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Cidadania, direitos e desigualdades: aula 7 Direitos e deveres para governantes e governados: abordagens modernas V Final do Bloco I: Cidadania, Direitos e Desigualdades na História Antiga e Moderna Professor Adalberto Azevedo São Bernardo do Campo, 04/02/2013

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Cidadania, direitos e desigualdades: aula 7

Direitos e deveres para governantes e governados: abordagens modernas V

Final do Bloco I: Cidadania, Direitos e Desigualdades na História Antiga e Moderna

Professor Adalberto AzevedoSão Bernardo do Campo, 04/02/2013

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Plano de aula

1. Rousseau: o Contrato Social

2. Revolução Francesa e os Direitos do Homem

3. Conclusões e síntese do Bloco I: objetivos gerais e específicos

4. Esclarecimentos sobre a Prova

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Jean-Jacques Rousseau e seu método

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1755); O Contrato Social (1762)

Obras complementares: uma constrói hipóteses sobre a origem do homem, sua evolução e direitos naturais. A outra formata racionalmente um Estado que preserve esses direitos

Ambas destacam a fragilidade dos “fatos” históricos, de difícil verificação (referência a teorias da formação da Terra)

Solução: construir hipóteses razoáveis (demonstradas racionalmente): “Tal foi ou teve de ser a origem da sociedade e das leis [...]

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Rousseau: Os fundamentos da desigualdade Evolução da história humana: da liberdade (estado de natureza) à servidão (propriedade). Motor da ação humana (cooperação ou competição) é a busca do bem estar individual.

Evolução da sociedade (especialmente a propriedade) inviabilizou o estado de natureza, sendo por isso necessário o contrato social: [...] ponto em que os obstáculos que impedem sua conservação no estado de natureza sobrepujam [...] as forças que cada indivíduo dispõe para se manter neste estado.”

Apropriação do trabalho alheio e terras gera a propriedade: metalurgia (ferramentas) e agricultura (divisão do trabalho) têm um papel fundamental

Posse: depende da força ou do direito de primeiro ocupante (diferente da propriedade, fundada na lei civil e positiva, que torna o proprietário um depositário do bem público)

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Jean-Jacques Rousseau e contrato socialContrato Social: troca da liberdade natural pela liberdade civil, disciplinada por procedimentos racionais para o exercício legítimo do poder (condições)

Igualdade ente as partes contratantes é a condição lógica do contrato, já que supõe a doação de certas liberdades, limitando todas racionalmente e igualmente e desestimulando ações nocivas à coletividade, que afetariam a todos da mesma forma (concepção do Estado como um corpo)

Exercício da soberania pelo povo, incluindo participação na elaboração das leis (e cumprimento): cidadãos ativos

Autonomia: só obedecer a lei que se prescreve a si (vontade geral, não de um grupo de indivíduos)

Leis políticas (cidadão-poder) civis (cidadãos entre si) e criminais (viabilizam as outras): fundadas nos valores sociais

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Rousseau: Os fundamentos da desigualdade Sistemas políticos ruins reproduzem e acentuam desigualdades “naturais” (para Rousseau circunstanciais): mais forte/rápido ou engenhoso, em uma atividade mais vantajosa, etc.

[...] e as diferenças entre os homens- desenvolvidas pelas diferenças de circunstância- tornam-se mais sensíveis, mais permanentes em seus efeitos, e começam na mesma medida a influir na sorte dos particulares”.

O Contrato Social pode corrigir a disfunção dos estados civis produtores de injustiça (que “enganaram” o povo):

“ [...] o pacto fundamental, em lugar de destruir a igualdade natural, pelo contrário substitui por uma igualdade moral e legítima aquilo que a natureza poderia trazer de desigualdade física entre os homens que, podendo ser desiguais na força ou no gênio, se tornam todos iguais por convenção e de direito”.

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Jean-Jacques Rousseau e contrato social

O Problema fundamental do Contrato Social:

“Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja, com toda a força comum, a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes.”

Grande problema prático nas sociedades: membros que não abrem mão de todas as suas liberdades naturais em função da liberdade civil (crime) ou pior, que atuam no espaço público legislando e usando o Estado em causa própria

Dificuldade de se submeter as vontades individuais à vontade geral do “corpo” social: Estado que garanta a cidadania (liberdade e direitos dosados para o bem comum)

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Jean-Jacques Rousseau e contrato social

Regimes (monarquia, aristocracia e democracia) são secundários e dependem de condições específicas, como a extensão do território e costumes: importa a participação popular e a submissão do soberano a essa autoridade

Reconstrução constante da legitimidade: necessidade de detalhar o corpo administrativo do Estado (governo que intermedia a relação executando leis) e evitar que o poder central subjugue o poder popular

Necessidade de representação exige uma constante vigilância e a troca periódica para que os representantes não defendam apenas seus interesses. Além disso, o legislador deve conhecer os Estados e suas sociedades

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Revolução Francesa e os Direitos do Homem

Trechos do vídeo- A Revolução Francesa- History Channelhttp://www.youtube.com/watch?v=xpiAQRqVZtQ

P2: o 06m11sP4:2m31s a 6m11s

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Revolução Francesa e os Direitos do Homem

Dica de filme:Danton - O Processo da Revolução (1982)

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Revolução Francesa e os Direitos do Homem

Seria possível recuperar a liberdade perdida no contrato social injusto e vigente na França da época de Rousseau?

Revolução Francesa: oportunidade de transformar o Estado de forma mais radical do que as revoluções anteriores- intenção de instituir não só uma nova ordem política (relações governantes governado), mas também social (relações entre classes dominantes e dominadas)

Declaração dos Direitos do Homem: base de documentos contemporâneos

“Vontade geral” como orientação do poder Legislativo e homem com direitos naturais imprescritíveis (Rousseau)

Diferença da concepção inglesa (e estadunidense) de que o homem renuncia a direitos naturais pelo Estado

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Revolução Francesa e os Direitos do Homem

Outra diferença, derivada da anterior: fim da concepção de que a relação entre governantes e governados é desigual

Enfraquecimento da idéia do Estado paternalista (pastor e seu rebanho)

Exige uma cidadania ativa e isenta de interesses próprios (ideal)

“Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos” (início da declaração): direitos naturais inalienáveis por estruturas sociais (como a família): liberdade, igualdade, propriedade e resistência à opressão

Temas para a próxima aula

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Revolução Francesa e os Direitos do Homem

1794: Novo feriado (Dia do Ser Supremo), culto da Deusa RazãoMudanças no calendário Cristão, etc: troca de ídolos?

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Conclusões e síntese do Bloco I

Objetivos gerais do Bloco I: discutir a relação governantes governados (“compreensão sobre o fenômeno da emergência dos direitos” civis, políticos e sociais”, na ementa)

Objetivos específicos do Bloco I: • Verificar como essa relação se concretizou historicamente;

• Associar formas concretas de Estado e/ou exercício de poder com idéias dos pensadores clássicos da política;

• Saber diferenciar pontos essenciais dessas idéias em termos do empoderamento do Estado e do cidadão bem como as implicações desse poder relativo em termos de direitos

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Conclusões e síntese do Bloco ISócrates (469 A.C. -399 A.C.)- A cidadania nas cidades Estado, contradições da relação público privado. Exemplos de Problemas Contemporâneos Associados (EPCAs): corrupção e patrimonialismo na política, caráter “ideal” do Estado

Thomas Hobbes (1588-1679)- O surgimento do Estado Nação, o início da Revolução Inglesa e a solução contratualista (perda de direitos naturais). EPCAs: Estados sem nação e a cidadania reivindicada, Leviatãs contemporâneos e ameaças às conquistas da cidadania

John Locke (1632-1704)- A evolução da Revolução Inglesa e o novo contratualismo: o cidadão. EPCAs: Estados de exceção, liberdade X segurança, pensamento único como forma de totalitarismo

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Conclusões e síntese do Bloco IMontesquieu (1689-1755) e Alexis de Tocqueville (1805-1859): Análises das revoluções inglesa e estadunidense, novas metodologias de definição do problema político e a importância da participação do cidadão.EPCAs: a representatividade limitada das instituições políticas, relações de poder no pacto federalista. Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778): Concepção de um (contrato) social que preserve liberdades de forma igualitária. Crítica aos contratos que aprisionam o indivíduo/cidadão.EPCAs: participação política (cidadania ativa X passiva), usos e abusos da liberdade (liberdade política X patrimonialismo)

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Avaliação sobre o Bloco IAvaliações ao final de cada bloco (6 questões, para responder duas).

Conceitos: correspondência com notas de 0 a 10

“F” de 0 a 3,9“D” de 4,0 a 4,9; “C” de 5,0 a 6,9; “B” de 7,0 a 8,9; “A” de 8,5 a 10,0

O que não será cobrado: datas, conceitos gerais como jusnaturalismo e contratualismo, idéias específicas dos pensadores (por exemplo, como fulano ou sicrano definiam propriedade ou quais são so direitos naturais)Questões versaram sobre os objetivos do curso, podendo incluir problematizações atuais

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Avaliação sobre o Bloco I

Objetivos gerais do Bloco I: discutir a relação governantes governados (“compreensão sobre o fenômeno da emergência dos direitos” civis, políticos e sociais”, na ementa)

Objetivos específicos: • Verificar como essa relação se concretizou historicamente;

• Associar formas concretas de Estado e/ou exercício de poder com idéias dos pensadores clássicos da política;

• Saber diferenciar pontos essenciais dessas idéias em termos do empoderamento do Estado e do cidadão, bem como as implicações da distribuição do poder em termos de direitos