24
AULA 00 NOÇÕES DE REGULAÇÃO E AGÊNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO - TEORIA E EXERCÍCIOS – ANVISA PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal! Primeiramente, irei fazer uma breve apresentação. Meu nome é César de Oliveira Frade, sou funcionário de carreira do Banco Central do Brasil – BACEN – aprovado no concurso de 1997. Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Possuo uma Pós-graduação em Finanças e Mercado de Capitais pelo IBMEC, outra em Derivativos para Reguladores na Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F e uma especialização em Derivativos Agrícolas pela Chicago Board of Trade – CBOT 1 . Sou Mestre em Economia 2 com ênfase em Finanças na Universidade de Brasília e o Doutorado, pela mesma Universidade, está faltando apenas a defesa da Tese 3 , sendo que os créditos já foram concluídos. Comecei no Banco Central trabalhando com a emissão de títulos da dívida pública externa. De 2005 a 2008 fui Coordenador-Geral de Mercado de Capitais na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, auxiliando em todas as mudanças legais e infralegais, principalmente aquelas que tinham ligação direta com o Conselho Monetário Nacional – CMN. Voltei ao BACEN para trabalhar na área de risco com derivativos em um Departamento da área de Fiscalização. No início de 2012 fui cedido para a Presidência da República e sou Coordenador da área de Estudos e Planejamento na Secretaria de Aviação Civil. Sou professor de Finanças, Microeconomia, Macroeconomia, Matemática, Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Valores Mobiliários, Estatística e Econometria. Leciono na área de concursos públicos desde 2001, tendo dado aula em mais de uma dezena de cursinhos em várias cidades do país, desde presenciais até via satélite. Antes de começar a falar com vocês como será esse curso, vou esclarecer algumas coisas. Quando uma pessoa estuda Economia na Faculdade, ela tem 1 A Chicago Board of Trade - CBOT é a maior bolsa de derivativos agrícolas do mundo. 2 A dissertação “Contágio Cambial no Interbancário Brasileiro: Uma Análise Empírica” defendida em 2003 foi publicada na Revista da BM&F, o paper aceito na Revista Estudos Econômicos e em alguns dos mais importantes Congressos de Economia da América Latina – LAMES. Versava sobre o risco sistêmico a ser propagado via mercado de câmbio e as contribuições da Câmara de Compensação de Câmbio da BM&F para a mitigação desse risco. 3 Tese de Doutorado é um parto e a gestação já está durando alguns anos. Acho que pode ser que ela não saia.

Aula0 Reg Ag Reg ANVISA 51044

Embed Size (px)

Citation preview

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 1

    Ol pessoal!

    Primeiramente, irei fazer uma breve apresentao. Meu nome Csar de

    Oliveira Frade, sou funcionrio de carreira do Banco Central do Brasil

    BACEN aprovado no concurso de 1997.

    Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais

    UFMG. Possuo uma Ps-graduao em Finanas e Mercado de Capitais pelo

    IBMEC, outra em Derivativos para Reguladores na Bolsa de Mercadorias e

    Futuros BM&F e uma especializao em Derivativos Agrcolas pela Chicago Board of Trade CBOT1. Sou Mestre em Economia2 com nfase em Finanas na

    Universidade de Braslia e o Doutorado, pela mesma Universidade, est faltando apenas a defesa da Tese3, sendo que os crditos j foram concludos.

    Comecei no Banco Central trabalhando com a emisso de ttulos da dvida

    pblica externa. De 2005 a 2008 fui Coordenador-Geral de Mercado de Capitais

    na Secretaria de Poltica Econmica do Ministrio da Fazenda, auxiliando em

    todas as mudanas legais e infralegais, principalmente aquelas que tinham

    ligao direta com o Conselho Monetrio Nacional CMN. Voltei ao BACEN

    para trabalhar na rea de risco com derivativos em um Departamento da rea

    de Fiscalizao. No incio de 2012 fui cedido para a Presidncia da Repblica e

    sou Coordenador da rea de Estudos e Planejamento na Secretaria de Aviao

    Civil.

    Sou professor de Finanas, Microeconomia, Macroeconomia, Matemtica,

    Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Valores Mobilirios, Estatstica e

    Econometria. Leciono na rea de concursos pblicos desde 2001, tendo dado

    aula em mais de uma dezena de cursinhos em vrias cidades do pas, desde

    presenciais at via satlite.

    Antes de comear a falar com vocs como ser esse curso, vou esclarecer

    algumas coisas. Quando uma pessoa estuda Economia na Faculdade, ela tem

    1 A Chicago Board of Trade - CBOT a maior bolsa de derivativos agrcolas do mundo.

    2A dissertao Contgio Cambial no Interbancrio Brasileiro: Uma Anlise Emprica defendida em 2003 foi

    publicada na Revista da BM&F, o paper aceito na Revista Estudos Econmicos e em alguns dos mais importantes

    Congressos de Economia da Amrica Latina LAMES. Versava sobre o risco sistmico a ser propagado via mercado

    de cmbio e as contribuies da Cmara de Compensao de Cmbio da BM&F para a mitigao desse risco. 3 Tese de Doutorado um parto e a gestao j est durando alguns anos. Acho que pode ser que ela no saia.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 2

    um semestre de Introduo Economia que, em geral, ocorre no primeiro

    semestre. Depois ela passa por trs semestres de macro e trs semestres de

    micro. L pelo sexto ou stimo semestre ela tem uma matria que se chama

    OI Organizao Industrial. Organizao Industrial uma matria muito

    ligada s atitudes das empresas, estratgias e as formas que os governantes

    possuem de controlar determinados mercados que so fundamentais para a

    populao. Acho que vocs j entenderam, n? A matria como est escrita no

    Edital muito mais Organizao Industrial do que qualquer outra coisa, mas

    OI uma continuao aprofundada da Microeconomia. Para que vocs possam

    compreender melhor o problema darei um exemplo do colegial.

    Imagine que voc nunca viu Matemtica na vida. No sabe nada de nada de

    matemtica (nem multiplicar voc aprendeu). Mas resolve entrar na escola e o

    professor comea a te ensinar equao do primeiro grau. Voc concorda que,

    apesar de a matria ser simples, voc ter uma dificuldade imensa, pois no

    sabe nem multiplicar e j vai ter que aplicar a multiplicao para calcular a raiz

    de uma equao.

    Aqui mais ou menos a mesma coisa. Da forma como a matria est colocada

    no Edital, eu posso comear a ministr-la pelo item 1, mas vocs no tero

    base nem para terminar essa aula demonstrativa. Seria impossvel fazer um

    trabalho legal e ensinar vocs a raciocinar sobre o assunto. Portanto, teremos

    que ter 4 aulas introdutrias de microeconomia (aulas 00 a 03) para que vocs

    saibam exatamente onde esto pisando e depois entraramos na matria

    propriamente dita. Na verdade, quando o Edital fala em Conceitos Bsicos

    para Regulao, ele est informando que pode cobrar qualquer assunto de

    microeconomia.

    Com essa estratgia acredito que os nossos resultados sero bem melhores. E

    digo que no irei mostrar toda a microeconomia nessas 4 aulas, mas apenas a

    parcela que necessria para poder comear a descrever os diversos pontos

    do Edital. Estamos combinados assim?

    Para que vocs tenham uma noo, uma parcela grande de OI estudada com

    base em Teoria dos Jogos. Quando estudamos Jogos no nvel bsico, ela uma

    matria muito simples e tranqila. No entanto, aqui bem diferente e,

    exatamente por isso, optarei por no mostrar nada por jogos. Iremos fazer as

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 3

    mesmas coisas mostrando um pouco de matemtica e com muito dilogo, mas

    sem entrar nas partes complicadas de Teoria dos Jogos.

    Possuo um estilo peculiar de dar aulas. Prefiro tanto em sala quanto em aulas

    escritas que elas transcorram como conversas informais. Entretanto, quando

    tenho que dar aulas de Teoria gosto de explicar no apenas a matria mas

    tambm a forma como vocs devem raciocinar para acertar a questo.

    Acredito que todos aqui esto muito mais interessados em passar no concurso

    do que aprender Economia/Regulao.

    Desta forma, estarei fazendo uma mescla entre um papo informal (papo que

    ocorrer sempre que for possvel) e a teoria formal. Mas nunca deixarei de

    ensinar qual o raciocnio que vocs devem utilizar para acertar as questes.

    Acredito que a matria sendo exposta de forma informal torna a leitura mais

    tranqila e isso pode auxiliar no aprendizado de uma forma geral. Exatamente

    por isso, utilizo com freqncia o Portugus de uma forma coloquial.

    Assim, a Aula Demonstrativa mostrar para vocs um pouco do que ser

    esse curso. Ser uma aula bem menor que as outras, mas apenas para

    vocs sentirem o gostinho de que essa matria no to complicada como a

    maioria pensa. No h a necessidade de nenhum conhecimento prvio de

    Economia, pois irei comear do zero nessas aulas introdutrias4.

    As questes sero TODAS de provas anteriores.

    Contedo Programtico

    Aula 00 (Aula Demonstrativa): Abordagens: teoria econmica da regulao,

    teoria da captura, teoria do agente-principal Parte 1 - Em Breve

    Aula 01 : Abordagens: teoria econmica da regulao, teoria da captura, teoria

    do agente-principal Parte 2

    4 Volto a lembrar que essas aulas introdutrias so fundamentais para a compreenso da matria e apesar de no estarem

    descritas no Edital, pode haver algum tipo de questo sobre o assunto pois alguns tpicos a serem ministrados

    dependem desses itens. Ressalto que no irei explorar todos os aspectos iniciais da Microeconomia, mas apenas aqueles

    que sero necessrios para a continuao da matria.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 4

    Aula 02: Abordagens: teoria econmica da regulao, teoria da captura, teoria

    do agente-principal Parte 3

    Aula 03: Abordagens: teoria econmica da regulao, teoria da captura, teoria

    do agente-principal Parte 4

    Aula 04: Regulao e agncias reguladoras: As agncias reguladoras e o

    princpio da legalidade. rgos reguladores no Brasil: histrico e caracterstica

    das autarquias.

    Aula 05: Formas de regulao: regulao de preo; regulao de entrada;

    regulao de qualidade. Princpios de qualidade regulatria, boas prticas de

    governana regulatria, noes de avaliao de impacto regulatrio. Regulao

    setorial: regulao sanitria.

    Espero que este curso seja bastante til a voc e que possa, efetivamente,

    auxili-lo na preparao para o concurso da ANVISA.

    As dvidas sero sanadas por meio do frum do curso, a que todos os

    matriculados tero acesso. Caso tenha exerccios da matria e queira me

    enviar, farei todos os esforos para que eles sejam, medida do possvel,

    includo no curso. Envie para meu e-mail abaixo (e-mail do Ponto).

    As crticas ou sugestes podero ser enviadas para:

    [email protected].

    Finalmente, gostaria de dizer a vocs que muito mais do que saber toda a

    matria, importante que voc saiba fazer uma prova e esteja tranqilo neste

    momento! Portanto, tente aprender a matria mas certifique-se que voc

    entendeu como deve proceder para marcar o X no lugar certo. No interessa

    saber a matria, interessa marcar o X no lugar certo e ver o nome na lista.

    Prof. Csar Frade

    ABRIL/2013

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 5

    1. Microeconomia

    A economia possui recursos escassos e a microeconomia estuda a melhor

    forma de aproveitar esses recursos que so colocados disposio das

    pessoas.

    Enquanto a macroeconomia estuda os problemas existentes em um pas, a

    microeconomia se preocupa com as decises individuais das pessoas e

    empresas.

    Logo, para que voc otimize o seu aprendizado, pense sempre nas suas

    decises individuais para cada situao proposta no curso. Tentarei mostrar a

    vocs algumas situaes inusitadas que ilustrariam bem cada momento.

    Na verdade, acho que est na hora de passarmos para a matria propriamente

    dita. Vamos l?

    2. Curva de Demanda

    A curva de demanda informa a quantidade a ser consumida de um

    produto a cada nvel de preo.

    De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preo de um bem menos

    as pessoas querem adquirir daquele bem. Veja que estou falando de uma

    forma geral, claro que existem excees.

    Imagine que voc adore feijo ou carne. Se o preo do quilo do feijo subir, a

    sua tendncia no seria reduzir o consumo do bem? Pois bem, se todos

    pensassem e tomassem atitudes dessa forma, a demanda coletiva do bem

    feijo cairia com essa alta de preo.

    Portanto, o normal na atitude das pessoas reduzir o consumo quando h

    aumento no preo do bem e aumentar o consumo quando o preo do

    bem for reduzido.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 6

    Suponhamos que o bem esteja com o preo P1, conforme mostrado no

    desenho acima. Com esse preo, os consumidores estariam demandando uma

    quantidade Q1 e, portanto, estariam sobre o ponto 1 da curva de demanda.

    Se por um motivo qualquer (por exemplo, grande produo agrcola daquele

    bem) o preo cair para P2, haver um conseqente aumento da quantidade

    demanda para Q2.

    Imagine que o preo da carne caia 50%. Voc concorda que a sua demanda

    por carne ser aumentada? Por exemplo, ela poder passar de Q1 para Q2.

    Esses bens que atendem referida Lei da Demanda so chamados de Bens

    Comuns.

    Entende-se como bens comuns aqueles bens em que as pessoas reduzem o

    seu consumo quando ocorre um aumento no preo ou quando as pessoas

    aumentam o seu consumo quando os preos so reduzidos. O livro do Varian

    define o bem comum exatamente como expus acima.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 7

    Matematicamente, podemos definir os bens comuns da seguinte forma:

    Bem Comum 0

    X

    X

    D

    p

    Q

    Entretanto, existem algumas excees. Imagine que uma farmcia esteja

    colocando o preo de um remdio na promoo. Ser que pelo fato de o preo

    do remdio estar mais barato, voc ir comprar e consumir mais daquele

    remdio?

    Se o preo do sal cair em 30%, isso far com que voc compre mais sal e

    coloque mais sal na comida?

    A resposta para essas duas perguntas NO. As pessoas no iro alterar o

    consumo desses produtos porque houve variao em seus preos. Mas estas

    excees so menos importantes e iremos estud-las mais frente.

    Voc acha que uma pessoa poder reduzir o consumo de um bem quando o

    preo desse bem for reduzido? Ou seja, ser que a queda do preo de um

    produto pode induzir o consumidor a comprar menos daquele produto?

    intrigante essa situao mas a resposta SIM. possvel que uma pessoa

    reduza o consumo de um bem pelo fato de o preo do produto ter cado.

    Fazendo isso, ela passaria a ter uma quantidade maior de recursos para

    adquirir outros bens. Veja o exemplo.

    Suponha que um consumidor esteja comendo batata no caf da manh, batata

    no almoo e batata no jantar. Ele repete esse cardpio h 30 dias. Ser que se

    o preo da batata cair, o consumidor ir consumir mais batata? A resposta

    no. Se o preo da batata cair, esse consumidor dar graas a Deus por isso

    pois sobraro mais recursos para a aquisio de um outro bem e, assim,

    poder reduzir a quantidade demandada de batata.

    Esses so os chamados Bens de Giffen. Vamos a um exemplo.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 8

    Imagine que voc tenha uma verba mensal de R$ 600,00 para fazer os seus

    almoos e dever dividi-la entre as duas possibilidades existentes, quais

    sejam: sanduche ou fil com fritas. De incio, te digo que voc preferiria

    sempre fil a sanduche. Entretanto, o preo de uma refeio de fil custa,

    atualmente R$ 30,00 enquanto que o sanduche custaria R$ 20,00.

    Assim sendo, se voc tem esses preos e essa renda, a melhor forma de

    conseguir almoar que individuo teria seria comendo apenas sanduche nos

    trinta dias. Assim, estaria gastando a totalidade de sua verba mensal com

    sanduche. Mas observe, essa pessoa prefere comer fil a sanduche e no

    come fil todo dia seno os recursos acabariam em vinte dias e ela teria que

    ficar dez dias sem almoo.

    Suponha agora que o preo do sanduche caia pela metade, ou seja, passe

    para R$ 10,00. A idia inicial seria a de que se o preo do sanduche caiu, o

    indivduo deveria comer mais sanduche, certo? Nesse caso, errado.

    Errado, porque a queda no preo do sanduche fez com que sobrasse dinheiro

    e esse recurso poderia ser destinado a um bem que fizesse o consumidor mais

    feliz. Observe que se o consumidor continuar comprando apenas sanduche,

    seu custo mensal de almoo passaria para R$300,00. Ele teria R$300,00 ainda

    para gastar.

    Sendo assim, qual seria a melhor escolha para o consumidor?

    A melhor escolha seria comer quinze dias de fil e quinze dias de sanduche.

    Dessa forma, estaria gastando R$ 450,00 com o almoo de fil e R$ 150,00

    com o sanduche.

    Veja que o sanduche um bem de Giffen pois uma queda em seu preo

    provocou uma reduo na quantidade demandada.

    No entanto, guarde, um bem s pode ser classificado conforme sua situao,

    conforme o enredo da questo. Um bem de Giffen para uma determinada

    pessoa pode no ser comum para outra.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 9

    Certa vez, dando uma aula, um aluno me perguntou: Professor, voc no vai

    explicar o que Bem de Veblen?

    Eu respondi: Bem de quem??

    Ele falou: Bem de Veblen.

    Respondi: Nunca ouvi falar nisso. Onde voc leu isso?

    Ele responde: um professor me indicou um livro que fala desse bem.

    Enfim esse foi o papo que tive com o aluno. Chegando em casa peguei o

    Varian e ele no falava nada, Pindyck no tinha nada, Mas-Colell muito menos.

    No dia que tinha aula na UnB (estava fazendo meu Doutorado) perguntei

    minha orientadora e ela me respondeu: Bem de quem?? Ela sugeriu que eu

    perguntasse ao professor de micro, doutor em uma TOP 5 americana. E l fui

    eu. Professor, o que Bem de Veblen? E ele responde, nunca ouvi falar.

    Enfim...

    Fui ao Google e descobri. Era um economista nascido em 1857 e que veio a

    falecer em 1929 (ningum nem sabia quem era Keynes na poca). Pelo que li,

    ele vivia sempre em conflitos com os outros acadmicos da poca e tinha

    idias bastante independentes. Ficou conhecido como bem de Veblen aquele

    bem que com um aumento no preo teria um aumento na demanda.

    Dito isso, queria dizer a vocs para esquecerem isso. No existe essa

    definio nem no Varian, Pindyck, Mas-Collel ou Ferguson. Logo, no podemos

    levar em considerao, ou melhor, no devemos levar em considerao, na

    minha opinio, esse tipo de bem.

    O Mas-Collel define bem de Giffen da seguinte forma:

    Although it may be natural to think that a fall in a goods price will

    lead the consumer to purchase more of it, reverse situation is not an

    economic impossibility. Good L is said to be a Giffen good at (p,w) if

    ( )0

    ,>

    L

    L

    p

    wpx.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 10

    Com isso, podemos deduzir:

    Bem de Giffen 0>

    X

    X

    D

    p

    Q

    2.1. Fatores que alteram a quantidade demandada So cinco os fatores que podem modificar a quantidade demandada. So eles:

    Preo;

    Renda;

    Preo de Produtos Relacionados;

    Gosto; e

    Expectativas

    a) Preo

    Esse princpio j foi anunciado. Em geral, uma variao no preo do produto

    provoca uma alterao na quantidade demandada do mesmo. Importante

    ressaltar que apesar de o examinador cobrar com bastante freqncia

    questes acerca do Bem de Giffen, devemos pensar nesse bem apenas como

    uma exceo. Tendo em vista o fato de j termos discutido exaustivamente

    seu funcionamento, a partir de agora vamos tratar dos bens que possuem uma

    relao preo-quantidade inversamente proporcional.

    Observe que a curva de demanda uma funo que exprime a quantidade

    demandada pelos consumidores em funo do preo do bem.

    Matematicamente, temos:

    QD = a bP

    Sendo a e b constantes positivas. E o sinal negativo mostra que a curva de

    demanda negativamente inclinada. Sendo assim, quando aumentamos o

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 11

    preo do bem, haver uma variao na quantidade demandada do mesmo e,

    portanto, um deslocamento SOBRE a curva de demanda. Veja a figura abaixo.

    b) Renda

    Uma variao na sua renda, poder provocar uma alterao na quantidade

    demandada do bem.

    Se eu te perguntar, o que ocorreria com a demanda de um bem se voc

    passasse nesse concurso pblico e, portanto, tivesse a sua renda aumentada?

    Provavelmente, voc me responderia que esse aumento na sua renda

    provocaria um aumento na quantidade demandada do bem.

    Veja bem. Se atualmente voc compra um curso de microeconomia do Ponto

    dos Concursos, ser que quando voc passar no concurso e a sua renda for

    majorada, voc ir comprar dois cursos de microeconomia? Voc me disse que

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 12

    quando passar no concurso comprar muito mais cursos do Ponto, no foi

    isso?

    Pois bem. J vimos que as coisas no funcionam assim. Existem alguns bens

    que voc gosta de consumir (no o caso de microeconomia) e existem outros

    que a situao te faz consumir. Muito provavelmente, quando a sua renda

    aumentar voc ir aumentar o consumo daqueles bens que voc gosta de

    consumir mas que ainda no consome em uma quantidade adequada. No

    entanto, aqueles bens que voc no gosta mas que consome por necessidade

    (como esse curso) podem ter o seu consumo reduzido com o aumento da

    renda.

    Isso dar origem a dois tipos distintos de bens. Sero os bens inferiores e os

    bens normais.

    Se no entenderam, no fiquem preocupados. Explico de novo e de uma forma

    mais clara.

    Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir

    o consumo de um bem, esse bem ser chamado de inferior.

    J imagino que vocs devam estar com uma certa dvida. Sempre pergunto

    em sala: Se o seu salrio aumentar, o que ocorrer com o seu consumo dos

    bens. E a galera em peso responde: aumentar. No entanto, isto no est

    correto.

    Imagine um bem que voc no goste, mas consome porque no tem condies

    de comprar um outro bem melhor, o que voc gosta. Vou dar um exemplo que

    ocorreu comigo mesmo.

    Antes de passar em um concurso pblico, fui morar em Braslia para trabalhar

    como engenheiro. Foi uma poca difcil, despesa com moradia aqui no nada

    barata e o salrio de engenheiro, na poca, bem baixo. Portanto, era sempre

    necessrio economizar para no ter que ficar pedindo dinheiro para meu pai.

    Um bem que no me agrada, em nenhuma hiptese, carne de frango. Eu no

    gosto mesmo, mas quando tenho que comer, s o fao se for peito de frango.

    Mas duro, sem grana, morando em uma cidade cara, tinha que abrir uma

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 13

    exceo. ramos 7 dividindo uma casa (uma repblica com trs homens e

    quatro mulheres), todos sem dinheiro. Ento, ficou decidido que comeramos

    frango trs vezes por semana (segunda, quarta e sexta), pois, na poca, o

    frango custava algo em torno de R$ 1,00 / quilo.

    Concluso: na minha cesta de consumo tinha o frango, entre outros

    bens.

    Um ano depois passei no concurso do BACEN. Te pergunto: Voc acha que, por

    ter passado no concurso e estar recebendo um salrio maior, eu aumentei o

    consumo de frango? Claro que no. Na verdade, quase deixei de comer

    frango.

    Logo, vimos que um aumento de renda pode provocar uma reduo na

    quantidade demandada de um bem. Se isso ocorrer, dizemos que esse bem

    inferior.

    Portanto, bens inferiores so aqueles que: 0

    Y

    X

    D

    P

    Q for verdadeiro e se 0>

    Y

    X

    D

    P

    Q, os bens so

    substitutos.

    Agora imaginemos a gasolina e o leo de motor. Se o preo da gasolina

    aumentar, as pessoas tendem a andar menos de carro e, portanto, reduzem a

    demanda por gasolina. Se as pessoas andarem menos de carro passaro mais

    tempo sem efetuar a troca de leo e, assim, a demanda por leo de motor

    ser reduzida. Recapitulando, um aumento no preo da gasolina reduz a

    demanda por gasolina e, conseqentemente, reduz a demanda por leo de

    motor. Esses dois bens so considerados bens complementares.

    Com isso conclumos que:

    Bens Complementares 0

    R

    QY

    D , ento, o bem X

    considerado superior.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 20

    QUESTES RESOLVIDAS Questo 15

    A primeira coisa que devemos fazer tentar classificar os bens em relao

    sua quantidade demandada.

    A quantidade demandada informa o quanto que cada consumidor demandaria

    de um determinado bem para cada unidade de preo. Estaremos trabalhando

    em um plano preo x quantidade. Ou seja, a curva de demanda plotada em

    um espao em que em uma das direes determinamos o preo do bem e na

    outra direo h a determinao da quantidade do bem.

    Em geral, uma alta no preo faz com que as pessoas reduzam o consumo

    daquele bem especfico. Claro que existem excees e essas sero definidas

    oportunamente.

    Algumas grandezas alteram a quantidade demandada. So elas:

    Preo;

    Renda;

    Preo de Produtos Relacionados;

    Gosto; e

    Expectativas

    Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir

    o consumo de um bem, esse bem ser chamado de inferior.

    J imagino que vocs devam estar com uma certa dvida. Sempre pergunto

    em sala: Se o seu salrio aumentar, o que ocorrer com o seu consumo dos

    bens. E a galera em peso responde: aumentar. No entanto, isto no est

    correto.

    5 Observe que nas minhas aulas desse curso, a soluo dos exerccios tenta sempre trazer informaes que agregam no

    contedo ministrado e no apenas opto por solucionar a questo sem maiores comentrios. Elas sero, em sua maioria,

    resolvidas e tero extensos comentrios.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 21

    Para alguns autores, os bens considerados superiores so aqueles que com o

    aumento da renda ocorre um aumento da quantidade demandada. Entretanto,

    esses autores so minoria. Uma outra parte considera bens superiores aqueles

    bens que com o aumento da renda, h um aumento mais que proporcional

    no consumo dos bens e, nesse caso, eles seriam sinnimos de bens de luxo.

    Verificamos que para alguns autores, os bens superiores so

    sinnimos dos normais, para outros formam um subconjunto dos bens

    normais.

    Vejamos o que alguns renomados autores dizem a respeito desses conceitos:

    Segundo Eaton & Eaton6:

    um bem normal se o seu consumo aumenta quando a renda

    aumenta, e inferior se seu consumo diminui quando a renda

    aumenta.

    Segundo Mas-Colell7, Whinston & Green:

    A commodity L is normal at (p,w) if ( )

    0,

    w

    wpxL ; that is, demand is

    nondecreasing in wealth. If commodity Ls wealth effect is instead

    negative, then it is called inferior at (p,w). If every commodity is

    normal at all (p,w), then we say that demand is normal.

    Segundo Ferguson8:

    para os chamados bens normais ou superiores um acrscimo de

    renda monetria conduz a um acrscimo no consumo, e um

    decrscimo na renda monetria a um decrscimo no consumo.

    6 Esse um livro pouco conhecido no Brasil, mas que me agrada bastante. Algumas passagens s ele consegue ser claro

    o suficiente. 7 Este livro h pelo menos dez anos utilizado em cursos de mestrado e doutorado em boa parte das conceituadas

    Universidades ao redor do mundo. Seria uma das bblias da Microeconomia. Alm disto, vou me dar o direito de,

    sempre em caso de dvida, optar pelo que o Mas-Colell define. 8 Esse livro foi bastante utilizado nas dcadas de 60 e 70. No entanto, atualmente, est esquecido nos armrios.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 22

    Observamos com isso que autores como Mas-Colell e Varian, que podemos

    considerar entre os mais importantes da atualidade, sequer mencionam a

    existncia dos bens superiores. O nico que faz meno a esse bem o

    Ferguson.

    No entanto, a questo est claramente errada, pois a equao de demanda

    fornecida do bem x e ela informa que a quantidade demandada do bem x

    depende do preo do bem x, do preo de y e da renda. Para podermos

    classificar o bem x como normal ou inferior, devemos verificar o que ocorre

    com a demanda desse bem quando h uma variao na renda.

    Por outro lado, se quisermos classificar o bem y como normal ou inferior,

    deveramos ter acesso curva de demanda desse bem y e, assim, podermos

    verificar o que ocorreria com essa demanda quando houvesse uma mudana

    na renda.

    Como a curva de demanda fornecida foi a do bem x, no podemos classificar

    (nem afirmar) que o bem y normal, inferior ou superior. Essas classificaes

    s poderiam ser possveis em relao ao bem x.

    No muito comum cair em prova o bem superior, pois os autores possuem

    opinies diferentes e cobrar uma questo dessa e ter a resposta como CERTO

    s trar problemas para a Banca que dever examinar uma enxurrada de

    recursos.

    Gabarito: E

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 23

    Bibliografia Eaton & Eaton Microeconomia, Editora Saraiva 3 Edio, 1999. Ferguson, C.E. Microeconomia, Editora Forense Universitria 8 Edio, 1985. Mas-Colell, Whinston & Green Microeconomic Theory, Oxford University Press, 1995. Pindyck & Rubinfeld Microeconomia, Editora MakronBooks 4a Edio, 1999. Varian, Hal R. Microeconomia Princpios Bsicos, Editora Campus 5 Edio, 2000.

  • AULA 00

    NOES DE REGULAO E AGNCIAS REGULADORAS PARA TECNICO -

    TEORIA E EXERCCIOS ANVISA

    PROFESSOR: CSAR DE OLIVEIRA FRADE

    Prof. Csar de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 24

    Galera,

    Terminamos aqui a nossa Aula Demonstrativa. Tentei passar para vocs

    nesta aula um pouco de como vai ser o curso, lembrando sempre que irei

    mant-lo com uma linguagem simples e direta com o intuito de facilitar a

    compreenso. Sempre tentando colocar exemplos do nosso dia-a-dia. Pois o

    que estamos interessados no em aprender Economia, mas sim em acertar

    as questes da prova, no mesmo?

    Lembro que sero apresentadas vrias questes e elas no sero apenas

    resolvidas. Optarei, em grande parte delas, em fazer a soluo alm de citar o

    que os vrios renomados autores falam sobre o assunto e tecer comentrios

    adicionais com o intuito de enriquecer o material.

    Abraos,

    Csar Frade