Upload
ngohanh
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
AUTOR: ENGENHEIRO AGRÔNOMO ALÍPIO LUÍS DIAS
CREA: 0601114587
2
SUMÁRIO
Introdução 3
Processamento da Cana 5
Economia e História 5
Produção da Cana - de - Açúcar no Brasil 7
Variedades da Cana - de - Açúcar 12
Clima e Solo 12
Cultivares 13
Preparo do Terreno 14
Calagem 14
Adubação 15
Adubação Mineral de Plantio 15
Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira 16
Plantio 16
Tratos Culturais 17
Pragas e seu Controle 18
Colheita 19
Maturador Químicos 20
Determinação do Estágio de Maturação 20
Operação de Corte (Manual e/ ou Mecanizada 20
Rendimento Agrícola 21
Produção de Mudas 21
Processo da Produção da Cana - de - Açúcar 23
- Correção do Solo 23
- Controle de Plantas Daninhas 24
Condições do Solo para Cultivo de Cana - de - Açúcar 25
Cana - Colheita Mecanizada 30
3
Cana-de-Açúcar
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é uma planta que pertence ao gênero Saccharum L..
Há pelo menos seis espécies do gênero, sendo a cana-de-açúcar cultivada um
híbrido multiespecífico, recebendo a designação Saccharum spp. As espécies
de cana-de-açúcar são provenientes do Sudeste Asiático. A planta é a principal
matéria-prima para a fabricação do açúcar e álcool (etanol).
É uma planta da família Poaceae, representada pelo milho, sorgo, arroz
e muitas outras gramas. As principais características dessa família são a forma
da inflorescência (espiga), o crescimento do caule em colmos, e as folhas com
lâminas de sílica em suas bordas e bainha aberta.
É uma das culturas agrícolas mais importantes do mundo tropical,
gerando centenas de milhares de empregos diretos. É uma importante fonte de
renda e desenvolvimento. O interior paulista, principal produtor mundial de
cana-de-açúcar, é uma das regiões mais desenvolvidas do Brasil, com
elevados índices de desenvolvimento urbano e renda per capita muito acima da
média nacional. Embora o sobredito desenvolvimento não se deva
exclusivamente ao cultivo dessa gramínea, sendo resultado de uma conjunção
4
histórica de interesses de capitais privados. Por outro lado, o estabelecimento
dessa monocultura em regiões do litoral nordestino brasileiro, desde o século
XVI, não garantiu o mesmo desenvolvimento observado para algumas regiões
do estado de São Paulo.
A principal característica da indústria canavieira é a expansão através do
latifúndio, resultado da alta concentração de terras nas mãos de poucos
proprietários, mormente conseguida através da incorporação de pequenas
propriedades, gerando por sua vez êxodo rural. Geralmente, as plantações
ocupam vastas áreas contíguas, isolando e/ou suprimindo as poucas reservas
de matas restantes, estando muitas vezes ligadas ao desmatamento de
nascentes ou sobre áreas de mananciais. Os problemas com as queimadas,
praticadas anteriormente ao corte para a retirada das folhas secas, são uma
constante nas reclamações de problemas respiratórios nas cidades
circundadas por essa monocultura. Ademais, o retorno social da agroindústria
como um todo, é mais pernicioso que benéfico para a maioria da população.
O setor sucroalcooleiro brasileiro despertou o interesse de diversos
países, principalmente pelo baixo custo de produção de açúcar e álcool. Este
último tem sido cada vez mais importado por nações de primeiro mundo, que
visam reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e a dependência de
combustíveis fósseis. Todavia, o baixo custo é conseguido, por vezes, pelo
emprego de mão-de-obra assalariada de baixíssima remuneração e em alguns
casos há até seu uso com características de escravidão por dívida.
No Brasil, a agroindústria da cana-de-açúcar tem adotado políticas de
preservação ambiental que são exemplos mundiais na agricultura, embora
nessas políticas não estejam contemplados os problemas decorrentes da
expansão acelerada sobre vastas regiões e o prejuízo decorrente da
substituição da agricultura variada de pequenas propriedades pela
monocultura. Já existem diversas usinas brasileiras que comercializam crédito
de carbono, dada a eficiência ambiental. Diga-se também que na época atual,
as plantações de cana, principalmente no estado de São Paulo, obedecem a
rigorosos padrões de preservação do solo com uso das práticas
conservacionistas mais modernas. Observe-se também que em época de
5
renovação do cultivo, a cada quatro ou cinco anos, são efetuados plantios de
leguminosas(soja) que recuperam o solo pela fixação de nitrogênio. Quanto
aos problemas advindos da queima controlada na época do corte, existe já um
movimento em direção à mecanização da colheita que aumenta de ano para
ano, além de rigorosos protocolos que prevem o fim da queima até o ano de
2014.
PROCESSAMENTO DA CANA
A cana colhida é processada com a retirada do colmo (caule), que é
esmagado, liberando o caldo que é concentrado por fervura, resultando no mel,
a partir do qual o açúcar é cristalizado, tendo como subproduto o melaço ou
mel final. O colmo é às vezes consumido in natura (mastigado), ou então usado
para fazer caldo de cana e rapadura. O caldo também pode ser utilizado na
produção de etanol, através de processo fermentativo, além de bebidas como
cachaça ou rum e outras bebidas alcoólicas, enquanto as fibras, principais
componentes do bagaço, podem ser usadas como matéria prima para
produção de energia elétrica, através de queima e produção de vapor em
caldeiras que tocam turbinas, e etanol, através de hidrólise enzimática ou por
outros processos que transformam a celulose em açucares fermentáveis. Vide
(Etanol Celulósico).
Praticamente todos os resíduos da agroindústria canavieira são
reaproveitados. A torta de filtro, formada pelo lodo advindo da clarificação do
caldo e bagacilho, é muito rica em fósforo e é utilizada como adubo para a
lavoura de cana-de-açúcar. A vinhaça, que é o subproduto da produção de
álcool, contém elevados teores de potássio, água e outros nutrientes, sendo
utilizada para irrigar e fertilizar o campo.
ECONOMIA E HISTÓRIA
Foi a base da economia do nordeste brasileiro, na época dos engenhos.
A principal força de trabalho empregada foi a da mão-de-obra escravizada,
primeiramente indígena e em seguida majoritariamente de origem africana. Os
regimes de trabalho eram muito forçados em que esses trabalhadores, na
6
ocasião da colheita, chegavam a trabalhar até 18 horas diárias, sendo utilizada
até o final do século XIX. Com a mudança da economia brasileira para a
monocultura do café, esses trabalhadores foram deslocados gradativamente
dos engenhos para as grandes fazendas cafeeiras. Com o tempo, a economia
dos engenhos entrou em decadência, sendo praticamente substituído pelas
usinas. O termo engenho hoje em dia é usado para as propriedades que
plantam cana-de-açúcar e a vendem, para ser processada nas usinas e
transformada em produtos derivados.
O Brasil é hoje o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Seus
produtos são largamente utilizados na produção de açúcar, álcool combustível
e mais recentemente, bio-diesel.
A cana-de-açúcar foi a base econômica de Cuba, quando tinha toda a
sua produção com venda garantida para a União Soviética, a preços
artificialmente altos. Com o colapso do regime socialista soviético, a produção
de cana cubana tornou-se inviável.
A cana-de-açúcar também é o principal produto de exportação em
países do Caribe como a Jamaica, Barbados, etc. Com a suspensão de
preferências européias à cana caribenha em 2008, espera-se um colapso
semelhante na indústria canavieira caribenha.
Vários países da África austral, principalmente a África do Sul,
Moçambique e a ilha Maurício, são igualmente importantes produtores de
açúcar.
Uma tonelada de cana-de-açúcar produz 80 litros de etanol sendo que
um hectare de terra produz 88 toneladas de cana-de-açúcar, no total são
produzidos 7040 litros de etanol por hectare.
7
PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL
Típico trabalhador empregado no corte da cana-de-açúcar, no interior de São Paulo.
Em 1993, a mecanização da produção dos canaviais não atingia 0,5%
do total da produção. Em 2003, aproximadamente 35% da produção brasileira
já era mecanizada. A intensa mecanização dos canaviais tem gerado algum
atrito político e social. Tem havido grande perda de empregos no setor, que
usa mão-de-obra intensiva e que a princípio não requer nenhuma qualificação
formal: os chamados bóias-frias. Essa ainda é a única ocupação disponível
para populações inteiras no interior do Brasil, mesmo diante dos baixos salários
e das péssimas condições de trabalho.
Abaixo, os dados de produção por região, de 1995 a 2000, em milhões
de toneladas (fonte: MB Associados). A vida útil dos trabalhadores que atuam
na colheita da cana é por vezes inferior à dos escravos que atuaram no período
colonial e imperial do Brasil. Nas décadas de 1980 e 1990, o tempo em que o
trabalhador do setor ficava na atividade era de 15 anos, enquanto a partir de
2000, já estará por volta de 12 anos.
8
Os colmos, caracterizados por nós bem marcados e entrenós distintos,
quase sempre fistulosos, são espessos e repletos de suco açucarado. As
flôres, muito pequenas, formam espigas florais, agrupadas em panículas e
rodeadas por longas fibras
sedosas, congregando-se em
enormes pendões terminais, de
coloração cinzento-prateado.
Existem diversas variedades
cultivadas de cana-de-açúcar, que
se distinguem pela cor e pela altura
do caule, que atinge entre 3 e 6 m
de altura, por 2 a 5 cm de diâmetro,
sendo sua multiplicação feita, desde a antiguidade, a partir de estacas
(algumas variedades não produzem sementes férteis). A cana-de-açúcar é
cultivada, principalmente, em clima tropical onde se alternam as estações
secas e úmidas. Sua floração, em geral, começa no outono e a colheita se dá
na estação seca, durante um período de 3 a 6 meses.
Embora se tenha ensaiado com êxito o uso de várias máquinas para
cortar cana, a maior parte da colheita ainda é feita manualmente, em todo o
mundo. O instrumento usado para o corte costuma ser um grande machete de
aço, com lâmina de 50 cm de comprimento e cerca de 157 cm de largura, um
pequeno gancho na parte posterior e cabo de madeira. Na colheita, a cana é
abatida cortando-se as folhas com o gancho do machete e dando-se outro
corte na parte superior, à altura do último nó maduro. As hastes cortadas são
empilhadas e depois recolhidas, manualmente ou com máquinas. Atadas em
feixes, são levadas para as usinas, onde se trituram os caules para extração do
caldo e posterior obtenção do açúcar.
No Brasil, a indústria açucareira remonta a meados do século XVI.
Nascia então o ciclo do açúcar, que durou 150 anos. O Brasil, embora grande
produtor de açúcar desde a Colônia, expandiu muito a cultura de cana-de-
açúcar a partir da década de 1970, com o advento do Pro-Álcool - programa do
governo que substituiu parte do consumo de gasolina por etanol, álcool obtido
9
a partir da cana-de-açúcar - sendo pioneiro no uso, em larga escala, deste
álcool como combustível automotivo. O Programa Nacional do Álcool (Pro-
Álcool), lançado em 14 de novembro de 1975, deveria suprir o país de um
combustível alternativo e menos poluente que os derivados do petróleo, mas
acabou sendo desativado.
É plantada, no Sudeste do Brasil, de outubro a março e colhida de maio
a outubro, e, no Nordeste, de julho a novembro e colhida de dezembro a maio.
De acordo com as condições de produção, o rendimento anual é de 50 a 100
toneladas por hectare. A média brasileira é de 60 toneladas por hectares e, no
Estado de São Paulo, de 74 toneladas por hectares (1983), com teor de açúcar
extraído de 9 a 12% e rendimento em álcool de 70 litros por tonelada.
O bagaço, resíduo da cana depois da extração do suco, é aproveitado
como bagaço hidrolisado, juntamente com a levedura da cana (resíduo da
fermentação), em rações para a alimentação do gado confinado. A vinhaça ou
vinhoto, outro resíduo, também pode ser usada como adubo, mas no Brasil
muitas vezes é lançada aos rios, apesar da proibição, causando grave poluição
e mortandade de peixes.
A cana-de-açúcar foi introduzida na China antes do início da era cristã.
Seu uso no Oriente, provavelmente na forma de xarope, data da mais remota
antiguidade. Foi introduzida na Europa pelos árabes, que iniciaram seu cultivo
na Andaluzia. No século XIV, já era cultivada em toda a região mediterrânea,
mas a produção era insuficiente, levando os europeus a importarem o produto
do Oriente. A guerra entre Veneza, que monopolizava o comércio do açúcar, e
os turcos levou à procura de outras fontes de abastecimento, e a cana
começou a ser cultivada na Ilha da Madeira pelos protugueses e nas Ilhas
Canárias pelos espanhóis.
O descobrimento da América permitiu extraordinária expansão das áreas
de cultura da cana. As primeiras mudas, trazidas da Madeira, chegaram ao
Brasil em 1502, e, já em 1550, numerosos engenhos espalhados pelo litoral
produziam açúcar de qualidade equivalente ao produzido pela Índia.
Incentivado o cultivo da cana pela Metrópole, com isenção do imposto de
10
exportação e outras regalias, o Brasil tornou-se, em meados do século XVII, o
maior produtor de açúcar de cana do mundo. Perdeu essa posição durante
muitas décadas, mas na década de 1970, com o início da produção de álcool
combustível, voltou a ser o maior produtor mundial.
A lavoura da cana-de-açúcar, foi a primeira a ser instalada no Brasil,
ainda na primeira metade do século XVI, tendo seu cultivo ampliado da faixa
litorânea para o interior. No Nordeste, depois de passar da Mata para o
Agreste, migrou para as manchas úmidas do sertão. Desenvolveu-se em dois
tipos de organização do trabalho: a grande lavoura voltada para a produção e
exportação do açúcar, com o uso extensivo da terra, da mão-de-obra,
representando muito no volume de produção do Brasil até mesmo nos dias
atuais; e a pequena lavoura, empregando mão-de-obra em reduzida escala,
voltada para a subsistência do seu proprietário ou para o pequeno mercado
regional ou local, de volume de produção insignificante se comparado com a
anterior.
Pode-se dizer que no Brasil a cana-de-açúcar deu sustentação ao seu
processo de colonização, tendo sido a razão de sua prosperidade nos dois
primeiros séculos. Foi na Capitania de Pernambuco, pertencente a Duarte
Coelho, onde se implantou e floresceu o primeiro centro açucareiro do Brasil,
motivado por três aspectos importantes: a habilidade e eficiência do donatário;
a terra e clima favorável à cultura da cana; e a situação geográfica de
localização mais próxima da Europa em relação à região de São Vicente (São
Paulo), outro centro que se destacou como inciador de produção de açúcar do
Brasil Colonial.
O progresso da industria açucareira foi espantoso no fim do século XVI.
Na Bahia, onde os indígenas haviam destruído os primeiros engenhos, a
produção de açúcar começou após 1550. Alagoas, fronteira com Pernambuco,
só teve seu primeiro engenho por volta de 1575. Em Sergipe, os portuguêses
procedentes da Bahia, inciaram a produção da cana-de-açúcar a partir de
1590. Na Paraíba, a primeira tentativa de introdução da cultura da cana foi em
1579, na Ilha da Restinga, fracassada pela invasão de piratas franceses na
região (a implantação definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu
11
primeiro engenho em 1587). No Pará, os primeiros engenhos foram instalados
pelos holandeses, prossivelmente antes de 1600 (o primeiro engenho
português no Pará começou a funcionar entre 1616 e 1618). Tanto no Pará,
quanto no Amazonas, os engenhos desviaram sua produção para aguardente,
em vez de açúcar. A fabricação de açúcar no Ceará não chegou a ter relevo -
começou em 1622, mas logo passou a fabricar aguardente. No Piauí a história
identifica que a lavoura de cana foi inciada por volta do ano de 1678 e, no ano
de 1692, registra-se apenas um engenho em atividade no Rio Grande do Norte.
Engenho antigo e o secular carro
de boi
Na região nordestina, representada principalmente por Pernambuco,
Bahia, Alagoas e Paraíba, reinava a riqueza devido a monocultura da
agroindústria açucareira que pagava todos os custos e cobria todas as
necessidades da Capitania. Na época da abolição da escravatura (1888), os
engenhos já tinham incorporado praticamente todas as inovações importantes
da indústria do açúcar existentes na época em qualquer parte do mundo, e com
a abolição, passou a dispor de recursos financeiros que antes eram destinados
à compra e manutenção de escravos. A partir daí surgiu uma nova etapa na
indústria açucareira brasileira, com o aparecimento dos chamados "Engenhos
Centrais", percursores das atuais Usinas de Açúcar.
12
Variedades da Cana-de-açúcar
O surgimento de várias doenças e de uma tecnologia mais avançada
exigiu a criação de novas variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento
da S. officinarum com as outras quatro espécies do gênero Saccharum e,
posteriormente, através de recruzamentos com as ascendentes.
Os trabalhos de melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todas
as variedades em cultivo uma mistura das cinco espécies originais e a
existência de cultivares ou variedades híbridas.
A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla
utilização, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para
alimentação animal, ou como matéria prima para a fabricação de rapadura,
melado, aguardente, açúcar e álcool.
CLIMA E SOLO
A cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial,
compreendida entre os paralelos 35º de latitude Norte e Sul do Equador,
apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O clima ideal é
aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para
proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo,
seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e conseqüente
acumulo de sacarose nos colmos.
Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa
capacidade de retenção são os ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua
rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos
férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável
superficial ou mal drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.
Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem
a maioria das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno
13
e 12% ; declividade acima desse limite apresentam restrições às práticas
mecânicas.
Para culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o
limite máximo de declividade cai para 8 a 10%.
CULTIVARES
Um dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha
do cultivar para plantio. Isso não só pela sua importância econômica, como
geradora de massa verde e riqueza em açúcar, mas também pelo seu
processo dinâmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com
melhorias tecnológicas quando comparadas com aquelas que estão sendo
cultivadas. Dentre as várias maneiras para classificação dos cultivares de cana,
a mais prática é quanto à época da colheita.Quando apresentarem longo
Período de Utilização Industrial (PUI), a indicação de alguns cultivares ocorrerá
para mais de uma época.
Atualmente os cultivares mais indicados para São Paulo e Estados limítrofes
são:
• para início de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-
5486, RB85-5453 e RB83-5054
• para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-
5536
• para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454,
RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486
caracterizam-se pela baixa exigência em fertilidade de solo.
PREPARO DO TERRENO
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo
vegetativo econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa
mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência da
cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convém
salientar que as unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme de
14
preparo do solo, tendo cada uma seu sistema próprio, variação essa que
ocorre em função do tipo de solo predominante e da disponibilidade de
máquinas e implementos.
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:
- a cana vai ser implantada pela primeira vez;
- o terreno já se encontra ocupado com cana.
No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do
plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos
culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a
primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada
impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil
do solo, ou pelo penetrômetro.
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de
subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a
uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfície e com solo seco.
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do
preparo do terreno e à eliminação de ervas daninhas.
Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o
primeiro passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a
colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas
linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada,
enxada rotativa ou uso de herbicida.
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se
necessária. Nas vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (25-30
cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens
necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.
Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento
operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.
CALAGEM
A necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise
química do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturação por bases a
60%. Se o teor de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário dolomítico.
15
O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A
época mais indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da
cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo
do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua
eficiência.
ADUBAÇÃO
Para a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações
distintas, adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas,
a quantificação será determinada pela análise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de
plantio, após a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos
sulcadores em operação dupla.
No quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e
potássio a serem aplicadas com base na análise do solo e de acordo com a
produtividade esperada.
ADUBAÇÃO MINERAL DE PLANTIO
Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril;
em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra
metade em setembro - outubro.
Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de
plantio até 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o
mês de abril.
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos
culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada
superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a
profundidade de 15 cm.
Na adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir,
observando os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade
esperada.
16
USO DE RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA
Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das
socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na
dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura
em nutrientes.
Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e
aspersão, sendo que cada sistema apresenta modificações.
A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em
pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha).
Metade do fósforo aí contido pode ser deduzida da adubação fosfatada
recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)
PLANTIO
Existem duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-
outubro e janeiro a março. Setembro-outubro não é a época mais
recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matéria
prima, quer por recente instalação ou ampliação do setor industrial, quer por
comprometimento de safra devido à ocorrência de adversidade climática.
Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade agrícola e
expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas, assoreamento
dos sulcos e retardam a próxima colheita.
O plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o
mais recomendado tecnicamente. Além de não apresentar os inconvenientes
da outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de
outras culturas. Em regiões quentes, como o oeste do Estado de São Paulo,
essa época pode ser estendida para os meses subseqüentes, desde que haja
umidade suficiente.
O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40 m, sua
profundidade de 20 a 25 cm e a largura é proporcionada pela abertura das
asas do sulcador num ângulo de 45º, com pequenas variações para mais ou
para menos, dependendo da textura do solo.
17
Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do
sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e
picado, com podão, em toletes de aproximadamente de três gemas.
A densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear de
sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo,
corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare.
Os toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser
ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições
climáticas reinantes, pode haver uma variação na espessura dessa camada.
TRATOS CULTURAIS
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das
ervas daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância
fitossanitária para controlar a incidência do carvão. No que concerne à
adubação em cobertura, já foi visto no item adubação e a vigilância
fitossanitária será comentada em doenças e seu controle.
O período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas,
vai da emergência aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente as erva, nesse período, é o químico, através da
aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área
total. Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência
do praguicida, há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação
manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é
praticamente nula.
Outro método é a combinação de carpas mecânicas e manuais.
Instalada a cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle
mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto
às entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio,
evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é repetida quantas
vezes forem necessárias; normalmente três controles são suficientes.
As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo,
controle das ervas daninhas, adubação e vigilância sanitária. Os dois últimos
tratos culturais encontram-se em itens próprios.
18
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e
pontas, cuja permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos
culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo,
porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta,
como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo
e quebra do equilíbrio biológico.
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço"
deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse
material. É realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca
exigência de potência.
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e
impermeável à penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à
permeabilização do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos
métodos e implementos podem ser usados.
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras
ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente,
operações de escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para
receber a carpa química, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90
HPs. Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do
cultivo químico, é suficiente para manter a soqueira no limpo.
Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas
com tração animal ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido
crescimento das soqueiras, o número de carpas exigido é menor que o da cana
planta.
PRAGAS E SEU CONTROLE
“Dependendo da espécie da praga no local, bem como do nível
populacional desta espécie, as pragas de solo, por exemplo, podem provocar
importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas
produtividades agrícolas e industriais desta cultura”, diz. De acordo com a
pesquisadora do Instituto Agronômico, dos organismos que atacam, os que
merecem destaques pelos danos que causa são: os nematóides. (Meloidogyne
19
javanica, Meloidogyne incognita e Pratylenchus zeae.), cigarras, cupins,
besouros Migdolus.
A cana-de-açúcar é atacada por
cerca de 80 pragas, porém pequeno
número causa prejuízos à cultura.
Dependendo da espécie da praga
presente no local, bem como do nível
populacional dessa espécie, as pragas de
solo podem provocar importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções
significativas nas produtividades agrícolas e industriais dessa cultura.
Dos organismos que a atacam, três merecem destaque pelos danos que
causam: os nematóides, os cupins e o besouro Migdolus.
COLHEITA
A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras
em abril, prolongando-se até novembro, período em que a planta atinge o
ponto de maturação, devendo, sempre que possível, antecipar o fim da safra,
por ser um período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria
prima e faz cair o rendimento industrial.
20
MATURADORES QUÍMICOS
São produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o
desenvolvimento da cana induzindo a translocação e o armazenamento dos
açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento
da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ação
dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas
vegetais. Há uma ação inibidora do florescimento, em alguns casos,
viabilizando a utilização de variedades com este comportamento.
Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos
citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a
época de aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com o objetivo de
aperfeiçoar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar
acréscimos superiores a 10% no teor de sacarose.
DETERMINAÇÃO DO ESTÁGIO DE MATURAÇÃO
O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de
campo e complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do sistema
de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade de o produtor conciliar
alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.
O refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo
(Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.
A maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura
apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vão se
aproximando no processo de maturação.
OPERAÇÃO DE CORTE (MANUAL E/OU MECANIZADA)
O corte pode ser manual, com um rendimento médio de 5 a 6
toneladas/homem/dia, ou mecanicamente, através de colheitadeiras. Existem
basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com rendimento
operacional médio em condições normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para
cana picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.
21
Após o corte, a cana-de-açúcar deve ser transportada o mais rápido
possível ao setor industrial, por meio de caminhão ou carreta tracionada por
trator.
RENDIMENTO AGRÍCOLA
Em relação à produtividade e região de plantio, observamos que a
produtividade está estritamente relacionada com o ambiente de produção, e
este é dado por padrão do solo, clima e nível tecnológico aplicado.
PRODUÇÃO DE MUDAS
Após, em média, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura
canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a
20% da área total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa
qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo custo e que maior
retorno econômico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida
por ele próprio.
Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico
seja de boa procedência, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de
cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento
térmico.
A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a
mesma dispensada à lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas
técnicas fitossanitárias, tais como:
- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu
corte em toletes, quando contaminado, é um violento propagador da
escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operações deve-se
desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma
desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do instrumento
numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de creolina)
durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte das
mesmas em toletes.
22
Durante essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e
rapidamente, o podão na solução.
- Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se
imprescindível a realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma
vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira
que exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em
cultivo.
Além dessas duas medidas fitossanitárias, algumas recomendações
agronômicas devem ser levadas em consideração, como a despalha manual
das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior parcelamento
do fertilizante nitrogenado.
- Rotação de culturas - durante a reforma do canavial, no período em que o
terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto,
em rotação com a cana-de-açúcar. Amendoim e soja são as mais indicadas.
Além dos conhecidos benefícios agronômicos proporcionados pela
rotação de culturas, a cana-de-açúcar permite a consorciação com outra
cultura, aproveitando o terreno numa época em que estaria ocioso,
proporcionando melhor aproveitamento de máquinas e implementos. A
implantação da cultura é feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo
do solo, havendo menor exposição do terreno à erosão e às ervas daninhas e
diminuição da sazonalidade de empregos.
23
Processo de Produção da Cana-de-Açúcar
CORREÇÃO DO SOLO:
1 - Calagem: a quantidade de calcário a ser aplicada na área é obtida
através do método de elevação da saturação de bases(V2), admite-se que a
faixa de menor risco para a cultura está entre 60%.
A época mais indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da
cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo
do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua
eficiência.
Deve-se dar preferência a calcário que contenha magnésio, principalmente
quando a análise de solo indicar teor de Mg da ordem de 5 mmolc/.
2 - Adubação:para a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas
situações distintas, adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que,
em ambas, a quantificação será determinada pela análise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de
plantio, após a sua abertura, ou por meio de aduboras conjugadas aos
sulcadores em operação dupla.
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais,
em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve
ser bem misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.
24
Obs: Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira.
Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das socas
pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da
composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão,
sendo que cada sistema apresenta modificações.
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS:
Pode ser realizado através de capina manual, cultivo mecânico ou uso de
herbicidas.
O período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da
emergência aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente das plantas daninhas, nesse período, é o químico,
através da aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e
em área total. Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e
eficiência do praguicida, há necessidade de uma ou mais capinas mecânicas e
catação manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas
é praticamente nula.
Outro método é a combinação de capinas mecânicas e manuais. Instalada a
cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente,
com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas,
sendo complementado com capina manual nas linhas de plantio, evitando,
assim, o assoreamento do sulco.
Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três
controles são suficientes.
25
CONDIÇÕES DO SOLO PARA O CULTIVO DE CANA-DE-AÇÚCAR
Em Mato Grosso do Sul, a área cultivada com cana-de-açúcar está em
torno de 136 mil hectares e distribuída em 16 municípios. Com a implantação
de novas usinas de açúcar e álcool, estima-se que a área a ser ocupada pela
cultura da cana-de-açúcar deva aumentar em cerca de 360 mil hectares. Antes
que essa expansão ocorra de forma indiscriminada é fundamental que se
considere as exigências da cultura com relação a tipo de solo e, se preciso,
proceder sua adequação física e química, uma vez que já se verifica a
existência de projetos a serem conduzidos em áreas com os mais diversos
tipos de solo e características químicas e físicas.
A cana-de-açúcar possui um sistema radicular diferenciado em relação à
exploração das camadas mais profundas do solo quando comparado com o
sistema radicular das demais culturas, principalmente as anuais. Por ser uma
cultura semiperene e com ciclo de cinco a sete anos, o seu sistema radicular se
desenvolve em maior profundidade e assim passa a ter uma estreita relação
com pH, saturação por bases, porcentagem de alumínio e teores de cálcio nas
camadas mais profundas do solo. E estes fatores, por sua vez, estão
correlacionados com a produtividade alcançada principalmente em solos de
baixa fertilidade e menor capacidade de reter umidade.
Resultados de pesquisas obtidos nas condições do Estado de São Paulo
indicam que, independente da textura, se argilosa ou arenosa, a produtividade
decresce dos solos eutróficos, os mais férteis (alta saturação por bases), para
os álicos (alta saturação por alumínio), menos férteis. Como exemplo de
extremos de produtividade, temos que em Nitossolo Vermelho eutrófico (Terra
Roxa Estruturada) as produtividades têm variado entre 110 e 91 toneladas,
enquanto em Neossolo quartzorênico (Areia Quartzosa) estão entre 72 e 64
toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Considerando-se somente o tipo de
solo, no caso o Latossolo Vermelho, a produtividade também tende a ser
função da fertilidade, sendo os eutróficos mais produtivos (94 t ha-1) do que os
distróficos (90 t ha-1) ou álicos (87 t ha-1).
26
Os solos eutróficos são mais produtivos por apresentarem saturação por
bases superior a 50% em profundidade, fazendo com que a raiz explore maior
volume de solo, possibilitando maior aporte de água. Dessa forma, a absorção
de nutrientes é favorecida e a planta passa a suportar veranicos com mais
facilidade. Além disso, a elevada saturação por bases favorece a reação desse
solo, o que melhora a disponibilidade de nutrientes e permite melhor
aproveitamento dos fertilizantes aplicados.
Fica claro que para se obter produtividades satisfatórias, é necessário
proceder à recuperação da fertilidade dos solos tanto nas camadas superficiais
como também em profundidade, quando estes não apresentarem condições
ideais para o cultivo da cana, principalmente quando forem distróficos ou
álicos. Para isso, quantidades de corretivos (calcário e gesso) devem ser
utilizadas de maneira a atingir tais objetivos e, conseqüentemente, aumentar a
produtividade.
Com a melhoria do perfil de solo em relação à fertilidade, observa-se que
solos mais arenosos podem atingir produtividades semelhantes a dos
argilosos, principalmente quando a textura for arenosa na superfície, e média
ou argilosa na subsuperfície (solos podzolizados). Essa característica confere a
esse tipo de solo maior capacidade de armazenar água disponível na
subsuperfície, que aliada a melhores condições químicas e físicas permite o
aproveitamento da água pelas raízes da cana-de-açúcar. Assim, fica patente a
necessidade de se corrigir também a subsuperfície dos solos de baixa
fertilidade.
Corrigindo-se as limitações químicas, o cultivo da cana-de-açúcar em uma
mesma área pode se prolongar por um bom tempo. Resultados obtidos em
condições de lavouras no Estado de São Paulo indicam que talhões onde a
saturação por bases era baixa, 27%, na camada superficial até 0,20 m, e
valores extremamente baixos, inferiores a 10%, na subsuperfície até 1,00 m de
profundidade, a produtividade no segundo corte chegou a 70 t ha-1, enquanto
nos demais talhões a média foi de 87 t ha-1. Por outro lado, no talhão em que a
saturação por bases era elevada, tanto na superfície, com 62%, como na
subsuperfície, com valores ao redor de 70% (até a 1,00 m de profundidade), no
27
décimo corte, de uma determinada variedade de cana, a produtividade ainda se
mantinha em 62 t ha-1, elevada se considerar o número de cortes.
Portanto, no primeiro caso, tem-se um solo “empobrecido” tanto na
superfície como na subsuperfície que não tem suporte para grandes
produtividades. A baixa saturação por bases em profundidade restringe o
desenvolvimento radicular e, em conseqüência, o volume de solo explorado
pelas raízes, o que não ocorre no segundo caso.
Quando se pretende cultivar cana-de-açúcar em áreas ocupadas com
pastagem por muitos anos, apresentando indícios de degradação tanto física
como química, deve-se promover a recuperação da fertilidade dos solos e de
suas propriedades físicas, para a obtenção de rendimentos elevados e
manutenção do nível de produtividade ao longo de pelo menos cinco anos.
Nesse sentido, deve-se atentar para o índice de saturação por bases na
superfície do solo, que deve se situar entre 40% e 60% e, pelo menos, 40% até
os 0,6 m de profundidade.
Caso seja preciso realizar a correção do pH do solo e, conseqüentemente,
adequar a saturação por bases, deve-se utilizar calcário, sempre considerando
que em solos arenosos, mesmo que o alumínio trocável esteja abaixo do nível
tóxico para as plantas, pode ocorrer toxidez, devido à saturação por bases ser
muito baixa. A aplicação da quantidade de calcário resultará em maior variação
de pH no solo arenoso e com baixa capacidade de troca de cátions (CTC)
quando comparado com solos de alta CTC e textura argilosa. A eficiência do
calcário depende de sua granulometria e do seu conteúdo de cálcio e
magnésio. Quanto mais fino o corretivo mais rápido será o seu efeito na
correção da acidez e no fornecimento de cálcio e magnésio e,
conseqüentemente, na resposta da cultura. Porém, no caso da cana-de-açúcar,
pode-se utilizar calcários que possuem partículas com maior diâmetro, mas
sempre dentro de padrões legais, procurando obter efeito residual maior, o que
é desejável por ser esta uma planta semiperene.
28
A calagem pode apresentar efeito positivo, mas também negativo quando
provocar desequilíbrio entre os nutrientes, como potássio, manganês, zinco,
cobre e boro. Casos estes estejam com teores abaixo do recomendado, deve-
se corrigi-los. Normalmente, quando os efeitos da calagem não são os
esperados, verifica-se, quase sempre, haver problemas ou na dose utilizada ou
na forma de distribuição e na forma e profundidade de incorporação.
Com relação à dose, quando esta for maior que cinco toneladas por
hectare, deve-se aplicar metade antes da aração e a outra metade após,
incorporando com grade. A fórmula para o cálculo da dose a ser aplicada foi
calibrada para incorporações até 0,20 m. Como no caso da cana-de-açúcar, na
maioria das vezes, há necessidade de correção a maiores profundidades no
perfil, até 0,60 m, é interessante aumentar a dose do corretivo
proporcionalmente ao volume de solo explorado.
A distribuição deve ser a mais uniforme possível, uma vez que para ação
neutralizadora do calcário ser eficiente, se faz necessário haver o contato entre
a partícula do solo e o calcário. A incorporação na profundidade correta é de
fundamental importância; quando esta é feita a profundidade menor do que
0,20 m poderá ocorrer a supercalagem nessa camada, chegando, nesses
casos, a dobrar a dose de calcário recomendada, o que resulta em sérios
desequilíbrios nutricionais com conseqüentes efeitos negativos nas plantas.
O calcário, além de ser um corretivo da acidez do solo, também é fonte de
cálcio, nutriente este de fundamental importância para o bom desenvolvimento
do sistema radicular das plantas, pois a presença de cálcio na solução do solo
é essencial para a formação da parede das células das raízes. O cálcio não se
transloca facilmente dentro da planta. Assim a sua deficiência na solução do
solo influencia o crescimento das raízes mais novas e em franco
desenvolvimento, diminuindo a semipermeabilidade da parede celular,
essencial à absorção de nutrientes.
Em pesquisas feitas no Brasil Central, observou-se que após a realização
da calagem houve redistribuição do cálcio no solo até 1,10 m de profundidade
29
e que a distribuição das raízes de trigo deu-se em função dos teores de cálcio,
tanto no primeiro como após o quarto ano de cultivo.
A calagem apesar de ser procedimento já consagrado e conhecido, requer
de quem a executa especial atenção, uma vez que os erros podem ser
cumulativos. Assim, se a dose não é correta, a distribuição sobre a superfície
do solo é desuniforme e a incorporação é superficial, o problema se agravara
de tal forma que o efeito que deveria ser positivo passa a ser prejudicial ao
desenvolvimento das plantas.
A estreita relação entre cálcio e sistema radicular observada com o
calcário é válida também para o gesso. O uso deste corretivo em solos de
textura média e de baixa CTC, na cultura da cana-de-açúcar, após 27 meses
da aplicação de 2,8 t ha-1 de gesso, registrou-se a mais alta produtividade de
colmo, bem como a distribuição de cálcio e raízes até 1,50 m de profundidade.
Quando se avaliou a distribuição das raízes ao longo do perfil do solo,
observou-se que esta não seguia o padrão normal, ou seja, presentes na
camada de 0 a 0,20 m. Neste caso, na camada superficial (0 a 0,20 m)
estavam presentes cerca de 36% de raízes, enquanto na profundidade de 0,26
a 0,75 m havia uma concentração de 45% de raízes e na profundidade de 1,00
a 1,50 m surpreendentemente a quantidade de raízes era de 19%.
Para melhor aproveitamento e conseqüentemente otimização do
transporte de nutrientes em profundidades, o gesso deve ser aplicado de três a
seis meses após a aplicação do calcário.
Portanto, na implantação da cultura de cana-de-açúcar, fica evidente que se o
solo não estiver com as condições químicas adequadas tais como descritas
anteriormente, deve-se proceder à correção, sendo que para isso pode-se
lançar mão de calcário e/ou gesso.
30
CANA: COLHEITA MECANIZADA
Até pouco tempo, o setor usineiro dependia exclusivamente da mão-de-obra
humana para realizar o corte da cana-de-açúcar. Eram famílias inteiras de
trabalhadores rurais que passam horas todos os dias, enfrentando as
condições mais adversas para desempenhar seu trabalho. Só que de uns
tempos para cá, o processo de colheita da cana passa por um intenso
processo de mecanização. Essa mudança de perfil, onde o homem está
cedendo, gradualmente, lugar à máquina, faz, em partes, a colheita nas
lavouras de cana-de-açúcar ficar mais eficientes.
A colheita manual favorece a diminuição das perdas decorrentes do corte
desigual das colhedoras. Estudos mostram que na colheita feita com a foice as
perdas raramente ultrapassam 5%. Já com as máquinas esse percentual pula
para 15%, fato que se reflete diretamente na produtividade. Os prejuízos
advindos dessa prática, também não são pequenos. Considerando que a área
plantada no estado São Paulo, é de aproximadamente três milhões de hectares
e a produtividade está próxima das 100 toneladas/ha, esse percentual equivale
a uma perda anual para o setor de R$ 20 milhões. O governo também sofre
com a baixa produtividade da coleta e processamento da cana-de-açúcar. Só
de ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias, o estado deixa de
arrecadar 10% do faturamento bruto das usinas, o que equivale, neste caso,
um montante de 2 milhões de reais.
O principal problema que envolve a colheita manual, está relacionado aos
danos causados à esses trabalhadores, que passam horas de baixo de sol
forte e numa posição pouco confortável. Por conta disso, são comuns os
problemas de saúde, principalmente naquelas pessoas que estão no oficio, há
mais tempo. Os casos mais comuns são, justamente, os mais sérios,
envolvendo problemas na coluna o que pode inutilizar esses trabalhador.
Outro dado interessante e que faz parte de um estudo do IAC, é sobre o nível
31
de escolaridade dessas famílias. Na medida que esses trabalhadores vão
evoluindo nos estudos, automaticamente eles procuram atividades menos
dispendiosas. Na década 1980, mais de 90% dos bóias-frias que trabalhavam
no corte da cana em São Paulo, tinham, no máximo de 2 a 2,5 anos de
escolaridade. Os números, hoje, já mostram uma realidade bem diferente. Os
números de um estudo realizado pelo IAC, com essas famílias, desde a década
de 1980, mostra uma diminuição gradativa no setor do número de
trabalhadores dispostos se empregar no corte da cana. Os próprios
trabalhadores estão buscando qualificação em outras áreas para mudar de
ocupação.
Hoje existe um movimento dentro do setor usineiro de tornar a colheita da
cana-de-açúcar mecanizada uma realidade nos próximos anos. No entanto, ele
próprio não acredita que esse processo aconteça tão rapidamente. Na região
Sudeste, onde se concentra mais de 70% da produção de cana-de-açúcar do
país, cerca de 40% da colheita é feita através da mecanização. Outros estados
como, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, esses índices é um pouco
maior devido as lavouras serem mais recentes. A mecanização nas lavouras de
cana-de-açúcar, sobretudo, dentro na região Sudeste, vai ocorrer de forma
lenta e gradual. E isso porque a máquina apesar de mais eficiente na
realização do processo é também mais exigente. Para o pesquisador do IAC, o
setor usineiro ainda depende de um amadurecimento na formação de mão-de-
obra capacitada, que possibilite atender uma demanda que é crescente, agora,
a incorporação de novos conceitos de agricultura de precisão, com máquinas e
implementos cada dia mais inteligentes, inclusive, com monitoramento via
GPS, deve acelerar esse processo.
Plantio preocupado com a colheita
Quanto ao cultivo a preocupação do produtor deve começar antes mesmo do
plantio. De acordo com o pesquisador do IAC, em outras palavras, isso
significa criar condições dentro da área de plantio para a entrada do maquinário
de colheita. E isso se faz na hora de planejar a semeadura. Para o técnico o
produtor deve sistematizar o terreno de modo a tornar o carreadores, ( ruas
32
dentro da lavoura por onde vão circular as colhedoras e os caminhões) , mais
inteligentes.
No Brasil ainda é muito comum se encontrar regiões onde se planta cana-de-
açúcar, próximo de topografias acidentadas. As curvas de nível e áreas com
declives acentuados são um problema para as colhedoras, pois a grande parte
dos equipamentos são ajustados para um corte numa altura de 30 cm acima da
base do solo. "As usinas atualmente na tentativa de diminuir suas perdas estão
realizando um corte rente ao solo, muitas vezes, fazendo os facões arrancarem
tudo que estiver na frente, inclusive, pedra e outros detritos".
Outra situação que afeta diretamente a colheita na regiões de clima tropical,
são as chuvas, que ocorrem, justamente, no período entre o último terço do
mês de Maio até final de Novembro, época que é feita a colheita nas regiões
produtoras. "É muito comum, as usinas paralisarem o corte da cana por causa
de excesso de precipitação. Chuva forte, acima de 40 mm, 50 mm, onde, corre-
se o risco da máquina atolar o processo é suspenso imediatamente, podendo
ficar por vários dias ".
Durante a colheita as máquinas trabalham 24 horas, parando apenas para
reabastecidas. Por esse motivo, o cuidado para se evitar um esforço excessivo
é constante. A mecanização também deve acabar com um problema histórico
do setor canavieiro que são as queimadas pré-colheita. Com isso, os
representante do setor, pretendem acabar com os danos ambientais oriundos
dessa prática como: o empobrecimento do solo, as morte de animais silvestres
e o efeito estufa.
O pesquisador tenta provar que esse toquinho de cana, não colhida, que fica
na superfície do solo, potencializa a rebrota da próxima safra. Isso acontece
porque os açúcares que ficam nas plantas servem de armazém natural para
manter a planta no período de inverno. "A cana-de-açúcar é uma espécie que
possibilita entre 4 e 5 rebrotas, ou seja, ao longo da vida dessa planta é
possível o produtor recuperar seu investimento na melhora das condições
gerais da sua lavoura". A pesquisa ainda não foi concluída, no entanto, já
33
existem números que mostram que é possível elevar o corte sem causar
problemas de perdas na produtividade.
Outros trabalhos no sentido de desenvolver variedades que apresentem
características favoráveis à colheita mecanizada, também estão em
andamento. Por esse motivo, está previsto que nos próximos anos ocorra uma
migração na produção de cana-de-açúcar de algumas atuais regiões
produtoras, caso do estado de Minas Gerais, para outras localidades, por
exemplo, o Brasil Central. O motivo, é um clima mais favorável para o
desenvolvimento das lavouras, além de uma topografia mais plana o que
favorece a mecanização.