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Auto-estima: desmistificação popular e contextualização científica Ciências Humanas Psicologia Karina Cascaes Felipe, Nádia Kienen – PUIC – Programa Unisul de Iniciação Científica; Curso de Psicologia – Campus Grande Florianópolis. Introdução Aparentemente o tema auto-estima tem se apresentado tão popularmente que pode até parecer estranho propor uma discussão científica sobre tal. Porém, é importante considerar que a auto-estima não está fora do indivíduo e de suas relações. E para a sua compreensão, precisamos entender como funciona o processo de auto-estimar-se, para só assim, explicá-lo como fenômeno psicológico, que ocorre nas relações dos sujeitos consigo mesmos e com o mundo. Para caracterizar o fenômeno auto-estimar-se, faz-se necessário ter clareza de seu significado. Compreendemos que a auto-estima, bem como outros temas estudados pela psicologia, vem sendo utilizada e abordada de modo altamente popularizado, e muitas vezes com certo menosprezo. Justamente por estes motivos, pode parecer estranha a proposta de abordar auto-estima cientificamente, mas não é estranho se compreendermos que a psicologia como fonte de ciência tem por função esclarecer seus objetos de estudo e permitir que seus conceitos sejam difundidos para além da comunidade acadêmica e evitando que, por conta da popularização e por explicações simplórias por demais, sua finalidade perca o valor. Desse modo, há necessidade de maior esclarecimento sobre o processo comportamental de auto-estimar-se, desmistificando a idéia de entidade que vem se estabelecendo sobre este processo. Através da pesquisa, buscamos responder à pergunta: quais são as variáveis básicas envolvidas no processo comportamental de auto-estimar-se? Objetivos Objetivo Geral Caracterizar as variáveis básicas envolvidas no processo comportamental de auto-estimar-se, a partir da literatura existente. Objetivos Específicos Identificar os diferentes tipos de literaturas a respeito do processo de auto-estimar-se; Distinguir contribuições da literatura cientifica de conhecimentos do senso comum a respeito do que seja auto-estima; Identificar as variáveis básicas envolvidas no processo de auto-estimar-se; Metodologia Para e execução da pesquisa utilizamos a seguinte metodologia: Fontes de Pesquisa: 1 – Artigos GOBITTA,M, GUZZO, S.L. Estudo Inicial do Inventário de Auto-Estima (SEI) . Forma A. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2002, 15(1), (pág 143-150). GOBITTA,M, GUZZO, S.L. O valor da auto-estima: Uma proposta de um instrumento. Em P.W. Schelini, (org.) Alguns domínios da avaliação psicológica. Campinas: Alínea. (págs. 89 a 109) 2 – Livros MRUK, C.J. Self-esteem: Research, Theory, and Practice. New York. Springer. 1995. COOPERSMITH, S. The antecedents os self-esteem. San Francisco: W.H. Freeman and Company. 1967 1 – Exames das fontes: Em cada obra analisada foram identificados os trechos do texto considerados relevantes por apresentarem elementos que contribuíam para a definição ou apontavam fenômenos constituintes do conceito da auto- estima. A partir dos elementos identificados na literatura foram construídas tabelas de transcrição dos dados encontrados. 2 - Identificação e organização dos componentes dos comportamentos constituintes de auto-estimar: Os elementos encontrados como componentes do que constitui o processo de auto-estimar foram organizados em relação a fazerem referência a cada um dos três componentes do comportamento: classes de estímulos antecedentes, classes de respostas ou classe de estímulos conseqüentes. 3 - Análise dos componentes dos comportamentos constituintes ao processo de Resultados Foram identificados doze comportamentos constituintes do processo comportamental de auto-estimar, conforme pode ser observado na figura abaixo. Esses doze comportamentos parecem ocorrer numa seqüência, identificada a partir do seqüenciamento das classes de respostas, conforme demonstrado na figura abaixo: Classes de respostas constituintes do processo de auto-estimar-se Podemos destacar principais aspectos constituintes do processo comportamental de auto-estimar-se o valor que o indivíduo atribuía a si, definição de sucesso e fracasso, o processo de avaliação e aprovação deste valor atribuído, bem como a manutenção ou desaprovação, a aceitação do valor atribuído a si, o sentimento de valorização ou desvalorização e o juízo de mérito, justamente por ser um processo, a seqüência não se apresenta estática, o indivíduo no decorrer de suas relações pode ser levado à retomar alguns aspectos. Conclusões O processo comportamental de auto-estimar é um processo construído pelo indivíduo no decorrer de suas relações com os outros indivíduos, consigo mesmo e com o ambiente. Este processo possui como ponto central o valor que o indivíduo atribui a si. Justamente, pela sua condição de estar diretamente vinculado às relações estabelecidas pelo indivíduo, é um processo dinâmico. Para intervir neste processo, é necessário um conhecimento mais aprofundado do conceito de eu e do valor que o indivíduo atribui a si. Muito se fala sobre auto-estima, porém muito pouco realmente se conhece sobre, muitos autores tratam a auto-estima como algo que o indivíduo possui ou não, porém ao identificarmos o processo comportamental de auto-estimar, podemos perceber que a auto-estima é um processo que cada indivíduo constrói e reconstrói durante a sua existência. Diante da fragilidade da literatura existente, podemos ressaltar e reafirmar a necessidade de pesquisas como esta, de sistematização das informações que constam na literatura, para auxiliar os profissionais de diversas áreas na intervenção sobre os fenômenos psicológicos, pois em algumas das obras exploradas encontramos indicações de intervenções inadequadas do conceito, ou seja, há indicações quase que mágicas para um processo comportamental ainda pouco definido. Talvez este não seja o único fenômeno psicológico que necessite de um estudo mais apurado. Também compreendemos que esta pesquisa não está finalizada, já que o que foi apresentado é apenas um esboço amplo do processo comportamental de auto- estimar, ainda com lacunas que necessitam ser melhor examinadas, talvez a partir do exame de novas literaturas, especialmente àquelas relacionadas ao conceito de eu ou de personalidade a partir de diferentes teorias em Psicologia. Para dar a pesquisa por totalmente finalizada ainda precisaríamos que cada uma das categorias aqui apresentadas fosse explorada de modo a descobrir novas categorias, dando uma visão cada vez mais minuciosa do processo Bibliografia GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002. 175 p. SELIGMAN, M. P. E. Aprenda a ser otimista. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2005. 208p. SILLMAY, N. Dicionário de Psicologia. Porto Alegre: ArtMed, 1998. PACHECO JÚNIOR, W. Abordagem contingencial no gerenciamento de recursos humanos. Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas (UFSC). Florianópolis, 2004. Tese submetida a Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de doutor em Engenharia de Produção. SKINNER, B.F. Questões recentes na análise comportamental . 2edição. São Paulo: Papirus, 1995.

Auto-estima: desmistificação popular e contextualização científica Ciências Humanas Psicologia

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Page 1: Auto-estima: desmistificação popular e contextualização científica Ciências Humanas Psicologia

Auto-estima: desmistificação popular e contextualização científica

Ciências HumanasPsicologia

Karina Cascaes Felipe, Nádia Kienen – PUIC – Programa Unisul de Iniciação Científica; Curso de Psicologia – Campus Grande Florianópolis.

Introdução Aparentemente o tema auto-estima tem se apresentado tão popularmente que pode até parecer

estranho propor uma discussão científica sobre tal. Porém, é importante considerar que a auto-estima

não está fora do indivíduo e de suas relações. E para a sua compreensão, precisamos entender

como funciona o processo de auto-estimar-se, para só assim, explicá-lo como fenômeno psicológico,

que ocorre nas relações dos sujeitos consigo mesmos e com o mundo. Para caracterizar o fenômeno

auto-estimar-se, faz-se necessário ter clareza de seu significado.

Compreendemos que a auto-estima, bem como outros temas estudados pela psicologia, vem sendo

utilizada e abordada de modo altamente popularizado, e muitas vezes com certo menosprezo.

Justamente por estes motivos, pode parecer estranha a proposta de abordar auto-estima

cientificamente, mas não é estranho se compreendermos que a psicologia como fonte de ciência tem

por função esclarecer seus objetos de estudo e permitir que seus conceitos sejam difundidos para

além da comunidade acadêmica e evitando que, por conta da popularização e por explicações

simplórias por demais, sua finalidade perca o valor.

Desse modo, há necessidade de maior esclarecimento sobre o processo comportamental de auto-

estimar-se, desmistificando a idéia de entidade que vem se estabelecendo sobre este processo.

Através da pesquisa, buscamos responder à pergunta: quais são as variáveis básicas envolvidas no

processo comportamental de auto-estimar-se?

ObjetivosObjetivo Geral

Caracterizar as variáveis básicas envolvidas no processo comportamental de auto-estimar-se, a partir

da literatura existente.Objetivos Específicos

Identificar os diferentes tipos de literaturas a respeito do processo de auto-estimar-se;

Distinguir contribuições da literatura cientifica de conhecimentos do senso comum a respeito do que

seja auto-estima;

Identificar as variáveis básicas envolvidas no processo de auto-estimar-se;

MetodologiaPara e execução da pesquisa utilizamos a seguinte metodologia:

Fontes de Pesquisa:

1 – Artigos

GOBITTA,M, GUZZO, S.L. Estudo Inicial do Inventário de Auto-Estima (SEI) . Forma A. Psicologia:

Reflexão e Crítica, 2002, 15(1), (pág 143-150).

GOBITTA,M, GUZZO, S.L. O valor da auto-estima: Uma proposta de um instrumento. Em P.W.

Schelini, (org.) Alguns domínios da avaliação psicológica. Campinas: Alínea. (págs. 89 a 109)

2 – LivrosMRUK, C.J. Self-esteem: Research, Theory, and Practice. New York. Springer. 1995.

COOPERSMITH, S. The antecedents os self-esteem. San Francisco: W.H. Freeman and Company.

1967

1 – Exames das fontes: Em cada obra analisada foram identificados os trechos do texto considerados

relevantes por apresentarem elementos que contribuíam para a definição ou apontavam fenômenos

constituintes do conceito da auto-estima. A partir dos elementos identificados na literatura foram

construídas tabelas de transcrição dos dados encontrados.

2 - Identificação e organização dos componentes dos comportamentos constituintes de auto-

estimar: Os elementos encontrados como componentes do que constitui o processo de auto-estimar

foram organizados em relação a fazerem referência a cada um dos três componentes do comportamento:

classes de estímulos antecedentes, classes de respostas ou classe de estímulos conseqüentes.

3 - Análise dos componentes dos comportamentos constituintes ao processo de auto-estimar-se:

Os elementos de cada uma das fontes de informação foram classificadas nas classes que evidenciam os

componentes de um comportamento.

4 - Depuração e decomposição dos componentes dos comportamentos constituintes de auto-

estimar-se: Nessa etapa, as expressões que foram sistematizadas em relação à classe de respostas

foram transformadas em verbos e as expressões sistematizadas nos outros dois componentes (situação

antecedente à classe de respostas e situação conseqüente à classe de respostas) foram apresentadas

em forma de substantivos, por fazerem referencia a aspectos do meio com os quais alguém lida ao

apresentar determinadas ações. As expressões que se referiam a significados semelhantes foram

avaliadas e agrupadas de modo a manter a que melhor designasse o componente do comportamento.

ResultadosForam identificados doze comportamentos constituintes do processo comportamental de auto-

estimar, conforme pode ser observado na figura abaixo. Esses doze comportamentos parecem

ocorrer numa seqüência, identificada a partir do seqüenciamento das classes de respostas,

conforme demonstrado na figura abaixo:

Classes de respostas constituintes do processo de auto-estimar-se Podemos destacar principais aspectos constituintes do processo comportamental de

auto-estimar-se o valor que o indivíduo atribuía a si, definição de sucesso e fracasso, o

processo de avaliação e aprovação deste valor atribuído, bem como a manutenção ou

desaprovação, a aceitação do valor atribuído a si, o sentimento de valorização ou

desvalorização e o juízo de mérito, justamente por ser um processo, a seqüência não se

apresenta estática, o indivíduo no decorrer de suas relações pode ser levado à retomar

alguns aspectos.

Conclusões O processo comportamental de auto-estimar é um processo construído pelo indivíduo no

decorrer de suas relações com os outros indivíduos, consigo mesmo e com o ambiente. Este

processo possui como ponto central o valor que o indivíduo atribui a si. Justamente, pela sua

condição de estar diretamente vinculado às relações estabelecidas pelo indivíduo, é um processo

dinâmico. Para intervir neste processo, é necessário um conhecimento mais aprofundado do

conceito de eu e do valor que o indivíduo atribui a si.

Muito se fala sobre auto-estima, porém muito pouco realmente se conhece sobre, muitos

autores tratam a auto-estima como algo que o indivíduo possui ou não, porém ao identificarmos o

processo comportamental de auto-estimar, podemos perceber que a auto-estima é um processo

que cada indivíduo constrói e reconstrói durante a sua existência.

Diante da fragilidade da literatura existente, podemos ressaltar e reafirmar a necessidade de

pesquisas como esta, de sistematização das informações que constam na literatura, para auxiliar

os profissionais de diversas áreas na intervenção sobre os fenômenos psicológicos, pois em

algumas das obras exploradas encontramos indicações de intervenções inadequadas do conceito,

ou seja, há indicações quase que mágicas para um processo comportamental ainda pouco definido.

Talvez este não seja o único fenômeno psicológico que necessite de um estudo mais apurado.

Também compreendemos que esta pesquisa não está finalizada, já que o que foi apresentado é

apenas um esboço amplo do processo comportamental de auto-estimar, ainda com lacunas que

necessitam ser melhor examinadas, talvez a partir do exame de novas literaturas, especialmente

àquelas relacionadas ao conceito de eu ou de personalidade a partir de diferentes teorias em

Psicologia. Para dar a pesquisa por totalmente finalizada ainda precisaríamos que cada uma das

categorias aqui apresentadas fosse explorada de modo a descobrir novas categorias, dando uma

visão cada vez mais minuciosa do processo

BibliografiaGIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002. 175 p.

SELIGMAN, M. P. E. Aprenda a ser otimista. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2005. 208p.

SILLMAY, N. Dicionário de Psicologia. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

PACHECO JÚNIOR, W. Abordagem contingencial no gerenciamento de recursos humanos.

Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas (UFSC). Florianópolis, 2004. Tese

submetida a Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de doutor em

Engenharia de Produção.

SKINNER, B.F. Questões recentes na análise comportamental. 2edição. São Paulo: Papirus,

1995.

GOBITTA,M, GUZZO, S.L. Estudo Inicial do Inventário de Auto-Estima (SEI) . Forma A.

Psicologia: Reflexão e Crítica, 2002, 15(1), (pág 143-150).

GOBITTA,M, GUZZO, S.L. O valor da auto-estima: Uma proposta de um instrumento. Em P.W.

Schelini, (org.) Alguns domínios da avaliação psicológica. Campinas: Alínea. (págs. 89 a

109).

MRUK, C.J. Self-esteem: Research, Theory, and Practice. New York. Springer. 1995.

COOPERSMITH, S. The antecedents os self-esteem. San Francisco: W.H. Freeman and

Company. 1967.

BOOTH, W. C; COLOMB, G. G.; WILLIAMS, J. M.. A arte da pesquisa. São Paulo: Martins

Fontes, 2005