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REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012
51 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO
Autora: M. Cristina Rodríguez Gratiní, rcm
Tradutora: Maria Pilar Vasconcellos
TEXTO DE REFLEXÃO – JULHO/2012
REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012
1 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO
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também temos que ser o fermento que ajuda a crescer em valores, para que os homens e mulheres cheguem a alcançar o verdadeiro sentido de suas vidas. Isso requer a santidade de nossas vidas, como uma urgência pastoral, para pertencer de verdade a Aquele cujo nome é Santo. João Paulo II nos disse que para viver o projeto de santidade é necessária a verdadeira oração, a experiência de Deus no silêncio e o cultivo da vida interior segundo o Evangelho” (Cf. Circular nº 1140/2010).
A vida e santidade de Madre Carmen é um desafio para todas e cada uma de nós, concepcionistas. Contamos com a bênção de Nossa Madre e de todas as que nos precederam.
Hoje uma vez mais Madre Carmen nos diz: “NÃO AS DEIXAREI SOZINHAS; DESDE O CÉU, VELAREI POR VOCÊS”.
********************************* BIBLIOGRAFIA
A Espiritualidade nos documentos de Carmen Sallés‐ M. Mª Henar Yubero Soto, rcm.
Primeiras Constituições. Marie a Monte Carmelo Sallés y Barangueras
(POSITIO). Revista “Amigos de Orar”, nº 76. Vocabulário de Teologia Bíblica, X, León Dufour.
Biblioteca Herder. Dicionário de Espiritualidade. Tomo I e II. Dicionário da Bíblia, Haag, Van den Born.
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dirigiam, eles lhes transmitiram a Palavra de Deus; olhem como acabaram suas vidas e imitem sua fé”.
Nossa recordação não olha a Madre Carmen em si mesma, mas sua vida que nos leva ao mistério de Jesus. “Lembre‐se de Jesus Cristo, o Senhor, ressuscitado de entre os mortos, nascido da linhagem de Davi. É doutrina segura: se morremos com Ele, viveremos com Ele. Se perseveramos, reinaremos com Ele, se o negamos, também Ele nos negará. Se somos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar‐se a si mesmo” (2Tim 2, 8‐13).
Esta lembrança de Nossa Madre que a todas nos move, não há de ser uma simples lembrança, mas uma lembrança que oriente nossa vida pelo verdadeiro caminho na vivência das virtudes como as viveu.
O chamado de Deus a Madre Carmen a colocou em um caminho de fé, para dar vida a uma família religiosa, isto é, a um novo caminho de seguimento de Jesus e, portanto, um novo caminho de santidade. Relembrar nossa Madre é relembrar o projeto que Deus tem para cada uma de nós assim como teve com ela. A escuta e a resposta que Madre Carmen deu à Palavra de Deus constitui, para cada uma de nós, um caminho a seguir.
Termino minha reflexão sobre a morte de nossa Madre referindo ao que nossa Madre Geral Madre Maria Luz Martínez Andrés nos dizia: “Madre Carmen nos narra a obra de Deus em sua vida e ela deixou que a graça trabalhasse nela. Do mesmo modo se deixou alcançar pelas pessoas e suas necessidades, contando sempre com a Divina Providência. Nós, no meio do mundo,
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Em Caminho (Motivação)
Continuando em Caminho com Carmen Sallés, durante este mês, nos propusemos orar e refletir sobre abandono e conformidade com a vontade de Deus. Já que Madre Carmen nos diz: “Vejamos, até nos mínimos detalhes, a vontade de Deus. Ele tudo permite para nosso bem”. “As constantes de nossa vida devem ser a docilidade, o abandono à vontade de Deus e a confiança na Divina Providência” (Ecos 125, 26).
Nesta hora de nossa Congregação, em que estamos vivendo um tempo de graça para cada concepcionista, podemos dizer com o salmista, sem medo de errarmos: “O Senhor foi grande conosco e estamos alegres” (Sl 125). Sim, estamos alegres, mas também sentimos que o Senhor nos chama a cada uma, a dar uma resposta de fidelidade no hoje de nossa história.
Vêm‐me à lembrança aquela expressão que o congresso da CLAR (Conferência Latino‐americana de Religiosos/as) cunhou e que já o documento “Vita Consecrata” nos indicava: “Não somente temos uma história gloriosa para recordar e contar, senão uma grande história para construir. Devemos pôr os olhos no futuro, para aquilo que o Espírito impulsiona, para continuar fazendo com vocês grandes coisas” (Cf. VC 110).
Madre Carmen sempre teve claro que a Congregação é obra de Deus, que somos frágeis
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mulheres, mas que o Senhor é quem nos guia e sustenta, portanto temos que viver uma vida religiosa com entusiasmo e empenho para estender o Reino, buscando a vontade de Deus, abertas ao Espírito que é sempre criativo.
Sinto que esta hora de nossa história congregacional é um chamado e é um desafio. Um chamado a viver com maior radicalidade, preocupadas e ocupadas em ser significativas, afoitas, sem medo das mudanças, pois nos sentimos e estamos radicadas em Cristo e que, na vida cotidiana, a frase de São Paulo flui como uma fonte em nós: “Tudo podemos n’Aquele que nos fortalece” (Cf. Fil 4, 13).
É um desafio em meio de um mundo que não crê em compromisso, que não crê na permanência, que não crê no amor gratuito... mas que, por outro lado, busca com ansiedade o amor gratuito, a palavra sincera e acertada, enfim... quer ver o novo que está nascendo e que a vida religiosa há de mostrar.
Devemos testemunhar ao mundo, como concepcionistas, a paixão que moveu Nossa Senhora e Madre Carmen a mostrar o tesouro que levavam dentro.
Deus quis abençoar‐nos “com toda classe de bens espirituais e celestiais para que sejamos santas e irrepreensíveis n’Ele por amor” (Cf. Ef 1,3), pois que sem sua graça, jamais poderemos bendizê‐lo como Ele
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e em tudo a vontade de Deus mesmo nas menores coisas”9. Válido também para uma morte. Morrer, para se unir definitivamente com Deus, mas viver sem regatear minutos, até completar a obra encomendada. E, a quem Deus não recomendou algo para completar sua obra no mundo?10.
Faz pouco, nos alegramos em celebrar o centenário da morte de nossa Madre. Ao falar de “celebrar”, quando na vida cotidiana, tal acontecimento o vivemos com dor, pranto e tristeza, parece um contrassenso. Mas, para nós, é motivo de alegria, pois a vida de Madre Carmen nos estimula a vivermos como viveu. Os inumeráveis testemunhos recolhidos sobre a vida de Nossa Madre são clara evidência de que sua boca falava desse amor que abundava em seu coração e o viveu intensamente até sua morte. Podemos notar isso claramente na jaculatória que com tanta frequência ela recitava: “Ama a quem tanto te ama. Ama a teu Deus sem medida. Só Jesus seja tua vida, só Jesus seja teu amor. E com Jesus trabalhando e com Jesus caminhando, com Jesus ao porto chegue, a Jesus a alma entregue. Por Jesus, morra de amor”11.
Ao recordar o acontecimento da morte de Madre Carmen me vem à memória a citação bíblica da carta aos Hebreus, 13, 7 que diz: “Lembrem‐se de quem os
9 Teólogo consultor IV. 10 M. Maria Asunción Valls S. “Carmen Sallés, mulher de fé, esperança e amor”. 11 Testemunho 9, Summ. P.57.
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Tudo isto te pedimos por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Dia 25 de Julho de 1911, Madre Carmen morre. Ao falar sobre a morte de nossa Madre, queria
fazê‐lo com o Prefácio do ordinário da missa que, para mim, é muito significativo já que, sem dúvida, reflete o que é a morte e ressurreição de todos nós, na ressurreição de Jesus e que já foi uma realidade em nossa Madre. "Nele, brilha a esperança de nossa feliz ressurreição; e assim, ainda que a certeza de morrer nos entristece, nos consola a promessa da futura imortalidade. Porque a vida dos que em ti cremos, Senhor, não termina, se transforma; e, ao desfazer‐se nossa morada terrena, adquirimos uma mansão eterna no céu”8.
É evidente que a vida da Madre se transformou em tantos rostos de irmãs e em tantas realidades, que não nos resta senão dar graças a Deus pela vida dessa grande mulher, Carmen Sallés. “Porque se o morrer se deve ao homem, o ser chamados à vida com Cristo é obra gratuita de seu amor” (Cf. Missal Romano, Prefácio V de defuntos).
Madre Carmen, em todo momento de sua vida, procurou fazer a vontade de Deus e era uma constante escutar de seus lábios a frase: “O que Deus quiser”. Um lema válido para uma vida, visto que “a evidência do amor a Deus brota de sua constante fidelidade a seus desígnios e do vivo desejo de aderir‐se e cumprir sempre 8 Missal romano, Prefácio I, de Defuntos.
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merece. Ele não quer nos salvar e fazer surgir frutos de vida eterna sem nós, como diz Santo Agostinho: “O que te criou sem ti, não te salvará sem ti” e, por conseguinte, devemos acolher sua vontade com intenso amor e gratidão.
1. Abertas à Palavra (Fundamentação bíblico‐teológica)
O homem é a criatura mais maravilhosa que Deus criou, pois que é capaz, com a ajuda de Deus, de realizar as obras mais santas; mas, ao mesmo tempo, o mais pobre e necessitado que há, já que sem o auxílio divino não pode sequer conceber um pensamento bom.
Antes de falar da vontade de Deus, é bom nos determos no ABANDONO como antessala da vontade de Deus em nossa vida.
1. Natureza do Abandono
Para falar do abandono, devemos recordar que, na vida espiritual, esta palavra não é passiva, cômoda... pelo contrário. O dicionário de espiritualidade define o abandono como “a entrega de si mesmo, renúncia à vontade própria e, por isto, ato supremo de amor,
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imperado pela mais pura caridade... Sugerido pela fé e corroborado pela esperança”1.
Uma palavra que podemos empregar, visto que reúne o que o Abandono é e encerra, no caminho de santidade, é conformidade. Santo Inácio utiliza também a palavra mágica de “santa indiferença”.
Podemos dizer que o ato de abandono pode se achar, facilmente, nas almas em graça, enquanto que o estado de abandono supõe a perfeição habitual, isto é, a transformação da vontade na vontade de Deus.
Quem se abandona em Deus tem que acolher fielmente a ação divina, que ainda que sempre seja amorosa e justa, nem sempre é agradável. Isto supõe uma atitude de abertura à graça, manter os olhos e o coração abertos para não deixar passar a graça. A propósito, lembro‐me de uma frase que um dia Santo Agostinho disse: “temo que Deus passe e não volte a passar”.
São João da Cruz entende o abandono não só como expressão do amor, senão como meio para chegar a Deus plena e totalmente. É claro que chegamos a Deus e nos relacionamos com ele, não pela prepotência e a arrogância, mas pela pobreza e a pequenez, condição indispensável para o encontro.
1 M. Rosa Chao, rcm.
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Amamos‐te por guiar nossos passos, acompanhando‐nos nos bons e nos maus momentos. Não permitas que nos afastemos da vontade de Deus. Todos: Roga por nós. Ave, Maria... Pedimos‐te pelos que não te aceitam como mãe, para que despertem e possam reconhecer‐te como mãe e assim juntos sintamos tua presença e possamos construir um mundo, onde reine o amor e a paz. Todos: Roga por nós. Ave Maria... Pedimos‐te pelos que aqui estamos reunidos, para que intercedas ante nosso Pai, Deus, para aumentar cada vez mais nossa fé e nos enchamos do Espírito Santo, para continuar anunciando, com coragem, a Boa Notícia, em todos os rincões do mundo. Todos: Roga por nós. Ave, Maria... ORAÇÃO FINAL Virgem do Carmo, hoje, recorremos a Ti, porque teu nome nos lembra de teu amor e desvelo, e teu desejo de nos ver reunidos como irmãos, gozando da plenitude de Deus, fonte inesgotável de felicidade. Pedimos‐te que nos livres do ódio que oprime e dá‐nos o amor que nos une. O erro cega... livra‐nos com a verdade. O desespero mata... livra‐nos com a esperança. A dúvida desorienta... livra‐nos com a fé. As trevas assustam... livra‐nos com a luz. A tristeza destrói... livra‐nos com a alegria.
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solenidade e devoção as principais festividades da Santíssima Virgem, cuidando bem de que as meninas que com elas se educam se distingam pela devoção e afeto à Virgem Imaculada” (Const. 1893, cap. I art. 2, p. 5).
Carmen recomenda que se preparem para as festas da Virgem com suas respectivas novenas, seguindo este costume de sua época. Podemos ver em ambas as Constituições que, entre as novenas que indica para o ano, lhes diz. “... começarão o último dia de novembro de cada ano a novena da Virgem Imaculada, o 1º de janeiro, a de Menino Jesus, seguindo a esta a do Imaculado Coração de Maria; (...), O 7 de julho a da Virgem do Carmo”6. Carmen aproveita todas as devoções, orações e atos de culto próprios de seu tempo, para favorecer o amor a Maria, sem esquecer nunca (...) que Ela não é a meta, mas o meio que as conduzirá a Jesus. Se recorrem a Virgem, pedindo sua ajuda e intercessão e principalmente esforçando‐se por imitá‐la em suas virtudes, n’Ela encontrarão o caminho mais curto para ir a Jesus7.
Súplicas a Nossa Senhora do Carmo Oh! Virgem do Carmo! Amamos‐te por ser nossa Mãe e protetora. Todos: Roga por nós Ave Maria...
6 Espiritualidade nos Documentos de Carmen Sallés. Henar Yubero. 7 Cf. Espiritualidade nos Documentos de Carmen Sallés, Henar Yubero.
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Na medida em que deixamos toda resistência, se dá em nós uma disposição para deixar que Deus seja Deus, para viver de maneira plena o abandono e a conformidade com o plano de Deus.
Viver o abandono é amar a Deus mais que a si mesmo, não só de palavras nem de desejos, mas de coração e com toda a alma; isto é, confiar a Deus a própria vida com tudo o que somos e temos e, sobretudo, com as possíveis consequências que este nível de amor traz consigo, nem sempre agradável, mas que é ao que todos estamos chamados.
PARA REFLETIR E ORAR:
Como podemos viver o abandono na vida cotidiana?
Como você vive em sua vida consagrada “o confiar a Deus a própria vida com tudo o que se tem e se é, sobretudo, com as possíveis consequências que traz consigo este nível de vida, nem sempre agradável, mas que é ao que todas estamos chamadas”?
Ler e orar as seguintes citações bíblicas: Jo 5, 30; Salmo 18.
O que me enviou está comigo e não me deixa só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 28‐29). Como vivo estas palavras de Jesus em minha vida?
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Vista a definição de abandono, podemos dizer, primeiro, que é uma atitude espiritual e, segundo, que o fundamento desta atitude evangélica‐espiritual se encontra não só na vida prática de Jesus de Nazaré, mas em seus ensinamentos. “Quando levantarem o Filho do homem, compreenderão que eu sou e que não faço nada por minha conta, mas que falo como meu Pai me ensinou. Ele que me enviou está comigo e não me deixa porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 28‐19).
Ao falar da vontade de Deus em nossa vida e querer vivê‐la segundo seu querer, nos defrontamos com uma realidade que não podemos esconder: em busca, com inquietude, com tensão... O desejo de fazer o que Deus quer para nós passa, quase inadvertidamente, de um simples desejo a uma inquieta ansiedade. Pois ao nos confrontarmos com uma decisão que devemos tomar e quando não vem nenhuma solução rapidamente à mente, buscamos a Deus para que nos diga o que devemos fazer. Quando não aparece nenhuma resposta imediatamente, começamos a entrar em pânico. Ou talvez nos foi ensinado que nossos corações são “maus”, de forma que qualquer ideia ou desejo que nós tenhamos simplesmente tem que ser contrário ao que Deus quer. Assim que descartamos essa possibilidade, buscamos a resposta, que deve ser a correta, e que é, exatamente, o que nós não queríamos fazer!
Por que nos preocupamos tanto por averiguar a vontade de Deus? Poderia ser, por que temos uma ideia distorcida do que é e de como encontrá‐la?
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orações. Logo veio a paixão e morte, seguidas da ressurreição e ida de Jesus ao Céu e, mais tarde, de sua Mãe. Logo virão as invasões muçulmanas, mas as orações do Carmelo não se interrompem, e os monges decidem mudar para a Europa. Ali, os encontramos no Século XIII; seu Superior, São Simão Stock, estava em oração, preocupado por novas perseguições, quando a própria Mãe de Deus aparece a ele para lhe dizer: “Amadíssimo filho, recebe o escapulário de minha ordem para que quem morrer levando‐o piedosamente, não padeça no fogo eterno”. O Papa Gregório XIII declarou verdadeira esta aparição depois de sérios estudos e, baseando‐se nos favores que os que usavam o escapulário recebiam. Também esta aparição foi reconhecida pelo Papa João XXII que recebeu uma nova aparição da Virgem, na que prometia tirar do purgatório no primeiro sábado depois de sua morte a seus devotos”5.
Faz muitos séculos, esta devoção a Virgem Maria, sob o nome do Carmo, encheu páginas dos livros que se escreveram em honra de Maria.
Da Europa, esta devoção se estendeu para a América Latina, Puebla, no nº 168 a chama Mãe dos Povos da América Latina.
Para Madre Carmen, a presença de Maria é uma presença viva e operante, unida sempre à de Deus nosso Senhor. “As Religiosas procurarão sempre honrar e venerar a Imaculada Conceição, celebrando com grande 5 Wikipedia.org.
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Dependesse de mim e de me deitar Cada noite sabendo que tudo depende de Ti.
‐ Termina‐se rezando o Pai Nosso. ‐ Damo‐nos a paz
5. M. Carmen: uma vida que deu
fruto. (Os dias concepcionistas)
Dias: 16 de Julho Nossa Senhora do Carmo “O nome de Carmen (Carmo) vem do Monte
Carmelo ou “vinha de Deus” que está na Terra Santa. Segundo o Livro dos Reis, ali viveu o Profeta Elias com um grupo de jovens, dedicados à oração. Corria o ano 300 a.C e uma grande seca assolava a região; o profeta subiu a montanha para pedir chuva e divisou uma nuvem de luminosa brancura da qual brotava água em abundância; compreendeu que a visão era um símbolo da chegada do Salvador esperado, que nasceria de uma donzela imaculada para trazer uma chuva de bênçãos. Desde então, aquela pequena comunidade se dedicou a rezar pela que seria a mãe do Redentor, começando assim a devoção a Nossa Senhora do Carmo (ou Carmelo).
Muitos acontecimentos sucederam através do tempo, mas as orações continuaram elevando‐se desde o Carmelo: é que os homens e as instituições passam, mas as obras de Deus permanecem porque participam um pouco de sua eternidade. Nasce a Virgem Maria e chega a ser a mãe do Salvador; segundo a tradição, visitou os monges e os estimulou a continuar suas
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Uma ideia da vontade de Deus que encontramos frequentemente na Igreja é que Deus tem um plano preparado para cada um de nós e é nosso dever descobri‐lo e ser fiel seguindo dito plano. Se não conseguimos fazer exatamente o correto, provavelmente tenhamos que nos conformar com uma segunda opção ou algo pior. Porém, isso realmente nos custa muito averiguar ou descobrir.
Esta perspectiva ou concepção da vontade de Deus leva ao temor, fazendo que evitemos tomar decisões por medo de errarmos, ou se viva uma vida atormentada, sobrecarregada, crendo que, continuamente, estragamos tudo ou estamos limitados a algo que não é o melhor de Deus para nós.
Tem sentido que Deus faça que seja tão difícil descobrir sua vontade? Isto não pode estar certo. Talvez tenhamos uma compreensão errônea do que significa conhecer a vontade de Deus ou ainda o que é a vontade de Deus.
Na busca da vontade de Deus em querer conformar a vida em toda sua essência a ela, é necessário dispor‐se a viver conforme o desejo de Deus, isto é, a parte ativa desse desejo, a ação pessoal que Deus exige de mim na obra de minha santificação. Recordemos a multiplicação dos pães, em que Jesus diz aos discípulos: “Deem‐lhes vocês de comer... eles responderam: nós temos apenas cinco pães e dois peixes” (Cf. Lc 9, 13) e aconteceu o milagre. O Senhor só espera de nós que lhe demos nossos cinco pães e dois peixes para fazer grandes obras em nós.
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Devo agir, realmente, e pôr em ação minhas faculdades, na execução dos desejos de Deus; devo caminhar pelo caminho que me foi traçado. E como posso caminhar? Com os meios que o próprio Senhor nos sugeriu: CONHECER, AMAR E EXECUTAR. O conhecimento é a primeira condição do bem: devo pedir a Deus que me conceda pleno conhecimento de sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, a fim de que caminhe neste mundo, seguindo uma vida digna do Senhor, agradando‐o em tudo, dando frutos de toda classe de obras boas e crescendo no conhecimento de Deus” (Cf. Col 1, 9).
É necessário que, assim como os olhos dos servos estão olhando sempre as mãos ou insinuações de seus patrões, assim como a escrava tem os olhos fixos nas mãos de sua senhora, assim também nossos olhos permaneçam fixos no Senhor, nosso Deus, para consultá‐lo em todas as coisas e conhecer sua vontade (Cf. Sl 122,2).
Nosso fim último como criaturas é a glória de Deus. “O homem foi criado para louvar, fazer reverência e dar glória a Deus nosso Senhor e por meio disto salvar sua alma” (Santo Inácio). A glória de Deus me exige inteligência que a conheça, a vontade que a ame, a ação que a procure. Podemos dizer que, da mesma maneira, na busca e conformidade com a vontade de Deus: minha inteligência deve conhecê‐la, minha vontade respeitá‐la e amá‐la, minha ação executá‐la. Conhecer, amar e buscar a vontade de Deus é o caminho que conduz à santidade.
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Colocamos o papel dobrado ao redor de Jesus crucificado e pegamos uma vela pequena, acendemos no círio e um cartãozinho e vamos a nosso lugar. Contemplamos a luz e o SIM que está na lampadazinha... Peça ao Senhor que grave o SIM a fogo no seu coração. E depois de um tempo, procurar recordar mentalmente sua vida nesta atitude, disponível, aberta... (Reze em silêncio a oração que está na parte de trás do cartão). E) Coloquemo‐nos em pé, lemos (em voz alta ou
em silêncio) o escrito e queima‐se, no vaso, que está no lugar.
F) Preces espontâneas. G) Pegamos a oração e a rezamos todas juntas,
devagar: Dá‐me, Senhor, a força necessária Para mudar, neste mundo, Quanto Tu desejas mudar. Dá‐me a graça de aceitar ou interpretar Tudo aquilo que não se pode mudar E no meio do qual ou com o qual Me toca viver. Dá‐me a luz suficiente para Distinguir umas e outras situações. Dá‐me, por fim, essa serenidade Que brota de se levantar cada manhã Disposta a lutar como se tudo
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Partilhar o que nos diz a Palavra.
Depois de partilhar a Palavra: Não, nem tudo podemos dizer que são coisas do destino, que é a vontade de Deus que as pessoas sofram, que haja violência, guerras, injustiças, que sejamos como somos, que não vivamos como irmãos e irmãs, etc. quando sabemos que tudo isso é fruto do pecado. Isto é, de que não fazemos segundo a vontade de Deus. Sempre podemos fazer, ao menos, duas coisas: orar e lutar; lutar e orar... Diante dessas situações, Deus nos pede algo. Escutemos sem medo a voz de Deus.
A) Pegue, agora, a folha de papel e até a metade escreva suas queixas a Deus.
B) Na outra metade, escreva suas rebeldias. Diariamente nos queixamos dizendo, porque Deus me pede isto, ou aquilo... É o momento de expressar o que sinto.
C) Na outra metade, peça a Deus tudo de que necessita que ele lhe dê para cumprir aquilo que está pedindo.
D) Escreva em letra maiúscula: “Faça‐se a tua vontade! Faça‐se a tua vontade! Faça‐se a tua vontade”.
COM LIBERDADE, A QUE QUISER PARTILHA O EXERCÍCIO.
Depois, em silêncio, enquanto escutamos a canção: “Um coração para dar”.
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10 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO
A vontade de Deus na Bíblia
Na Bíblia, ao falar da “vontade de Deus” pode significar o plano soberano e eterno de Deus, que se cumprirá independentemente de qualquer aceitação e participação consciente de nossa parte. “Ninguém pode atentar contra ele, nem exigir‐lhe contas do que faz” (Dn 4, 34); “Derrotou em nós toda classe de sabedoria e prudência, dando‐nos a conhecer o mistério de sua vontade, estabelecida de antemão por decisão sua” (Ef 1, 9‐11). Não podemos desfazer a vontade soberana de Deus. A frase também pode ser usada para descrever o desejo ou consentimento de Deus.
Também os profetas veem a vontade de Deus como independência soberana, sabedoria, benevolência. Javé é um Deus que cumpre o que projeta: “... mas ele não muda: quem o fará voltar atrás? Quer uma coisa e a realiza” (Jo 23, 13). A palavra que ele manda à terra faz tudo o que Ele quer. “Assim será minha Palavra, que sai da minha boca: não voltará a mim vazia, mas fará minha vontade e cumprirá meu encargo” (Is 55, 11ss.). Deus não age por insinuações de outros, senão segundo sua vontade (Is. 40, 13). Dirige os movimentos do coração do homem (Prov 21,1).
Podemos dizer que, em geral, a “vontade de Deus” na Bíblia se refere às leis morais ou mandamentos de Deus. “Ensina‐me a cumprir tua vontade e a observá‐la de todo coração. Encaminha‐me pela senda de teus ensinamentos, porque nela me deleito (Sl 119; 34‐35) e “Desejo cumprir tua vontade, meu Deus, levo teu ensinamento em minhas entranhas” (Sl 40, 9).
REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012
11 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO
Além destas leis gerais, no entanto, os profetas davam instruções relacionadas com temas específicos.
No Novo Testamento é evidente esta independência soberana, que se expressa na parábola dos operários da vinha, quando Jesus disse: “Não estou sendo injusto; não havíamos combinado por um denário? Ou não posso dispor de meus bens como eu quiser? Por que achas ruim que eu seja generoso? (Mt 20, 14).
Em suas cartas, vemos que Paulo dá aos efésios instruções gerais para não viver como o mundo. “Portanto, não sejam imprudentes, mas procurem entender qual é a vontade do Senhor” (Ef 5, 17). “Esta é a vontade de Deus: que sejam santos” (I Tes 4,3).
Deus tem um plano específico para cada um de nós? Sem dúvida o tem. Paulo nô‐lo diz quando inicia sua carta dizendo: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus” (Ef 1,1; 2Tim 1,1). O que indica que ele se sente escolhido pelo mesmo Deus em seu desígnio infinito para ser apóstolo.
Como podemos alcançar este abandono ao querer de Deus? Um caminho seguro para nos conduzir é o exercício desta virtude. Mas como as grandes ocasiões de praticá‐la são bastante raras, é necessário aproveitar as pequenas que são diárias e cujo bom uso nos prepara, em seguida, para suportar as extraordinárias.
Não há ninguém a quem sucedam cem coisas diárias contrárias a seus desejos e inclinações, seja por nossa imprudência ou distração, seja pela desconsideração ou malícia de outro. Toda nossa vida
REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012
40 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO
Como uma criança fraca e frágil. Sou teu pequeno (bis). Pai, tua é minha vida, Dá‐me a conhecer teu caminho. Pai, preciso dar‐me com todo O amor de que sou capaz. Pai, toma‐me em teus braços Tem piedade, mostra‐me teu rosto. Pai, te confio meus dias, Quero cumprir tua vontade.
5. MOTIVAÇÃO: ‐ Vamos estar muito atentos para ler o símbolo que está no centro. ‐ O que nos dizem estes símbolos? (Silêncio). ‐ Se estamos falando da vontade de Deus, o que nos dizem estes símbolos? (Silêncio). ‐ Que significam esses dois ovinhos no ninho? (Silêncio) ‐ Relembrar brevemente o que se dizia dos itens para procurar a vontade de Deus. 6. LEITURA da PALAVRA: Carta de São Paulo aos
colossenses, 1, 9‐12. MOMENTO DE SILÊNCIO PARA ‘RUMINAR’ A PALAVRA
REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012
39 CONCEPCIONISTAS MISSIONÁRIAS DO ENSINO
Propiciar um espaço de reflexão, comentário, no qual, juntas, peçamos ao Senhor que nos ensine a buscar e a encontrar a vontade de Deus em tudo.
2. MATERIAL: Convida‐se a viver a experiência. Símbolo: Folha de papel, lápis, Bíblia. Um cartão para cada participante. Uma vela em um vasinho de barro, com um “sim”
colocado na parte de fora, que se possa ver. Um Vaso de barro para queimar. Um Jesus crucificado (se a celebração se faz em
outro espaço fora da capela). Imagens com diferentes rostos. Jornais. Círio Pascal. Gravador, CD.
3. METODOLOGÍA:
Preparar o espaço com antecipação e dispor de uma hora para a experiência.
4. CANTO Começar escutando ou cantando a Canção “ Pai, me
ponho em suas mãos” para criar ambiente de oração.
Pai, me ponho em suas mãos. Faz de mim o que tu quiseres. Pai, me ponho em teu regaço
REFLEXÃO PARA O MÊS DE JULHO ‐ 2012
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está semeada desta classe de espinhos que, sem cessar, nascem sob os caminhos que vamos pisar, que produzem em nosso coração mil frutos amargos, mil movimentos involuntários de soberba, de inveja, de medo, de impaciência, mil raivas passageiras, mil ligeiras inquietudes, mil perturbações que alteram a paz de nossa alma, ao menos, por um momento.
Escapa‐nos, por exemplo, uma palavra que não queríamos haver dito ou nos disseram outra que nos ofende, um importuno nos detém, alguém tropeça ao passar a nosso lado... Sabemos que, em tudo isto, não é preciso exercitar uma virtude heroica, mas lhes digo que bastaria para adquiri‐la, se quiséssemos; pois, se alguém tivesse cuidado em não ofender a Deus com todas estas contrariedades e aceitá‐las como dadas por sua Providência, e se, além disso, se dispusesse sinceramente a uma união muito íntima com Deus, seríamos capazes, em pouco tempo, de suportar os mais tristes e funestos acidentes da vida.
Pensemos todos os dias, pelas manhãs, em tudo o que possa nos suceder de desagradável durante o dia. Enfim, quando todas estas coisas se deixem sentir de verdade, em vez de perdermos o tempo nos queixando dos outros ou da situação, vamos aos pés de Jesus nosso Mestre e Redentor, para pedir‐lhe a graça de suportar tudo com constância e paciência. Um homem que recebeu uma ferida mortal, se é inteligente, não correrá detrás de quem o feriu, mas antes de tudo irá ao médico que pode curá‐lo. Nosso médico é Jesus, que nos cura. O profeta Oseias não o diz assim: “Vamos ao Senhor: ele
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nos feriu, ele nos vendará a ferida. Em dois dias nos fará reviver, ao terceiro dia nos restabelecerá e viveremos em sua presença” (Cf. Os 6,1‐2).
Procuremos mil vezes as mãos de nosso Senhor crucificado. Peçamos aquelas palavras que também Ele dizia a seu Pai, no mais agudo de sua dor: “Senhor, que se faça a tua vontade e não a minha” Fiat voluntas tua!
2. Sementes concepcionistas (A virtude em Madre Carmen)
A vivência do abandono e a vontade de Deus em
Madre Carmen Madre Carmen não cessa de nos recordar, em
seus escritos, o importante que é conformarmo‐nos com a vontade de Deus como um bem. Conformarmo‐nos com a vontade de Deus é o chamado que o Senhor faz a toda concepcionista.
“A conformidade com a vontade de Deus é consequência da vivência da humildade e da obediência. É a identificação com Cristo, fazermo‐nos como ele, obediente, e ele derramará tantas graças quanto a religiosa mais se aniquila2”.
Madre Carmen foi uma mulher de fé, uma fé enraizada desde pequena, que faz que cada dia se abandone à vontade e providência de Deus. Um Deus que a forjará nas dificuldades. Ela, com seu temperamento amável e dócil, reservado e reflexivo que
2 M. Rosa Chao. Documento sobre a obediência. Março 2012.
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COMO CONHECER A VONTADE DE DEUS?
Sugiro um caminho que, talvez, te ajude:
a) Pondo‐te à escuta de sua Palavra. b) Prestando atenção aos sinais dos tempos. c) Cumprindo com o dever de cada dia. d) A ascética do momento presente.
“Senhor, dá‐me a graça de aceitar ou interpretar tudo aquilo que não possa mudar”.
1. OBJETIVO:
TEXTOS PARA A REFLEXÃO PESSOAL
Mateus 26,39; 7,21; 18,12-14. Marcos 3,32-35; 10,42-45. Lucas 10,21, 47-48. João 6,38 e 40; 4, 34; 15,8-10 e 12. Carta de Santiago 1,19-27. 2 Carta de S. Pedro 3,8-17. 1 Carta de João 2,3-11 y 4,7-8. Carta de São Paulo aos Colossenses, 1,9-12. 1 Carta de S. Paulo a Timóteo 2,1-4. Salmos: 118(126); 118(166).
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Basta com que o eco das palavras desta petição, “faça‐se tua vontade”, que tantas vezes rezamos no Pai Nosso, nós a convertamos em compromisso de vida. Algo, às vezes, muito difícil, mas possível com a graça de Deus.
Pouco a pouco, sem desânimo, porque esta adesão à vontade de Deus é difícil; tanto, que o que tentamos sempre é fazer a nossa vontade. Existe toda uma escada que convém subir, degrau a degrau, e muito apoiados no Espírito de Jesus. Repito, não é fácil e nossa natureza se resiste. Neste desejo de viver em conformidade com a vontade de Deus, costumamos a começar assim:
1º. Aceitação a contragosto ou com mal estar, ou
má vontade, como costumamos dizer. É um “sim” obrigado, forçado, já que não tem jeito.
2º. Aceitação resignada. Costumamos dizer: “se Deus me mandou ou pediu, que mais posso fazer?" E o aceitamos, mas não é isso, falta algo mais para que essa aceitação seja autêntica e como Deus quer.
3º. Autêntica aceitação. Supõe um alto grau de amor de Deus. “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” como diz São Paulo.
4º Pleno abandono. É quando dizemos de coração e com plena consciência, ainda sabendo das consequências de nosso “sim”: Pai, me ponho em tuas mãos; faz de mim o que quiseres, seja o que seja, te dou graças” (Foucault)
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a ajudou a ponderar decisões, acompanhada de uma oração firme ao pé do crucifixo e da espera contra toda esperança, confiou na resposta definitiva d’Aquele que guiaria plenamente seus passos.
Carmen chegará a ser uma pessoa verdadeiramente livre, abandonada à vontade de Deus, nada nem ninguém reterá suas amarras ancoradas, porque é Ele quem está indicando seu rumo.
Madre Carmen, durante sua vida, sempre esteve à escuta do Senhor e muito atenta para cumprir em tudo sua vontade. Ela nos dizia: “As constantes de nossa vida devem ser a docilidade, o abandono à vontade de Deus, a confiança na divina Providência” (Ecos, 126).
A Igreja, ao aceitar a Madre Carmen como fundadora, declará‐la santa e aprovar a Congregação por ela fundada como continuadora de seu espírito e missão, reconheceu o carisma apostólico recebido por ela como uma forma de santidade cristã, apto para ser vivido por muitos e proveitoso para o povo até o fim dos tempos.
As concepcionistas somos as herdeiras e a encarnação oficial daquela atitude existencial, daquele carisma recebido do Espírito por Madre Carmen Sallés, para que ela o transmitisse à Igreja de todos os tempos. Somos as comissionadas pelo Espírito e pela Igreja para transmitir e avivar aquele acontecimento salvífico que foi Madre Carmen Sallés na Igreja de seu tempo.
Com o acontecimento da Canonização de Nossa Madre se abre para nós um convite permanente para viver o espírito que ela nos deixou, que é já patrimônio de todos os cristãos.
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Devemos nos apropriar do espírito de Madre Carmen, mas com nossa própria e original personalidade, buscando, como ela, a vontade de Deus, como propósito de vida, no caminho de santidade ao qual estamos chamadas.
Madre Carmen se sente chamada por Deus providente, ungida pelo Espírito e isto a faz viver dentro de uma doação de toda sua pessoa. Vive centralizada em Cristo, alimentada por uma vida de oração que penetra e fecunda todo o arco de sua existência e suas atividades. Descobre que, em sua vida, tudo é misericórdia e graça e isto a leva a se sentir estimulada a corresponder, generosamente, ao dom que recebeu e descobriu como história de salvação durante toda sua vida.
Carmen tem consciência de sua condição de criatura e o expressa em atitudes de reconhecimento e dependência de Deus. M. Carmen amou a Deus e se sentiu amada por Ele. E da experiência deste amor brotou a necessidade de comunicá‐lo e partilhá‐lo com os irmãos.
Um dos teólogos consultores nos diz de Madre
Carmen: “O perfil espiritual da Serva de Deus está caracterizado por sua profunda e rica vida interior. E não podia ser de outra maneira, pois que o caminho
De onde brota minha necessidade de entrega aos irmãos e irmãs? Como é meu amor a Deus e de que forma experimentei ser amada por Deus?
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A criação brota daquele primeiro “faça‐se” a luz, etc., do Deus criador.
Pelo “faça‐se” de Maria nos chegou a Encarnação.
A redenção foi possível graças ao “faça‐se tua vontade e não a minha” de Jesus no horto.
Todos os fundadores iniciaram seu caminho depois de dizer como Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo escuta”; ou de acrescentar, como São Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?”. O abandono à vontade de Deus como ato ou
como atitude é algo claramente ativo: supõe dizer um “NÃO” e um “SIM” ao que o Senhor quer ou permitiu. Um “SIM” e um “NÃO”, às vezes, muito contínuo... Um “SIM” e um “NÃO”, às vezes, até heroicos. E uma atitude deste tipo supõe uma forte vontade.
Este abandono é consequência de uma fé muito pura, capaz de atravessar a mais negra nuvem e continuar confiando no Sol que continua brilhando por trás dela; sustenta‐se também na esperança, virtude que nos abre qualquer horizonte, por mais fechado que seja. E é fruto de um amor muito experiente e, ao mesmo tempo, de uma atitude que adoto como suprema expressão do que eu tenho por meu Deus. Concretiza‐se, por fim, na humildade. Sem Humildade, como conhecerei meu nada? Como sentirei a urgência de olhar para o Todo?
Olhemos a Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida do autêntico abandono.
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“Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 3‐4).
"Se alguém quer vir em pós de mim, negue‐se a si mesmo, tome sua cruz de cada dia e siga‐me” (Lc 9, 23).
Devemos confiar em que Ele fará sua vontade em nossas vidas. “Confia no Senhor com todo teu coração, e não te apoies sobre tua própria prudência; reconhece‐o em todos os teus caminhos e ele endireitará teus caminhos” (Prov 3, 5‐6).
“Estou seguro de que ele que começou em vós a boa obra, a levará em bom término até o dia de Jesus Cristo” (Fil 1, 6).
A Palavra de Deus nos ajudará a conhecer a vontade de Deus. “Tua Palavra é lâmpada para meus passos, luz em meu caminho” (Salmos 119, 105).
Lembra que o propósito definitivo de Deus para todos nós é que ele seja glorificado (1Cor 10, 31) e que o evangelho e o reino de Deus se estendam (Gen 50, 20 e Fil 1, 12).
REFLEXÃO: “FAÇA‐SE TUA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU”
“Faça‐se” é a palavra sobre a qual se sustentam os maiores mistérios da existência.
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espiritual de M. Carmen está feito no sofrimento moral mais que no físico?”3.
O desejo profundo de M. Carmen foi sempre fazer a vontade do Pai. E por isso procurou responder em tudo segundo seu querer. Nossa vida espiritual tem seus alicerces na fidelidade à vontade do Pai, seguindo assim a Jesus Cristo, sob a luz do Espírito Santo, à imitação de Maria Imaculada.
Como vivo minha condição de filha amada, disposta a fazer sempre a vontade de Deus? Madre Carmen se sente Serva de Deus e por isso se mostra aberta e disponível a seu plano. Em Cristo, a obediência ao Pai é a expressão de sua filiação, a obediência constitui a essência do Filho: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4, 34). A grandeza do Servo está em cumprir os mandamentos de seu Senhor, em ser obediente à vontade do Pai. Para descobrir a vontade do Senhor em todos os acontecimentos da vida, também nos momentos menos gratos, nos que nos ocasionaram perjúrios e aborrecimentos, para seguir de perto a Cristo em todas as circunstâncias, devemos estar seriamente desprendidos de nós mesmos, dos dons da inteligência, da saúde, da honra, dos triunfos, dos êxitos. Madre Carmen viveu assim e nô‐lo diz com estas palavras: “É humilde quem se reconhecendo criatura não vê em si mais que imperfeições e perigos e teme com temor santo, tornar‐se indigna de seu Deus e Criador”.
3 Teólogo consultor III
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Madre Carmen, nas primeiras constituições, nos diz: “O primeiro grau da verdadeira humildade é uma pronta obediência. Esta é peculiar àqueles que nenhuma outra coisa amam tanto como a Jesus Cristo... mas esta obediência não será agradável a Deus nem aos superiores, se não se executa sem demora o mandado, sem tardança, sem tibieza, sem murmuração e sem réplica que possa indicar resistência em quem obedece... só agrada a Deus aquele que dá com alegria”4.
Como M. Carmen viveu a obediência? Como eu a vivo?
O teólogo Consultor I nos diz que M. Carmen viveu a obediência como um meio de se identificar com Cristo, em quem encontrava sua força necessária.
Na carta de 1900, dizia: “Obedeçamos de boa vontade, seguras de que tudo podemos naquele que nos conforta” e algo mais... “Humilhemo‐nos, obedeçamos, conformemo‐nos com o querer de Deus: que três pontos de apoio para subir a escada da perfeição!”.
Estas expressões de M. Carmen nos indicam o itinerário de fidelidade e entrega a seu Divino Esposo, no que a motivou a ser toda de Jesus, buscar agradá‐lo em tudo e como nos diz “conformar‐se com sua vontade, que é fazer só o que lhe agrada”.
3. Herdeiras de uma bênção (Textos, orações, celebrações...)
4 Cf. Capítulo XLI, da obediência.
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jamais a esta última, que entra plenamente – ainda que em segundo lugar – no mesmo querer e desígnio de Deus.
Frutos e vantagens da vida de abandono em Deus – São inestimáveis os frutos e vantagens da vida de perfeito abandono na amorosa providência de Deus. Além dos já apresentados ao falar de sua excelência, os seguintes merecem ser lembrados:
1. Faz‐nos levar uma vida de doce intimidade com Deus, como a criança nos braços de sua mãe.
2. A alma caminha com simplicidade e liberdade; não deseja senão o que Deus queira.
3. Faz‐nos constantes e de ânimo sereno através de todas as situações: Deus o quis assim.
4. Enche‐nos de paz e de alegrias: nada pode sobreviver capaz de alterá‐las, pois só queremos o que Deus quer.
5. Assegura‐nos uma morte santa e uma grande preponderância diante de Deus: no céu, Deus cumprirá a vontade dos que hajam cumprido a d’Ele na terra.
4. M. Carmen, uma vida que dá fruto
SUGERIMOS ALGUNS TEXTOS PARA REFLETIR E ORAR
A Palavra de Deus diz que a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita” (Rom 12,2).
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nossos esforços, parece que não adiantamos nada; na permissão dos pecados alheios, que devemos odiar em si mesmos, mas adorando, ao mesmo tempo, a divina permissão, que não os permite jamais se não para tirar maiores bens; em nossas próprias faltas, que devemos odiar e reprimir, mas aceitando ao mesmo tempo a humilhação que nos trazem e doendo‐nos delas com um “arrependimento forte, sereno, constante e tranquilo, mas não inquieto, turbulento, nem desalentado” etc., etc.
Uma última questão: É preciso chegar neste abandono total para se tornar indiferente à própria salvação, como diziam os quietistas e semiquietistas? De nenhuma maneira. Este delírio e extravio estão expressamente condenados pela Igreja. Deus quer que todos os homens se salvem (1Tim 2, 4) e somente permite que se condenem os que voluntariamente se empenham nisto, violando seus mandamentos e morrendo sem se arrepender. Renunciar a nossa própria salvação com o pretexto de praticar, com maior perfeição, o abandono total nas mãos de Deus, seria opor‐nos à própria vontade de Deus, que quer nos salvar e ao apetite natural de nossa própria felicidade, que nos vem do próprio Deus, através da natureza. O único que se deve fazer é desejar nossa própria salvação, não só nem principalmente porque com ela alcançaremos nossa felicidade, mas, sobretudo, porque Deus o quer e com ela o glorificaremos com todas nossas forças. O motivo da glória de Deus há de ser o primeiro e deve prevalecer acima do de nossa própria felicidade, mas sem renunciar
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A CONFORMIDADE COM A VONTADE DE DEUS
“Teologia da perfeição cristã” – P. Antonio Royo Marín, OP (BAC)
A perfeita conformidade com a vontade divina é
um dos principais meios de santificação. Santa Teresa escreve: “Toda a pretensão de quem começa oração (e não se esqueça disto, que é muito importante) há de ser trabalhar e determinar‐se e dispor‐se, com toda a diligência que puder, a fazer sua vontade conforme com a de Deus... e nisto consiste toda a maior perfeição que se pode alcançar no caminho espiritual. Quem mais perfeitamente tiver isto, mais receberá do Senhor. Não pensem que aqui há apenas palavras ininteligíveis, nem coisas não sabidas e entendidas; que nisto consiste todo nosso bem”.
Dada a singular importância deste meio, vamos estudar cuidadosamente sua natureza, seu fundamento, sua excelência e necessidade, o modo de praticá‐la e, finalmente, seus grandes frutos e vantagens.
1. Natureza – consiste na conformidade com
a vontade de Deus em uma amorosa, total e entranhável submissão e concórdia de nossa vontade com a de Deus, em tudo quanto disponha ou permita de nós. Quando é perfeita, é mais conhecida com o nome de santo abandono à vontade de Deus. Em suas manifestações imperfeitas costuma‐se aplicar‐lhe o nome de simples resignação cristã.
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Para entender retamente esta doutrina é preciso levar em consideração alguns postulados.
1. A santidade é o resultado conjunto da ação de Deus e da livre cooperação do homem. “Pois bem: se Deus trabalha conosco em nossa santificação é justo que Ele conduza a direção da obra; nada se deverá fazer que não seja conforme a seus planos, sob suas ordens e a impulsos de sua graça. É o primeiro princípio e último fim; nós nascemos para obedecer a suas determinações” (Lehodey, O santo abandono, p. 1, c. 1).
2. A vontade de Deus, simplicíssima em si mesma, tem diversos atos com relação às criaturas. Os teólogos costumam estabelecer a seguinte divisão:
a) Vontade absoluta, quando Deus quer alguma coisa sem nenhuma condição, como a criação do mundo; e condicionada, quando o quer com alguma condição, como a salvação de um pecador que se arrepende.
b) Vontade antecedente é a que Deus tem em torno a uma coisa em si mesma ou absolutamente considerada (por exemplo: a salvação de todos os homens em geral) e vontade conseguinte é a que tem em torno a uma coisa revestida já de todas suas circunstâncias particulares e concretas (por exemplo: a condenação de um pecador que morre sem se arrepender).
c) Vontade de sinal e vontade de beneplácito. Esta é a que mais nos interessa aqui. Eis aqui como as expõe o P. Garrigou‐Lagrange:
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totalmente ao beneplácito divino a despeito de todos os protestos da natureza sensível.
3. Esta indiferença, finalmente, não é meramente passiva, mas verdadeiramente ativa, determinada unicamente pela vontade de Deus. Nos casos em que esta vontade divina aparece já manifestada (vontade de sinal), a vontade do homem se lança a cumpri‐la com generosidade rápida e ardente. E nos que a divina vontade não se manifestou ainda (vontade de beneplácito) está em estado de perfeita disponibilidade para aceitá‐la e cumpri‐la assim que se manifesta. Esta indiferença nada tem a ver com a quietude ociosa e inativa com que os quietistas sonharam, justamente condenada pela Igreja.
c) EXTENSÃO – “A indiferença – diz São Francisco de Sales – se há de praticar nas coisas referentes à vida natural, como a saúde, a enfermidade, a beleza, a fealdade, a fraqueza, a força; nas coisas da vida social, como as honras, categorias e riquezas; nos diversos estados da vida espiritual, como as sequidões, consolos, gostos e aridezes; nas ações, nos sofrimentos e, enfim, em toda classe de acontecimentos ou circunstâncias”.
O santo bispo de Genebra, São Francisco de Sales, em seus escritos, nos diz claramente, como se há de praticar esta indiferença e abandono total nas mais difíceis circunstâncias: nas coisas do serviço de Deus, quando Ele permite o fracasso depois de haver feito por nossa parte tudo quando podíamos; em nosso adiantamento espiritual, quando, apesar de todos
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que possa nos acontecer, mas do meio mais eficaz para que nossa vontade se adira fortemente à de Deus.
2. Esta indiferença se entende somente em relação à parte superior da alma. Porque, sem dúvida alguma, a parte inferior ou inclinação natural – voluntas ut natura, como dizem os teólogos – não pode deixar de sentir e acusar os golpes do infortúnio ou da desgraça. Seria tão impossível pedir à sensibilidade que não sinta nada ante a dor como dizer a uma pessoa que acaba de se encontrar com um leão ameaçador: não tenha medo. Não é possível deixar de tê‐lo (São Francisco de Sales). Portanto, não há que se perturbar quando se sente a repugnância da natureza, contanto de que a vontade queira aceitar aquela dor como vinda da mão de Deus, apesar de todos os protestos da sensibilidade inferior. Este é exatamente o exemplo que Nosso Senhor Jesus Cristo nos deu, quando, por uma parte desejava ardentemente sua paixão – “quo modo coactor!”... (Lc 12, 50), “Desiderio desideravi”... (Lc 22, 16) – e por outra parte acusava a dor da parte sensível: “Morro de tristeza”... (Mt 26, 38): “Meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). E quando São João da Cruz lançava sua heroica exclamação: “padecer, Senhor, e ser desprezado por vós”, ou Santa Teresa seu “ou morrer ou padecer”, ou Santa Madalena de Pazzi seu “não morrer, mas padecer”, é evidente que não o diziam segundo a parte inferior de sua sensibilidade – pois eram de carne e osso, como todos os demais – senão unicamente segundo sua vontade superior, que queriam submeter
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“Entende‐se por vontade divina significada (ou vontade de sinal) certos sinais da vontade de Deus, como os preceitos, as proibições, o espírito dos conselhos evangélicos, os acontecimentos queridos ou permitidos por Deus. A vontade divina significada desse modo, sobretudo a que se manifesta nos preceitos, pertence ao domínio da obediência. A ela nos referimos, segundo São Tomás (1, 19, 11), ao dizer, no Pai Nosso: Fiat voluntas tua.
A vontade divina de beneplácito é o ato interno da vontade de Deus ainda não manifestado nem dado a conhecer. Dela depende o porvir ainda incerto para nós: acontecimentos futuros, alegrias e provas de breve ou longa duração, hora e circunstâncias de nossa morte, etc. Como observa São Francisco de Sales (Amor de Deus 1, 8 c. 3; 1. 9 c. 6 e com Bossuet (États d’oraison 1,8,9), se a vontade significada constitui o domínio da obediência, a vontade de beneplácito pertence a do abandono nas mãos de Deus.
Como diremos mais tarde, longamente, ajustando cada dia mais nossa vontade significada à de Deus, devemos, no restante, abandonar‐nos confiadamente ao divino beneplácito, certos de que nada quer, nem permite, que não seja para o bem espiritual e eterno dos que amam o Senhor e perseveram em seu amor”.
Estas últimas palavras do P. Garrigou expressam a natureza íntima da perfeita conformidade com a vontade de Deus. Trata‐se efetivamente do cumprimento íntegro, amoroso e entranhável da
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vontade significada de Deus através de suas operações, permissões, preceitos, proibições e conselhos – que são, segundo São Tomás, os cinco sinais dessa vontade divina – e da rendida aceitação e perfeita concórdia com tudo o que se digne dispor, por sua vontade de beneplácito.
1. Fundamento – Como Lehodey diz muito bem, a conformidade perfeita, ou santo abandono, tem por fundamento a caridade. “Não se trata aqui já da conformidade com a vontade divina, como é a simples resignação, mas da entrega amorosa, confiante e filial, da perda completa de nossa vontade na de Deus, pois é próprio do amor unir assim estreitamente as vontades. Este grau de conformidade é também um exercício muito elevado do puro amor e não pode se encontrar, normalmente, senão nas almas avançadas, que vivem principalmente desse puro amor”. Pois bem: quais são os princípios teológicos em
que se pode apoiar esta submissão e conformidade com a vontade de Deus?
O P. Garrigo‐Lagrange indica os seguintes: 1. Nada acontece que, desde toda a
eternidade, Deus não haja previsto e querido, pelo menos, permitido.
2. Deus no pode querer nem permitir coisa alguma que não esteja conforme com o fim que se propôs ao criar, isto é, com a manifestação de sua bondade e de suas infinitas perfeições e com a glória do Verbo encarnado, Jesus Cristo, seu Filho unigênito (1 Cor 3, 23).
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todas as coisas criadas, em tudo o que é concedido à liberdade de nosso livre arbítrio e não lhe está proibido; de tal maneira que não queiramos de nossa parte mais saúde e, consequentemente, em tudo o mais; somente desejando e escolhendo o que mais nos conduz ao fim para que somos criados”.
Mas é preciso entender direito esta indiferença para não cair nos lamentáveis extravios do quietismo e seus derivados. Examinemos cuidadosamente seu fundamento, sua natureza e sua extensão.
a) FUNDAMENTO – A santa indiferença se apoia naqueles três princípios teológicos que acabamos de recordar, que são seu fundamento irremovível. É evidente que se a vontade divina é a causa suprema de tudo o que acontece e ela é infinitamente boa, santa, sábia, poderosa e amável, a conclusão se impõe: quanto mais se conforme e se coincida minha vontade com a de Deus, tanto mais santa, boa, sábia, poderosa e amável será. Nada de mal pode acontecer com ele, pois os mesmos males que Deus permita que venham sobre mim contribuirão para meu maior bem, se sei aproveitar‐me deles na forma prevista e querida por Deus.
b) NATUREZA – Para precisar a natureza e verdadeiro alcance da santa indiferença é preciso levar em consideração três princípios fundamentais:
1. Sua finalidade é que o homem se entregue totalmente a Deus saindo de si mesmo; não se trata de um encolher de ombros estoico e irracional diante do
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lamenta mais a humilhação que lhe acarretaram (por exemplo, ante o confessor), que a própria ofensa de Deus. Como é possível que uma contrição tão humana produza verdadeiros frutos sobrenaturais?
5. “CONSELHO” – a alma que queira praticar em toda sua perfeição a tal conformidade com a vontade de Deus deve estar pronta a praticar os conselhos evangélicos – pelo menos quanto a seu espírito, se não é pessoa consagrada a Deus pelos votos religiosos – e a secundar os movimentos interiores da graça, que manifestem o que Deus quer dela em um momento determinado.
B) Com relação à vontade de beneplácito – Os desígnios de Deus, em sua vontade de beneplácito, nos são – dizíamos – inteiramente desconhecidos. Não sabemos o que Deus tem disposto sobre nosso futuro ou o dos seres queridos. Mas sabemos certamente três coisas: a) que a vontade de Deus é a causa suprema de todas as coisas; b) que essa vontade divina é essencialmente boa e benéfica e c) que todas as coisas prósperas ou adversas que possam ocorrer contribuem ao bem dos que amam a Deus e querem agradá‐lo em tudo. O que mais podemos exigir para nos abandonarmos inteiramente ao beneplácito de nosso bom Deus com a mesma confiança filial que uma criança pequena nos braços de sua mãe?
É a santa indiferença, que Santo Inácio relembra em “princípio e fundamento” de seus Exercícios como disposição básica e fundamental de toda a vida cristã. “Pelo qual é necessário tornarmo‐nos indiferentes a
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3. Sabemos que todas as coisas contribuem ao bem dos que amam a Deus, daqueles que, segundo seus desígnios, foram chamados” (Rom 8,28) e perseveram em seu amor.
4. No entanto, o abandono à vontade de Deus, não exime ninguém de se esforçar em cumprir a vontade de Deus significada nos mandamentos, conselhos e acontecimentos, abandonando‐nos, em tudo mais, à vontade divina de beneplácito, por misteriosa que nos pareça, evitando toda inquietude e agitação.
2. Excelência e necessidade ‐ pelo que dissemos, aparece clara a grande excelência e necessidade de prática cada vez mais perfeita do santo abandono à vontade de Deus. “O que constitui a excelência do santo abandono é a
incomparável eficácia que possui para remover todos os obstáculos que impedem a ação da graça, para fazer praticar, com perfeição, as mais excelsas virtudes e para estabelecer o reinado absoluto de Deus sobre nossa vontade”.
O P. Piny escreveu – como se sabe – um belo livreto, para mostrar a excelência da vida de abandono à vontade de Deus. Nela, o insigne dominicano prova que esta é a via que mais glorifica a Deus, a que santifica mais a alma, a menos sujeita a ilusões, a que proporciona à alma maior paz, a que melhor leva a praticar as virtudes teologais e morais, a mais a propósito para adquirir o espírito de oração, a mais
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parecida ao martírio e imolação de si mesmo e a que mais dá segurança na hora da morte.
A necessidade de entrar por esta via pode ser demonstrada por três cláusulas:
1. O DIREITO DIVINO – a) Somos servos de Deus enquanto criaturas suas. Deus nos criou, nos conserva continuamente no ser, nos remiu, nos ordenou a Ele como a nosso último fim. Não nos pertencemos a nós mesmos, mas a Deus (1 Cor 6, 19).
b) Somos filhos e amigos de Deus; o filho deve estar submetido a seu pai por amor e amizade que produz a concórdia de vontades: idem vele et rolle.
2. NOSSA UTILIDADE, pela grande eficácia santificadora desta via. Pois bem: a santidade é o maior bem que podemos alcançar neste mundo e o único que terá uma imensa repercussão eterna. Todos os outros bem empalidecem e se esfumam diante dele.
3. O EXEMPLO DE CRISTO – Toda a vida de Cristo sobre a terra consistiu em cumprir a vontade de seu Pai celestial. “Ao entrar no mundo disse: Eis aqui que venho para fazer, meu Deus, tua vontade” (cf. Heb 10, 5‐7). Durante sua vida manifesta continuamente que está pendente da vontade de seu Pai celestial: “Convém que eu esteja nas coisas de meu Pai” (Lc 2, 49); “Eu faço sempre o que a Ele agrada” (Jo 8, 29); “Esta é minha comida e minha bebida” (Jo 4, 34); “Este é o mandamento que recebi de meu Pai” (Jo 10, 18); “Não se faça minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42).
À imitação de Cristo, esta foi toda a vida de Maria: “eis aqui a serva do Senhor; faça‐se em mim
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que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt. 7, 21.
4. “PROIBIÇÃO” ‐ O primeiro passo e o mais elementar e indispensável para conformar nossa vontade com a de Deus há de ser evitar cuidadosamente o pecado que o ofende, por menor que seja ou pareça ser. Nada se pode acrescentar a estas sensatas palavras de Santa Teresa: “Pecado muito de advertência, por pequeno que seja, Deus nos livre dele. Quanto mais que, sendo contra uma tão grande Majestade e vendo que nos está olhando, não há pouco! Que isto me parece que já é pecado sopesado; e como quem diz: Senhor, ainda que vos desagrade, farei isto; já vejo que vós vedes e sei que não o quereis e entendo isso; mas quero mais é continuar com meu capricho e apetite e não com vossa vontade. E que, ainda que haja pouco em coisa assim, para mim, por leve que seja a culpa, é muito, mui muito”.
Mas, pode acontecer que, apesar de nossos esforços, incorramos em alguma falta e talvez em um pecado grave. O que devemos fazer nesses casos? É preciso distinguir, em toda falta, dois aspectos: a ofensa de Deus e a nossa humilhação. É preciso repelir a primeira com toda a alma; nunca a deploraremos bastante, por ser o único mal verdadeiramente digno de se lamentar. A segunda, pelo contrário, devemos aceitá‐la plenamente, alegrando‐nos de receber, no ato, esse castigo que começa a expiar a nossa falta: “foi bom eu estar humilhado, para aprender teus mandamentos” (Sl 118, 71). Há quem, ao se arrepender de seus pecados,
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maior bem! Zombarias, perseguições, calúnias, injustiças, atropelos etc., etc., de que somos vítimas são, certamente, pecados alheios, que Deus não pode querer em si mesmos, mas os permite para nosso maior bem. Quando saberemos nos elevarmos acima das segundas causas para ver em tudo isto a providência amorosa de Deus, que nos pede não a vingança ou a desforra, mas o amor e a gratidão por esse benefício que nos faz? Na injustiça dos homens, devemos ver a justiça de Deus que castiga nossos pecados e até sua misericórdia, que nos faz expiá‐los.
3. “PRECEITO” – Antes de tudo e, sobretudo, é preciso nos conformarmos com a vontade de Deus determinada: “porque o céu e a terra passarão antes que falte uma vírgula ou um til da Lei, até que tudo se cumpra (Mt 5, 18). Seria lamentável extravio e equívoco procurar agradar a Deus com práticas de super‐rogação inventadas e escolhidas por nós, e descuidando dos preceitos que Ele mesmo nos impôs diretamente ou por meio de seus representantes. Mandamentos de Deus e da Igreja, preceitos dos superiores, deveres do próprio estado: eis aí o primeiro que temos que cumprir até nas mínimas coisas, se queremos nos conformarmos plenamente com a vontade de Deus manifestada. Nossas obrigações diante desses preceitos são três: a) conhecê‐los: “não sejais insensatos, mas entendidos de qual é a vontade do Senhor” (Ef 5,17); b) amá‐los: “por isso eu amo teus mandamentos mais que o ouro puríssimo” (Sl 118, 127) e c) cumpri‐los: “porque nem todo o que diz: Senhor! Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
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segundo tua palavra” (Lc 1, 38) e a de todos os santos: “olha e age conforme o exemplo”(Ex. 25,40).
4. Modo de praticá‐la – Em suas linhas fundamentais já o indicamos mais acima. É preciso conformar‐se, antes de tudo, com a vontade de Deus significada, aceitando com submissão obediente e esforçando‐se em praticar com entranhas de amor tudo o que Deus manifestou que quer de nós, através dos preceitos de Deus e da Igreja; se somos religiosas, dos conselhos evangélicos, dos votos e das regras; das inspirações da graça em cada momento. E havemos de nos abandonarmos inteiramente, com filial confiança, aos ocultos desígnios de sua vontade de beneplácito, que, de momento, nos são completamente desconhecidos; nosso futuro, nossa saúde, nossa paz ou inquietudes, nossos consolos ou aridezes, nossa vida curta ou longa. Tudo está nas mãos da Providência amorosa de nosso bom Deus, que é, ao mesmo tempo, nosso Pai amantíssimo: que faça o que queira de nós no tempo e na eternidade.
Isto é o fundamental em suas linhas gerais. Mas com maior razão, vamos concretizar um pouco mais a maneira de praticar esta santa conformidade e abandono nas principais circunstâncias que se podem apresentar em nossa vida.
A) Com relação à vontade significada – São Tomás (1, 19, 12) diz que a vontade de Deus nos é manifestada de cinco maneiras:
1. Fazendo algo diretamente e por si mesmo: Operação.
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2. Indiretamente, ou seja, não impedindo que outros o façam: Permissão.
3. Impondo sua vontade por um preceito próprio ou de outros: Preceito.
4. Proibindo o contrário, da mesma forma: Proibição.
5. Persuadindo a realização ou omissão de algo: Conselho. O doutor Angélico adverte (ibid.) que a operação
e a permissão se referem ao presente; a operação ao bem, e a permissão ao mal. Os outros três modos se referem ao futuro, na seguinte forma: o preceito, ao bem futuro necessário; a proibição, ao mal futuro, que é obrigatório evitar; e o conselho à superabundância do bem futuro. Não cabe estabelecer uma divisão mais perfeita e acabada.
Examinemos agora brevemente os principais modos de nos conformarmos com cada uma dessas manifestações da vontade de Deus significada:
1. “OPERAÇÃO” ‐ Deus sempre quer positivamente o que faz por si mesmo, porque sempre se refere ao bem e sempre está ordenado a sua maior glória. A este capítulo pertencem todos os acontecimentos individuais, familiares e sociais, que foram dispostos pelo próprio Deus e não dependem da vontade dos homens. Algumas vezes, esses acontecimentos são doces e nos enchem de alegria; outras, são amargos e podem prostrar‐nos na maior tristeza, se não vemos neles a mão amorosíssima de Deus que dispôs aquilo para sua glória e nosso maior bem. Uma enfermidade providencial pode lançar, nos
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braços de Deus, uma alma extraviada. Tudo o que o Senhor dispõe é bom e ótimo para nós, ainda que, no momento, possa causar‐nos grande tristeza ou dor. Diante desses acontecimentos prósperos ou adversos, individuais ou familiares, que nos vêm diretamente da mão de Deus, sem intervenção alguma dos homens (por exemplo: acidentes imprevistos, enfermidades incuráveis, morte de familiares ou amigos etc.), só cabe uma atitude cristã: fiat voluntas tua (faça‐se a tua vontade). Se o amor de Deus nos faz ultrapassar a simples resignação – que é virtude muito imperfeita – e lançamos, ainda que seja através de nossas lágrimas, um olhar ao céu, cheio de reconhecimento e gratidão (Te Deum... Magnificat...), por nos haver visitado com a dor, haveremos chegado à perfeição na via do abandono e de perfeita conformidade com a vontade de Deus.
2. “PERMISSÃO” ‐ Deus nunca quer positivamente o que permite, porque se refere a um mal e Deus não pode querer o mal. Mas sua infinita bondade e sabedoria sabe converter em um bem maior o mesmo mal que permite e, por isto, precisamente o permite. O mal maior e a mais grave desordem que já se cometeu foi a crucificação de Jesus Cristo e Deus soube ordená‐la ao maior bem que a humanidade pecadora já recebeu: sua própria redenção.
Que olhar tão curto e que funesta miopia a nossa quando, nos males que Deus permite que venham sobre nós, nos detemos nas segundas causas ou imediatas que os produziram e não levantamos os olhos ao céu para adorar os desígnios de Deus, que as permite para nosso