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XIII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação - SBIE - UNISINOS 2002 31 AVA: Um Ambiente Virtual Baseado em Comunidades Sérgio Crespo C S Pinto 1 , Eliane Schlemmer 2 , Cássia T. dos Santos 1 , Cláudia C. Pérez 1 , Letícia R. Rheinheimer 1 1 Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Computação Aplicada - PIPCA (UNISINOS) 93022-000 - São Leopoldo - RS - Brasil {crespo, cassiats, claudiap, leticiar}@exatas.unisinos.br 2 Centro de Ciências Humanas - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) 93022-000 - São Leopoldo - RS - Brasil [email protected] Resumo. A utilização crescente das tecnologias de informação e comunicação tem contribuído para a disseminação de ambientes virtuais de aprendizagem. Atualmente, inúmeras iniciativas, tanto de instituições educacionais como de empresas comerciais, têm disponibilizado ambientes e ferramentas para suporte a aprendizagem através da web. Este artigo apresenta o AVA, um ambiente virtual de aprendizagem que tem seu desenvolvimento fundamentado na concepção epistemológica interacionista-construtivista numa abordagem sistêmica e de auto-organização. Integra funcionalidades presentes em vários ambientes existentes no mercado e propõe novas ferramentas que viabilizam o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas oriundas das concepções que permeiam a proposta do ambiente AVA. Palavras Chave: ambientes virtuais de aprendizagem, interconexionismo, construtivismo. 1. Introdução A utilização crescente das tecncologias de informação e comunicação tem contribuido para a disseminação de ambientes virtuais de aprendizagem. Ambientes Virtuais de Aprendizagem são softwares desenvolvidos para o gerenciamento da aprendizagem através da Web. Segundo Britain [BRI 1999], são sistemas que sintetizam a funcionalidade de software para comunicação mediada por computador e métodos de entrega do material de cursos online. Atualmente, inúmeras iniciativas, tanto de instituições educacionais como de empresas comerciais, têm disponibilizado ambientes e ferramentas para suporte a aprendizagem através da web. Muitos destes ambientes possuem um conjunto similar de características e funcionalidades, tais como ferramentas para gerenciamento de cursos, alunos e professores; e ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona. Como exemplos de ambientes virtuais de aprendizagem pode-se citar o AulaNet 1 , WebCT 2 , LearningSpace 3 , TopClass 4 , Eureka 5 , VirtualU 6 , Web Course in a Box 7 , CourseInfo 8 e o FirstClass 9 . A maioria das avaliações comparativas destes ambientes, geralmente, consideram as ferramentas e facilidades disponbilizadas, além das especificações técnicas e custo. Entretanto, 1 http://ritv.les.inf.puc-rio.br/groupware 2 http://www.webct.com 3 http://www.lotus.com/products/learnspace.nsf 4 http://www.wbtsystems.com/ 5 http://www.lami.pucpr.br/eureka 6 http://virtual-u.cs.sfu.ca/vuweb.new/new.html 7 http://views.vcu.edu 8 http://courseinfo.bu.edu/ 9 http://www.firstclass.com Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS – Proadi – 01/0559.2

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XIII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação - SBIE - UNISINOS 2002 31

AVA: Um Ambiente Virtual Baseado em Comunidades

Sérgio Crespo C S Pinto1, Eliane Schlemmer2, Cássia T. dos Santos1, Cláudia C. Pérez1,Letícia R. Rheinheimer1

1Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Computação Aplicada - PIPCA (UNISINOS)

93022-000 - São Leopoldo - RS - Brasil{crespo, cassiats, claudiap, leticiar}@exatas.unisinos.br

2Centro de Ciências Humanas - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

93022-000 - São Leopoldo - RS - [email protected]

Resumo. A utilização crescente das tecnologias de informação e comunicação temcontribuído para a disseminação de ambientes virtuais de aprendizagem. Atualmente,inúmeras iniciativas, tanto de instituições educacionais como de empresas comerciais, têmdisponibilizado ambientes e ferramentas para suporte a aprendizagem através da web. Esteartigo apresenta o AVA, um ambiente virtual de aprendizagem que tem seudesenvolvimento fundamentado na concepção epistemológica interacionista-construtivistanuma abordagem sistêmica e de auto-organização. Integra funcionalidades presentes emvários ambientes existentes no mercado e propõe novas ferramentas que viabilizam odesenvolvimento de novas práticas pedagógicas oriundas das concepções que permeiam aproposta do ambiente AVA.

Palavras Chave: ambientes virtuais de aprendizagem, interconexionismo, construtivismo.

1. Introdução

A utilização crescente das tecncologias deinformação e comunicação tem contribuido para adisseminação de ambientes virtuais deaprendizagem.

Ambientes Virtuais de Aprendizagem sãosoftwares desenvolvidos para o gerenciamento daaprendizagem através da Web.

Segundo Britain [BRI 1999], são sistemas quesintetizam a funcionalidade de software paracomunicação mediada por computador e métodosde entrega do material de cursos online.

Atualmente, inúmeras iniciativas, tanto deinstituições educacionais como de empresascomerciais, têm disponibilizado ambientes eferramentas para suporte a aprendizagem atravésda web.

Muitos destes ambientes possuem um conjuntosimilar de características e funcionalidades, taiscomo ferramentas para gerenciamento de cursos,alunos e professores; e ferramentas de

comunicação síncrona e assíncrona. Comoexemplos de ambientes virtuais de aprendizagempode-se citar o AulaNet1, WebCT2,LearningSpace3, TopClass4, Eureka5, VirtualU6,Web Course in a Box7, CourseInfo8 e oFirstClass9.

A maioria das avaliações comparativas destesambientes, geralmente, consideram asferramentas e facilidades disponbilizadas, alémdas especificações técnicas e custo. Entretanto,

1 http://ritv.les.inf.puc-rio.br/groupware2 http://www.webct.com3 http://www.lotus.com/products/learnspace.nsf4 http://www.wbtsystems.com/5 http://www.lami.pucpr.br/eureka6 http://virtual-u.cs.sfu.ca/vuweb.new/new.html7 http://views.vcu.edu8 http://courseinfo.bu.edu/9 http://www.firstclass.comTrabalho parcialmente financiado pela FAPERGS– Proadi – 01/0559.2

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por se tratar de um ambiente educacional, o itema ser primariamente observado e avaliado é odidático-pedagógico. Neste contexto, a avaliaçãodeve priorizar os aspectos relacionados aoprocesso de aquisição do conhecimento utilizandoo ambiente.

Segundo Crespo, Lucena e Schlemmer [CRE1998], [LUC 2000] e [SCH 2001], trêsconsiderações fundamentais devem serobservadas em uma estratégia de avaliação deambientes virtuais de aprendizagem:

• eles devem oportunizar a melhoria daqulidade da aprendizagem que não sãopassíveis de realizar usando métodosconvencionais;

• devem suportar processos comunicacionaisque propiciem alto grau de interatividade,favorecendo o trabalho em equipe;

• devem reduzir a sobrecarga administativa dosprofessores, permitindo a eles gerenciar suacarga de trabalho mais eficientemente,possibilitando dessa forma a atenção para osaspectos de cooperação e colaboração entreos participantes do ambiente.

Neste artigo, são abordados alguns aspectospedagógicos relevantes em um ambiente deaprendizagem virtual. A utilização decomunidades em ambientes virtuais deaprendizagem é discutida e é apresentado umambiente fundamentado nos aspectos levantados.

Na seção 2, os aspectos pedagógicos sãocomentados. A seção 3 aborda a utilização doconceito de comunidades em ambientes virtuaisde aprendizagem. Na seção 4 é apresentado oAVA, um ambiente vitrtual de aprendizagemfundamentado no conceito de comunidadesvirtuais. Por fim, as conclusões são comentadasna seção 5.

2. Aspectos Pedagógicos

Um bom projeto de ambiente virtual deaprendizagem preocupa-se com a propostapedagógica que o seu sistema deva suportar, paraque os processos de ensino e aprendizagemdesenvolvam-se de maneira satisfatória.

Schlemmer [SCH 2001] afirma que todo equalquer desenvolvimento de um produto paraeducação é permeado por uma crença de como sedá a aquisição do conhecimento, de como osujeito aprende. Tal concepção é a base de umprocesso educacional.

Neste contexto, diversos paradigmas teóricos sãoutilizados para explicar como acontece aaquisição do conhecimento, apresentandoaspectos relacionados ao ensino e deaprendizagem. Dentre eles, pode-se destacar: aconcepção apriorista, empirista e interacionaista.

Neste trabalho, será dada ênfase à abordageminteracionista-construtivista explicitadas nosestudos de Jean Piaget.

A tabela abaixo, apresenta os aspectos didáticos-pedagógicos proposto no modelo interacionista-construtivista, segundo Schlemmer [SCH 2001]:

Aspectos DescriçãoParadigma Interacionista/construtivistaFoco dosistema

Na aprendizagem, na construçãodo conhecimento, na interação,na colaboração, na cooperação,na comunicação, nodesenvolvimento de habilidades.

Ambiente deaprendizagem

Flexível, ativo, participativo,hierárquico, interdisciplinar.Ponto de encontro para a troca, ocompartilhamento de idéias, aconstrução do conhecimento, otrabalho colaborativo ecooperativo; onde as regras,direções e atividades sãodiscutidas e elaboradas pelogrupo.

Ensino Baseado na comunicação, nainteração, na colaboração, nacooperação. No desenvolvimentode projetos, desafios, casos eproblemas, através de umprocesso dialogado.

Currículo Interdisciplinar, do todo para aspartes. Construído no processo,não havendo uma seqüênciaúnica e geral, partindo dequestões dos alunos,necessidades e vontades.

Metodologia Interativa e problematizadora.Centrada na pesquisa, naidentificação e resolução deproblemas e projetos.

Avaliação Focalizada no processo, naobservação e no desenvolvimento

dos grupos. Valorizando ainteração, a ampliação de

conceitos, o uso doconhecimento para

desenvolvimento de projetos,desafios, problemas casos,

evidenciados nos espaços deinteração e nas produções

disponibilizados nos ambientes.

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Aquisição doconhecimento

Não é linear e nem previsível.Incompatível com a idéia departir do mais fácil para o maisdifícil.

Reflexão Possibilita ao professor auxiliaros alunos no processo deestabelecer relações entre ofeedback de suas ações com osobjetivos definidos.

Tabela 2.1 - Aspectos relevantes no paradigmainteracionista- construtivista.

3. Comunidades em AmbientesVirtuais de Aprendizagem

Um ambiente de ensino e de aprendizagem comuma proposta didático-pedagógica alicerçada noparadigma interacionista-construtivista pode serviabilizado através do uso de ambientes virtuaisde aprendizagem, que propiciam a criação decomunidades virtuais. Essas comunidades deaprendizagem podem ser formadas porprofessores (orientadores/articuladores) e alunos,que compartilham recursos materiais einformacionais formando uma rede de interaçãopara a construção do conhecimento.

As comunidades virtuais de aprendizagem sãoconstruídas através das ações colaborativas ecooperativas dos participantes, é, nesse sentido, oresultado que se atinge ao ter objetivos comuns. Ésaber original, constituído e estruturado,resultante da ação, discussão e reflexão crítica.Desse modo os participantes permaneceminformados de modo variado e são estimulados eenriquecidos através das diferentes contribuiçõese manifestações de idéias. Os projetosdesenvolvidos em uma comunidade podem serobservados, comentados e avaliados por todos osparticipantes de uma comunidade, criando laçosde re-alimentação para o próprio processo emconstrução.

As atividades colaborativas e cooperativasdesenvolvida nas comunidades são suportadas pordiversos espaços de interação e possibilita umprocesso de ação-reflexão continuados dossujeitos da aprendizagem - os integrantes dacomunidade. O pressuposto da atividadecooperativa inclui e incentiva a possibilidade deum trabalho interdisciplinar, pois oportuniza odesenvolvimento do pensamento e da autonomiaatravés de trocas intelectuais, sociais, culturais epolíticas .

4. AVA: Um Ambiente VirtualBaseado em Comunidades

O AVA [AVA 2002] é um ambiente virtual deaprendizagem concebido em um projeto depesquisa interdisciplinar, que abrange as áreas dePedagogia, Comunicação e Informática, naUniversidade do Vale do Rio dos Sinos(UNISINOS).

Visando enfatizar os aspectos pedagógicos em umambiente virtual de aprendizagem, o projetodecorre de uma concepção interacionista deconstrução do conhecimento, na qual o aluno é ocentro do processo de aprendizagem e deconstrução do próprio ambiente.

Dentre as principais propostas do AVA,destacam-se:

• a utilização de um ambiente virtual deaprendizagem para ampliar e enriquecer osespaços de convivência, privilegiando aatividade do sujeito na construção doconhecimento;

• a disponibilização de um espaço para arealização de experiências educacionais comuma proposta pedagógica inovadora e dedesenvolvimento-pesquisa-ação-capacitaçãode forma sistemática e sistêmica;

• a possibilidade de promover a inter-disciplinaridade num ambiente de cooperaçãoentre sujeitos de diferentes áreas deconhecimento;

• a disponibilização de um espaço de interaçãoentre os sujeitos através de diferentes objetosde conhecimento possibilitados peloambiente.

O AVA oferece um ambiente baseado naconstrução de comunidades virtuais, através dasquais diversos atores interagem de formacooperativa e colaborativa. Os atores podem serorientadores/articuladores e alunos, secaracterizando num espaço para compartilhar osrecursos materiais e informacionais que estãodispostos no ambiente. Deste modo,orientadores/articuladores e alunos aprendem,enquanto os primeiros atualizam continuamentetanto seus conhecimentos, bem comodesenvolvem e transformam suas práticaspedagógicas.

Sob esta abordagem, o professor, além deespecialista, é também orientador, articulador eanimador da inteligência coletiva dos grupos comos quais está interagindo, centrando sua atividadeno acompanhamento e na gestão dasaprendizagens: problematizando, desafiando,

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incitando a curiosidade, a troca de informações,proporcionando a autonomia no processo aaquisição de novos saberes, desenvolvendo acooperação.

4.1 Arquitetura do Ambiente

O Ambiente AVA foi totalmente construídoutilizando ferramentas de software livre. O AVAexecuta em cima do sistema operacional Linux.Utiliza um banco de dados PostgresSql e foiimplementado em Java e JSP como linguagem descript. Como servidor http utiliza-se o Apache e oTomcat como servidor JSP.

O AVA possui compatibilidade com o ProjetoPRAV que manipula a exibição e emissão devídeo sob demanda na Web. Isto, nos permiteexplorar uma melhor infra-estrutura para a tarefade tratamento de vídeo, uma vez que a estruturado PRAV está baseada na Internet 2, oferecendouma difusão dos vídeos em alta velocidade.

Como o AVA foi desenvolvido baseado em umplano pedagógico-comunicacional, ficou evidenteque as diversas ferramentas existentes nomercado para interação e comunicaçãoprecisavam ser revistas (chat, email, listas, fórum,agendas, murais, etc.). É comum encontrarmosambiente que utilizam um bom conjunto deferramentas oferecidas por portais comerciais taiscomo UOL10, TERRA11, YAHOO12, etc. Estasferramentas não foram planejadas paracontemplar os requisitos de uma abordageminteracionista.

Neste momento, optou-se por desenvolver todasas ferramentas do ambiente de forma a que asmesmas pudessem já ter embitudas os requisitosfuncionais e não funcionais elicitados no processode análise. Isto é um grande diferencial na medidaem que se possui um ambiente que estáperfeitamente alinhado com os objetivos de umaproposta pedagógica.

Outra vantagem no desenvolvimento dasferramentas, neste caso, foi a interoperabilidadeobtida entre as mesmas. Isto nos possibilitou quese pudesse fazer um rastreamente mais eficientedas interações de todos os participantes de umacomunidade.

4.2 Comunidade e Micro-Comunidadeno Ambiente AVA

10 http://www.uol.com.br11 http://www.terra.com.br12 http://www.yahoo.com.br

Uma comunidade pode ser vista como um espaçovirtual onde se congrega um grupo de pessoascom interesses em comum. Este conceito estápresente no ambiente AVA de forma bemexplícita.

Outro conceito que está presente é o de micro-comunidades. A figura 1, abaixo, apresenta ummodelo formal em UML destacando a formaçãode comunidades e micro-comunidades.

Ferramentas_Interação

Leaf_Chat

Operation()

Leaf_Fórum

Opera ti on()

Leaf_Email

Operation()

Leaf_Agenda

Operation()

Leaf_Virtualteca

Operation()

Leaf_Mural

Operation()

Client

Operation() {forall g inchildren {

g.Operation()}

Ferramentas_Pedagógicas

Avaliação

Operation()

Projetos

CasosDesafios

Problemas

Diário

Operation()

Composite_Comunidade

Add(component : Component_Comunidade) : v oidRemov e(component : Component_Comunidade) : booleanGetChild(index : int) : Component_ComunidadeOperation()

Component_Comunidade

Add(component : Component_C omunidade)Remov e(componet : Com ponent_Comunidade)GetChi ld(index : in t) : Component_ComunidadeOperation()

+Children

Figura 1 – Modelo de Comunidade e MicroComunidade usando o Design Pattern Composite

[ GAM 1995]

Como pode ser visto na figura 1, foi utilizado oDesign Patterns Composite para a modelagem eimplementação de comunidades e micro-comunicades. Este padrão, nos permite trabalharcom conceito de composição.

Um conjunto de primitivas que especializam aclasse Ferramentas_Interação, podem por meiode composição serem utilizadas para a definiçãode uma instância de uma comunidade. Umacomunidade é também uma especialização daclasse Component_Comunidade que por sua vez,é especializadas em quatro outras classes(Problemas, Casos, Desafios e Projetos). Destaforma, sempre que uma destas classes forinstanciada, poderá ser agregada as mesmas umconjunto das primitivas (Leaf_chat, Leaf_email,etc.) já existentes no modelo. Este tipo decomposição permitiu a formação de uma micro-comunidade.

Isto fica claro, no momento em que para cadauma das classes derivadas da classeComponent_Comunidade, ser possível acoplar umconjunto de ferramentas de interaçãoindependente das mesmas estarem ou não

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presentes na comunidade maior. Ou seja, quantouma comunidade é definida, cabe ao conceptor eorientador selecionar um conjunto de ferramentaspara a mesma. Porém quando uma das classes deComponent_Comunidade for instanciada, pode-seredefinir este conjunto de ferramente somentepara esta classe em questão, desta forma,redefindo-se a própria comunidade maior. Cria-seassim uma micro-comunidade.

4.2 Atores do Ambiente

As comunidades no ambiente AVA podem serformadas pelos seguintes atores: aluno,secretário, orientador/articulador, conceptor eadministrador.

Os alunos são membros da comunidaderesponsáveis por utilizar o ambiente numprocesso de interação, como co-autores doambiente. Além disso, avaliam o ambiente comcolegas e orientadores/articuladores.

Os secretários são designados ao gerenciamentoda matrícula de membros da comunidade noambiente, inserindo-os ou excluindo-os.Possibilitam a realização de análises estatísticas,disponibilizando relatórios que forneçam umperfil histórico dos alunos, bem como provêminformações sobre as mais diferentescomunidades existentes.

Os orientadores/articuladores são responsáveispor apresentar e desenvolver um projeto decomunidade. Eles incluem, alteram ou excluem omaterial disponibilizado na comunidade, bemcomo gerenciam os trabalhos da mesma. Alémdisso, possibilitam a realização de análisesestatísticas, através de relatórios estatísticos quefornecem um perfil histórico da comunidade.Ainda, avaliam o ambiente juntamente comalunos e conceptores.

Os conceptores trabalham em conjunto com osorientadores/articuladores, na criação e projetode comunidades, definido e fornecendo perfis deusuários. Possibilitam uma combinação decomunidades, através de uma interface decomunicação, bem como desenvolvem umadiscussão pedagógica, técnica e comunicacionalsobre o uso do ambiente, considerando asexperiências em desenvolvimento as perspectivasdo projeto. Por fim, avaliam o projeto ba suarelação com os administradores e orientadores.

Os administradores, por sua vez, fornecemsuporte ao conceptor na criação da comunidadede aprendizagem.

4.3 Funcionalidades do AVA

O AVA oferece um conjunto de ferramentas paragerenciamento de comunidades e seus membros,bem como ferramentas de suporte a comunicaçãoentre os mesmos, disponibilizando mecanismospara o trabalho cooperativo e colaborativo.

Além disso, prove uma série de mecanismos quepossibilitam tanto a avaliação de alunos como ade comunidades. Algumas opções cominformações sobre o ambiente são oferecidas:caracterização da ferramenta (objetivos,metodologia e avaliação); descrição da ferramenta(infraestrutura física e virtual, download); tutorialon-line de utilização; novidades; mapa doambiente e estatísticas online e históricas.

Outras informações, em nível das comunidades,são disponibilizadas: listagem das comunidadesexistentes (nome, descrição,articulador/orientador e relação dos membros);apresentação da área da comunidade;caracterização da comunidade (objetivos,metodologia e avaliação); listagem com dadossobre os membros da comunidade ; listagem dobanco de desafios/problemas/cases; listagem dosprojetos; listagem dos fóruns; listagem das salasde chat ; e listagem das oficinas.

Além das opções citadas, os seguintes serviçossão oferecidos:

• busca: ferramenta que possibilita a busca deforma rápida;

• fale conosco: ferramenta que possibilita acomunicação rápida e individualizada;

• FAQ: espaço para questões e respostas sobrea operacionalização do ambiente de trabalho;

• virtualteca: espaço para armazenamento dereferências de sites;

• webfólio de projeto: espaço que possibilita oacompanhamento de projetos emdesenvolvimento;

• agenda: espaço utilizado paraefetuar/visualizar registros de eventos,reuniões (cursos, seminários, congressos,chat, videoconferências e datas dos encontrospresenciais);

• glossário: espaço para o registro e ampliaçãode conceitos;

• painel de controle: ferramenta para gerarrelatório com dados estatísticos do ambiente,comunidade, projeto, caso/desafio/problema;

• Compilador de Textos: ferramenta quepermite a geração em formato de texto únicotodas as mensagens;

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• mapa do site: espaço que apresenta de formagráfica a estrutura de acesso ao AmbienteExperimental de Aprendizagem em Educaçãoa Distância;

Quanto as ferramentas de comunicação,destacam-se:

• chat: espaço para a realização de encontrosvirtuais síncronos previamente agendados;

• fórum de discussão: espaço coletivo no qualsão colocadas problematizações e dúvidaspara a formação de comunidades dediscussões;

• correio: recurso para comunicaçãoindividual. Através dos correios, os alunospodem trocar informações com osprofessores de forma individual.

• mural: espaço para recados informais, avisose convites sociais;

Além das ferramentas de comunicação citadas sãodisponibilizados dois webfólios: individual ecomunidade.

O webfólio individual é formado pelas seguintesopções:

• apresente-se: ferramenta que possibilita que oator se apresente para a comunidade;

• diário: espaço individual para o registro daspercepções e reflexões de cada membro dacomunidade;

• arquivos: espaço que possibilita ao usuáriocriar seu banco de arquivos viatransferência;

O webfólio coletivo, correspondente ascomunidades, por sua vez, contém as seguintesopções:

• orientação da comunidade: espaço quepossibilita orientar o desenvolvimento dasações da comunidade: planejamento,orientação, articulações, problematizações;

• projetos: espaço que possibilita odesenvolvimento e acompanhamento dosprojetos de aprendizagem;

Figura 2 - A Utilização de Projetos no ambienteAVA

A figura 2, apresenta a interface de interaçãoquando membros de uma comunidade participamde um projeto. Quando um projeto é definido,este pode ser público (e neste caso fica visível atodas as outras comunidades do ambiente) ouprivado (ficando visível somente aos membros deuma comunidade específica). Um projeto possuiuma série de atributos que permitem um melhoracompanhanto da evolução do mesmo. Osatributos são: Informações do projeto (Descrição,Dúvidas provisórias e Certezas temporárias,Planejamento e Status), Participantes,Transferência de arquivos, Acompanhamento daparticipação (Pessoal e do Grupo) e Site doProjeto.

• desafios/casos/problemas: espaço quepossibilita a proposta e resolução individualde desafios/casos/problemas para a resoluçãocoletiva;

• oficinas: espaço para a produção e exposiçãodos trabalhos dos membros divididos portemáticas, possibilita subsídios para odesenvolvimento dos projetos desafios /casos / problemas, envolvendo diferentestemáticas;

• avaliação: espaço que possibilita aconstrução de modalidades de critérios deavaliação no aspecto qualitativo.

• arquivo: espaço para transferência dearquivos que serão acessados e utilizadoscoletivamente.

4.4 Interação

As comunidades de aprendizagens no AVA sãoformadas conforme temáticas correspondentes,selecionadas e trabalhadas por conceptores eorientadores/articuladores. Neste contexto, alunosse agrupam em comunidades conforme temáticas

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de interesse, podendo estar colocados em mais deuma comunidade.

Seguindo esta abordagem, é disponibilizado umespaço de interação entre os membros dascomunidades através de diferentes objetos deconhecimento ofertados pelo ambiente. Alémdisso, dada a interação de atores das maisdiversas áreas do conhecimento, ainterdisciplinaridade é promovida no ambiente. AInterdisciplinaridade é obtida na medida em queos produtos (projetos, casos, desafios, oficinas,etc.) desenvolvidos ficam disponíveis para osmembros de outras comunidades.

Ainda, são oferecidos instrumentos para umamultiplicidade de significações que se originamnos processos desenvolvidos pelos professores deuma determinada comunidade que passam a ter afunção de orientadores, articuladores,problematizadores, pesquisadores e tambémespecialistas em uma comunidade deaprendizagem. Isto implica, em particular,instigar a discussão, acompanhar e analisar aconstrução do conhecimento através daparticipação individualizada nos espaços deinteração disponibilizados no ambiente.

4.5 Avaliação

Na metodologia de trabalho proposta noambiente, a avaliação está centrada naaprendizagem, sendo formativa, continuada erealizada ao longo do processo, através daparticipação compartilhada entre os sujeitos deaprendizagem pertencentes a uma ou maiscomunidades.

A avaliação é oportunizada através das interaçõese produções dos sujeitos, realizada nos diferentesespaços possibilitados pelo ambiente edesenvolvida a partir das expectativas iniciaisdos participantes.

Figura 3 - Verificando a avaliação de um membroda comunidade com o seu grupo

Na figura 3, podemos ver o processo de avaliaçãode um dos ítens e seu vários critérios. Neste

exemplo uma determinada aluna é avaliada porseu grupo segundo uma lista de critérios definidospelos próprios membros da comunidade. Oscritérios definidos foram: cooperação,envolvimento, interesse, autonomia , contribuiçãona resolução de problemas surgidos durante odesenvolvimento do projeto, nível de interação,uso dos recursos tecnológicos, opinião pessoal eenriquecimento com exemplos práticos eproblematização dos assuntos.

4.6 Histórico Qualitativo eQuantitativo

Além da avaliação qualitativa, do processo deaprendizagem do participante, é realizada umaavaliação quantitativa para obter informaçõessobre o uso do ambiente num todo, perfil de umacomunidade específica, de um grupo de trabalho,ou de um sujeito, tais como: horário de pico deacesso, número de acessos, ferramentas maisutilizadas entre outras.

As avaliações da aprendizagem podem serrealizadas individualmente ou de formacooperativa. Desta forma, o ambiente AVApermite que se possa definir os instrumentos deavaliação e seus respectivos critérios. Assimsendo, uma comunidade passa a ter os seusprincípios particulares de avaliação.

Figura 4 - Identificando as interações de umdeterminado aluno no ambiente

Na ferramenta de Histórico qualitativo, é possívelverificar todas as interações de um determinadoparticipante. Esta ferramenta facilita o processode avaliação, uma vez que ela faz e apresenta asforma e o conteúdo da interação de cada membroda comunidade. A figura 4 apresenta umexemplo. Aqui, o orientador pode visualizar oconteúdo das mensagens enviadas pelo ator emtodas as ferramentas do ambiente. Isto permiteque um processo de avaliação detalhado sejaestabelecido.

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A ferramenta de Histórico Quantitativo permiteverificar o número de interações de um ator doambiente, da comunidade ou de todo o ambiente.As figuras 5 e 6 exemplificam o que foi dito.

Figura 5 - Totais de interação de um determinadoator em uma comunidade

Outra forma quantitativa de dados presente noambiente é da comunidade e do ambiente comoum todo.

Figura 6 - Dados quantitativos do ambiente AVA

Desta forma é possível ralizar uma série deanálise do que acontece no ambiente ou mesmoem um comunidade. Dados sobre qual o períodode hora a comunidade é mais acessada estãodisponíveis. Pode-se identificar quantasmensagens estão trafegando pelo ambiente ou poruma comunidade. Isto é um dado importante paraferramentas que exigem uma largura de bandamaior, permitindo estudar a escalabilidade doambiente e desta forma re-pensar a própriaconfiguração do servidor atual.

5 Conclusão

Este artigo apresentou o ambiente AVA. Umambiente construído sobre uma propostapedagógica interacionista.

Apresentou as ferramentas especialmenteconstruídas para poder conter os requisitosnecessários para que o projeto pedagógicopudesse ser desempenhado por meio do ambiente.

Procurou discutir os aspectos didáticos que foramutilizados para diferenciar o AVA dos demaisambientes existentes.

Apresentou como o processo de criação decomunidade e micro-comunidade pode serrealizado e discutiu a proposta de avaliaçãoutilizada tanto nos aspectos quantitativos comonos qualitativos.

6 Referências

[AVA 2002] AVA - Ambiente Virtual deAprendizagem. Disponível emhttp://ava.unisinos.br.

[BRI 1999] BRITAIN, Sandy; LIBER, Oleg. AFramework for Pedagogical Evaluation ofVirtual Learning Environments. Bangor:University of Wales, 1999. Disponível em:http://www.jtap.ac.uk/reports/htm/jtap-041.html.

[CRE 1998] CRESPO, Sérgio; FONTOURA,Marcus; LUCENA, Carlos José. A Web-Based Educational EnvironmentsComparison Using a Conceptual ModelCompatible with the EDUCOM/IMSPlatform. Brazilian Symposium onEducation and Computer Science(SBIE’98). Fortaleza, Brazil, 1998.

[GAM 1995] GAMMA, Erich; HELM, Richard;JOHSON, Ralph; VLISSIDES, John.Design Patterns: Elements of ReusableObject-Oriented Software. Reading:Addison-Wesley, 1995.

[LUC 2000] LUCENA, Carlos; FUKS, Hugo.Professores e Aprendizes na Web: AEducação na Era da Internet. Rio deJaneiro: Clube do Futuro, 2000.

[SCH 2001] SCHLEMMER, E.; FAGUNDES,L.. Uma proposta para avaliação deambientes virtuais de aprendizagem nasociedade em rede. Informática naEducação: Teoria e Prática, Porto Alegre,UFRGS, Faculdade de Educação, Pós-Graduação em Informática na Educação,v.4, n.2, dez, 2001.