20
1 1 CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO Aula Teoria Geral dos Recursos I - INTRODUÇÃO O Sistema Recursal passa, a priori, pela análise dos meios de impugnação das decisões judiciais, porque os recursos são uma espécie de meios de impugnação de decisão judicial. Afirma-se 1 corretamente que dentro do gênero “meios de impugnação das decisões judiciais” existem duas espécies de instrumentos processuais: os recursos e os sucedâneos recursais. O CONCEITO DE RECURSO deve ser construído partindo-se de cinco características essenciais a esse meio de impugnação: (a) Voluntariedade; (b) Expressa previsão em lei federal (taxatividade); (c) Desenvolvimento no próprio processo no qual a decisão impugnada foi proferida; (d) Manejável pelas partes, terceiros prejudicados e MP; e (legitimidade recursal) (e) Com o objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer decisão judicial. 1 Neves, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil; Nery Jr., Nelson e Araken de Assis TÓPICOS : I - Introdução II - Conceito III - Classificação IV Atos sujeitos a Recursos V Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito VI Requisitos V Efeitos VI - Princípios

Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

1 1

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

A u l a – T e o r i a G e r a l d o s R e c u r s o s

I - INTRODUÇÃO

O Sistema Recursal passa, a priori, pela análise dos meios de impugnação das decisões

judiciais, porque os recursos são uma espécie de meios de impugnação de decisão judicial.

Afirma-se1 corretamente que dentro do gênero “meios de impugnação das decisões

judiciais” existem duas espécies de instrumentos processuais: os recursos e os sucedâneos

recursais.

O CONCEITO DE RECURSO deve ser construído partindo-se de cinco características

essenciais a esse meio de impugnação:

(a) Voluntariedade;

(b) Expressa previsão em lei federal (taxatividade);

(c) Desenvolvimento no próprio processo no qual a decisão impugnada foi proferida;

(d) Manejável pelas partes, terceiros prejudicados e MP; e (legitimidade recursal)

(e) Com o objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer decisão judicial. 1 Neves, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil; Nery Jr., Nelson e Araken de Assis

TÓPICOS:

I - Introdução

II - Conceito

III - Classificação

IV – Atos sujeitos a Recursos

V – Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito

VI – Requisitos

V – Efeitos

VI - Princípios

Page 2: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

2 2

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Das 5 características mencionadas, as duas primeiras serão analisadas no tratamento

dos princípios recursais (voluntariedade e taxatividade). A quarta será analisada com os

requisitos de admissibilidade (legitimidade recursal) e a quinta (objetivo do recorrente) será

enfrentada na análise do juízo de mérito recursal.

No que tange ao desenvolvimento do recurso no próprio processo em que foi

proferida a decisão impugnada, insta esclarecer que na eventual hipótese de criação de um

novo processo para instrumentalizar a impugnação de decisão judicial, estar-se-á, diante de

uma espécie de sucedâneo recursal, mais especificamente de AÇÃO AUTÔNOMA DE

IMPUGNAÇÃO.

A demonstração mais clara de que o Recurso se desenvolverá no próprio processo em

que a decisão judicial foi proferida é a inexistência de citação do recorrido, havendo uma

mera intimação para, querendo, apresentar contrarrazões no mesmo prazo que o recorrente

teve para apresentar seu recurso.

Importe recordar que a identidade de processo não significa necessariamente a

identidade de autos, considerando-se que o recurso pode se desenvolver em autos próprios

– por exemplo, agravo de instrumento –, mas continuará a fazer parte do mesmo processo

no qual a decisão foi impugnada foi proferida.

II - CONCEITO

ATENÇÃO: A exceção fica por conta da “citação” do réu

para responder a apelação na hipótese do art. 285-A, § 2°,

do CPC, mas isso só ocorre porque a sentença impugnada

foi proferida inaudita altera partes.

Page 3: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

3 3

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Recurso é o mecanismo processual que visa a provocar um reexame da decisão judicial, antes

da COISA JULGADA FORMAL, ou seja, antes do trânsito em julgado da sentença.

Recurso é uma espécie de remédio processual que a lei coloca à disposição das partes para

impugnação de decisões judiciais, dentro do mesmo processo, com vistas à sua reforma, invalidação,

esclarecimento ou integração, bem como para impedir que a decisão impugnada se torne preclusa ou

transite em julgado.

Segundo José Carlos Barbosa Moreira, recurso é o “REMÉDIO VOLUNTÁRIO IDÔNEO A

ENSEJAR, DENTRO DO MESMO PROCESSO, A REFORMA, A INVALIDAÇÃO, O ESCLARECIMENTO OU A

INTEGRAÇÃO DE DECISÃO JUDICIAL QUE SE IMPUGNA”.

III - CLASSIFICAÇÃO

1.1. QUANTO À EXTENSÃO (ABRANGÊNCIA) DA MATÉRIA (ART. 505 DO CPC)

Segundo tradicional regra do direito pátrio, o objeto do recurso será limitado pela decisão

recorrida, não podendo extrapolá-lo. A exceção atualmente fica por conta do disposto no

art. 515, § 3° do CPC, que permite ao Tribunal, no julgamento da apelação contra sentença

terminativa (art. 267 do CPC), conhecer imediatamente o mérito da ação ainda que tal

matéria não

1.1.1. Recurso Parcial: É aquele que não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da

decisão. O que não for impugnado fica acobertado pela preclusão e só poderá ser

modificado por ação rescisória.

1.1.2. Recurso Total: É aquele que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida.

Se o recorrente não especificar a parte em que impugna a decisão, entender-se-á total o

recurso.

1.2. QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO

Page 4: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

4 4

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Em decorrência do PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE, todo o recurso deverá ser devidamente

fundamentado, expondo o recorrente os motivos pelos quais ataca a decisão impugnada e

justificando seu pedido de anulação, reforma, esclarecimento ou integração. Trata-se na verdade da

causa de pedir recursal.

1.2.1. Fundamentação livre (Regra): É aquele em que a causa de pedir recursal não está

delimitada pela lei, podendo o recorrente impugnar a decisão alegando qualquer vício.

Ex.: apelação, agravo, recurso ordinário e embargos infringentes.

1.2.2. Fundamentação vinculada: É aquele em que lei limita o tipo de crítica à decisão,

estabelecendo tipos legais de vícios que podem fundamentar o recurso, sob pena de não

conhecimento, por ausência de regularidade formal. O recorrente não poderá alegar

qualquer matéria que desejar, estando sua fundamentação vinculada às matérias

expressamente previstas em lei. O rol de matérias alegáveis em tais recursos é exaustivo,

e o desrespeito a essa exigência legal acarretará a inadmissibilidade do recurso por

irregularidade formal. Essa espécie de Recurso é excepcional, havendo somente três:

Recurso Especial, Recurso Extraordinário e embargos de declaração.

1.3. QUANTO AO FIM COLIMADO

1.3.1. De reforma: Visa a modificação na solução dada à lide, favoravelmente ao recorrente.

1.3.2. De Invalidação: Pretende-se apenas anular ou cassar a decisão, para que seja proferida

outra em seu lugar.

1.3.3. De esclarecimento ou integração: Quando o recurso visa afastar a falta de clareza ou

imprecisão do julgado, ou suprir alguma omissão do julgador.

ATOS SUJEITOS A RECURSOS

O conhecimento do tipo de pronunciamento feito pelo juiz assume, em matéria de recurso,

especial relevância, uma vez que, conforme o tipo, será cabível um ou outro recurso. Por isso,

vamos analisar os tipos de pronunciamentos judiciais.

Page 5: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

5 5

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

O art. 162 do Código de Processo Civil estabelece quais são os tipos de atos praticados pelo

juiz, que são de três espécies:

(a) (§1º) Sentença: Ato que implica em alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 do

Código de Processo Civil. O §1º do art. 162 foi alterado pela 11.232/2005. Antes, sentença era

conceituada como o ato do juiz que colocava termo (encerrava) o processo, com ou sem

julgamento do mérito. Apesar disso, para a nossa estrutura recursal, é de suma importância

que se compreenda a sentença como decisão judicial que encerra o procedimento em 1ª

instância, ultimando a fase de conhecimento ou de execução.

Isso se deve ao fato de que, essa alteração legislativa, pode causar sérios problemas: há casos

de decisões proferidas com base nos arts. 267 e 269 do Código de Processo Civil, que não

encerram o processo, como o caso de indeferimento parcial da petição inicial (art. 267, I),

reconhecimento de decadência em relação a um dos pedidos cumulados (art. 269, IV). Nesses

casos, o procedimento seguirá. E qual seria o recurso cabível? Em que pese, pelo art. 162, §1º

tratar-se de sentença, o recurso, aqui, será o agravo e não a apelação, porque, se fosse

apelação, como o processo subiria ao tribunal, para julgamento do recurso, se o

procedimento ainda há de prosseguir para a solução do restante do litígio. Isso explica a

impropriedade da alteração legislativa e, ela, não modificou o sistema recursal.

(b) (§2º) Decisões interlocutórias: Ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão

incidente. É toda decisão que não encerra o procedimento em 1ª instância.

(c) (§3º) Despachos: Todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a

requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

De SENTENÇA, o recurso cabível é a apelação, nos termos do art. 513 do Código de Processo

Civil. Das DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS, o recurso é o agravo, segundo art. 522 do Código de

Processo Civil. Os DESPACHOS são, por sua vez, irrecorríveis, conforme art. 504 do Código de

Processo Civil.

Entretanto, doutrina e jurisprudência vêm admitindo agravo de instrumento contra despacho,

desde que comprovado que ele causou prejuízo à parte.

Page 6: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

6 6

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

- Apelação;

- Sentença - Recurso inominado (art. 41 da Lei 9.099/95)

Decisões - Embargos de declaração.

Pronunciamentos

Judiciais - Decisões - Agravo;

Interlocutórias - Embargos de declaração.

Despachos (em regra irrecorríveis)

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO

Assim como ocorre com a ação ajuizada, que para ter seu mérito examinado deve preencher

determinados pressupostos, os recursos, para serem conhecidos e, após, providos, também devem

observar alguns requisitos.

Aliás, o estabelecimento de um paralelo entre as condições da ação e os requisitos de

admissibilidade dos recursos tem sido voz corrente na doutrina.

Desta forma, as mesmas condições da ação e pressupostos processuais que devem se fazer

presentes para que haja o julgamento de mérito da ação, hão de ser observados também para que os

recursos tenham a sua questão de fundo julgada pelo tribunal.

É verdade, todavia, que, enquanto na ação os requisitos são verificados em relação a fatos

exteriores e anteriores ao processo, no recurso os requisitos são aferidos tendo em vista o próprio

processo já existente.

Nos recursos, existem dois tipos de juízos que devem ser feitos:

(a) JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL;

(b) JUÍZO DE MÉRITO DO RECURSO.

Page 7: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

7 7

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

A atividade por meio da qual o juiz ou o tribunal examina a presença ou não dos requisitos ou

pressupostos recursais denomina-se juízo de admissibilidade recursal e pode ser exercido, em regra:

Primeiro, pelo juízo a quo: aquele que proferiu a decisão recorrida; e

Depois, pelo juízo ad quem: aquele que julgará o recurso.

O agravo retido e de instrumento são exceções, pois o juízo de admissibilidade será feito apenas

pelo juízo ad quem.

Vale ressaltar que o CONJUNTO DOS REQUISITOS DE QUALQUER RECURSO REPRESENTA

MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA E PODE SER CONHECIDO DE OFÍCIO PELO ÓRGÃO JUDICIÁRIO A

QUALQUER TEMPO, mesmo depois de ter reputado admissível o recurso (§2º do art. 518 do Código

de Processo Civil).

ELE PODE SER:

Negativo: Quando conduzirá ao não-conhecimento do recurso. Neste caso, inviabiliza-se o

exame de mérito. Sempre virá em decisão explícita e devidamente motivada.

Positivo: Quando autorizará o órgão julgador a ingressar no juízo de mérito do recurso, que

é aquele em que se apura a existência ou inexistência de fundamento para o que se postula,

tirando-se daí as conseqüências cabíveis, isto é, dando provimento ou negando provimento

ao recurso. O juízo de admissibilidade positivo pode ser implícito, circunstância que é

revelada no processamento do recurso ou no seu julgamento de mérito.

O juízo de mérito é feito pelo juízo ad quem.

CLASSIFICAÇÃO DOS REQUISITOS RECURSAIS

Page 8: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

8 8

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Diversos critérios são sugeridos para a classificação dos requisitos de admissibilidade. A doutrina

mais tradicional entende oportuno dividir os requisitos em objetivos e subjetivos; enquanto os

estudos mais recentes preferem separá-los em intrínsecos e extrínsecos.

A reunião em intrínsecos e extrínsecos parece de melhor proveito e vem sendo mais utilizada

pela doutrina. Portanto, os requisitos intrínsecos e extrínsecos que são examinados nos JUÍZO DE

ADMISSIBILIDADE RECURSAL são:

1. REQUISITOS INTRÍNSECOS: São aqueles concernentes à própria existência do direito de recorrer.

São eles:

1.1. Cabimento;

1.2. Legitimação para recorrer,

1.3. Interesse em recorrer (sucumbência); e

1.4. Inexistência de fato impeditivo (art. 881, caput, fine) ou extintivo (arts. 502 e 503) do

poder de recorrer.

2. REQUISITOS EXTRÍNSECOS: Referem-se ao modo de exercer o recurso. Enquadram-se neste

grupo:

2.1. Tempestividade;

2.2. Regularidade formal; e

2.3. Preparo.

REQUISITOS INTRÍNSECOS

1.1 CABIMENTO

É a capacidade de o ato judicial ser questionado e a conformação do recurso com as normas

legais. O exame de tal requisito dar-se-á por meio de dois ângulos distintos, mas complementares: A

RECORRIBILIDADE DO ATO E A PROPRIEDADE DO RECURSO EVENTUALMENTE INTERPOSTO.

Para CADA ESPÉCIE DE DECISÃO JUDICIAL RECORRÍVEL, HÁ UM ÚNICO MEIO RECURSAL

DISPONÍVEL NO ORDENAMENTO, sendo vedada a interposição simultânea ou cumulativa de mais

Page 9: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

9 9

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

outro objetivando a impugnação do mesmo ato judicial. Extrai-se daí o princípio da

unirrecorribilidade, unicidade ou singularidade recursal, vigente em nosso sistema.

Entretanto, a existência de hipóteses perante as quais avaliar qual o recurso cabível para

impugnar determinada decisão se torna tarefa árdua, tendo em conta a natureza do pronunciamento

judicial que se pretende atacar. Isto ocorre não só por impropriedades constantes do próprio

código, como também pela dúvida doutrinária e jurisprudencial que envolva determinado caso.

Nestes casos, e somente nestes, para evitar que a parte seja prejudicada por algum desajuste

do sistema recursal que ocasiona dúvida objetiva sobre qual o recurso cabível, aplicável o PRINCÍPIO

DA FUNGIBILIDADE, que faz possível o conhecimento de um recurso que não seja o adequado para

impugnar determinada decisão, como se o fosse.

A ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE, contudo, como já afirmou o STJ, exige a

presença de TRÊS REQUISITOS:

a) Dúvida objetiva sobre qual o recurso a ser interposto;

b) Inexistência de erro grosseiro, que se dá quando se interpõe recurso errado quando o

correto encontre-se expressamente indicado em lei e sobre o qual não se opõe nenhuma

dúvida;

c) Que o recurso erroneamente interposto tenha sido agitado no prazo do que se pretende

transformá-lo.

Assim, POR EXEMPLO, deve ter conhecido o seu recurso a parte que interpôs agravo de

instrumento para impugnar a decisão proferida em incidente de falsidade documental, embora o art.

395 a qualifique como sentença. Isto porque tal ato tem todas as características de decisão

interlocutória, consoante a definição do § 2º do art. 162.

1.2 LEGITIMAÇÃO PARA RECORRER

Consoante dispõe o art. 499, podem interpor recurso:

Page 10: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

10 10

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

a) A parte vencida,

b) O terceiro prejudicado e

c) O Ministério Público.

Tal regra é aplicável de forma genérica a todos os recursos, inclusive aos agravos.

PARTE é quem participou do processo no pólo ativo ou passivo. Destarte, podem ser

considerados partes, em sentido amplo, além do autor e do réu (mesmo o revel), os litisconsortes,

os intervenientes (que com a intervenção se tornam partes) e os assistentes (tanto na hipótese do

art. 50, quanto do art. 54).

TERCEIRO PREJUDICADO é quem não é parte no momento da decisão que feriu seus interesses.

É quem, com interesse na causa que se discute entre outros dois sujeitos, mantém-se a ela alheio até

que sobrevenha decisão que lhe cause gravame.

Malgrado nosso ordenamento permita a eficácia plena da sentença apenas em relação aos

integrantes do relacionamento processual, a verdade é que seus efeitos, não raro, atingem quem não

é parte no processo. Esses efeitos são conseqüências da eficácia natural da sentença, que não

conhece limitação subjetiva.

Em razão disso é que se admite o recurso do terceiro prejudicado, como forma

intervencional e que atende, sobremaneira, ao princípio da economia processual.

O terceiro, para se legitimar à interposição do recurso, deve ser juridicamente prejudicado e,

consoante o § 1º do art. 499, deverá demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse

de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial.

O termo inicial do prazo recursal do terceiro é aquele atribuído às partes.

O terceiro prejudicado pode interpor qualquer recurso e contra qualquer manifestação

judicial - inclusive, evidentemente, o agravo -, desde que demonstre os mencionados requisitos.

Page 11: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

11 11

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

O MINISTÉRIO PÚBLICO, segundo estabelece o § 2º do art. 499, é legitimado para recorrer

tanto nos processos em que figura como parte, como naqueles em que funciona como fiscal da lei.

1.3 - INTERESSE PARA RECORRER

O interesse em recorrer está intimamente ligado à idéia de sucumbência. Argumenta-se que

esta sucumbência seria reflexo de um prejuízo, que por sua vez configurar-se-ia com a ocorrência de

uma lesão, de um gravame.

Costuma-se dizer, considerando isto, que falta interesse recursal àquele que não pode

alcançar posição mais vantajosa com o recurso, pois isto seria a maior evidência de que a decisão

não lhe trouxe qualquer prejuízo.

Incide no procedimento recursal o binômio "UTILIDADE + NECESSIDADE" como integrantes do

interesse de recorrer.

ÚTIL é o recurso que pode conduzir o recorrente a uma situação mais favorável. Deve o

recorrente, portanto, almejar algum proveito, do ponto de vista prático, com a interposição do

recurso.

NECESSÁRIO é o recurso que aparece como único meio de obter, no mesmo processo, a

reforma que pretende na decisão. Sendo possível obter a modificação vantajosa sem a interposição

do recurso, ausente se fará o requisito do interesse recursal.

Focando especificamente no agravo, falece interesse, por exemplo, para se impugnar a

resolução que se limita, no saneamento do processo, a remeter a questão para decisão final. É que

neste caso sequer houve, de fato, uma decisão, não se podendo verificar verdadeira sucumbência de

qualquer das partes. O exclusivo intento de ver a questão mais rapidamente definida, não preenche,

por si só, o requisito do interesse recursal.

1.4 INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO PODER DE RECORRER

Page 12: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

12 12

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

O poder de recorrer, de regra, é atribuído a todo aquele que detém interesse e legitimação

para fazê-lo. Contudo, há fatos que conduzem à extinção ou ao impedimento do poder de recorrer.

A RENÚNCIA (art. 502) e a AQUIESCÊNCIA (aceitação da decisão - art. 503) constituem fatos

extintivos do poder de recorrer, enquanto a DESISTÊNCIA (art. 501) consubstancia fato impeditivo

deste mesmo poder.

Renúncia: quando o interessado e legitimado para interposição do recurso contra

determinada decisão manifesta a sua vontade de não fazê-lo. A renúncia, desta forma, é ato

anterior à apresentação da inconformidade recursal e independe de consentimento da parte

adversa, bem como de homologação judicial, sendo, portanto, unilateral.

Aquiescência: consiste na manifestação de vontade de conformar-se com o pronunciamento,

como na hipótese em que a parte comparece aos autos informando que irá cumprir a decisão

ou postula prazo para efetuar o pagamento a que foi condenada. É ato que pode ocorrer

antes ou após a interposição do recurso e da prolação da decisão.

Desistência: "o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem anuência do recorrido ou dos

litisconsortes, desistir do recurso". A desistência, como se vê, deve ser manifestada após a

interposição do recurso e antes do seu julgamento. No caso de a parte desistir do recurso

principal, há o efeito colateral de tornar inadmissível o recurso adesivo (art. 500, III).

2. REQUISITOS EXTRÍNSECOS:

Referem-se ao modo de exercer o recurso. Enquadram-se neste grupo:

(a) Tempestividade;

(b) Regularidade formal; e

(c) Preparo.

2.1 TEMPESTIVIDADE

Page 13: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

13 13

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Relacionada à observância pelo recorrente dos prazos em lei fixados.

Superado o prazo estabelecido pelo ordenamento, sobre a questão decidida opera-se a

preclusão (temporal) e eventual recurso que venha a ser interposto com o intuito de rediscuti-la não

poderá ser conhecido, porquanto intempestivo.

Intempestivo, também, conforme os egrégios STF e STJ, é o recurso interposto antes da

publicação da decisão recorrida, porque manejado "fora" (antes) de o prazo respectivo começar a

fluir.

Importante não olvidar que deve ser observada a prerrogativa do prazo em dobro para

recorrer, assegurada:

(a) À Fazenda Pública e ao Ministério Público (seja atuando como parte seja como fiscal da lei),

conforme art. 188 do CPC;

(b) Aos litisconsortes que litigarem com diferentes procuradores, em obediência ao comando do

art. 191 do CPC;

(c) Aos Defensores Públicos, por força do § 5º do art. 5º da Lei nº. 1.060/50.

A contagem do prazo se dá na forma estabelecida pelo art. 184, ou seja, excluindo-se o dia do

começo (dies a quo) e computado o do vencimento (dies ad quem), a partir da data da intimação da

parte - por meio de seu advogado - da decisão, conforme os arts. 242 e 506.

Em certas situações, entretanto, a intimação pessoal é a única modalidade possível, como sucede,

por exemplo, em relação ao Ministério Público, por força do § 2º do art. 236, bem assim com os

Defensores Públicos, em razão do disposto no § 5º do art. 5º da Lei nº. 1.060/50, e também em

relação aos representantes judiciais da Fazenda Pública nas execuções fiscais, a teor do art. 25 da Lei

nº. 6.830/80.

2.2 REGULARIDADE FORMAL

Page 14: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

14 14

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

É a necessidade de serem observados certos preceitos de forma, disciplinados pelo CPC.

Consoante o art. 154, os atos processuais não dependem de forma determinada, senão

quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe

preencham a finalidade essencial.

Nesses termos, é necessário que o recorrente exponha as matérias de fato e de direito, isto é,

as razões do pedido de reforma da decisão, o que possibilitará ao Tribunal conhecer as

circunstâncias fáticas e jurídicas em cujo âmbito a decisão interlocutória foi proferida.

2.3 PREPARO

Consiste o preparo no prévio pagamento das despesas relativas ao processamento do

recurso, incluindo a taxa judiciária e despesas postais (portes de remessa e retorno dos autos).

O preparo, consoante estabelece o art. 511, HÁ DE SER COMPROVADO NO ATO DE

INTERPOSIÇÃO DO RECURSO, sob pena de ser este considerado deserto e, por conseguinte, não-

conhecido.

Passando a lei a fixar o momento em que deve ser comprovado o preparo, exercido o direito

de recorrer sem que seja demonstrada a sua efetivação, dar-se-á a preclusão consumativa

relativamente a este requisito, isto é, o recorrente não mais poderá juntar a guia comprobatória do

pagamento, ainda que o prazo recursal não se tenha esgotado e mesmo que efetivamente tenha sido

realizado anteriormente à interposição e simplesmente não demonstrado.

Há casos, todavia, em que o PREPARO É DISPENSADO.

O § 1º do art. 511 preceitua que são dispensados de preparo os recursos interpostos pelo

Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que

gozam de isenção legal.

Page 15: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

15 15

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Não se exige preparo, outrossim, dos beneficiários da assistência judiciária gratuita, consoante

determinam os arts. 3º, II, e 9º, da Lei nº. 1.060, de 05.02.50.

A não coincidência do encerramento do expediente forense com o do estabelecimento

bancário, onde deverá o recorrente efetuar o pagamento do preparo e obter a comprovação a ser

acostada aos autos simultaneamente às razões recursais, traz outra dificuldade à exigência do preparo

imediato.

Penso que não acarreta qualquer diminuição no prazo o encerramento do expediente

bancário antes do forense, porquanto é disponibilizada a integralidade do horário de funcionamento

do Tribunal para a entrega do recurso. O preparo é ato independente, que pode ser realizado em

qualquer momento dentro do prazo.

Na hipótese de insuficiência do preparo efetuado, a deserção não será desde logo decretada.

Cabe ao órgão judicial determinar a intimação do recorrente para complementá-lo em cinco dias,

consoante estabelece o § 2º do art. 511. Esgotado o prazo sem que tenha sido atendida a

determinação, ou havido o preparo por ainda insatisfatório, apesar do reforço, daí sim há de ser

decretada a deserção, a requerimento da outra parte ou de ofício.

JUÍZO DE MÉRITO DO RECURSO

É a ANÁLISE DA PRETENSÃO RECURSAL, que pode ser a invalidação, a reforma, a integração ou o

esclarecimento (os dois últimos nos embargos de declaração).

É realizado apenas pelo Juízo ad quem, aquele que irá julgar o recurso, ao contrário do juízo de

admissibilidade, que tem duplo controle, seja pelo juízo a quo, seja pelo juízo ad quem. Contudo, no

caso de embargos de declaração, ele é julgado pelo próprio órgão a quo.

A causa de pedir no recurso, que está relacionada aos fatos aptos a autorizar a invalidação, a

reforma, a integração ou o esclarecimento.

Page 16: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

16 16

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Para se pedir a invalidação, deve ocorrer o chamado error in procedendo e, na reforma, o error

in iudicando.

O error in iudicando é o equivoco de juízo, uma má apreciação da questão de direito e/ou de

fato. O juiz decidiu mal.

O error in procedendo releva um defeito/vício da decisão. Nesse, discute-se a validade da

decisão, como um ato jurídico.

EFEITOS DOS RECURSOS

A - IMPEDITIVO DO TRÂNSITO EM JULGADO

A interposição do recurso impede o trânsito em julgado da decisão, prolongando a

litispendência em uma nova instância.

B - SUSPENSIVO OU OBSTATIVO

A interposição do recurso prolonga o estado de ineficácia da decisão, pois seus efeitos ainda não

serão produzidos.

C - DEVOLUTIVO OU TRANSLATIVO

A interposição do recurso transfere ao órgão ad quem ou ao próprio órgão julgador o

conhecimento da matéria impugnada. Possibilita o reexame da matéria objeto da decisão. É comum a

todos os recursos.

A extensão do efeito devolutivo é representada pela expressão latina: “tantum devolutum

quantum appellatum”. Ou seja, só será devolvido o conhecimento da matéria impugnada, relacionada

ao objeto litigioso (art. 515 do Código de Processo Civil).

Page 17: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

17 17

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

Contudo, o § 1º do art. 515, permite ao tribunal apreciar todas as questões suscitadas e

discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro, mas desde que

relacionada ao objeto litigioso do recurso.

Por exemplo: se o autor invocara dois fundamentos para o pedido, se o juiz o julgou

procedente apenas por um deles, silenciando sobre o outro, ou repelindo-o, a apelação do réu, que

pleiteia a declaração da improcedência, basta para devolver ao tribunal o conhecimento de ambos os

fundamentos.

D - REGRESSIVO OU DE RETRATAÇÃO OU DIFERIDO

Autoriza o órgão a quo a rever a decisão recorrida.

Exemplos: Agravo, apelação contra sentença que indefere a petição inicial (art. 296).

E - EXPANSIVO SUBJETIVO

É quando o recurso interposto por um dos litisconsortes aproveita a todos, salvo se distintos

ou opostos os seus interesses (art. 509 do Código de Processo Civil).

É uma situação excepcional, pois a regra é a da personalidade do recurso, ou seja, ele só

produz efeitos para o recorrente.

PRINCÍPIOS RECURSAIS

A - PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Garantia de boa justiça (Nery) – A CF/88 traça os limites do duplo grau, garantindo-o, mas não de

forma ilimitada.

Page 18: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

18 18

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

B - PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE

O rol legal – CPC, art. 496 - de recursos é numerus clausus.

C - PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE OU UNIRRECORRIBILIDADE

Para cada decisão judicial deve existir um único recurso a ela correlacionado, num mesmo momento

processual.

D - PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE

O recurso deverá ser dialético, isto é, discursivo. O recorrente deverá declinar o porquê do

pedido. Essencial para se formar o contraditório e o quantum apellatum.

E - PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE

Possibilidade de que, em casos de dúvida objetiva, o tribunal receba um recurso por outro.

SÃO CONDIÇÕES DA FUNGIBILIDADE:

ATENÇÃO: O agravo Regimental não é novo tipo

de recurso, mas espécie de recurso de agravo. O

pedido de Reconsideração não é considerado

Recurso

EXCEÇÃO: acórdão que, decidindo uma única

questão, com fundamento legal e constitucional, leva

a parte a interpor Resp e RE simultaneamente

Page 19: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

19 19

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

a) existência de dúvida objetiva, assim entendidos os casos em que há controvérsia

jurisprudencial e doutrinária, ou erro do juiz;

b) interposição no prazo menor, em caso de prazos diferentes para os recursos possíveis

(segundo parcela da doutrina, não se faz necessário obedecer esse requisito). Não se aplica a

fungibilidade em casos de erro grosseiro ou má-fé.

F - PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE

Decorre do princípio dispositivo e indica que o recurso depende de iniciativa da parte

interessada. Também insere-se nesse princípio a liberdade do interessado para delimitar a órbita de

abrangência de seu recurso.

G - PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS

O recurso não deve resultar para o recorrente situação de piora em relação àquela em que

lhe fora imposta pela decisão recorrida (também não se aceita a reformatio in melius, pois não pode

o tribunal melhorar a situação do recorrente para além dos limites por ele mesmo fixados no

recurso). Princípio que decorre da interpretação do princípio dispositivo.

H - PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO

Uma vez já exercido o direito de recorrer, consumou-se a oportunidade para fazê-lo, de

sorte a impedir que o recorrente torne a impugnar o pronunciamento judicial já impugnado.

ATENÇÃO: reformatio in pejus e remessa

necessária: possível o agravamento da Fazenda

Pública? - STJ 45 – “No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública”.

Page 20: Aula_Processual Civil_Teoria Geral Dos Recursos_Makvel Reis Nascimento

20 20

CURSO DE DIREITO - FATEPS DISCIPLINA – ATIVIDADES COMPLEMENTARES (CURSO DE EXTENSÃO) PROF. MS. MAKVEL REIS NASCIMENTO

I - PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE

Recurso e razões devem ser oferecidos na mesma oportunidade. Segundo esse princípio,

poder-se-á complementar a fundamentação de recurso, se houver alteração da decisão em virtude de

Embargos de Declaração.

RECURSO ADESIVO – ART. 500

É o recurso interposto por aquela parte que não se dispunha a impugnar a decisão e só veio a

fazê-la porque o fizera o outro litigante.

REQUISITOS:

a) Sucumbência recíproca.

b) Admissível só na apelação, nos embargos infringentes, no recurso especial e no recurso

extraordinário.

c) Deve obedecer todos os requisitos de admissibilidade exigidos para os recursos, inclusive o

preparo.

d) O prazo para a sua interposição é o mesmo de que dispõe para apresentar as contra-razões

ao recurso principal, que será de 15 dias (art. 508).

e) Fica dependente do recurso principal, na medida em que o principal não for conhecido, o

adesivo também não será.