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AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE DE ESCOAMENTO DE … · iv ficha catalogrÁfica elaborada por marilene girello – crb8/6159 - biblioteca da faculdade de odontologia de piracicaba da unicamp

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

PATRÍCIA VALENTIN ZEFERINO

AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE DE ESCOAMENTO DE MATERIAIS

OBTURADORES DE DENTES DECÍDUOS

PIRACICABA

2013

iii

PATRÍCIA VALENTIN ZEFERINO

AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE DE ESCOAMENTO DE MATERIAIS

OBTURADORES DE DENTES DECÍDUOS

Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Miori Pascon

Colaboradora: Natália Martins Joaquim

PIRACICABA

2013

iv

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR

MARILENE GIRELLO – CRB8/6159 - BIBLIOTECA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA DA UNICAMP

Z28a

Zeferino, Patrícia Valentin, 1987-

Avaliação da propriedade de escoamento de

materiais obturadores de dentes decíduos /

Patrícia Valentin Zeferino. -- Piracicaba, SP: [s.n.],

2013.

Orientador: Fernanda Miori Pascon.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) –

Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Odontologia de Piracicaba.

1. Endodontia. 2. Materiais restauradores do

canal radicular. 3. Hidróxido de cálcio. 4. Propriedades físicas e químicas. 5. Dentes

decíduos. I. Pascon, Fernanda Miori, 1977- II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título.

v

AGRADECIMENTOS

Chegar até aqui não foi fácil, houve muito suor, muitas pedras a serem

removidas, muitos momentos de desespero e também de alegria.Mas todos eles

foram muito importantes para o meu crescimento e amadurecimento como pessoa.

Entrei menina, estou saindo mulher.

Primeiramente agradeço a Deus, por estar sempre comigo em todos os

momentos, minha força maior.

Agradeço do fundo do meu coração aos meus pais Sônia e Antônio Carlos, ao

meu irmão Leonardo e a minha cunhada Bruna. Seu apoio, suas palavras de

incentivo, seus abraços a cada ida e a cada chegada, me motivaram a continuar nos

piores momentos. Vocês são minha base, e essa conquista, também é de vocês.

Agradeço aos meus familiares, que entenderam minha ausência em muitos

momentos e que sempre estiveram de braços abertos na minha chegada. Senti

muito a falta de cada um de vocês, e agradeço cada palavra de apoio.

Agradeço aos amigos de Campinas, pelas palhaçadas, crises de riso e,

principalmente pelo colo. Vocês me ajudaram a carregar a cruz, diminuíram o

tamanho do fardo. Nossa amizade é pra sempre!

Agradeço à Profa. Dra. Fernanda Miori Pascon e a co-orientadora Natalia

Martins Joaquim, por terem disponibilizado tempo e conhecimento, e me ajudado

tanto na realização desse trabalho.

Agradeço aos amigos já formados. Vocês estavam do meu lado quando

falhei, e nunca deixaram de me apoiar. Também não poderia deixar de agradecer a

Isadora Konkowski e Ana Cláudia Justini. Vocês foram os motivos de muitas

gargalhadas e conselhos. Todos vocês se tornaram meus irmãos piracicabanos,

meus irmãos de coração e consideração.

Agradeço ao meu sextante, por terem tornado os dias de clínica tão mais

leves e mais fáceis.

Agradeço aos meus queridos pacientes. Que disponibilizaram tempo e

simpatia, pra que eu pudesse ajudá-los, mesmo que demorasse, e entenderam

quando era eu que precisava de ajuda.

Agradeço às companheiras de casa, que me ouviram e me entenderam(ou

pelo menos tentaram) nos meus momentos de desespero e partilharam comigo os

momentos de conquista. Foi pouco tempo, mas levarei vocês comigo para o resto da

vida!

vi

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez!”

Jean Cocteau

vii

Resumo

Os materiais obturadores devem apresentar propriedades biológicas e físico-

químicas adequadas, pois apresentam papel fundamental para o reparo do

elemento dental após o tratamento endodôntico. Dessa forma, o objetivo neste

estudo foi avaliar a capacidade de escoamento horizontal de materiais obturadores

endodônticos utilizados em dentes decíduos. Para isso, foram selecionados seis

materiais obturadores: Calen®, Calen® associado ao óxido de zinco, Calen®

associado ao iodofórmio, óxido de zinco e eugenol (OZE), Vitapex® e UltraCal®XS. A

metodologia utilizada foi a preconizada pela norma ISO 6786 e da ANSI/ADA

(especificação nº57). Os materiais foram manipulados de acordo com as

recomendações dos fabricantes, com temperatura e umidade controladas (23 ± 2°C,

umidade de 50 ± 5%). Após 3 minutos da manipulação, 0,05 ± 0,005 ml de cada

material foi transferido para seringas plásticas e colocados individualmente no centro

de uma placa de vidro (40 mm x 40 mm x 5 mm; 20 ± 2 g), cobertos por outra placa

de vidro e sobre este conjunto foi colocado um peso de 100g. Após 7 minutos, a

média do maior e do menor diâmetro do disco formado pelo escoamento do material

foi medida utilizando um paquímetro digital. As análises foram realizadas em

triplicata e calculou-se a média dos valores obtidos para cada material obturador. Os

dados foram submetidos à análise de variância e ao teste Tukey (α=0,05).

Observou-se diferença significativa entre os materiais estudados (p<0,0001). A

maior média de escoamento foi obtida para Calen® (21,285 ± 0,836), seguido da

UltraCalXS® (14,570 ± 0,048), Vitapex® (13,137 ± 0,193), Calen® associado ao

iodofórmio (10,577 ± 0,568), OZE (9,067 ± 0,492) e Calen® associado ao OZE (6,972

± 0,263). Concluiu-se que os materiais obturadores apresentaram diferentes padrões

de escoamento. O material obturador à base de hidróxido de cálcio sem associações

(Calen®) apresentou maior capacidade de escoamento comparado aos outros

materiais, além de ter sido o único material que se enquadrou nos valores médios de

escoamento preconizados pelas normas da ISO/ANSI/ADA.

Palavras- chave: endodontia, materiais restauradores do canal radicular, hidróxido

de cálcio, propriedade físicas e químicas, dente decíduo

viii

Abstract

Filling materials should have appropriate biological and physicochemical properties,

because they have important role in dental element repair after endodontic treatment.

Thus, the aim of this study was to evaluate the horizontal flow of filling materials used

in primary teeth. Six materials were selected: Calen®, Calen® associated with zinc

oxide, Calen® associated with iodoform, zinc oxide eugenol (ZOE), Vitapex® and

UltraCal®XS. The methodology used was that recommended by ISO 6786 and

ANSI/ADA (specification no57). The materials were prepared in accordance with the

manufacturer’s recommendations, with controlled temperature and humidity (23 ±

2°C, humidity 50 ± 5%). After 3 minutes, 0.05 ± 0.005 ml of each material was

transferred to plastic syringes and individually placed in the center of a glass plate

(40 mm x 40 mm x 5 mm, 20 ± 2 g) and covered by another plate glass, and on this

set a weight of 100g was placed. After 7 minutes, the average of the largest and the

smallest diameter of the disc formed by the material flow was measured using a

digital caliper. Analyses were performed in triplicate and calculated the average of

the values obtained for each filling material. Data were submitted to analysis of

variance and Tukey test (α=0.05). There was a significant difference among materials

studied (p<0.0001). The highest average flow was obtained for Calen® (21.285 ±

0.836), followed by UltraCal®XS (14.570 ± 0.048), Vitapex® (13.137 ± 0.193), Calen®

associated with iodoform (10.577 ± 0.568), ZOE (9.067 ± 0.492) and Calen®

associated with ZOE (6.972 ± 0.263). It was concluded that the filling materials

showed different flow patterns. The fi lling material based on calcium hydroxide

without associations (Calen®) showed higher flow capacity compared to other

materials, besides it was the only material that reached flow values recommended by

ISO/ANSI/ADA standards.

Key words: endodontics, root canal filing materials, calcium hydroxide, physical and

chemical properties, deciduous

ix

Sumário

1. Introdução 1

2. Revisão de Literatura 3

3. Proposição 21

4. Material e Métodos 22

5. Resultados 24

6. Discussão 25

7. Conclusão 28

Referências 29

Apêndice 34

1

1. Introdução

Traumatismos dentários, extensas lesões de cárie que atingem a polpa,

ocasionando pulpite irreversível ou necrose pulpar, são as principais causas de

necessidade de endodontia em dentes decíduos (Cunha et al ., 2005). Ainda, a

pulpectomia é indicada nos casos de fratura coronária, sendo necessário

posterior colocação de pino intraradicular e de presença de fístula em dentes

que deverão permanecer no arco por mais de 6 meses (Cohen, 2010). Estes

procedimentos são fundamentais para manter a integridade dos dentes e dos

tecidos de suporte, além de evitar perdas precoces e com isso auxi liar o

desenvolvimento correto da oclusão (American Academy of Pediatric Dentistry-

AAPD, 2010/2011).

A pulpectomia consiste em realizar limpeza, alargamento, desinfecção e

obturação dos canais radiculares com material obturador adequado. Este

material deve apresentar propriedades antimicrobianas, combatendo possíveis

infecções pulpares, ser de fáci l inserção nos canais radiculares, reti ficar, o

máximo possível, a curvatura do canal e respeitar as diferenças entre dentes

decíduos e permanentes (Leonardo & Leal, 1991). Além disso, para obter

sucesso na pulpectomia, técnicas adequadas e materiais obturadores com

propriedades físico-químicas desejáveis devem ser utilizados, além do uso de

isolamento absoluto, instrumentais esteri lizados e substâncias químicas

auxi liares que facili tam a instrumentação e limpeza da polpa coronária e do canal

radicular. Dessa maneira, a continuidade do elemento dentário no arco pelo

tempo certo deve ser observada, evitando extrações precoces e,

consequentemente, o uso de mantenedores de espaço (Miranda, 2009).

De uma forma geral, as principais propriedades desejadas nos materiais

obturadores são: ausência de toxicidade, biocompatibilidade com tecidos

periapicais (Gambarini et al., 2003), potencial antimicrobiano, adequado

preenchimento e aderência às paredes dos canais radiculares, ser faci lmente

inserido no interior do canal radicular e removido se necessário, ser reabsorvível

e não ser solúvel em água (Leal, 1998; Silva et al., 2010). Entretanto, os materiais

obturadores uti lizados na endodontia de dentes decíduos devem apresentar

algumas características diferentes daqueles usados em permanentes. Devem

apresentar grau de reabsorção semelhante ao da raiz, ser biocompatível aos

2

tecidos periapicais e ao germe do dente permanente e ser reabsorvido quando

extravasado (Cunha et al ., 2005). Dentre os materiais obturadores para dentes

decíduos, os mais comumente uti lizados são à base de óxido de zinco e eugenol

(OZE), hidróxido de cálcio e iodofórmio (AAPD, 2010/2011).

As propriedades físico-químicas dos materiais obturadores são de extrema

importância, pois estes apresentam papel fundamental para que o reparo do

elemento dentário ocorra de acordo com os padrões biológicos normais (Holan &

Fucks, 1993). Dentre essas propriedades, o escoamento possuiu um papel

importante, pois quanto maior o escoamento, maior será a capacidade de

penetração do material nos túbulos dentinários, nos canais laterais e acessórios

(Scelza et al., 2006), o que poderia contribuir para limitar a contaminação

bacteriana e impedir a re-infecção dos sistemas de canais radiculares.

Sabe-se que a topografia dos sistemas de canais radiculares dos dentes

decíduos é complexa, com proporção significativamente maior de molares

decíduos com ramificações colaterais, intercomunicantes, bifurcações ou

ramificações apicais (Benfatti & Toledo, 1966). Observa-se assim, estreita

relação entre a morfologia dos canais radiculares e o sucesso do tratamento

endodôntico. Outro aspecto a ser considerado é a estrutura dentinária, a qual

tem papel preponderante no sucesso da terapia endodôntica, em relação ao

efeito do preparo químico-mecânico no saneamento das paredes dentinárias e a

obturação dos canais radiculares. Além disso, sabe-se também que ¾ da dentina

radicular de dentes decíduos necrosados encontram-se infectadas (Hobson,

1970), sendo necessário, portanto a uti lização de técnicas de instrumentação e

irrigação adequadas, visando a eliminação da infecção, o aumento da

permeabilidade dentinária e a manutenção da assepsia dos canais obtida com o

auxílio das propriedades antimicrobianas e ainda pela obturação com material

compatível que acompanhe o processo de reabsorção fisiológica dos dentes

decíduos (Pascon, 2006).

3

2. Revisão de literatura

Para desenvolver a revisão de literatura, foi realizada pesquisa nas bases

de dados Bireme, Scielo e PubMed, bem como no acervo disponível da

biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), selecionando

estudos com as palavras-chave “endodontia/endodontics”, “materiais

restauradores do canal radicular/root canal filling materials”, “hidróxido de

cálcio/calcium hydroxide”, “propriedades físicas e químicas/physical and chemical

properties” e “dente decíduo/deciduous”.

A seguir serão apresentados os estudos selecionados, assim como os

principais resultados observados.

2.1. Tratamento endodôntico de dentes decíduos

Manter os dentes decíduos no arco é fundamental para o desenvolvimento

correto da oclusão, da fonética e da função mastigatória. A perda precoce destes

dentes pode ocorrer tanto por trauma quanto por cárie. Nesse sentido, o

tratamento endodôntico pode ser realizado para evitar a esfoliação e/ou extração

precoce destes elementos, além de ser a base para se evitar problemas

psicológicos e deficiências mastigatórias (Alencar et al., 2007).

O sucesso do tratamento endodôntico depende primordialmente de 2

fatores: preparo químico-mecânico adequado e preenchimento dos canais

radiculares com material obturador biocompatível (Domingues, 2013).

Os microorganismos desempenham papel importante na etiologia e

manutenção das infecções endodônticas, por isso o correto preparo químico

mecânico é indispensável (Câmara et al., 2010, Andolfatto et al., 2012), mesmo

sendo praticamente impossível a eliminação de todos os microorganismos

durante o procedimento, devido à extensa variação anatômica dos canais. Dessa

forma, para aumentar a chance de sucesso do tratamento, o uso de substâncias

antimicrobianas e materiais obturadores com propriedades desejáveis, é

indispensável (Harini Priya et al ., 2010; Barja-Fidalgo et al ., 2011, Crespo, 2011).

Zehnder (2006) e Câmara et al. (2010) realizaram uma revisão da

li teratura acerca das principais soluções irrigadoras usadas na endodontia, e

concluíram que o hipoclorito de sódio foi a solução de eleição atualmente. Isso

pode ser atribuído ao amplo espectro antimicrobiano e a capacidade de dissolver

restos de tecidos necróticos (Zehnder, 2006). Porém existem algumas

4

preocupações quanto seu potencial tóxico e novos estudos estão sendo

realizados.

Sendo assim, após o adequado preparo químico-mecânico dos canais

radiculares, os mesmos devem ser secos e obturados com materiais indicados

para dentes decíduos.

2.2. Materiais obturadores

Segundo a AAPD (2010/2011), três tipos de materiais obturadores mais

frequentemente uti lizados na obturação de dentes decíduos são os à base de

OZE, hidróxido de cálcio e iodoformados.

Os materiais à base de OZE foram introduzidos na endodontia por

Grossman, em 1936, e têm sido uti lizados para o tratamento pulpar em dentes

decíduos, devido à ação antimicrobiana (Barja-Fidalgo et al ., 2011; Marín-Bauza

et al., 2012).

Harini Priya et al . (2010) compararam o potencial bactericida de materiais

endodônticos e observaram atividade inibitória superior do OZE quando

comparado aos materiais à base de hidróxido de cálcio. Entretanto, Barja-

Fidalgo et al. (2011) relataram em uma revisão sistemática seis estudos clínicos,

na qual somente dois apresentaram taxas de sucesso com diferença significativa

entre os grupos controle (OZE) e teste (hidróxido de cálcio associado a

iodofórmio). O grupo teste apresentou taxa de sucesso ligeiramente maior,

porém não foi suficiente para comprovar superioridade ao OZE. Dessa forma, os

pesquisadores concluíram que todos os materiais estudados foram adequados

para o uso na terapia pulpar de dentes decíduos.

Apesar do potencial antimicrobiano, os materiais à base de OZE não são

considerados biocompatíveis, pois produzem reação tecidual inflamatória e

reabsorção radicular lenta, podendo prejudicar o sucessor permanente. Por isso,

estes materiais vem sendo substituídos por outros à base de hidróxido de cálcio

(Mortazavi & Mesbahi, 2004; Cunha et al., 2005; Trairatvorakul &

Chunlasikaiwan, 2008).

Materiais à base de hidróxido de cálcio têm sido utilizados no tratamento

de diferentes problemas endodônticos, em polpa vital e não vital (Pacios et al.,

2003). Acredita-se que o modo de ação desses materiais depende da

capacidade de dissociação em íons hidroxi la (OH-) e cálcio (Ca2+) (Siqueira &

5

Lopes, 1999; Pacios et al., 2003; Signoreth et al., 2011; Gandolfi et al., 2012)

apresentando assim ação antimicrobiana e induzindo a formação de tecido

mineralizado (Nunes & Rocha, 2005; Signoreth et al., 2011). Amorim et al. (2006)

compararam a capacidade antimicrobiana de diferentes materiais obturadores de

dentes decíduos e observaram que não houve diferença na ação dos materiais a

base de hidróxido de cálcio quando comparados com outras composições, como

OZE puro e associado à tetraciclina e cloranfenicol, com exceção da Vitapex®.

Pinto et al. (2011) avaliaram clínica e radiograficamente tratamentos

endodônticos realizados com OZE e Calen®, em dentes decíduos com necrose

pulpar pós-trauma, e observaram que não houve diferença significativa entre os

dois materiais.

Apesar de apresentar boas propriedades biológicas e ação antimicrobiana,

os materiais à base de hidróxido de cálcio apresentam propriedades físico-

químicas desfavoráveis, como reabsorção periapical, baixa radiopacidade e

viscosidade e permeabilidade tecidual (Cunha et al., 2005; Faria et al., 2005;

Queiroz et al., 2009; Si lva et al., 2010). Além disso, Siqueira & Lopes (1999) em

uma revisão de li teratura concluíram que a ação antimicrobiana é limitada, e

esse fato deve-se ao baixo espectro de ação diante da microbiota endodôntica.

Dessa forma, para se obter um melhor resultado, esses pesquisadores

preconizaram a associação desses materiais a outros materiais ou substâncias,

como óxido de zinco e/ou iodofórmio.

Materiais que contém iodofórmio em suas composições também têm sido

estudados atualmente. Os resultados dos estudos mostraram possível ação

bactericida, faci lidade de inserção, capacidade de penetração nos tecidos, rápida

reabsorção quando extravasado, substituição do tecido de granulação por tecido

reparador e ausência de efeitos desfavoráveis nos dentes sucessores (Cunha et

al., 2005). A pasta Guedes-Pinto, composta de iodofórmio, Rifocort® e

paramonoclorofencol canforado (PMCC), uti lizada por muitos anos na terapia

pulpar de dentes decíduos também apresentou propriedades desejáveis.

Estudos avaliaram ainda uma pasta chamada Kri , a qual é composta por

iodofórmio, PMCC e mentol, e a pasta Vitapex®, porém, novos estudos que

comprovem as propriedades biológicas e físico-químicas desses materiais ainda

precisam ser realizados (Nunes, 2003; Nunes & Rocha, 2005; Harini Priya et al.,

2010).

6

Além das associações com outros materiais, os veículos que podem ser

adicionados aos materiais obturadores devem viabi lizar as propriedades clínicas,

buscando facili tar a colocação do material no canal radicular, além de melhorar

as ações biológicas e microbiológicas dos mesmos (Crespo, 2011). Existem

diferentes veículos proposto na literatura, tais como a água desti lada,

polieti lenoglicol, óleo de oli va, digluconato de clorexidina e óleo de si licone.

Todas as substâncias com propriedades desejáveis são importantes para

aumentar a vida úti l do material obturador dentro do canal radicular e, assim,

evitar a re-colonização microbiana, possíveis complicações e dores ao paciente .

Dessa maneira, os materiais obturadores, associados ou não, serão

considerados desejáveis quando apresentarem maior quantidade de

propriedades biológicas e físico-químicas, podendo ser selecionados com base

em estudos e após avaliação crítica das evidências apresentadas (Schmalz,

2006).

2.3. Propriedades físico-químicas dos materiais obturadores e

metodologias empregadas para o estudo destas propriedades

Conforme citado anteriormente, as propriedades físico-químicas principais

presentes nos materiais obturadores são: radiopacidade , tempo de presa,

alteração dimensional, solubi lidade, liberação de íons OH- e escoamento (Flores

et al ., 2011).

A seguir, essas principais propriedades serão apresentadas em subitens,

assim como os principais estudos acerca das mesmas.

2.3.1. Radiopacidade

A radiopacidade é uma propriedade importante para os materiais

obturadores, pois permite a observação de toda extensão e condensação do

material em relação ao conduto radicular (Tagger & Katset, 2003). Normas

nacionais e internacionais preconizam como ideal radiopacidade equivalente a 3

ou 4 mm de alumínio (Al) (ANSI/ADA), que é o elemento químico de escolha

para avaliação dessa propriedade.

Gambarini et al. (2006) avaliaram a radiopacidade de três materiais: Roeko

Seal Automix® (RSA), Bioseal® (BS) e Real Seal® (RS). Os valores médios (em mm

de Al) para os materiais estudados foram: RSA = 4, BS = 2,8 e RS = 4,6. Os

7

pesquisadores observaram diferença significativa entre BS e os outros materiais. RS

apresentou os melhores resultados. Concluíram que somente RSA e RS

apresentaram valores dentro das especificações da ANSI/ADA (no 57).

Sydney et al. (2008) compararam a radiopacidade dos cimentos

endodônticos AH Plus®, N-Rickert®, Endofill®, Intrafi ll® e OZE usando anéis de

polieti leno (1cm x 0,5 cm) para confecção de corpos de prova e por meio de

imagens digitais, obtiveram os valores de densidade óptica (em pixels). Estes

autores observaram diferença significativa entre todos os cimentos estudados,

com exceção do Intrafi ll® e do Endofi ll®. Ainda, dentre os materiais estudados, o

que apresentou maior valor de radiopacidade foi o OZE.

Duarte et al. (2010) compararam o AH Plus® puro e AH Plus® contendo 5 e

10% de hidróxido de cálcio. Para a execução do estudo, também uti lizaram anéis

metálicos (10 mm de diâmetro x 1 mm de espessura), de acordo com as

especificações da ANSI/ADA no57. Os pesquisadores confeccionaram 5 corpos-de-

prova de cada material e radiografaram esses corpos-de-prova junto a uma escala

de Al (2 a 16 mm de Al). As imagens foram digitalizadas, a radiopacidade

determinada por meio da densidade radiográfica e convertidas em mm de Al. Os

autores observaram que a adição de 5 ou 10% de hidróxido de cálcio não influenciou

significativamente a radiopacidade, porém todos os materiais avaliados

apresentaram valores maiores do que o preconizado pela norma da ANSI/ADA.

Flores et al. (2011) analisaram a radiopacidade do AH Plus®, GuttaFlow®,

RoekoSeal® e Activ GP®, uti lizando cinco placas de acrílico (2,2 cm x 4,5 cm x 1

mm), contendo quatro cavidades, as quais foram preenchidas com os materiais em

estudo. Após o tempo de presa dos mesmos, foi realizada a tomada radiográfica

juntamente com escala de Al com variação de 1 a 10 mm. A imagem foi analisada

usando um software. Dentre os materiais estudados, o único que não apresentou

radiopacidade maior que o recomendado (3 mm) foi o Activ GP® e dentre os

demais o que apresentou maior valor foi o AH Plus®.

Weckwerth et al . (2012) verificaram a influência de agentes

radiopacificadores associados ao cimento Portland. Foram avaliados óxido de

bismuto, carbonato de bismuto, subnitrato de bismuto, óxido de zircônio e

cimento Portland branco. Para todos os materiais, foi uti lizada a proporção de 1

parte do cimento x 4 partes do radiopacificador. Os resultados mostraram que o

tipo de radiopacificador interferiu nas propriedades físicas e antimicrobianas do

8

cimento e que o óxido de zircônio, dentre os materiais avaliados, foi a opção de

radiopacificador mais viável a ser associada ao cimento Portland.

2.3.2. Tempo de presa

O tempo de presa é uma propriedade importante para o controle da

estabi lidade do produto, porém este valor varia conforme os componentes

consti tuintes do material avaliado, do ambiente, da umidade relativa do ar e da

granulometria (Flores et al ., 2011).

Camps et al. (2004) estudaram a influência das modificações na relação

pó/líquido nas propriedades de cimentos à base de OZE. A proporção pó/líquido de

dois materiais (Cortisomol® e Pulp Canal Sealer EWT®) foi feita por 10 dentistas e

para diferentes consistências foi avaliado o tempo de presa. Para cada cimento

endodôntico, os frascos de pó e líquido foram pesados em balança de precisão.

Uma gota do líquido foi colocada em placa de vidro e o endodontista foi convidado a

preparar o cimento de acordo com a consistência desejada. Depois os frascos foram

pesados pela segunda vez para determinar a quantidade de pó e líquido utilizada

por cada profissional. Foi realizada a média dos resultados e obtido 3 consistências

para o Cortisomol®: líquida, média e espessa e duas para o Pulp Canal Sealer

EWT®: média e espessa. Em seguida, espécimes com os materiais (10 mm x 2 mm)

foram fabricados e armazenados em estufa à 37ºC. Para a realização do teste,

agulha de 100 ± 5g e extremidade com 2 ± 0,1mm de diâmetro foi posicionada

sobre a superfície do cimento e o tempo decorrido para que as marcações da

agulha não fossem mais visíveis foi registrado. Diferenças significativas foram

observadas para o Cortisomol®, nas três consistências avaliadas. Já para o Pulp

Canal Sealer EWT® não foi encontrada diferença no tempo de presa em duas

consistências avaliadas.

Flores et al. (2011) estudaram o tempo de presa de 4 materiais: AH Plus®,

GuttaFlow®, RoekoSeal® e Activ GP®. Foram preparados anéis de gesso, com

diâmetro interno de 10 mm e espessura de 2 mm, e os mesmos foram fixados

em placa de vidro. Os moldes foram preenchidos com os materiais e c olocados

em estufa à 37ºC. Após cerca de 150 ± 10 segundos, uma agulha Gilmore com

massa de aproximadamente 100g e extremidade de 2 mm de diâmetro foi

colocada verticalmente sobre a superfície horizontal de cada espécime. A

sondagem foi repetida até as marcações deixem de ser visíveis. O teste deveria

9

ser repetido se ocorresse uma variação maior que ± 5%. Foi observado diferença

significativa entre AH Plus® (580,6 ± 3,05 min), GuttaFlow® (24 ± 2 min),

RoekoSeal® (40 ± 1,58 min) e Activ GP® (15,2 ± 1,30 min). Entretanto, os valores

médios mostraram concordância com as normas da ANSI/ADA.

Duarte et al. (2010) verificaram a influência da adição de 5 e 10% de

hidróxido de cálcio nas propriedades do cimento AH Plus®. Para análise do

tempo de presa foi uti lizado seis moldes de aço inoxidável (10 mm de diâmetro x

2 mm de altura), no qual dois foram preenchidos com o AH Plus® puro, dois com

cimento associado a 5% hidróxido de cálcio e os outros dois com o cimento

associado a 10% do hidróxido de cálcio. Três anéis foram mantidos em estufa, à

37ºC e os outros em temperatura ambiente. Para determinar o tempo de presa,

foi uti lizada uma agulha Gilmore de 453.6 ± 0.5 g e ponta ativa de 1 ± 0.1 mm, a

cada 60 segundos. A média ari tmética das três repetições para cada cimento foi

registrada e considerada como o tempo de presa definitivo. Diferentemente do

estudo anterior, os resultados mostraram que não houve diferença significativa

entre AH Plus® e AH Plus® associado a 5% ou 10% de hidróxido de cálcio, nas

duas condições experimentais (ambiente seco e úmido).

Marín-Bauza et al. (2011) avaliaram o tempo de presa de diferentes

cimentos: AH Plus®, Polifi l®, Apexit Plus®, Endometazona® e Endofill®. Assim

como no estudo de Flores et al. (2011), foram confeccionados anéis de gesso

(10 mm x 2 mm), os quais foram uti lizados como moldes, e estes foram

preenchidos com os cimentos e mantidos em estufa à 37ºC. Após 150 ± 10

segundos, uma agulha Gilmore com uma massa de aproximadamente 100 ± 5 g

e extremidade com 2 ± 0,1 mm de diâmetro foi colocada verticalmente sobre a

superfície horizontal de cada espécime, até que as marcações não fossem mais

visíveis. Análise estatística demonstrou diferença significati va entre os cimentos

avaliados. Os resultados mostraram que o AH P lus® e o Apexit Plus®

apresentaram valores dentro dos padrões preconizados pela ANSI/ADA e que

como os fabricantes não mencionaram o tempo de presa para Endometazona® e

Endofill®, se tornou impossível a associação dos resultados obtidos com as

normas preconizadas pela ANSI/ADA.

Louwakul & Lertchirakarn (2012) também avaliaram o tempo de presa

segundo a metodologia estabelecida pela ANSI/ADA e pelos autores descritos

acima, porém avaliaram um material à base de fluocinolona acetonida

10

comparando-o a outro material à base de hidróxido de cálcio (Dycal®). Outra

diferença foi que os pesquisadores uti lizaram dez moldes para cada material, o

início da conferência do tempo de presa foi após 60 segundos de permanência

dos moldes na estufa e uti lizou-se intervalo de 15 segundos para cada teste, até

que as marcações não fossem mais visualizadas. Os resultados mostraram que

o tempo de presa para o Dycal® e para o material à base de fluocinolona

acetonida variou de 60 a 90 segundos e de 115 a 165 segundos,

respectivamente.

2.3.3. Alterações dimensionais

Em relação às alterações dimensionais, a norma da ANSI/ADA (2000)

afirma que a retração linear do cimento não deve exceder 1% ou 0,1% em

expansão. Caso ultrapasse esse valor, o preenchimento do canal pode ficar

comprometido, podendo haver re-contaminação (Flores et al., 2011).

Nesse sentido, Camps et al. (2004) verificaram as alterações dimensionais

de cimentos à base de OZE que sofreram influência das modificações na relação

pó/líquido. A proporção pó/líquido de dois materiais (Cortisomol® e Pulp Canal Sealer

EWT®) foi feita por 10 dentistas em diferentes consistências de acordo com a

descrição realizada anteriormente para avaliação da propriedade tempo de presa

(subitem 2.3.2.). Após a obtenção das diferentes consistências para cada material,

espécimes medindo 12 mm de altura x 6 mm de diâmetro foram preparados

utilizando moldes cilíndricos. Dois gramas de cimento foram preparados com 0,02 g

de água e foram vertidos nos moldes. O excesso foi removido e uma placa de vidro

foi colocada sobre o molde para se obter duas superfícies planas. Os espécimes

foram mantidos em estufa à 37ºC, 95% de umidade, por 24 horas. Depois disso, as

superfícies dos espécimes foram polidas, o comprimento foi medido e estes foram

armazenados em água destilada, novamente em estufa por 30 dias. Após esse

período, mediu-se novamente o comprimento dos espécimes. Não foi observada

diferença significativa para os materiais em relação à alteração dimensional em

diferentes consistências, porém na consistência líquida e média os valores

encontrados do Cortisomol® não se apresentaram dentro do estabelecido pela

ANSI/ADA. Dessa forma, caso esse material seja usado clinicamente com uma

consistência inadequada, poderá ter alteração de outras propriedades, como

11

contração maior, resultando em espaços vazios dentro do canal radicular o que

consequentemente afetará o sucesso do tratamento.

Duarte et al . (2010) analisaram entre outras propriedades, a alteração

dimensional do cimento AH Plus® puro e associado a 5% e 10% de hidróxido de

cálcio. Três moldes foram preparados para a fabricação de espécimes cilíndricos

(12 mm de altura x 6 mm de diâmetro) e colocados sobre uma placa de vidro

coberta com uma folha de celofane. Os moldes foram preenchidos com um

ligeiro excesso de cimento, e uma lâmina de vidro, também recoberta de papel

celofane, pressionou a superfície superior do molde. O conjunto foi armazenado

em estufa à 37ºC por um tempo correspondente a três vezes o tempo de presa.

Depois deste período o comprimento dos espécimes foi medido com um

paquímetro digital, armazenados à 37ºC por 30 dias em frascos contendo 50 ml

de água deionizada. Após esse período, os espécimes foram secos e o

comprimento mensurado novamente. As alterações dimensionais foram

calculadas uti lizando uma equação [(L30-L)/L)x100, onde L30 é o comprimento

da amostra após 30dias e L é o comprimento inicial da amostra]. A média

ari tmética de três repetições para cada cimento foi registrada como a alteração

dimensional do material avaliado. Análise estatística mostrou que não houve

diferença significativa entre os três materiais: AH Plus® + 10% de hidróxido de

cálcio (alteração dimensional de 1.14 ± 0.26), AH Plus® + 5% de hidróxido de

cálcio (0.93 ± 0.14) e AH Plus® puro (0.57 ± 0.10).

Flores et al. (2011) com o objetivo de analisar as alterações dimensionais

de quatro cimentos (AH Plus®, GuttaFlow®, RoekoSeal® e Activ GP®) uti lizaram

moldes de teflon com 3,58 mm de altura e 3 mm de diâmetro. Esses moldes

foram colocados sobre placa de vidro, envolvida por papel celofane, e foram

preenchidos com os materiais acima citados com ligeiro excesso. Uma lâmina de

vidro também envolta por papel celofane foi pressionada contra a superfície dos

moldes. Esse conjunto foi transferido para uma estufa (37ºC, 95% de umidade

relativa) e mantido por um período correspondente a três vezes o tempo de

presa. Após esse período, os espécimes foram removidos dos moldes, medidos

com um paquímetro digital, imersos em frascos de 50 ml, contendo 2,24 mL de

água destilada e mantidos novamente em estufa, por 30 dias. Os espécimes

foram removidos dos frascos, secos com papel absorvente e o comprimento

medido novamente. Diferentemente do estudo anterior (Duarte et al., 2010), a

12

análise estatística demonstrou diferença significativa entre os grupos

experimentais: AH Plus® (1.34 ± 0.23), GuttaFlow® (0.44 ± 0.16), RoekoSeal®

(1.33 ± 0.12) e Activ GP® (1.95 ± 0.20), porém só o GuttaFlow® se apresentou de

acordo com os padrões da ANSI/ADA.

Em 2011, Marín-Bauza et al., avaliaram o tempo de presa de diferentes

cimentos: AH Plus®, Polifi l®, Apexit Plus®, Endometazona® e Endofi ll®. Os

pesquisadores uti lizaram a mesma metodologia descrita por Flores et al. (2011),

descrita anteriormente, diferindo apenas quanto aos materiais estudados. Os

resultados mostraram que a alteração dimensional de todos os cimentos foi

maior que os valores considerados aceitáveis pela norma ANSI/ADA e AH Plus®,

Endometazona® e Poli fil® foram estatisticamente semelhantes entre eles e

diferentes dos outros materiais. Apexit Plus® e Endofi ll® apresentaram os

menores valores de alteração dimensional e foram estatisticamente semelhantes

entre si .

2.3.4. Solubilidade

Materiais usados na endodontia são capazes de selar até a porção apical

da raiz, impedindo a re-contaminação bacteriana. Porém para que isso aconteça

esses materiais devem apresentar baixa solubilidade, caso contrário podem

causar liberação de substâncias irri tantes para os tecidos periapicais e também

podem permitir a presença de espaços entre os materiais e o canal radicular,

podendo aumentar assim a infiltração bacteriana ao longo do tempo (Poggio et

al., 2010; Flores et al ., 2011).

Para avaliar a solubi lidade, a especificação nº57 da ANSI/ADA preconiza

que a solubi lidade dos cimentos não deve exceder 3% em massa, após imersão

em água.

Dessa maneira, Poggio et al . (2010) avaliaram a solubi lidade de seis

materiais, sendo dois à base de Endometazona®, dois com hidróxido de cálcio e

dois à base de resina epóxi . Foram confeccionados 10 espécimes de cada

material, uti lizando-se moldes de aço inoxidável, os quais foram i mersos em

água por 24 horas e 2 meses. A solubi lidade foi determinada pela perda de peso

(em %) dos espécimes e os resultados mostraram que todos os materiais

apresentaram solubilidade inferior a 3%, mas os menores percentuais foram para

os materiais à base de resina epóxi.

13

Flores et al. (2011) também seguiram a especificação ANSI/ADA para

analisar os materiais AH Plus® (base de resina epóxi), Gutta Flow®, RoekoSeal®

e Activ GP®. Foram uti lizados moldes de teflon (1,5 mm de espessura x 7,75 mm

de diâmetro), os quais foram preenchidos com os materiais recém-manipulados.

Os moldes foram colocados sobre placa de vidro coberta por papel celofane. Um

fio de nylon foi colocado dentro do material e outra placa de vidro também

coberta por celofane foi posicionada sobre os moldes, com pressão manual de

tal forma que as placas tocassem todos os moldes de maneira uniforme. O

conjunto foi colocado em estufa e mantido por um período correspondente a três

vezes o tempo de presa. Após os espécimes serem removidos, o comprimento

médio foi registrado. Os espécimes foram então colocados dentro de frascos

plásticos contendo 7,5 ml de água desti lada, tendo cuidado para evitar qualquer

contato entre eles e a superfície interna do frasco. Esses foram selados e

deixados por 7 dias em estufa. Após este período, os espécimes foram

removidos dos frascos, enxaguados com água deionizada, secos com papel

absorvente e colocados em desumidificador por 24 horas. Em seguida, foram

pesados novamente e a perda de peso de cada espécime foi expressa em

porcentagem da massa original. Os resultados mostraram que dentre os

materiais estudados, apenas o Activ GP® não conseguiu atingir o padrão

estabelecido pela ANSI/ADA.

Outro estudo, realizado por Marín-Bauza et al. (2011), utilizando a mesma

metodologia descrita por Flores et al . (2011), veri ficou as propriedades de

materiais à base de resina epóxi (AH Plus®), hidróxido de cálcio (Apexit Plus®),

OZE (Endometazona® e Endofil®) e um combinado de óleo de mamona, óxido de

zinco e carbonato de cálcio (Poli fil®). Assim como no estudo de Poggio et al.

(2010) todos os materiais estudados apresentaram valores de solubi lidade

inferiores a 3%. Entretanto, diferiram deste estudo em relação aos valores, uma

vez que os resultados de Marín-Bauza et al. (2011) mostraram que não houve

diferença significativa entre os materiais.

Faria-Júnior et al. (2012) também avaliaram a solubi lidade de cimentos

endodônticos (AH Plus®, Sealer 26®, Epiphany SE®, Sealapex®, Activ GP®, MTA

Fillapex® e MTA-based Sealer®). Os materiais foram colocados em moldes (7

mm x 1 mm) e mantidos em estufa, à 37ºC por 2 e 7 dias. Após estes períodos,

os espécimes foram removidos dos moldes, colocados por 1 hora em sílica para

14

dessecação, pesados em balança de precisão e em seguida imersos em 10 ml

de água deionizada e deixados por 15 horas em estufa. Depois deste período,

eles foram removidos, lavados com água deionizada, colocados na sílica por

mais 24 horas e novamente pesados. Para confirmar e estabi lizar o valor do

peso, os espécimes foram pesados novamente depois de outro ciclo de 24

horas. A solubilidade correspondeu à perda de massa de cada espécime e foi

expressa em porcentagem da massa original. Os resultados mostraram que

assim como Poggio et al. (2010), o material à base de resina epoxi (AH Plus ®),

em ambos os tempos, foi o que apresentou menor valor de solubi lidade . Após

dois dias da manipulação, os maiores valores de solubi lidade foram encontrados

para MTA Fillapex®, MTA-S®, Sealapex® e Activ GP®. Aos 7 dias, o MTA

Fillapex® e MTA-S® apresentaram maior solubi lidade que os outros cimentos

avaliados.

2.3.5. Liberação de íons hidroxila (OH-) / Análise do pH

A avaliação do pH é importante para verificar o potencial alcalinizante de

cada material obturador, pois em pH elevado enzimas bacterianas podem ser

inativadas irreversivelmente, resultando em perda de atividade biológica (Estrela

et al., 1995). A maioria dos microorganismos são destruídos em pH 9,5 e poucos

sobrevivem em pH igual ou superior a 11 (Crespo, 2011).

Crespo, em 2011, com o objetivo de avaliar a capacidade de alcalinização

e liberação de íons cálcio de resíduos da medicação intracanal com hidróxido de

cálcio realizou um estudo com 36 dentes permanentes humanos (incisivos

inferiores), nos quais foi realizado o preparo químico-mecânico e

impermeabilização das raízes. Após a impermeabilização, estas foram divididas

em 3 grupos e realizou-se a obturação de acordo com os seguintes grupos:

Calen® associada a digluconato de clorexidina a 20%, pasta de hidróxido de

cálcio com PMCC e glicerina, chamada neste estudo de HPG, Calen® e o grupo

controle (sem material obturador). Em seguida, as raízes foram imersas em 10

ml de água deionizada por 7 dias. Depois desse período as raízes foram

irrigadas, secas com cone de papel absorvente e novamente imersas em 10 ml

de água deionizada por 24 horas, 7, 14 e 28 dias. Nos períodos determinados as

raízes foram trocadas de frascos e amostras de água desti lada foram

submetidas à análise de pH. De acordo com os resultados, observou-se que não

15

houve diferença significativa entre os grupos experimentais, independentemente

do período de armazenamento, quanto ao potencial hidrogeniônico, verificado na

solução em que os dentes permaneceram imersos.

Weckwerth et al. (2012) verificaram a influência da adição de

radiopacificadores, como óxido de bismuto, carbonato de bismuto, subnitrato de

bismuto e óxido de zircônio, sobre as propriedades do cimento Portland. Os

radiopacificadores foram incorporados ao cimento na proporção de 1:4 (1 parte

de radiopacificador para 4 partes de cimento). Para avaliar a alcalinização , os

cimentos foram inseridos em cavidades, simulando a extremidade das raízes,

preparadas em dentes de acrílico e imersos em 15 ml de água deionizada, à

37ºC. Após 3 horas de imersão, os dentes foram retirados e colocados em novos

frascos com quantidade igual de água deionizada, e este procedimento foi

repetido após 24, 72 e 168 horas. Após a remoção os dentes, os frascos foram

agitados e analisou-se o pH uti lizando um peagâmetro. Os resultados mostraram

que a adição dos radiopacificadores interferiu na liberação de íons OH- , mas

todos os materiais apresentaram valores alcalinos. Em 3 horas, o cimento

associado ao subnitrato de bismuto apresentou menor valor de pH, e em 168

horas, todos os materiais apresentaram pHs semelhantes sem diferença

significativa.

Louwakul & Lertchirakarn (2012) estudaram o efeito nas propriedades

físicas e mecânicas da incorporação de um agente antiinflamatório em um

material à base de hidróxido de cálcio. Cada espécime foi misturado, colocado

em molde de aço inoxidável ci líndrico (2 mm de altura x 4 mm de diâmetro) e

prensado. Em seguida, os espécimes foram retirados dos moldes, colocados em

frasco contendo 10 ml de água deionizada e foram mantidos à 37ºC. A

mensuração do pH foi realizada com peagâmetro digital em 1, 3, 24, 48, 72 e

168 horas. Os resultados mostraram que a incorporação do agente

antiinflamatório aumentou significativamente o pH quando comparado com o

controle, mas em ambos os materiais, após as 72 horas os valores

permaneceram constantes.

Faria-Júnior et al. (2012) avaliaram a atividade antimicrobiana, pH e

solubi lidade de cimentos endodônticos (AH Plus®, Sealer 26®, Epiphany SE®,

Sealapex®, Activ GP®, MTA Fillapex® e MTA-based Sealer®). Os materiais foram

colocados em moldes (7 mm x 1 mm) e mantidos em estufa, à 37ºC por 2 e 7

16

dias. Após estes períodos, os espécimes foram imersos em 10 ml de água

deionizada e novamente foram armazenados em estufa por 5, 10 e 15 horas. A

mensuração do pH foi realizado em triplicata. Os pesquisadores o bservaram que

o Sealapex® obteve maiores valores de pH em todos os tempos de avaliação.

2.3.6. Escoamento

A capacidade de escoar permite o preenchimento de toda a extensão

radicular com maior facilidade. Sendo assim, material que apresente um bom

escoamento, conseguiria atingir as irregularidades da dentina e possíveis canais

secundários e acessórios, o que poderia diminui as chances de formação de bolhas

e partes não obturadas, impedindo, consequentemente a proliferação bacteriana e

re-contaminação dos canais radiculares (Baldi, 2009).

Segundo a especificação da ANSI/ADA, o escoamento é tradicionalmente

medido em sala com temperatura e umidade controlada, colocando os materiais

entre duas placas de vidro (no mínino de 40 mm x 40 mm x 5 mm, e

aproximadamente 20g) e submetidos a uma carga total de 120g. Após 10 minutos

do início da manipulação dos materiais, os maiores e menores diâmetros são

medidos com um paquímetro digital e calculado a média dos valores. Caso a

diferença do maior e menor diâmetro seja maior que 1 mm, o teste deve ser

repetido.

Pécora et al. (2002) avaliaram a correlação da correta manipulação dos

cimentos de OZE com o escoamento. A análise mostrou que a correta manipulação

proporciona um maior escoamento e conseqüente obturação de canais laterais e

acessórios.

Em controvérsia ao estudo de Pécora et al. (2002), Camps et al. (2004)

avaliaram a influência das modificações na relação pó/líquido nas propriedades de

cimentos à base de OZE. A proporção pó/líquido de dois materiais (Cortisomol® e

Pulp Canal Sealer EWT®) foi feita por 10 dentistas e as diferentes consistências

foram analisadas de acordo com o preconizado pela ANSI/ADA. Os resultados

variaram de acordo com o material: para o Cortisomol® o aumento da proporção

pó/líquido reduziu significativamente o escoamento e que somente a consistência

mais fluída preencheu os requisitos preconizados, enquanto que para Pulp Canal

Sealer EWT® apenas o material mais consistente preencheu os requisitos

preconizados.

17

Gambarini et al. (2006) avaliaram o escoamento de três materiais: um à base

de resina composta (Real Seal®), um de ZOE (Bioseal®) e outro de Polivinilsiloxano

(RSA®). Foi observado que todos os materiais apresentaram valor médio do

diâmetro do disco maior do que o mínimo requerido (20 mm) e apenas o RSA®

apresentou diferença significativa quando comparado aos demais materiais.

Marín-Bauza et al. (2011) analisaram o escoamento de pastas à base de

resina epóxi, hidróxido de cálcio, OZE e carbonato de cálcio com óxido de zinco.

Utilizou-se a metodologia preconizada pela ANSI/ADA. Assim como o estudo de

Gambarini et al. (2006) todos os materiais avaliados apresentaram valores de

escoamento acima de 20 mm e o material que apresentou menor valor foi o à base

de resina epóxi e o material com carbonato de cálcio e oxido de zinco.

Crespo (2011) avaliou o escoamento de materiais à base de hidróxido de

cálcio: Calen®, puro e associado a digluconato de clorexidina a 0,4% e a pasta

HPG (hidróxido de cálcio, PMCC e glicerina), os quais são frequentemente

uti lizados como medicação intracanal. Inicialmente os materiais foram colocados

em seringas plásticas de 1 ml e 0,05 ± 0,005 ml de cada um deles foi depositado

individualmente no centro de uma placa de vidro (40 cm x 40 cm). Após 3

minutos, uma segunda placa, de 20g foi colocada sobre os materiais e sobre o

conjunto um peso de 100 g. Após 7 minutos, a média do maior e menor diâmetro

do disco formado pelo escoamento do material foi medida com um paquímetro

digital. As análises foram sempre realizadas em triplicata. Os mostraram que

para Calen® puro ou associado não houve diferença significativa. HPG

apresentou significantemente escoamento menor que os demais materiais.

De acordo com o apresentado acima e resumidamente no quadro abaixo

(Quadro 1), nota-se a ausência de estudos que tenham avaliado as

propriedades físico-químicas de materiais obturadores uti lizados em dentes

decíduos. De maneira geral, os estudos apresentados avaliaram as propriedades

físico-químicas de materiais frequentemente uti lizados na obturação de dentes

permanentes. Esses materiais são à base de OZE, policetona, resina epóxi (AH

26®, AH Plus®), ionômero de vidro (Ketac-Endo®) e hidróxido de cálcio e

recentemente estão sendo comercializados cimentos à base de resina composta,

fosfato de cálcio e si licones (Schmalz, 2006). Dessa forma, diante do

apresentado e considerando a importância das propriedades físico-químicas dos

18

materiais obturadores para o sucesso do tratamento endodôntico em dentes

decíduos, este estudo foi conduzido.

18

Quadro 1. Lista de estudos utilizados neste trabalho de revisão de literatura com relação às propriedades físico-químicas dos

materiais obturadores

Autores Ano Materiais Estudados Testes Realizados Resultados

Camps et al. 2004

Materiais à base de Óxido de Zinco e Eugenol:

Cortisomol® (3 consistências) Pulp Canal Sealer EWT (2

consistências)

Escoamento Aumento na proporção pó/líquido - aumento no escoamento

Tempo de presa e de trabalho

Cortisomol® apresentou diferença significativa para as 3 consistências Pulp Canal Sealer EWT® = para 2 consistências

Alteração dimensional Ausência de alterações dimensionais

Radiopacidade Aumento na proporção pó/líquido - aumento da radiopacidade

Espessura do material Cortisomol® = para as 3 consistências

Pulp Canal Sealer EWT® ≠ para as 2 consistências

Candeiro et al.

2012

Endosequence BC Sealer® AH Plus®

Radiopacidade Endosequence BC Sealer® < radiopacidade que o AH Plus®

Análise de pH Endosequence BC Sealer® > pH

Liberação de íons Ca2+ Endosequence BC Sealer® > liberação de íons Ca2+

Escoamento Os dois materiais apresentaram valores > que o recomendado pela

ISO 6876/2001

Crespo

2011

Calen® Calen® + digluconato de clorexidina

a 0,4%. Pasta de hidróxido de cálcio, PMCC

e glicerina (HPG)

Análise de pH Liberação de íons Ca2+

Calen® = Calen® + digluconato de clorexidina a 0,4% = HPG

Escoamento Calen® = Calen® + digluconato de clorexidina a 0,4% HPG < escoamento em relação aos outros materiais

HPG em desacordo com a norma da ANSI/ADA

Faria-Júnior et al.

2013

AH Plus® Sealer 26®,

Epiphany SE® Sealapex® Activ GP®

MTA Fillapex® MTA-based Sealer®

Atividade antimicrobiana MTA Fillapex® e Sealapex® > atividade

Análise de pH Sealapex® apresentou > valores

Solubilidade 2 dias após a manipulação - > valores para MTA Fillapex®, MTA-S®,

Sealapex®, Activ GP® 7 dias após a manipulação - > valores para MTA Fillapex®, MTA-S®

19

Flores et al. 2011

AH Plus® GuttaFlow® RoekoSeal® Activ GP®

Tempo de presa AH Plus® apresentou > tempo de presa

Alteração dimensional GuttaFlow® foi o único material de acordo com a ANSI/ADA

Solubilidade Radiopacidade

Activ GP® não apresentou valores médios de acordo com a ANSI/ADA

Gambarini et al. 2006 RS sealer®

Roeko Seal Automix® Bioseal®

Radiopacidade Bioseal® - não atingiu as especificações

Espessura Roeko Seal Automix® - não atingiu as especificações

Escoamento RS sealer® e Roeko Seal Automix® - dentro dos valores

recomendados.

Louwakul & Lertchirakarn

2012 Dycal®

Material à base de fluocinolona acetonida (PCFA)

Tempo de presa PCFA apresentou > valores

Análise de pH PCFA apresentou > valores comparado ao Dycal® em até 48 horas

Marín-Bauza et al. 2012

AH Plus® Polifil®

Apexit Plus® Endometazona®

Endofill®

Tempo de presa AH Plus® e o Apexit Plus® - dentro das normas da ANSI/ADA

Escoamento Radiopacidade

Solubilidade Alteração dimensional

Todos os materiais apresentaram valores dentro dos considerados aceitáveis pela ANSI/ADA

Nunes & Rocha 2005

Pasta de hidróxido de cálcio + propilenoglicol (CaPE)

Pasta de óxido de zinco, hidróxido de cálcio e óleo de oliva (UFSC)

Vitapex® Sealapex®

Análise de pH CaPE > valores em relação aos outros grupos

> maior difusão de íons OH- ocorreu em 60 dias

Liberação de íons Ca2+ CaPE melhores resultados seguida da UFSC

Poggio et al 2010

Dois materiais à base de Endometazona®, dois com

hidróxido de cálcio e dois à base de resina epóxi.

Solubilidade Todos os materiais apresentaram solubilidade inferior a 3% (dentro

dos padrões da ANSI/ADA) < valores percentuais para os materiais à base de resina epóxi

Signoretti et al. 2011 Hidroxido de cálcio + solução salina

Hidróxido de cálcio + clorexidina Clorexidina

Análise de pH Hidróxido de cálcio + solução salina > valores

Todos os materiais apresentaram pH alcalino em todos os períodos

Liberação de íons Ca2+ Hidróxido de cálcio + clorexidina > liberação de íons Ca2+

20

Silva et al. 2010 MTA ProRoot® MTA Angelus®

Resistência a compressão radiopacidade

Tempo de presa Solubilidade

Análise de pH

Os materiais avaliados se apresentaram dentro da norma ISO

Sydney et al. 2008

AH Plus® N-Rickert® Endofill® Intrafill®

Óxido de Zinco e Eugenol

Radiopacidade Diferença entre todos os materiais estudados, com exceção do

Intrafill® e do Endofill® OZE > valor

Weckwerth et al. 2012

Radiopacificadores associados aos cimentos Portland e Portland

branco: Óxido de bismuto

Carbonato de bismuto Subnitrato de bismuto

Óxido de zircônio

Solubilidade Radiopacificador interferiu na solubilidade dos cimentos Portland

Óxido de zircônio - opção mais viável para ser associado ao cimento Portland

Análise de pH Adição dos radiopacificadores interferiu na liberação de íons OH-

Todos os materiais apresentaram valores alcalinos

21

3. Proposição

O objetivo neste estudo foi avaliar a capacidade de escoamento horizontal de

diferentes materiais obturadores utilizadas na endodontia de dentes decíduos. A

hipótese testada é que os materiais obturadores apresentam capacidade de

escoamento diferente entre eles.

22

4. Material e Métodos

4.1. Delineamento experimental

O fator em estudo foi os materiais obturadores (Calen®, Calen® associado ao

óxido de zinco, Calen® associado ao iodofórmio, OZE, Vitapex® e UltraCal®XS) e a

variável de resposta foi o escoamento horizontal mensurado (em mm) dos maiores e

menores diâmetros formados após o teste.

4.2. Seleção e preparo dos materiais obturadores

Para a realização do estudo foram selecionados materiais obturadores à base

de OZE, hidróxido de cálcio e iodofórmio, frequentemente utilizados na endodontia

de dentes decíduos (AAPD, 2010-2011).

Os materiais obturadores utilizados foram distribuídos nos seguintes grupos:

Calen®; Calen® associada ao óxido de zinco; Calen® associada ao Iodofórmio; OZE;

Vitapex®; UltraCal®XS (Apêndice 1). As composições e respectivos fabricantes estão

apresentados no Quadro 2.

Quadro 2. Materiais obturadores uti lizados neste estudo, de acordo com material,

composição e respectivos fabricantes.

MATERIAIS COMPOSIÇÃO * FABRICANTE

Calen® 2,5 g de hidróxido de cálcio, 0,5 g óxido de

zinco, 0,05 g de colofônia e 1,75 mL de

polietilenoglicol 400

S.S. White

Óxido de Zinco 99 a 100,5% de óxido de zinco Biodinâmica

Eugenol 99 a 100,5% de eugenol Biodinâmica

Iodofórmio 99 a 100,5% de iodofórmio Biodinâmica

UltraCal® XS 35% de hidróxido de cálcio, 20% de sulfato

de bário em solução aquosa UltraDent

Vitapex® 30% de hidróxido de cálcio, 40,4% de

iodofórmio, 22,4% de óleo de silicone e

6,9% de substâncias inertes

Neo Dental

* Informações fornecidas pelos respectivos fabricantes.

23

A metodologia utilizada para a condução do presente trabalho foi similar a

preconizada pela norma da ISO 6786 e da ANSI/ADA, especificação nº 57. Para

isso, os materiais foram preparados e manipulados de acordo com as

recomendações dos fabricantes em ambiente com temperatura e umidade

controladas (23 ± 20 C e umidade de 50 ± 5%) (Especificação ADA, 2008). Após 3

minutos da manipulação, os materiais foram transferidos para seringas plásticas

(tipo insulina de 1 ml) e 0,05 ± 0,005 ml de cada um dos materiais foi colocado

individualmente no centro de uma placa de vidro medindo 40 mm x 40 mm x 5 mm e

pesando 20 ± 2 g, e logo em seguida uma nova placa de vidro idêntica a anterior foi

colocada sob o material e sobre este conjunto foi colocado um peso de 100g.

Após 7 minutos, a média do maior e do menor diâmetro do disco formado pelo

escoamento do material foi medida utilizando um paquímetro digital (Mitutoyo MTI

Corporation, Tókio, Japão). Se o maior e menor diâmetro formado pelos materiais

apresentassem uma diferença maior que 1 mm, o teste era repetido. As análises

foram realizadas em triplicata, conforme adaptação da norma da ISO 6876:2001,

citada no estudo de Camps et al. (2004), e foi realizada uma média dos valores

obtidos para cada material obturador (Apêndice 1).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste Tukey,

com nível de significância de 5% (Bioestat, Belém, Pará, Brasil, 2007).

24

5. Resultados

Os resultados obtidos a partir do teste de escoamento, realizado de acordo

com as normas ANSI/ADA, especificação nº 57, estão apresentados na Figura 1, a

qual apresenta as respectivas médias e desvio padrão dos valores de escoamento

dos materiais obturadores estudados. De acordo com a análise estatística realizada,

pode-se observar diferença significativa entre os materiais estudados (p<0,0001),

sendo que a maior média de escoamento foi obtida para Calen® (21,285 ± 0,836),

seguido da UltraCalXS® (14,570 ± 0,048), Vitapex® (13,137 ± 0,193), Calen®

associado ao iodofórmio (10,577 ± 0,568), OZE (9,067 ± 0,492) e Calen® associado

ao OZE (6,972 ± 0,263).

Vale ressaltar que durante a realização do teste, não houve a necessidade de

repetição do mesmo.

Figura 1. Média e Desvio Padrão dos valores de escoamento horizontal obtidos para

os materiais obturadores estudados. *Letras minúsculas diferentes representam

diferença estatística obtida pela análise de variância (p>0,05).

a

bc

de

f

25

6. Discussão

Os cimentos endodônticos apresentam propriedades que podem ser divididas

em físico-químicas, mecânica, antimicrobiana e biológica. Apesar dos estudos

realizados, não há um material que apresente todos os requisitos exigidos para ser

considerado um material obturador ideal (Schmalz, 2006). Entretanto, quando as

propriedades são estudadas, novos produtos podem ser desenvolvidos ou mesmo

os materiais existentes podem ser avaliados, com o objetivo que resultados clínicos

melhores sejam alcançados (Souza-Neto et al., 1999).

No aspecto físico, os materiais devem apresentar radiopacidade, tempo de

presa e escoamento adequado, permitindo tempo suficiente para obturação e

controle radiográfico e ser de fácil aplicação e remoção se necessário. Quanto aos

aspectos mecânicos, não devem sofrer contração, devem ser insolúveis em fluídos

teciduais, apresentar boa adesão/adaptação a dentina e/ou a materiais associados

aos cimentos, como cones de guta-percha no caso da endodontia de dentes

permanentes; e finalmente, quanto às propriedades biológicas, não devem causar

problemas de saúde ou alergias aos pacientes, não irritar os tecidos locais, ser

antimicrobiano e estimular o processo de reparo periapical (Schmalz, 2006).

O presente estudo avaliou a propriedade física de escoamento de seis

materiais obturadores, frequentemente utilizados na endodontia de dentes decíduos,

e de acordo os resultados encontrados, a hipótese testada foi confirmada, ou seja,

os materiais obturadores apresentaram diferente capacidade de escoamento.

Esta propriedade foi selecionada para ser estudada, pois é uma propriedade

importante que permite que os materiais obturadores penetrem em áreas limitadas

dos canais radiculares (Siqueira, 2000) e preencham os espaços de difícil acesso,

como os canais acessórios. Entretanto, enquanto alta capacidade de escoamento

poderia aumentar a chance de extrusão do material através da região periapical

(Candeiro et al., 2012), o que não seria interessante na endodontia de dentes

decíduos, pois há risco de prejuízos para o desenvolvimento do sucessor

permanente, quanto menor o escoamento e maior viscosidade, pior seria a

capacidade de penetrar nos espaços de difícil acesso e a aumentaria a possibilidade

de recontaminação dos canais.

De acordo com as especificações da ISO, ANSI/ADA (no 57) é requerido que

um material obturador não deva apresentar diâmetros menores que 17 a 20 mm.

Dessa forma, observou-se no presente estudo que o único material que atingiu

26

valores médios de escoamento maiores que 20 mm foi Calen® (21,285 ± 0,836).

Abaixo dos valores recomendados, observou-se a UltraCal®XS, Vitapex®, Calen®

associado ao iodofórmio, OZE e Calen® associado ao OZE (Figura 1). Essas

diferenças podem estar relacionadas à composição de cada material obturador, bem

como dos veículos encontrados nestes materiais.

De acordo com a literatura nacional e internacional, não há padronização

quanto à utilização dos materiais obturadores para dentes decíduos. Os principais

materiais utilizados são à base de OZE, hidróxido de cálcio e iodofórmio (AAPD,

2010-2011). Entretanto, há diferenças na composição dos mesmos, no que se refere

aos veículos utilizados e nas propriedades físico-químicas.

Quanto aos veículos, presentes nos materiais obturadores, com relação às

características físico-químicas, estes podem ser classificados em hidrossolúveis

(totalmente miscíveis em água) e oleosos, como óleo de oliva, óleo de silicone,

cânfora e eugenol. Os hidrossolúveis podem ainda ser classificados em aquosos,

como água destilada, solução salina e soluções anestésicas e a solução de

metilcelulose e viscosos, como glicerina, polietilenoglicol e propilenoglicol (Siqueira

Jr. & Lopes, 2004). Os veículos aquosos promovem rápida liberação de íons,

favorecendo a dissociação iônica, já os oleosos podem deixar resíduos nas paredes

dos canais radiculares e dificultar a remoção dos materiais obturadores caso seja

necessário (Fava & Saunders, 1999; Athnassiadis et al., 2007; Vianna et al., 2009;

Mohammadi & Dummer, 2011). Quanto aos viscosos, estes são solúveis em água,

também podem favorecer a liberação de íons, porém, uma liberação mais lenta

comparado aos materiais com veículos aquosos (Fava & Saunders, 1999;

Athnassiadis et al., 2007).

Conforme informações fornecidas pelos fabricantes dos materiais obturadores

estudados, Calen® apresenta como veículo o polietilenoglicol (hidrossolúvel -

viscoso), enquanto UltraCal®XS a água (hidrossolúvel - aquoso) e Vitapex® o óleo de

silicone (veículo oleoso). Uma das possíveis explicações para os resultados

encontrados é que os materiais à base de hidróxido de cálcio sem associações e

com veículos hidrossolúveis viscosos e/ou aquosos (Calen® e UltraCal®XS,

respectivamente) apresentam melhor escoamento em comparação aos materiais

associados ou que apresentam veículos oleosos (Calen® associado ao iodofórmio,

Calen® associado ao OZE e Vitapex®). Estes resultados estão de acordo com

Crespo (2011), somente para Calen®, que encontraram valores médios de

27

escoamento de 23,140 ± 1,41, semelhante ao valor encontrado no presente estudo.

Diante da literatura avaliada, o estudo de Crespo (2011) foi o único que verificou a

propriedade de escoamento, quando foram uti lizados materiais à base de hidróxido

de cálcio, sendo estes indicados como medicação intracanal.

Vale ressaltar que de acordo com Crespo (2011), não há especificações de

metodologias para verificar o escoamento de pastas que são utilizadas para

medicação intracanal. Ainda, de acordo com o que foi observado na revisão de

literatura do presente estudo, de materiais obturadores para dentes decíduos, como

foi realizado na parte experimental. Para a obturação de dentes decíduos,

recomenda-se o uso de materiais reabsorvíveis como OZE não-reforçado, materiais

à base de iodofórmio ou a combinação de iodofórmio e hidróxido de cálcio (AAPD,

2010-2011), uma vez que os mesmos devem acompanhar o processo fisiológico de

rizólise e não interferir com rizogênese do sucessor permanente. Sendo assim, tanto

no estudo de Crespo (2011), como no presente estudo, a norma ISO 6876,

ANSI/ADA (no57) foi adaptada e empregada de forma semelhante àquela utilizada

para avaliar cimentos endodônticos (Camps et al., 2004; Faria-Júnior et al., 2010;

Crespo, 2011)

Diante do apresentado e até o presente momento, nota-se que há limitado

conhecimento a respeito das propriedades físico-químicas dos materiais obturadores

utilizados em dentes decíduos, assim como em relação à citotoxidade dos mesmos.

Estudos in vitro e in vivo devem ser conduzidos para avaliar o desempenho desses

materiais e assim reforçar as indicações para a utilização dos mesmos na terapia

endodôntica de dentes decíduos.

28

7. Conclusão

Diante das condições experimentais do presente estudo, concluiu-se que os

materiais obturadores apresentaram diferentes padrões de escoamento , sendo que

o material obturador à base de hidróxido de cálcio sem associações (Calen®)

apresentou maior capacidade de escoamento comparado aos outros materiais. Além

disso, foi o único material que se enquadrou nos valores médios de escoamento

preconizados pelas normas ISO/ANSI/ADA.

29

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34

APÊNDICE 1

Figura 2. Conferência das medidas e pesagem das placas de vidro

utilizadas no experimento

A: Mensuração do comprimento da placa de vidro

B: Pesagem da placa de vidro

35

Figura 3. Materiais obturadores utilizados no experimento

A: OZE

B: Calen®

C: Calen® associada ao óxido de zinco

D: Calen® associada ao iodofórmio

E: Vitapex®

F: UltraCal®XS

36

Figura 4. Passo a passo da metodologia usada para análise do escoamento

A: Colocação do material endodôntico na placa de vidro

B: Colocação da segunda placa de vidro sobre o material

C: Inserção do peso (100g)

D: Mensuração do maior e menor diâmetro do disco formado, com paquímetro

digital