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Notas de aula de PME 2361 Processos de Transferncia de Calor
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AULA 12 INTRODUO TRANSFERNCIA DE
CALOR CONVECTIVA
Lei de Resfriamento de Newton
J vimos que a transferncia de calor por conveco regida pela simples de lei de
resfriamento de Newton, dada por:
)( TTAhq S
onde,
Ts, T temperatura da superfcie aquecida e do fluido ao longe;
A rea de troca de calor, isto , a rea de contato do fluido com a superfcie;
h = coeficiente de transferncia de calor por conveco.
O problema fundamental da transferncia de calor por conveco a determinao do
valor d h para o problema em anlise. Nota-se que a expresso da transferncia de calor
consideravelmente mais simples que a da conduo. No presente caso, basta resolver
uma equao algbrica simples para que o fluxo de calor seja obtido desde que, claro, se
conhea o valor de h, enquanto que no segundo caso, exige-se a soluo da equao
diferencial da conduo de calor. Essa aparente simplicidade , no entanto, enganosa,
pois na verdade, em geral, h funo de um grande nmero de variveis, tais como as
propriedades de transporte do fluido (viscosidade, densidade, condutividade trmica),
velocidade do fluido, geometria de contato, entre outras. Nessa e nas demais aulas,
sero apreentadas expresses e mtodos de obteno daquela grandeza para diversas
condies de interesse prtico. Mas, antes, vamos apresentar os nmeros adimensionais
que controlam a transferncia de calor convectiva.
Anlise Dimensional
A anlise dimensional um mtodo de reduzir o nmero de variveis de um problema
para um conjunto menor de variveis, as quais no possuem dimenso fsica, isto,
tratam-se de nmeros adimensionais. Alguns adimensionais que o aluno j deve estar
familiarizado a essa altura so o nmero de Reynolds na Mecnica dos Fluidos, os
nmeros de Biot e de Fourier.
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A maior limitao da anlise dimensional que ela no fornece qualquer informao
sobre a natureza do fenmeno. Todas as variaes que influenciam devem ser
conhecidas de antemo. Por isso deve se ter uma compreenso fsica preliminar correta
do problema em anlise.
O primeiro passo da aplicao do mtodo consiste na determinao das dimenses
primrias. Todas as grandezas que influenciam no problema devem ser escritas em
funo destas grandezas. Por exemplo, considere o sistema primrio de grandezas
MLtT, onde:
Comprimento L
Tempo t
Massa M
Temperatura T
Nesse sistema de grandezas primrias, por exemplo, a grandeza fora tem as seguintes
dimenses:
Fora ML/t2
O mesmo pode ser feito para outras grandezas de interesse:
Condutividade trmica ML/t3T
Calor ML2/t
2
Velocidade L/t
Densidade M/L3
Velocidade M/Lt
Calor especfico a presso constante L2/t
2T
Coeficiente De transmisso de calor M/t3T
Teorema dos ou de Buckingham
Esse teorema permite obter o nmero de adimensionais independentes de um problema.
dado por:
M = N P
Onde,
M nmero de grupos adimensionais independentes;
N nmero de variveis fsicas dos problemas;
P nmero de dimenses primrias;
Sendo um adimensional genrico, pode-se escrever, ento:
0),...,( 21 mF
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Para exemplificar, considere um fenmeno fsico de 5 variveis e trs dimenses
primarias. Logo,
M = 5-3 = 2, de onde se obtm:
0),( 21 F ou
pode-se escrever um adimensional como funo do outro da seguinte forma.
)( 21 f
Essa relao funcional pode ser terica ou experimental, obtida em laboratrio, como
indicado no grfico abaixo. Note que seria necessrio se realizar experimentos com
apenas uma varivel (grupo adimensional 2) e observar a dependncia de 1. Com
isso, reduz-se drasticamente o nmero de experimentos. Caso contrrio, seria necessrio
fazer experimentos envolvendo as 5 variveis originais do problema.
1
2
erimentalcurvaf exp)( 2
Outro exemplo, seria o caso de um fenmeno descrito por 3 grupos adimensionais.
Nesse caso, tem-se:
0),,( 321 F , ou ),( 321 f
Pode-se, assim, planejar experimentos laboratoriais mantendo 3 constante, e variando
2, observando como 1 varia, como ilustrado no grfico abaixo.
2
tesconsdecurvas tan31
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Adimensionais da transferncia de calor por conveco forada
Considere o escoamento cruzado em um tubo aquecido, como ilustrado na figura
abaixo.
fluido
V
Tubo
aquecido
D
Sabe-se de antemo que as grandezas que interferem na transferncia de calor so:
Variveis Eq. Dimensional D Dimetro do Tubo L
k Condutividade trmica do fluido ML/t3T
V Velocidade do fluido L/t
Densidade do fluido M/L3
Viscosidade do fluido M/Lt
CP Calor especifico a presso constante L2/t
2T
h Coef. de transferncia de calor M/t3T
Portanto, h N = 7 grandezas e P = 4 dimenses primrias, do que resulta em:
M = 7 4 = 3 (3 grupos adimensionais)
Seja um grupo adimensional genrico do tipo:
g
c
f
p
edcba hcVKD
Substituindo as equaes dimensionais de cada grandeza, vem:
gfedcb
a
Tt
M
Tt
L
Lt
M
L
M
t
L
Tt
MLL
32
2
33
ou, aps rearranjo, vem:
gfbgfecbfedcbagedb TtLM 32323
Por se tratar de um adimensional, todos os expoentes devem ser nulos, isto :
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0
0323
023
0
gfb
gfecb
fedcba
gedb
H um sistema de 7 incgnitas e 4 equaes. Portanto, o sistema est indefinido. O
mtodo pressupe que se assumam alguns valores para os expoentes. Aqui um ponto
crtico do mtodo, pois h de se fornecer valores com critrios. Por exemplo,
(A) Como h uma grandeza que nos interessa, vamos assumir o seguinte conjunto de
valores
0
1
dc
g
Assim, pode-se resolver a equao do grupo adimensional, resultando em:
a = 1
b = -1
e = f = 0
Esse primeiro grupo adimensional recebe o nome de nmero de Nusselt, definido por:
Nuk
Dh1
(B) Agora vamos eliminar h e assumir outros valores
0
1
0
f
a
g
(para no aparecer h)
A soluo do sistema fornece:
b = 0
c = d = 1
e = -1
De onde resulta o outro grupo adimensional relevante ao problema que o nmero de
Reynolds, dado por:
D
VDRe2
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(C) - Finalmente, vamos assumir os seguintes valores
e = f =1
b = -1
Da resulta, o terceiro e ltimo nmero adimensional que recebe o nome de nmero de
Prandtl,
Pr3 k
cp
Ento, h uma funo do tipo
0),,( 321 F ou 0),,( PrReDNuF .
Isolando o nmero de Nusselt, vem:
),( PrReDfNu
Assim, os dados experimentais podem ser correlacionados com as 3 variveis (os
grupos adimensionais) ao invs de sete (as grandezas que interferem no fenmeno).
Vimos, ento, que:
),( PrReDfNu
Diversos experimentos realizados com ar, leo e gua mostraram que existe uma tima
correlao envolvendo estes trs adimensionais, conforme ilustrado no grfico abaixo.
Note que, ar, gua e leo apresentam propriedades de transporte bastante distintas e, no
entanto, os coeficientes de transferncia de calor nesses trs fluidos podem ser
correlacionados por meio dos nmeros adimensionais. Isto tambm indica que, uma vez
obtida a expresso que rege a transferncia de calor, nos sentimos vontade para usar
com outros fluido, caso no existam dados experimentais de laboratrio disponveis.
10 1001
1
3,0Pr
Nu
4,03,0 RePr82,0Nu
gua
leoar
3
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AULA 13 CAMADA LIMITE LAMINAR SOBRE UMA
PLACA OU SUPERFICIE PLANA
Na aula passada vimos que a transferncia de calor no escoamento externo sobre uma
superfcie resulta na existncia de 3 nmeros adimensionais que controlam o fenmeno.
Essas grandezas so o nmero de Nusselt, Nu, o de Reynolds, Re, e o de Prandtl, Pr. De
forma que existe uma relao do tipo Nu = f(Re, Pr), a qual pode ser obtida de forma
experimental ou analtica em algumas poucas situaes.
Na aula de hoje apresentar-se- uma situao particular em que esta relao pode ser
obtida de forma analtica e exata. Para isso, sero apresentadas as equaes diferenciais
que regem a transferncia de calor em escoamento sobre uma superfcie plana em
regime laminar. Depois ser indicada a soluo dessas equaes. Para comear o estudo,
considere o escoamento de um fluido sobre uma superfcie ou placa plana, conforme
ilustrado. Admita que o fluido tenha um perfil uniforme de velocidades (retangular)
antes de atingir a placa. Quando o mesmo atinge a borda de ataque, o atrito viscoso vai
desacelerar as pores de fluido adjacentes placa, dando incio a uma camada limite
laminar que cresce em espessura medida que o fluido escoa ao longo da superfcie.
Note que esta camada limite laminar vai crescer continuamente at que instabilidades
vo induzir a uma transio de regime para dar incio ao regime turbulento, se a
extremidade da placa (borda de fuga) no for antes atingida. Admite que a transio
ocorra para a seguinte condio 5105Re
xuxtransio (s vezes tambm se usa
3 105), onde x a distncia a partir do incio da placa (borda de ataque).
y
u
laminar
xTransio Turbulento
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No regime laminar, o fluido escoa como se fossem lminas deslizantes, sendo que a
tenso de cisalhamento (originria do atrito entre essas camadas) dada por dy
du
para um fluido newtoniano (como o ar, gua e leo). Essa condio e geometria de
escoamento permitem uma soluo exata, como se ver a seguir.
Equaes da continuidade e quantidade de movimento na camada limite laminar
Hipteses principais:
- Fluido incompressvel - Regime permanente - Presso constante na direo perpendicular placa - Propriedades constantes - Fora de cisalhamento na direo y constante
Considere um elemento diferencial de fluido dentro da camada limite laminar (CLL),
como indicado.
x
ydy
dx
Equao da continuidade ou da conservao de massa.
dydxx
uu )(
dxdyy
vv )(
vdx
udy
dx
dy
Como entrasai mm , ento substituindo os termos, vem:
dydxx
uudxdy
y
vvvdxudy )()(
. Simplificando, tem-se
0
y
v
x
u ou 0VDiv
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Equao da conservao da quantidade de movimento
Da 2 lei de Newton, tem-se que
extF variao do fluxo da quantidade de movimento
Balano de foras na direo x.
Foras externas (presso e atrito gravidade desprezvel)
dxdyy
)(
dx
pdydydx
x
pp )(
dydxx
ppdxdxdy
ypdyFx )()(
ou, simplificando, dxdyx
pdxdy
yFx
Mas, por ser um fluido newtoniano, tem-se dy
du que, substituindo, em.
dxdyx
pdxdy
y
uFx
2
2
Agora, vamos calcular o fluxo de quantidade de movimento (direo x)
dxdyy
uudy
y
vv ))((
vudx
dydxx
uu 2)(
dyu2
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Juntando todos os termos, tem-se a seguinte expresso:
superior ordem de termos2
)(
)(2
))(()(
2
222
22
dxdyy
vudxdy
y
uvdxdy
x
uu
uvdxdxdyy
u
y
v
dxdyy
vudxdy
y
uvvudxdyudydx
x
udxdy
x
uudyu
uvdxdxdyy
uudy
y
vvdyudydx
x
uu
Ainda possvel simplificar esta equao para obter
dxdyy
v
x
uudxdy
y
uv
x
uu
decontinuida
0
)()(
dxdyx
uv
x
uu )(
Portanto, agora podemos juntar os termos de resultante das foras externas com a
variao do fluxo da quantidade de movimento, resultando na seguinte equao:
x
p
y
u
y
uv
x
uu
2
2
)(
Equao da conservao da energia, ou primeira lei da termodinmica
- Conduo na direo x desprezvel - Energia cintica desprezvel face entalpia
dxdyy
uudy
y
vv ))((
dydxx
uu 2)(
dxdyy
uu )
)((
)(
2
2
dyy
T
y
Tkdx
dx
dy
y
Tkdx
dxuvhdx
uhdy
Potncia (trmica) lquida das foras viscosas
dydyx
hhdy
x
uu ))((
dydyy
hhdy
y
uu ))((
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dydxy
uuu
ydydx
y
udxudxdy
y
uu
)()(
Conservao de energia:
tempode unidade na
ldiferencia controle
de volumeo deixa
que energia de fluxo
tempode unidade
na realizado
lquido trabalho
tempode unidade na
ldiferencia controle
de volumeno entra
que energia de fluxo
Agora, vamos tratar cada termo em particular
Fluxo de energia que entra
Entalpia + Conduo de calor (note que a conduo na direo x desprezvel)
y
Tkdxuhdyvhdx
Trabalho na unidade de tempo (potncia trmica gerada pelas foras viscosas)
dxdyy
uu
y
Fluxo de energia que entra
)())(())((2
2
dyy
T
y
Tkdxdydx
x
hhdx
x
uudxdy
y
hhdy
y
vv
Desprezado os termos de ordem superior
dxdyx
ukdxdy
y
vhdxdy
y
hvdxdy
x
uhdxdy
x
hudydx
y
uu
y 2
2
00
2
2
0
)(x
uk
y
v
x
uh
x
hv
x
hu
y
uu
y
decontinuida
Com Tch p e substituindo todos os termos na equao de balano, resulta na forma
diferencial da equao da energia para a camada limite laminar, dada abaixo:
y
uu
yy
Tk
y
Tvc
x
Tuc pp 2
2
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Em geral a potncia trmica gerada pelas foras viscosas (ltimo termo) desprezvel
face ao termo da conduo de calor e de transporte convectivo de energia (entalpia).
Isso ocorre a baixas velocidades. Assim, a equao da energia pode ser simplificada
para:
2
2
y
T
y
Tv
x
Tu
Retornando agora equao da conservao da quantidade de movimento. Se o
escoamento se der presso constante, aquela equao pode ainda ser reescrita como:
2
2
y
u
y
uv
x
uu
onde,
a viscosidade cinemtica
Comparando as duas equaes acima, nota-se que quando , ou seja, 1Pr
corresponde ao caso em que a distribuio da temperatura idntica a distribuio de
velocidades, o que ocorre com as maiorias dos gases, j que 1Pr65,0 .
Em resumo, as trs equaes diferenciais que regem a transferncia de calor na camada
limite laminar so:
Conservao de massa 0
y
v
x
u
Conservao da quantidade de movimento
direo x
x
p
y
u
x
uv
x
uu
2
2
)(
2
2
y
u
x
uv
x
uu
presso constante
Conservao de energia 2
2
y
T
y
Tv
x
Tu
Ver soluo das camadas limites laminares hidrodinmica e trmico no apndice B do
Holman e item 7.2 do Incropera. Soluo de Blasius.
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Os principais resultados da soluo dessas equaes diferenciais so os seguintes:
Crescimento da camada limite hidrodinmica (CLH): x
x
Re
5 ;
Coeficiente local de atrito local : 2/1
, Re664,0
xxfc ;
Coeficiente local de atrito mdio desde a borda de ataque: 2/1
, Re328,1
LLfc ;
Razo entre camadas limites hidrodinmica (CLH) e trmica (CLT): 3/1Prt
;
Nmero de Nusselt local: Pr6,0PrRe332,0 3/12/1
xxNu 50
Nmero de Nusselt mdio: 3/12/1
PrRe664,0 LLuN .
Definio do coeficiente de atrito: 2/
2
u
c sf
, s tenso de cisalhamento na parede
Os grficos abaixo indicam o comportamento das camadas limites. Note que o nmero
de Prandtl desempenha um papel importante no crescimento relativo das CLT e CLH.
Tu ,
)1(Pr T
)1(Pr T
)1(Pr T
x
C.L.T C.L.H
TS
T u
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AULA 14 CAMADA LIMITE LAMINAR SOLUO
INTEGRAL OU APROXIMADA DE VON KARMAN
Na aula passada, vimos as equaes diferenciais da camada limite laminar. Os
resultados da soluo clssica de Blasius foram apresentados. A soluo per si no foi
discutida, uma vez que o livro-texto apresenta em detalhes o procedimento de soluo
para o aluno mais interessado. Nesta aula, vamos ver uma soluo aproximada baseada
no mtodo integral, tambm conhecida como soluo de von Karman.
Neste caso, define-se um volume de controle diferencial apenas na direo x do
escoamento, enquanto que a altura H do mesmo se estende para alm da camada limite,
isto , H , conforme ilustrado na figura abaixo.
x
y
1 2
A A
dx
H
Leis de conservao na camada limite laminar no elemento diferencial acima:
Balano de massa
Fluxo mssico na face 1 A: H
udy0
Fluxo mssico na face 2 A: dxudydx
dudy
HH
00
Balano de fluxo de quantidade de movimento
Fluxo de Q. M. na Face 1 A: H
dyu0
2
Fluxo de Q. M. na Face 2 A: dxdyudx
ddyu
HH
0
2
0
2
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Fluxo de Q. M. na Face A A: dxudydx
du
H
0
Fluxo lquido de quantidade de movimento para fora do volume de controle
(face 2-A) (face A A) (face 1 A) =
Fluxo liquido de Q. M. = dxudydx
dudxdyu
dx
dHH
00
2
Lembrando da regra do produto de diferenciao que:
)()()( ddd ou
)()()( ddd
Fazendo u
H
udy0
, vem
dxdx
duudydxudyu
dx
ddxudy
dx
du
HHH
000
dxudydx
dudxudyu
dx
dHH
00
Agora, substituindo na expresso do fluxo lquido de Q. M, vem:
dxudydx
dudxudyu
dx
ddxdyu
dx
dMQfluxo
HHH
000
2..
Os dois primeiros termos da integral podem ser reunidos para obter a seguinte forma
mais compacta:
dxudydx
dudxudyuu
dx
dMQfluxo
HH
00
)(..
Agora, vamos obter a resultante das foras externas. No presente caso, s vamos
considerar as foras de presso e de atrito.
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100
- fora resultante da presso: dxdx
dPH
- fora de cisalhamento na parede: -dx
0
y
py
udx
p
dx
dxdx
dPP
P
Finalmente, a equao integral da camada limite laminar hidrodinmica pode agora ser
escrita (2 lei de Newton):
dxudydx
dudxudyuudx
dx
dPH
y
udx
HH
y
000
)(
Se a presso for constante ao longo do escoamento, como ocorre com o escoamento
sobre uma superfcie plana (no caso do escoamento dentro de um canal ou tubo, essa
hiptese no vale): 0dx
dP
Essa hiptese de P = cte. tambm implica em que a velocidade ao longe tambm seja
constante, j que, fora da camada limite, valida a eq. de Bernoulli, ou
cteuP
2
De forma que, na forma diferencial: 002
2
duduudP
Assim, a equao da conservao da Q. M. se resume a:
H
y
udyuudx
dp
y
u
00
)(
Mas como H > a velocidade constante u = u, ento:
00
)(
yy
uudyuu
dx
d
Esta a forma final da equao da conservao da Q.M., vlida para o escoamento
laminar sobre uma superfcie ou placa plana. At o presente momento, o
equacionamento exato, pois nenhuma aproximao foi empregada. A questo : se
conhecermos o perfil de velocidades u(y), ento, a equao acima pode ser integrada.
Da, pode se obter, entre outras coisas, a lei de crescimento da camada limite laminar
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101
hidrodinmica, isto , a espessura da camada limite laminar numa posio x a partir da
borda de ataque. (x).
A soluo aproximada, objeto desta anlise, comea quando se admite um perfil de
velocidades na direo perpendicular ao escoamento, isto , u(y). Claro que a adoo
desse perfil deve seguir certos critrios. Pense: Se voc tivesse que admitir tal perfil de
velocidades, provavelmente faria o mesmo que o apresentado aqui. Isto , voc imporia
um polinmio de grau tal que as condies de contorno do perfil de velocidades fossem
satisfeitas. Certo? Pois exatamente isso que feito. Ento, primeiro passemos a
analisar as condies de contorno do problema , que so:
0/0
/0
/
0/0
2
2
ypy
u
ypy
u
ypuu
ypu
As trs primeiras condies de contorno so simples e de deduo direta. A primeira
informa que a velocidade na superfcie da placa nula (princpio de no-
escorregamento); a segundo diz que fora da CL a velocidade a da corrente fluida e a
terceira diz que a transio entre a CL e a corrente livre suave, da a derivada ser
nula. A ltima c.c. um pouco mais difcil de perceber. H de se analisar a equao
diferencial da conservao da quantidade de movimento da camada limite laminar (aula
anterior que requer que essa condio seja nula sobre a superfcie da placa). Como so
quatro as condies de contorno, uma distribuio que satisfaz estas condies de
contorno um polinmio do 3 grau, dado por:
3
4
2
321)( yCyCyCCyu
Da, aplicando as c.c. para se obterem as constantes C1 a C4, tem-se o perfil aproximado
de velocidades: 3
2
1
2
3)(
yy
u
yu
Introduzindo-o na eq. da Q. M., vem:
00
33
2
2
1
2
3
2
1
2
31
yy
udy
yyyy
dx
du
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102
Do que resulta, aps algum trabalho:
uu
dx
d
2
3
280
39 2
Integrado essa equao, lembrando que para x = 0 = 0 (a CL comea na borda de
ataque):
u
vxx 64,4)( , ou
xx
x
Re
64,4)(
Lembrando da aula anterior que soluo exata (Blasius) fornecia: x
x
x
Re
5)(
Ver Holman Apndice B ou Incropera
Considerando as aproximaes realizadas, o resultado aproximado bastante razovel.
Camada Limite Trmica Laminar
Uma vez resolvido o problema hidrodinmico acima, agora pode-se resolver o problema
trmico. O objetivo o clculo do coeficiente de transferncia de calor, h. Note que
junto superfcie todo calor transferido da mesma para o fluido se d por conduo de
calor e depois este fluxo de calor vai para o fluido. De forma, que pode-se igualar os
dois termos da seguinte maneira:
0
)(
y
py
TkTTh , ou
TT
y
Tk
hp
y 0
Assim, para se obter o coeficiente de transferncia de calor preciso conhecer a
distribuio de temperaturas T(y). De forma semelhante ao que foi feito para o caso
hidrodinmico, pode-se aplicar as seguintes c.c. para a distribuio de temperaturas:
Condies de contorno
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103
0/0
/
/0
0/
2
2
ypy
T
ypTT
ypy
T
ypTT
t
t
p
Mtodo integral (aproximado)
x
y
x0
t
u
T
cteTp
Considere a figura acima, em que o aquecimento da superfcie comea a partir de um
ponto x0, a partir da borda de ataque. De forma anloga ao caso hidrodinmico,
desenvolvendo um balano de energia num V.C. de espessura maior que , vem:
(ver Holmam)
00
2
0
)(
y
H
p
H
y
Tdy
dy
du
cudyTT
dx
d
Admitindo uma distribuio polinomial de grau 3 para a distribuio de temperaturas e
aplicando as c.c., vai se obter a seguinte curva aproximada: 3
2
1
2
3)()(
ttp
p yy
TT
TyTy
(o mesmo que o de velocidades, pois as c.c. so as mesmas)
Desprezando o termo de dissipao viscosa, obtm-se a seguinte relao entre as
espessuras de camadas limites:
3/1
4/3
03/1 1Pr026,1
1
x
xt
Se a placa for aquecida desde a borda, x0 = 0, temos
3/1Pr026,1
1
t
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104
No desenvolvimento admitiu-se t < o que razovel para gases e lquidos
11
11
/Pr
t
Finalmente, agora, podemos calcular o h, por substituio da distribuio de
velocidades, calculada junto parede
tttp
p
p
y
x
kk
TT
TTk
TT
y
Tk
h
2
3
2
3
2
3
)(
)(0, ou
3/14/3
03/1
1Pr026,1
2
3
x
xkhx
, ou ainda
3/1
4/3
0
2/1
3/1 1Pr332,0
x
x
x
ukhx
Lembrando da definio do nmero de Nusselt, k
xhNu xx , vem:
3/14/3
02/13/1 1RePr332,0
x
xNu xx
As equaes anteriores so para valores locais.
O coeficiente mdio de transferncia de calor ser, se x0 = 0:
L
x
dxu
L
dxh
h
LL
x
L
0
2/1
2/1
3/1
0
Pr332,0
, ou
2/
Pr332,0 2/12/1
3/1
L
Lu
hL
, ou finamente:
LxL hL
uh
2Pr332,02
2/1
3/1
Analogamente, para esse caso:
LxL Nuk
LhuN 2
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105
Quando a diferena de temperatura do fluido e da placa for substancial, as
propriedades de transporte do fluido devem ser avaliadas temperatura de pelcula, Tf
2
TTT
p
f
E se o fluxo de calor for uniforme ao longo da placa, tem-se:
3/12/1 PrRe453,0 LLk
hLNu
Ver exerccios resolvidos do Holmam 5.4 e 5.5
Exemplo resolvido (extrado do livro de Pitts e Sissom)
Num processo farmacutico, leo de rcino (mamona) a 40C escoa sobre uma placa
aquecida muito larga de 6 m de comprimento, com velocidade de 0,06 m/s. Para uma
temperatura de 90C. Determine:
(a) a espessura da camada limite hidrodinmica ao final da placa
(b) a espessura da camada limite trmica t no final da placa (c) o coeficiente de transferncia de calor local e mdio ao final da placa (d) o fluxo de calor total transferido da superfcie aquecida.
So dados:
Propriedades calculadas a CT f065
2
9040
= 7,3810-8 ms/s
fk = 0,213 W/moC
= 6,510-5 m2/s
= 9,57102 kg/m3
= 6,2210-2 N.s/m2
pC = 3016 Ck
J
g
CTp 90
u
T
t
Soluo
Verificao se o escoamento laminar ai final da placa
)105(Re5538105,6
606,0Re 5
5
transioL
Lu
(a) x
x Re
5
; x = L = 6m
m40,05538
65
(b) 3/1
8
53/13/1 881
1038,7
105,6)/(Pr
t
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106
mt 042,0881
4,03/1
(c)
2/1
3/1Pr332,0
L
ukhx
Cm
Whx
2
2/1
5
3/1 4,86105,6
06,0)881(213,0332,0
Cm
Whh LxL
28,164,822
(d) )( TThAq s m
WTTLh
L
qs
p
5040)4090(68,16)(
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107
AULA 15 ANALOGIA DE TRANSFERNCIA DE
CALOR E DE ATRITO REYNOLDS-COLBURN E
CAMADA LIMITE TURBULENTA E TRANSFERNCIA
DE CALOR EM ESCOAMENTO EXTERNO
2.5 Analogia de Reynolds Colburn
Como visto nas aulas anteriores, a transferncia de calor e de quantidade de movimento
(atrito superficial) so regidas por equaes diferenciais anlogas. Na verdade, esta
analogia entre os dois fenmenos muito til e ser explorada nesta aula. Essa a
chamada analogia de Reynolds-Colburn que, portanto, relaciona o atrito superficial com
a transferncia de calor. Qual a sua utilidade? Bem, em geral dados de medio
laboratorial de atrito superficial podem ser empregados para estimativas do coeficiente
de transferncia de calor. Isto uma grande vantagem, pois, pelo menos no passado, os
dados de atrito eram bem mais abundantes que os de transferncia de calor.
Por definio, o coeficiente de atrito dado por:
2
2
u
Cp
f
Mas, por outro lado, para um fluido newtoniano (todos os que vamos lidar neste curso),
a tenso de cisalhamento na parede :
0
y
py
u
Usando o perfil de velocidades desenvolvido na aula 14, ou seja:
3
2
1
2
3
yy
u
u,
temos que a derivada junto parede resulta em:
u
y
u
y2
3
0
Por outro lado, usando o resultado da soluo integral ou aproximada da espessura da
camada limite, isto , x
x Re
64,4
que, mediante substituio na definio da tenso de
cisalhamento na parede, resulta em:
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108
x
uu xp
Re323,0
2
3
Substituindo este resultado na equao da definio do coeficiente de atrito, vem:
x
xfx
xu
uC
Re
323,0Re323,0
2 2
Por outro lado, da aula anterior, chegou-se seguinte expresso para o nmero de
Nusselt,2/13/1 RePr332,0 xxNu que, mediante algum rearranjo pode ser escrito como:
2/13/2 RePr332,0PrRe
x
St
x
x
x
Nu
, onde Stx
uc
h
p
x
o nmero de Stanton. Ento,
reescrevendo de forma compacta:
x
xStRe
332,0Pr 3/2
Comparando as duas equaes anteriores em destaque, notamos que eles so iguais a
menos de uma diferena de cerca de 3% no valor da constante, ento, esquecendo desta
pequena diferena podemos igualar as duas expresses para obter:
2Pr 3/2
fx
x
cSt
Esta a chamada analogia de Reynolds-Colburn. Ela relaciona o coeficiente de atrito
com a transferncia de calor em escoamento laminar sobre uma placa plana. Dessa
forma, a transferncia de calor pode ser determinada a partir das medidas da fora de
arrasto sobre a placa. Ela tambm pode ser aplicada para regime turbulento (que ser
visto adiante) sobre uma placa plana e modificada para escoamento turbulento no
interior de tubos. Ela vlida tanto para valores locais, como para valores mdios.
______________________________________________________________________
Exemplo resolvido continuao do anterior
Calcule a fora de arrasto sobre a placa do exemplo anterior (aula 14).
Sabe-se que 3/2Pr2
tSC f
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109
Por outro lado, 52
1070,906,030161057,9
8,16
uc
htS
p
L
Assim da analogia, podemos obter 23/25 1078,1881107,92 fC , de forma
que a tenso de cisalhamento na superfcie :
2
2222
1007,32
)06,0(9571078,1
2 m
NuC fp
Finalmente, a fora de atrito por unidade de comprimento :
m
NL
L
Fp
p
184,061007,3 2
______________________________________________________________________
Camada Limite Turbulenta
A transferncia de calor covectiva na camada limite turbulenta fenomenologicamente
diferente da que ocorre na camada limite laminar. Para entender o mecanismo da
transferncia de calor na camada limite turbulenta, considere que a mesma possui trs
subcamadas, como ilustrado no esquema abaixo:
x
yturbulenta
Camada amortecedora
Sub camada laminar
A CLT subdividida em:
- subcamada laminar semelhante ao escoamento laminar ao molecular - camada amortecedora efeitos moleculares ainda so sentidas - turbulento misturas macroscpicas de fluido
Para entender os mecanismos turbulentos, considere o exerccio de observar o
comportamento da velocidade local, o que ilustrado no grfico temporal abaixo.
t
u
u
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110
Do grfico ilustrado, depreende -se que a velocidade instantnea, u, flutua
consideravelmente em torno de um valor mdio, u . Este fato de flutuao da
velocidade local em conjuno com a flutuao de outras grandezas, embora possa
parecer irrelevante, o que introduz as maiores dificuldades do perfeito
equacionamento do problema turbulento. Para analisar o problema, costuma-se dividir a
velocidade instantnea em dois componentes: um valor mdio e outro de flutuao,
como indicado:
velocidade na direo paralela: 'uuu
velocidade na direo transversal: 'vvv
presso: fluctuacomedio
tneoinsvalor
PPP '
tan
Em todos os casos, uma barra sobre a grandeza indica um valor mdio e um apstrofe,
valor de flutuao. Os termos de flutuao so responsveis pelo surgimento de foras
aparentes que so chamadas de tenses aparentes de Reynolds, as quais devem ser
consideradas na anlise.
Para se ter uma viso fenomenolgica das tenses aparentes, considere a ilustrao da
camada limite turbulenta abaixo. Diferentemente do caso laminar em que o fluido se
desliza sobre a superfcie, no caso turbulento h misturas macroscpicas de pores
de fluido. No exemplo ilustrado, uma poro de fluido (1) est se movimentando para
cima levando consigo sua velocidade (quantidade de movimento) e energia interna
(transferncia de calor). Evidentemente, uma porocorrespondente (2) desce para
ocupar o lugar da outra. Isso o que d origem s flutuaes. Do ponto de vista de
modelagem matemtica, essas simples movimentaes do fluido dentro da camada
limite do origem s maiores dificuldades de modelagem.
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Uma anlise mais detalhada do problema da transferncia de calor turbulenta foge do
escopo deste curso. Assim, referira-se a uma literatura mais especfica para uma anlise
mais profunda. No entanto, abaixo se mostra os passos principais da modelagem.
O primeiro passo escrever as equaes de conservao (massa e quantidade de
movimento) aula 13. Em seguida, substituem-se os valores instantneos pelos termos
correspondentes de mdia e flutuao, isto , 'uuu , 'vvv e 'PPP . Em
seguida, realiza-se uma integral sobre um perodo de tempo longo o suficiente, isto ,
realiza-se uma mdia temporal. Ao final, vai se obter a seguinte equao diferencial:
''
1uv
y
u
yx
P
y
uv
x
uu
No processo de obteno desta equao, admitiu-se que a mdia temporal das flutuaes
e suas derivadas so nulas. Com isso surgiram termos que envolvem a mdia temporal
do produto das flutuaes (ltimos dois termos direita). Aqui reside grande parte do
problema da turbulncia que justamente se estabelecer modelos para estimar estes
valores no desprezveis. Estes termos do origem s chamadas tenses aparentes de
Reynolds que tm um tratamento parte e no vamos nos preocupar aqui.
O importante saber que existem dois regimes de transferncia de calor: laminar e
turbulento. Tambm existe uma regio de transio entre os dois regimes. Expresses
apropriadas para cada regime em separado e em combinao esto indicadas na tabela
7.9 do Incropera e Witt.
Local : 318,0 PrRe0296,0 xxNu 60Pr6,010Re8 x
Mdio : 318,0 Pr871Re037,0 LLNu 810Re L
2,0Re37,0 xx
810Re L
Nota: outras expresses ver livro-texto ou tabela ao final desta aula.
As propriedades de transporte so avaliadas temperatura de mistura (mdia
entre superfcie e ao longe). Reynolds crtico = 5 105
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112
______________________________________________________________________
Exemplo resolvido (Holman 5-7)
Ar a 20oC e 1 atm escoa sobre uma placa plana a 35 m/s. A placa tem 75 cm de
comprimento e mantida a 60C. Calcule o fluxo de calor transferido da placa.
Propriedades avaliadas CT
402
6020
Ckg
kJc p
007,1
3128,1
m
kg 7,0Pr
Cm
Wk
02723,0
ms
kgx 510007,2
610475,1Re xVL
L
2055)871Re037,0(Pr8,03/1 LL
k
LhNu
CmWNuL
kh L
2/6,74
WTTAhq s 2238)2060.(1.75,0.6,74)(
______________________________________________________________________
Escoamento Cruzado sobre Cilindros e Tubos
No caso do escoamento externo cruzado sobre cilindros e tubos, anlise se torna mais
complexa. O nmero de Nusselt local, dado em funo do ngulo de incidncia , isto ,
Nu(), fortemente influenciado pelo efeito do descolamento da camada limite.
A figura ao lado indica o que acontece com o
nmero local de Nusselt. Para ReD 105, o
nmero de Nusselt decresce como conseqncia
do crescimento da camada limite laminar (CLL)
at cerca de 80o. Aps este ponto, o escoamento
se descola da superfcie destruindo a CLL e
gerando um sistema de vrtices e mistura que
melhora a transferncia de calor (aumento de
Nu(). Para ReD > 105, ocorre a transio e
formao da camada limite turbulenta (CLT). Na
fase de transio (80o a 100
o) ocorre a melhora
da transferncia de calor. Uma vez iniciada a
CLT, novamente se verifica a diminuio do
coeficiente local de transferncia de calor devido
ao crescimento da CLT para, em torno de 140o,
descolar o escoamento da superfcie que destri
a CLT para, ento, gerar o sistema de vrtices e
mistura que volta a melhorar a transferncia de
calor. No caso turbulento h, portanto, dois
mnimos.
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Embora do ponto de vista de melhoria da transferncia de calor possa ser importante
analisar os efeitos locais do nmero de Nusselt, do ponto de vista do engenheiro e de
outros usurios mais proveitoso que se tenha uma expresso para a transferncia de
calor mdia. Assim, uma expresso bastante antiga tem ainda sido usada, trata-se da
correlao emprica de Hilpert, dada por:
3
1
PrRemDD Ck
DhNu
onde, D o dimetro do tubo. As constantes C e m so dadas na tabela abaixo como
funo do nmero de Reynolds.
ReD C m
0,4 4 0,989 0,330
4 40 0,911 0,385
40 4.000 0,683 0,466
4.000 40000 0,193 0,618
40.000 400.000 0,027 0,805
No caso de escoamento cruzado de um gs sobre outras sees transversais, a mesma
expressso de Hipert pode ser usada, tendo outras constantes C e m como indicado na
prxima tabela (Jakob, 1949).
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Para o escoamento cruzado de outros fluidos sobre cilindros circulares, uma expresso
mais atual bastante usada devida a Zhukauskas, dada por
4/1
Pr
PrPrRe
s
nm
DD CNu vlida para
610Re1
500Pr7,0
D
,
onde as constantes C e m so obtidas da tabela abaixo. Todas s propriedades so
avaliadas T, exceto Prs que avaliado na temperatura de superfcie (parede). Se Pr
10, use n = 0,37 e, se Pr > 10, use n = 0,36.
ReD C m 1 40 0,75 0,4
40 1.000 0,51 0,5
1.000 2105 0,26 0,6
2105 10
6 0,076 0,7
____________________________________________________________
Escoamento sobre Banco de Tubos
Escoamento cruzado sobre um banco de tubos muito comum em trocadores de calor.
Um dos fluidos escoa perpendicularmente aos tubos, enquanto que o outro circula
internamente. No arranjo abaixo, apresentam-se dois arranjos tpicos. O primeiro
chamado de arranjo em linha e o outro de arranjo desalinhado ou em quicncio.
Arranjos em linha ou quicncio
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Existem vrias expresses prticas para a transferncia de calor sobre banco de tubos.
Para o ar, pode se usar a expresso de Grimison, que tambm pode ser modificada para
outros fluidos, como discutido em Incropera (Seo 7.6). Mais recentemente,
Zhukauskas apresentou a seguinte expresso:
4/1
36,0
max,Pr
PrPrRe
s
m
DD CNu
vlida para
6
max, 10.2Re1000
500Pr7,0
20
D
LN
onde, NL o nmero de fileiras de tubos e todas as propriedades, exceto Prs (que
avaliada temperatura da superfcie dos tubos) so avaliadas temperatura mdia entre
a entrada e a sada do fluido e as constantes C e m esto listadas na tabela abaixo.
Configurao ReD,max C m
Alinhada 10-102 0,80 0,40
Em quicncio 10-102 0,90 0,40
Alinhada
Em quicncio
102-10
3 Aproximado como um nico
102-10
3 cilndro (isolado)
Alinhada
(ST/SL>0,7)a
103-210
5 0,27 0,63
Em quicncio
(ST/SL2) 10
3-210
5 0,40 0,60
Alinhada 2x105-210
6 0,021 0,84
Em quicncio 2x105-210
6 0,022 0,84
a Para ST/SL>0,7 a transferncia de calor ineficiente, e tubos alinhados no deveriam ser utilizados.
Se o nmero de fileiras de tubos for inferior a 20, isto , NL < 20, ento deve-se corrigir
a expresso acima, multiplicando o resultado obtido por uma constante C2, conforme
expresso abaixo e valores dados na segunda tabela abaixo.
202
20
LL ND
ND NuCNu
Tabela com o fator de correo C2 para NL103)
NL 1 2 3 4 5 7 10 13 16
Alinhada 0,70 0,80 0,86 0,90 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99
Em quicncio 0,64 0,76 0,84 0,89 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99
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116
O nmero de Reynolds ReD,max calculado para a velocidade mxima do fluido que
percorre o banco de tubos. No arranjo em linha, a velocidade mxima ocorre em
VDS
SV
T
T
max , onde as grandezas podem ser vistas na figura anterior. No arranjo em
quicncio ou desalinhado, a velocidade mxima pode ocorrer em duas regies,
conforme ilustrado na figura anterior. Vmax ocorrer na seo A2 se a seguinte condio
for satisfeita )()(2 DSDS TD que, aps uma anlise trigonomtrica simples, se
obtm a seguinte condio equivalente 22
212
2 DSSSS TTLD
. Se isso
acontecer, ento: VDS
SV
D
T
)(2max
. Caso essa condio no seja satisfeita, ento, a
velocidade mxima ocorre em A1 e, portanto, usa-se novamente VDS
SV
T
T
max .
Tabelas- resumo com as equaes (Incropera & Witt)
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117
______________________________________________________________________
Exerccio de Aplicao
Verifica-se um escoamento de ar a uma velocidade de 4 m/s e temperatura de 30C.
Neste escoamento de ar colocada uma fina placa plana, paralelamente ao mesmo, de
25 cm de comprimento e 1 m de largura. A temperatura da placa de 60C.
Posteriormente, a placa enrolada (no sentido do comprimento) formando um cilindro
sobre o qual o escoamento de ar vai se dar de forma cruzada. Todas as demais
condies so mantidas. Pede-se:
(a) Em qual caso a troca de calor maior.
(b) Qual o fluxo de calor trocado em ambos os casos.
(c) Analisar se sempre h maior troca de calor numa dada configurao do que na
outra, independentemente do comprimento e velocidade do ar. Justifique sua
resposta atravs de um memorial de clculo.
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Soluo
Propriedades do ar CTT
Tp
452
= 1,68 x 10-5
m2/s
k = 2,69 x 10-2
W/mK
Pr = 0,706
Placa
L=0,25m
CTp 60
smu /4
CT 30
critL xLu
Re1095,51068,1
25,04Re 4
5
5105
2,144)706,0()1095,5(664,0PrRe664,0 3/12/143/12/1
xNu LL
Assim CmWL
kNuhL
2/56,15
25,0
02697,02,144
Cilindro
D
CTs 60 Tu ,
D = L D = 0,25/ = 0,0796 m
Assim, 45
10895,11068,1
0796,04Re
D
Usando a expresso de Hilpert (a mais simples) (Eq. 7.55b)
3/1PrRemDD CNu p/ReD=1,89510
4 C = 0,193
m = 0,618
Assim, 63,75)706,0()10895,1(193,0 3/1618,04 DNu
de forma que: KmWD
kNuh
DD
2/63,250796,0
02697,063,75
a) A transferncia de calor maior no caso do cilindro pois LD hh e a rea de troca de
calor a mesma.
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119
]b)
Placa
WQ
TTAhQ
placa
ppplaca
7,116
3025,056,15
)(
Cilindro
WQ
TTAhQ
cil
pccil
2,192
3025,063,25
)(
c) Poro laminar 5, 105Re Lcrit
Note que 51059,1Re/ReRe DLD sendo equivalente ao crtico.
3/12/1 PrRe664,0
LL
L
kh
(A)
m
D
m
DD CL
kC
D
kh Re
PrRePr
3/13/1 (B)
Portanto de (A), 2/1
3/1
Re664,0
Pr
L
Lh
L
k , que, pode ser subst. em (B), para obter
Lm
D
D
Lm
DD hC
hCh 5,0
2/1Re669,2
Re664,0
Re
Ou 5,0Re669,2 mDL
DC
h
h para o caso laminar na placa
Poro laminar-turbulenta ReL> Recrit =5105
3/18,0 Pr)871Re037,0( LLNu (Eq. 7.41 p/camada limite mista)
De donde 3/18,0 Pr)871Re037,0( LL
k
Lh e
871Re037,0
Pr8,0
3/1
L
Lh
L
k (C)
sub. em (B), vem 871Re037,0
Re8,0
L
Lm
DD
hCh
Subs. ReL = ReD, vem: 871Re037,0
Re8,0
L
m
D
L
D C
h
h
Finalmente para o caso laminar e turbulento na placa
871Re037,0
Re8,0
L
m
D
L
D C
h
h
Notas de aula de PME 2361 Processos de Transferncia de Calor
____________________________
www.pme.poli.usp.br/sisea - Jos R. Simes Moreira atualizao set/2012
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Os diversos valores de C e m da expresso de Hilpert foram substitudos nas expresses
das razes entre os coeficientes de transferncia de calor e aparecem na tabela abaixo e,
em forma grfica. Evidentemente, a transferncia de calor ser sempre maior no caso do
cilindro (na faixa de validade das expresses)
ReD C m hD/hL regime
4 0,898 0,33 2,09 laminar
40 0,911 0,385 1,59
4000 0,683 0,466 1,38
40000 0,193 0,618 1,8
159000 0,027 0,805 2,78
200000 0,027 0,805 2,15 lam-turb
400000 0,027 0,805 1,43
L
D
h
h
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
ReD