Aulas de Arte

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ARTE

O que ?

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Palavra de origem latina, "ars" significa tcnica ou habilidade. Segundo o dicionrio Houaiss, arte a "produo consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretizao de um ideal de beleza e harmonia ou para a expresso da subjetividade humana".

Mas difcil definir exatamente o que arte. No existe uma resposta acabada, j que so muitas as concepes. Mesmo assim, algumas produes humanas so facilmente identificadas como "obras de arte". Para compreender uma obra de arte, preciso considerar o contexto em que ela foi produzida. Ou seja, a arte influenciada por um pensamento, uma ideologia, uma poca ou lugar. Conceito relativo interessante pensar que muitas obras admiradas haviam sido produzidas por comunidades que sequer consideravam aquela atividade como "artstica". o caso da arte egpcia, ou, mais prxima de ns, da arte indgena. No Egito antigo, a atividade plstica estava a servio da religio, cujas caractersticas eram politesmo, crena na imortalidade da alma e Juzo Final. Os egpcios acreditavam que aps a morte a alma voltaria para habitar o corpo ou algo que lembrasse o morto. Por isso, desenhavam figuras nas paredes - das pirmides para os faras, dentro de casa, para os mais pobres. o que se chama "arte tumular".

"Mona Lisa", de Leonardo da Vinci (1503-1506). Museu do Louvre, Frana.

Vaso de cermica tapajnica, encontrado em Santarm (PA). Os povos indgenas tambm so exemplo de comunidades que fazem objetos com finalidades diversas, sem o intuito de fazer exposies em galerias, mas igualmente com alto valor artstico.

Abano de palha: usado por povos da Amaznia para agitar o fogo.

ARTE CONTEMPORNEA

Como entender o seu sentido?

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Se levarmos em conta a origem da palavra arte ("ars" significa tcnica ou habilidade), curioso notar que h uma contradio: muitos artistas no expressam suas idias atravs de uma habilidade tcnica. Apesar de, muitas vezes, possurem tais habilidades, esto preocupados em discutir outras questes, provocar outras reflexes. Em 1913, momento das vanguardas europias, Marcel Duchamp props obras chamadas "ready-made", feitas a partir de objetos do dia-a-dia. O que ele fazia era apresentar esses objetos de forma descontextualizada e sem a possibilidade de serem utilizados. Por exemplo: um mictrio no meio de uma sala, sem encanamento. Com essa "provocao", Duchamp chamou a ateno para a arte produzida naquele momento. Ela no seria mais uma representao do real, como um retrato. Ela seria a prpria realidade. Quem decide o que obra de arte O objeto de arte no representa algo, mas ele algo. Mesmo se o artista no tiver fabricado os elementos que compem sua obra. Duchamp tambm questionava o conceito de arte como associado a um ideal de belo e crtica de arte. O objetivo da obra de arte, assim, era tambm promover o debate sobre a definio e a finalidade da arte. Se no existe uma definio do conceito arte, quem afinal decide o que obra de arte ou no? Muitos so os fatores para classificar uma produo como obra de arte: o contexto histrico, o mercado de arte, a aceitao entre os artistas e, principalmente, a crtica.

Crtica de arte A arte, como resultado de anlise e avaliao, pode adquirir novas dimenses e formas de expresso por meio da crtica. Ela colabora para que a sociedade se mantenha atenta aos valores da arte no passado e no presente. A crtica leva em conta o fato de que a arte um produto da humanidade que expressa suas experincias e

"Roda de bicicleta", Marcel Duchamp (1913): no possvel usar o banco ou a roda que compem essa obra de ate.

emoes atravs da linguagem. A evoluo dos conceitos artsticos, a transformao dos valores, so aplicveis s diferentes formas: a literatura, o teatro, a dana, o cinema, a fotografia, a msica e tantas outras que surgem, como a web arte.

POP ART

Cultura popular e crtica

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Pop uma expresso que se refere a algo popular, cultura popular no sentido de cultura de massa. Por exemplo, voc j deve ter visto uma banda de msica classificada como pop. Ou deve conhecer o termo pop rock. No mundo globalizado em que vivemos poderamos citar vrios exemplos de manifestaes culturais pops: alm da msica, telenovelas, seriados, boa parte da produo cinematogrfica e at mesmo o futebol fazem parte da cultura popular brasileira. Inclusive pelo fato de que tudo, nos dias atuais, passa por um processo de massificao, ou seja, televisionado, comercializado e exportado.

A pop artPop art ou arte pop foi um movimento, surgido principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, na dcada de 1950, que utilizava elementos, figuras e a prpria esttica popular em seus trabalhos, de maneira a fazer uma crtica direta e irnica da sociedade consumista que se formava naquela poca, especialmente com a popularizao da televiso.

Andy Warhol, Marilyn. A crtica atingia as celebridades, e com a facilidade de reproduzir imagens, essas celebridades acabavam se tornando pops. Um exemplo disso a ilustrao acima, uma das sries que Andy Warhol fez com a imagem de Marilyn Monroe, cone do cinema. Assim como esta, ele reproduziu as imagens da Monalisa (de Da Vinci), de Che Guevara, de John Lennon, entre outros, tratando todos como celebridades, no importando se eram cones da arte, da poltica ou da msica, se eram reais ou imaginrios. O que eles tinham em comum? Eram imagens largamente divulgadas, massificadas e consumidas. A tcnica utilizada nessas sries de Warhol a serigrafia, a mesma utilizada para estampar camisetas, ou seja, algo muito prximo da vida cotidiana. Com isso, os artistas pop tambm demonstravam sua recusa em separar a arte da vida. Ou seja, por meio dos temas ou da linguagem, incorporaram arte o cinema, a televiso, a publicidade e as histrias em quadrinhos (HQs). Isso acontece, por exemplo, em algumas obras de Roy Lichtenstein, que incorporou a seu trabalho a esttica das artes grficas:

Pop art de Lichtenstein. Observe a semelhana com as imagens das HQs, tanto na expresso do rosto como na figura formada por pontos, tal qual as imagens grficas - o que na era digital chamamos de pixel. No Brasil, a pop art influenciou diversos artistas, dentre os quais podemos citar Cludio Tozzi, Rubens Gerchman, Marcelo Nitsche, entre outros.

Rubens Gerchman, Superhomens, 1965. CUBISMO

Arte sob nova perspectiva

Observe agora o quadro de natureza morta ao lado. Alis, para quem no sabe, natureza morta um estilo de pintura muito recorrente na arte acadmica do sculo 19. So aqueles quadros de vasos de flores, fruteiras, objetos inanimados em geral, muitas vezes sobre mesas. Pois agora, observe a imagem. Voc consegue identificar o que est sobre a mesa? E onde est a mesa? Qual a proporo entre os objetos? Lembra-se do exerccio de desenhar todos os ngulos de um objeto? O artista fez isso? possvel identificar? Esse quadro est imitando a realidade? Isso o cubismo O movimento artstico que surgiu por volta de 1907 com Georges Braque e Pablo Picasso considerava a obra de arte um objeto real - ou seja, no apenas algo que imitava ou representava outra coisa. Com a geometrizao das formas, foram abandonadas as noes tradicionais de perspectiva.

"Natureza morta", de Georges Braque.

Os artistas cubistas procuravam novas maneiras de retratar o que viam. Influenciados por Czanne, passaram a valorizar as formas geomtricas e a retratar os objetos como se eles estivessem partidos. Todas as partes de um objeto eram representadas num nico plano, como se o artista visse vrios ngulos do objeto ao mesmo tempo. Alm da geometrizao das formas e de abandonar a perspectiva, outras caractersticas importantes do cubismo so a perda do uso clssico de claro-escuro, a representao do volume colorido sobre superfcies planas o que faz o quadro passar a sensao de relevo, quase como uma escultura. O cubismo teve duas fases: analtica e sinttica.

Cubismo analtico Nessa fase, os objetos e pessoas representadas quebram-se em muitas faces, decompem-se. O artista procura a viso total da figura, examinando-a em todos os ngulos ao mesmo tempo. E devido fragmentao excessiva dos objetos, tornou-se quase impossvel a identificao das figuras. As cores eram poucas. Pretos, cinza, tons de marrom e ocre, a pintura era feita com diversos tons da mesma cor. Picasso e Braque so os pintores mais importantes desta fase.

"Mulher jovem", de Pablo Picasso.

Cubismo sinttico A fase seguinte buscou recuperar um pouco as formas "identificveis", com cores mais fortes e composies mais decorativas. Deu preferncia s formas arredondadas e menos angulosas. Outra caracterstica dessa fase do cubismo foi a utilizao da colagem com a introduo de elementos no quadro, como letras, nmeros, pedaos de jornal, vidros, madeira etc. Era uma aluso presena real do objeto. Juan Gris e Fernand Legr so os pintores mais importantes dessa fase.

"Composio com vaso azul", de Fernand Lger (1918).

ARTE PALEOCRIST

Arte das catacumbas

Assim, o termo arte paleocrist, ou paleocristianismo, no se refere propriamente a um estilo, mas a todas as formas artsticas produzidas por ou para cristos, durante o Imprio Romano do Ocidente. Observe:

Este o exemplo de um afresco pintado em uma catacumba. O peixe e o po eram smbolos muito importantes do cristianismo primitivo. Alguns pesquisadores relacionam o peixe a Jesus Cristo e o po eucaristia. O desenho de smbolos era importante, pois, da mesma forma que havia a preocupao de se enterrar os mortos, ao invs de crem-los, acreditava-se que essas imagens remetiam ao paganismo romano, o que protegia os cristos. Porm, com o passar dos anos, esse tipo de desenho simblico d lugar a afrescos e relevos mais explcitos, ou seja, com narrativas da prpria histria de Jesus, como o relevo a seguir:

Detalhe de um sarcfago, provavelmente proveniente da Catacumba de Domitlia, mostrando o julgamento de Pilatos. possvel perceber na forma do relevo uma esttica herdeira da arte greco-romana, como as colunas que emolduram a cena e os traos fsicos dos indivduos. No entanto, trata-se de uma cena referente histria crist: Pilatos lavando as mos. Esse tipo de trabalho em catacumbas servia para difundir o cristianismo, pois, a partir das imagens, os cristos poderiam transmitir suas histrias e dogmas, uma vez que no existia a Bblia como conhecemos hoje, e a grande maioria da populao no sabia ler.

Foram encontrados vestgios da arte paleocrist de diversas formas. Alm de afrescos e relevos nas catacumbas, temos tambm a arquitetura, surgida aps a legalizao do cristianismo, os mosaicos, pinturas, iluminuras, esculturas e painis.

O bom pastor. Provavelmente sculo 5.

Glossrio Afresco: arte ou mtodo de pintura mural que consiste em aplicar cores diludas em gua sobre um revestimento de argamassa ainda fresco, de modo a facilitar o embebimento da tinta. Catacumbas: conjunto de galerias e salas escavadas no subsolo para sepultamentos, especialmente as construdas pelos cristos, em Roma, do sculo 1 ao sculo 4, talvez tambm usadas como lugar de culto, catequese e refgio s perseguies. Iluminura: desenho, miniatura, grafismo que ornamenta livros. CULTURA

Entenda o que essa palavra significa

Um dos seus significados originais aponta para "cultivo agrcola", referindo-se ao que cresce naturalmente. Inicialmente, a cultura estava associada a algo que era material e, a partir de um desdobramento histrico (a passagem da civilizao de uma vida rural para a vida concentrada em centros urbanos), o termo assumiu sentido no mbito intelectual. Da raiz latina colere, cultura pode significar desde cultivar e habitar a adorar e proteger, levando ao termo "culto", utilizado no sentido religioso. Assim, a cultura estende-se para o domnio das artes sagradas, alm de significar as tradies de um povo, a serem protegidas e veneradas.

Cultura e civilizaoAssim, ao se aproximar da definio que nos interessa neste artigo, o termo se afasta do seu sentido original. A cultura, agora marcada pela sua identidade com o espao urbano, dota aqueles que a vivem de certos atributos: ser culto significa compreender regras que determinam um refinamento presente nas relaes sociais. Isto aparece em oposio ao campo, que seria um espao de no-cultura.

Raymond Williams dedicou-se a estudar a noo de cultura em toda a sua complexidade. Em uma proposta de definio, este autor sugere que, a partir do sculo 18, cultura seria sinnimo de "civilizao", integrando-se a um processo geral de progresso intelectual, espiritual e material. Neste terreno, costumes e moral fazem parte do amplo sentido a atribudo, levando em conta que ser civilizado compreende "no cuspir no tapete, assim como no decapitar seus prisioneiros de guerra" (EAGLETON, 2000). Desse modo, cultura e civilizao confundem-se, gerando uma ambiguidade que se manteria at finais do sculo 19, quando suas noes vo se tornando distintas e, em certa medida, antagnicas. Civilizao adquire um sentido de carter socivel, cordialidade e maneiras agradveis, apresentando-se como um utilitrio nas relaes sociais; cultura, por sua vez, torna-se algo que diz respeito ao espiritual, ao crtico, ao sensvel, enfatizando os altos princpios humanos. Essa rivalidade mantinha-se ainda como um jogo de oposio poltica e ideolgica criada entre aristocracia e burguesia, respectivamente, entre tradio e modernidade.

Conjunto de manifestaesEm princpios do sculo 20, a noo de cultura vai tomando contornos de pluralidade: fala-se nas culturas de diferentes naes e perodos, bem como de diferentes culturas dentro de uma mesma nao, em um mesmo perodo. H um progressivo despontar da cultura como um conjunto de elementos caracterizadores de grupos especficos enquanto "polticas de identidade", incluindo os movimentos de minorias. No entanto, quando o conceito de cultura v-se pluralizado, torna-se difcil manter seu carter positivo; ao falarmos em pluralidade cultural, assumimos que podemos nos referir "cultura da mfia" ou "cultura dos serial killers" enquanto grupos detentores de uma identidade coesa. Porm, a aceitao destas formas de cultura est comprometida, pois se incompatibiliza com os valores da sociedade vigente. Por outro lado, este alargamento da noo de cultura permite contribuies importantes, uma vez que ela passa a ser entendida enquanto um todo de manifestaes compartilhadas nos diferentes domnios de um grupo (artstico, lingustico, econmico, social etc.). E, tal como o foi em outros perodos, a noo de cultura segue seu percurso, sendo redefinida de acordo com as nfases econmicas, polticas e ideolgicas particulares a um momento histrico. Por fim, a definio de cultura conhece em nossos dias uma amplitude de seu significado. Falamos em cultura de massas e cultura de minorias; compreendemos que no h culturas melhores que outras, mas sim uma diversidade delas; e podemos identific-la ainda como um complexo conjunto de valores e prticas que os indivduos constroem e mantm como identidade de um dado grupo. TEATRO NO RENASCIMENTO (1)

A comdia como a conhecemos hojeValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao

Jean-Baptiste Poquelin, dito Molire.Durante a idade mdia, na Europa, o teatro tinha um papel muito importante para a igreja catlica. A produo e a apresentao de peas religiosas atingiram seu auge no sculo 14. Mas a situao se transformou no sculo 15, com a decadncia do teatro ligado religio, devido ao impacto do renascimento. O homem, e no Deus,

passa a protagonizar a cena! No foi por acaso que a figura do bobo da corte se tornou popular durante o renascimento, embora o personagem tivesse nascido na antigidade. Depois de ter passado sem destaque durante a idade mdia, o bobo ganhou espao no teatro renascentista, articulando as dvidas e incertezas de um momento de grande transformao ideolgica.

A "Commedia dell'Arte"Surgiu na Itlia, ainda durante a idade mdia. Eram espetculos teatrais populares, apresentados nas ruas, sem texto fixo. Caracterizavam-se tambm pela utilizao de mscaras e pela presena de personagens como Arlequim, Pierrot, Colombina, Polichinelo, Pantaleo, Briguela.

"Pierrot, Arlequim e Colombina", por Di Cavalcanti (1922).

Provavelmente voc j ouviu falar de alguns desses personagens, que fazem parte inclusive do carnaval brasileiro. O sucesso dessa comdia popular instigou a curiosidade dos prncipes e intelectuais. O apelo a todos os sentidos, por meio da msica, dana e mmica explica a aceitao que o gnero ganhou entre o pblico. Das ruas, a comdia passou aos palcios, onde se aperfeioou e enriqueceu. Com a "Commedia dell'Arte", a Itlia viu nascer os primeiros atores profissionais em companhias organizadas.

A base da comdia atualO tema das peas tinha diversas fontes: comdias antigas, pastorais, contos, peas populares, eruditas etc. Muitas vezes falava de um casal apaixonado que precisava fugir para se casar, pois o pai da mocinha opunhase ao enlace. Os criados cmicos eram os personagens mais conhecidos. Em geral era uma dupla, um inteligente e ardiloso e o outro, meio idiota. As peas tinham trs atos, precedidos de um prlogo, e muita rixa, acessos de loucura, duelos, aparies, pancadaria, disfarces, raptos, enganos e desenganos. A estrutura, basicamente, sobreviveu e chegou at as comdias dos dias de hoje.

Molire, pai do teatro francssO comedigrafo francs mais importante foi Molire, cujo nome real Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673), considerado o patrono dos atores franceses. Alm de escritor, foi encenador e ator. Sua obra tem forte influncia da "Commedia dell'Arte". Durante 12 anos, Jean-Baptiste excursionou como ator pelo interior da Frana, iniciando tambm sua carreira de autor. Em 1643, fundou a companhia de teatro (Trupe) e em 1645 adotou o pseudnimo Molire.

Fazer rir mais difcilA companhia faliu, e Molire foi parar na priso, por causa de dvidas. Fundou depois outra companhia com a ajuda do mecenas (patrocinador) Prncipe Conti. Em 1658, em Paris, representou no museu do Louvre, diante da Corte de Lus 14. Produzindo numa poca em que a tragdia era mais respeitada, por ser considerada "a nica forma digna de homens srios", Molire procurou elevar a comdia mesma categoria. Segundo suas prprias palavras: "Talvez no se exagerasse considerando a comdia mais difcil que a tragdia. Porque, afinal, acho bem mais fcil apoiar-se nos grandes sentimentos, desafiar em versos a Fortuna, acusar o Destino e injuriar os Deuses do que apreender o ridculo dos homens e tornar divertidos no teatro os defeitos humanos". ("Crtica da Escola de Mulheres") Tambm considerado o primeiro diretor teatral, da forma como concebemos hoje: ensaiando longamente os espetculos, atento aos menores detalhes. Criou textos que ressaltavam suas qualidades. Para explorar os melhores talentos de sua trupe, adaptava os papis aos atores. Suas principais peas foram "As Preciosas Ridculas", "Escola de Maridos", "Escola de Mulheres", "A Crtica da Escola de Mulheres", "Tartufo", "Don Juan", "O Misantropo", "Georges Dandin", "O Avarento" e "O Doente Imaginrio".

A comdia francesaOriginalmente, a "Comdie-Franaise" foi a Sociedade dos Comediantes Franceses. A designao serviu para diferenci-la da Sociedade dos Comediantes Italianos e da Comdia Italiana. Foi fundada por Lus 14, em 1680, para juntar duas companhias parisienses, a do Htel de Bourgogne e a do Teatro Gungaud - no caso desta, surgida aps a morte de Molire, com atores de sua companhia. A "Comdie-Franaise" ou "Thtre-Franaise" o nico teatro, atualmente, a ser gerido por uma sociedade ao mesmo tempo artstica, comercial e estatal (o governo francs participa com 80% do oramento) e um dos nicos com uma companhia permanente de atores. ARTE AFRO-BRASILEIRA

Mestre Didi

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao possvel, ao nos referirmos Arte Sacra anterior ao Renascimento, ou ainda, s chamadas Arte Indgena ou Arte Africana, problematizar ou questionar a prpria ideia de Arte, como j foi feito no texto Arte - o que ? De qualquer maneira, so obras e objetos que, independentemente do carter religioso, apresentam interesse ou valor esttico. Mas o que dizer de um sacerdote que tambm escultor e, em seus trabalhos, apresenta elementos da sua religiosidade? Uma coisa certa, a cultura africana a maior referncia desse artista brasileiro.

Mestre DidiDeoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, nasceu em Salvador em 1917. escritor, artista plstico e sacerdote afro-brasileiro. Desde criana aprendeu com os mais velhos a manipular materiais, formas e objetos do culto ao orix Obaluay.

Sasar Ati Aso Iko - Xaxar com manto de palha da Costa. 2003. Tcnica Mista.

Observe o material utilizado para a confeco de suas esculturas, palha, bzios, contas, objetos caractersticos das vestimentas dos orixs do Candombl utilizadas em rituais, alm de serem elementos extrados da natureza. Segundo depoimento de Mestre Didi os orixs do Panteo da Terra so os que nos alimentam e nos ajudam a manter a vida. Os meus trabalhos esto inspirados na natureza, na Me-Terra-Lama, representada pela orix Nan, patrona da agricultura.

Opa Ibiri Kekere - Pequeno Ibiri Cetro do Orix Nana.

2001. Tcnica Mista.

Ao lado de Rubem Valentim, considerado um dos principais artistas brasileiros que, em suas obras, se utilizam da esttica e de elementos da cultura afro-brasileira. ARTE CONTEMPORNEA

Como entender o seu sentido?

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Se levarmos em conta a origem da palavra arte ("ars" significa tcnica ou habilidade), curioso notar que h uma contradio: muitos artistas no expressam suas idias atravs de uma habilidade tcnica. Apesar de, muitas vezes, possurem tais habilidades, esto preocupados em discutir outras questes, provocar outras reflexes. Em 1913, momento das vanguardas europias, Marcel Duchamp props obras chamadas "ready-made", feitas a partir de objetos do dia-a-dia. O que ele fazia era apresentar esses objetos de forma descontextualizada e sem a possibilidade de serem utilizados. Por exemplo: um mictrio no meio de uma sala, sem encanamento. Com essa "provocao", Duchamp chamou a ateno para a arte produzida naquele momento. Ela no seria mais uma representao do real, como um retrato. Ela seria a prpria realidade. Quem decide o que obra de arte O objeto de arte no representa algo, mas ele algo. Mesmo se o artista no tiver fabricado os elementos que compem sua obra. Duchamp tambm questionava o conceito de arte como associado a um ideal de belo e crtica de arte. O objetivo da obra de arte, assim, era tambm promover o debate sobre a definio e a finalidade da arte. Se no existe uma definio do conceito arte, quem afinal decide o que obra de arte ou no?

Muitos so os fatores para classificar uma produo como obra de arte: o contexto histrico, o mercado de arte, a aceitao entre os artistas e, principalmente, a crtica.

"Roda de bicicleta", Marcel Duchamp (1913): no possvel usar o banco ou a roda que compem essa obra de ate.

Crtica de arte A arte, como resultado de anlise e avaliao, pode adquirir novas dimenses e formas de expresso por meio da crtica. Ela colabora para que a sociedade se mantenha atenta aos valores da arte no passado e no presente. A crtica leva em conta o fato de que a arte um produto da humanidade que expressa suas experincias e emoes atravs da linguagem. A evoluo dos conceitos artsticos, a transformao dos valores, so aplicveis s diferentes formas: a literatura, o teatro, a dana, o cinema, a fotografia, a msica e tantas outras que surgem, como a web arte.

Grafite Uma forma de arte pblica

Uma das reprodues da srie A Rainha do Frango Assado, destaque da produo de Alex VallauriO grafite uma forma de arte contempornea de caractersticas essencialmente urbanas. So pinturas e desenhos feitos nos muros e paredes pblicos. No simplesmente uma pichao, mas uma expresso artstica. Tem a inteno de interferir na paisagem da cidade, transmitindo diferentes idias. No se trata, portanto, de poluio visual. Grafia a escrita. Nas artes plsticas, a palavra grafite, ou graffito (em italiano), significa marca ou inscrio feita em um muro, e o nome dado s inscries feitas em paredes desde o Imprio Romano. Grafismo, por sua vez, a maneira de traar linhas e curvas sob um ponto de vista esttico. No perodo contemporneo, as primeiras manifestaes dessa forma de arte surgiram em Paris, durante a chamada revoluo cultural, em maio de 1968. A esttica do grafite bastante associada ao hip-hop, uma forma de expresso artstica que tambm surgiu nas ruas. Nos Estados Unidos, um importante artista grafiteiro foi Jean-Michel Basquiat (1960-1988). Original de uma famlia haitiana, Basquiat buscou, para sua arte, razes na experincia da excluso social, no universo dos migrantes e no repertrio cultural dos afro-americanos. Ao longo da dcada de 1970, seus "textos pintados" tomam os muros de Nova York, principalmente nos bairros que eram redutos de intelectuais e artistas, tornando Basquiat conhecido.

Grafite no BrasilAlex Vallauri (1949-1987) considerado um dos precursores do grafite no Brasil. Etope, chegou a So Paulo em 1965. Estudou gravura e formou-se em Comunicao Visual pela FAAP. Em 1978, passou a fazer grafites em espaos pblicos da cidade. Produziu silhuetas de figuras, utilizando tinta spray sobre moldes de papelo. Morou em Nova York entre 1982 e 1983. Durante esse perodo, tambm fez grafites nos muros da cidade. Em sua produo destaca-se a srie A Rainha do Frango Assado, que tambm foi tema de instalao apresentada na 18 Bienal Internacional de So Paulo, em 1985. Sua obra foi apresentada na retrospectiva "Viva Vallauri", realizada no Museu da Imagem e do Som - MIS, em So Paulo, em 1998. Juntamente com o grafite de Vallauri, destacam-se os trabalhos de Waldemar Zaidler e Carlos Matuck. O grupo Tupino D - composto por Carlos Delfino, Jaime Prades e Milton Sogabe - outra referncia importante quando o assunto o grafite em So Paulo. O grupo realizou performances e grafitagens pela cidade durante toda a dcada de 1980. O Dia Nacional do Grafite 27 de maro e foi institudo aps a morte de Vallauri, que ocorreu nesse dia, no ano de 1987.

ARTE POVERA

Matrias inteis produzem arte

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Povera, feminino de povero, uma palavra italiana que significa "pobre". Assim foi conhecido esse movimento surgido na dcada de 1960 na Itlia: Arte povera. Pobre porque propunha a utilizao de materiais inteis, simples, o que hoje comumente chamamos de sucata: metal, pedra, areia, madeira, trapos, etc.

Jannis Kounellis, Sem ttulo, 1969. Na obra de Jannis Kounellis (acima), tambm conhecida como Margarida com fogo, vemos que no existiu a preocupao de "esconder" o botijo de gs que alimenta o fogo, da mesma forma que a flor no traz nada alm de uma chapa de metal cortada. Nessa fase, Kounellis propunha o trabalho com fogo em suas obras para simbolizar a idia de transformao e purificao. Assim como na pop art, havia uma tentativa de aproximar as obras do cotidiano das pessoas comuns. Porm, enquanto a pop art utilizava imagens e tcnicas massificadas, a arte povera buscava empobrecer as obras de arte. O termo arte povera foi criado pelo crtico Germano Celant em 1967, por ocasio da exposies realizada por esses artistas. O movimento ganhou fora na dcada de 1970, influenciado pela arte conceitual. Os temas e materiais utilizados na arte povera buscavam tratar das propriedades dos elementos utilizados, que poderiam sofrer transformaes com o passar do tempo. Por exemplo, a oxidao do metal ( possvel traar paralelos com a arte efmera). A arte povera tambm atuou como uma crtica economia capitalista e sociedade de consumo, de maneira a provocar reflexes sobre o valor de uso das coisas.

Giovanni Anselmo, Sem ttulo. 1968. Veja, por exemplo, a obra de Giovanni Anselmo (acima): o artista colocou vegetais entre duas pedras; com o apodrecimento dos vegetais, a estrutura entrava em colapso, ou seja, deixava de existir como havia sido pensada inicialmente. Dessa forma, seria possvel discutir as idias de efmero e eterno na arte, por exemplo. Essas obras de arte desafiavam os padres vigentes; elas pertencem esfera dos movimentos de contracultura dos anos 60 e, muitas vezes, propunham uma interao entre artista e trabalho, como na obra a seguir, de Michelangelo Pistoletto:

Pistoletto, Vietnam, 1962-65. Observe que, ao fundo, aparecem os espectadores da obra. Isso acontece porque a imagem de protesto contra a guerra do Vietn - provavelmente uma imagem fotogrfica ampliada para o tamanho real - foi colada sobre um espelho, fazendo com que os observadores da obra tambm "entrem" nela. E, por que no?, tenham uma atitude contra a guerra.

ESCULTURA (1)

A arte que representa imagens em trs dimensesValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao

Anish Kapoor, "Ascension", 2003Voc j escutou a expresso "o filho a cara do pai, cuspido e escarrado"? O que a expresso "cuspido e escarrado" pode ter a ver com a idia de semelhana? Nada. Na verdade, ela derivou de uma expresso que se modificou com o passar dos anos: "esculpido em carrara", uma referncia ao famoso mrmore de Carrara, uma regio da Itlia. A expresso era utilizada para frisar a semelhana entre pessoas e trazia em si a idia de verossimilhana das esculturas gregas. "Esculpir", segundo os dicionrios, significa imprimir, cinzelar ou entalhar (figuras, ornamentos) em matria dura ou macia (pedra, argila, areia etc.) e Carrara o nome de uma cidade italiana que, at hoje, extrai mrmore e o comercializa. Da a expresso "esculpido em carrara". A maior parte dos objetos gregos antigos, considerados como obras de arte, so esculturas em mrmore. A imagem do Dorforo demonstra bem a preocupao dos gregos antigos em representar a figura humana de forma proporcional e realista. Esse o princpio da verossimilhana.

VolumeO trabalho realizado por um escultor, aquele que esculpe, a escultura, que tambm pode ser definida como a arte que representa imagens em trs dimenses, ou seja, com volume, ainda que apenas relevos. Trata-se de uma forma de arte tridimensional. Em relao pintura, essa uma diferena significativa, pois a pintura ou o desenho so obras de arte bidimensionais. Ou seja, com duas dimenses, altura e comprimento, no h volume. Agora, imagine uma escultura. Provavelmente, passaram vrias imagens em sua mente, imagens de esttuas em pedra ou bronze, ou peas em argila ou cermica. Alguns podem ter ido mais longe e visualizado esculturas em areia, gelo ou sucata. Contudo, voc, por acaso, imaginou uma escultura feita de ar como a da imagem acima? Nesta escultura, o artista foi to alm na idia de esculpir que realizou uma obra onde o ar a matria-prima. A movimentao do pblico e do prprio ar modelam a escultura, que no possui, assim, uma forma nica, esttica. Com este exemplo podemos perceber at onde pode ir a imaginao e a criao dos artistas. Todos os tipos de escultura que voc imaginou, que foram citados aqui, com ou sem movimento e outros mais, foram realizados e reinventados por artistas ao longo da histria desta que considerada a terceira das artes clssicas.

Artes

Argila, seu uso na sala de aulaValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

Conhecer tcnicas para o trabalho com argila. Elaborar uma escultura.Comentrios

O uso da argila como material nas aulas de Artes sempre recomendado, mas preciso conhecer bem esse material para poder orientar seu uso. Para as crianas, pode no ser uma modelagem to fcil como a feita com massa de modelar, mas pode render trabalhos duradouros. Alm disso, muito importante o trabalho com materiais naturais.Material

Os textos sobre Escultura do UOL Educao so um timo ponto de partida para iniciar o estudo. Para a atividade: argila tinta guache ou plstica (diversas cores) pincis barbante palitos de soverte plstico ou jornal para forrar a mesa pote com guaEstratgia

Leitura e interpretao dos textos para que os alunos conheam as caractersticas de uma escultura. Proposta do trabalho com argila, explicando seu uso. Uma sugesto estipular um tema para que a sala produza objetos que se relacionem com o tema proposto.Atividade

A execuo da escultura deve seguir os seguintes passos: 1. Forre a mesa. 2. Mantenha a argila dentro do plstico, retirando, aos poucos, pedaos para a modelagem. 3. Mexa livremente com a argila. Oriente os alunos para que sintam sua consistncia e pensem nas possibilidades que ela pode oferecer. 4. Comece a modelar, se necessrio, umedea a mo. 5. Deixe secar a sombra. 6. Pinte.Observaes

Conhea e leve para a sala de aula tipos diferentes de argila. Se voc comprar pacotes grandes de argila, poder cort-la em pedaos com o auxlio de um barbante. A Argila deve estar sempre mida para ser modelada.

Se a argila estiver molhada ou mole demais, sem plasticidade (que no quer se soltar das mos), deve-se pegar um pouco dela e bater com um pedao de madeira ou qualquer superfcie que possa ser molhada, mudando os lados, at sair o excesso de gua. As sobras de argila devem ser guardadas em plstico bem fechado e em lugar fresco. A pintura deve ser feita sobre a pea bem seca.PINTORES NEGROS

Contribuio negra arte brasileiraDa Pgina 3 Pedagogia & Comunicao

O artista plstico e muselogo Emanoel Arajo resgatou a obra dos pintores negros brasileirosQuando se fala na contribuio que os negros deram civilizao e cultura brasileira, dificilmente se pensa de imediato em artes plsticas. Em geral, o que vem lembrana a msica, em primeiro lugar, e fenmenos a ela relacionados, como os desfiles de escola de samba, o carnaval e outras manifestaes. Depois disso, talvez se mencionem obras arquitetnicas e esculturais do Brasil Colnia e, mais recentemente, talvez se fale em literatura, por se levarem em conta as origens negras ou mestias de escritores como Machado de Assis ou Mrio de Andrade. No entanto, no so to poucos os brasileiros negros que se dedicaram pintura, nem pequeno o valor artstico de sua produo pictrica. Suas obras tm sido resgatadas pelo artista plstico e muselogo Emanoel Arajo, desde o centenrio da abolio da escravatura, em 1988, com a exposio "A Mo Afro Brasileira", e teve continuidade com a mostra "Negros Pintores", que se inaugurou no Museu Afro Brasil, em So Paulo (SP), em agosto de 2008.

Dez artistasNela, reuniram-se 140 pinturas de 10 artistas atuantes entre a segunda metade do sculo 19 e as primeiras dcadas do sculo 20. O perodo em questo, na verdade, ainda no mereceu maior ateno dos estudiosos e historiadores da arte. Ao contrrio, Emanoel Arajo ressalta "os maus tratos, a ignorncia e a insensibilidade com que se trata no Brasil a histria e a memria iconogrfica" dessa poca. "Durante muito tempo", diz o muselogo, "pouco se sabia sobre esses pintores, pouco se conhecia de sua produo artstica". "Na verdade, essas obras ainda surpreendem quando aparecem no mercado de arte", ele acrescenta, lembrando "a necessidade de uma poltica de reviso para resgatar em profundidade essa produo artstica". De qualquer modo, dez artistas j passaram a ter seus nomes inscritos, definitivamente, na histria da arte no Brasil. "A vida de cada um deles", conta Arajo, "foi uma interminvel batalha, um grande esforo pessoal, de uma tenacidade inimaginvel, pela afirmao e reconhecimento de suas obras". "O fato de seus nomes permanecerem j credencia a raa negra ao reconhecimento da nao pela sua contribuio construo da cultura brasileira", conclui.

Arthur Timtheo (1882-1922) Estudou na Casa da Moeda do Rio de Janeiro e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes. Foi pintor de paisagens e figuras, destacando-se entre essas nus e retratos. Algumas de suas paisagens impressionam pela textura, pela luminosidade e pela intensidade do colorido. Esteve na Europa onde manteve contatos artsticos que o influenciaram. Benedito Jos Tobias (1894-1963) O artista mais conhecido pelos pequenos retratos de negros e negras realizados a leo sobre madeira ou a guache sobre papel, com maestria e com uma certa tenso expressionista, segundo avaliao de Emanoel Araujo. Tobias tem obra pouco pesquisada ainda, apesar da qualidade e do empenho do artista em desenvolver a tcnica pictrica. Benedito Jos de Andrade (1906-1979) Pouco conhecido ainda, o artista paulista realizou obras entre as dcadas de 30 e 40. Freqentou o Liceu de Artes e Ofcios, sendo aluno de Viggiani, Panelli e Enrico Vio. Recebeu vrios prmios e est inserido historicamente numa circunstncia de intensa produo artstica. Emmanuel Zamor (1840-1917) Nasceu em Salvador, mas foi criado nas Europa pelos franceses Pierre Emmanuel Zamor e Rose Neveu, seus pais adotivos. Estudou msica e desenho na Europa. Foi pintor e cengrafo. Freqentou a Academie Julian, em Paris, anos antes de Tarsila do Amaral. Voltou ao Brasil entre 1860 e 1862, quando parte de suas obras foi destruda em um incndio no Brasil. Estevo Silva (1845-1891) Foi o primeiro pintor negro a se formar na Academia Imperial de Belas Artes e pode ser considerado um dos melhores pintores de natureza morta do sculo 19. Realizou igualmente pinturas histricas, religiosas, retratos e alegorias. A crtica ressalta a qualidade das composies do artista, realizadas com prodigalidade de vermelhos, amarelos e verdes. Firmino Monteiro (1855 1888) Nasceu no Rio de Janeiro e teve infncia atribulada. Exerceu vrias profisses: encadernador, caixeiro e tipgrafo. Cursou a Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de Victor Meireles. Sua reputao se deve pintura histrica e de gnero, mas executou pintura religiosa e principalmente paisagens. Joo Timtheo (1879-1932) Artista de produo numerosa (deixou cerca de 600 obras), iniciou o aprendizado na Casa da Moeda do Rio de Janeiro. Pintor, decorador e gravador, realizou paisagens, retratos, marinhas, pintura histrica e de costumes. Foi aluno de mestres como Rodolfo Amoedo e Zeferino da Costa. Horcio Hora (1853-1890) Nasceu em Sergipe, onde fez os primeiros estudos. Viajou Europa com subsdio do governo imperial. Em Paris, tornou-se freqentador habitual do Louvre. Ganhou vrios prmios. Especializou-se em retratos, mas o trabalho considerado sua obra prima a tela Pery e Cecy, inspirada na literatura de Jos de Alencar. Rafael Pinto Bandeira (1863-1896) Aos 16 anos j estava na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Prematuramente reconhecido, o artista permaneceu por vrios anos em Salvador onde foi professor de desenho e paisagismo. considerado como um dos mais importantes paisagistas e marinhistas do sculo 19. Wilson Tibrio (1923-2005) Nasceu no Rio Grande do Sul e viveu durante longo perodo em Paris. O distanciamento do pas, segundo Emanoel Araujo, o teria levado a pintar repetidamente motivos afro-brasileiros. O artista esteve no Senegal, de onde foi expulso por se envolver num movimento revolucionrio. Faleceu na Frana.

BARROCO (2)

No Brasil, com ouro e influncias locaisValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao O Barroco chegou ao Brasil no sculo 17 e se estendeu at o 18. O ouro, descoberto principalmente em Minas Gerais, alm de enriquecer os cofres portugueses, transformou a sociedade brasileira. As cidades cresceram e enriqueceram e as construes se aprimoraram graas corrida em busca do ouro. O barroco brasileiro Vieram da Europa, neste perodo, arquitetos, pintores e escultores interessados nas riquezas do Brasil, que trouxeram o estilo do barroco. Os jesutas aportaram em terras brasileiras com a misso de converter ao catolicismo os povos indgenas e os escravos africanos. Nesse contexto nasceu, na arquitetura religiosa brasileira, o maior expoente do barroco. Observe o interior da igreja que aparece na foto. Compare-a com as caractersticas tpicas do barroco, explicadas no texto Barroco - Igreja impulsiona arte sacra Igreja do Mosteiro de So Bento, no Rio de Janeiro. Entalhe em madeira dourada, colocado em 1717

O altar, marca do barroco, como um cenrio teatral onde acontece um espetculo. O exagero do dourado um elemento caracterstico, como se Deus estivesse ajudando a descoberta do ouro. Barroco em Minas Gerais, So Paulo e no Nordeste O fato de o ouro estar em Minas Gerais fez com que o barroco mineiro se tornasse o mais conhecido. Consequentemente, a teve a maior produo e difuso. No entanto, as cidades litorneas do Nordeste (Recife e Salvador) tambm assistiram esttica barroca, financiada pela cana-de-acar. Tambm so encontradas representaes do estilo em So Paulo e nas rotas dos bandeirantes. Caractersticas do barroco brasileiro Alm das mesmas caractersticas do europeu, incorporam-se ao barroco brasileiro elementos das culturas indgena e africana. Como o renascimento praticamente no existiu aqui, os artistas barrocos daqui no tinham o intuito de combater aquele movimento, nem seus ideais humanistas. A Igreja catlica, ento, afirmava seu poder atravs das Misses. Por outro lado, era perseguida a religiosidade dos povos indgenas e africanos; para tanto, a esttica barroca aceitava a introduo de elementos dessas culturas. Exemplo disto so as representaes de imagens de santos com traos tnicos africanos e peas de teatro escritas pelo padre Jos de Anchieta para serem representadas pelos ndios nas igrejas. Eram artifcios para estimular a converso desses povos.

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Barroco - Igreja impulsiona arte sacra Barroco - A escultura de Aleijadinho e outros nomes Aleijadinho - Biografia

BARROCO (3)

A escultura de Aleijadinho e outros nomesEles dominavam a metalurgia, a fabricao de cermica e a escultura em madeira.

Quem produzia as esculturas, frisos e entalhes barrocos das igrejas, normalmente, eram os escravos que trabalhavam em oficinas.

O fato de serem escravos os impediu de alcanar a fama. Mas h uma grande exceo: Antnio Francisco Lisboa ou o Aleijadinho. Pela participao de escravos e ndios, o barroco considerado, por muitos historiadores da arte, a primeira manifestao artstica e cultural genuinamente brasileira. Artistas do barroco brasileiro O Aleijadinho (1738-1814) Antnio Francisco Lisboa nasceu em Ouro Preto. Seu pai era arquiteto e sua me era escrava. Aprendeu seu ofcio trabalhando com o pai e observando pintores e escultores. O apelido deve-se ao fato de ter adoecido( no se sabe, ao certo, se porfiria, lepra, escorbuto ou sfilis), por volta dos 40 anos, ficando com as pernas e mos deformados. Como no podia mais se locomover, ele era carregado por dois escravos que amarravam, em suas mos, os instrumentos de que necessitava para esculpir. Usava preferencialmente madeira e pedra-sabo em suas esculturas. Manuel da Costa Atade (Mestre Atade) Nasceu em Mariana, em 1762, e morreu em 1830. Foi considerado um dos mais importantes pintores do Barroco no Brasil e influenciou muitos outros at o sculo 19. Sua maior obra est na Igreja da Ordem Terceira de So Francisco.

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Artes

Oficina de "papier coll"Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

- Conhecer a tcnica de "papier coll". - Fazer uma escultura.Comentrios

"Papier coll" uma tcnica derivada do "papier march", mas com a utilizao de um suporte sobre o qual se elabora uma escultura; suporte esse que pode ser de sucata ou de material reciclvel, bem como o papel a ser utilizado.Materiais

- O texto "Escultura - A arte que representa imagens em trs dimenses" pode ser utilizado como ponto de partida. - Para a elaborao da escultura: 1. Sucatas: garrafas pet de tamanhos variados, caixas de leite, bolinhas (de borracha, de plstico, de isopor) e tudo que possa servir como suporte; 2. Arame; 3. Revistas e jornais velhos;

4. Cola branca de boa qualidade; 5. Tinta guache colorida. 6. Pincis.Estratgia

- Anlise e interpretao do texto e das imagens que ele apresenta. - Utilizar imagens ou histrias que possam ser geradoras de esculturas (por exemplo, personagens de contos ou histrias variadas).Atividade

Elaborar esculturas em "papier coll" a partir do tema gerador: 1. Depois de escolhida a escultura a ser feita, rasgar tiras de jornal ou revistas em pedaos pequenos. 2. Escolher o suporte mais adequado escultura (por exemplo, o corpo de uma pessoa pode ser feito com uma garrafa pet). 3. Colar os pedaos de papel no suporte com a ajuda de um pincel. Usar quantas camadas forem necessrias at formar a figura pretendida. O arame por ser usado para fazer braos e pernas; basta mold-lo e, em seguida, colar o papel. 4. Quando a escultura estiver pronta, deixar secar 24 horas. 5. Cobrir a escultura inteiramente com tinta branca. 6. Quando a tinta estiver seca, colorir. 7. Depois que a tinta estiver seca, passar uma demo de cola branca por toda a pea, para um melhor acabamento e impermeabilizao.Sugestes

- Trabalho interdisciplinar com Portugus. - A partir de uma histria, propor a confeco dos personagens em forma de fantoches, para a realizao de um teatro de animao (para tanto, basta utilizar um material que permita segurar a escultura, como um pedao de madeira, colocado na parte inferior). - Tambm interessante utilizar retalhos de tecido (para confeccionar as roupas dos fantoches).FOTOGRAFIA (1)

Como a tcnica foi inventada

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Desde seu surgimento, em 1826, pelas mos do francs Joseph Nicphore Nipce, s minicmeras embutidas em celulares, a fotografia evolui a passos largos. Entenda como se deu essa histria fascinante. Palavra de origem grega que significa "desenhar com luz", fotografia a tcnica de gravao por meios mecnicos e qumicos ou digitais de uma imagem sobre uma camada de material sensvel exposio luminosa, o suporte. Surgiu das tentativas de vrios pesquisadores que, independentemente, trabalharam para aperfeioar os mtodos de impresso sobre papel. Nipce, hoje reconhecido como seu inventor, teve a idia de unir dois fenmenos conhecidos: Um fenmeno fsico, j utilizado por artistas pelo menos desde a poca de Leonardo Da Vinci: a cmara obscura; Um fenmeno qumico para fixar as imagens geradas pela Esquema da cmara obscura cmara obscura: a fotossensibilidade dos sais de prata, comprovada pelo fsico alemo Johann Heinrich Schulze desde 1727.

Nipce utilizou uma placa de estanho coberta com betume (no sabe o que betume? Clique e consulte o dicionrio Houaiss) e produziu uma cmera que exigia cerca de oito horas de exposio luz solar, inveno que batizou de heliografia. Morreu em 1839, antes de v-la aclamada. Quem levou a fama durante muito tempo foi seu scio Louis Jacques Mand Daguerre, que, em 1835, substitutiu a placa de estanho por uma de cobre coberta com prata polida. Ele denominou sua mquina de daguerretipo e o processo de daguerreotipia, para ter certeza de que a humanidade no o esqueceria, como havia acontecido com Nipce.

A fotografia mais antiga j encontrada, de 1826, feita por Nipce.

Novas tcnicasTambm em 1835, o ingls William Henry Fox Talbot, em vez de placas de metal, utilizou folhas de papel cobertas com cloreto de prata e inventou o "desenho fotognico", conhecido pelo nome de calotipia. Esse processo muito semelhante ao processo fotogrfico utilizado hoje pelas cmeras mecnicas, pois produz um negativo que pode ser utilizado para a reproduo de inmeras cpias, diferentemente do daguerretipo, que produzia uma nica imagem. A inveno de Daguerre foi melhor sucedida inicialmente incialmente por agradar a burguesia emergente que preferia queria um retrato exclusivo, mas no tinha recursos para pagar um pintor.

15 minutos de exposioOs estdios de retratistas s comearam a proliferar em 1842, quando o aumento da sensibilidade das placas e a criao da lente objetiva por Joseph Petzval reduziram o tempo da pose de 15 minutos para 24 segundos. Imagine se voc tivesse que ficar 15 minutos parado depois que o fotgrafo dissesse "xis", para que a foto fosse feita! Como as pessoas a serem fotografadas no podiam se mover, havia, acoplada cmera de daguerrotipia (figura de nmero 1, no desenho ao lado), um suporte para fixar a cabea do modelo, fixado na cadeira (2). O equipamento montado ficava como mostra o desenho 3.

No BrasilNo era s na Frana e na Inglaterra que havia gente tentando desenvolver a fotografia no incio do sculo XIX. Em 1824, chegou ao Brasil o pintor e naturalista francs Antoine Hercule Romuald Florence. Por volta de 1833, morando aqui, ele fotografou atravs de uma cmara obscura com uma chapa de vidro e usou papel sensibilizado para a impresso por contato. Mesmo distante e sem conhecimento dos feitos de seus contemporneos Nipce e Daguerre, obteve resultados semelhantes em seus experimentos, que chamou pela primeira vez de "photographie".

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Fotografia: tecnologia e arte

Como funcionam as cmeras fotogrficas FOTOGRAFIA (2)

Tecnologia e arte

Depois das invenes de Nipce e Daguerre, o avano da tecnologia foi muito rpido e mudou profundamente a maneira de se fazer fotografia. Como no foram patenteadas, a daguerreotipia, a calotipia e, por fim, a fotografia correram rapidamente o mundo. Gaspard-Flix Tournachon, conhecido pelo pseudnimo Flix Nadar, amigo do escritor Jlio Verne, realizou a primeira fotografia subterrnea em 1858. Foi a primeira vez em que foi utilizada luz eltrica, ou seja, artificial, para iluminar uma fotografia. Em 1861, ele produziu a primeira fotografia area, a bordo de seu balo, o Le Gant. Outros visionrios John Benjamin Dancer, em 1839, fotografou atravs de um microscpio, tornando-se o pioneiro da microfotografia e da microfilmagem. Outros precursores foram os americanos Thomas Martin Easterly, que em 1847 registrou um relmpago, e John Adams Whipple, que em 1851 fez a primeira fotografia da Lua. Em cores A primeira fotografia colorida foi tirada em 1861 pelo fsico James Clerk Maxwell. O primeiro filme colorido, o autocromo, passou a ser comercializado em 1907 e era baseado em pontos tingidos de extrato de batata. Cientistas e pesquisadores da fotografia foram responsveis por muitos avanos no que se refere ao aspecto tcnico, como menores perodos de exposio, lentes mais precisas, papis mais sensveis e a introduo da cor. Foi o que permitiu o desenvolvimento da linguagem fotogrfica, que alm de Foto area de Paris realizada por Nadar em 1867. mero registro, ganhou estatus de ferramenta artstica. Uma nova linguagem A fotografia pode ser considerada uma forma de arte? Essa foi uma discusso que houve no inccio da histria da fotografia. Para muitos crticos, a resposta era no, j que a arte deveria ser nica - e a fotografia era copivel. Superada a questo, grandes nomes surgiram e fizeram da fotografia uma das mais importantes manifestaes artsticas da humanidade. Conhea alguns desses artistas: Man Ray Um dos artistas mais importantes dos movimentos de vanguarda europia no incio do sculo 20. Comeou a trabalhar como fotgrafo para financiar seu trabalho como pintor. Desenvolveu a raiografia, posteriormente chamada de fotograma, criando imagens abstratas, sem a utilizao da cmera, expondo luz objetos previamente dispostos sobre o papel fotogrfico. Andy Warhol Pintor e cineasta, considerado o criador do movimento conhecido como pop art, fez uso da linguagem fotogrfica nos anos 60 e 70. Era um questionador da mdia, que, ao mesmo tempo, reproduzia e criava cones, mitos e celebridades. Seus retratos, conhecidos como polarides, so uma crtica divertida ao sistema e s discusses sobre arte e fotografia.

Man Ray, Les champs dlicieux 1, fotograma, 1922

Andy Warhol, Marilyn turquesa, 1964 David LaChappelle Um dos mais renomados fotgrafos da ltima dcada, conhecido por suas imagens inusitadas, coloridas e irreverentes, descrito pelo New York Times como o "Fellini da fotografia". No seu trabalho, o absurdo e o exagero de cores, formas, pessoas e situaes constante. A temtica de LaChapelle, alm de nica, to peculiar que impossvel no reconhecer uma de suas obras.

David LaChapelle, Elton John at Home, 1997

FRANS KRAJCBERG

Arte como ativismo ambientalValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao

A obra de Frans Krajcberg une arte e ativismo ambientalO pintor, escultor, gravador e fotgrafo Frans Krajcberg (foto abaixo) nasceu na Polnia, em 1921, mas com a invaso de seu pas pelo exrcito nazista, no incio da Segunda Guerra Mundial, refugiou-se na Rssia e l estudou Artes e Engenharia. Em 1941, engajou-se no exrcito polons e lutou na guerra at seu fim, em 1945, quando passou a morar na Alemanha, seguindo seus estudos na Academia de Belas Artes de Stuttgart. Krajcberg chegou ao Brasil em 1948. Seu trabalho como artista abstrato lhe rendeu um convite para participar da primeira Bienal Internacional de Artes de So Paulo, em 1951. Durante a dcada de 1950 continuou sua obra abstracionista, porm, no final dos anos 50 e incio dos 60 comeou a produzir trabalhos resultantes do contato com a natureza, naturalizou-se brasileiro em 1957 e, durante a dcada de 1960, chegou a morar em uma caverna no interior de Minas Gerais, na regio de Itabirito. Vivia solitrio, sem nenhum tipo de infraestrutura, numa tentativa de comunho com a natureza, e era conhecido como o "barbudo das pedras". Nesse perodo, produziu muitas gravuras e esculturas em pedra, e realizava experincias na fabricao de pigmentos extrados da natureza. No mesmo perodo, fez diversas viagens Amaznia e ao Pantanal mato-grossense, locais onde o desmatamento excessivo lhe chamou a ateno. Alm de fotografar a destruio ambiental, recolhia material para execuo de suas esculturas, como razes e troncos de rvores mortas, provenientes de derrubadas e queimadas.

Frans Krajcberg. Flor do Mangue, 1965. Madeira. Foi graas a obras como a colocada acima que Krajcberg passou a ser internacionalmente conhecido, a partir da dcada de 1970, poca em que comearam os movimentos pela preservao do meio ambiente e a preocupao com a ecologia no mundo. Atualmente, Krajcberg vive na Bahia, onde possui um ateli. Dedica-se mais fotografia, mas durante sua

carreira preocupou-se em denunciar as queimadas e o desmatamento no territrio brasileiro, especialmente no Paran e na Amaznia. Tambm denunciou a explorao de minrios em Minas Gerais, alm de defender as tartarugas marinhas que buscam o litoral do municpio de Nova Viosa (onde o artista reside) em seu perodo de desova e as baleias jubarte que visitam o mesmo local anualmente.

Frans Krajcberg. Troncos (Amaznia). S.d. Matriz-negativo. O trabalho desenvolvido por Krajcberg, alm de ser um olhar bastante potico, especialmente sobre a natureza, prope uma reflexo sobre as principais questes ecolgicas. *Valria Peixoto de Alencar historiadora formada pela USP e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. uma das autoras do livro "Arte-educao: experincias, questes e possibilidades" (Editora Expresso e Arte).

Artes

Ilustrando histriasObjetivo

- Conhecer e treinar tcnicas de ilustrao.Comentrios

A proposta desta aula exercitar a capacidade de sintetizar contos e outras histrias na forma de imagens, percebendo assim como as pessoas tm diferentes percepes sobre o que lhes contado.Material

Papel, giz de cera, lpis de cor. Ou papel, pincis e guache. Ou mquina fotogrfica. Ou, ainda, materiais que permitam gravar imagens, como bandejas de isopor (sobre as quais podemos desenhar com tintas). A proposta de que os prprios alunos escolham como faro sua ilustrao.Estratgia

1. Pesquisa e anlise de ilustraes em livros de diferentes gneros e pocas. 2. Os materiais sugeridos se relacionam a diferentes tcnicas: a) Papel, giz de cera e lpis de cor: desenho. b) Guache: remete aquarela, tcnica utilizada sobre as ilustraes em litografia. c) Fotografia: ilustrao moderna. d) Isopor e tinta: tcnicas contemporneas.Atividade

A partir de um conto narrado pelo professor, os alunos devero optar por uma tcnica e elaborar uma ilustrao para a narrativa. Pode ser a ilustrao de uma cena, de um ambiente etc. A seguir, faz-se a exposio dos trabalhos e a discusso em sala de aula.Sugestes

- Trabalho interdisciplinar com Portugus. - Se o conto ou histria estiver em um livro ilustrado, o professor no deve mostrar as

ilustraes, para no influenciar os trabalhos dos alunos. - Os alunos que optarem pela fotografia devem ser orientados: no se trata de qualquer fotografia, mas preciso compor uma cena ou relacionar a imagem ao conto.MOSAICO

Tcnica milenar utilizada at hoje

Detalhe de caladas que existiam na cidade de So PauloTalvez voc j tenha caminhado por essas caladas ou, ao menos, j pde v-las em fotografias e filmes, na tev ou no cinema, especialmente a calada de Copacabana... E, quem sabe, at mesmo na sua cidade h caladas desse tipo. O que essas duas caladas tm em comum? A tcnica utilizada em sua elaborao: o mosaico. A tcnica do mosaico se resume juno de pequenas peas de pedra, vidro, mrmore e cermica (ou at mesmo conchas), utilizando-se argamassa, com a finalidade de formar desenhos e preencher com eles um piso, uma parede ou a superfcie de um mvel. No caso dos exemplos, temos formas que representam, de maneira estilizada, as ondas do mar (Copacabana) e o mapa do Estado de So Paulo.

Calada de Copacabana, Rio de Janeiro.

Tcnica milenarA arte do mosaico surgiu, provavelmente, no Oriente, e teve seu auge as civilizaes grega e romana. Os romanos, por valorizarem os jardins em suas casas, utilizavam mosaicos para o calamento, como forma de decorao. No Egito antigo, h registros de mosaicos decorando sarcfagos, sendo que o mosaico mais antigo foi encontrado pelos arquelogos na cidade de Ur, Mesopotmia, e data de aproximadamente 3.500 a.C. o Estandarte de Ur, atualmente exposto no Museu Britnico:

Detalhe do estandarte de Ur. A tcnica utilizada na Antiguidade para decorar e, muitas vezes, narrar fatos ou lendas, est presente at hoje, em nosso dia-a-dia: nas caladas, na arte muralista ou nos pixels das imagens digitais (um amontoado de pontinhos minsculos que, juntos, formam uma imagem).

SugestoVeja mais sobre o Estandarte de Ur.

Artes

Mosaico de papelValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

1. Conhecer a arte do mosaico e sua histria. 2. Elaborar um mosaico de papel.Comentrios

O mosaico uma tcnica milenar, utilizada para decorao ou registro de fatos e lendas. Alm de sua importncia histrica, esta aula pode levar o aluno a conhecer como ocorre a formao das imagens televisivas e fotogrficas.Material

O texto sobre a tcnica do mosaico, no UOL Educao, pode ser utilizado como ponto de partida. Para a elaborao do mosaico: 1. Cartolina (suporte); 2. Lpis preto; 3. Cola branca; 4. Pincel para espalhar a cola; 5. Revistas velhas.Estratgia

- Leitura e interpretao do texto. - Leitura das imagens do texto e de outras que o professor disponibilizar. - Imagens fotogrficas ampliadas, de forma que seja possvel perceber os pixels.Atividade

Os alunos iro elaborar, individualmente, um desenho sobre a cartolina (a complexidade do desenho varia de acordo com a faixa etria e com a proposta do professor). A seguir, orienteos a rasgar e picar folhas de revistas velhas em pedaos bem pequenos e coloridos, separando-os, a seguir, por cores e tons iguais. (O professor pode levar uma boa parte desse material j pronto.) Depois, eles devem passar a cola sobre o desenho e preencher os espaos com o papel picado.

Sugestes

Para crianas menores, a atividade pode ser uma forma de desenvolver as habilidades motoras e a noo de espao. Alm de papel picado, podem ser utilizados gros, sementes e restos de lpis apontados.ARTE OU ARTESANATO?

Mestre VitalinoValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Artesanato, arte popular e arte naf so expresses utilizadas para designar trabalhos de artistas sem formao acadmica ou sistemtica. Tais conceitos sempre esto sendo revistos e discutidos, pois muitas vezes acabam passando a ideia de que existe um tipo de arte melhor ou pior que outro, o que no verdade. Artesanato e arte popular, por exemplo, foram e ainda so expresses utilizadas para trabalhos artsticos que resgatam a cultura popular. No caso brasileiro, podemos dar alguns exemplos: literatura de cordel, tapetes de serragem coloridos feitos em feriados santos, pinturas e esculturas em madeira e cermica com temticas populares (futebol, famlia, religiosidade, carnaval), etc. Outra maneira de designar tais trabalhos a expresso naf, que significa "ingnuo", ou seja, uma arte ingnua, sem aprendizado sistemtico. Contudo, para continuar a refletir sobre esses conceitos, observe a imagem abaixo:

G.T.O. Porta/Biombo. Escultura em madeira. 236 x 106 cm. Realizada por G.T.O com auxlio de Mario Teles e G.F.O. Ela de autoria de G.T.O., nome artstico de Geraldo Teles de Oliveira, que realiza seus trabalhos com seus

filhos, ou seja, uma tcnica que passa de pai para filhos, uma tradio. Olhando a imagem, voc pode afirmar que no houve um aprendizado sistemtico? Pode no ter sido acadmico, mas certamente tem um mtodo, foi sistemtico. A ideia de tradio presente nas obras de G.T.O. no se refere sua exclusividade, pois as tcnicas e o trabalho so, quase sempre, passados de gerao em gerao na cultura popular. Um dos maiores expoentes brasileiros na arte popular, reconhecido inclusive internacionalmente, foi o pernambucano Mestre Vitalino.

Mestre VitalinoVitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, nasceu em Ribeira dos Campos, Caruaru, em 1909, e faleceu em Alto de Moura, Caruaru, em 1963. Foi um ceramista reconhecido por retratar em seus bonecos de barro a cultura do povo nordestino. Mestre Vitalino comeou a fazer escultura de cermica ainda criana, com as sobras do barro usado por sua me, que era louceira, isto , fazia utenslios para cozinha.

Vitalino e seus filhos fazendo bonecos. S.d., cermica policromada. 32 x 27 x 30 cm. A pea acima uma espcie de autorretrato demonstrando a tradio ceramista que se perpetua em sua famlia. Mas suas obras mais conhecidas so as que retratam os costumes, a histria e a cultura pernambucana:

Lampio a cavalo. S.d., cermica policromada.

Artes

Arte popularValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

- Discutir os conceitos de arte popular e arte naf. - Realizar um trabalho em argila seguindo a ideia de cultura popular.Comentrios

importante discutir o tema para quebrar preconceitos sobre a ideia de arte/cultura popular e erudita, ou seja, a ideia de que a primeira inferior segunda. Resgatando obras de artistas populares brasileiros, podemos derrubar tais preconceitos e ajudar a valorizar tradies e valores to necessrios.Material

- O texto sobre Arte ou artesanato - Mestre Vitalino do UOL Educao pode ser utilizado como ponto de partida. - Argila, tinta e pincel - ou massa de modelar colorida.Estratgia

- Leitura e interpretao do texto. - Leitura de imagens que esto no texto e de outras que o professor tenha. - Discutir sobre o que "popular". No caso das obras de mestre Vitalino, "popular" refere-se ao cotidiano do interior de Pernambuco.Atividade

1. Os alunos iro produzir um trabalho em argila que resgate imagens e personagens do seu prprio cotidiano. 2. Oriente os trabalhos: pode ser uma escultura ou um objeto bidimensional, mas devem ser feitos com argila. 3. Importante: depois de moldada, a pea deve secar antes de receber pintura. 4. Caso seja difcil conseguir realizar os trabalhos em argila, substitua por massa de modelar colorida. Nesse caso, no h necessidade de pintar, mas o trabalho ser efmero.Sugestes

- Produzir uma exposio com os trabalhos. - Trabalho interdisciplinar com Histria, Lngua Portuguesa, Geografia e Sociologia.

ROCOC

Estilo refletiu elegncia da aristocracia

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao O Rococ foi um movimento artstico europeu que surgiu primeiramente na Frana, no final do sculo 17 e incio do 18, momento em que esse pas se tornou a nao mais poderosa da Europa - em termos militares e, tambm, culturais. Naquela poca, Paris tomou de Roma o ttulo de capital das artes plsticas. Rococ um termo que vem da palavra francesa rocaille, que significa "concha" e, tambm, a tcnica de incrustao de conchas, pedrinhas e fragmentos de vidro, com que se enfeitam grutas artificiais. Foi um estilo que era um desenvolvimento do Barroco e tambm uma reao. O estilo grandioso do Barroco, com suas formas curvas, exageradas e excessivamente ornamentadas, no correspondia elegncia da aristocracia e da burguesia emergentes da Frana; elegncia, alis, que se fazia notar inclusive com a ascenso ao trono de Lus 15, que mudou a corte de Versalhes para Paris.

PinturaObserve a imagem a seguir:

Jean-Antoine Watteau. Embarque para Citera, 1717. leo sobre tela. Perceba que, em contraste com o Barroco, as cores do Rococ so leves e vivas, o branco e os tons claros de rosa, azul e verde surgem substituindo as cores sombrias e o excesso de dourado tpicos do Barroco. Watteau considerado o primeiro grande pintor do Rococ - e, na obra acima, apesar de ser possvel perceber a presena de alegorias de anjos, o tema central a nobreza. Isso porque, para alguns historiadores da Arte, o Rococ surgiu quando o Barroco se libertou da temtica religiosa. Outro importante pintor Rococ Jean-Honor Fragonard:

Fragonard. O balano, 1767-1768. leo sobre tela. Fragonard gostava muito de representar a natureza de forma idealizada, um tema que surgir com fora mais tarde, no Romantismo. Na obra acima, O balano, observe como a figura humana praticamente se funde com o cenrio, a forma do vestido da jovem que balana se assemelha aos galhos e copas das rvores. Novamente percebemos cores claras, alegorias e o enfoque sobre a vida profana da aristocracia, caractersticas do Rococ.

Arquitetura e decoraoDa mesma forma que percebemos tais caractersticas na pintura, tambm a arquitetura se adaptou ao Rococ: o que se costuma chamar de Estilo Lus 15. Nessa poca, notamos a decorao se transferir das igrejas e palcios para as salas privadas. Os objetos de decorao tambm passaram a ser valorizados, com destaque para as porcelanas, que, a partir de 1710, comearam a ser fabricadas na Europa - e no mais importadas do Oriente.

A partir de 1756, a Manufatura Real de Porcelana de Svres passou a produzir as mais finas porcelanas em grande escala. Assim, a cidade de Svres, no norte da Frana, ficou famosa por produzir peas de estilo Rococ, como este jarro, de 1812, que pertenceu duquesa de Montebello.

Artes

RococValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

- Conhecer algumas da obras que apresentam o estilo Rococ. - Entender o conceito de estilo.Comentrios

Voc sabia que o salto alto (nos sapatos) foi inventado por Lus 15? Da mesma forma, a corte do monarca francs criou um estilo que entra e sai de moda, sendo sempre retomado, ainda que com outras propostas. Esta aula, alm de fazer com que os alunos conheam o Rococ e suas caractersticas, tambm bastante til para a discusso do conceito de estilo.Material

O texto sobre Rococ do UOL Educao pode se utilizado como ponto de partida.Estratgia

- Leitura e interpretao do texto. - Leitura de imagens (as que esto no texto e as que o professor tiver). - Imagens de decoraes internas ao estilo Lus 15. - Observar outras decoraes, de outras pocas, que sigam determinado estilo: barroco, neoclssico, moderno etc.Atividade

1. Em grupos, os alunos faro um projeto de decorao da sala de aula, seguindo o estilo Lus 15. muito importante que a apresentao e a discusso dos projetos envolvam toda a classe. 2. Depois de discutir os projetos, os grupos devem retomar seus trabalhos, mas propondo agora um novo estilo: sem abandonar o ponto de partida, que foi o Rococ, criar algo novo. Que classes sociais poderiam ser representadas nas pinturas? Ou, ainda, ao invs de porcelana, que objetos de decorao poderiam ser trabalhados?Sugestes

- Trabalho interdisciplinar com Histria e Lngua Portuguesa. - Se na sua cidade existirem edifcios que possam ser visitados, leve os alunos.

Artes

Vamos fazer um parangol? Objetivo - Conhecer o trabalho de Hlio Oiticica. - Produzir uma obra no estilo dos parangols. Comentrios Hlio Oiticica um dos mais importantes artistas brasileiros. Ele criou, na dcada de 1960, o parangol, uma espcie de capa cujas cores e texturas s conseguimos ver quando a pessoa que a veste se movimenta. Nessa aula, alm de fazer com que os alunos tenham contato com as obras de Oiticica, tambm propomos a confeco de um parangol. Material O texto sobre Hlio Oiticica, bem como sua biografia podem ser utilizados como ponto de partida para o estudo. Outros textos sobre arte contempornea, publicados no UOL Educao, tambm podem servir para comparaes e anlises. Para o parangol: - Retalhos de tecidos (de diversos tamanhos, cores e texturas). - Retalhos de outros materiais maleveis: plstico, EVA, borracha... - Linha, cola de tecido, fita adesiva dupla face. Estratgia - Leitura e interpretao dos textos. - Leitura das imagens que esto nos textos e de outras que o professor pesquisar, especialmente de parangols. Atividade 1. Os alunos, em grupos, produziro um parangol, utilizando os materiais disponveis. 2. Apresentao e discusso dos trabalhos. Sugestes Estimule os alunos a interagir com diferentes materiais. Proponha, por exemplo, uma relao entre parangol e msica. Se a aula for realizada com mais de uma turma, proponha uma apresentao para a escola.

Lembre-se: a inteno de Oiticica era de que os parangols interagissem com o pblico. Assim, oriente os alunos para que tomem esse cuidado na exibio dos trabalhos. HLIO OITICICA A antiarte Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Observar uma obra de arte nos remete, inicialmente, idia de contemplao esttica do objeto, seja um quadro ou uma escultura. A viso seria o nico sentido por ns utilizado, e a interao com a obra passaria pelo intelecto, isto , pensamentos, conversas, questionamentos. Na dcada de 1960, muitos artistas se preocuparam em produzir a "antiarte", ou seja, obras de arte que rompiam com a idia de contemplao esttica e propunham uma apreciao sensorial mais ampla, por meio do tato, do olfato, da audio e, at mesmo, do paladar. No Brasil, dois artistas representativos desse perodo foram Lygia Clark e Hlio Oiticica. Parangols e Penetrveis Assim como Lygia Clark, que provocou o espectador, convidando-o a tocar e formar uma nova obra com a srie Bichos, o carioca Hlio Oiticica criou os parangols, que ele denominava de "antiarte por excelncia": uma espcie de capa da qual s possvel ver plenamente os tons, formas, texturas e materiais a partir dos movimentos de quem a veste.

Parangol P4 Capa 1, 1964. Nildo da Mangueira veste Parangol. Materiais diversos.

Um dos motivos que inspiraram a criao dos parangols foi a relao de Oiticica com o samba. Para o artista, o espectador deveria abandonar o estado de contemplao e vestir a obra de arte - s assim ela faria sentido. Na poca, quem "vestia" os parangols era o pblico que visitava as exposies e pessoas que Oiticica encontrasse nas ruas ou em qualquer lugar em que mostrasse sua arte. Hoje em dia, devido ao valor histrico, a obra no pode ser manipulada ou vestida. Outra obra muito importante de Oiticica foi o penetrvel, termo utilizado pelo artista para se referir ao que chamamos hoje de instalao. O penetrvel um espao labirntico onde o espectador entra e passa por experincias sensoriais de tato, olfato, audio e paladar, alm da viso. Aqui tambm, como no caso dos parangols, a obra de arte no deve

ser apenas observada, mas vivenciada. O penetrvel mais famoso de Oiticica foi Tropiclia, obra que inspirou e ajudou a consolidar a esttica do movimento tropicalista, nos anos de 1960 a 1970.

Tropiclia, 1967.

RUBEM VALENTIM

Reelaborao do construtivismo

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Rubem Valentim (1922-1991) nasceu em Salvador, Estado da Bahia. Autodidata, comeou a pintar na dcada de 1940. Vinculou-se ao movimento de renovao das artes e das letras na Bahia, entre 1946 e 1947. Depois, cursou jornalismo na Universidade da Bahia, formando-se em 1953, quando passou a escrever artigos sobre arte. Em 1957 mudou-se para o Rio de Janeiro e foi professor assistente de Carlos Cavalcanti no curso de histria da arte, no Instituto de Belas Artes. Participou intensamente da vida artstica do Rio e de So Paulo, expondo em mostras importantes, inclusive em diversas Bienais. Em 1963 mudou-se para Roma, onde residiu por trs anos. Em sua volta para o Brasil, morou em Braslia, onde dirigiu o Ateli Livre do Instituto Central de Artes da Universidade de Braslia, at 1968. Em 1972, fez um mural de mrmore, considerado sua primeira obra pblica, para o edifcio-sede da Novacap em Braslia. Em So Paulo realizou escultura de concreto, instalada na Praa da S:

Marco sincrtico da cultura afro-brasileira. 1978-79. Concreto armado.

Cultura afro-brasileiraRubem Valentim considerado um dos maiores artistas representantes da cultura afro-brasileira. No incio de sua carreira, sua pintura demonstrava traos parisienses, como no trabalho Composio n 5, no qual possvel notar a influncia de Fernand Lger:

Composio n 5.leo sobre madeira Contudo, por volta de 1955/56, movido por questes ideolgicas, buscou na cultura popular afro-brasileira as caractersticas que norteariam seu trabalho at o final da vida, em suas pinturas, esculturas e objetos.

Pintura 12. 1965. Tmpera sobre tela. Observe a pintura acima. As formas geomtricas sintetizam elementos presentes nos cultos afro-brasileiros, por exemplo, os oxs de Xang (o machado duplo de Xang). Reelaborando o pensamento construtivista, Valentim passou a empregar signos inspirando-se nas ferramentas e nos instrumentos simblicos do candombl, sintetizando-os nas formas geomtricas. Com isso, ele criou uma espcie de escrita para esses elementos, uma nova signografia, o que faz com que suas obras possam ser lidas por quem possua as referncias da religiosidade afro-brasileira, identificando tais objetos, o que no exclui outras possibilidades de leitura, devido s cores e formas utilizadas.

Emblema, logotipo potico. 1974. Acrlica sobre tela.

LUCIO FONTANA

Discusso sobre o espao e o tempo

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Em relao ao espao, a pintura se define por possuir duas dimenses - e a escultura trs. Uma pintura em perspectiva pode at nos levar a imaginar a profundidade da cena retratada, mas o desenho possui apenas duas dimenses: altura e largura. Na dcada de 1960, contudo, o artista Lucio Fontana levou s ltimas consequncias a reflexo sobre a espacialidade da pintura, "maltratando" a tela com furos e cortes que fazem com que o espectador tenha sua frente uma obra bidimensional. Esse tipo de obra de arte discute a questo do espao e do tempo, ou seja, a profundidade (a terceira dimenso no caso da escultura) e o espao temporal (a quarta dimenso, segundo Einstein). Mas como Lucio Fontana registra o tempo? Observe:

Lucio Fontana. Conceito espacial. 1965. Na tela acima podemos ver seis incises feitas pelo artista. Voc conseguiria imaginar como ele fez os cortes? Com que material, velocidade e direo? Se voc conseguiu imaginar, at mesmo reproduzir ou tentar imitar seus movimentos, isso sinal de que Lucio Fontana realizou o registro do tempo: no s uma pintura em duas dimenses, mas o gesto do artista ficou na tela.

Registro de Lucio Fontana produzindo um Conceito Espacial.

Temporalidade espacialAs obras dessa fase de Lucio Fontana trazem questes h muito discutidas na arte. A profundidade na pintura uma problemtica surgida com a perspectiva, no Renascimento, e rebatida com o Cubismo. Fontana nos faz pensar na terceira dimenso, mas sem o uso da perspectiva, que cria a iluso da profundidade, e sem a proposta de retratar um objeto por todos os seus ngulos, que, contraditoriamente, elimina a noo de profundidade. A temporalidade espacial est no gesto do artista. E tambm no gesto do espectador, que procura olhar pelo vo na tela, como se uma curiosidade inexplicvel buscasse ver algo por trs do corte ou do buraco. Tambm possvel discutirmos o momento histrico em que estas obras foram produzidas, ps Segunda Guerra: durante a Guerra Fria, as teorias de Einstein se popularizavam e a corrida espacial estava em pleno andamento.

BiografiaLucio Fontana nasceu em Rosrio, na Argentina, em 1899. Filho de imigrantes, retorna com sua famlia para a Itlia em 1920. O incio de sua carreira esteve ligado ao academicismo, pois durante o perodo do Fascismo, o meio artstico italiano retornou a cdigos mais clssicos, sem, entretanto, recusar completamente a arte de vanguarda. Assim, Lucio Fontana aderiu ao abstracionismo. Em 1947 publicou o Manifesto blanco, que influenciou muitos artistas abstratos a partir da dcada de 1950. nesse momento que se mudou definitivamente para Milo, onde criou o Movimento Espacialista. A partir desse ano, suas obras levam o nome de Conceito Espacial. A partir de 1949, comeou a pintar superfcies em monocromia (uma s cor) e a "maltrat-las". Comeou a fazer buracos na tela, depois incises. a primeira vez que um artista, na Histria da Arte, "ataca" a superfcie da tela.

Influncias na arte brasileiraPodemos encontrar as influncias das propostas de Lucio Fontana na arte brasileira da dcada de 1960, como, por exemplo, em trabalhos de Lygia Clark, Ligia Pape, Hlio Oiticica, Ivens Machado, Amlcar de Castro, entre outros. A presena de Fontana mais forte na fase ligada ao concretismo e ao monocromatismo, principalmente no que se refere questo tempo/espao, como nos trabalhos de Nelson Leirner intitulados Homenagem a Fontana, de 1967. Nessa fase da obra de Leirner, ele no s retoma a problemtica proposta por Lucio Fontana, mas vai alm, trazendo uma cor para a profundidade - e a possibilidade, implcita, de fechar ou abrir o corte por meio de um zper, reforando a idia de passagem para outra dimenso. Observe:

Nelson Leirner. Homenagem Fontana. 1967.

Arte postalValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

- Conhecer a arte postal como expresso artstica. - Elaborar um sistema de arte postal.Comentrios

Na dcada de 1960, correspondncias trocadas entre artistas plsticos deram origem a mais uma forma de expresso da arte contempornea: a arte postal. Esta aula vai possibilitar, alm do contato com as obras e motivaes da arte postal, que os alunos realizem sua prpria produo.Material

O texto Arte postal pode ser utilizado como ponto de partida.Estratgia

- Leitura e interpretao do texto. - Leitura de imagens de trabalhos de arte postal (o professor pode pedir uma pesquisa de imagens aos alunos). - Decidir como os alunos veicularo os trabalhos produzidos em classe: se por correio (entre si ou para outras pessoas), se pela internet, ou num sistema de postagem dentro da escola apenas (nesse caso, deve haver uma caixa de correio de entrada dos trabalhos e uma caixa de sada, onde os alunos retirariam os trabalhos postados).Atividade

Individualmente, os alunos realizaro um trabalho de arte postal. Pode ser plstico, pode ser escrito (lembrando que a atitude tambm conta, como no caso da primeira obra de Ray

Johnson). O professor deve orientar as decises dos alunos: eles podem optar por usar como suporte o selo, o envelope, cartes postais, etc.Sugesto

Realize um trabalho interdisciplinar com Lngua Portuguesa, Histria e Geografia.ARTE POSTAL

Correspondncia com valor artstico

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Na dcada de 1960, correspondncias trocadas entre artistas plsticos deram origem a mais uma forma de expresso da arte contempornea: a arte postal (mail art). Nessa mesma poca, Ray Johnson cria, em Nova York, nos Estados Unidos, a Correspondance Art School (Escola de Arte por Correspondncia). Em 1963, Ray Johnson escreve uma carta num envelope, usando a frente e o verso. Ele rompe, assim, com o conceito de privado e reproduz, de maneira pblica, dialogando com outra pessoa, a sua aparente intimidade.

Selo comemorativo do ano de falecimento de Ray Johnson A mail art consistia em trocar mensagens criativas utilizando o sistema de correios. Ela surgiu como uma alternativa aos meios convencionais das exposies de arte (Bienais, Sales, etc.) e tem caractersticas prprias do perodo em que apareceu (dialoga, portanto, com a Guerra Fria, no contexto mundial, ou com a ditadura militar, no contexto brasileiro). Ou seja, seu objetivo era veicular informao, protesto e denncia. A arte postal se caracteriza por ser um meio de expresso livre, no qual envelopes, telegramas, selos ou carimbos postais so alguns dos suportes em que possvel a expresso da sensibilidade. Os artistas utilizam, principalmente, tcnicas como colagens, fotografia, escrita ou pintura. A nica limitao real utilizao de diferentes tcnicas e suportes a possibilidade de envio dos trabalhos pelo correio. Nos anos 60, a arte postal foi uma forma de expresso entre artistas que se conheciam. Porm, na dcada de 70, todos os interessados em fazer arte j podiam participar - e, a partir de 1980, museus e universidades comearam a valorizar a arte postal. No Brasil, a Arte Postal chegou num momento de censura, quando muitos artistas, para poderem se expressar, acabam aderindo Arte Conceitual - e, portanto, a uma de suas formas, a Arte Postal. Um artista brasileiro que podemos citar o pernambucano Paulo Bruscky, que organizou, em 1975, no Recife, juntamente com Daniel Santiago e Ypiranga Filho, a 1 Exposio Internacional de Arte Postal, fechada pela censura do regime militar. O trabalho abaixo, por exemplo, uma crtica mordaz ditadura militar, quando no ocorriam eleies livres:

Paulo Bruscky. Ttulo de eleitor cancelado, 1980.

Arte postal em tempos de e-mailE hoje em dia? Quase no escrevemos ou recebemos mais cartas, no mesmo? Ento, como esse tipo de expresso artstica sobreviveria no mundo da no correspondncia de papel? No final dos anos 80 o movimento de arte postal perdeu fora, especialmente junto aos artistas que trabalhavam esse veculo como forma de protesto. No entanto, nos anos 90, a arte postal iniciou seu dilogo com as novas mdias. E foi na internet que os artistas encontraram um meio privilegiado para novas experimentaes, inaugurando novas poticas, novos canais de participao, de mobilizao e de divulgao da arte postal.

Arte efmeraValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

- Discutir a questo do efmero na arte contempornea. - Produzir o projeto de uma obra efmera.Comentrios

A arte efmera e sua discusso esto intimamente relacionadas com a contemporaneidade, com o mundo em que vivemos. Esta aula permitir que os alunos percebam a questo da temporalidade na arte e no cotidiano. Alm disso, a realizao do projeto trar tona a desmistificao do trabalho do artista, comumente relacionado somente inspirao. Com a realizao do projeto, os alunos tero contato com uma etapa comum na criao de obras de arte, que leva em considerao estudo e pesquisa.Material

O texto Arte efmera, bem como outros, sobre a arte contempornea, que voc poder encontrar no UOL Educao, devem ser usados como referncias.Estratgia

- Leitura e interpretao dos textos. - Leitura de imagens que tratem do carter efmero de certos tipos de arte. (O professor pode pedir uma pesquisa de imagens aos alunos tambm).Atividade

Individualmente ou em grupos, os alunos realizaro o projeto de uma obra de arte efmera. O professor deve orientar para a questo da temporalidade - que pode enfocar os materiais que seriam utilizados, o tipo de obra, etc. O importante realizar, depois de concludos os projetos, a apresentao - e uma discusso que envolva toda a classe.

ARTE EFMERA

Instalaes, performances e happenings

Valria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Muitas vezes, ao pensarmos em obras de arte, como uma pintura, por exemplo, imaginamos a Monalisa, de Da Vinci, ou O grito do Ipiranga, de Pedro Amrico, ou, ainda, esculturas de mrmore... Obras que permanecem ao longo do tempo e da histria. Mas o que dizer de obras de arte pblica, por exemplo? Muitas delas foram produzidas com a clara inteno de serem modificadas pela ao do tempo e, at mesmo, de desaparecer, como o grafite, os tapetes feitos com serragem, sementes e folhas - que, em algumas cidades, a populao costuma fazer nas ruas, para a celebrao de Corpus Christi ou da Semana Santa -, esculturas de areia ou gelo. E no podemos esquecer tambm das instalaes, das performances e dos happenings, realizados por artistas contemporneos, obras que existem apenas durante o tempo em que so realizadas, como a performance Homem-po, de Tatsumi Orimoto:

Tatsumi Orimoto, Homem-po. Performance. Ou a obra/performance de Ronald Duarte, Nimbo Oxal, na qual existe uma preocupao com a execuo, como se fosse uma espcie de ritual, podendo ser pensada e lida do ponto de vista do produto realizado naquele momento, ou seja, uma grande coluna de gs carbnico formando uma escultura efmera:

Segundo definio encontrada nos dicionrios, efmero aquilo que passageiro, temporrio, transitrio.

Eterno/efmeroContudo, nem toda obra de arte pblica foi feita para desaparecer. Quando pensamos em monumentos histricos, por exemplo, a inteno de que permaneam com o passar do tempo. E performances e happenings podem ser registrados em audiovisual, sendo que, nesse caso, o que permanece o registro e no a obra em si. Temas como a materialidade das obras de arte e a oposio eterno/efmero so problematizados pela arte contempornea, pois so questes extremamente ligadas nossa realidade, ao mundo da velocidade em que vivemos, no qual as notcias de ontem j esto ultrapassadas. Um importante artista plstico brasileiro, que tambm discute a questo da durabilidade da obra de arte, Vik Muniz. Em seus trabalhos faz uso de tcnicas diversas e emprega, com frequncia, materiais inusitados como acar, chocolate lquido, doce de leite, catchup, gel para cabelo, lixo e poeira, entre outros. Em algumas de suas sries, o produto final a fotografia da obra, devido perecibilidade dos materiais empregados.

Vik Muniz, Mona Lisa. Acima, nas rplicas da Monalisa, Muniz utilizou gelia e manteiga de amendoim. Depois fotografou. Trata-se, claramente, uma discusso sobre o eterno versus o efmero.

Sentidos e memriaValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

1. Trabalhar os sentidos (menos a viso). 2. Exercitar a memria visual atravs dos outros sentidos.Comentrios

Vivemos num universo bombardeado de imagens: televiso, outdoors, revistas, etc. Diante de tantas imagens, acabamos esquecendo que somos dotados de cinco sentidos, deixando os outros quatro de lado. Estimular o olfato, o tato, a audio e o paladar pode ser um timo ponto de partida para um trabalho de arte contempornea.Material

Textos sobre arte contempornea, que podem ser encontrados no UOL Educao, devem ser utilizados como referncias para a produo dos trabalhos. Para a atividade: - 4 embalagens pequenas para colocar os "cheiros". - 4 recipientes para colocar os objetos tateveis (as embalagens, se transparentes, devem ser forradas com papel escuro; os recipientes podem ser caixas de sapato, com tampa, ou sacos de pano; tambm podem ser usadas vendas nos olhos). - Sugestes de "cheiros": sabonete, massa de modelar ou giz de cera, caf, erva-doce ou ervacidreira, essncias diversas, cravo, canela, etc. - Sugestes de objetos tateveis: bolas de gude, gros, algum metal (talher, ferramenta ou placa), pentes, tecidos, objeto fisioterpico (bolinhas fofinhas), etc.Estratgias

- Leitura e interpretao dos textos. - Discusso sobre os nossos sentidos. - Imagens de diversos trabalhos de arte contempornea.Atividade

A partir do olfato e do tato (e da audio, caso os objetos tateveis produzam sons), os alunos iro realizar um trabalho que pode ser pintura, escultura, instalao, etc., levando em considerao a memria visual que os outros sentidos aguaram.

Teatro de revistaValria Peixoto de Alencar* Especial para a Pgina 3 Pedagogia & Comunicao Objetivos

- Conhecer um momento da histria do teatro no Brasil. - Elaborar uma sntese em forma de teatro de revista.Comentrios

O teatro de revista foi uma manifestao importante das artes cnicas no Brasil. At hoje encontramos atores que se tornaram importantes na televiso ou no cinema, mas comearam sua carreira no teatro de revista. Estudar o perodo e, depois, elaborar um enredo teatral, exercitar a capacidade de sntese dos alunos.Material

O texto Teatro de revista - Stira e vedetes pode ser utilizado como ponto de partida.Estratgia

1. Anlise e interpretao do texto. 2. Leitura de textos de peas de teatro de revista: os de Arthur Azevedo, por exemplo. 3. Pesquisa de acontecimentos e fatos que possam servir como tema para escrever cenas.Atividade

Divididos em grupo, os alunos iro escrever cenas curtas, que sintetizem algum acontecimento atua