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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Carvalho et al. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 5(gt5):1-11 Automatizando as impressoras de clichê do Instituto Benjamin Constant GT5 - novas dimensões da história da informática no brasil: ressignificando saberes e tecnologias Marcos Fialho de Carvalho Marcia Cristina de Andrade Soeiro José Antonio dos Santos Borges Eduardo Nazareth Paiva Diogo Fujio Takano RESUMO: Neste trabalho seguiremos a concepção, adoção e abandono de um mecanismo de robotização de um equipamento alemão para impressão Braille no Instituto Benjamin Constant (IBC), que permitiu aumentar a velocidade e qualidade de impressão com baixo investimento e usando tecnologia nacional. O artigo descreve os motivos que conduziram a ideia de automatização, feita dentro de parâmetros de desenvolvimento de baixa tecnologia, com custo baixo de desenvolvimento e implementação, mínima interferência com a complexa lógica eletromecânica do equipamento e compatibilidade com a cultura local e expertise existente em impressão Braille no IBC. O produto gerado atendeu a todos os requisitos, tendo permitido que o investimento necessário para substituição por um modelo industrial mais moderno pudesse ser adiado por quatro anos. Após este tempo ocorreu a aquisição de novo equipamento importado, desta vez americano, interrompendo o uso do mecanismo aqui descrito, que gerou valiosos conhecimentos sobre a tecnologia computadorizada de Impressão Braille. Palavras-chave: Teoria Ator-Rede, impressão Braille, Braille, informática, estereotipia, Puma.

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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Carvalho et al. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 5(gt5):1-11

Automatizando as impressoras de clichê doInstituto Benjamin Constant

GT5 - novas dimensões da história da informática no brasil:ressignificando saberes e tecnologias

Marcos Fialho de CarvalhoMarcia Cristina de Andrade Soeiro

José Antonio dos Santos BorgesEduardo Nazareth Paiva

Diogo Fujio Takano

RESUMO: Neste trabalho seguiremos a concepção, adoção e abandono de um mecanismo derobotização de um equipamento alemão para impressão Braille no Instituto Benjamin Constant (IBC),que permitiu aumentar a velocidade e qualidade de impressão com baixo investimento e usandotecnologia nacional. O artigo descreve os motivos que conduziram a ideia de automatização, feitadentro de parâmetros de desenvolvimento de baixa tecnologia, com custo baixo de desenvolvimentoe implementação, mínima interferência com a complexa lógica eletromecânica do equipamento ecompatibilidade com a cultura local e expertise existente em impressão Braille no IBC. O produtogerado atendeu a todos os requisitos, tendo permitido que o investimento necessário parasubstituição por um modelo industrial mais moderno pudesse ser adiado por quatro anos. Após estetempo ocorreu a aquisição de novo equipamento importado, desta vez americano, interrompendo ouso do mecanismo aqui descrito, que gerou valiosos conhecimentos sobre a tecnologiacomputadorizada de Impressão Braille.

Palavras-chave: Teoria Ator-Rede, impressão Braille, Braille, informática, estereotipia, Puma.

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Um ponto do alfabeto Braille fez mais pelos cegos do quemilhares de filantropos. A possibilidade de ler e escrever resulta mais

importante que o “sexto sentido” e a sutileza do tato e do ouvido(VIGOTSKI1, 1997, p. 102).

IBC – uma história bicentenária de impressão Braille

O Instituto Benjamin Constant é hoje uma das principais instituições para apoio de pessoas com deficiência visual no Brasil, envolvendo, entre suas ações, a impressão de textos em Braille para uso no Brasil e no exterior. No Sec. XIX o que conhecemos hoje como Divisão de Imprensa Braille começou como uma oficina de tipografia e encadernação, a primeira no Brasil a trabalhar com a tecnologia para impressão em pontos salientes, usando tipos Braille importados da França, além de outros 500 tipos metálicos doados.(CERQUEIRA, J.C.; PINHEIRO, C.R.G.; e, FERREIRA, E.M.B, 2009).

Já em 1863, publicava-se nesta Oficina o primeiro livro em alto-relevo2 no Brasil, a "História Cronológica do Imperial Instituto dos Meninos Cegos", escrito por Cláudio Luiz da Costa, e abrangendo os fatos das duas primeiras administrações (FERREIRA, LEMOS, 1985). Até a década de 1930, a produção Braille no Instituto se baseou na cópia manual de textos em regletes3. No início do século XX foi introduzidaa impressão tipográfica com a utilização das máquinas de escrever Braille importadas que, com seis teclas e um espacejador, permitiam maior velocidade de escrita (CERQUEIRA, J.C.; PINHEIRO, C.R.G.; e, FERREIRA, E.M.B, 2009).

Neste trabalho seguiremos a concepção, adoção e abandono de um mecanismo de robotização paraimpressão Braille no Instituto Benjamin Constant (IBC), que permitiu que um equipamento antigo fosse alterado, visando atender as premissas de velocidade e qualidade de impressão com baixo investimento e usando tecnologia nacional.

Antes das Pumas

Figura 1: Máquinas de estereotipia Braille do início do séc.XX (Fonte: Acervo IBC).

1 VIGOTSKI, L. S. Fundamentos de defectología. Obras Escogidas. Tomo IV.Madri: Visor, 1997.2 A impressão em relevo é feita a partir de matriz em que a arte é gravada, chamada clichê, o qual é pressionado

contra o papel, produzindo relevo.3 8 Dispositivo manual muito simples para produção de textos em Braille.

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Em 1945 foi criada a Imprensa Braille do Instituto Benjamin Constant que contava com sete máquinas de estereotipia, além de prensas e materiais para encadernação que garantiam a qualidadedo livro produzido, sob o olhar diligente de profissionais capacitados. Foi somente em 1949 que finalmente foi criada a Divisão de Imprensa Braille do Instituto, pois por força da portaria 504, do Ministro de Estado da Educação e Saúde, o Instituto recebeu a incumbência da distribuição gratuita de livros em Braille para todo o país (CERQUEIRA, J.C.; PINHEIRO, C.R.G.; e, FERREIRA, E.M.B, 2009).

Figura 2: Cada escaninho contém um conjunto de clichês de uma obra (Fonte: Acervo dos Autores).

Novas redes se formam: as Pumas invadem a (Im)prensa Braille

Para este processo o IBC contava com as máquinas de estereotipia (4 francesas e 3 inglesas), que após 40 anos de uso, foram desativadas e substituídas, em 1983, momento em que se abre a nossa janela do tempo, por três máquinas de estereotipia adquiridas de uma fábrica alemã Blista Brailletec gGmbH da cidade de Marburg: as Pumas, cujo modelo foi projetado para permitir seu acoplamento ao computador por meio de dispositivos adicionais.

Figura 3: Máquina de estereotipia da fábrica Blista Brailletec gGmbH (Fonte: Acervo IBC).

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Porém, por questões econômicas, facilidade de utilização e manutenção e, ainda, pela muito incipiente utilização de computadores no país, o módulo que permitia a ligação ao computador não foi adquirido. Com isso, a eletromecânica embutida na Puma previa o seu uso de forma manual. Mas,mesmo assim, a chegada destas máquinas foi celebrada por todos na instituição.

A Puma fazia a marcação em chapas metálicas de uma célula braile por vez. O operador pressionava um teclado assemelhado ao teclado da máquina Perkins, posicionando a cabeça de gravação que recebia uma pancada, marcando a chapa metálica.

“Como as gringas alemãs são lindas!“

As novas máquinas logo ganharam a admiração de todos, pois permitiam que o trabalho fosse feito com melhor qualidade e em menor tempo. Segundo depoimentos informais, soubemos que junto com as máquinas chegaram também os manuais de utilização e manutenção, bem como um engenheiro técnico da empresa alemã, para instalar as máquinas e dar um primeiro treinamento aos funcionários do Instituto Benjamin Constant. Mais do que instalar as máquinas e dar o treinamento, esta pessoa, cujo nome se perdeu, foi também responsável por estabelecer um esquema de produção em escala, similar ao utilizado na Alemanha e que serviu de modelo (ensinado por tradição oral) as muitas pessoas que vieram a trabalhar ali.

Figura 4: Clichês (Fonte: Acervo dos autores).

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Figura 5: Impressão a partir do clichê (Fonte: Acervo dos autores).

Com o uso contínuo das máquinas, as pessoas no IBC foram criando a sua própria forma de resolver econtornar os problemas que iam aparecendo. O que no início poderíamos dizer que foi uma transferência de tecnologia acabou por se tornar uma modificação para atender as necessidades criadas dentro do próprio IBC.

“Que barulho é esse que essas geringonças fazem?!”, ”... eihh já quebrou de novo!” “Precisamos de algo mais moderno”, “mas, cadê o dinheiro?”

O tempo passa, e a reposição de peças é um problema cada vez mais frequente, as máquinas estão cada vez mais barulhentas e a qualidade do trabalho começa a decair. Problemas como tendinite, audição prejudicada pelo grande barulho, exigência de trabalhar com um número pequeno de horas devido à vibração do equipamento que fazia o operador vibrar junto, foram se tornando comuns.

Nesta época, a Brailletec já havia lançado no mercado diversos outros modelos da Puma. Estas máquinas mantinham o modelo mecânico de impressão, mas traziam a possibilidade de ser ligadas a computadores, com a automação elevando a qualidade do trabalho, diminuindo o estresse do operador, e permitindo que o texto fosse editorado e corrigido a priori usando um editor de textos, com a diminuição do número de erros. Estas máquinas, entretanto eram máquinas caras e o Institutoteve grande dificuldade de conseguir recursos para importar estes modelos mais recentes.

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“Quem são esses caras?”, ”O que eles querem?”, “São da universidade”, “Eles estão bisbilhotando tudo!”

Em 1994 o professor Antonio Borges responsável pela criação do Sistema Dosvox4, inicia uma parceriacom o IBC e com seu diretor, o professor Jonir Bechara, tornando-se consultor para o uso de tecnologia assistiva e impressão Braille no instituto (BORGES, CHAGAS JUNIOR, 1997). No ano de 1997, ao ser levado para conhecer a Imprensa Braille, Antonio começa a perceber os problemas ao observar as pessoas em seu ambiente de trabalho. Por exemplo, elas necessitavam recorrer a tabelas de conversão dos caracteres acentuados da língua portuguesa, enquanto digitavam os textos que seriam impressos em Braille, pois o software das impressoras não estava preparado para estes caracteres e naquele momento não interessava ao fabricante desenvolver uma versão compatível.

Antonio observa, também, o processo de confecção dos clichês para impressão de grandes tiragens que era todo feito de forma manual. O operador digitava cela por cela, a máquina era mecânica e, após o operador liberar as teclas, o motor movia um mecanismo que dava uma forte pancada na cabeça de impressão fazendo com que esta deixasse marcada uma folha de metal com a cela Braille. Depois o mecanismo voltava à posição de descanso enquanto aguardava que um novo conjunto de pontos formasse uma nova cela para então repetir o processo.

“Isso a gente pode melhorar.”, “Olha lá, vocês sabem o que estão fazendo? Isso é tecnologia Alemã!”

Em 1997 o IBC era dirigido pelo professor Carmelino Souza Vieira, Antonio Borges que já havia conversado com seu amigo, o engenheiro eletrônico Diogo Fugio Takano, e o levado para conhecer a Puma, convence o professor Carmelino apresentando um projeto para robotizar aquela máquina, de forma que os textos passassem a ser digitados em um computador e impressos em clichê sem qualquer intervenção humana. Assim, intencionava deslocar a imprensa Braille em direção a novos paradigmas de interação humano-computador.

Para empreender tal projeto, foram criadas alianças, entre técnicos e administradores do IBC edo NCE, incluindo-se aí os conhecimentos do Engenheiro Diogo Takano, profissional de grande expertise em projetos de hardware e software à época da Reserva de Mercado de Informática. Reunir e conciliar peças, ferramentas e softwares, sincronizados com a temporização delicada das Puma não era tarefa para iniciantes e pouco ousados.

“Vamos usar o já apreendido?”

Takano tinha uma experiência muito grande com a microeletrônica adquirida em diversos projetos que trabalhou durante a reserva de mercado de informática e após (CARDOSO, [1999?]). Uma decisão de projeto foi permitir que a Puma pudesse continuar sendo usada de forma manual. Como decisão de projeto, Antonio e Takano, observando a grande complexidade da eletrônica e a quantidade significativa de componentes da Puma, resolvem que a solução deveria ser a que menos

4 Um sistema de auxílio para a pessoa com deficiência visual utilizar um microcomputador.

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interferisse com o seu funcionamento eletrônico. Assim, de forma simplificada, foi criado uma eletrônica que se ligaria ao computador pela saída de impressora e, do lado da Puma, simularia um acionamento do teclado. Seria como se houvesse um digitador fantasma. Antonio, especialista em informática, ficou responsável pelo programa de controle e Takano, engenheiro eletrônico, pela confecção dos elementos eletrônicos e acionadores. Após alguns meses, os dois conseguem automatizar a impressão dos clichês. O texto agora poderia ser digitado e revisado em um computador, e depois enviado para a Puma.

Com esta solução a quantidade de retrabalho diminuiu e a qualidade aumentou.

“Caramba, isso é muito legal!”, “É, mas é lento, né?”,

“Isso não foi feito para usar assim...”, “Ela não vai aguentar o tranco”

Algumas pessoas, no entanto, não gostaram muito da solução implementada, achando-a lenta, pois ela, a solução, precisou ser conciliada com a mecânica da Puma, preparada para trabalhar não como robô, mas com a digitação feita por um ser humano, com velocidade baixa. Com isso, tempos de atraso tiveram que ser incluídos de forma a garantir que a mecânica da Puma não engripasse e mecânica estivesse pronta para fazer as marcações de uma nova cela Braille quando esta fosse enviada para a cabeça de impressão. As pessoas que reclamavam dessa demora diziam que com o tempo de uso da máquina elas adquiriam uma percepção que contribuía para acelerar este processo.

Como toda máquina mecânica, a Puma emitia ruídos próprios. Com o tempo, passou-se a utilizá-los como uma forma de aviso de que ela estava pronta para receber a próxima cela Braille. Máquina e pessoa se tornavam um só, trabalhando em sintonia e de forma fluída. Como num ciborgue a expectativa da máquina era intuída e o operador se adiantava para lhe prover suas necessidades.

A automação permitia o uso massivo da máquina, um uso para o qual elas não foram projetadas, e perde o ciborgue. A máquina se transforma em um autômato em moto contínuo sem sinais, sem feedback, sem intuição. Para o ciborgue máquina/pessoa, uma coisa lenta, chata. E os problemas começaram a aparecer...

“Vocês estão precisando de alguém para cuidar dessas coisas”

Logo, Maurício, que prestava serviços para o IBC, começou a dar manutenção as Pumas, tornando-se então o responsável pelas máquinas e o elo entre estas e o professor Antonio. Sendo ele um dos defensores da automação das máquinas Puma. Seu envolvimento foi tanto que foi nomeado responsável pela geração dos clichês, que consistia em receber os arquivos em disquete, e entregar os clichês prontos para a impressão.

Nesta época, uma de suas máquinas Puma já se encontrava parada por falta de peças de reposição. As duas máquinas restantes, apesar se serem do mesmo modelo, tinham características distintas e, com isso, precisavam ser calibradas com diferentes tempos de espera, mostrando como uma

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máquina pode ser simultaneamente coerente e incoerente, singular e múltipla, um estado, apontado por Law como, mais que um e menos que muitos (LAW, 2002).

Para minimizar o problema, Antonio resolve criar um arquivo de configuração com diversos tempos de espera, como tempo de acionamento das teclas, para que o motor começasse a se movimentar, para aguardar o posicionamento do martelo, para que o mecanismo retornasse a posição de descanso etc. Maurício foi quem ficou com a responsabilidade de alterar este arquivo quando julgasse necessário.

Com o projeto concluído, a aliança se estabiliza provisionalmente por 4 anos.

“Está ficando difícil...”, “Não consigo mais peça de reposição”, “Isso deveria estar no museu!”

Com a dificuldade de importação, a reposição das peças que apresentassem problemas, ficou cada vez mais difícil. Como só duas máquinas funcionavam, a terceira passou a ser disponibilizada como sucata, servindo como repositora de peças para as outras.

Figura 6: Puma no Museu do Instituto Benjamin Constant (Fonte: Acervo dos autores).

“Precisamos de máquinas novas”

Em 2001, essa janela de tempo começa a se fechar quando o IBC granjeia outra solução: duasimpressoras PED-30 da empresa norte-americana Enabling Technologies. Com isso, a rede se desestabiliza e a caixa preta se abre, “explode”. Em poucas semanas, o que era fato virou fardo, ou melhor, pó. Todavia, como em um paradoxo, não era um pó qualquer, mas algo cheio de historicidade

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que influenciou outras materialidades já esperadas, mas desigualmente (in)desejadas pelos actantes desta narrativa. Novas estrelas produzindo novas hegemonias.

Figura 7: Máquina de estereotipia Braille PED-30 (Fonte: Acervo do IBC).

“Que coisas lindas!”, “Quem é aquele gringo?”

As novas máquinas eram totalmente automatizadas e, sendo assim, para que fossem utilizadas em todo o seu potencial, o pessoal do IBC envolvido em sua operacionalização tiveram que passar por um treinamento.

Todo o processo de produção de texto e de geração de originais, criado para a Puma, foi aproveitado para a PED-30. O controle da impressão sendo substituído pelos próprios programas da impressora, que funcionava como uma impressora matricial. Saíram os “simuladores de dedo” e entraram os drivers de impressão das novas máquinas.

Hoje, além das máquinas PED-30 que fazem a marcação linha a linha, o IBC conta com máquinas Puma VII, que fazem a marcação na folha de metal, cela por cela, com duas opções de cabeça, uma das quais permite a confecção de gráficos e desenhos, tornando o processo muito mais rápido, porém permitindo apenas a impressão de texto. Assim, o IBC passou direto da primeira versão da máquina para a sétima, isso dá uma ideia do período de tempo que as máquinas ficaram em uso e das dificuldades enfrentadas pela administração do IBC para manter em funcionamento a Imprensa Braille.

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Figura 8: Puma VII com um clichê com uma figura (Fonte: Acervo dos autores).

Agradecimentos

Agradecemos à professora Elise de Melo Borba Ferreira do IBC, pela entrevista concedida e aos autores que, recorrendo às suas memórias, contribuíram para a escrita deste artigo. Ao Jefferson Gomes de Moura e Thiago Ribeiro Duarte, da Divisão de Imprensa Braille, do IBC, que nos receberam e nos mostraram o Instituto agenciando o nosso encontro com as pessoas que poderiam falar sobre oprocesso. Ao amigo e analista Julio Tadeu Carvalho de Oliveira por nos propiciar os contatos no IBC. À profa. Angélica Dias pela revisão deste artigo.

Bibliografia:

BORGES, J.A.S.; CHAGAS JÚNIOR, G.J.F. Impressão Braille no Brasil: o papel do Braivox, Braille Fácil e Pintor Braille. 1997. Disponível em: intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/simposiobraille.doc. Acesso em: 18 set. 2017.

CARDOSO, M.O. O Midi Adapter Kit. 1999. Trabalho de Final de Curso: Fatos e Artefatos Como Construções Sociotécnicas. COPPE. [1999?].

CERQUEIRA, J.C.; PINHEIRO, C.R.G.; FERREIRA, E.M.B. O Instituto Benjamin Constant e o Sistema Braille. 2009. Disponível em: www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwivjrDGz6rWAhUCkpAKHfdoAVQQFggyMAI&url=https%3A%2F%2Frepositorio.unesp.br%2Fbitstream%2Fhandle%2F11449%2F141964%2Fcortim_rmb_me_ia.pdf%3Fsequence%3D3&usg=AFQjCNGTDzLZkU5cr_JoJOne29g8UiPPsA. Acesso em: 16 set. 2017

FERREIRA, P.F.; LEMOS, F.M. Instituto Benjamin Constant uma história centenária. Revista Benjamin Constant. Rio de Janeiro, n. 1, p. 1-8, 1985. Disponível em:

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www.ibc.gov.br/images/conteudo/revistas/benjamin_constant/1995/edicao-01-setembro/Nossos_Meios_RBC_RevSet1995_Artigo1.doc. Acesso em: 16 set. 2017.

LAW, J. Aircraft Stories: decentering the object in technoscience. Duke University Press, 2002.

IBC. Divisão da Imprensa Braille (DIB). 2016. Disponível em:www.ibc.gov.br/departamentos/102-divisao-da-imprensa-braille-dib. Acesso em: 16 set. 2017.

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