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NEUROFISIOLOGIA Fisiologia Sensorial: aspectos gerais, sensibilidade somática geral – organização da via e papel dos receptores. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS DE PAUDOS FERROS – CAMEAM CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – CEF DISCIPLINA DE FISIOLOGIA HUMANA Prof. Esp. Napoleão Diógenes:.

Aula Neurofisiologia Sensorial

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Neurofisiologia

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NEUROFISIOLOGIA Fisiologia Sensorial: aspectos gerais, sensibilidade somática geral –

organização da via e papel dos receptores.

U N I V E R S I D A D E D O E S T A D O D O R I O G R A N D E D O N O R T E C A M P U S D E P A U D O S F E R R O S – C A M E A M

C U R S O D E E D U C A Ç Ã O F Í S I C A – C E F D I S C I P L I N A D E F I S I O L O G I A H U M A N A

Prof. Esp. Napoleão Diógenes:.

INTRODUÇÃO Por mais primitivo que seja o ser vivo será necessário que o sistema nervoso deste seja capaz de captar o que se passa dentro do próprio ser e em sua volta (meio ambiente externo).

A capacidade do sistema nervoso em captar os diferentes tipos de estímulos (energia) existentes no meio orgânico e do entorno do organismo e transformar essa energia em uma linguagem única é o primeiro e mais primitivo papel deste sistema.

Cabe a fisiologia dos sentidos realizar esta tarefa descrita, ou seja, converter as diferentes formas de energia em um meio pelo qual o próprio sistema nervoso e o restante do corpo compreendam. A linguagem compreendida é a bioelétrica.

A compreensão dos aspectos gerais da fisiologia dos sentidos se faz importante, uma vez que esta exerce uma série de papéis vitais para a manutenção de nossa homeostase; dentre elas o controle da motricidade.

Ou seja, sem informação sensitiva apropriada os movimentos não ocorrem, ou então ocorreriam de modo inapropriado.

Nesta aula serão abordados os aspectos mais elementares sobre esta importante função neural, com destaque ao papel dos receptores e a organização da sensibilidade geral.

Conceitos e Classificação O emprego de termos relativos a uma certa área do conhecimento é importante, uma vez que permitirá ao sujeito saber sobre o que está sendo dito ou lido. Desta feita, alguns termos e seus respectivos conceitos devem ser aqui destacados:

A) Aferência; B) Sentidos; C) Sensação; D) Percepção.

Uma vez compreendido tais conceitos é importante ainda destacar que a sensibilidade recebe várias classificações, de modo que é comum uma tal modalidade/sensação ser classificada por mais de um critério.

A) Quanto a complexidade da sensibilidade: especial (visão, audição, equilíbrio, olfato/olfação e paladar/gustação) e geral (tato grosseiro, tato fino, pressão, vibração, calor, frio, dor, prurido e cócegas). B) Quanto a origem corporal: exteroceptiva (somática ou somestésica – na pele e anexos), proprioceptiva (artrestésica e cinestésica – músculos, tendões, ligamentos...) e interoceptiva (em tecidos profundos, como fáscias, membranas de revestimento e vísceras).

Funções da Sensibilidade • Nem toda a aferência sensorial é

transformada em sensação ou percepção

• Mais de 90% de toda energia que captamos e processamos não torna-se consciente, ou seja, opera ao nível do subconsciente.

• Somente parte daquilo que é captado são transformados em sensações e ou em percepções.

• Além de permitir a percepção, o sistema sensorial tem outras finalidades.

1. Contribui para a manutenção da vigília.

2. Participa na regulação das funções orgânicas;

3. Permite o controle da motricidade

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Características das Sensibilidades O sistema sensorial opera de modo relativamente simples, e tal operação consiste em transformar as diferentes formas de energia que cercam o corpo e dentro do próprio corpo em linguagem compreendida pelos neurônios – a linguagem bioelétrica (impulsos nervosos).

Cada tipo de modalidade realiza esta função de modo específico, isto é, existem integrantes especializados para captar o estímulo (energia), transformar este estímulo em impulso nervoso e por fim há vias sensoriais específicas voltadas a converter este impulso em sensação ou percepção em distintas áreas do cérebro (córtex cerebral).

No entanto, existem sensações mais precisas do que outras, por exemplo, a dor visceral é mais difícil de ser localizada do que a dor somática (da superfície corporal).

Mas mesmo considerando diferentes capacidades sensoriais, todas elas compartilham de algumas características, como:

A) localização espacial: é mais acurada no sentido da visão, audição e tato;

B) capacidade de determinação da intensidade: existem modalidades com diferentes sub-modalidades, exemplo: paladar (azedo, amargo e doce) e audição;

C) capacidade de determinar a duração: início e fim de um certo estímulo.

Plano Geral dos Sistemas Sensoriais Toda modalidade sensorial é organizada de forma específica para captar um certo tipo de energia, mas todas apresentam um plano geral comum. Este plano envolve os seguintes integrantes ou componentes: a) receptores, b) vias sensoriais (fibras nervosas organizadas em tratos, feixes, fascículos...) e c) neurônios. Os receptores correspondem ao primeiro integrante da via e a sua forma e ou localização guarda estreita relação com a função. Precisamente com a forma de energia a qual ele irá captar. Estes podem ser estruturas neurais simples ou complexas. Os simples representam as terminações nervosas livres dos axônios e as complexas formam verdadeiros órgãos. As vias sensitivas são formadas por fibras em diferentes níveis de organização anatômica. Elas conduzem o impulso gerado nos receptores até os neurônios ligados a sensação. Estas vias percorrem nervos periféricos e áreas distintas no interior do SNC e sua função é permitir a comunicação entre o receptor e o 1º neurônio e este ao neurônio seguinte e até que a informação alcance o córtex cerebral. Os neurônios da modalidade sensorial se localizam em distintos locais do SNP, SNA ou SNC, e para cada uma modalidade específica. A finalidade destes é receber um impulso gerado pelo receptor, processar a informação até que a informação chegue ao último neurônio localizado no córtex cerebral, onde a sensação irá ser sentida, ou seja, o local onde a energia captada pelo receptor irá dar origem a uma sensação e ou percepção.

Os Receptores – Diversidade Morfológica

• Os cones e os

bastonetes são os

receptores da visão na

retina do olho.

• Receptores cutâneos.

• Receptores musculares.

Os Receptores – Diversidade Morfológica

A Sensibilidade Somestésica A sensibilidade Geral é também chamada de sensibilidade somática ou somestésica. Etimologicamente somestésico significa sensibilidade do corpo (do grego: soma = corpo e aesthesis = sensação). Tal sensibilidade tem origem em receptores (primeiros integrantes da via) localizados na pele e ou nos seus anexos. A modalidade é a sensibilidade somestésica e suas submodalidades são: o tato (epicrítico e protopático), a pressão, a vibração, a sensibilidade térmica (calor e frio), a dor, o prurido e as cócegas. Algumas destas modalidades possuem maior capacidade discriminativa e outras são mais grosseiras. Neste sentido podemos diferenciar um tato fino e outro grosseiro, assim como a dor bem localizada e precisa e outra difusa e mal localizada. A sensibilidade somestésica e muito importante para a adaptação do organismo ao meio, uma vez que permite que o SN traduza as diferentes formas de energia que incidem diretamente sobre o corpo e se estas são lesivas ou não. Como existem dois tipos básicos de submodalidades somestésicas gerais (as finas e as grosseiras) a via também está organizada em dois sistemas anatômicos, mas em ambas o primeiro integrante é o receptor. Analisaremos os aspectos mais relevantes desta modalidade sensorial e suas vias.

A Sensibilidade Somestésica - Submodalidades

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• Submodalidades: 1) térmica, 2) tato, 3) pressão e 4) dor.

• A Pele e seus receptores.

• Livres

• Encapsulados

Os Receptores Somestésicos - Tipos

Os Receptores Somestésicos - Tipos

• Os receptores cutâneos

A Via da Sensibilidade Somestésica • A via somestésica envolve as seguintes estruturas: 1º) O receptor cutâneo; 2º) A fibra sensitiva primária que representa o prolongamento periférico do neurônio sensitivo primário (funcionalmente é um dendrito); 3º) O neurônio sensitivo primário (do tipo pseudo unipolar), que está localizado no gânglio da raiz dorsal do nervo espinhal; 4º) As vias ascendentes na medula espinhal: os tractos espino-talâmicos lateral e o funículo dorsal (fascículos grácil e cuneiforme); 5º) Neurônios de 2ª ordem – nos núcleos grácil e cuneiforme para o sistema dorsal lemnisco-medial; 6º) Neurônios de 3ª ordem talâmicos – grupo de núcleos ventrais; 7º) Neurônios de 4ª ordem no córtex cerebral –área somestésica do corpo (giro pós-central do lobo parietal do córtex cerebral).

A Sensibilidade Somestésica –Os Receptores Os primeiros integrantes desta e de qualquer via são os receptores. Dependendo da complexidade da modalidade sensorial, tais integrantes ocupam órgãos inteiros.

Fisiologicamente os receptores são classificados de acordo com o tipo de energia na qual estão sintonizados para captar. Deste modo, existem mecanoreceptores, quimiorreceptores, termoreceptores, fotorreceptores e nociceptores.

Os receptores mais abundantes os mecânicos e os mais diretamente relacionados com a sensibilidade somestésica e proprioceptiva.

Existe um conceito no qual classifica os receptores de acordo com o tipo de energia que eles podem captar e gerar estímulo.

Aqueles que captam apenas uma estreita faixa de energia dentro do espectro, isto é, são sensibilizados por apenas um tipo muito específico de energia são chamados de unimodais. Os que se ativam por diferentes faixas de energia/tipos são polimodais.

Os receptores da sensibilidade somestésica estão localizados na pele e nos revestimentos fasciais dos músculos e ossos. São do tipo mecânicos os nociceptores.

A finalidade básica dos receptores na via sensorial é a tradução do estímulo para uma linguagem bioelétrica e isso é feito por meio de 2 processos: a transdução e a codificação.

A Função dos Receptores

• Receptores de Adaptação Rápida.

Transdução

Codificação

A Função dos Receptores

• O grau de estiramento do receptor é perfeitamente traduzido

pela amplitude do potencial gerador (no receptor).

1ª ETAPA

Transdução

2ª ETAPA

Codificação

A Função dos Receptores Os receptores traduzem de forma perfeita todas as características do estímulo (forma de energia) e suas características – intensidade (força ou magnitude) ou duração (tempo).

• Três estímulos de mesma duração.

• Mas de intensidades distintas: A3>A2>A1.

Transdução Codificação

• Três estímulos de mesma intensidade.

• Mas de durações distintas: D3>D2>D1.

Transdução Codificação

Conceitos Especiais – a) Adaptação dos receptores

• Receptores de adaptação lenta – ex: fuso neuromuscular.

• Receptores de adaptação rápida – ex: Corpúsculo de Pacini. Qual é a importância da adaptação dos

receptores???

Conceitos Especiais – Campo receptor Os receptores somestésicos não são igualmente e uniformemente distribuídos em nossa pele. Alguns são encontrados em apenas um tipo de pele e outros em uma dada região da pele; Quanto maior a concentração de receptores e quanto maior o campo receptor destes maior será a sensibilidade cutânea para uma dada sub-modalidade somestésica; Na palma da mão e na planta dos pés, além de uma maior concentração espacial de receptores os seus campos se sobrepõem.

• Pele e sobreposição dos campos receptores!

• Tamanho dos campos receptores!

A Sensibilidade Somestésica –Os Neurônios Depois do estímulo ser captado e traduzido pelos receptores, o impulso nervoso percorre um nervo periférico ate atingir o SNC. O primeiro neurônio da via está localizado no gânglio da raiz dorsal do n. espinhal, e, portanto, fora do SNC. Estes neurônios são filogeneticamente muito antigos e são do tipo pseudo unipolares, no qual um prolongamento apenas se divide em 2 ramos: um periférico (longo e funcionalmente um dendrito) e um central (curto e funcionalmente um axônio). O ramo central pode estabelecer sinapses com neurônios medulares ou então seguirem para o encéfalo em 2 vias: a lateral (para o tato grosseiro e a dor) e a posterior (sensações finas, térmica e proprioceptiva). A via lateral compreende o sistema lateral e os tractos espino-talâmicos laterais. A via dorsal compreende os fascículos grácil e cuneiforme e formam o sistema dorsal lemnisco medial. No encéfalo, mais precisamente no tronco cerebral estas fibras fazem conexão com outros neurônios e daí chegam ao tálamo (estação de transmissão de informações para o córtex). Do tálamo partem fibras que atingem o córtex sensitivo primário, ou o córtex somestésico, que fica localizado no giro pós-central do lobo parietal. Nesta área há uma organização espacial das informações de modo semelhante ao que há nos movimentos.

A Sensibilidade Somestésica –O Córtex

• Somatotopia do córtex somestésico.

• Interessante!

CONSIDERAÇÕES FINAIS A função sensorial do sistema nervoso é a mais antiga ou rudimentar das funções deste sistema, mas isso não faz com que seja menos importante do que outras funções desempenhadas pelo sistema.

A finalidade da fisiologia sensorial é permitir que o organismo interaja com o meio ambiente externo, isto é, aquele que o circunda; assim como permitir o controle das funções internas por meio da captação dos estímulos gerados/aplicados no próprio corpo.

As informações sensoriais são provenientes de diversas fontes (meio externo e meio interno), são de diferentes formas, magnitudes e intensidades. Cabe aos receptores transformar essas energias em uma forma compreendida pelo sistema nervoso.

A energia transformada em sinais elétricos nas membranas dos neurônios servirá para diversas finalidades, dentre elas o controle da motricidade.

Os nossos sentidos podem ser classificados em diversos tipos, tanto de acordo com o local da origem da captação da energia, como quanto em relação a complexidade desta.

A sensibilidade somestésica ou somática é aquela proveniente dos receptores localizados na pele. Esta é importante para fazer que o organismo interaja com o meio, protegendo-se, reagindo; ou até mesmo decifrando códigos (leitura em Braile).