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2º CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E INTEGRALIDADE DA SAÚDE: UM PROJETO POSSÍVEL Avaliação da qualidade em saúde: proposta de modelo para gestão da atenção básica Maria Cristina Marino Calvo Claudia Flemming Colussi Douglas Francisco Kovaleski Sergio Fernando Torres de Freitas UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA BELO HORIZONTE 2013

Avaliação da qualidade em saúde: proposta de modelo para ... · de Benno Sander para avaliação da gestão da educação - eficiência, eficácia, efetividade e ... a exemplo

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2º CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM

SAÚDE

UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E INTEGRALIDADE DA SAÚDE: UM PROJETO

POSSÍVEL

Avaliação da qualidade em saúde: proposta de modelo para gestão da atenção básica

Maria Cristina Marino Calvo

Claudia Flemming Colussi

Douglas Francisco Kovaleski

Sergio Fernando Torres de Freitas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

BELO HORIZONTE

2013

Page 2: Avaliação da qualidade em saúde: proposta de modelo para ... · de Benno Sander para avaliação da gestão da educação - eficiência, eficácia, efetividade e ... a exemplo

Avaliação da qualidade em saúde: proposta de modelo para gestão da atenção básica.

Quality assessment in health: proposed model for management of primary care

(Avaliação da gestão da atenção básica)

(Evaluation of Primary Care Manegement)

Resumo

São sistematizadas concepções da qualidade em saúde, a partir das bases Lilacs, Medline e

Scielo, com as palavras-chave “qualidade”, “saúde”, “avaliação da qualidade”, “avaliação

para gestão”, e seus equivalentes em inglês, sem restrição de data. As concepções teóricas

de Benno Sander para avaliação da gestão da educação - eficiência, eficácia, efetividade e

relevância - e de Michael Scriven - valor e mérito – são reinterpretadas para aplicação em

saúde: o mérito consiste em cumprir suas atribuições, aferido por meio de eficiência e

eficácia; o valor consiste em realizar bem suas ações, aferido em efetividade e relevância.

Apesar de tais atributos já serem utilizados na avaliação em saúde, a proposta apresentada

incorpora todos eles, transversal e simultaneamente, em uma matriz de fácil aplicação. A

definição desses quatro critérios mínimos de qualidade conduz à identificação de

indicadores que superam a lista das medidas clássicas de produtividade, epidemiológicas e

normativas.

Palavras-chave: Avaliação em saúde, Atenção Primária, Gestão em Saúde

Abstract

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This study aims to contribute to the development of quality assessment in health

management. To do so, some conceptions of quality in health are systematized, from

Lilacs, Medline and Scielo, with the keywords "quality", "health", "quality assessment",

"assessment for management," and its equivalents in Portuguese, without date restriction.

After this analysis, the theoretical conclusions of Benno Sander for evaluation of

educational management - efficiency, effectiveness, efficacy and relevance - and Michael

Scriven - value and merit - are reinterpreted for application in health: the merit is to fulfill

its duties, as measured by efficiency and efficacy, the value is to conduct and their actions,

measured in effectiveness and relevance. Despite these attributes are already used in health

evaluation, the proposal incorporates all of them, and simultaneously cross in an array of

easy application. The definition of these four minimum criteria of quality leads to the

identification of indicators that go beyond the list of classic measures of productivity,

epidemiological, and normative.

Keywords: Health Evaluation, Primary Care, Health Management

Introdução

A prática avaliativa tem se constituído de iniciativas pontuais e pouco articuladas

com as necessidades da gestão1,2,3

. A avaliação em saúde tem sido acompanhada pela

preocupação quanto ao conceito de qualidade, considerado complexo e relativo onde, “a

compreensão de seu significado varia de acordo com o contexto histórico, político,

econômico e cultural de cada sociedade, além dos conhecimentos científicos acumulados”4.

A qualidade assume diferentes significados dependendo do foco de interesse do serviço ou

programa.

Objetivo

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Apresentar uma proposta de matriz avaliativa da qualidade em saúde.

Método

Diversas concepções de avaliação de qualidade, destacando-se as contribuições de

Benno Sander5 e Michael Scriven

6, foram sistematizadas e, a partir disso, é apresentada

uma proposta de matriz para Avaliação da Qualidade em Saúde, com foco na atenção

básica.

Referencial Teórico

As concepções de qualidade em saúde foram investigadas em uma revisão da

literatura nas bases de dados Lilacs, Medline e Scielo, utilizando-se como palavras-chave

“qualidade”, “saúde”, “avaliação da qualidade”, “avaliação para gestão”, e seus

equivalentes em língua inglesa, sem restrição de data. Identificadas as várias abordagens do

tema em diferentes contextos, foi proposta uma classificação das concepções da qualidade

em saúde, sintetizadas no Quadro 1. Tais concepções coexistem e se sobrepõem,

representando paradigmas dominantes identificáveis na maioria dos estudos de avaliação da

qualidade em saúde. A sistematização apresentada não busca esgotar a complexidade do

objeto, mas extrair as principais contribuições das diversas concepções, que foram

agrupadas em Técnica, Organizacional & Gerencial, e Sistêmica.

Quadro – 1 - Síntese das concepções da qualidade em saúde

Concepções da qualidade em saúde

Técnica Organizacional &

Gerencial Sistêmica

Ênfase

Cumprimento de

padrões técnicos de

excelência

Processos orientados às

expectativas dos usuários

Estrutura, processo,

resultados, e contexto em

que se inserem.

Método

Auditoria;

Acreditação;

Guidelines

Qualidade total;

Melhoramento contínuo da

qualidade; Certificações

Triangulação; Modelo

teórico-lógico

Responsáveis Profissionais de

saúde Profissionais e gestores

Stakeholders

(profissionais, gestores,

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usuários e outros atores

envolvidos)

Conceito de

qualidade

implícito

Conformidade com

as especificações

Características do produto ou

serviço que atendem às

necessidades dos clientes

Necessidades de saúde e

expectativa dos

stakehoolders.

Avaliação

Avaliação

Normativa

Avaliação Normativa;

Avaliação para

decisão/gestão

Avaliação para

decisão/gestão;

Pesquisa avaliativa

A concepção “Técnica” surge nos anos 1950, num cenário mundial em que a

qualidade era compreendida como conformidade com padrões7,8

. Nas empresas e indústrias,

a qualidade era alcançada por meio de inspeções ao processo de produção e das auditorias9.

Na saúde, a qualidade era aferida por meio das auditorias de fichas clínicas e prontuários,

visando controlar e reduzir a alta variabilidade dos procedimentos clínicos e dos

conseqüentes resultados terapêuticos10,11,12

. A atual auditoria institucionalizada no Sistema

Único de Saúde, embora mantenha o caráter de conformidade com normas e padrões,

constitui-se também numa ferramenta de avaliação científica, contábil, financeira e

patrimonial do SUS13

, que considera também meio-ambiente ou ambiente externo14

.

Monitoramento e avaliação da qualidade incluem acreditação e protocolos clínicos

(guidelines), representando um conjunto de ferramentas voltadas ao desempenho

profissional e às práticas adotadas15

. A avaliação da qualidade nesse enfoque ocorre a partir

de avaliações normativas, que consistem no julgamento de uma intervenção a partir da

comparação com critérios e normas definidos16

.

Os padrões referenciais, inicialmente estabelecidos com base na “estrutura” das

instituições, evoluem para aspectos de procedimentos e avaliação dos resultados e impactos

dos serviços17

. A partir do final dos anos 1980, a concepção de qualidade em saúde se

desloca de técnico-profissional para organizacional e gerencial, quando surgem os sistemas

da Qualidade Total, do Melhoramento Contínuo da Qualidade, e os sistemas de

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certificação de qualidade, provenientes das indústrias japonesas e americanas, transpostos

para os serviços de maneira geral15,17,18

. Esses enfoques se concentraram na gestão dos

processos orientados às expectativas do usuário, cuja visão é considerada essencial junto à

perspectiva técnica e organizacional15,19,20,21

. A qualidade deixou de ser responsabilidade

apenas dos profissionais de saúde, e passou a envolver os gestores, num esforço conjunto e

contínuo para satisfazer as necessidades e expectativas dos usuários. Os sistemas de

certificação da qualidade em saúde no Brasil desenvolveram-se a partir da década de 1990,

tendo os hospitais como palco principal no cenário da sua consolidação no país17

.

Na abordagem organizacional, os processos avaliativos podem se constituir de

avaliações normativas, porém o enfoque passa a ser gerencial, a partir do qual se

desenvolvem as chamadas “avaliação para decisão” e “avaliação para gestão”22

. O juízo

continua sendo formulado em relação a normas e recomendações, e a metodologia

predominante continua sendo quantitativa, mas os processos avaliativos agregam a

importância do avaliador interno, e buscam identificar problemas relacionados ao objeto

avaliado e estabelecer estratégias para resolução destes problemas.

Na década de 1990, a avaliação da qualidade em saúde se desenvolveu conceitual e

metodologicamente, definindo-se como “grau no qual os serviços de saúde atendem as

necessidades, expectativas e o padrão de atendimento dos pacientes”19

. Esse conceito de

Avedis Donabedian considerava a qualidade definida a partir dos atributos do cuidado

médico, e se propunha a avaliar a qualidade em saúde a partir da tríade estrutura – processo

- resultado. Em abordagens posteriores, o próprio autor apresenta os sete pilares da

qualidade23

.

Na concepção Sistêmica, passou a ser considerado o contexto em que se inserem os

serviços de saúde. A utilização de metodologias qualitativas, geralmente aliadas às

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quantitativas (pesquisas avaliativas), possibilitou o surgimento de novas perspectivas de

avaliação dos aspectos que influenciam e determinam a qualidade em saúde. Para Hartz16

, o

referencial do paradigma sistêmico, ou a “cultura da complexidade”, se tornou uma via

indispensável no processo de avaliação em saúde. Para avaliar qualidade, incorpora-se a

participação e o envolvimento dos stakeholders, ou grupos de interesse, que “são formados

por pessoas com características comuns (pais, estudantes, gestores, usuários, etc.) que têm

algum interesse na performance, no produto ou no impacto do objeto da avaliação (...)”24

.

A triangulação e a construção de modelos teórico-lógicos são métodos utilizados

nessa concepção. A triangulação integra a análise das estruturas, dos processos, dos

resultados, a compreensão das relações envolvidas na implantação das ações, e a visão dos

atores, incluindo-os não apenas como objetos de análise, mas como sujeitos de auto-

avaliação25

. A construção do modelo lógico ou modelo teórico orienta explícita ou

tacitamente o programa ou serviço avaliado24

.

No Brasil, as iniciativas institucionais de avaliação da qualidade têm sido

desenvolvidas no enfoque do cumprimento de padrões técnicos e/ou voltadas às

expectativas dos usuários, a exemplo do Programa de Qualidade no Serviço Público

voltado à saúde (PQSP), Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde (PNASS),

Avaliação para Melhoria da Qualidade da Estratégia Saúde da Família (AMQ), e Programa

para melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ).

A complexidade da qualidade em saúde se deve, dentre outros fatores: à variedade

de atores no âmbito dos sistemas de saúde e à consequente diversidade de pontos de vista; à

pluralidade de metodologias de análise; às ações de saúde não produzirem bens, mas

serviços; finalmente, a concepção de qualidade é condicionada por fatores contextuais

históricos, culturais, políticos, sociais e institucionais15,26

.

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Qualquer que seja a abordagem escolhida para monitorar a qualidade, o ponto

crítico é a transformação do conceito de qualidade em representações concretas sob a forma

de critérios, indicadores ou padrões, que lhe assegurem a validade desejada16

.

Desta forma, eficiência, eficácia, e efetividade são recorrentes na literatura, embora

apresentem diferenças conceituais importantes. Com relação à eficiência, há concordância

entre os diferentes conceitos, que relacionam os recursos empregados e os resultados

obtidos. Quanto à eficácia, alguns conceitos remetem ao alcance de metas, outros se

referem aos resultados, ou efeito obtido sob condições ideais (ótimas) ou experimentais.

Nas definições para efetividade há menos consenso, alguns atribuindo ao termo, a idéia de

alcance do resultado em condições habituais ou usuais, outros a idéia de impacto, ou de

relação entre resultados e objetivos.

Para alguns autores27

, a qualidade dos programas e serviços é tratada na literatura

quase que exclusivamente de maneira objetiva, quantitativa, predominando os estudos que

a consideram apenas com base em seus componentes ou elementos. Entretanto, a produção

recente em avaliação em saúde oferece muitas alternativas de análises e conceitos,

conciliando objetos, técnicas e métodos28-31

, que incluem ou não a qualidade da gestão em

sua discussão. Essa diversidade conceitual no campo da avaliação em saúde e a ainda

pequena divulgação de sua aplicação à qualidade da gestão em saúde motivaram a busca

por autores consagrados5,6

em avaliação e gestão em outras áreas para a construção teórica

da avaliação da qualidade em saúde.

Benno Sander5 desenvolve sua teoria com base no Paradigma Multidimensional de

Análise de Sistemas Educacionais proposto por pesquisadores da Universidade de Brasília

e da Universidade Federal Fluminense, com estudos publicados na década de 70 e início de

80. O autor estuda a Administração da Educação a partir de quatro critérios (a eficiência, a

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eficácia, a efetividade e a relevância), cada critério definindo uma dimensão de análise, e as

dimensões são articuladas entre si.

A “dimensão econômica” envolve recursos financeiros e materiais, estruturas,

normas burocráticas e mecanismos de coordenação e comunicação. O critério definidor da

dimensão econômica é a eficiência na utilização de recursos e instrumentos tecnológicos,

sob a lógica econômica. Os conceitos de eficiência e racionalidade econômica presidem as

diversas atividades organizacionais e administrativas, como a preparação e execução

orçamentária, o planejamento e a destinação de espaços físicos, a contratação de pessoal e a

provisão de equipamentos e instrumentos materiais e tecnológicos. Haverá eficiência na

medida em que haja maximização de captação e utilização de recursos, com a maior

produtividade possível.

Sander denomina “dimensão pedagógica” na educação aquela comprometida com a

realização eficaz dos objetivos do sistema educacional. Está estreitamente relacionada com

as demais dimensões do paradigma e oferece os elementos e instrumentos necessários para

a consecução eficaz dos objetivos. Neste sentido, a eficácia é avaliada com base no

cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos, em processos de trabalho, ou no alcance

de índices e indicadores planejados.

A “dimensão política” engloba as estratégias organizadas de profissionais, gestores

e usuários do serviço para que um programa ou serviço seja efetivo e satisfaça o coletivo

dos seus usuários. Este papel político é mais bem compreendido quando se percebe que as

ações desenvolvidas em um determinado serviço são influenciadas, em maior ou menor

medida, por decisões políticas externas que repercutem no orçamento, nas práticas e nas

concepções em questão.

A “dimensão cultural” envolve os valores e as características filosóficas,

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antropológicas, biopsíquicas e sociais das pessoas que trabalham e utilizam o serviço. A

característica básica medida pela relevância é a visão de totalidade que ela permite sob os

mais variados aspectos da vida humana. À luz dessa dimensão, cabe promover qualidade de

vida do ponto de vista coletivo e individual, contribuindo para a realização do ser humano e

considerando as crenças e valores dos atores envolvidos, suas características sociais e um

direcionamento político estratégico. Nessa perspectiva, a relevância cultural é o critério

básico de uma política pública comprometida com a promoção da qualidade de vida e do

desenvolvimento humano.

A partir da concepção de Sander, os quatro critérios poderiam ser traduzidos para a

avaliação em saúde como sendo: “eficiência” a capacidade de atingir a maior

produtividade; “eficácia” a capacidade para alcançar os fins e objetivos estabelecidos;

“efetividade” a capacidade de atender às necessidades e demandas dos usuários; e

“relevância” a capacidade de produzir impacto social.

Scriven6, em seu texto “The logic of evaluation”, faz uma crítica às perspectivas de

avaliação comumente utilizadas, que são isentas de valor. Para o autor, é inadequado e de

utilidade questionável fazer avaliação com o foco apenas nos indivíduos diretamente

envolvidos com a execução dos serviços ou programas. A avaliação deve estar voltada para

as necessidades das pessoas que utilizam ou dos potenciais usuários do serviço em análise.

Com base no entendimento de que o “valor” é componente principal da avaliação da

qualidade, desde 1991, em seu “Evaluation thesaurus”32

, o autor analisa a qualidade de um

objeto com base nos atributos valor e mérito. Um objeto de avaliação possui qualidade

quando tiver valor e mérito, quer seja ele um sistema, um serviço ou um programa. O valor

é atingido quando são atendidas as necessidades dos seus usuários, ou beneficiários. O

mérito é alcançado quando se faz bem o que se propõe a fazer.

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Com base nesse entendimento, um programa de saúde pode ter mérito, mas não ter

valor se não estiver voltado às necessidades e expectativas dos seus usuários. Disso

depende a participação política da comunidade beneficiada e o grau de construção conjunta

que as instâncias promotoras das políticas avaliadas estabelecem nas várias etapas de

planejamento, gestão e avaliação. O valor deve ser critério definidor da melhor maneira de

aplicar os recursos disponíveis.

Resultado:

Na proposta desenvolvida para Avaliação da Qualidade em Saúde o entendimento

de “qualidade” parte dos atributos valor e mérito dos serviços de saúde associados aos

critérios de avaliação da qualidade na educação de Sander. Assume-se que valor e mérito

são condições necessárias para um serviço ou programa exibir qualidade33

, sendo

efetividade e relevância condições necessárias para ele ter valor; e eficiência e eficácia

condições necessárias para ele ter mérito. Assim, se um serviço de saúde não tiver

relevância e efetividade, ele não exibe valor; se não tiver eficácia e eficiência, ele não exibe

mérito; por conseguinte, se um serviço de saúde não tiver relevância, efetividade, eficácia e

eficiência, ele não exibe qualidade.

O “Mérito” analisa o cumprimento de metas planejadas e é comumente utilizado nas

avaliações normativas. Nele são avaliadas: i) Eficiência - critério econômico que revela a

habilidade em tomar decisões voltadas à otimização da capacidade instalada; e ii) Eficácia

- critério sanitário que revela a habilidade em tomar decisões voltadas à realização das

metas quantitativas e qualitativas.

O “Valor” é atingido quando são atendidas as necessidades dos usuários, ou

beneficiários, respeitando os valores políticos e culturais da sociedade e representando

protagonismo reconhecido na coletividade. Nele são avaliadas: i) Efetividade - critério

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social e político que reflete a habilidade em tomar medidas para a maximização dos

resultados; e ii) Relevância - critério que reflete a habilidade em tomar decisões para a

maximização dos impactos.

Compreende-se a subsunção dos critérios, de maneira que a relevância orienta a

efetividade, a eficácia e a eficiência, tanto na avaliação ex post como na avaliação ex ante.

Esta concepção considera o valor característica prioritária a ser perseguida nas políticas de

saúde e é ele que deve orientar a tomada de decisão do gestor, tanto quando atende às

demandas populares, como quando maximiza impactos com base social cultural e política.

O valor de determinada política vai direcionar a eficácia e a eficiência conservadas em uma

função instrumental da gestão.

Adotando esse referencial para Avaliação da Qualidade em Saúde, os modelos

teórico-lógicos de avaliação são fundamentados nas dimensões de interesse dos objetos em

análise, tal como preconizado pelos reconhecidos autores da área de avaliação em saúde.

Entretanto, os indicadores para cada dimensão são selecionados tendo como pressuposto

que devam incluir pelo menos esses quatro critérios – eficiência, eficácia, efetividade e

relevância – para identificar a qualidade da gestão naquela dimensão do objeto.

Eventualmente, pode haver interesse em avaliar apenas o mérito de programas ou serviços,

situação na qual os indicadores serão representativos apenas dos aspectos de eficiência e/ou

eficácia.

Uma matriz avaliativa desenvolvida a partir dessa proposta conceitual para

qualidade foi aplicada em quatro anos consecutivos aos municípios de Santa Catarina com

a finalidade de avaliar a qualidade da gestão municipal da atenção da atenção básica.

Considera duas dimensões: (i) provimento da atenção básica à saúde e (ii) gestão do

sistema municipal de saúde. Essas dimensões são subdivididas para contemplar as subáreas

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apresentadas no quadro 2 e os critérios de desempenho eficiência, eficácia, efetividade e

relevância são considerados nas subdimensões de análise.

A definição dos indicadores foi realizada em oficinas de consenso, onde foram

verificados em sua concepção e sustentação teóricas, em sua adequação ao proposto no

modelo, e na qualidade de dados disponíveis. Os indicadores selecionados e sua

justificativa são apresentados a seguir. Destaque-se que a decisão das oficinas conduziu

para a eleição de medidas que tivessem tendência positiva de análise.

Quadro 2: Matriz Avaliativa da Atenção Básica em Santa Catarina

GESTÃO DO SISTEMA

MUNICIPAL DE SAÚDE

GESTÃO DO PROVIMENTO DA ATENÇÃO

BÁSICA

Promoção e prevenção Diagnóstico e tratamento

Atuação intersetorial

(relevância, efetividade, eficácia e

eficiência)

Criança

(relevância, efetividade e

eficácia)

Criança

(relevância, efetividade e

eficácia)

Participação popular

(relevância, efetividade, eficácia e

eficiência)

Adolescente

(relevância, efetividade e

eficácia)

Adolescente

(relevância, efetividade e

eficácia)

Recursos Humanos

(relevância, efetividade, eficácia e

eficiência)

Adulto

(relevância, efetividade e

eficácia)

Adulto

(relevância, efetividade e

eficácia)

Infra-estrutura

(relevância, efetividade, eficácia e

eficiência)

Idoso

(relevância, efetividade e

eficácia)

Idoso

(relevância, efetividade e

eficácia)

DIMENSÃO GESTÃO DO SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE

A –ATUAÇÃO INTERSETORIAL

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Relevância em Atuação Intersetorial: O gestor deve tomar medidas que ampliem o alcance

das ações de saúde para além do espaço das unidades de saúde, atuando sobre fatores que

são de importância para a sociedade como um todo. Medida: Percentual de domicílios com

esgotamento sanitário adequado no ano passado

Efetividade em Atuação Intersetorial: Os usuários de serviços públicos municipais anseiam

por cobertura e atendimento adequados e suficientes de suas necessidades. O gestor da

saúde deve promover articulações com outros serviços públicos para garantir que aqueles

com forte influência sobre a saúde da população sejam bem estruturados. Medida:

Percentual de unidades básicas de saúde com serviço de notificação de violência no ano

passado

Eficácia em Atuação Intersetorial: Cabe à gestão municipal monitorar a realização de ações

e o cumprimento de padrões obrigatórios em serviços relacionados ao setor saúde mesmo

quando os serviços sejam de responsabilidade de outros setores. Medida: Percentual de

realização das análises de vigilância da qualidade da água, referente ao parâmetro

coliformes totais

Eficiência em Atuação Intersetorial: O gestor municipal deve garantir orçamento suficiente

para realização das ações de saúde para seus cidadãos. Isso deve ser feito por meio de

negociações que destinem valores monetários adequados para o orçamento da saúde e do

bom uso dos recursos da pasta. Medida: Percentual de investimento municipal em saúde no

ano passado

B – PARTICIPAÇÃO POPULAR

Relevância em Participação Popular: O gestor deve tomar medidas que estimulem a

divulgação e discussão das decisões em saúde para além dos espaços dos conselhos e

serviços, envolvendo a sociedade como um todo. Medida: Audiência pública na Câmara

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Municipal sobre o Relatório de Gestão do ano anterior, antes da sua votação e aprovação no

CMS.

Efetividade em Participação Popular: A participação popular deve ocorrer de forma a

representar os usuários dos serviços de maneira organizada e consciente, e a gestão

municipal deve garantir tal representatividade de maneira democrática e efetiva. Medida:

Participação no CMS de associações ou entidades representantes dos usuários, indicados

formalmente pelas mesmas, no ano passado.

Eficácia em Participação Popular: A participação popular está regulamentada em lei e em

portaria, e cabe à gestão municipal garantir que elas sejam cumpridas. Medida: Eleição para

mesa diretora do CMS

Eficiência em Participação Popular: A atuação da participação popular deve ocorrer de

maneira independente e responsável. A gestão municipal deve proporcionar condições para

que essa atuação esteja conduzida com probidade. Medida: Orçamento próprio para o CMS

C – RECURSOS HUMANOS

Relevância em Recursos Humanos: O gestor deve tomar medidas que valorizem os

Recursos Humanos, permitindo que o trabalho seja feito com dignidade e motivação,

envolvendo o benefício de todos. Medida: Plano de Cargos, Carreiras e Salários implantado

e/ou de programa de progressão funcional

Efetividade em Recursos Humanos: A existência de Recursos Humanos qualificados e com

motivação permitirá prestar serviços de qualidade e adequados às necessidades da

população. Medida: Plano de educação permanente para as equipes de Saúde da Família

Eficácia em Recursos Humanos: O gestor deve buscar uma situação ideal, em que todo o

pessoal envolvido na atenção seja especificamente formado para essa atuação, quando terá

potencial para atingir todas as metas preconizadas, quantitativa e qualitativamente. Medida:

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Percentual de profissionais de nível superior das equipes de Saúde da Família com

formação específica (residência ou especialização) na área de Saúde da Família atuando em

unidade básica de saúde no ano passado

Eficiência em Recursos Humanos: A máxima utilização de ações específicas permitirá a

realização de todo o potencial da atenção básica, em termos de volume de assistência com

recursos disponíveis. Medida: Visitas médicas domiciliares no ano passado

D – INFRAESTRUTURA

Relevância em Infraestrutura: Para maior impacto da atenção básica, o gestor deve buscar

alternativas que consigam atingir a todos os cidadãos, criando condições para que sejam

atendidos em qualquer situação. Medida: Percentual de Unidades Básicas de Saúde que

ofertaram atendimento pela equipe de Saúde da Família em horário diferenciado do horário

comercial, pelo menos uma vez por semana no ano passado.

Efetividade em Infraestrutura: As condições de infraestrutura devem permitir que todas as

atividades previstas na ESF estejam ao alcance das equipes. Medida: Percentual de

Unidades de Saúde com Estratégia de Saúde da Família implantada que possuem sala

exclusiva para atendimentos de enfermagem, no ano passado.

Eficácia em Infraestrutura: O gestor deve garantir infraestrutura necessária e suficiente para

garantir atenção básica a todos os cidadãos. Medida: Percentual de Unidades Básicas de

Saúde com prontuário eletrônico, no ano passado.

Eficiência em Infraestrutura: O gestor deve prover a atenção básica de condições materiais

que permitam atingir o máximo de seu potencial. Medida: Percentual da população com

cobertura da AB.

DIMENSÃO PROVIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA

E – SAÚDE DA CRIANÇA

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Relevância em Promoção e Prevenção em Saúde da Criança: As ações da atenção básica

devem garantir que as crianças vivam de maneira saudável e não sejam atingidas por

agravos evitáveis. Medida: Taxa de sobrevivência infantil no último triênio

Efetividade em Promoção e Prevenção em Saúde da Criança: Os serviços de saúde devem

prover ações assistenciais de prevenção e promoção que garantam a redução de riscos para

a saúde das crianças. Medida: Cobertura Vacinal com a vacina tetravalente (DTP+Hib) ou

Pentavalente em crianças menores de um ano de idade.

Eficácia em Promoção e Prevenção em Saúde da Criança: A atenção básica deve garantir

que sejam alcançadas as metas pactuadas de promoção e prevenção. Medida: Nascidos

Vivos com IG>= 37 semanas

Relevância em Diagnóstico e Tratamento em Saúde da Criança: A Atenção básica deve

garantir que a maioria das crianças não sejam acometidas por quadros de adoecimento

severo. Medida: Taxa de não-internação hospitalar de crianças <5 anos no triênio.

Efetividade em Diagnóstico e Tratamento em Saúde da Criança: A Atenção básica deve

garantir o acompanhamento integral da maioria dos quadros que acometem esse grupo

durante seu desenvolvimento, incluindo exames, consultas, medicamentos e referência

quando necessários. Medida: Taxa de consultas de menores de 10 anos

Eficácia em Diagnóstico e Tratamento em Saúde da Criança: A atenção básica deve

garantir que as metas de tratamento e diagnóstico pactuadas sejam alcançadas. Medida:

Taxa de não Internação em crianças < 5 anos por IRA

F – SAÚDE DO ADOLESCENTE

Relevância em Promoção e Prevenção em Saúde do Adolescente: As ações da atenção

básica devem garantir que os adolescentes estejam esclarecidos sobre os riscos aos quais

estão expostos, oferecendo possibilidades para que não sejam atingidos por agravos

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evitáveis. Medida: Taxa de não-mortalidade de adolescentes por causas externas no último

triênio

Efetividade em Promoção e Prevenção em Saúde do Adolescente: Os serviços de saúde

devem prover ações assistenciais de prevenção e promoção que garantam a redução de

riscos para a saúde dos adolescentes. Medida: Taxa de adolescentes não grávidas no último

triênio

Eficácia em Promoção e Prevenção em Saúde do Adolescente: A atenção básica deve

garantir que sejam alcançadas as metas pactuadas de promoção e prevenção. Medida:

Percentual de gestantes adolescentes com 7 ou mais consultas de pré-natal no último triênio

Relevância em Diagnóstico e Tratamento em Saúde do Adolescente: A Atenção básica

deve garantir que a maioria dos adolescentes não sejam acometidos por quadros de

adoecimento severo. Medida: Taxa de adolescentes acompanhados pelo SISVAN no último

ano

Efetividade em Diagnóstico e Tratamento em Saúde do Adolescente: A Atenção básica

deve garantir o acompanhamento integral da maioria dos quadros que acometem esse

grupo, incluindo exames, consultas, medicamentos e referência quando necessários.

Medida: Taxa de consultas de adolescentes na atenção básica

Eficácia em Diagnóstico e Tratamento em Saúde do Adolescente: A atenção básica deve

garantir que sejam alcançadas as metas pactuadas de tratamento e diagnóstico. Medida:

Taxa de primeira consulta odontológica para adolescentes

G – SAÚDE DO ADULTO

Relevância em Promoção e Prevenção em Saúde do Adulto: A atenção básica deve garantir

que os adultos sejam incluídos em propostas de promoção e prevenção à saúde que

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possibilitem a visibilidade das ações na população economicamente ativa. Medida:

Sobrevivência Materna

Efetividade em Promoção e Prevenção em Saúde do Adulto: Os serviços de saúde devem

prover ações assistenciais de prevenção e promoção que garantam a redução de riscos para

a saúde dos adultos. Medida: Existência de ações em Saúde Mental

Eficácia em Promoção e Prevenção em Saúde do Adulto: A atenção básica deve garantir

que sejam alcançadas as metas pactuadas de promoção e prevenção. Medida:

Acompanhamento pré-natal das gestantes adultas

Relevância em Diagnóstico e Tratamento em Saúde do Adulto: A Atenção básica deve

garantir que a maioria dos adultos não seja acometida por quadros de adoecimento severo.

Medida: Taxa de não internação de adultos por doenças sensíveis à atenção básica.

Efetividade em Diagnóstico e Tratamento em Saúde do Adulto: A Atenção básica deve

garantir o acompanhamento integral da maioria dos quadros que acometem esse grupo,

incluindo exames, consultas, medicamentos e referência quando necessários. Medida: Taxa

de não internação por AVC ou ICC

Eficácia em Diagnóstico e Tratamento em Saúde do Adulto: A atenção básica deve garantir

que sejam alcançadas as metas pactuadas de tratamento e diagnóstico. Medida: Percentual

de busca de sintomáticos respiratórios no último ano.

H – SAÚDE DA PESSOA IDOSA

Relevância em Promoção e Prevenção em Saúde da Pessoa Idosa: A atenção básica deve

garantir que os idosos sejam assistidos por meio de ações de promoção e prevenção à saúde

que possibilitem o envelhecimento saudável, desejável para a sociedade. Medida: Cobertura

vacinal contra Influenza em idosos

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Efetividade em Promoção e Prevenção em Saúde da Pessoa Idosa: Os serviços de saúde

devem prover ações assistenciais de prevenção e promoção que garantam a redução de

riscos para a saúde dos idosos e uma vida ativa e saudável. Medida: Presença de ações

multiprofissionais de prevenção de agravos para pessoa idosa.

Eficácia em Promoção e Prevenção em Saúde da Pessoa Idosa: A atenção básica deve

garantir que sejam alcançadas as metas pactuadas de promoção e prevenção. Medida: Taxa

de idosos não internados por fratura de colo do fêmur.

Relevância em Diagnóstico e Tratamento em Saúde da Pessoa Idosa: A Atenção básica

deve garantir que a maioria dos idosos receba assistência adequada e oportuna para atender

as necessidades de cuidados da sua faixa etária, proporcionando envelhecimento saudável.

Medida: Taxa de idosos não internados por doenças sensíveis à atenção básica.

Efetividade em Diagnóstico e Tratamento em Saúde da Pessoa Idosa: A Atenção básica

deve garantir o acompanhamento integral da maioria dos quadros que acometem esse

grupo, incluindo exames, consultas, medicamentos e referência quando necessários.

Medida: Taxa de consulta de idosos

Eficácia em Diagnóstico e Tratamento em Saúde da Pessoa Idosa: A atenção básica deve

garantir que sejam alcançadas as metas pactuadas de tratamento e diagnóstico, em especial

os procedimentos de reabilitação para esse grupo. Medida: Oferta de prótese dentária

Considerações finais

Embora esta proposta de avaliação da qualidade seja composta de atributos

nominalmente já conhecidos nas publicações de avaliação em saúde, a definição de quatro

critérios mínimos de qualidade conduz à identificação de indicadores que superam a lista

dos clássicos marcadores epidemiológicos, das medidas de produtividade, dos padrões

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normativos.

Diferentemente de muitas propostas de avaliação que incorporam esses mesmos

critérios, nessa perspectiva eles não constituem dimensões de análise, mas eixos

transversais em todas as dimensões do objeto avaliado quanto à qualidade da gestão.

Assim, para toda ação, dimensão ou aspecto avaliado há que se considerar se houve

eficiência, eficácia, efetividade e relevância na decisão em julgamento, para que se possa

atribuir valor e mérito, e caracterizar a qualidade da ação.

Essa proposta está sendo utilizada pela Secretaria de Estado da Saúde de Santa

Catarina desde 2007, em aplicações anuais, pactuadas na CIB e apresentadas em seminários

estaduais para discussão do desempenho dos municípios na atenção básica. Um estudo

específico para estudar o uso e a influência dessa avaliação na gestão municipal da atenção

básica está sendo conduzida e encontra-se em fase de análise final dos dados coletados.

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