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ma estrada ligando o litoral do Rio de Janeiro ao interior de Minas Gerais levou à descoberta de uma das maiores reservas de ouro do mundo. A notí- cia sobre a riqueza encontrada se espalhou e, ainda no século 18, o ouro arrancado das minas descia as montanhas em lombos de burros em direção ao litoral. O caminho aberto por escravos, bandeiran- tes e portugueses em busca de pedras e ouro ganhou o nome de Estrada Real. Três séculos se passa- ram e, ao longo do antigo caminho, cidades históricas e pequenos povoados mostram uma nova riqueza que o mundo está descobrindo em um dos mais variados roteiros turísticos do Brasil, que pode incluir desde as tradicionais visitas às igrejas até um rali de regularidade para curtir as mais fan- tásticas paisagens a bordo de um veículo 4x4. A VENTURA 00 outubro de 2009 U 00 outubro de 2009 Pelas montanhas das Geraes Os caminhos de um rali pela Estrada Real revelam preciosidades da natureza e da história de cidades mineiras Texto MARCELLO OLIVEIRA Fotos ZÉ GABRIEL Aqui, carro da prova do Hilux Expedition, em Congonhas. Cidades históricas mineiras estão na rota do rali. À direita, vista de Mariana e da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas.

Automobilismo

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ma estrada ligando o litoral do Rio de Janeiro ao

interior de Minas Gerais levou à descoberta de uma das maiores reservas de ouro do mundo. A notí-

cia sobre a riqueza encontrada se espalhou e, ainda no século 18, o ouro arrancado das minas descia

as montanhas em lombos de burros em direção ao litoral. O caminho aberto por escravos, bandeiran-

tes e portugueses em busca de pedras e ouro ga nhou o nome de Estrada Real. Três séculos se passa-

ram e, ao longo do antigo caminho, cidades históricas e pequenos povoados mostram uma nova

riqueza que o mundo está descobrindo em um dos mais variados roteiros turísticos do Bra sil, que

pode incluir desde as tradicionais visitas às igrejas até um rali de regularidade para curtir as mais fan-

tásticas paisagens a bordo de um veículo 4x4.

AVENTURA

00 outubro de 2009

U

00outubro de 2009

Pelas montanhas das GeraesOs caminhos de um rali pela Estrada Real revelam preciosidades

da natureza e da história de cidades mineiras

Texto MARCELLO OLIVEIRA Fotos ZÉ GABRIEL

Aqui, carro da prova

do Hilux Expedition,

em Congonhas. Cidades

históricas mineiras estão

na rota do rali. À direita,

vista de Mariana e da

Basílica do Senhor Bom

Jesus de Matosinhos,

em Congonhas.

Foi exatamente essa variedade que um grupo de capixabas foi buscar

em um final de semana em Minas, onde os participantes competiram no

Hilux Expedition, um rali de regularidade que explorou parte da Estrada

Real. A viagem, realizada no último mês de setembro pelas concessionárias

Toyota do Espírito Santo, passou por algumas cidades que fazem parte da

história do ciclo do ouro no Brasil.

Maria-fumaça histórica

Para começar, um passeio na maior maria-fumaça em atividade na

América Latina, com seis vagões. A viagem de Ouro Preto ao centro de Ma ri ana

tem duração de pouco mais de uma hora sobre 18 quilômetros de trilhos. Pelo

caminho, o trem passa por túneis e o passageiro observa cânions, montanhas,

rios e cachoeiras. Da janela, é possível avistar a Mina da Pas sagem, que foi

explorada pelos ingleses e teve 35 toneladas de ouro retiradas entre os anos de

1911 e 1980. Até o destino final, a locomotiva desce 350 metros por montanhas,

cortando o cerrado e entrando na densa Mata Atlân tica com a rica fauna ao

alcance dos olhos já na entrada de Mariana. Nas duas estações, o turista encon-

tra painéis interativos com histórias e personagens da estrada de ferro.

Uma das atrações de Mariana é a Praça Minas Gerais, onde se concen-

tram os principais monumentos da cidade. Em torno dela estão as igrejas

de São Francisco e de Nossa Senhora do Carmo, e a antiga cadeia da cidade,

que desde 1974 funciona apenas como a Câmara Municipal. A construção,

de 1782, mantém as características da época, como as paredes internas do

segundo pavimento, feita de adobe (barro, esterco e pedra secados ao sol).

Impossível se cansar no sobe e desce das ladeiras históricas de Ouro

Preto. Em cada esquina, uma surpresa, como o Museu Aleijadinho, na sacristia

da Matriz Nossa Senhora da Conceição. O mais interessante do lu gar são as fer-

ramentas utilizadas pelo mestre do barroco para a confecção das obras.

AVENTURA

00 outubro de 2009

Acima, trechos do Hilux

Expedition na região de

Ouro Preto e do Parque

Estadual do Itacolomi

00outubro de 2009

Acima, passeio de maria-fumaça que liga

Ouro Preto a Mariana. À esquerda, Igreja São

Francisco, uma das mais antigas de Mariana.

Abaixo, escultura de Aleijadinho, em Congonhas

A construção da Matriz, que abriga o museu, iniciou-se em 1727 e foi

concluída 30 anos depois. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, está

sepultado junto a um dos altares da matriz.

Outra imponente obra de Aleijadinho é a igreja São Francisco, a mais

famosa de Ouro Preto. Projetada em 1766, é uma das mais belas do barroco

mineiro. Do outro lado do centro histórico, um casarão do século XVIII abri-

ga o restaurante Casa dos Contos, especializado em culinária mineira. Até

aí, na da fora do normal, mas os visitantes se acomodam na antiga senzala

da construção, que mantém as principais características, como paredes de

pedras e grades de ferro de grande espessura. A beleza arquitetônica, a tra-

dicional comida mineira servida em panelas de pedra e os deliciosos doces

caseiros, servidos em tachos de cobre e acompanhados do famoso queijo

minas, deixam o local extremamente aconchegante.

Cartão-postal mineiro

Entre as opções de turismo na Estrada Real está a cidade de Con -

gonhas, que fica distante 60 quilômetros de Ouro Preto, passando por Ouro

Branco. É lá que se encontra uma das mais famosas imagens de Minas, a

Basílica de Bom Senhor de Matosinhos. No alto da cidade, o complexo é

composto pela Basílica e seis capelas que abrigam sete cenas dos passos da

Paixão de Cristo. O conjunto é composto por 64 imagens de cedro esculpi-

das em tamanho natural entre os anos de 1796 e 1799 por Aleijadinho e

policromado pelos mestres Athayde e Francisco Xavier Carneiro.

A construção da Basílica começou em 1757 e só foi concluída em 1790.

O toque especial fica por conta dos 12 profetas bíblicos, esculpidos por

Aleijadinho em pedra-sabão entre 1800 e 1805. Turistas de várias partes

visitam todos os dias o ponto turístico mais famoso de Congonhas e se

encantam com a beleza dessa arte genuína.

AVENTURA

00 outubro de 2009 00outubro de 2009

De cima para baixo,

Igreja Nossa Senhora da

Conceição, em Ouro Preto;

Basílica de Bom Senhor de

Matosinhos, em Congonhas;

e casario em Lavras Novas

Serviço:O Hilux Expedition é um projeto da Toyota, realizado por concessionárias da montadora no Espírito Santo e em estados vizinhos.

O evento acontece duas vezes por ano. Informações e inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected].

Depois de visitar as atrações das cidades histó -

ricas, os competidores do Hilux Expedition se con-

centram nas planilhas de navegação, zeram cronô-

metros e hodômetros e partem com seus 4x4 pelas

trilhas da região de Ouro Preto. Em um rali de regula-

ridade, ven ce quem completa o trajeto no tempo

mais próximo do estipulado pela organização, sendo

necessário respeitar o itinerário programado e as

mé dias de velocidade estabelecidas.

A largada foi na Estalagem Minas Gerais, na en -

trada de Ouro Preto. As 32 equipes – a maioria forma-

da por famílias inteiras – passaram por belas paisa-

gens, como o Parque Estadual do Itacolomi. A re ser va

abriga campos rupestres, florestas de candeias e pos-

sui grandes áreas remanescentes da Mata Atlân tica.

Duas horas após a largada, os aventureiros

come çavam a chegar a Lavras Novas, distrito de

Ouro Preto. O lugar também foi escolhido para o

final do passeio ecológico, que aconteceu em para-

lelo ao rali. Lavras Novas tem ruas tranquilas, uma

população acolhedora, uma atraente história e um

visual encantador nos becos, montanhas e vales

que compõem o cenário desse vilarejo que todos

admiram e pelo qual se apaixonam. Já era noite

quando todos conheceram os vencedores do rali.

Em meio à festa, a diversão foi ressaltada, com a

satisfação de todos terem conhecido uma das mais

belas regiões do Brasil.

Rali de regularidade explorabelezas naturais