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PORTUGUÊS - CURSO REGULAR TEÓRICO PROFESSORA: CLÁUDIA KOZLOWSKI Português para concursos – Profª Claudia Kozlowski – AULA 8 - 1 - AULA 8 - PRONOMES Pronome é o vocábulo que, ao pé da letra, “fica no lugar do nome” (chamado de pronome substantivo) ou o determina (pronome adjetivo). Para compreender melhor a função dos pronomes, precisamos saber o conceito de coesão textual, pois essas palavras, assim como os conectivos (conjunção e preposição – a serem estudados na próxima aula), são responsáveis por estabelecer nexo entre as ideias do texto. Coesão textual é a ligação entre os elementos da oração e delas em relação ao texto. A incoerência de um texto muitas vezes se deve à falta de coesão, exatamente porque a leitura fica prejudicada pelo emprego inadequado de pronomes, conjunções ou outros elementos textuais, inclusive a pontuação. Por exemplo, o uso inapropriado de “porquanto” ou de “a ele” pode levar o leitor a uma conclusão diversa da que se pretendia dar, ou até mesmo a nenhuma conclusão (alguns chamam de “ruptura semântica”). Os pronomes exercem um papel decisivo na construção de um texto coeso e coerente, a partir de indicações corretas aos seus elementos. Muitas questões de prova abordam esse conhecimento. Algumas vezes, a banca (especialmente, ESAF e CESPE) faz afirmações sobre as referências textuais e o candidato deve verificar se estão corretas essas indicações. Para isso, a compreensão correta do texto e o domínio do significado de seus elementos são decisivos. DEFINIÇÃO Pronomes são palavras que determinam um substantivo ou ocupam o seu lugar. Daí, a designação pronomes adjetivos ou pronomes substantivos, respectivamente. Servem para, no primeiro caso, acompanhar um substantivo, determinando-lhe a extensão (assim como o faz um adjetivo) e, no segundo, representar o próprio substantivo, ficando em seu lugar. Todo pronome tem uma função sintática, que pode ser própria do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto) ou do adjetivo (adjunto adnominal, predicativo do sujeito, predicativo do objeto). Este produto é importado. (pronome adjetivo / função de adjunto adnominal) Isto é importado. (pronome substantivo / função de sujeito) Os pronomes podem ser pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. PESSOAIS representam as três pessoas do discurso - a que fala (1ª pessoa), a com quem se fala (2ª pessoa) e a de quem se fala (3ª pessoa); dividem-se em retos e oblíquos. Regra geral, os retos exercem a função de sujeito ou de predicativo do sujeito, enquanto que os oblíquos funcionam como complementos (objetos diretos, indiretos ou adjuntos); os pronomes oblíquos devem obedecer a certas regras de colocação (sintaxe de colocação pronominal), a serem estudadas mais à frente.

Aula 8 - Pronomes

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AULA 8 - PRONOMES

Pronome é o vocábulo que, ao pé da letra, “fica no lugar do nome” (chamado de pronome substantivo) ou o determina (pronome adjetivo).

Para compreender melhor a função dos pronomes, precisamos saber o conceito de coesão textual, pois essas palavras, assim como os conectivos (conjunção e preposição – a serem estudados na próxima aula), são responsáveis por estabelecer nexo entre as ideias do texto.

Coesão textual é a ligação entre os elementos da oração e delas em relação ao texto. A incoerência de um texto muitas vezes se deve à falta de coesão, exatamente porque a leitura fica prejudicada pelo emprego inadequado de pronomes, conjunções ou outros elementos textuais, inclusive a pontuação. Por exemplo, o uso inapropriado de “porquanto” ou de “a ele” pode levar o leitor a uma conclusão diversa da que se pretendia dar, ou até mesmo a nenhuma conclusão (alguns chamam de “ruptura semântica”).

Os pronomes exercem um papel decisivo na construção de um texto coeso e coerente, a partir de indicações corretas aos seus elementos.

Muitas questões de prova abordam esse conhecimento. Algumas vezes, a banca (especialmente, ESAF e CESPE) faz afirmações sobre as referências textuais e o candidato deve verificar se estão corretas essas indicações. Para isso, a compreensão correta do texto e o domínio do significado de seus elementos são decisivos.

DEFINIÇÃO

Pronomes são palavras que determinam um substantivo ou ocupam o seu lugar. Daí, a designação pronomes adjetivos ou pronomes substantivos, respectivamente. Servem para, no primeiro caso, acompanhar um substantivo, determinando-lhe a extensão (assim como o faz um adjetivo) e, no segundo, representar o próprio substantivo, ficando em seu lugar.

Todo pronome tem uma função sintática, que pode ser própria do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto) ou do adjetivo (adjunto adnominal, predicativo do sujeito, predicativo do objeto).

Este produto é importado. (pronome adjetivo / função de adjunto adnominal)

Isto é importado. (pronome substantivo / função de sujeito)

Os pronomes podem ser pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos.

PESSOAIS � representam as três pessoas do discurso - a que fala (1ª pessoa), a com quem se fala (2ª pessoa) e a de quem se fala (3ª pessoa);

� dividem-se em retos e oblíquos. Regra geral, os retos exercem a função de sujeito ou de predicativo do sujeito, enquanto que os oblíquos funcionam como complementos (objetos diretos, indiretos ou adjuntos);

� os pronomes oblíquos devem obedecer a certas regras de colocação (sintaxe de colocação pronominal), a serem estudadas mais à frente.

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DE TRATAMENTO � categoria dos pronomes pessoais que designa a forma de tratamento a ser usada no trato com certas pessoas.

� a pessoa com quem se fala pode ser expressa também pelo pronome de tratamento, que leva tanto o verbo quanto os pronomes para a 3ª pessoa;

� os únicos pronomes de tratamento que admitem o uso do artigo acompanhando-os são: senhor, senhora, senhorita.

POSSESSIVOS � estabelecem relação de posse entre os elementos regente e regido;

� como já vimos em aula anterior, há casos em que um pronome pessoal oblíquo é usado com valor possessivo, ponto a ser estudado mais adiante.

DEMONSTRATIVOS � indicam a posição dos seres no espaço e no tempo (função dêitica dos pronomes demonstrativos) ou em referência aos elementos do texto (função anafórica ou catafórica);

� também podem substituir algum termo, expressão, oração ou ideia, evitando sua repetição, no papel de termos vicários (“Há muito tempo eu planejo sair de férias e vou fazê-lo no meio desse ano.” – fazê-lo = fazer isso = sair de férias, ou “Eu lhe jurei que seria fiel e vou sê-lo” – ser isso – ser fiel – o pronome permanece neutro, sem flexão de gênero ou número, assim como acontece com o “isso”).

INDEFINIDOS � têm sentido vago ou indeterminado.

INTERROGATIVOS � pertencem a uma subclasse dos pronomes indefinidos. Muito importante é compreender a distinção entre eles e os pronomes relativos, já que a grafia é a mesma em alguns casos (como, quando, quem etc): os pronomes indefinidos são usados nas interrogações, diretas ou indiretas, enquanto que os pronomes relativos apresentam referência a termos antecedentes – veja mais detalhadamente a seguir.

RELATIVOS � referem-se a um termo anterior chamado antecedente ou referente (substantivo ou pronome substantivo);

� sempre dão início a orações subordinadas adjetivas.

1 - PESSOAIS

1.1 - CLASSIFICAÇÃO

Designam as três pessoas do discurso. Classificam-se em RETOS e OBLÍQUOS.

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RETOS: funcionam como sujeito ou predicativo do sujeito. Por isso, Rocha Lima os denomina pronomes subjetivos (no papel de sujeito).

Tu não és eu.

O fato de ele reconhecer o erro não importa.

OBLÍQUOS: funcionam como complemento, motivo pelo qual Rocha Lima os chamou de pronomes objetivos.

Vi-o na rua

Deu-lhe um bom presente

Quero comprá-las

Fi-los entrar

Nesse último exemplo (Fi-los entrar.) vemos um caso excepcional em que o pronome oblíquo exerce a função sintática de sujeito (do verbo entrar), assunto que será apresentado mais adiante (caso 1.3).

QUADRO RESUMO DOS PRONOMES PESSOAIS

PESSOA CASO RETO

CASO OBLÍQUO

ÁTONO TÔNICO

(sempre com preposição)

SINGULAR

1ª EU ME MIM, COMIGO

2ª TU TE TI, CONTIGO

3ª ELE/ELA SE, O, A, LHE SI, ELE*, ELA*

PLURAL 1ª NÓS NOS NÓS*, CONOSCO

2ª VÓS VOS VÓS*, CONVOSCO

3ª ELES/ELAS SE, OS, AS,

LHES SI, ELES*, ELAS*

OBSERVAÇÕES:

1:(*) Quando oblíquos, são sempre preposicionados: “Nem ele entende a nós, nem nós a ele.”. A preposição está na frase por força do uso do pronome, sendo o caso de objeto direto preposicionado. Na linguagem coloquial informal, costumam ser usados acompanhados de numerais (Encontrei elas duas.) ou pronome indefinido (Trouxe todas elas.), construção não abonada pela linguagem culta formal (Encontrei-as, as duas. / Trouxe-as todas.).

Os oblíquos “nós/vós” podem ser usados acompanhados da preposição com e elementos reforçativos, como as palavras “MESMOS” ou “PRÓPRIOS”.

Ex.: Só podemos contar com nós mesmos.

2: Os pronomes me, te, se, nos, vos podem exercer as funções de objeto direto ou indireto, de acordo com a transitividade do verbo. Uma boa técnica de saber se o pronome está na função de complemento direto ou indireto é trocar o pronome por um NOME, ou seja, por um substantivo:

“Ele não me obedece.” – trocamos o “me” por “o pai”: “Ele não obedece ao pai”.

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Como o complemento verbal foi antecedido de preposição, o pronome “me” exerce a função de objeto indireto.

Não adiantaria nada trocar o “me” por “a mim”, pois, como vimos acima, esse pronome oblíquo sempre será preposicionado.

3: Os pronomes oblíquos podem ser, ainda, reflexivos e recíprocos. Os primeiros, quando o objeto direto ou indireto representa a mesma pessoa ou coisa que o sujeito do verbo; os recíprocos exprimem reciprocidade da oração.

Vamos ver como isso já foi objeto de prova?

1 - (FCC / TRE PI / 2002) Afinal, os papéis não haviam ficado ......, mas sim ...... .

(A) contigo - com nós mesmos

(B) contigo - conosco mesmos

(C) com ti - conosco mesmo

(D) com tu - conosco mesmos

(E) com tu - com nós mesmos

Na função de complemento, não se deve usar pronomes retos, como sugerem as opções d e e (“com tu”).

A preposição com já faz parte da forma “contigo”, que deve preencher a primeira lacuna.

Em seguida, o preposição com antecede o “nós”. Como esse pronome oblíquo está acompanhado de um pronome demonstrativo mesmos, está correta a forma da opção A – contigo / com nós mesmos.

1.2 - RELAÇÃO ENTRE PREPOSIÇÃO E PRONOME

As preposições de e em contraem-se com o pronome oblíquo de 3ª pessoa ele(s) e ela(s):

A pasta é dele, e nela está o meu livro.

Normalmente, após preposição usa-se o pronome oblíquo.

Entre mim e ti existe um abismo profundo.

Entretanto, se após a preposição, especialmente a preposição para, o pronome estiver como sujeito do verbo no infinitivo, permanece sendo pronome reto e, segundo a norma culta, não poderá se contrair, embora na linguagem coloquial já se admita a contração. Observe os exemplos.

1) Apesar de ela não saber nada, passou no concurso.

(quem não sabia nada? Resposta: “ela” – sujeito ��� pronome reto)

2) Isto não é trabalho para eu fazer.

(quem não vai fazer o trabalho? Resposta: “eu” - sujeito ��� pronome reto)

3) Isto não é trabalho para mim.

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(O trabalho é para quem? Resposta: “para mim” = complemento nominal ��� pronome oblíquo)

4) O milagre de ele existir tinha-se dado naquele momento.

(quem existe? Resposta: “ele” - sujeito ��� pronome reto)

5) Pouco depois de ela sair, fomos embora.

(quem saiu? Resposta: “ela” – sujeito ��� pronome reto)

Faça agora um teste:

Para mim comparecer a essa reunião foi um prazer.

Até o corretor ortográfico do Word cai nessa pegadinha. Ele sugere a troca do “mim” pelo “eu”. Será que isso estaria correto? Vejamos.

Primeira pergunta: o que foi um prazer?

Resposta: “comparecer a essa reunião”.

Então, na ordem direta (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO), teríamos:

“Comparecer a essa reunião foi um prazer”. Ótimo!

Isso (comparecer a essa reunião) foi um prazer para quem?

Resposta: “para mim”. Então, complementando a estrutura acima, teríamos:

“Comparecer a essa reunião foi um prazer para mim.”

O que levou o Word (e muitos alunos) a imaginar um erro (que não existe) foi o deslocamento do complemento nominal para o início do período, causando, assim, a aproximação do “mim” (que atua como complemento nominal de “prazer”) com o verbo “comparecer” (que faz parte do sujeito oracional).

Nessa, até o Bill Gates caiu!!! Sorte dele não precisar fazer um concurso público aqui no Brasil....rs....

Veja, agora, como já caiu em prova.

2 - (FUNDEC / TJ MG / 2002)

Tendo em conta o emprego das formas pronominais "eu" e "mim", assinale a alternativa INCORRETA.

a) Toda a conversa entre eles e eu se deu a portas fechadas.

b) Seria muito penoso para mim comparecer ao julgamento.

c) Quando me aproximei, notei que falavam sobre você e mim.

d) Não há diferença entre eu lhes dar a notícia ou qualquer outra pessoa. O gabarito foi letra a. A conversa rolou entre eles e MIM. Após uma preposição (entre), o pronome a ser usado é o oblíquo: MIM. Só se usa pronome reto após preposição quando este pronome exerce a função de sujeito da forma verbal no infinitivo, como na construção da letra d: quem vai dar a notícia? Resposta: “eu ou qualquer outra pessoa”. Como o pronome é o sujeito do verbo dar, está correto o emprego do pronome reto (eu). A opção b apresenta estrutura idêntica à do exemplo que apresentamos. Muitas vezes, quando o “mim” fica perto de um verbo no infinitivo, muita gente tem cólicas e sai por aí berrando: “mim fazer” quem diz é índio!!! Em parte, tem razão.

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Mas só em parte, pois é preciso analisar a estrutura para verificar se este “mim” é mesmo o sujeito do verbo no infinitivo, antes de sair por aí condenando a estrutura. Na ordem direta, a construção seria: “Comparecer ao julgamento seria muito penoso para mim.”. O pronome, nesse caso, é complemento nominal ao adjetivo “penoso” (É penoso para quem? Para mim.) e não sujeito de comparecer, que está sendo usado em sentido genérico (verbo impessoal). Note que o verbo continuaria inflexível qualquer que fosse o pronome: Comparecer ao julgamento seria penoso para nós. Isso porque este verbo é impessoal (não tem sujeito) e está sendo usado em sentido amplo (O ato de comparecer). Está perfeita a construção da letra c. Após a preposição “sobre”, foi empregado corretamente o oblíquo “mim” e o pronome de tratamento “você”.

1.3 - PRONOME OBLÍQUO ÁTONO SUJEITO DE UM INFINITIVO

CASO 1 - Mandei que ele saísse.

CASO 2 - Mandei-o sair.

Nos dois casos, o sujeito do verbo mandar é o mesmo e está indicado pela desinência verbal: (eu) mandei.

No entanto, apresentam complementos diferentes. Verificamos que o objeto direto do verbo mandar (Eu mandei o quê?) é expresso:

- no CASO 1: pela oração que ele saísse.

- no CASO 2: pelo pronome seguido de infinitivo o sair.

Agora, vamos analisar as orações que exercem a função de complemento do verbo mandar.

CASO 1: oração desenvolvida (iniciada pela conjunção “que”) = que ele saísse. Quem vai sair? Resposta: ele. Então, o sujeito de “saísse” é o pronome pessoal reto “ele”.

CASO 2: o sair = Quem vai sair? Resposta: o. Esse pronome oblíquo, que representa algum substantivo (menino, rapaz, aluno etc.), é o sujeito do verbo “sair”.

Esse é o caso especial de que tratamos logo no início da nossa aula. Geralmente, a função de sujeito é exercida por um pronome pessoal reto, enquanto que cabe aos pronomes oblíquos a função de complemento verbal.

Pois essa é a única exceção: VERBOS CAUSATIVOS (mandar, deixar, fazer) ou SENSITIVOS (ver, sentir, ouvir) acompanhados de complemento representado por um pronome oblíquo na função de sujeito e um verbo no infinitivo.

Para treinar, vamos analisar a construção desta belíssima canção:

“Deixe-me ir, preciso andar

Vou por aí a procurar

Rir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer

Ver as águas do rio correr

Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer, quero viver.”

(Preciso me encontrar, de Candeia)

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Quem é o sujeito de “ir”, na primeira estrofe? O pronome oblíquo “me”.

Nas passagens “Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar”, vimos que, em relação à concordância do verbo correr/cantar, no infinitivo, quando se apresenta um sujeito nominal (substantivo), não há consenso entre os gramáticos. Uns indicam a flexão verbal obrigatória (Ver as águas dos rios correrem/ Ouvir os pássaros cantarem); outros proíbem a flexão (Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar); há também os que facultam indistintamente essa flexão (Ver as águas dos rios correr/correrem, Ouvir os pássaros cantar / cantarem).

Contudo, se no lugar dos nomes estiverem os pronomes oblíquos correspondentes, são unânimes em afirmar que obrigatoriamente o verbo no infinitivo permaneceria sem flexão: “Vê-las correr / Ouvi-los cantar”.

Na dúvida, releia o item 10.d da Aula 5 – Concordância – parte 2.

É muito comum, na linguagem coloquial, usar o pronome reto no lugar do oblíquo: Mandaram eu sair. Vi ela sair.

O curioso é que tal incorreção não se repete quando se constrói uma oração negativa: Não me mandaram sair. Não a vi sair.

Para fixar esse conceito, a partir de agora, procure usar a construção correta: Ouvi-o dizer (e não “Ouvi ele dizer”) e afins.

Para terminar o ponto, vejamos como a ESAF abordou o tema.

3 - (FISCAL MS / 2001) Marque a palavra, a seqüência ou o sinal de pontuação sublinhado, que foi mal empregado.

Vivemos um período de adversidade,(A) mas contamos com o apoio de uma política econômica adequada para contorná-lo(B). Prova disso é a atuação do Banco Central no câmbio, que mantêm(C) também os juros sob(D) controle. No passado, víamos os juros subirem(E) de 15% a 45% de uma só vez.

(Fernando Xavier adaptado)

a) A

b) B

c) C

d) D

e) E

O gabarito foi a letra C.

ACORDO ORTOGRÁFICO : O trema foi abolido. Assim, registra-se agora “sequência”.

Na verdade, a questão versava sobre concordância.

O sujeito do verbo manter (pronome relativo que) tem como referente o substantivo atuação, devendo ficar no singular. Afinal, é a atuação do Banco Central que mantém os juros sob controle.

Mas, mesmo que a sua interpretação seja de que o pronome relativo se refere a “Banco Central” (“O Banco Central mantém os juros sob controle.”), o verbo continuaria no singular.

Na aula sobre concordância, alertamos bastante para as construções com verbos derivados de pôr, ter e vir. Suas formas plurais não apresentam nenhuma distinção

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fonética em relação às formas singulares (mantém/mantêm, convém/convêm), o que poderia enganar o ouvido do candidato. O mesmo pode ocorrer com outros verbos (compor, propor, contrapor, supor, pressupor).

Observe, agora, o item (E) – “No passado, víamos os juros subirem(E)”.

Em estruturas como:

VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO

o verbo no infinito NÃO PODE SE FLEXIONAR, por apresentar como sujeito um pronome (Vi-os sair / Não os deixe fazer isso.).

Nessa questão, o verbo sensitivo (ver) vem acompanhado de um substantivo (juros) que é o sujeito de um infinitivo (subirem).

Oração reduzida do infinitivo – “Víamos os juros subirem.”

Nessas construções, quando o sujeito do infinitivo vem sob a forma de um substantivo (e não um pronome), há divergência doutrinária. Contudo, a banca da ESAF considerou CORRETA a flexão verbal. Como não há consenso, a ESAF tratou de definir o gabarito em outra opção, de modo que, passando ao largo da discussão, não restasse dúvida acerca da resposta correta (apresentou um erro crasso de concordância na opção C).

Resumindo:

VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO ��� INFINITIVO SEM FLEXÃO

VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + SUBSTANTIVO + INFINITIVO ��� O VERBO PODE OU NÃO FLEXIONAR-SE (depende do autor, há divergência doutrinária) = busque nas demais opções a resposta.

1.4 – ALTERAÇÃO GRÁFICA DOS VERBOS EM FUNÇÃO DA COLOCAÇÃO DOS PRONOMES

Quando os pronomes átonos o, a, os, as se associam a uma forma verbal, pode haver alterações gráficas nessa última:

- verbos terminados em r, s, z – caem essas consoantes e os pronomes são grafados sob as formas lo, la, los, las.

Mandaram prender + o = Mandaram prendê-lo

- verbos terminados em terminação nasal (ão, õe, am, em) – os pronomes assumem as formas no, na, nos, nas.

Sempre que meus pais têm roupas velhas, dão-nas as pobres.

1.5 - PRONOME OBLÍQUO COM VALOR POSSESSIVO

Já falamos sobre isso nos comentários à questão 4 da aula 6 - Sintaxe de Regência.

O pronome oblíquo pode ser usado com sentido possessivo, exercendo a função sintática de ADJUNTO ADNOMINAL (Bechara chama de “objeto indireto de posse”1). 1 Cf. EVANILDO BECHARA, Lições de Português pela Análise Sintática, 16ª edição, p.78.

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Roubou-lhe a voz, então não pôde mais reclamar. (= Roubou sua voz)

1.6 - COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES DOS PRONOMES ÁTONOS

Vamos ver agora construções raríssimas na linguagem moderna.

Quando numa mesma oração ocorrem dois pronomes átonos, um na função de objeto direto e outro, objeto indireto, estes pronomes podem combinar-se, observadas as seguintes regras:

� o pronome se associa-se aos me, te, nos, vos, lhe(s), e NUNCA aos o(s), a(s).

� antepostos, conservam-se separados e, pospostos, ligam-se por hífen.

1) Eu quero paz. Dê-ma

� ma = me (a mim) + a (a paz) = Dê a paz (= a) a mim (= me)

2) Apesar de não receber cartas minhas, envio-lhas sempre.

� lhas = lhe (a ela) + as (as cartas) = Envio as cartas a ela = Envio-lhas.

3) Justiça se lhe faça.

� se (pronome apassivador = Justiça seja feita / Justiça se faça) + lhe (a ele/ela) = Justiça seja feita a ela.

1.7 - COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Adoro essa parte da matéria! É o momento em que posso ajudá-lo(a) a nunca mais errar uma questão sobre colocação pronominal. Basta que você estude bem o que será apresentado a seguir.

Para começar, precisamos conhecer a terminologia que será usada.

Ênclise ��� o pronome aparece após o verbo.

Próclise ��� o pronome surge antes do verbo.

Mesóclise ��� o pronome é colocado no meio do verbo.

Agora, a fim de facilitar a sua vida, resumimos a três todas as regras de colocação pronominal: PRÓCLISE OBRIGATÓRIA / CASOS DE PROIBIÇÃO / EMPREGO FACULTATIVO.

REGRA GERAL: ÊNCLISE

Segundo a norma culta, a regra é ênclise, ou seja, o pronome após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise (antes do verbo) é mais frequente, por apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise em situações excepcionais.

a) CASOS DE PRÓCLISE OBRIGATÓRIA:

� Desde que não haja pausa (normalmente marcada na escrita pela vírgula), as PALAVRAS INVARIÁVEIS atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos as que não se flexionam (olhe o quadro da aula 2!!!): os

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advérbios; as conjunções; alguns pronomes, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos quanto/como/ninguém, os pronomes demonstrativos isso/aquilo/isto.

Ele não se encontrou com a namorada. (advérbio de negação)

Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz. (conjunção)

Havendo pausa, não ocorre a atração.

Aqui se aprende a estudar.(sem pausa, advérbio atrai)

Aqui, aprende-se a estudar. (com pausa, recai na regra geral)

� ORAÇÕES EXCLAMATIVAS ou que expressam desejo, chamadas de OPTATIVAS – próclise obrigatória.

“Vou te matar!”

“Que Deus o abençoe!”

“Macacos me mordam!”

� ORAÇÕES SUBORDINADAS

“... e é por isso que nele se acentua o pensador político”

(oração subordinada adverbial causal)

Há pessoas que nos querem bem.

(oração subordinada adjetiva restritiva)

Não se preocupe com esses “nomes e sobrenomes” das orações. Tudo isso será objeto de aula específica (Períodos).

b) CASOS DE PROIBIÇÃO:

� Iniciar período com pronome - a forma correta é: Dá-me um copo d’água (e não “Me dá”), Permita-me fazer uma observação (e não “Me permita”);

� Pronome átono após verbo (ênclise) no particípio, no futuro do presente e no futuro do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde que não caia na proibição acima – iniciar período), modifica-se a estrutura (troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome em mesóclise.

Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.

(Não havia outra saída. A troca foi necessária por não podermos colocar o pronome após o particípio - “concedida-me” – nem iniciar período com ele – “me concedida” �

esse são dois CASOS DE PROIBIÇÃO).

Recolher-me-ei à minha insignificância.

(Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei” � CASOS DE PROIBIÇÃO).

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c) EMPREGO FACULTATIVO:

� Com o verbo no INFINITIVO, mesmo que haja uma palavra “atrativa”, a colocação do verbo pode ser enclítica (após o verbo) ou proclítica (antes do verbo). Tanto faz, desde que não recaia em um dos casos proibidos (como iniciar período).

Para não me colocar em situação ruim, encerrei a conversa.

Para não colocar-me em situação ruim, encerrei a conversa.

Assim, com infinitivo está sempre certa a colocação, desde que não caia em um caso de proibição (começar período, por exemplo).

CUIDADO!!!

NÃO CONFUNDA INFINITIVO COM FUTURO DO SUBJUNTIVO – Na maior parte dos verbos, essas formas são iguais (para comprar = INFINITIVO /quando comprar = FUTURO DO SUBJUNTIVO).

Contudo, a regra da colocação pronominal só se aplica ao infinitivo. Se o verbo estiver no futuro do subjuntivo, aplica-se a regra geral.

Para ter certeza de que é o infinitivo mesmo e não o futuro do subjuntivo, troque o verbo por um que apresente formas diferentes, como o verbo trazer (para trazer / quando trouxer), fazer (para fazer/ quando fizer), pôr (para pôr/ quando puser), e tire a prova dos noves. Se for infinitivo, pode colocar o pronome antes ou depois, tanto faz. De qualquer jeito, estará certo, mesmo que haja uma palavra atrativa (invariável).

Observação importante: quando houver DUAS palavras invariáveis, o pronome poderá ser colocado entre elas. A essa intercalação dá-se o nome de APOSSÍNCLISE.

“Para não levar-me a mal, irei apresentar minhas desculpas.” – como vimos, com infinitivo está sempre certa a colocação (caso facultativo), mesmo que haja uma palavra invariável (no caso, são duas – para e não).

COLOCAÇÕES IGUALMENTE POSSÍVEIS:

(1) “Para não me levar a mal, ...”- O pronome foi atraído pelo advérbio não.

(2) “Para me não levar a mal, ...” – O pronome foi atraído pela preposição para.

1.8 - COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM LOCUÇÃO VERBAL

Locuções verbais são construções que apresentam um só conceito verbal sob a forma de um verbo auxiliar (ou mais) e um verbo principal. O auxiliar (o primeiro, no caso de mais de um) irá se flexionar, enquanto que o verbo principal ficará em uma das formas nominais: infinitivo, particípio ou gerúndio (assim como os demais auxiliares).

Em relação à colocação pronominal, valem os conceitos já apresentados.

1 – COM INFINITIVO ESTÁ SEMPRE CERTO;

2 – COM GERÚNDIO – ARROZ COM FEIJÃO: REGRA GERAL É ÊNCLISE – HAVENDO PALAVRA INVARIÁVEL, O PRONOME É ATRAÍDO (PRÓCLISE);

3 – COM PARTICÍPIO, A ÊNCLISE (PRONOME APÓS O VERBO) É PROIBIDA.

A colocação do pronome será analisada em relação a cada um dos verbos que compõem a locução.

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COM O VERBO PRINCIPAL NO INFINITIVO

1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR

- Eu lhe devo pedir um favor. Próclise ao verbo auxiliar – CERTO

Ainda que a regra seja a ênclise, modernamente não se condena a próclise em estruturas como essa, desde que não recaia em algum caso de proibição (iniciar período, por exemplo).

- Não lhe devo pedir um favor. Próclise ao verbo auxiliar - CERTO

Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA a colocação! Caso de próclise obrigatória.

- Eu devo-lhe pedir um favor. Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO

- Não devo-lhe pedir um favor. Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO.

O advérbio atrai o pronome, devendo ser empregada a próclise.

2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL

- Eu devo lhe pedir um favor. A norma culta condena a próclise ao verbo principal, ou seja, o pronome “solto” no meio da locução verbal.

Na linguagem coloquial, é o mais usado.

- Não devo lhe pedir um favor.

Note que o advérbio está próximo do verbo auxiliar, e não do principal.

Este verbo auxiliar atua como uma pausa, reduzindo o “poder” da palavra invariável.

Como já mencionamos, a norma culta condena essa colocação “solta” do pronome no meio da locução.

- Eu devo pedir-lhe um favor. Ênclise em relação ao verbo principal – CERTO. Essa é a construção abonada pela gramática normativa.

- Não devo pedir-lhe um favor. Como já observamos, há uma “distância” entre o advérbio e o verbo principal. Assim, está CORRETA a colocação do pronome após o verbo.

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COM O VERBO PRINCIPAL NO GERÚNDIO (igualzinho ao anterior)

1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR

Eu lhe estou pedindo perdão. Próclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não lhe estou pedindo perdão. Próclise ao verbo auxiliar - CERTO

Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA a colocação!

Caso de próclise obrigatória.

Eu estou-lhe pedindo perdão. Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não estou-lhe pedindo perdão. Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO.

O advérbio atrai o pronome, devendo ser empregada a próclise.

2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL

Eu estou lhe pedindo perdão. A norma culta condena a próclise ao verbo principal, ou seja, o pronome “solto” no meio da locução verbal.

Na linguagem coloquial, é o mais usado.

Não estou lhe pedindo perdão. Note que o advérbio está próximo do verbo auxiliar, e não do principal.

Este verbo auxiliar atua como uma pausa, reduzindo o “poder” da palavra invariável.

Como já mencionamos, a norma culta condena essa colocação “solta” do pronome no meio da locução.

Eu estou pedindo-lhe perdão. Ênclise em relação ao verbo principal – CERTO.

Essa é a construção abonada pela gramática normativa.

Não estou pedindo-lhe perdão. Como já observamos, há uma “distância” entre o advérbio e o verbo principal. Assim, está CORRETA a colocação do pronome após o verbo principal.

Page 14: Aula 8 - Pronomes

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COM O VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO

1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR

Eu lhe tenho obedecido. Próclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não lhe tenho obedecido. Próclise ao verbo auxiliar - CERTO

Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA a colocação!

Caso de próclise obrigatória.

Eu tenho-lhe obedecido. Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não tenho-lhe obedecido. Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO.

O advérbio atrai o pronome, devendo ser empregada a próclise.

2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL

Eu tenho lhe obedecido.

A norma culta condena a próclise ao verbo principal, ou seja, o pronome “solto” no meio da locução verbal.

Na linguagem coloquial, é o mais usado.

Não tenho lhe obedecido. Note que o advérbio está longe do verbo principal.

Este verbo auxiliar atua como uma pausa, reduzindo o “poder” da palavra invariável.

Como já mencionamos, a norma culta condena essa colocação “solta” do pronome no meio da locução, construção bastante comum na linguagem coloquial.

Eu tenho obedecido-lhe. (ERRADO!) Está INCORRETA a colocação do pronome após o verbo principal, pois ele está no PARTICÍPIO, e pronome após particípio é um dos casos de PROIBIÇÃO.

Não tenho obedecido-lhe. (ERRADO!)

Veja, agora, como esse assunto já foi abordado em prova.

4 - (CESGRANRIO / MPE RO / 2005)

Indique a opção em que o pronome oblíquo NÃO está colocado corretamente, de acordo com a norma culta.

(A) O professor levou a moto para ser consertada – levou-a.

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(B) O professor levará a moto para ser consertada – levá-la-á.

(C) O professor levaria a moto para ser consertada – a levaria.

(D) O professor tinha levado a moto para ser consertada – tinha levado-a.

(E) O professor estava levando a moto para ser consertada – a estava levando.

A banca apresentou a letra d como o gabarito, e cheia de razão para isso. O pronome está INDEVIDAMENTE após um verbo no PARTICÍPIO, um dos casos de proibição.

Veja as demais opções:

a) Construção certinha. Como vimos, segundo a norma culta, a regra é a ênclise. Assim, a forma “levou-a” é abonada pela gramática.

b) Em “levá-la-á” temos um caso de mesóclise. A forma verbal está no futuro do presente do indicativo. Seria válida também a próclise, uma vez que o pronome não iria iniciar período: “O professor a levará ...”. Aproveite para observar a acentuação dessa forma mesoclítica. Cada segmento é considerado um vocábulo para as regras de acentuação (lá do início do nosso curso, lembra-se ainda?).

c) Como o verbo está no futuro do pretérito do indicativo (levaria), o examinador apresentou o pronome proclítico ao verbo. Também estaria correta a forma mesoclítica: O professor levá-la-ia.

e) Desta vez, optou-se pela próclise em relação à locução verbal (O professor a estava levando). As demais colocações possíveis seriam: O professor estava-a levando (ênclise ao verbo auxiliar, menos recomendável por formar um eco “va-a”) ou O professor estava levando-a (ênclise ao verbo principal).

Como podemos ver, nenhuma das opções apresentou próclise ao verbo principal (aquela do pronome ‘solto’ no meio da locução verbal).

1.9 – PRONOMES DE TRATAMENTO

Entre os pronomes pessoais, destacam-se os pronomes de tratamento, que são usados no trato com as pessoas.

O pronome a ser utilizado vai depender da intimidade (você, senhor, senhora) e/ou da cerimônia que se tenha com essa pessoa, de acordo com seu cargo, função, título etc.

Esses são pronomes da segunda pessoa do discurso, ou seja, representam a pessoa com quem falamos. Para isso, usamos um pronome de 2ª pessoa (vós) – Vossa Majestade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria etc.

Não obstante serem usados ao nos dirigirmos a alguém (2ª pessoa do discurso), esses pronomes de tratamento levam o verbo e os pronomes possessivos à 3ª pessoa:

Vossa Excelência tem manifestado sua opinião.

Para simplificar, basta lembrar o mais famoso pronome de tratamento: VOCÊ.

Tudo o que acontece com VOCÊ vai acontecer com qualquer outro pronome de tratamento.

Você sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante?

Então, se usássemos “Vossa Senhoria”, a construção seria:

Vossa Senhoria sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante?

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Isso tudo se explica: originalmente, a forma de tratamento era “Vossa Mercê”, que variou para “vosmecê”, dando origem a “você”. Hoje em dia, na linguagem cotidiana, chegamos a abreviar ainda mais: falando, usamos “cê" (‘Cê soube da última?); na escrita, é comum colocarmos “vc”, especialmente em textos coloquiais e da internet.

Assim, encolhemos cada vez mais o pobrezinho! Qualquer dia ele some... rs...

Quando nos referimos a pessoa de cerimônia (sem nos dirigirmos a ela), o pronome a ser usado passa a ser de 3ª pessoa: Sua Majestade, Sua Excelência, Sua Senhoria etc.

Raramente, esse tema é objeto de prova. Vejamos uma dessas raras questões:

5 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003)

Se na festa de inauguração dos trens alguém resolvesse dirigir-se ao Governador do Estado para agradecer a obra realizada, usando uma linguagem correta e adequada, deveria expressar-se de acordo com a forma da opção:

A) Senhor Governador, Vossa Excelência tem conhecimento das dificuldades do povo e sabe que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra.

B) Senhor Governador, Vossa Excelência tendes conhecimento das dificuldades do povo e sabeis que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra.

C) Senhor Governador, Sua Excelência tem conhecimento das dificuldades do povo e sabe que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra.

D) Senhor Governador, Sua Excelência tens conhecimento das dificuldades do povo e sabes que todos te são extremamente agradecidos por esta obra.

E) Senhor Governador, Vossa Senhoria tem conhecimento das dificuldades do povo e sabe que todos te são extremamente agradecidos por esta obra.

Para nos dirigirmos cerimoniosamente a uma autoridade, usamos o pronome de tratamento “Vossa Excelência”. Quem acompanha os debates do Congresso Nacional vê que cortesia e cerimônia se resumem ao emprego do pronome – o teor do discurso e o timbre da voz derrubam qualquer centelha de respeito entre os parlamentares.

De volta à questão, vamos eliminar a opção e, por apresentar a forma “Vossa Senhoria”, que se usa especialmente em ofícios, correspondências e outros tratamentos cerimoniosos a pessoas “comuns”.

Vimos que os pronomes de tratamento, apesar de se dirigem às segundas pessoas do discurso (com quem se fala), levam o verbo e os pronomes para a 3ª pessoa (exatamente como faz o pronome “você”). Então, podemos eliminar, também, as opções b e d (que empregam verbos nas segundas pessoas, respectivamente do plural e do singular: tendes/tens).

Ao nos dirigirmos à pessoa do Governador (como indica o enunciado), devemos usar o pronome sob a forma de “Vossa Excelência” (pronome de 2ª), como apresentado na opção a (gabarito), e não “Sua Excelência”, utilizado em referência a ele (O Governador chegou à capital. Sua Excelência – ELE - deve permanecer na cidade até sexta-feira – pronome de 3ª pessoa).

2. POSSESSIVOS

Esses pronomes referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes posse dos elementos possuídos.

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PESSOA POSSESSIVOS

SINGULAR

1ª – EU MEU, MINHA, MEUS, MINHAS

2ª – TU TEU, TUA, TEUS, TUAS

3ª – ELE / ELA / VOCÊ SEU, SUA, SEUS, SUAS

PLURAL 1ª – NÓS NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS

2ª – VÓS VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS

3ª – ELES / ELAS / VOCÊS SEU, SUA, SEUS, SUAS

Algumas bancas examinadoras exploram bastante a referência textual, solicitando que o candidato indique a qual elemento se refere o pronome possessivo. Muitas vezes, é preciso voltar a ler o texto para identificar a relação entre os vocábulos destacados pelo examinador.

O pronome varia em gênero e número de acordo com a coisa possuída.

O promotor almoçou em sua casa.

Em função do emprego do pronome possessivo “sua” também em relação ao pronome de tratamento “você”, é preciso cuidado para não gerar ambiguidade ao texto.

No exemplo acima, de quem era a casa: do promotor ou de você?

Para eliminar a confusão, lança-se mão de expressão dele(s)/dela(s).

Vimos anteriormente que os pronomes oblíquos podem ser usados com valor possessivo. Trata-se de construção que imprime ao texto elegância.

O vento acariciava-lhe os cabelos. (= os seus cabelos / os cabelos dela)

3. DEMONSTRATIVOS

Indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso. Essa referência pode ser em relação a um lugar (posição espacial), a um momento (posição temporal) ou aos elementos de um texto (referência textual).

3.1 – FUNÇÕES DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

No quadro a seguir, serão apresentadas as funções dêitica, anafórica e catafórica dos pronomes demonstrativos.

O que foi??? Algum problema?? Parece que você levou um susto com essas expressões. Vamos entender o que cada uma delas significa.

- FUNÇÃO DÊITICA: é a capacidade de indicar um objeto sem nomeá-lo. Assim, quando dizemos “aquele tempo era maravilhoso!”, o pronome demonstrativo indica o tempo a que me refiro (tempo distante ocorrido no passado – usamos o pronome “aquele” para indicá-lo).

- FUNÇÃO ANAFÓRICA e CATAFÓRICA: em relação ao texto, o pronome demonstrativo pode se referir a algum elemento que já surgiu (referência anafórica – passado – para trás) ou que ainda surgirá (referência catafórica – futuro – para a frente).

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PESSOA 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa

PRONOME ESTE, ESTA, ISTO ESSE, ESSA, ISSO AQUELE, AQUELA, AQUILO

POSIÇÃO ESPACIAL

Perto do falante Perto do ouvinte Longe do falante e do ouvinte

Este documento é meu. - O documento está bem próximo do falante (ou mesmo em suas mãos).

Esse documento é meu. - O documento está bem próximo do ouvinte.

Aquele documento que está na mesa é seu? - O documento está distante tanto do falante quanto do ouvinte.

POSIÇÃO TEMPORAL

Em referência a um momento presente ou que ainda não passou.

Em referência a um momento passado.

Em referência a tempos distantes, tanto no passado quanto no futuro.

Este ano está sendo proveitoso. – O ano a que se refere está em curso (momento presente).

Essa noite sonhei com ela. – A noite a que se refere já passou (passado próximo).

Naquela oportunidade algo estranho ocorreu.. – Faz-se menção a um momento que ocorreu em um passado remoto.

REFERÊNCIA TEXTUAL

Em relação ao que se vai enunciar (futuro próximo).

Em relação ao que já foi mencionado anteriormente.

Em relação ao que se encontra mais distante no texto, fazendo distinção entre dois elementos textuais.

O problema é este: ninguém está satisfeito com você. –ainda será mencionado aquilo que é indicado pelo pronome.

Ninguém está satisfeito com você. Esse é o problema – O pronome faz menção ao que já foi apresentado .

João e Mário estudam na UERJ. Este, Física; aquele, Letras. – O pronome “este” (Mário) faz menção ao mais próximo, enquanto que “aquele” (João) se refere ao mais distante.

Não pense que essa nomenclatura (dêitico / anafórico) é preciosismo da professora. Apresento esses nomes a vocês porque eles podem cair em prova. Veja só a questão de prova elaborada pelo NCE/UFRJ.

TEXTO – DE UMA VIDA A OUTRA

Segundo o Ministério da Saúde, em janeiro de 2003 havia 51.760 pessoas na lista de espera para transplante.

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Dado o tamanho do país – e, infelizmente, o grau de violência – seria de se esperar que o auxílio viesse rápido. De certa forma, a população está mais sensibilizada para o problema. O número de doações cresce desde 1997. De lá até o ano passado, saltamos de 3.932 para 8.031 transplantes realizados. As estatísticas mostram que o Brasil é o segundo do mundo em doações em números absolutos, perdendo dos Estados Unidos.

Proporcionalmente ao tamanho da população, fica em nono lugar. Ou seja, o brasileiro é generoso, mas precisa fazer mais.

Isto É, fevereiro de 2003

6 - Entre as alternativas abaixo, aquela que apresenta um termo sublinhado de valor dêitico:

(A) “seria de se esperar que o auxílio viesse rápido”;

(B) “a população está mais sensibilizada para o problema”;

(C) “De lá até o ano passado...”;

(D) “De lá até o ano passado”;

(E) “mas precisa fazer mais”.

O gabarito oficial da banca foi a letra D.

Contudo, questionamos essa resposta.

Dêixis é a propriedade que têm alguns elementos linguísticos, tais como pronomes pessoais e demonstrativos, de fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio discurso, em vez de serem interpretados semanticamente por si sós.

Esta definição nos é dada por Aurélio Buarque de Hollanda, em seu consagrado dicionário.

A essa palavra se relaciona o adjetivo DÊITICO, que designa as palavras com capacidade intrínseca de situar os elementos presentes no discurso e de fazer referência à enunciação realizada.

Em resumo, uma palavra em uma função dêitica serve como referência a um elemento ou informação contextualizada. Essa função exercida “por excelência” pelos pronomes demonstrativos, mas que também pode ser observada em um advérbio – cá, lá, aqui, agora - ou até mesmo um substantivo.

Dessa forma, podemos afirmar que na construção “De lá até o ano passado”, tanto o advérbio “lá”, que se refere ao ano de 1997, citado na oração imediatamente anterior, quanto a expressão “o ano passado”, que se contextualiza com o ano de 2003 mencionado no primeiro período do texto, seriam exemplos de termos de valor dêitico.

Assim, por haver duas respostas válidas (opções C e D), foi solicitada a anulação dessa questão, mas infelizmente a banca não modificou o gabarito, mantendo apenas a letra D. Fazer o quê... Lá no fim do material, você encontrará outra questão de prova que explora esses conceitos – aguarde e verá.

Em relação às referências textuais, podemos simplificar a sua vida um pouquinho. Veja a seguir um método para memorizar o correto emprego dos pronomes demonstrativos.

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3.2 - PRONOMES DEMONSTRATIVOS EM REFERÊNCIAS TEXTUAIS

Quando um pronome demonstrativo faz referência a algo já mencionado no texto, ou seja, a algo que está no “paSSado” do texto, deve-se usar ESSE / ESSA / ISSO (com o SS do paSSado). Se a referência ainda vier a ser apresentada (pertence ao fuTuro), usa-se ESTE / ESTA / ISTO (com o T do fuTuro) – gostou dessa dica mnemônica?

Modernamente, reduziu-se o rigor no emprego do pronome demonstrativo em referências textuais, inclusive em relação às provas (veremos em seguida). Contudo, em textos formais, deve-se observar o correto emprego dos pronomes demonstrativos.

Veja como isso foi explorado em uma questão de prova da ESAF.

7 - (TRF 2002.1) Assinale a opção em que uma das duas possibilidades de redação está gramaticalmente incorreta.

a) A economia americana sobreviveu a muitos percalços e, até o início da curta e moderada recessão, da qual parece começar a emergir, conheceu nove anos de uma das mais exuberantes expansões de sua história. / A economia americana sobreviveu a muitos percalços e conheceu nove anos de uma das mais exuberantes expansões de sua história até o início da curta e moderada recessão, de que parece começar a emergir.

b) O professor Paul Kennedy, figura expressiva da “escola do declínio” na década de 80, confessa ter mudado de posição. Temia o pior em 1985, quando o esforço militar consumia 45% do PIB. / Figura expressiva da “escola do declínio” na década de 80, o professor Paul Kennedy confessa que mudou de posição. Temia o pior em 1985, quando o esforço militar consumia 45% do PIB.

c) Pensa hoje que se tornou barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia. / Seu pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia.

d) Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou possam ignorar para sempre alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do mundo. / Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou que alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do mundo possa por eles serem ignorados para sempre.

e) Significa apenas reconhecer que a atual configuração do poder mundial está longe do declínio e que um país como os Estados Unidos tem uma extraordinária capacidade para recuperar-se de erros que para outros seriam provavelmente fatais. / Significa apenas o reconhecimento de que a atual configuração do poder mundial está longe do declínio e de que um país como os Estados Unidos tem uma extraordinária capacidade para recuperar-se de erros que para outros seriam provavelmente fatais.

(Itens adaptados de Rubens Ricupero)

O gabarito foi a letra d. O segundo segmento apresenta um erro de construção da locução verbal: alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do mundo possa por eles serem ignorados.

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O sujeito é composto e tem dois núcleos: desequilíbrios e reações. Em uma locução verbal que apresente dois verbos auxiliares (poder + ser + ignorar), o que se flexiona é o primeiro verbo auxiliar (PODER), enquanto que o segundo auxiliar e o verbo principal ficam sob formas nominais (respectivamente, infinitivo e particípio). O correto, portanto, seria “possam ser ignorados”.

O que nos interessa, para esta aula de PRONOMES, é observar a opção c. Este item foi considerado CORRETO pela banca da ESAF.

Note que, no segundo segmento, o autor usa o pronome demonstrativo esse em referência catafórica (algo que ainda será mencionado – para frente): “Seu pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ...”.

Isso, segundo os puristas, seria um erro. Contudo, a banca indicou esse item como correto, reforçando a tese de que se reduziu o rigor gramatical no emprego do pronome demonstrativo em relação aos elementos textuais.

E na hora da prova, o que fazer??? Neste caso, o candidato, para indicar a forma incorreta, estava diante de uma forma duvidosa de referência pronominal (em vez de “este” foi empregado “esse”) e de uma locução verbal com construção totalmente inaceitável. Ele deveria ficar com a segunda. Analise todas as opções antes de marcar.

3.3 – CONTRAÇÃO DO PRONOME COM PREPOSIÇÃO

Pode ocorrer a contração dos pronomes demonstrativos com as preposições a, de e em.

Àquela hora morta da madrugada, todos dormiam.

Daquele dia em diante, nunca mais fumei.

Ficaremos nesta posição até você chegar.

OBSERVAÇÃO: Em expressões de tempo (dia, mês, ano, dia da semana), pode-se omitir a preposição em. Na linguagem formal, recomenda-se manter a preposição.

Vou viajar (n)este ano.

(N)esta segunda-feira, será divulgado o resultado do concurso.

“(No) Domingo, eu vou ao Maracanã,...”

3.4 OUTROS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

O pronome o (e flexões - a, os, as) também pode ser demonstrativo e aparecer junto ao relativo que ou da preposição de, equivalendo a aquele(s)/ aquela(s) /aquilo.

Fiz o que você mandou.

Somos o que podemos ser.

Prefiro a da direita.

Pode também figurar sozinho, equivalendo a “isto, isso, aquilo”.

Ele me pediu para sair da sala, e o fiz. (fiz isso – “sair da sala”)

Nesse caso, quando um pronome demonstrativo faz referência a algum elemento do texto, quer antecedente (referência anafórica), quer subsequente (referência

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catafórica), lança-se mão de um recurso linguístico para evitar a repetição de palavras, expressões ou mesmo orações:

“Os sem-terra ameaçavam invadir a fazenda e isso aconteceu no último domingo.”. (isso = invadir a fazenda).

“Para obter a aprovação em um concurso público, são necessários estes elementos: estudo, dedicação e persistência.” (estes = estudo, dedicação e persistência).

Esse pronome demonstrativo (o) pode, inclusive, representar toda a oração:

Sua mãe não era fácil, ele mesmo o sabia (= que sua mãe não era fácil).

Aparecem ainda como demonstrativos os vocábulos tal, mesmo, próprio e semelhante, quando equivalerem aos casos já citados.

Vimos, inclusive, na aula sobre Concordância (Aula 4 – item 1.5) que, como pronomes demonstrativos, essas palavras se flexionam em gênero e número com o substantivo que acompanham.

Estamos no mesmo lugar. (NESSE LUGAR)

Tal atitude é inaceitável. (ESSA ATITUDE)

Lucas errou e doeu-se por semelhante descuido. (ESSE DESCUIDO)

Como realce, estes pronomes também se harmonizam com o substantivo correspondente:

Elas chegaram à conclusão por si próprias, por si mesmas.

Não há respaldo para o emprego do vocábulo mesmo (e variantes) no lugar de um substantivo, como se observa atualmente na linguagem coloquial:

Para abrir a porta, bata até que a mesma quebre. (Ui! Essa doeu!!)

Para evitar esse tipo de construção, sugerem os gramáticos a substituição por pronomes pessoais ou demonstrativos, por um sinônimo ou até mesmo a repetição da palavra. Tudo menos esse mostrengo (é assim mesmo que se escreve essa palavra – se não acreditar, procure o Aurélio!).

Não confunda esse pronome MESMO (demonstrativo) com:

a) a palavra denotativa de inclusão mesmo (equivalente a até).

Mesmo uma ameba retardada seria capaz de entender aquela lição.

b) advérbio mesmo, equivalente a “realmente”, “de fato”, “de verdade”.

O que ela queria mesmo era me atingir.

Uma dica: palavras denotativas e advérbios são INVARIÁVEIS!

4 - INDEFINIDOS

Como o próprio nome já indica, referem-se à terceira pessoa com sentido vago ou indeterminado.

São exemplos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, vários, demais, tanto, quanto, qualquer, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo, mais, menos, que, quem, (LOCUÇÕES) cada qual, qualquer um, quem quer etc.

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4.1 – OBSERVAÇÕES SOBRE ALGUNS PRONOMES INDEFINIDOS

ALGUM - O pronome indefinido algum, posposto ao substantivo, assume valor negativo:

Problema algum irá me fazer desistir de estudar. (=NENHUM PROBLEMA)

Acredite se puder: esse conceito já caiu em prova:

8 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)

Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos altera substancialmente o conteúdo semântico do enunciado:

(A) Algum valor deve ser dado a este tipo de quadro / A este tipo de quadro, valor algum deve ser dado;

(B) São duas estas ofertas especiais / Estas ofertas especiais são duas;

(C) Qualidades que são pelos inimigos reconhecidas / Qualidades que são reconhecidas pelos inimigos;

(D) É isto que permite ao professor ganhar um melhor salário / Isto é que permite ao professor ganhar um melhor salário;

(E) Esta qualidade intelectual pode ser construída aos poucos / Pode esta qualidade intelectual ser construída aos poucos.

A resposta foi, logicamente, a letra A.

Em “algum problema”, o pronome indica a existência de pelo menos um problema. Já em “problema algum”, o pronome passa a ter valor negativo, indicando a presença de nenhum problema.

DEMAIS - Não confunda o pronome indefinido demais com o advérbio homônimo. Esse vocábulo é indefinido quando equivale a ‘outros’ e se referem a substantivos. Já o advérbio indica intensidade, modificando um verbo (Ele bebe demais), adjetivo (Ele é alto demais) ou um advérbio (Ele fala alto demais).

Fiquei com dois cãezinhos. Os demais (= OUTROS) foram vendidos na feira.

QUALQUER – É o único vocábulo da língua portuguesa que se flexiona “no meio” – quaisquer – em virtude do processo de formação (pronome indefinido qual + verbo quer).

TODO – Existe diferença entre o emprego desse pronome diretamente ligado ao substantivo e acompanhado de um artigo. Isso só acontece no singular.

No primeiro caso, assume valor indefinido:

Toda criança tem direito a assistência familiar. (= qualquer criança)

No segundo caso, acompanhado de artigo, passa a significar “inteiro”.

Toda a criança ficou machucada. (= a criança toda – inteira)

5 - INTERROGATIVOS

Como os pronomes indefinidos (que no fundo também são), referem-se à terceira pessoa de modo vago em interrogações (diretas e indiretas)

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As diretas exigem uma resposta imediata e terminam com um ponto de interrogação. Já as indiretas se constroem em períodos compostos (normalmente com verbos saber, ver, verificar, ignorar etc.) e não terminam com ponto de interrogação (com ponto final, reticências etc).

Quem vai à praia? / Eu não sei o que você tem feito.

Cuidado para não confundir certos pronomes indefinidos com pronomes relativos de mesma grafia.

Os pronomes indefinidos formam perguntas, mesmo que indiretamente.

Não sei quantas velas serão colocadas em seu bolo de aniversário.

� Quantas velas serão colocadas?

Já os pronomes relativos possuem referentes que já foram mencionados.

Coloque tantas velas quantas sejam necessárias.

O pronome relativo quantas se refere a velas. Não poderia ser construída uma oração interrogativa direta, como no exemplo anterior.

6 - RELATIVOS

Sem medo de errar, afirmo que a maior parte das questões de prova que tratam de PRONOMES exploram o conhecimento do candidato acerca do emprego dos PRONOMES RELATIVOS.

6.1 - DEFINIÇÃO

Os pronomes relativos referem-se a termos antecedentes. Já falamos sobre concordância e regência com pronomes relativos. Agora, veremos quais são esses pronomes e como devem ser empregados na oração subordinada adjetiva que iniciam, especialmente em relação aos seus referentes e ao emprego de preposição.

Sempre que abordo “pronomes relativos”, lembro a história da Branca de Neve (é sério!!!) – dos sete anões, seis apresentavam características particulares e fisicamente eram parecidos (pareciam gnomos); somente um deles se destacava dos demais – era completamente diferente (parecia um duende, era mudo) e recebia tratamento especial (dizem que era o preferido da princesa... na qualidade de “mãe de meninas”, estou por dentro dos detalhes...rs...).

Agora, vamos fazer uma analogia com os pronomes relativos.

Os pronomes que/o qual, onde, quando, quanto, como e quem devem ser usados, cada qual, de acordo com seus próprios referentes, mas, grosso modo, fazem a mesma coisa - referência a um substantivo antecedente.

Já “cujo” (o “Dunga” do grupo e, sem dúvida, o preto das bancas examinadoras) é diferente de todos – liga dois substantivos com “ideia de posse” (coisa que os outros não fazem), flexiona-se em gênero e número com o substantivo subsequente (coisa que os outros também não fazem – “o qual” varia, mas de acordo com o antecedente).

Talvez seja esse o motivo de tanta gente já ter abolido o pobrezinho do seu dia a dia (mataram o “Dunga”, e não é o ex-técnico da nossa seleção – é o pronome CUJO!!!), usando o “que” indevidamente no seu lugar.

Não é raro ouvirmos esse erro por aí, inclusive em músicas. Veja um exemplo disso:

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Eu presto atenção em cores que eu não sei o nome/ Cores de Almodóvar/ Cores de Frida Khalo... cores

(Esquadros – Adriana Calcanhoto)

O que ela não sabe? O nome das cores.

Então, a construção seria: Eu presto atenção em cores cujos nomes não sei.

Mas NINGUÉM IA CANTAR ISSO AÍ!!! A música não faria tanto sucesso...rs...

Do jeito que está, até hoje toca nas rádios.

Agora, observe a letra de uma música do fenomenal Chico Buarque: “A Foto da Capa”, do disco “Paratodos”. Em sua letra, o compositor usou corretamente o pronome CUJO na música e, como eu previ aí em cima, a música não fez sucesso (...rs...).

Segue a letra para os que não conhecem a canção:

O retrato do artista quando moço Não é promissora, cândida pintura É a figura do larápio rastaquera Numa foto que não era para capa Uma pose para câmera tão dura Cujo foco toda lírica solapa

Era rala a luz naquele calabouço Do talento a clarabóia se tampara E o poeta que ele sempre se soubera Claramente não mirava algum futuro Via o tira da sinistra que rosnara E o fotógrafo frontal batendo a chapa

É uma foto que não era para capa Era a mera contracara, a face obscura O retrato da paúra quando o cara Se prepara para dar a cara a tapa

O foco da câmera solapa (destrói ou oculta, esconde) toda lírica (poesia, beleza) em virtude da dureza (rigidez) daquela. A relação de subordinação entre os dois elementos (foco da câmera) abona o emprego do pronome relativo CUJO.

Lindo isso, não é? Tinha de ser mesmo do Chico!

Outra letra nos foi trazida por Antônio, um querido colaborador do curso passado. A canção se chama “Raça Humana” e é de Gilberto Gil (outro campeão de citações do curso...rs...). Veja só.

A raça humana é o cristal de lágrima Da lavra da solidão Da mina, cujo mapa Traz na palma da mão

Você encontra a letra na íntegra no seguinte endereço eletrônico:

http://www.gilbertogil.com.br/sec_discografia_view.php?id=24

Bom proveito!

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Vou lançar, agora, um desafio. Quero conhecer outras músicas com o emprego do pronome CUJO, empregado corretamente (acho que é o mesmo que achar uma agulha no palheiro...rs...) ou não.

Quem encontrá-las, pode publicar no fórum ou mandá-las para mim ([email protected]) . Vamos enriquecer nossa aula. Conto com a participação de vocês.

6.2 – CARACTERÍSTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS

QUE Pode ser usado com qualquer antecedente, por isso chamado de “pronome relativo universal”. Normalmente é empregado em relação a “coisa”, já que os demais referentes têm pronomes relativos específicos (lugar, quantidade, modo). Aceita somente preposições monossilábicas, exceto sem e sob.

O QUAL Assim como “que”, pode ser usado com qualquer antecedente. Aceita preposição com duas ou mais sílabas, locuções prepositivas, além de sem e sob (rejeitadas pelo “que”).

É usado quando o referente se encontra distante ou para evitar ambiguidade: Visitei a tia do rapaz que sofreu o acidente. Quem se acidentou? O rapaz ou a tia dele? Para evitar a dúvida, uso “o qual” para ele ou “a qual” para ela.

QUEM Somente usado com antecedente PESSOA. Sempre virá antecedido de preposição – Ele é o rapaz de quem lhe falei.

ONDE Utilizado quando o referente for lugar, ou qualquer coisa que a isso se assemelhe (livro, jornal, página etc.) – “A gaveta onde guardei o dinheiro foi arrombada.”; pode ser substituído por “em que”.

COMO Usado com antecedente que indique MODO ou MANEIRA – O jeito como escreve mostra a pessoa que é.

QUANDO O antecedente dá ideia de TEMPO, também equivalente a “em que” – Época de ouro era aquela, quando todos andavam tranquilos pelas ruas.

QUANTO O antecedente dá ideia de QUANTIDADE - normalmente precedido de um pronome indefinido (tudo, tanto(s), todos, todas) – Tenho tudo quanto quero. Leve tantos quanto quiser.

Esses pronomes relativos representam sempre substantivos ou pronomes substantivos nas orações adjetivas que formam.

Mais uma vez alertamos para não confundi-los com pronomes interrogativos que idêntica grafia. Estes não têm antecedentes e podem aparecer em orações interrogativas diretas ou indiretas (Quem bateu? / Não sei onde moras/ Quanto custa? / Como farei? / Preciso saber quando estará pronto o almoço. / Que gostaria de saber?).

CUJO (e flexões) – o mais especial de todos; liga dois substantivos indicando ideia de posse (entre os substantivos, haveria uma preposição de) – “O rapaz cuja mãe faleceu recentemente procurou por você.” (mãe do rapaz faleceu – rapaz cuja mãe faleceu); concorda com o substantivo subsequente, flexionando-se em gênero e número, e dispensa o artigo (não existe “cujo o” ou “cuja a”);

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DICA:

Ao usar o pronome relativo, verifique:

1 – qual deve ser o pronome mais adequado, a depender do antecedente (coisa, pessoa, tempo, modo, lugar...);

2 – se o algum termo na oração adjetiva exige preposição.

Para não errar, os conceitos de regência devem estar “vivinhos” em sua memória.

Exemplo:

(1) Este é o livro | que ganhei.

Oração principal: Este é o livro

Oração subordinada adjetiva: que ganhei - O verbo ganhar é transitivo direto (eu ganhei o livro) e não rege preposição.

(2) Este é o livro | a que me referi.

Oração principal: Este é o livro

Oração subordinada adjetiva: a que me referi – o verbo referir-se é indireto e rege a preposição a (eu me referi ao livro). Por isso, a preposição antecede o pronome relativo, que está no lugar do termo regido – “livro”.

(3) Aquele é o professor | por quem eu tenho muita admiração.

Oração principal: Aquele é o professor

Oração subordinada adjetiva: por quem eu tenho muita admiração – o substantivo admiração rege preposição por, que antecede o pronome relativo que substitui o termo regido – “professor” (eu tenho muita admiração pelo professor).

Algumas bancas, como a Fundação Carlos Chagas, se cansam de apresentar questões que envolvem o emprego de preposição (sintaxe de regência) com pronomes relativos. Veremos uma série delas nos exercícios de fixação.

Para compreender a “mecânica” da coisa, vamos treinar:

9 - (NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL Agente Adm./ 2006)

“com a qual ninguém deseja se identificar”; a utilização da preposição COM antes do pronome relativo QUE se deve à regência cobrada pelo verbo IDENTIFICAR-SE. A alternativa em que houve erro num caso semelhante de regência é:

(A) da qual ninguém desejava afastar-se;

(B) contra a qual ninguém queria lutar;

(C) com a qual ninguém discordava;

(D) sem a qual ninguém podia sair;

(E) pela qual ninguém escapava.

O enunciado já ajuda o candidato. Ele apresenta a regência do verbo identificar-se: Alguém se identifica COM alguma coisa/alguém.

O candidato deve marcar o item que apresenta erro no emprego da preposição antes do pronome relativo. Para isso, deverá analisar a regência de cada um dos verbos.

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A) ninguém desejava afastar-se – O verbo afastar-se (pronominal) rege a preposição de: Alguém se afasta de algum lugar.

Por isso, está correto o emprego da preposição antes do pronome relativo “a qual”: da qual ninguém desejava afastar-se.

B) contra a qual ninguém queria lutar – Vamos verificar a regência do verbo lutar: Alguém luta contra algo ou alguém. Como devemos usar uma preposição dissílaba, o único pronome relativo cabível é “a qual”. Está certa.

C) com a qual ninguém discordava. O verbo discordar rege a preposição de, e não “com”. Alguém discorda de alguma coisa. Por isso, está INCORRETA essa construção. Esse é o gabarito. A forma correta seria: da qual ninguém discordava.

D) sem a qual ninguém podia sair – Vimos também que, com a preposição sem, não podemos usar o pronome relativo que; assim, está correta a forma apresentada.

E) pela qual alguém escapava – Essa era a opção mais difícil. O verbo escapar apresenta as seguintes possibilidades de regência:

- escapar a/de: livrar-se – “eu escapei de ser assaltado.”;

- escapar a ou escapar-lhe: passar despercebido, ser omitido – “esse assunto escapa à minha memória.”;

- escapar (intransitivo): sobreviver – “O carro bateu fortemente, mas eu escapei.”;

- escapar por: fugir por algum lugar, indicando direção – o ladrão escapou pelo telhado.

Como outra opção (C) apresentou um erro grosseiro de regência (C), não resta dúvida de que o examinador optou pela última construção (escapar por alguma saída = pela qual alguém escapava).

Mais uma questão de prova.

10 - (FGV / MPE AM / 2002)

Assinale a alternativa em que a preposição utilizada antes de cuja NÃO é a correta. (A) Ele é o cronista sobre cuja prosa escrevi alguns artigos. (B) Ele é o cronista de cuja prosa já me pronunciei. (C) Ele é o cronista com cuja prosa mais me entretenho. (D) Ele é o cronista a cuja prosa já fiz reparos. (E) Ele é o cronista por cuja prosa mais me interesso.

Agora, vamos botar o preconceito de lado e usar o pronome CUJO (coitadinho...).

Entre “cronista” e “prosa” (dois substantivos), há uma relação de subordinação (a prosa do cronista).

Então, o pronome adequado é CUJO (... cronista cuja prosa...).

Não há diferença alguma em relação ao que já vimos. Identifique a preposição porventura exigida pelo verbo da oração adjetiva e coloque-a antes do pronome relativo, assim como você fez no exemplo anterior.

Analisando cada uma das opções:

A) Eu escrevi alguns artigos sobre a prosa do cronista = sobre cuja prosa eu escrevi

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B) Eu já me pronunciei .... a prosa do cronista – bem, no sentido de emitir opinião, o verbo PRONUNCIAR-SE aceita as preposições / locuções prepositivas:

• em - pronunciar-se em algum assunto;

• sobre - pronunciar-se sobre algum assunto;

• acerca de - pronunciar-se acerca de algum assunto;

• a respeito de - pronunciar-se a respeito de algum assunto;

• por - pronunciar-se por alguém (a favor ou contra).

As possibilidades seriam: Eu já me pronunciei sobre/a respeito da/ acerca da/ na prosa do cronista. O verbo não aceita a preposição de. Essa é a opção INCORRETA.

C) Eu me entretenho com a prosa do cronista = com cuja prosa eu me entretenho

D) Eu já fiz reparos (fazer observação, comentário crítico) à prosa do cronista– (também se admite a preposição sobre) = a cuja prosa eu fiz reparos

E) Eu me interesso pela prosa do cronista = por cuja prosa eu me interesso

Mais uma questão para treinarmos.

11 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006)

A expressão de que preenche corretamente a lacuna da frase:

(A) A privação ...... o autor não se conforma é a de itens como aspirina, fósforos e leituras.

(B) O cronista não está nada interessado num tipo de vida ...... muita gente aspira.

(C) Há detalhes desagradáveis da vida rústica ...... muita gente parece omitir, no entusiasmo de seus relatos.

(D) Muitos leitores partilharão das mesmas fobias ...... o cronista enumerou em seu texto.

(E)) Há quem veja como supérfluos os recursos urbanos ...... o cronista se recusa a abrir mão.

Essa é a banca campeã nesse assunto.

Nessa questão, o examinador procura a opção que deve ser preenchida com DE QUE. Para isso, o verbo da oração adjetiva deve reger a preposição DE. Vamos buscá-lo.

A) O autor não se conforma COM a privação – a preposição que antecede o pronome relativo que é COM e não DE.

B) Muita gente aspira A um tipo de vida – também não é essa a resposta correta.

C) Muita gente parece omitir detalhes desagradáveis da vida rústica – o verbo OMITIR é transitivo direto e não exige nenhuma preposição nesta acepção.

D) O cronista enumerou as mesmas fobias – outro verbo transitivo direto. O verbo enumerar se liga diretamente ao seu complemento, dispensando a preposição.

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E) O cronista se recusa a abrir mão DOS recursos urbanos – Ufa! Até que enfim! Já estava ficando nervosa. Essa expressão (“abrir mão”) exige a preposição DE. É essa a resposta correta: gabarito foi letra E.

6.3 – COM A EXPRESSÃO “O QUE”

O pronome “que” sempre será um pronome relativo após o pronome demonstrativo “O”.

Cuidado com a concordância verbal nesse caso. Por estar se referindo ao demonstrativo (que está no singular), o relativo, na função de sujeito, leva o verbo também para o singular:

O que importa para mim são os meus filhos.

Análise:

• o = aquilo – pronome demonstrativo

• que = pronome relativo

• o que importa = Aquilo que importa para mim são os meus filhos.

Mais um exemplo:

O que falta são recursos.

O sujeito do verbo faltar é o pronome relativo que. O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito, que está no plural. Essa possibilidade de concordância foi abordada na aula específica (item 5.c da Aula 5 – Concordância parte 2).

Políticos corruptos é o que não falta nesse país.

Nessa construção, o sujeito de faltar é novamente o pronome relativo, presente no segmento “o que não falta”.

O antecedente do pronome relativo, em todos esses casos, é o pronome demonstrativo “o”.

Quando, em vez de sujeito, o pronome relativo é complemento verbal, todo cuidado é pouco com a preposição exigida pelo verbo da oração adjetiva.

Preciso saber no que ele pensa.

Alguém pensa em alguma coisa. O verbo pensar rege a preposição em.

Já o verbo saber, da primeira oração, é transitivo direto (alguém sabe alguma coisa).

(eu) preciso saber isso: "aquilo em que ele pensa”.

O registro culto formal da construção deveria ser, portanto:

Preciso saber o em que ele pensa.

Já vamos começar a nos ambientar com a divisão dos períodos.

Para visualizar melhor, vamos dividir o período em orações:

1ª oração - Preciso saber o (= isso)

2ª oração - em que ele pensa. (A preposição é exigida pelo verbo pensar; por isso, pertence à segunda oração).

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Em virtude disso, há erro de regência em construção como esta:

O que mais gosto é chocolate.

Alguém gosta de alguma coisa. Há necessidade de se empregar a preposição antes do elemento que representa essa “coisa”:

O de que mais gosto é chocolate.

Só que a proximidade do “o” com a preposição “de” acabou formando, na linguagem coloquial: Do que eu mais gosto é (de) chocolate.

Essa forma recebe a simpatia de muitos gramáticos, embora não seja endossada pelos puristas.

Vamos reproduzir as palavras de Bechara, em seu maravilhoso “Lições de Português pela Análise Sintática”:

“Com freqüência, a preposição que deveria acompanhar o relativo emigra para o antecedente deste relativo:

Não sei no que pensas (por “o em que”)

“Agora, já sabe a fidalga no que ele estraga o dinheiro”

Estas emigrações de preposição para o antecedente do relativo tornam a construção mais harmoniosa e espontânea. Os seguintes exemplos de RUI BARBOSA, embora gramaticalmente corretos, trazem o selo do artificialismo:

“Assim me perdoem, também, os a quem tenho gravado, os com quem houver sido injusto, violento, intolerante...”(Oração aos Moços, 23)

“Os meus serão os a que me julgo obrigado...” (Ibid, 61)”

Acredite: isso já caiu em prova recentemente!!!

A banca foi Fundação José Pelúcio Ferreira (quem?????...rs...) e a prova foi para o cargo de Fiscal da Prefeitura de Porto Velho – RO. Analise o item e me diga se está certo ou errado.

Era eu o a quem vinham referindo-se como mau gestor da coisa pública

A banca buscava o item com “mau uso do pronome relativo” e esta construção encontrava-se na opção A (maldade!!!). Muita gente marcou e partiu para o abraço. Pobrezinhos!!! Um aluno, que me encaminhou a dúvida, questionou: “Professora, essa questão não está malfeita?”.

Minha resposta foi: “Não, meu querido, ela está PERFEITA.”

Para ficar bem claro que esse “o” está em posição correta, troque-o por outro pronome – que tal “aquele”? Vamos lá.

“Era eu AQUELE a quem vinham referindo-se...”

O verbo REFERIR-SE rege a preposição “a” (alguém se refere A alguma coisa). Como o pronome relativo “quem” sempre se refere a “pessoa” e vem sempre preposicionado, está certinha a construção.

Vamos, agora, analisar uma questão de prova da ESAF.

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12 - (Analista Comércio Exterior/ 1998)

Marque o item sublinhado que apresenta erro gramatical ou impropriedade vocabular.

A primeira expedição científica à(A) Amazônia foi feita em 1638 por George Marcgrave, um naturalista alemão. Até o final do século XVII, o que se procuravam(B) eram animais exóticos, dentro da ótica do "estranho mundo novo": peixe que dá choque, aranhas gigantes, mamíferos que vivem submersos nos rios. Nos séculos seguintes, o objetivo passou a ser a coleta do maior número possível de bichos de diferentes espécies. Até os anos 40, os museus estrangeiros pagavam coletores profissionais(C) para levar espécimes(D) da fauna e flora nacionais(E) para suas coleções. O Brasil só assumiu a pesquisa científica na Amazônia há poucas décadas. Agora, a idéia é conhecer para preservar.

a) A

b) B

c) C

d) D

e) E

O gabarito foi letra B

ACORDO ORTOGRÁFICO: A palavra “ideia” não recebe mais acento agudo.

O tema era concordância verbal com construção de voz passiva. Na passagem, podemos observar a forma abordada neste último ponto – pronome demonstrativo “o” acompanhado do pronome relativo “que”.

Vamos aproveitar para relembrar um pouco de sintaxe de concordância.

Quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver acompanhado do pronome se, todo cuidado é pouco: poderemos estar diante de uma construção de voz passiva.

Para confirmação, temos de fazer duas perguntas:

1 – O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?

2 – Existe uma ideia passiva na construção?

Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construção de voz passiva e, então, o verbo deverá se flexionar de acordo com o sujeito paciente.

A existência de um objeto direto na transitividade do verbo é necessária pois, como vimos na aula sobre verbos, o objeto direto da construção de voz ativa irá exercer a função essencial de sujeito da voz passiva.

Na questão de prova ora comentada, “o que se procuravam eram animais exóticos”, temos de fazer duas análises: a primeira, em relação à construção:

1ª pergunta: O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?

Resposta: O verbo procurar é transitivo direto (alguém procura alguma coisa).

2ª pergunta: Existe uma ideia passiva na construção?

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Resposta: Sim, existe ideia passiva – os animais eram procurados.

Conclusão: temos uma construção de voz passiva.

A segunda análise versa sobre o antecedente do pronome relativo que. Para isso, vamos separar as orações:

Período composto: “o | que se procuravam |eram animais exóticos”

1ª oração: o [pronome demonstrativo = aquilo] eram animais exóticos – ORAÇÃO PRINCIPAL

2ª oração: que se procuravam – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA (lembre-se: pronome relativo sempre inicia uma oração adjetiva!)

O pronome que é relativo e tem como antecedente o pronome demonstrativo o. Por isso, o verbo que o segue deverá ficar no singular.

Para melhor compreensão, iremos fazer a substituição do pronome relativo QUE pelo termo que substitui, o pronome demonstrativo “o”. Para simplificar ainda mais, em vez de “o”, colocaremos “aquilo”, seu equivalente.

“que se procurava” - “aquilo se procurava” = AQUILO era procurado.

Viu? O verbo só poderá ficar no singular.

Na oração principal (“o eram animais exóticos”), devemos relembrar a concordância do verbo ser.

Esse é aquele verbo especial, que admite a concordância tanto com o sujeito quanto com o seu predicativo.

De um lado, como sujeito, existe um pronome substantivo demonstrativo o - COISA.

De outro lado, na função de predicativo do sujeito, há um substantivo acompanhado de um adjetivo: animais exóticos - COISA.

Portanto, tanto de um lado (sujeito) como de outro (predicativo), os elementos são “coisas” (substantivos, pronomes substantivos ou orações substantivas).

Assim, a concordância pode se dar com qualquer deles, PREFERENCIALMENTE com o elemento que estiver no PLURAL – “... eram animais exóticos”.

Isso justifica a flexão do verbo ser no plural.

Por hoje é só. Bons estudos e até a próxima aula.

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

01 – (FUNDEC / TJ MG / 2002)

Tendo em conta o emprego dos pronomes pessoais oblíquos átonos, assinale a alternativa em que a substituição das expressões sublinhadas nas sentenças abaixo esteja CORRETA.

Os fãs cercaram os cantores,

Não pôde dar a informação aos repórteres.

Não se sabe quando receberão a restituição desses valores.

a) cercaram-os – lhes pôde dar – quando a receberão

b) os cercaram – pôde lhes dar – quando recebê-la-ão

c) cercaram-nos – pôde dar-lhes – quando a receberão

d) os cercaram – lhes pôde dar – quando recebê-la-ão

02 - (FCC / AFTE PB / 2006)

A frase inteiramente de acordo com a norma culta é:

(A) De fato, punições seriam-lhe impostas, caso não se provasse sua inocência em relação às graves denúncias.

(B) Os relatórios foram-lhe entregues pelos representantes da bancada ruralista.

(C) O povo vota à muito tempo sob a influência das elites e dos chefes partidários.

(D) A Câmara dos Deputados ficou meia preocupada com as repercuções das últimas votações nos processos de cassação.

(E) Apenas 20% dos deputados estão dispostos à respeitar as conclusões dos relatores dos processos.

03 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / SMG - AGENTE DE POSTURAS / 2005)

TEXTO – EMPRESAS ACOMPANHAM O RESTO DA SOCIEDADE

Toni Marques

À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens que são tatuados – atletas, cantores, modelos e atores – maior é a chance de as sociedades ocidentais passarem a aceitar a tatuagem como um adorno tão corriqueiro quanto brincos em orelhas furadas.

Com elas, as orelhas, aconteceu o mesmo. Houve tempo e lugar em que mulher de orelha furada não era digna da atenção das pessoas de bem, dada a relação que tais pessoas estabeleciam entre a mulher e indígenas diversos. Foi assim na Grã-Bretanha, onde tatuagem, desde o século XIX, é símbolo de orgulho imperial, patriótico e religioso. Até a década de 50, lá ainda se discutia se mulher podia ou não furar a orelha, muito embora o povo soubesse que o rei Eduardo VII foi tatuado, assim como seus dois filhos, um deles também monarca.

A aceitação da tatuagem nas classes médias do Ocidente se deu a partir do movimento hippie. [....] O mundo corporativo tende a acompanhar o resto da sociedade nessa matéria. Afinal, a estrelinha que Giselle Bündchen tem no pulso não a impediu de se

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tornar a maior modelo do mundo. Do mesmo modo, o jogador de futebol Beckham tem mais ou menos tantas tatuagens quanto tem zeros no seu salário no Real Madrid. Giselle e Beckham sabem negociar seus talentos respectivos.

O antecedente do pronome relativo está indicado incorretamente na seguinte alternativa:

A) “..dada a relação QUE tais pessoas estabeleciam...” - relação

B) “Foi assim na Grã-Bretanha, ONDE tatuagem...” – Grã-Bretanha

C) “Afinal, a estrelinha QUE Giselle Bündchen tem no pulso...” - a estrelinha

D) “À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens QUE são tatuados...” - a cultura pop

04 - (FEPESE / TCE SC / 2006 - adaptada)

Leia o texto abaixo para responder à questão.

Meu pai abraçou-me com lágrimas. — Tua mãe não pode viver, disse-me. Com efeito, não era já o reumatismo que a matava, era um cancro no estômago.

A infeliz padecia de um modo cru, porque o cancro é indiferente às virtudes do sujeito; quando rói, rói; roer é o seu ofício. Minha irmã Sabina, já então casada com o Cotrim, andava a cair de fadiga. (...)

— Meu filho! A dor suspendeu por um pouco as tenazes; um sorriso alumiou o rosto da

enferma, sobre o qual a morte batia a asa eterna. Era menos um rosto do que uma caveira: a beleza passara, como um dia brilhante; restavam os ossos, que não emagrecem nunca. Mal poderia conhecê-la; havia oito ou nove anos que nos não víamos. Ajoelhado, ao pé da cama, com as mãos dela entre as minhas, fiquei mudo e quieto, sem ousar falar, porque cada palavra seria um soluço, e nós temíamos avisá-la do fim. Vão temor! Ela sabia que estava prestes a acabar; disse-mo; verificamo-lo na seguinte manhã.

Longa foi a agonia, longa e cruel, de uma crueldade minuciosa, fria, repisada, que me encheu de dor e estupefação. Era a primeira vez que eu via morrer alguém. Conhecia a morte de outiva; quando muito, tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver, que acompanhei ao cemitério, ou trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica dos professores de cousas antigas, — a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates, a orgulhosa de Catão. Mas esse duelo do ser e do não ser, a morte em ação, dolorida, contraída, convulsa, sem aparelho político ou filosófico, a morte de uma pessoa amada, essa foi a primeira vez que a pude encarar. Não chorei; lembra-me que não chorei durante o espetáculo: tinha os olhos estúpidos, a garganta presa, a consciência boquiaberta.

Quê? uma criatura tão dócil, tão meiga, tão santa, que nunca jamais fizera verter uma lágrima de desgosto, mãe carinhosa, esposa imaculada, era força que morresse assim, trateada, mordida pelo dente tenaz de uma doença sem misericórdia? Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro, incongruente, insano...

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap. 23, com

adaptações)

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Indique V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, assinale a opção que apresenta a ordem correta.

( ) No trecho “trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica” (ls. 20 e 21), o pronome enclítico retoma por substituição coesiva o vocábulo “morte” (l. 18).

( ) O trecho “Tua mãe não pode viver, disse-me” (l. 2) está em desacordo com as regras da gramática normativa, pois o não atrairia o pronome me.

( ) No trecho “tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver” (ls. 18 e 19), o pronome a faz remissão ao vocábulo “morte” (l. 18).

( ) O pronome no trecho “tudo aquilo me pareceu obscuro” (l. 42) admite mudança de colocação em consonância com as regras da gramática normativa.

a) V F V F b) V V F V c) V V V F d) V F F F e) V F F V

05 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / ENGENHEIRO CIVIL / 2004)

Reescreve-se em cada alternativa abaixo uma frase do texto mediante inclusão de um pronome pleonástico. A nova redação não é bem sucedida em:

A) Um estado emocional patológico pode intensificar ao máximo a tendência às ilusões.

A tendência às ilusões, um estado emocional patológico pode intensificá-las ao máximo.

B) A emoção tem o poder de transformar ilusoriamente nossas percepções.

Nossas percepções, a emoção tem o poder de transformá-las ilusoriamente.

C) Diz-se comumente que não há lobos pequenos, todos são enormes.

Lobos pequenos, diz-se comumente que não os há, todos são enormes.

D) Por si mesma, a ilusão não constitui sintoma de doença mental.

Sintoma de doença mental, a ilusão não o constitui por si mesma.

06 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006)

O sonho desse amanuense Belmiro vem registrado e desenvolvido em seu diário pessoal, que é a forma pela qual o romance se apresenta: anotações metódicas, datadas, em que o funcionário fala do que lhe ocorreu na repartição, ou na rua, ou nos encontros com os amigos. Mas fala também de seu amor por Carmélia, moça que lhe é inacessível, que ele idealiza a não mais poder, fazendo dela o mito de sua vida. O leitor do romance acompanha nas páginas do diário esse ir e vir entre o sonho e rotina, entre a vida estreita do funcionário tímido e as projeções de sua fantasia romântica. A única compensação real para o amanuense está, de fato, em dar à linguagem de seu diário o capricho da melhor forma possível; seu consolo é a literatura, ainda que na forma modesta das páginas de um caderno pessoal.

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Do trecho acima transcrito, no período: Mas fala também de seu amor por Carmélia, moça que lhe é inacessível, que ele idealiza a não mais poder, fazendo dela o mito de sua vida.

(A)) as duas ocorrências da palavra que têm o mesmo referente da palavra dela.

(B) as palavras seu e sua referem-se a pessoas distintas.

(C) o pronome lhe tem como referência a moça Carmélia.

(D) a forma lhe poderia ser desdobrada e substituída por com ele.

(E) o segmento que ele idealiza pode ser substituído por que é idealizado.

07 - (ESAF/AFRE MG/2005)

O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério do Planejamento, mostra que o serviço público federal também é capaz de oferecer serviços com qualidade de primeiro mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem de forma eficiente, constante e muito bem controlada.

(Ilhas de Excelência. ISTOÉ, 2/3/2005, com adaptações)

Julgue a assertiva abaixo, em relação aos aspectos textuais.

d) A retirada do pronome do termo “tornando-os”(l.8) preserva a correção gramatical e a coerência textual, deixando subentendido o objeto de “referências nacionais”(l.8).

08 - (ESAF/Auditor TCE ES/2001)

Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem.

Julgue a proposição abaixo, em relação aos elementos do texto.

c) Os pronomes possessivos na segunda oração referem-se a “arquivo cronológico”.

09 - (ESAF/TFC SFC/2000)

O saber produzido pelo iluminismo não conduzia à emancipação e sim à técnica e ciência moderna que mantêm com seu objeto uma relação ditatorial. Se Kant ainda podia acreditar que a razão humana permitiria emancipar os homens de seus entraves, auxiliando-os a dominar e controlar a natureza externa e interna, temos de reconhecer hoje que essa razão iluminista foi abortada. A razão que hoje se manifesta na ciência e na técnica é uma razão instrumental, repressiva. Enquanto o mito original se transformava em Iluminismo, a natureza se convertia em cega objetividade.

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Inicialmente a razão instrumental da ciência e técnica positivista tinha sido parte integrante da razão iluminista, mas no decorrer do tempo ela se autonomizou, voltando-se inclusive contra as suas tendências emancipatórias.

(B. Freitag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, p. 35, com adaptações)

Das seguintes expressões retiradas do texto, indique o item em que o elemento da coluna da esquerda faz remissão incorreta às expressões da coluna da direita.

a) seu (l.2) .......... técnica e ciência moderna

b) seus(l.4) ......... homens

c) os (l.4) .............homens

d) ela (l.9) ..........razão instrumental

e) suas (l.10) .......cega objetividade

10 - (ESAF/MPU/2005)

Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.

A _______ intelectual de Nabuco provém de suas ________ e é por isso que nele ______, mais do que o artista, o pensador político. É uma tradição espiritual que ele conserva e eleva a um grau superior, ainda que a______ vocação política se alie ______ sensibilidade artística.

(Baseado em Graça Aranha)

a) essência origens se acentua essa a

b) riqueza raízes se acentua esta à

c) carreira influências marca-se tal à

d) qualidade raízes acentua-se esta a

e) vivência raízes acentua-se essa à

11 - (FCC/TRT 3ª Região – Técnico Judiciário / Janeiro 2005)

Em cada um dos segmentos abaixo, a substituição da expressão grifada pelo pronome correspondente está INCORRETA em:

(A) para oferecer trabalho = para oferecê-lo.

(B) evocar a lembrança de outro colega = evocar-lhe a lembrança.

(C) tomaram caminhos paralelos = tomaram-nos.

(D) a ocupar boa parte de minha vida = a ocupar-lhe.

(E) cativava inteligências e paladares = cativava-os.

12 - (FCC/TCE MA – Analista / Novembro 2005)

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A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores, ...... cobrem toda a região. ...... evapora rapidamente, causando mais chuva, o que não ocorre em áreas desmatadas, ...... solo é pobre em matéria orgânica.

As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por

(A) onde - A chuva - que o

(B) nas quais - Aquela chuva - cujo

(C) em que - A água da chuva - que o

(D) que elas - Essa chuva - aonde

(E))que - Essa água - cujo

13 - (FCC / INSS MEDICO / 2006)

O único segmento grifado que NÃO está empregado em conformidade com o padrão culto escrito é:

(A) Não é muito agradável estar com aqueles meus primos, porque eles falam ininterruptamente de si.

(B) Esse é o tipo de questão que você terá de resolver com nós mesmos.

(C) A fim de não encontrá-lo no consultório, deixei para ir no dia seguinte.

(D) Ele preencheu o formulário de modo inadequado, é onde o coordenador chamou sua atenção.

(E) Cabelos cacheados e sedosos moldam-lhe o rosto afilado e claro.

14 - (FCC / TRE PI / 2002)

Afianço- ...... que V.Sa ...... grande influência na resolução do problema que submeto a ...... exame.

(A) lhe - terá - seu

(B) vos - terá - vosso

(C) lhe - tereis - seu

(D) vos - tereis - vosso

(E) lhe - terá - vosso

15 - (FGV / Ministério da Cultura /2006)

Foto dos Sonhos

O engenheiro colombiano Joaquín Sarmiento trabalhava em Nova York e se sentia, muitas vezes, solitário. Era mais um daqueles imigrantes nostálgicos. Para ocupar as horas vagas, decidiu aprender fotografia. Estava, nesse momento, descobrindo um novo ângulo para a sua vida, sem volta. A vontade de se aventurar pela América Latina tirando fotos fez com que ele deixasse para sempre a paisagem nova-iorquina, aposentasse sua carreira de engenheiro e transformasse Paraisópolis, uma das maiores favelas paulistanas, em seu cenário cotidiano. "Estou ficando sem dinheiro, mas é uma bela aventura."

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Depois de três anos nos Estados Unidos, voltou para Bogotá, planejando trabalhar em obras de infra-estrutura.

Mudou de idéia. Com 26 anos, percebeu que o hobby que tinha adquirido em Nova York se convertera em paixão. No final de 2004, veio com sua família para duas semanas de férias em São Paulo. "Como sempre tive muito interesse em estudar a América Latina, fui ficando." Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis.

Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba.

"Resolvi registrar esse convívio e, aos poucos, ia me embrenhando na favela para conhecer seus personagens."

O que era, inicialmente, para ser um cenário fotográfico virou uma espécie de laboratório pessoal. Joaquín sentiu-se estimulado a dar oficinas de fotografia a jovens e crianças de Paraisópolis. "Descobri mais um ângulo das fotos: o ângulo de ensinar a olhar." Lentamente, naquele espaço, temido por muitos, Joaquín ia se sentindo em casa. "Há um jeito muito similar de acolhimento dos latino-americanos, apesar de toda a violência."

Sem saber ainda direito como vai sobreviver – "as reservas que acumulei em Nova York estão indo embora" –, ele planeja as próximas paradas pela América do Sul. Mas, antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil. Até lá, está aproveitando a internet (www.joaquinsarmiento.com) para mostrar algumas das imagens fotográficas que documentam seus trajetos.

(Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006)

Desse (L.17) tem valor:

(A) anafórico.

(B) catafórico.

(C) dêitico.

(D) adverbial.

(E) substantivo.

16 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)

A alternativa que mostra uma construção equivocada é:

(A) São locais de que nunca mais nos esquecemos;

(B) Li, nas férias, os romances de cujos autores falamos;

(C) Aqui estão as músicas cujos autores aprecio;

(D) Aqui estão as idéias contra cujos autores me insurgi;

(E) Comprei os livros de que tanto gosto de ler.

17 - (NCE UFRJ / BNDES/ 2005)

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Num pequeno texto distribuído por moradores de um condomínio da Zona Sul do Rio de Janeiro apareciam as seguintes frases:

- “os condôminos cujas reclamações o síndico não deu atenção...”

- “os itens que não foram discutidos os pontos principais...”

Sobre essas frases pode-se afirmar, em termos de correção gramatical, o seguinte:

(A) as duas frases apresentam perfeita estruturação gramatical;

(B) as duas frases apresentam o mesmo tipo de erro gramatical;

(C) só a primeira frase apresenta estrutura gramatical inadequada;

(D) só a segunda frase apresenta estrutura gramatical inadequada;

(E) as duas frases apresentam erros gramaticais de tipos diferentes.

18 - (FCC / ICMS SP / 2006)

Nessa compulsória liberdade, de que fala o filósofo (...).

Numa nova redação da frase acima, mantém-se corretamente a expressão sublinhada caso se substitua fala o filósofo por

(A) se refere o filósofo.

(B) cuida o filósofo.

(C) investiga o filósofo.

(D) aflige o filósofo.

(E) disserta o filósofo.

19 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004)

Indique a opção em que somente a palavra “cujo” preenche corretamente a lacuna, de acordo com a norma culta.

(A) O escritor _________ estilo eu não gosto vai lançar mais duas obras este ano.

(B) A empresa _________ o nome foi decidido em Assembléia vai ser inaugurada amanhã.

(C) A professora _________ livro foi reeditado trabalhou em uma universidade estrangeira.

(D) A universidade _________ vestibular meu filho se preparou fica no centro da cidade.

(E) O rapaz, o _________ pai encontrei, trabalha na minha empresa. 20 – (FCC/TCE SP/ Dezembro 2005)

As expressões de que e com que preenchem corretamente, nessa ordem, as lacunas da frase:

(A))O prestígio ...... o texto de Maquiavel desfruta até hoje é merecido, pois é um tratado político ...... muitos têm muito a aprender.

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(B) As qualidades morais ...... muitos estavam habituados a considerar como tais foram substituídas pelas políticas, no tratado ...... Maquiavel tornou uma obra basilar.

(C) Os valores abstratos ...... muita gente costuma cultuar não tinham, para Maquiavel, qualquer aplicação ...... pudesse se valer na análise da política.

(D) O adjetivo maquiavélico, ...... muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém, ganhou uma acepção ...... costumam discordar os cientistas políticos.

(E) A leitura de O Príncipe, ...... muita gente até hoje se entrega, interessa a todos ...... se sintam envolvidos na lógica da política.

21 – (UnB CESPE / Banco do Brasil /2003)

Texto II

A sociedade brasileira clama por transformações e a esperança tornou-se palavra-chave desses novos tempos.

A superação dos graves problemas que afligem o povo brasileiro, como a fome e a miséria, é o principal desafio do novo governo.

Vencer as desigualdades faz parte de uma estratégia e de um novo modelo de desenvolvimento para o país, que pode dispor, para tanto, da imensa riqueza natural de nossa Nação.

A construção de um novo momento histórico é um compromisso que deve estar pautado em todas as ações de governo. Nesse contexto é que afirmamos o direito da sociedade brasileira à informação e à educação. O caminho, portanto, é o da inclusão social, momento em que deve ser construída uma nova cultura embasada nos direitos fundamentais da vida humana, fortalecidos na concepção e na prática de uma nova política social e econômica para o país.

Julgue o item a seguir, relativo ao texto II e ao tema por ele abordado.

- Na linha 6, o pronome relativo “que” tem como referente “desigualdades” (R.5).

22 – (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2002)

Sabemos hoje que as identidades culturais não são rígidas nem, muito menos, imutáveis. São resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação. Mesmo as identidades aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país africano, país latino-americano ou país europeu, escondem negociações de sentido, jogos de polissemia, choques de temporalidades em constante processo de transformação, responsáveis em última instância pela sucessão de configurações hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais identidades. Identidades são, pois, identificações em curso.

Sabemos também que as identificações, além de plurais, são dominadas pela obsessão da diferença e pela hierarquia das distinções. Quem pergunta pela sua identidade questiona as referências hegemônicas mas, ao fazê-lo, coloca-se na posição de outro e, simultaneamente, em uma situação de carência e por isso de subordinação.

Em relação aos elementos do texto, julgue a seguinte assertiva.

• O emprego do infinitivo verbal na estrutura sintática “ao fazê-lo” (R.13) sofre contração com o pronome pessoal que o completa como objeto direto.

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23 – (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2002)

A maioria dos primeiros textos que foram escritos para descrever terra e homem da nova região levam a assinatura de portugueses. Respondem às próprias perguntas que colocam, umas atrás das outras, em termos de violentas afirmações eurocêntricas. A curiosidade dos primeiros colonizadores é menos uma instigação ao saber do que a repetição das regras de um jogo cujo resultado é previsível. Os nativos eram de carne-e-osso, mas não existiam como seres civilizados, assemelhavam-se a animais. Na Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita a el-rei D. Manuel, observam-se melhor as obsessões dos portugueses, intrusos assustados e visitantes temerosos, que desembarcam de inusitadas casas flutuantes, do que as preocupações dos indígenas, descritos como meros espectadores passivos do grande feito e do grande evento que é a cerimônia religiosa da missa, realizada em terra. Não é, pois, por casualidade que a primeira metáfora para descrever a condição do indígena recém-visto é a “tábula rasa”, ou o “papel branco”. Eis uma boa descodificação das metáforas: eles não possuem valores culturais ou religiosos próprios e nós, europeus civilizados, os possuímos; não possuem escrita e eu, português que escrevo, possuo. Mas da tábula rasa e do papel branco trazia o selvagem, ainda dentro do raciocínio etnocêntrico, a inocência e a virtude paradisíacas, indicando que, no futuro, aceitariam de bom grado a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa, estaria ao mesmo tempo impondo os muitos valores que nela circulam em transparência.

Em relação aos elementos do texto, julgue a seguinte assertiva.

• Em “impô-los” (R.18), a forma pronominal enclítica estabelece coesão ao referir-se a “valores culturais ou religiosos” (R.14) e “escrita” (R.15).

24 - (FUNRIO/FURP SP/2009)

Indique a alternativa em que, de acordo com a variedade padrão da Língua Portuguesa, está corretamente colocado o pronome pessoal oblíquo.

A) Contaria-me tudo se soubesse os detalhes do caso.

B) Se levantou assim que o telefonou tocou.

C) Nunca soubemos quem prejudicou-nos na escolha.

D) Por educação, você lhe deveria ter cedido o lugar.

E) Em tratando-se de reconhecimento, ele deixa muito a desejar.

25 – (FUNRIO/IDENE – ANALISTA/2009)

Está correto o emprego da expressão destacada entre parênteses, ao final da frase

A) Tirar areia do rio e cortar lenha são atividades a que o cronista se entregaria com amor. (a que)

B) Ele julga ridícula a tira de pano colorido do qual se pretende ficar elegante. (do qual)

C) A pessoa cujo o nome anotamos, significará de fato algo para nós? (cujo o)

D) Com que providências haveremos de tomar, para mudar nossa vida? (Com que)

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E) O ribeirão e o boi, aos quais o cronista deseja pactuar, são exemplos de simplicidade (aos quais)

26 – (FUNRIO/JUCERJA – ADMINISTRADOR/2008)

Operário em construção (fragmento)

Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

Ele subia com as casas

Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia

De sua grande missão:

Não sabia, por exemplo

Que a casa de um homem é um templo

Um templo sem religião

Como tampouco sabia

Que a casa que ele fazia

Sendo a sua liberdade

Era a sua escravidão.

De fato, como podia

Um operário em construção

Compreender por que um tijolo

Valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava

Com pá, cimento e esquadria

Quanto ao pão, ele o comia...

Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia

Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento

Além uma igreja, à frente

Um quartel e uma prisão:

Prisão de que sofreria

Não fosse, eventualmente

Um operário em construção.

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(MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Org.Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,2004, p.461.)

Considere as afirmações a seguir sobre o emprego dos pronomes nos versos.

I. “Era ele que erguia casas” – pronome pessoal reto, em função de sujeito.

II. “Que lhe brotavam da mão.” – pronome pessoal oblíquo, em função de objeto indireto.

III. “Que a casa que ele fazia” – pronome relativo, em função de objeto direto.

IV. “Sendo a sua liberdade” – pronome possessivo, em função de adjunto adnominal.

É correto apenas o que se afirma na alternativa:

A) I e II.

B) I e III.

C) I, II e IV.

D) I, III e IV.

E) I, II e III.

27 – (UNISUL/Prefeitura Municipal de Garopaba-SC Advogado/2009)

Para que ninguém a quisesse

Porque os homens olhavam demais para sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, das gavetas tirou todas as jóias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.

Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.

Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.

Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.

Marina Colasanti (in Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Roco, 1986, p. 112)

Na sentença “[...] pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos”, o pronome oblíquo desempenha a função de:

A) objeto indireto, substituindo “a ela”.

B) objeto direto, substituindo “para ela”.

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C) objeto indireto, substituindo “para ela”.

D) adjunto adnominal, substituindo “dela”.

E) adjunto adverbial, substituindo “nela”.

28 – (FGV/ ICMS RJ-2 / 2008)

Essa é a razão que socorre o homo oeconomicus, que pensa em sua conveniência econômica e não reconhece nenhum dever moral de conduta. No seu entender, é lícito tudo que o beneficia.

Com base na frase “No seu entender, é lícito tudo que o beneficia”, analise os itens a seguir:

I. O pronome “seu” tem valor anafórico.

II. O sujeito do verbo “beneficia” é “tudo”.

III. O sujeito do verbo “é” é oracional.

Analise:

(A) se somente o item I estiver correto.

(B) se todos os itens estiverem corretos.

(C) se somente os itens II e III estiverem corretos.

(D) se somente os itens I e II estiverem corretos.

(E) se somente os itens I e III estiverem corretos.

29 – (FGV/ ICMS RJ-2 / 2008)

“Ainda não se enxerga horizonte visível para fixação de padrões éticos no campo tributário brasileiro, porque essa meta demanda uma ampla reestruturação de relacionamentos entre os fiscos e os contribuintes. O cidadão brasileiro, ao menos no plano cultural, não inclui o pagamento de impostos entre os deveres fundamentais. Não causa estranheza o empresário afirmar, sem nenhum sentimento de culpa, que deixou de pagar os impostos porque a ‘crise’ o obrigou a optar entre o recolhimento de impostos e o pagamento aos fornecedores e empregados. Dito de outra forma, o pagamento de impostos ainda não é um valor definitivamente incorporado à vida nacional.”

A respeito do trecho acima analise os itens a seguir:

I. No trecho “O cidadão brasileiro, ao menos no plano cultural, não inclui o pagamento de impostos entre os deveres fundamentais”, o vocábulo entre poderia ser substituído, sem alteração de sentido da frase, por dentre.

II. A expressão “sem nenhum sentimento de culpa” é redundante.

III. O pronome “essa” tem valor dêitico.

Assinale:

(A) se somente os itens I e II estiverem corretos.

(B) se somente os itens II e III estiverem corretos.

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(C) se somente os itens I e III estiverem corretos.

(D) se todos os itens estiverem corretos.

(E) se nenhum item estiver correto.

30 - (FGV/PREF.ANGRA DOS REIS – Auditor / 2010)

1. Fico desnorteado quando escuto falar de

aquecimento global.

Ouço as justificativas dos que o consideram

uma ameaça à vida na Terra e fico com a impressão

5. de que estão certos. Depois ouço opiniões

contrárias, opostas até, e não encontro

argumentos para contradizê-las.

O aforismo de que, numa discussão em que

os contendores defendem hipóteses antagônicas, a

10. verdade estará no meio termo, não deve ser

aplicado em ciência pela simples razão de que uma

das partes pode estar completamente equivocada.

É o caso da evolução das espécies por seleção

natural versus criacionismo, por exemplo.

15. A ignorância crassa em climatologia não é a

única culpada de minha incapacidade de

interpretar os estudos que servem de base para

conclusões tão díspares. Os interesses econômicos,

a politização e as paixões envolvidas nesse debate

20. confundem e dificultam o entendimento.

Sem me envolver nessas controvérsias, no

entanto, tomo a liberdade de resumir um artigo

que acaba de ser publicado na revista "The New

England Journal of Medicine" pela infectologista

25. Emily Shuman, da Universidade de Michigan, sob o

título "Mudanças Climáticas Globais e Doenças

Infecciosas".

De forma bem simplificada, leitor, podemos

dizer que as mudanças do clima acontecem como

30. resultado do desequilíbrio entre as radiações que

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penetram e as que deixam a atmosfera. Ao entrar

na atmosfera, parte das radiações solares é

absorvida pela superfície da Terra e reemitida

como radiação infravermelha.

35. Esses raios infravermelhos acabam

absorvidos pelos gases liberados principalmente

pelos combustíveis fósseis (metano, gás carbônico,

óxido nitroso e outros), que deixaram de ser

removidos da atmosfera por causa do

40. desmatamento e da produção excessiva. Como

esse processo de absorção gera calor, recebe o

nome de efeito estufa.

Porque a queima de combustíveis fósseis e

o desmatamento atingiram níveis altos, as

45. temperaturas globais têm subido num ritmo mais

rápido do que em qualquer época, desde que

começaram a ser medidas nos anos 1850. E as

estimativas são de que ainda aumentem de 1,8 °C a

5,8 °C, até o fim deste século.

50. O aquecimento modificará o ciclo da água.

Uma vez que o ar mais quente retém mais água do

que o frio, em algumas regiões haverá muita chuva;

em outras, as secas se repetirão. Tempestades e

ondas de calor insuportável serão cada vez mais

55. frequentes.

Tais variações climáticas terão forte

impacto na incidência das doenças transmitidas por

insetos e naquelas disseminadas através da água

contaminada.

60. Os insetos se tornam mais ativos no calor.

O mosquito da malária, por exemplo, requer

temperaturas acima de 16 °C para completar seu

ciclo de vida e necessita de água para botar os

ovos. Temporadas de calor e chuvas torrenciais

65. poderão causar milhões de novos casos da doença.

Ao contrário, epidemias como as do vírus

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do Nilo Ocidental, doença transmitida ao homem

por mosquitos que picaram pássaros infectados,

costumam disseminar-se nas secas, quando aves e

70. insetos ficam mais próximos dos poucos

reservatórios de água remanescentes.

Já há evidências de que mudanças

climáticas introduziram epidemias em regiões

anteriormente livres delas. É o caso da malária que

75. hoje se espalha pelas terras altas do leste africano

em razão de um clima muito mais quente e úmido

do que o habitual na área.

Da mesma forma, diarreias epidêmicas,

parasitoses intestinais e outras enfermidades

80. transmissíveis por meio da água contaminada têm

sua incidência aumentada, tanto por causa das

dificuldades de saneamento nas secas, quanto por

contaminação com esgotos, lixo e dejetos de

animais durante as enchentes.

85. No ano 2000, a Organização Mundial da

Saúde calculou que doenças atribuíveis a mudanças

climáticas haviam sido responsáveis pela perda de

188 milhões de anos de vida por morte prematura

ou incapacidade física, apenas na América Latina e

90. Caribe; na África, foram 307 milhões de anos; no

sudeste asiático, 1,7 bilhão. Esses números

contrastam com os dos países industrializados: 8,9

milhões.

Independentemente das especulações

95. sobre o futuro do clima, fica claro que os mais

pobres já estão pagando a conta do desmatamento

e das emissões de gases dos países desenvolvidos e

das economias que crescem em ritmo acelerado

como a chinesa e a indiana.

(Drauzio Varella. Folha de S.Paulo, 10 de abril de 2010.)

Esses números contrastam com os dos países industrializados: 8,9 milhões. (L.91-93)

O pronome destacado acima tem valor

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(A) catafórico.

(B) dêitico.

(C) anafórico.

(D) expletivo.

(E) fático.

(FGV/SEFAZ RJ – AUDITOR/2011)

(ADAPTADA NA INDICAÇÃO DAS LINHAS)

Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica

1. No Brasil, embora exista desde 1988 o permissivo constitucional para responsabilização penal das pessoas jurídicas em casos de crimes ambientais (artigo 225, parágrafo 3º), é certo que a adoção, na prática, dessa possibilidade vem se dando de forma bastante tímida, muito em razão das inúmeras deficiências de técnica 5. legislativa encontradas na Lei 9.605, de 1998, que a tornam quase que inaplicável neste âmbito.

A partir de uma perspectiva que tem como ponto de partida os debates travados no âmbito doutrinário nacional, insuflados pelos também acalorados debates em plano internacional sobre o tema e pela crescente aceitação da possibilidade da 10. responsabilização penal da pessoa jurídica em legislações de países de importância central na atividade econômica globalizada, é possível vislumbrar que, em breve, discussões sobre a ampliação legal do rol das possibilidades desse tipo de responsabilização penal ganhem cada vez mais espaço no Brasil.

É certo que a mudança do enfoque sobre o tema, no âmbito das empresas – 15. principalmente, as transnacionais –, decorrerá também de ajustamentos de postura administrativa decorrentes da adoção de critérios de responsabilização penal da pessoa jurídica em seus países de origem. Tais mudanças, inevitavelmente, terão que abranger as práticas administrativas de suas congêneres espalhadas pelo mundo, a fim de evitar respingos de responsabilização em sua matriz.

20. Na Espanha, por exemplo, a recentíssima reforma do Código Penal – que atende diretivas da União Europeia sobre o tema – trouxe, no artigo 31 bis, não só a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica (por delitos que sejam cometidos no exercício de suas atividades sociais, ou por conta, nome, ou em proveito delas), mas também estabelece regras de como essa responsabilização será aferida 25. nos casos concretos (ela será aplicável [...], em função da inoperância de controles empresariais, sobre atividades desempenhadas pelas pessoas físicas que as dirigem ou que agem em seu nome). A vigência na nova norma penal já trouxe efeitos práticos no cotidiano acadêmico e empresarial, pois abundam, naquele país, ciclos de debates acerca dos instrumentos de controle da administração empresarial, 30. promovidos por empresas que pretendem implementar, o quanto antes, práticas administrativas voltadas à prevenção de qualquer tipo de responsabilidade penal.

Dessa realidade legal e da tendência político-criminal que dela se pode inferir, ganham importância, no espectro de preocupação não só das empresas estrangeiras situadas no Brasil, mas também das próprias empresas nacionais, as práticas de criminal 35. compliance.

Tem-se, grosso modo, por compliance a submissão ou a obediência a diversas obrigações impostas às empresas privadas, por meio da implementação de políticas e procedimentos gerenciais adequados, com a finalidade de detectar e gerir os riscos da atividade da empresa.

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40. Na atualidade, o direito penal tem assumido uma função muito próxima do direito administrativo, isto é, vêm-se incriminando, cada vez mais, os descumprimentos das normas regulatórias estatais, como forma de reforçar a necessidade de prevenção de riscos a bens juridicamente tutelados. Muitas vezes, o mero descumprimento doloso dessas normas e diretivas administrativas estatais pode conduzir à responsabilização 45. penal de funcionários ou dirigentes da empresa, ou mesmo à própria responsabilização da pessoa jurídica, quando houver previsão legal para tanto.

Assim sendo, criminal compliance pode ser compreendido como prática sistemática de controles internos com vistas a dar cumprimento às normas e deveres ínsitos a cada atividade econômica, objetivando prevenir possibilidades de responsabilização penal 50. decorrente da prática dos atos normais de gestão empresarial.

No Brasil, por exemplo, existem regras de criminal compliance previstas na Lei dos Crimes de Lavagem de Dinheiro – Lei 9.613, de 3 de março de 1998 – que sujeitam as pessoas físicas e jurídicas que tenham como atividade principal ou acessória a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros, compra e venda de 55. moeda estrangeira ou ouro ou títulos ou valores mobiliários, à obrigação de comunicar aos órgãos oficiais sobre as operações tidas como “suspeitas”, sob pena de serem responsabilizadas penal e administrativamente.

Porém, sofrendo o Brasil os influxos de modelos legislativos estrangeiros, assim como estando as matrizes das empresas transnacionais que aqui operam sujeitas às normas 60. de seus países de origem, não tardará para que as práticas que envolvem o criminal compliance sejam estendidas a diversos outros segmentos da economia. Trata-se, portanto, de um assunto de relevante interesse para as empresas nacionais e estrangeiras que atuam no Brasil, bem como para os profissionais especializados na área criminal, que atuarão cada vez mais veementemente na prevenção dos riscos da 65. empresa. (...)

(Leandro Sarcedo e Jonathan Ariel Raicher. In: Valor Econômico. 29/03/2011 – com adaptações)

Assinale a alternativa em que se tenha indicado INCORRETAMENTE a relação entre vocábulo e o termo a que ele se refere.

(A) delas (L.24) – das atividades sociais

(B) a (L.5) – Lei 9.605

(C) sua (L.19) – das empresas

(D) seus (L.17) – das empresas

(E) dela (L.32) – da tendência político-criminal

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GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO

01 – C

Em relação aos pronomes, estão em jogo os seguintes aspectos: uso do pronome oblíquo adequado à regência (os/lhes) e colocação pronominal (um dos pontos mais importantes dessa aula).

Primeira oração: Os fãs cercaram os cantores.

Como o complemento (os cantores) se liga ao verbo de forma DIRETA (objeto direto), o pronome oblíquo adequado seria “os”. Assim, em função da forma nasal com que termina o verbo, o pronome recebe a letra n.

Por isso, a oração seria: Os fãs cercaram-nos.

Só por essa, já descobrimos a resposta: C

Mesmo assim, vamos continuar.

Segunda oração: Não pôde dar a informação aos repórteres.

Agora, o complemento é INDIRETO, antecedendo-o a preposição a.

Por isso, o pronome adequado é “lhes”.

Agora, vamos verificar a colocação pronominal.

Temos uma locução verbal (PODER + DAR) cujo verbo principal está no infinitivo.

Assim, as possibilidades de emprego do pronome são:

• Não lhes pôde dar a informação.

• Não pôde dar-lhes a informação.

Vimos que a norma culta condena o pronome “solto” no meio da locução (em próclise ao verbo principal).

Da mesma forma, não pode haver ênclise do pronome em relação ao verbo auxiliar (Não pôde-lhes dar) por força da atração que o advérbio “não” exerce, levando à próclise.

Estariam corretas, portanto, as formas apresentadas nas opções a, c, d.

Só para praticar mais um pouquinho: como ficaria a contração dos pronomes que iriam substituir “a informação” e “aos repórteres”? Resposta: lha (lhe + a) – Não pôde dar-lha ou Não lha pôde dar. Lindo isso, não é???

3ª oração: Não se sabe quando receberão a restituição desses valores.

Como o elemento sublinhado é o objeto direto, o pronome que o substitui é “a”.

Cuidado! O verbo está no futuro do presente (receberão). Como vimos, é um caso de proibição a colocação do pronome após particípio, futuro do presente e futuro do pretérito.

Por isso, a única possibilidade é a próclise, uma vez que antes do verbo temos uma palavra invariável: quando a receberão.

02 – B

Na locução verbal, o pronome está corretamente em ênclise ao verbo auxiliar: foram-lhe entregues.

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O que está errado nas demais opções?

a) A forma “seriam” está no futuro do pretérito do indicativo. Assim, o pronome não pode estar enclítico ao verbo. Estariam corretas as seguintes construções: “punições lhe seriam impostas” ou “punições ser-lhe-iam impostas”.

c) Agora, o erro é no emprego de crase por não existir contração de preposição com artigo definido feminino. Deve ser empregado o verbo haver na indicação de tempo decorrido: O povo vota há muito tempo sob a influência das elites e dos chefes partidários.

d) Agora, temos erros de ortografia. O advérbio meio, que modifica o adjetivo “preocupada”, deve permanecer inalterado. Além desse erro, está errada a grafia da palavra “repercussões”.

e) Novamente, colocou-se um acento grave indevidamente. Antes de verbos (já vimos) não há artigo definido feminino. Logo, não pode haver crase: Apenas 20% dos deputados estão dispostos a respeitar as conclusões dos relatores dos processos.

03 - D

ACORDO ORTOGRÁFICO: O trema foi abolido. Ele, no entanto, permanece nos nomes estrangeiros e nas palavras aportuguesadas derivadas destes. Assim, a “Giselle Bündchen” continua com tudo no lugar, inclusive o trema (rs…).

O pronome relativo se refere a “personagens”. Eles é que serão tatuados, e não a “cultura pop”.

04 – A

ACORDO ORTOGRÁFICO: A palavra “ideia” não recebe mais acento agudo.

1ª assertiva: VERDADEIRA

O pronome oblíquo está sendo usado com valor possessivo, retomando o substantivo morte. Para a análise, transcreve-se parte do texto:

Era a primeira vez que eu via morrer alguém. Conhecia a morte de outiva; quando muito, tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver, que acompanhei ao cemitério, ou trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica dos professores de cousas antigas, — a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates, a orgulhosa de Catão.

Note a passagem: Conhecia a morte ... tinha-a visto (visto a morte) ... trazia-lhe a idéia embrulhada

O verbo trazer é transitivo direto. Seu complemento é “a idéia”. Mas que idéia é essa? É a idéia da morte. Note a relação de subordinação entre os dois substantivos (idéia da morte / sua idéia). O pronome lhe, na verdade, tem esse mesmo valor: trazia a idéia da morte embrulhada.

Por isso, está CORRETA a afirmação de que o pronome oblíquo lhe retoma por substituição coesiva o vocábulo “morte” (evitando, assim, sua repetição).

2ª assertiva: FALSA

Esse advérbio não é tão poderoso como o examinador sugere. Ele só exerceria influência na posição do pronome no caso de este pertencer à locução “pode viver”, e mesmo assim na posição enclítica ao verbo auxiliar (“não se pode viver”). O que se

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observa é que o pronome “me” acompanha a forma verbal “disse”, pertencente a outra oração. Assim, está INCORRETA tal assertiva.

3ª assertiva: VERDADEIRA

Essa assertiva retoma a análise feita em relação à primeira. Como observamos naquele item, o pronome “a” substitui a palavra morte.

4ª assertiva: FALSA

O que acontece quando uma palavra invariável se apresenta próxima de um verbo acompanhado de um pronome (sem pausa)?? A palavra invariável atrai o pronome e obriga a próclise.

Na oração “tudo aquilo me pareceu obscuro”, o pronome acompanha o verbo parecer (pareceu-me obscuro). Contudo, a proximidade, não de uma, mas de duas palavras invariáveis leva à colocação do pronome antes do verbo: “tudo aquilo me pareceu...”. Não há outra posição para o pronome que não seja essa. Portanto, está incorreta a afirmação de que poderia haver mudança de colocação deste.

05 – A

Ótima questão de prova.

Pleonasmo é o emprego de palavras causando uma redundância. Existem dois tipos de pleonasmo: o vicioso, que resulta, muitas vezes, do desconhecimento do significado das palavras (hemorragia de sangue / elo de ligação), devendo ser evitado; e o estilístico, usado para enfatizar os elementos frasais (Ele vive uma vida de nababo).

A questão apresenta o segundo, exigindo que se observem as regras gramaticais, especialmente de concordância, em relação aos pronomes envolvidos.

A) O núcleo do objeto direto é tendência. Assim, o pronome que lhe faz as vezes é o pronome átono “a”. Na substituição, houve um erro de concordância: “um estado emocional patológico pode intensificá-las ��� intensificar a tendência às ilusões.

Esse foi o gabarito. O certo seria intensificá-la (a tendência).

B) No lugar de “percepções” (objeto direto do verbo transformar), foi empregado corretamente o pronome “as”, feito o devido ajuste decorrente do encontro com a forma verbal terminada em “r”: tem o poder de transformá-las � transformar nossas percepções.

C) Como o verbo haver é impessoal (não possui sujeito) e transitivo direto (o que o acompanha é o objeto direto), em substituição a “lobos”, cabe o pronome oblíquo “os”. Diante da proximidade com a palavra invariável “não” (advérbio), ocorreu a próclise: diz-se comumente que não os há ��� que não há lobos.

Aprofundando a análise, note que, antes do advérbio, há também uma outra palavra invariável: a conjunção que. Assim, havia mais uma possibilidade de colocação pronominal, em que o pronome se posiciona entre duas palavras invariáveis contíguas (isto é, seguidinhas). Não se assuste se esta construção aparecer – está certa: diz-se comumente que os não há. O nome é APOSSÍNCLISE.

D) A palavra masculina sintoma (o sintoma) deve ser substituída pelo pronome oblíquo “o”, uma vez que o verbo constituir é transitivo direto.

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A “pegadinha” dessa opção era o fato de o pronome demonstrativo “mesma” se referir, não a “sintoma”, mas a “ilusão”. A expressão “por si mesma”, no período, equivale a “isoladamente”. Colocando a expressão no início do período, vemos mais claramente essa relação: Por si mesma, a ilusão não o constitui � não constitui sintoma de doença mental. Por isso, está correta a substituição.

06 - A

O substantivo “moça” é o referente do pronome relativo “que” nas duas passagens subsequentes: “que lhe é inacessível” = “a moça lhe é inacessível” e “que ele idealiza” = “ele idealiza a moça”, bem como o pronome “ela”, contraído com a preposição “de” em “dela” = “fazendo da moça o mito de sua vida.”.

Está correta a afirmação da letra A.

(B) O pronome possessivo “seu” (“fala também de seu amor por Carmélia”) tem por referente Belmiro, presente no período anterior, assim como o pronome “sua”, em “o mito de sua vida”. Os dois pronomes têm, portanto, o mesmo referente. Vimos que os pronomes possessivos se flexionam em gênero e número para se harmonizarem com seus termos subsequentes (seu amor / sua vida).

(C) A passagem “moça que lhe é inacessível” equivale a “a moça é inacessível a ele (Belmiro)”. Logo, o pronome “lhe” não se refere a “moça”, mas a “ele / Belmiro”.

(D) Como vimos no comentário acima, o pronome “lhe” equivale a “a ele” e não “com ele”.

(E) Não pode uma estrutura de voz ativa (ele idealiza a moça) ser substituída, sem prejuízo, pela forma passiva “que é idealizado”, uma vez que o objeto direto (que passa a ser o sujeito na voz passiva) é “moça” e não “ele”. Assim, se houvesse a transposição de vozes, a forma passiva seria “que é idealizada” (a moça = adjetivo no feminino).

07 - Item INCORRETO

O segmento objeto de análise é:

“De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais.”

O pronome pessoal oblíquo faz referência a “seus resultados”. Substituindo os termos, então, a oração seria “tornando seus resultados referências nacionais”, havendo um verbo transobjetivo (tornar) que exige dois complementos: objeto direto (seus resultados) e predicativo do objeto direto (referências nacionais).

A supressão sugerida poderia levar a uma ambiguidade indesejada: não se saberia o que foi considerado “referências nacionais”, se as práticas e rotinas de gestão, se as instituições públicas selecionadas, se seus resultados, causando prejuízo à coerência textual. Essa é a função do pronome oblíquo na oração.

08 - Item INCORRETO

Como mencionamos, as bancas, especialmente CESPE UnB e ESAF, exigem que o candidato saiba identificar as referências dos pronomes.

Na maioria das vezes, é indispensável a compreensão do texto, como nessa questão, com o pronome possessivo seu.

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A segunda oração é subordinada adjetiva: “as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis”.

Tanto “extrato”, como “autógrafo” são elementos que fazem parte dos contratos. O arquivo cronológico dos autógrafos apostos nos contratos e o registro sistemático de seu extrato serão mantidos pelas repartições.

Assim, os pronomes possessivos têm por referente “os contratos e seus aditamentos”, da oração principal (“os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas”).

09 - E

Em questões como essas, talvez a maior dificuldade esteja na compreensão textual, decisiva para a identificação dos termos referentes.

Uma paráfrase para o último período do texto é: “A razão instrumental da ciência e técnica positivista, que antes era parte da razão iluminista, com o tempo se tornou autônoma, indo de encontro às suas próprias tendências emancipatórias.”.

Assim, nota-se que tanto o “ela”, da linha 9, quanto o “suas”, da linha 10, têm por referente “razão instrumental”.

10 - A

O preenchimento das duas primeiras lacunas não iria nos ajudar a resolver a questão, pois ambas envolvem vocabulário.

A partir da 3ª lacuna, começamos a desvendar o mistério. T um dos pontos mais incidentes em questões que envolvem pronomes – COLOCAÇÃO PRONOMINAL.

A partir da conjunção “e”, logo após a segunda lacuna, há uma oração subordinada adverbial conclusiva: “... é por isso que nele ______ ... o pensador político.”.

Não se preocupe por enquanto com essa terminologia. Iremos estudar mais a fundo os períodos compostos. Por ora, basta-nos saber que, em orações subordinadas (como a que temos aí), a próclise é obrigatória. Por isso, a forma que preenche a lacuna é “se acentua”.

Há somente duas opções que oferecem essa construção: a e b (já temos 50% de chances de ganhar o ponto!).

A quarta lacuna é preenchida por um pronome demonstrativo que se refere um termo mencionado na passagem anterior do texto (a vocação política pertencia ao pensador político, Nabuco). Esse é o uso anafórico do pronome demonstrativo.

O pronome, por fazer referência a algo do passado, deve ser usado na forma ESSA: “... ainda que essa vocação política se alie...”.

5ª) O termo regente aliar, na construção, é pronominal (eu me alio, tu te alias, ele se alia) e transitivo indireto, exigindo a preposição a (“Alguém se alia a outrem.”).

Deve-se ler todo o período para se verificar qual seria o termo regido.

Vamos lá. O segmento é:

“É uma tradição espiritual que ele conserva e eleva a um grau superior, ainda que a essa vocação política se alie ____ sensibilidade artística”.

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Percebe-se que o “a” que a antecede “essa vocação” só pode ser uma preposição, não poderia ser um artigo definido. Quer ver? Vamos colocar a expressão “essa vocação política” como sujeito de uma oração: “Essa vocação política surgiu ainda na adolescência”. Haveria alguma possibilidade de se colocar um ARTIGO DEFINIDO FEMININO antes do pronome “essa” (A essa vocação política surgiu...)? Não!

Então, esse “a” que antecede a penúltima lacuna é uma preposição, exigida pelo verbo “aliar-se”. O termo regido, portanto, é essa vocação política.

Colocando na ordem direta, a construção seria: “... ainda que a sensibilidade artística se alie a essa vocação política ...”

Percebe-se, assim, que “sensibilidade artística” é o sujeito da oração e sujeito não admite ser iniciado por preposição (se existir preposição, ela pertence a outra oração que não a desse sujeito).

Conclusão: esse a não é acentuado.

A resposta foi a letra a – “essência / origens/ se acentua / essa / a”.

11 – D

O que está incorreto na opção (D) é o emprego do pronome “lhe” em substituição ao complemento direto “boa parte da vida”. Como o verbo é transitivo direto, correta estaria a construção: a ocupá-la.

Vamos começar pela opção (B). Esse assunto já foi objeto de comentário na questão 04 - emprego do pronome oblíquo com valor possessivo.

Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são usados para representar um nome (substantivo), evitando, assim, sua repetição. Podem se ligar ao verbo por hífen (ênclise ou mesóclise) ou sem este sinal (próclise), e sua colocação é assunto recorrente em provas de concursos públicos.

No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor possessivo. Vamos ao exemplo presente na opção (B), considerada correta.

“Evocar a lembrança de outro colega” – a expressão sublinhada tem valor possessivo, equivalente a “sua” (evocar a sua lembrança), ou seja, a lembrança que se tem dele. No lugar da expressão, foi empregado corretamente o pronome oblíquo – evocar-lhe a lembrança. Observe que, mesmo que o substantivo estivesse no plural (lembranças), o pronome permaneceria no singular por estar em correlação com “colega” (Evocar-lhe as lembranças).

As demais opções abordam o emprego dos pronomes oblíquos como objetos diretos ou indiretos. Como vimos inúmeras vezes, o pronome “o” (e flexões) só é empregado quando o complemento for direto (sem preposição obrigatória), enquanto que “lhe” (e flexões) é usado em objetos indiretos (com preposição).

Quando os pronomes o, a, os, as são empregados após o verbo cuja terminação seja r, s, z, ao pronome é agregada ao pronome a letra L (lo, la, los, las) e o r, s, z ‘caem’. Processo parecido acontece com o pronome oblíquo nos, diferenciando-se apenas no fato de não haver alteração gráfica no pronome, que se mantém “nos” (“Reportamo-nos a V.Sa. no intuito de...”).

Exemplo: opção (A) para oferecer trabalho = para oferecê-lo.

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Em relação à acentuação, já comentamos na aula de ortografia que este verbo é entendido como um vocábulo independente, devendo obedecer às regras: oferecê = oxítona terminada em “e”.´

Se o pronome dividir o verbo em duas partes, cada parte será analisada, para fins de acentuação, como se um único vocábulo formasse.

Exemplo: Nós distribuiríamos o medicamento.

Em mesóclise: DISTRIBUIRÍAMOS + O = DISTRIBUIR + O + ÍAMOS

A letra “r” cai e o pronome “o” vira “lo” = distribui-lo-íamos.

Agora, vamos à acentuação:

No “pedacinho” distribui , a sílaba tônica recai no “i”. Como segunda vogal do hiato, deve ser acentuada = distribuí (com acento agudo no “i”)

O outro “pedaço” - íamos - recebe acento por ser uma proparoxítona.

Assim, a forma verbal correta é: distribuí-lo-íamos.

Quando o verbo termina de forma nasal (-m, -ão, -õe), aos pronomes o, a, os, as é acrescentada a letra “n”.

Exemplo: opção (C) – tomaram caminhos paralelos = TOMARAM + O = tomaram-nos. Observe que, fora do contexto, não temos como afirmar se o “nos” em “tomaram-nos” é o pronome oblíquo “os” ou “nos” (“tomaram a nós”).

A opção (E) não apresenta maiores dificuldades – no lugar do objeto direto “inteligência e paladares”, colocou-se o pronome oblíquo os, já que um dos elementos é masculino.

12 - E

Algumas lacunas serão preenchidas com pronomes relativos que iniciam orações adjetivas.

1ª lacuna

Providências a serem tomadas:

1) escolher qual pronome relativo deve ser empregado;

2) verificar se o pronome relativo deve ser antecedido por alguma preposição requerida pelo verbo da oração adjetiva.

A oração adjetiva é: ... cobrem toda a região.

Pergunta: o que cobre toda a região? A dica para a resposta está na flexão verbal (cobrem).

Resposta: as árvores (mencionada na oração imediatamente anterior).

O pronome relativo substitui esse substantivo: As árvores cobrem toda a região.

Como o antecedente é “coisa”, podemos usar o pronome relativo “que”.

Também percebemos que o pronome relativo exerce a função de SUJEITO do verbo cobrir (... árvores que cobrem toda a região...), não devendo ser usada nenhuma preposição.

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Assim, a forma que preenche a primeira lacuna é que: “A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores, que cobrem toda a região.”

A única opção válida é a letra (E). Levaríamos um segundo para resolver a questão, hem? Na hora da prova, nada de perder tempo. Marcou a opção correta e partiu para a próxima. Como aqui estamos fazendo exercícios, vamos analisar as demais lacunas.

2ª lacuna

O que “evapora rapidamente” (verbo no singular)? Resposta: A água da chuva. Essa expressão já foi mencionada na oração anterior e o texto se tornaria repetitivo no caso de apresentá-la novamente. Assim, como elemento de coesão textual, usamos o pronome demonstrativo.

Por ter sido apresentada no início do texto, podemos usar “essa água” (com “ss” de paSSado – lembra?) ou “aquela água” (já que está distante no texto, mas não há essa opção). Observe que o que evapora é a água, e não a chuva (fenômeno atmosférico). Neste ponto, entra a análise semântica, ou seja, o sentido que as palavras empregam ao texto/contexto.

Quando tratamos de pronomes, o sentido (análise semântica) tem um peso fundamental. É a partir do conceito que conseguimos identificar os elementos a que os pronomes se referem.

3ª lacuna

Entre “solo” e “áreas desmatadas” há uma relação de dependência: o solo das áreas desmatadas. Devemos, então, empregar o pronome relativo cujo, que serve para ligar dois substantivos que têm relação de subordinação.

Como o pronome faz parte do sujeito da oração subordinada adjetiva (“O solo das áreas desmatadas é pobre...”), não devemos colocar preposição alguma: “o que não ocorre em áreas desmatadas, cujo solo é pobre em matéria orgânica”.

A ordem será: que / Essa água / cujo. Gabarito: E

13 – D

O pronome relativo onde deve ser usado tendo como referente um lugar ou algo que a isso se assemelhe (página, folha etc.).

Na oração, não há nenhum referente que justifique esse emprego.

A) O pronome oblíquo está sendo usado de modo reflexivo – os primos falam de si mesmos.

B) Está perfeita a construção “com nós mesmos”. Veja a observação do “Quadro-resumo de Pronomes Pessoais”, à página 3.

C) O pronome “o”, em “encontrá-lo”, está corretamente posicionado. Com verbo no infinitivo, a colocação estará sempre certa (desde que não inicie período), mesmo que haja uma palavra invariável. Por isso, são duas as possibilidades: “a fim de não encontrá-lo” e “a fim de não o encontrar”.

E) O pronome oblíquo, mais uma vez, está elegantemente usado com valor possessivo. Os cabelos moldam o rosto dela/dele = moldam-lhe o rosto.

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14 – A

Para nunca errar o emprego de verbos e pronomes com pronomes de tratamento, basta lembrar: tudo o que acontece com você vai acontecer também com os demais pronomes de tratamento (Vossa Senhoria, Vossa Excelência, etc.).

Por isso, os pronomes e os verbos serão usados na 3ª pessoa do singular: Afianço-lhe que V.Sa. (você) terá grande influência na resolução do problema que submeto a seu exame. É só pensar como se fosse o pronome você. Não tem erro!

15 – A

ACORDO ORTOGRÁFICO: A palavra “ideia” não recebe mais acento agudo e não há mais hífen em “infraestrutura”.

O pronome faz referência a um encontro mencionado no texto. Por isso, só havia duas possibilidades de resposta: anafórico (referência anterior - para trás) e catafórico (referência posterior - para a frente).

Vamos ao texto para identificar que encontro é esse:

Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba.

O encontro dos ritmos afros e ibéricos, que formaram a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos como samba.

Como se refere a um elemento do texto que já havia sido apresentado, houve uma referência anafórica - resposta: A.

16 – E

ACORDO ORTOGRÁFICO: A palavra “ideia” não recebe mais acento agudo.

Voltamos a falar sobre pronomes relativos e regência.

Esse será o nosso assunto das próximas questões.

O erro da opção E está na análise: o pronome relativo que substitui o substantivo livros. Vamos ver a qual verbo está ligado este substantivo: “tanto gosto de ler”. O verbo ler é transitivo direto (eu gosto de ler livros); por isso, não deve haver nenhuma preposição a anteceder o pronome relativo: Comprei os livros que tanto gosto de ler.

Veja as demais opções, que estão corretas.

A) O verbo esquecer-se é transitivo indireto e rege a preposição de. Portanto, está correta a construção: “São locais de que nunca mais nos esquecemos”.

Se houvesse a retirada do pronome, o verbo seria esquecer e, portanto, transitivo direto. A construção, nesse caso, seria: “São locais que nunca mais esquecemos”.

Notou a diferença significativa entre uma forma e outra?

B) Há relação de subordinação entre os substantivos romances e autores. Por isso, está correto o emprego do CUJO. Como o verbo da oração adjetiva é “falar”, pode ser

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usada a preposição de, que irá anteceder o pronome relativo: “Li os romances de cujos autores falamos” (= nós falamos dos autores dos romances).

C) Mais uma vez, observamos o correto uso do pronome relativo CUJO. A relação entre autores e músicas permite isso. Como o verbo apreciar é transitivo direto, não há exigência de nenhuma preposição antes do relativo: “Aqui estão as músicas cujos autores aprecio” (= eu aprecio os autores das músicas).

D) Parece que o examinador cismou com o CUJO, não é mesmo? Entre ideias e autores, existe uma ligação (as ideias dos autores). Como o verbo insurgir-se rege a preposição contra, esta é colocada antes do pronome relativo: “Aqui estão as idéias(*) contra cujos autores me insurgi” (eu me insurgi contra os autores das ideias – e não contra as ideias dos autores – CUIDADO NA ANÁLISE!).

17 – B

Mais uma excelente questão de prova.

Aliás, mais do que uma questão, isso é uma sugestão para apre(e)nder os conceitos de nossa língua.

Ao entrar em um elevador, ou passar pela portaria de seu prédio, analise a correção gramatical dos avisos colocados pelo síndico (se você for o síndico, saiba desde já que está sendo julgado pelos demais condôminos, hem? Cuidado com o português!!!).

Vamos criticar o panfleto? Complete a frase: “O síndico não deu atenção...” = a alguma coisa

A regência exige a preposição a.

Pergunta-se: a que o síndico não deu atenção?

Resposta: Ele não deu atenção às reclamações dos condôminos.

Notou a relação entre esses dois substantivos? Pois é. O texto acertou no emprego do CUJO e se esqueceu de colocar a preposição antes desse pronome relativo. Não dá pra acertar sempre, não é? Dá, sim! É só prestar bastante atenção aos passos:

1 – Identificar o pronome relativo adequado;

2 – Verificar se algum termo da oração adjetiva exige alguma preposição que deve anteceder esse pronome relativo.

Depois de corrigida, a oração seria: “os condôminos a cujas reclamações o síndico não deu atenção...”.

Verifica-se erro de regência em relação ao emprego do pronome.

Na segunda oração, há duas análises possíveis.

Na primeira, existe uma relação entre “pontos principais” e “itens”: os pontos principais dos itens (de discussão, provavelmente).

Assim, o pronome correto seria cujo. Acho que o pessoal do condomínio ficou com medo de usar duas vezes o CUJO e errar, mas acabou errando ao não colocá-lo.

A construção correta seria: “os itens cujos principais pontos não foram discutidos...”

Contudo, podemos raciocinar de outro modo.

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Em "os itens que não foram discutidos os pontos principais", se a construção original fosse: "não foram discutidos os pontos principais NOS itens", deveria ter sido empregada a preposição "em" antes do relativo "que", formando: "os itens EM QUE não foram discutidos os pontos principais...").

Nesse caso, também seria observado erro de regência em relação a pronome relativo.

Por isso, a resposta correta é B.

18 – B

O que o examinador quer é saber qual dos verbos rege a preposição de que antecede o pronome relativo que.

a) Alguém se refere a alguma coisa – a que se refere o filósofo.

b) Alguém cuida de alguma coisa – de que cuida o filósofo. Oba! Essa é a resposta!

c) Alguém investiga alguma coisa (transitivo direto) – que investiga o filósofo.

d) Algo aflige alguém (transitivo direto) – que aflige o filósofo (nessa construção, “o filósofo” é o objeto direto, ou seja, ele sofre aflição por causa dessa liberdade).

e) Alguém disserta sobre/acerca de alguma coisa – sobre a qual disserta o filósofo (como a preposição é dissílaba, precisaríamos, também, substituir o “que” por “a qual” (a liberdade).

19 – C

ACORDO ORTOGRÁFICO: A palavra “Assembleia” não recebe mais acento agudo.

Nas orações dos itens a, c e d, está correto o emprego de CUJO, pois existe uma relação de subordinação entre os dois substantivos:

a) estilo do escritor

b) livro da professora

c) vestibular da universidade

d) O problema da opção d está na presença de um artigo antes do termo regente “nome”, formando o condenado “cujo o”. Este pronome relativo já se flexiona para concordar com o termo subsequente. Por isso, constitui erro a presença de um artigo definido.

Na opção e, a presença de um artigo antes da lacuna impossibilita o emprego do pronome, eliminando essa opção.

Em seguida, vamos analisar a regência dos verbos das orações adjetivas para identificar o que seja transitivo direto e, portanto, dispense preposição, mantendo na lacuna apenas o pronome relativo.

a) eu não gosto do estilo do escritor – o verbo gostar exige a preposição de. Assim, a lacuna seria preenchida com de cujo: “O escritor de cujo estilo eu não gosto vai lançar mais duas obras este ano.

b) esta é a resposta certa. A expressão “livro da professora” exerce a função de sujeito da forma verbal (A professora cujo livro foi reeditado = o livro da professora foi editado), dispensando, assim, qualquer preposição.

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c) Meu filho se preparou para o vestibular da universidade. Há exigência da presença da preposição para: “A universidade para cujo vestibular meu filho se preparou...”.

20 - A

Vamos analisar lacuna por lacuna.

(A) “O prestígio ..... o texto de Maquiavel desfruta até hoje” – o verbo desfrutar, na construção, é transitivo indireto com a preposição “de” (Alguém desfruta de alguma coisa); o pronome relativo se refere a “prestígio”. Logo a primeira lacuna deverá ser preenchida com “de que”.

Em seguida, na passagem “pois é um tratado político ..... muitos têm muito a aprender”, devemos analisar a transitividade do verbo principal da locução verbal “ter a aprender”. O verbo aprender, por estar acompanhado do advérbio “muito”, apresenta, na construção, a forma transitiva indireta, acompanhado da preposição “com” (da mesma forma que em “Eu aprendi muito com os meus erros”). Como o pronome relativo substitui a expressão “tratado político”, a construção deveria ser: “pois é um tratado político com que muitos têm muito a aprender”.

Lacunas: de que / com que - esta é a resposta correta.

(B) O verbo “considerar” é transitivo direto. Na oração “Muitos estavam habituados a considerar as qualidades morais” (termo este que será substituído pelo pronome relativo), não há necessidade do emprego de preposição alguma, já que o verbo considerar é transitivo direto.

Assim, a primeira lacuna será preenchida somente com o pronome relativo: “As qualidades morais que muitos estavam habituados a considerar como tais...”.

Na segunda lacuna, o pronome relativo exerce a função de objeto direto do verbo “tornar”. Este verbo é, na construção, transobjetivo, ou seja, além do objeto direto, requer um predicativo do objeto direto (já falamos sobre isso na Aula 2 – Verbos, questão 31).

Após a substituição do pronome relativo pelo substantivo (seu antecedente), a construção seria: “Maquiavel tornou o tratado uma obra basilar”, em que “o tratado” exerce a função de objeto direto e “uma obra basilar”, predicativo do objeto direto. Para deixarmos essa função de objeto direto bastante clara, vamos trocar o substantivo por um pronome oblíquo: “Maquiavel tornou-o uma obra basilar”.

Observe que “obra basilar” tem valor adjetivo (atribui uma qualidade) em relação a “tratado”, e com ele não se confunde.

O predicativo do objeto é uma função necessária à compreensão. Não haveria nexo se este elemento faltasse ao período: “Maquiavel tornou o tratado ...” – a pergunta provavelmente seria: tornou o tratado o quê? O elemento que completa essa oração exerce a função de predicativo do objeto.

Como o objeto direto não requer preposição, na segunda lacuna há somente o pronome relativo: “no tratado que Maquiavel tornou uma obra basilar”.

Lacunas: que / que

(C) “Muita gente costuma cultuar alguma coisa” – o verbo cultuar (principal da locução) é transitivo direto. Assim, na primeira lacuna, há apenas o pronome relativo que se refere a “valores abstratos”: “Os valores abstratos que muita gente costuma cultuar...”.

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No segundo período, o verbo valer-se exige complemento indireto com a preposição “de” (Alguém pode se valer de alguma coisa). Essa preposição irá anteceder o pronome relativo: “qualquer aplicação de que pudesse se valer na análise da política.”.

Lacunas: que / de que

(D) O verbo utilizar é transitivo direto – “muitos utilizam o adjetivo maquiavélico”. Não há necessidade de se empregar preposição alguma – “O adjetivo ‘maquiavélico’, que muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém...”.

Na sequência, o verbo discordar (verbo principal da locução verbal) é transitivo indireto, com a preposição “de” (Alguém discorda de alguma coisa). Observe que a oração está na ordem invertida: “os cientistas políticos” é sujeito: “... ganhou uma acepção de que costumam discordar os cientistas políticos.” (equivalente a “os cientistas políticos costumam discordar da acepção”).

Lacunas: que / de que

(E) Alguém se entrega a alguma coisa – o verbo entregar-se (pronominal) é transitivo indireto com a preposição “a”. Esta preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui “a leitura de O Príncipe”: “A leitura de O Príncipe, a que muita gente até hoje se entrega...”.

Na sequência, temos um caso de regência nominal – o adjetivo “envolvidos” exige a preposição “em” (Alguém se sente envolvido em alguma situação). Esse complemento nominal já está representado por “na lógica da política”. Já o pronome relativo exerce a função de sujeito da oração subordinada adjetiva e se refere a “todos”: “todos se sintam envolvidos na lógica da política”. A construção seria: “... interessa a todos que se sintam envolvidos na lógica da política”.

Lacunas: a que / que

21 – Item INCORRETO

Vamos analisar o segmento em que o pronome relativo em questão aparece.

Vencer as desigualdades faz parte de uma estratégia e de um novo modelo de desenvolvimento para o país, que pode dispor, para tanto, da imensa riqueza natural de nossa Nação.

O verbo dispor é transitivo indireto (Alguém dispõe de alguma coisa).

A primeira dica: a locução verbal está no singular (pode dispor), indicando que o referente também apresenta esse número.

Na sequência, é apresentado o complemento do verbo dispor: “de imensa riqueza natural de nossa Nação”.

Pergunta: “quem” dispõe de imensa riqueza natural de nossa nação?

Resposta: “O país”, mencionado na oração anterior � o país pode dispor (para vencer as desigualdades) da imensa riqueza natural de nossa Nação.

Viu como a compreensão textual é essencial para a solução de questões como essa?

Na hora da prova, não tenha preguiça de voltar ao texto. O objetivo da banca é enganá-lo, e você deve estar preparado para vencer esse desafio.

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22 – Item CORRETO

Finalmente, vemos um caso de pronome oblíquo usado como termo vicário, ou seja, substituindo um termo ou oração mencionada anteriormente.

Isso é muito comum com o verbo fazer. O pronome, nesse caso, serve como complemento do verbo, retomando a ação apresentada no período anterior:

“Quem pergunta pela sua identidade questiona as referências hegemônicas mas, ao fazê-lo, coloca-se na posição de outro (...).” – ao fazer o quê?

Toda a expressão (fazê-lo) se refere a “questiona as referências hegemônicas”.

Está correta, portanto, a afirmação de que o pronome exerce a função de objeto direto do verbo fazer.

23 – Item CORRETO

ACORDO ORTOGRÁFICO: Permanecem com hífen os vocábulos ligados aos elementos AQUÉM, ALÉM, RECÉM, SEM (como em “recém-visto”).

Essa é basicamente uma questão de interpretação.

Os índios eram considerados pelos portugueses “tábula rasa”, ou seja, desprovidos de valores culturais ou religiosos próprios e sem escrita, tudo o que o português possuía. Acreditavam que eles aceitariam “de bom grado, a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa”...

O que seria imposto em língua portuguesa aos índios? Podemos entender que tanto os valores culturais ou religiosos quanto a própria escrita, elementos que os portugueses possuíam e que iriam impor aos índios.

Dessa forma, o pronome retoma, de forma coesa, os elementos textuais anteriormente apresentados. Veja como é importante conhecer a nomenclatura: “forma pronominal enclítica” – essa expressão poderia assustar quem não a conhecesse.

24 – D

Você deve estar se perguntando: “Mas não existe nenhum elemento que exija a próclise; então, a regra não seria a ênclise?”.

Pois é... vimos, sim, que a regra é empregar o pronome após o verbo e só colocá-lo antes deste quando alguma situação assim exigir. Contudo, como não se incorre na construção em nenhum caso de proibição, também não estaria errado o emprego do pronome antes do verbo. Modernamente já se aceita a próclise ainda que não seja obrigatório seu emprego. Isso, aliás, já caiu bastantes vezes em provas de concursos públicos.

Os erros das opções veremos a seguir.

a) Não se emprega pronome após futuro do pretérito do indicativo. Assim, como também não há possibilidade de empregar antes do verbo, a única opção seria a mesóclise: “Contar-me-ia tudo...”.

b) Como vimos no comentário à opção A, não podemos iniciar período com o pronome. O correto seria: “Levantou-se assim...”.

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c) O pronome indefinido “quem” atrai o pronome oblíquo, por estar antecedendo o verbo sem pausa. Assim, deveria estar o pronome proclítico: “Nunca soubemos quem nos prejudicou na escolha.”.

e) A preposição “em”, por ser uma palavra invariável, atrai o pronome oblíquo: “Em se tratando...”. Essa “imposição” não ocorreria se, após a preposição, o verbo estivesse no infinitivo: “Por se tratar...” ou “Por tratar-se...”. Com infinitivo, está sempre certa a colocação, ainda que haja uma palavra invariável, desde que não inicie o período com o pronome átono.

25 – A

Essa questão alia sintaxe de regência com o emprego de pronomes relativos.

Na opção A, está correto o emprego da preposição “a” antes do pronome relativo “que”, o qual retoma o antecedente “atividades”.

A oração adjetiva iniciada por esse pronome relativo, feita a devida substituição, seria: “o cronista se entregaria com amos A (essas) atividades”. Como o vocábulo “atividades” está sendo substituído pelo relativo “que”, a preposição exigida pelo verbo “entregar” irá, então, anteceder o relativo: “... são atividades A QUE o cronista se entregaria com amor.”.

Vejamos, agora, o erro das demais opções.

b) Alguém pretende ficar elegante COM algum enfeite. A preposição adequada seria “com” e não “de”, presente na expressão “do qual”. Assim, corrigida a construção, teríamos: “Ele julga ridícula a tira de pano colorido COM O QUAL se pretende ficar elegante.”.

c) Se surgir em qualquer prova a expressão “cujo o” ou equivalente (cuja a / cujos os...), nem precisa pensar muito – está errado!!! O pronome relativo “cujo” já “absorve” o gênero do substantivo que antecede: “A pessoa cujo nome anotamos...”.

d) A regência do verbo TOMAR não exige a preposição “com”, o verbo é transitivo direto. Assim, o correto seria: “Que providências haveremos de tomar...”.

e) Em relação à pessoa, o verbo PACTUAR rege a preposição “com”: “O ribeirão e o boi, com os quais o cronista deseja pactuar...”. Em relação à coisa pactuada, é transitivo direto: “pactuar direitos e obrigações (coisa) com os seus companheiros (pessoa).”

26 – D

I. “Era ele que erguia casas” – pronome pessoal reto, em função de sujeito.

Certo.

A oração está fora da ordem direta (sujeito – verbo – complemento). De qualquer forma, conseguimos identificar que o sujeito é o pronome “ele”, que, por exercer essa função, é classificado como “pronome pessoal reto”.

II. “Que lhe brotavam da mão.” – pronome pessoal oblíquo, em função de objeto indireto.

Errado.

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Esse é um caso de PRONOME OBLÍQUO COM VALOR POSSESSIVO. Essa seria a opção mais difícil, pois há divergência doutrinária. A maior parte dos gramáticos considera que, por atuar como se fosse um pronome possessivo (“Que brotavam da SUA mão”), o pronome exerceria a função sintática de ADJUNTO ADNOMINAL. Contudo, há um posicionamento minoritário, mas de peso, do mestre Evanildo Bechara, que classifica esse pronome como “objeto indireto de posse”. A partir do gabarito dessa questão, vemos que a banca segue a doutrina majoritária, considerando ERRADA a indicação de “objeto indireto”. Na próxima questão, voltaremos a tratar desse assunto.

III. “Que a casa que ele fazia” – pronome relativo, em função de objeto direto.

Certo.

Para analisar essa oração, temos de reproduzir um segmento maior do texto.

“ Como tampouco sabia / Que a casa que ele fazia / Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão.”

Assim, o primeiro “que” não é um pronome relativo, mas uma conjunção integrante, que introduz a oração que exerce a função de objeto direto do verbo SABER (“... sabia ISSO” – esse será tema de nossa aula sobre CONJUNÇÕES, não se preocupe). Em análise está o segundo “que”, este, sim, um pronome relativo que retoma o substantivo “casa”. Feita a substituição do pronome pelo nome, na oração adjetiva, teríamos: “ele fazia a casa”. Como o pronome relativo “que” retoma “casa”, sua função sintática na oração adjetiva é a de objeto direto (complemento verbal de FAZER).

IV. “Sendo a sua liberdade” – pronome possessivo, em função de adjunto adnominal.

Certo.

A função sintática do pronome possessivo “sua” é ficar “junto ao nome” => ADJUNTO ADNOMINAL.

Assim, estão corretas as proposições I, III e IV � resposta: D

27 – D

A exemplo do que vimos no comentário da questão anterior, seguindo a posição majoritária, a função sintática do pronome oblíquo quando atua como possessivo foi definida como a de ADJUNTO ADNOMINAL, bem como ocorre com o pronome possessivo “seus” em “tosquiou seus longos cabelos”.

28 – A

I – A palavra ANÁFORA designa a repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas, como recurso estilístico de linguagem. Por extensão, indica o processo pelo qual uma palavra retoma outra mencionada anteriormente.

A referência anafórica é a que retoma alguma informação já mencionada no texto. No caso, o pronome “seu” se refere a “homo oeconomicus”, citado no período anterior. ITEM CERTO

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II –O sujeito do verbo BENEFICIAR é o pronome relativo “que”, que se refere, por sua vez, ao pronome “tudo”. Sintaticamente é o relativo, e não o demonstrativo, o sujeito do verbo. ITEM ERRADO.

III – Novamente, a análise sintática está incorreta. Na ordem direta, poderíamos segmentar o período da seguinte forma: ‘TUDO / que o beneficia / É LÍCITO. Agora, sim, o sujeito do verbo SER é “tudo”, apresentando-se sob a forma oracional a identificação do que seria esse “tudo” (“que o beneficia”). ITEM ERRADO

[Não se preocupe com a análise sintática – teremos uma aula “inteirinha” para tratar disso.]

Como somente o primeiro item está correto, a resposta é a opção A.

29 – E

I: Usa-se “dentre” quando houver a possibilidade de emprego das preposições “de” e “entre”, simultaneamente. Na passagem, não há possibilidade de emprego da preposição “de”, o que torna indevido o uso de “dentre”. ITEM ERRADO

II: Não há redundância; trata-se, sim, de uma expressão de reforço à idéia de que não existem padrões éticos no campo tributário brasileiro. ITEM ERRADO

III: O valor do pronome é anafórico (e não “dêitico”), uma vez que “meta” se refere a “fixação de padrões éticos no campo tributário brasileiro”, citado anteriormente.

30 - C

Quando o autor emprega “esses números” é porque os números já foram mencionados anteriormente. A isso se dá o nome de referência anafórica – opção C.

A rigor, nas referências textuais, o emprego dos demonstrativos segue o seguinte padrão:

- para o que já foi mencionado / referência anafórica: ESSE / ESSA / ISSO;

- para o que ainda será mencionado / referência catafórica: ESTE / ESTA / ISTO;

- em relação a dois elementos, podemos usar ESTE/ESSE (e variações) para o termo mais próximo e AQUELE (e variações) para o mais distante.

31 - E

Temos, nessa questão de prova bem recente, um caso de pronomes em referência textual, estabelecendo coesão ao texto.

O único item que indica incorretamente seu referente é o da opção E: em “Dessa realidade legal e da tendência político-criminal que DELA se pode inferir”, o termo “dela” (contração da preposição com o pronome pessoal) se refere a “realidade legal”, e não “tendência político-criminal”, termo representado na oração adjetiva pelo pronome relativo “que” (“tendência que se pode inferir da realidade legal”).

Bons estudos e até a próxima aula.