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Autora: Lucélia Aparecida PereiraCo-autora: Maria de Fátima CunhaNRE: Cornélio ProcópioEscola: Colégio Estadual Conselheiro CarrãoDisciplina: História ( X)Ensino Fundamental ( ) Ensino
MédioDisciplina da relação interdisciplinar 1: ArteDisciplina da relação interdisciplinar 2: Língua PortuguesaConteúdo estruturante: Dimensão econômico-socialConteúdo específico: A presença feminina na sociedade
paranaense
Título: A presença feminina na sociedade paranaense através de
fotografias (1940-1960)
01. Problema
Lugar de mulher é ...
Como você completaria a frase? Será que suas idéias a respeito da
presença feminina na sociedade têm sido discutidas sem pré-conceitos?
Em que medida a mulher tem contribuído para o desenvolvimento da
sociedade em que vivemos?
Antes de completar a frase, convido você a traçar um caminho que
passa pelo conhecimento e não apenas pelo mundo da informação.
Precisamos, de fato, fazer da história um conhecimento que se utilize de
todas as experiências vividas como maneira de entender e recriar o
presente que vivemos.
Atividade 1
Individualmente, os alunos (do sexo masculino) escrevem numa
folha de papel que tipo de ocupação vocês acham que as alunas
gostariam de ter. As alunas escrevem qual ocupação desejam ter.
Quanto terminarem, no quadro, façam uma lista das ocupações
que os alunos atribuem às alunas e outra lista, com o que as
próprias alunas escreveram. Com as suas listas prontas,
comparem as anotações apontadas. Há diferenças dos alunos e das
alunas? Por quê?02. Desenvolvimento teórico disciplinar
1
Antes de qualquer coisa, é importante analisarmos o período
histórico delimitado para este estudo e conhecermos um pouco da
História de Estado do Paraná. O estudo é importante uma vez que nos
permite pensar em quais condições históricas viviam nossos personagens,
para tanto utilizarei dados dos professores Marion Brephol de Magalhães
e Dennison de Oliveira.
A conjuntura que se apresenta no Paraná nas décadas de 1950 e
1960 subordina-se ao modelo político adotado pelo governo central,
conhecido como “era desenvolvimentista”, uma experiência de
prosperidade aliada à democracia e ampliação da participação popular.
Atividade 2:
Para melhor compreensão é preciso que você procure em livros ou
em outros meios, e descubra o que foi a política
desenvolvimentista implantada no governo de Juscelino
Kubistchek.O período que se estende de 1946 a 1960 é considerado por alguns
e questionados por outros como um período de experiência democrática
da República Brasileira, onde os partidos tendiam a preparar quadros
para o Executivo e não a de organizar as vontades coletivas e o Paraná
neste período não apresentou profundas mudanças no quadro da
administração pública.
Moysés Lupion (1947 - primeiro governador eleito do Paraná),
portador de um discurso popular, representava a renovação, contudo
mostrou-se um político inescrupuloso, acusado de estar cercado de
corruptos.
Em 1950 é eleito Bento Munhoz da Rocha Neto, que implanta uma
época de produção de idéias, conferindo ao Paraná sua primeira
identidade e inserindo-o no contexto nacional, porém foi considerado
elitista devido à sua dedicação excessiva à capital – Curitiba.
Essa imagem e o impacto do suicídio de Getúlio Vargas ajudam no
retorno de Lupion nas eleições de 1955, além do prestígio que o mesmo
tinha no Norte cafeeiro. O surto de progresso dos anos de 1940 e 1950 é
definido por Bento Munhoz como um “espetáculo de prosperidade”,
2
oportunidade de o Paraná sair de seu confinamento provinciano. A
participação paranaense na economia brasileira era assegurada pela
condição de grande produtor de café.
Outras preocupações se colocam como imperativo para a
modernização do Estado: a saúde pública, a segurança pública
(moralização dos costumes), malha viária, espaço de poder (Centro Cívico
de Curitiba). Essas medidas se apóiam na noção de um governo científico
e racional, governo que se pretende moderno e democrático.
Por volta de 1860, fazendeiros paulistas e mineiros começam a
ocupar a região do Norte pioneiro, que acabou tendo o escoamento de
sua produção e abastecimento vinculado a São Paulo até 1924, quando o
Porto de Paranaguá começa a funcionar. A colonização da região do Norte
Novo esteve a cargo da Companhia de Terras do Norte do Paraná
(inglesa) com venda de lotes a pequenos e médios fazendeiros
interessados no cultivo do café. Esta iniciativa fez a população
paranaense quase dobrar de tamanho entre 1940 e 1950 e entre 1950 e
1960 dobra de novo. Em 1960, estimulado pela cafeicultura, a região do
Norte Novíssimo é ocupado.
Atividade 3:
A fundação de seu município é deste período? Que relação você faz
deste período com a história de seu município?O auge do ciclo cafeeiro acontece em 1952 e diversas atividades de
suporte a cafeicultura se ampliam. O projeto de democratização do
acesso a terra (pequenas e médias propriedades) deixa de existir entre as
décadas de 1970 e 1980 com a concentração fundiária. Entre 1950 e
1990, o número de núcleo que foram alçados à condição de municípios no
Paraná cresce espantosamente. Claro que estas novas municipalidades
estão ligadas a interesses políticos em geral e eleitorais em particular.
No início da década de 1960 o ciclo cafeeiro começa a dar sinais de
esgotamento, motivado pelo excesso de oferta do produto, o confisco
cambial dos lucros dos cafeicultores (governo de J.K), as geadas. Como
alternativa ao café, a maioria dos grandes proprietários rurais adotou a
cultura da soja, o que irá marcar a década de 1970.
3
Muitas mulheres ao desembarcarem no Brasil, seguiram com seus
maridos para as fazendas e passaram a desempenhar uma jornada de
trabalho que incluía além dos afazeres domésticos, o trabalho na lavoura.
As mulheres casadas trabalhavam na roça, as solteiras cuidavam dos
irmãos mais novos ou em casas de família. Diferentemente do trabalho
assalariado a mulher distribuía o tempo de trabalho entre o trabalho
dentro da casa e o trabalho fora da casa, na roça de subsistência ou nas
lavouras. Sobre isto a pesquisadora Aparecida Moraes Silva deixa claro:
“para os fazendeiros, as mulheres colonas eram interessantes no sentido de que, como mães, poderiam gerar, criar e cuidar de futuros trabalhadores, além de participarem, sempre que possível, do trabalho na roça de subsistência e no cafezal” (SILVA, 2002:558)
O controle e a autoridade masculina era uma constante:
“Uma coisa que ele não gostava era que a gente (mulher) fosse na sala.
Era só na cozinha. Ele não deixava. Meu pai não era um pai que batia,
mas a gente tinha medo (...). Os meus irmãos iam brincar de bola, eu ia
também. Aí, ele mandava parar e dizia: você é mulher, não pode brincar
de bola. Nunca saía de dentro de casa. Minha mãe também não. Minha
mãe tinha que fazer o que ele queira. Na casa, quem mandava era ele.
Meus irmãos faziam parte da Folia de Reis”. (SILVA, 2002:559)
Atividade 4:
Em dupla, vocês devem discutir e anotar algumas conclusões a respeito
do que foi lido acima:
a) Hoje é assim ainda?
b) Em sua casa isto acontece? Como é então?
c) Naquela época mulher que andasse no meio dos homens não era bem
vista pela sociedade e hoje? Como vocês vêem a atuação feminina em
ambientes antigamente tipicamente masculinos?
d) Perguntem em casa como foi a educação de sua mãe, avó e depois
compare com o texto acima. Será que há semelhança? Quais?
Com a modernização a situação feminina se modifica e o trabalho
da mulher passa a ser submetido a intenso processo de exploração e
dominação. As mulheres passam de colonas a bóias-fria. Seu salário não é
proporcional ao do homem, embora seja tão rentável quanto o do homem.
4
A discriminação permanece e a sua introdução no mercado de trabalho
não significou igualdade nas relações entre homens e mulheres e nem
inversão na estrutura de poder, o homem continua no domínio. Suas
vidas resume-se ao trabalho: no emprego, em casa... dormem pouco,
dedicam muito tempo (ou quase todo ele) ao trabalho e à família. Em
muitos casos, a violência doméstica é outro problema a ser enfrentado.
No trabalho do colonato, embora realizassem as mais diferentes
tarefas, eram sempre acompanhadas dos homens. Porém, a partir da
década de 1960 a individualização do trabalho leva estas mulheres a
andarem sós, a trabalharem só, a “pegarem caminhão”, e isto era
considerado ato de “mulher a toa”, porque “mulher direita” andava
sempre acompanhada.
As dificuldades eram grandes enquanto mulher, pior ficava no
acréscimo à condição de pobre e negra. A escritora Maria Aparecida
Moraes Silva relata um fato interessante:
“Após várias horas de trabalho, sentindo vontade de fumar, a trabalhadora procurou um colega para fornece-lhe um cigarro, suspendendo, por alguns instantes, sua tarefa. Nesse momento, surge o feitor e lhe diz: “ Neguinha do João-de-barro, volte para seu lugar” – João-de-barro é um bairro dos bóias-frias em Guariba, estado de São Paulo. É assim chamado, porque os trabalhadores construíram casas de barro face à impossibilidade financeira de arcar com os custos de aluguéis ou da compra de tijolos. A frase, contendo referência à raça, gênero e classe, foi o bastante para que a trabalhadora lhe lançasse a enxada, a fim de matá-lo”.
Nos anos de 1950, a moral sexual ainda discriminava as
mulheres acreditando que a vocação de toda mulher era a maternidade e
a vida doméstica. Que ela deveria ser pura, resignada, doce. A sociedade
separava as jovens moças de família e as moças levianas.
As revistas femininas dos anos de 1950 procuravam reforçar a idéia
de que o casamento, a maternidade e os afazeres domésticos era o
destino natural das mulheres e não o trabalho fora de casa, e que a moça
deveria ter regras a serem seguidas:
“Depende muito da moça a maneira como é tratada pelos rapazes. Se dá preferência a modas e modos provocantes, perde o direito de queixar-se se o rapaz quiser avançar o sinal. O estímulo quem deu foi ela (...) chamar a atenção dos rapazes (com gestos estudados e sensuais) é depreciativo para a moça”. (BASSANEZI, 2002: 612)
5
Apesar das muitas proibições algumas moças acabaram fugindo dos
padrões investidos: fumavam, leiam coisas proibidas, investiam em seus
futuros profissionais, abriam mão da virgindade. Algumas conseguiram
continuar sendo respeitadas, mas a maioria era considerada leviana ou
mal falada, porém, todas deram sua grande contribuição para abrir
caminhos para outras que também decidiram seguir seus exemplos e
lutar por seus direitos e ampliar os limites estabelecidos para as
mulheres.
O Brasil estava se modernizando e as mulheres começam a superar
a ideologia da dominação, descobrem-se cidadãs e buscam seus direitos,
não só no campo do trabalho, mas até mesmo na esfera familiar.
Depois de 1930, o Estado define os direitos e deveres relacionados
à produção, é criado o Ministério do Trabalho, a legislação trabalhista é
promulgada, os sindicatos são reconhecidos. Dois anos depois, as
mulheres ganham o direito de voto. Mas, nem tudo eram flores: a maioria
da população brasileira estava no campo e a estes os direitos
conquistados não os alcançava.
Nos anos de 1960, o arrocho salarial cresce e a solução é a luta por
melhores condições de vida. As mulheres se mobilizam, promovem
reuniões, organizam-se, fazem abaixo-assinados, passeatas,
manifestações, greves.
Na zona rural, elas participam dos movimentos de defesa e a
preservação de vínculo à terra, e o apoio vem de profissionais de
diferentes áreas. Na zona urbana, as mulheres estão na frente de várias
reivindicações; as queixas tornam-se denúncias e convertem-se em
reivindicações.
As mulheres saem do anonimato, ganham visibilidade, reclamam
seus direitos.
Atividade 5:
As fotos abaixo são de mulheres colonas. O que mais lhe chama a
atenção nelas? Que dificuldades você acredita que as mesmas eram
obrigadas a enfrentar?
6
Início da colonização em Assai, norte do Paraná, década de 1930. Acervo Laca.
Início da colonização em Assai, norte do Paraná, década de 1930. Acervo Laca.
Documento histórico: a fotografia.
A fotografia carrega em si uma intencionalidade, aquilo que se
pretende mostrar, o que deseja esconder, é um tempo de exposição, mas
também tempo social onde o indivíduo representa o seu papel num
determinado cenário, onde a composição desse espaço, desse momento,
são atributos do fotógrafo que muitas vezes escolhe o que quer que seja
visto (TURAZZI,1995: 309). Jamais se pode, portanto, acreditar que a
fotografia é cópia fiel da realidade, pois sendo uma construção, a imagem
segue uma orientação, uma ideologia. Hoje nos obrigamos a olhar para o
que não queremos ver, pois o ato fotográfico é antes de tudo um ato de
interpretação, são escolhas e olhares. É preciso deixar claro que a
fotografia é apenas um olhar, apenas uma interpretação daquele
momento, que há outras possibilidades de interpretação. É preciso
encontrar as redes de comunicações que ela representa.
7
Na proposta de trabalho com as fotografias alguns itens precisam
ser analisados, portanto, para tanto é necessário um Roteiro Básico para
leitura de uma imagem:
1. Localizar:
- Onde se passa a imagem?
- Quem aparece na foto escolhida?
- Por quê? Qual teria sido a intenção da fotografia?
- Como? Quem é o autor?
- De quem? (Propriedade)
- Quando?
- Qual espaço está sendo mostrado?
- Quais aspectos de hoje aparecem na fotografia?
2. Apreciação da fotografia:
Conduzir a conversa ou propor escrita em grupo sobre:
- O que você está vendo?
- O que mais chama sua atenção?
- Como são as pessoas? Que idade parecem ter? Como se vestem?
- Existe algum personagem que se destaque? Há alguma pessoa
escondida?
- O que os personagens estão fazendo?
- Que profissão é essa?
- Que habilidades demonstram ter? Parece ser um trabalho cansativo?
- Como é o lugar?
- Há detalhes na fotografia? Quais?
- Quais personagens estão em primeiro plano na imagem?
Observação: Os questionamentos feitos devem ser adaptados à fotografia
em análise.
Atividade 6:
Em seu caderno faça uma análise da fotografia abaixo utilizando-
se do Roteiro Básico para a leitura de uma imagem:
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Início da colonização em Assai, década de 1930. Acervo Laca.
Atividade 7:
Analise o documento abaixo e faça anotações apropriadas para
discussão em grupo:
“Em 1910, o jornal Blumenauer Zeitung apontava as novas exigências para o sexo
feminino, atribuindo às mulheres a exclusividade dos trabalhos domésticos e
questionando sua participação em atividades agrícolas. Num texto longo, paira a dúvida
sobre o rendimento do trabalho feminino “na roça”, pois este a retiraria dos seus
cuidados de mãe e dona de casa, “... pois eles são a função própria da mulher em
qualquer etapa da vida...”. Se a mulher se mantivesse trabalhando na “roça”, a família
teria “sensíveis prejuízos em dinheiro” devido à perda de forças de seu corpo, ao
abondono em que ficariam as crianças e os serviços domésticos”. (PEDRO, 2002: 289)
Falando sobre as mulheres.
Segundo a historiadora Maria de Fátima da Cunha “a tradição
narrativa sempre mostrou a mulher como tentadora, ser ligado à carne,
ao prazer, à luxúria, demônio, força do mal, pecadora e sempre relegada
a segundo plano na História”. (CUNHA, 2000: 145). A autora coloca que
as produções sobre a mulher preocupam-se com as diferenças sociais e
em demonstrar a exploração, a opressão e a dominação, tomando o
devido cuidado em não fazer uma história que faz da mulher uma vítima.
Também é questionável a quase ausência da história da mulher,
uma vez que a narrativa geralmente privilegia a política e a guerra, que
9
são historicamente locais masculinos. Quando a narrativa aparece é
principalmente nos arquivos privados (correspondências e diários), já que
os arquivos públicos, organizados por homens, acabam realizando uma
seleção que exclui o feminino. Quando as mulheres ultrapassam o espaço
privado são para aparecem pelo sucesso de suas profissões, casamento
ou pelo caminho da prostituição, criminalidade ou loucura. Loucura esta
entendida na visão masculina quando a mulher ultrapassa o espaço
doméstico, quando ela rompe com as normas sociais estabelecidas
(CUNHA, 2000: 147).
Atividade 8:
Em duplas analise e discuta o documento abaixo:
“As guerrilheiras do Regime Militar”.
A luta armada contra a ditadura vigorou no país entre 1968 e 1974. Muitas mulheres
foram presas, torturadas, mortas, exiladas ou estão até hoje desaparecidas. Mas não se
pode dizer que tenham sido derrotadas. Com ações radicais, como o seqüestro de aviões
e de diplomadas, elas ajudaram a dar uma nova cara ao Brasil. Em seguida, as
históricas dramáticas de três dessas personagens:
IARA IAVELBERG: Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, Iara não
pegou em armas, mas dava apoio e infra-estrutura às ações dos companheiros.
Psicóloga e professora de Filosofia em um cursinho para vestibular, foi companheira do
capitão Carlos Lamarca, formado pela Escola Militar das Agulhas Negras (RJ), que
comandou a organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e depois ingressou
no MR-8. As versões sobre a morte de Iara são controversas. Uma delas diz que,
perseguida por policiais, suicidou-se com um tiro na cabeça em 6 de agosto de 1971,
segundo o Ministério da Aeronáutica. A outra interpretação, baseada em testemunhos
de populares, afirma que Iara teria sido presa e levada ao Departamento da Ordem
Política e Social (Dops), onde foi torturada e morta. Tinha 27 anos.
ÁUREA PEREIRA VALADÃO: Mineira de Areado, militou no movimento estudantil
entre 1967 e 1970 e neste mesmo ano se casou com Arildo Valadão. Quando ambos
decidiram mudar para o Araguaia, Áurea passou a dar aulas e entrou para as Forças
Guerrilheiras. Patrocinada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), a guerrilha do
Araguaia foi um dos mais sólidos movimentos da esquerda na zona rural. Para detê-la,
as Forças Armadas tiveram de fazer três incursões à região, entre 1972 e 1975,
enviando 3.260 homens e doze aviões para combater 69 guerrilheiros. Áurea foi presa
em Marabá e, no ano seguinte, vista no 23º Batalhão de Infantaria da Selva. Um dos
presos declarou ter ouvido um policial dizer a ela que arrumasse suas coisas, porque
iria viajar. No jargão militar, “viajar” significa ser executado. Áurea tinha 24 anos.
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AURORA MARIA NASCIMENTO FURTADO: Era mais conhecida por Lola. Militante
da Ação Libertadora Nacional (ALN) desde 1968, teve importante papel nas ações em
São Paulo e Rio de Janeiro. Em 9 de novembro de 1972, foi abordada pela polícia.
Houve um tiroteio e Aurora matou um policial. Foi levada para uma delegacia, torturada
e morta com a “coroa de Cristo”, uma fita de aço que esmaga gradativamente o crânio.
A versão dos órgãos de segurança foi bem diferente: Aurora teria sido baleada quando
tentava fugir da radiopatrulha que havia efetuado a sua prisão. Tinha 26 anos.
(REVISTA CLAUDIA:2000)Na visão marxista (de esquerda) havia uma expectativa de que as
mulheres “se libertariam da opressão quando, juntas com os homens, na
condição de trabalhadoras assalariadas rompessem suas amarras ao se
incorporarem ao mercado de trabalho” (CUNHA, 2000: 148) o que não
ocorreu e a mulher acabou sendo duplamente útil ao capital:
trabalhadora e mãe/esposa.
Algumas críticas devem ser pensadas quando a escrita da história
das mulheres passou a ser entendida que deveria ser feita apenas por
mulheres; a ausência de uma explicação sobre o significado político e
cultural das mulheres no processo de formação da classe.
Nas colocações feitas por Beatriz Nader em um de seus artigos, a
mulher na sociedade patriarcal, numa visão bíblica, passa a ser
considerada como um ser dependente do homem, o que acaba
acarretando a restrição de seu papel e a prática de subordinação
ideológica ao poder masculino: primeiro o pai, depois o marido. Criada
para obedecer. (NADER, 2001: 14)
A educação das mulheres era para resguardar a virtude, a
castidade, aprender boas maneiras, etiqueta, sem a necessidade de
aprofundamento nos estudos. Num segundo tempo, as mulheres, pobres,
são obrigadas a trabalhar desde a instalação das primeiras fábricas
têxteis no Brasil, recebendo menores salários e menos chances de
trabalho, principalmente graças aos preconceitos por parte dos homens.
O espaço público para as mulheres passa a ser visto como amoral,
mas por força da necessidade econômica as mulheres permanecem no
mercado de trabalho e começam a se unir em grupos e associações e a
reivindicar seus direitos, dando início aos movimentos feministas.
Atividade 9:
11
Providencie fotografia das mulheres que fizeram a história da sua
família. Quem são elas? Quais foram suas contribuições? Elas
também fizeram história?
Atenção!! É preciso que você pergunte quem fotografou, o ano
aproximado e quem são as pessoas que aparecem em sua foto.As grandes guerras mundiais ocorridas no século XX mobilizaram
milhões de mulheres para o trabalho e após as guerras muitas questões
femininas defendidas se ampliam, agora as reivindicações são sexistas e
raciais. Até mesmo as relações de marido e esposa também se modificam.
Atividade 10:
Agora é com você. Seja um pouquinho historiador, escritor para
interpretar e solucionar a atividade que segue:
01. “Eu a vejo todo dia/ quando o sol mal principia/ a cidade a iluminar. Eu venho da boemia/ ela via, quanta ironia/ para a escola trabalhar (...) condena o meu viver. Condena porque não sabe que toda culpa lhe cabe de eu viver ao deus-dará. Menino querendo ser para com ela aprender novamente o bê-a-bá ”.O poema fala da mulher enquanto ser capaz de regenerar o homem.
Esse panorama mudou?
02. Qual a situação da mulher trabalhadora hoje no que diz respeito a
reconhecimento, remuneração, condições de trabalho, etc?
03. Desenvolvimento teórico interdisciplinar
No ensino de Arte o conhecimento se realiza por meio de múltiplas
linguagens o que amplia as possibilidades de leitura e pelos alunos
envolvidos nessa dinâmica do conhecimento, portanto, o estudo através
de fotografias como imagem biodimensional (desenho, pintura, gravura,
fotografia, propaganda visual) abre a oportunidade para que você aluno
possa ampliar e aprofundar a apreensão dos elementos
contextualizadores que abrangem aspectos históricos, sociais, políticos e
culturais e constrói relações.
Como a professora de Arte Akemi Ozeki afirma em sua produção
de folhas: “A figura feminina sempre foi um dos temas preferidos dos
artistas. Seja como objeto de sedução, de beleza, de representação de um
estado de espírito ou de um ideal de perfeição. A mulher está sempre
presente nas produções artísticas em qualquer época da história da
12
arte.”(OZEKI:2007:1592), portanto, nada mais oportuno analisar e
fazermos uma comparação com algumas obras imagéticas.
Atividade 11:
Em grupo, ou duplas, discuta e anote as semelhanças e diferenças
você percebe nas duas imagens abaixo. Atente-se à datação.
Foto no estúdio, década de 1940. Acervo Laura
Rodrigues.
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci,
1503-1507
www.jeansdogshop.com/monatransfers/monalis
a-original.jpg
Dentro da Língua Portuguesa toda produção feita por você na
oralidade, na leitura e na escrita são práticas imprescindíveis ao convívio
social, sendo a leitura de imagens, como as fotos, figuras que povoam
com intensidade nosso universo cotidiano marcadamente cheio de
imagens.
Vou propor aqui uma atividade divertida: cada um deverá trazer
uma foto (de preferência do período aqui especificado – 1940 a 1960),
todos deverão ter contato com estas fotos durante determinado tempo
(aproveite para contar de quem é ela, quem ou o quê aparece nela, por
que você a escolheu), logo após todas devem ser colocadas em uma caixa,
o aluno escolhido pega de dentro da caixa uma foto e sem que os outros
vejam, deve usar 10 palavras para defini-la e os demais alunos deverão
tentar dizer qual é a foto.
13
E agora vamos responder à questão inicial? Lugar de mulher
é...
04. Referências:
CUNHA, Maria de Fátima da. Mulher e historiografia: da visibilidade à
diferença. His. Ensino, Londrina, v. p.6, 141-161, out, 2000.
LOURO, Guacira Lopes. “Mulheres na sala de aula”. In: PRIORE, Mary
Del. (org). História das mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto: 2002.
MAGALHÃES, Marion Brepohs de. “Os anos dourados: a expansão da
Economia Cafeeira”. In: Paraná: Política e Governo. Curitiba, SEED:
2001.
NADER, Maria Beatriz. Reclusão biológica e transgressão feminina: a
mulher entre dois destinos. Dimensões, Vol. 13, jul/ dez 2001.
NOSSAS MULHERES: 500 anos fazendo a História do Brasil. São Paulo:
ABRIL, 2000.
OLIVEIRA, Dennison de. “Café: industrialização e urbanização”. In:
Urbanização e industrialização do Paraná. Curitiba, SEED: 2001
OZEKI, Akemi. A leitura e a imagem da figura feminina na
contemporaneidade. Folhas nº 1592. Disponível em: http://
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br. Acesso em: 02 out. 2007
PEDRO, Joana Maria. “Mulheres do Sul”. In: PRIORE, Mary Del. (org).
História das mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto: 2002.
REVISTA CLAUDIA. São Paulo: Roberto Civita, 2000.
SILVA, Maria Aparecida Moraes. “De colona a bóia-fria”. In: PRIORE,
Mary Del. (org). História das mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto:
2002.
TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos – a fotografia e as exposições na
era do espetáculo (1839-1889). R.J:Rocco, 1995.
www.jeansdogshop.com/monatransfers/monalisa-original.jpg. Acesso em:
02 out. 2007
14