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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 7: REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS Comentarei, hoje, exercícios sobre repartição de competências, assunto presente em praticamente todas as provas de concursos. Vimos em aula passada que o Estado brasileiro é do tipo federado ou composto, porque integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos termos da Constituição Federal (CF, art. 18). Pois bem, repartição de competências tem tudo a ver com Estado federado! Pode-se até dizer que repartição de competência é o núcleo, é a essência de um Estado federado! Por que? Porque a autonomia dos entes federados está assegurada, precisamente, nas competências que lhes são outorgadas pela Constituição. Onde está a autonomia do município? Nas competências que lhe são enumeradas pela Constituição. Onde está a autonomia do Distrito Federal? Nas competências que lhe são atribuídas pela Constituição. Onde está a autonomia do Estado? Nas competências que lhe são reservadas pela Constituição. Então, temos que estudar a aula de hoje pensando da seguinte maneira: em 1988 o poder constituinte originário tinha numa das mãos todas as competências do Estado brasileiro, e na outra mão os quatro entes federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios – devendo dividir tais competências entre esses entes. Como foi feita essa divisão de competências? Que princípios nortearam essa divisão? Quais competências foram outorgadas à União? Quais matérias foram atribuídas aos municípios? Partindo dessa idéia – estudar repartição de competências é compreender a formação de um Estado federado -, passemos ao exame dos exercícios. 1) (ESAF/AFT/2003) A repartição de competências é o ponto nuclear da noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio geral de repartição de competência a predominância do interesse. Item CERTO. Excelente esse enunciado da Esaf, para a formação de uma visão geral da partilha constitucional de competência. Na primeira parte, o enunciado afirma que repartição de competências é o ponto nuclear de Estado Federado. De fato, conforme a minha breve introdução acima, repartição de competências é a essência do Estado Federado, pois esse tipo de Estado está alicerçado na autonomia dos entes federados que o integram, e essa autonomia é assegurada, precisamente, na repartição de competências. No Brasil, conforme dito antes, a autonomia da União, dos estados, dos municípios e do Distrito

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AULA 7: REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS Comentarei, hoje, exercícios sobre repartição de competências, assunto presente em praticamente todas as provas de concursos.

Vimos em aula passada que o Estado brasileiro é do tipo federado ou composto, porque integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos termos da Constituição Federal (CF, art. 18).

Pois bem, repartição de competências tem tudo a ver com Estado federado! Pode-se até dizer que repartição de competência é o núcleo, é a essência de um Estado federado! Por que? Porque a autonomia dos entes federados está assegurada, precisamente, nas competências que lhes são outorgadas pela Constituição. Onde está a autonomia do município? Nas competências que lhe são enumeradas pela Constituição. Onde está a autonomia do Distrito Federal? Nas competências que lhe são atribuídas pela Constituição. Onde está a autonomia do Estado? Nas competências que lhe são reservadas pela Constituição.

Então, temos que estudar a aula de hoje pensando da seguinte maneira: em 1988 o poder constituinte originário tinha numa das mãos todas as competências do Estado brasileiro, e na outra mão os quatro entes federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios – devendo dividir tais competências entre esses entes. Como foi feita essa divisão de competências? Que princípios nortearam essa divisão? Quais competências foram outorgadas à União? Quais matérias foram atribuídas aos municípios?

Partindo dessa idéia – estudar repartição de competências é compreender a formação de um Estado federado -, passemos ao exame dos exercícios.

1) (ESAF/AFT/2003) A repartição de competências é o ponto nuclear da noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio geral de repartição de competência a predominância do interesse.

Item CERTO.

Excelente esse enunciado da Esaf, para a formação de uma visão geral da partilha constitucional de competência.

Na primeira parte, o enunciado afirma que repartição de competências é o ponto nuclear de Estado Federado. De fato, conforme a minha breve introdução acima, repartição de competências é a essência do Estado Federado, pois esse tipo de Estado está alicerçado na autonomia dos entes federados que o integram, e essa autonomia é assegurada, precisamente, na repartição de competências. No Brasil, conforme dito antes, a autonomia da União, dos estados, dos municípios e do Distrito

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Federal é assegurada nas competências que lhes são outorgadas pela Constituição. Ao outorgar competência ao município para o tratamento de determinada matéria, a Constituição está assegurando, em relação a essa matéria, a autonomia desse ente federado – e assim por diante.

A parte final do enunciado afirma que a Constituição Federal adotou como princípio geral para a repartição de competências o princípio da predominância do interesse, o que também está certo.

Vamos entender bem esse princípio. Vimos que em 1988 o poder constituinte tinha em uma das mãos todas as competências do Estado brasileiro, e na outra os quatro entes federativos para, entre eles, repartir tais competências. Que critério adotar? Como decidir quais matérias seriam atribuídas à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios? Decidiu-se, então, pela adoção do critério da predominância do interesse, isto é, a competência deveria ser atribuída ao ente federativo de acordo com o interesse nela predominante.

Assim, as matérias de interesse predominantemente local foram atribuídas ao município, pois este é o ente federado local; as matérias de interesse predominantemente regional foram reservadas ao Estado, pois este é o ente federado regional; e as matérias de interesse predominantemente nacional foram outorgadas à União, pois este é o ente federado nacional.

Ao Distrito Federal, em razão da vedação à sua divisão em municípios (CF, art. 32), foram atribuídas as competências de interesse predominantemente local (municipais) e regional (estaduais).

Um bom exemplo para a compreensão da aplicação do princípio da predominância do interesse é o serviço de transporte terrestre de passageiros, em que temos o seguinte:

a) se o transporte é dentro do município (intramunicipal), há uma predominância do interesse local e, portanto, a competência para a exploração é do município;

b) se o transporte é entre diferentes municípios que integram um mesmo Estado (intermunicipal, mas dentro do mesmo Estado), há uma predominância do interesse regional e, portanto, a competência para a exploração é do Estado;

c) se o transporte é entre diferentes estados ou entre o Brasil e outros países (interestadual ou internacional), há uma predominância do interesse nacional e, portanto, a competência para a exploração é da União.

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A predominância do interesse foi, portanto, o princípio adotado como regra para a repartição de competências pela Constituição Federal de 1988.

Porém, essa regra não é absoluta. Há casos excepcionais que fogem desse critério, como, por exemplo, a competência para a exploração do gás canalizado que, embora seja assunto de interesse predominantemente local (de interesse da comunidade local), foi outorgada aos estados, e não aos municípios (CF, art. 25, § 2º).

Uma dica de concursando. Na hora da prova, esse princípio da predominância do interesse poderá ser muito útil para a resolução de questões “decorebas” que exijam o conhecimento sobre a competência para a exploração de determinada matéria. Se você não souber a quem compete a matéria, tente pensar no seguinte: qual o interesse que predomina nessa matéria, será que o interesse local, o interesse regional ou o interesse nacional? Na maioria das vezes esse princípio ajuda! Dê uma olhada agora nos incisos do art. 21 (competência exclusiva da União) e do art. 30 (competência dos municípios) da Constituição. Você perceberá que praticamente nenhum deles precisará ser decorado para a prova, é só pensar na predominância do interesse (a maioria dos incisos do art. 21 traz matérias em que o interesse nacional salta aos olhos – logo, de competência da União; os incisos do art. 30 trazem matérias nas quais o interesse local é óbvio – logo, de competência dos municípios!).

2) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) A competência legislativa dos estados-membros está enumerada taxativamente na Constituição, sendo inconstitucional, por invasão de competência, a lei estadual que dispuser sobre o assunto não especificado como próprio da atividade legiferante de Assembléia Legislativa.

Item ERRADO.

Vimos que em 1988 o poder constituinte originário tinha nas mãos todas as competências do Estado brasileiro para dividir entre quatro diferentes entes federados – União, estados, Distrito Federal e municípios. Como o poder constituinte originário fez essa divisão? Será que ele enumerou expressamente as competências de todos os entes?

A Constituição optou pela seguinte técnica:

a) enumerou expressamente as competências da União – competência enumerada expressa (art. 21 e 22);

b) enumerou expressamente as competências dos municípios – competência enumerada expressa (art. 30);

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c) outorgou ao Distrito Federal as competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º);

d) não enumerou expressamente as competências dos estados-membros, reservando a esses as competências que não lhes são vedadas na Constituição – competência remanescente ou residual (art. 25, § 1º);

e) criou uma competência administrativa comum, outorgando-a a todos os entes federados – competência administrativa comum (art. 23);

f) criou uma competência legislativa concorrente entre a União, os estados e o Distrito Federal – competência legislativa concorrente (art. 24).

O enunciado está errado porque a Constituição não enumerou taxativamente as competências dos estados-membros, reservando a esses a competência remanescente (art. 25, § 1º).

Cabem, nesse ponto, algumas considerações importantes.

A primeira consideração diz respeito às competências do Distrito Federal. A Constituição outorgou ao Distrito Federal as competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º). Porém, não é correto dizer que todas as competências dos estados foram repassadas ao Distrito Federal. Há exceções a essa regra. As exceções estão estabelecidas no art. 21, XIII e XIV, segundo o qual compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. No âmbito dos estados essas matérias são de competência do próprio Estado, mas no Distrito Federal competem à União.

A segunda consideração diz respeito à competência remanescente dos estados-membros. É verdade que, como regra, a Constituição não enumerou a competência dos estados, reservando a esses as competências que não lhes são vedadas em seu texto (art. 25, § 1º). Porém, não é correto afirmar que os estados não possuem nenhuma competência enumerada na Constituição. Há exceções a essa regra. Assim, a Constituição enumerou aos estados, dentre outras, a competência para exploração do gás canalizado (art. 25, § 2º), para a criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (art. 25, § 3º), para a modificação dos limites territoriais dos municípios (art. 18, § 4º), bem assim para organizar sua própria Justiça (art. 125).

A terceira consideração também diz respeito à competência remanescente dos estados-membros. Embora no quadro geral de repartição de competências caiba aos estados a chamada competência residual ou remanescente, isso não é verdade em se tratando de

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matéria tributária. Em matéria tributária, quem dispõe de competência residual é a União, para a instituição de novos impostos (art. 154, I) e de novas contribuições de seguridade social (art. 195, § 4º).

Muitos detalhes, muitas informações para memorizar, mas, a culpa não é minha! E pode acreditar, são esses detalhes que farão a diferença na prova, veremos a seguir, em outras questões, como eles são cobrados!

3) (CESPE/TJMT/2005) Na organização político-administrativa da federação brasileira, tem-se que a competência da União e dos municípios é expressa, ao passo que a competência dos estados é remanescente ou residual.

Item CERTO.

Enunciado em plena consonância com os meus comentários acima, no sentido de que a Constituição optou por enumerar expressamente a competência da União e dos municípios e reservar aos estados a chamada competência remanescente ou residual (art. 25, § 1º).

4) (CESPE/PROCURADOR/TCPE/2004) No que tange à repartição das competências legislativas dos integrantes da Federação brasileira, a Constituição Federal, em linhas gerais, valeu-se da combinação da técnica das competências enumeradas privativas com a das competências concorrentes, sendo que todas as competências legislativas residuais foram atribuídas aos estados-membros.

Item ERRADO.

A parte inicial do enunciado está perfeita, pois, de fato, a Constituição combina competências legislativas enumeradas (competência legislativa privativa da União, por exemplo – art. 22) com competências legislativas concorrentes (competência legislativa concorrente – art. 24).

Porém, a parte final está errada, porque não é certo afirmar que todas as competências legislativas residuais foram atribuídas aos estados-membros. De fato, em matéria tributária, como afirmei antes, a competência residual não pertence aos estados, mas sim à União, seja para instituir novos impostos não discriminados (art. 154, I), seja para instituir novas fontes para manutenção e expansão da seguridade social (art. 194, § 4º).

Viu só, os exercícios começaram a cobrar os detalhes acima estudados!

5) (CESPE/AFPS/98) Como corolário do princípio federativo, acolhido pela Constituição Federal brasileira, os estados têm autonomia para organizar-se e reger-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da Constituição Federal, sendo-lhes reservadas as competências que lhes são atribuídas por ela, mediante um rol

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taxativamente enumerado, a exemplo do que ocorre com a União e os municípios.

Item ERRADO.

Novamente, a parte inicial do enunciado está certa, porque os estados dispõem de competência para se auto-organizar, por meio da Constituição e das leis que adotarem (CF, art. 25).

Porém, a parte final está errada porque afirma que as competências estaduais integram um rol taxativamente enumerado e, como vimos, as competências dos estados não são taxativamente enumeradas no texto da Constituição, mas sim integram a chamada competência residual ou remanescente (art. 25, § 1º).

6) (ESAF/AFRE/MG/2005) Sobre a competência para legislar sobre Direito Tributário, assinale a opção correta.

a) Somente a União pode legislar a respeito.

b) O Estado pode legislar a respeito, mas estará sujeito às regras gerais que a União expedir sobre a matéria em lei federal.

c) Nessa matéria, o Estado goza de competência legislativa exclusiva.

d) Tanto o Estado como a União podem legislar livremente a respeito, mas, em caso de conflito entre as disposições normativas, prevalecerá invariavelmente a legislação federal.

e) A competência para legislar, no caso, é concorrente, sendo que somente a União pode legislar sobre normas gerais, estando vedada a legislação suplementar por parte do Estado.

Gabarito: “B”

A competência para legislar sobre Direito Tributário é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal (art. 24, I).

Vamos recordar como funciona essa “concorrência legislativa” entre a União, os Estados e o Distrito Federal.

Na legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, § 1º).

Significa dizer que caberá à União, apenas, fixar as diretrizes, as regras gerais sobre as respectivas matérias, no tocante aos demais entes federados.

A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados (art. 24, § 2º).

O fato de a União estabelecer as normas gerais não impede que os estados suplementem a legislação federal, expedindo normas específicas, desde que, evidentemente, não haja desrespeito por parte

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dos estados a essas normas gerais expedidas pela União. Vale dizer: os estados poderão suplementar as normas gerais expedidas pela União, desde que não as contrariem.

Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, § 3º).

Significa dizer que a omissão da União quanto à expedição das normas gerais não impede a atuação dos estados. A atuação dos estados não depende da edição prévia de lei federal sobre normas gerais. Ao contrário: diante da inexistência de lei federal de normas gerais poderão os estados legislar plenamente sobre a respectiva matéria. Vale dizer: a omissão da União quanto à expedição de normas gerais implica competência legislativa plena para os estados editarem suas próprias leis sobre a matéria, para o atendimento de suas peculiaridades.

A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, § 4º).

A relevância desse dispositivo é deixar claro que o fato de a União ser inicialmente omissa quanto à expedição da sua lei de normas gerais, dando azo à legislação plena dos Estados, não impede que ela (União) ulteriormente saia da inércia e edite tal lei de normas gerais. E que, nesse caso, essa lei federal de normas gerais superveniente prevalecerá sobre a lei estadual, suspendendo a eficácia desta, no que lhe for contrário. Entenderam?

Vamos lá.

Momento 1: a União é omissa.

Momento 2: os estados, no uso da competência plena, adquirida em face da omissão da União, editam suas próprias leis sobre a matéria.

Momento 3: a União resolve sair da sua inércia e edita, supervenientemente, a lei federal de normas gerais.

Momento 4: se houver conflito entre a lei federal superveniente e as leis estaduais editadas anteriormente (enquanto a União estava omissa!), prevalecerá a lei federal, que suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Momento 5 (este momento não está expressamente previsto na Constituição, é decorrência do sistema): se a União revogar a sua lei federal de normas gerais, as leis estaduais que estavam com a sua eficácia suspensa voltarão automaticamente a produzir eficácia, salvo se já tiverem sido revogadas por outras leis estaduais.

Agora, vamos aos famigerados detalhes!

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O primeiro detalhe diz respeito à atuação da União. Embora na legislação concorrente a regra seja a expedição de normas gerais pela União, é possível que a União expeça também normas específicas, desde que em relação aos seus próprios órgãos e entidades. Como assim?

Quando a Constituição diz “a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais”, entenda-se: “limitar-se-á a estabelecer normas gerais em relação aos Estados e o Distrito Federal”. Ou seja: essa limitação não impede que a União edite normas específicas no seu âmbito, em relação aos órgãos e entidades federais. Entenderam?

Então vamos para o exemplo, que a coisa fica mais fácil. Vamos pegar como exemplo o inciso IX do art. 24, que determina que compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre educação. Então, no tocante à prestação do serviço de educação pelos estados e Distrito Federal, a União só poderá estabelecer normas gerais (caberá aos estados e ao Distrito Federal fixar as normas específicas, nos respectivos âmbitos). Entretanto, no tocante ao serviço de educação prestado por instituições federais (da União), competirá à União estabelecer não só as normas gerais como também as normas específicas (afinal, se a União não estabelecer essas normas específicas em relação aos seus próprios órgãos e entidades, quem o fará? Não faz o menor sentido pensar que os estados e o DF editarão normas específicas para órgãos e entidades federais!).

O segundo detalhe diz respeito à atuação dos estados-membros. Em regra, cabe aos estados a edição de normas específicas suplementares às normas gerais editadas pela União, em perfeita sintonia com essas últimas. Entretanto, os estados podem também editar normas gerais, diante da omissão da União, quando adquirem competência legislativa plena, para o atendimento de suas peculiaridades. Quando a Constituição diz “competência legislativa plena” está permitindo que os estados legislem plenamente sobre a matéria, editando, no seu âmbito, tanto as normas gerais (inexistentes, devido à omissão da União) quanto as normas específicas necessárias para o atendimento de suas peculiaridades.

O terceiro detalhe é a conclusão extraída dos dois detalhes anteriores. Na legislação concorrente, a regra é a União editar normas gerais e os estados editarem normas específicas suplementares. Porém, a União poderá também editar normas específicas (em relação aos seus próprios órgãos e entidades) e os estados poderão editar normas gerais (diante da inexistência de lei federal de normas gerais, em face da omissão da União).

O quarto detalhe diz respeito à solução de conflito entre a lei estadual (editada diante da omissão da União) e a lei federal superveniente de

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normas gerais. Esse conflito, diz a Constituição, será resolvido em favor da lei federal superveniente, que suspenderá a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário (a suspensão de eficácia não incide sobre toda a lei estadual, mas somente sobre os seus dispositivos que contrariarem a lei federal).

Cuidado! Não se trata de revogação (retirada da norma estadual do mundo jurídico), mas sim de mera suspensão de eficácia (a norma estadual permanecerá no ordenamento, mas sem produzir efeitos). Com isso, se amanhã a lei federal de normas gerais for revogada, a lei estadual voltará a produzir automaticamente eficácia, salvo se tiver sido revogada por outra lei estadual.

Bem, depois dessa breve (não tão breve!) revisão, passemos ao exame das assertivas da questão da Esaf.

As assertivas “A” e “C” estão erradas porque a competência legislativa concorrente alcança a União, os estados e o Distrito Federal (CF, art. 24, I).

A assertiva “B” está certa, pois, de fato, o Estado pode legislar sobre Direito Tributário, mas deve obediência às regras gerais que a União expedir sobre a matéria em lei federal.

A assertiva “D” está errada porque nem a União nem os estados podem legislar livremente sobre Direito Tributário, haja vista que a União só pode estabelecer normas gerais e os estados, ao legislarem, devem observar as regras gerais fixadas pela União.

A assertiva “E” está errada porque a competência da União para expedir normas gerais não impede a atuação suplementar dos estados (CF, art. 24, § 2º).

7) (ESAF/AFC/CGU/2003) Na competência legislativa concorrente, em face de omissão legislativa da União, prevê a CF/88 a competência legislativa plena de Estados e Distrito Federal.

Item CERTO.

Como vimos, cuida-se de disposição literal da Constituição Federal, segundo a qual a inexistência de lei federal de normas gerais expedida pela União outorga aos estados a competência legislativa plena, para o atendimento de suas peculiaridades (art. 24, § 3º)

8) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Em tema de competência legislativa concorrente, cabe à União estabelecer normas gerais e aos Estados-membros, normas específicas – estas últimas somente poderão ser promulgadas após editadas aquelas regras pela União.

Item ERRADO.

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Na legislação concorrente a atuação dos estados não depende da publicação das normas gerais pela União. Ao contrário, diante da inexistência de normas gerais expedidas pela União os estados podem exercer a chamada “competência legislativa plena”, expedindo leis estaduais fixando o tratamento que entenderem conveniente à respectiva matéria (CF, art. 24, § 3º).

9) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Somente quando autorizado por lei complementar federal pode o Estado-membro legislar sobre questões específicas de matérias incluídas na competência privativa da União.

Item CERTO.

A Constituição permite que a União autorize os estados a legislar sobre questões específicas de matérias que integram a competência privativa da União, desde que por meio de lei complementar (art. 22, parágrafo único).

Vamos aos detalhes importantes sobre essa possibilidade de delegação da competência legislativa privativa da União aos estados.

Primeiro, a possibilidade de delegação é somente para legislar sobre “questões específicas” no âmbito das respectivas matérias enumeradas no art. 22 da Constituição. Não pode a União delegar competência para os estados legislarem sobre “direito do trabalho”, mas somente sobre “questões específicas no âmbito do Direito do Trabalho”.

Segundo, essa delegação só poderá ser efetivada por lei complementar do Congresso Nacional, que é aprovada por maioria absoluta (CF, art. 69). Lei ordinária do Congresso Nacional não pode efetivar a delegação.

Terceiro que, embora a Constituição não seja expressa, essa possibilidade de delegação alcança também o Distrito Federal. Quando a Constituição diz “autorizar os estados”, entenda-se “autorizar os estados e o Distrito Federal”, pois cabem ao Distrito Federal as competências outorgadas aos estados (CF, art. 32, § 1º).

Quarto, que a delegação, se houver, deverá alcançar todos os estados e o Distrito Federal, sob pena de ofensa ao art. 19, III, da Constituição, que veda o estabelecimento de preferências entre si.

10) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) O Município tem competência legislativa para dispor sobre todo assunto que apresente interesse local.

Item ERRADO.

Embora a competência para dispor sobre assuntos de interesse local pertença em regra aos municípios (CF, art. 30, I), não podemos afirmar que todo o assunto de interesse local seja de competência municipal. Há

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assunto de interesse tipicamente local cuja competência foi outorgada aos estados-membros, como, por exemplo, a exploração de gás canalizado (CF, art. 25, § 2º).

11) (ESAF/MPOG/APO/2000) No âmbito da competência concorrente dos Estados e da União, limita-se a competência dos Estados a suprir as omissões da legislação federal.

Item ERRADO.

Na legislação concorrente os estados podem atuar de duas maneiras distintas: suplementando a lei federal de normas gerais existente ou, na ausência desta, legislando plenamente sobre a matéria.

Por isso, alguns constitucionalistas (Alexandre de Moraes, por exemplo) dividem a atuação suplementar dos estados em duas: “complementar” e “supletiva”.

A atuação suplementar do estado é “complementar” quando ele edita normas específicas em complementação à lei federal de normas gerais expedida pela União (art. 24, § 2º).

A atuação suplementar do estado é “supletiva” quando ele legisla plenamente sobre a matéria, diante da inexistência de lei federal de normas gerais (art. 24, § 3º).

12) (ESAF/MPOG/APO/2000) Os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias enumeradas no âmbito da competência legislativa privativa da União, desde que autorizados a tanto por lei complementar.

Item CERTO.

Assunto já exaustivamente comentado anteriormente: a União pode autorizar os estados e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas das matérias que integram a competência legislativa privativa da União, desde que por meio de lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único).

13) (ESAF/AFC/2000) Constitui competência comum da União e dos Estados-membros manter relações com Estados estrangeiros.

Item ERRADO.

Manter relações com Estados estrangeiros é competência exclusiva da União (CF, art. 21, I).

Na verdade, essa competência é exclusiva da União e não pode ser delegada aos demais entes federados, porque a característica da competência exclusiva do art. 21 é a indelegabilidade.

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14) (ESAF/AFC/2000) A Constituição Federal reserva aos Estados as competências que ela própria não lhes vedar.

Item CERTO.

Como vimos, a Constituição reserva aos estados as competências que não lhes são vedadas no seu texto – a chamada competência remanescente ou residual (art. 25, § 1º).

15) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A Constituição Federal adotou sistema de repartição horizontal de competências, não acolhendo o sistema de repartição vertical.

Item ERRADO.

Repartição horizontal e vertical de competências são duas técnicas para se efetivar a repartição de competências entre os entes federados de um Estado federal.

A repartição é horizontal quando as competências são outorgadas aos diferentes entes sem a existência de ingerência, de subordinação na atuação do ente federado sobre a respectiva matéria.

A repartição é vertical quando as competências são outorgadas aos diferentes entes, mas é estabelecida uma relação de subordinação na atuação desses entes sobre a respectiva matéria.

A Constituição Federal de 1988 adotou os dois modelos de repartição, com predominância para a repartição horizontal (artigos 21, 22, 23, 30).

O exemplo de repartição vertical que temos é a competência legislativa concorrente da União, dos estados e do Distrito Federal (art. 24).

16) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O Município pode legislar sobre horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais e bancários no seu território.

Item ERRADO.

O Município dispõe de competência para dispor sobre assuntos de interesse local (CF, art. 30, I) e, como tal, pode legislar sobre o horário de funcionamento do comércio local (drogaria e farmácia, shopping center etc.).

Porém, o Município não pode legislar sobre o horário de funcionamento das instituições bancárias do seu território, pois essa competência pertence privativamente à União. O STF entende que no caso de horário de funcionamento de agências bancárias há uma predominância do interesse nacional, por envolver o sistema financeiro nacional.

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17) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O Município não tem competência para legislar sobre horário de funcionamento de farmácias e drogarias.

Item ERRADO.

A fixação de horário de funcionamento de farmácias e drogarias constitui assunto de interesse local, de competência do Município (CF, art. 30, I).

18) (ESAF/AFC/STN/2000) O Congresso Nacional pode autorizar os Estados-membros, por meio de lei complementar, a legislar sobre questões específicas de matérias incluídas no âmbito da competência legislativa privativa da União.

Item CERTO.

Como visto antes, O Congresso Nacional pode autorizar os estados e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas de matérias incluídas na competência legislativa privativa da União, desde que por lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único).

Vocês já devem ter percebido que os pontos mais cobrados em concursos sobre repartição de competências são essa possibilidade de delegação (art. 22, parágrafo único) e as regras de funcionamento da legislação concorrente (art. 24, §§ 1º ao 4º).

19) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Sobre a repartição de competências no Estado federal brasileiro, assinale a opção correta.

a) Quanto ao aspecto tributário, a competência legislativa dos Estados-membros é apenas residual.

b) No âmbito da competência legislativa concorrente, sempre que houver conflito entre legislação federal e legislação estadual, aquela deve prevalecer, em face da sua superioridade hierárquica.

c) É inconstitucional a lei estadual que, no âmbito da competência legislativa concorrente, dispõe sobre normas gerais que a União não editou.

d) A título de suplementação da legislação federal, o Município tem competência para legislar sobre horário de funcionamento das agências bancárias no seu território.

e) A União pode autorizar que os Estados-membros legislem sobre questões específicas, compreendidas no âmbito da sua competência legislativa privativa.

Gabarito: “E”

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A assertiva “A” está errada porque afirma que os estados teriam competência legislativa residual em matéria tributária. Como vimos, em matéria tributária quem dispõe de competência residual é a União, para instituir novos impostos não discriminados na Constituição (art. 154, I) e novas fontes de manutenção e expansão da seguridade social (art. 195, § 4º).

A assertiva “B” está errada porque afirma que na legislação concorrente a lei federal sempre prevalecerá sobre a legislação estadual, em face de sua superioridade hierárquica, o que, conforme pode ser visto nos comentários abaixo, não é correto.

Na legislação concorrente, a lei federal prevalecerá sobre a estadual quando aquela for lei de normas gerais, haja vista que os estados, ao editarem suas leis específicas, devem obediência à lei federal de normas gerais. A própria Constituição estabelece expressamente essa primazia da lei federal de normas gerais sobre a legislação estadual, ao dispor que a lei federal de normas gerais superveniente suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, § 4º).

Mas, não é sempre que na legislação concorrente haverá prevalência da lei federal sobre a estadual, como afirma a assertiva. Por exemplo: no caso de conflito entre uma lei federal e uma lei estadual que tratem de normas específicas, prevalecerá a norma estadual, pois na legislação concorrente a União não dispõe de competência para fixar normas específicas no âmbito dos estados.

Ademais, a assertiva afirma que as leis federais são superiores hierarquicamente às leis estaduais, o que é um equívoco, haja vista que não há hierarquia entre normas oriundas de entes federados distintos (o assunto “hierarquia das leis” será objeto de estudo detalhado na próxima aula deste curso on-line).

A assertiva “C” está errada porque afirma, genericamente, que é inconstitucional uma lei estadual editada no âmbito da legislação concorrente dispondo sobre normas gerais que a União não editou. Ora, estudamos que na legislação concorrente, diante da inexistência da lei federal de normas gerais, os estados adquirem competência legislativa plena parra legislar integralmente sobre a matéria, fixando tanto normas gerais quanto normas específicas. Portanto, uma lei estadual que estabeleça normas gerais não fixadas pela União é constitucional, válida, por força do art. 24, § 3º, da Constituição.

A assertiva “D” está errada porque a competência para legislar sobre horário de funcionamento de agências bancárias é privativa da União – e não dos municípios.

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A assertiva “E” está certa: a União pode autorizar os estados e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas das matérias que integram a sua competência legislativa privativa, desde que por lei complementar (art. 22, parágrafo único).

De novo essa possibilidade de delegação! Esse é um dos dispositivos constitucionais – ao lado dos artigos 5º, 18, 60 e 62 - mais cobrados em prova! Não vacile!

20) (ESAF/TCE/RN/2000) Assinale a opção correta.

a) Segundo a estrutura do Estado federal brasileiro, cabem aos Estados-membros apenas as competências expressamente previstas na Constituição e à União, tanto as que lhe foram expressamente atribuídas, como todas as demais que não lhe foram explicitamente vedadas pela Constituição (competências residuais).

b) Os Estados-membros podem legislar sobre questões específicas de matérias da competência da União, se autorizados a tanto por lei complementar federal.

c) No âmbito da competência legislativa concorrente da União e dos Estados-membros, cabe a estes últimos tão-somente suprir as lacunas das leis que a União houver editado.

d) Compete exclusivamente à legislação estadual dispor sobre matéria relacionada com a criação, fusão e desmembramento de Municípios.

e) No direito constitucional atual, os Municípios não dispõem de competência para se auto-organizarem.

Gabarito: “B”

A assertiva “A” está errada porque, como vimos, na Constituição Federal de 1988 as competências da União (art. 21 e 22) e dos municípios (art. 30) é que são enumeradas. A competência dos estados é do tipo não-enumerada, remanescente ou residual (art. 25, § 1º).

A assertiva “B” está certa – e traz, mais uma vez, a possibilidade de delegação da União aos estados e ao Distrito Federal da competência para legislar sobre questões específicas das matérias incluídas na competência legislativa privativa da União, desde que por lei complementar (art. 22, parágrafo único).

A assertiva “C” está errada porque na legislação concorrente, além de suprir as lacunas deixadas pela União (art. 24, § 3º), cabe aos estados suplementar a lei federal de normas gerais, quando existente, editando leis estaduais específicas, para o atendimento de suas peculiaridades (art. 24, § 2º).

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A assertiva “D” está errada porque, nos dias atuais, a criação, fusão e desmembramento de Municípios dependem da edição de duas leis federais, pelo Congresso Nacional (CF, art. 18, § 4º):

a) uma lei complementar federal que fixará o prazo dentro do qual poderão ocorrer essas medidas;

b) uma lei federal ordinária que fixará a forma de apresentação e publicação dos Estudos de Viabilidade Municipal.

Quando forem publicadas essas leis federais, aí sim, haverá os outros três passos necessários: (1º) apresentação e publicação dos Estudos de Viabilidade Municipal, na forma estabelecida por essa lei ordinária federal citada acima; (2º) consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos; (3º) lei ordinária estadual formalizando a modificação territorial.

Anote aí: essa questão de reorganização territorial dos municípios (art. 18, § 4º) será cobrada no próximo concurso público de nível superior da Esaf que você fizer, seja ele qual for!

A assertiva “E” está errada porque os municípios gozam de autonomia política, que contempla a competência para auto-organização, de acordo com a lei orgânica e demais leis municipais que adotarem (CF, art. 29).

21) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Nos casos de matéria da competência legislativa concorrente entre Estados-membros e União é correto afirmar que:

a) havendo conflito entre a legislação estadual e a federal, deve prevalecer aquela, no âmbito do Estado-membro, dado o princípio da competência residual dos Estados.

b) os Estados somente podem legislar para suprir as omissões da legislação federal.

c) a falta de normas gerais editadas pela União dá margem a que cada Estado exerça competência legislativa plena sobre a matéria, para atender a suas peculiaridades.

d) não havendo legislação estadual sobre a matéria, cabe à União suprir a omissão, tanto em aspectos de normas gerais como de normas específicas.

e) configura hipótese de competência legislativa concorrente o caso da delegação, pelos Estados-membros, da sua competência legislativa privativa para a União, com reserva de iguais poderes.

Gabarito: “C”

A assertiva “A” está errada porque afirma que na legislação concorrente, se houver conflito entre a legislação estadual e a federal, deverá

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prevalecer a primeira, o que nem sempre é verdade. Poderá até ocorrer caso em que prevaleça a legislação estadual, se houver conflito entre uma lei estadual e uma lei federal dispondo sobre questões específicas, haja vista que a União não tem competência para estabelecer esse tipo de norma no âmbito do Estado, mas somente normas gerais (CF, art. 24, § 1º). Porém, se o Estado edita uma lei estadual, no uso da competência plena adquirida em face da omissão da União (CF, art. 24, § 3º), e supervenientemente a União edita sua lei federal de normas gerais, esta prevalecerá sobre aquela, suspendendo-lhe a eficácia, no que lhe for contrário (CF, art. 24, § 4º). Essas regras, entretanto, não têm nada, mas absolutamente nada a ver com a competência residual dos estados, prevista no art. 25, § 1º, da Constituição.

A assertiva “B” está errada porque na legislação concorrente os estados atuam, também, suplementando a lei de normas gerais expedida pela União, complementando-a (CF, art. 24, § 2º).

A assertiva “C” está certa, haja vista que a inexistência de lei federal de normas gerais implica competência legislativa plena para os estados, para dispor integralmente sobre a matéria, para o atendimento de suas peculiaridades (CF, art. 24, § 3º).

A assertiva “D” está errada porque na legislação concorrente não cabe à União estabelecer normas específicas em relação aos estados e ao Distrito Federal, mas tão-somente normas gerais.

A assertiva “E” está errada porque a hipótese de autorização da União para os estados e o Distrito Federal legislar sobre questões específicas das matérias da competência privativa da União (art. 22, parágrafo único) não tem nada a ver com a legislação concorrente, prevista no art. 24 da Constituição.

22) (ESAF/AFRF/2000) Com relação à repartição de competências entre as entidades federadas no Brasil, é correto afirmar:

a) A União não pode autorizar que os Estados-membros legislem sobre questões relacionadas com as matérias inseridas no rol das competências legislativas privativas da União.

b) Compete a cada Estado-membro editar a lei orgânica dos Municípios situados no seu âmbito territorial.

c) No âmbito da competência legislativa concorrente, cabe aos Estados-membros e também aos Municípios suplementar a legislação federal, no que couber.

d) No âmbito da competência legislativa concorrente, sempre que houver conflito entre uma lei federal e uma lei estadual, aquela deverá

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prevalecer, pois as leis federais são hierarquicamente superiores às leis estaduais.

e) As competências legislativas dos Estados-membros estão todas enumeradas de modo taxativo no texto constitucional.

Gabarito: “C”

A assertiva “A” está errada porque, ao contrário do que diz o enunciado, a União pode autorizar os Estados-membros a legislar sobre questões específicas das matérias inseridas no rol da competência legislativa privativa da União, desde que por lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único).

A assertiva “B” está errada porque compete ao próprio Município editar a sua lei orgânica (CF, art. 29).

A assertiva “C” foi considerada certa pela Esaf. Eu não gosto dessa questão, pelas razões apresentadas nos parágrafos seguintes.

Sabe-se que os municípios não integram a competência legislativa concorrente, como não deixa dúvida a redação do art. 24 da Constituição (art. 24: “Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre”). Significa dizer que os municípios não concorrem com a União e os estados no tocante a legislar sobre as matérias enumeradas nos incisos do art. 24 da Constituição. Os municípios concorreriam se existisse uma regra que dissesse o seguinte: “se a União e os estados forem omissos, os municípios exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades”. Mas, como se sabe, não existe essa regra!

Então, de onde a Esaf tirou essa assertiva?

Do art. 30, II, da Constituição, segundo o qual cabe aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual, no que couber.

Portanto, de fato, os municípios também podem suplementar uma lei federal ou uma lei estadual resultante da legislação concorrente, por força da autorização do art. 30, II, da Constituição.

Por que, então, eu não gosto do enunciado da Esaf?

Porque a parte inicial do enunciado (“no âmbito da competência legislativa concorrente”) leva a pensar que o município estaria atuando concorrentemente, e não é isso o que acontece. O município está atuando no âmbito de sua competência suplementar, prevista no art. 30, II, da Constituição.

Mas, repito, o gabarito definitivo da Esaf considerou a assertiva “C” certa.

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De qualquer forma, em uma próxima prova, o que você precisará saber mesmo é o seguinte: os municípios não integram a competência legislativa concorrente, vale dizer, os municípios não concorrem com a União e os estados no tratamento das matérias enumeradas nos incisos do art. 24 da Constituição; porém, os municípios podem suplementar uma lei federal ou uma lei estadual editada no uso da competência legislativa concorrente.

A assertiva “D” está errada porque afirma que na legislação concorrente a legislação federal sempre prevalecerá sobre a estadual, o que, como vimos anteriormente, não é verdade. Se a lei federal e a lei estadual versam sobre questões específicas, em caso de conflito prevalecerá a lei estadual, porque a União não dispõe de competência para estabelecer normas específicas no âmbito do Estado. A hipótese em que a lei federal prevalecerá é a prevista no art. 24, § 4º, em que a lei federal superveniente suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Ademais, nessa assertiva “D” está errada também a afirmação de que as leis federais são hierarquicamente superiores às leis estaduais. Não existe hierarquia entre leis federais e leis estaduais. São elas editadas por entes federados distintos e, então, o conflito entre elas resolve-se de acordo com a competência para o tratamento da matéria, e não pelo critério hierárquico (esse assunto será detalhadamente examinado na próxima aula, sobre hierarquia das leis).

A assertiva “E” está errada porque a Constituição não enumerou todas as competências dos estados-membros, reservando a esses a chamada competência remanescente ou residual (art. 25, § 1º).

23) (ESAF/PFN/2004) Quanto às competências legislativas concorrentes da União e dos Estados-membros, a lei federal sempre prepondera sobre a estadual.

Item ERRADO.

Conforme vimos, não se pode afirmar que na legislação concorrente a lei federal sempre preponderará sobre a lei estadual. Ora, se houver conflito entre uma lei estadual e uma lei federal dispondo sobre questões específicas, prevalecerá a lei estadual, haja vista que a União não tem competência para estabelecer esse tipo de norma no âmbito do Estado, mas somente normas gerais (CF, art. 24, § 1º).

A hipótese em que a lei federal prevalecerá é a prevista no art. 24, § 4º, em que a lei federal superveniente de normas gerais suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

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24) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros são livres para suplementar a legislação federal editada no exercício da competência exclusiva da União.

Item ERRADO.

A competência exclusiva da União está prevista no art. 21 da Constituição. Trata-se de competência administrativa e de natureza indelegável, vale dizer, não há possibilidade de sua delegação aos estados, Distrito Federal e municípios. É fácil perceber a indelegabilidade, senão vejamos. Por exemplo: é da competência exclusiva da União manter relações com Estados estrangeiros (art. 21, I) e emitir moeda (art. 21, VII). Ora, difícil imaginar a União delegando competência para o Estado da Bahia emitir moeda (já imaginou, o ACM na cédula!) ou para o Município de Fortaleza celebrar um tratado internacional com os EUA!

Nessas matérias de competência exclusiva da União não há espaço para atuação legislativa suplementar dos estados-membros (a atuação legislativa suplementar dos estados é assegurada na competência legislativa concorrente, nos termos do art. 24, § 2º, da Constituição).

25) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros e, nunca a União, dispõem de competências legislativas residuais.

Item ERRADO.

Em regra, a competência remanescente ou residual pertence aos estados-membros (art. 25, § 1º), haja vista que a competência da União é do tipo enumerada expressa (arts. 21 e 22).

Porém, em matéria tributária é a União que dispõe de competência residual, para instituir novos impostos não-discriminados (art. 154, I) e novas fontes de manutenção e expansão da seguridade social (art. 195, § 4º).

26) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros, por meio de leis complementares estaduais, podem dispor sobre questões específicas de matérias da competência privativa da União, independentemente de autorização federal para tanto.

Item ERRADO.

Os estados-membros só podem dispor sobre questões específicas de matérias da competência privativa da União ser forem autorizados por lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional (art. 22, parágrafo único).

27) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Nas matérias da competência privativa da União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios não podem legislar para suprir a falta de lei federal.

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Item CERTO.

Ótima essa questão, foi a campeã de erro nessa prova do MPU! Lembro até hoje de vários alunos me procurando na época e dizendo que ela seria anulada! E eu dizendo: NÃO VAI NÃO, MAS NÃO VAI MESMO!

A competência legislativa privativa da União está prevista no art. 22 da Constituição.

Nessas matérias, de fato, os estados e os municípios não podem suprir a omissão da União. Vale dizer, se a União não legislar sobre as matérias enumeradas nos incisos do art. 22 os estados, o Distrito Federal e os municípios não poderão legislar sobre elas livremente.

Vamos examinar um exemplo. Diz a Constituição que compete privativamente à União legislar sobre direito penal (art. 22, I). Pergunto: se a União não tipificar determinada conduta como crime, os estados e os municípios poderão fazê-lo? Poderão os municípios, no seu âmbito, tipificar condutas como crime? É evidente que não, pois compete privativamente à União legislar sobre direito penal.

Você sabe por que os concursandos erram tanto essa questão em concurso? Você sabe qual é a tendência de concursando em concurso? Eu sei. A mania é aplicar as regras de funcionamento da legislação concorrente a todas as outras espécies de competência, o que é um erro grave! Ora, os estados e o Distrito Federal podem legislar plenamente diante da omissão da União no âmbito da competência legislativa concorrente, prevista no art. 24 da Constituição! Essa regra não vale para as demais competências!

Para que não haja mais confusão, vamos examinar, competência a competência, o que os entes federados poderão fazer diante da omissão da União:

a) competência exclusiva da União (art. 21) – não há espaço para atuação dos demais entes federados no trato dessas matérias, nem por delegação; portanto, se a União for omissa, os demais entes não têm o que fazer;

b) competência privativa da União (art. 22) – se a União for omissa, os demais entes não são livres para legislar sobre essas matérias (lembre-se do exemplo do direito penal, dado acima); porém, há a possibilidade de a União autorizar os estados e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas no âmbito dessas matérias, desde que por lei complementar; essa possibilidade de delegação não alcança os municípios;

c) competência comum (art. 23) – trata-se de atuação paralela, em que todos os entes federados atuam em condições de igualdade; portanto, a

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omissão de um ente federado não impede a atuação de outro, tampouco a atuação de um ente federado proíbe a atuação de outro; logo, se a União for omissa, os demais entes poderão atuar administrativamente sobre as matérias do art. 23 da Constituição, pois, como dito, todos os entes atuam em pé de igualdade;

d) competência legislativa concorrente (art. 24) – trata-se de repartição vertical de competências, em que a União, os estados e o Distrito Federal concorrem entre si quanto a legislar sobre as respectivas matérias; logo, se a União for omissa, os estados e o Distrito Federal exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades; vale lembrar, ainda, que, se houver lei federal ou estadual, essa legislação poderá ser suplementada pelos municípios, no que couber (art. 30, II).

Então, por favor, não leve essa regra da legislação concorrente para as demais espécies de competências disciplinadas na Constituição!

28) (ESAF/AFC/STN/2005) A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer que compete à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV), combina a técnica de enumeração de poderes da União com a técnica de estabelecimentos de setores concorrentes, o que assegura uma competência legislativa suplementar para os Estados.

Item CERTO.

Essa foi só para quem sabia muito de repartição de competências! Quem sabia pouco, viajou!

Sabe-se que a competência legislativa privativa da União está expressamente enumerada no art. 22 da Constituição, e que a competência legislativa concorrente está prevista no art. 24 da Constituição.

Sabe-se, também, que no âmbito da legislação concorrente os estados dispõem de competência suplementar: (a) para fixar normas específicas quando existente a lei federal de normas gerais (legislação complementar); ou (b) para o exercício da competência legislativa plena, quando inexistente a lei federal de normas gerais (legislação supletiva).

Pois bem, ao estabelecer no art. 22, XXIV, da Constituição que compete à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, o legislador constituinte enumerou expressamente a competência da União e, ao mesmo tempo, reservou aos estados uma competência legislativa suplementar, haja vista que nessa matéria caberá à União, tão-somente, legislar sobre “diretrizes e bases”, ficando as normas específicas para a atuação suplementar dos estados.

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29) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) A guarda da Constituição Federal é matéria da competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Item CERTO.

Zelar pela guarda da Constituição é matéria da competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios (art. 23, I).

Lembrando: a competência administrativa comum alcança todos os entes federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios – e todos eles atuam em pé de igualdade, vale dizer, não há preponderância da atuação de um sobre os demais; logo, a atuação de um não impede a atuação de outro; por isso se diz que a competência administrativa comum é exemplo de atuação horizontal, paralela dos entes federados.

30) (ESAF/FISCAL/PA/2002) Assinale a opção em que consta matéria que se insere no âmbito da competência legislativa privativa da União:

a) direito tributário

b) desapropriação

c) organização das polícias civis

d) proteção do meio ambiente

e) orçamento

Gabarito: “B”

Dentre as assertivas, a única matéria que é da competência legislativa privativa da União é desapropriação (art. 22, II). As demais matérias são da competência legislativa concorrente, prevista no art. 24: direito tributário (inciso I), organização das polícias civis (inciso XVI), proteção ao meio ambiente (inciso VI) e orçamento (inciso II).

31) (CESPE/AFPS/97) Uma vez que a Constituição Federal define as competências exclusivas da União e dos municípios, é correto dizer que as competências não incluídas em nenhuma dessas duas órbitas dizem respeito somente aos estados, desde que tais competências não sejam concorrentes.

Item ERRADO.

Excelente essa questão, nos permite relembrar todo o quadro geral de repartição de competências na Constituição Federal de 1988.

Qual foi mesmo a técnica utilizada pela Constituição para repartir as competências entre os diferentes entes federados?

Bem, já vimos isso exaustivamente nesta aula, então, só vou recordar, brevemente (se houver dúvida, faça uma nova leitura do exercício nº 2 desta aula): a Constituição enumerou expressamente as competências

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da União e dos municípios, outorgou ao Distrito Federal as competências estaduais e municipais e reservou aos estados as competências que não lhes são vedadas no texto constitucional; além disso, criou uma competência administrativa comum da União, estados, Distrito Federal e municípios e uma competência legislativa concorrente entre a União, os estados e o Distrito Federal.

Ora, o enunciado está errado porque uma competência pode não ser exclusiva da União e dos municípios, pode não ser concorrente, mas pode ser de todos os entes federados, no âmbito da competência comum. Concorda? Muito simples: a matéria não é exclusiva da União, não é exclusiva dos municípios e não é concorrente. Por que? Porque é da competência comum de todos os entes federados, prevista no art. 23 da Constituição.

Você poderia pensar, ainda, da seguinte forma: a matéria não é da competência exclusiva da União, não é da competência exclusiva dos municípios, não é concorrente, mas não é correto afirmar que ela pertença somente aos estados. Por que não? Porque ao pertencer aos estados, em regra, ela pertencerá também ao Distrito Federal, pois cabem a esse ente federado as competências estaduais e municipais.

Vamos raciocinar, galera! O tempo de “decoreba” já passou! Quem só decora Direito Constitucional hoje, sem entender, morre na praia!

32) (CESPE/AGU/2004) A Constituição de 1988 arrola a proteção à infância como uma das matérias sobre as quais a União possui competência concorrente com os estados-membros e o Distrito Federal; desse modo, se não houvesse legislação federal acerca do tema, cada estado poderia regulá-lo por lei, em nível de normas gerais e de normas especiais.

Item CERTO.

Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre proteção à infância e à juventude (art. 24, XV).

Logo, cabe à União estabelecer normas gerais sobre essa matéria e aos estados e ao Distrito Federal suplementar a legislação federal de normas gerais (art. 24, §§ 1º e 2º).

Porém, inexistindo lei federal de normas gerais os estados e o Distrito Federal poderão exercer a competência legislativa plena, editando normas gerais e específicas no seu âmbito, para atender a suas peculiaridades (art. 24, § 3º).

33) (CESPE/AGU/2004) No âmbito da competência legislativa concorrente entre União e estados, revogada a norma geral federal que disciplinava a matéria de forma contrária ao disposto em lei estadual,

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esta recobra sua eficácia, caso não tenha sido revogada por outra lei estadual.

Item CERTO.

Questão de altíssimo nível, de emocionar!

Vamos revisar, mais uma vez, a atuação dos estados e do Distrito Federal diante da omissão da União em editar a lei federal de normas gerais, tudo nos termos do art. 24, §§ 3º e 4º, da Constituição:

Momento 1: a União é omissa, não edita a lei federal de normas gerais;

Momento 2: o Estado adquire competência legislativa plena e regula integralmente – normas gerais e normas específicas - a matéria;

Momento 3: a União sai da omissão e edita a lei federal de normas gerais, que suspende a eficácia dos dispositivos da lei estadual no que lhe for contrário;

Momento 4: a União revoga a sua lei federal de normas gerais, hipótese em que os dispositivos da lei estadual que estavam suspensos readquirem automaticamente eficácia, salvo se a lei estadual já tiver sido revogada por outra lei estadual.

34) (CESPE/AGU/2004) A constituição estadual, em face do princípio da simetria, pode definir os crimes de responsabilidade do governador do estado, ampliando as hipóteses previstas no texto da Constituição Federal, para fazer as adaptações necessárias no nível estadual.

Item ERRADO.

Estudamos em aula pretérita que compete privativamente à União definir crimes de responsabilidade e fixar as respectivas normas de processo e julgamento (STF, Súmula nº 722).

35) (CESPE/ANALISTA/TCU/2004) É facultado aos estados, com base em sua competência legislativa suplementar, elaborar lei estadual que discipline a exploração de serviços remunerados de transporte de passageiros por meio da utilização de motocicletas.

Item ERRADO.

Legislar sobre trânsito e transporte é matéria de competência privativa da União (art. 22, XI).

36) (CESPE/AUDITOR/TCU/2004) O estado do Tocantins editou lei determinando a redução para 60 dias do prazo máximo de contratos de experiência no âmbito trabalhista. Nessa situação, a referida lei estadual viola a Constituição da República.

Item CERTO.

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Compete privativamente à União legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I).

37) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros não estão impedidos de celebrar tratados internacionais, desde que com a interveniência expressa da União.

Item ERRADO.

Manter relações com Estados estrangeiros é competência exclusiva da União e, como tal, indelegável (CF, art. 21, I).

38) (CESPE/AFPS/97) A competência denominada literalmente de concorrente pela Constituição de 1988 cabe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

Item ERRADO.

Dispõe a Constituição que a competência legislativa concorrente cabe somente à União, aos estados e ao Distrito Federal (art. 24).

Significa dizer que os municípios não concorrem com a União e os estados quanto a legislar sobre as matérias enumeradas nos incisos do art. 24 da Constituição.

Os municípios poderão, apenas, suplementar a lei federal ou a estadual editada na legislação concorrente, no que couber (art. 30, II).

39) (CESPE/AFPS/97) No âmbito da competência legislativa concorrente, a superveniência de lei federal sobre normas gerais revoga a lei estadual, no que lhe for contrário.

Item ERRADO.

Determina a Constituição que a lei federal superveniente suspende a eficácia (e não revoga) da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, § 4º).

Lembre-se: na suspensão de eficácia a lei estadual permanece no ordenamento jurídico, apenas deixa de produzir efeitos; amanhã, se a lei federal superveniente for revogada, a eficácia da lei estadual é automaticamente restaurada.

Nossa, que chuva de repartição de competências! Olha só, se você errar alguma questão sobre esse assunto na próxima prova, eu ficarei sabendo – e irei acertar as contas com você, irei até a sua cidade te dar uma canelada, seja lá onde for! risos.

Um abraço,

Vicente Paulo

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LISTA DOS EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA

1) (ESAF/AFT/2003) A repartição de competências é o ponto nuclear da noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio geral de repartição de competência a predominância do interesse.

2) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) A competência legislativa dos estados-membros está enumerada taxativamente na Constituição, sendo inconstitucional, por invasão de competência, a lei estadual que dispuser sobre o assunto não especificado como próprio da atividade legiferante de Assembléia Legislativa.

3) (CESPE/TJMT/2005) Na organização político-administrativa da federação brasileira, tem-se que a competência da União e dos municípios é expressa, ao passo que a competência dos estados é remanescente ou residual.

4) (CESPE/PROCURADOR/TCPE/2004) No que tange à repartição das competências legislativas dos integrantes da Federação brasileira, a Constituição Federal, em linhas gerais, valeu-se da combinação da técnica das competências enumeradas privativas com a das competências concorrentes, sendo que todas as competências legislativas residuais foram atribuídas aos estados-membros.

5) (CESPE/AFPS/98) Como corolário do princípio federativo, acolhido pela Constituição Federal brasileira, os estados têm autonomia para organizar-se e reger-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da Constituição Federal, sendo-lhes reservadas as competências que lhes são atribuídas por ela, mediante um rol taxativamente enumerado, a exemplo do que ocorre com a União e os municípios.

6) (ESAF/AFRE/MG/2005) Sobre a competência para legislar sobre Direito Tributário, assinale a opção correta.

a) Somente a União pode legislar a respeito.

b) O Estado pode legislar a respeito, mas estará sujeito às regras gerais que a União expedir sobre a matéria em lei federal.

c) Nessa matéria, o Estado goza de competência legislativa exclusiva.

d) Tanto o Estado como a União podem legislar livremente a respeito, mas, em caso de conflito entre as disposições normativas, prevalecerá invariavelmente a legislação federal.

e) A competência para legislar, no caso, é concorrente, sendo que somente a União pode legislar sobre normas gerais, estando vedada a legislação suplementar por parte do Estado.

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7) (ESAF/AFC/CGU/2003) Na competência legislativa concorrente, em face de omissão legislativa da União, prevê a CF/88 a competência legislativa plena de Estados e Distrito Federal.

8) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Em tema de competência legislativa concorrente, cabe à União estabelecer normas gerais e aos Estados-membros, normas específicas – estas últimas somente poderão ser promulgadas após editadas aquelas regras pela União.

9) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Somente quando autorizado por lei complementar federal pode o Estado-membro legislar sobre questões específicas de matérias incluídas na competência privativa da União.

10) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) O Município tem competência legislativa para dispor sobre todo assunto que apresente interesse local.

11) (ESAF/MPOG/APO/2000) No âmbito da competência concorrente dos Estados e da União, limita-se a competência dos Estados a suprir as omissões da legislação federal.

12) (ESAF/MPOG/APO/2000) Os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias enumeradas no âmbito da competência legislativa privativa da União, desde que autorizados a tanto por lei complementar.

13) (ESAF/AFC/2000) Constitui competência comum da União e dos Estados-membros manter relações com Estados estrangeiros.

14) (ESAF/AFC/2000) A Constituição Federal reserva aos Estados as competências que ela própria não lhes vedar.

15) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A Constituição Federal adotou sistema de repartição horizontal de competências, não acolhendo o sistema de repartição vertical.

16) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O Município pode legislar sobre horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais e bancários no seu território.

17) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O Município não tem competência para legislar sobre horário de funcionamento de farmácias e drogarias.

18) (ESAF/AFC/STN/2000) O Congresso Nacional pode autorizar os Estados-membros, por meio de lei complementar, a legislar sobre questões específicas de matérias incluídas no âmbito da competência legislativa privativa da União.

19) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Sobre a repartição de competências no Estado federal brasileiro, assinale a opção correta.

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a) Quanto ao aspecto tributário, a competência legislativa dos Estados-membros é apenas residual.

b) No âmbito da competência legislativa concorrente, sempre que houver conflito entre legislação federal e legislação estadual, aquela deve prevalecer, em face da sua superioridade hierárquica.

c) É inconstitucional a lei estadual que, no âmbito da competência legislativa concorrente, dispõe sobre normas gerais que a União não editou.

d) A título de suplementação da legislação federal, o Município tem competência para legislar sobre horário de funcionamento das agências bancárias no seu território.

e) A União pode autorizar que os Estados-membros legislem sobre questões específicas, compreendidas no âmbito da sua competência legislativa privativa.

20) (ESAF/TCE/RN/2000) Assinale a opção correta.

a) Segundo a estrutura do Estado federal brasileiro, cabem aos Estados-membros apenas as competências expressamente previstas na Constituição e à União, tanto as que lhe foram expressamente atribuídas, como todas as demais que não lhe foram explicitamente vedadas pela Constituição (competências residuais).

b) Os Estados-membros podem legislar sobre questões específicas de matérias da competência da União, se autorizados a tanto por lei complementar federal.

c) No âmbito da competência legislativa concorrente da União e dos Estados-membros, cabe a estes últimos tão-somente suprir as lacunas das leis que a União houver editado.

d) Compete exclusivamente à legislação estadual dispor sobre matéria relacionada com a criação, fusão e desmembramento de Municípios.

e) No direito constitucional atual, os Municípios não dispõem de competência para se auto-organizarem.

21) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Nos casos de matéria da competência legislativa concorrente entre Estados-membros e União é correto afirmar que:

a) havendo conflito entre a legislação estadual e a federal, deve prevalecer aquela, no âmbito do Estado-membro, dado o princípio da competência residual dos Estados.

b) os Estados somente podem legislar para suprir as omissões da legislação federal.

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c) a falta de normas gerais editadas pela União dá margem a que cada Estado exerça competência legislativa plena sobre a matéria, para atender a suas peculiaridades.

d) não havendo legislação estadual sobre a matéria, cabe à União suprir a omissão, tanto em aspectos de normas gerais como de normas específicas.

e) configura hipótese de competência legislativa concorrente o caso da delegação, pelos Estados-membros, da sua competência legislativa privativa para a União, com reserva de iguais poderes.

22) (ESAF/AFRF/2000) Com relação à repartição de competências entre as entidades federadas no Brasil, é correto afirmar:

a) A União não pode autorizar que os Estados-membros legislem sobre questões relacionadas com as matérias inseridas no rol das competências legislativas privativas da União.

b) Compete a cada Estado-membro editar a lei orgânica dos Municípios situados no seu âmbito territorial.

c) No âmbito da competência legislativa concorrente, cabe aos Estados-membros e também aos Municípios suplementar a legislação federal, no que couber.

d) No âmbito da competência legislativa concorrente, sempre que houver conflito entre uma lei federal e uma lei estadual, aquela deverá prevalecer, pois as leis federais são hierarquicamente superiores às leis estaduais.

e) As competências legislativas dos Estados-membros estão todas enumeradas de modo taxativo no texto constitucional.

23) (ESAF/PFN/2004) Quanto às competências legislativas concorrentes da União e dos Estados-membros, a lei federal sempre prepondera sobre a estadual.

24) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros são livres para suplementar a legislação federal editada no exercício da competência exclusiva da União.

25) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros e, nunca a União, dispõem de competências legislativas residuais.

26) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros, por meio de leis complementares estaduais, podem dispor sobre questões específicas de matérias da competência privativa da União, independentemente de autorização federal para tanto.

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27) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Nas matérias da competência privativa da União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios não podem legislar para suprir a falta de lei federal.

28) (ESAF/AFC/STN/2005) A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer que compete à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV), combina a técnica de enumeração de poderes da União com a técnica de estabelecimentos de setores concorrentes, o que assegura uma competência legislativa suplementar para os Estados.

29) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) A guarda da Constituição Federal é matéria da competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

30) (ESAF/FISCAL/PA/2002) Assinale a opção em que consta matéria que se insere no âmbito da competência legislativa privativa da União:

a) direito tributário

b) desapropriação

c) organização das polícias civis

d) proteção do meio ambiente

e) orçamento

31) (CESPE/AFPS/97) Uma vez que a Constituição Federal define as competências exclusivas da União e dos municípios, é correto dizer que as competências não incluídas em nenhuma dessas duas órbitas dizem respeito somente aos estados, desde que tais competências não sejam concorrentes.

32) (CESPE/AGU/2004) A Constituição de 1988 arrola a proteção à infância como uma das matérias sobre as quais a União possui competência concorrente com os estados-membros e o Distrito Federal; desse modo, se não houvesse legislação federal acerca do tema, cada estado poderia regulá-lo por lei, em nível de normas gerais e de normas especiais.

33) (CESPE/AGU/2004) No âmbito da competência legislativa concorrente entre União e estados, revogada a norma geral federal que disciplinava a matéria de forma contrária ao disposto em lei estadual, esta recobra sua eficácia, caso não tenha sido revogada por outra lei estadual.

34) (CESPE/AGU/2004) A constituição estadual, em face do princípio da simetria, pode definir os crimes de responsabilidade do governador do estado, ampliando as hipóteses previstas no texto da Constituição Federal, para fazer as adaptações necessárias no nível estadual.

Page 32: AULA 7: REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS · noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio geral de repartição de competência a predominância do interesse. Item

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35) (CESPE/ANALISTA/TCU/2004) É facultado aos estados, com base em sua competência legislativa suplementar, elaborar lei estadual que discipline a exploração de serviços remunerados de transporte de passageiros por meio da utilização de motocicletas.

36) (CESPE/AUDITOR/TCU/2004) O estado do Tocantins editou lei determinando a redução para 60 dias do prazo máximo de contratos de experiência no âmbito trabalhista. Nessa situação, a referida lei estadual viola a Constituição da República.

37) (ESAF/PFN/2004) Os Estados-membros não estão impedidos de celebrar tratados internacionais, desde que com a interveniência expressa da União.

38) (CESPE/AFPS/97) A competência denominada literalmente de concorrente pela Constituição de 1988 cabe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

39) (CESPE/AFPS/97) No âmbito da competência legislativa concorrente, a superveniência de lei federal sobre normas gerais revoga a lei estadual, no que lhe for contrário.