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REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO 2012 51 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO Autora: M. Cristina Rodríguez Gratiní, rcm Tradutora: Maria Pilar Vasconcellos TEXTO DE REFLEXÃO – JULHO/2012

Autora: M. Cristina Rodríguez Gratiní, rcm · a obra de Deus em sua vida e ela deixou que a graça trabalhasse ... Do mesmo modo se deixou alcançar pelas pessoas e suas necessidades,

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REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012  

51 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

                                               

                            

 

 

 

Autora: M. Cristina Rodríguez Gratiní, rcm 

Tradutora: Maria Pilar Vasconcellos 

TEXTO DE REFLEXÃO – JULHO/2012 

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também  temos que  ser o  fermento que ajuda a crescer em valores, para que os homens e mulheres cheguem a alcançar o verdadeiro sentido de suas vidas. Isso requer a santidade  de  nossas  vidas,  como  uma  urgência pastoral, para pertencer de verdade a Aquele cujo nome é Santo. João Paulo  II nos disse que para viver o projeto de  santidade  é  necessária  a  verdadeira  oração,  a experiência  de  Deus  no  silêncio  e  o  cultivo  da  vida interior  segundo  o  Evangelho”  (Cf.  Circular  nº 1140/2010). 

A vida e santidade de Madre Carmen é um desafio para  todas  e  cada  uma  de  nós,  concepcionistas. Contamos com a bênção de Nossa Madre e de todas as que nos precederam. 

Hoje uma  vez mais Madre Carmen nos diz:  “NÃO AS  DEIXAREI  SOZINHAS;  DESDE  O  CÉU,  VELAREI  POR VOCÊS”. 

********************************* BIBLIOGRAFIA 

A Espiritualidade nos documentos de Carmen Sallés‐ M. Mª Henar Yubero Soto, rcm. 

Primeiras Constituições.  Marie  a  Monte  Carmelo  Sallés  y  Barangueras 

(POSITIO).  Revista “Amigos de Orar”, nº 76.  Vocabulário  de  Teologia  Bíblica,  X,  León  Dufour. 

Biblioteca Herder.  Dicionário de Espiritualidade. Tomo I e II.  Dicionário da Bíblia, Haag, Van den Born. 

 

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dirigiam,  eles  lhes  transmitiram  a  Palavra  de  Deus; olhem como acabaram suas vidas e imitem sua fé”. 

Nossa recordação não olha a Madre Carmen em si mesma, mas sua vida que nos leva ao mistério de Jesus. “Lembre‐se  de  Jesus  Cristo,  o  Senhor,  ressuscitado  de entre os mortos, nascido da linhagem de Davi. É doutrina segura:  se  morremos  com  Ele,  viveremos  com  Ele.  Se perseveramos,  reinaremos  com  Ele,  se  o  negamos, também Ele nos negará. Se somos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar‐se a si mesmo”  (2Tim 2, 8‐13).  

Esta  lembrança de Nossa Madre que  a  todas nos move, não há de ser uma simples  lembrança, mas uma lembrança  que  oriente  nossa  vida  pelo  verdadeiro caminho na vivência das virtudes como as viveu. 

O chamado de Deus a Madre Carmen a colocou em um caminho de fé, para dar vida a uma família religiosa, isto  é,  a  um  novo  caminho  de  seguimento  de  Jesus  e, portanto,  um  novo  caminho  de  santidade.  Relembrar nossa Madre é  relembrar o projeto que Deus  tem para cada uma de nós assim como teve com ela. A escuta e a resposta  que  Madre  Carmen  deu  à  Palavra  de  Deus constitui, para cada uma de nós, um caminho a seguir. 

Termino minha  reflexão  sobre  a morte  de  nossa Madre referindo ao que nossa Madre Geral Madre Maria Luz Martínez Andrés nos dizia: “Madre Carmen nos narra a  obra  de Deus  em  sua  vida  e  ela  deixou  que  a  graça trabalhasse  nela.  Do mesmo modo  se  deixou  alcançar pelas  pessoas  e  suas  necessidades,  contando  sempre com  a  Divina  Providência.  Nós,  no  meio  do  mundo, 

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Em Caminho (Motivação) 

  Continuando  em  Caminho  com  Carmen Sallés, durante este mês, nos propusemos orar e refletir sobre  abandono    e  conformidade  com  a  vontade  de Deus.  Já que Madre Carmen nos diz: “Vejamos, até nos mínimos detalhes, a vontade de Deus. Ele  tudo permite para  nosso  bem”.  “As  constantes  de  nossa  vida  devem ser  a  docilidade,  o  abandono  à  vontade  de  Deus  e  a confiança na Divina Providência” (Ecos 125, 26). 

Nesta  hora  de  nossa  Congregação,  em  que estamos  vivendo  um  tempo  de  graça  para  cada concepcionista,  podemos  dizer  com  o  salmista,  sem medo  de  errarmos:  “O  Senhor  foi  grande  conosco  e estamos  alegres”  (Sl  125).  Sim,  estamos  alegres,  mas também sentimos que o Senhor nos chama a cada uma, a  dar  uma  resposta  de  fidelidade  no  hoje  de  nossa história. 

Vêm‐me  à  lembrança  aquela  expressão  que  o congresso  da  CLAR  (Conferência  Latino‐americana  de Religiosos/as)  cunhou  e  que  já  o  documento  “Vita Consecrata”  nos  indicava:  “Não  somente  temos  uma história  gloriosa  para  recordar  e  contar,  senão  uma grande história para construir. Devemos pôr os olhos no futuro,  para  aquilo  que  o  Espírito  impulsiona,  para continuar  fazendo  com  vocês  grandes  coisas”  (Cf.  VC 110). 

Madre  Carmen  sempre  teve  claro  que  a Congregação  é  obra  de  Deus,  que  somos  frágeis 

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mulheres, mas que o Senhor é quem nos guia e sustenta, portanto  temos  que  viver  uma  vida  religiosa  com entusiasmo e empenho para estender o Reino, buscando a  vontade  de  Deus,  abertas  ao  Espírito  que  é  sempre criativo. 

Sinto  que  esta  hora  de  nossa  história congregacional  é  um  chamado  e  é  um  desafio.  Um chamado a viver com maior radicalidade, preocupadas e ocupadas  em  ser  significativas,  afoitas,  sem medo  das mudanças,  pois  nos  sentimos  e  estamos  radicadas  em Cristo e que, na vida cotidiana, a frase de São Paulo flui como uma  fonte em nós: “Tudo podemos n’Aquele que nos fortalece” (Cf. Fil 4, 13).  

É um desafio em meio de um mundo que não crê em compromisso, que não crê na permanência, que não crê no amor gratuito... mas que, por outro  lado, busca com  ansiedade  o  amor  gratuito,  a  palavra  sincera  e acertada, enfim... quer ver o novo que está nascendo e que a vida religiosa há de mostrar. 

Devemos  testemunhar  ao  mundo,  como concepcionistas,  a  paixão  que moveu Nossa  Senhora  e Madre Carmen a mostrar o tesouro que levavam dentro. 

Deus quis abençoar‐nos “com toda classe de bens espirituais  e  celestiais  para  que  sejamos  santas  e irrepreensíveis n’Ele por amor” (Cf. Ef 1,3), pois que sem sua  graça,  jamais  poderemos  bendizê‐lo  como  Ele 

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e  em  tudo  a  vontade  de  Deus  mesmo  nas  menores coisas”9. Válido  também para uma morte. Morrer, para se  unir  definitivamente  com  Deus,  mas  viver  sem regatear minutos, até completar a obra encomendada. E, a quem Deus não recomendou algo para completar sua obra no mundo?10.   

Faz  pouco,  nos  alegramos  em  celebrar    o centenário  da  morte  de  nossa  Madre.  Ao  falar  de “celebrar”, quando na vida cotidiana, tal acontecimento o  vivemos  com  dor,  pranto  e  tristeza,  parece  um contrassenso. Mas, para nós, é motivo de alegria, pois a vida  de Madre  Carmen  nos  estimula  a  vivermos  como viveu. Os  inumeráveis  testemunhos  recolhidos  sobre  a vida de Nossa Madre são clara evidência de que sua boca falava  desse  amor  que  abundava  em  seu  coração  e  o viveu  intensamente até  sua morte. Podemos notar  isso claramente na  jaculatória que com  tanta  frequência ela recitava:  “Ama a quem  tanto  te ama. Ama a  teu Deus sem medida.  Só  Jesus  seja  tua  vida,  só  Jesus  seja  teu amor. E com Jesus trabalhando e com Jesus caminhando, com Jesus ao porto chegue, a Jesus a alma entregue. Por Jesus, morra de amor”11. 

Ao  recordar o acontecimento da morte de Madre Carmen me vem à memória a citação bíblica da carta aos Hebreus,  13,  7  que  diz:  “Lembrem‐se  de  quem    os 

                                                            9 Teólogo consultor IV. 10 M. Maria Asunción Valls S. “Carmen Sallés, mulher de fé, esperança e amor”. 11 Testemunho 9, Summ. P.57. 

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Tudo  isto  te  pedimos  por  Jesus  Cristo  Nosso  Senhor. Amém.  

Dia 25 de Julho de 1911, Madre Carmen morre. Ao  falar  sobre  a  morte  de  nossa Madre,  queria 

fazê‐lo  com o Prefácio do ordinário da missa que, para mim, é muito significativo  já que, sem dúvida,  reflete o que  é  a  morte  e  ressurreição  de  todos  nós,  na ressurreição  de  Jesus  e  que  já  foi  uma  realidade  em nossa Madre.  "Nele,  brilha  a  esperança  de  nossa  feliz ressurreição; e assim, ainda que a certeza de morrer nos entristece,  nos  consola  a  promessa  da  futura imortalidade.  Porque  a  vida  dos  que  em  ti  cremos, Senhor,  não  termina,  se  transforma;  e,  ao  desfazer‐se nossa morada  terrena,  adquirimos uma mansão eterna no céu”8. 

É evidente que a vida da Madre se transformou em tantos  rostos de  irmãs e em  tantas  realidades, que não nos resta senão dar graças a Deus pela vida dessa grande mulher, Carmen Sallés. “Porque se o morrer se deve ao homem,  o  ser  chamados  à  vida  com  Cristo  é  obra gratuita de seu amor” (Cf. Missal Romano, Prefácio V de defuntos). 

Madre  Carmen,  em  todo momento  de  sua  vida, procurou fazer a vontade de Deus e era uma constante escutar de seus lábios a frase: “O que Deus quiser”. Um lema  válido  para  uma  vida,  visto  que  “a  evidência  do amor  a Deus  brota  de  sua  constante  fidelidade  a  seus desígnios e do vivo desejo de aderir‐se e cumprir sempre                                                             8 Missal romano, Prefácio I, de Defuntos. 

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merece. Ele não quer nos salvar e  fazer surgir  frutos de vida eterna sem nós, como diz Santo Agostinho: “O que te criou sem ti, não te salvará sem ti” e, por conseguinte, devemos  acolher  sua  vontade  com  intenso  amor  e gratidão. 

1. Abertas à Palavra (Fundamentação bíblico‐teológica) 

 

O homem é a criatura mais maravilhosa que Deus criou, pois que é capaz, com a ajuda de Deus, de realizar as  obras mais  santas; mas,  ao mesmo  tempo,  o mais pobre e necessitado que há,  já que sem o auxílio divino não pode sequer conceber um pensamento bom.  

Antes  de  falar  da  vontade  de Deus,  é  bom  nos determos no ABANDONO como antessala da vontade de Deus em nossa vida. 

 1. Natureza do Abandono 

Para  falar do  abandono, devemos  recordar que, na vida espiritual, esta palavra não é passiva, cômoda... pelo  contrário. O dicionário de espiritualidade define o abandono  como  “a  entrega  de  si  mesmo,  renúncia  à vontade  própria  e,  por  isto,  ato  supremo  de  amor, 

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imperado pela mais pura  caridade...  Sugerido pela  fé  e corroborado pela esperança”1. 

Uma  palavra  que  podemos  empregar,  visto  que reúne o que o Abandono é e encerra,   no  caminho de santidade, é conformidade. Santo  Inácio utiliza  também a palavra mágica de “santa indiferença”. 

Podemos dizer que o  ato de  abandono pode  se achar,  facilmente, nas almas em graça, enquanto que o estado de abandono supõe a perfeição habitual, isto é, a transformação da vontade na vontade de Deus. 

Quem  se  abandona  em  Deus  tem  que  acolher fielmente  a  ação  divina,  que  ainda  que  sempre  seja amorosa  e  justa,  nem  sempre  é  agradável.  Isto  supõe uma  atitude  de  abertura  à  graça, manter  os  olhos  e  o coração  abertos  para  não  deixar  passar  a  graça.  A propósito,  lembro‐me  de  uma  frase  que  um  dia  Santo Agostinho  disse:  “temo  que  Deus  passe  e  não  volte  a passar”. 

São  João  da  Cruz  entende  o  abandono  não  só como expressão do amor, senão como meio para chegar a Deus plena e totalmente. É claro que chegamos a Deus e  nos  relacionamos  com  ele,  não  pela  prepotência  e  a arrogância, mas  pela  pobreza  e  a  pequenez,  condição indispensável para o encontro. 

                                                            1 M. Rosa Chao, rcm. 

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Amamos‐te por guiar nossos passos, acompanhando‐nos nos bons e nos maus momentos. Não permitas que nos afastemos da vontade de Deus. Todos: Roga por nós. Ave, Maria... Pedimos‐te  pelos  que  não  te  aceitam  como mãe,  para que  despertem  e  possam  reconhecer‐te  como  mãe  e assim  juntos  sintamos  tua  presença  e  possamos construir um mundo, onde reine o amor e a paz. Todos: Roga por nós. Ave Maria... Pedimos‐te pelos que aqui estamos  reunidos, para que intercedas ante nosso Pai, Deus, para aumentar cada vez mais  nossa  fé  e  nos  enchamos  do  Espírito  Santo,  para continuar anunciando, com coragem, a Boa Notícia, em todos os rincões do mundo. Todos: Roga por nós. Ave, Maria... ORAÇÃO FINAL Virgem  do  Carmo,  hoje,  recorremos  a  Ti,  porque  teu nome nos lembra de teu amor e desvelo, e teu desejo de nos ver reunidos como irmãos, gozando da plenitude de Deus, fonte inesgotável de felicidade. Pedimos‐te que nos livres do ódio que oprime e dá‐nos o amor que nos une. O  erro cega... livra‐nos com a verdade. O desespero mata... livra‐nos com a esperança. A  dúvida desorienta... livra‐nos com a fé. As  trevas assustam... livra‐nos com a luz. A  tristeza destrói... livra‐nos com a alegria. 

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solenidade  e  devoção  as  principais  festividades  da Santíssima Virgem, cuidando bem de que as meninas que com elas se educam se distingam pela devoção e afeto à Virgem Imaculada” (Const. 1893, cap. I art. 2, p. 5). 

Carmen recomenda que se preparem para as festas da Virgem com suas respectivas novenas, seguindo este costume  de  sua  época.  Podemos  ver  em  ambas  as Constituições  que,  entre  as  novenas  que  indica  para  o ano, lhes diz. “... começarão o último dia de novembro de cada ano a novena da Virgem Imaculada, o 1º de janeiro, a  de  Menino  Jesus,  seguindo  a  esta  a  do  Imaculado Coração  de Maria;  (...),  O  7  de  julho  a  da  Virgem  do Carmo”6.   Carmen  aproveita  todas  as  devoções,  orações  e atos de  culto próprios  de  seu  tempo, para  favorecer o amor a Maria, sem esquecer nunca  (...) que Ela não é a meta, mas o meio que as conduzirá a Jesus. Se recorrem a  Virgem,  pedindo  sua  ajuda  e  intercessão  e principalmente  esforçando‐se  por  imitá‐la  em  suas virtudes, n’Ela encontrarão o caminho mais curto para ir a Jesus7. 

Súplicas  a Nossa  Senhora do Carmo Oh! Virgem do Carmo! Amamos‐te por ser nossa Mãe e protetora. Todos: Roga por nós Ave Maria... 

                                                            6 Espiritualidade nos Documentos de Carmen Sallés. Henar Yubero. 7 Cf. Espiritualidade nos Documentos de Carmen Sallés, Henar Yubero. 

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6 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

Na medida em que deixamos toda resistência, se dá  em  nós  uma  disposição  para  deixar  que  Deus  seja Deus,  para  viver  de  maneira  plena  o  abandono  e  a conformidade com o plano de Deus. 

Viver  o  abandono  é  amar  a Deus mais  que  a  si mesmo,  não  só  de  palavras  nem  de  desejos,  mas  de coração  e  com  toda  a  alma;  isto  é,  confiar  a  Deus  a própria  vida  com  tudo  o  que  somos  e  temos  e, sobretudo,  com  as  possíveis  consequências  que  este nível de amor traz consigo, nem sempre agradável, mas que é ao que todos estamos chamados. 

 

 

 

 

 

 

      

PARA REFLETIR E ORAR:

Como  podemos  viver  o  abandono  na  vida cotidiana?  

Como  você  vive  em  sua  vida  consagrada  “o confiar a Deus a própria vida com tudo o que se tem  e  se  é,  sobretudo,  com  as  possíveis consequências  que  traz  consigo  este  nível  de vida, nem sempre agradável, mas que é ao que todas estamos chamadas”?     

Ler  e  orar  as  seguintes  citações  bíblicas:  Jo  5, 30; Salmo 18.  

O que me enviou está  comigo e não me deixa só,  porque  eu  faço  sempre  o  que  lhe  agrada” (Jo 8, 28‐29). Como vivo estas palavras de Jesus em minha vida? 

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7 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

Vista  a  definição  de  abandono,  podemos  dizer, primeiro, que é uma atitude espiritual e, segundo, que o fundamento  desta  atitude  evangélica‐espiritual  se encontra não só na vida prática de Jesus de Nazaré, mas em  seus ensinamentos.  “Quando  levantarem o Filho do homem, compreenderão que eu sou e que não faço nada por  minha  conta,  mas  que  falo  como  meu  Pai  me ensinou. Ele que me enviou está comigo e não me deixa porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 28‐19). 

Ao  falar  da  vontade  de  Deus  em  nossa  vida  e querer  vivê‐la  segundo  seu  querer,  nos  defrontamos com  uma  realidade  que  não  podemos  esconder:  em busca, com inquietude, com tensão... O desejo de fazer o  que  Deus  quer  para  nós  passa,  quase inadvertidamente, de um simples desejo a uma inquieta ansiedade. Pois ao nos confrontarmos com uma decisão que  devemos  tomar  e  quando  não  vem  nenhuma solução  rapidamente  à mente,  buscamos  a  Deus  para que nos diga o que devemos fazer. Quando não aparece nenhuma resposta  imediatamente, começamos a entrar em  pânico.  Ou  talvez  nos  foi  ensinado  que  nossos corações  são  “maus”,  de  forma  que  qualquer  ideia  ou desejo  que  nós  tenhamos    simplesmente  tem  que  ser contrário ao que Deus quer. Assim que descartamos essa possibilidade,  buscamos  a  resposta,  que  deve  ser  a correta, e que é, exatamente, o que nós não queríamos fazer! 

Por que nos preocupamos tanto por averiguar a vontade de Deus? Poderia ser, por que temos uma ideia distorcida do que é e de como encontrá‐la? 

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orações.  Logo  veio  a  paixão  e  morte,  seguidas  da ressurreição e  ida de Jesus ao Céu e, mais tarde, de sua Mãe.  Logo  virão  as  invasões  muçulmanas,  mas  as orações do Carmelo não  se  interrompem, e os monges decidem mudar para  a  Europa. Ali, os encontramos no Século  XIII;  seu  Superior,  São  Simão  Stock,  estava  em oração,  preocupado  por  novas  perseguições,  quando  a própria  Mãe  de  Deus  aparece  a  ele  para  lhe  dizer: “Amadíssimo  filho,  recebe  o  escapulário  de  minha ordem para que quem morrer  levando‐o piedosamente, não  padeça  no  fogo  eterno”.  O  Papa  Gregório  XIII declarou  verdadeira  esta  aparição  depois  de  sérios estudos e, baseando‐se nos favores que os que usavam o escapulário  recebiam.  Também  esta  aparição  foi reconhecida pelo Papa João XXII que recebeu uma nova aparição da Virgem, na que prometia tirar do purgatório no  primeiro  sábado  depois  de  sua  morte  a  seus devotos”5. 

Faz muitos  séculos, esta devoção  a Virgem Maria, sob o nome do Carmo, encheu páginas dos livros que se escreveram em honra de Maria. 

Da  Europa,  esta  devoção  se  estendeu  para  a América  Latina,  Puebla,  no  nº  168  a  chama Mãe  dos Povos da América Latina. 

Para Madre  Carmen,  a  presença  de Maria  é  uma presença viva e operante, unida sempre à de Deus nosso Senhor.   “As  Religiosas  procurarão  sempre  honrar  e venerar a  Imaculada Conceição, celebrando com grande                                                             5 Wikipedia.org. 

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Dependesse de mim e de me deitar Cada noite sabendo que tudo depende de Ti. 

‐ Termina‐se rezando o Pai Nosso. ‐ Damo‐nos a paz 

  5. M. Carmen: uma vida que deu 

fruto. (Os dias concepcionistas)  

Dias: 16 de Julho Nossa Senhora do Carmo “O  nome  de  Carmen  (Carmo)  vem  do  Monte 

Carmelo  ou  “vinha  de  Deus”  que  está  na  Terra  Santa. Segundo o  Livro dos Reis, ali  viveu o Profeta Elias  com um  grupo  de  jovens,  dedicados  à  oração. Corria  o  ano 300 a.C e uma grande seca assolava a região; o profeta subiu a montanha para pedir chuva e divisou uma nuvem de  luminosa  brancura  da  qual  brotava    água  em abundância;  compreendeu que  a  visão era um  símbolo da chegada do Salvador esperado, que nasceria de uma donzela  imaculada  para  trazer  uma  chuva  de  bênçãos. Desde então, aquela pequena comunidade se dedicou a rezar  pela  que  seria  a  mãe  do  Redentor,  começando assim  a  devoção  a  Nossa  Senhora  do  Carmo  (ou Carmelo). 

Muitos  acontecimentos  sucederam  através  do tempo, mas as orações continuaram elevando‐se desde o  Carmelo:  é  que  os  homens  e  as  instituições  passam, mas  as  obras  de Deus permanecem  porque  participam um  pouco  de  sua  eternidade. Nasce  a Virgem Maria  e chega  a  ser  a  mãe  do  Salvador;  segundo  a  tradição, visitou  os  monges  e  os  estimulou  a  continuar  suas 

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Uma  ideia da vontade de Deus que encontramos frequentemente  na  Igreja  é  que  Deus  tem  um  plano preparado  para  cada  um  de  nós  e  é  nosso  dever descobri‐lo  e  ser  fiel  seguindo  dito  plano.  Se  não conseguimos  fazer  exatamente  o  correto, provavelmente  tenhamos que nos  conformar  com uma segunda opção ou algo pior. Porém,  isso realmente nos custa muito averiguar ou descobrir. 

Esta  perspectiva  ou  concepção  da  vontade  de Deus  leva  ao  temor,  fazendo  que  evitemos  tomar decisões  por medo  de  errarmos,  ou  se  viva  uma  vida atormentada,  sobrecarregada,  crendo  que, continuamente, estragamos tudo ou estamos limitados a algo que não é o melhor de Deus para nós. 

Tem  sentido  que Deus  faça  que  seja  tão  difícil descobrir sua vontade? Isto não pode estar certo. Talvez tenhamos  uma  compreensão  errônea  do  que  significa conhecer a vontade de Deus ou ainda o que é a vontade de Deus. 

Na  busca  da  vontade  de  Deus  em  querer conformar  a  vida  em  toda  sua  essência  a  ela,  é necessário dispor‐se  a viver conforme o desejo de Deus, isto  é,  a  parte  ativa  desse  desejo,  a  ação  pessoal  que Deus  exige  de  mim  na  obra  de  minha  santificação. Recordemos a multiplicação dos pães, em que Jesus diz aos  discípulos:  “Deem‐lhes  vocês  de  comer...  eles responderam:  nós  temos  apenas  cinco  pães  e  dois peixes” (Cf. Lc 9, 13) e aconteceu o milagre. O Senhor só espera de nós que  lhe demos nossos  cinco pães e dois peixes para fazer grandes obras em nós.  

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Devo  agir,  realmente,  e  pôr  em  ação  minhas faculdades,  na  execução  dos  desejos  de  Deus;  devo caminhar  pelo  caminho  que  me  foi  traçado.  E  como posso  caminhar?  Com  os meios  que  o  próprio  Senhor nos  sugeriu:  CONHECER,  AMAR  E  EXECUTAR.  O conhecimento é a primeira condição do bem: devo pedir a  Deus  que  me  conceda  pleno  conhecimento  de  sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, a fim  de  que  caminhe  neste mundo,  seguindo  uma  vida digna do Senhor, agradando‐o em tudo, dando frutos de toda classe de obras boas e crescendo no conhecimento de Deus” (Cf. Col 1, 9). 

É necessário que, assim como os olhos dos servos estão olhando  sempre as mãos ou  insinuações de  seus patrões,  assim  como  a  escrava  tem  os  olhos  fixos  nas mãos  de  sua  senhora,  assim  também  nossos  olhos permaneçam fixos no Senhor, nosso Deus, para consultá‐lo  em  todas  as  coisas  e  conhecer  sua  vontade  (Cf.  Sl 122,2). 

Nosso  fim  último  como  criaturas  é  a  glória  de Deus. “O homem foi criado para louvar, fazer reverência e dar glória a Deus nosso Senhor e por meio disto salvar sua  alma”  (Santo  Inácio).  A  glória  de  Deus  me  exige inteligência que a conheça, a vontade que a ame, a ação que a procure. Podemos dizer que, da mesma maneira, na busca e conformidade com a vontade de Deus: minha inteligência deve conhecê‐la, minha vontade respeitá‐la e  amá‐la,  minha  ação  executá‐la.  Conhecer,  amar  e buscar  a  vontade  de  Deus  é  o  caminho  que  conduz  à santidade. 

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42 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

Colocamos  o  papel  dobrado  ao  redor  de  Jesus crucificado  e  pegamos  uma  vela  pequena,  acendemos  no  círio  e  um  cartãozinho  e  vamos  a nosso lugar. Contemplamos  a  luz  e  o  SIM  que  está  na lampadazinha... Peça  ao  Senhor  que  grave  o  SIM  a  fogo  no  seu coração. E  depois  de  um  tempo,  procurar  recordar mentalmente  sua  vida  nesta  atitude,  disponível, aberta... (Reze em silêncio a oração que está na parte de trás do cartão).  E) Coloquemo‐nos  em pé,  lemos  (em  voz alta ou 

em silêncio) o escrito e queima‐se, no vaso, que está no lugar. 

F) Preces espontâneas. G) Pegamos  a  oração  e  a  rezamos  todas  juntas, 

devagar: Dá‐me, Senhor, a força necessária Para mudar, neste mundo, Quanto Tu desejas mudar. Dá‐me a graça de aceitar ou interpretar Tudo aquilo que não se pode mudar E no meio do qual ou com o qual Me toca viver. Dá‐me a luz suficiente para  Distinguir umas e outras situações. Dá‐me, por fim, essa serenidade Que brota de se levantar cada manhã  Disposta a lutar como se tudo 

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Partilhar o que nos diz a Palavra. 

Depois de partilhar a Palavra: Não, nem tudo podemos dizer que são coisas do destino, que  é  a  vontade  de  Deus  que  as  pessoas  sofram,  que haja  violência,  guerras,  injustiças,  que  sejamos  como somos,  que  não  vivamos  como  irmãos  e  irmãs,  etc. quando sabemos que tudo isso é fruto do pecado. Isto é, de que não fazemos segundo a vontade de Deus. Sempre podemos fazer, ao menos, duas coisas: orar e lutar; lutar e  orar...  Diante  dessas  situações,  Deus  nos  pede  algo. Escutemos sem medo a voz de Deus. 

A) Pegue, agora, a folha de papel e até a metade escreva suas queixas a Deus. 

B) Na  outra  metade,  escreva  suas  rebeldias. Diariamente  nos  queixamos  dizendo,  porque Deus me pede isto, ou aquilo... É o momento de expressar o que sinto. 

C) Na  outra  metade,  peça  a  Deus  tudo  de  que necessita  que  ele  lhe  dê  para  cumprir  aquilo que está pedindo. 

D) Escreva  em  letra  maiúscula:  “Faça‐se  a  tua vontade! Faça‐se a tua vontade! Faça‐se a tua vontade”. 

COM LIBERDADE, A QUE QUISER PARTILHA O EXERCÍCIO. 

Depois, em silêncio, enquanto escutamos a canção: “Um coração para dar”. 

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10 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

A vontade de Deus na Bíblia 

  Na  Bíblia,  ao  falar  da  “vontade  de  Deus”  pode significar  o  plano  soberano  e  eterno  de Deus,  que  se cumprirá  independentemente  de  qualquer  aceitação  e participação consciente de nossa parte. “Ninguém pode atentar contra ele, nem exigir‐lhe contas do que faz” (Dn 4,  34);  “Derrotou  em  nós  toda  classe  de  sabedoria  e prudência,  dando‐nos  a  conhecer  o  mistério  de  sua vontade, estabelecida de antemão por decisão sua” (Ef 1, 9‐11).  Não  podemos  desfazer  a  vontade  soberana  de Deus. A  frase também pode ser usada para descrever o desejo ou consentimento de Deus. 

Também  os  profetas  veem  a  vontade  de  Deus como  independência  soberana,  sabedoria, benevolência.  Javé  é  um  Deus  que  cumpre  o  que projeta:  “...  mas  ele  não    muda:  quem  o  fará  voltar atrás? Quer uma coisa e a realiza” (Jo 23, 13). A palavra que ele manda à  terra  faz  tudo o que Ele quer. “Assim será minha Palavra, que sai da minha boca: não voltará a mim  vazia, mas  fará minha  vontade  e  cumprirá meu encargo” (Is 55, 11ss.). Deus não age por insinuações de outros, senão segundo sua vontade (Is. 40, 13). Dirige os movimentos do coração do homem (Prov 21,1). 

Podemos  dizer  que,  em  geral,  a  “vontade  de Deus”  na  Bíblia  se  refere  às  leis  morais  ou mandamentos  de  Deus.  “Ensina‐me  a  cumprir  tua vontade e a observá‐la de todo coração. Encaminha‐me pela senda de teus ensinamentos, porque nela me deleito (Sl 119; 34‐35) e “Desejo cumprir tua vontade, meu Deus, levo  teu ensinamento em minhas entranhas”  (Sl 40, 9). 

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11 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

Além destas  leis gerais, no entanto, os profetas davam instruções relacionadas com temas específicos. 

No  Novo  Testamento  é  evidente  esta independência  soberana,  que  se  expressa  na  parábola dos operários da vinha, quando  Jesus disse: “Não estou sendo injusto; não havíamos combinado por um denário? Ou não posso dispor de meus bens como eu quiser? Por que achas ruim que eu seja generoso? (Mt 20, 14). 

Em  suas cartas, vemos que Paulo dá aos efésios instruções  gerais  para  não  viver  como  o  mundo. “Portanto,  não  sejam  imprudentes,  mas  procurem entender qual é a vontade do Senhor” (Ef 5, 17). “Esta é a vontade de Deus: que sejam santos” (I Tes 4,3). 

Deus tem um plano específico para cada um de nós?  Sem  dúvida  o  tem.  Paulo  nô‐lo  diz  quando  inicia sua carta dizendo: “Paulo, apóstolo de  Jesus Cristo pela vontade de Deus” (Ef 1,1; 2Tim 1,1). O que indica que ele se  sente  escolhido  pelo mesmo  Deus  em  seu  desígnio infinito para ser apóstolo. 

Como  podemos  alcançar  este  abandono  ao querer de Deus? Um caminho seguro para nos conduzir é  o  exercício  desta  virtude.  Mas  como  as  grandes ocasiões  de  praticá‐la  são  bastante  raras,  é  necessário aproveitar   as pequenas que são diárias e cujo bom uso nos  prepara,  em  seguida,  para  suportar  as extraordinárias. 

Não  há  ninguém  a  quem  sucedam  cem  coisas diárias  contrárias a  seus desejos e  inclinações,  seja por nossa  imprudência  ou  distração,  seja  pela desconsideração  ou malícia  de  outro.  Toda  nossa  vida 

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40 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

Como uma criança fraca e frágil. Sou teu pequeno (bis).  Pai, tua é minha vida, Dá‐me a conhecer teu caminho.  Pai, preciso dar‐me com todo O amor de que sou capaz.      Pai, toma‐me em teus braços Tem piedade, mostra‐me teu rosto.  Pai, te confio meus dias,  Quero cumprir tua vontade.    

5. MOTIVAÇÃO: ‐ Vamos estar   muito atentos para  ler o símbolo que está no centro.  ‐ O que nos dizem estes símbolos? (Silêncio). ‐ Se estamos falando da vontade de Deus, o que nos dizem estes símbolos? (Silêncio). ‐  Que  significam  esses  dois  ovinhos  no  ninho? (Silêncio) ‐ Relembrar brevemente o que se dizia dos itens para procurar a vontade de Deus.  6. LEITURA  da  PALAVRA:  Carta  de  São  Paulo  aos 

colossenses, 1, 9‐12.  MOMENTO DE SILÊNCIO PARA ‘RUMINAR’ A PALAVRA 

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39 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

Propiciar  um  espaço  de  reflexão,  comentário,  no  qual, juntas, peçamos ao Senhor que nos ensine a buscar e a encontrar a vontade de Deus em tudo.  

2. MATERIAL:   Convida‐se a viver a experiência.   Símbolo: Folha de papel, lápis, Bíblia.  Um cartão para cada participante.  Uma vela em um vasinho de barro, com um “sim” 

colocado na parte de fora, que se possa ver.  Um Vaso de barro para queimar.  Um Jesus crucificado (se a celebração se faz em 

outro espaço fora da capela).   Imagens com diferentes rostos.  Jornais.  Círio Pascal.  Gravador, CD. 

 3. METODOLOGÍA:  

Preparar o espaço com antecipação e dispor de uma hora para a experiência.     

4. CANTO  Começar escutando ou cantando a Canção “ Pai, me 

ponho  em  suas  mãos”  para  criar  ambiente  de oração. 

 Pai, me ponho em suas mãos. Faz de mim o que tu quiseres.  Pai, me ponho em teu regaço 

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12 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

está semeada desta classe de espinhos que, sem cessar, nascem  sob  os  caminhos  que  vamos  pisar,  que produzem  em  nosso  coração  mil  frutos  amargos,  mil movimentos  involuntários  de  soberba,  de  inveja,  de medo, de impaciência, mil raivas passageiras, mil ligeiras inquietudes,  mil  perturbações  que  alteram  a  paz  de nossa alma, ao menos, por um momento. 

Escapa‐nos,  por  exemplo,  uma  palavra  que  não queríamos  haver  dito  ou  nos  disseram  outra  que  nos ofende,  um  importuno  nos  detém,  alguém  tropeça  ao passar a nosso lado... Sabemos que, em tudo isto, não é preciso exercitar uma virtude heroica, mas lhes digo que bastaria para adquiri‐la, se quiséssemos; pois, se alguém tivesse cuidado em não ofender a Deus com todas estas contrariedades  e  aceitá‐las  como  dadas  por  sua Providência,  e  se,  além  disso,  se  dispusesse sinceramente  a  uma  união  muito  íntima  com  Deus, seríamos capazes, em pouco tempo, de suportar os mais tristes e funestos acidentes da vida. 

Pensemos todos os dias, pelas manhãs, em tudo o que possa nos suceder de desagradável durante o dia. Enfim,  quando  todas  estas  coisas  se  deixem  sentir  de verdade, em vez de perdermos o  tempo nos queixando dos outros ou da situação, vamos aos pés de Jesus nosso Mestre  e Redentor,  para  pedir‐lhe  a  graça  de  suportar tudo  com  constância  e  paciência.  Um  homem  que recebeu uma ferida mortal,  se é inteligente, não correrá detrás de quem o feriu, mas antes de tudo irá ao médico que pode curá‐lo. Nosso médico é Jesus, que nos cura. O profeta Oseias não o diz  assim:  “Vamos ao  Senhor:  ele 

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13 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

nos feriu, ele nos vendará a ferida. Em dois dias nos fará reviver, ao terceiro dia nos restabelecerá e viveremos em sua presença” (Cf. Os 6,1‐2). 

Procuremos mil  vezes  as mãos de nosso  Senhor crucificado. Peçamos  aquelas palavras que  também Ele dizia a seu Pai, no mais agudo de sua dor: “Senhor, que se faça a tua vontade e não a minha” Fiat voluntas tua! 

2. Sementes concepcionistas (A virtude em Madre Carmen) 

 A vivência do abandono e a vontade de Deus em 

Madre Carmen Madre  Carmen  não  cessa  de  nos  recordar,  em 

seus escritos, o importante que é conformarmo‐nos com a  vontade  de  Deus  como  um  bem.  Conformarmo‐nos com a vontade de Deus é o chamado que o Senhor faz a toda concepcionista. 

“A  conformidade  com  a  vontade  de  Deus  é consequência da vivência da humildade e da obediência. É  a  identificação  com  Cristo,  fazermo‐nos  como  ele, obediente,  e  ele  derramará  tantas  graças  quanto  a religiosa mais se aniquila2”. 

Madre  Carmen  foi  uma  mulher  de  fé,  uma  fé enraizada  desde  pequena,  que  faz  que  cada  dia  se abandone  à  vontade e providência   de Deus. Um Deus que  a  forjará  nas  dificuldades.  Ela,  com  seu temperamento amável e dócil, reservado e reflexivo que 

                                                            2 M. Rosa Chao. Documento  sobre a obediência. Março 2012. 

REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012  

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COMO CONHECER A VONTADE DE DEUS? 

Sugiro um caminho que, talvez, te ajude: 

a) Pondo‐te à escuta de sua Palavra. b) Prestando atenção aos sinais dos tempos. c) Cumprindo com o dever de cada dia. d) A ascética do momento presente. 

    

 

 

 

 

      

 

 

“Senhor,  dá‐me  a  graça  de  aceitar  ou  interpretar  tudo aquilo que não possa mudar”. 

1. OBJETIVO:  

TEXTOS PARA A REFLEXÃO PESSOAL

Mateus 26,39; 7,21; 18,12-14. Marcos 3,32-35; 10,42-45. Lucas 10,21, 47-48. João 6,38 e 40; 4, 34; 15,8-10 e 12. Carta de Santiago 1,19-27. 2 Carta de S. Pedro 3,8-17. 1 Carta de João 2,3-11 y 4,7-8. Carta de São Paulo aos Colossenses, 1,9-12. 1 Carta de S. Paulo a Timóteo 2,1-4. Salmos: 118(126); 118(166).

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Basta com que o eco das palavras desta petição, “faça‐se tua vontade”, que tantas vezes rezamos no Pai Nosso,  nós  a  convertamos  em  compromisso  de  vida. Algo, às vezes, muito difícil, mas possível com a graça de Deus. 

Pouco  a  pouco,  sem  desânimo,  porque  esta adesão  à  vontade  de  Deus  é  difícil;  tanto,  que  o  que tentamos  sempre  é  fazer  a  nossa  vontade.  Existe  toda uma escada que convém subir, degrau a degrau, e muito apoiados no Espírito de Jesus. Repito, não é fácil e nossa natureza  se  resiste.  Neste  desejo  de  viver  em conformidade  com  a  vontade  de  Deus,  costumamos  a começar assim: 

 1º. Aceitação a contragosto ou com mal estar, ou 

má  vontade,  como  costumamos  dizer.  É  um  “sim” obrigado, forçado, já que não tem jeito. 

2º. Aceitação  resignada. Costumamos dizer:  “se Deus me mandou ou pediu, que mais posso  fazer?" E o aceitamos, mas não é isso, falta algo mais para que essa aceitação seja autêntica e como Deus quer. 

3º. Autêntica  aceitação.  Supõe um  alto  grau de amor de Deus. “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” como diz São Paulo. 

4º  Pleno  abandono.  É  quando  dizemos  de coração  e  com  plena  consciência,  ainda  sabendo  das consequências de nosso  “sim”: Pai, me ponho em  tuas mãos; faz de mim o que quiseres, seja o que seja, te dou graças” (Foucault) 

 

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14 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

a  ajudou  a  ponderar  decisões,  acompanhada  de  uma oração firme ao pé do crucifixo e da espera contra toda esperança,  confiou  na  resposta  definitiva  d’Aquele  que guiaria plenamente seus passos. 

 Carmen  chegará  a  ser  uma  pessoa verdadeiramente  livre, abandonada à vontade de Deus, nada  nem  ninguém  reterá  suas  amarras  ancoradas, porque é Ele quem está indicando seu rumo. 

Madre Carmen, durante sua vida, sempre esteve à escuta do Senhor e muito atenta para cumprir em tudo sua vontade. Ela nos dizia: “As constantes de nossa vida devem ser a docilidade, o abandono à vontade de Deus, a confiança na divina Providência” (Ecos, 126). 

A  Igreja,  ao  aceitar  a  Madre  Carmen  como fundadora, declará‐la santa e aprovar a Congregação por ela fundada como continuadora de seu espírito e missão, reconheceu o carisma apostólico recebido por ela como uma forma de santidade cristã, apto para ser vivido por muitos e proveitoso para o povo até o fim dos tempos. 

As  concepcionistas  somos  as  herdeiras  e  a encarnação  oficial  daquela  atitude  existencial,  daquele carisma  recebido do Espírito por Madre Carmen  Sallés, para que ela o transmitisse à Igreja de todos os tempos. Somos as comissionadas pelo Espírito e pela  Igreja para transmitir  e  avivar  aquele  acontecimento  salvífico  que foi Madre Carmen Sallés na Igreja de seu tempo. 

Com o  acontecimento da Canonização de Nossa Madre  se  abre  para  nós  um  convite  permanente  para viver o espírito que ela nos deixou, que é  já patrimônio de todos os cristãos. 

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Devemos  nos  apropriar  do  espírito  de  Madre Carmen,  mas  com  nossa  própria  e  original personalidade, buscando, como ela, a vontade de Deus, como  propósito  de  vida,  no  caminho  de  santidade  ao qual estamos chamadas. 

Madre  Carmen  se  sente  chamada  por  Deus providente, ungida pelo Espírito  e isto a faz viver dentro de uma doação de toda sua pessoa. Vive centralizada em Cristo, alimentada por uma vida de oração que penetra e fecunda todo o arco de sua existência e suas atividades. Descobre que, em sua vida, tudo é misericórdia e graça e isto  a  leva  a  se  sentir  estimulada  a  corresponder, generosamente, ao dom que recebeu e descobriu como história de salvação durante toda sua vida. 

Carmen  tem  consciência  de  sua  condição  de criatura e o expressa em atitudes de  reconhecimento e dependência  de  Deus. M.  Carmen  amou  a  Deus  e  se sentiu  amada  por  Ele.  E  da  experiência  deste  amor brotou a necessidade de  comunicá‐lo e partilhá‐lo  com os irmãos. 

      Um  dos  teólogos  consultores  nos  diz  de Madre 

Carmen:  “O  perfil  espiritual  da  Serva  de  Deus  está caracterizado por sua profunda e rica vida interior. E não podia  ser  de  outra  maneira,  pois  que  o  caminho 

De  onde  brota minha  necessidade  de  entrega  aos irmãos e irmãs?  Como  é  meu  amor  a  Deus  e  de  que  forma experimentei ser amada por Deus?  

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A criação brota daquele primeiro “faça‐se” a  luz, etc., do Deus criador. 

Pelo  “faça‐se”  de  Maria  nos  chegou  a Encarnação. 

A  redenção  foi  possível  graças  ao  “faça‐se  tua vontade e não a minha” de Jesus no horto. 

Todos  os  fundadores  iniciaram  seu  caminho depois de dizer como Samuel: “Fala, Senhor, que teu  servo escuta”; ou de acrescentar,  como São Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?”. O  abandono  à  vontade  de  Deus  como  ato  ou 

como  atitude  é  algo  claramente  ativo:  supõe  dizer  um “NÃO” e um  “SIM” ao que o  Senhor quer ou permitiu. Um “SIM” e um “NÃO”, às vezes, muito contínuo... Um “SIM” e um “NÃO”, às vezes, até heroicos. E uma atitude deste tipo supõe uma forte vontade. 

Este abandono é consequência de uma  fé muito pura,  capaz  de  atravessar  a  mais  negra  nuvem  e continuar  confiando no  Sol que  continua brilhando por trás dela; sustenta‐se também na esperança, virtude que nos abre qualquer horizonte, por mais fechado que seja. E  é  fruto  de  um  amor muito  experiente  e,  ao mesmo tempo,  de  uma  atitude  que  adoto  como  suprema expressão do que eu tenho por meu Deus. Concretiza‐se, por fim, na humildade. Sem Humildade, como conhecerei meu  nada?  Como  sentirei  a  urgência  de  olhar  para  o Todo? 

Olhemos a Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida do autêntico abandono. 

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“Deus  quer  que  todos  os  homens  sejam  salvos  e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 3‐4).  

"Se  alguém  quer  vir  em  pós  de mim,  negue‐se  a  si mesmo, tome sua cruz de cada dia e siga‐me” (Lc 9, 23).   

Devemos  confiar  em  que  Ele  fará  sua  vontade  em nossas  vidas.  “Confia  no  Senhor  com  todo  teu coração, e não te apoies sobre tua própria prudência; reconhece‐o  em  todos  os  teus  caminhos  e  ele endireitará teus caminhos” (Prov 3, 5‐6).    

“Estou seguro de que ele que começou em vós a boa obra,  a  levará  em  bom  término  até  o  dia  de  Jesus Cristo” (Fil 1, 6).    

A Palavra de Deus nos ajudará a conhecer a vontade de Deus. “Tua Palavra é  lâmpada para meus passos, luz em meu caminho” (Salmos 119, 105).     

Lembra  que  o  propósito  definitivo  de  Deus  para todos nós é que ele  seja glorificado  (1Cor 10, 31) e que o evangelho e o reino de Deus se estendam (Gen 50, 20 e Fil 1, 12).      

REFLEXÃO: “FAÇA‐SE TUA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU” 

“Faça‐se” é a palavra sobre a qual se sustentam os maiores mistérios da existência.  

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espiritual de M. Carmen está  feito no  sofrimento moral mais que no físico?”3. 

O  desejo  profundo  de  M.  Carmen  foi  sempre fazer  a  vontade  do  Pai.  E  por  isso  procurou  responder em  tudo segundo seu querer. Nossa vida espiritual  tem seus alicerces na  fidelidade à vontade do Pai,  seguindo assim  a  Jesus  Cristo,  sob  a  luz  do  Espírito  Santo,  à imitação de Maria Imaculada. 

Como  vivo  minha  condição  de  filha  amada, disposta a fazer sempre a vontade de Deus?   Madre Carmen se sente Serva de Deus e por isso se mostra aberta e disponível a seu plano. Em Cristo, a obediência  ao  Pai  é  a  expressão  de  sua  filiação,  a obediência constitui a essência do Filho: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4, 34). A grandeza do Servo está em cumprir os mandamentos de seu Senhor, em ser obediente à vontade do Pai.   Para descobrir a vontade do Senhor em todos os acontecimentos da vida, também nos momentos menos gratos,  nos  que  nos  ocasionaram  perjúrios  e aborrecimentos, para seguir de perto a Cristo em todas as  circunstâncias,  devemos  estar  seriamente desprendidos de nós mesmos, dos dons da  inteligência, da  saúde,  da  honra,  dos  triunfos,  dos  êxitos.  Madre Carmen  viveu  assim  e nô‐lo  diz  com  estas  palavras:  “É humilde quem  se  reconhecendo  criatura não vê em  si mais  que  imperfeições  e  perigos  e  teme  com  temor santo, tornar‐se indigna de seu Deus e Criador”. 

                                                            3 Teólogo consultor III 

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Madre Carmen, nas primeiras  constituições, nos diz:  “O  primeiro  grau  da  verdadeira  humildade  é  uma pronta obediência. Esta é peculiar àqueles que nenhuma outra coisa amam tanto como a Jesus Cristo... mas esta obediência  não  será  agradável  a  Deus  nem  aos superiores,  se não  se executa  sem demora o mandado, sem  tardança,  sem  tibieza,  sem  murmuração  e  sem réplica que possa indicar resistência em quem obedece... só agrada a Deus aquele que dá com alegria”4. 

Como M. Carmen viveu a obediência? Como eu a vivo?  

O  teólogo  Consultor  I  nos  diz  que  M.  Carmen viveu a obediência como um meio de se  identificar com Cristo, em quem encontrava sua força necessária. 

Na  carta  de  1900,  dizia:  “Obedeçamos  de  boa vontade, seguras de que tudo podemos naquele que nos conforta”  e  algo mais...  “Humilhemo‐nos,  obedeçamos, conformemo‐nos com o querer de Deus: que três pontos de apoio para subir a escada da perfeição!”. 

Estas  expressões  de M.  Carmen  nos  indicam  o itinerário de fidelidade e entrega a seu Divino Esposo, no que a motivou a ser toda de Jesus, buscar agradá‐lo em tudo  e  como  nos  diz  “conformar‐se  com  sua  vontade, que é fazer só o que lhe agrada”.  

3. Herdeiras de uma bênção  (Textos, orações, celebrações...) 

                                                             4 Cf. Capítulo XLI, da obediência.  

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34 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

jamais a esta última, que entra plenamente – ainda que em  segundo  lugar  –  no  mesmo  querer  e  desígnio  de Deus. 

Frutos  e  vantagens  da  vida  de  abandono  em Deus – São inestimáveis os frutos e vantagens da vida de perfeito  abandono  na  amorosa  providência  de  Deus. Além dos  já apresentados ao falar de sua excelência, os seguintes merecem ser lembrados: 

1. Faz‐nos  levar uma  vida de doce  intimidade  com Deus, como a criança nos braços de sua mãe. 

2. A  alma  caminha  com  simplicidade  e  liberdade; não deseja senão o que Deus queira. 

3. Faz‐nos constantes e de ânimo sereno através de todas as situações: Deus o quis assim. 

4. Enche‐nos  de  paz  e  de  alegrias:  nada  pode sobreviver capaz de alterá‐las, pois só queremos o que Deus quer. 

5. Assegura‐nos  uma  morte  santa  e  uma  grande preponderância  diante  de  Deus:  no  céu,  Deus cumprirá  a  vontade  dos  que  hajam  cumprido  a d’Ele na terra.  

4. M. Carmen, uma vida que dá fruto 

SUGERIMOS ALGUNS TEXTOS PARA REFLETIR E ORAR 

A Palavra de Deus diz que a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita” (Rom 12,2).  

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33 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

nossos  esforços,  parece  que  não  adiantamos  nada;  na permissão dos pecados alheios, que devemos odiar em si mesmos,  mas  adorando,  ao  mesmo  tempo,  a  divina permissão, que não os permite  jamais se não para  tirar maiores bens;  em nossas próprias  faltas, que devemos odiar  e  reprimir,  mas  aceitando  ao  mesmo  tempo  a humilhação que nos trazem e doendo‐nos delas com um “arrependimento  forte,  sereno,  constante  e  tranquilo, mas  não  inquieto,  turbulento,  nem  desalentado”  etc., etc. 

Uma  última  questão:  É  preciso  chegar  neste abandono  total  para  se  tornar  indiferente  à  própria salvação, como diziam os quietistas e semiquietistas? De nenhuma  maneira.  Este  delírio  e  extravio  estão expressamente  condenados  pela  Igreja. Deus  quer  que todos  os  homens  se  salvem  (1Tim  2,  4)  e  somente permite  que  se  condenem  os  que  voluntariamente  se empenham  nisto,  violando  seus  mandamentos  e morrendo sem se arrepender. Renunciar a nossa própria salvação  com  o  pretexto  de  praticar,  com  maior perfeição,  o  abandono  total  nas  mãos  de  Deus,  seria opor‐nos à própria vontade de Deus, que quer nos salvar e ao apetite natural de nossa própria felicidade, que nos vem do próprio Deus, através da natureza. O único que se  deve  fazer  é  desejar  nossa  própria  salvação,  não  só nem principalmente porque com ela alcançaremos nossa felicidade, mas,  sobretudo, porque Deus o quer  e  com ela o glorificaremos com  todas nossas  forças. O motivo da glória de Deus há de ser o primeiro e deve prevalecer acima do de nossa própria felicidade, mas sem renunciar 

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18 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

A CONFORMIDADE COM A VONTADE DE DEUS 

“Teologia da perfeição cristã” – P. Antonio Royo Marín, OP (BAC) 

 A perfeita conformidade com a vontade divina é 

um  dos  principais meios  de  santificação.  Santa  Teresa escreve:  “Toda a pretensão de quem  começa oração  (e não se esqueça disto, que é muito importante) há de ser trabalhar  e  determinar‐se  e  dispor‐se,  com  toda  a diligência que puder, a fazer sua vontade conforme com a de Deus... e nisto consiste toda a maior perfeição que se  pode  alcançar  no  caminho  espiritual.  Quem  mais perfeitamente  tiver  isto, mais  receberá do  Senhor. Não pensem que aqui há apenas  palavras ininteligíveis, nem coisas não sabidas e entendidas; que nisto consiste todo nosso bem”.  

Dada  a  singular  importância  deste meio,  vamos estudar cuidadosamente sua natureza, seu fundamento, sua  excelência  e  necessidade,  o modo  de  praticá‐la  e, finalmente, seus grandes frutos e vantagens. 

 1. Natureza – consiste na conformidade com 

a vontade de Deus em uma amorosa, total e entranhável submissão e concórdia de nossa vontade com a de Deus, em tudo quanto disponha ou permita de nós. Quando é perfeita,  é  mais  conhecida  com  o  nome  de  santo abandono  à  vontade  de  Deus.  Em  suas manifestações imperfeitas  costuma‐se  aplicar‐lhe  o  nome  de  simples resignação cristã.   

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Para entender retamente esta doutrina é preciso levar em consideração alguns postulados. 

1. A  santidade  é  o  resultado  conjunto  da ação  de  Deus  e  da  livre  cooperação  do  homem.  “Pois bem: se Deus trabalha conosco em nossa santificação é justo que Ele conduza a direção da obra; nada se deverá fazer  que  não  seja  conforme  a  seus  planos,  sob  suas ordens e a impulsos de sua graça. É o primeiro princípio e  último  fim;  nós  nascemos  para  obedecer  a  suas determinações” (Lehodey, O santo abandono, p. 1, c. 1). 

2. A  vontade  de  Deus,  simplicíssima  em  si mesma,  tem diversos atos  com  relação às  criaturas. Os teólogos costumam estabelecer a seguinte divisão: 

a) Vontade  absoluta,  quando  Deus  quer alguma coisa sem nenhuma condição, como a criação do mundo;  e  condicionada,  quando  o  quer  com  alguma condição,  como  a  salvação  de  um  pecador  que  se arrepende. 

b) Vontade  antecedente  é  a  que  Deus  tem em  torno a uma  coisa em  si mesma ou absolutamente considerada  (por  exemplo:  a  salvação  de  todos  os homens  em  geral)  e  vontade  conseguinte  é  a que  tem em  torno  a  uma  coisa  revestida  já  de  todas  suas circunstâncias  particulares  e  concretas  (por  exemplo:  a condenação  de  um  pecador  que  morre  sem  se arrepender). 

c) Vontade  de  sinal  e  vontade  de beneplácito.  Esta  é  a  que mais  nos  interessa  aqui.  Eis aqui como as expõe o P. Garrigou‐Lagrange: 

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totalmente ao beneplácito divino a despeito de todos os protestos da natureza sensível. 

3. Esta  indiferença,  finalmente,  não  é  meramente passiva,  mas  verdadeiramente  ativa,  determinada unicamente  pela  vontade  de  Deus.  Nos  casos  em  que esta vontade divina aparece  já manifestada (vontade de sinal),  a  vontade  do  homem  se  lança  a  cumpri‐la  com generosidade  rápida  e  ardente.  E  nos  que  a  divina vontade  não  se  manifestou  ainda  (vontade  de beneplácito) está em estado de perfeita disponibilidade para aceitá‐la e cumpri‐la assim que se manifesta.   Esta  indiferença nada  tem a ver com a quietude ociosa  e  inativa  com  que  os  quietistas  sonharam, justamente condenada pela Igreja. 

c) EXTENSÃO  –  “A  indiferença  –  diz  São Francisco  de  Sales  –  se  há  de  praticar  nas  coisas referentes à vida natural, como a saúde, a enfermidade, a beleza,  a  fealdade,  a  fraqueza, a  força; nas  coisas da vida  social,  como  as honras,  categorias  e  riquezas; nos diversos estados da  vida espiritual,  como as  sequidões, consolos, gostos e aridezes; nas ações, nos  sofrimentos e,  enfim,  em  toda  classe  de  acontecimentos  ou circunstâncias”. 

O santo bispo de Genebra, São Francisco de Sales, em  seus  escritos,  nos  diz  claramente,  como  se  há  de praticar  esta  indiferença  e  abandono  total  nas  mais difíceis  circunstâncias:  nas  coisas  do  serviço  de  Deus, quando Ele permite o fracasso depois de haver feito por nossa  parte  tudo  quando  podíamos;  em  nosso adiantamento  espiritual,  quando,  apesar  de  todos 

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que possa nos acontecer, mas do meio mais eficaz para que nossa vontade se adira fortemente à de Deus. 

2. Esta  indiferença se entende somente em relação à parte superior da alma. Porque, sem dúvida alguma, a parte inferior ou inclinação natural – voluntas ut natura, como dizem os  teólogos – não pode deixar de  sentir e acusar os golpes do  infortúnio ou da desgraça. Seria tão impossível pedir à sensibilidade que não sinta nada ante a  dor  como  dizer  a  uma  pessoa  que  acaba  de  se encontrar  com  um  leão  ameaçador:  não  tenha medo. Não é possível deixar de  tê‐lo  (São Francisco de Sales). Portanto,    não  há  que  se  perturbar  quando  se  sente  a repugnância  da  natureza,  contanto  de  que  a  vontade queira aceitar aquela dor como vinda da mão de Deus, apesar  de  todos  os  protestos  da  sensibilidade  inferior. Este  é  exatamente  o  exemplo  que Nosso  Senhor  Jesus Cristo  nos  deu,  quando,  por  uma  parte  desejava ardentemente  sua  paixão  –  “quo modo  coactor!”...  (Lc 12, 50), “Desiderio desideravi”... (Lc 22, 16) – e por outra parte  acusava  a  dor  da  parte  sensível:  “Morro  de tristeza”...  (Mt  26,  38):  “Meu  Deus,  por  que  me abandonaste?”  (Mt 27, 46). E quando São  João da Cruz lançava sua heroica exclamação: “padecer, Senhor, e ser desprezado por vós”, ou Santa Teresa seu “ou morrer ou padecer”, ou Santa Madalena de Pazzi seu “não morrer, mas padecer”, é evidente que não o diziam  segundo  a parte inferior de sua sensibilidade – pois eram de carne e osso,  como  todos  os  demais  –  senão  unicamente segundo  sua  vontade  superior,  que  queriam  submeter 

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“Entende‐se  por  vontade  divina  significada  (ou vontade de sinal) certos sinais da vontade de Deus, como os  preceitos,  as  proibições,  o  espírito  dos  conselhos evangélicos, os acontecimentos queridos ou permitidos por  Deus.  A  vontade  divina  significada  desse  modo, sobretudo a que se manifesta nos preceitos, pertence ao domínio da obediência. A ela nos referimos, segundo São Tomás  (1, 19, 11), ao dizer, no Pai Nosso: Fiat voluntas tua. 

A  vontade divina de beneplácito é o ato  interno da vontade de Deus ainda não manifestado nem dado a conhecer. Dela depende o porvir ainda incerto para nós: acontecimentos  futuros,  alegrias  e  provas  de  breve  ou longa  duração,  hora  e  circunstâncias  de  nossa  morte, etc. Como observa São Francisco de Sales (Amor de Deus 1, 8 c. 3; 1. 9 c. 6 e com Bossuet  (États d’oraison 1,8,9), se  a  vontade  significada  constitui  o  domínio  da obediência,  a  vontade  de  beneplácito  pertence  a  do abandono nas mãos de Deus. 

Como  diremos  mais  tarde,  longamente, ajustando cada dia mais nossa vontade  significada à de Deus,  devemos,  no  restante,  abandonar‐nos confiadamente  ao  divino  beneplácito,  certos  de  que nada  quer,  nem  permite,  que  não  seja  para  o  bem espiritual  e  eterno  dos  que  amam  o  Senhor  e perseveram em seu amor”. 

Estas últimas palavras do P. Garrigou expressam a natureza  íntima  da  perfeita  conformidade  com  a vontade  de  Deus.  Trata‐se  efetivamente  do cumprimento  íntegro,  amoroso  e  entranhável  da 

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vontade significada de Deus através de suas operações, permissões, preceitos, proibições e conselhos – que são, segundo São Tomás, os cinco sinais dessa vontade divina – e da rendida aceitação e perfeita concórdia com tudo o que se digne dispor, por sua vontade de beneplácito. 

1. Fundamento – Como  Lehodey diz muito bem, a conformidade perfeita, ou  santo abandono,  tem por fundamento a caridade. “Não se trata aqui já da conformidade com a vontade divina, como   é a  simples  resignação, mas  da  entrega  amorosa, confiante  e  filial,  da  perda  completa  de  nossa vontade na de Deus, pois é próprio do amor unir assim  estreitamente  as  vontades.  Este  grau  de conformidade  é  também  um  exercício  muito elevado do puro amor e não pode se encontrar, normalmente,  senão  nas  almas  avançadas,  que vivem principalmente desse puro amor”. Pois  bem:  quais  são  os  princípios  teológicos  em  

que se pode apoiar esta submissão e conformidade com a vontade de Deus? 

O P. Garrigo‐Lagrange indica os seguintes: 1. Nada  acontece  que,  desde  toda  a 

eternidade,  Deus  não  haja  previsto  e  querido,  pelo menos, permitido. 

2. Deus no pode querer nem permitir  coisa alguma  que  não  esteja  conforme  com  o  fim  que  se propôs  ao  criar,  isto  é,  com  a  manifestação  de  sua bondade e de suas infinitas perfeições e com a glória do Verbo encarnado, Jesus Cristo, seu Filho unigênito (1 Cor 3, 23). 

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todas  as  coisas  criadas,  em  tudo  o  que  é  concedido  à liberdade de nosso livre arbítrio e não lhe está proibido; de  tal maneira que não queiramos de nossa parte mais saúde e, consequentemente, em  tudo o mais;  somente desejando e escolhendo o que mais nos  conduz ao  fim para que somos criados”. 

Mas  é  preciso  entender  direito  esta  indiferença para não cair nos  lamentáveis extravios do quietismo e seus  derivados.  Examinemos  cuidadosamente  seu fundamento, sua natureza e sua extensão. 

a) FUNDAMENTO  –  A  santa  indiferença  se  apoia naqueles  três  princípios  teológicos  que  acabamos  de recordar,  que  são  seu  fundamento  irremovível.  É evidente que se a vontade divina é a causa suprema de tudo  o  que  acontece  e  ela  é  infinitamente  boa,  santa, sábia, poderosa e amável, a conclusão se impõe: quanto mais se conforme e se coincida minha vontade com a de Deus,  tanto mais  santa, boa,  sábia, poderosa  e  amável será.  Nada  de  mal  pode  acontecer  com  ele,  pois  os mesmos  males  que  Deus  permita  que  venham  sobre mim  contribuirão  para  meu  maior  bem,  se  sei aproveitar‐me  deles  na  forma  prevista  e  querida  por Deus. 

b) NATUREZA  –  Para  precisar  a  natureza  e verdadeiro alcance da  santa  indiferença é preciso  levar em consideração três princípios fundamentais: 

1. Sua  finalidade  é  que  o  homem  se  entregue totalmente a Deus saindo de si mesmo; não se trata de um  encolher  de  ombros  estoico  e  irracional  diante  do 

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lamenta  mais  a  humilhação  que  lhe  acarretaram  (por exemplo,  ante  o  confessor),  que  a  própria  ofensa  de Deus. Como é possível que uma  contrição  tão humana produza verdadeiros frutos sobrenaturais?  

5. “CONSELHO”  –  a  alma  que  queira  praticar  em toda sua perfeição a tal conformidade com a vontade de Deus  deve  estar  pronta  a  praticar  os  conselhos evangélicos – pelo menos quanto a seu espírito, se não é pessoa  consagrada  a Deus  pelos  votos  religiosos  –  e  a secundar  os  movimentos  interiores  da  graça,  que manifestem  o  que  Deus  quer  dela  em  um  momento determinado. 

B) Com  relação à vontade de beneplácito – Os desígnios de Deus,  em  sua  vontade de beneplácito, nos  são – dizíamos –  inteiramente desconhecidos. Não sabemos o que Deus tem disposto sobre nosso futuro ou o  dos  seres  queridos.  Mas  sabemos  certamente  três coisas: a) que a vontade de Deus é a causa suprema de todas  as  coisas;  b)  que  essa  vontade  divina  é essencialmente boa e benéfica e c) que todas as coisas prósperas ou adversas que possam ocorrer contribuem ao bem dos que amam a Deus e querem agradá‐lo em tudo.  O  que  mais  podemos  exigir  para  nos abandonarmos  inteiramente  ao  beneplácito  de  nosso bom Deus com a mesma confiança filial que uma criança pequena nos braços de sua mãe? 

É a santa  indiferença, que Santo  Inácio relembra em  “princípio  e  fundamento”  de  seus  Exercícios  como disposição  básica  e  fundamental  de  toda  a  vida  cristã. “Pelo  qual  é  necessário  tornarmo‐nos  indiferentes  a 

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3. Sabemos que  todas as  coisas  contribuem ao bem dos que amam a Deus, daqueles que,  segundo seus  desígnios,  foram  chamados”  (Rom  8,28)  e perseveram em seu amor. 

4. No  entanto,  o  abandono  à  vontade  de Deus, não exime ninguém de  se esforçar em  cumprir a vontade  de  Deus  significada  nos  mandamentos, conselhos  e  acontecimentos,  abandonando‐nos,  em tudo  mais,  à  vontade  divina  de  beneplácito,  por misteriosa que  nos  pareça,  evitando  toda  inquietude  e agitação. 

2. Excelência  e  necessidade  ‐    pelo  que  dissemos, aparece  clara a grande excelência e necessidade de prática cada vez mais perfeita do santo abandono à vontade de Deus. “O que constitui a excelência do santo abandono é a 

incomparável eficácia que possui para remover todos os obstáculos  que  impedem  a  ação  da  graça,  para  fazer praticar, com perfeição, as mais excelsas virtudes e para estabelecer  o  reinado  absoluto  de  Deus  sobre  nossa vontade”. 

O P. Piny escreveu – como se sabe – um belo livreto, para  mostrar  a  excelência  da  vida  de  abandono  à vontade de Deus. Nela, o  insigne dominicano prova que esta  é  a  via  que mais  glorifica  a Deus,  a  que  santifica mais  a  alma,  a  menos  sujeita  a  ilusões,  a  que proporciona  à  alma  maior  paz,  a  que  melhor  leva  a praticar  as  virtudes  teologais  e  morais,  a  mais  a propósito  para  adquirir  o  espírito  de  oração,  a  mais 

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parecida  ao martírio  e  imolação  de  si mesmo  e  a  que mais dá segurança na hora da morte. 

A  necessidade  de  entrar  por  esta  via  pode  ser demonstrada por três cláusulas: 

1. O DIREITO  DIVINO  –  a)  Somos  servos  de Deus  enquanto    criaturas  suas.  Deus  nos  criou,  nos conserva continuamente no ser, nos remiu, nos ordenou a Ele como a nosso último  fim. Não nos pertencemos a nós mesmos, mas a Deus (1 Cor 6, 19). 

b)  Somos  filhos  e  amigos  de Deus;  o  filho  deve estar  submetido  a  seu  pai  por  amor  e  amizade  que produz a concórdia de vontades: idem vele et rolle. 

2. NOSSA  UTILIDADE,  pela  grande  eficácia santificadora desta via. Pois bem: a santidade é o maior bem que podemos alcançar neste mundo e o único que terá  uma  imensa  repercussão  eterna.  Todos  os  outros bem empalidecem e se esfumam diante dele. 

3. O  EXEMPLO DE CRISTO –  Toda  a  vida de Cristo  sobre a  terra  consistiu em  cumprir a vontade de seu Pai celestial. “Ao entrar no mundo disse: Eis aqui que venho para fazer, meu Deus, tua vontade” (cf. Heb 10, 5‐7). Durante sua vida manifesta continuamente que está pendente da vontade de seu Pai celestial: “Convém que eu  esteja  nas  coisas  de meu  Pai”  (Lc  2,  49);  “Eu  faço sempre  o  que  a  Ele  agrada”  (Jo  8,  29);  “Esta  é minha comida  e  minha  bebida”  (Jo  4,  34);  “Este  é  o mandamento que  recebi de meu Pai”  (Jo 10, 18); “Não se faça minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42). 

À  imitação  de  Cristo,  esta  foi  toda  a  vida  de Maria:  “eis  aqui  a  serva  do  Senhor;  faça‐se  em  mim 

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que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt. 7, 21. 

4. “PROIBIÇÃO”  ‐  O  primeiro  passo  e  o  mais elementar  e  indispensável  para  conformar  nossa vontade com a de Deus há de ser evitar cuidadosamente o pecado que o ofende, por menor que  seja ou pareça ser. Nada se pode acrescentar a estas sensatas palavras de  Santa  Teresa:    “Pecado muito  de  advertência,  por pequeno que seja, Deus nos livre dele. Quanto mais que, sendo  contra  uma  tão  grande Majestade  e  vendo  que nos está olhando, não há pouco! Que isto me parece que já é pecado sopesado; e como quem diz: Senhor, ainda que vos desagrade, farei isto; já vejo que vós vedes e sei que  não  o  quereis  e  entendo  isso; mas  quero mais  é continuar com meu capricho e apetite e não com vossa vontade.  E  que,  ainda que  haja  pouco  em  coisa  assim, para  mim,  por  leve  que  seja  a  culpa,  é  muito,  mui muito”.  

Mas,  pode  acontecer  que,  apesar  de  nossos esforços,  incorramos  em  alguma  falta  e  talvez  em  um pecado  grave.  O  que  devemos  fazer  nesses  casos?  É preciso distinguir, em toda falta, dois aspectos: a ofensa de  Deus  e  a  nossa  humilhação.  É  preciso  repelir  a primeira  com  toda  a  alma;  nunca  a  deploraremos bastante, por ser o único mal verdadeiramente digno de se lamentar. A segunda, pelo contrário, devemos aceitá‐la  plenamente,  alegrando‐nos  de  receber,  no  ato,  esse castigo que  começa a expiar a nossa  falta:  “foi bom eu estar humilhado, para aprender  teus mandamentos”  (Sl 118, 71). Há quem, ao  se arrepender de  seus pecados, 

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maior  bem!  Zombarias,  perseguições,  calúnias, injustiças, atropelos etc., etc., de que somos vítimas são, certamente, pecados alheios, que Deus não pode querer em  si mesmos, mas os permite para nosso maior bem. Quando saberemos  nos elevarmos acima das segundas causas para ver em tudo isto a providência amorosa de Deus, que nos pede não a vingança ou a desforra, mas o amor e a gratidão por esse benefício que nos  faz? Na injustiça dos homens, devemos ver a justiça de Deus que castiga nossos pecados e até  sua misericórdia, que nos faz expiá‐los. 

3. “PRECEITO”  –  Antes  de  tudo  e,  sobretudo,  é preciso  nos  conformarmos  com  a  vontade  de  Deus determinada:  “porque  o  céu  e  a  terra    passarão  antes que  falte uma vírgula ou um  til da Lei, até que  tudo  se cumpra (Mt 5, 18). Seria lamentável extravio e equívoco procurar agradar a Deus com práticas de super‐rogação inventadas  e  escolhidas  por  nós,  e  descuidando  dos preceitos que Ele mesmo nos impôs diretamente ou por meio de  seus  representantes. Mandamentos de Deus e da  Igreja,  preceitos  dos  superiores,  deveres  do  próprio estado: eis aí o primeiro que temos que cumprir até nas mínimas  coisas,  se  queremos  nos  conformarmos plenamente com a vontade de Deus manifestada. Nossas obrigações diante desses preceitos são três: a) conhecê‐los: “não  sejais  insensatos, mas entendidos de qual é a vontade  do  Senhor”  (Ef  5,17);  b)  amá‐los:  “por  isso  eu amo  teus mandamentos mais que o ouro puríssimo”  (Sl 118, 127) e c) cumpri‐los: “porque nem  todo o que diz: Senhor!  Senhor! entrará no  reino dos  céus, mas aquele 

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segundo  tua palavra”  (Lc 1, 38) e a de  todos os santos: “olha e age conforme o exemplo”(Ex.  25,40). 

4. Modo  de  praticá‐la  –  Em  suas  linhas fundamentais  já  o  indicamos  mais  acima.  É  preciso conformar‐se,  antes  de  tudo,  com  a  vontade  de  Deus significada,  aceitando  com  submissão  obediente  e esforçando‐se em praticar com entranhas de amor tudo o  que  Deus manifestou  que  quer  de  nós,  através  dos preceitos de Deus e da  Igreja;  se  somos  religiosas, dos conselhos  evangélicos,  dos  votos  e  das  regras;  das inspirações da graça em  cada momento. E havemos de nos  abandonarmos  inteiramente,  com  filial  confiança, aos  ocultos  desígnios  de  sua  vontade  de  beneplácito, que,  de  momento,  nos  são  completamente desconhecidos; nosso futuro, nossa saúde, nossa paz ou inquietudes,  nossos  consolos  ou  aridezes,  nossa  vida curta  ou  longa.  Tudo  está  nas  mãos  da  Providência amorosa de nosso bom Deus, que é, ao mesmo tempo, nosso Pai amantíssimo: que faça o que queira de nós no tempo e na eternidade. 

Isto é o  fundamental em suas  linhas gerais. Mas com maior  razão,  vamos  concretizar  um  pouco mais  a maneira  de  praticar  esta  santa  conformidade  e abandono  nas  principais  circunstâncias  que  se  podem apresentar em nossa vida. 

A) Com  relação  à  vontade  significada  –  São Tomás (1, 19, 12)  diz que a vontade de Deus nos é manifestada de cinco maneiras: 

1. Fazendo  algo  diretamente  e  por  si  mesmo: Operação. 

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2. Indiretamente,  ou  seja,  não  impedindo  que outros o façam: Permissão. 

3. Impondo sua vontade por um preceito próprio ou de outros: Preceito. 

4. Proibindo  o  contrário,  da  mesma  forma: Proibição. 

5. Persuadindo  a  realização  ou  omissão  de  algo: Conselho. O doutor Angélico adverte (ibid.) que a operação 

e  a  permissão  se  referem  ao  presente;  a  operação  ao bem,  e  a  permissão  ao mal.  Os  outros  três modos  se referem  ao  futuro,  na  seguinte  forma:  o  preceito,  ao bem futuro necessário; a proibição, ao mal futuro, que é obrigatório  evitar;  e  o  conselho  à  superabundância  do bem  futuro.  Não  cabe  estabelecer  uma  divisão  mais perfeita e acabada. 

Examinemos  agora  brevemente  os  principais modos  de  nos  conformarmos  com  cada  uma  dessas manifestações da vontade de Deus significada: 

1. “OPERAÇÃO”    ‐ Deus sempre quer positivamente o que faz por si mesmo, porque sempre se refere ao bem e  sempre  está  ordenado  a  sua  maior  glória.  A  este capítulo pertencem todos os acontecimentos individuais, familiares  e  sociais,  que  foram  dispostos  pelo  próprio Deus e não dependem da vontade dos homens. Algumas vezes, esses acontecimentos são doces e nos enchem de alegria;  outras,  são  amargos  e  podem  prostrar‐nos  na maior tristeza, se não vemos neles a mão amorosíssima de Deus que dispôs aquilo para sua glória e nosso maior bem.  Uma  enfermidade  providencial  pode  lançar,  nos 

REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012  

26 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO 

braços  de  Deus,  uma  alma  extraviada.  Tudo  o  que  o Senhor  dispõe  é  bom  e  ótimo  para  nós,  ainda  que,  no momento,  possa  causar‐nos  grande  tristeza  ou  dor. Diante  desses  acontecimentos  prósperos  ou  adversos, individuais  ou  familiares,  que  nos  vêm  diretamente  da mão de Deus, sem intervenção alguma dos homens (por exemplo:  acidentes  imprevistos,  enfermidades incuráveis, morte de  familiares ou amigos etc.), só cabe uma  atitude  cristã:  fiat  voluntas  tua  (faça‐se  a  tua vontade).  Se  o  amor  de  Deus  nos  faz  ultrapassar  a simples resignação – que é virtude muito  imperfeita – e lançamos, ainda que seja através de nossas lágrimas, um olhar  ao  céu,  cheio  de  reconhecimento  e  gratidão  (Te Deum... Magnificat...), por nos haver visitado com a dor, haveremos chegado à perfeição na via do abandono e de perfeita conformidade com a vontade de Deus. 

2. “PERMISSÃO” ‐ Deus nunca quer positivamente o que permite, porque se refere a um mal e Deus não pode querer o mal. Mas sua infinita bondade e sabedoria sabe converter em um bem maior o mesmo mal que permite e,  por  isto,  precisamente  o  permite.  O mal maior  e  a mais  grave  desordem  que  já  se  cometeu  foi  a crucificação de  Jesus Cristo e Deus  soube ordená‐la  ao maior bem que a humanidade pecadora  já recebeu: sua própria redenção. 

Que olhar tão curto e que funesta miopia a nossa quando,  nos males que Deus permite que venham sobre nós, nos detemos nas segundas causas ou imediatas que os  produziram  e  não  levantamos  os  olhos  ao  céu  para adorar os desígnios de Deus, que as permite para nosso