14
Organização do terceiro setor ÉTICA CONTÁBIL: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] TIAGO RODRIGUES TORRES LEITE UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] ERICA XAVIER DE SOUZA Universidade Federal de Alagoas/Faculdade Boa Viagem [email protected] Resumo Os estudos no campo da ética contábil ganham mais força, a partir da preocupação com uma postura que garanta no labor padrões morais, trazendo assim reconhecimento e benefícios pessoais. O Papel do contabilista na sociedade moderna vem ganhado mais importância a cada dia, pois ele já não é visto como o responsável meramente por calcular impostos, escriturar livros, registras e controlar os fatos administrativos como era comum no pensamento dos indivíduos. Portanto é notória a necessidade da adoção de práticas para um comportamento mais ético, até mesmo para que o profissional contábil livre-se de paradigmas de escândalos de corrupção que o acompanha em sua história. Este trabalho teve como objetivo verificar a percepção dos alunos de Ciências Contábeis da UFAL a respeito do que seria um comportamento ético em sua vida profissional. A partir dos dados coletados através da aplicação de questionário e com o auxilio do Microsoft Excel na tabulação dos dados, o estudo pode concluir os fatores mais relevantes para a adoção de práticas éticas e antiéticas como também a visão dos entrevistados sobre o Código de Ética Profissional do Contabilista. . Abstract Studies in ethics accounting gain more strength from the concern with an approach that guarantees labor on moral standards, thus bringing recognition and personal benefits. The role of accounting in modern society has gained more importance every day, because he is no longer seen as merely responsible for calculating taxes, deed books, records and administrative control events as was common in the minds of individuals. Therefore it is apparent the need to adopt practices to a more ethical behavior, even for the professional accounting rid of paradigms of corruption scandals that came in its history. This study aimed to verify the students' perceptions of Accounting Sciences of UFAL about what would be an ethical behavior in their professional lives. From the data collected through the questionnaire and with the help of Microsoft Excel in data tabulation, the study can conclude the factors most relevant to the adoption of ethical and unethical but also the view of respondents on the Code of Professional Ethics the Accountant. Palavras – chave: Ética Contábil, Sociedade, Gestão.

AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

Organização do terceiro setor

ÉTICA CONTÁBIL: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] TIAGO RODRIGUES TORRES LEITE UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] ERICA XAVIER DE SOUZA Universidade Federal de Alagoas/Faculdade Boa Viagem [email protected]

Resumo

Os estudos no campo da ética contábil ganham mais força, a partir da preocupação com uma postura que garanta no labor padrões morais, trazendo assim reconhecimento e benefícios pessoais. O Papel do contabilista na sociedade moderna vem ganhado mais importância a cada dia, pois ele já não é visto como o responsável meramente por calcular impostos, escriturar livros, registras e controlar os fatos administrativos como era comum no pensamento dos indivíduos. Portanto é notória a necessidade da adoção de práticas para um comportamento mais ético, até mesmo para que o profissional contábil livre-se de paradigmas de escândalos de corrupção que o acompanha em sua história. Este trabalho teve como objetivo verificar a percepção dos alunos de Ciências Contábeis da UFAL a respeito do que seria um comportamento ético em sua vida profissional. A partir dos dados coletados através da aplicação de questionário e com o auxilio do Microsoft Excel na tabulação dos dados, o estudo pode concluir os fatores mais relevantes para a adoção de práticas éticas e antiéticas como também a visão dos entrevistados sobre o Código de Ética Profissional do Contabilista. .

Abstract

Studies in ethics accounting gain more strength from the concern with an approach that guarantees labor on moral standards, thus bringing recognition and personal benefits. The role of accounting in modern society has gained more importance every day, because he is no longer seen as merely responsible for calculating taxes, deed books, records and administrative control events as was common in the minds of individuals. Therefore it is apparent the need to adopt practices to a more ethical behavior, even for the professional accounting rid of paradigms of corruption scandals that came in its history. This study aimed to verify the students' perceptions of Accounting Sciences of UFAL about what would be an ethical behavior in their professional lives. From the data collected through the questionnaire and with the help of Microsoft Excel in data tabulation, the study can conclude the factors most relevant to the adoption of ethical and unethical but also the view of respondents on the Code of Professional Ethics the Accountant.

Palavras – chave: Ética Contábil, Sociedade, Gestão.

Page 2: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

1

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe-se a analisar e investigar a percepção dos alunos que cursam a

disciplina Seminário Integrador II no turno diurno do curso de Ciências Contábeis da

Universidade Federal de Alagoas - UFAL no que diz respeito ao seu conhecimento sobre

Ética geral e profissional Contábil.

Este estudo se justifica pelo fato deste tema ter se tornado alvo de inúmeras pesquisas

nos últimos anos principalmente devido ao fato de o contabilista ter se tornado alvo de várias

denúncias e críticas da sociedade como um todo, por estar envolvido em escândalos que

tomaram proporções gigantescas tanto no Brasil como em outros países.

A pesquisa será do tipo descritiva quanto aos objetivos, qualitativa e bibliográfica

quanto aos procedimentos utilizados. Perfazendo também um estudo de caso que visa

identificar fenômenos contemporâneos dentro de seu contexto da vida real, no caso estudantes

universitários e sua relação com a ética.

Tem-se como questão problema: qual a percepção dos alunos do curso de Ciências

Contábeis, da Universidade Federal de Alagoas, a respeito da ética inerente a sua futura

profissão?

O objetivo do presente trabalho é avaliar a como os alunos do curso de Ciências

Contábeis, da Universidade Federal de Alagoas, entendem alguns conceitos que estão

intimamente ligados a ética da profissão contábil.

2. REFERENCIAL Esta parte do trabalho se propõe a mostra o que a literatura expõe a respeito do tema,

com também as normatizações legais emitidas pelos órgãos reguladores da classe contábil.

2.1 ÉTICA Ética é um ramo da filosofia que está ligado com o que é moralmente bom ou mal,

certo ou errado. Referir-se a ética denota o estudo teórico dos padrões de julgamento morais,

inerentes as decisões de cunho moral. (FIPECAFI, 2006)

Segundo Sá (2005) Ética é compreendida como a ciência da conduta humana perante o

ser e seus semelhantes, pois trata das relações interpessoais o que envolve a aprovação ou

reprovação das atitudes ou ações dos homens perante os seus pares.

Sá (2005) coloca ainda a necessidade de que é preciso entender aspectos sob os quais a

ética tem sido aceita por aquelas que se dedicam ao estudo da questão. São eles:

Page 3: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

2

1° Como ciência que estuda a conduta dos seres humanos, analisando os meios que

devem ser empregados para que a referida conduta se reverta sempre em favor do

homem. Nesse aspecto o homem torna-se o centro da observação, em consonância

com o meio que lhe envolve.

Cuidada das formas ideais da ação humana e busca a essência do ser procurando

conexões entre o material e o espiritual.

2° Como ciência que busca os modelos da conduta conveniente, objetiva, dos seres

humanos.

A correlação, nesse aspecto, é objetiva, entre o homem e seu ambiente. Os modelos,

como valores, passam a guiar a estrutura normativa. (SÁ, 2005, p. 16)

Para Fortes (2005, p. 139) “o estudo da ética e do conjunto de hábitos, costumes,

atitudes e reações do ser humano diante do lugar e do meio social em que vive têm ligação

estreita com o que podemos chamar de bem, mal, moral e imoral”.

A partir do momento em que o ser humano passa a conviver em sociedade ele passa

a viver em grupos sociais, começando da família, e à medida que vai crescendo, vai surgindo

novas formas de agrupamentos nos quais vão se envolvendo, e passam a trocar

conhecimentos, hábitos e costumes, tornando assim possível seu crescimento moral dentro do

grupo. (FORTES, 2005) A convivência humana é o “fator gerador” do comportamento ético ou antiético,

sendo, portanto, os problemas das relações sociais entre as pessoas que geram as

questões éticas. Por conseguinte, ninguém pode esquecer da lição básica vinculada a

ética, ou seja o direito de uma pessoa terminar no ponto em que inicia o direito da

outra. (FORTES, 2005, p. 140)

Niyama (2006, p. 318-9) conceitua a ética com sendo uma ciência da “... moralidade e

do costume. É a idéia de não prejudicar a outrem. A moral é a validade da conduta ética. É o

conjunto de regras de procedimento tidas como aceitáveis, em sua totalidade, em qualquer

momento e lugar, para o individuo e para a sociedade”. A ética é a grande responsável pela vinculação das boas ações do ser humano.

Inspira as pessoas, da suporte, orienta e conduz as ações humanas, tanto na conduta

individual quanto na coletiva. A ética decorre da história e cultura das sociedades,

definindo o que é considerado bem ou mal. (FORTES, 2005, p. 152)

O comportamento humano é entendido como um conjunto de atitudes e reações do

individuo diante dos fatos e do meio social, este comportamento passa por mudanças, que se

da pela evolução a sociedade em conseqüência da passagem de coisas, pessoas,

acontecimentos que dependem do lugar, ambiente e circunstâncias. Em virtude dessa evolução, as normas de conduta, os princípios ou padrões sociais

aceitos e adotados pelos indivíduos, classes e sociedade também se alteram, ou seja,

Page 4: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

3

os valores morais mudam com o tempo e com o lugar. Determinando

comportamentos outrora considerados absolutamente impróprios e até mesmo

contrario a lei, hoje, já tem a reprovação social. (FORTES, 2005, p. 141)

No trabalho organizado por Niyama (2006, p. 319 apud Sá, 1994, p. 41), é apresentado

um conceito para a ética científica como sendo “a ciência que tem por objetivo essencial o

estudo dos sentimentos e juízos de aprovação e desaprovação absoluta realizados pelo homem

acerca da conduta e da vontade”.

Segundo Fortes (2005) a ética poderá dizer-lhe, em geral, o que é um comportamento

pautado por normas, ou em que consiste o fim – o bom – visado pelo comportamento moral,

do qual faz parte o procedimento do individuo ou o de todos.

2.3 ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTABILISTA Ética profissional é um conjunto de princípios que regem a conduta funcional e de

comportamento daqueles que compõem determinada profissão. Assim, a ética

profissional aplica ao exercício da contabilidade é a parte da moral que trata de

regras de conduta do contabilista. Entende-se, pois, que ética profissional é o

conjunto de regras de comportamento do contabilista no exercício de suas atividades

profissionais. (KRAEMER, 2010)

A ética profissional, ou simplesmente a moral profissional, também pode ser chamada

de deontologia e compreende o estudo dos conceitos do direito e do dever. (FIPECAFI, 2006)

No que diz respeito à profissão contábil, o código de ética objetiva habilitar o

contabilista a adotar uma atitude, de acordo com os princípios éticos conhecidos e aceitos pela

sociedade, além de manter um comportamento social adequado às exigências que são feitas

através da sociedade. (FIPECAFI, 2006)

Um código de ética pode ser entendido como a relação de práticas comportamentais,

subentende-se, que sejam seguidas no exercício de uma profissão, visando sempre o bem estar

social de forma a assegurar a transparência de procedimentos dentro e fora de uma

determinada instituição. (FIPECAFI, 2006) A ética considerada na sua essência como comportamento e atitudes vinculadas ao

convívio social aplica-se sobre tudo nas relações profissionais e nos negócios. Os

bons e duradouros empreendimentos têm uma história de postura ética adotadas

pelos seus dirigentes, notadamente perante os seus clientes e fornecedores.

(FORTES, 2005, p. 159)

O contabilista deve tem em mente uma postura profissional que vise garantir a

condução de seus trabalhos, norteados por padrões morais inerentes a sua profissão. A postura

Page 5: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

4

digna no labor de sua atividade tende a lhe trazer benefícios pessoais, sendo em forma de

reconhecimento pessoal quanto em retorno financeiro. (NIYAMA, 2006)

O Código de Ética Profissional do Contabilista teve seu começo, ou seja, primeiros

passos, no V Congresso Brasileiro de Contabilidade, no ano de 1950, em Belo Horizonte –

MG. Tal código de ética veio a ser publicado no ano de 1970 pelo Conselho Federal de

Contabilidade – CFC pela resolução CFC n° 290/70 o que era foi considerado como o alcance

de uma meta marcante no campo do exercício profissional do contabilista.

O atual código de ética é datado de 10 de outubro de 1996, revogado assim o código

anterior após 26 anos de sua vigência, pela resolução do CFC n° 803/96 que traz em seu

artigo primeiro o objetivo do mesmo:

“Art. 1° Este Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual

devem conduzir os contabilistas, quanto no exercício profissional.”

Faz parte da deliberação – regulamentação – de tal código de ética “dos deveres e das

proibições” do contabilista, como também “do valor dos serviços profissionais”, “dos deveres

em relação aos colegas e à classe”, e por fim “das penalidades” que o profissional esta sujeito

caso descumpra as regas estabelecidas. A resolução do CFC n° 819/97 complementa o código

de ética, restabelecendo o instrumento de recurso ex-officio na área de Processo Ético.

2.3 PENALIDADES AO PROFISSIONAL CONTÁBIL De acordo com o professor Antonio Lopes de Sá (2009) a história é marcada pela

existência de corrupção desde tempos antigos, mas que nas últimas décadas do século XX

parecem ser responsáveis por mais moléstias sociais.

Ainda no pensamento do professor (2009, p. 172) o que é noticiado na mídia, para o

mundo, a respeito das “... fraudes oferecem um quadro de deterioração universal, movida pela

ambição do poder e da constituição da riqueza ilícita”. E que no Brasil por escândalos

envolvendo o erário público, um Presidente da República foi deposto. (SÁ, 2009)

A fim de minimizar ou tentar nortear os passos dos contabilistas é que temos o Código

de Ética Profissional do Contabilista, prevendo penalidades aos profissionais que por ventura

venham a agir de má fé no desempenho de suas atividades, como também aplicasse a esses

profissionais o Código Civil, em que alguns de seus artigos são destinados a tratar da

responsabilidade do contador.

Conforme o Código Civil nos art. 1.177 o profissional contábil, na qualidade de

preposto, é responsável por tudo aquilo que é registrado nos livros de escrituração,

respondendo pessoalmente por atos culposos e solidariamente por atos dolosos.

Page 6: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

5

Segundo o Código de Ética Profissional do Contabilista (1996) no seu art. 12: A transgressão de preceito deste Código constitui infração ética, sancionada,

segundo a gravidade, com uma das seguintes penalidades:

I – advertência reservada;

II – censura reservada;

III – censura pública.

Parágrafo único. Na aplicação das sanções éticas são consideradas como atenuantes:

I – falta cometida em defesa de prerrogativa profissional;

II – ausência de punição ética anterior;

III – prestação de relevantes serviços à Contabilidade.

Na sociedade humana, a lei existe para favorecer a estabilidade social, e é através dela

que a própria sociedade toma conhecimento das regras necessárias para viver-se em harmonia

e promover o desenvolvimento. (FIPECAFI, 2006)

3. METODOLOGIA Esta parte tem por objetivo apresentar os procedimentos metodológicos adotados na

produção deste estudo. Nesta etapa foi definido o universo e o método, a amostra foi

delimitada e as estratégias de pesquisa, obtenção e analise dos dados foram traçadas.

Quanto aos objetivos a pesquisa encontra-se qualificada como descritiva, por

pretender evidenciar os termos éticos relacionados a profissão contábil, e ainda qual o

pensamento dos futuros profissionais sobre esse tema. Segundo Gil (1999, p. 45), o

desenvolvimento de pesquisas descritivas têm por objetivo ''a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis''.

No que se refere à abordagem do problema esse estudo se caracteriza como uma

pesquisa qualitativa pelo fato de analisar a interação entre os vários pensamentos que

envolvem a ética geral e profissional contábil. Conforme Richardson (1999, p. 80) o método

qualitativo pode ''contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em

maior nível de profundidade, o entendimento das peculiaridades do comportamento dos

indivíduos''.

De acordo com os procedimentos utilizados, o presente estudo qualifica-se como uma

pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Segundo Gil (1999, p. 71) uma pesquisa bibliográfica

''é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e

artigos científicos'', por outro lado segundo Yin (2001, p. 32) o estudo de caso seria ''uma

investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da

Page 7: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

6

vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos''.

A amostra do estudo é constituída pelos alunos do curso de Ciências Contábeis da

Universidade Federal de Alagoas - UFAL que no 1º semestre do ano de 2010 cursaram a

disciplina Seminário Integrador II no período diurno. Essa disciplina integra a matriz

curricular obrigatória e a partir do ano de 2009 vem sendo ministrada no último ano do curso.

Assim, a ponto de estar inserida num universo de alunos concluintes que estão às portas do

mercado de trabalho.

Para a coleta dos dados utilizou-se a aplicação de questionário para obter informações

sobre a percepção sobre a Ética em geral e a Ética direcionada especificamente a profissão

contábil, além de entrevista como o intuído de verificar a clarezas das idéias contidas no

questionário. Para a tabulação dos dados foi utilizado o programa de planilhas eletrônicas

Microsoft Excel, bem como para a criação dos gráficos.

O questionário utilizado na pesquisa foi adaptando de um questionário aplicado aos

funcionários da Secretaria da Fazenda da Bahia por Liane Sampaio, Otávio Carvalho e Sandra

Noya, estudantes do curso de Especialização em Auditoria Fiscal Contábil da Universidade

Federal da Bahia, para o trabalho de conclusão do curso que tinha como titulo Ética Sefaz:

Código de Ética para o Grupo Fisco.

4. ANÁLISE DOS DADOS Esta parte do trabalho apresenta os resultados obtidos após o tratamento dos dados

levantados através de questionários, apresentando o entendimento dos alunos do curso de

Ciências Contábeis da Universidade Federal de Alagoas.

Na primeira parte da análise procurou-se conhecer o que eles compreendem ser ético e

o que leva a ter um comportamento ético e antiético, já na segunda parte buscou-se o

entendimento da amostra na relação ética e profissão.

O grupo de entrevistados em sua maioria foi composto por mulheres, como pode ser

constatado no Gráfico 1, que em termos de percentual chega a perfazer 61% da amostra.

Tendo essa amostra idade média de 24 anos e a idade predominante entre os

entrevistados – a moda – foi de 21 anos. O mais velho a responder a pesquisa tinha 41 anos,

em quanto o mais novo tinha 20.

Page 8: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

7

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Dentre as perguntas feitas através do questionário, procurou-se saber dos alunos qual o

entendimento a respeito do que é ético. Entre as alternativas apresentadas a que se destacou,

com 39% ver Gráfico 2, foi “O que promove maior bem para a maioria das pessoas”, o que

pode ser explicado, através do entendimento de Niyama (2006) que as fontes das regras éticas

decorrem dos costumes para a sociedade, já na concepção de Sá (2005, p. 65) esses fatos são

inspirados por uma “... conduta sadia para com os nossos semelhantes em geral”.

Vale salientar que os entrevistados ao serem questionados sobre o ponto de vista do

que é ético, acreditam que o interesse ou a vontade individual não são relevantes diante da

coletividade, corroborando assim com o pensamento de que as atitudes éticas devem ser

aquelas que promovem o bem estar da maioria. Contrapondo com a idéia de Fortes (2005, p.

149) que acredita que ao viver em um mundo de diversidade e desigualdade social “... faz

com que as pessoas se tornem individualistas, não pensando no bem estar coletivo, somente

em si mesmo”. Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Page 9: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

8

Ao serem questionados, os alunos, a respeito dos motivos que os levam a atuar

eticamente, foi apontado como fator decisivo os princípios morais, ver Gráfico 3. Princípios

morais “pode ser entendidos como sendo à base da natureza humana verdadeira de cada ser,

baseada no pensamento correto, ou seja, no individuo cuja virtude seria o caráter integro e

correto”. (NIYAMA, 2009, p. 320) Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

De acordo com a opinião dos entrevistados, os pais são os maiores responsáveis por

eles atuarem de forma ética, ver Gráfico 4. Os pais por serem os primeiros a educarem passam

os seus conhecimentos e pensamentos, induzindo assim o comportamento dos filhos. Forte

(2005, p. 146) afirma “que o processo de educação da criança é uma das etapas mais

importantes para a boa formação da consciência moral do homem”, ele menciona ainda que a

“religião também realiza um papel fundamental nesta questão, quando entendida como um

sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética, de

respeito ao próximo”.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Observando o Gráfico 5 percebe-se que os entrevistados acreditam que a principal

razão que os levam a adoção de prática antiéticas em sua conduta profissional é a supremacia

Page 10: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

9

dos interesses pessoais. Essa supremacia esta em oposição ao senso comum demonstrado por

aqueles que responderem o questionário a respeitos do que seria um comportamento ético e os

fatores que induzem a tal comportamento.

Outro fator que também leva a um comportamento antiético, apontado pela amostra, é

a falta de formação familiar, reforçando assim o que foi visto anteriormente quando expomos

as rações que influenciam o individuo a atuar eticamente, ou seja, a formação familiar na

figura dos pais.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Neste segundo momento será analisado o entendimento dos alunos do curso de

Ciências Contábeis a respeito do Código de Ética Profissional do Contabilista.

Questionados se tinham conhecimento do código de ética profissional de sua classe

90% afirmou que sim. Só que a partir de entrevistas, a fim de saber a clareza das idéias do

questionário, ficou constado que houve ambigüidade em algumas questões.

Dos 10% que afirmaram não ter conhecimento do código de ética profissional, alguns

entenderam que a pergunta “Você conhece o Código de Ética Profissional de sua classe?” se

referia ao fato deles já terem lido o mesmo. Quando a intenção da pergunta é era saber

simplesmente, se eles tinham noção da existência de um código de ética voltado a sua

profissão. Podemos então concluir nesta questão que o percentual de alunos que tem o

conhecimento da existência do código de ética de sua profissão pode ser maior, levando em

consideração os resultados obtidos com a entrevista sobre a clareza da idéia do questionário.

Page 11: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

10

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Dos, 90%, que afirmaram ter conhecimento do código de ética 84% afirmaram já ter

lido o mesmo, ver Gráfico 7.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Ao serem indagados sobre o código de ética profissional ser uma ferramenta suficiente

para nortear a boa conduta ética, os discentes revelaram uma paridade nas respostas, pode-se

então afirmar que não houve um resposta unânime. Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Apesar da amostra afirmar que o código de ética profissional não é suficiente para

nortear uma boa conduta ética, ela acredita que é importante ter um código de ética, ver

Gráfico. Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Page 12: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

11

Corroborando com a visão da questão anterior, na qual declaram ser importante ter um

código de ética, 71% acredita que o código eleva o nível ético dos profissionais.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

A através da pesquisa identificou-se não ser unânime que penalidades podem ou não

promover ações éticas do individuo no desempenho de sua atividade profissional. Tendo uma

leve tendência no sentido que as penalidades promovem ações éticas, Fortes (2005) em sua

obra Manual do Contabilista diz que ao se viver em sociedade o homem encontra-se em

vários dilemas, devendo comporta-se de acordo com as normas do trato diário. “Sabe-se que a

grande maioria das pessoas normalmente sempre cumpre as normas, não por consciência

moral, mas com receio de aspectos punitivos”. (FORTES, 2005, p. 145) Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

“Você acha correto o profissional receber presentes, gratificações, abatimento etc. no

desempenho de suas funções em uma entidade?”. Esta foi outra questão que teve uma

interpretação ambígua.

Acredita-se que a paridade nas respostas foi causada pelas diversas interpretações, da

idéia central da pergunta. A intenção dos autores na referida questão foi de constatar se era

correto o profissional no desempenho de suas funções em uma entidade receber de terceiros

presentes, gratificações, abatimentos etc.

Durante a entrevista a respeito da clareza das idéias do questionário, uma das

interpretações dadas a esta questão foi se era correto o profissional receber da entidade em

que trabalha presente, gratificações, abatimento etc., no desempenho de suas funções.

Page 13: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

12

Diante do exposto fica-se impreciso chegar a uma conclusão com base nas respostas

apresentadas a este questionamento.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

5. CONCLUSÃO Esta seção do trabalho visa expor as conclusões obtidas a partir de observações feitas

durante o decorrer da pesquisa.

A pesquisa constatou que na visão dos discentes a respeito do que eles consideram

como uma conduta ética e o que tem influencia sobre sua conduta são ações que buscam

promover maior bem estar para a maioria das pessoas, externando assim uma preocupação

com a sociedade. Constatou-se que essa preocupação vem desde a infância, uma vez que o

processo de educacional infantil tem grande importância para a boa formação moral e

profissional humana.

Os fatores apontados para influenciar o comportamento ético dos entrevistados seriam

principalmente a relação com os pais e os princípios morais. Este último pode ser entendido

como sendo a base da natureza humana verdadeira de cada ser, baseado no pensamento

correto, ou seja, no indivíduo cuja virtude seria o caráter íntegro e correto como diz Niyama

(2009).

No que diz respeito a parte sobre as percepções do Código de Ética Profissional,

grande parte dos entrevistados afirmaram já ter lido o código de ética da sua futura profissão e

consideraram a existência do mesmo como sendo importante, entretanto não foi considerado

suficiente para nortear a conduta mais correta dentro da sua profissão pelos mesmos.

O estudo identificou também a não unanimidade nas opiniões no que tange as

penalidades promoverem ações éticas, mas quase 54%, um pouco mais da metade, acreditam

que penalidades promovem ações éticas do indivíduo no desempenho de sua atividade

profissional, conformando a idéia de Fortes (2005) ao afirmar que a grande maioria das

pessoas, de maneira geral, cumpre as normas com receio das punições.

Page 14: AUTORES RUAM REBERT BRANDÃO NUNES UNIVERSIDADE …sistema.semead.com.br/.../resultado/trabalhosPDF/1051.pdf · 2015. 12. 15. · O Código de Ética Profissional do Contabilista

13

6. REFERÊNCIAS BRASIL. Leis, Decretos. Lei N°10.406 de 10 de janeiro de 2002. Código Civil Brasileiro.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10406compilada.htm>.

Acessado em: 02 de maio de 2010.

CFC, Conselho Federal De Contabilidade. Código de Ética Profissional do Contabilista.

Resolução CFC N° 803/96.

FIPECAFI, Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Ética Geral e

Profissional em Contabilidade. 2. ed. - são paulo: atlas, 1997.

FORTES, José Carlos. Manual do Contabilista: Uma Abordagem Teório-Prática da

Profissão Contábil. Saraiva: São Paulo, 2005.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: atlas, 1999.

KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Ética, sigilo e o profissional contábil. Acessado em

01/05/2010 Disponível em: http://www.face.ufmg.br/revista/index.php/contabilidade

vistaerevista/article/viewFile/175/169

NIYAMA, Jorge Katsumi (Org.); SILVA, César Augusto Tibúrcio (Org.); PISCITELLI,

Roberto Bocaccio (Org.). Exame de Suficiência em Contabilidade: Livro-texto e exercícios

adaptados às exigências do CFC / Equipe de Professores do Departamento de Ciências

Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília – UnB. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

SÁ, Antonio Lopes de. Ética Profissional. 6. ed. Altas: São Paulo, 2005.

______, Antonio Lopes de. História Geral e das Doutrinas da Contabilidade. São Paulo:

Atlas, 2009.

SAMPAIO, Liane; CARVALHO, Otávio; NOYA, Sandra. Ética Sefaz: Código de Ética para

o Grupo Fisco. Trabalho de Conclusão de Curso. Bahia, 2001.

SILVA, Antonio Carlos Ribeiro. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade. 2. ed.

Altas: São Paulo, 2008.

YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.