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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MICHELE BRIGHENTI REDIVO AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM GESTANTES NO PERÍODO GESTACIONAL ENTRE A 28 A 36 SEMANAS. Tubarão 2007

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM GESTANTES NO …fisio-tb.unisul.br/Tccs/07a/michele/Michele_TCC.pdf · Aos meus pais que nunca negaram esforços pra que este sonho se concretizasse,

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MICHELE BRIGHENTI REDIVO

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM GESTANTES NO PERÍODO

GESTACIONAL ENTRE A 28 A 36 SEMANAS.

Tubarão

2007

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MICHELE BRIGHENTI REDIVO

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM GESTANTES NO PERÍODO

GESTACIONAL ENTRE A 28 A 36 SEMANAS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Orientadora: Prof. Esp. Inês Almansa Vinadé.

Tubarão

2007

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Dedico todo o meu esforço para realizar este

trabalho, em especial, que esteve comigo todos os

dias dando-me apoio, força e com muita paciência:

Jaime Volpato e aos meus pais, por todo amor,

dedicação e esforço para que esse acontecesse.

4

AGRADECIMENTO

Chegada à reta final gostaria de agradecer as pessoas que estiveram comigo

durante essa jornada e que de alguma forma contribuíram para essa realização.

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde, força para ir atrás de meu

sonho e ter me guiado para essa profissão que confere aos meus conhecimentos e com o toque

de minhas mãos possibilidade de confortar e reabilitar.

Aos meus pais que nunca negaram esforços pra que este sonho se concretizasse,

por todo amor e dedicação por mim, sempre me incentivando e acreditando no meu potencial,

e por ter me dado bases sólidas e que sempre fazem lutar e nunca desistir.

À minha irmã, que fez parte desse trabalho e ao meu irmão, que me deram muita

força pra que isso se concretizasse.

À minha orientadora e amiga Inês Almansa Vinadé que com muita paciência me

ajudou nas horas das duvidas e desesperos, pelo apoio na realização, finalização desse

trabalho. E aos outros professores do curso, em especial o professor Kelser de Souza Koch,

que esteve presente na realização das avaliações, e auxiliando nos resultados, e as gestantes,

meu muito obrigada.

A todos os colegas da turma, em especial as meninas: Ale, Josi, Yara, pelos

quatros anos de muitas risadas e estresse que passamos juntas.

A minha amiga Maryucha Miranda que mesmo de longe me deu muita força e

sempre torceu por mim.

A banca examinadora pela atenção e gentileza de aceitarem o convite para

participarem da mesma.

Contudo, meus agradecimentos finais a todos que estiveram comigo nesses quatros

anos, agüentando-me nos momentos críticos e nos momentos de felicidades. Ficaram

guardados na memória.

Muito Obrigada!

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RESUMO

A gestação é um episódio natural e deve ser visto como uma situação normal na vida da

mulher. É diagnosticada pelos seguintes sinais e sintomas objetivos e subjetivos: amenorréia,

dores abdominais, cólicas, náuseas, vômitos, aumento do apetite, aumento abdominal e

outros. O corpo da mulher é preparado e adaptado ao longo do tempo da gestação, com

modificações gerais e locais que proporcionam a evolução do feto e a preparação do

organismo materno para o evento da maternidade, desde a concepção e mais precisamente

com a implantação da fecundação no útero, a gravidez produz algumas modificações como:

alterações nos sistemas nervoso, endócrino, metabólico, cardiovascular, respiratório, e

genitais. Durante a gestação ocorrem adaptações importantes no sistema respiratório. O útero

em crescimento modifica a posição de repouso do diafragma e a configuração do tórax. A

Espirometria baseia-se na medida de volumes e fluxos, particularmente o expiratório.

Objetivo: o presente estudo procurou analisar a Função Pulmonar em Gestantes entre a 28° a

34° semanas através da espirometria, do aparelho eletrônico de marca Multispiro Sensor, com

Software de avaliação SX/5. Materiais e Métodos: 8 gestantes preencheram os critérios de

inclusão na amostra, onde foram agrupadas em grupos geral que contem todas as gestantes;

28 a 31 semanas (cinco gestantes); 32 a 36 semanas (três gestantes) realizaram a Espirometria

na Clinica Escola de Fisioterapia UNISUL. Resultados: de acordo com a divisão dos grupos

os valores obtidos da espirometria, os resultados estão dentro dos valores normais da CVF e

VEF1, foi observada uma diminuição desses valores, sendo fisiológico, e não patológico.

Palavras Chaves: Espirometria, Gestação, Capacidade Pulmonar.

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ABSTRACT

The pregnancy is a natural episode and must be seen as a normal situation in the life of the

woman. Is a diagnosis by the following signals and objective and subjective symptoms:

abdominal, colic amenorrhea, pains, nauseas, vomits, increase of the appetite, abdominal

increase and others. Its body the woman is prepared and adapted throughout the time of the

gestation, with general and local modifications that provide to the evolution of the embryo

and the preparation of the maternal organism for the event of the maternity, since the

conception and more necessarily with the implantation of the fecundacyon in the uterus, the

pregnancy produces some modifications as: alterations in the systems nervous, endocrinal,

metabolic, cardiovascular, respiratory, and genital. During the gestation important adaptations

in the respiratory system occur. The uterus in growth modifies the position of rest of the

diaphragm and the configuration of the thorax. The Expiration is based on the measure of

volumes and flows, particularly the expiratory. Objective: the present study 34° looked for to

analyze the Pulmonary Function in pregnancy enters 28° weeks through the expiration, of the

electronic device of Sensory Multispiro mark, with Software of evaluation SX/5. Materials

and Methods: 8 pregnancies had filled the criteria of inclusion in the sample, where they had

been grouped in groups general that will count to all the pregnancy; the 28 31 weeks (five

pregnancy); the 32 36 weeks (three pregnancy) had carried through the Expiration in the

Clinical School of Physiotherapy UNISUL. Results: in accordance with the gotten values of

the expiration, are inside of the normal values of FVC and FEV1, a reduction of these values

was observed, being physiological, and not pathological.

Words Keys: Expiration, Pregnancy, Capacity Pulmonary.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CVF – Capacidade Vital Forçada

FEF 25-75% - Fluxo Expiratório Forçado de 25% a 75% da CVF

PEF – Pico de Fluxo Expiratório

VEF1 - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

VEF1 / CVF – Índice de Tiffeneau

VVM – Ventilação Voluntária Máxima

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................9

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE CAPACIDADE PULMONAR E GESTANTES.................11

2.1 ANATOMIA TORÁXICA .........................................................................................11

2.2 FISIOLOGIA PULMONAR.......................................................................................13

2.3 MÚSCULOS DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA .....................................................14

2.4 GESTAÇÃO ..............................................................................................................15

2.5 ESPIROMETRIA.......................................................................................................17

2.5.1 Indicações............................................................................................................20

2.5.2 Contra-indicações ................................................................................................20

2.5.3 Técnica ................................................................................................................20

2.5.4 Interpretação........................................................................................................21

3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................22

3.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................................22

3.1.1 Classificação quanto à abordagem........................................................................22

3.1.2 Classificação quanto ao objetivo ..........................................................................22

3.1.3 Classificação quanto ao procedimento da técnica utilizada na coleta de dado .......22

3.2 Identificação da população/ amostra da pesquisa.........................................................23

3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados ............................................................23

3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados ............................................................24

3.5 Procedimentos utilizados para analise e interpretação de dados...................................25

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANALISE E DISCUSSÃO. ........................26

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................29

REFERÊNCIAS...................................................................................................................30

APÊNDICE..........................................................................................................................32

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1. INTRODUÇÃO

A fisioterapia é um campo de conhecimento em pleno desenvolvimento. A cada

dia surgem novas estratégias e abordagens fisioterápicas, proporcionando aos profissionais da

área a realização de um tratamento diferencial com qualidade.

As áreas de atuação da Fisioterapia são várias, sendo a Ginecologia, no Brasil tem

história recente, e, somente agora sua atuação está sendo considerada e prestigiada. Tem

atuação junto às gestantes, no pré e pós-parto, em situações de cirurgias ginecológicas, na

Incontinência Urinária e em outras situações, como por exemplo, neste trabalho, avaliar a

capacidade pulmonar em gestantes no 3° trimestre com o aparelho de espirometria.

A gestação é uma característica fisiológica da mulher e suas funções reprodutivas

requerem uma intensificação e adaptação dos processos metabólicos e fisiológicos do corpo

de acordo com o crescimento fetal. (REZENDE, 2005, p. 122).

Segundo Zugaib, (1994), durante a gestação ocorrem adaptações importantes no

sistema respiratório, mudanças mecânicas e bioquímicas interagem e afetam a função

respiratória.

De acordo com Silva, (2001), o sistema respiratório é responsável pela nossa

respiração, caracterizada pelo transporte do oxigênio e do gás carbônico fazendo as trocas

gasosas destes gases no sangue e depende da integridade das diversas estruturas anatômicas

envolvidas. Assim cumpre três funções básicas: ventilação, difusão e perfusão. “A função

pulmonar é conseqüência dos movimentos da caixa torácica, que dependem da inter-relação

entre as forças elásticas do conjunto pulmão caixa torácica e as forças musculares que são

aplicadas”.

Segundo Costa (1999) a espirometria é a medida da quantidade de ar inspirado e

expirado expressa em litros, o rendimento respiratório é a velocidade de renovação do ar

expresso em litros por segundo. É um exame fácil e simples de aplicar, baseia-se na medida

de volumes e fluxos, particularmente o expiratório.

Para Silva (2000) a espirometria mede a capacidade vital dos indivíduos com selo

d’água e baseia-se na medida de volumes e fluxo de ar, particularmente o fluxo expiratório. É

indispensável que o paciente faça esforço máximo durante as manobras para obtenção da

capacidade vital forçada. Seus valores normais variam com a faixa etária: criança e adultos

jovens > 80% ; acima de 45 anos > 75%; idosos > 70% .

Em virtude das alterações na estrutura pulmonar da mulher gestante é que se

propõe estudo sobre sua função pulmonar, colocando como problema para esta pesquisa:

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Quais os valores da função pulmonar em gestantes do 3° trimestre de gestação?

Perante este questionamento é que se propõe esta investigação a fim de que se

possa avaliar e colocar valores em respostas às tais alterações.

Portanto propõe-se que este estudo avalie a Função Pulmonar em Gestantes entre a

28° a 34° semanas através da espirometria cuja técnica tem condições de nos responder sobre

a interrogante acima.

Sendo assim, os objetivos deste trabalho são verificar os índices espirométricos de

CVF (capacidade vital forçada); VEF1(volume expiratório forçado no primeiro segundo);

VEF1/CVF (índice de tiffeneau); FEF 25-75 (fluxo expiratório forçado 25- 75%); PEF (pico

de fluxo expiratório) e VVM (ventilação volumétrica máxima) no período gestacional referido

e analisar se há relação entre a idade e à paridade da paciente e a idade e os valores

espirométricos.

Conforme a amostra de oito gestantes no 3° trimestre, sendo cinco do grupo de

atendidas na Clínica Escola de Fisioterapia no laboratório da cardiopneumo funcional no

bloco da Saúde – UNISUL/ Tubarão, as quais foram submetidas a uma avaliação da

capacidade pulmonar através do teste de espirometria.

Em virtude das mudanças no sistema pulmonar da mulher grávida, este estudo

propõe identificar as principais alterações na capacidade pulmonar em gestantes do 3°

trimestre e será de grande relevância no contexto acadêmico, pois propõe uma base de dados

para a melhoria no trabalho realizado pela Fisioterapia durante o processo gestacional com

vista à prevenção.

11

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE CAPACIDADE PULMONAR E GESTANTES

A função primaria do sistema respiratório é a troca básica de oxigênio e dióxido de

carbono. A anatomia, a fisiologia dos pulmões e o controle da respiração serão discutidos

abaixo.

De acordo com Costa (1999), o sistema respiratório do ser humano pode ser

definido como um sistema de vias aéreas superiores e inferiores unidos a um par de pulmões

(principal órgão da respiração), os quais são revestidos pela pleura pulmonar e estão contidos

na caixa torácica.

Segundo Rezende (2005) a gravidez é um episódio fisiológico na vida normal da

mulher, na qual ocorre varias modificações e adaptações de acordo com o crescimento fetal, e

compreende a 10 meses lunares (40 semanas), o mesmo que 9 meses do calendário solar.

A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a

quantificação dos distúrbios ventilatórios que pode ocorrer na gestação, e permite medir o

volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios.

2.1 ANATOMIA TORÁCICA

Simão (2004) refere que a anatomia do sistema respiratório humano abrange como

o ar passa através do nariz, as cavidades nasais e desenvolve três funções distintas:

aquecimento, umidificação e purificação do ar. Sendo que o ar é distribuído aos pulmões por

meio da traquéia, brônquios e bronquíolos. A traquéia é chamada de passagem respiratória de

primeira geração e os brônquios principal esquerdo e direito são passagens de segunda

geração, depois cada divisão é uma geração adicional (bronquíolos) passando por 23

gerações, antes que o ar alcance os alvéolos onde os gases são trocados na respiração.

Para Costa (1999) o tórax é constituído por um arcabouço, sendo que os pulmões

direito e esquerdo juntamente com o coração, o qual fica entre eles, ocupam a maior parte

interna do tórax.

Latarjet (1996) refere que a caixa torácica é formada na linha mediana posterior

pelas 12 vértebras torácicas na linha mediana anterior, por um osso único, o esterno, e,

lateralmente, por 24 arcos que são as costelas (12 de cada lado) e pelas cartilagens costais

correspondentes.

12

De acordo com Latarjet (1996) o esterno trata-se de osso ímpar, mediano,

simétrico e plano, situado na parte anterior do tórax, entre as cartilagens costais da direita e da

esquerda. Sendo que mede de 15 a 20 cm de comprimento e é constituído de três segmentos:

superior, médio e inferior (processo xifóide).

As costelas são ossos alongados que se estendem da coluna vertebral até o esterno,

unidos por uma cartilagem costal. (LATARJET, 1996, p. 963). Existem doze delas de cada

lado, em que as seis primeiras são as que se articula com o esterno na frente, trata-se das

verdadeiras, da 7ª à 10ª, as quais se unem à cartilagem comum do esterno, são as costelas

espúrias ou falsas, e a 11ª e 12ª estão livres, sendo as costelas flutuantes.

Os pulmões são envolvidos por uma fina membrana denominada pleura visceral,

tendo contato com a pleura parietal que reveste a parte interna da caixa torácica. (COSTA,

1999, p. 6).

Temos também no tórax o gradil costal que é formado por um conjunto de

estruturas esqueléticas, que se movimentam a cada respiração. “Na fase expiratória ocorre o

relaxamento dos músculos inspiratórios e entram em ação as forças elásticas dos pulmões.”

(COSTA, 1999, p. 7).

Também Latarjet (1996), nos mostra que existem os músculos intercostais, que

ocupam o espaço intercostocondral, limitado atrás pela articulação costotransversária e na

frente pelo esterno e pelo arco costal. Sendo que os intercostais externos são mais importantes

por que elevam a caixa torácica. E os que tracionam a caixa torácica para baixo durante a

expiração são: os retos abdominais e os intercostais internos.

O músculo diafragma, trata-se de um músculo plano, largo, delgado, que forma

um septo entre o tórax e o abdome. Tem forma de cúpula com convexidade superior ao tórax

e se ajusta posteriormente a coluna toracolombar. (LATARJET, 1996, p. 981).

No tórax situa-se a maior parte dos músculos inspiratórios, o principal deles é o

diafragma, o qual separa o tórax do abdome e é o elemento de maior importância na mecânica

respiratória juntamente com os músculos intercostais externos. O desempenho da função

pulmonar é conseqüência dos movimentos da caixa torácica, que por sua vez, dependem da

inter-relação entre as forças elásticas do conjunto pulmão caixa torácica e as forças

musculares aplicadas. (COSTA, 1999, p. 7).

Caminha (2005), relata que, durante a gravidez ocorrem várias adaptações no

sistema respiratório, o ângulo subcostal aumenta progressivamente, resultando em um

aumento de 5 a 7 cm na circunferência torácica. Com a progressão da gravidez, os músculos

13

abdominais vão sendo submetidos a um extremo alongamento. A linha Alba pode aumentar

cerca de 50 cm e o músculo reto abdominal podem se alongar aproximadamente 20 cm.

2.2 FISIOLOGIA PULMONAR

Guyton (1997) relata que a respiração tem por objetivo fornecer oxigênio aos

tecidos e remover o dióxido de carbono, para o desempenho de suas funções. Pode ser

dividida em quatro grandes eventos: a ventilação pulmonar que se refere à troca de ar entre a

atmosfera e os alvéolos pulmonares; a difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os

alvéolos e o sangue; o transporte de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue e nos

líquidos corporais; e a regulação da ventilação.

Segundo Costa (1999) o sistema respiratório pode ser definido, como um sistema

de vias aéreas superiores e inferiores unidos a um par de pulmões, estando contidos na caixa

torácica. Funcionalmente, o sistema respiratório está ligado ao coração e interage com o

sistema circulatório no processo de trocas gasosas, provendo o organismo de oxigênio, sua

função fundamental.

Guyton, (1997) os pulmões podem ser expandidos e contraídos de duas maneiras:

pelo movimento do diafragma para baixo e para cima, alongando ou encurtando a cavidade

torácica e pela elevação e depressão das costelas, aumentando ou diminuindo o diâmetro

antero-posterior da cavidade torácica.

Em repouso, a respiração normal ocorre pelo primeiro mecanismo, pela

movimentação do diafragma:

Durante a inspiração, a contração do diafragma cria uma pressão negativa (vácuo)

na cavidade torácica, traciona para baixo a superfície inferior dos pulmões. Em seguida,

durante a expiração, o diafragma simplesmente se relaxa, e a retração elástica dos pulmões, da

parede tórax e das estruturas abdominais comprime os pulmões. Durante a respiração intensa,

as forças elásticas não são potentes o suficiente para produzirem a expiração rápida necessária

e força adicional é obtida pela contração dos músculos abdominais, que empurra o conteúdo

abdominal pra cima, contra a base do diafragma. (GUYTON, SIMÃO, p. 15, 2004).

Os músculos intercostais internos e externos atuam na inspiração e na expiração.

Durante a inspiração, formam ângulos para baixo, enquanto os músculos intercostais externos

estão alongados para frente e para baixo. Guyton (1997), relata que quando estes músculos se

contraem, puxando as costelas superiores para cima e em relação às costelas inferiores,

14

produzindo efeito de alavanca sobre as costelas para se elevarem, causando assim a

inspiração.

A pressão pleural é a pressão no espaço estreito entre a pleura do pulmão e a

pleura da parede do tórax. Essa pressão é levemente negativa, devido ao pulmão ser uma

estrutura elástica, dessa maneira a pressão em todas as partes da arvore respiratória é a mesma

para os alvéolos e é igual à pressão atmosférica. Durante a expiração a pressão alveolar deve

se manter acima da pressão atmosférica, durante a respiração normal no repouso, somente 3%

a 5% da energia total consumida pelo corpo é requerida para a ventilação pulmonar. (SIMAO,

2004),

2.3 MÚSCULOS DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA

Para Costa (1999), a ventilação pulmonar é a quantidade de ar que entra e sai dos

pulmões em um minuto, sendo que o ritmo e a profundidade da ventilação podem ser

alterados em função do esforço respiratório, ou nas pressões parciais de O2 e pCO2,

provocando, também, modificações na gestação.

Nas fases da respiração (inspiração e expiração) é necessário que ocorra uma

pressão intrapulmonar mais negativa ou menos positiva que a pressão atmosférica (COSTA,

1999, p.8). Assim o pulmão flutua dentro da cavidade torácica, circundado por uma fina

película de líquido pleural que lubrifica os movimentos dos pulmões dentro da cavidade.

Guyton (1997), a pressão pleural é a pressão do líquido no estreito espaço entre a

pleura pulmonar e a pleura da parede torácica, sendo que essa pressão no início da inspiração,

é de cerca de -5 centímetros de água. Durante a inspiração normal, a expansibilidade da caixa

torácica puxa os pulmões para fora e cria pressão ainda mais negativa, cerca de -7,5

centímetros de água.

Temos também a pressão alveolar caracterizada pela pressão do ar no interior dos

alvéolos pulmonares. De acordo com Guyton (1997), para que ocorra fluxo de ar para o

interior dos alvéolos durante a inspiração, a pressão dentro dos alvéolos deve cair para o valor

ligeiramente inferior à pressão atmosférica. E durante a expiração, ocorrem alterações

opostas, a pressão alveolar aumenta para cerca de +1 centímetro de água, o que determina a

saída de 0,5 litros de ar dos pulmões nos 2 a 3 segundos de expiração.

Segundo Silva (2001) a complacência pulmonar pode ser definida como o poder de

distensibilidade dos tecidos dos pulmões. Aplica-se o termo complacência torácica a

15

expansibilidade do tórax em um determinado ponto entre a inspiração e expiração, isto é, a

relação entre uma variação de volume de ar e a variação de pressão necessária para sua

ocorrência. As forças elásticas do tecido pulmonar são determinadas, principalmente, pelas

fibras de elastina e de colágeno entrelaçadas no parênquima pulmonar. (GUYTON, 1997, p.

408).

Para Simão (2004), os músculos que elevam o envoltório da costela são chamados

de músculos da inspiração e incluem os intercostais externos, os esternocleidomastoideo, os

serráteos anteriores e os escalenos.

Os músculos que comprimem o tórax são músculos de expiração e incluem os

abdominais (reto abdominal, oblíquos externos e interno e transverso abdominal) e os

intercostais internos.

2.4 GESTAÇÃO

A gestação é um episódio natural e deve ser visto como uma situação normal na

vida da mulher, quando é diagnosticada pelos sinais e sintomas objetivos e subjetivos, quais

sejam: amenorréia, sintomas gastrintestinais, dores abdominais, cólicas, náuseas, vômitos,

aumento do apetite, intolerância a alguns alimentos e cheiros, aumento da necessidade do

sono, distúrbios do humor, aumento ou diminuição de peso, aumento abdominal, da

freqüência urinária, aumento e hipersensibilidade mamária e dores lombar e ou pélvica. Seu

corpo é preparado e adaptado ao longo do tempo da gestação, com modificações gerais e

locais que proporcionam a evolução do feto e a preparação do organismo materno para o

evento da maternidade, desde a concepção e mais precisamente com a implantação da

fecundação no útero, a gravidez produz algumas modificações como: alterações nos sistemas

nervoso, endócrino, metabólico, cardiovascular, respiratório, excretor, pele e genitais. A

gestação compreende um período de 10 meses lunares (40 semanas), o mesmo que 9 meses do

calendário solar. (BURROUGHS, 1995; REZENDE, 2005).

Zugaib (1994) nos fala que a mudança do esquema corporal durante a gravidez

responde às novas necessidades de organização corporal frente à adaptação de todos os

sistemas ao estado gravídico. As modificações estabelecidas durante os meses de gestação

representam a transição para a maternidade.

Como mencionado acima, durante a gestação ocorrem adaptações importantes no

sistema respiratório. O útero em crescimento modifica a posição de repouso do diafragma e a

16

configuração do tórax. O diafragma eleva-se cerca de 4 a 5 cm acima da posição de repouso

habitual, enquanto a caixa torácica se amplia nos diâmetros ântero-posterior e transverso em

torno de 2 cm. O ângulo subcostal aumenta progressivamente de 68,5° para 103,5°, resultando

em um aumento de 5 a 7 cm na circunferência torácica. (BURROUGHS, 1995; ZUGAIB,

1994; REZENDE, 2005)

Com a elevação da cúpula diafragmática, progressiva com o evoluir da gravidez,

desloca o coração para situação mais transversal direcionando seu ápice para cima e para

esquerda. (ZUGAIB, 1994.p.55).

Ocorre um aumento do volume /minuto de forma sistemática, sendo que da 8ª. à

12ª semana de gestação, já é 50% superior ao da mulher não-grávida e permanece elevado até

o termo. Isto é devido a um incremento de 40% do volume corrente e de um aumento da

freqüência respiratória em cerca de 15%, determinado por ação hormonal, caracterizando uma

elevação da ventilação alveolar da ordem de 70%. (ZUGAIB, 1994, p. 57).

De acordo com Burroughs (1995) com a progressão da gravidez, o músculo

abdominal vai sendo submetido a um extremo alongamento, a linha da cintura pode aumentar

e o músculo reto abdominal pode se alongar podendo ocorrer que as duas faixas desse

músculo, inicialmente paralelas, afastam-se a partir da linha Alba, um fenômeno chamado de

diástase dos músculos retos abdominais (DMRA). A respiração curta que é a dispnéia é uma

queixa comum na gestação.

A sensação de dispnéia parece estar relacionada à maior sensibilidade do sistema

respiratório, causada pelo aumento de progesterona, ela também está relacionada com a

pressão que o útero gravídico exerce sobre o diafragma. (BURROUGHS, 1995 p. 72-81).

No primeiro trimestre temos a confirmação da gravidez, que é a fase de

implantação do blastócito, ocorrendo às modificações de todo sistema corporal, sendo que o

respiratório já tem diminuição, mas não muito significativa. (REZENDE, 2005, p.93).

No segundo trimestre, começam as alterações corporais visíveis. O início dos

movimentos fetais gera uma constante sensibilização do abdome grávido, tendo uma

respiração adequada para favorecer a dinâmica interna na relação mãe-feto. (ZUGAIB, 1994,

p.95).

Segundo Burroughs (1995) no terceiro trimestre a expansão do útero impede a

descida total do diafragma durante a inspiração. A pressão que o feto faz para cima pode

deslocar as costelas, aumentando o perímetro costal inferior da mãe de 10 a 15 cm e

aumentando o ângulo subcostal. Nesta fase da gestação, a excursão respiratória fica limitada

17

nas fases dos pulmões e torna-se mais ativa no ápice e na região medial, o que aumenta ainda

mais a dificuldade de respirar no final da gravidez.

De acordo com Zugaib (1994), o corpo com 28 semanas, mostra-se basicamente

em uma postura de tensão e ansiedade frente ao final da gestação e ao parto. Nesse período

caracteriza-se pelo crescimento e decorrente aumento do abdome gravídico, ocasionando a

hiperventilação pelo aumento do débito cardíaco, dispnéia, dificuldade no retorno venoso e

dificuldade respiratória.

2.5 ESPIROMETRIA

Para Silva (2000) a espirometria é a medida da quantidade de ar inspirado e

expirado expressa em litros e o rendimento respiratório é a velocidade de renovação do ar

expresso em litros e por segundo. É um exame fácil e simples de aplicar, baseia-se na medida

de volumes e fluxos, particularmente o expiratório.

Costa (1999) diz que o termo espirometria em latim significa spiro, respirar e

metrum, medida, designam uma técnica de medida de entrada e saída de ar nos pulmões,

utilizando registros gráficos do ar.

Hutchinson, na segunda metade do século XIX, começou a medir a capacidade

vital dos seus pacientes em espirômetro com selo d’água, observando algumas correlações

como, por exemplo, com a altura. Nos anos 40, passou-se a utilizar um quimiógrafo girando

com velocidade constante, o que possibilitou correlacionar as variações de volume com o

tempo. Assim surgiu a curva volume-tempo, que possibilitou estabelecer o VEF1 e calcular

também outras variáveis. Observou-se que, em indivíduos normais, 80% da capacidade vital

eram eliminados no primeiro segundo e que quase toda essa capacidade era exalada em três

segundos.

Constatou-se, também, que o VEF1 era o principal sinalizador de obstrução. Na

década de 1960, a curva fluxo-volume, obtida com auxílio do registrador X-Y, passou a ter

papel importante e, paulatinamente, centralizou as avaliações espirométricos. Hoje, com a

evolução tecnológica, pode-se medir e monitorar com relativas facilidades diversas variáveis

funcionais pulmonares, fazendo-se medidas objetivas não apenas do dano causado pela

doença, mas também da recuperação obtida pela terapêutica (SILVA; RUBIN; SILVA, 2000).

De acordo com Azeredo (2002), do ponto de vista da analise funcional, a

espirometria permite ao fisioterapeuta conhecer com detalhes o grau e o tipo do distúrbio que

18

envolve o sistema respiratório, mensurando com fidelidade a contribuição de todos os

componentes do sistema.

Com a espirometria, basicamente são medidos volumes e fluxos aéreos. O volume

de gás dentro dos pulmões pode ser subdividido, segundo Silva (2001), em volumes e

capacidades pulmonares, que são descritos a seguir:

• Volume Residual (VR): volume retido nos pulmões após uma expiração máxima.

• Volume de Reserva Expiratória (VRE): volume máximo que pode ser expirado

após o final de uma expiração normal.

• Volume Corrente (VC): volume expirado ou inspirado durante cada movimento

respiratório, em repouso.

• Volume de Reserva Inspiratória (VRI): volume máximo que pode ser inspirado a

partir do final de uma inspiração em repouso.

Figura 1: Volumes pulmonares

Fonte: I Consenso Brasileiro sobre Espirometria

· Capacidade Inspiratória (CI): volume máximo que pode ser inspirado a partir do

final de uma expiração normal: CI = VRI + VC.

• Capacidade Residual Funcional (CRF): volume de ar nos pulmões após uma

expiração normal: CRF = VR + VRE.

• Capacidade Vital (CV): volume máximo que pode ser expirado após a inspiração

máxima: CV = VRE + VC + VRI.

19

• Capacidade Pulmonar Total (CPT): volume de ar nos pulmões após uma

inspiração máxima: CPT = CV + VR.

Figura 2: Capacidades Pulmonares

Fonte: I Consenso Brasileiro sobre Espirometria

Segundo Silva (2000) a Capacidade Vital Forçada (CVF) é o volume de ar

eliminado o mais rapidamente possível durante as expirações forçadas, partindo-se de uma

inspiração máxima. Para sua realização, é necessária a máxima colaboração do paciente, pois

sem boa coordenação e esforço máximo não se conseguira atingir o objetivo do teste.

O Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) é o volume expirado

no primeiro segundo de eliminação da CVF. O VEF1 varia em estrita correlação com a CVF,

medindo preferencialmente o fluxo das vias aéreas de grosso e médio calibre.

Conforme Costa (1999), Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF) significa o resultado da

fração que representa o VEF1 em relação à CVF, sendo que esse valor deve estar entre 68% a

85% da CVF. Outro parâmetro utilizado na espirometria é o Pico de Fluxo Expiratório (PFE)

é o fluxo correspondente ao extremo superior da curva expiratória, devendo ser obtido por um

esforço máximo e explosivo inicial.

A Ventilação Voluntária Máxima (VVM) é o volume Máximo de ar que pode ser

respirado, em um período de tempo de 12 segundos de inspiração e expiração, da forma mais

20

rápida e profunda. Esta medida avalia as propriedades mecânicas dos pulmões e da parte

torácica conjuntamente, junto com a condição muscular respiratória.

O Fluxo Expiratório Forçado entre 25% a 75% (FEF 25, 75%) é a média da curva

da CVF, sendo entre os 25 e 75% do seu fluxo intermitente. (COSTA, 1999, SILVA, 2000)

2.5.1 Indicações

Silva, 2000, a espirometria pode ser indicada a vários fatores como:

• Avaliar a capacidade pulmonar em gestantes tanto do primeiro trimestre até o terceiro

trimestre de gestação;

• Avaliar o desempenho físico dos atletas;

• Sintomas e sinais: dispnéia, tosse, cianose e outros.

• Fumantes com idade superior a 40 anos.

2.5.2 Contra-indicações

• Hemoptise

• Dor torácica que cause restrição a esforços (RUBIN, 2000).

2.5.3 Técnica

Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), o teste é realizado com o paciente sentado,

seguindo os passos: colocação do clipe nasal e acoplamento dos lábios ao bocal do

espirômetro; solicitação de respiração normal inicialmente; logo ao final de uma expiração,

solicitar que o paciente realize inspiração forçada máxima, seguida, sem interrupção, de uma

expiração rápida e forçada durante no mínimo 6 segundos. Ao final da inspiração máxima que

precede a expiração forçada, a pausa inspiratória pode ser no máximo de 3 segundos. O teste é

repetido até serem obtidas três curvas reprodutíveis, considerando-se satisfatório quando a

forma da curva é adequada, ou seja, quando é obtido o pico expiratório inicial mais elevado

possível, seguindo de queda homogênea de fluxos. Devem ser registrados idade, sexo, raça,

peso e altura, que serão utilizados na obtenção dos valores previstos. E a VVM a paciente

continua senta e faz expirações e inspirações profundas e rápidas durante 12 segundos. As

condições atmosféricas devem ser constantes no laboratório, principalmente temperatura

21

(20ºC) e pressão (nível do mar), para evitarem-se erros de mensurações. (SILVA, 2001, p.

112).

A calibragem do aparelho é realizada pelo menos uma vez por dia, previamente às

avaliações e sempre que se fizer necessário. Caso o paciente utilize próteses orais, deve retirá-

las;

2.5.4 Interpretação

Os principais dados a serem analisados são CVF, VEF1, relação VEF1/CVF, FEF

25-75%, PFE e o VVM.

Os valores da CVF e do VEF1 devem ser sempre os maiores obtidos e não

necessariamente das maiores curvas. O papel das demais variáveis pode ter importância em

determinadas circunstâncias: o PFE como indicador do grau de colaboração do paciente; os

FEF 25%-75%, quando reduzidos, podem indicar anormalidades nas vias áreas periféricas,

desde que o VEF1 e a CVF sejam normais, variam de acordo com a faixa etária: criança e

adultos jovens >80%, acima de 45 anos > 75%, idosos > 70%. (SILVA; RUBIN; SILVA,

2000).

22

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O delineamento da pesquisa, segundo Gil (2002, p. 70) refere-se ao planejamento

da mesma em sua dimensão mais ampla, ou seja, o investigador estabelece os meios técnicos

da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população, os instrumentos e os

procedimentos necessários para a coleta de dados.

Nesta pesquisa analisou-se a função pulmonar de gestantes através da

espirometria realizada na Clínica Escola de Fisioterapia, da Universidade do Sul de Santa

Catarina – UNISUL na Cidade de Tubarão.

3.1 TIPO DE PESQUISA

As pesquisas podem ser classificadas quanto à sua abordagem, em qualitativas,

quantitativas ou quali-quantitativas; quanto aos seus objetivos, em exploratória, descritiva ou

explicativa; e ainda, quanto aos procedimentos técnicos utilizados.

3.1.1 Classificação quanto à abordagem

Quanto à abordagem é caracterizada como quantitativa, pois é uma pesquisa de

campo com levantamento de dados e consiste na solicitação de informação de um grupo de

pessoas sobre um problema estudado (GIL, 2002, p.50). E também qualitativa por que faz

uma análise profunda e exaustiva de um ou de poucos objetos de modo a permitir o seu amplo

e detalhado conhecimento.

3.1.2 Classificação quanto ao objetivo

Esta pesquisa quanto ao nível exploratório tem como objetivo proporcionar maior

familiaridade com o problema, aprimorando as idéias ou a descoberta de intuições. (GIL,

2002, p.41). De acordo com Herdt e Leonel (2004) uma pesquisa exploratória proporciona

maior familiaridade com o objeto de estudo.

3.1.3 Classificação quanto ao procedimento da técnica utilizada na coleta de dados

23

Quanto ao procedimento é de levantamento, que segundo Gil (2002) caracteriza-se

pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecerem, procede-se a

solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas a fim de se levantar as

conclusões correspondentes aos dados coletados.

3.2 Identificação da população/ amostra da pesquisa

A amostra do estudo foi composta por 8 gestantes no 3° trimestre (28 semanas a

34 semanas), a qual foi subdividida em dois grupos quanto a idade gestacional: 28 a 31

semanas; 32 a 36 semanas.

A amostra é classificada como não aleatória que se selecionou de uma população

de gestantes do Ambulatório Materno Infantil, Bairro Oficinas, Tubarão, donde se deslocaram

até a Clinica Escola de Fisioterapia, Universidade do Sul de Santa Catarina na Cidade de

Tubarão.

Os critérios de inclusão para o estudo foram: estar grávida no período entre a 28ª. à

34ª semana, isto é, no 3° trimestre de gestação, consideradas gestantes sem risco ou patologias

associadas e serem atendidas no Ambulatório Materno Infantil de Tubarão, bem como,

concordar em participar da pesquisa. O critério de exclusão foi não estar no período

gestacional exigido pela pesquisa.

3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados

Para a presente pesquisa procedeu-se uma avaliação de espirometria através de

aparelho eletrônico de marca Multispiro sensor, com software de avaliação SX/252, na qual

constam dados da gestante e que fazem parte dos dados como parâmetro de avaliação para a

curva Espirometria. O aparelho espirométrico tem procedência da Clínica Escola de

Fisioterapia, no laboratório de cardio pneumo funcional, bloco da Saúde, Campus Tubarão da

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina.

24

Foto 3: Espirometria

3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados

A coleta de dados foi realizada na Clinica Escola de Fisioterapia-UNISUL, na

cidade de Tubarão, supervisionada pela professora de Ginecologia e Obstetrícia e orientadora

do estudo, constituindo varias etapas:

1° etapa: foi feito um contato com a coordenação do Programa de Saúde da

Família, do Ambulatório Materno Infantil, a fim de esclarecer os objetivos da pesquisa.

2° etapa: visita ao Ambulatório Materno Infantil na data em que são atendidas as

gestantes para a avaliação de seu estado pré-natal. Apresentado o pesquisador às gestantes e

feito convite às mesmas para participarem do trabalho de pesquisa, dando ênfase à sua

importância.

3° etapa: depois de dirimidas as dúvidas como, desconforto, tempo, e número de

vezes às gestantes, as mesmas, voluntariamente, propuseram-se a participar da pesquisa

assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme anexo A.

4° etapa: realização da avaliação espirométrica no laboratório de cardiopneumo da

Clínica Escola de Fisioterapia - bloco da Saúde - Campus Tubarão da UNISUL.

25

3.5 Procedimentos utilizados para analise e interpretação de dados

Nas avaliações realizadas buscamos analisar os dados referentes à pesquisa com os

métodos estatísticos de correlação entre a idade e paridade; idade e cada um dos índices

espirométricos e a gestação com todos os índices espirométricos de acordo com os grupos de

28 a 31 semanas e 32 a 36 semanas. Os resultados receberam análise quantitativa, sendo

descritivo, da média e desvio padrão, não se utilizando nenhum método estatístico em função

de uma amostragem, tornando-a insignificante.

26

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANALISE E DISCUSSÃO.

O presente estudo consta dos resultados levantados de oito gestantes, submetidas à

avaliação espirométrica, que foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia Campus Tubarão

na Universidade do Sul de Santa Catarina na Cidade de Tubarão, respectivamente,

relacionadas conforme na tabela abaixo mostra os grupos: Geral com oito pacientes; 28-31

semanas com cinco pacientes; 32-36 semanas com três pacientes, mostrando cada índice

espirométricos e de acordo com a idade da paciente e o tempo gestacional dos grupos.

Tabela 1 – Dados da espirometria da média real e do desvio padrão real, com media em % e

do desvio padrão em % e a media da idade com o tempo gestacional das pacientes observadas

no estudo, de acordo com os grupos abaixo.

GERAL 28- 31semanas 32- 36 semanas

CVF 3,49± 0,44

(92,87± 10,66)

3,49± 0,54

(97,10±11,60)

3,49 ±0,27

(85,80 ± 2,89)

VEF1 2,98±0,32

(90,85±8,88)

2,97±0,40

(94,61±9,37)

3,00±018

(84,60±2,51)

VEF1/ CVF 85,47±2,16

(98,01±2,31)

85,24±2,44

(97,64±2,89)

85,86±2,01

(98,63±1,04)

PFE 6,09±090

(93,98±12,79)

6,25±1,04

(97,64±13,62)

5,86±0,70

(86,78±8,76)

FEF25-75% 3,39±0,26

(84,97±7,69)

3,43±0,33

(89,34±5,84)

3,32±0,10

(7,70±3,45)

VVM 113,44±7,23

(82,80±13,56)

109,52±6,09

(90,78±10,43)

119,97±2,54

(69,50±1,23)

Idade/tempo

gestacional

25,13±4,70

(29,88±2,42)

27,80±3,42

(28,20±0,45)

20,67±2,52

(32,67±1,15)

Tabela 1: Dados das pacientes da Espirometria. Fonte: Elaborada pela autora, 2007.

Nesta tabela mostra a relação entre a idade e o tempo gestacional e os índices

espirométrico das gestantes no grupo geral foram de 25,13 ± 4,70 anos e o tempo gestacional

foi de 29,88 ± 2,42.

27

Com relação à tabela acima, constatou-se que no grupo de 28 a 31 semanas a

relação entre a idade 27,80 ± 3,42 anos e o tempo gestacional foi de 28,20 ± 0,45; no grupo de

32 a 36 semanas a relação entre a idade 20,67±2,52 anos e o tempo gestacional foi de

32,67±1,15. Depreende-se com tais valores que os mesmos constam dentro dos valores

normais, porém, com uma diminuição fisiológica.

Deve-se observar que o presente estudo realizado, através do teste de espirometria,

pra verificar a capacidade pulmonar em gestantes, é um caminho pouco utilizado, sendo

assim, mais uma técnica para avaliar o volume corrente e volume minuto, através da qual

pode ser detectada uma diminuição na capacidade do músculo da respiração.

O gráfico abaixo nos mostra que, no grupo de 32 a 36 semanas, houve uma

diminuição na capacidade funcional, sendo considerável pra sua idade como fisiológico e não

patológico. Quanto à VVM (ventilação voluntária máxima) houve uma diminuição

significativa, porém, normal pra sua idade, constatando-se que a gestação dificulta á

respiração máxima, como ilustrada no gráfico abaixo.

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

CVF

VEF1

VEF1/CVF P

FE

FEF25-75

VVM

% do previsto

Grupo Geral

Grupo 28 a 31 semanas

Grupo 32 a 36 semanas

Gráfico1: valores em % do previsto. Fonte: Elaborada pela autora, 2007.

A gravidez, a obesidade e outras patologias que afetam a mobilidade da parede

torácica ou a distensibilidade do tecido pulmonar tendem a reduzir a CVF (PEREIRA, 1996).

De acordo com o gráfico acima, podemos observar que os valores obtidos tiveram

diminuição entre os parâmetros, CVF, VEF1, PFE, FEF 25-75 % e VVM, mas dentro dos

valores normais de acordo com que já foi visto.

28

Sendo que a ventilação está intrinsicamente ligada à capacidade de geração de

força dos músculos respiratórios. Acreditam que as mudanças na função pulmonar são

provavelmente pequenas demais pra explicar o surgimento da dispnéia, mas que as alterações

da caixa torácica poderiam influenciar o surgimento dos mesmos (CAMINHA, 2005).

A espirometria de fluxo é o teste-padrão para avaliar a função pulmonar e suas

alterações, inclusive durante a gravidez. A gravidez imprime modificações importantes na

fisiologia respiratória da mulher, com aumento de 20% no consumo de oxigênio e aumento de

15% na taxa de metabolismo materno. Esta demanda extra é alcançada devido a acréscimo de

40 a 50% no volume minuto respiratório, de 7,5 L/min (litros/minuto) para 10,5 L/min,

resultado mais do aumento do volume corrente do que de alterações na freqüência

respiratória. Isso implica aumento da profundidade da respiração, ocorrendo aumento de 50%

da ventilação pulmonar, com manutenção da freqüência respiratória. (Neppelenbroek, G. A.,

2005).

Caminha 2005, durante os estágios avançados da gravidez os músculos abdominais

sofrem estiramento para permitir o crescimento uterino, o que tendem a enfraquecê-los,

facilitando a ocorrência da separação dos feixes dos retos abdominais, diminuindo a força de

contração dos mesmos.

Ainda o mesmo autor relata que os músculos abdominais durante o terceiro

trimestre de gravidez apresentam-se mais enfraquecidos em relação às não-grávidas

29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a pesquisa, através da avaliação espirométrica constatou-se que

existe redução fisiológica da capacidade pulmonar nas gestantes, principalmente no terceiro

trimestre.

Constatou-se também que, o último mês do terceiro trimestre é o período de maior

comprometimento da capacidade pulmonar na gestante.

Verificou-se que, apesar de haver uma diminuição na capacidade pulmonar nas

gestantes do último período trimestral, não é restritivo, mas sim fisiológico deduzindo-se que

há uma adaptação no sistema respiratório da gestante.

A pesquisadora questiona se, uma vez essas gestantes sendo condicionadas pela

fisioterapia, com relação à alteração fisiológica, haveria uma da dispnéia e do cansaço,

sintomas comuns no processo gestacional.

Coloca-se, também, a importância de se pesquisar este assunto com maior

amostragem, uma vez que a pesquisadora conseguiu somente n = 8, o que é insignificante

perante a população de gestantes na Cidade de Tubarão, SC e como dado epidemiológico.

A grande dificuldade encontrada pela pesquisadora foi a de se conseguir maior

amostragem, uma vez que este procedimento não é regular no desenvolver do pré-natal, e as

mesmas não vêm à importância da avaliação espirométrica, seja pela desinformação, seja pela

adaptação dos seus desconfortos respiratórios no desenrolar da gravidez, ou, seja ainda, por

que seu médico não solicita.

A pesquisadora se coloca a disposição para novas pesquisas nesse enfoque,

considerando ser uma área ainda inexplorada e com falta de estudos mais profundos.

30

REFERÊNCIAS AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia Respiratória Moderna. 4 ed. Barueri: Manoli, 2002. BODIAJINA, V I. Manual de obstetrícia. Moscovo: Mir, 1985. 415 p. BURROUGHS, Arlene. Enfermagem materna. 6° ed. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995. CAMINHA, M. A., et al. Avaliação da força muscular respiratória no terceiro trimestre de gestação. Revista Brasileira de Fisioterapia. Recife, 2 jun. 2005. COSTA, Dirceu. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu, 1999. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 1014 p. HEERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia científica: disciplina na modalidade a distância. 2. ed. Palhoça: 2005. 274 p. LATARJET, M; RUIZ LIARD, A. Anatomia humana. 2. ed. São Paulo: Panamericana, 1996. 2 v. NEPPELENBROEK, G.A. et al. Investigação do Fluxo Expiratório Maximo em Gestantes Saudáveis. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Vol. 27. n 1. Rio de Janeiro. Jan. 2005. PEREIRA, C. A.C. I Consenso Brasileiro sobre Espirometria. UNIFESP, 1996. POSTIAUX, Guy. Fisioterapia respiratória pediátrica: o tratamento guiado por ausculta pulmonar. 2° ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. 10° ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2005. SANCOVSKI, Mauro; ZUGAIB, Marcelo. O pré-natal. 6° ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1994. SILVA, Luiz Carlos Corrêa da et al. Condutas em pneumologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 1 v.

31

_________.RUBIN, A. S; SILVA, L. M. C. da. Avaliação Funcional Pulmonar: incluindo questões de auto-avaliação e respostas comentadas. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. SIMÃO, Roberto. Fisiologia e prescrição de exercícios para grupos especiais. São Paulo: Phorte, 2004.

32

APÊNDICE

33

ÂPENDICE A – Termo de consentimento

Tubarão,..........de.............................. de 200....

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu......................................................................................................., portadora de

RG............................., declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e

que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos

os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos

experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim.

Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.

Assinatura do responsável:..................................................................................................

Assinatura do pesquisador:.................................................................................................