Avaliação da polinização e estudo comportamental de Apis mellifera L. na cultura do meloeiro em Mossoró, RN

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    REVISTA DE BIOLOGIA E CINCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228Volume 4 - Nmero 1 - 1 Semestre 2004

    Avaliao da polinizao e estudo comportamental deApis mellifera L.

    na cultura do meloeiro em Mossor, RNMaria Santana de Arajo Trindade

    1; Adalberto Hiplito de Sousa

    2; Welber Eustquio de Vasconcelos

    3;

    Romenique da Silva de Freitas4; Anna Maria Amorim Silva

    5; Daniel Santiago Pereira

    6; Patrcio Borges

    Maracaj7

    1 - INTRODUO

    0 melo (Cucumis melo L.) uma importante espcie polimrfica da famliaCucurbitaceae, cuja origem ainda muito discutida. Alguns pesquisadores sugerem comoprovvel centro de origem da espcie uma regio que abrange do Ir a Transcaucsia,

    tendo como secundrios o nordeste da ndia, Kashimir e Afeganisto (PEDROSA, 1997),mas outros autores reportam que o melo originrio da frica tropical e subtropical.

    Sendo o melo uma das espcies olercolas de maior expresso econmica e social paraa regio Nordeste do Brasil. A sua introduo no pas se deu atravs de imigranteseuropeus, tendo se desenvolvido inicialmente no Rio Grande do Sul, que foi o maiorprodutor nacional at o final da dcada de 60. A sua expanso ocorreu somente depoisde 1970, quando emergiram importantes plos de produo nos Estados de So Paulo,Par e na regio do Sub-mdio do So Francisco, polarizado por Petrolina (PE) eJuazeiro (BA). Essa expanso tem sido registrada tanto em rea cultivada quanto emprodutividade (ALMEIDA, 1992). Em 1992 a regio Nordeste era responsvel por 84% da

    produo total do pas (IBGE, 1992; FAO, 1994), sendo o Rio Grande do Norte o maiorprodutor.

    Atualmente destacam-se como maiores produtores de melo no Brasil os Estados do RioGrande do Norte, Cear, Bahia e Pernambuco, que contribuem com mais de 90% daproduo nacional.

    Esta planta pode apresentar quatro tipos de expresso sexual: andromonica, monica,ginomonica e hermafrodita (COSTA & PINTO, 1977). O hbrido Gold Pride temexpresso sexual andromonica, sendo necessrio as visitas das abelhas (Apis melliferaL.) para que ocorra a polinizao.

    A apicultura o ramo da indstria animal que trata da criao da abelhaApis mellifera doaproveitamento de seus produtos e da polinizao.

    A importncia da apicultura conhecida j h muito tempo, especialmente pelas quasesempre positivas repercusses que tem sobre a economia agrria em geral: o primeirogrande lucro da criao de abelhas indireto, j que consiste na polinizao de muitasplantas cultivadas, realizadas pelas abelhas em seu trabalho dirio, que ocasiona umafecundao muito mais rpida e completa que a realizada pela simples ao do vento oude outros animais.

    Tanto em inmeras provas experimentais realizadas, como efetivamente na produoagrria, demonstrou-se j de modo definitivo que essas plantas aumentam sua produoem mais do dobro, quando ocorre a interveno da abelha, comparativamente a

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    espcimes similares plantados e cuidados em cultivos isolados. claro que, nesse caso,devem ser instaladas na plantao colmias em ditos prnubos (ou seja, polinizadores), aabelha representa cerca de 90% de todos os animais visitadores das flores e, entre eles, quase praticamente o nico que pode ser criado e explorado com finalidadeseconmicas pelo homem (MELCHOR & ALEMANY, 1979). Poucos esforos tm sidodedicados ao estudo de polinizao que poderiam melhorar a qualidade e a produtividade

    dos produtos agrcolas. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo analisar o efeitoda polinizao daApis mellifera na produo de melo.

    2 - REVISO DE LITERATURA

    A medida que a agricultura vai se desenvolvendo com aprimoramento das tcnicas decultivo, da fertilizao e irrigao do solo, da utilizao de sementes selecionadas, apolinizao pode se tornar um fator limitante na produo agrcola dos pases tropicais.

    McGregor (1976) afirma que quase 80% dos vegetais superiores de interesse econmico,

    seja pelos seus frutos como pelas sementes, gros, fibras e demais produtos, dependemquase que exclusivamente dos insetos para a polinizao.

    A populao de insetos nativos, responsvel pela polinizao de muitas espciesvegetais, tem se reduzido drasticamente devido ao desmatamento, queimadas e uso depesticidas, aumentando a dependncia de polinizadores com ampla distribuio eeficincia, como tem demonstrado ser a abelha Apis (COUTO, 1989).

    Segundo PEDROSA (1992), a espcie apresenta plantas anuais, herbceas, de cauleprostado, com um nmero de hastes varivel em funo da cultivar. As folhas soalternadas, angulosas quando jovens e subcordiformes quando completamentedesenvolvidas. Possui gavinhas, que so rgos de sustentao da planta, que nascemdas axilas das folhas. O sistema radicular ramificado, vigoroso e pouco profundo, cujomaior volume se concentra nos primeiros 20 cm.

    Quanto a expresso do sexo o melo pode apresentar quatro tipos: andromonica,ginomonica, monica e hermafrodita (COSTA & PINTO, 1977).

    O ovrio nfero, apresenta inmeros nectrios na base do estilete. O gro de plen denatureza viscosa, necessitando de um agente polinizador para haver o transporte at asuperfcie estigmtica (FILGUEIRA, 1972). As abelhas so atradas s flores pela

    considervel secreo de nctar, e ento, realizam seu trabalho.Quando se inicia a florao, por volta dos 30 a 35 dias, a abertura das flores se procedenas primeiras horas da manh (VALLESPIR, 1997), todavia, verifica-se que algumasplantas continuam a antese durante todo o dia, at o final da tarde (PEDROSA, 1995).Uma vez a flor fecundada o ovrio comea a engrossar muito rapidamente. Mas se apolinizao for deficiente, os frutos sero de baixa qualidade, por isso o emprego decolmias uma prtica necessria neste cultivo (VALLESPIR, 1997).

    Pesquisa realizada por LOPES et alli (1990), com a cultivar Valenciano Amarelo,determinou que da abertura da flor pistilada at a maturao do fruto, decorrem,

    aproximadamente, 30 dias. O incio da colheita, no Nordeste, ocorre por volta dos 60 a 70dias, perodo que o meloeiro permanece produzindo.

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    O fruto, de acordo com BERNARDI (1974), uma baga carnuda ou pepnio, que varia emforma, tamanho e colorao, conforme a variedade. Segundo GOMES (1987), os frutosso bagas grandes, polimorfas, pubescentes ou glabras, de cores variadas. Geralmenteso amarelos, amarelados e verdes. A polpa doce, branda, aquosa, bastante saborosa.Contm de 200 a 600 sementes.

    Pelo seu poder aromtico e sabor delicado poucas plantas hortcolas se destacam,organolepticamente como o melo (GARD & GARD, 1981). No seu estado natural ofruto excelente alimento, bastante rico em hidratos de carbono e vitamina C, possuindoquantidade bastante significativa das vitaminas A e B, alm dos elementos fsforo e clcio(BERNARDI, 1974)

    A classificao zoolgica das abelhas, segundo os bilogos, a seguinte:

    Reino: AnimalFilo: ArthropodaClasse: Insecta

    Ordem: HymenopteraSubordem: ApocritaSuperfamlia: ApoideaNome Cientfico: Apis melliferaNome Comum: Abelha

    De acordo com Salvetti De Cicco (1997) a abelha um inseto que pertence ordem doshimenpteros e famlia dos apdeos. So conhecidas cerca de vinte mil espciesdiferentes e, so as abelhas do gnero Apis mellifera que mais se prestam para apolinizao, ajudando a agricultura, produo de mel, gelia real, cera, prpolis e plen.

    As abelhas so insetos sociais que vivem em colnias. Elas so conhecidas h mais de40 mil anos. A abelha do mel acha-se espalhada pela Europa, sia e frica. A apicultura,a tcnica de explorar racionalmente os produtos das abelhas existe desde o ano de 2400a.C.. E os egpcios e gregos desenvolveram as rudimentares tcnicas de manejo que sforam aperfeioadas no final do sculo XVII por apicultores como Lorenzo Langstroth (eledesenvolveu as bases da apicultura moderna).

    A abelha do mel acha-se espalhada pela Europa, sia e frica. A sua introduo no Brasil atribuda aos jesutas que estabeleceram suas misses no sculo XVIII, nos territriosque hoje fazem fronteira entre o Brasil e o Uruguai, no noroeste do Rio Grande do Sul.

    Em 1839, o padre Antonio Carneiro Aureliano mandou vir colmias de Portugal e instalou-as no Rio de Janeiro. Em 1841 j haviam mais de 200 colmias, instaladas na QuintaImperial. Em 1845, colonizadores alemes trouxeram abelhas da Alemanha (Nigra, Apismellifera melfera) e iniciaram a apicultura nos Estados do sul. Entre 1870 e 1880,Frederico Hanemann trouxe abelhas italianas.

    A abelha utilizada como agente polinizador a italiana ( Apis mellifera L.), que formasociedade onde existe uma s rainha, vrios zanges e as operrias. Quando em suasvisitas s flores para coletar alimento a abelha transfere o plen da antera de uma florpara o estigma de outra flor, ocorrendo a fecundao cruzada (CAMARGO & STORT,

    1973).

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    A composio social de um enxame se resume em trs indivduos: a rainha, a operria eo zango. S a rainha uma fmea normal reprodutora, com seus ovrios desenvolvidos.As operrias so fmeas estreis, com ovrios no desenvolvidos, por no teremrecebido a mesma dieta especial da rainha em seu estado larval.

    As operrias somam o maior nmero da populao de um enxame e so responsveis

    pelo equilbrio do conjunto. O zango o macho. o nico indivduo que no trabalha etem acesso livre em qualquer colmia. Uma ou duas vezes por, quando o tempo estiverensolarado e sem vento, ele saem e fazem suas revoadas e passeios (SCHIRMER,1985).

    No ninho a rainha coloca seus ovos nos alvolos, que so sempre abertos, e as larvasso alimentadas pelas operrias. Os zanges se originam dealvolos no fecundados, colocados em alvolos maiores (GALLO, 1988).

    O comportamento da Apis mellifera resultante das interaes entre o seu potencialgentico, seu estado fisiolgico, as condies da colmia e do meio ambiente onde se

    encontra (COUTO, 1989).

    A apicultura migratria ou mvel fundamentada na mudana de conjuntos de colmias(apirios) de uma regio para outra acompanhando as floradas com vistas produo demel e para a prestao de servios de polinizao. Sendo uma nova modalidade deexplorao apcola, alm de significar um incentivo para a apicultura industrial, tambmo caminho para possibilitar a prestao de servios de polinizao entomfila comabelhas nos pomares e culturas . Apresentando-se como um dos caminhos para atenderas necessidades de polinizao dos pomares e culturas para a produo de sementes efrutas. E o Brasil, como um dos principais produtores de alimentos do mundo, no podedispensar a participao das abelhas para garantir a produo, quando os outros insetosde polinizao esto sendo destrudos progressivamente pela aplicao cada vez maisintensa e descontrolada dos defensivos agrcolas (UFV, 1997).

    A polinizao consiste no transporte de plen desde as anteras at ao estigma de umaflor. As plantas destinadas produo de frutos e sementes devem ser polinizadas, ouseja, as flores destas plantas devem receber plen em quantidade suficiente para setransformarem em frutos e estes por sua vez produzirem sementes.

    Em determinadas espcies a polinizao pode ser direta, isto , a transferncia de plenfaz-se para o estigma da mesma flor. Porm, a maior parte das espcies vegetais

    necessitam de polinizao cruzada, ou seja, da transferncia de plen de uma flor paraoutra, na mesma planta ou em plantas diferentes da mesma espcie. Para que apolinizao ocorra, nas espcies que necessitam de polinizao cruzada, necessrioque o plen seja transportado geralmente ou pelo vento - polinizao anemfila - ou pelosinsectos - polinizao entomfila. A abelha, ao pousar numa flor masculina e depois numaoutra flor feminina, realiza a polinizao cruzada, que pela fecundao dar origem aofruto (SILVA, 1987).

    Aps a polinizao, ocorre a formao do tubo polnico e a fecundao. Os dois ncleosdo gro de plen descem por dentro do tubo polnico e, durante a descida, o ncleogenerativo se divide, dando origem aos dois gametas masculinos do vegetal, estes, ao

    atingir o vulo, fecundam a oosfera e os ncleos polares (que previamente se fundem),respectivamente.

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    A partir deste momento, as paredes do ovrio comeam a se transformar no pericarpo,que a parte externa do fruto, enquanto que o vulo fecundado se transforma nasemente.

    As abelhas so atradas para as flores atravs de fatores fisiolgicos estimulantes,mecnico-estruturais, trficos e biolgicos, que so peculiares a cada tipo de planta.

    Esses fatores so demonstrados na cor, odor, nctar, plen, perodo de florao, tamanhoe forma das flores (SILVA, 1987).

    O plen coletado pelas abelhas nas anteras das flores e transportado para outra flor naspatas, regies do abdmen ou do trax desde manh at a tarde (SILVA, 1987).

    A polinizao depende, essencialmente, das abelhas. Como o estabelecimento dos frutosdepende da polinizao, a produo baixa, quando no h nmero suficiente deabelhas em atividade (FILGUEIRA, 1972). Como norma geral suficiente colocar aomenos uma colmia para uma rea de 5.000 m. A colocao das colmias deve serantes no incio da florao e s devem ser retiradas no incio da colheita (VALLESPIR,

    1997).

    A polinizao deficiente das flores originam frutos deformados ou que morrem logo apsiniciado o seu desenvolvimento (FILGUEIRA, 1972). O bom pegamento de frutos comcaractersticas comerciais o resultado da deposio de mitos gros de plen sobre osestigmas. Para que isso ocorra so necessrias de 10 a 15 visitas de abelhas em uma florhermafrodita ou feminina (PEDROSA, 1997). Portanto, torna-se necessrio que noperodo de florescimento haja uma boa populao de abelhas no campo.

    Outro fator digno de destaque que quanto mais uma flor for polinizada, menos tempo elaficar exposta s pragas das plantas, apresentando assim um melhor rendimento emeconomia da trabalho e de aplicao de inseticidas (SCHIRMER, 1986).

    A polinizao com abelhas apresenta, ainda, a vantagem desta deixar-se manejar edirigir, em hora e lugar, nas pocas precisas e em todas as direes do campo.

    Os fatores que afetam a polinizao com abelhas so: O comportamento de prefernciadas abelha com relao as flores, Competio entre flores, Compatibilidade de variedades, Facilidade de pouso e de chegar ao plen e o tempo (esp. Temperatura e chuva)(FERGUSON, J, 1998).

    3 - MATERIAL E MTODOS

    Os trabalhos foram conduzidos na Empresa Fazenda So Joo, localizada na Rod. RN15, Km 04, Zona Rural Mossor, RN, estando localizado a 511 de latitude sul e 3720de longitude norte e altitude de 18m, o clima da regio, segundo a classificao deThornthhwait, semi-rido e de acordo com Koeppen BSwh, seco e muito quente, comduas estaes climticas: uma seca, que vai geralmente de junho a janeiro, e umachuvosa, de fevereiro a maio (CARMO FILHO & OLIVEIRA, 1989). A precipitao mdiaanual de 825mm, a temperatura mdia do ar est entre 32,1 e 34,5C e a mdia mnimaentre 21,3 e 23,7C. A evaporizao mdia anual est em torno de 1.945,20mm e a

    insolao mdia de 236h/ms, sendo os meses mais secos os de maior insolao. Soloclassificado como Podzlico Vermelho-Amarelo Equivalente Eutrfico (BRASIL, 1971),grande grupo Entrustalfs do Soil Taxonomy (PEREIRA, 2000).

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    Os tratamentos foram constitudos de polinizao natural com abelhas e polinizaonatural sem abelhas (as flores foram protegidas com gaiolas), em flores de meloeiro dacultivar Gold Pride, plantado em espaamento 0,3 x 2,0 m numa rea de 0,96 h. Paracada tratamento foram utilizadas 30 flores, escolhidas aleatoriamente, em trs repeties,num total de 180 flores. Quanto s abelhas, foram utilizadas a italiana (Apis mellifera L.),

    colocadas s margens do experimento em oito caixas (colmias). As gaiolas foramconfeccionadas de tela de arame malha nmero 10, com 9,5 x 8,0 x 6,0 cm de tamanho.

    As flores que receberam polinizao natural foram marcadas no perodo da manh do diada antese. E as demais flores foram protegidas com gaiolas de tela de arame no perododa amanh do dia da antese. As gaiolas foram retiradas quatro dias depois e as floresmarcadas para posterior avaliao.

    O preparo do solo foi o comumente empregado na cultura de melo; a adubao defundao foi feita com 844,80 kg de MAP (10-52-00), de acordo com a anlise do solo. Oraleio dos frutos foi deito retirando-se somente os frutos mal formados, devido a

    polinizao deficiente. A irrigao foi feita por gotejamento, sendo que os tratos culturais efitossanitrios foram os comumente empregados na cultura do melo.

    A colheita foi realizada em torno de 70 dias aps a semeadura.

    As caractersticas avaliadas foram o nmero de flores abortadas e o nmero de floresfecundadas. E destas flores fecundadas, quantos frutos vingaram.

    4 - RESULTADOS E DISCUSSO

    Os valores mdios dos parmetros observados (flores fecundadas, flores no fecundadase flores fecundadas e abortadas), no perodo em que as flores ficaram expostas aostratamentos ( com gaiola e sem gaiola), entre o perodo de antese e fechamento dasflores, esto representados no Quadro 1. O elevado nmero de flores no fecundadas notratamento com gaiola demonstra ser a abelha de fundamental importncia para apolinizao da cultura do meloeiro. Na Figura 1 pode-se observar a diferena entre osdois tratamentos em termos de percentagem.

    O elevado nmero de abortos de flores no tratamento com gaiola foi, aparentemente, emrazo:

    a) da ausncia de abelhas;b) das alteraes do ambiente (temperatura, umidade), devido a presena das gaiolas;c) da ao de genes gametofticos que impedem que o plen de uma mesma flor

    germinem formando o tubo polnico, consequentemente no ocorre a fecundao.Segundo BREWBAKER (1969), a incompatibilidade ocorre como resultado daparalisao do crescimento do tubo polnico haplide nas clulas diplides do pistilo.Quando um gro de plen contm um alelo de incompatibilidade que est presentetambm no estilo, o crescimento do tubo polnico fica paralisado. Somente quando oalelo no plen no est presente no estilo a fertilizao pode ocorrer.

    Quadro 1. Valores mdios observados durante o perodo em que as flores ficaram expostas aostratamentos. Mossor-RN, 2000.

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    TESTEMUNHA GAIOLA

    FLORES FECUNDADAS 18,66 3FLORES FECUNDADASABORTADAS

    7,66 10

    FLORES NO

    FECUNDADAS

    0,33 17

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    FF FFA FNF

    Tipos de flores

    Porc.m

    dia(%)

    Testemunha

    Gaiola

    Figura 1. Nmero de flores fecundadas (FF), flores fecundadas abortadas (FFA) e flores no fecundadas

    (FNF) na cultura do meloeiro na presena (Testemunha) e ausncia de abelhas (Apis melliferaL.) (Gaiola).

    Os valores mdios de frutos vingados e frutos abortados , obtidos das flores fecundadas,esto representados no Quadro 2. Observou-se que no tratamento sem gaiola(testemunha) o nmero de frutos vingados foi superior ao nmero de frutos obtidos notratamento com gaiola, mesmo aplicando-se o mesmo manejo, o que demonstra ser aabelha fator limitante na produo do meloeiro. Na Figura 2 pode-se observar, em termosde percentagem, a diferena na produo de frutos nos dois tratamentos.

    Quadro 2. Valores mdios de frutos obtidos a partir das flores fecundadas. Mossor-RN, 2000.

    TESTEMUNHA GAIOLAFRUTOS VINGADOS 13,33 0,66FRUTOS ABORTADOS 8,66 2,33

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    0

    0,1

    0,2

    0,3

    0,4

    0,5

    FV FA

    Tipos de frutos

    Porc.mdia(%)

    TestemunhaGaiola

    Figura 2. Nmero de frutos vingados (FV) e frutos no vingados (FA) cultura do meloeiro na presena

    (Testemunha) e ausncia de abelhas (Apis mellifera L.) (Gaiola).

    O nmero de flores fecundadas e de frutos vingados no tratamento com gaiola foi inferiorao nmero de flores fecundadas e frutos vingados na testemunha, diferindoestatisticamente, como est representado na Tabela 1.

    TABELA 1. Resumo da anlise de varincia para nmero de flores no-abortadas e frutos vingados nacultura do meloeiro na presena e ausncia de abelhas (Apis mellifera L.).

    FV GL Qui-quadrado

    (2)Flores Frutos

    Gaiola 1 241,95**1 74,05**** p

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    das poucas flores fecundadas na sua ausncia houve uma grande prevalncia de aborto,o mesmo ocorrendo com os frutos.

    A presena da abelha ( Apis mellifera L.) no processo de polinizao da cultura domeloeiro indispensvel, j que na sua ausncia, praticamente, no houve produo.

    6 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALMEIDA, J. H. S. Sistema de produo de melo cv. Valenciano Amarelo para o Estadodo Rio Grande do Norte. Mossor, RN. ESAM, 1992. 45 p. (Monografia de Graduao).BERNARDI, J. B. Instrues prticas: a cultura do melo. Boletim Informativo do InstitutoAgronmico, Campinas, SP: v.26, t.2.p. 73-90, 1974.BRASIL, Ministrio da Agricultura. Levantamento Exploratrio - reconhecimento de solosdo Estado do RN. Recife, DNPEA/SUDENE/USAID, 1971.(DPP. Boletim 21, PE 13).

    BREWBAKER, James Lynn. Gentica na Agricultura. So Paulo: Polgono e Editora daUniversidade de SP, 1969. 224p. Traduo de Jos T. do Amaral e Roland Vencovsky.Original em Ingls.CAMARGO, J. M. Franco; STORT, Antnio Carlos. A Abelha: Apis mellifera Linnaeus.So Paulo: EDART, 1973. 80p.EMBRAPA SEMI-RIDO. Produtividade de cultivares de melo no Vale do So Francisco.Petrolina, p. 1-6. (Comunicado Tcnico, 88, Suplemento).1999.COSTA, C. P. & PINTO, C. A. B. P. Melhoramento do melo. In:Melhoramento deHortalias. Piracicaba: USP/ESALQ, 1977. 161-165.COUTO, Regina Helena Nogueira. Polinizao com abelhas africanizadas. Apicultura &Polinizao, So Paulo: 34, n. 6, p. 32-33, set./out. 1989.FAO. Production Yearbook- 1994. Rome: FAO, 1994, p. 243. (FAO Statios series, 112).FERGUSON, J. Pollination, The Forgotten Agricultural Input. In: Florida AgriculturalConference and Trade Show, Lakeland, FL, September 29-30,University of Florida, pp. 45-47.1998. (Resumos).FILGUEIRA, Fernando A. Reis. Manual de Olericultura: cultura e comercializao dehortalias. 8 ed. So Paulo: Agronmica Ceres, 1972. 451p.GARD, A., GARD, N. Melo (Cucumis melo L.) In:Culturas Agrcolas. 5 ed. Lisboa:Clssica ed., p. 231-243. (Col. Tcnica Agrcola).GOMES, P. Fruticultura Brasileira. 11 ed. So Paulo: Nobel, 1987. 341p.

    IBGE.Anurio Estatstico do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, v. 52, 1992.LOPES, M. M.; CAMACHO, R. G. V.; PEDROSA, J. F. Crescimento de frutos de melo.Horticultura Brasileira, Braslia-DF, v.8, n.1, p.49, 1990.(Resumos).MELCHOR, B. R.; ALBERT, J. M. Alemany. Moderna criao de abelhas. Barcelona: DeVecchi, 1979. 212p.PEDROSA, J. F. Cultura do Melo. Mossor: ESAM, 1997. 50p. (Apostila).Salvetti De Cicco L. H. As abelhas e a Polinizao . Copyright1997.(online) Internethttp://www.saudeanimal.com.br/abelha22.htm .SCHIRMER, L. Robert. Abelhas Ecolgicas. So Paulo: Nobel, 1985. 218p.SILVA, Maurcio Nunes da. Polinizao.Apicultura no Brasil, So Paulo: v.21, n. 4, p. 33,jul./ago. 1987.

    UFV, Apirio Central. (online). Internet http://www.ufv.br/dbg/bee/abelhamel.htm 1997.VALLESPIR, Alicia N. et all. Melones: compedios de Horticultura. Reus- Espaa:Ediciones de Horticultura, 1997. 277p.

    http://www.saudeanimal.com.br/abelha22.htmhttp://www.ufv.br/dbg/bee/abelhamel.htmhttp://www.ufv.br/dbg/bee/abelhamel.htmhttp://www.saudeanimal.com.br/abelha22.htm
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    WHITAKER, T. W. ; DAVIS; G. N. Cucurbits: botany, cultivation and utilization. London:Leonard Hill, 1962. 250p.

    [1,3] Mestrandos em Fitotecnia Escola Superior de Agricultura de Mossor ESAM -

    [email protected][2,4,5 e 6]Graduandos do curso de Agronomia Escola Superior de Agricultura deMossor ESAM - [email protected]

    [7] Prof. Dr. Dep. De Fitossanidade Escola Superior de Agricultura de Mossor [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:patr%EF%BF%[email protected]:patr%EF%BF%[email protected]:[email protected]:[email protected]