Aula sobre Gosto

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Aula sobre gosto trazendo elementos da memória alimentar, gosto, habitus

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  • O processo de construo das prticas

    alimentares ao longo da vida: gosto, averses,habitus, comensalidade, corpo...

  • Atividade individual

    O fio da memria alimentar

  • Memria alimentar presentifica o

    passado

    Vygotsky (1996, p. 58) ressalta a importncia dos signos ltimos

    na constituio da memria: A verdadeira essncia da memria

    humana est no fato de os seres humanos serem capazes de

    lembrar ativamente com a ajuda de signos.

    *Retirado do livro de Proust, Em busca do tempo perdido: o caminho de Swann (p. 74)

    Arguir sobre o hbito alimentar entrar

    inevitavelmente no campo interpretativo, em que

    esto imersos recordaes da infncia do indivduo

    e valores afetivos que a comensalidade revela.

    (FREITAS et al, 2011, p. 35).

    ... TUDO ISSO QUE TOMA FORMA E

    SOLIDEZ, SAIU, CIDADE E JARDINS,

    DE MINHA TAA DE CH *

  • Memria alimentar

    Continuidade

    ADOLESCNCIAINFNCIA ADULTO

  • INFLUNCIAS NO GOSTO...

    A famlia

    A infncia Novos hbitos

    Contexto

    Socializao

    Rotina e o cotidiano afasta e retorna as memrias

    alimentares.

    Homogeneizao do gosto

  • Gosto se discute?

    Gosto natural?

    J se nasce gostando? Vem

    de bero?

    O que est envolvido na

    formao do gosto?

    Bom gosto?

    Mau gosto?

  • SOBRE OS GOSTOS...

    Para que haja gostos, preciso que haja bens

    classificados, de "bom" ou "mau" gosto,

    "distintos" ou "vulgares", classificados e ao

    mesmo tempo classificantes, hierarquizados e

    hierarquizantes, e que haja pessoas dotadas de

    princpios de classificaes, de gostos, que Lhes

    permitam perceber entre estes bens aqueles que

    Ihes convm, aqueles que so "do seu gosto".

    (BOURDIEU)

  • Pode-se dizer, por exemplo: "percorri todas as boutiques

    de Neuchtel e no encontrei nada de meu gosto".

    Isto coloca a questo de saber o que este gosto que pr-

    existe aos bens capazes de satisfaz-lo

    (BOURDIEU)

  • Mas h tambm casos em que os bens no encontram os

    "consumidores" que os considerariam de seu gosto. O

    exemplo por excelncia destes bens que precedem o gosto dos

    consumidores o da pintura ou da msica de vanguarda que,

    desde o sculo XIX, s encontram os gostos pelos quais

    "chama" muito tempo depois do momento em que foram

    produzidas, e s vezes at mesmo muito tempo depois da

    morte de seu produtor. Isto coloca a questo de saber se os

    bens que precedem os gostos (posto parte, claro, o gosto

    dos produtores) contribuem para formar os gostos: a

    questo da eficcia simblica da oferta de bens ou, mais

    precisamente, do efeito da realizao sob forma de bens de

    um gosto particular, o do artista.(BOURDIEU)

  • Os sentidos e o comer

    PRAZER

    Gustativas

    Olfativas

    VisuaisSonoras

    Tteis

    A construo da memria no

    se restringem s imagens

    visuais... So tantas as

    possibilidades de formao de

    imagens... (SMOLKA, 2000).

    Como adulto, nos comeamos

    a sentir fome, em certos

    momentos de coisas

    particulares (WENKAM, 1969). Gosto associado

  • Globalizao

    Padronizao

    dos gostos

    - MacDonalds

    - Subway

    - Alimentos

    industralizados

    (enaltados,

    congelados...)

    Novos gostos

    - Temaki

    - Kebab

    - Churrasco grego

    - Abaralhau

    - Light e Diet

    (REEDUCAO DO

    GOSTO)

    A indstria alimentcia > 1950 - produo em larga escala que

    favorece o cotidiano dos indivduos e alimenta a indstria

    capitalista.

    Necessidade de

    Patrimonializar

    a cultura

    tradicional e

    popular. Ex:

    acaraj

    Novas formas

    de acesso:

    - Shoppings e

    drive-thrus, desde

    a dcada de 1980

    - Delivery

    - Refeies

    congeladas

    Coro

    NEOFOBIA

    ALIMENTAR

  • O QUE HBITO ALIMENTAR?

    HABITUS?

  • HABITUS

    O habitus determinante do comportamento. Na definio

    de Pierre Bourdieu uma condio humana que se constitui

    como prticas estruturantes movidas por tradies.

    Ou ainda: hbitos alimentares so disposies da cultura que

    possuem um capital simblico particularizado em cada regio,

    cada grupo social, com inscries emblemticas ou referenciais

    de um modo de ver e sentir o mundo. Trata-se da apreenso

    sobre as coisas do mundo, alimentos, trabalho, e funciona

    como uma ordenao cognitiva e avaliativa adquirida atravs

    da experincia do sujeito em seu mundo social

    (BOURDIEU, 1979)

  • Habitus

    Gostos

    Prticas

    e Propriedades

    Posio social

    Estilo de Vida

    Condio

    socioeconmica no

    traduz a posio social.

    A posio social e seu estilo de vida

    de um indivduo ou grupo deve ser

    analisado pela conjunto de

    propriedades e prticas criadas pelo

    habitus, e no somente por uma ou

    duas de suas propriedades.

    Habitus, posio social e estilos de vida

    (BOURDIEU, 1976)

  • Gostos de Classes

    Lei de Engels: cada nvel de distribuio, o que raro e constitui

    um luxo inacessvel ou uma fantasia absurda para os ocupantes

    do nvel anterior ou inferior, torna-se banal ou comum, e se

    encontra relegado ordem do necessrio, do evidente, pelo

    aparecimento de novos consumos, mais raros e, portanto, mais

    distintivos.

    Gostos de classes: luxo e necessidade

    (BOURDIEU, 1976)

  • Capital Cultural

    A classificao deste Capital no est relacionada com o poder

    aquisitivo do indivduo ou grupo de determinada classe, e sim

    com os gostos e prticas culturais (incorporado*) de cada

    um.

    Aptido de reconhecimento e o capital cultural herdado ou

    adquirido escolarmente.

    Pobres de Capital Cultural

    Tendem a escolher clichs, flash-backs, Happy End, fotografias que

    belo pela experincia esttica popular

    Luxo e Necessidade

    (BOURDIEU, 1976)

  • Ideologia do gosto natural - Diferenas no modo de aquisio da

    cultura

    "No se pode confundir o gosto com a gastronomia. Se o

    gosto um dom natural de reconhecer e de amar a perfeio, a

    gastronomia, ao contrrio, o conjunto de regras que presidem a

    cultura e a educao do gosto. (...)

    preciso pensar dos gastrnomos o que pensamos dos

    pedagogos em geral: que so, s vezes, pedantes

    insuportveis, mas que tm sua utilidade.

    (...) Existe um mau gosto (...) e os refinados sentem isso por

    instinto. Para aqueles que no o sentem, preciso uma regra

    (PRESSAC, P. de. Considrations sur Ia cuisine. Paris, NRF, 1931, p. 23-4. apud BOURDIEU, 1976)

    Distncia respeitosa e familiaridade

  • Distncia respeitosa e familiaridade

    O aprendizado

    O aprendizado quase natural e espontneo da cultura se

    distingue de todas as formas de aprendizado forado, e valoriza

    esse aprendizado pela modalidade da relao com a cultura que

    ele favorece.

    Produz uma relao familiar: cultura como uma espcie de bem

    de famlia; sentimento de herdeiro legtimo.

    Formao do gosto Famlia e Escola

    (BOURDIEU, 1976)

  • Operrio

    - Transmisses esportivas ou os espetculos de circo;

    - Finalidade do Salrio: COMIDA;

    Pequeno Burgus

    - Programas cientficos,

    histricos ou literrios

    - Despesas com filmes e

    discos;

    A arte de viver distintos distanciam os

    estilos de vida

    Gostos distintos

    (BOURDIEU, 1976)

  • Reconhecimento e conhecimento

    Para serem reconhecidos eles vo em busca do conhecimentoadquirido a partir de suas condies de aquisio.

    Ex.: Aprende a gostar e provar vinho, queijos...

    A distino qualifica e diferencia uma classe da outra (recusa e aceitao) nem tudo que estipulado aceito, sempre vai

    existir aceitaes e recusas.

    ESTRATGIAS DE BLEFE

    CULTURAL

    Boa vontade cultural

  • Mobilidade social Gilberto Velho 2008) considera que a mobilidade social dos

    sujeitos um meio de induo de variveis significativas na

    experincia existencial, distinta dos modelos de fixao.

    As diferenas internas das classes sociais podem partir de

    relaes com outras redes sociais influindo nos estilos de

    vida e viso do mundo. Neste caso, a ampliao dessas ligaes

    incide no desempenho de papis sociais.

  • Ps-modernidade

    Identidades Fragmentadas

    Stuart Hall (2006)

    - Culturas no so mais to coerentes

    e unificadas

    - heterogeneidade.

    - Os sujeitos, entre as estruturas sociais,

    podem intervir na construo,

    desconstruo e reconstruo de

    condutas, valores, novas percepes e

    vises distintas, relativas e mutantes.

  • Prticas alimentares e o

    processo de socializao

    A comensalidade , ao mesmo tempo, um meio de incluso

    e excluso social. E nesse sentido, a refeio contribui de

    modo fundamental para construir o social. A comensalidade

    fecha o crculo dos ntimos, fecha as portas do privado em

    volta dos convivas ou manifesta de maneira pblica a ordem e

    o status pblicos dos que so admitidos a participar da

    refeio (FISCHLER E MASSON, 2010, p. 123).

    O mundo da cultura enraizado no alimento, nutrindo o

    corpo, sustentando relaes, apreendendo os sentidos.

  • Comida, corpo e sujeito: identidade, materialidade, cultura, smbolos

    A comida participa da construo do corpo no s do ponto de

    vista da sua materialidade como tambm nos aspectos

    culturais e simblicos. O alimento se diferencia de outras

    formas de consumo porque ele literalmente incorporado,

    atravessando as fronteiras do self (SANTOS, 2008, p. 23)

    Marcador de identidade - a partir das definies simblicas da

    comida e de quem come pode-se definir a classe social do sujeito

    (WOORTMANN, 1978).

    Questes de gnero, camada social, etnia...

  • Corpo, o comer e a comida H transformaes que os alimentos conferem ao corpo antes de

    ser ingerido, mas tambm do que o corpo confere ao alimento.

    Remetendo ao princpio de incorporao de Claude Fischler

    (1990): o fisiolgico e o psicossociolgico

    Segundo Jean-Perre Poulain (2006), porm, a relao comedor-

    alimento deve transcender a mxima eu me torno o que eu

    como.

    Qualidade Simblica

  • A comida e o sujeito: as

    mudanas alimentares

    Modificar a endocultura alimentar do paciente, as sensaes mais

    ntimas do corpo. como mudar o prprio desejo de

    pertencimento do mundo.

    Restries alimentares podem ser compreendidas pelo ator social

    como valores que envolvem ser mundo, em sua prpria situao

    biogrfica.

    Busca por novas intersubjetividades

    Paladar que no o seu

    (FREITAS et al., 2011 p. 40)

  • Reeducao alimentar A centralidade da reeducao alimentar nos programas estudados

    est menos na dieta em si do que nas mudanas no

    comportamento alimentar, especialmente no controle do apetite.

    Este um dos principais pontos diferenciais, pois, observando a

    composio das dietas, elas no diferem em si em linhas gerais,

    quanto aos princpios nutricionais vigentes.

    A centralidade nas dietas de baixa caloria e baixo teor de gordura,

    especialmente nas gorduras saturadas e no colesterol esto

    mantidas. Os alimentos funcionais e a fioterapia tm sido

    incorporados como estratgias alimentares de apoio na preveno de

    doenas e auxlio no emagrecimento.

    AMPARO-SANTOS,

    Ligia. Da dieta

    reeducao alimentar:

    algumas notas sobre o

    comer contemporneo a

    partir dos programas de

    emagrecimento na Internet.

    Physis Revista de Sade

    Coletiva, Rio de Janeiro,

    20 [ 2 ]: 459-474,

    2010.

  • Reeducao alimentar

    A reeducao alimentar parece substituir a forma de controle-represso

    que marca as dietas tradicionais

    CONTROLE-ESTMULO,

    utilizando os termos de Michel Foucault (1979)

    A base a responsabilizao dos indivduos e o seu poder de iniciativa

    AUTOESTIMA

    CORPO

    FELICIDADE

  • Reduo de danos e EAN Reduo de Danos

    - A promoo de estratgias e aes de reduo de danos, voltadas para a

    sade pblica e direitos humanos, deve ser realizada de forma articulada

    inter e intra-setorial, visando reduo dos riscos, as consequncias

    adversas e dos danos associados ao uso de lcool e outras drogas para a

    pessoa, a famlia e a sociedade.

    - SERIA TAMBM UMA FORMA DE CUIDADO?

  • Referncias SMOLKA, A. L. B. A memria em questo: uma perspectiva

    histrico-cultural. Educao & Sociedade, ano XXI, n 71, Julho/00.

    VYGOTSKY, L. S. Estudos sobre a histria do comportamento: o

    macaco, o primitivo e a criana. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1996.

    FREITAS, M. C. S.; PENA, P. G. L.; FONTES; G. A. V. SILVA, D.

    O. Hbitos alimentares e os sentidos do comer. In: 2011.

    SANTOS, Ligia Amparo da Silva. O Corpo, o Comer e a Comida: um

    estudo sobre as prticas corporais e alimentares cotidianas no mundo

    contemporneo. Salvador: EDUFBA, 2008.

    BOURDIEU, Pierre. Gostos de classe e estilo de vida.

    PACHECO, Sandra Simone. O hbito alimentar enquanto comportamento

    cultural produzido. In: FREITAS; FONTES; OLIVEIRA. Escritas e

    Narrativas em Alimentao e cultura. Edufba: 2008.

    NADALINI, A. P. A razo gulosa: filosofia do gosto. Histria: Questes

    & Debates, Curitiba, n. 54, p. 283-286, jan./jun. Editora UFPR, 2011.

  • Referncias HALL, S. Identidade cultural na ps-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006

    FISCHLER, C.; MASSON, E. Comer: a alimentao de franceses, outros

    europeus e americanos. Traduo de Ana Luiza Guirardi. Editora SENAC: So

    Paulo, 2010.

    POULAIN, J-P. Sociologias da Alimentao. Editora UFSC, Florianpolis, 2006.

    CORO, Mariana. Memria gustativa e identidades: de Proust cozinha

    contempornea.

    http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/grupos/textos/memoria_gustativa.P

    DF

    WOORTMANN, K. Hbitos e ideologias alimentares em grupos sociais de baixa renda:

    Relatrio final. Srie Antropologia. Braslia-DF, 1978.