo). Assim, o pronome que deve ser usado é “o”, e não o “lhe”.

Após verbos terminados de forma nasal (com –m, -õe ou –ão, como em abanam), os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as) recebem a letra n: abanam-no. Essa lição consta do comentário à questão 24 da Aula 3 – Verbo. Se você já a tiver esquecido, volte a estudá-la.

Item 3 – Na aula sobre pronomes, iremos tratar do emprego dos pronomes oblíquos. Por ora, iremos nos ater a registrar que os pronomes ele, ela, eles, elas, quando oblíquos, devem estar necessariamente acompanhados de preposição. O correto seria: Mas se a tiveres.

11 – A

Essa questão trata do emprego de verbos de regências diferentes em relação a um mesmo complemento.

Nesses casos, é recomendável a seguinte construção: entrar em casa e sair dela.

As demais opções apresentam verbos de idêntica regência, podendo ser usado apenas um complemento para ambos.

12 - Item INCORRETO.

O verbo CHAMAR, na acepção apresentada, é um verbo transobjetivo, ou seja, além do objeto, exige um predicativo do objeto.

Ao contrário de todos os demais verbos transobjetivos, o verbo chamar, segundo a norma culta, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto, sem que o seu significado seja alterado.

Em suma, com o sentido de apelidar, qualificar, tachar, o complemento verbal do verbo chamar tanto pode ser um objeto direto (Chamou fulano de mesquinho / Chamou-o de mesquinho) quanto um objeto indireto, com a preposição a ou o pronome lhe (Chamou a fulano de mesquinho / Chamou-lhe de mesquinho.).

Por sua vez, o termo “mesquinho”, que, no exemplo acima, se refere a “fulano” (objeto direto/indireto), exerce a função de predicativo do objeto (direto/indireto) e pode vir ou não precedido de preposição – Chamou fulano (de) mesquinho / Chamou a fulano (de) mesquinho.

Na construção de linha 3, o verbo chamar é transitivo direto e está construído em voz passiva (“seriam automaticamente chamados de ‘doutor’...”). Por isso, são dois os equívocos:

1. afirmar que o verbo chamar, na construção, não seria transitivo direto - ele é transitivo direto, sim, e por isso possibilita a voz passiva;

2. considerar que a norma culta recomenda apenas a forma direta (admitem-se as duas transitividades – direta ou indireta).

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13 – E

Agora, o verbo chamar (opção a) significa convocar, solicitar a presença, é transitivo direto. Também apresentam essa transitividade os verbos convidar, cumprimentar e pressionar.

Já o verbo responder, como vimos, requer complemento indireto, com a preposição a. Portanto, é o único que pode preencher a lacuna: Por meio da carta, os funcionários responderam aos seus superiores.

14 – A

O verbo enviar apresenta, na construção, bitransitividade: objeto direto (a carta) e indireto (àquele). Na aula sobre crase, veremos que o encontro da preposição a (exigida pelo verbo) com o pronome demonstrativo aquele forma crase.

Os erros das demais opções são:

b) o substantivo heresia rege a preposição contra. Essa é uma das raras questões de regência nominal.

c) o verbo informar apresenta dois complementos indiretos – um deles deve ser modificado. Há duas possibilidades: informou-o de que deveria fechar ou informou-lhe que deveria fechar.

d) O verbo recuperar é pronominal com valor reflexivo: recuperou-se daquele distúrbio. Está correto o emprego do verbo reconhecer, na sequência: no sentido de assegurar, é transitivo direto e indireto – todos lhe reconhecem a competência e dedicação.

15 – C

O verbo certificar é mais um exemplo de dupla possibilidade de regência, assim como informar, avisar: a sintaxe originária é certificar alguém de alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa); contudo, acabou evoluindo para certificar algo a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa). A banca explorou esse conceito.

a) O objeto direto é relativo a pessoa (representado pelo pronome oblíquo o), enquanto que o indireto, referente a coisa (de que havia um problema).

b) O verbo resolver é transitivo direto (o computador resolveu o problema). Está correto o emprego do pronome oblíquo o no lugar do nome.

c) Agora, ao contrário da opção a, o objeto direto do verbo certificar se referiu a coisa (que o problema já foi resolvido). Assim, referente a pessoa, deve-se empregar o pronome oblíquo lhe (objeto indireto), e não o pronome o. Está incorreta a construção. Essa é a resposta.

d) O verbo contratar apresenta objeto direto de pessoa (contratar alguém) e indireto, regido pela preposição para. Está correta a construção.

e) O verbo doar apresenta transitividade direta (doar alguma coisa), sendo cabível o pronome oblíquo o.

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Em resumo – para objetos diretos, use os pronomes o/a/os/as; para objetos indiretos, use os pronomes lhe/lhes, salvo nos casos em que só se aceitam as formas “a ele(s)/a ela(s)”.

16 - E

Essa questão é praticamente uma aula de regência verbal do verbo atender.

Todos os exemplos apresentados nas opções da questão foram retirados do livro de Celso Pedro Luft (obra citada no início da aula).

Sobre a regência do verbo atender:

1. o verbo será facultativamente transitivo direto ou transitivo indireto (neste caso, regendo a preposição a) nas seguintes acepções:

- no sentido de dar ou prestar atenção – “Atender a um conselho” (opção a),”Atender uma explicação” (opção a), “O diretor atendeu aos interessados” (opção b); Luft ressalta que, se o complemento for um pronome pessoal referente a PESSOA, só se empregam as formas objetivas diretas – “O diretor atendeu os interessados” ou “aos interessados”, mas somente “O diretor atendeu-os.”.

- na acepção de tomar em consideração, considerar, levar em conta, ter em vista – “Atender às condições do mercado.” (opção c);

- com sentido de responder – “Atender ao / o telefone (opção d);

2. na acepção de conceder uma audiência , é transitivo direto e, por isso, possibilita a construção na voz passiva – “Os requerentes foram atendidos pelo juiz” (opção c);

3. no sentido de acolher, deferir, tomar em consideração, é transitivo direto – “O diretor atendeu-os no que foi possível” (opção b) ;

4. no sentido de atentar, reparar, é transitivo indireto, podendo reger as preposições a, para, em – “Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença” (opção e).

A única forma incorreta é “Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.”. O sentido é o da letra e (atentar, reparar), que, por ser transitivo indireto, não admite construção de voz passiva (“Ninguém se atendeu...”).

17 – Item INCORRETO.

ACORDO ORTOGRÁFICO: O trema deixou de existir, devendo-se, agora, registrar a palavra “consequência”.

O verbo implicar, na acepção de acarretar, é transitivo direto, segundo a norma culta. Esta sintaxe foi respeitada no segmento em comento – “a morte de um idioma implica perda...”.

As expressões “a um país” e “à humanidade” são regidos pelo substantivo perda (“perda ... a um país e, inclusive, à humanidade”).

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Portanto, a assertiva encontra-se INCORRETA.

18 – Item INCORRETO.

Mais uma vez, a banca tenta confundir o candidato. Ainda que não tenha sido objeto da questão, merece destaque o emprego culto do verbo implicar, com a transitividade direta (“diferenças sociais que impliquem que...”).

Afirma o examinador que os três elementos indicados (a diferenças sociais, a que todos, a ela) estão sendo regidos pelo adjetivo ligada.

Em relação aos dois primeiros, isso é verdade (“não está ligada, pois, a diferenças sociais ..., mas tão-só [ligada] a que todos se submetem...”). Em virtude de o termo regente ser um adjetivo, temos aí um caso de regência nominal.

Contudo, o terceiro elemento atua como complemento verbal de submeter: “... todos se submetem a ela [a impunidade] como se vestissem roupas muito maiores que as devidas.”. Ao contrário dos demais, esse é um caso de sintaxe de regência verbal.

Por esse motivo, está incorreta a assertiva.

19 - B

No período “Outro mito muito em voga é | de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável”, há duas orações, quais sejam:

• “Outro mito muito em voga é de ” – oração principal

• “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” – oração subordinada à principal

A preposição “de” (sublinhada acima), que antecede a conjunção “que”, é exigida pelo substantivo “mito” (mito de alguma coisa). Contudo, a ausência da repetição desta palavra ou de sua substituição por um pronome acarretou a falha de coesão textual, acabando por deixar a preposição sozinha, sem termo ao qual pudesse se ligar.

Há duas possibilidades de correção e, consequentemente, de classificação da oração subordinada:

1ª possibilidade:

- “Outro mito muito em voga é o de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.”

1ª oração - “Outro mito muito em voga é o de” - oração principal (o pronome demonstrativo “o” representa o substantivo “mito” e passa a ser o termo regente da preposição de)

2ª oração - “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” - oração subordinada completiva nominal (serve de complemento nominal ao substantivo mito)

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2ª possibilidade:

- “Outro mito muito em voga é que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.”

1ª oração - “Outro mito muito em voga é” - oração principal (em relação ao exemplo anterior, foram retirados o pronome demonstrativo o e a preposição de)

2ª oração – “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” -oração subordinada predicativa do sujeito (com a retirada da preposição, essa oração passa a exercer a função de predicativo do sujeito, em um predicado nominal)

A expressão “é de que”, apresentada na questão, constitui um erro.

Nas duas próximas questões, teremos mais exemplos de construções como essa.

20 - B

A exemplo do que vimos na questão anterior, a passagem “A estimativa é de quemetade das empresas não declarou” apresenta duas possibilidades de correção:

1 – A estimativa é a de que metade das empresas não declarou.

2 – A estimativa é que metade das empresas não declarou.

Outro erro foi na construção “nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar”. Não há justificativa para o emprego da preposição em. Na ordem direta, verificamos que “Cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar” é o sujeito oracional de “constam nos registros da Receita”. Há necessidade, portanto, de retirar a preposição em.

Volte, agora, àquela questão da última prova para o TCU, aplicada pela ESAF.

O item e apresenta uma estrutura idêntica à apresentada aqui:

A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões de libras.

A conjunção indicada pelo item (5) inicia uma oração que serve de predicativo do sujeito (que essas reformas aumentem o PIB do País...).

Para completar a série, veremos como o tema foi abordado por outra banca examinadora – UnB CESPE.

21 – Item INCORRETO.

Afirma-se que constitui erro a troca de “A minha firme convicção é que” por “A minha firme convicção é a de que”.

Como acabamos de ver, ambas as construções estariam corretas. Na primeira, a oração iniciada pela conjunção que exerce a função de predicativo do sujeito (A convicção é ISSO), ao passo que a segunda atua como complemento nominal do pronome demonstrativo (a) que substitui a palavra convicção.

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Como o examinador afirma que a segunda estaria em desacordo, o item encontra-se incorreto. A segunda forma está de acordo com a norma culta padrão.

22 – Item INCORRETO.

A regência de um verbo e seu significado estão interligados. O verbo conferir pode significar: 1. atribuir (A Câmara dos Vereadores conferiu o título de cidadão honorário ao artista.), 2. estar de acordo (Sua versão para o acidente confere com os relatos das testemunhas.), 3. participar de conferência (O médico conferiu com seus colegas.), 4. imprimir, dar (Os auditores conferiram um caráter s à investigação.), etc.

Na passagem do texto, o verbo apresenta a primeira acepção (atribuir), devendo ser transitivo direto (O BB adotou medidas que conferem [atribuem] maior transparência às decisões internas...). Em seguida, o examinador afirma que essa forma verbal possui regência e sentido equivalentes ao verbo na segunda acepção (estar de acordo): Os dados ... conferem com aqueles divulgados pela imprensa – caso em que o verbo é transitivo indireto, com a preposição com.

Está incorreta tal assertiva.

23 – Item CORRETO.

Já afirmamos que a transitividade de um verbo só pode ser identificada a partir de seu emprego. Na passagem “que a família ensine a criança ... a saber lidar com dinheiro”, o verbo ensinar é bitransitivo, ou seja, apresenta simultaneamente um complemento direto (a criança) e outro indireto, antecedido da preposição a (a saber lidar com o dinheiro).

Portanto, está correta a afirmação de que, no trecho em destaque, o verbo ensinar rege um complemento com preposição (objeto indireto – a saber lidar com o dinheiro) e outro sem (a criança).

Esse verbo é daqueles que admitem dupla possibilidade de regência. A primeira acabamos de ver: ENSINAR ALGUÉM A (VERBO NO INFINITIVO). A segunda forma é ENSINAR ALGO A ALGUÉM. Ambas as construções estariam corretas.

24 - C

Temos, a partir dessas últimas questões, a oportunidade de ver como a Fundação Carlos Chagas explora esse ponto do programa.

Os aspectos de regência passam, necessariamente, pela transitividade de um verbo. Isso você já se cansou de saber.

O verbo ter, na construção “os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes”, é transitivo direto (objeto direto é “um sistema de braços flutuantes”).

O examinador busca nas opções um verbo que apresente o mesmo tipo de complemento.

Vamos verificar a transitividade de cada um deles:

(A) intransitivo – Em “choveu menos na Amazônia”, a expressão “na Amazônia” apresenta valor circunstancial de lugar – é um advérbio e, portanto, exerce a função

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sintática de adjunto adverbial (já estamos realizando a análise sintática: um advérbio sempre exerce a função de adjunto adverbial).

(B) intransitivo – O mesmo ocorre com a expressão adverbial “no início do século XX”, que apresenta um valor circunstancial de tempo/momento.

(C) transitivo direto – O objeto direto é “o impacto sobre o ambiente”. ESSA É A RESPOSTA CERTA!

(D) transitivo indireto – Esse é um emprego clássico de sujeito indeterminado. Como vimos na aula sobre concordância, o sujeito indeterminado se constrói de duas formas: com verbos transitivos indiretos, intransitivos ou de ligação, na 3ª pessoa do singular acompanhado do índice de indeterminação do sujeito “se”; com verbos de qualquer transitividade, na 3ª pessoa do plural (sem o pronome). Foi apresentada a primeira forma: “que se trata de variações médias ao longo de três décadas” (o objeto indireto está sublinhado).

(E) Essa foi a opção mais difícil. O verbo tornar, na construção apresentada, além do objeto direto (representado pelo pronome “se”), exige também um outro complemento – o predicativo do objeto direto: “mais relativa”. Esse é um verbo transobjetivo, que requer dois complementos – objeto direto e predicativo do objeto direto. Por apresentar, além do objeto direto, um predicativo do objeto, a construção não é idêntica à do enunciado, que só possui o primeiro.

25 - E

O verbo em epígrafe é transitivo indireto (precisará de segmentos setoriais). A construção verbal que apresenta idêntica transitividade é a da letra (E) – valem para os advogados.

Vamos analisar a dos demais verbos:

(A) transobjetivo – objeto direto: “a”; predicativo do objeto direto: “mais rápida”;

(B) transitivo direto – objeto direto: “a liberdade dos juízes”;

(C) transitivo direto – objeto direto: “a influência do Executivo”;

(D) verbo de ligação – predicativo do sujeito: “restrita”; complemento nominal (liga-se ao adjetivo “restrita”): “a matérias tributárias”. Este elemento é o termo regido de um adjetivo, sendo, portanto, caso de sintaxe de regência nominal.

Essa era a pegadinha da questão. Muita gente deve ter marcado essa opção como correta imaginando que o elemento que exerce a função de complemento nominal seria objeto indireto – ledo engano! Não foi à toa que a opção correta era a letra (E).

26 – E

A regência do verbo PREFERIR rege a preposição A antes do objeto indireto (preferir algo A outra coisa). Além disso, não se deve empregar junto a esse verbo advérbios como “mais”, “muito”, pois este verbo já carrega o sentido de “gostar mais de uma coisa do que de outra”. Provavelmente, a proximidade com o verbo GOSTAR tenha levado a essa “contaminação” do verbo PREFERIR, mas cada macaco no seu galho, não é?...rs... Por isso, o erro está na opção E - o correto seria “O público feminino preferia a punição da vilã à vingança da heroína.”. O aspecto relativo à crase em “à vingança” fica para a próxima aula.

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Português para concursos – Profª Claudia Kozlowski – AULA 6 - 38 -

27 – B

Mais uma vez, a banca dá a indicação de que ADORA a regência do verbo PREFERIR – tome cuidado na hora da prova, hem? Da mesma forma, considerou incorreta a transitividade indireta do verbo IMPLICAR (OPÇÃO C).

Tome cuidado com a opção E – o verbo VISAR só se apresenta transitivo indireto no sentido de “ter por objetivo”, e não no de “dar visto”, como na questão.

28 – A

O verbo IMPLICAR, segundo a norma padrão, é transitivo direto (implicar algo). Todavia, como vimos em aula, já é aceita modernamente a regência com preposição EM, sob o argumento de ser uma inovação sintática. Esta questão, ainda que antiga, nos mostra que esta banca da FUNRIO é tradicionalista, considerando tal sintaxe “um erro”. As demais opções apresentam casos de regência vistos durante a aula. Na dúvida, volte ao ponto em que tratamos dos verbos PREFERIR, ASSISTIR, VISAR e PERDOAR (este item E uma verdadeira lição).

Em relação ao Acordo Ortográfico, cabe lembrar que o trema em “tranqüilo” foi abolido.

29 - ITEM CERTO

É comum a banca explorar a identificação dos termos regentes. Como o verbo ASSISTIR, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto, regendo a preposição “a”, e o termo regido vem representado pelo pronome relativo “que” (que retoma o substantivo “chacina”), esta preposição deve anteceder o pronome:

“O país parece assistir de braços cruzados A uma chacina” => “...a verdadeira chacina na malha rodoviária a que o país parece assistir de braços cruzados”

30 – B

O verbo CHEGAR rege a preposição “a” (alguém chega a algum lugar). Por isso, em vez de “onde” (que indica o uso da preposição “em”, como “Onde você mora?”), deveria ter sido usada a forma “aonde”: “O leitor já viu AONDE quero chegar.”.

Analisando as opções, vemos que:

a) este item apresenta o mesmo problema, já que possui o mesmo termo regente do enunciado: o verbo CHEGAR. O correto seria “Já observou o leitor AONDE quero chegar.”.

b) este, sim, está correto e é o gabarito da questão.

c) Agora, o verbo CHEGAR está na primeira oração do período, o que não muda em nada a exigência da preposição “a”: “Quero chegar AONDE o leitor já viu.”.

d) Agora, o examinador simplesmente trocou o “onde” (usado indevidamente nas outras opções) por “em que”, incorrendo no mesmo problema de regência, já que o verbo exige a preposição “a” e não “em”.

e) O pronome relativo “cujo” não se presta a essa construção (mas isso é assunto para futura aula). Além disso, o examinador insiste na preposição “em”, que, como já vimos à exaustão, não seria adequada.