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ISSN 1518-0948 IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO Nº 9912152106 ECT/DR/DF ABEn - Assoc. Bras. de Enf. ACF CONIC - STO: 10900586 . Mãos que fizeram o 14º SENPE – Detalhe de foto da página 11 desta edição Autonomia profissional na enfermagem é construída por conquistas técnico-científicas, legais, e pelo desenvolvimento de uma prática cidadã Dedicaremos, nesta edição, um espaço para refletir sobre o tema da autonomia, atual e debatido por diversificados atores que almejam conquistá-la, seja a au- tonomia universitária, profissional, entre outras. A enfermagem brasileira tam- bém tem trabalhado nos campos da assistência, da produção do conhecimento, da formação em enfermagem/educação permanente em saúde e da gestão pa- ra construir autonomia profissional no contexto da produção e da gestão de serviços de saúde. Autonomia é um conceito complexo, analisado no contexto das relações de poder em cada momento histórico. É um processo dinâmico e passível de mudan- ças que não são lineares. Pois precisam ser contextualizadas no âmbito de relações sociais articuladas ao processo de produção econômica, do conhecimento, da informação/comunicação e do poder constituído no jogo sócio-político no país entre os dois macro-projetos de desenvolvimento para o país: o da eficiência econômica (livre iniciativa e competitividade centrado no direito individual e na lógica do crescimento econômico) e o do desenvolvimento econômico-social sustentável (centrado no direito coletivo e na lógica da redução das desigualdades sociais, com distribuição de rendas e respeito ao meio ambiente). Autonomia é tecida de forma ascendente no contexto das complexas relaçõ- es entre indivíduos, estruturas (instituições) e coletivos. No individual envolve capacidades inatas, habilidades, atitudes, desejos, autoconfiança, motivação, tomada de decisão, escolhas e avaliação. No coletivo envolve necessariamente mudanças nas atuais relações de poder: o compartilhamento do poder entre os atores da sociedade civil, mercado e Estado em substituição à cultura da centralização do poder de elites tradicionais originárias do mercado, da classe política e da burocracia do Estado. As profissões e suas especialidades são bens de interesse público, portanto, a agenda política de regulação das profissões de qualquer área está sempre aberta e submetida às demandas sociais que se modificam e dialogam com os interesses internos das categorias profissionais. No momento atual, não há mais espaço para processos corporativos de auto-regulação vertical, de fora do trabalho coletivo e da interlocução com as necessidades da população. A constituição da autonomia profissional será sempre relativa e passa pela subjetividade dos indivíduos, pelo desenvolvimento da tecno-ciência e pelo arca- bouço jurídico institucional vigente no País, que conforma as fronteiras entre os campos de cada disciplina e o debate da especificidade/natureza, perfil e compe- tências de cada profissão e os limites de atuação destas e de suas especialidades na atenção integral a saúde. Autonomia profissional da enfermagem é construída por conquistas técnico- científicas, legais, e, primordialmente, pelo desenvolvimento de uma prática cidadã. Não existe autonomia absoluta, ela é uma construção social de cada área de atuação profissional (enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem) no contexto das relações vigentes na grande área (saúde) e na sociedade. Portanto, caros profissionais de enfermagem, autonomia não é uma questão individual, mas sim técnico-científica, social e política. Resta-nos escutar Foucault e dizer em alto e bom som: “Não me pergunte quem eu sou e não espere que eu continue o mesmo. Deixe para os burocratas a tarefa de verificar se os nossos papéis estão em ordem”. Francisca Valda da Silva Presidenta da ABEn Nacional

Autonomia profissional na enfermagem é construída por conquistas

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Page 1: Autonomia profissional na enfermagem é construída por conquistas

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N 1

518-

0948

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO Nº 9912152106

ECT/DR/DFABEn - Assoc. Bras. de Enf.

ACF CONIC - STO:10900586

.

Mãos que fizeram o14º SENPE – Detalhe defoto da página 11 desta edição

Autonomia profissional na enfermagem é construída por conquistastécnico-científicas, legais, e pelo desenvolvimento de uma prática cidadãDedicaremos, nesta edição, um espaço para refletir sobre o tema da autonomia,atual e debatido por diversificados atores que almejam conquistá-la, seja a au-tonomia universitária, profissional, entre outras. A enfermagem brasileira tam-bém tem trabalhado nos campos da assistência, da produção do conhecimento,da formação em enfermagem/educação permanente em saúde e da gestão pa-ra construir autonomia profissional no contexto da produção e da gestão deserviços de saúde.

Autonomia é um conceito complexo, analisado no contexto das relações depoder em cada momento histórico. É um processo dinâmico e passível de mudan-ças que não são lineares. Pois precisam ser contextualizadas no âmbito de relaçõessociais articuladas ao processo de produção econômica, do conhecimento, dainformação/comunicação e do poder constituído no jogo sócio-político no paísentre os dois macro-projetos de desenvolvimento para o país: o da eficiênciaeconômica (livre iniciativa e competitividade centrado no direito individual e nalógica do crescimento econômico) e o do desenvolvimento econômico-socialsustentável (centrado no direito coletivo e na lógica da redução das desigualdadessociais, com distribuição de rendas e respeito ao meio ambiente).

Autonomia é tecida de forma ascendente no contexto das complexas relaçõ-es entre indivíduos, estruturas (instituições) e coletivos. No individual envolvecapacidades inatas, habilidades, atitudes, desejos, autoconfiança, motivação,tomada de decisão, escolhas e avaliação. No coletivo envolve necessariamentemudanças nas atuais relações de poder: o compartilhamento do poder entreos atores da sociedade civil, mercado e Estado em substituição à cultura dacentralização do poder de elites tradicionais originárias do mercado, da classepolítica e da burocracia do Estado.

As profissões e suas especialidades são bens de interesse público, portanto,a agenda política de regulação das profissões de qualquer área está sempre abertae submetida às demandas sociais que se modificam e dialogam com os interessesinternos das categorias profissionais. No momento atual, não há mais espaço paraprocessos corporativos de auto-regulação vertical, de fora do trabalho coletivoe da interlocução com as necessidades da população.

A constituição da autonomia profissional será sempre relativa e passa pelasubjetividade dos indivíduos, pelo desenvolvimento da tecno-ciência e pelo arca-bouço jurídico institucional vigente no País, que conforma as fronteiras entre oscampos de cada disciplina e o debate da especificidade/natureza, perfil e compe-tências de cada profissão e os limites de atuação destas e de suas especialidades naatenção integral a saúde.

Autonomia profissional da enfermagem é construída por conquistas técnico-científicas, legais, e, primordialmente, pelo desenvolvimento de uma práticacidadã. Não existe autonomia absoluta, ela é uma construção social de cada áreade atuação profissional (enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem) nocontexto das relações vigentes na grande área (saúde) e na sociedade. Portanto,caros profissionais de enfermagem, autonomia não é uma questão individual,mas sim técnico-científica, social e política. Resta-nos escutar Foucault e dizerem alto e bom som: “Não me pergunte quem eu sou e não espere que eucontinue o mesmo. Deixe para os burocratas a tarefa de verificar se os nossospapéis estão em ordem”.

Francisca Valda da SilvaPresidenta da ABEn Nacional

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E X P E D I E N T EDiretoria da ABEnPresidenta: Francisca Valda da SilvaVice-presidenta: Ivete Santos BarretoSecretária Geral: Tereza Garcia BragaPrimeira Secretária: Ana Lígia Cumming e SilvaPrimeira Tesoureira: Fidélia Vasconcelos de LimaSegunda Tesoureira: Jussara Gue MartiniDiretor de Assuntos Profissionais: FranciscoRosemiro Guimarães Ximenes Neto

Coordenação editorial e gráfica: UNAFone: (84) 9988-2812E-mail: [email protected] responsável: Marize CastroDiagramação e arte-final: Alessandro Amaral

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Diretor de Publicações e Comunicação Social: IsabelCristina Kowal Olm CunhaDiretora Científico e Cultural: Maria Emília de OliveiraDiretora de Educação: Carmen Elizabeth KalinowskiDiretora do Centro de Estudos e Pesquisas emEnfermagem: Josete Luzia LeiteMembros do Conselho Fiscal: Marta de Fátima Lima,José Rocha e Nilton Vieira do Amaral

ABEn - abr.mai.jun. 20072

ABEn - Jornal da Associação Brasileira de Enfermagem - Brasília/DF Ano 49.2

Conselho editorial: Diretoria Nacional da ABEn

P a v i l h ã o

A ABEn é forte, compromissada e ousadam junho de 2006, num espaço de atenção àsnecessidades especiais em saúde, encontrei umcartaz amarelado com uma moça de touca

branca, o indicador sobre os lábios, estes bicudos,ainda pedindo silêncio. O pensamento imediata-mente me conduziu aos caminhos dos desafios con-temporâneos, e rememorei.

Num dado congresso, salvo engano, em Goiânia,transcorreu um episódio intrigante – Transferênciada representação do Brasil no cenário internacio-nal. Plenário cheio de mulheres, um homem ironica-mente dizia que foi somente uma consulta inocenteao Conselho Internacional a respeito de umalegítima entidade. Bradava-se por eleições diretaspara a instituição de maior poder econômico da cate-goria. Reivindicava-se 30 horas se-manais de trabalho.

Meu primeiro Congresso, naépoca era militante do movimentoestudantil. Conhecia aquele ho-mem dos encontros nacionais, elo-qüente, convincente. Nesse ínte-rim, trabalhadores/a são executa-dos/a: motorista, ex-representantedo conselho federal, membros daAssociação e do Sindicato são tom-bados. Verdadeira trama surrealista.Mesmo corpo presente o voto temque ser envelopado. Figuras femi-ninas de branco, inertes em propa-gandas. No rodapé – Transaemmin: o antihemorrági-co de ação potente, rápida, segura e prolongada (em– acréscimo meu). Mas o sangue vivo jorrou e floresseguiram o funeral de corpos silenciados.

É participação! É movimentação! Nos quatrocantos vozes ecoam exigindo justiça. Diante de ame-aças vozes emudecem. O cenário desvela-se e cai amáscara. Da lâmpada a chama não se apaga. Uma se-nhora, lucidamente, não mais senta em mesa quedesrespeita os direitos de criaturas com polegar opo-sitor e telencéfalo desenvolvido. Recusa-se a legiti-mar atitudes vis e insanas. Visto que esta é contunden-

te no desafio da consolidação do SUS, firme nospreceitos da reforma sanitária e psiquiátrica. Viva aSaúde Mental. Toda loucura é acolhida e respeitada.Todo humano e humana pode dizer: direito nosso,dever do estado!

Cidadã, vívida da melhor idade, entende que cui-dados e práticas, são empreendimentos da pessoa,nunca fenômeno natural. Aguerridamente reverbera– é aprendido e não instintivo! Segue dizendo: quevenha a classificação internacional com extensão àsaúde coletiva, pois esta versão alfabetizada é comoum bálsamo poético oxigenando minhas artériaspulsantes, impulsionando a força da idade. Sabiamen-te vem entoando “A Produção científica não estácompleta enquanto seu resultado não for publicado”,

seguramente bebeu na fonte da Se-mana de Arte Moderna. Politica-mente vem vencendo tribulaçõese também travando discussões noâmbito do gênero, fortalecendo ocompromisso de todo dia que é oempoderamento das mulheres.

Figura de luta reaviva as cores,enfrenta os dissabores, canta can-ções de alegria num coro de vozespredominantemente fêmeas. Sãomais de um milhão de trabalhado-ras/es da área da saúde – com for-ça majoritariamente feminina,86,93 %. Marcadas pelas intempé-

ries do mundo patriarcal, prestam assistência integrale ininterrupta e cumprem carga horária total emserviços hospitalares e atenção básica. De forma cen-trada e serena, repensa, o “rémédio” é cantar forte,ecoar alto e em bom tom: Jornada de 30 horas já!

Há oito décadas, vem generosamente labutandoarduamente junto ao Estado por políticas públicas,sóbria e consciente de uma teia permeada e entrela-çada de úteros e mentes, estes submetidos à censurafreqüentemente inconsciente, interna, gestada e pari-da da incorporação de valores, concepções e precon-ceitos incrustados no contexto sócio-cultural. Daí

posicionar-se bravamente contrária ao ato másculo,músculo e falocrático, entre estes, o da força brutafiscalizadora do exercício profissional. E a represen-tação no mundo internacional? É de provocar ojerizavisceral.

Como Lispector, também entende que é precisofalar e escrever daquilo que obriga ao silêncio! Ebrada: Violou sonhos, vidas e direitos, massacrou alegitimidade. Provocou hemorragias caudalosas evorazes. Esta madura senhora chamada AssociaçaoBrasileira de Enfermagem é forte, compromissadae ousada. Completos oitenta anos, um pouco mais,e comemorará um século de existência. Oxalá conti-nue contribuindo com idéias e práticas de inclusãoe emancipação social, em busca de uma sociedadeque promova igualdade com eqüidade nas suas rela-ções civis, políticas e sociais. Se necessário, revendocaminhos, trilhando trajetórias.

A moça de touca branca pede silêncio. Por que amoça? Por que a touca? Por que o silêncio? Imagens,poderoso veículo de impressão. É imperioso torná-las mais afirmativa. Das indagações em tela, memori-ando e plagiando: Enfermeiras não nascem enfermeiras,tornam-se enfermeiras! Protagonizando um enredosob os focos do poder, do controle e da violência,do crime na enfermaria, é hora de se pensar, de sefazer e estar na vida, na política, sob a ótica feminina,registrando e escrevendo nossa própria história, donosso jeito. Para a ABEn, nesta data comemorativa,desejo luta, felicitações e paz.

Assim seja.

Marta Giane Machado TorresEnfermeira; servidora da Secretaria de Saúde e Meio

Ambiente de Belém/PA; professora substituta da UFPA

“É preciso falar daquilo

que obriga ao silêncio”

(Clarice Lispector)

TRIBUTO

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Fotos: Acervo ABEn Nacional

ABRIL

4 de abril – A presidenta da ABEn Nacional, Francisca Valdada Silva, participou como debatedora em mesa-redonda noVII Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços e Siste-mas de Saúde, promovido pela Fundação Getúlio Vargas,em São Paulo.

9 e 10 de abril – Despachos da presidência com a secretariae agenda administrativa da ABEn;

12 de abril – Participação na reunião da Comissão Organiza-dora da 13ª. Conferência Nacional de Saúde, em Brasília.

16 de abril – Reunião da 67ª reunião da CIRH na pauta: De-bate sobre EPS – Portaria 198/2004, Suspensão parcial daPortaria 648/2006, organização da oficina de planejamentoda CIRH e debate sobre a Portaria 147/2007.

17 de abril – Reunião no Rio de Janeiro com advogados pa-ra discutir termos de contrato para acompanhamento da in-vestigação do processo do duplo assassinato de Edma e Mar-cos Valadão.

18 e 19 de abril – Participação na reunião da 172ª. Ordináriado CNS.

23 de abril – Participação na reunião de elaboração do 1º.SENABS.

26 a 28 de abril – Participação no 8º. CONSE, em PortoAlegre, como debatedora nas seguintes mesas: i) Com a pa-lavra a sociedade: o trabalho da enfermagem é fundamentalpara a população, ii) O impacto da gestão do trabalho na va-lorização profissional, reunião da ABEn e FNE com o deputa-do Beto Albuquerque; participação em ato público no centrode Porto Alegre.

MAIO

2 de maio – Despachos na ABEn: secretaria, tesouraria,CEPEn.

3 de maio – Participação na reunião da Comissão Organiza-dora da 13ª. CNS, em Brasília.

7 de maio – Reunião da 68ª reunião da CIRH. Na pauta:Minuta de atualização da Portaria 198/2004, Parecer daCIRH sobre a liminar que suspende parcialmente a Portaria648/2006, Portaria 35/2006 da Telesaúde e parecer daCIRH sobre a Portaria 147/2007;

8 de maio – Participação na reunião do FENTAS; Audiênciascom o advogado geral da União e com o secretario nacionalde Justiça sobre os processos envolvendo ex-dirigentes doCOFEN.

9 e 10 de maio – Participação na reunião da 172ª. ordináriado CNS.

11 de maio – Abertura da 68ª. SBEn. promovida pela ABEn-RJ. em conjunto com a comemoração dos 70 anos de vidauniversitária da EEAN, na ocasião a ABEn e outras entidadese IES foram condecorados com a Medalha Ana Nery.

12 de maio – Participação no I Congresso Brasileiro deTratamento de Feridas na mesa-redonda sobre Autonomiado Enfermeiro, promovido pela Sociedade no RJ.

17 de maio – Conferencista de abertura no I CongressoEstadual da Enfermagem do Piauí sobre o tema “Os Cami-nhos da Enfermagem na Atenção, Gestão e Controle Social”.

29 de maio – Reunião da 69ª reunião da CIRH na pauta:Política de Gestão do Trabalho e o PROGESUS, Universida-de Nova.

30 de maio a 1º de junho – Participação no 14º SENPE emFlorianópolis/SC, na sessão de abertura; reuniões do FórumNacional de Pesquisadores/CEPEn, FNEPAS e da agendapela regularização administrativa e democratização da ges-tão do Sistema COFEN/COREN.

JUNHO

4 e 5 de junho – Reunião da 70ª reunião da CIRH.

5 e 6 de junho – Reunião com assessoria do senador TiãoViana, sobre o PL 26/2007, de autoria do senador, quepropõe a extinção das categorias de profissionais de enfer-magem de nível médio; expediente interno e despachosna ABEn.

11 de junho – Participação na reunião do FENTAS.

12 a 14 de junho – Participação na reunião da 172ª. ordináriado CNS na pauta: composição de titulares, suplentes e coor-denação das Comissões Intersetoriais do CNS; reunião daCâmara Técnica de Regulação do Trabalho em Saúde(CTRTS); participação em reunião na ABEn com a secretáriageral e a primeira tesoureira, na pauta: agenda política decaptação de financiamento e a operacional do despacho deconvites para o 1º. SENABS.

18 a 19 de junho – Produção de material para o jornal daABEn;

20 a 22 de junho – Despachos da agenda política da ABEn(FNEPAS, FEPPEn, CIRH) e suporte à reunião da ComissãoEspecial Nacional de Eleição Gestão 2007-2010 (CENE);despachos da agenda política da ABEn, em parceria com aFNE (articulação de audiências da pauta do COFEN); partici-pação na cerimônia de posse do presidente do CNPQ; au-diência com o Ministro da Saúde;

25 e 26 de junho – Oficina de trabalho (2ª parte) para defi-nição dos procedimentos metodológicos e instrumento paraemissão de parecer do CNS em processos de abertura denovos cursos.

27 de junho – Reunião de encaminhamentos operacionaisda ABEn: acompanhamento do processo eleitoral em apoioa CENE 2007-2010 e da agenda de captação de financia-mento do 59º. CBEn.

29 e 30 de junho – Oficina da Comissão de Temas do 59ºCBEn para construção metodológica da programação cien-tífica.Sessão de encerramento do 14º SENPE,

com a presidenta da ABEn Nacional,Francisca Valda da Silva, ladeada (à dir.) por

Ângela Maria Alvarez e Josete Luiza Leite;

A presidenta da ABEn Nacional, FranciscaValda da Silva (centro), na EEAN/

UFRJ,durante a 68ª Semana Brasileira deEnfermagem. À esquerda, Bendita Deusdará,diretora da Escola de Enfermagem da UERJ;

à direita, professoras Maria José Bezerra deAraujo e Maria Aparecida Moura

Audiência na Advocacia Geral da União. Àesq.: Evandro Costa Gama (advogado geralda União – substituto), Beto Albuquerque,Silvia Casagrande, Solange Silva, Isabel Reis

e Francisca Valda

Audiência no Conselho Nacional de Justiça.À esq.: Silvia Casagrande, Isabel Reis,

deputado Beto Albuquerque, secretárioCarlos Biscaia e Francisca Valda da Silva

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Deliberações do CONABEn• Aprovada a Instrução normativa que dispõe sobre carga horária

nos certificados dos eventos da ABEn;• Aprovada a vinculação de três Escolas/Cursos: Curso de

Graduação em Enfermagem do Instituto de Ensino Superiore Pesquisa Lynaldo Cavalcanti – UNIPB (PB); Curso deGraduação – Bacharelado em Enfermagem da Faculdade deCiências Médicas de Campina Grande do Centro de EnsinoSuperior e Desenvolvimento (PB) e Curso de Enfermagem– Bacharelado do Instituto de Educação Superior da Paraíba –IESP (PB);

• Aprovada a Instrução normativa que regulamenta critériospara a disponibilização de Stands e Espaços Físicos nos eventosda ABEn;

• Aprovada a posição da ABEn em relação a gestão atual doSistema COFEN/COREN;

• Aprovada a agenda 2007 para o processo Repensar a ABEnsobre a coordenação da CENRE-3:

– Realização de Consulta Pública sobre Diretrizes paraRepensar a ABEn, no período de 12 de maio a 12 de julho,na página da ABEn;– Realização de enquete nacional no desenvolvimento deprojeto sobre a ABEn de hoje e perspectivas;– Fórum sobre alianças, projetos e agenda de cooperaçãoda ABEn com as Sociedades/Associações de Especialistasem Enfermagem (realização sem data prevista, localprovável São Paulo);– Publicação dos resultados parciais do processo Repensara ABEn, no jornal da ABEn 49.2, abr-jun de 2007;– Artigo para publicação na REBEn nº 5, set-out,ano2007.

• Aprovada a prestação de contas do 58º. CBEn;• Aprovada a elaboração de briefing sobre a pauta do Dia

Nacional de Luta sob a responsabilidade de Jussara, Gelson,Valda, Simone, Goretti David e Carmem, para subsidiarpronunciamentos de parlamentares parceiros no CongressoNacional e para publicação;

• Aprovada a alteração do regimento interno do DECIDIRE;• Aprovada a denominação 1º. Seminário Nacional de Diretrizes

para a Enfermagem na Atenção Básica (SENABS) no lugar deCongresso Brasileiro de Enfermagem na Saúde da Família esua programação final e orçamento;

• Aprovado o projeto de desenvolvimento do Sistema deInformatização da ABEn (nova pagina, mala direta, , programaspara gerenciamento da secretaria/tesouraria e para bancoseletrônicos da REBEn, Anais de Eventos, Catálogos dePesquisas e Pesquisadores do CEPEn e outras publicações);

• Aprovada a resolução que dispõe sobre a captação definanciamento para o Jornal da ABEn junto a parceiros emprojetos aprovados nas instâncias da ABEn através de chamadaspublicitárias (...).

C O M U N I C A D OA Comissão Organizadora do 2° SeminárioInternacional sobre o Trabalho na Enfermagem(SITEn) vem a público informar que devido:

1) a crise aérea em nosso país responsável porgraves transtornos no deslocamento daspessoas;

2) a dificuldade na aquisição de passagensaéreas, agravada após o acidente ocorridono aeroporto de Congonhas- SP;

3) a insegurança causada pela falta de garantiano cumprimento da programação doevento.

Decide:

1) Transferir o 2º SITEN para o período de 17a 19 de abril de 2008;

2) Prorrogar o período de inscrição detrabalhos científicos para 14/03/08;

3) Garantir as inscrições realizadas até apresente data, bem como a manutençãodos valores estipulados até abril de 2008;

4) Agradecer de público a compreensão e oapoio que vem recebendo da ITAIPUBinacional, Rafain Palace Hotel, AgênciaValentin Eventos, TAM e PrefeituraMunicipal de Foz do Iguaçu.

Curitiba, 26 de julho de 2007.

Simone PeruzzoPresidente da ABEn-PR

Maria Goretti David LopesCoordenadora Executiva do 2° SITEN

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I n f o r m e s

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Projeto de Lei quer instituir 12 de maiocomo o Dia Nacional dosTrabalhadores da Área da SaúdeO Projeto de Lei de autoria do Deputado FederalCarlos Sampaio - PSDB/SP -, de 2007, busca insti-tuir o dia 12 de maio como Dia Nacional dos Traba-lhadores da área da Saúde. A justificativa do DeputadoCarlos Sampaio está baseada na necessidade de valori-zação dos trabalhadores públicos de saúde, que mui-tas vezes não possuem um dia alusivo a categoria, aexemplo do enfermeiro e do médico, e busca repa-rar tal equívoco.

A data segundo o deputado, foi escolhida “porser o dia do nascimento da italiana [e não inglesa]Florence Nightingale, que revolucionou as condi-ções sanitárias hospitalares, quando de seu trabalhonos campos de batalha da Guerra da Criméia, em1854, à época em que desenvolvia suas atividadesjunto ao exército inglês”.

O referido projeto de lei, foi apresentado comopauta na 10ª Reunião Ordinária da Câmara de Regu-lação do Trabalho em Saúde, realizada em Brasília/DF. Na ocasião, a Associação Brasileira deEnfermagem-ABEn, por meio do Diretor deAssuntos Profissionais, manifestou-se contrário aoprojeto de lei, fazendo a exposição de motivos,justificando que mundialmente o dia 12 de maio écomemorado o Dia Internacional da Enfermeira, eque Florence representa a fundadora daEnfermagem Moderna, além da data para a Enferma-gem Brasileira representar o início da Semana Brasi-leira de Enfermagem, que se encerra no dia 20 demaio, data alusiva à morte da enfermeira brasileiraAnna Nery.

O posicionamento dos diversos membros da Câ-mara de Regulação do Trabalho em Saúde foi o deque tal data não fosse coincidente com nenhumaoutra, que comemorasse o dia profissional de ne-nhuma categoria, mas sim, agregado ao sete de abril,Dia Mundial da Saúde. O comum acordo, as delibe-

rações da Câmara de Regulação serão encaminhadasposteriormente pelo Ministério da Saúde, a Câmarados Deputados e ao referido deputado. (Texto deFrancisco Rosemiro G. Ximenes Neto)

Secretário de Saúde de Belo Horizonteé o novo presidente do ConselhoNacional de Secretarias Municipais deSaúdeFoi empossado no dia 7 de fevereiro, em Brasília, onovo presidente do Conselho Nacional de Secreta-rias Municipais de Saúde (Conasems), HelvécioMiranda Magalhães Júnior, secretário de Saúde deBelo Horizonte.

Helvécio destacou a importância da regula-mentação da EC 29 - uma luta da qual promete“não abrir mão”. O secretário municipal de BeloHorizonte lembrou que a luta do Conasemsnão é contra os recursos para as demais políticaspúblicas e sim contra a “alocação de recursospara o pagamento de juros da dívida pública,em que pese a necessidade da estabilização ma-cro-econômica”.

Entre outros temas na agenda do Conasemsque fizeram parte do discurso do presidenteestão: a educação permanente; a dificuldade defixação dos profissionais médicos; a necessidadede avanço no processo de descentralização real;o reconhecimento das diversidades regionais elocais, concedendo tratamentos diferenciadosa quem é diferente, na avaliação e no financiamento;e a participação popular.

O presidente do Conasems terminou sua falapropondo adicionar quatro temas à agenda do SUS:a temática dos pequenos municípios; a discussão e asingularização da região da Amazônia Legal; a discus-são da conurbação e; o grande desafio da urgência eemergência.

Portadores de hansenáiasesacompanhados pelo cantor NeyMatogrosso pedem aprovação doprojeto que concede pensão a

pacientes isolados em colôniasPortadores de hanseníase estiveram no mês deabril no Conselho Nacional de Saúde para pedirapoio na mobilização em favor da aprovação deum projeto de lei no Congresso que concedepensão a pacientes isolados em colônias.

O cantor Ney Matogrosso esteve presenteao encontro no Conselho Nacional de Saúde edisse que há mais de 50 anos se sabe o trata-mento para a hanseníase. Mesmo assim, até ahoje a sociedade é muito desinformada sobre oassunto.

Segundo o artista, apesar dos avanços regis-trados nos últimos quatro anos, os tratamentosestão aquém dos avanços da medicina. “Achojustíssimo essas pessoas pedirem o que estãopedindo, pois foram arrancadas como animaisde suas casas e foram tratadas como animais peloEstado brasileiro”, disse o cantor.

Um levantamento feito pelo Ministério daSaúde identificou 31 ex-colônias ainda em atividadeno Brasil. Apesar de não haver nenhum númerooficial, estima-se que entre três e quatro mil pessoasainda morem nesses locais. A maioria, idosos quevivem com seqüelas do antigo tratamento usadocontra a doença. Um grupo interministerial foicriado em outubro para estudar medidas deprevenção e assistência.

Elvira Felicerecebehomenagem daEscola deEnfermagemAnna NeryNo mês de junho de2007, a professora Elvi-ra de Felice Souza rece-beu o título de SócioHonorário do Núcleode Pesquisa da Enfer-magem Brasileira (Nu-phebras) e do Departa-mento de Enfermagem

Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery/Universidade Federal do Rio de Janeiro. O título foioutorgado devido a relevante contribuição da pro-fessora para a construção da história da enfermagembrasileira.

A Associação Brasileira de Enfermagem parabe-niza a Elvira Felice e reconhece a justa homenagemprestada pela EEAN/UFRJ.

Florence Nightingale à época em que desenvolvia suasatividades junto ao exército inglês

HelvécioMiranda

MagalhãesJúnior, novo

presidente doConasems

Professora Elvira de Felice Souza

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Nota da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) sobre o Projeto deLei do Senado nº. 26, de 2007, de autoria do Senador Tião Viana, parasubsidiar o debate junto às autoridades governamentais e do legislativo

I - Considerações Gerais:1. A institucionalização da enfermagem como área

de atuação profissional no sistema nacional deprodução de serviços de saúde constituiu-secom escopo/composição tecnológica e organi-zação do processo de trabalho em equipe, sendoseguido por outras disciplinas e áreas de trabalhoprofissional como aconteceu com os cirurgiões-dentistas, farmacêuticos, nutricionistas, entreoutros.

2. A Lei nº. 2.604/1956 do Exercício Profissionalde Enfermagem regulamentou o trabalho deenfermagem em equipe: enfermeiros, auxiliaresde enfermagem e parteiras e ainda disciplinou otrabalho de enfermeiros práticos e práticos deenfermagem. A segunda Lei do exercício nº7.498/1986 reconhece enfermeiros, obstetri-zes, técnicos, auxiliares de enfermagem e partei-ras e ainda estabeleceu as diretrizes para o traba-lho ocupacional dos atendentes de enfermagem.A legislação vigente foi produto de um processoconstituído a partir das demandas sociais e dosistema/modelo de atuação dos profissionais deenfermagem no Brasil.

3. A ABEn há 81 anos defende a profissionalizaçãodos trabalhadores de enfermagem, especialmen-te a partir dos anos 80 quando se deparou com aestatística oficial de 225.000 trabalhadores deenfermagem sem qualificação específica, cercade 50% da força de trabalho da enfermagem,conhecidos como atendentes de enfermagem.Neste processo a ABEn participou da conquistade política pública de profissionalização destestrabalhadores que foi institucionalizada comoPROFAE pelo Ministério da Saúde e que

profissionalizou este coletivo de trabalhadores.

4. A prerrogativa de assegurar aos referidos traba-lhadores que estiverem regularmente inscritosnos respectivos conselhos regionais e em exercí-cio profissional na data de entrada em vigor dalei, o acesso diferenciado aos cursos universitáriosde enfermagem, ou seja, tratamento distintodaquele dispensado aos demais concorrentes àsvagas disponíveis para esses cursos nas faculdadesde todo o Brasil; devem ser analisado a partir deduas situações: i) requer por parte do Estadouma Política Nacional de Profissionalização deTécnicos e Auxiliares de Enfermagem paraEnfermeiros; força de trabalho já empregada querepresenta cerca de 1.200.000 (um milhão eduzentos mil) profissionais de enfermagem denível técnico e auxiliar inscritos no COFEN quedeverão ter acesso a um programa de bolsas parafinanciamento da sua formação em curso superi-or; ii) por outro lado, neste contingente detrabalhadores a maior parte não tem o segundograu, escolaridade básica para entrada na universi-dade, pois até a aprovação da LDB em 1996 haviaregulamentação do CFE/MEC (Resolução nº.78/1978-CFE) que assegurava acesso de candi-

datos cursando o primeiro grau ao curso de auxi-liar de enfermagem.

5. O parágrafo único do artigo 23-A do PL 26/2007 assegura até a data de 31 de dezembro de2017 à todos os inscritos nos conselhos regionaiso exercício de atividades como auxiliares e téc-nicos de enfermagem, conforme previsto nosartigos 12 e 13 da Lei do Exercício Profissional,mas proíbe inscrição de novos auxiliares etécnicos de enfermagem. Neste momento omercado de trabalho público e privado temcapacidade de incorporação de enfermeiros parasuprir a expansão da oferta de serviços de enfer-magem?

6. Pensar a prática da enfermagem exclusivamentecom profissionais de nível superior remete aoenfrentamento de desafios em escala nacionalno campo da formação/educação permanentee de políticas de geração de emprego para umaforça de trabalho com maior qualificação querequer remuneração compatível. Neste caso, épreciso considerar se existe capacidade de finan-ciamento para este aumento em escala do custocom pessoal de enfermagem nos serviçospúblicos, filantrópicos e privados?

Ementa – altera a Lei nº. 7.498/1986que regulamenta o exercício profissio-nal da enfermagem, tendo em vista esta-belecer prazo para a concessão de regis-tros aos auxiliares, técnicos de enferma-gem e parteiras, bem como para assegu-rar a estes profissionais acesso diferen-ciado aos cursos de graduação de nívelsuperior em enfermagem.

Sessão de posteres durante o 14º Seminário de Pesquisa em Enfermagem. Cresce a participação dos enfermeiros na produçãoda pesquisa e do conhecimento

ABEn - abr.mai.jun. 20076

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7. Considerando o movimento contemporâneoatual de inversão na pirâmide de contratação depessoal de saúde do nível federal para o muni-cípio, que tem relevado o crescimento de vagasno serviço público municipal e especialmentena atenção básica em saúde (ABS). Qual o impac-to na folha de pessoal das prefeituras? De ondevirá o recurso para o financiamento deste acrés-cimo na folha de pagamento de pessoal? Comoincorporar este crescimento de gasto compessoal em tempos de lei de responsabilidadefiscal? E os serviços filantrópicos e privados terãocapacidade de absorção desta força de trabalhode enfermagem de grau universitário?

II – Conclusão:Em sendo aprovado este projeto de lei é precisofazer um exercício de projeção de médio prazo; nãosó na criação de postos de enfermeiros para substitu-ir os atuais auxiliares e técnicos de enfermagem queconseguirem formar em cursos superiores; masprincipalmente, pensar na criação de novos postosde trabalho para suprir as necessidades surgidas como crescimento da população e necessidade de expan-são das políticas públicas de emprego para profissio-nais de enfermagem, no caso para enfermeiros.

É preciso compreender que transformar um co-letivo de um milhão, trezentos e sessenta e um milde trabalhadores integrantes de três categoriasprofissionais de nível médio e superior em uma únicacategoria de nível universitário não é possível porlei ou por decreto, pois envolve questões culturais;de capacidade técnico-científica, de financiamentoe de gestão para enfrentar o desafio da formação demais de um milhão de trabalhadores e a criação dequadros técnicos e políticas de emprego/incorpora-ção de enfermeiros nos serviços de saúde para queseja conquistada a merecida oportunidade de ascen-são profissional e o incremento da qualidade dosserviços de saúde prestados à sociedade brasileiraque fundamenta a justificativa do PL 26/2007.

A ABEn portanto, analisando a institucionaliza-ção da enfermagem como profissão no Brasil,compreende que é incompatível com a realidadeeconômica e social do país e dos serviços de saúde aprática da enfermagem exclusivamente comprofissionais de nível superior, uma vez que não setrata de um desafio apenas do campo da formação/educação permanente, mas principalmente na esferada capacidade de absorção desta força de trabalhode nível universitário.

Assim a proposta da ABEn, em relação à matériaem pauta, é pelo acesso dos atuais auxiliares deenfermagem aos cursos técnicos de enfermagem.

Este é o parecer da ABEn, salvo melhor juízo.

Brasília 18 de junho de 2007

TÉCNICOS DE IMOBILIZAÇÃO ORTOPÉDICA:regulamentar ou não? Posicionamento técnicoda ABEn Nacional

atenção à saúde especializada do SUS, vemdemandando uma diversidade de traba-lhadores de saúde graduados e em nível

técnico, principalmente, com a institucionaliza-ção, em fevereiro de 2005, da Política Nacionalde Atenção de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia (BRASIL, 2005).

Dentre os trabalhadores de saúde que atuamna média e alta complexidade, está o Técnico deImobilização Ortopédica – TIO, que vem reali-zando procedimentos em hospitais e clínicasespecializadas, mas quase sempre com formaçãomínima, com base na destreza pessoal adquiridano dia-a-dia do trabalho, para o exercício deuma prática reabilitadora que exige habilidadetécnica competente, conhecimentos científicosespecíficos e atitude compromissada, responsá-vel e ética de modo humanizado.

Atualmente, tramitam no Congresso Nacio-nal alguns projetos de lei que buscam a regula-mentação profissional do TIO. Paralelamenteas Associações Brasileiras dos Técnicos emImobilizações Ortopédicas – ASTEGO e dosProfissionais Técnicos de Imobilizações Orto-pédicas – ASTEGE mobilizadas, buscam aregulamentação profissional em nível nacional.

O Ministério da Saúde por meio da Câmarade Regulação do Trabalho em Saúde sinalizou anecessidade de discutir a criação da profissão deTIO. No entanto, aos quatorze dias do mês dejunho de 2007 foi instalado um Grupo de Traba-lho – GT com objetivo de elaborar alternativade proposta de regulação da atividade profissio-nal de TIO ou justificar a desnecessidade deregulação da ocupação em 180 dias. Participamdo GT entidades que representam os TIO, aEnfermagem, a Medicina, o Instituto Nacionalde Tráumato-Ortopedia – INTO, e a GestãoTripartite do SUS. A Associação Brasileira deEnfermagem está sendo representada pela Dire-toria de Assuntos Profissionais.

Os membros do GT na reunião de instalaçãoapontaram os seguintes pressupostos:

Necessidade de delimitar a amplitude deatuação desse profissional, definindo assua atividade e o seu Perfil de Competên-cias, identificando a sua inserção na linhade cuidado, que perpassa várias áreas eespecialidades do setor saúde: ortopedia,neurologia, oncologia, fisioterapia e tera-pia ocupacional dentre outras sem que

se restrinja a discussão da atividade dessesprofissionais à atuação na Sala de Gesso.Além disso, pontuou-se a necessidadeda definição, a partir da delimitação dessaárea de atuação e do locus de inserção doprofissional, de uma política pública deformação, elaborada primeiramente apartir de discussões no âmbito da pró-pria Secretaria de Gestão do Trabalho eEducação Na Saúde – SGTES, entre osdois Departamentos – Gestão do Traba-lho e Gestão da Educação – e, posterior-mente, a partir de um diálogo entre osMinistérios da Saúde e da Educação(BRASIL, 2007, p. 1).

Quanto a regulamentação de tal ocupação, aABEn Nacional apresenta o seguinte posiciona-mento:• Que a ocupação de TIO seja regulamentada

profissionalmente, tanto em nível de lei,como por meio de normatização do Ministé-rio da Saúde a partir da construção do Perfilde Competências Profissionais, com a conse-qüente formação técnica de tais trabalhado-res de saúde em todo o Brasil, pelas EscolasTécnicas do SUS.

• Que a referida ocupação e, posteriormente,após sua regulamentação profissional sejasupervisionada pelo profissional médico,especialista em traumato-ortopedia e nãopela Enfermagem.

Francisco Rosemiro GuimarãesXimenes Neto

Diretor de Assuntos Profissionais da ABEnNacional

Gestão 2004 - 2007

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deGestão do Trabalho e da Educação na Saúde.Departamento de Gestão e da Regulação doTrabalho em Saúde. Resumo executivo daReunião de Instalação do Grupo de Trabalhodos Técnicos em Imobilização Ortopédica.Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deAssistência à Saúde-SAS. Portaria SAS/MS Nº95 de 14 de fevereiro de 2005 - Dispõe sobrea Política Nacional de Atenção de AltaComplexidade em Traumato-Ortopedia.Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

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ESPECIALIDADES EM ENFERMAGEM

a regulamentação e oposicionamento da ABEn

O desenvolvimento técnico-científico e a evolução tecnoló-gica têm levado as profissões em geral, e entre elas, as profis-sões da saúde, à reflexão e discussões acerca do processo detrabalho que desenvolvem e os conhecimentos, habilidadese atitudes necessários a este. Neste contexto, a Enfermagem,profissão cuja essência e especificidade é o cuidado ao serhumano em todas as suas dimensões, individual ou coletiva-mente, de forma integral e holística, vem repensando o seufuturo e o futuro das especialidades.

O profissional enfermeiro é um trabalhador de saúdeque deveria estar preparado para atuar em diversas áreas:atenção, gestão, ensino, pesquisa e controle social. No entan-to, percebe-se que a graduação por si só deixa lacunas noconhecimento que precisam ser preenchidas, devido princi-palmente, ao modelo de currículo flexineriano fragmentado,não havendo uma associação entre teoria e prática e os pro-cessos de ensino e aprendizagem, em que os sujeitos de taiscursos possam atuar ativa e criticamente.

Quanto a esse contexto, Silva e Egry (2003, p. 13) afir-mam que refletir

[...] sobre as transformações necessárias nas práticaseducativas tem importância estratégica neste mo-mento histórico, pois, dentre as transformaçõesnecessárias para a consolidação do SUS está a quali-ficação de seus trabalhadores, que pode convergirpara esse objetivo ou distanciar-se dele, conformeo desenvolvimento das práticas educativas.

No momento atual, para ser um profissional de saúde,segundo Carvalho e Ceccim (2007, p. 157), há a “necessidadedo conhecimento científico e tecnológico, mas também deconhecimento de natureza humanística e social relativo aoprocesso de cuidar, de desenvolver projetos terapêuticossingulares, de formular e avaliar políticas e de coordenar econduzir sistemas e serviços de saúde”.

Quanto à educação dos profissionais de saúde, a Organi-zação Mundial de Saúde (OMS) (1993, p.1, tradução nossa)afirma que a mesma tem sido amplamente criticada pornão estar voltada às necessidades de saúde da sociedade. Amaioria dos profissionais tem uma formação densa no campobiomédico e clínico, mas pequena formação em CiênciasSociais e Humanas, o que reduz suas habilidades em manejarquestões políticas, sociais, culturais e econômicas, exigidaspela gerência. São escassas as oportunidades de aprendercomo direcionar os poderes sociais, econômicos e políticosque interferem no setor saúde. O texto da OMS afirma ain-da que as instituições responsáveis pela capacitação dosprofissionais de saúde estão distantes dos espaços de tomadade decisões, acerca da provisão dos serviços e das políticasde saúde. Podemos então dizer que há certo distanciamentoda formação oferecida pelas universidades em relação àspolíticas sanitárias estabelecidas pelo SUS.

O processo de construção do SUS, e conseqüente efetiva-ção do princípio da integralidade têm colocado em chequea necessidade de formação profissional do enfermeiro, prin-cipalmente na lógica da educação permanente ou da própriaeducação continuada, devido à vulnerabilidade deste ao sairda graduação com uma formação biologicista e tecnicista.

E é neste contexto que se encaixam as especialidades.As especialidades surgem então como uma alternativa quedireciona o enfermeiro para o preparo técnico e científicoem áreas específicas da prestação de cuidados.

A escolha de uma especialidade profissional na Enfer-magem mostra-se como um fenômeno crescente na contem-poraneidade. Esta escolha é impregnada de simbolismos esignificações, mostrando-se multidimensional, complexa eplurideterminada por fatores filosóficos, políticos, pessoais,sociais e econômicos, dentre outros (BOSI; RAGGIO; ME-DRONHO, 2001).

As especialidades na saúde, de acordo com Rocha Maga-lhães (et al, 2005) tornam cada vez mais tênue a demarcaçãoda fronteira do fazer, levando a conflitos no desenvolvimentode um trabalho que contraditoriamente deveria buscar arestauração das forças e do equilíbrio do ser humano.

Um fenômeno contemporâneo que vem ocorrendo naEnfermagem, assim como em outras profissões, é a buscaincessante de muitos enfermeiros em especializar-se em maisde uma disciplina. Tem sido comum encontrarmos no dia adia da profissão, enfermeiros que atuam na Atenção Terciáriaà Saúde, operando tecnologia dura, buscando especializar-seem Saúde da Família; ou enfermeiros que atuam na EstratégiaSaúde da Família querendo especializar-se em UTI, médico-cirúrgico, urgência e emergência dentre outros. Existem aindaaqueles que possuem duas, três ou mais especializações.

A busca por múltiplas especializações pode ser umatentativa de resgatar o que ficou perdido na graduação ouentão pela situação de trabalho precário em que milharesde enfermeiros estão inseridos, com baixos salários e inexis-tência de um Plano de Carreiras, Cargos e Salários-PCCS,de direitos e garantias trabalhistas levando-os a procura dequalificação que lhes dê condições de atuar em diversasáreas, a depender das necessidades.

A superespecialização e a especialização múltipla vemfomentando um dilema de identidade, levando os diversosprofissionais a uma indefinição de papéis, influenciados pelaformação de especialista; além do trabalho fragmentado eprecarizado. Os profissionais da saúde e de outros setorestêm buscado uma superespecialização, talvez influenciadopelo capitalismo, que exige trabalhadores com amplo conhe-cimento e polivalentes, para manter-se no mercado, levandoa uma alienação trabalhista. Gorayeb (apud MELLO, 2007)refere que há uma distorção grave na atenção à saúde, queé a crença na ‘superespecialização’.

Outro paradoxo é que, segundo os Ministérios da Saúdee da Educação,

os processos formativos e as práticas profissionaisem saúde demonstram comprometimento com di-versos interesses, mas muitas vezes excluem os dosusuários do SUS. Em geral, o panorama que obser-vamos na área da Saúde, seja nos níveis federal, es-tadual ou municipal, seja na gestão, no ensino ounos serviços, perpetua modelos conservadores eparece distanciado de um modelo lógico, que seriao "usuário-centrado" e da missão primeira que seriaum cuidado adequado às necessidades da população(BRASIL, 2006, p. 11).

O Conselho Nacional de Saúde tem apontado a especia-lização em serviço na saúde como um dos "principais mode-los de formação de profissionais com domínio significativodas habilidades de pensamento e de ação requeridas pelosvariados núcleos de conhecimento do trabalho na área"(BRASIL, 2005, p. 50).

No momento, o MS, por meio do Departamento deGestão da Educação na Saúde-DEGES/Secretaria de Ges-tão do Trabalho e da Educação na Saúde-SGTES, vem atuan-do na ampliação da formação de especialistas com enfoquena Atenção Primária à Saúde-APS, com o intuito de ampliara cobertura da ESF e aumentar a resolutividade da atençãoà saúde no SUS (BRASIL, 2006). A referida formação fazparte da Política Nacional de Educação em Saúde, que

[...] traz à tona alguns aspectos, como o conceitoampliado de saúde; a utilização de metodologiasativas de ensino-aprendizagem, que considerem otrabalho como eixo estruturante das atividades; otrabalho em equipe multiprofissional e transdisci-plinar; a integração entre o ensino e os serviços desaúde; o aperfeiçoamento da atenção integral à saúdee a qualificação da gestão (BRASIL, 2006, p. 12).

Atualmente, o Ministério da Saúde por meio do FórumPermanente do MERCOSUL - Exercício Profissional1 GT1- Formação Profissional vem refletindo sobre o processo deregulamentação e equivalência das especialidades de Enfer-magem com os Estados Partes do MERCOSUL. Tal proces-so, inicialmente, ocorreu com a Medicina. Desta forma,considera-se que estudos e reflexões como as que vêm sendoefetuadas pelo Grupo de Trabalho sobre as Especialidadesem Enfermagem no Fórum Permanente Mercosul para oTrabalho em Saúde, bem como pela Área da Enfermagematravés de suas representantes no CNPq, CAPES e ABEn,que explorem o reconhecimento das competências e o méri-to das diversas especialidades em Enfermagem se fazem ne-cessários, levando-se em consideração a trajetória histórico-social da profissão.

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Neste sentido, a ABEn buscando respeitar as especiali-dades em relação com as Sociedades ou Associações própriasda área, bem como a visibilidade dos fundamentos que sus-tentam o conhecimento da Enfermagem, reconhece as se-guintes especialidades: Administração em Enfermagem; Artee Tecnologia em Enfermagem; Auditoria e Acreditação dosServiços de Enfermagem; Comunicação, Informação e Mar-keting em Enfermagem; Educação em Enfermagem; Educa-ção Profissional em Saúde e Enfermagem; Enfermagem Ae-roespacial; Enfermagem Cardiovascular, Respiratória e En-docrinológica; Enfermagem Clínica e Cirúrgica; Enfermagemdo Trabalho e Saúde do Trabalhador; Enfermagem em Acu-puntura; Enfermagem em Banco de Leite Humano; Enfer-magem em Centro Cirúrgico, Centro de Material e Recupe-ração Pós-Anestésico; Enfermagem em Condições Crônicasem Saúde; Enfermagem em Dermatológica; Enfermagemem Diagnóstico por Imagem; Enfermagem em Doenças In-fecciosas; Enfermagem em Emergência e Urgência; Enferma-gem em Home Care; Enfermagem em Infectologia; Enferma-gem em Nutrição Parenteral e Enteral; Enfermagem emOncologia Pediátrica; Enfermagem em Saúde Coletiva; En-fermagem em Saúde da Criança; Enfermagem em Saúde daFamília; Enfermagem em Saúde da Mulher; Enfermagemem Saúde do Adulto; Enfermagem em Saúde do Idoso; Enfer-magem em Saúde Mental e Psiquiátrica; Enfermagem emSaúde Pública; Enfermagem em Saúde Reprodutiva e Sexual;Enfermagem em Sexualidade; Enfermagem em Terapia Inten-siva; Enfermagem em Terapias Naturais; Enfermagem emTraumato-ortopedia; Enfermagem em Vigilância à Saúde,Biossegurança e Saúde Ambiental; Enfermagem Fundamen-tal; Enfermagem Gastrintestinal e Estomatoterapia; Enfer-magem Gerontológica e Geriátrica; Enfermagem Ginecoló-gica; Enfermagem Hemodinâmica; Enfermagem na Atençãoao Adolescente; Enfermagem na Promoção, Educação eReabilitação da Saúde; Enfermagem Nefrológica e Urológica;Enfermagem Neonatologia; Enfermagem Obstétrica; Enfer-magem Oftalmológica; Enfermagem Oncológica; Enferma-gem Pediátrica; Enfermagem em Otorrino; Epidemiologiaem Enfermagem; Ética, Bioética e Filosofia em Enfermagem;Genética em Enfermagem; Gerência dos Serviços de Saúdee de Enfermagem; Gestão, Gerenciamento e Liderança emEnfermagem e Saúde; História, Legislação e Exercício daEnfermagem; Informática em Enfermagem e Teleenferma-gem; Práticas Pedagógicas e Curriculares na Enfermagem;Teoria e Pesquisa em Enfermagem

Quanto ao processo de certificação das especialidadesde enfermagem no Brasil, existem três processos: o primeirodeles é a certificação de especialista, em que o enfermeirose matricula em Instituição de Ensino Superior-IES, cursandode maneira intensiva ou modular – quinzenal ou mensal –ou por ensino a distância. Ao final do período, tendo cumpri-do todas as exigências referentes as atividades curricularese de freqüência, será certificado. O segundo se dá por meioda candidatura do profissional junto a determinada sociedadecientifica de especialistas, em busca de um título. Nestecaso, as formas de avaliação do candidato quase sempre sãopor meio de prova escrita e de títulos. O terceiro processose dá por meio dos programas de residência, em que o en-fermeiro residente insere-se no serviço num tempo médiode dois anos, e ao cumprir os critérios do programa é certi-ficado.

Em todo o território brasileiro, encontramos uma diver-sidade de cursos de especialização em enfermagem, que

não seguem um padrão de diretrizes curriculares, mas sim alógica da instituição formadora, as demandas do mercadode trabalho e as necessidades da região na qual estão in-seridos.

Diante desta situação da ausência de um órgão de gover-no (nem do MEC ou do MS) regulando/regulamentando oprocesso de formação/qualificação de especialistas no âmbi-to das 14 profissões da saúde reconhecidas pelo ConselhoNacional de Saúde-CNS, tem ficado a cargo dos ConselhosProfissionais, Sociedades Científicas e de Especialistas, Mer-cado e IES esta competência na prática; o que não é recomen-dável na medida em que produz fragmentação, disputascorporativas, reprodução do modelo biomédico.

Frente a estas considerações a ABEn propõe que esteprocesso de regulamentação fique a cargo da Comissão In-terministerial de Gestão da Educação em Saúde (CIGES-MEC/MS), criada por Decreto da Presidência da República,em trabalho articulado com a CNRMS (residência multipro-fissional).

É desejável, portanto, que a referida Comissão Intermi-nisterial em uma ação compartilhada com as Organizaçõese Entidades de Enfermagem, IES, CONASS, CONASEMSe os Ministérios da Saúde e da Educação, crie o ambientetécnico e político que possibilite a regulamentação das áreasde especialidades de enfermagem e de processos de formação(diretrizes curriculares, competências profissionais de cadaespecialidade, duração e Carga Horária, sistemas de avalia-ção, etc) compatíveis com o perfil sócio-demográfico eepidemiológico e as necessidades das políticas de saúde ede educação, seja na modalidade de curso de especializaçãoou programas de residência em enfermagem.

A ABEn espera que a CNRMS cumpra a sua competên-cia legal avançando na definição dos requisitos para a certifi-cação de especialistas no campo uniprofissional (enfermeirosespecialistas) e multiprofissional e assim agregue qualidadeà formação de especialistas de enfermagem, de outras profis-sões e da equipe de saúde.

A ABEn também acredita que diante do desafio da uni-versalização da formação de especialistas é desejável a imple-mentação de políticas de formação que utilizem de formaarticulada a oferta de vagas em diferentes modalidades deensino presencial - cursos de especialização - integrada aosserviços de saúde e também de ensino à distância.

Referências

BOSI, M.L.; RAGGIO, R.; MEDRONHO, R. Reflexões emtorno de uma profissionalização em saúde pública. CadernosSaúde Coletiva, Rio de janeiro, 9 (1): 5 -7, 2001.

BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem-COFEn.Resolução Nº 290/2004

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Documentospreparatórios para 3ª Conferência Nacional de Gestão doTrabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Ministério daSaúde, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Aaderência dos cursos de graduação em enfermagem,medicina e odontologia às diretrizes curriculares nacionais.Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 162 p.: il. - (Série F.Comunicação e Educação em Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão doTrabalho e da Educação na Saúde-SGTES. Departamento deGestão da Educação na Saúde-DEGES. Educação na saúde.Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

CARVALHO, Y.M.; CECCIM, R.B. Formação e educaçãoem saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In: CamposGWS et al (Org.). Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo:HUCITEC; FIOCRUZ: Rio de Janeiro, 2007. Cap. 5. p.170.

MELLO, S. As várias faces da rebeldia http://www.comciencia.br/comciencia/?section=9&reportagem=209. Acessado em 11 jan. 2007.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD-OMS. Unaformación profesional mas adecuada del personal sanitario:Informe de un grupo de estudio de la OMS sobre laenseñanza orientada a la solución de problemas en lasprofesiones sanitarias. Ginebra: OMS, 1993. (OMS, Série deinformes técnicos; 838).

ROCHA MAGALHÃES, Z.; OLIVEIRA, M.E.;CARTAXO MOREIRA, L.; ADAMCZYK, V.O.;HONÓRIO, M.T. Profissão e trabalho: reflexões sobre osetor saúde. Enfermeria Global, Espanha, nº 6, maio 2005.

SILVA, C.C.; EGRY, E.Y. Constituição de competências paraa intervenção no processo saúde-doença da população:desafio ao educador de enfermagem. Revista EscolaEnfermagem da USP, 2003; 37(2):11-6.

Francisco Rosemiro G. Ximenes NetoDiretor de Assuntos Profissionais da ABEn Nacional

Maria Emília OliveiraDiretora Científico-Cultural da ABEn Nacional

Francisca Valda da SilvaPresidente da ABEn Nacional

Gestão 2004 - 2007

1 O Fórum Permanente do MERCOSUL - ExercícioProfissional é uma instância aberta e informal, com o objetivode discutir entre as partes interessadas sobre ExercícioProfissional no MERCOSUL, os temas que venham a sercolocados nas pautas de negociação, de modo a respaldar asdecisões da Coordenação da Subcomissão de ExercícioProfissional/Comissão de Prestação de Serviços/SGT Nº 11“Saúde”/MERCOSUL. O Subgrupo de Trabalho SGT-11 foicriado em 1996, como parte integrante da Comissão dePrestação de Serviços, apresentando como principal finalidadeà regulação do trabalho em saúde, ocorrendo reuniões duasvezes por ano em algum país do MERCOSUL, antecedendo aReunião de Cúpula. A estrutura institucional do SGT-11“Saúde” é formada por três comissões, sendo: a Comissão deProdutos para a Saúde, a Comissão de VigilânciaEpidemiológica e Controle Sanitário de Portos, Aeroportose Portos de Fronteira e a Comissão de Prestação de Serviços deSaúde, onde está alocada a Subcomissão ExercícioProfissional. Na Subcomissão Exercício Profissional, comoforma de melhorar o processo de trabalho e a operacionalizaçãoforam criados três Grupos de Trabalho-GT, que são: GT1 -Formação Profissional; GT2 - Regulação do Exercício

Profissional - Desenvolvimento e Exercício Profissional -;GT3 - Estrutura Organizativa dos Trabalhadores do SetorSaúde. A Associação Brasileira de Enfermagem-ABEnparticipa do GT1 - Formação Profissional. No que concerne aFormação Profissional o Ministério da Educação-MEC estáutilizando experimentalmente critérios de qualidade para aformação, com os Cursos de Agronomia, Engenharia e deMedicina. Neste processo o Brasil tem o compromisso dedefinir mecanismos de avaliação e certificação das instituiçõesformadoras em saúde para fins de trabalho profissional.

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O 14º SENPE foi palco de inúmeras discus-sões, dentre elas: “O espaço da Enfermagemno CNPq e as possibilidades de financiamentode pesquisa na área”, apresentada na Conferên-cia de Abertura. Afinal, a Enfermagem precisaconquistar seu espaço na área da pesquisa, tendoem vista que possui uma expressiva produçãocientífica.

O evento também proporcionou debatesatravés das mesas-redondas que apresentaramcomo temáticas: Políticas de Produção do Co-nhecimento em Enfermagem, Políticas de Ge-renciamento de Pesquisa em Enfermagem ePolíticas de Formação de Pesquisadores em En-fermagem, possibilitando um diálogo produtivosobre os eixos que nortearam o evento.

Ainda como parte da programação temáti-ca, destaca-se a apresentação dos trabalhos cien-tíficos inscritos no evento. Estes foram divididosem duas modalidades: pôsteres e sessões coor-denadas. A exposição na forma de pôsteres visoumanter o espaço de divulgação do maior núme-ro possível de trabalhos científicos realizadospela Enfermagem, totalizando 772 trabalhosaprovados. Enquanto que, as 35 sessões coorde-nadas, que contaram com a apresentação de 146trabalhos, visaram a troca de experiência depesquisadores, tornando-se um ponto alto doevento pela qualidade dos trabalhos inscritos econdução dos trabalhos. Assim foram discutidos918 trabalhos científicos, propiciando um ricointercâmbio entre os pesquisadores das diversasáreas temáticas.

O 14º SENPE também possibilitou aos par-

RELATÓRIO14º Seminário Nacional de Pesquisa em EnfermagemO Seminário Nacional de Pesquisa em Enfer-magem (SENPE) é um evento da AssociaçãoBrasileira de Enfermagem que acontece bianu-almente e neste ano coube a ABEn-SC a suarealização. O 14º SENPE ocorrido de 29 demaio a 1º de junho de 2007, na cidade de Floria-nópolis, no Centro de Cultura e Eventos daUniversidade Federal de Santa Catarina tevecomo tema central “Políticas de Pesquisa emEnfermagem”. Este visou à reflexão acerca daspolíticas de desenvolvimento científico-tecno-lógico e seu impacto na enfermagem; dos espa-ços da enfermagem nesse contexto; e da interfa-ce da produção do conhecimento em enferma-gem com as demais áreas.

Na cerimônia de abertura estiveram pre-sentes destacadas autoridades, entre elas, o pre-sidente do CNPq, professor Erney Felício Ples-sman de Camargo; o reitor da UFSC, professorLúcio José Botelho; a presidentae da ABEn Naci-onal, professora Francisca Valda da Silva; acoordenadora da Enfermagem da CAPES, pro-fessora Rosalina Aparecida Partezani Rodri-gues; coordenadora do Comitê de Enfermagemno CNPq, professora Alacoque Lorenzini Erd-mann; secretária Adjunta da Secretaria de Esta-do de Saúde de Santa Catarina, enfermeira Car-men Emília Bonfá Zanotto; secretário de Saúdedo Município de Florianópolis, professor JoãoJosé Cândido da Silva; diretor do Centro deCiências da Saúde, professor Cléo Nunes deSouza; diretora do Centro de Estudo e Pesquisada ABEn Nacional, professora Josete Luzia Lei-te e a presidente da ABEn-SC, professora Ange-

la Maria Alvarez. O evento contou a presençade ilustres representantes da Enfermagem bra-sileira que participaram do 14º SENPE profe-rindo palestras e colaborando com a qualidadedo debate durante as apresentações dos traba-lhos científicos.

A participação dos profissionais excedeu àsexpectativas da comissão organizadora, poiscontou com a presença de enfermeiros, docen-tes, estudantes de graduação e pós-graduaçãoe técnicos de enfermagem, como mostra aTabela 1.

Em Santa Catarina reuniram-se pesquisado-res em enfermagem provenientes de 20 estadosda federação brasileira. Destacando-se umamaior participação das Regiões Sul e Sudeste,com 400 e 380 participantes respectivamente,como se pode observar na Tabela 2.

Tabela I – Participantes do 14º. SENPE

CategoriaAuxiliar de EnfermagemEnfermeiroEstudante de EnfermagemTécnico em EnfermagemTOTAL

Inscritos02

69422202

920

Tabela 2 - Distribuição dos participantes do 14º.SENPE, segundo região do país

Nº de participantes por regiõesRegião NorteRegião NordesteRegião Centro-OesteRegião SudesteRegião SulTOTAL

Inscritos288725

380400920

Solenidade de abertura do 14º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem

Foto

s: A

cerv

o ABE

n-SC

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ticipantes a participação em Reuniões de Inte-resse (BVS, FNEPAS, CEPENs, Democratiza-ção do Sistema COFEn/COREns); Fóruns, co-mo por exemplo, o Fórum Nacional de Pesqui-sadores, o Fórum Nacional de Enfermagem Ge-rontogeriátrica e o Fórum de Editores Científi-cos; Lançamento de 15 Livros; e realização deCursos, que tiveram como principal foco possi-bilitar a aproximação com novos instrumentose abordagens na pesquisa em enfermagem.Sendo eles: Sistematização da Assistência deEnfermagem – Diagnósticos – CIPESC/ABEnque busca contribuir para a transformação daspráticas de Enfermagem no Brasil através daclassificação destas; Teleenfermagem/Telesaúdeque destacou o grupo de interesse em Informá-tica e Saúde da Enfermagem (SBIS) e o Depar-tamento de Teleenfermagem do Conselho Bra-sileiro de Telemedicina e Telesaúde; ProjetosIntegrados de Pesquisa que discutiu o gerencia-mento de projetos e os grupos de pesquisa,dentre outros assuntos; Pesquisa Convergente-Assistencial que abordou referenciais teóricos

e apresentou pesquisas utilizando esta modalida-de; e Análise de Dados Qualitativos com apoiocomputacional – Softwares de livre acessoLOGUS .

Como um fórum de discussão da pesquisaem enfermagem, as discussões da plenária finalressaltou a importância da construção de umapesquisa cada vez mais voltada à realidade daconstrução do Sistema Único de Saúde no quala enfermagem está inserida e tem sido respon-sável pelo seu desenvolvimento. O Grupo deInteresse da Enfermagem Gerontogeriátricaencaminhou documento que discute a questãodo cuidador de idosos e moções relacionadas àdemocratização e moralização do SistemaCOFEN/COREns, aos cuidados a portadoresde transtorno mental e valorização da área deestudo em história da enfermagem.

Assim, a Associação Brasileira de Enferma-gem – Seção Santa Catarina agradece a todosos participantes e colaboradores. Especialmenteos palestrantes que com sua competência cien-tífica possibilitaram o aprofundamento das ques-

Ângela Alvarez (ao centro), Josete Luzia e Marta Prado com a equipe de realização do evento

Ângela Maria AlvarezPresidente da ABEn-SC e da Comissão Executiva do 14º

SENPE

Josete Luzia LeiteDiretora do Centro de Estudos e Pesquisa em

Enfermagem/ABEn Nacional e coordenadora geral do14º SENPE

Betina Horner Schlindwein MeirellesDiretora Centro de Estudos e Pesquisa em Enfermagem/

ABEn-SC

Denise Dal RiMembro da Comissão de Secretaria do 14º SENPE

tões da pesquisa em Enfermagem no contextonacional e no âmbito da ABEn. Agradecemosaos enfermeiros que fizeram parte da comissãoorganizadora e aos estudantes que participaramcomo monitores na construção conjunta do 14ºSENPE. Pois acreditamos que eventos comoeste, e muitos outros, propiciam momentos detroca de saberes/informações, promovendo odesenvolvimento científico, político, técnico,e cultural dos profissionais de Enfermagem.

Sessão de pôsteres no 14º SENPE

Platéia da sessão de abertura do 14º SENPE

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68ª Semana Brasileira de EnfermagemENFERMAGEM: DIMENSÃO DO CUIDAR

objetivo da Semana Brasileira de Enfermagemfoi alcançado neste ano de 2007, em que o temacentral foi: Enfermagem: dimensões do

cuidar, de acordo com a deliberação do CONABEn– Gestão 2004-2007, realizado em Salvador no mêsde novembro de 2006.

As várias Seções, Regionais e Núcleos, pela orga-nização dos membros de suas diretorias e membrosassociados, puderam refletir sobre as dimensões re-lacionadas à prática do cuidado, permitindo a revisãodos processos de cuidado pelos profissionais e estu-dantes de Enfermagem envolvidos, desvelando osproblemas e dificuldades vividas na prática do cuidar,bem como, levantar sugestões para melhorias destaprática.

Num primeiro momento, como nos anos anteri-ores, a Coordenação Nacional elaborou o “Cadernode Dicas” que foi distribuído para as Seções e Regio-nais, por meio eletrônico (disquete), e disponibiliza-do na página da ABEn, com a finalidade de subsidiaras discussões e desenvolvimento da temática comoum todo.

Realizada como em todos os anos, em todo oterritório nacional, no período de 12 a 20 de maiode 2007, a Semana Brasileira de Enfermagem, refor-çou sua importância e relevância, como pôde serobservado nos relatórios encaminhados à Coordena-ção Nacional, pelas Seções: Sergipe, Maranhão, Pará,Tocantins, Distrito Federal; Regionais: Taubaté e SãoJosé dos Campos e o Núcleo de Concórdia.

A 68ª SBEn, no Rio de Janeiro, incluiu a programa programação comemorativa “EEAN – 70 naos devida universitária. Na abertura da Semana aconteceuna Escola de Enfermagem Anna Nery, a conferência“A Dimensão do Cuidar”, proferida pela professoraFrancisca Valda da Silva, presidenta da ABEn Nacio-nal. Foi realizada ainda a mesa-redonda “A Sistemati-zação da Assistência de Enfermagem na Dimensãodo Cuidar”; os palestrantes foram: Ana Karine RamosBrum; Marcos Antonio Gomes Brandão; Mara LuciaAmantéa; a Coordenação da mesa foi de Hosana Ma-chado Rodrigues Braz. O evento contou com a pre-sença de dezenas de participantes, representandodiversas instituições.

Quando todos lembraram a importância do dia16 de maio, Dia Nacional de Luta da Enfermagem

Contra A Impunidade no País, cobraram justiça pelohomicídio de Marcos Otavio Valadão e Edma Rodri-gues Valadão, foi distribuído também Manifesto emDefesa da Apuração de Responsabilidade e Puniçãodos Culpados pelo Duplo Homicídio dos Compa-nheiros Marcos Otavio Valadão e Edma RodriguesValadão.

Analisando-se os relatórios enviados, observa-se que o número de participantes variou bastante,sendo que a média oscilou entre 70 e 1000 partici-pantes, entre enfermeiros, estudantes e profissionaisde nível técnico.

As atividades desenvolvidas durante a Semanaforam muito variadas, contando com palestras, mesasredondas, oficinas, exposições de trabalhos científi-cos, cursos, homenagens, programação social e cul-tural (bailes, café da manhã), lançamento de livros,dentre outras.

Considera-se que os momentos vivenciados du-rante a 68ª Semana Brasileira de Enfermagem consti-tuíram-se em momentos riquíssimos, com um ele-vado nível de reflexão sobre o tema central, contri-buindo na socialização e divulgação da produçãocientífica da Enfermagem. As discussões e reflexõesforam de extrema importância no sentido de mobili-zar a atenção dos trabalhadores de Enfermagem denível médio e superior e os estudantes para as dimen-sões do cuidado na Enfermagem.

Para finalizar, gostaríamos de destacar que a reali-zação da 68ª Semana Brasileira de Enfermagem nesteano de 2007, primou pela organização, vontade ecriatividade dos trabalhadores e estudantes da Enfer-magem, que num movimento de construção coletivaengajaram-se para que os resultados das discussõespossibilitassem um pensar e fazer Enfermagem deforma crítica, reflexiva e criativa.

RELATÓRIO

Mesa de Abertura da 68ª Semana Brasileira de Enfermagem daRegional de São José dos Campos – SP

Jussara Gue MartiniCoordenadora do 68 SBEn 68ª Semana Brasileira de Enfermagem na EEAN/UFRJ.

Curso durante a 68ª Semana Brasileira de Enfermagem -Regional de São José dos Campos - SP

Fotos: Acervo ABEn Nacional

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A Associação Brasileira de Enfermagem,na Assembléia Nacional de Delegados(AND), realizada em Goiânia, em no-vembro de 2005, aprovou a revisão doseu Estatuto, nos aspectos que atendemas exigências do Novo Código Civil bra-sileiro. Definiu, também, a continuidadedo processo de "Repensar a ABEn",como já tinha sido deliberado na ANDde Gramado, em outubro de 2004.

As possibilidades de empreender-mos o processo de ressignificação daABEn decidido pela AND, implicam nodesenvolvimento de estudos das lógicasdos processos associativos da nossacultura institucional, das transformaçõesque desejamos alcançar, dos nossos mo-

dos de crescimento e de estabilização,bem como, dos nossos conflitos e obje-tivos fundamentais.

Hoje, frente à reestruturação produ-tiva e às novas tecnologias, enfrentamosnovas exigências para que as associaçõesdos diversos segmentos se constituamlegalmente. E, além dos requisitos lega-is, os homens e mulheres que preten-dam ingressar em uma associação, preci-sam refletir sobre as mudanças compor-tamentais e culturais que daí decorrem.

O processo de Repensar a ABEnimplica em compreendermos nossosuniversos coletivos de sentidos e comoconstruímos os sentidos particulares, osvínculos humanos e os valores funda-

mentais, tanto da vida pública, como davida privada. Segundo Vizer (2003), umaspecto primordial a ser analisadoquando pretendemos ressignificar umaentidade, é a discussão das diferentesformas de relação e de ação social,principalmente, em associações voluntá-rias, bem como, estudar as particulari-dades dos processos de comunicação eparticipação social, política e cultural narelação com seus associados e nas rela-ções estabelecidas com outras institui-ções da sociedade.

As questões apresentadas podem nosdar uma noção das implicações do tra-balho que temos pela frente, visandorealizar um processo de "Repensar" a

REPENSAR a ABEnalgumas reflexões

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Platéia da solenidade de abertura do 58º Congresso Brasileiro de Enfermagem, em Salvado/BA, novembro de 2006

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ABEn. A tarefa que nos aguarda combinaa produção de conhecimentos com aauto-reflexão sobre os nossos modosde organização, sobre nossa estrutura,nossos objetivos e valores fundamentais,favorecendo o conhecimento integraldas relações entre os complexos pro-cessos que nos constituem enquantouma entidade coletiva.

Destaca-se que precisamos, ainda,considerar que este não é um processofácil. É irônico o fato de, apesar de com-prometidos com as mudanças e odesenvolvimento da ABEn, sermos tãoconservadores quando tratamos demudanças. Para Hudson (1999), issoocorre porque as mudanças são vistascomo ameaças à independência daorganização. Normalmente, acrescentao autor, os favoráveis às mudanças argu-mentam em termos de melhoria dacapacidade para responder às demandasde seus associados e da sociedade; poroutro lado, os que defendem o "statusquo" argumentam que as mudançaspropostas rompem valores importantesda organização. Geralmente, existe umfundo de verdade em ambas as posições,desse modo, em pouco tempo, asmudanças necessárias ficam encalhadasno "lodo" dos argumentos competiti-vos. A saída indicada pelo autor é a cons-trução do consenso sobre os processosde mudança.

O processo de "repensar" não se re-sume ou se esgota no estatuto. É funda-mental que tenhamos, como primeirameta, a construção coletiva de um pro-jeto da "ABEn que queremos", paraentão desenharmos um estatuto flexível,que responda às exigências de hoje,onde, em um período muito curto, oque parecia uma estrutura ideal, torna-se incoerente para as pessoas dentro efora da entidade.

A ABEn, em consonância com suahistórica trajetória de 80 anos de demo-cracia e autonomia, criada e mantida porpessoas que acreditam que as mudançassão necessárias e que desejam, elasmesmas, protagonizar as transforma-ções, certamente estará articulada naconstrução do "Repensar a ABEn",comprometido com seu espírito em-

preendedor e com seus valores funda-mentais.

Na tentativa de encontrar respostaspara as questões colocadas desenvolve-mos uma agenda de atividades noperíodo de 2005 a 2007, desenvolvendouma nova minuta de estatuto atendendoàs exigências do Novo Código Civilbrasileiro; apresentando as Diretrizespara o Repensar a ABEn, apontando osaspectos que norteiam o trabalho daCENRE - fase 2; desenvolvemos umaconsulta pública aos profissionais deenfermagem no país, por meio eletrô-nico, com a disponibilização do Roteirona página da ABEn, no período de abril aagosto de 2006 e por meio de pesquisadireta com os associados nos eventos daABEn, no mesmo período, com a parti-cipação de 553 profissionais e acadê-micos de enfermagem de todo o país.

Realizamos, ainda, uma oficina pararefletirmos sobre os nossos modos deorganização, sobre nossa estrutura, nos-sos objetivos e valores fundamentais, fa-vorecendo o conhecimento das relaçõesentre os complexos processos que nosconstituem enquanto uma entidade co-letiva, durante o 58ª CBEn, em Salvador/BA. Os resultados das atividades desen-volvidas estão disponibilizados nos rela-tórios da ABEn, bem como, na página daentidade para o conhecimento de seusassociados.

Assim, para que a Associação seconcretize e encontre seus caminhos, o"nós" deverá ser mais valorizado que o"eu", tanto nas ações internas da entida-de, como nas externas. Os processos deconjugação de interesses pressupõemum conjunto ou rede social de pessoasunidas por relações intersubjetivas deinterdependência recíproca, sejam elasrelações diretas, institucionais ou formasde relações tecnologicamente mediadas(em redes virtuais, por exemplo).

As questões apresentadas podem nosdar uma noção das implicações do traba-lho que temos pela frente, visando reali-zar um processo de "Repensar" a ABEn.Nossa tarefa combina a produção de co-nhecimentos com a auto-reflexão sobreos nossos modos de organização, sobrenossa estrutura, nossos objetivos e valo-

res fundamentais, favorecendo a com-preensão das relações entre os comple-xos processos que nos constituem,enquanto uma entidade coletiva. Comtais questionamentos, buscamos auxiliaro grupo na articulação destas questõescom a formulação coletiva de umprojeto da organização que queremospara a Associação hoje, visando construira ABEn do amanhã.

A ABEn, em consonância

com sua histórica trajetória de

80 anos de democracia e

autonomia, criada e mantida

por pessoas que acreditam

que as mudanças são

necessárias e que desejam,

elas mesmas, protagonizar as

transformações, certamente

estará articulada na construção

do "Repensar a ABEn",

comprometido com seu

espírito empreendedor e com

seus valores fundamentais

Referências

VIZER, Eduardo A. La trama (in)visible de lavida social: comunicación, sentido y realidad.Buenos Aires:La Crujía, 2003.

HUDSON, Mike. Administrando organizações doTerceiro Setor: o desafio de administrar semreceita. São Paulo: Makron Books, 1999.

Jussara GueProfessora da UFSC, coordenadora da

CENRE-3, segunda tesoureira da ABEnNacional

Henriqueta Luce KruseProfessora da UFRS, membro da CENRE-3

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Diretrizes curriculares da Enfermagem e o Projetode Expansão e Interiorização Universitária

IMPLICAÇÕES E DESAFIOS.eve a Universidade adaptar-seà sociedade ou a sociedadedeve adaptar-se a ela? (MORIN,1999). Esta é uma questão que vem

incomodando a academia, tendo em vista aforte crítica sofrida pela universidade, desdea década de 1970, pelo seu distanciamentoda sociedade e pela ausência de resposta àsdemandas decorrentes do processo demudanças econômicas e sociais que ocorremno país e no mundo.

Boaventura dos Santos em seu livro PelaMão de Alice, publicado no Brasil em 1997,alertava que essas pressões sociais sobre amissão da Universidade contemporânea,

contraditórias entre si, geravam o que eledenominou de tripla crise da universidade,ou seja: uma crise de legitimidade – condiçãona qual uma dada condição social que deixade ser consensualmente aceita; uma crise dahegemonia – quando uma dada condiçãosocial deixa de ser considerada necessária,única e exclusiva; e, uma crise institucional oude governabilidade – onde uma dada condiçãosocial estável e auto-sustentada deixa depoder garantir os pressupostos que assegu-ram a sua reprodução (SANTOS, 1997).

Por sua vez, a reestruturação do mundodo trabalho e as novas exigências de perfilde formação de profissional, polivalente,

flexível, detentor de competências gerais eespecíficas, impõem à Universidade desafiosque, por vezes, estão além da sua capacidaderesolutiva.

Desse modo, sofre uma tensão sobre-adaptativa imposta pelas políticas ditadas poruma economia globalizada, muitas vezes,ameaçam a sua autonomia e põe em risco oseu projeto político de desenvolvimento(MORIN, 1999).

No Brasil, estes aspectos são agravadospela forma como a universidade se estruturaa partir da década de 1960, quando seestabelece a Reforma Universitária pela lei5540/68. Embora tenha trazido um im-

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A reestruturação do mundo

do trabalho e as novas

exigências de perfil de

formação de profissional,

polivalente, flexível, detentor

de competências gerais e

específicas, impõem à

Universidade desafios que, por

vezes, estão além da sua

capacidade resolutiva

portante crescimento intelectual e infra-estrutural em todo o país, a reformauniversitária brasileira de 1968 traz tambémas marcas de uma estrutura acadêmicacentrada no modelo departamental, deformação bancária, elitista, seletiva e exclu-dente, que favorecem o distanciamento dasociedade e a fragmentação de saberes eações que poderiam estar interligados, ge-rando descontinuidades de processos epouco compromisso dos atores sociaisenvolvidos.

Como afirma Trindade (2007, p. 45) “Sea Reforma de 1968 modernizou e profissio-nalizou as universidades públicas, suaburocratização foi o outro lado da moeda:esta se tornou mais uma organização com-plexa do que uma instituição social dentroda tradição latino-americana”.

Associado a isso, a universidade passa aser alvo de uma política econômica recessiva,decorrente do ajuste fiscal iniciado nos anosde 1980 e fortalecido na década de 1990. Aconseqüência imediata foi a diminuição deinvestimentos públicos para a educação emtodos os níveis, e particularmente, no ensinosuperior. As sucessivas restrições orçamen-tárias, os cortes nos investimentos em infra-estrutura, recursos materiais e humanosprovocaram o sucateamento das universi-dades existentes, impedindo a sua expansão(BRASIL, 2006).

Ao mesmo tempo, a rápida expansão doensino médio demandaria conseqüentes

pressões para o acesso ao ensino superior, oque originou um “crescimento desordenadoda rede privada de ensino superior” (BRASIL,2006). Esta, prioritariamente, voltada paraas ações de ensino, secundariza a pesquisa, aprodução do conhecimento e as atividadesde extensão, favorecendo uma baixa quali-dade do ensino, tendo em vista o não aten-dimento aos requisitos de qualificação docorpo docente, produção científica e infra-estrutura adequada.

Segundo Trindade (2007) o Brasil seclassifica como o terceiro país no ranking daprivatização do ensino superior da AméricaLatina e o sétimo lugar na escala mundial,chegando a alcançar cifras de 75% de matrí-culas no sistema privado, contra 25% devagas no ensino superior público federal,estadual e municipal.

Hoje a Reforma Universitária, emboraextraída de uma conjuntura de enfraqueci-mento do Estado, diluição negativa dasfronteiras com a sociedade, e inserção daconcepção da “sociedade do conhecimentoglobalizado” e da “educação como um bempúblico global”, passa a ser defendida porum governo que tem como compromissopúblico o desenvolvimento de “um projetode nação soberana” (TRINDADE, 2007, p.49).

Desse modo, antes mesmo que viesse aresponder sobre o papel do Estado na garan-tia de um ensino superior público no con-texto de uma economia globalizada; ou, opapel da universidade na construção de umasociedade nação; ou ainda, sobre a expansãoaceitável para o sistema público de ensinosuperior de modo a não perder a qualidade eo fundamento da sua missão, o Estado passaa adotar através de Decretos e Resoluçõesestratégias que antecipam a Reforma Univer-sitária que ainda se encontra em processo detramitação.

O contexto que hoje se apresenta como“favorável” à discussão e aceitação de umaproposta de reforma universitária apresen-tada por um governo eleito como democrá-tico e popular, pode representar, na verdade,situações conjunturais da sociedade e daspróprias universidades federais, caracteriza-das pela pressão social pelo acesso ao ensinosuperior decorrente da expansão do ensinomédio, principalmente de classes maispobres da sociedade; pela total desmobiliza-ção política no interior das InstituiçõesFederais de Ensino superior (IFES) compro-metendo o debate e a construção de uma

massa crítica acerca das medidas governa-mentais implementadas a partir de decretose portarias, como alternativas para o atendi-mento das carências institucionais, progressi-vamente instaladas nas IFES, nos últimosvinte anos. Destacam-se, em 2007, o REUNI,a privatização dos hospitais universitários e oprofessor equivalente.

Associado a isso, o discurso que justificatais medidas vem ao encontro dos anseios edemandas sociais requerentes de democrati-zação e ampliação de acesso e de metodo-logias no ensino superior, obscurecendo asreais intenções de um projeto que agrava aprecarização do vínculo de trabalho e favo-rece a privatização nas instituições públicas.

Nota-se que mais uma vez se estabeleceo confronto entre a intenção – expressa naslinhas ideologicamente traçadas em conso-nância com projetos de democratização einclusão social; e o gesto – apresentado pelaausência de garantias de recursos financeirospara manutenção da qualidade da educaçãosuperior, pelo desrespeito ao trabalhodocente e pelo ataque a autonomia institu-cional das universidades federais brasileiras.

No contexto da formação em saúde aintencionalidade do REUNI apresenta-secomo pontencializador para o fortaleci-mento do Sistema Único de Saúde (SUS), apartir da perspectiva da interiorização dasações e da inserção do profissional na Estra-tégia de Saúde da Família, assegurando aoestudante o exercício processo de trabalhocoletivo e vínculo com a realidade loco-regional; o favorecimento da mudança para-digmática no processo e perfil de formaçãoprofissional previsto nas Diretrizes Curri-culares Nacionais (DCN) para os cursos degraduação da área da saúde; e a ampliação daPolítica de Formação e Educação Permanen-te em Saúde (Port. 198/MS) para os demaisespaços institucionais de organização dos ser-viços de saúde.

Na formação em Enfermagem estasmedidas possibilitam, também no campo daidéia, a democratização do acesso ao ensinosuperior, a partir da expansão e interiorizaçãoda oferta de vagas públicas e contribui comas mudanças no modelo de atenção em saúdepela inserção do estudante na ESF e pelaarticulação ensino-serviço-comunidade.

Todavia, promover expansão sem garan-tias de qualificação e autonomia institucionalé preocupante, e sobre esse tema, a enferma-gem brasileira deverá orientar a sua leitura eanálise crítica, tendo como eixos os

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Como imaginar uma relação

de 1 professor para 18 alunos

em uma sala de parto? Ou em

uma UTI? E, mesmo que seja

na atenção básica em saúde,

como admitir em uma equipe

de saúde da família, ou na sala

de vacinação o número de 18

alunos?. Para o MEC,

entretanto, é apenas uma

questão de melhor

aproveitamento dos recursos

humanos, ou seja, de

aumentar o esforço docente

princípios que regem os seus projetos polí-tico, pedagógico e profissional, bem comoas DCNs para o curso de Enfermagem.

Visando contribuir com esta reflexão,aqui serão ressaltados alguns aspectos cons-tantes no Decreto REUNI, e suas implica-ções ao projeto de formação pensado para aenfermagem no Brasil:

Lê-se no Artigo 1o do Decreto que: Fica instituído o Programa de Apoioa Planos de Reestruturação e Expan-são das Universidades Federais - REUNI, com o objetivo de criarcondições para a ampliação do acessoe permanência na educação superior,no nível de graduação, pelo melhoraproveitamento da estruturafísica e de recursos humanosexistentes nas universidadesfederais (grifo nosso).

O Artigo citado tem gerado desconfortopor parte dos docentes e de suas associações,sendo colocado como tema preocupantepelo professor Paulo Marcos Borges RizzoVice-presidente do Sindicato Nacional deDocentes das Instituições de Ensino Superior(IES), em seminário sobre “As Novas Facesda Reforma Universitária”, realizado nos dias14 e 15 de junho de 2007, na Universidadede Brasília (UnB). O evento foi promovidopelo ANDES-SN e pela ADUnB.

Diz o professor: “Nossa preocupação écompreender o que seria esse melhor apro-veitamento dos recursos humanos existentesnas universidades. Afinal, os recursoshumanos hoje não estão sendo bem aprovei-tados?”. A colocação do professor é perti-nente, pois se sabe que o professor das IFESpossui hoje uma carga de trabalho queultrapassa o regime de 40 horas e de DE,tendo em vista, o seu envolvimento comensino (em nível de graduação e pós-gradua-ção lato e stricto-sensu), pesquisa, orientaçãoe extensão universitária. Para o professorRizzo está havendo, dentro das universidades,uma forte rejeição ao decreto, por se perce-ber uma desconsideração ao trabalhodocente (ANDES, 2007).

O professor Thompson Fernandes Mariz,Reitor da Universidade Federal de CampinaGrande (UFCG), alerta que,

Aumentar a oferta de vagas no ensinosuperior e ampliar as políticas deinclusão e assistência estudantil sãoobjetivos que exigem significativoinvestimento, não sendo um alvopossível de se atingir apenas em me-

lhor aproveitar a estrutura física e osrecursos humanos existentes, atéporque estes recursos estão já hámuito tempo defasados (MARIZ,2007).

Observa-se, portanto, que desde o seuprimeiro artigo, o decreto presidencial gerapolêmicas no meio acadêmico, principal-mente, pela forma como está sendoverticalmente divulgada e implantada nointerior das IES. Merece, desse modo, umadiscussão profunda que deve anteceder aadesão ou não ao mesmo.

Ainda no Artigo 1º, em seu primeiroparágrafo lê-se que

O Programa tem como meta globala elevação gradual da taxa de conclu-são média dos cursos de graduaçãopresenciais para noventa porcento e da relação de alunos degraduação em cursos presen-ciais por professor para dezoi-to, ao final de cinco anos, a contar doinício de cada plano (grifo nosso).

Sobre esse assunto, novamente o profes-sor Thompson ressalta a preocupação acercada “meta nada modesta” do REUNI de elevara taxa de conclusão média dos cursos e darelação professor-aluno em cursos presen-ciais. De acordo com o reitor,

Esta preocupação aumenta bastantequando lembramos que o Decretoem referência é fruto do Plano deDesenvolvimento da Educação –PDE, que tem como escopo a dupli-cação da oferta de vagas no ensinopúblico superior. Como o Plano deReestruturação não pode estar des-contextualizado do Plano de Acele-ração do Crescimento – PAC, queprevê, para os próximos dez anos,uma significativa limitação na expan-são das folhas de pagamentos, nãopermitindo aumento superior a 1,5%por ano, o objetivo do REUNI serevela assustador. Nesta hora perce-bemos que o aparentemente inques-tionável objetivo do REUNI de am-pliar o acesso e a permanência na edu-cação superior se dará pelo muitís-simo questionável “melhor aproveita-mento da estrutura física e de recur-sos humanos existentes nas universi-dades federais”. Duplicar a oferta devagas e aumentar, pelo menos em50%, o número de concluintes, apartir de um incremento de apenas

20% das atuais verbas de custeio epessoal (excluídos os inativos!) é aindicação sub-reptícia de que a rees-truturação proposta pelo Decreto Nº.6.096 cobra uma subutilização dosrecursos existentes nas Universida-des Federais e aponta somente doiscaminhos para o cumprimento de suameta global: a aprovação automáticaou a cer tificação por etapas deformação (MARIZ, 2007).

Em resposta a esses questionamentos adiretora do Departamento de Desenvolvi-mento do Ensino Superior do MEC, IedaDiniz, ressaltou que “O ministério não estáimpondo nada. O que é complicado é terum professor para três alunos, como ocorreem muitos casos”.

Tal afirmativa traz, para cursos, como En-fermagem, uma condição de inviabilidade deensino teórico-prático, considerando as es-pecificidades dessa formação. Como ima-ginar uma relação de 1 professor para 18alunos em uma sala de parto? Ou em umaUTI? E, mesmo que seja na atenção básicaem saúde, como admitir em uma equipe desaúde da família, ou na sala de vacinação onúmero de 18 alunos?. Para o MEC, entre-

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Referências

ANDES/SN. Pacote do ensino superior em debate.Acessado em: http://www.andes.org.br. Agosto de2007.

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa deExpansão do Sistema Público Federal de Educação Superior.http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/acs_170605ifes.pdf, Acesso em: Agosto de 2006.

BRASIL, Casa Civil. Decreto nº 6.096 de 24 de abril de2007. Institui o Programa de Apoio a Planos deReestruturação e Expansão das UniversidadeFederais - REUNI. Acessado em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6096.htm

MARIZ, T. REUNI - para onde caminha a Universidade?Fonte: http://www.andifes.org.br/news.php#5716 http://www.cefet-rj.br/comunicacao/noticia/2007-06-14-reuni.htm.Acesso em: 12.06.2007, 14:00.

MORIN, Edgar. Complexidade e transdisciplinaridade: areforma da universidade e do ensino fundamental.Natal: EDUFRN, 1999.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: osocial e o político na pós-modernidade. 3 ed. SãoPaulo: Cortez, 1997.

TRINDADE, H. A República em tempos de reformauniversitária: o desafio do governo Lula. Acessadoem: http://www.scielo.br/pdf/es/v25n88/a09v2588.pdf. Agosto de 2007.

Rosalba Pessoa de Souza TimoteoProfessora do Departamento de Enfermagem da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Sidênia Alves Sidrião de A. MendesProfessora do Departamento de Enfermagem da

Universidade Federal Fluminnse

tanto, é apenas uma questão de melhoraproveitamento dos recursos humanos, ouseja, de aumentar o esforço docente.

Considerando que associada a essa meta,a graduação em enfermagem no Brasil,enfrenta graves problemas de disputa esuperlotação dos campos de estágio, tendoem vista a política de expansão do ensinoprivado, que promoveu um crescimentodesordenado de escolas e cursos de enfer-magem em todo o Brasil; e, considerandoainda, que além da graduação existe outrogrande contingente de escolas técnicas emenfermagem, torna-se inadmissível pensarna ampliação de vagas e cursos, sem que antesse faça estudos de demanda e condições deoferta loco-regional e nacional.

Não se trata apenas de estar observandoo aumento do esforço docente pelo aumen-to da relação de 1/18, o que implica não sóno ensino, mas também nas demais ações depesquisa, extensão, orientação acadêmica,entre outros. Mas, da garantia da qualidadena formação, a qual estará ameaçada, tendoem vista: o aumento do número absoluto dealunos p/ campos de estágios; a diminuiçãode oportunidades de aprendizagem e condi-ções de ofertas dos campos; a centralizaçãodo trabalho docente no ensino e, conse-qüente, fragilização das atividades de pesquisae extensão.

Convém ressaltar uma das diretrizesprevista no item IV do art. 2 que trata daar ticulação da graduação com a pós-graduação e da educação superior com aeducação básica, pois, a realidade históricada formação em enfermagem apontaexatamente para a direção diametralmenteoposta ao que está proposto no artigo. Ésabido que, embora seja extremamentenecessária, a articulação entre os três níveisde formação em enfermagem não ocorre,ou melhor, estudos mostraram que a divisãotécnica e social do trabalho em enfermagemé resultante deste modo de produzir a forçade trabalho em saúde, perpetuando ummodelo cristalizado nas relações hierar-quizadas, elitistas e fragmentadas de cuidarem saúde. Romper com esse modelovisando a integração dos níveis de formaçãoconstitui um dos grandes desafios a serenfrentado.

Outros desafios se impõem aos Cursosde Enfermagem antes da sua adesão aoprojeto governamental, dentre os quaissalientam-se: Assumir posição crítica edecisória frente às políticas para a educação

superior (Reforma Universitária/MEC);Estar alerta que o decreto ora estudado nãose trata de uma ação isolada, mas pertencentea um pacote de mudanças do contexto daReforma Universitária; Garantir a inego-ciabilidade de princípios e concepções queorientam o projeto político da profissão;Assegurar o compromisso da formação commáximo de qualidade e de compromissosocial; Buscar estratégias resolutivas para oeminente processo de expansão e interi-orização; Estabelecer espaços de diálogo enegociação com comunidades, setores eserviços; Incentivar adoção de postura pró-ativa nos atores envolvidos no processo deformação; Identificar e reunir parceiros paraos projetos pensados na enfermagem;Conciliar e articular com qualidade as ativi-dades pilares da Universidade (ensino,pesquisa e extensão); Continuar lutando pelaUniversidade pública, gratuita, autônoma ede qualidade.

A Associação Brasileira de Enfermagem(ABEn) enquanto entidade legítima nacoordenação política da Enfermagem brasi-leira deve continuar assumindo o seu papelde articuladora e coordenadora das questõesatinentes à formação profissional, trazendopara si a responsabilidade de promoveramplos debates subsidiando e assessorandoas discussões locais e fortalecendo a capaci-dade crítica da categoria. Deste modo, estarácontribuindo, mais uma vez, com a melhoriada qualidade do ensino profissional em saúdeno Brasil.

A graduação em

enfermagem no Brasil,

enfrenta graves problemas de

disputa e superlotação dos

campos de estágio, tendo em

vista a política de expansão do

ensino privado, que promoveu

um crescimento desordenado

de escolas e cursos de

enfermagem em todo o Brasil

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Escola de Enfermagem Anna Nery84 anos de existência e 70 anos de vida universitáriaEscola de Enfermagem Anna Nery84 anos de existência e 70 anos de vida universitária

Com o advento do Estado Novo, quando a Univer-sidade do Rio de Janeiro foi reestruturada, passandoa denominar-se Universidade do Brasil (1937), aEscola de Enfermagem Anna Nery passa a integrar anova universidade. Para tanto foi decisivo o entrosa-mento entre a Associação Nacional de EnfermeirasDiplomadas Brasileiras, presidida por Edith de Maga-lhães Fraenkel, e a Federação Brasileira para o Pro-gresso Feminino, presidida por Bertha Lutz.

Entretanto a Escola de Enfermagem Anna Nery,desde 1931, já era legalmente o padrão oficial de re-ferência para o ensino de enfermagem. Neste mesmoano, também fora decretado o Estatuto das Universi-dades Brasileiras. Na ocasião, foram incorporadas àUniversidade do Rio de Janeiro, as Faculdades deFarmácia e de Odontologia. Apesar de se haver cogi-tado da incorporação da Escola de Enfermagem AnnaNery, uma vez que havia o reconhecimento, de quea mesma “atendia aos padrões técnicos encontradosem universidades de outros países”, o fato é que elapermaneceu no Departamento Nacional de SaúdePública, devido às “conveniências da organização sa-nitária”.

A invejável posição de escola padrão deveu-seao trabalho desenvolvido pela Missão de Coopera-ção Técnica para o Desenvolvimento da Enferma-gem no Brasil (Missão Parsons). A implantação deum novo modelo de enfermagem ocorreu no âmbi-to da reforma sanitária liderada por Carlos Chagas,então diretor do Departamento Nacional de Saúde

Pública, o qual ensejou a vinda desse grupo de enfer-meiras norte-americanas, patrocinado pela FundaçãoRockfeller.

Ao término dessa missão, que aqui permaneceudurante uma década (1921-1931), a Escola de En-fermagem Anna Nery tinha como patrimônio físicoum prédio de três andares, denominado Pavilhãode Aulas, adequadamente equipado para o ensino, eo prédio do Internato na Avenida Rui Barbosa, umamplo e elegante edifício em estilo neoclássico. OInternato, inaugurado em 1926, e o Pavilhão de Au-las, em 1927, monumentos da enfermagem brasilei-ra, conferiu sinais distintivos àsenfermeiras, pois os dispositivosarquitetônicos enquanto símbo-los de poder, situavam os agentesnos espaços sociais, instituindoem sua materialidade um sistemade valores, necessários à ocupa-ção de posições prestigiosas. Ain-da como legado da missão de en-fermeiras evidencia-se a implantação de um ensinosólido e a institucionalização de rituais e emblemascuja importância se revestia na consagração de ummodelo de enfermeira para a sociedade.

A preocupação com a qualificação de suas profes-soras em cursos de pós-graduação no exterior ocor-reu desde a formatura da primeira turma (1925).Essa estratégia expressa o pioneirismo da escola noque concerne ao entendimento de que a “cultura”,

supostamente, garantida pelo valor do diploma esco-lar, funciona como moeda de troca na luta pelo reco-nhecimento social, uma vez que o “sistema de ensino,operador institucionalizado de classificações, repro-duz as hierarquias dos mundos sociais, com suasclivagens que refletem as divisões do mundo social”.

Também por isto, sempre foi importante a con-tribuição da Escola de Enfermagem Anna Nery tantopara a organização da categoria, como para a estrutura-ção do campo científico. Neste sentido, a atual Asso-ciação Brasileira de Enfermagem, como seu órgãooficial, a Revista Brasileira de Enfermagem, que

representaram os primeiros espaços de elaboraçãode um discurso próprio à enfermagem, tiveram suasorigens no espaço institucional da Escola Anna Nery.

Nos anos 1970, a Escola Anna Nery foi abaladapela Reforma Universitária: perdeu a iniciativa deselecionar seu alunado, passando inclusive a recebercandidatos de ambos os sexos; inserida no Centrode Ciências da Saúde, a criação do Ciclo Básico pri-vou-a da oportunidade de um contato precoce com

Fachada do prédio da Escola Anna Nery, no Rio de Janeiro, 1926

A Escola de Enfermagem Anna Nery, desde

1931, já era legalmente o padrão oficial de

referência para o ensino de enfermagem

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Tânia Cristina Franco SantosProfessora Adjunta do Departamento de EnfermagemFundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery /Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do

Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira

Ieda de Alencar BarreiraProfessora Titular (aposentada) do Departamento de

Enfermagem Fundamental e Professora Permanente daPós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery /

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro doNúcleo de Pesquisa de História da Enfermagem

Brasileira. Pesquisadora do CNPq

Suely de Souza BaptistaProfessora Visitante da Faculdade de Enfermagem da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. ProfessoraTitular (aposentada) do Departamento de Enfermagem

Fundamental e Professora Colaboradora da Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery /

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro doNúcleo de Pesquisa de História da Enfermagem

Brasileira. Pesquisadora do CNPq

os alunos novatos; seus alunos perderam o direito àajuda de custo e ao internato; o corpo docente passoua ser constituído por docentes enfermeiros, que seagruparam em torno de Departamentos; o ensinopassou a se desenvolver de acordo com o sistemade créditos. Por outro lado, o estabelecimento daindissolubilidade entre ensino e pesquisa determi-nou a necessidade da abertura dos cursos de mestra-do em Enfermagem. No Brasil, a pós-graduação emenfermagem stricto sensu teve início em 1972, coma criação do curso de Mestrado da Escola de Enfer-magem Anna Nery, o primeiro do país.

O advento dos cursos de pós-graduação contri-buiu para a constituição do habitus científico dasenfermeiras, mediante a concentração dos esforçosindividuais no sentido de realizar uma atividade depesquisa como requisito necessário à obtenção datitulação requerida, caracterizando assim, o estreitovínculo entre a pós-graduação e o desenvolvimentoda pesquisa em enfermagem no Brasil.

Em 1978, com vistas às perspectivas abertas pela7ª Conferência Nacional de Saúde, que antecipavauma reforma sanitá-ria e tendo em vista otempo necessário àformação profissio-nal, a Escola implan-tou um currículo degraduação inovador,com ênfase nos as-pectos relacionados àsaúde coletiva e nasabordagens das ciên-cias humanas e tendocomo idéia norteado-ra a integração disci-plinar.

O Curso deDoutorado em En-fermagem da Escolade Enfermagem Anna Nery, o terceiro do país, foicriado em 1989 e representou a aquisição e insti-tucionalização do capital científico necessário à lutapor um espaço no campo científico. A Escola deEnfermagem Anna Nery foi pioneira, na década de1990, na criação do primeiro Curso de Pós-doutorado em História da Enfermagem no Brasil,sob a responsabilidade do Núcleo de Pesquisa deHistória da Enfermagem Brasileira.

Assim, é com justificado orgulho que a Escolade Enfermagem Anna Nery, ao comemorar setentaanos de vida universitária, apresenta uma notávelcontribuição, à Universidade Federal do Rio deJaneiro e à enfermagem, no cenário nacional einternacional.

Referências

Baptista, SS, Barreira, IA. A luta da enfermagem porum espaço na universidade. Rio de Janeiro: UFRJ,1997.

Bourdieu P. A Distinção: crítica social dojulgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre, RS:Zouk, 2007.

Santos TCF, Barreira IE. O poder simbólico daenfermagem norte-americana no ensino daenfermagem na capital do Brasil (1928-1938). Riode Janeiro (RJ): Anna Nery; 2002.

Santos TCF. Significado dos Emblemas e Rituais naformação da identidade da enfermeira brasileira:uma reflexão após oitenta anos. Esc Anna Nery REnferm 2004 abr; 8 (1): 81-86.

Sauthier J e Barreira IE. As Enfermeiras Norte-Americanas e o Ensino da Enfermagem na Capital doBrasil (1921-1931). Rio de Janeiro (RJ): AnnaNery; 1999.

Acima, o prédio do pavilhão de aulas, em 1928; abaixo, a Escola Anna Nery, em 1970

A Escola de Enfermagem

Anna Nery, ao comemorar

setenta anos de vida

universitária, apresenta uma

notável contribuição, à

Universidade Federal do Rio

de Janeiro e à enfermagem,

no cenário nacional e

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