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AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DE ROTATIVIDADE E ABSENTEÍSMO EM UMA FÁBRICA DE RAÇÃO ANIMAL PARA GANHO DE EFICIÊNCIA DOUGLAS DA COSTA FERREIRA - [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT ANDRÉIA MARIZE RODRIGUES - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP - JABOTICABAL MARCELO GIROTTO REBELATO - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP - JABOTICABAL ANA PAULA QUADROS DE OLIVEIRA - [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT MARCELO RENATO GUARIZI - [email protected] UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT Resumo: DE UMA MANEIRA GERAL, AS FÁBRICAS PRODUTORAS DE RAÇÃO ANIMAL SÃO AMBIENTES HOSTIS, COM ALTO ÍNDICE DE PARTICULADOS NO AR, APRESENTANDO TEMPERATURAS ALTAS E ONDE OS OPERADORES DEVEM FAZER ESFORÇOS FÍSICOS CONSIDERÁVEIS. DESTA FORMA, SÃO EMPRRESAS POSSUIDORAS DE POUCOS ATRATIVOS EM RELAÇÃO À ERGONOMIA E À HIGIENE. ESTAS CARACTERÍSTICAS PODEM ACARRETAR O ABSENTEÍSMO, LEVANDO À SOBRECARGA DE OPERADORES E À REDUÇÃO DO RITMO DE PRODUÇÃO DA FÁBRICA. ALÉM DISSO, OUTRO ASPECTO QUE POSSUI IMPACTO DIRETO NA EFICIÊNCIA DESTAS EMPRESAS É A ROTATIVIDADE DA MÃO DE OBRA. COMO O TRABALHO É ESSENCIALMENTE MANUAL E REQUER ALGUM TEMPO PARA SE ADQUIRIR EXPERIÊNCIA E REALIZAR A ATIVIDADE COM PRODUTIVIDADE, O ALTO ÍNDICE DE ROTATIVIDADE RESULTA EM UM NÚMERO ELEVADO DE OPERADORES COM EXPERIÊNCIA INSUFICIENTE, SOBRECARREGANDO OUTROS OPERADORES MAIS EXPERIENTES. MEDIANTE ESTE CENÁRIO, O OBJETIVO DESTE TRABALHO CONSISTE NO LEVANTAMENTO E NA AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DE ABSENTEÍSMO E DE ROTATIVIDADE EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE RAÇÃO ANIMAL. A PESQUISA REALIZADA REVELOU QUE O INVESTIMENTO EM PEQUENAS MELHORIAS NO AMBIENTE DE TRABALHO, NA LIDERANÇA E, PRINCIPALMENTE, NAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS PODE TER EFEITO DIRETO NO ABSENTEÍSMO E NA ROTATIVIDADE. Palavras-chaves: ABSENTEÍSMO, ROTATIVIDADE, EFICIÊNCIA, RAÇÃO ANIMAL

AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DE ROTATIVIDADE E ABSENTEÍSMO EM UMA FÁBRICA DE RAÇÃO ANIMAL PARA GANHO DE EFICIÊNCIA

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DE UMA MANEIRA GERAL, AS FÁBRICAS PRODUTORAS DE RAÇÃO ANIMAL SÃO AMBIENTES HOSTIS, COM ALTO ÍNDICE DE PARTICULADOS NO AR, APRESENTANDO TEMPERATURAS ALTAS E ONDE OS OPERADORES DEVEM FAZER ESFORÇOS FÍSICOS CONSIDERÁVEIS. DESTA FORMA, SÃO EMPRRESAS POSSUIDORAS DE POUCOS ATRATIVOS EM RELAÇÃO À ERGONOMIA E À HIGIENE. ESTAS CARACTERÍSTICAS PODEM ACARRETAR O ABSENTEÍSMO, LEVANDO À SOBRECARGA DE OPERADORES E À REDUÇÃO DO RITMO DE PRODUÇÃO DA FÁBRICA. ALÉM DISSO, OUTRO ASPECTO QUE POSSUI IMPACTO DIRETO NA EFICIÊNCIA DESTAS EMPRESAS É A ROTATIVIDADE DA MÃO DE OBRA. COMO O TRABALHO É ESSENCIALMENTE MANUAL E REQUER ALGUM TEMPO PARA SE ADQUIRIR EXPERIÊNCIA E REALIZAR A ATIVIDADE COM PRODUTIVIDADE, O ALTO ÍNDICE DE ROTATIVIDADE RESULTA EM UM NÚMERO ELEVADO DE OPERADORES COM EXPERIÊNCIA INSUFICIENTE, SOBRECARREGANDO OUTROS OPERADORES MAIS EXPERIENTES. MEDIANTE ESTE CENÁRIO, O OBJETIVO DESTE TRABALHO CONSISTE NO LEVANTAMENTO E NA AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DE ABSENTEÍSMO E DE ROTATIVIDADE EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE RAÇÃO ANIMAL. A PESQUISA REALIZADA REVELOU QUE O INVESTIMENTO EM PEQUENAS MELHORIAS NO AMBIENTE DE TRABALHO, NA LIDERANÇA E, PRINCIPALMENTE, NAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS PODE TER EFEITO DIRETO NO ABSENTEÍSMO E NA ROTATIVIDADE.

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  • AVALIAO DAS CAUSAS DE ROTATIVIDADE E

    ABSENTESMO EM UMA FBRICA DE RAO

    ANIMAL PARA GANHO DE EFICINCIA

    DOUGLAS DA COSTA FERREIRA - [email protected]

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT

    ANDRIA MARIZE RODRIGUES - [email protected]

    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP - JABOTICABAL

    MARCELO GIROTTO REBELATO - [email protected]

    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP - JABOTICABAL

    ANA PAULA QUADROS DE OLIVEIRA - [email protected]

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT

    MARCELO RENATO GUARIZI - [email protected]

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT

    Resumo: DE UMA MANEIRA GERAL, AS FBRICAS PRODUTORAS DE RAO

    ANIMAL SO AMBIENTES HOSTIS, COM ALTO NDICE DE

    PARTICULADOS NO AR, APRESENTANDO TEMPERATURAS ALTAS E

    ONDE OS OPERADORES DEVEM FAZER ESFOROS FSICOS

    CONSIDERVEIS. DESTA FORMA, SO EMPRRESAS POSSUIDORAS DE

    POUCOS ATRATIVOS EM RELAO ERGONOMIA E HIGIENE. ESTAS

    CARACTERSTICAS PODEM ACARRETAR O ABSENTESMO, LEVANDO

    SOBRECARGA DE OPERADORES E REDUO DO RITMO DE

    PRODUO DA FBRICA. ALM DISSO, OUTRO ASPECTO QUE POSSUI

    IMPACTO DIRETO NA EFICINCIA DESTAS EMPRESAS A

    ROTATIVIDADE DA MO DE OBRA. COMO O TRABALHO

    ESSENCIALMENTE MANUAL E REQUER ALGUM TEMPO PARA SE

    ADQUIRIR EXPERINCIA E REALIZAR A ATIVIDADE COM

    PRODUTIVIDADE, O ALTO NDICE DE ROTATIVIDADE RESULTA EM

    UM NMERO ELEVADO DE OPERADORES COM EXPERINCIA

    INSUFICIENTE, SOBRECARREGANDO OUTROS OPERADORES MAIS

    EXPERIENTES. MEDIANTE ESTE CENRIO, O OBJETIVO DESTE

    TRABALHO CONSISTE NO LEVANTAMENTO E NA AVALIAO DAS

    CAUSAS DE ABSENTESMO E DE ROTATIVIDADE EM UMA EMPRESA

    PRODUTORA DE RAO ANIMAL. A PESQUISA REALIZADA REVELOU

    QUE O INVESTIMENTO EM PEQUENAS MELHORIAS NO AMBIENTE DE

    TRABALHO, NA LIDERANA E, PRINCIPALMENTE, NAS PRTICAS DE

    RECURSOS HUMANOS PODE TER EFEITO DIRETO NO ABSENTESMO E

    NA ROTATIVIDADE.

    Palavras-chaves: ABSENTESMO, ROTATIVIDADE, EFICINCIA, RAO ANIMAL

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    rea: 1 - GESTO DA PRODUO

    Sub-rea: 1.1 - GESTO DE SISTEMAS DE PRODUO

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    ASSESSING CAUSES OF TURNOVER AND

    ABSENTEEISM IN A ANIMAL FEED FACTORY FOR

    EFFICIENCY GAIN

    Abstract: GENERALLY, FACTORIES PRODUCING ANIMAL FEED ARE HOSTILE

    ENVIRONMENTS WITH HIGH LEVELS OF PARTICULATE MATTER IN

    THE AIR, WITH HIGH TEMPERATURES AND WHERE OPERATORS MUST

    MAKE CONSIDERABLE PHYSICAL EFFORT. THUS, THEY ARE

    UNATTRACTIVE COMPANIES CONCERNING ERGONOMICS AND

    HYGIENE. THESE CHARACTERISTICS MAY CAUSE ABSENTEEISM,

    LEADING TO OVERLOAD OPERATORS AND REDUCING THE PACE OF

    FACTORY PRODUCTION. FURTHERMORE, ANOTHER ASPECT THAT

    HAS A DIRECT IMPACT ON THE EFFICIENCY OF THESE COMPANIES IS

    THE HIGH TURNOVER OF LABOR. AS THE WORK IS ESSENTIALLY

    MANUAL AND REQUIRES SOME TIME TO GAIN EXPERIENCE AND

    PERFORM THE ACTIVITY WITH PRODUCTIVITY, HIGH TURNOVER

    RESULTS IN A HIGH NUMBER OF OPERATORS WITH INSUFFICIENT

    EXPERIENCE, OVERLOADING OTHER MORE EXPERIENCED WORKERS.

    UPON THIS BACKGROUND, THE OBJECTIVE OF THIS PAPER IS A

    SURVEY AND EVALUATION OF THE CAUSES OF ABSENTEEISM AND

    TURNOVER IN AN ANIMAL FEED PRODUCER COMPANY. THE SURVEY

    REVEALED THAT INVESTMENT IN SMALL IMPROVEMENTS IN THE

    WORK ENVIRONMENT, LEADERSHIP, AND ESPECIALLY IN HUMAN

    RESOURCE PRACTICES CAN HAVE DIRECT EFFECT IN ABSENTEEISM

    AND TURNOVER.

    Keyword: ABSENTEEISM, TURNOVER, EFFICIENCY, ANIMAL FEED

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    1. Introduo

    J faz algum tempo que a criao de gado na forma de confinamento se tornou uma

    realidade no cenrio do Brasil e especificamente no estado de Mato Grosso j passa de 10% a

    quantidade de gados criados nesse sistema (ROCHENBACH et al., 2011). As vantagens so

    inmeras, tais como a independncia do clima, reduzido perodo para engorda, menor risco de

    contaminao, maior segurana alimentar dos animais, controle mais rgido do balano da

    alimentao, menor risco de acidentes, menos infestao e menor risco de ataques por animais

    peonhentos.

    Ressalta-se que a criao de gado confinado exige um investimento inicial considervel.

    No entanto, a rea utilizada inicialmente para pasto liberada para o cultivo de gros. Os

    gros, utilizados como rao para os animais, podem ainda ter seu excedente comercializado,

    justificando o investimento. Alm disso, com o advento da reforma agrria no Brasil, reas de

    pastagem se tornam alvos de invaso e de possveis atritos com movimentos pela terra,

    contratempos estes minimizados com a criao de gado confinado.

    Por outro lado, a criao de gado em confinamento exige conhecimentos especficos, local

    adequado para os animais e infraestrutura, que normalmente inclui o processo de distribuio

    do alimento nos cochos. Esse alimento deve ser balanceado e ter os nutrientes necessrios

    para que o animal apresente o crescimento e a engorda desejveis, garantindo sua sade e seus

    nveis de gordura ideais (SILVEIRA, 1999).

    Nesse contexto, surge a tecnologia em produo de rao animal, que utiliza conceitos de

    nutrio animal aliados ao cenrio da criao de gado. Segundo Manso e Ferreira (2007), a

    nutrio animal fator crtico para o crescimento do gado em confinamento, dando subsdios

    para o planejamento da reteno de resduos slidos (fezes em geral) e lquidos (urina animal

    em grande parte). A assepsia dos cochos, a quantidade de rao e o controle do

    desenvolvimento do animal se tornam objeto de controle mais assertivo e com maior garantia

    de sucesso.

    Os controles exigidos no processo de fabricao de rao animal no so os mesmos

    daqueles da produo de alimentos humanos, sendo que a obrigao de fiscalizao federal

    ainda no se constitui em uma exigncia. Normas de qualidade como BPF (Boas Prticas de

    Fabricao), HACCP (Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle - APPCC) ou FSSC

    (Sistema de Gesto de Segurana Alimentar - SGSA) ainda no so uma realidade para esse

    setor. Os maiores controles so realizados pelo produtor rural e pelo criador de gado sendo o

    prprio cliente da empresa produtora de rao que visita as instalaes do fabricante, avalia a

    qualidade do produto e, muitas vezes, realiza testes com as variedades apresentadas

    (ROCHENBACH et al., 2011).

    De acordo com Manso e Ferreira (2007) uma fbrica de rao animal tem uma estrutura

    baseada em moer e misturar gros vegetais e minerais na proporo correta para atender s

    exigncias de cada cliente. A variao da proporo de cada componente vai depender da raa

    do boi, do objetivo com o animal (abate, produo de leite ou reproduo) e das

    especificaes do consumo final (porcentagem de gordura, textura da carne, peso, tamanho).

    Em geral, as fbricas de rao animal so ambientes hostis, com alto ndice de particulado no

    ar, fbricas com temperaturas altas e onde o operador deve fazer esforos fsicos

    considerveis, caracterizando uma empresa com poucos atrativos em relao ergonomia e

    higiene.

    Quando existem faltas nos setores de trabalho, consequentemente existe a sobrecarga de

    operadores e, como se trata um processo contnuo, no se pode reduzir o ritmo de produo da

    fbrica. Dessa maneira, o absentesmo tem efeito direto no ndice de eficincia da empresa,

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    pois traz efeitos negativos na moral dos trabalhadores e na diminuio da qualidade e da

    produtividade da empresa (POSSATO, 2004).

    Outro aspecto que possui impacto direto na eficincia a rotatividade da mo de obra.

    Como o trabalho essencialmente manual e requer algum tempo para se adquirir experincia

    e realizar a atividade com produtividade, o alto ndice de rotatividade resulta em um nmero

    elevado de operadores com experincia insuficiente, sobrecarregando outros operadores mais

    experientes e, consequentemente, reduzindo a eficincia da empresa.

    Mediante o exposto, o objetivo deste trabalho consiste no levantamento e na avaliao das

    causas de absentesmo e de rotatividade em uma empresa produtora de rao animal. Para

    atender ao objetivo proposto, este trabalho encontra-se estruturado em seis tpicos, a contar

    com esta introduo. A reviso bibliogrfica acerca dos assuntos abordados, quais sejam

    absentesmo e rotatividade, realizada ao longo dos tpicos dois, trs e quatro. J no tpico

    cinco so expostos os dados coletados na pesquisa de campo realizada. Por fim, o tpico seis

    traa as consideraes finais do artigo.

    1.1 Metodologia

    Uma pesquisa cientfica pode ser tipificada quanto abordagem, ao mtodo de pesquisa e

    aos instrumentos de coleta de dados utilizados. A pesquisa cientifica pode conter dois tipos

    fundamentais de abordagem: quantitativa e qualitativa (BERTO e NAKANO, 1998). Os

    mtodos de pesquisas considerados so: experimental, survey, estudo de caso, pesquisa

    participante e pesquisa-ao. J os instrumentos de coleta de dados so diferenciados de

    acordo com o critrio: experimento, questionrio, entrevistas e outras fontes, anlise

    documental e observao direta (NAKANO e FLEURY, 1996).

    O presente estudo possui abordagem qualitativa, caracterizando-se como mtodo de

    pesquisa em estudo de caso, uma vez que foi pesquisada uma empresa de rao animal e teve

    como foco nico o estudo do absentesmo e da rotatividade (SEVERINO, 2007). A empresa

    pesquisada representativa em se tratando de um conjunto de empresas no seu setor e na sua

    regio.

    A empresa pesquisada lder em produo de rao animal no estado de Mato Grosso.

    Iniciou suas atividades no ano de 2000 e hoje conta com 250 funcionrios em trs unidades

    instaladas no estado de Mato Grosso com produo de 105 mil toneladas de rao animal por

    ano. A unidade pesquisada possui 80 funcionrios e uma produo anual de 44 mil toneladas,

    estando localizada em Rondonpolis. Essa unidade opera em dois turnos durante 4 meses do

    ano (perodo de safra) e no restante do ano em apenas um turno. O primeiro turno compreende

    o perodo das 00h s 10h e o segundo das 7h s 17h, sendo que o perodo de duas turmas

    trabalhando no mesmo horrio utilizado para proceder a descarga do recebimento. Das 11h s

    22h trabalham os funcionrios da equipe de manuteno preventiva, alm de um turno de

    manuteno que opera das 7h s 17h.

    O instrumento de coleta de dados utilizado foi um roteiro estruturado contendo questes

    abertas e fechadas. O questionrio foi baseado nos fatores que mais afetam o absentesmo e

    rotatividade segundo os autores pesquisados perante reviso bibliogrfica. Os funcionrios

    entrevistados foram selecionados aleatoriamente e orientados quanto confidencialidade das

    respostas. Foram entrevistados 20 funcionrios, onde no se buscou uma confiabilidade

    estatstica de amostragem, mas sim um entendimento dos fatores a serem estudados.

    Primeiramente foi realizado um cadastro dos funcionrios, onde se observou que a maioria

    (55%) possui apenas no mximo o ensino fundamental (um dos entrevistados era analfabeto).

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    Todos eram do sexo masculino e 50% tinham menos que um ano de trabalho na empresa. A

    maioria (75%) tem at 30 anos de idade.

    2. Absentesmo

    Absentesmo uma palavra que vem de absentismo, termo originalmente aplicado aos

    proprietrios rurais que abandonavam o campo para viver na cidade. Com a chegada da

    revoluo industrial, esse termo passou a ser designado a trabalhadores que faltavam ao

    trabalho (PENATTI et al., 2006).

    Segundo Aguiar e Oliveira (2009) o absentesmo, ou ausencismo, o perodo em que o

    funcionrio falta ou se ausenta do trabalho e que, muitas vezes, pode se traduzir em faltas

    abonadas, faltas injustificadas, licenas mdicas, acidente de trabalho, licenas maternidade

    ou paternidade, perodo de cursos de especializao e outras situaes que impedem o

    servidor de vir ao trabalho. Os autores ainda classificam o absentesmo em voluntrio ou

    programado, como por exemplo, nas frias do funcionrio e involuntrio ou no programado,

    quando esse absentesmo ocorre sem que a empresa faa a previso, como no caso de um

    afastamento por acidente. A ausncia do trabalho justificada por direitos legais como frias,

    casamentos, licena medica e bitos, no so, para muitos autores, considerados absentesmo.

    As consequncias do absentesmo esto diretamente ligadas ao fator financeiro das

    organizaes, pois para que as empresas ocupem uma posio de destaque no mercado

    muito importante que a produtividade e os lucros sejam alcanados. Isso acontece devido ao

    atual contexto econmico de competitividade, onde quanto menor for o absentesmo, maior

    ser a capacidade das empresas de aumentar sua rentabilidade e conseguir um crescimento

    sustentado. (AGUIAR e OLIVEIRA, 2009).

    Segundo Penatti et al. (2006) muitas so as dificuldades encontradas para estudar e

    quantificar as causas do absentesmo por motivo de doenas, principalmente no Brasil, onde

    no h consequncias econmicas para o trabalhador, a despeito de levarem a prejuzos

    empresa. O absentesmo ocasiona um custo que no agrega valor ao produto e, portanto, no

    pode ser repassado ao preo do produto final e no garante um diferencial aos concorrentes.

    Dentre as causas de sade que aumentam o ndice de absentesmo salientam-se estresse,

    depresso, vcios e, inclusive, doena conhecida como sndrome de m-adaptao ao trabalho

    em turnos (SILVA, 2009).

    O absentesmo pode gerar prejuzo no fluxo do trabalho e no aumento dos custos de

    produo e tambm pode ter efeitos negativos na moral dos trabalhadores e na diminuio da

    qualidade e da produtividade (GALLO e LONGO, 2010).

    As faltas ao trabalho afetam diretamente a produo, pois a tarefa a ser cumprida pelo

    funcionrio faltante ser delegada a outro funcionrio e, em consequncia, sobrecarregando-o.

    H ainda a perda ao funcionrio faltante que poder ser descontado em seu salrio ou ser

    demitido por justa causa, o que acarreta em um aumento da rotatividade (SILVA, 2009). O

    aumento do absentesmo faz com que a produo acontea de maneira insatisfatria e com

    rendimentos muito abaixo da meta a ser cumprida, causando srios prejuzos nas empresas,

    gerando atrasos e sobrecarregando os demais funcionrios, o que acarreta na diminuio da

    qualidade dos servios prestados a seus clientes.

    Segundo Palma (2000), devido s suas diversas possveis causas, o absentesmo torna-se

    um tema bem amplo e bem difcil de ser estudado.

    De acordo com Penatti et al. (2006) o absentesmo pode ser atribudo a causas conhecidas

    e a causas ignoradas. As causas conhecidas so aquelas amparadas por lei e que do direito ao

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    trabalhador a permisso de se ausentar, como frias, licena maternidade, casamento e bito,

    tambm conhecido como ausncia justificada. J em relao s causas ignoradas so

    justificadas pelo trabalhador por motivos de sade entre diversos outros motivos. O

    absentesmo pode ser relacionado a doenas, razes diversas de carter familiar, atrasos

    involuntrios ou por motivos de fora maior, faltas voluntrias por motivos pessoais,

    dificuldades e problemas financeiros, problemas de transporte, baixa motivao para

    trabalhar, superviso precria da chefia e polticas inadequadas da organizao.

    Para Carvalho et al. (2007) as causas das ausncias no previstas podem ser classificadas

    em trs categorias: intrnsecas, que esto relacionadas natureza e s condies do trabalho e

    refletem a satisfao do trabalhador, tais como o tipo de trabalho, a superviso ineficiente e a

    falta de controle e sobrecarga de trabalho que levam exausto fsica; extrnsecas,

    relacionadas s polticas de gesto de pessoal da organizao, como condolncia com as

    faltas, liberalidade em fornecer licena de sade, falta de comunicao, falta de seleo,

    treinamento e orientao adequados, assim como falta de perspiccia em alocar o funcionrio

    em setores apropriados, assim como baixos salrios; e personalidade, que dizem respeito ao

    comportamento do trabalhador, tais como empregados que criam conflitos entre os membros

    dos grupos, personalidade mais propensa s faltas como: hipocondraco, imaturo, fugitivo,

    abusivo e desmotivado e problemas pessoais relacionados ao abuso de lcool e drogas.

    Nem sempre a causa da ausncia est no funcionrio. Aguiar e Oliveira (2009) mostram

    que a taxa de absentesmo inversamente proporcional satisfao no trabalho, ou seja, a

    ausncia no trabalho pode ser considerada como uma fuga de situaes ou condies indesejveis dentro de uma empresa. As situaes que levam ao absentesmo, segundo os

    autores, podem ser condies ambientes no adequadas, tais como: sujeira, muito quente ou

    muito frio e, tambm, a presso que o funcionrio pode estar sofrendo em seu ambiente de

    trabalho, tanto por carga horria excessiva ou por falta de incentivo ao crescimento falta de

    valorizao.

    Salienta-se ainda que, muitas vezes, o funcionrio comparece ao trabalho, mas apresenta

    uma ausncia mental, comportamento esse conhecido como presentesmo, que caracterizado

    pela baixa produtividade do funcionrio que se apresenta disperso e ausente mentalmente.

    Esse tipo de comportamento uma forma de fugir do ambiente de trabalho desagradvel

    (AGUIAR e OLIVEIRA, 2009).

    3. Rotatividade

    A rotatividade de pessoal, ou turnover, se constitui em um termo que traduz o volume de

    pessoas que ingressam ou saem de uma empresa (POSSATO, 2004; SILVA, 2009).

    A consequncia desse fator est alm dos custos mensurveis como admisses e rescises,

    mas em custos imensurveis no clima organizacional, imagem da empresa para o mercado,

    fornecedores e clientes. Conforme Silva (2009), a rotatividade de pessoal normal, pois

    comum ter pessoas ingressando e deixando uma empresa. Porm, seus altos ndices a torna

    um fator significativo e necessrio fazer uma avaliao para descobrir as suas causas e tentar

    diminu-las.

    A rotatividade pode estar diretamente relacionada poltica salarial adotada pela empresa,

    sua poltica de benefcios, s oportunidades de crescimento profissional e ao tipo de

    superviso e liderana que a empresa oferece aos funcionrios. A rotatividade tambm pode

    estar relacionada poltica disciplinar, s condies fsicas e ambientais de trabalho, tais

    como temperatura, higiene e rudo e tambm a um mau desempenho do setor de Recursos

    Humanos (Silva, 2009).

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    Aguiar e Oliveira (2009) avaliaram que as Leses por Esforos Repetitivos (LER) e outras

    Doenas Relacionadas ao Trabalho (DORT) esto entre as principais causas de rotatividade.

    Porm, segundo os autores, a principal causa referente rotatividade de pessoal a m gesto

    de pessoas.

    Conforme Silveira (2011), a deficincia das polticas na gesto o que se destaca nas

    causas do turnover, acarretando insatisfaes e, consequentemente, a instabilidade dos

    funcionrios no emprego. Outra possvel causa do turnover o processo de recrutamento e

    seleo de candidatos para o ingresso numa empresa; o processo de seleo deveria ter o

    intuito de trazer para a empresa os profissionais com conhecimentos, habilidades, atitudes e

    valores adequados s necessidades institucionais; no entanto, isso nem sempre acontece.

    Segundo Gallo e Longo (2010), os fenmenos influenciam na rotatividade so: uma m

    poltica salarial, excesso de presso exercido sobre o trabalhador, falta de oportunidades de

    crescimento profissional, um mau relacionamento entre os funcionrios, ms condies fsicas

    ambientais de trabalho e falta de critrios de avaliao de desempenho.

    De acordo com Borges e Ramos (2011), as melhores oportunidades no mercado de

    trabalho e o baixo nvel de desemprego aumentam o turnover. O ndice de rotatividade inclui

    o desligamento de funcionrios por deciso da organizao, para substituio por outro mais

    adequado as suas atuais necessidades ou para corrigir problemas gerados na seleo. Silva

    (2011) aponta como principais causas da rotatividade, alm das polticas e prticas incorretas

    de RH na empresa, os seguintes fatores: falta de canais de comunicao com a administrao

    e falhas na seleo, treinamento e orientao adequados.

    Existem tambm aspectos positivos da rotatividade, como a renovao de pessoal, novas

    ideias e novos conceitos que so trazidos pelos novos funcionrios. Tambm existe o aspecto

    de motivao com um novo desafio apresentado ao funcionrio recm-chegado na empresa.

    Os vcios podem ser rompidos e barreiras podem ser transpostas com mais facilidade por um

    pessoal que tem menos tempo de casa.

    4. Solues para absentesmo e rotatividade

    De forma geral, existem alternativas que podem ser aplicadas em uma empresa que

    ajudam a minimizar o ndice elevado de absentesmo, como o incentivo presena e o

    desestmulo de ausncia ao trabalho. Uma boa soluo aumentar a participao dos

    funcionrios em decises da empresa em nvel operacional; dessa forma, o funcionrio passa

    a ter o sentimento de que ele pertence quele ambiente. Outra ao importante desenvolver

    atitudes, valores e objetivos nos funcionrios para construo de um ambiente mais agradvel

    e resultados alcanados; nesse sentido, a participao nos lucros e resultados tambm uma

    prtica que est dando bons resultados (PAES JR. e BONATTO, 2011).

    De acordo com Gallo e Longo (2010), empresas que investem em programas para

    Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) evitam que seus funcionrios tenham um alto ndice

    de estresse dentro da empresa, fazendo com que seu rendimento melhore e diminui a ausncia

    no trabalho. Contudo, a melhor alternativa que empresa pode adotar na educao de seus

    funcionrios relativa ao ensino da tica e do esclarecimento de como a ausncia de um

    funcionrio afeta toda a empresa e no somente o seu departamento. Uma alternativa em

    mdio prazo que poderia trazer impacto positivo seria aumentar as relaes entre

    funcionrios, construindo comunidades que se relacionem verticalmente e horizontalmente.

    Finalmente, possvel afirmar que o absentesmo e o turnover podem ser considerados

    consequncias e, portanto, importante fazer um estudo das aes e atitudes preventivas para

    reduo e melhor gerncia desses fatores (POSSATO, 2004).

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    5. O estudo de caso

    Como um dos principais fatores de absentesmo e rotatividade est relacionado

    liderana, foi perguntada qual a atuao do lder segundo alguns aspectos considerados

    importantes, conforme observado no Quadro 1.

    QUADRO 1 - Anlise de fatores relacionados liderana

    Fatores relacionados liderana SIM

    Costuma Orientar sua Equipe? 70,0%

    Mantm o bem estar da equipe? 55,0%

    Mantm o ambiente amigvel? 65,0%

    cordial? 55,0%

    Valoriza e reconhece os colaboradores? 40,0%

    Existem privilegiados para as oportunidades da empresa? 65,0%

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    O fator que mais chamou a ateno foi a falta de oportunidade de forma igualitria. Dos

    entrevistados, 65% acreditam existirem privilgios de crescimento profissional para aqueles

    que so mais amigos dos chefes a despeito dos funcionrios que possuem melhor desempenho

    no trabalho. Acrescenta-se que apenas 40% acreditam que so valorizados e reconhecidos

    pelo seu trabalho.

    A prxima questo versou sobre a satisfao com a chefia. Apenas 35% se disseram

    satisfeitos; no entanto, observa-se que para a maioria a chefia se mostra cordial e mantm o

    ambiente agradvel. Portanto, o desagrado com a chefia parece estar diretamente relacionado

    com as oportunidades e valorizao do trabalho.

    O trabalho exaustivo, sendo que 70% afirmam sofrerem presso para cumprir metas e

    90% realizam horas extras (pelo menos 1h diria). O ambiente de trabalho tambm no foi

    considerado adequado para metade dos colaboradores, sendo que os principais fatores de

    descontentamento so a poeira em suspenso no ar, o barulho, a alta temperatura e a falta de

    ventilao. Considerando o aspecto de segurana, 60% afirmaram que com frequncia

    acontecem acidentes no seu ambiente de trabalho, tais como escorreges. Uma boa parte dos

    entrevistados (35%) afirma que as condies de higiene no so adequadas, o que est

    relacionado ao p e poeira e tambm m higienizao dos banheiros. A organizao do

    ambiente de trabalho foi considera boa por 75% dos entrevistados, com pequenos erros

    somente nas mudanas de setup para novos clientes, estando estes mais relacionados a erros

    de embalagem. A maior parte dos funcionrios (65%) afirma ter timo relacionamento com os

    seus colegas de trabalho.

    Conforme demonstrado pelo Quadro 2, ao serem questionados sobre os motivos que os

    levaria a deixar o emprego, 65% dos entrevistados responderam que seria por insatisfao

    com o salrio atual e 45% por uma oportunidade melhor em outra empresa.

    QUADRO 2 - Fatores que levariam o funcionrio a deixar o emprego

    O que te levaria a deixar o emprego? MOTIVOS

    Desligamento da empresa (demitido) 15,0%

    Insatisfao salarial 65,0%

    Insatisfao com o ambiente de trabalho 5,0%

    Insatisfao com os seus lderes 10,0%

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    Falta de valorizao do seu trabalho 35,0%

    Melhor oportunidade de emprego 45,0%

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    Os funcionrios passam um perodo de experincia de trs meses, que depois de

    cumpridos com satisfao, os levam a um patamar superior de salrio; no entanto, mesmo

    com esse acrscimo, a maioria apresenta-se insatisfeita com o salrio atual. A boa oferta de

    empregos com a expanso industrial da regio, tambm aquecida com a vinda da ferrovia para

    a cidade de Rondonpolis, acarretou em aumento do salrio mdio e na oferta de empregos,

    segundo informado pelos funcionrios entrevistados, o que tem impacto direto na

    rotatividade. Poucos se preocupam com demisses (15%) e no considera a insatisfao com

    a liderana um motivo para deixar o emprego, assim como no consideram a insatisfao com

    o ambiente de trabalho como um motivo para buscar outra oportunidade profissional.

    Ao questionar os motivos que levaram os seus colegas a deixarem o emprego (QUADRO

    3), a maioria tambm afirma que o principal motivo insatisfao salarial. Porm, mais

    premente a insatisfao com o ambiente de trabalho (35%) e com a liderana (30%).

    QUADRO 3 - Fatores que ocasionaram a sada de colegas do emprego Porque seus colegas deixaram o emprego? Motivo

    Desligamento da empresa (demitido) 15,0%

    Insatisfao salarial 60,0%

    Insatisfao com o ambiente de trabalho 35,0%

    Insatisfao com os seus lderes 30,0%

    Falta de valorizao do seu trabalho 35,0%

    Melhor oportunidade de emprego 30,0%

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    Ressalta-se que a empresa estudada no dispe de entrevistas de desligamento,

    impossibilitando a comparao dessa percepo dos funcionrios entrevistados com os

    motivos alegados por aqueles que deixaram a empresa.

    A maioria dos funcionrios (55%) afirma que dificilmente falta ao Trabalho, mas caso a

    falta ocorra, grande parte (40%) afirma que a mesma ocorre por problemas familiares

    (FIGURA 1).

    FIGURA 1 - Motivos que levam a faltar ao trabalho

    Fonte: Elaborado pelos autores.

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    6. Consideraes finais

    A empresa do estudo de caso no possui um controle numrico de rotatividade e

    absentesmo; porm, existe a conscincia de que esses fatores possuem ndices elevados na

    organizao e de que algo precisa ser feito para a diminuio desses eventos. No momento

    das entrevistas foi possvel observar a existncia de funcionrios jovens e com pouco tempo

    na empresa. Ao acompanhar a produo percebeu-se um trabalho rduo, onde sacos de 25 a

    40 Kg devem ser manuseados sem qualquer auxlio de dispositivos de contrapeso.

    As horas extras abundantes so consideradas pelos funcionrios como um atrativo por

    acarretar um acrscimo no salrio. Deste modo, a penalizao fsica acarretada pela extenso

    das horas trabalhadas no tida como um problema para os trabalhadores j que estes

    possuem seu foco voltado para os benefcios econmicos das horas extras trabalhadas.

    Segundo informado pelo gerente da empresa, a falta de mo-de-obra especializada e a alta

    rotatividade impulsionada pelo mercado aquecido da regio, dificultam a seleo de pessoal.

    Esses fatores impedem que critrios psicolgicos e de maturidade, que poderiam reduzir a

    rotatividade e absentesmo, sejam utilizados como fatores para eliminar candidatos no

    processo seletivo.

    No entanto, apesar da complexidade do tema, pode-se perceber que algumas aes

    poderiam ser consideradas a curto e mdio prazo, tais como:

    - Equalizao dos critrios para oportunidades de crescimento: a empresa poderia

    estabelecer critrios mais concretos para promoo e crescimento dentro da organizao

    evitando, dessa maneira, que privilgios desacompanhados de mritos sejam estabelecidos

    dentro do ambiente de trabalho;

    - Valorizao da mo-de-obra: aes de valorizao, como prmios, poderiam ser

    utilizadas para destacar os esforos individuais e coletivos, tomando os devidos cuidados para

    no agravar o que j foi comentado no item anterior;

    - Investir em segurana e melhorar o ambiente de trabalho, como reduzir o p em

    suspenso no ar, melhorar a ventilao e melhorar a higienizao dos banheiros, so aes

    que, alm de atendimento legislao, poderiam ter um impacto significativo no absentesmo

    e na rotatividade.

    A partir das entrevistas realizadas, a visita s instalaes e as informaes do gerente da

    empresa somadas comparao com estudos semelhantes realizados em outras organizaes,

    pode-se concluir que um fator predominante que afeta diretamente o absentesmo e

    rotatividade a falta de uma poltica clara de recursos humanos que tenha o objetivo de

    reduzir esses ndices. A falta dessa poltica na empresa estudada fica evidente pelo simples

    fato de no existir um acompanhamento desses ndices, que na empresa foram percebidos

    como bastante elevados.

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