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METROSUL IV – IV Congresso Latino-Americano de Metrologia“A METROLOGIA E A COMPETITIVIDADE NO MERCADO GLOBALIZADO”
09 a 12 de Novembro, 2004, Foz do Iguaçu, Paraná – BRASILRede Paranaense de Metrologia e Ensaios
AUTOMAÇÃO NOS LABORATÓRIOSDA DIRETORIA DE METROLOGIA LEGAL
Marcos Antonio Salvino da SilvaInstituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO
Diretoria de Metrologia Legal – DIMELRio de Janeiro - Brasil
Resumo: Este trabalho mostra a automação de umprocesso de calibração usando o programa LabView®,buscando a melhoria do procedimento atual decalibração do padrão de pressão Onneken.O uso do programa auxilia no aumento daprodutividade e a eficiência dos laboratórios daDIMEL, onde alguns passos do processo atual foramreduzidos ou eliminados.
Palavras chave: Calibração, Esfigmomanômetro,Metrologia Legal.
1. INTRODUÇÃOCom a da crescente demanda por serviços e ensaiosde alta qualidade e a custos reduzidos, os laboratóriosencontram-se em um ponto de transição importante:de achar soluções que possam assegurar a reduçãodos custos e a confiabilidade dos processos.
As organizações atualmente vivem este contexto eafirmam que um dos caminhos que ajudam para aredução significativa de custos e da exatidão damedição de um instrumento é a automação de seusprocessos, eliminando ou minimizando erros,desperdícios, reduzindo tempo da calibração, emissãoautomática de relatórios ou certificados e minimizandocustos em geral.
Este trabalho tem por objetivo discutir a automação doprocesso de calibração do padrão de pressãoOnneken: possíveis fontes de erros e incertezas,níveis de automação entre outros.
2. METODOLOGIA
2.1. Procedimento Atual de Calibração
O padrão de referência pode ser uma grandeza comum valor conhecido ou sistema de medição comexatidão muito melhor que a do sistema de medição acalibrar.
O procedimento atual se baseia no método indireto,cujo padrão de referência Hüber satisfaz aos
requisitos de erro máximo admissível e da incertezade medição. Na Figura 1 está representado umexemplo de calibração pelo método indireto.
Fig. 1. Exemplo de calibração pelo método indireto
O valor da pressão a ser aplicada ao sistema demedição em cada ponto de verificação é ajustado nopadrão Onneken e lido no padrão de referência Hüber.Tendo como principal vantagem é da não necessidadede se avaliar as subdivisões da escala do padrãoOnneken e, consequentemente, reduzindo oueliminando a contribuição da incerteza do operador.Na Tabela 1 encontram-se as características técnicasde ambos, padrão Onneken e de referência Hüber.
Fabricante OnnekenHüber
InstrumenteModelo OM 631.000 S PRF 3220-2405
Faixa nominal 0 a 300mmHg 0 a 400mmHg1
Valor de umadivisão
0,2mmHg 0,01mmHg
Resolução 0,03% VFE2 0,01% VFE
Tab. 1. Características dos padrões
1 Esta é uma faixa especial. A faixa nominal é de 0 a
1.250mmHg.
Segundo a referência [6], para manômetros de classe0,1, deve-se fazer a calibração em, no mínimo, 10pontos de verificação em toda escala.
Na prática [10], adotou-se 13 pontos de verificaçãopartindo do 0mmHg, com incrementos de 25mmHg.Realiza-se dois ciclos de medição, sendo cada ciclo éfeita uma seqüência de carga e, após 5 minutos, umade descarga, resultando em 52 pontos de verificação.
Com esses dados já registrados, é confeccionado umCertificado de Calibração onde são informados osseguintes parâmetros:• Histerese;• Erro sistemático máximo;• Dispersão média; e• Incerteza de medição.
No procedimento descrito anteriormente, os seguintesproblemas ou dificuldades foram observados:• O tempo gasto na calibração, utilizando apenas
um técnico pode afetar os resultados de algunsparâmetros;
• O registro inicial dos dados anotados em papel,podendo acarretar alguns erros de anotação;
• A digitação dos dados para emissão do certificadoou a dificuldade de reconhecimento da caligrafiado técnico que realizou a calibração podemacarretar erros de digitação;
• A experiência do técnico no manuseio do padrãoOnneken determina a agilidade do mesmo;
• A utilização de dois técnicos reduz o tempo decalibração, porém onera a mesma; e
• A constituição física do próprio padrão Onnekenpor não possuir saída analógica.
2.2. Procedimento Automatizado2
Este procedimento procura seguir o atual, exceto quealgumas etapas foram reduzidas ou eliminadas com ouso da tecnologia de programas, aumentando aprodutividade do laboratório. Pode-se afirmar que aautomação da calibração do padrão de pressãoOnneken é parcial, pois devido à sua constituiçãofísica ainda se faz necessária a presença do técnico.
2.2.1. Programa LabView®
O programa LabView® da National Instruments [3, 4] éuma linguagem de programação, orientada à objetosgráficos, destinada à instrumentação virtual delaboratórios, permitindo o auxílio em projetos, geraçãode relatórios nos formatos Word® e Excel®,desenvolvimento e gerenciamento de grandes ecomplexos sistemas.
A plataforma LabView® é de fácil visualização, atravésde recursos gráficos, possui diversas funçõescontidas. Além de inovadora, ela substitui o ambientetradicional concebido em linhas de código por ícones
2 VFE = Valor Final da Escala
(subrotinas), interligados por fios, onde cada correpresenta o fluxo de diversos tipos de dados (strings,escalares, vetores, matrizes etc.). Na Figura 2 éapresentada uma rotina em LabView® e uma noambiente tradicional.
Fig. 2. Comparação entre os ambientes LabView® etradicional
O painel de controle do programa apresenta umainterface for windows, sendo facilmente construídacom ferramentas gráficas pré-desenvolvidas comotabelas, gráficos, indicadores, controles, leds entreoutros. A Figura 3 mostra as interfaces de entradas dedados dos dois padrões.
Fig. 3. Interfaces de entrada de dados dos padrões Hüber eOnneken
Antes de iniciar a calibração deve-se selecionar aconfiguração do padrão Hüber por meio dos controlesexibidos no painel frontal: tempo de integração;estabilidade e tipo de transmissão. Para os demaiscontroles possuem valores definidos ou o programarealiza uma busca para se auto-adequar.
Para realizar a automação, utilizou-se a interface decomunicação RS232 full duplex com conexão DB25
A
B
ou DB9. O programa realiza uma busca automáticanas portas de comunicação COM1 e COM2,identificando em qual delas o padrão de referênciaHüber está conectado.
Neste procedimento automatizado, observam-sealgumas melhorias como a obtenção de um númeromaior de medições para um determinado ponto deverificação, o preenchimento automático da planilhaque pode ser visualizada pelo técnico, a geraçãoautomática do certificado de calibração, a exclusão dedados instáveis, a contagem de tempo com avisosonoro, o cálculo da incerteza da medição, além dosoutros parâmetros mencionados anteriormente. NaFigura 4 apresenta as interfaces da planilha e dasaída de dados.
Fig. 4. Interfaces da planilha e da saída de dados
Uma das principais estruturas elaboradas noprograma, mostrada na Figura 5, é a rotina devalidação de dados. Esta estrutura while loopacontece tanta vezes quanto forem necessárias até seobter o parâmetro de parada que é o formato da stringenviada, que representa uma leitura estável fornecidapelo padrão de referência Hüber. Esta string segue umformato onde é fornecida a grandeza lida, seguida daunidade mmHg. Se durante a aquisição dos dadoshouver qualquer instabilidade no circuito pneumático,em um ponto de verificação, a rotina despreza o dadoatual.
2.2.2. Determinação da incerteza da medição
A estimativa da incerteza da medição do padrão depressão Onneken seguiu a metodologia do Guia paraa Expressão da Incerteza de Medição [7]. A incerteza
da medição é a combinação das incertezas do tipo Acom as do tipo B, o que pode ser expresso pelarelação matemática:
22BIAI
MI += (1)
A contribuição da incerteza do tipo A é determinadapelo desvio-padrão das medições realizadas e sendoexpressa por:
MediçõesAI σ= (2)
De posse dos dados técnicos fornecidos nos manuaise certificados dos padrões Onneken [8] e Hüber [9],identificaram-se as fontes que contribuem para aincerteza do tipo B, expressa pela seguinte equação[5, 10]:
obE
obS
obT
obR
obL
obH
pI
BI ++∆++∆+∆+= (3)
onde:
Ip = incerteza do padrão Hüber;
∆Hob = histerese do padrão Onneken;
∆Lob = resolução do padrão Onneken;
Rob = reprodutibilidade do padrão Onneken;
∆Tob = temperatura sobre o padrão Onneken;
Sob = sensibilidade do padrão Onneken; e
Eob= erro do padrão Onneken.
Da Equação (3) [5], verificou-se quais as fontes acimapodem ser desprezadas sem causar alteraçãosignificativa no resultado final. Uma vez identificadas,a Equação (3) pode ser rescrita da seguinte maneira:
obE
pI
BI += (4)
O valor de 2AI é obtido do maior valor da coluna
D.Pad, na Média das Medições, apresentada naFigura 4-B, sendo calculado por:
+++= 2
22
22
12
1 2dSeqcSeqdSeqcSeqA
I σσσσ (5)
E propõe-se que a incerteza da medição, para oprocesso automatizado, da calibração do padrãoOnneken seja dada por:
222
22
21
21 BIdSeqcSeqdSeqcSeqM
I ++++= σσσσ (6)
onde:
21
21 , dSeqcSeq σσ : variância da 1ª seqüência na pressão
crescente (c) e decrescente (d); e
22
22 , dSeqcSeq σσ : variância do 2ª seqüência na pressão
crescente (c) e decrescente (d).
B
A
3. RESULTADOSA apresentação dos resultados obtidos podem servistos na Figura 4 em ambas as interfaces de saída dedados. Nelas são calculadas as médias das medições,o desvio-padrão e os demais parâmetros jámencionados.
Verificou-se também que o tempo do processo decalibração automatizado até a emissão do certificadosofreu uma redução significativa da ordem de 40 a50%. Neste caso, o fator tempo fica dependendo daexperiência do técnico no manuseio do padrãoOnneken.
Além da redução do tempo da calibração, uma dasvantagens é a diminuição de erros na emissão docertificado discutidas anteriormente ou a interferênciado técnico no mesmo.
4. CONCLUSÕESAtravés desse trabalho, pode-se afirmar que aautomação do padrão de pressão Onneken pôdemelhorar a produtividade, o tempo de realização e aqualidade dos serviços prestados pelo Laboratório dePressão da Diretoria de Metrologia Legal. O projetodeste sistema automatizado contribuiu para oaperfeiçoamento dos técnicos.
AGRADECIMENTOSA todos aqueles que de alguma forma contribuírampara a realização desse trabalho, através daorientação e compartilhamento de conhecimentos, doapoio e da motivação e amizade.
REFERÊNCIAS[1] INMETRO, Portaria INMETRO n.º 24, de 22 de
fevereiro de 1996, que a Regulamentação TécnicaMetrológica sobre Esfigmomanômetros Aneróides deMedição Não-Invasiva, Rio de Janeiro – RJ.
[2] VUOLO, José Henrique, Fundamentos da Teoria dosErros, São Paulo: Edgard Blücher, 1998.
[3] NATIONAL INSTRUMENTS, Manual do LabView® 6.1Professional Edition, 2002.
[4] NATIONAL INSTRUMENTS, Manual do ReportGeneration for LabView® , 2002.
[5] CHAGAS DA SILVA, Mônica; SALVINO DA SILVA,Marcos A., Análise da Contribuição de Cada Fonte deIncerteza na Calibração do Padrão de TrabalhoOnneken, METROSUL – Curitiba – PR; 2002.
[6] FLESCH, Carlos Alberto; Apostila de Metrologia eEletrônica Básica para Experimentação; Ed.Universidade Federal de Santa Catarina, Julho 1998.
[7] BIPM, International Bureau of Weights and Measures;IEC, International Eletromechanical Commission;IFCC, International Federation of Clinical Chemistry;ISO, International Organization for Standardization;IUPAC, International Union of Pure and AppliedChemistry; IUPAP, International Union of Pure andApplied Physics; OIML, Organização Internacional deMetrologia Legal; Guia para a Expressão da Incertezade Medição; 2ª. Ed. [Rio de Janeiro], Agosto-1998.
[8] ONNEKEN; Operating Instructions Onneken-CalibratorType OM 631.000 S.
[9] HÜBER INSTRUMENTE, Operating InstructionsPressure-Transfer-Standards Types PRF/PHF3000/6000; 1994.
[10] AZEREDO, Ronaldo Nunes de; SALVINO DA SILVA,Marcos A., Determinação da Incerteza de Medição naCalibração do Padrão de Pressão Onneken,ENQUALAB – São Paulo – SP; 2003
Autor:
Engenheiro Mecatrônico, MSc
Marcos Antonio Salvino da Silva
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e QualidadeIndustrial – INMETRO
Diretoria de Metrologia Legal – DIMEL
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