23
 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ODONTOLOGIA AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APÓS TRATAMENTO COM AGENTES CLAREADORES CONTENDO CÁLCIO OU FLÚOR NA COMPOSIÇÃO Charles Alex Rauen Júlio Cezar Chidoski Filho Orientadora:  Profa. Dra.  Osnara Maria Mongruel Gomes PONTA GROSSA 2014

AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APÓS TRATAMENTO COM AGENTES CLAREADORES CONTENDO CÁLCIO OU FLÚOR NA COMPOSIÇÃO

  • Upload
    charles

  • View
    10

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Artigo científico apresentado como trabalho de conclusão de curso, como requisito parcial para graduação em Odontologia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG Autores: Charles Rauen e Júlio Cezar Chidoski

Citation preview

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    ODONTOLOGIA

    AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA

    SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES

    CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO

    Charles Alex Rauen

    Jlio Cezar Chidoski Filho

    Orientadora: Profa. Dra. Osnara Maria Mongruel Gomes

    PONTA GROSSA

    2014

  • CHARLES ALEX RAUEN

    JLIO CEZAR CHIDOSKI FILHO

    AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA

    SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES

    CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO

    PONTA GROSSA

    2014

    Artigo cientfico apresentado como trabalho

    de concluso de curso, como requisito

    parcial para graduao em Odontologia pela

    Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG

    Orientadora: Profa. Dra. Osnara Maria

    Mongruel Gomes.

    Co-orientadores: doutoranda Bruna

    Fortes Bittencourt, Profa. Dra Giovana

    Mongruel Gomes e Prof Dr. Joo Carlos

    Gomes.

  • AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA

    SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES

    CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO

    EFFECT OF BLEACHING AGENTS CONTAINING FLUORIDE OR CALCIUM ON

    HUMAN ENAMEL MICROHARDNESS, ROUGHNESS AND PERMEABILITY

    SHORT TITLE: Bleaching with F or Ca on enamel properties

    Charles Alex Rauen1, Jlio Cezar Chidoski Filho1, Bruna Fortes Bittencourt2,

    Giovana Mongruel Gomes3, Joo Carlos Gomes3, Osnara Maria Mongruel Gomes3.

    1Alunos de Graduao em Odontologia Universidade Estadual de Ponta Grossa,

    Paran, Brasil.

    2Doutoranda em Odontologia Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paran,

    Brasil.

    3Professores Doutores do Curso de Odontologia Universidade Estadual de Ponta

    Grossa, Paran, Brasil.

    Resumo:

    Avaliou-se o efeito de agentes clareadores com clcio e flor na rugosidade, microdureza e permeabilidade do esmalte humano. Foram utilizados 52 pr-molares. Para a rugosidade e microdureza, 20 coroas foram seccionadas no sentido msio-distal, para obteno de 40 espcimes (hemi-faces), as quais sofreram avaliaes iniciais (padro Ra e dureza Vickers, respectivamente). Os espcimes foram aleatoriamente divididos em 4 grupos (n=10 para microdureza e rugosidade, e n=8 para permeabilidade): G1-sem clareamento(controle); G2- clareamento com perxido de hidrognio (PH) 35%; G3-PH 38%+flor e G4-PH 35%+clcio. Aps os procedimentos clareadores, foram feitas as medidas de rugosidade e microdureza finais, e os 32 espcimes restantes foram imersos em hipoclorito de sdio 1% (20min) e soluo de nitrato de prata 50% (2h). Posteriormente, foram revelados e submetidos ao de luz fluorescente (16h). Realizaram-se trs cortes longitudinais

  • e obtiveram-se imagens analisadas em Fotomicroscpio (100x), de acordo com os escores: 0: sem penetrao do agente traador; 1: Menos da metade da espessura do esmalte atingida pelo agente traador; 2: Agente traador atingindo metade da espessura do esmalte; 3: Todo o esmalte atingido pelo agente traador, sem atingir dentina; 4: Agente traador atingindo dentina. Os dados de microdureza e rugosidade foram analisados por ANOVA um fator e ps-teste de Dunnet, e teste t, e permeabilidade por Kruskall Wallis e Dunn. Observou-se rugosidade e permeabilidade significativamente maiores e microdureza diminuda nos grupos 2, 3 e 4 em relao ao G1 (p
  • microhardness of human enamel; thus, the addition of fluoride or calcium was not

    beneficial.

    Key-words: dental bleaching, hydrogen peroxide, dental enamel permeability,

    surface properties.

  • 5

    Introduo

    A tcnica de clareamento dental utilizando perxido de hidrognio ou perxido

    de carbamida tem se tornado um procedimento popularizado, principalmente pelos

    benefcios caracterizados pela capacidade de promover alterao de cor dando

    tonalidades mais claras aos dentes (1). As modalidades de tratamentos so

    basicamente duas: tcnica caseira e tcnica em consultrio. Alguns pacientes

    preferem a tcnica de consultrio, por no se habituarem a usar a moldeira ou no

    desejarem esperar semanas para perceber a mudana e preferirem resultados mais

    imediatos, comparado tcnica caseira (2).

    O mecanismo de ao dos agentes clareadores base de perxido de

    hidrognio e carbamida se baseia na degradao dessas substncias e liberao de

    espcies reativas de oxignio, que se difundem pela superfcie do esmalte agindo

    principalmente na dentina, onde agem fazendo a quebra de anis de carbono de alto

    peso molecular das molculas cromforas, tornando-as molculas cada vez

    menores; estas por sua vez, difundem-se para fora da superfcie, proporcionando a

    alterao de cor desejada (3).

    de conhecimento geral e comprovado que os agentes clareadores (perxido

    de hidrognio e de carbamida) trazem alguns danos superfcie do esmalte dental,

    como aumento da rugosidade (4,5) e da permeabilidade (6,7). Esse efeito foi

    demonstrado num estudo (8) que realizou a penetrao de nitrato de prata pelas

    estruturas dentais, aps clareamento, sendo possvel verificar que esses agentes

    abrem canais de difuso na estrutura do dente, atravs dos quais as molculas so

    transportadas para a dentina. Provavelmente, uma perda mineral pode ser verificada

    aps utilizao dos agentes clareadores (9,10), a qual apontada como causa da

    diminuio da microdureza superficial (11,12).

    Uma das provveis causas desses efeitos adversos seria a liberao de

    radicais livres de oxignio durante a reao, os quais no agem de forma especfica,

    podendo agir sobre a matriz orgnica das estruturas dentais (13), rompendo os

    lipdios e protenas que so componentes orgnicos dos tecidos dentrios duros

    (14). Fisiologicamente qualquer terapia clareadora tem a capacidade de aumentar os

  • 6

    nveis de radicais livres no complexo dentino-pulpar, o que pode induzir estresse

    oxidativo nos odontoblastos depositando dentina terciria, geralmente mais

    mineralizada e com maior croma. Isso poderia explicar a recidiva de cor ocorrida

    aps o clareamento, bem como os constantes relatos de sensibilidade verificados

    durante as sesses (15). tambm caracterstica dessas alteraes a diminuio

    das matrizes de clcio e fosfato (9,16).Essas alteraes so prejudiciais sade dos

    tecidos dentais, pois concomitante a este processo caracteriza-se a susceptibilidade

    formao de leses de crie devido maior facilidade de adeso de placa

    bacteriana, devido alterao morfolgica, como tambm pela estrutura mineral

    apresentar-se comprometida e previamente desmineralizada (10,17).

    O flor tem eficcia comprovada em promover remineralizao e inibir a

    desmineralizao do esmalte (18). E no s o flor a nica forma de se garantir

    essa remineralizao, compostos com clcio tambm apresentam eficcia em

    devolver a estrutura mineral perdida (19). Com esse objetivo, flor e clcio tm sido

    adicionados aos gis clareadores como alternativa para diminuir esses efeitos

    adversos causados no esmalte pelo clareamento (20). Porm, existem controvrsias

    entre estudos, pois autores relatam que adio de flor aos gis clareadores no

    apresenta resultados benficos em termos de diminuio da desmineralizao do

    esmalte aps o clareamento(21,22).

    Portanto, diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar in vitro as alteraes

    na rugosidade, microdureza e permeabilidade do esmalte humano quando exposto a

    agentes clareadores de uso em consultrio contendo flor ou clcio na sua

    formulao.

  • 7

    Material e Mtodos

    Preparo das amostras

    Para a realizao deste estudo, foram utilizados 52 coroas de dentes pr-

    molares humanos (COEP-UEPG, parecer no 25/2011, protocolado sob o no

    18741/10). As coroas dos dentes selecionados foram removidas na altura da juno

    cemento-esmalte (JCE) com o auxlio de um disco de diamante montado em uma

    mquina de corte Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff, IL, EUA) a uma velocidade de

    300 rpm (rotaes por minuto) sob irrigao constante em gua.

    Para o teste de rugosidade superficial e microdureza, foram utilizados 20

    coroas. Para permeabilidade, 32 coroas foram vedadas na JCE com sistema

    adesivo (Adper Single Bond, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) e resina composta

    (Z100, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA), para impedir a posterior penetrao do agente

    traador (nitrato de prata, Vetec Qumica Fina, Xerm, RJ, Brasil) por esta regio.

    Para realizao dos testes de microdureza e rugosidade superficial, as coroas

    foram divididas em hemi-faces. Com o auxlio de um disco de diamante montado em

    uma mquina de corte Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff) a uma velocidade de 300

    rpm sob irrigao constante em gua foi realizado outro corte no sentido msio-distal

    para separao das 20 coroas, em pores vestibulares e palatinas. Foram

    confeccionados 40 fragmentos de esmalte nas dimenses 2 mm x 2 mm x 2 mm. O

    delineamento do estudo pode ser observado no Fluxograma 1.

  • 8

    Fluxograma 1 Delineamento do estudo.

    Teste de Rugosidade Superficial

    A anlise de rugosidade superficial inicial (RI) foi realizada em Rugosmetro

    Digital Mitutoyo Surftest-301 (Mitutoyo-Kawasaki, Kanagawa, Japo), nos 40

    espcimes (hemi-faces). Foram mensuradas 4 leituras de rugosidade para cada

    espcime, das quais se obteve a mdia aritmtica, a qual foi considerada como valor

    da RI (Rugosidade Inicial), utilizando-se o parmetro Ra, cutt-off de 0,25 mm e

    comprimento de leitura 1,25 mm.

  • 9

    Teste de microdureza superficial

    O teste de microdureza Vickers (VHN) foi realizado em microdurmetro

    (Shimadzu, Kyoto, Japo), nos mesmos espcimes utilizados para o teste de

    rugosidade. A superfcie do espcime foi dividida em 4 quadrantes, onde foram

    realizadas 5 indentaes com uma carga de 50 g por 15 s cada, das quais se obteve

    a mdia aritmtica, a qual foi considerada como valor da MI (microdureza inicial).

    Grupos experimentais tratamento clareador

    Os 72 espcimes foram divididos para os testes de permeabilidade,

    rugosidade e microdureza superficial; para o primeiro foram utilizadas 32 coroas

    divididas aleatoriamente em 4 grupos (n=8) e para os testes de rugosidade e

    microdureza, 40 espcimes (n=10) foram divididos aleatoriamente em 4 grupos

    (n=10): Grupo 1 sem clareamento (controle); Grupo 2 clareamento com perxido

    de hidrognio 35% (WhitenessHPMaxx, FGM, Joinville, SC, Brasil); Grupo 3

    clareamento com perxido de hidrognio 38% com flor na composio

    (OpalescenceBoost PF, Ultradent, South Jordan, UT, EUA) e Grupo 4 clareamento

    com perxido de hidrognio 35% com clcio na composio (HP Blue, FGM,

    Joinville, SC, Brasil). Os tratamentos foram realizados de acordo com as instrues

    dos respectivos fabricantes (Tabela 1).

    O grupo controle (G1) permaneceu em saliva artificial e no recebeu nenhum

    tratamento clareador. Todos os grupos foram mantidos em saliva artificial durante

    todo o experimento.

  • 10

    Tabela 1 Materiais utilizados, fabricante, modo de aplicao e composio.

    Material Fabricante Modo de

    aplicao

    Composio

    WhitenessHPMaxx

    FGM; Joinville-

    Santa Catarina

    Brasil

    3 aplicaes X 15

    min cada

    Aps mistura das fases:

    Perxido de Hidrognio a 30%

    - 35%, espessantes, mistura de

    corantes, glicol, carga

    inorgnica e gua

    deionizada.

    Opalescence

    Boost PF

    Ultradent

    Products Inc.,

    Salt Lake City,

    Utah, EUA

    3 aplicaes X 15

    min cada

    Perxido de hidrognio 38%

    com fluoreto de sdio 1,1% e

    hidrxido potssico 2,6%

    HPBlue

    FGM; Joinville-

    Santa Catarina

    Brasil

    Aplicao nica de

    45 min

    Ingredientes Ativos: Perxido

    de Hidrognio a 20% ou 35%

    Ingredientes Inativos:

    Espessantes, pigmento violeta

    (HP

    Blue 35%), agentes

    neutralizantes, Gluconato de

    Clcio, Glicol e gua

    Deionizada

    Saliva Artificial

    Farmcia

    Eficcia, Ponta

    Grossa, Paran,

    Brasil

    -------

    Cloreto de sdio 0,084%,

    cloreto de clcio 0,015%,

    potssio quelado 0,034%,

    cloreto de potssio 0,12%,

    cloreto de magnsio 0,005%,

    benzoato de sdio 0,2%, CMC

    1%, gua destilada 500mL

  • 11

    Avaliao da rugosidade final e microdureza final

    Aps 48 horas dos procedimentos clareadores, os espcimes foram

    submetidos novamente leitura da rugosidade e microdureza superficial, sendo

    realizada como descrita para a leitura inicial (RI e MI); porm, obtendo-se os valores

    da rugosidade final (RF) e microdureza final (MF).

    Teste de Permeabilidade

    Depois de realizado o procedimento clareador, os 32 espcimes (coroas),

    inclusive os de G1, foram armazenados em recipientes prova de luz e imersas em

    saliva artificial por 48 horas em estufa a 37o C. Decorrido esse perodo, foram

    imersos em hipoclorito de sdio 1% (Soluo de Milton, Asfer Indstria Qumica

    Ltda, So Caetano do Sul, SP, Brasil), durante 20 min. Aps, foram deixados secar

    temperatura ambiente por 12 h.

    Em seguida, em todas as coroas procedeu-se a impermeabilizao das

    pores palatinas e da JCE aplicando-se uma camada de cola de secagem rpida

    base de cianocrilato (SuperbonderLoctite, Henkel Ltda, So Paulo, SP, Brasil),

    seguida de uma camada de esmalte para unhas, sendo delimitada uma mscara na

    regio mediana da coroa. Aps, as coroas foram imersas em soluo de nitrato de

    prata 50% (Vetec Qumica Fina, Xerm, RJ, Brasil) por 2 h em ambiente escuro e

    fechado. Posteriormente, foram removidas do corante e colocadas em soluo

    reveladora (Kodak, Eastman Kodak Company, Rochester, NY, EUA) e submetidas

    ao de luz fluorescente por 16 h. Decorrido esse perodo, as coroas foram lavadas

    em gua corrente e a camada de esmalte para unhas foi removida com o auxlio de

    instrumentos cortantes manuais.

    Em seguida, as coroas foram includas em tubos de policloreto de vinila (PVC)

    com resina acrlica (Duralay, Reliance, Dental Mfg. Co., Worth, IL, EUA), sendo,

    posteriormente, obtidos trs cortes no sentido longitudinal das coroas (sentido

    vestbulo/lingual) com auxlio de um disco de diamante montado em uma mquina

    de corte Isomet 1000 (Buehler) sob irrigao constante em gua.

  • 12

    As amostras obtidas foram ento fotografadas em um Fotomicroscpio

    Leica (Olympus BX41-U-CA, Tokyo, Japo) com aumento de 100 vezes, obtendo-

    se imagens com o auxlio de uma mquina digital com resoluo de 5.1 Megapixels

    e captura de imagem em tempo real (Olympus CCD DP-71, Tokyo, Japo) e

    software DP controller (Olympus, Tokyo, Japo).

    Posteriormente, a anlise das imagens quanto permeabilidade foi realizada

    por trs avaliadores previamente calibrados por meio do sistema de escores, no

    seguinte padro: Escore 0 - sem penetrao do agente traador; Escore 1 - menos

    da metade da espessura do esmalte atingida pelo agente traador; Escore 2 -

    agente traador atingindo metade da espessura do esmalte; Escore 3 - toda a

    extenso do esmalte atingida pelo agente traador, sem atingir a dentina; Escore 4 -

    agente traador atingindo a dentina (Figura 1). Para essa avaliao do grau de

    penetrao do corante, a mesma foi determinada a partir da visualizao do tero

    mdio da coroa dentria. Caso os avaliadores discordassem em alguma avaliao,

    um consenso entre os mesmos deveria ser obtido e esse novo escore foi aceito.

    Figura 1 Esquema ilustrativo dos diferentes escores para avaliao do grau de penetrao do

    agente traador (D: dentina; E: esmalte).

    Anlise estatstica

    Os dados obtidos de rugosidade e microdureza foram analisados por ANOVA

    1 fator e ps-teste de Dunnet (=0,05) para amostras independentes, e teste t para

    amostras pareadas (valores iniciais e finais de cada grupo). Para permeabilidade, os

    dados qualitativos obtidos foram analisados pelo teste no paramtrico Kruskall

    Wallis e ps-teste de Dunn (=0,05).

  • 13

    Resultados

    Os valores mdios e desvio-padro da rugosidade superficial inicial (RI) e final

    (RF), em m, para os diferentes grupos experimentais esto demonstrados na

    Tabela 2.O teste ANOVA demonstrou no haver diferenas significativas entre RI de

    todos os grupos (p=0,9312). Em relao RF, foram detectadas diferenas

    significativas (Dunnet, p=0,0383) entre o G1 e demais grupos. O teste t verificou

    que, com exceo do G1, todos os grupos experimentais foram diferentes

    estatisticamente entre si, quando comparadas a RI (pr-clareamento) e RF (ps-

    clareamento) de cada grupo independente.

    Tabela 2 Valores mdios (m) e desvio-padro da rugosidade superficial inicial (RI) e final

    (RF), para os diferentes grupos experimentais*

    Grupos RI RF

    G1 0,31 0,08 Aa 0,31 0,08 Aa

    G2 0,29 0,12 Aa 0,40 0,09 Bb

    G3 0,29 0,08 Aa 0,41 0,05 Bb

    G4 0,31 0,09 Aa 0,40 0,08 Bb

    * Letras maisculas indicam comparaes apenas entre colunas. Letras minsculas indicam comparaes entre

    linhas. Letras iguais representam semelhanas estatisticamente significativas (p > 0,05).

    Valores mdios e desvio-padro da microdureza superficial inicial (MI) e final

    (MF) obtidos para cada grupo encontram-se na Tabela 3. O teste ANOVA 1 fator

    mostrou no haver diferenas estatsticas entre a MI dos grupos experimentais

    (p=0,2849), porm a MF de G1 e G2 foram estatisticamente diferentes de G3 e G4

    (p

  • 14

    Tabela 3 - Valores mdios (KHN) e desvio-padro da microdureza superficial inicial (MI) e final

    (MF), para os diferentes grupos experimentais*

    Grupos MI MF

    G1 376,1 78,6 A,a 370,2 78,6 B,a

    G2 413,1 74,6 A,a 369,7 47,1 B,b)

    G3 406,1 80,3 A,a 284,4 22,2 C,b

    G4 342,1 34,1 A,a 258,1 34,6 C,b

    * Letras maisculas indicam comparaes apenas entre colunas. Letras minsculas indicam comparaes entre

    linhas. Letras iguais representam semelhanas estatisticamente significativas (p > 0,05).

    As medianas ( 1o/3o interquartis) para a varivel dependente permeabilidade

    obtidos para cada grupo esto demonstrados na Tabela 4. Observou-se que G1 foi

    estatisticamente inferior aos demais grupos (p < 0,05), os quais no diferiram

    estatisticamente entre si.

    Tabela 4 Medianas (1o/3o interquartis) para o grau de permeabilidade e significncia dos

    diferentes grupos experimentais.

    GRUPOS MEDIANAS (1/3interquartis) SIGNIFICNCIA*

    G1 1 (1/1) A

    G2 3 (2/3) B

    G3 2 (1.75/2.25) B

    G4 1.5 (1/3) B

    * Letras iguais representam semelhanas estatisticamente significativas (p > 0,05).

  • 15

    Discusso

    O foco principal do estudo foi avaliar o efeito da adio de clcio e flor na

    composio dos agentes clareadores como alternativa para diminuir os efeitos

    adversos sobre o esmalte humano. As alteraes tanto de rugosidade,

    permeabilidade e microdureza ocorreram de forma semelhante, ocorrendo variaes

    entre as amostras clareadas e os grupos controle (sem clareamento). Portanto, foi

    demonstrado que existe alteraes dessas propriedades aps tratamento com gis

    clareadores,independentemente da presena de clcio ou de flor na sua

    composio.

    Resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Horning

    et al. 2013(6) que compararam a permeabilidade do esmalte humano aps

    exposio de agentes clareadores de uso caseiro (perxido de hidrognio 6% com

    clcio) e de uso em consultrio (perxido de hidrognio 35%). No foram

    observadas diferenas significativas entre os grupos clareados, mas todos estes

    grupos apresentaram aumento significativo na permeabilidade, no encontrando

    benefcio da adio de clcio ao agente clareador. Contrrio aos resultados do

    presente estudo, bons resultados utilizando de Ca e F para agentes clareadores

    caseiros experimentais de perxido de carbamida foram encontrados em outro

    estudo (20) que mostrou que esses gis promoveram minimizao da perda mineral.

    Uma hiptese que poderia explica este resultado est relacionada s menores

    concentraes do perxido de carbamida em relao ao perxido de hidrognio.

    Sabe-se que fatores como concentrao (10), tempo de aplicao(23) e

    pH(24) do agente clareador podem predizer a influncia dessas substncias sobre

    as estruturas dentais. Segundo Bistey et al. 2007(23),a concentrao mais elevada e

    um maior tempo de tratamento resultam em alteraes mais severas no esmalte

    dental humano. Outro estudo(10) demonstrou que esta relao diretamente

    proporcional entre a perda de estrutura mineral e a concentrao do agente

    clareador, apontando que agentes clareadores base de perxido de hidrognio a

    35 e 38% mostraram valores de perda de clcio significantemente maiores em

    relao a agentes de uso caseiro (perxido de carbamida 10%).

  • 16

    Os motivos dessas discrepncias entre os resultados do presente estudo com

    aqueles j publicados sobre o tema pode estar nestas variantes. No s a

    concentrao e tempo de aplicao assim como o pH dos agentes tambm pode ser

    um fator determinante para a quantidade de perda mineral. Em estudo semelhante,

    os autores (24) investigaram o efeito dos valores de pH de agentes clareadores

    sobre as propriedades da superfcie do esmalte. No houve nenhuma alterao

    morfolgica e qumica da superfcie do esmalte nas solues neutras ou alcalinasde

    branqueamento. No presente estudo, tomou-se o cuidado de selecionar produtos

    que se apresentavam em concentraes semelhantes (35 e 38%), e o tempo em

    que os gis permaneceram em contato com o esmalte foi o mesmo no total (45 min),

    variando- apenas a posologia proposta por cada fabricante, como demonstra-se na

    Tabela 1. O pH de cada agente clareador mostrou uma variao (HPMaxx ~ 6;

    OpalescenceBoost PF ~ 7; HPBlue ~ 8), a qual no se mostrou significativa no que

    diz respeito aos resultados.

    Os resultados desta pesquisa comprovam que todos os agentes clareadores

    diminuram a microdureza, e aumentaram a permeabilidade e a rugosidade

    superficial do esmalte humano. Entretanto, por se tratar de um estudo laboratorial,

    extrapolaes clnicas no so possveis. Mais estudos in vivo so necessrios para

    comprovar tal hiptese, pois se sabe que na cavidade oral existe o movimento do

    fluido dentinrio provindo da cmara pulpar dos dentes, podendo tornar o esmalte

    menos permevel que em condies in vitro (25), alm da capacidade

    remineralizante da saliva.

    Concluso

    Pode-se concluir que todos os agentes clareadores analisados aumentaram a

    permeabilidade e a rugosidade, e diminuram a microdureza superficial do esmalte

    humano. E, a adio de clcio ou flor no foi efetiva na reverso destes efeitos

    adversos.

  • 17

    Referncias

    1. Haywood VB, Hook V, Heymann H. Nightguard vital bleaching effects of various

    solutions on enamel surface texture and color. Quintessence Int 1991;22:775-782.

    2. Marson FC, Sensi LG, Vieira LCC, Arajo E. Clinical Evaluation of In-office Dental

    Bleaching Treatments With and Without the Use of Light-activation Sources. Oper

    Dent 2008;33:15-22.

    3. Dietschi D, Rossier S, Krejci I. In vitro colorometric evaluation of the efficacy of

    various bleaching methods and products. QuintessenceInt2006;37:515-526.

    4. Dominguez JA, Bittencourt B, Michel M, Sabino N, Gomes JC, Gomes OM.

    Ultrastructural evaluation of enamel after dental bleaching associated with fluoride.

    Microsc Res Tech 2012;75:1093-1098.

    5. Markovic L, Jordan RA, Lakota N, Gaengler P. Micromorphology of enamel

    surface after vital tooth bleaching. J Endod 2007;33:607-610.

    6. Horning D, Gomes GM, Bittencourt BF, Ruiz LM, Reis A, Gomes OMM. Evaluation

    of human enamel permeability exposed to bleaching agents. Braz J Oral Sci

    2013;12:114-118.

    7. Soares DGS, Ribeiro APD, Sacono NT, Coldebella CR, Hebling J, Souza Costa

    CA. Transenamel and transdentinal cytotoxicity of carbamide peroxide bleaching gels

    on odontoblast-like MDPC-23 cells. IntEndod J 2011;44:116-125.

    8. Mendona LC, Naves LZ, Garcia LFR, Correr-Sobrinho L, Soares CJ, Quagliatto

    PS. Permeability, roughness and topography of enamel after bleaching: tracking

    channels of penetration with silver nitrate. Braz J Oral Sci2011;10:1-6.

  • 18

    9. Tezel H, Erta OS, Ozata F, Dalgar H, Korkut ZO. Effect of bleaching agents on

    calcium loss from the enamel surface. Quintessence Int 2007;38:339-347.

    10. Al-Salehi SK, Wood DJ, Hatton PV. The effect of 24h non-stop hydrogen

    peroxide concentration on bovine enamel and dentine mineral content and

    microhardness. J Dent 2007;35:845-850.

    11. Fu B, Hoth-Hannig W, Hannig M. Effects of dental bleaching on micro- and nano-

    morphological alterations of the enamel surface. Am J Dent2007;20:35-40.

    12. Magalhes JG, Marimoto AR, Torres CR, Pagani C, Teixeira SC, Barcellos DC.

    Microhardness change of enamel due to bleaching with in-office bleaching gels of

    different acidity. ActaOdontolScand 2012;70:122-126.

    13. Hegeds C, Bistey T, Flora-Nagy E, Keszthelyi G, Jenei A. An atomic force

    microscopy study on the effect of bleaching agents on enamel surface. J Dent

    1999;27:509-515.

    14. Minoux M, Serfaty R. Vital tooth bleaching: biologic adverse effects-a

    review. Quintessence Int 2008;39:645-659.

    15. Leonard RH Jr, Haywood VB, Phillips C. Risk factors for developing

    tooth sensitivity and gingival irritation associated with nightguard vital

    bleaching. Quintessence Int 1997;28:527-534.

    16. Soares DG, Ribeiro AP, Sacono NT, Logurcio AD, Hebling J, Costa CA. Mineral

    loss and morphological changes in dental enamel induced by a 16% carbamide

    peroxide bleaching gel. Braz Dent J 2013;24:517-521.

  • 19

    17. Hosoya N, Honda K, Iino F, Arai T.Changes in enamel surface roughness and

    adhesion of Streptococcus mutans to enamel after vital bleaching.J Dent

    2003;31:543-548.

    18. Ten Cate JM, Buijs MJ, Miller CC, Exterkate RAM. Elevated fluoride products

    enhance remineralization of enamel. J Dent Res 2008;87:943947.

    19. Langhorst SE,O'Donnell JN,Skrtic D. In vitro remineralization of enamel by

    polymeric amorphous calcium phosphate composite: quantitative microradiographic

    study.Dent Mater 2009;25:884891.

    20. Cavalli V, Rodrigues LKA, Paes-Leme AF, Soares LES, Martin AA, Berger SB,

    Giannini M. Effects of the addition of fluoride and calcium to low-concentrated

    carbamide peroxide agents on the enamel surface and subsurface. Photomed Laser

    Surg 2011;29:319-325.

    21. Attin T, Kocabiyik M, Buchalla W, Hannig C, Becker K. Susceptibility of enamel

    surfaces to demineralization after application of fluoridated carbamide peroxide gels.

    Caries Res 2003;37:93-99.

    22. Tschoppe P, Neumann K, Mueller J, Kielbassa AM. Effect of fluoridated

    bleaching gels on the remineralization of predemineralized bovine enamel in vitro. J

    Dent 2009;37:156162.

    23. Bistey T, Nagy IP, Sim A, Hegedus C. In vitro FT-IR study of the effects of

    hydrogen peroxide on superficial tooth enamel. J Dent 2007;35:325-330.

    24. Xu B, Li Q, Wang Y.Effects of pH values of hydrogen peroxide bleaching agents

    on enamel surface properties. Oper Dent 2011;36:554-562.

    25. Vongsavan N, Matthews B. The permeability of cat dentin in vivo and in vitro. Arch Oral Biol 1991;36:641-646.

  • 20

    ANEXOS

  • 21

    CARTA DE SUBMISSO DO ARTIGO

    Ponta Grossa PR-Brasil, July 21, 2014.

    Dr.

    Jesus Djalma Pcora and Editors,

    We are sending the article entitled: Effect of bleaching agents containing fluoride or calcium

    on enamel microhardness, roughness and permeability.

    We would highly appreciate if this paper could be published in Brazilian Dental Journal.

    Thank you in advance and we are looking forward to hearing from you soon.

    Sincerely yours,

    Giovana Mongruel Gomes and authors

  • 22