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Célia Regina Diniz Iolanda Barbosa da Silva Metodologia Científica DISCIPLINA A pesquisa e a iniciação científica na universidade Autoras aula 11 Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:_______________________________________ VERSÃO DO PROFESSOR

Autoras - PROEAD · perguntas que me fizeram sorrir/chorar. Primeira pergunta: ‘qual a teoria que o senhor usa para escrever suas histórias?’ Segunda pergunta:

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Célia Regina Diniz

Iolanda Barbosa da Silva

Metodologia CientíficaD I S C I P L I N A

A pesquisa e a iniciação científica na universidade

Autoras

aula

11Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___

Nome:_______________________________________

VERSÃO DO PROFESSOR

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Aula 11  Metodologia CientíficaCopyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresBruno de Souza Melo (UFRN)

Ivana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)

Mariana Araújo (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

D585 Diniz, Célia Regina.

Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

ISBN: 978-85-87108-98-2

1. Metodologia científica I. Título.

21. ed. CDD 001.4

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

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Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresBruno de Souza Melo (UFRN)

Ivana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)

Mariana Araújo (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

D585 Diniz, Célia Regina.

Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

ISBN: 978-85-87108-98-2

1. Metodologia científica I. Título.

21. ed. CDD 001.4

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

Apresentação

Nas aulas anteriores, estudou-se a Metodologia do Estudo que foi abordada na perspectiva de seus procedimentos, orientações e normalizações na organização e sistematização de seus estudos na universidade. A partir desta aula, vai-se estudar o

terceiro momento da metodologia científica com o modo de pesquisar, produzir e sistematizar o saber científico. Esse modo se refere à Metodologia da Pesquisa com o planejamento e aplicação de métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa na coleta e sistematização de resultados nos trabalhos acadêmico-científicos. Nesse caso, buscar-se-á como se produz ciência com o uso do Método Científico e dos procedimentos e normalizações da Metodologia do Estudo e dos métodos, técnicas e instrumentos de coletas de dados da Metodologia da Pesquisa, estudados ao longo desta disciplina.

O material desta aula virá acompanhado de orientações e atividades que buscam levá-lo ao exercício da iniciação científica com a aplicação dos procedimentos metodológicos de pesquisa. Desse modo:

n elabore as atividades de pesquisa, sugeridas no material;

n busque ampliar seus conhecimentos, consultando as leituras que virão indicadas;

n realize sua auto-avaliação da aula no espaço indicado.

Neste momento, você está convidado a fazer um exercício de iniciação científica, percorrendo um caminho metodológico de planejamento e execução de pesquisas científicas.

Objetivos Pretende-se, ao final desta aula, que você tenha compreendido que:

a iniciação científica é um caminho na formação do aluno pesquisador;

o cotidiano da sala de aula torna-se uma fonte de pesquisa científica; e

não há como realizar uma pesquisa científica sem o uso de métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa.

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Atividade 1

Um convite à pesquisa...

Pense nisto!!!

A organização da vida de estudo e de pesquisa na Universidade requer métodos e técnicas de leitura, organização e documentação dos estudos. O aluno, ao observar sistematicamente as atividades sugeridas nas disciplinas, percebe que a produção do material é resultado de pesquisas e de uma relação dialógica entre o autor da aula disponibilizada na disciplina e o aluno, e isto ocorre por meio da interação, na elaboração das atividades e das leituras complementares sugeridas. Diante disso, o estudo torna-se uma pesquisa e, desse modo, o aluno é iniciado na pesquisa científica.

Considerando sua experiência de aluno de graduação e de professor, neste momento você é convidado a escolher um tema-aula estudado em uma das disciplinas cursadas em um dos semestre do curso de Geografia a distância. Observe e comente as questões a seguir:

a) Qual era o tema trabalhado na aula?

b) A escolha desse tema se justifica nesta disciplina? Por quê?

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c) Os objetivos definidos pelos autores foram alcançados? De que forma?

d) Como os autores organizaram a distribuição dos conteúdos?

e) Quais foram as estratégias de aprendizagem criadas para você estudar e aplicar o conteúdo da aula?

f) Você registrou o conhecimento adquirido na aula em sua auto-avaliação? Por quê?

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Reflita!!!

A pesquisa científica orienta-se por um conjunto de procedimentos e etapas que organizam um conhecimento sobre os fenômenos. O aluno encontra na Universidade o espaço para a sua iniciação científica que resultará em pesquisas científicas. É na Universidade que a prática de pesquisa constitui-se em um ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento no processo de formação do estudante, contribuindo para o desenvolvimento de um aluno-pesquisador crítico, reflexivo e participativo diante dos fenômenos sociais, históricos, culturais, econômicos, educativos. Enfim, fenômenos de todas as áreas do conhecimento humano.

A atividade de pesquisa faz parte do cotidiano de todos os indivíduos em sociedade não apenas dos pesquisadores em laboratórios ou ambientes exclusivos. No dia-a-dia, os indivíduos pesquisam e comparam preços, verificam a qualidade e durabilidade dos produtos e fazem escolhas de modo que economizam tempo e dinheiro, sem usarem necessariamente conceitos e categorias econômicas para se orientarem nessa pesquisa. Já o educador ,quando procura alternativas para trabalhar os seus conteúdos em sala de aula, busca encontrá-las, por meio de conversas com outros colegas educadores, em livros de metodologia de ensino, no acesso à internet e a outras fontes como jornais e programas educativos.

Nesse processo de pesquisa, o educador se utiliza de orientações teóricas, procedimentos metodológicos e de seu conhecimento empírico, cotidiano. A diferença entre a pesquisa feita pelo indivíduo que busca comprar um produto orientando-se pelo preço e pela qualidade e o educador que quer encontrar alternativas para o desenvolvimento do seu conteúdo, preocupado com a aprendizagem do aluno, está no caminho que cada um escolhe para fazer a sua pesquisa.

A pesquisa científica é uma atividade desenvolvida por pesquisadores que se dispõem a utilizar os métodos e as técnicas adequados para obtenção de informações relevantes ao conhecimento, compreensão e explicação de um dado fenômeno investigado. Retomando o exemplo do educador que está preocupado com a aprendizagem de seus alunos, ele irá preocupar-se com os métodos e as técnicas que deverão ser adotados, para isto, ele irá problematizar a sua prática pedagógica em sala de aula.

Métodos, técnicas e instrumentos são procedimentos adotados pelo pesquisador ao buscar fazer ciência, pois toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja teórica ou prática, requer procedimentos. O método significa o caminho para se chegar a um fim e a técnica é o meio de fazer, de forma mais segura e adequada, determinadas atividades que se encaminham para um fim específico. Já os instrumentos são os recursos utilizados para coleta de dados junto as fontes de pesquisa.

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Diante disso, se compreende que os métodos e as técnicas são indispensáveis numa investigação científica, pois contribuirá para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a construção, reformulação e transformação de teorias científicas, conforme Barros; Lehfeld (2000).

Convidando Rubem Alves (2000, p.107-8) para discussão sobre a pesquisa científica, encontra-se nesta citação direta elementos importantes para a discussão. Veja-se:

[...] Os sacerdotes da ciência me responderam: ’Peguei-te! Porque um dos dogmas centrais da ciência é que não estamos nunca de posse da verdade final. As conclusões da ciência são sempre provisórias. A ciência não tem dogmas!’ Certo, certíssimo! A ciência não tem dogmas a seus resultados. Pelo menos oficialmente, em sua declaração de intenções. Mas essa pretensão é constatada por Thomas Kuhn, autor de A estrutura das revoluções científicas. Ele afirma, baseando-se em dados históricos, que a ciência tem dogmas sim. E seus dogmas são mantidos pelos cientistas que se agarram a suas teorias e jamais admitem que a verdade possa ser diferente. Diz Kuhn que, freqüentemente, é só com a morte desses papas que os dogmas caem de seu pedestal. Mas, deixando isso de lado, há um dogma sobre o qual todos estão de acordo: o dogma do método. O que é o dogma do método? Já expliquei: o método é a rede que os cientistas usam para pegar peixe. O dogma aparece quando se diz que ‘real é somente aquilo que se pega com as redes metodológicas da ciência’. Foi isso que fizeram com o meu augusto amigo: ele foi mostrar a seus amigos os pássaros que havia encantado tocando flauta, e todos disseram: ‘Não foi pego com as redes metodológicas da ciência! Não é real! Não merece respeito!’. A loucura chega ao ridículo. Recebi uma carta de uma jovem que estava fazendo uma tese científica sobre minhas histórias infantis. A pobrezinha me escreveu pedindo que eu respondesse um questionário. Ela, certamente nas mãos de um orientador científico, possuído pelo dogma do método, me fazia duas perguntas que me fizeram sorrir/chorar. Primeira pergunta: ‘qual a teoria que o senhor usa para escrever suas histórias?’ Segunda pergunta: ‘qual é o método que o senhor usa para escrever suas histórias?’ Aí eu tive de contar para ela que muitas coisas nesse universo, muitas mesmo, nos chegam sem que as pesquemos com as redes da ciência. Picasso dizia: ’eu não procuro. Eu encontro’. As histórias são assim. A gente vai vagabundando, fazendo nada, como uma coceira no pensador, e de repente a história chega_ nas palavras de Guimarães Rosa_ como a bola chega às mãos do goleiro: prontinha. Sem teoria. Sem método. É só ir para casa e escrever. Uma coisa é certa: a história não me chega quando estou trabalhando, quando estou procurando. E é assim que acontece com a poesia, a música, a literatura, a pintura e inclusive a ciência. As boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para se ter idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o método que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o oposto da inteligência. O tipo está lançando suas redes, as redes voltam sempre vazias, e ele não se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro. A obsessão com o método entope o caminho das boas idéias.

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Atividade 2su

a re

spos

taRegistre a sua interpretação do fragmento abaixo, destacado com o grifo nosso, da citação

direta de Rubem Alves (op.cit, p.108), estabelecendo uma relação com a sua prática de educador.

[...] As boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para se ter idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o método que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o oposto da inteligência. O tipo (o raciocínio) está lançando suas redes, as redes voltam sempre vazias, e ele não se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro. A obsessão com o método entope o caminho das boas idéias. (grifo nosso)

Ao estabelecer uma correlação observe:

a) As idéias boas que você já teve e que aplicou em sala de aula;

b) A sua percepção das necessidades dos alunos na aprendizagem dos conteúdos;

c) As sugestões dos alunos que redimensionam sua prática;

d) As experiências compartilhadas pelos alunos na aprendizagem de trabalhos de campo;

e) Outras situações que produziam boas idéias.

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Como tornar-se um aluno-pesquisador?

Pense nisto!!!

A iniciação científica é uma experiência que oportuniza ao aluno a vivência da pesquisa. Essa experiência tanto auxilia na formação profissional quanto no desenvolvimento sociopolítico do estudante, conduzindo-o a uma leitura crítica e analítica do seu cotidiano. Diante disso, busca-se criar oportunidades para que a iniciação aconteça tanto nas esferas institucionais por meio dos programas de iniciação científica, nas universidades, quanto na sala de aula através de orientações metodológicas de pesquisa sobre temáticas que estão sendo desenvolvidas nas disciplinas.

Perceba que a iniciação científica é um caminho na formação dos pesquisadores; diante disso, o ato educativo na universidade requer um embasamento metodológico de pesquisa tanto do educador como do aluno. Como afirma Pedro Demo em Educar pela pesquisa (1996), é necessário ter-se uma nova noção de aluno na universidade, isto é, não mais como sendo alguém desprovido de saberes e ignorante diante do mundo que o cerca, buscando apenas conhecimentos e ensinamentos para fazer avaliações e passar de ano, mas um sujeito que quer aprender a pensar e a pesquisar para construir seu raciocínio crítico e dialógico, percebendo-se como sujeito histórico, ativo e participante intelectual e ideologicamente na sociedade a qual pertence.

A investigação científica se transforma na principal expressão da identidade universitária, quando os esforços e os estímulos pedagógicos fundam-se no tripé ensino-pesquisa-aprendizagem, propiciando o desencadeamento de processos de conhecimento da realidade social. Nesse momento, a relação professor e aluno é mediada pela prática de pesquisa enquanto possibilidade pedagógica do aprender a aprender.

Para os iniciantes em pesquisa científica, o mais importante deve ser a preocupação na aplicação dos métodos e das técnicas de pesquisa, do que propriamente os resultados alcançados no processo de pesquisa. Os resultados tornam-se irrelevantes se não houve um cuidado com os procedimentos metodológicos de pesquisa. O estudante fundamentando-se em observações sistemáticas, análises e deduções interpretativas por meio de uma reflexão crítica vai formando um raciocínio metódico e analítico que contribuirá com o seu espírito científico.

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Segundo Barros; Lehfeld (2000, p. 68) a “[...] pesquisa científica consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados, no registro de variáveis presumivelmente relevantes para análises posteriores.” Já para Rudio (2004, p. 16-7) a pesquisa consiste numa “obra de criatividade, que nasce da intuição do pesquisador e recebe a marca de originalidade, tanto no modo de apreendê-la como no de comunicá-la.”

Veja-se o trecho da obra Estória de quem gosta de ensinar (ALVES, 1994, p. 38-9) :

Gosto de ver figuras. Fazem bem à imaginação. Levam-me por mundos já perdidos, passados, estranhos [...] E a fantasia, encantada pelo mistério dos rostos, dos gestos, dos cenários, põe-se a voar. Fiquei muito tempo olhando uma gravura do Século XV. Ainda está aqui, aberta à minha frente, em vermelho, verde, preto, amarelo e branco. Aula de anatomia. Sobre uma mesa de madeira, o cadáver. Um barbeiro, especialista da navalha, faz os cortes necessários. O corpo se abre sobre o seu instrumento. Os alunos, a se julgar pelos olhos, não estão entusiasmados. Alguns olham beatificamente para cima. Talvez estejam vendo algum anjo esvoaçante. Outros, olhar perdido, longe do cadáver, que deve cheirar mal. No centro, elevado em púlpito e distante da coisa, o catedrático, dizendo os conhecimentos anatômicos da época. Repetia a Ciência de Galeno, médico grego, do II Século, papa da Medicina por cerca de 1.400 anos. O fascinante é pensar que, naqueles tempos, quando as evidências da navalha do barbeiro colidiam com as teorias de Galeno, quem perdia era o barbeiro. Galeno ganhava sempre. É que não se acreditava que as coisas, no seu mutismo, pudessem ser mais sábias que os homens. O conhecimento se encontrava em livros, e nunca na natureza [...] Agora se explica por que é que era o barbeiro, e não o professor, que cortava o corpo: afinal de contas, aquele trabalho não faria diferença alguma, fosse qual fosse o desenrolar das dissecações. E se explica também o olhar perdido dos alunos. Por que olhar para um morto malcheiroso, se a verdade já estava dita num livro? Era muito mais importante a lição do mestre do que a lição das coisas [...] Imaginem agora uma outra tela mais louca do que esta, em que o cadáver se põe a falar, e não apenas o morto como também todas as coisas até então silenciosas, estrelas, pedras, ar, água [...] E os alunos, talvez possuídos de loucura, subvertem a ordem do saber, esquecem-se das lições de antigamente, obrigam os mestres a se calarem, e se põem a ouvir vozes que ninguém ouve, só eles, as vozes das coisas [...] Esta, eu imagino, seria uma tela digna da imaginação fantástica de Bosch, ou quem sabe, do surrealismo de Salvador Dali. Mas não é nada disso. Porque seria assim que teríamos de nos representar aquilo que aconteceu quando Galileu fez a sua revolução, inaugurando a Ciência Moderna, e declarando que era necessário mudar de livro-texto. Aprender a ler a escrita enigmática da natureza. Pensávamos que fosse muda, quem sabe burra [...] Mas nós é que éramos analfabetos. Não entendíamos a sua escrita. E nasceu então o fascínio de ser cientista: decifrador de enigmas. A natureza diz as suas coisas em linguagem que o comum das pessoas não entende, e o cientista trata de traduzir a língua estrangeira em língua conhecida. Intérprete. Tradutor. De si mesmo, nada tem a dizer _ como convém àquele que traduz e interpreta com honestidade. Sente-se feliz por só dizer o segredo que o objeto lhe contou. E até inventaram um nome com que batizaram esta devoção ética e epistemológica do cientista: objetividade. O sujeito se cala para que sua voz nada mais seja do que a voz da natureza. Como se ele, cientista, se esvaziasse de tudo e jurasse que nada que sai de sua boca é invenção dos seus desejos ou produto da sua imaginação. Também para isto inventaram um nome à conduta esperada para o pesquisador, neutralidade [...] Há situações em que a neutralidade é uma virtude. E foi assim que disseram também que a Ciência tinha de ser neutra: vale somente aquilo que a natureza disse, sem se levar em conta o interesse de ninguém. (grifo nosso)

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Atividade 3

Verificar o exemplo de procedimento para a inserção de nota de

rodapé, de acordo com as normas da ABNT.

Nesse trecho Rubem Alves exercita o espírito científico por meio da crítica a objetividade e neutralidade exigidas com critérios de conduta para o pesquisador na elaboração do saber científico. Diante do exposto verifica-se a originalidade e criatividade do autor na comunicação de sua interpretação sobre a pesquisa e a conduta científica do pesquisador.

O gênero textual, Literatura de Cordel, torna-se uma fonte de pesquisa sobre questões contemporâneas a região Nordeste. No caso, vai-se buscar nos fragmentos dos versos de Manoel Monteiro (2003, p. 01-15) sobre O Milagre do Algodão Colorido1 os resultados de uma pesquisa genética realizada com o algodão pela Embrapa de Campina Grande, PB. Leia os fragmentos e registre sua interpretação, relacionando-a à discussão do tema: Como tornar-se um aluno-pesquisador?

1 O algodão colorido desenvolvido por pesquisadores da Embrapa já subsidia a produção de vários artigos do vestuário, decoração e utensílios domésticos, atendendo tanto o mercado interno quanto o mercado externo.

O algodão brasileiroDo Litoral ao Sertão,Na Paraíba, inclusive,Vive uma transformaçãoIluminando o presente,Eis que chega finalmenteA GRANDE REVOLUÇÃO.

Mas desta revoluçãoNão sai guerreiro ferido,Parque fabril devastado,Monumento destruído,Nela, um ‘um mago sem condão’Transmuta o BRANCO ALGODÃOEm CAPULHO COLORIDO.

[...]

Verde, marrom e mais outrasTonalidades e coresNascem, como por encanto,Das mãos dos pesquisadores,Essa dança coloridaEnche de esperança e vidaOs nossos agricultores.

[...]

Das garras desse monstrengoDificilmente se escapa Mas desta vez o NordesteSaiu no ‘braço e no tapa’Em defesa do algodão Foi buscar munição Nos arsenais da EMBRAPA

Muita gente que estava Sem outras perspectivasDesiludidas de tudoCompletamente inativasCom o algodão se repondoEstão felizes compondoNovas fontes produtivas.

O agricultor do Sertão,Brejo, Cariri, Agreste,Está muito satisfeitoCom o resultado do testeDo ALGODÃO COLORIDOQue prenuncia floridoÀureos tempos pra o Nordeste.

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Depois de uma pesquisa Exaustiva e persistenteA EMBRAPA de Campina Conseguiu uma sementeDa qual a pluma extraídaLonga, forte e coloridaDá um tecido excelente.

Ao fim de teste e mais teste,De muitos ExperimentosEm busca de descobrir-se A genes dos elementosSurgiu com muita vantagem Uma excelente linhagemDesses retrocruzamentos.

Assim três belas nuancesDum VERDE muito bonitoNasceram dessas pesquisasE, convencido acreditoQue muitas outras virãoPara alegrar o SertãoOutrora triste e aflito.

Nasceu a BRSVerde água, uma excelênciaNo preço em dólar, que é mais;Também por sua aparência,Comprovado RENDIMENTO,Fibra de bom COMPRIMENTO,Brevidade e RESISTÊNCIA.

Isso se deve aos técnicosDaqui e do CearáE de Uberlândia, em Minas,Pois tanto aqui quanto láTodos estão trabalhandoNova aurora abreviandoPara a manhã que virá.

[...]

Manter o homem no campo,Dar emprego na cidade, Preservar a naturezaÉ uma necessidade,Algodão de cor faz issoPorque tem um compromissoCom nossa prosperidade.

Reflita!!!

A pesquisa enquanto um exercício de criatividade do pesquisador cria oportunidades de investigação fora dos espaços clássicos de produção do saber científico. A literatura de cordel é uma narrativa poética e um exercício de pesquisa e crítica social na qual o cordelista expressa sua interpretação do mundo. Ela cria uma nova possibilidade de apreensão do real “ fora das redes da ciência”, parafraseando Rubem Alves.

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O semi-árido como um campo de pesquisa

Pense nisto!!!

A investigação científica nos permite extranhar o familiar, questionando as verdades que aparecem de forma naturalizada nos discursos políticos e nas políticas públicas sobre o semi-árido. Os problemas sociais advindos da convivência com o semi-árido, particulares à nossa região, são tratados como fenômenos naturais, por isso as Ciências Sociais se debruçam sobre esses discursos procurando compreendê-los e explicá-los.

A iniciação científica cria a oportunidade para o aluno tornar-se um pesquisador, acompanhado de um professor-orientador. Veja-se os fragmentos do relatório de uma pesquisa sobre o semi-árido paraibano apresentado em agosto de 2007 ao Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual da Paraíba, sob a orientação da professora-pesquisadora, socióloga, Nerize Laurentino Ramos com a aluna-pesquisadora, do curso de Serviço Social, Jaqueline de Araújo Oliveira:

A região do semi-árido brasileiro compreende quase toda a região Nordeste e parte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Caracterizada pelo clima seco, escassez de água e longos períodos de estiagem. Esta situação climática, agravada periodicamente nos períodos de seca, desnuda problemas sociais que se repetem ano após ano. A história e a mídia apresentam a cada período de seca uma população pobre, que passa fome e sede, que migra para as regiões Sul e Sudeste do país em busca de sobrevivência numa outra realidade, abandonando a sua terra natal, a sua história. As políticas governamentais para a região são viabilizadas, a partir dos anos 30, através de vários órgãos oficiais ligados à assistência social, planejando ações para evitar as migrações dos “flagelados”; ações que se caracterizavam pelo paternalismo, assistencialismo e a focalização das ações, que além de não resolveram a problemática fomentavam a dependência. A ineficácia destas políticas é provada pela repetição dos fatos no transcurso dos anos. Os programas emergenciais de intervenção estatal constituíram-se como instrumento de reprodução destas condições de fragilidades, recriando a dominação e a miséria no Nordeste. (DINIZ, 2002). As políticas de ‘combate às secas’ que promoviam a construção de grandes obras (açudagem), se mostraram favoráveis à concentração hídrica e, não resolvendo o problema da seca, fomentou a dependência. No dizer de Paulo Diniz: ’o problema do Nordeste semi-árido não é a situação de seca em si, mas uma realidade de dominação política, autoritarismo, concentração da terra e da água’. (2002, p. 40). A conjuntura política dos anos 90, promovida pela Constituição Cidadã de 1988, favoreceu a mobilização dos trabalhadores que, exigindo

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Verificar o exemplo de procedimento para a inserção de nota de

rodapé, de acordo com as normas da ABNT.

providências para mudar o quadro até então submetidos, ocuparam a sede da SUDENE, no Recife – PE, em 1993. Deste movimento surge o Fórum Nordeste que tinha objetivo: elaborar um programa de ações permanentes que promovessem o desenvolvimento sustentável da região, considerando os beneficiados como cidadãos. (DINIZ, op.cit). Na Paraíba, na perspectiva de dar prosseguimento às discussões, iniciadas no Fórum Nordeste, foi promovido um Seminário sobre o Semi-Árido Paraibano, que possibilitou o debate entre diversas organizações, resultando no documento que tinha como tema mobilizador a realidade do semi-árido brasileiro e a intervenção governamental de caráter permanente. ‘Assim surge a Articulação do Semi-Árido Paraibano, na qual pessoas e organizações diversas se integram para pensar o desenvolvimento no estado’. (idem, 2002, p. 54). O Fórum ASA Paraíba se consolida como espaço político e mobilizador dos agricultores e agricultoras familiares e suas organizações e, para materializar suas propostas, promove discussões com atores sociais diversos, a fim de elaborar um projeto sustentável de desenvolvimento para o semi-árido. Refletir, planejar, propor ações articuladas de convivência com o semi-árido, passou a ser o grande referencial de articulação. [...] Este trabalho de pesquisa, compreende como delimitação de campo teórico de investigação, o Fórum ASA Paraíba como formulador de políticas públicas e o P1MC2 como uma das suas expressões – materialização da sua ação nos cinco municípios que compõem a microrregião do agreste paraibano que participam do Programa: Campina Grande, Puxinanã, Aroeiras, Gado Bravo e Mogeiro. Através da participação nos eventos promovidos pela ASA (reuniões municipais, microrregionais, estaduais, feiras), bem como nas atividades promovidas diretamente pelo P1MC (Capacitação em Gerenciamento de Recursos Hídricos Cidadania e Convivência com o Semi-Árido – GRH) acompanhamos, através da observação participante, as atividades desenvolvidas junto aos agricultores e agricultoras da região específica da pesquisa: Agreste da Borborema. [...] O caminho metodológico – método, técnica e instrumento de análise – segue os pressupostos da análise do discurso. Consiste em pensar as experiências, dos agricultores e agricultoras do semi-árido paraibano, suas organizações e mediações, como processos discursivos, como: “lugar de significação, de confronto de sentidos de estabelecimento de identidades, de argumentação” (ORLANDI, 1990, p. 18). A pesquisa foi realizada junto às organizações da ASA Paraíba que estão apresentando propostas na área de recursos hídricos, reflexionando sobre a viabilidade e sustentabilidade das suas proposições e, mas especificamente, nos municípios da microrregião do Agreste (Campina Grande, Puxinanã, Aroeiras, Gado Bravo e Mogeiro) delimitação do campo desta pesquisa, que participam do P1MC e das dinâmicas da ASA. Trata-se de abordar as falas-práticas, dinâmicas-experiências como configurações históricas específicas, geradoras de redes, cadeias político-discursivas. Como um determinado discurso, pronunciado em um contexto delimitado, adquire legitimidade. Parte-se do pressuposto de que ‘[...] todo falante, todo ouvinte ocupa um lugar na sociedade, e isso faz parte da significação’ (ORLANDI, 1988, p. 18). Quais são os lugares de maior visibilidade? Que processos são desencadeados? Que atores são definidores do processo? Com a observação direta – observação participante – trabalha-se as informações através das regularidades discursivas: nas recorrências, nos enunciados previsíveis e imprevisíveis, nos ditos-desditos-interditos, no silêncio-não fala, como elementos discursivos, como material de significação. Busca-se entender o movimento dos atores e/ou redes sociais, as regras que movimentam e motivam cada

2 Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais – P1MC

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ator social através das ações e/ou espaços de gestão do programa: visitas, reuniões temáticas, encontros e mobilizações estaduais, microrregionais e regionais. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com agricultores e agricultoras, participantes do programa e representantes das organizações de assessoria, coordenação e mediação dos processos. Outro aspecto da abordagem metodológica diz respeito à literatura existente sobre o tema. Trata-se de inserir cada documento na historicidade que o caracteriza, tomá-los como discursos impregnados de sentidos, como ‘determinação histórica dos processos de significação’ (PÊCHEUX apud ORLANDI, 1991, p. 18). Nessa perspectiva foram analisados documentos, relatórios, dissertações, artigos, produzidos sobre o tema e seus desdobramentos - analítico-propositivo: políticas públicas, agricultura familiar, redes sociais, gestão participativa, semi-árido, recursos hídricos, entre outros.[...] A Articulação do Semi-Árido Paraibano, através do P1MC, desenvolve metodologias participativas na promoção do desenvolvimento sustentável partindo da valorização da agricultura familiar, das experiências desenvolvidas nas comunidades rurais e da parceria com o Governo Federal. Neste propósito o P1MC vem favorecendo a ampliação, expansão e divulgação das experiências e ações de convivência com o semi-árido para mais comunidades e municípios. Nos municípios da microrregião do Agreste surgem novas organizações, como os FRS, porém com suas dificuldades, mas se verifica em todos os municípios pesquisados como uma organização que surge vinculada à construção de cisternas do P1MC. As experiências bem sucedidas de agroecologia são divulgadas, como o semeio abafado muito praticado no município de Mogeiro, que a partir dos eventos promovidos pela ASA e o P1MC foi apresentado (panfletos e reuniões itinerantes do FOLIA ) e divulgado como forma de convivência com o semi-árido. A água para as famílias da região significa mais do que matar a sede, significa alívio para o sofrimento da busca pela água a longas distancias, do cansaço, da falta de expectativa de vida, do distanciamento da terra natal e dos familiares. As famílias dividem a vida no antes e depois da cisterna, ou seja, no antes e depois da garantia de captar e armazenar água de chuva para beber e cozinhar. As formas de captação e armazenamento de água, existentes nos municípios, não atendiam as necessidades de água para o consumo humano, pelo contrário, excluíam os pequenos proprietários do direito a água potável, fomentavam a dependência política, e colocavam em risco a saúde dos que utilizavam água contaminada. O P1MC não está sendo apenas um programa de construção de cisternas, mas convoca os beneficiados a serem atores no processo de construção de uma nova perspectiva social, política e ambiental para o semi-árido.Os agricultores aprendem com experiências de outros agricultores, não vem um pacote imposto de cima para baixo, como ocorreu nas políticas de modernização da agricultura. A cisterna tem se constituído como instrumento que viabiliza na microrregião do agreste a mobilização para convivência com o semi-árido, pois é construída como uma estrutura básica, mas não a única, é neste processo de mobilização que ocorre a divulgação de outras experiências e que se identifica as necessidade de outras águas, como a água para produção. Promover a mobilização e a inclusão social não é tarefa fácil, principalmente quando esbarram em relações históricas de dependência, clientelismo e subalternidade, onde os beneficiados são considerados como meros receptores de ações governamentais, pelas quais “devem” guardar um sentimento de gratidão. É importante avançar na problematização destes processos sociais no campo – limites, possibilidades e desafios da convivência sustentável com o semi-árido. Com esta pesquisa, busca-se contribuir ao debate acadêmico, através do GEAPS – Grupo de Estudos, Assessoria e Pesquisa Social, que envolve os Departamentos de Filosofia e Ciências Sociais e Serviço Social, na perspectiva de gerar pesquisas interdisciplinares como aporte ao pensamento crítico da Universidade e a interlocução com a Sociedade Civil e o Estado

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Atividade 4Leia como atenção o fragmento do texto do relatório de pesquisa, destacando e

registrando nos espaços as respostas das questões que seguem:

a) O que foi investigado pelas pesquisadoras?

b) Por que elas se interessaram em investigar essa temática?

c) Qual foi o objetivo da pesquisa?

d) Quais foram os procedimentos metodológicos (como a pesquisa foi feita) adotados?

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e) Como foram selecionados os sujeitos (os indivíduos entrevistados) da pesquisa?

f) A que resultados a pesquisa chegou?

g) A partir dos resultados dessa pesquisa como você percebe o semi-árido?

Reflita!!!

A prática da pesquisa na Universidade contribui com a sua formação de professor-pesquisador na medida em que traz questões do seu cotidiano para reflexão e crítica, possibilitando a você uma nova postura diante dos seus alunos seja no ensino fundamental ou no ensino médio.

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Atividade 5Os seus alunos também possuem um saber sobre o semi-árido. Selecione,

aleatoriamente, 10 alunos, entre homens e mulheres, de uma de suas turmas, seja do ensino fundamental ou do ensino médio e peça-lhes que respondam, por escrito, a seguinte questão: o que você entende por semi-árido? Após coletar as respostas, liste-as no quadro 1, indicando ao lado de cada resposta a série, sexo e idade (variáveis de sua pesquisa); em seguida, procure elementos em comum nas respostas dos alunos e destaque-os no quadro 2. Esses elementos devem ser analisados e registrados no espaço indicado, buscando-se identificar se as percepções em comum estão focadas em um olhar naturalizado sobre o semi-árido ou em um olhar que o percebe como uma problemática social.

Quadro 1- Respostas dos alunos

Nº Compreensões sobre o Semi-árido Série Sexo Idade

Font

e: P

esqu

isa

de c

ampo

Você sabia !!!

Que o Rio Grande do Norte na Nova delimitação do Semi-árido Brasileiro, realizada pelo Ministério da Integração Nacional ficou com 147 municípios classificados na região do semi-árido e que a Paraíba ficou com 170 municípios classificados nessa região.

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Quadro 2 - Elementos em comum nas respostas

Fragmentos de respostas em comum dadas pelos alunos

Número de vezes que aparece o elemento em comum nas respostas

Percentual (%) em relação ao número de alunos

Total 10 100 %

Font

e: P

esqu

isa

de c

ampo

Analise dos elementos em comum, nas respostas dos alunos. Posicione-se criticamente, diante dessas percepções sobre o semi-árido.

Reflita!!!

Na elaboração desse exercício você definiu o que queria estudar e o que pretendia descobrir, quem seriam os sujeitos de sua pesquisa e como metodologicamente ela seria feita; além de, coletar e analisar os dados obtidos na pesquisa, fundamentando-se numa perspectiva crítica sobre o semi-árido. Parabéns!!! Você iniciou-se na pesquisa científica.

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Concluindo a aula!!!!!

Convida-se ao final desta aula, o aluno-pesquisador a tornar-se um professor-pesquisador em sua sala de aula, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, pois a educação precisa acontecer pela pesquisa. Conforme Demo (2004, p. 77) ‘‘[...] é totalmente

impróprio aceitar, como se faz entre nós, que a pesquisa começa com a pós-graduação, quando, na verdade, começa no pré-escolar, já que reconstruir conhecimento não é uma tarefa especial para curso especial, mas função da vida.” Nesse caso, o professor se torna em sala de aula um mediador do processo de reconstrução do(s) saber(es) e da(s) ciência(s).

Sugestões de LeituraOrienta-se como leituras complementares as discussões apresentadas nesta aula:

BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000.

Os autores apresentam no capítulo 6 – A Pesquisa Científica e a Iniciação Científica, uma discussão teórica sobre a Pesquisa Científica na Universidade abordando as questões éticas e a legitimidade do saber produzido institucionalmente; além da classificação dos tipos de pesquisa, dos métodos e do planejamento da pesquisa.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Preconceitos)

O autor contextualiza, na obra, uma discussão crítica sobre a construção de tipologias que geram conceitos e preconceitos sobre o espaço e o lugar na invenção do nordeste. Essa contribui para leitura dos lugares e não-lugares no discurso sobre o semi-árido nordestino.

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Resumo

sua

resp

osta

Nesta aula, foi trabalhada a pesquisa e a iniciação científica como uma prática de formação do aluno universitário. A pesquisa científica torna-se um modo de conhecer que se utiliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados no seu planejamento e execução. Ela é uma atividade desenvolvida por pesquisadores que buscam apreender o real por meio de um exercício reflexivo e crítico. A iniciação científica dá-se por meio de estímulos à problematização do cotidiano. O “extranhamento” do familiar é um dos exercícios fundamentais para a iniciação científica, particularmente dos fenômenos sociais que aparecem como fenômenos naturais, como ocorre com o semi-árido paraibano estudado nessa aula.

Auto-avaliaçãoComente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta aula sobre a pesquisa e a iniciação científica.

[...] O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as fases da pesquisa científica e à operacionalização de técnicas de investigação. À medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas científicas. Isto significa que a persistência é necessária e que o lema é aprender-fazendo. Não existem receitas mágicas para a realização de pesquisas [...]. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 68)

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ReferênciasALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Preconceitos)

ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

______. Estórias de quem gosta de ensinar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 1994.

BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional. Nova Delimitação do Semi-Árido Brasileiro. Brasília, DF: Assessoria de Comunicação Social da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional, 2005.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.

______. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis, Rj: Vozes, 2004.

MONTEIRO, M. O Milagre do Algodão Colorido. Campina Grande: Gráfica Martins, 2003. Literatura de Cordel.

OLIVEIRA, J. de A.; RAMOS, N. L. A ASA Paraíba e o P1MC: uma experiência de política pública para convivência com o semi-árido. Campina Grande: [s. n.], 2007. Relatório Final apresentado ao Programa Institucional de Iniciação Científica – PROINCI/UEPB.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

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EMENTA

Conhecimento e Saber; O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento; Principais Abordagens Metodológicas;

Contextualização da Ciência Contemporânea; Documentação Científica; Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos; Tipos

de Pesquisa; Aplicações Práticas.

AUTORAS

AULAS

01 O saber humano e sua diversidade

02 Ciência e Conhecimento

03 O caminho da ciência: o método científico

04 Os tipos de métodos e sua aplicação

05 O método dialético e suas possibilidades reflexivas

06 Leitura: análise e interpretação

07 Como organizar e documentar a leitura: esquemas, fichamentos, resumos e resenhas

08 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte I

09 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte II

10 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte III

11 A pesquisa e a iniciação científica na universidade

12 Redação do projeto de pesquisa

n Célia Regina Diniz

n Iolanda Barbosa da Silva

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Metodologia Científica – GEOGRAFIA

REVISÃO

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