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O auto abastecimento de água melhorado é uma abordagem de resposta à procura, baseada no enorme desejo das populações rurais de investir em soluções de água que beneficiem directamente a pequenos grupos ou agregados familiares. Uma pesquisa realizada na Zâmbia, que revelou haver uma grande procura baseada em pequenas mudanças das fontes de água, sugeriu algumas opções através das quais as comunidades podiam melhorar a qualidade das suas fontes. Auto Abastecimento: Uma Abordagem Inovadora para Abastecimento de Água às Populações Rurais Outubro de 2004 Apontamentos

Auto Abastecimento: Uma Abordagem Inovadora para ... · procura baseada em pequenas mudanças das fontes de água, sugeriu algumas opções ... (reflectindo a falta do sentido de

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O auto abastecimento de água melhorado é uma abordagem de resposta à procura, baseada no enormedesejo das populações rurais de investir em soluções de água que beneficiem directamente a pequenosgrupos ou agregados familiares. Uma pesquisa realizada na Zâmbia, que revelou haver uma grandeprocura baseada em pequenas mudanças das fontes de água, sugeriu algumas opções através dasquais as comunidades podiam melhorar a qualidade das suas fontes.

Auto Abastecimento: Uma AbordagemInovadora para Abastecimento de Águaàs Populações Rurais

Outubro de 2004

Apontamentos

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Sumário

Em cada ano, milhares de agregados familiares e pequenos gruposinvestem em poços abertos tradicionalmente e poços precáriospara o seu abastecimento, geridos e mantidos com recursospróprios. Estas fontes de água são mais de um milhão apenas nocontinente Africano. Muitos agregados rurais valorizam estasfontes pela sua conveniência, sabor da água, utilidade produtiva e,em especial pelo sentido de posse e controle. Contudo, osfazedores de políticas tendem a defender a sua substituição em vezdo seu melhoramento ou mesmo difundir uma vez que asestratégias continuam a dar prioridade aos sistemas deabastecimento comunitários convencionais para grupos de 200 a500 pessoas.

A pesquisa realizada na Zâmbia revelou a existência de uma grandenecessidade de melhorar os sistemas, através da implementaçãode pequenas mudanças das fontes de água1, e subsequentementesugeriu algumas opções através das quais as comunidades podiammelhorar a qualidade das suas fontes. Um projecto financiado peloDepartamento para o Desenvolvimento Internacional do ReinoUnido (DFID) e implementado em parceria com o governo daZâmbia, integra actualmente as referidas opções nas linhas deorientação da estratégia nacional de abastecimento de água naszonas rurais em paralelo com abordagens convencionais.

O auto abastecimento de água melhorado baseia-se no grandedesejo das camadas pobres rurais de investir em soluções quebeneficiam directamente os seus agregados familiares e não comomembros das comunidades que são geralmente dispersas oucomunidades não homogéneas. As suas componentes incluem ummelhor abastecimento de água a partir de sistemas melhoradosgradualmente e complementares (tais como: fontes tradicionais ecaptação de águas das chuvas); melhoramento da qualidade deágua (através da protecção das fontes, melhoramento das práticas decolecta, armazenamento, e tratamento de água), e o melhor sistemade colheita para fins produtivos. O auto abastecimento de águamelhorado permite a escolha de tecnologia, melhoramentoscontínuos, e difusão com pouca (caso haja) dependência de fundosexternos, permitindo rápidas e significativas melhorias da vida demilhões de pessoas.

Antecedentes

O progresso em direcção aos

Objectivos de Desenvolvimento do

Milénio no que concerne ao

abastecimento de água 1 tem sido

lento nas zonas rurais Africanas.

O número de pessoas sem

acesso a água potável aumentou

nos últimos 10 anos e, assim

sendo, o investimento deverá

duplicar ou mesmo triplicar para

que o número de pessoas sem

água potável seja reduzido para

metade. Porém, tais aumentos de

investimento parecem pouco

prováveis, considerando a

redução da assistência bilateral

para este sector desde 1993, e

ainda devido ao facto de o

1 Sutton 2002

Mapa da Zâmbia

Fonte: World factbook, 2004

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

As tecnologias são de fácil difusão com o mínimo de dependência em recursos

externos, encorajando o investimento local em sistemas sobre os quais osinvestidores detêm controlo total.

A aplicação de modelos com padrões mínimos podem constituir a base para

melhoramentos faseados abastecimento, especialmente em zonas de baixadensidade populacional.

Os artesãos e construtores locais fornecem fontes de água seguras, sistemas de

recolha mais simples e promovem alternativas de baixo custo.

Onde for possível, é feita uma conjugação dos benefícios económicos e

nutricionais bem como de saúde, incrementando o valor que as comunidadesdão ao abastecimento de água (e, por conseguinte a sua sustentabilidade).

A gestão é mantida dentro dos grupos naturalmente formados, normalmente o

agregado familiar ou outro grupo de consumidores existente e tem acesso àinformação adequada e imparcial, permitindo-lhes a tomar decisões e resolverproblemas.

Um ambiente político adequado, associado a uma alta proporção de investimento

privado de baixo custo, permite um rápido avanço para muitas pessoas, emparticular aquelas em comunidades dispersas para quem os sistemasconvencionais protegidos podem ser insustentáveis.

abastecimento de água merecer

pouca prioridade no âmbito das

estratégias para a redução da

pobreza em muitos países.2

Ao mesmo tempo, apesar de tanta

reabilitação e construção de

fontes comunais de água, 10 a 50

porcento destas infra-estruturas

poderão estar inoperacionais a

qualquer momento, geralmente

devido a avarias das bombas

manuais. Constituem ainda

principais constrangimentos a falta

de capacidade financeira,

disponibilidade de peças

sobressalentes e a gestão

comunitária (reflectindo a falta do

sentido de posse por parte da

comunidade). Porém, as

estratégias para se atingir os

Objectivos do Milénio tendem a

supor que todas as fontes de

abastecimento existentes são

sustentáveis e que continuam em

funcionamento.

Este ponto de vista sugere a

adopção de outras estratégias para

melhorar o cenário, particularmente

quando se tome em conta que a

meta preconizada no âmbito dos

Objectivos do Milénio ainda deixa

uma fasquia de cerca de 150

milhões de pessoas pobres sem

acesso a água potável (Figura 1).

2 Para reduzir à metade, para 2015, a proporção das pessõas sem acesso sustentável à água segura para consumo.

Quadro1: Conceitos do auto abastecimento de água melhorado

20152010200520001995

0

1990

100

200

300

400

500

600

700

Ano

Po

pu

laçã

o

Figure 1: Metas dos Objectivos do Milénio (MDG) em Água eSaneamento em zonas rurais de África

População não servidaMeta dos ODM

Servida à taxa actual

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Contexto Zambiano

Na Zâmbia, cerca de três milhõesde pessoas que vivem nas zonasrurais não têm acesso a águapotável, tendo como fontesalternativas nascentes, poçostradicionais e outros poçosprecários. Os sistemas subsidiadostais como os furos equipados debombas manuais ou canalização,têm sido direccionados paracomunidades muito populosas,embora em media, 50 porcentodas comunidades em algunsdistritos, possuam menos de 80pessoas por comunidade.1

Mesmo com a existência de fontesde abastecimento melhoradas, aproporção de bombas manuaisinoperacionais varia de 10 a 35porcento, dependendo da provínciae do tempo desde a sua instalaçãoou reabilitação.

Reconhecendo esta situação, ogoverno Zambiano aprovou umprojecto de pesquisa financiadopelo DFID visando identificarformas de mobilizar as populaçõespobres rurais, especialmentecomunidades dispersas, paramelhorar as suas fontes deabastecimento de água de umaforma sustentável e com o mínimode subsídios. O projecto abrangeupoços familiares e todas as fontestradicionais, em especialnascentes e outros poçosprecários. Na sua fase deimplementação, cuja duração foide três anos, o projecto logrou

grandes sucessos no estímulo dademanda local e na identificaçãode opções alternativas deabastecimento para as zonasrurais.

O conceito de auto abastecimentode água melhorado (Quadro1)combina a capacitaçãocomunitária com as tecnologias debaixo custo para elevar aqualidade e disponibilidade deágua, reduzir os riscos decontaminação, e aumentar oacesso aos respectivosequipamentos de capatação.As infra-estruturas provaram serlocalmente aceitáveis, de fácildifusão e acessíveis uma vez queusam fundamentalmenteconhecimentos, materiais eprincípios tecnológicos locais. Emmuitos casos, os agregadosfamiliares têm usufruído benefíciostanto em termos de água para oconsumo humano como da suautilização em actividadesprodutivas e económicas depequena escala.

As preocupações dos paísesAfricanos, que ainda nãoconsideraram as opções de baixocusto, estão fundamentalmenteassociadas à fraca qualidade daágua, falta de fiabilidade e altoscustos per capita. Dados contidosno estudo Zambiano sugerem quemesmo as mínimas medidas deprotecção podem melhorarsignificativamente a qualidade eacessibilidade da água. Além

disso, os subsídios per capita sãomais baixos em iniciativas de autoabastecimento de água melhoradodo que em soluçõesconvencionais, especialmenteonde os próprios agregadosdetêm a propriedade e investemnas fontes de água. Actualmente,o Governo, as organizações nãogovernamentais (ONGs) e osdoadores têm apoiado asiniciativas de auto abastecimentode água melhorado no interior daZâmbia (Quadro 2), e outrospaíses já começam a adaptar esteconceito ás suas própriasnecessidades.

As comunidades raramentepoderão recusar as opções

Elevados subsídios no abastecimentocommunal poderão dificultar ascomunidades de decidir que tecnologia aadoptar e manter

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

convencionais, especialmentequando forem acompanhadaspor um elevado subsidio. Oproblema é que o interesse porestas opções tem sido de poucaduração excepto quando a águaconstituir um factor prioridade ouquando as fontes alternativaslocalizamse muito distante. Osaltos subsídios encobrem arelação directa entre o capital edespesas correntes, dificultandoa decisão das comunidades sobreopções tecnológicas cujamanutenção está ao seu alcance.

Necessidade de umleque maior de opçõestecnológicas

Ameaças àsustentabilidade doabastecimento comunitário

As razões que suscitaram aprocura de alternativas às fontesde abastecimento comunitário têma ver, por um lado, com oreconhecimento de que as fontesconvencionais protegidas nemsempre eram sustentáveis, e poroutro lado, da aparentepopularidade em relação ás fontestradicionais que os primeirosdeviam substituir (Quadro 3).

Diversos factores têm contribuídopara a falta de sustentabilidadeque tem frequentementecaracterizado os sistemascomunitários, incluindo a baixadensidade populacional, os baixos

níveis de rendimento rural, asmovimentações populacionaissazonais, bem como o fácilacesso ás fontes alternativas deágua.

A sustentabilidade é ameaçadapela dependência em doadores,que tem geralmente limitado asopções tecnológicas às de maisalto custo para o abastecimentode água rural, com peçassobressalentes importadasrequerendo mão de obraespecializada.

Maior aplicação do automelhoramento doabastecimento de água

O tamanho natural das unidadessociais não é sempre adequadopara sistemas comunitários. NaZâmbia, o número médio depessoas que utilizam a mesmafonte de água é de cerca de 50para os poços sem revestimento e80 para poços precários. Adimensão dos grupos parece serdeterminada pela facilidade degestão dos lugares onde a água

Os princípios do auto abastecimento de água melhorado têm sido adoptados e

promovidos na Zâmbia por um número de organizações governamentais e nãogovernamentais, incluindo o Ministério da Saúde, o Ministério de Desenvolvimentode Energia e Água, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), WaterAid,Cooperação para o Desenvolvimento da Irlanda, Organização Holandesa para oDesenvolvimento – SNV, os Corpos da Paz, e Visão Mundial.

As directrizes no âmbito da Estratégia Nacional de Água e Saneamento e os fundos

de investimento comunitários consideram o auto abastecimento de água melhoradocomo uma opção.

Todos os seis distritos envolvidos no projecto-piloto de auto abastecimento de água

melhorado asseguraram fundos para continuar com a implementação como respostaà demanda comunitária.

Foram produzidos e publicados manuais sobre a facilitação de mudanças de baixo

custo no âmbito de água, saneamento e higiene e sobre melhoramentos de fontesde água a baixo custo (Sutton e Nkoloma 2003; Sutton 2004).

Mais de 200 grupos (mais de 20,000 pessoas) beneficiaram dos melhoramentos

das fontes piloto e sua gestão, abaixo de USD4 per capita e 1000 sistemasmelhorados adicionais tem sido planificados numa única província. No futuro, osbenefícios serão sentidos de forma mais abrangente a medida que a ideia de autoabastecimento de água melhorado seja disseminada entre as comunidadesadjacentes e, à medida que iniciativas deste género vão ganhando mais apoio dogoverno e das ONGs.

Quadro 2: Resultados de curto prazo da pesquisa

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está sempre disponível e não dovolume produzido (Figura 2).Tem havido uma tendência de osgrupos se dividirem quando estestem mais de 100 membros para aabertura de uma nova fonte. Istose compara com os tamanhos dascomunidades alvo de 200 a 500pessoas para bombas manuais,que muitas vezes significa juntargrupos distintos nos quais umagestão conjunta pode serproblemática.

A informação relacionada com otamanho dos grupos tambémsugere que os proprietáriossingulares geralmentecompartilham a água com osoutros. Por detrás desta partilhaestá o facto de não constituirprática cultural negar o consumode água a ninguém, geralmente, apessoa que detém um poço

familiar tem a tendência delocalizá-lo numa área de fácilacesso para todos. Estudos têmmostrado que os grupos que sãodados a oportunidade de escolhera tecnologia baseado numainformação imparcial, geralmentepreferem ficar com o que se

sentem capazes de gerir e pagar.Por conseguinte, conseguemmelhorar as suas fontes com certaregularidade à medida quedispõem de mais recursos.Estudos sobre o nível deinvestimento familiar em fontes deágua privadas (tradicionais)mostram que, mesmo nascomunidades pobres, as pessoassingulares estão frequentementemais dispostas a custear as suaspróprias fontes do que os gruposde 40 ou mais agregadosfamiliares juntos normalmente seprontificam para custear uma fontecomunal.

Este estudo revelou que mais dametade pagou USD100 por fontespróprias. A preferência pelosentido de posse da fonte, ocontrole sobre o investimento e osseus resultados aliados aotamanho natural das unidades degestão parecem constituir a razãofundamental do favoritismo em

Quadro 3: Popularidade e sustentabilidade das fontes tradicionais

O Distrito de Monze na província no Sul da Zambia tem uma cobertura de 133 porcento(a 150 pessoas por fonte) e a maioria das residências está dentro de um raio de 500metros de uma fonte protegida.Mesmo com esta capacidade excedente, ainda existem 1,600 fontes tradicionais emutilização, principalmente para o consumo humano, de acordo com uma pesquisarealizada pela WaterAid.

No Distrito de Kaoma, uma pesquisa levada a cabo em 2001 pelo comité distrital deágua e saneamento ao nível das fontes de água concluiu que 49 porcento dos 321poços comunais protegidos e 80 porcento das 131 bombas manuais encontram-se emfuncionamento e em uso. Contudo, 94 porcento de 3,640 fontes tradicionais melhoradasestavam ainda em funcionamento. Parece que o aspecto da propriedade, a acessibilidade,e as capacidades locais ajudam a manter as fontes tradicionais em funcionamento, umavez que os poços podem ser aprofundados quando secam. A contínua popularidade detais fontes trás à superfície a necessidade de torná-las seguras.

Figure 2: Número médio de utentes por fonte (2,214 fontes)

Cas

as c

om

latr

inas

(%

)

Número médio de utentes

Bomba Manual

Lagoa/Lago

Furo revestido

Riacho/Rio

Nascente

Poço tradicionalmelhorado

Furo nãorevestido

Poço tradicional

Poço compolia e balde

500 100 150 200 250

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

torno das iniciativas de autoabastecimento melhorado deágua.

Sempre que o investimento formantido dentro de um pequenogrupo, a gestão e posse da terraforem claramente definidas, aágua poderá ser facilmenteutilizada para mais do que simplesfins domésticos. Contrariamenteàs fontes comunais, quenormalmente são vistas como umdreno das finanças familiares, écomum que sistemas de autoabastecimento sejam fontegeradora de rendimentos. Esterendimento pode resultar da regade vegetais, produção de viveiros,produção de bebidas, fabrico deblocos para construção, ou aindado processamento de alimentos.

Tudo isto, associado a umasituação nutricional familiarmelhorada, traz benefícios clarosà família que, por sua vez,encoraja o zelo pela fonte,incluindo os investimentos a longoprazo. As fontes comunitáriasraramente oferecem as mesmaspossibilidades, e ainda trazemmenos benefícios palpáveis,excepto quando a distância àfonte for nitidamente reduzida. Assoluções de baixo custo tambémfortalecem a economia ruralatravés do envolvimento deartesãos locais na abertura depoços, alvenaria, e carpintaria emvez de se envolver empreiteirosde zonas longínquas e tecnologiasimportadas.

Metodologia usada napesquisa

A pesquisa Zambiana visavaexplorar de forma sistemática asustentabilidade do automelhoramento do abastecimentode água, as opções piloto, eassegurar o pleno apoio dospolíticos. O processo foi tãoimportante tal como os resultados.Uma vez que, geralmente, temhavido certa relutância inicial emconsiderar opções tecnológicasmais simples devido ao receio dese voltar no tempo e natecnologia, tornou-se, pois,importante envolver os fazedoresde políticas nos planos,concepção e execução dapesquisa.

O seu envolvimento permitiu-lhes

analisar os resultados em primeira-

mão, e testemunhar a existência de

uma significativa demanda de tais

soluções alternativas ao nível debase. O processo foi dividido em

três fases de modo a permitir uma

avaliação contínua do progresso

bem como dos resultados:

1. Análise da situação existente -Pesquisas qualitativas equantitativas;

2. Pilotagem – monitorar asmudanças e a satisfação doutente;

3. Advocacia – usar osresultados para influenciar a

Soluções de baixo custom podem fortalecer a economia rural atravez de emprego aosartesãos locais.

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planificação ao nível distrital eas estratégias governamentaise das ONGs. (Enquanto istoera um exercício deseguimento do trabalho decampo por um lado e por outrose tratava de um processocontínuo ao longo dos trêsanos).

Como parte da análise da situaçãoexistente foi realizada umainventariação de mais de 2.250sistemas de abastecimento deágua, com amostras de um totalde 1.750 destes sistemas e mais2.000 amostras posteriormentepara efeitos de monitoria. Oinventário e os respectivosestudos qualitativos detalhadosem 22 comunidades levaram umano inteiro para concluir.

Depois de avaliados os potenciaispara a sua melhoria, foramestabelecidos projectos piloto. Istofoi levado a cabo principalmenteatravés do envolvimento deextensionistas do Ministério daSaúde que estavam habituados atrabalhar nas comunidades. Oscomités intersectoriais de água,saneamento, e educação sanitáriaao nível distrital ligaram eadoptaram o apoio técnico para oabastecimento de água com aeducação de higiene e a reduçãode riscos fornecida pela saúde,bem como, o aconselhamentodado pelos extensionistas daagricultura. Esta abordageminterdisciplinar maximizou osbenefícios do investimento no

fornecimento da água esaneamento e proveu apoio delongo termo às comunidades.

Foram estabelecidos duzentossistemas piloto baseados noconceito de auto abastecimentode água melhorado (Quadro 1), ea qualidade da água foimonitorada num total de 80 destessistemas. As principaistecnologias introduzidas foram:

Revestimento dos poçostradicionais e precários(completa ou parcial) atravésde blocos ou manilhas debetão usando moldes de fibrade vidro.

Protecção da parte superiordos poços (passeios, drenos,tampas e portas de acesso)

Sistemas económicos deelevação de água (guinchosde fabrico local e bombas debaixo custo)

Criar condições para lavagemde mãos

Os aspectos sociais na fase pilotoincluíram:

Facilitação para encorajarmudanças comunitárias,planificação participativa dosprojectos, bem como o autofinanciamento de projectoscom base nos escassosrecursos.

Envolvimento do sectorprivado, especialmente osartesãos locais, poceiros,pedreiros e carpinteiros.

Planificação distrital paraintegrar tanto as opçõesconvencionais como as deauto melhoramento doabastecimento de água.

Pequenas comunidades quemostraram interesse em melhoraros seus sistemas deabastecimento de água foramconvidadas para discutir asmudanças que, no seu entenderpoderiam ajudar, na elaboraçãodos seus próprios planos detrabalho.

Foram desenvolvidas diferentesopções que permitem melhoriasgraduais para os diferentes tiposde fontes, onde as comunidadesodoptariam a opção que lhes seriaconfortável no sentido de sesentirem capazes de aplicar emanter e em paralelo seriamsensibilizadas sobre outrasopções que poderiam serimplementadas gradualmente nofuturo.

Lições aprendidas

Qualidade e fiabilidade daágua

As melhorias resultantes dasopções de baixo custo e de umamelhor gestão dos sistemas

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

tenderam a uma reduçãosignificativa da contaminaçãofecal. Amostras regularmenteextraídas após o melhoramentodas fontes mostraram que 95porcento continha menos de 10coliformes fecais por 100 mililitrosde água (cfu/100ml), contra 35porcento antes da introdução dosmétodos de protecção de baixocusto.

Comparados com os poçosconvencionalmente protegidos,um número muito reduzido defontes melhoradas comtecnologias de baixo custo,apresentou contaminação zero.Contudo, em fontes queinicialmente se podiam considerarcomo sendo mediana ouseriamente contaminadas, aadopção de opções de baixocusto, mostrou mesma, ou melhor,qualidade de água do que asopções convencionais usadas anível comunitário.

Todas as fontes melhoradas foramaplaudidas pelos consumidorescomo sendo fontes de água maisseguras do que as fontestradicionais. Os gestores dasfontes melhoradas realçaram, emtodos os casos, um aumento nonúmero de consumidores. Oitentaporcento das famílias quedetinham poços não revestidoscomentaram que antes eramobrigados a caminhar longasdistâncias à procura da águaporque a água dos seus poçosprecários não era segura. Mas,

desde a introdução dos poços comrevestimento parcial e outrasopções de baixo custo, eles jápodem consumir a água que seencontra próxima das suas casas,o que lhes poupa tempo e esforço.

Reduções drásticas nacontaminação fecal foramregistadas num projecto-piloto depequena escala no qual foramcriadas condições para lavagemde maõs. Antes desta intervenção,as unidades de contaminaçãocomeçavam de 100 cfu/100ml aténíveis tão altos “que eram muitodifíceis de contar”, mas depois daintervenção, os resultados dasanálises foram usualmente zero enunca para além de 10 cfu/100ml.Testemunhando estes resultadosimpressionantes, algunsagregados familiares decidiramcriar as suas próprias condiçõespara lavagem de mãos.

Embora muitos poços familiaressecam (Figura 3), a maioria volta afuncionar mediante intervenções

contínuas de aprofundamento. Como revestimento parcial (no topo),contrariamente ao revestimentototal, torna-se mais fácil para ostécnicos locais voltarem a cavar opoço a um custo mínimo. Estasituação faz com que muito maispoços familiares do que oscomunais se mantenhamoperacionais uma vez que osúltimos requerem mão-de-obraexterna, equipamento caro etransporte. É apenas durante osperíodos mais secos que ovolume de água em alguns poçosfamiliares se reduz a níveis alémdas profundidades que podem seratingidas pelos poceiros locais.

Os poços convencionalmenteprotegidos secam menosfrequentemente. Porém, uma vezsecos, as comunidades enfrentamproblemas de capacidade depagar, tanto pelo equipamentocomo pela mão-de-obraespecializada para o seuaprofundamento. Poços precáriosrevestidos, geralmente em solos

Figure 3: Proporção de fontes não fiáveis

Percentagem

Fo

nte

s q

ue

seca

m

Furos/bombas manuaisque não se usam

Riacho/Rio

Nascente

Furos revestidosPoços tradicionais

melhoradosFuros não revestidos

Poços tradicionais

0 10 20 30 40 50 60

10

arenosos, tornaram-se mais fiáveisdo que os poços comunais de altocusto e têm oferecido água demelhor qualidade.

Procura e aceitação deuma abordagemevolutiva

A demanda pela melhoria evolutivaou passo-a-passo, ultrapassouconsideravelmente a capacidadedo projecto de pesquisa. Comoresultado, todos os distritosenvolvidos na fase pilotosolicitaram com sucesso fundos

adicionais do governo, das ONGs edos doadores de modo a continuara dar resposta à crescentedemanda.Todos os centros de saúde ruraisapresentaram uma demanda emexcesso, com muitos detentoresde poços, até dos mais precários,a adquirir cimento, blocos, areia epedra antes da chegada daassistência solicitada aos mesmoscentros. A ideia de os proprietáriosde poços irem acrescentando osseus investimentos iniciais, passo-a-passo, foi largamente aceite, eeste sistema de autoabastecimento de água melhorado

foi impulsionado pela troca de arroze feijão por cimento. Outrosagregados, ao ver as melhorasque podiam ser atingidas,começaram a abrir os seuspróprios poços, esperandoconseguir o mesmo.

Aqueles que eram incapazes demelhorar as suas próprias fontesde água, duma única vez, optarampor melhorá-los de forma gradual.Um exemplo a citar é o de Kaoma,onde alguns camponeses nãopuderam revestir os seus poçosprofundos com rendimentosprovenientes de uma só colheita,e tendo revestido três ou quatrometros por ano. Muitos planearamcolocar polias e posteriormentedepósitos enterrados, paraexpandir a rega podendo assim,financiar futuras intervenções demelhoramento.

A mesma filosofia, passo-a-passo,foi adoptada por comunidades queinicialmente haviam aplicadomateriais locais de baixo custotais como madeira e argila barropara revestir e proteger os seuspoços precários; estascomeçaram a mobilizar fundospara posteriormente melhoraremas suas fontes com betão.Infelizmente, nem todos os que seengajaram nos melhoramentosfaseados conseguiram manter oritmo até atingirem resultados dealto nível. Estas pessoaspoderiam possivelmente terlogrado sucesso se tivesse havidouma espécie de crédito suficiente

A aplicação do padrão mínimo estabelecido poderá formar ponto de partida para ummelhoramento proporcional e faseado.

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

para cobrir todas as etapas doprocesso de auto melhoramento,com um reembolso programadopara mais de um período decolheita.

Maior valor da água

Os consumidores afirmaram quejá podiam expandir a produção deculturas (tais como tomate) e deviveiros (tais como de tabaco)antes das chuvas. Outrosafirmaram que agora podiamfabricar blocos mais próximos dassuas residências, minimizando orisco de roubo. Além destasactividades, também podiamfabricar bebidas alcoólicas semterem que caminhar longasdistâncias à busca da água para oefeito. Todos estes factorescontribuíram para o aumentosobre o valor que os utentes dão aágua, encorajando asustentabilidade do seuabastecimento.

A demanda de bombas de baixocusto foi particularmente notávelcomo resultado do crescenteinteresse de facilitar a captaçãode água tanto para o usodoméstico como para regas depequena escala. Após ainstalação de bombasdemonstrativas, as restantesforam adquiridas a preços acimado valor praticado no mercado, oque sugere que aqueles queinvestem em poços estãodispostos a pagar mais parapoderem ter baixos custos de

exploração e água segura.Normalmente, o custo dasbombas pode ser amortizado emduas épocas sem perigar asegurança alimentar.

Envolvimento do sectorprivado

Os artesãos locais tambémpromovem o valor da água, já queo seu sustento depende deste. Orevestimento com tijolos, total ouparcial, não era conhecido no paísantes do projecto e somente ospoços financiados pelos doadoreseram revestidos. Agora, umnúmero crescente de poceiros,pedreiros, e carpinteiros fazemdinheiro melhorando as fontes deágua através de actividades taiscomo fabricação de polias, erevestimento de poços e latrinas.Contudo, o impacto do projecto foilimitado pelo fraco envolvimentode artesãos locais logo desde oprincípio do mesmo, uma vez quea pesquisa focalizou inicialmenteno pessoal do governo cujasactividades estavam relacionadascom medidas sanitáriaspreventivas. O pessoalextensionista governamental, paranão ariscar os seus benefíciosrelacionados com estasactividades, também provou serrelutante a passar para osmembros do sector privado osseus conhecimentos ouequipamentos tais como moldespara o fabrico de manilhas,retardando o envolvimento domesmo.

Adoptando novas ideias

Tem havido, com algumafrequência, certa resistência porparte das comunidades em aceitarideias importadas doutras regiões.Tem havido, por exemplo, algumarelutância na África Ocidental emaceitar guinchos, que são comunsna África Oriental. O mesmoacontece na África Oriental emrelação às práticas usadas naÁfrica Ocidental tais como autilização de polia e balde no poço.

Experiências da Zâmbia,Zimbabwe ou Nicarágua (Quadro4) não podem ser transferidossimplesmente com umtestemunho anedótico. As ideiasdevem ser demonstradas etestadas num país para que a suaadopção venha a vencer aresistência. Determinadastécnicas tais como o uso debombas de baixo custo que temsido lentamente transferido paraÁfrica, mesmo determinadasideias tão simples como orevestimento de poços pode serestranho para muitas pessoas elevam tempo para o seuestabelecimento no terreno.

As experiências da Zâmbia e doZimbabwe sugerem que, mesmocom tais demonstrações eexperiências piloto, seriamnecessários três anos no mínimopara a integração dos novosconceitos nos processos deplanificação nacional.

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Custos

O custo para o melhoramento deum poço não revestido,(revestimento parcial com betãoou revestimento total através detijolos) ou do poço precáriorevestido totalmente é deaproximadamente USD100 para aaquisição dos materiais, ouUSD300, incluindo todo oprocesso de capacitação deartesãos locais e extensionistas,mobilização comunitária, compra etransporte dos materiais. Asbombas de baixo custoacrescentam mais USD100,incluindo a respectiva instalação.Isto em relação com USD1,500 aUSD3,000 para um poçocompletamente revestido(necessitando equipamentos taiscomo guinchos, equipamento debombagem, transporte e custos degestão durante a fase deconstrução), USD2,500 aUSD4,500 para um furo, eUSD250 a USD1,000 para umabomba manual comunitária.

O custo per capita para as opçõesde auto abastecimento de águamelhorado (permitindo umaunidade para 50 pessoas) tende aser mais baixo para grupos de até200 pessoas (Figura 6). Éprecisamente a este ponto em queos custos das fontes comunaiscomeçam a reduzir para custossemelhantes. O autoabastecimento de água melhoradocontinua menos oneroso paragrupos de até 150 pessoas

Estudos realizados no Zimbabwe sugerem que um agricultor que rega uma parcelade 0.03 hectares usando um poço cuja água é tirada a balde pode alcançar umrendimento anual de cerca de USD75. Com uma bomba de baixo custo, o mesmoagricultor pode aumentar a área beneficiária, podendo gerar até oito vezes maisaquele rendimento (Water and Sanitation Program, 2002).

Estudos realizados na Nicarágua mostram que um poço pode aumentar orendimento do seu proprietário entre 30 a 115 porcento e que com USD60investidos numa bomba de corda aumenta o rendimento médio em USD220 (Vander Zee, Fajardo, and Holstag, 2002).

Quadro 4: Potencial de geração de rendimento do autoabastecimento de água melhorado

mesmo com as opções mais carasde até USD800 por unidade.

Rumo ao autoabastecimento de águamelhorado

Iniciativas ao nível do país

A pesquisa Zambiana deu umolhar sistemático para algumasdas barreiras ao autoabastecimento de água melhoradobem como nos seus efeitos e já seencontra em criação um ambientepropício ao nível nacional no qualos agregados familiares ecomunidades dispersas podeminvestir nas suas próprias fontes,com apoio proveniente dos fundosdisponibilizados aos distritos eONGs.

O vizinho Zimbabwe temexperiência prática mais longa emrelação a esta abordagem, porém

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Figure 4: Opções de custo per capita de tecnologia

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per

cáp

ita

em U

S$

Número de utentes da fonte

Furos e bombas manuais

Poço com polia

Auto abastecimento com bomba manual

Auto abastecimento básico

Poço com bomba manual

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

tem se concentrado quaseexclusivamente na tecnologia dospoços familiares. No Zimbabwe,um projecto que neste momentogoza de apoio governamentalresultou na reabilitação de mais50,000 poços familiares duranteos últimos 15 anos.

Como acontece hoje na Zâmbia,foi à procura de tais soluções porparte de famílias rurais, que

persuadiu os políticosareconhecerem que existe umacomplementaridade entre o papelda abordagem de autoabastecimento de água melhoradolado a lado com as opçõesconvencionais ao nívelcomunitário.

Um outro exemplo que pode seranalisado é a Libéria, onde ospoços familiares abastecem mais

de um terço da população rural. Aabordagem foi implementada deforma experimental, mas commuito sucesso em Serra Leoa.

Adicionalmente, o governo doBenin, em resposta à demanda aonível de base, decidiu fornecersoluções idênticas e sistemas debaixo custo conjuntamente com oabastecimento de águacomunitário.

Bombas de corda manuais de baixo custom, tais como cabrestantes, melhoram o abastecimento de água.

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As bombas de baixo custotransformaram a economia rural emdiferentes países da AméricaCentral, como Nicarágua aproduzir mais de 7,500 bombas decorda por ano para usos domésticoe agrícola a um preço de cerca deUSD100 cada bomba. A procurade serviços de rega de pequenaescala tem crescido rapidamenteem África, particularmente amedida em que as chuvas vão setornando cada vez maisimprevisíveis. A captação daságuas da chuva também vai setornando uma prática popular,especialmente nas regiões ondesão escassas as fontesalternativas de água. Contudo,poucas famílias nas comunidadesrurais mais pobres possuem casascobertas de chapa de zinco quelhes permitem recolher água de boaqualidade.

A ideia de auto abastecimento deágua melhorado possui de formaconvincente um potencial de sealastrar para outros países.Porém, seria necessário umesforço particular para seconseguir uma aceitação ao nívelpolítico. Esses esforços deverãointegrar soluções pragmáticas àsde engenharia já existentes asquais até o presente momentopouco têm reconhecido quaisqueropções simples e de baixo custo.

Redes internacionais

Além das iniciativas acimamencionadas, algumas redes

concentram-se em soluções aonível do agregado familiar epoderiam apoiar aos países aavançarem em direcção aosObjectivos do Milénio no que dizrespeito ao abastecimento deágua potável. A Rede para oAbastecimento de Água Rural(Rural Water Supply Network -RWSN) encoraja inovaçõestécnicas e de gestão, e identificamelhores práticas promocionais,focalizando nas necessidades docontinente Africano(www.rwsn.ch). Em 2003, a RWSNlançou iniciativas de partilha depesquisas e de conhecimentos emrelação ao custo efectivo dasperfurações, sustentabilidade dossistemas de abastecimento deágua, e auto abastecimento deágua melhorado para pequenascomunidades e agregadosfamiliares.

A Rede Internacional para aPromoção de TratamentoDomiciliário e ArmazenamentoSeguro da Água tem estado atrabalhar para melhorar a situaçãodas populações vulneráveisatravés do melhoramento decondições paro o manuseamentoda água no local de consumo,incluindo armazenagem etratamento. As duas organizaçõespromovem pesquisas sobresoluções ao nível familiar, para oabastecimento, tratamento earmazenamento da água, e têmmonitorado o impacto dessassoluções. Estas entidades tambémelaboram material de advocacia

para apoiar a expansão daspráticas de auto abastecimento deágua melhorado como uma opçãode longo termo.

Sumário dascaracterísticas do autoabastecimento de águamelhorado

As iniciativas de autoabastecimento de águamelhorado complementam àsiniciativas de abastecimentocomunal e oferecem certasvantagens reais. As característicasde ambas abordagens estãocomparadas na Tabela 1.

Conclusões

As iniciativas de autoabastecimento de águamelhorado são parte de umaabordagem que se baseia naprocura. A demanda é expressapelos proprietários comdisposição a investirsignificativamente nomelhoramento do abastecimento deágua e a sua gestão. Estaabordagem apresenta umaalternativa de mais baixo custo emrelação ao abastecimentocomunitário convencional bemcomo as tecnologias de alto custoneles associados e constitui umasolução mais sustentável paracomunidades pequenas e famíliasdispersas. A grande reacçãopositiva ao nível da base emmuitos países pode constituir

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Auto Abastecimento: UmaAbordagem Inovadora paraAbastecimento de Água àsPopulações Rurais

prova de que o auto abastecimentode água melhorado é umaabordagem que merece umaaplicação mais abrangente e pode

Sistemas convencionais comunais

Adequados para comunidades concentradas, homogéneas ecom boa liderança

Tecnologias disponíveis para maior variedade de condições,com maior flexibilidade de aplicação

Dependem de conhecimentos externos e tecnologiasimportadas

Servem grande número de pessoas, que podemAssim comonão formar parte duma comunidade

Suposta segurança e qualidade da água, mas nem semprebem fundamentada; o valor que os utentes dão a água pode sermenos do que o suposto

Geralmente promovidos para fins sanitários; Geração derendimento geralmente difícil devido à propriedade comunitária

Dependem da gestão dos comités que não sendo tradicionalpode levar tempo a formar

Fornecem água dentro de 0.5 a 1km, masos agregados podempossuir fontes alternativas mais próximas das suas casas

Requerem grandes investimentos por unidade, e subsídios deUSD15-20 per capita).

Construção rápida, mas as equipas de construção não intervêmna manutenção

Manutenção a longo prazo mais cara, requerendo equipamentopesado e transporte

Padrões elevados desde no início, mas asustentabilidade podeser baixa

No geral, orientados por doadores

Opções de auto melhoramento do abastecimento de água

Adequados para famílias individuais e pequenos grupos

De fácil estabelecimento onde a água se encontra a 15 metrosda superfície ou a água de chuva é adequada

Baseada no conhecimento local, atitudes e habilidades

Servem agregados ou pequenos grupos que constituempequenas unidades de gestão naturais

Melhoramentos significativos na qualidade da água,comparativamente às fontes protegidas comunais mas a customuito mais reduzido; um valor da água mais elevado por partedos consumidores

Frequentemente geram benefícios múltiplos incluindorendimento, situação nutricional melhorada, e emprego ao nívellocal

Propriedade e gestão bem definidas detida por um indivíduo ouum grupo bem estabelecido

Fornecem boa água, usualmente dentro do quintal ou dentroduma distância de 100 metros

Baixo custo unitário quer dizer que o subsídio pode ser menosde 50% (Zimbabwe 20%) (geralmente USD3-5 per capita)

Rápidas mudanças de pequena escala, processo mais lentopara atingir o produto final, equipes de construtores tambémenvolvidos na manutenção

Manutenção regular e a longo prazo pode ser realizada pelosartesãos locais, incluindo aprofundamento a custo económico

Passo-a-passo para se atingir padrões elevados, cada passotrazendo melhoramentos sustentáveis

Desenvolvem directamente a partir da demanda local

Tabela 1: Comparação das características dos sistemas convencionais e de auto abastecimento deágua melhorado

trazer uma rápida e maior mudançano seio das comunidades ruraismais remotas e, se reconhecidacom uma fonte legítima de

abastecimento de água poderáfazer uma grande diferença nosesforços para se atingir osObjectivos do Milénio.

Outubro de 2004

Water and Sanitation Program- AfricaWorld BankHill Park BuildingUpper Hill RoadP.O. Box 30577NairobiKenya

Phone: +254-20-3226306Fax: +254-20-3226386Website: www.wsp.org

RWSN SecretariatSKAT Foundation, Vidianstrasse 42CH-9000 St. GallenSwitzerland

Phone: +41 71 288 5454Fax: +41 71 288 5455Email: [email protected]: www.rwsn.ch

AGRADECIMENTOS:Estes apontamentos foram preparados pelaDr.Sally Sutton e revistos por Jon Lane(Consultor Independente). Julian Jones e ErichBaumann (RWSN/SKAT), Joseph Narkevic(Responsável pelo estudo); e Piers Cross(Chefe da equipa do WSP-Africa) contribuiramcom ideias valiosas e direcção na composiçãodo texto.

Editores: Melanie Low e Toni Sittoni.

Fotos: Sally Sutton

Desenho e maquetização: Peter Wambu

Publicação: WSP-Africa

Smith, C.C., and P. Daniels. 2004. Family Water Supply and Sanitationin Liberia. Geoscience Sri.

Sutton, S. 2002. Community-Led Improvement of Rural Drinking WaterSupplies: Final Report. DFID Project KAR 7128. SWL Consultants.

Sutton, S. 2004. Low-Cost Water Source Improvements: PracticalGuidelines for Fieldworkers. Teaching Aids at Low Cost (TALC).London, UK: TALC Publishing. Also on CD.

Sutton, S., and H. Nkoloma. 2003. Encouraging Change: SustainableStepsin Water Supply, Sanitation and Hygiene. Teaching Aids at Low Cost(TALC).London, UK: TALC Publishing. Also on CD.

Water and Sanitation Program. 2001. “The Rope Pump: Private SectorTechnology Transfer from Nicaragua to Ghana.” Developing PrivateSector Supply Chains to Deliver Rural Water Technology, Field Note5. WSP.

Water and Sanitation Program. 2002. “Upgraded Family Wells inZimbabwe:Household-Level Water Supplies for Multiple Uses.” Blue Gold Series,Field Note 6. WSP.

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Páginas da internete para informação adicional:

CES (Centre for Ecological Sciences): www.ces.iisc.ernet.in/energy/water/paper/drinkingwater/wellsconstruction

Warwick University: www.eng.warwick.ac.uk/DTU/rwh/index.html

WaterAid: www.wateraid.org.uk/site/in_depth/technology_notes/297.asp

World Bank: www.worldbank.org/watsan/topics/tech_supply.html

Water and Sanitation Program: www.wsp.org

International Network to Promote Household Water Treatment and SafeStorage: www.who.int/householdwater/Rural Water Supply Network: www.rwsn.ch

A Rede de Abastecimento de Água Rural(RWSN) é uma rede global de conhecimentopara promoção de práticas sonantes noabastecimento de água rural.

O Programa de Água e Saneamento é umaparceria internacional para o melhoramento depolíticas, práticas e capacidades do sector deágua e saneamento ao serviço das pessoaspobres.

Referência e leitura adicional