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PRESCRIÇÃO PENAL

Aula Prescrição Penal

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Prescrição penal

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PRESCRIÇÃO PENAL

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JUS PUNIENDI E JUS PUNITIONIS

Prática da infração penal → Surge para o Estado o Direito de Punir / Jus Puniendi

Após o transito em julgado da sentença penal condenatória:

Jus puniendi (obter a sentença condenatória)↓

TRANFORMA-SE↓

Jus punitionis (direito do Estado de executar a pena imposta)

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CONCEITO DE PRESCRIÇÃO

A perda do direito de punir do Estado (abrangidos o direito de condenar e o de executar a pena), pelo decurso do tempo, em razão do seu não exercício dentro do prazo previamente fixado.

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PRESCRITIBILIDADE

Segundo o preciso magistério de BASILEU GARCIA depreende-se que: “tudo passa, um dia. Há de passar, também, e ser esquecida, a ameaça do Estado de apanhar o delinquente. Nem o ódio dos homens costuma ser invariavelmente implacável e irredutível”.

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IMPRESCRITIBILIDADE

Exceções da prescrição:

a)Prática do racismo (art.5º, XLII, da CF);

b)Ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado democrático de Direito (art. 5º, XLIV, da CF).

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PRESCRIÇÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL

A prescritibilidade penal figura implicitamente como um direito fundamental, não se admitindo emenda constitucional sobre a matéria (artigo 60, parágrafo quarto, inciso IV).

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Caso fosse proposta uma emenda constitucional:

a) qualquer parlamentar teria legitimidade para impetrar mandado de segurança;

b) caberia à Corte Constitucional realizar o controle de constitucionalidade preventivo.

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CONTAGEM DO PRAZO

A prescrição é instituto de direito penal, o prazo deve-se contar conforme o art. 10 do CP. Será contado em dias, segundo o calendário comum, incluindo-se em seu cômputo o dies a quo (dia do inicio) e excluindo o dia do final.

 Exemplo: O prazo prescricional de dois anos, iniciado às cinco horas da tarde do dia 30 de novembro de 2011, hoje, irá terminar à meia noite do dia 29 de novembro de 2013.

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CÁLCULO DA PRESCRIÇÃO:

Obediência ao artigo 109 do CP.PENA PRESCRIÇÃO

Menor do que 1 3 anos * (alteração da Lei 12.234/2010)

Maior ou igual a 1

Menor ou igual a 2

4 anos

Maior do que 2

Menor ou igual a 4

8 anos

Maior do que 4

Menor ou igual a 8

12 anos

Maior do que 8

Menor ou igual a 12

16 anos

Maior do que 12 20 anos

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INOVAÇÕES DA LEI 12.234/2010REDAÇÃO ANTERIOR DO CP REDAÇÃO ATUAL DO CP

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 110 deste código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se (...)

Art. 109ª prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se(...)

VI – em 2 (dois) anos se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. VI- em 3(três) anos se o máximo da pena é inferior a 1(um) ano.

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ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO

O Código Penal ao tratar do tema divide a prescrição em duas espécies: a) prescrição antes de transitar em julgado a sentença (artigo 109); b) prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória (artigo 110).

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1-PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

Perda do direito do Estado de condenar definitivamente o infrator e, portanto, verifica-se antes do transito em julgado da sentença penal condenatória.

A prescrição da pretensão punitiva desdobra-se em: prescrição da pretensão punitiva propriamente dita; prescrição superviniente ou intercorrente; prescrição retroativa; e prescrição antecipada, projetada, virtual ou retroativa em perspectiva.

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1.1.PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA

Esta espécie tem lugar antes de transitar em julgado a sentença penal, devendo ser regulada pelo máximo da pena privativa de liberdade ao crime. Os prazos em que é verificada são os constantes no rol do artigo 109, do Código Penal.

 

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TERMO INICIAL E EXCEÇÕES

A REGRA é a partir do dia da consumação do delito (artigo 111, inciso I, do Código Penal).

 Exceções:

a)no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa (artigo 111, inciso II, do Código Penal);

 b)nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência (artigo 111, inciso III, do Código Penal);

 c)nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido (artigo 111, inciso IV, do Código Penal).

 

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Embora em relação ao tempo do crime vigore a teoria da atividade, que considera cometido o crime no momento da ação, aqui se considera o momento da consumação.

  “Segundo o Superior Tribunal de

Justiça,“a prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas” (Súmula 338).

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1.2.PRESCRIÇÃO SUPERVINIENTE OU INTERCORRENTE

Conceito: aquela que ocorre entre a data da publicação da sentença penal condenatória e o trânsito em julgado para a acusação. É regida pela pena aplicada.

Termo inicial: tendo como marco inicial a publicação da sentença penal condenatória.

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1.3.PRESCRIÇÃO RETROATIVA

Conceito: espécie de prescrição que determina a recontagem dos prazos anteriores à sentença penal com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso. Regulada pela pena aplicada.

Termo inicial:a publicação da sentença penal condenatória.

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INOVAÇÕES DA LEI 12.234/2010

O parágrafo primeiro do artigo 110 possuía a seguinte redação: "a prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada".

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De acordo com a antiga redação, a prescrição retroativa poderia ocorrer em dois períodos distintos: a) entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa;

b) entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória.

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QUADRO COMPARATIVO:

REDAÇÃO ANTERIOR DO CP REDAÇÃO ATUAL DO CP

Art.110. A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença

condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos

fixados no art. anterior, os quais se aumentam de um terço, se o

condenado é reincidente

Art. 110. A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença

condenatória, regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos

fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o

condenado é reincidente.

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com transito em

julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-

se pela pena aplicada.

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com transito

em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso,

regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma

hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou

queixa.

§ 2º A prescrição de que trata o parágrafo anterior, pode ter por

termo inicial data anterior do recebimento da denúncia ou da

queixa.

§ 2º - Revogado.

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Com esta modificação, a prescrição retroativa somente ocorre entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória.

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Ressalta-se que a nova lei, que se mostra menos benéfica ao réu, somente pode ser aplicada a fatos posteriores à data de sua publicação (artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal).

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1.4.PRESCRIÇÃO ANTECIPADA, PROJETADA, VIRTUAL OU RETROATIVA EM PERSPECTIVA

Não encontra previsão legal, sendo uma construção doutrinária e jurisprudencial, tendo como fundamentos a economia e falta de interesse processual. Ela seria verificada ainda

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Em sede de inquérito policial, ou seja, antecipadamente, sendo regulada pela provável pena em concreto que seria estabelecida pelo magistrado por ocasião da condenação.

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Súmula 438: “é inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal”.

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2. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

A prescrição da pretensão executória é aquela que implica na perda da possibilidade de aplicação da sanção penal, em face do decurso do tempo. Ela deve ser regulada pela pena fixada na sentença condenatória ou acórdão.

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Súmula 604 do STF: “A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória da pena privativa de liberdade”.

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Termo inicial:

a) do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional (artigo 112, inciso I);

 b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena(artigo 112, inciso II).

 

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Atenção: A prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional é regulada pelo tempo que resta da pena (artigo 113).

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REDUÇÃO DOS PRAZOS DE PRESCRIÇÃO

1)Redução: os prazos de prescrição são reduzidos à metade quando o criminoso era:

 a) ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou;

b) na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos (artigo 115, do Código Penal).

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CAPACIDADE CIVIL AOS 18 ANOS

A definição legal da capacidade civil aos 18 anos (art. 5º, caput, do Código Civil), não exclui a redução dos prazos de prescrição para agentes menores de 21 anos: a redução dos prazos prescricionais tem por fundamento idade inferior a 21 anos – não a incapacidade civil do agente na data do fato.

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Além disso, decisões do legislador civil não podem invalidar critérios do legislador penal – e qualquer outra interpretação representaria analogia in malam partem, proibida pelo princípio da legalidade penal.

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LIMITE ETÁRIO DE 70 (SETENTA) ANOS

Na forma do art. 1º, da Lei n. 10.741/03 (Estatuto do Idoso), o limite etário de 70 (setenta) anos (na data da sentença), como fundamento para redução dos prazos prescricionais, deve ser alterado para 60 (sessenta) anos, pela mesma razão que determinou a fixação desse marco etário para definir o cidadão idoso, alterando expressamente a circunstância agravante do art. 61, h, CP, na hipótese de ser vítima de crime: a analogia in bonam partem é autorizada pelo princípio da legalidade penal e, portanto, constitui direito do réu”.

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AUMENTO DOS PRAZOS DE PRESCRIÇÃO

Caso o condenado seja reincidente, o prazo prescricional da pretensão executória deverá ser ampliado em um terço (artigo 110).

  Súmula 220 do STJ: “a reincidência

não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”.

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PRESCRIÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Seguem a sorte dos prazos prescricionais das penas privativas de liberdade. Artigo 109, parágrafo único: “aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade”.

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PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA

A prescrição da pretensão punitiva da pena de multa ocorrerá:

 a) em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada (artigo 114, inciso I);

 b) no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

 

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Nestas hipóteses são aplicadas as mesmas causas suspensivas e interruptivas da prescrição de pena privativa de liberdade.

No que toca à prescrição da pretensão executória da pena de multa, convém lembrar que, com o advento da Lei n. 9.268/1996, que passou a considerar a pena pecuniária como dívida de valor, seu prazo passou a ser de cinco anos, e são aplicadas as causas suspensivas e interruptivas da legislação tributária para a hipótese

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CAUSAS IMPEDITIVAS OU SUSPENSIVAS

Impedimento: inibe o início do curso do prazo prescricional

 Suspensão: leva à paralização do prazo já em curso.

As causas impeditivas ou suspensivas dizem respeito à prescrição da pretensão punitiva propriamente dita.

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INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO

O artigo 116 estabelece que não ocorre a prescrição:

a) enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime (artigo 116, inciso I);

b) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro (artigo 116, inciso II).

 Súmula 415 do STJ: “o período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”.

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CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO

a) pelo recebimento da denúncia ou da queixa;  b) pela pronúncia;  c) pela decisão confirmatória da pronúncia;  d) pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios

recorríveis;  e) pelo início ou continuação do cumprimento da pena;  f) pela reincidência.

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Súmula 191 do STJ: “a pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime”.

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As causas interruptivas da prescrição fazem o prazo voltar a correr do início, ou seja, possuem o condão de determinar o reinício da contagem do prazo prescricional, vertendo em sua integralidade a partir do dia da interrupção.

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No caso de continuação do cumprimento de pena, há uma exceção à regra geral, uma vez que a prescrição deverá ser regulada pelo tempo restante da pena (artigo 117, parágrafo segundo).

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A interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime, salvo nos casos de início e continuação da pena e reincidência.

 O artigo 117, parágrafo primeiro, in fine, estabelece que: “nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles”.

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 Súmula 18 do Segundo o STJ: “a sentença concessiva de perdão judicial não tem o condão de interromper a prescrição, uma vez que ela é apenas declaratória de extinção da punibilidade”.

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PRESCRIÇÃO DAS PENAS MENOS GRAVES COM AS MAIS GRAVES

O artigo 118 do Código Penal estabelece que:“as penas mais leves prescrevem com as mais graves”.

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PRESCRIÇÃO E LEIS ESPECIAIS

As regras gerais de prescrição previstas no Código Penal são aplicadas aos crimes previstos em legislação especial, a teor do disposto no artigo 12.

 Nesse sentido, nos casos de crimes falimentares, dispõe a Súmula 592 do Supremo Tribunal Federal: “nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição previstas no Código Penal”.