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INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL AVALIAÇÃO DE MANCHA MARROM DE ALTERNÁRIA EM GENÓTIPOS DE TANGERINEIRAS CAMILLA DE ANDRADE PACHECO Orientador: Fernando Alves de Azevedo Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola Campinas, SP Abril 2010

AVALIAÇÃO DE MANCHA MARROM DE ... - iac.sp.gov.br · CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL ... à minha família que soube compreender o sentido de minha

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INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL E SUBTROPICAL

AVALIAÇÃO DE MANCHA MARROM DE ALTERNÁRIA EM GENÓTIPOS DE

TANGERINEIRAS

CAMILLA DE ANDRADE PACHECO Orientador: Fernando Alves de Azevedo

Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola

Campinas, SP Abril 2010

ii

DEDICATÓRIA

À Deus, pois neste momento tão especial de alegria e vitória, torna-se imprescindível

traduzir em palavra toda a minha gratidão àquele que no seu infinito amor me

concedeu tal privilégio.

À minha avó, Maria Dolores dos Reis Madoglio, que me transmitiu os valores mais

importantes como bondade, perdão, honestidade, persistência, consideração e,

principalmente, paciência. Obrigada por sempre saber o que dizer para me fazer

sentir melhor, com suas palavras calmas e sábias, e seus abraços amorosos.

Aos meus pais, Walter Leone de Andrade Pacheco e Izilda Inês de Andrade Pacheco,

que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade; iluminaram meus

caminhos com afeto e dedicação, para que trilhasse sem medo e cheio de esperança;

e, se doaram inteiros renunciando aos seus sonhos, para que muitas vezes pudesse

realizar os meus. Obrigada por me dizerem que eu poderia crescer e conquistar tudo

o que eu quisesse, desde que acreditasse em mim mesma, como vocês sempre

acreditaram.

Às minhas irmãs, Wanessa de Andrade Pacheco e Thais de Andrade Pacheco, por

tudo que representam em minha vida. Obrigada por estarem sempre ao meu lado, me

incentivando a realizar meus sonhos.

Enfim, à minha família que soube compreender o sentido de minha luta,

dispensando-me muitas vezes de seu convívio para enfrentar minhas obrigações. Este

momento não estaria completo sem vocês.

iii

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Agronômico (IAC), pela oportunidade oferecida no conceituado curso

de mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical – Tecnologia da Produção

Agrícola.

Ao Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC, que me ofereceu totais condições para

o desenvolvimento desta pesquisa e elaboração desta dissertação.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio

financeiro ao projeto e pela concessão de bolsa de mestrado.

Ao Dr. Fernando Alves de Azevedo, meu orientador, obrigada por suas inestimáveis

contribuições em minha formação (pessoal e profissional), na forma de

ensinamentos, companheirismo, dedicação, pela maravilhosa oportunidade de

participar de sua equipe de pesquisa e, principalmente, pela confiança em mim

depositada.

À Dra. Laura Maria Molina Melleti (Jardim Botânico IAC) pela oportunidade de

iniciação científica na graduação, pelos agradáveis momentos de conversa, pelo

companheirismo e valiosos ensinamentos.

A todos os pesquisadores e funcionários do Centro APTA Citros Sylvio Moreira,

pelos ensinamentos ministrados e exemplos de profissionalismo.

Aos estagiários de iniciação científica Denis A. Polydoro, Eduardo da C. Andrade,

Eduardo K. L. Pinheiro, Ludmila S. Ferreira, Marcelo A. Romão, Marco Aurélio B.

Favero, Paulo de Tarso Cardoso Júnior, Paulo R. Dafoe Aguiar, Renato P. T. Freitas,

Ronald O. Giorgi Neto agradeço de coração por terem contribuído com a execução

dos experimentos.

iv

Aos amigos de pós-graduação, em especial Andrérika V. L. Silva, Bruno T. Favero,

Carlos Marcos A. dos Santos, Edson S. Nomura, Eduardo A. A. Barbosa, Evellyn C.

Oliveira, Fabrício S. Zera, Francelino P. Costa, Ivan B. Martelli, Leandro da Silva,

Lívia D. M. Sottoriva, Paulo E. R. Marchiori, Thiago F. Duarte, Vera L. N. P. de

Barros, Willian R. Macedo, muito obrigada por suas amizades, pois através delas

esta jornada se tornou muito mais valiosa e gratificante.

Aos amigos Aline C. Silva, Arthur Ghilardi, Evandro H. Schinor, Flávia Bonato,

Henrique Vianna e Silva, Isabel Gonzaga, José Dagoberto De Negri, José Orlando

Figueiredo, Kátia C. Kupper, Vivian Michelle pelas conversas, risadas e momentos

agradáveis vividos no Centro APTA Citros Sylvio Moreira.

À Engenheira Agrônoma Flávia Oliveira Pacheco pelos incentivos, conversas,

paciência, compreensão, amizade e convivência.

Aos funcionários da seção de Pós-graduação pelas informações e esclarecimentos.

As demais pessoas que direta ou indiretamente contribuíram com esta etapa da minha

vida.

v

BIOGRAFIA

CAMILLA DE ANDRADE PACHECO – Nasceu em São Paulo – SP no dia 06 de

abril de 1984. Filha de Walter Leone de Andrade Pacheco e Izilda Inês de Andrade

Pacheco. Ingressou no curso de Engenharia Agronômica no Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (CCA/UFSCar) em 2003,

concluindo-o em fevereiro de 2008. Durante a graduação desenvolveu projetos nas

áreas de solos e geoprocessamento; melhoramento genético de cana-de-açúcar e;

fitotecnia e melhoramento de maracujá. Foi monitora da Disciplina Tópicos em

Matemática II e voluntária do Centro Ambiental AEHDA da cidade de Araras

orientando no trabalho com mudas de árvores nativas. Ingressou no Programa de

Pós-graduação em março de 2008 no curso de mestrado em Agricultura Tropical e

Subtropical, área de concentração em Tecnologia da Produção Agrícola, pelo

Instituto Agronômico, na cidade de Campinas, concluindo-o em abril de 2010.

Possui experiência na área de manejo da cultura do citros, com ênfase em

fitossanidade, atuando principalmente com tangerineiras.

"Sou como você me vê, posso ser leve como "Sou como você me vê, posso ser leve como "Sou como você me vê, posso ser leve como "Sou como você me vê, posso ser leve como

uma brisa, ou forte como uma ventania, uma brisa, ou forte como uma ventania, uma brisa, ou forte como uma ventania, uma brisa, ou forte como uma ventania,

depende de quando e como você me vê depende de quando e como você me vê depende de quando e como você me vê depende de quando e como você me vê

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(Clarice Lispector)(Clarice Lispector)(Clarice Lispector)(Clarice Lispector)

vi

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................................. vii

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. viii

LISTA DE ANEXOS................................................................................................. ix

RESUMO................................................................................................................... x

ABSTRACT............................................................................................................... xi

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 2

2.1 Classificação, Características Botânicas e Mercado das Tangerineiras............... 2

2.2 Mancha Marrom de Alternaria............................................................................. 6

2.3 Controle................................................................................................................ 9

3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 11

3.1 Quantificação da Mancha Marrom de Alternária em Campo.............................. 11

3.2 Inoculação de Alternaria alternata...................................................................... 15

3.2.1 Teste de agressividade....................................................................................... 15

3.2.2 Inoculação in vitro e in vivo de Alternaria alternata........................................ 17 3.3 Análises Físico-Químicas dos Frutos das Variedades Estudadas........................ 19

3.4 Desenvolvimento Vegetativo das Variedades Estudadas..................................... 19

3.5 Análise dos Resultados......................................................................................... 19 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 20 4.1 Quantificação de Mancha Marrom de Alternária em Campo.............................. 20 4.2 Inoculações de Alternaria alternata..................................................................... 28 4.2.1 Teste de agressividade.................................................................................... 28 4.2.2 Inoculação in vitro e in vivo de Alternaria alternata....................................... 29 4.3 Análises Físico-Químicas dos Frutos das Variedades Estudadas........................ 32 4.4 Desenvolvimento Vegetativo das Variedades Estudadas..................................... 34 5 CONCLUSÕES....................................................................................................... 36 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 37 7 ANEXOS................................................................................................................. 43

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Listagem com as variedades dos diversos experimentos......................... 14

Tabela 2 – Severidade da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e híbridos (Capão Bonito/SP, 2008 - 2009)..............................................

20

Tabela 3 – Incidência da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e híbridos (Capão Bonito/SP, 2008 - 2009)...............................................................

21

Tabela 4 – Severidade da mancha marrom da alternária em genótipos de tangerinas e híbridos (Itirapina/SP, 2008 - 2009)......................................................

23

Tabela 5 – Incidência da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e híbridos (Itirapina/SP, 2008 - 2009)........................................................................

24

Tabela 6 – Severidade da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e híbridos (Porto Feliz/SP, 2008 - 2009)..................................................

25

Tabela 7 – Incidência da mancha marrom de alternária em frutos de variedades do grupo das tangerineiras (Porto Feliz/SP, 2008 - 2009)..............................................

26

Tabela 8 – Número médio de lesões de mancha marrom de alternária em folhas de tangor Murcott inoculadas com diferentes isolados de Alternaria alternata (2008).........................................................................................................................

28 Tabela 9 – Número médio de lesões por folha (NMLF) e severidade (S) do fungo Alternaria alternata após inoculação in vitro e in vivo e, infecção natural (Cordeirópolis/SP, 2008-2009)..................................................................................

29 Tabela 10 – Agrupamento das diferentes variedades de acordo com a época de maturação (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz, 2007)...............................

33

Tabela 11 – Altura (A) e diâmetro (D) das copas das diferentes variedades avaliadas nos ensaios, 2008........................................................................................

35

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Municípios do estado de São Paulo onde se encontram os ensaios que foram utilizados para as avaliações da severidade da mancha marrom de alternária em citros.....................................................................................................................

11 Figura 2 – Imagem aérea do Pólo Regional do Sudoeste Paulista – Capão Bonito/SP, detalhando-se o local onde o ensaio foi instalado....................................

12

Figura 3 – Imagem aérea da Fazenda Raio de Sol do grupo Citrovita – Itirapina/SP, detalhando-se o local onde o ensaio foi instalado.................................

13

Figura 4 – Imagem aérea da Fazenda Ana Maria – Porto Feliz/SP, detalhando-se os locais onde os ensaios foram instalados................................................................

13

Figura 5 – Escala diagramática para avaliação da mancha marrom de alternária dos citros (Alternaria alternata) em frutos de tangor Murcott, com seis níveis de severidade da doença. (Fotos: Renaud et. al., 2004)..................................................

15 Figura 6 – Micélio de A. alternata (a); meio de esporulação (b); remoção dos conídios (c); filtragem (d); suspensão filtrada (e); câmara de Neubauer (f); quantificação em microscópio (g); estrutura reprodutiva do fungo (h); suspensão diluída (i); inoculação de folhas destacadas (j); inoculação de plântulas (L); sintomas em plântulas (m)..........................................................................................

16 Figura 7 – Escala diagramática para avaliação da mancha marrom de alternária dos citros (Alternaria alternata) em folhas de tangor Murcott, com quatro níveis de severidade da doença.............................................................................................

17 Figura 8 – Estufa H e vasos com plantas inoculadas com Alternaria alternata e ensacadas para manutenção da umidade relativa (Cordeirópolis/SP, 2008)..............

18

Figura 9 – Lesões típicas da mancha marrom em frutos de tangelo Nova (a); África do Sul (b); Ponkan (c); Murcott (d)................................................................

22

Figura 10 – Lesões típicas da mancha marrom em tangelo Nova (Itirapina/SP, 2009)...........................................................................................................................

24

Figura 11 – Tangerinas Fremont e Thomas, no ponto ideal de colheita, junho/2009 e outubro/2009, respectivamente................................................................................

27

Figura 12 – Genótipos de tangerinas após inoculação de folhas destacadas e de plântulas - variedades suscetíveis (esquerda) e resistentes (direita). África do Sul (a), Page (b), Empress (c), Mogi das Cruzes (d), Murcott (e), 1144-12 (f), Ortanique (g), Cravo (h), Fremont (i) e Thomas (j)...................................................

31

ix

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Análises físico-químicas: massa dos frutos, acidez, sólidos solúveis e ratio do suco (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz/SP – abril, 2007)..........

43

Anexo 2 – Análises físico-químicas: massa dos frutos, acidez, sólidos solúveis e ratio do suco (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz/SP – agosto, 2007).......

44

Anexo 3 – Análises físico-químicas: massa dos frutos, acidez, sólidos solúveis e ratio do suco (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz/SP – setembro, 2007)...

45

x

Avaliação de mancha marrom de alternaria em genótipos de tangerineiras

RESUMO

A mancha marrom de alternária (MMA), causada por Alternaria alternata, é a

principal doença fúngica das tangerineiras, no Brasil, causando sérios prejuízos em

plantios comerciais de tangerina Ponkan e tangor Murcott. O presente trabalho

objetivou avaliar a suscetibilidade de genótipos de tangerinas e híbridos à A.

alternata, através da inoculação de folhas destacadas e de plântulas. Os atributos

físico-químicos de qualidade dos frutos foram também avaliados. Para tanto,

genótipos do grupo das tangerineiras foram avaliados, em três regiões distintas do

Estado de São Paulo: Capão Bonito, Itirapina e Porto Feliz. As avaliações foram

realizadas em campo, através da avaliação da severidade das lesões em frutos,

durante dois anos (2008 e 2009), com auxílio de escala diagramática, analisando-se

30 frutos por planta, em três plantas por genótipo (repetições) nos três ensaios;

posteriormente, obteve-se a porcentagem de frutos com sintomas (incidência). As

avaliações foram realizadas nos meses de fevereiro, março, abril e maio dos anos de

2008 e 2009. Paralelamente, foram efetuadas inoculações com o fungo A. alternata,

em folhas e em plântulas, para confirmação dos resultados em campo.

Aproximadamente três dias após, fez-se a contagem do número de lesões por folha, e

uma estimativa da severidade da doença, com auxílio de escala diagramática. A

qualidade das frutas das variedades em estudo foi analisada em laboratório para as

determinações físico-químicas (massa, sólidos solúveis, acidez titulável e ratio). O

desenvolvimento vegetativo das plantas foi avaliado por meio de aferições da altura e

diâmetro da copa. A maioria das variedades mostraram-se sintomáticas,

demonstrando a agressividade da doença para as tangerinas, destacando-se o tangelo

Nova, as tangerinas África do Sul e Ponkan e o tangor Murcott. A clementina Nules,

a tangerina Cravo e o tangor Ortanique mostraram baixa severidade/incidência

enquanto que as tangerinas Fremont e Thomas não apresentaram sintomas em campo

e após inoculação mostrando-se altamente resistentes ao fungo, o que poderá

significar novas opções para a citricultura.

Palavras chave: Citrus spp, Alternaria alternata, fungo, resistência varietal.

xi

Evaluation of Alternaria brown spot in mandarin genotypes

ABSTRACT

The Alternaria brown spot (ABS), caused by Alternaria alternata, is a major disease

of mandarins in Brazil, and if causes serious losses in commercial orchards of

Ponkan tangerine and Murcott tangor. This study aimed to evaluate the susceptibility

of mandarins and its hybrids genotypes to the fungus, estimating the aggressiveness

by inoculation of detached leaves and seedlings. The physical-chemical quality

attributes were also evaluated. For this, mandarin genotypes were evaluated in three

different regions of São Paulo: Capão Bonito, Itirapina and Porto Feliz. The

evaluations were conducted in the field, by assessing the severity of the lesions on

fruit, for two years (2008 and 2009) with the aid of diagrammatic scale, analyzing 30

fruits per plant on three plants per genotype (replicates) in the three assays.

Percentage of fruits with symptoms (incidence) was also evalueted. The evaluations

were conducted in the months of February, March, April and May in the years of

2008 and 2009. Meanwhile, inoculations with the fungus Alternaria alternata were

performed on leaves and seedlings, to confirm the results in the field. After three

days of the inoculation, it was counted the number of lesions per leaf and estimated

the disease severity, with the aid of a diagrammatic scale. The fruit quality of the

varieties under study was analyzed in the laboratory by physical-chemical

measurements (mass, soluble solids, titratable acidity and ratio). The plant growth

was evaluated by height and diameter measurements. Most of the varieties were

symptomatic, showing the disease aggressiveness in mandarins, especially in

varieties Nova, África do Sul, Ponkan and Murcott. Varieties Cravo, Nules and

Ortanique showed low disease severity/incidence. The varieties Fremont and Thomas

did not show symptoms in the field and neither after inoculation, proving to be

resistant to the fungus, which could mean new options to the citriculture.

Key Words: Citrus spp, Alternaria alternata, fungus, varietal resistance.

1

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de tangerina, com área plantada

de aproximadamente 54 mil hectares e produção de 1,1 milhão de toneladas (IBGE,

2010). Apesar de pouca oscilação em termos de área cultivada, o país vem

apresentando acréscimo em volume produzido, uma vez que a demanda por produtos

naturais com potencial para exportação vem crescendo a cada dia.

No Brasil, a produção de tangerina alcança expressão econômica em muitos

estados brasileiros, principalmente em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, os

quais são os maiores produtores nacionais, sendo responsáveis por 44, 22 e 14% da

produção nacional, respectivamente (AGRIANUAL, 2009). Apesar disso, o número

de variedades utilizadas economicamente no país é bastante restrito, fato

comprovado pelo Estado de São Paulo que apresenta 59% dos seus plantios de

variedades do grupo das tangerinas compostos por tangerina Ponkan (Citrus

reticulata Blanco), seguida pelo tangor Murcott (Citrus sinensis (L.) Osbeck x C.

reticulata Blanco), Mexerica-do-Rio (C. deliciosa Tenore) e tangerina Cravo (C.

reticulata Blanco) (BOTEON, 2007).

Nos pomares de tangerinas e híbridos, a mancha marrom de alternaria

(MMA) causada pelo fungo Alternaria alternata, tem sido considerada a mais séria

doença fúngica na atualidade. Sua severidade em regiões de clima úmido, onde o

controle é muito difícil, tem ocasionado o abandono de plantios comerciais de

variedades altamente suscetíveis (STUART et al., 2009).

A doença, embora recente no Brasil, foi relatada inicialmente em tangerina

Emperor, na Austrália (KIELY, 1964), e dez anos depois em tangerina Dancy na

Flórida/EUA (WHITESIDE, 1976). Além destes países, ocorre também na África do

Sul (SWART et al., 1996), Espanha (VICENT et al., 2000), Argentina (PERES et al.,

2003), entre outros. No Brasil a presença da MMA foi relatada pela primeira vez em

2001, por GOES et al. (2001), em pomares de tangerina Dancy e, em 2002, estava

presente em diferentes estados brasileiros (SPÓSITO et al., 2003).

2

A suscetibilidade dessas variedades vem inviabilizando a produção,

principalmente do tangor Murcott no Estado de São Paulo, fazendo com que muitos

citricultores erradiquem seus pomares, em virtude do elevado número de

pulverizações necessárias e, consequentemente, drástico aumento no custo de

produção. Uma prova disso é a queda na produção de tangerinas no Brasil, em

relação à outras frutas frescas. Em 2006, apresentava um volume aproximado de 1,3

milhão de toneladas e uma área próxima a 61 mil ha, decrescendo para pouco mais

que 1,1 milhão de toneladas e 54 mil ha em 2008, redundando em perdas de 190,4

mil toneladas e quase 7 mil ha (IBGE, 2010).

Dessa forma, dada à gravidade da mancha marrom de alternária e os elevados

prejuízos causados em diferentes regiões do Brasil, o presente trabalho visa fornecer

novas opções de variedades de tangerinas e híbridos para a citricultura, uma vez que

a diversidade genética dos citros é grande, porém a base genética das variedades

economicamente importantes é estreita.

Os objetivos do presente estudo foram: avaliar a diferença de suscetibilidade

entre genótipos de tangerinas e híbridos quanto à mancha marrom de alternaria e

estimar a agressividade da doença em três regiões produtoras de tangerinas do Estado

de São Paulo.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Classificação, Características Botânicas e Mercado das Tangerineiras

As tangerinas pertencem à família Rutaceae, que engloba a subfamília

Aurantioideae, que é subdividida nas tribos Clauseneae e Citreae, que por sua vez

inclui as subtribos Triphasiinae, Balsamocitrinae e Citrinae, estando na última

agrupado o gênero Citrus e mais 12 outros gêneros (SWINGLE, 1943; SWINGLE &

REECE, 1967), os quais têm seus prováveis centros de origem na Ásia.

As espécies do gênero Citrus reproduzem-se sexuadamente, por meio de

autopolinização e polinização cruzada, e assexuadamente, por apomixia nucelar. As

plantas de citros podem se autopolinizar, em face da concomitância da deiscência das

anteras e receptividade do estigma em suas flores hermafroditas. Algumas variedades

3

são, inclusive, cleistogâmicas, ou seja, promovem o autocruzamento antes mesmo da

abertura de suas flores (CAMERON & SOOST, 1969).

As tangerinas e seus híbridos possuem normalmente plantas vigorosas, de

tamanho médio a grande, crescimento ereto, com poucos espinhos, folhagem densa,

com folhas médias, lanceoladas e de largura média, com ponta e com a nervura

central proeminente; o pecíolo é típico e não-alado. Os frutos geralmente são de

tamanho médio, forma oblata, base com pescoço pequeno ou sem pescoço, e ápice

pouco deprimido. A casca é fina e firme, mas, geralmente, fácil de remover; o fruto

apresenta a superfície lisa, de cor laranja a vermelha, com 9 a 13 gomos, facilmente

separáveis e com eixo médio aberto. A polpa é laranja, sucosa, às vezes aromática e

com poucas sementes mono ou poliembriônicas e com cotilédones verdes nas

tangerinas (HODGSON, 1967).

Em regiões de clima subtropical, com invernos frios, o fruto desenvolve

coloração amarelo-avermelhada, tanto interna como externamente. A planta é mais

resistente ao frio, mas o fruto não apresenta essa resistência. As flores são

usualmente brancas, pequenas, isoladas ou em inflorescência de pedúnculos curtos

(DONADIO et al., 1998).

Devido às diferentes espécies, híbridos e variedades, a adaptação a climas

distintos é muito grande. Assim, as tangerinas Ponkan e Dancy adaptam-se melhor

aos climas semitropical e tropical, enquanto que as clementinas e mexericas, aos

mediterrâneos e subtropicais. As satsumas adaptam-se a invernos mais frios,

podendo resistir a temperatura de até -9 oC (DAVES & ALBRIGO, 1994).

Com toda essa diversidade, as tangerinas ganham, cada vez mais, o paladar

dos consumidores de frutas frescas. Uma prova disso é o fato da produção mundial

de frutos cítricos apresentar um forte crescimento nas últimas décadas. Uma visão

ampla do consumo mostra uma nítida divergência entre os hábitos da população dos

países asiáticos, que prefere as tangerinas, e a do Ocidente, que consome laranjas e

suco de laranja processado.

Todavia, a apreciação de tangerinas também começa a crescer no Ocidente,

onde foi introduzida por volta de 1800. Elas já representam 23% da produção

mundial de frutas cítricas e a tendência é continuar em expansão, visto que sua

4

produção aumentou 24% se comparadas às safras 2007/2008 (16 milhões de

toneladas) e 2003/04 (13 milhões de toneladas) (FAS, 2008).

As tangerinas diferem das laranjas, porque sua produção se destina quase que

exclusivamente ao mercado de frutas frescas, no qual são consideradas uma das

preferidas pela população mundial. Atraindo o consumidor pela beleza, qualidade e

delicadeza, como também pela diversidade do seu grupo e ainda pela facilidade de

serem descascadas.

Os maiores produtores de tangerinas, do mundo, são China, Espanha e Brasil,

sendo a Espanha responsável por mais da metade de toda a exportação mundial desta

fruta. No entanto, a China, apesar de sua liderança na produção, não se destaca como

exportadora destes frutos, uma vez que 90% de sua produção é comercializada no

mercado interno (FAS, 2008).

O Brasil vem apresentando acréscimo em volumes produzidos desta fruta

apesar da pouca oscilação em termos de área cultivada. Em 2008, o país detinha

cerca de 54 mil hectares de área plantada com tangerina, o equivalente a 1,1 milhão

de toneladas produzidas, ficando em oitavo lugar no ranking da produção brasileira

de frutas. A produção brasileira de tangerina é concentrada nos estados de São Paulo,

Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais que somam 83% da área total plantada no

País, perfazendo 88% da produção brasileira. São Paulo é o principal produtor,

respondendo por 30% da produção nacional (IBGE, 2010).

No estado paulista a evolução do número de plantas mostrou acréscimo em

meados da década de noventa chegando a mais de nove milhões de pés em 1999. A

partir daí iniciou-se um processo de estabilidade com recuo no plantio de novos

pomares, que pode ser explicado pela opção de produtores arrendarem suas terras

para outros cultivos. Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), em

julho de 2006, no estado de São Paulo, encontravam-se disponíveis 237 mil mudas

de tangerinas, todas em viveiros telados, assim distribuídas: 50% de Ponkan, 28% de

Murcott, 7% de mexerica e 16% entre tangerina Cravo e outras variedades não

especificadas (IEA, 2010).

A tangerina Ponkan, originária da Ásia (HODGSON, 1967), constitui uma

das variedades mais cultivadas no mundo – China, Japão, Filipinas (Batangas) e

Índia (Nagpur Suntara) – e também é a tangerina mais popular no Brasil (PIO et al.,

5

2005). Apresentam árvores de porte médio, com crescimento ereto, são produtivas,

mas com tendência a apresentar alternância de produção. Frutos grandes de

maturação precoce a meia estação são caracterísiticos nesse grupo (POMPEU

JUNIOR, 2001), apresetam ainda casca solta e sabor bastante doce, o que as torna

muito apreciadas para consumo in natura (PIO et al., 2006a). Apresenta grande

aceitação por parte dos consumidores devido a vários aspectos, tais como a coloração

acentuada, o sabor doce, o fácil descascamento e o tamanho do fruto que é mais

expressivo que o das demais, normalmente encontradas no mercado (FIGUEIREDO,

1991).

O tangor Murcott é a segunda variedade mais importante cultivada em São

Paulo (POMPEU JUNIOR, 2001), servindo tanto para indústria como para o

consumo in natura. Originado de progenitores desconhecidos, foi obtido por W.T.

Swingle, na Flórida, onde, já em 1933, acreditava-se que poderia ter valor comercial

e foi propagado por Charles Murcott Smith e J. Ward Smith. Nos Estados Unidos, o

tangor Murcott é chamado de tangerina Honey (SAUNT, 2000). Os países que mais

produzem Murcott são o Brasil e os Estados Unidos. É cultivado também na China,

Austrália, em regiões onde as clementinas não se adaptam bem, e no Japão tem tido

muito êxito apresentando frutos com maturação tardia (abril e maio) e excelente

coloração laranja-avermelhada (SAUNT, 1990).

O grupo das mexericas (C. deliciosa), é também conhecido como o das

tangerinas do Mediterrâneo. Seus parentais e sua origem não são conhecidos, mas há

indícios de que a espécie tenha surgido a partir de uma tangerina chinesa

(HODGSON, 1967). Entretanto, é possível que ela seja constituída por híbridos

verdadeiros da tangerina comum (C. reticulata) (MACHADO et al., 1996). É

conhecida mundialmente como Willow leaf mandarin. No Brasil, recebeu diversos

nomes, como Mimosa e Bergamota, entre outros. No Estado de São Paulo representa

0,6% entre os cítricos (POMPEU JUNIOR, 2001), mas é bastante representativo seu

plantio no Rio Grande do Sul. Entre as variedades cultivadas no Brasil, tem-se a

tradicional Mexerica-do-Rio e a Montenegrina.

A tangerina Cravo tem como origem provável o território português, sendo

muito similar a outra variedade, Carvalhais (SAUNT, 1990). Apesar da semelhança,

os frutos da Cravo são maiores, pois foram adquirindo características próprias como

6

é comum nas plantas propagadas por sementes (DONADIO et al., 1995). Embora

seja muito saborosa, vem perdendo, ano a ano, lugar de destaque entre os plantios no

Estado de São Paulo, não aparecendo, muitas vezes, entre as mais plantadas.

Dentre algumas variedades promissoras, destacam-se Thomas e Fremont,

sendo que a primeira foi introduzida da África do Sul, apresenta frutos de forma

oblata, de tamanho médio e coloração laranja-avermelhada, casca lisa e aderente,

ápice e base truncados com pequeno colarinho, massa média de 161 g, polpa de

coloração alaranjada forte, com média de 16 sementes por fruto, suco

correspondendo a 38% da massa do fruto, com teores médios de sólidos solúveis de

13,1 oBrix; acidez de 1,2% e ratio de 10,1. Esta variedade apresenta potencial para

exportação, tendo em vista o sabor que adquire, bastante adequado ao paladar do

consumidor estrangeiro (PIO et al., 2005).

Já a Fremont é originária de cruzamento entre clementina e tangerina Ponkan

(Citrus clementina hort. Ex Tan. x Citrus reticulata Blanco), realizado por P.C.

Reece, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Orlando, Flórida, e

depois selecionada por J.R. Furr, na Califórnia, antes de ser liberada em 1964.

Apresenta plantas de porte médio, com boa produtividade, frutos de maturação

precoce a meia-estação, de tamanho médio, forma oblata, casca lisa e ligeiramente

frouxa, massa média de 103 g, com média de 13 sementes por fruto, casca e polpa de

coloração alaranjada forte, 51% de rendimento em suco, teor de sólidos solúveis de

12 oBrix, acidez de 1,0% e ratio de 11,9 (PIO et al., 2005).

Contudo, devido ao pequeno número de variedades de tangerinas plantadas,

ao longo dos anos, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para disponibilizar novos

materiais, com maior aceitabilidade no mercado internacional, e também colocar à

disposição do consumidor frutas cítricas em época que não estão presentes no

mercado brasileiro.

2.2 Mancha Marrom de Alternária

O fungo causador da MMA, Alternaria alternata, se reproduz sobre material

vegetal afetado, presente na árvore ou caído no solo, por meio da formação de

conídios (esporos assexuais). A liberação dos esporos está relacionada com a

ocorrência de chuvas e mudanças bruscas na umidade relativa (TIMMER et al.,

7

2000). Os conídios germinam sobre o tecido suscetível (frutos, ramos e folhas novas)

liberando uma toxina específica ao hospedeiro-tangerina, causando necrose rápida

dos tecidos. As condições ideais para infecção ocorrem com temperaturas em torno

de 20 a 27 ºC e 10 a 12 horas de molhamento foliar contínuo. A penetração do

patógeno em seu hospedeiro pode ocorrer através de três vias: diretamente pela

superfície da planta, através de aberturas naturais e através de ferimentos. Os

sintomas surgem 24-48 horas após infecção (TIMMER et al., 2000).

Os sintomas em ramos, frutos, tecidos verdes imaturos ou em fase de

crescimento, aparecem em média 24 horas após a infecção, expandindo-se pela ação

da toxina seletiva ACT produzida pelo fungo, podendo causar desfolhamento

intenso, nos ponteiros das plantas, devido à necrose das folhas (KOHMOTO et al.,

1993).

Em folhas jovens, os sintomas iniciais se caracterizam por pequenas manchas

marrom ou preta, circundadas ou não por halos amarelados que, posteriormente, se

estendem, podendo abranger grande área foliar. Normalmente ocorrem nas nervuras,

onde há acúmulo de água, com morte de tecido, espalhando-se a partir delas,

provocando deformação característica, ou seja, as folhas curvam-se lateralmente. As

brotações novas, tanto vegetativas como da florada, apresentam um aspecto de

requeima no caule, com morte dos ponteiros e posterior tendência ao

superbrotamento (envassouramento). Em ramos finos ocorrem pequenas lesões

corticosas, sem ou com halo clorótico (AKIMITSU et al. 2003).

Em frutos jovens, infectados logo após a queda das pétalas, as lesões podem

induzir a abscisão do fruto, limitando a produção da planta. Lesões mais

desenvolvidas são bastante variáveis quanto ao tamanho, podendo atingir grandes

áreas da casca dos frutos, com manchas escuras corticosas, que podem ser

destacadas, deixando cicatriz, o que deprecia o fruto (TIMMER et al., 2003).

Fungos do gênero Alternaria, um dos mais cosmopolitas causando doenças

em vários hospedeiros vegetais, são saprofíticos facultativos, embora sejam mais

adaptados quando envolvidos com patogenicidade (WALTON, 1996). Esses fungos,

considerados imperfeitos, pela ausência da fase sexual na maioria de suas espécies,

são morfológica e geneticamente similares, entretanto apresentam diferenças

patológicas (KUSABA & TSUGE, 1994). Por esse fato, linhagens de certas espécies,

8

principalmente A. alternata, têm sido referidas como forma specialis ou patótipos,

em função do seu hospedeiro (NISHIMURA & KOHMOTO, 1983; KOHMOTO et

al., 1995).

Em citros, além da mancha marrom de alternária, esses fungos são

responsáveis pelas doenças chamadas de mancha foliar de alternária em limão

Rugoso e Cravo, podridão negra de frutos cítricos e mancha foliar em limão Galego

(TIMMER et al., 2003), sendo essa última relatada apenas no México (TIMMER et

al., 2000).

Inicialmente, devido à alta similaridade morfológica entre os patógenos

causando mancha marrom de alternária e podridão negra, identificou-se como sendo

o mesmo patógeno, A. citri (WHITESIDE, 1976). Contudo, o patótipo responsável

pela mancha marrom de alternária é biológica e bioquimicamente distinto, pela

habilidade de infectar folhas e frutos jovens, devido a produção de toxina específica

ao hospedeiro (HSTs). Por esse motivo, foi posteriormente classificado como A.

alternata (KOHMOTO et al., 1979) e mais tarde designado por A. alternata f.sp.

citri (SOLEIL, 1991).

Recentemente, baseando-se em estudos de similaridade genética por técnicas

moleculares, todos os isolados de Alternaria associadas aos citros que desenvolvem

pequenos esporos, incluindo podridão negra, mancha marrom foliar de alternária e

mancha marrom de alternária foram classificados em uma única espécie, A.

alternata. Para essas duas últimas doenças, por serem causadas por linhagens

produtoras de HSTs, os patógenos foram denominados de patótipo limão Rugoso e

tangerina, respectivamente (AKIMITSU et al., 2003).

Existem claras diferenças biológicas, bioquímicas e genéticas entre esses

fungos e eles podem ser diferenciados por testes de patogenicidade, ensaios de

toxinas ou marcadores moleculares (PEEVER et al., 1999, 2000, 2002). A espécie A.

limicola está associada à mancha foliar do limão Galego, e pode ser

morfologicamente diferenciada por produzir esporos maiores, além de não estar

associada com a produção de toxinas (PALM & CIVEROLO, 1994).

A mancha marrom de alternária afeta, principalmente, as tangerinas,

sobretudo a variedade Dancy (C. reticulata Blanco), seus híbridos diretos ou

indiretos (tangelos Minneola e Orlando e as tangerinas Sunburst, Fortuna, Lee e

9

Osceola), alguns tangores, como Murcott (C. reticulata Blanco x C. sinensis Osbeck)

e, em casos raros, pomelos Redblush e Sunrise (C. paradisi Macf.), na maioria das

regiões úmidas ou semi-áridas de cultivo dos citros (TIMMER et al., 2003). A

doença também foi relatada nas tangerinas África do Sul, Sul da África, Nova, entre

outras (FEICHTENBERGER et al., 2005).

A maioria das variedades de tangerina Clementina e seus híbridos, bem como

tangerina Cleópatra, limas, limões, laranja azeda e laranjas doces são resistentes à

doença em condições normais de cultivo. Entretanto, em condições de inoculação do

fungo em laboratório, sintomas foram observados em laranja Valência, Shamouti e

Washington Navel e limão Volkameriano com isolados do patótipo tangerina

proveniente de tangelo Minneola (SOLEIL & KIMCHI, 1997).

Como a tangerina Dancy é o parental da maioria dos híbridos e tangelos que

são suscetíveis à mancha marrom de alternária, alguns autores especularam que a

suscetibilidade à doença seria geneticamente herdada desta tangerina. KOHMOTO et

al. (1991) baseando-se no padrão de suscetibilidade de variedades de citros e seus

híbridos, sugeriram que a suscetibilidade desses foi herdada do parental tangerina

Dancy, como uma característica dominante, sendo recessiva, portanto, a resistência

da mancha marrom das tangerinas.

2.3 Controle

Os fungicidas à base de cobre, iprodione, procimidone, mancozeb e

clorotalonil têm sido eficientes no controle da doença, porém nem todos esses

fungicidas são registrados para a cultura, nas diferentes regiões produtoras

(TIMMER et al., 2000).

Os fungicidas protetores (cobre, mancozeb e clorotalonil) por apresentarem

amplo espectro de ação interferem em diversos processos metabólicos vitais do

fungo, o que lhes garantem uma alta inespecificidade, fazendo com que os mesmos

não penetrem nos tecidos vegetais, sendo então muito vulneráveis às chuvas. Suas

aplicações devem ser ajustadas aos períodos em que se têm as condições favoráveis

para a disseminação do fungo (ALVA & GRAHAM, 1991). Outro fator a ser

considerado é o fato da disseminação do fungo estar altamente condicionada às

condições ambientais, sendo necessárias várias aplicações para reduzir a severidade

10

da doença, podendo chegar a 15 aplicações (TIMMER et al., 2003), o que aumenta

bastante os custos de produção.

Já os fungicidas sistêmicos são capazes de agir curativamente em função de

sua capacidade de translocação do local de aplicação para outras partes da planta,

apresentando assim maior especificidade. Dentro desse grupo vale destacar os

triazóis e as estrobilurinas, uma vez que estes têm se mostrado eficientes no controle

da doença (REIS et al., 2006). Contudo, o uso intensificado dos fungicidas

sistêmicos pode resultar na seleção de isolados resistentes em um curto período de

tempo, fato este ocorrido com o fungicida iprodione do grupo das dicarboximidas,

que levou a resistência do patógeno em Israel (SOLEIL et al., 1996). Dessa forma,

torna-se imprescindível que o controle da doença deva ser realizado com alternância

de fungicidas de diferentes grupos químicos, ou também pela mistura de fungicidas

sistêmicos e protetores (SIEROTSKI et al., 2000). É importante mencionar que os

benzimidazóis não apresentam eficácia no controle da doença (FEICHTENBERGER

et al., 2005).

Para efetuar a pulverização no momento correto, um sistema denominado

Alter-rater foi desenvolvido na Flórida (EUA). Baseado em modelos matemáticos,

esse sistema assinala pontos diariamente de acordo com as condições climáticas

favoráveis à doença, principalmente precipitação; e as pulverizações são apenas

recomendadas quando se atinge um número determinado de pontos, estimado em

função da variedade de citros e da região produtora (TIMMER et al., 2003).

Práticas culturas, tais como formação de pomares em áreas com bastante

circulação de ar, maior espaçamento entre plantas, cuidados com a adubação,

principalmente a adubação nitrogenada, que induz um grande crescimento vegetativo

da planta, são recomendadas para diminuir a severidade da doença (TIMMER et al.,

2003). Como o fungo só se multiplica em tecidos mortos, é recomendável execução

de uma poda de limpeza, eliminando os restos do pomar e podas no inverno para

melhorar a aeração da planta (MARTELLI et al., 2009).

Como consequência, a seleção de novos genótipos mais resistentes à mancha

marrom de alternária, torna-se uma medida urgente e, vem a ser a maneira mais

econômica e viável de controle da doença.

11

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Quantificação da Mancha Marrom de Alternária em Campo

Foram realizadas avaliações da mancha marrom de alternária em três locais

distintos do estado de São Paulo: Capão Bonito, Itirapina e Porto Feliz (Figura 1),

sendo iniciadas no mês de fevereiro, estendendo-se até maio, perfazendo-se um total

de quatro avaliações em cada ensaio, nos anos de 2008 e 2009, determinadas pela

disponibilidade de frutos nas plantas. Ressalta-se que a doença já ocorria

endemicamente nestas regiões, que os pomares estavam em fase produtiva (acima de

seis anos) e que não foi realizado controle químico da doença nos ensaios.

Figura 1 - Municípios do estado de São Paulo onde se encontram os ensaios que foram

utilizados para as avaliações da severidade da mancha marrom de alternária em citros.

12

Em Capão Bonito (Figura 2), o ensaio foi implantado em 1995 no Pólo

Regional de Desenvolvimento do Sudoeste Paulista (APTA - Regional), com um

total de 21 variedades, em espaçamento de 7x 4 m, porta-enxerto limão Cravo, nas

coordenadas 24º 00’ de latitude S e 48º 20’ de longitude W, a uma altitude de 705

metros. O clima é do tipo Cfb, clima temperado úmido com verão temperado,

segundo a classificação de Koppen (SETZER, 1966). O solo do local do ensaio é do

tipo Latossolo Vermelho (EMBRAPA, 1999). Já em Itirapina (Figura 3), o ensaio foi

instalado em 1992 na Fazenda Raio de Sol, do grupo Citrovita, com um total de 20

variedades, em espaçamento de 6 x 5 m, porta-enxerto limão Cravo, nas coordenadas

22º 15’ de latitude S e 47º 49’ de longitude W, a uma altitude de 770 metros. O clima

é do tipo Cwa, clima temperado úmido com inverno seco e verão quente, segundo a

classificação de Koppen (SETZER, 1966). O solo do local dos ensaios é do tipo

Neossolo Quartzarênico (EMBRAPA, 1999). Enquanto que em Porto Feliz (Figura

4), os ensaios foram instalados entre os anos de 1992 e 1994, na Fazenda Ana Maria,

com um total de 27 variedades, em espaçamento 6 x 4 m, porta-enxerto limão Cravo,

nas coordenadas 23º 12’ de latitude S e 47º 31’ de longitude W, a uma altitude de

523 metros. O clima é do tipo Cwa, segundo a classificação de Koppen (SETZER,

1966). O solo do local do ensaio é do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo

(EMBRAPA, 1999).

Figura 2 - Imagem aérea do Pólo Regional do Sudoeste Paulista – Capão Bonito/SP, detalhando-se o local onde o ensaio foi instalado.

Ensaio

13

Figura 3 - Imagem aérea da Fazenda Raio de Sol do grupo Citrovita – Itirapina/SP, detalhando-se o local onde o ensaio foi instalado.

Figura 4 - Imagem aérea da Fazenda Ana Maria – Porto Feliz/SP, detalhando-se os locais onde os ensaios foram instalados.

Ensaio

Ensaio

14

A tabela 1 traz com detalhamento as variedades presentes em cada experimento. Tabela 1 - Listagem das variedades avaliadas nos diversos experimentos

Variedades (nº acesso BAG - Citros) Locais dos ensaios Tangerinas (Citrus reticulata Blanco) e Híbridos Capão Bonito Porto Feliz Itirapina África do Sul (557 – CN*) X X Cravo (1478 – CN) X X X De Wildt (545 – CN) X X Empress (565 – CN) X X X Fremont (543 – CN) X X X Ladu x Szinkon (552 – CN) X X X Loose Jacket (515 – CN) X Ponkan (172 – CN) X X X Rosehaugh Nartjee (555 – CN) X X Sul da África (529 – CN) X X Sunburst (1376 – CN) X X X Szibat (558 – CN) X X Szinkon x Batangas (569 – CN) X X Szinkon (564 – CN) X X Szwinkon x Szinkon-Tizon (560 – CN) X X Swatow (171 – CV) X Thomas (519 – CN) X X Warnuco (547 – CN) X X Mexericas (Citrus deliciosa Tem.:) 1144-12 (585 – CN) X Mogi das Cruzes (606 – CN) X Tardia da Sicilia (589 – CN) X Clementinas (Citrus clementina) e Híbridos Caçula 3 (1330 – CN) X X X Caçula 4 (1318 – CN) X Nules (1742 – CN) X X X Tangores (C. reticulata Blanco x C. sinensis (L.) Osbeck:) Murcott (553 – CN) X X X Murcott Irradiada (1578 – CN) X X X Ortanique (554 – CN) X X X Hansen (596 – CN) X X X Tangelos (C. reticulata Blanco x C. paradisi Macfad:) Nova (1526 – CN) X X X Page (1525 – CN) X X X *CN=clone novo/CV=clone velho

15

Determinou-se a severidade dos sintomas da doença na casca dos frutos com o

auxílio de escala diagramática específica (Figura 5), desenvolvida por Renaud et al.

(2004), analisando-se 30 frutos por planta, em três plantas por variedade (repetições) em

todos os ensaios, que se encontravam em delineamento de blocos ao acaso.

Figura 5 - Escala diagramática para avaliação da mancha marrom de alternária dos citros

(Alternaria alternata) em frutos de tangor Murcott, com seis níveis de severidade da doença.

(Fotos: Renaud et. al., 2004).

Esta escala de notas varia de ‘0’ a ‘6’, ou seja, ‘0’ quando não há nenhuma lesão

na superfície do fruto, e as notas de ‘1’ a ‘6’ correspondem, respectivamente, às áreas

lesionadas de 0,1%, 1%, 2,5%, 5%, 11% e 25% (severidade). Paralelamente, obteve-se

também a incidência da doença (porcentagem de frutos afetados).

Durante as avaliações dos frutos foram observados sintomas de mancha marrom

de alternária em folhas das variedades em estudo. Assim, as mesmas foram classificadas

em sintomáticas (+) e assintomáticas (-).

3.2 Inoculação de Alternaria alternata

3.2.1 Teste de agressividade

Inicialmente, um teste de agressividade utilizando-se dez diferentes isolados de A.

alternata, patótipo tangerina, foi realizado em folhas destacadas de tangor Murcott, para

selecionar o mais agressivo, no ano de 2008. Os isolados do fungo foram obtidos a

partir de lesões típicas da doença (folhas e frutos), que foram incubadas em placas de

Petri contendo meio de cultura BDA (200 g batata, 20 g dextrose, 15 g agar L-1),

11 00,,11%%

22 11%%

44 55%%

55 1111%%

66

2255%% 55

1111%% 44

55%%

11 00,,11%%

22 11%%

33 22,,55%%

16

contendo o fungicida carbendazin (640 mg L-1 do i.a.) para excluir a proliferação de

outros fungos, sendo em seguida, mantidos em fotoperíodo de 12 horas, a 27 ºC, por 48

horas.

Após período de incubação (48 horas), hifas características identificadas com o

auxílio de microscópio óptico (Figura 6a) foram transferidas e incubadas nas mesmas

condições do isolado inicial, por um período de cinco dias para induzir a produção de

conídios (Figura 6h). Em seguida, transferiram-se 50 discos de micélio (5 mm de

diâmetro) para placas de Petri contendo meio de esporulação (30 g de CaCO3, 20 g de

sacarose e 20 g de ágar/L – Figura 6b), que foram incubadas em fotoperíodo de 12

horas, por quatro dias a 27 ºC.

Figura 6 - Micélio de A. alternata (a); meio de esporulação (b); remoção dos conídios (c);

filtragem (d); suspensão filtrada (e); câmara de Neubauer (f); quantificação em microscópio (g);

estrutura reprodutiva do fungo (h); suspensão diluída (i); inoculação de folhas destacadas (j);

inoculação de plântulas (L); sintomas em plântulas (m).

Na sequência, com a ajuda de uma espátula estéril (Figura 6c), os conídios foram

retirados da superfície da placa, identificados, quantificados (Figura 6f-g) e

suspendidos. A suspensão foi filtrada usando-se duas camadas de gazes esterilizadas

para remover fragmentos de micélio e ajustada à concentração de 104 conídios mL-1,

após contagem em hemacitômetro (Figura 6d e 6i).

i j l m i j

L

m

17

Para a inoculação, folhas jovens de Murcott, 2-3 cm de comprimento, foram

coletadas no campo, lavadas em água corrente e acondicionadas em placas de Petri,

contendo uma camada de papel de filtro e uma pequena porção de algodão umedecido.

Em seguida, borrifou-se aproximadamente 2 mL folha-1 de inóculo dos diferentes

isolados (Figura 6j). As placas foram mantidas em BOD a 27 ºC com fotoperíodo de 12

horas. As avaliações da doença foram iniciadas 12 horas após inoculação do patógeno,

se estendendo por até três dias (72 h), e consistiu, inicialmente, na observação da

presença de sintomas típicos da doença (Figura 6m) e, posteriormente, em

determinações do número de lesões/folha. Para esse ensaio utilizou-se delineamento

inteiramente casualizado com quatro folhas por isolado (repetições).

3.2.2 Inoculação in vitro e in vivo de Alternaria alternata

O método descrito acima (teste de agressividade) também foi utilizado para as

inoculações das folhas das 30 variedades em estudo (Tabela 1). Após seleção do isolado

mais agressivo, esse foi multiplicado e a inoculação dos materiais foi realizada em

quatro folhas jovens de cada genótipo, coletadas no BAG – Citros (Cordeirópolis/SP),

que foram mantidas em BOD (27 ºC; fotoperíodo 12 horas).

As avaliações da doença foram iniciadas 12 horas após inoculação do patógeno,

se estendendo por até três dias. Consistiu, inicialmente, na observação da presença de

sintomas típicos da doença e, posteriormente, em determinações do número de

lesões/folha (48 h) e da área lesionada (% da folha tomada pela doença), 72 horas após a

inoculação, com auxílio de escala diagramática (Figura 7), com notas variando entre 0 e

4 (0 - 0%; 1 - 5%; 2 - 10%; 3 - 25%; e 4 - 50% ou mais de área lesionada). O ensaio foi

realizado no verão do ano de 2008 e repetido em 2009.

Figura 7 - Escala diagramática utilizada para avaliação da mancha marrom de alternária dos

citros (Alternaria alternata) em folhas de tangor Murcott, com quatro níveis de severidade da

doença.

5% 10% 25% 50%

18

As mesmas variedades de tangerinas e híbridos que foram utilizadas no ensaio

anterior tiveram seus frutos coletados e suas sementes retiradas, para posterior

semeadura em tubetes plástico, contendo substrato específico para citros (RendimaxTM).

Posteriormente, as plântulas foram transferidas para vasos (4,0 L) e mantidas em casa

de vegetação. Quando as plantas estavam com tamanho superior a 30 cm efetuou-se

uma poda, com intuito de forçar a brotação e, consequentemente, a formação de folhas

jovens. Aproximadamente 35 dias após a poda, preparou-se o inóculo de A. alternata;

utilizando-se o mesmo método descrito anteriormente.

A inoculação foi realizada na face abaxial das folhas das plântulas (Figura 6L),

onde se concentra o maior número de estômatos, portanto região propícia para a

penetração do patógeno, em quatro plantas por genótipo, em delineamento inteiramente

casualizado. O volume de inóculo aplicado foi de aproximadamente 2,0 mL folha-1,

borrifando-se gotas finas. Utilizaram-se quatro repetições por variedade, após

inoculação, mantiveram-se as plantas em condições de alta umidade, cobrindo–as com

sacos plásticos transparentes, por 36 horas. As avaliações foram realizadas 72 horas

após a inoculação e consistiram de contagem do número de lesões e estimativa da área

lesionada (% da folha tomada pela doença), conforme mencionado para inoculação in

vitro. O ensaio in vivo, também foi realizado no verão do ano de 2008 e repetido em

2009.

A Figura 8 mostra a estufa H e os vasos com os genótipos escolhidos (brotações

novas) para a inoculação do fungo, cobertos com sacos plásticos transparentes, para

manutenção da alta umidade relativa, condição ideal para liberação da toxina pelo fungo

causador da doença.

Figura 8 - Estufa H e vasos com plantas inoculadas com Alternaria alternata e ensacadas para

manutenção da umidade relativa (Cordeirópolis/SP, 2008).

19

3.3 Análises Físico-Químicas dos Frutos das Variedades Estudadas

Foram amostrados cinco frutos ao acaso de cada variedade avaliada e

encaminhados para análises físico-químicas junto ao Laboratório de Qualidade do

Centro APTA Citros Sylvio Moreira (IAC), em três épocas distintas (abril, agosto,

setembro) que correspondem ao período de maturação das variedades estudadas,

conforme métodos abaixo descritos.

A massa total dos frutos da amostra foi obtida em balança, com precisão de um

grama. O teor de sólidos solúveis (oBrix) foi determinado por leitura direta em

refratômetro B&S, modelo RFM 330; a acidez titulável (% ácido cítrico) foi

determinada por titulação de 25 ml de suco, com uma solução de hidróxido de sódio

(0,3125 N) usando-se a fenolftaleína como indicadora (REED et. al., 1986); e o ratio

pela relação direta sólidos solúveis/acidez titulável.

3.4 Desenvolvimento Vegetativo das Variedades Estudadas

O desenvolvimento vegetativo das plantas foi avaliado por meio de aferições da

altura e diâmetro da copa, em quatro repetições por genótipo, em delineamento de

blocos ao acaso. As mensurações foram realizadas com régua de madeira graduada,

efetuando-se medições paralelas ao eixo de crescimento geoposito da copa (altura) e

paralelas ao solo na altura de 1,5 m (diâmetro), no ano de 2008.

3.5 Análise dos Resultados

Os valores médios das avaliações mensais de severidade/incidência, nos

experimentos de campo, foram submetidos à análise de variância e comparados pelo

teste Scott-Knott (5%). O mesmo foi feito para os experimentos com folhas destacadas e

com plântulas, porém utilizando-se as médias entre os dois anos consecutivos de

avaliações. Já os dados do teste de agressividade e desenvolvimento vegetativo das

variedades estudadas foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste

de Tukey (5%). Todas as análises foram processadas utilizando-se o programa

estatístico SISVAR.

20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Quantificação de Mancha Marrom de Alternária em Campo

A - Capão Bonito/SP

Dos 21 genótipos avaliados neste ensaio, 19 foram sintomáticos mostrando a

agressividade da doença para as tangerinas. Por outro lado, diferentes graus de

severidade foram observados (Tabela 2). Dentre os sintomáticos, destacam-se alguns

altamente suscetíveis, como o tangelo Nova, a tangerina Ponkan e o tangor Murcott.

Esse resultado corrobora com o obtido por PEEVER et al. (2000) que ao estudar a

diferenciação genética e especificidade de hospedeiro entre as populações de Alternaria

spp. também relatou a alta suscetibilidade do tangelo Nova.

Tabela 2 – Severidade da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e

híbridos (Capão Bonito/SP, 2008 - 2009).

Severidade/2008 Severidade/2009

Variedades Fev Mar Abr Mai Fev Mar Abr Mai Sul da África 2,19a* 3,73a 4,03a 3,56a 0,25a 0,83a 1,28a 6,15a Nova 0,44b 1,17c 0,91b 0,81b 0,08b 0,25b 0,90a 6,15a Murcott 0,40b 0,97c 1,08b 1,25b 0,00b 0,13b 0,18b 2,48b Ponkan 0,14c 0,02c 0,05b 0,01b 0,02b 0,03b 0,06b 0,20c Murcott Irradiada 0,05c 0,60c 0,28b 0,61b 0,03b 0,19b 0,28b 0,13c S. x S.-Tizon1 0,05c 0,31c 0,03b 0,02b 0,00b 0,01b 0,03b 0,01c África do Sul 0,07c 0,33c 0,17b 0,22b 0,00b 0,00b 0,14b 2,00b Rosehaugh Nartjee 0,04c 0,25c 0,03b 0,05b 0,02b 0,02b 0,02b 0,03c Empress 0,02c 0,03c 0,16b 0,05b 0,00b 0,00b 0,00b 0,05c Caçula 3 0,07c 2,02b 1,56b 2,24a 0,04b 0,01b 0,15b 0,60c Page 0,02c 0,03c 0,01b 0,05b 0,00b 0,00b 0,04b 0,01c Ortanique 0,01c 0,53c 0,29b 0,10b 0,00b 0,00b 0,01b 0,01c Nules 0,01c 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,05b 0,05c Szinkon 0,00c 0,06c 0,21b 0,09b 0,00b 0,04b 0,02b 0,04c Sunburst 0,00c 0,09c 0,06b 0,06b 0,00b 0,00b 0,06b 0,33c De Wildt 0,01c 0,07c 0,11b 0,05b 0,00b 0,00b 0,10b 0,04c Cravo 0,00c 0,01c 0,25b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c Hansen 0,00c 0,01c 0,24b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c Ladu x Szinkon 0,00c 0,01c 0,06b 0,01b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c Thomas 0,00c 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c

Fremont 0,00c 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c * médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (Scott-Knott, 5%); 1Szwinkon x Szinkon-Tizon

21

Observando-se a Tabela 3 nota-se que há grande incidência da mancha marrom

de alternária em algumas variedades (Figura 9), chegando a 100%, no caso da tangerina

Sul da África, nas avaliações de março e abril de 2008, e do tangelo Nova, na avaliação

de maio de 2009, que foram as variedades mais suscetíveis nesse ensaio.

Tabela 3 – Incidência da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e

híbridos (Capão Bonito/SP, 2008 - 2009).

Incidência/2008 Incidência/2009

Variedades Fev Mar Abr Mai Fev Mar Abr Mai Sul da África 94,45a* 100,00a 100,00a 95,56a 28,89a 60,00a 65,56a 94,44a Nova 47,78b 55,56b 52,22c 84,45a 16,67a 44,44a 56,67a 100,00a Murcott 46,66b 67,78b 68,89b 68,89b 2,22b 20,00b 32,22b 90,00a Ponkan 24,44c 16,67d 4,44d 6,67e 6,67b 8,89b 8,89c 35,56c Murcott Irradiada 21,11c 35,56c 44,44c 50,00c 6,67b 20,00b 44,44b 20,00d S. x S.-Tizon1 21,11c 32,22d 13,33d 12,22e 0,00b 11,11b 13,33c 6,67e África do Sul 20,00c 41,11c 36,67c 48,89c 1,11b 4,44b 31,11b 88,89a Rosehaugh Nartjee 17,78c 41,11c 28,89d 21,11d 6,67b 6,67b 22,22c 10,00e Empress 15,55c 16,67d 33,33c 37,78d 0,00b 1,11b 4,44c 16,67d Clem. Caçula 3 11,11d 44,44c 52,22c 37,78d 2,22b 6,67b 37,78b 63,33b Page 7,78d 16,67d 7,78d 22,22d 0,00b 4,44b 7,78c 8,89e Ortanique 6,67d 64,45b 56,66c 25,56d 0,00b 0,00b 4,45c 2,22e Clementina Nules 5,56d 3,33d 2,22d 0,00e 0,00b 0,00b 0,00c 15,56d Szinkon 4,44d 15,56d 24,44d 20,00d 1,11b 11,11b 7,78c 2,22e Sunburst 3,33d 13,33d 5,55d 22,22d 0,00b 1,11b 6,67c 38,89c De Wildt 3,33d 21,11d 35,56c 21,11d 0,00b 3,33b 35,56b 21,11d Cravo 3,33d 5,55d 8,89d 2,22e 0,00b 0,00b 0,00c 0,00e Hansen 1,11d 8,89d 1,11d 0,00e 0,00b 0,00b 3,33c 3,33e Ladu x Szinkon 0,00d 4,44d 4,44d 0,00e 0,00b 0,00b 3,33c 2,22e Thomas 0,00d 0,00d 0,00d 0,00e 0,00b 0,00b 0,00c 0,00e

Fremont 0,00d 0,00d 0,00d 0,00e 0,00b 0,00b 0,00c 0,00e * médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (Scott-Knott, 5%); 1Szwinkon x Szinkon-Tizon.

A clementina Caçula 3 também foi muito afetada pela doença, o mesmo pode-se

afirmar para o tangor Murcott, híbrido sabidamente suscetível. Por outro lado,

variedades como as tangerinas Thomas e Fremont, para as condições de Capão

Bonito/SP, apresentaram-se resistentes, enquanto as tangerinas Cravo e Ladu, a

clementina Nules, e o tangor Hansen, mostraram-se menos suscetíveis, nos dois anos de

avaliações. Resultados semelhantes foram observados por FEICHTENBERGER et al.

(2007) que iniciaram as avaliações com esses materiais em Capão Bonito/SP, tanto para

as variedades suscetíveis quanto para as resistentes.

22

Figura 9 - Lesões típicas da mancha marrom em frutos de tangelo Nova (a); África do Sul

(b); Ponkan (c); Murcott (d).

Dentre as variedades do grupo das Ponkans (Ponkan, R. Nartjee, África do Sul,

Empress, De Wildt) todas se mostraram suscetíveis, ficando num grupo intermediário,

juntamente com a Murcott Irradiada (tangor), que é um material oriundo de Murcott,

porém de maturação precoce (PIO et al., 2006b). É importante ressaltar que dentre as

variedades resistentes, a Thomas apresenta ainda características físicas (fruto de

tamanho médio; casca lisa e aderente; e massa média de 160 g), químicas (13,1 ºBrix;

acidez de 1,2%; ratio de 10,1) e organolépticas (coloração laranja-avermelhada; textura

firme e sabor marcante) semelhantes ao tangor Murcott, importante variedade comercial

no país, o que a torna uma variedade de interesse comercial e com potencial para

substituir o tangor Murcott nos plantios ou pomares (PIO et al., 2005).

B – Itirapina/SP

Analisando-se a Tabela 4 e comparando-a com a Tabela 2, percebe-se que a

severidade da mancha marrom de alternária foi bastante superior nas avaliações

realizadas no ensaio de Itirapina/SP quando comparadas às de Capão Bonito/SP. Isto

pode ser explicado pela diferença de clima entre as localidades e pela epidemiologia da

23

doença. Nesse sentido, a região de Itirapina/SP apresentou precipitação pluviométrica

(1165,7 mm) superior à de Capão Bonito (805,8 mm) no período das avaliações,

evidenciando a importância da umidade na epidemiologia da doença, uma vez que, a

condição ideal para ocorrência da infecção são 10 a 12 horas de molhamento foliar

contínuo (TIMMER et al., 2000). Além disso, esse ensaio encontra-se circundado por

talhões de tangor Murcott, altamente suscetível à doença, acarretando em grande

pressão de inóculo.

Tabela 4 – Severidade da mancha marrom da alternária em genótipos de tangerinas e

híbridos (Itirapina/SP, 2008 - 2009).

Severidade/2008 Severidade/2009

Variedades Fev Mar Abr Maio Fev Mar Abr Maio Nova 11,07a* 5,99a 9,84a 8,87a 0,91b 1,37b 1,73b 7,76a Murcott 7,22a 4,30b 3,74b 3,50b 0,79b 2,64a 3,53a 8,88a Murcott Irradiada 7,82a 5,06a 4,16b 3,65b 0,62b 2,37a 3,05a 4,49b África do Sul 9,73a 1,13c 2,92b 2,43c 1,82a 2,02a 2,86a 4,26b Clementina Caçula 4 4,30b 2,95b 4,30b 4,66b 1,05b 1,32b 1,92b 1,97c Sunburst 3,48b 0,87c 1,92c 2,26c 0,05c 0,62c 0,75c 1,50c Empress 2,88b 0,45c 0,64c 0,66d 0,34c 0,50c 0,73c 0,94c Ponkan 1,53b 0,47c 0,64c 0,71d 0,31c 1,51b 1,61b 1,79c Page 1,21b 0,72c 0,69c 1,48c 0,35c 0,56c 0,41c 0,96c Swatow 1,43b 0,32c 0,46c 0,80d 0,6b 0,54c 0,51c 0,45c Ortanique 0,00b 0,07c 0,13c 0,09d 0,26c 0,00c 0,00c 0,05c Szinkon x Batangas 0,01b 0,11c 0,10c 0,03d 0,01c 0,06c 0,15c 0,07c Clementina Caçula 3 0,13b 0,12c 0,14c 0,13d 0,08c 0,04c 0,47c 0,04c Hansen 0,00b 0,02c 0,03c 0,00d 0,02c 0,02c 0,11c 0,04c Ladu x Szinkon 0,03b 0,21c 0,09c 0,02d 0,03c 0,06c 0,06c 0,02c Warnuco 0,04b 0,14c 0,45c 0,04d 0,01c 0,04c 0,07c 0,01c Szibat 0,04b 0,08c 0,05c 0,11d 0,06c 0,00c 0,07c 0,00c Cravo 0,01b 0,15c 0,00c 0,04d 0,23c 0,00c 0,00c 0,00c Clementina Nules 0,00b 0,02c 0,01c 0,01d 0,04c 0,05c 0,09c 0,00c Fremont 0,00b 0,00c 0,00c 0,00d 0,00c 0,00c 0,00c 0,00c

* médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si (Scott-Knott, 5%)

Neste ensaio, notou-se a presença da mancha marrom de alternária em

praticamente todas as variedades, exceto Fremont (Tabela 5). Aqui também as

variedades Nova e África do Sul foram muito afetadas, sendo que o tangelo Nova

apresentou 100% dos frutos, em fevereiro, abril e maio de 2008 e maio de 2009, com

sintomas característicos da doença (Figura 10). As variedades Murcott, Murcott

24

Irradiada e Caçula 4 também mostraram-se altamente suscetíveis à doença, sendo que

100% dos frutos estavam com sintomas em fevereiro, março, abril/2008 e maio/2009. Tabela 5 – Incidência da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e

híbridos (Itirapina/SP, 2008 - 2009).

Incidência/2008 Incidência/2009 Variedades Fev Mar Abr Mai Fev Mar Abr Mai Nova 100,00a 97,78a 100,00a 100,00a 42,22a 43,33b 46,67b 100,00a Murcott 97,78a 100,00a 100,00a 90,00a 62,22a 84,44a 81,11a 100,00a Murcott Irradiada 100,00a 100,00a 96,67a 88,89a 57,78a 77,78a 77,78a 100,00a África do Sul 95,56a 65,56b 83,33a 84,45a 80,00a 76,67a 80,00a 85,55b Clem. Caçula 4 97,78a 100,00a 96,67a 98,89a 58,89a 63,33a 66,67a 78,89b Sunburst 93,33a 64,44b 81,11a 84,44a 16,67b 38,89b 43,33b 80,00b Empress 96,67a 78,89b 45,55b 63,33b 43,33a 40,00b 40,00b 77,78b Ponkan 88,89a 58,89b 73,33a 70,00b 37,78a 56,67b 58,89b 77,78b Page 82,22a 65,56b 65,56a 72,22b 36,67a 28,89c 31,11c 73,34b Swatow 93,33a 74,45b 88,89a 56,66b 60,00a 24,44c 25,56c 40,00c Ortanique 4,44c 36,67c 31,11b 20,00c 33,33a 23,33c 0,00c 0,00e S. x Batangas1 6,67c 33,33c 27,78b 10,00d 13,33b 5,56c 10,00c 22,22d Clem.Caçula 3 21,11b 56,67b 32,22b 21,11c 16,67b 6,67c 10,00c 18,89d Hansen 1,11c 8,89d 2,22c 3,33d 7,78b 2,22c 6,66c 16,67d Ladu x Szinkon 14,45b 44,44c 18,89c 7,78d 12,22b 4,44c 5,55c 6,67e Warnuco 13,33b 55,55b 48,89b 12,22d 6,67b 5,56c 5,56c 6,67e Szibat 17,78b 48,89c 47,78b 15,55c 13,33b 2,22c 2,22c 4,44e Cravo 8,89c 43,34c 10,00c 0,00d 35,56a 3,33c 0,00c 0,00e Clem. Nules 0,00c 15,56d 4,44c 4,44d 10,00b 6,67c 11,11c 0,00e Fremont 0,00c 0,00d 0,00c 0,00d 0,00b 0,00c 0,00c 0,00e

* médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si (Scott-Knott, 5%); 1Szinkon x Batangas.

Figura 10 - Lesões típicas da mancha marrom de alternária em tangelo Nova (Itirapina/SP, 2009).

25

C - Porto Feliz/SP

Como a Fazenda Ana Maria, onde se encontrava o ensaio, realizava controle

sistemático da mancha marrom de alternária em seus pomares de tangor Murcott ao

comparar os resultados da tabela 6 com os das tabelas 2 e 4 nota-se menor severidade da

doença, que pode ter ocorrido em decorrência da diminuição da fonte de inóculo nas

plantas adjacentes ao ensaio e não em função da temperatura e precipitação local.

Tabela 6 - Severidade da mancha marrom de alternária em genótipos de tangerinas e

híbridos (Porto Feliz/SP, 2008 - 2009).

Severidade/2008 Severidade/2009

Variedades Fev Mar Abr Maio Fev Mar Abr Maio Nova 1,47b* 0,02b 1,05a 0,05b 2,99a 3,03a 2,54a 3,78a Sul da África 0,77c 0,00b 1,12a 0,55a 0,07b 1,26b 1,02b 0,25b Tardia da Sicilia 0,05c 0,00b 0,02b 0,08b 0,00b 0,05c 0,05c 0,02b Murcott 0,40c 0,00b 0,01b 0,44a 0,25b 0,32c 0,07c 0,52b Szinkon 0,30c 1,58a 0,06b 0,00b 0,00b 0,12c 0,14c 0,05b Mogi das Cruzes 0,08c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,05c 0,05c 0,12b De Wildt 0,12c 0,00b 0,00b 0,00b 0,01b 0,03c 0,03c 0,04b S. x S.-Tizon1 0,04c 0,00b 0,06b 0,00b 0,00b 0,04c 0,02c 0,03b 1144-12 0,02c 0,02b 0,26b 0,01b 0,00b 0,08c 0,03c 0,03b Clementina Caçula 3 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,12c 0,05c 1,03b Rosehaugh Nartjee 0,08c 1,16a 0,00b 0,00b 0,00b 0,04c 0,02c 0,01b Loose Jacket 0,00c 0,07b 0,09b 0,01b 0,01b 0,04c 0,03c 0,13b Ladu X Szinkon 0,03c 0,00b 0,05b 0,01b 0,00b 0,02c 0,04c 0,10b Sunburst 0,04c 0,00b 0,01b 0,01b 0,00b 0,06c 0,04c 0,02b Warnuco 0,00c 0,02b 0,00b 0,00b 0,00b 0,01c 0,01c 0,01b Murcott Irradiada 0,03c 0,54b 0,00b 0,05b 0,00b 0,02c 0,01c 0,03b Ponkan 0,04c 0,00b 0,01b 0,03b 0,01b 0,02c 0,01c 0,03b Empress 0,24c 0,00b 0,01b 0,00b 0,00b 0,00c 0,00c 0,06b Szinkon x Batangas 2,45a 0,00b 0,01b 0,00b 0,00b 0,04c 0,01c 0,10b Szibat 0,05c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c 0,00c 0,00b Page 0,03c 0,00b 0,01b 0,00b 0,00b 0,00c 0,00c 0,01b Cravo 0,02c 0,00b 0,57a 0,00b 0,00b 0,00c 0,00c 0,01b Ortanique 0,00c 0,04b 0,01b 0,00b 0,00b 0,04c 0,01c 0,01b Hansen 0,00c 0,02b 0,00b 0,00b 0,00b 0,02c 0,01c 0,05b Clementina Nules 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,01b 0,01c 0,01c 0,02b Thomas 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c 0,00c 0,00b Fremont 0,00c 0,00b 0,00b 0,00b 0,00b 0,00c 0,00c 0,00b

* médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si (Scott-Knott, 5%); 1Szwinkon x Szinkon-Tizon

26

Neste ensaio, o tangelo Nova também foi muito afetado pela doença,

apresentando, aproximadamente, 99% dos frutos com sintomas em maio/2009. Aqui

também as variedades Thomas e Fremont (Figura 11) não apresentaram sintomas da

doença. Já as variedades Cravo, Nules, Hansen e Ortanique, mostraram alta tolerância

nos dois anos de avaliação, uma vez que o patógeno se desenvolveu nesses materiais,

porém com pequena incidência e severidade, sequer causando queda dos mesmos, não

ocasionando, portanto, dano econômico significativo para esses genótipos.

Tabela 7 - Incidência da mancha marrom de alternária em frutos de variedades do grupo das tangerineiras (Porto Feliz/SP, 2008 - 2009).

Incidência/2008 Incidência/2009

Variedades Fev Mar Abr Mai Fev Mar Abr Mai Nova 73,33a* 8,89b 12,22d 17,78c 80,00a 88,89a 84,45a 98,89a Sul da África 61,11a 2,22b 2,22d 58,89a 21,11c 53,33b 48,89b 60,00c Tardia da Sicilia 15,56c 30,00b 0,00d 0,00d 3,33d 31,11c 33,33c 14,44d Murcott 58,89a 1,11b 4,45d 60,00a 34,45b 33,33c 32,22c 72,22b Szinkon 37,78b 75,56a 95,56a 17,78c 1,11d 36,67c 31,11c 16,67d Mogi das Cruzes 36,67b 13,33b 3,33d 0,00d 4,44d 26,67c 21,11d 25,56d De Wildt 26,67c 13,33b 2,22d 0,00d 2,22d 18,89d 20,00d 16,67d S. x S.-Tizon1 12,22c 15,55b 22,22d 15,55c 3,33d 20,00d 18,89d 17,78d 1144-12 3,33d 8,89b 13,33d 23,33b 4,44d 18,89d 18,89d 20,00d Clem. Caçula 3 0,00d 0,00b 4,44d 13,33c 2,22d 22,22d 17,78d 61,11c Rosehaugh Nartjee 21,11c 61,11a 66,67b 17,78c 0,00d 18,89d 17,78d 10,00e Loose Jacket 3,33d 11,11b 14,44d 24,44b 1,11d 18,89d 16,67d 23,33d Ladu x Szinkon 0,00d 10,00b 12,22d 17,78c 2,22d 17,78d 15,55d 21,11d Sunburst 0,00d 0,00b 10,00d 22,22b 0,00d 15,56d 12,22e 17,78d Warnuco 0,00d 8,89b 3,33d 13,33c 0,00d 14,44d 10,00e 10,00e Murcott Irradiada 12,22c 27,78b 43,34c 26,67b 0,00d 12,22e 7,78e 21,11d Ponkan 0,00d 13,33b 2,22d 25,55b 11,11d 10,00e 6,67e 26,67d Empress 37,78b 3,25b 6,67d 14,44c 0,00d 4,45e 3,33e 18,89d Szinkon x Batangas 80,00a 3,37b 6,67d 13,33c 0,00d 5,56e 1,11e 20,00d Szibat 16,67c 2,22b 3,33d 13,33c 0,00d 0,00e 1,11e 4,44e Page 21,11c 15,55b 0,00d 0,00d 0,00d 0,00e 0,00e 6,67e Cravo 0,00d 11,11b 4,44d 17,78c 0,00d 3,33e 4,45e 10,00e Ortanique 0,00d 5,56b 6,67d 14,44c 0,00d 10,00e 6,67e 6,67e Hansen 0,00d 2,22b 8,89d 13,33c 3,33d 11,11e 6,67e 24,44d Clementina Nules 0,00d 0,00b 8,89d 13,33c 4,44d 5,56e 5,56e 13,33d Thomas 0,00d 0,00b 0,00d 0,00d 0,00d 0,00e 0,00e 0,00e Fremont 0,00d 0,00b 0,00d 0,00d 0,00d 0,00e 0,00e 0,00e * médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si (Scott-Knott, 5%); 1Szwinkon x Szinkon-Tizon

27

Figura 11 - Tangerinas Fremont e Thomas, no ponto ideal de colheita, junho/2009 e

outubro/2009, respectivamente.

Como pode-se observar, nos três locais avaliados, houve grande diferença de

suscetibilidade à A. alternata entre as variedades do grupo das tangerinas. Fato este que

pode ser confirmado através de inúmeras pesquisas realizadas com testes de resistência

e suscetibilidade à patotoxina ACT em citros por pesquisadores como KOHMOTO et

al. (1991) que encontraram 28 espécies de citros (tangerinas, tangelos, tangores)

suscetíveis ao patótipo tangerina; SOLEL & KIMCHI (1997) que constataram alta

suscetibilidade em variedades Minneola, Dancy, Ellendale, Murcott, Nova, Satsuma,

Orlando, Nova, Page; e SOUZA et al. (2009) que relataram a suscetibilidade ao fungo

em Daisy, Temple x Dancy e Satsuma x Murcott4 .

A toxina ACT, produzida por A. alternata é específica para uma determinada

gama de hospedeiros, identificando algumas tangerinas e seus híbridos como

suscetíveis. PEEVER et al. (2000) ao estudar a diferenciação genética e especificidade

de hospedeiro entre as populações de Alternaria spp. causando mancha marrom de

alternária em toranjas e híbridos de tangerina, na Flórida, encontrou isolados bastante

28

agressivos às variedades Minneola, Orlando, Sunburst e Nova, respectivamente. No

presente trabalho, foi verificada suscetibilidade à ACT toxina nas variedades Nova,

África do Sul, Sul da África, Ponkan e Murcott, o que mostra a agressividade do

referido fungo e a alta vulnerabilidade destas variedades. REIS et al. (2007) também

relataram suscetibilidade ao patógeno em alguns genótipos de C. deliciosa e C. temple.

PEGG (1966) relatou a ocorrência de A. alternata para C. tangerina, já SOUZA (2009)

detectou a suscetibilidade em plantas provenientes do cruzamento cujos parentais eram

oriundos de C. reticulata, C. temple, C. tangerina, C. unshiu, C. sinensis e C. deliciosa.

Nesse contexto, vale ressaltar que há também variedades resistentes ao fungo,

como as relatadas no presente estudo, Thomas e Fremont. KOHMOTO et al (1991)

também verificaram resistência, porém em tangerinas King e seus híbridos Encore e

Kara-Kara. Enquanto que SOUZA et al. (2009) relataram a resistência ao fungo em

quatro variedades de clementinas, seis variedades de tangerinas, um tangelo, dois

híbridos de tangerina, um híbrido de tangor e dois híbridos de Satsuma .

4.2 Inoculações de Alternaria alternata

4.2.1 Teste de agressividade

O teste realizado com diversos isolados de A. alternata, possibilitou a seleção de

um agressivo (A1-3), que apresentou maior número de lesões em folhas destacadas de

tangor Murcott (26,6), como pode ser observado na tabela 8.

Tabela 8 - Número médio de lesões de mancha marrom de alternária em folhas

de tangor Murcott inoculadas com diferentes isolados de Alternaria alternata (2008).

* médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (Tukey, 5%)

O isolado selecionado (A1-3) foi proveniente de tangelo Nova, variedade

bastante suscetível, e foi o selecionado para a realização dos demais ensaios.

Isolados Número médio de lesões

A1-3 26,6a* T2303 16,0ab T2003 11,8ab F1-2 7,8b

T4103 3,8b T4003-RB 3,4b T4003-RA 2,0b

M13 0,8b A1-4 0,8b

L2704 0,2b

29

4.2.2 Inoculação in vitro e in vivo de Alternaria alternata

A Tabela 9, traz os resultados das avaliações das inoculações de A. alternata em

folhas destacadas e em plântulas de tangerinas e híbridos, bem como os dados referentes

à infecção natural (avaliação de campo).

Tabela 9. Número médio de lesões por folha (NMLF) e severidade (S) do fungo

Alternaria alternata após inoculação in vitro e in vivo e, infecção natural

(Cordeirópolis/SP, 2008-2009).

Variedades Inoculação

in vitro Inoculação

in vivo Infecção NMLF S (%) NMLF S (%) Natural África do Sul 83,22a* 15,00a 39,50a 26,67a +(1) Page 77,62a 14,75a 2,84c 2,00c + Empress 63,00a 12,13a 16,70b 9,10b + Sul da África 55,39b 11,25a 7,58c 4,47c + Clementina Caçula 3 45,72b 9,38b 18,83b 11,79b + Clementina Caçula 4 44,45b 9,25b 17,50b 10,62b + Rosehaugh Nartjee 44,11b 9,13b 7,00c 3,00c + Murcott 34,00b 6,88b 27,80a 20,05a + De Wildt 25,17c 6,63b 3,34c 2,01c + Ponkan 23,78c 5,00c 14,67b 8,34b + Nova 23,56c 4,75c 0,97c 0,58c + Sunburst 19,78c 4,75c 5,84c 2,50c + Murcott Irradiada 19,00c 4,75c 10,03b 2,50c + Szinkon x Batangas 18,00c 3,63c 20,17b 12,29b + Swatow 4,00c 1,38c 13,50b 7,50b + Szibat 1,17c 1,25c 3,84c 2,00c - Mogi das Cruzes 7,17c 3,38c 16,67b 9,00b - Ladu x Szinkon 6,67c 3,38c 0,00c 0,00c - Szinkon 4,34c 2,63c 0,00c 0,00c - Warnuco 4,34c 2,63c 0,00c 0,00c - Szwinkon x Szinkon Tizon 4,00c 1,38c 0,00c 0,00c - Hansen 2,84c 1,25c 0,00c 0,00c - Clementina Nules 2,34c 1,25c 0,00c 0,00c - Loose Jacket 2,17c 1,25c 0,00c 0,00c - Tardia da Sicilia 0,84c 1,25c 0,00c 0,00c - 1144-12 0,00c 0,00c 0,00c 0,00c - Ortanique 0,00c 0,00c 0,00c 0,00c - Cravo 0,00c 0,00c 0,00c 0,00c - Thomas 0,00c 0,00c 0,00c 0,00c -

Fremont 0,00c 0,00c 0,00c 0,00c - *médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si (Scot Knott, 5%). (1) + (presença de sintomas) e – (ausência de sintomas).

30

Os resultados obtidos para os ensaios de inoculação foram similares às

observações de campo, porém, notou-se maior agressividade do fungo quando

inoculado, uma vez que apenas cinco variedades foram assintomáticas (Tabela 9).

Resultados similares foram observados por POLYDORO et al. (2007), que

também relataram alta tolerância das variedades 1144-12, Ortanique e Cravo, em

inoculações de folhas destacadas e de plântulas. VICENT et al. (2003) observaram

resistência de híbridos Ellendalle e Ortanique oriundos de cruzamento entre C. sinensis

x C. reticulata, quando foram submetidos à inoculação de três isolados de A. alternata.

A variedade Ortanique também se mostrou tolerante neste trabalho. Logo, além das

variedades resistentes Fremont e Thomas, as variedades Hansen, Nules, Cravo e

Ortanique também podem vir a ser opções aos produtores de tangerinas.

Observando os resultados da inoculação das plântulas com A. alternata,

contatou-se que 13 variedades não apresentaram sintomas da doença após inoculação

(Tabela 9). Dentre os genótipos sintomáticos neste estudo, destacam-se alguns descritos

anteriormente como altamente suscetíveis, tais como África do Sul, Murcott, Caçulas e

Ponkan.

A Figura 12 mostra lesões em folhas e plântulas das variedades África do Sul,

Page, Empress, Mogi das Cruzes e Murcott, que se mostraram altamente suscetíveis à

doença. Por outro lado, observam-se ausência de lesões em 1144-12, Cravo e Ortanique,

variedades consideradas tolerantes, e em Fremont e Thomas, genótipos considerados

resistentes.

31

Figura 12 - Genótipos de tangerinas após inoculação de folhas destacadas e de plântulas -

variedades suscetíveis (esquerda) e resistentes (direita). África do Sul (a), Page (b), Empress (c),

Mogi das Cruzes (d), Murcott (e), 1144-12 (f), Ortanique (g), Cravo (h), Fremont (i) e Thomas

(j).

a

b

f

g

h

c

d

e

i

j

32

Analisando ainda a Figura 12 e os dados apresentados na Tabelas 9, nota-se que

as infecções em folhas destacadas foram mais severas do que as observadas em

plântulas. Resultados similares foram encontrados por Souza et al. (2009), no qual a

tangerina Daisy e os híbridos tangor Temple x tangerina Daisy e Satsuma x Murcott4

apresentaram sintomas mais severos em folhas destacadas do que nas folhas das

plântulas. Esta constatação pode ser explicada pelo fato das folhas destacadas

apresentarem alterações fisiológicas que podem refletir no seu nível de resistência,

tornando-as mais suscetíveis à A. alternata e outros microrganismos, uma vez que, ao

ser destacada da plântula a folha perde seu poder de resposta ao ataque do patógeno. Já

as plântulas, à medida que suas folhas atingem a maturidade fisiológica, tornam-se

resistentes ao patógeno, uma vez que, sua lignificação aumenta deixando as células

vegetais mais rígidas, servindo de barreira a colonização do fungo (BAUDOIN &

ECKERT, 1985); ocorre a síntese de metabólitos secundários antimicrobianos

(fitoalexinas) a partir de ações físicas, químicas ou estresses biológicos que acarreta na

supressão de atividade fúngica e bacteriana (BROETTO, 1995), os compostos pré-

existentes nas plantas (fitoanticipinas) agem como compostos antimicrobianos (VAN

ETTEN et. al., 1994); suas glândulas de óleo tornam-se proeminentes (PEEG, 1966;

REIS et al., 2006), bem como, pode ocorrer a ação conjunta de seus óleos essenciais

com compostos fitoquímicos desfavorecendo a sobrevivência do agente patogênico por

meio de lise celular do patógeno (MATASYOH et al., 2007; CHUTIA et al., 2009).

Vale ressaltar, que em condições controladas o fungo tem maiores chance de se

proliferar, uma vez que é possível o controle da luminosidade, temperatura e umidade

local. Contudo, houve uma boa correlação entre os resultados obtidos nas inoculações

de folhas destacadas, plântulas e campo. Dessa forma, pode-se afirmar que algumas

variedades do grupo das tangerinas têm maior tolerância à A. alternata e, poderão, num

futuro próximo, ser novas opções de plantio para o citricultor brasileiro.

4.3 Análises Físico-Químicas dos Frutos das Variedades Estudadas

As análises físico-químicas realizadas nos frutos das variedades estudadas, nos

três locais experimentais, demonstram haver grandes diferenças entre elas, destacando-

se o período de maturação, onde se notam materiais precoces, outros de meia-estação e

até aqueles tardios (Tabela 10 e Tabelas em anexo).

33

Tabela 10 - Agrupamento das diferentes variedades de acordo com a época de

maturação (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz, 2007).

Genótipos Época de maturação Capão Bonito Itirapina Porto Feliz

Ponkan, Caçula 3, Nules, Ponkan, Page, Nules, Fremont, R. Nartjee, Page, Cravo, Fremont Ponkan Fremont, Áfr. do Sul,

Precoce à meia-estação (ratio > 12 antes de abril)

M. Irradiada, Sunburst Caçula 4, Ladu, M. Irrad., Empress, S x S. Tizon, Ladu, Empress, Sul da Áfr., Ladu, Cravo, M. Irradiada, Cravo, Szwinkon, Nova, Nules, Sunburst Loose Jacket, Page,

Meia-estação S x Szinkon Tizon Nova Nova, Murcott, (ratio > 12 de abril à setembro) 1144-12,

Sul da Áfr., Caçula 3, Rosehaugh Nartjee, Tardia da Sicília S x S. Tizon, Ladu,

Murcott, Thomas, Ortanique, Caçula 3, Mogi das Cruzes Ortanique Szinkon x Batangas, Tardia

(ratio > 12 após setembro)

África do Sul, Thomas

Com base nas Tabelas em anexo e na Tabela 10 podemos afirmar que a

tangerina Ponkan apresentou frutos grandes e maturação precoce à meia-estação,

resultados similares aos relatados por POMPEU JUNIOR (2001) e PIO et al. (2006a).

Para Murcott o observado condiz com SAUNT (1990), que relatou que os frutos deste

tangor apresentam maturação tardia. No entanto, ao analisar a tangerina Cravo percebe-

se que, apesar de apresentar frutos grandes e com ratio relativamente alto,

aproximadamente 15, essa variedade vem perdendo lugar de destaque entre os plantios

no estado de São Paulo, não aparecendo, muitas vezes, entre as mais plantadas.

As variedades Thomas e Fremont, que se mostraram resistentes à A. alternata,

apresentaram maturação típica de um fruto tardio e precoce à meia-estação,

respectivamente. A variedade Thomas apresentou resultados similares aos de PIO et al.

(2005), com massa média de aproximadamente 182 g, polpa de coloração alaranjada

forte, com teores médios de 13 oBrix, acidez de 1,2% e ratio de 11,3, podendo ser

considerada uma variedade promissora para exportação, uma vez que o sabor que esta

variedade adquire é bastante adequado ao paladar do consumidor estrangeiro. Os

resultados obtidos com a variedade Fremont também foram condizentes com PIO et al.

(2005), apresentando massa média de 106 g, com teores médios de 12 oBrix, acidez

1,0% e ratio de 12. Dessa forma podemos dizer que Thomas e Fremont poderão ser

opções no mercado citrícola, conjuntamente à Ponkan e Murcott.

34

4.4 Desenvolvimento Vegetativo das Variedades Estudadas

Comparando o desenvolvimento das plantas (Tabela 11) por meio das aferições

de altura e diâmetro das copas, verificou-se que as plantas Swatow, Ladu x Szinkon,

Thomas, África do Sul e Ponkan apresentaram altura média de copa superior a quatro

metros. Resultado similar foi obtido por CUNHA & SALIBE (1989), que compararam a

Ponkan com as tangerinas Dancy e Cravo e o tangor Murcott, bem como por PIO et al.

(2006a), que comparou a Fremont com as tangerinas Ponkan e Nules.

Por outro lado, variedades de mexerica (1144-12, Mogi das Cruzes, Tardia da

Sicília), tangelo Nova, tangor Ortanique, tangerina Fremont e Clementina Nules

apresentaram copa bastante compacta, não atingindo 3,5 metros de altura, o que pode

ser interessante para o pequeno produtor, que pretende adensar o plantio.

Segundo DUNCAN et al. (1978), a arquitetura das plantas de tangerinas

Fremont e Nules traz uma série de vantagens sobre as plantas maiores, como uma

produtividade mais eficiente; controle mais eficaz e econômico de pragas e doenças;

colheita facilitada e, consequentemente, mais barata; além de permitir ao citricultor

adensar seu pomar colocando um número maior de plantas por hectare.

Esse adensamento é desejável para melhorar a produtividade do pomar, além de

promover o retorno antecipado do investimento e viabilizar a continuidade na

citricultura, uma vez que, o setor vem de tempos em tempos sendo surpreendido por

uma nova praga ou anomalia, como por exemplo o huanglongbing (HLB, ex-greening)

e sempre quando ocorrem estas surpresas temos como resultado o aumento do custo em

uma cultura que já tem custos operacionais elevadíssimos. Com isto, a busca pelo

aumento de produtividade que deveria passar somente por novas tecnologias passa

também pelo adensamento.

STUCHI (2005) relatou bons resultados do adensamento para diversas

variedades de laranjeira doce, como por exemplo, a Pêra IAC (Estação Experimental de

Citricultura de Bebedouro/SP) e Valência, em trabalho realizado em Cordeirópolis/SP

(Centro de Citricultura Sylvio Moreira/IAC).

A mudança para os plantios adensados certamente trará aumento de

produtividade e juntamente com isto, novos desafios no manejo da cultura; logo, para a

citricultura sobreviver e alcançar novos índices de produtividade há a necessidade de se

aceitar novos desafios.

35

Tabela 11 - Altura (A) e diâmetro (D) das copas das diferentes variedades avaliadas nos

ensaios, 2008.

Locais dos ensaios

Capão Bonito Itirapina P. Feliz

Variedades

A (cm) D (cm) A (cm) D (cm) A (cm) D (cm)

Szinkon x Batangas - - 4,55 ab 4,79 abcde - -

Swatow - - 4,17 bc 5,20 abcd - -

Ladu x Szinkon 4,80 ab 5,43 abc 3,87 bcde 5,72 a 2,43 cd 2,56 cd Thomas 4,73 ab 4,46 cd - - 3,30 a 3,16a África do Sul 4,87 a 4,07 cdefgh 4,14 bc 4,66 abcde - - Ponkan 4,13 ab 4,00 defgh 5,52 a 3,85 cde 2,85 abc 2,90 abc Clementina Caçula 4 - - 4,00 bcd 4,56 abcde - -

Empress 4,10 ab 5,27 bcd 4,53 ab 5,37 abc 3,13 ab 2,99 ab Szwinkon x Szinkon Tizon 4,53 ab 6,67 a - - 2,75 abc 2,82 abc Hansen 3,80 abc 4,60 cdef 3,89 bcde 5,56 ab 2,51 bcd 2,65 bc Sunburst 3,60 bcd 4,20 cdefgh 4,12 bc 4,65 abcde 2,47 bcd 2,60 bcd Szinkon 4,33 ab 6,10 ab - - 2,72 bc 2,71 bc Sul da África 3,93 ab 5,40 abc - - 2,90 abc 2,90 abc Murcott 4,13 ab 4,40 cdefgh 4,18 bc 3,63 de - - De Wildt 4,40 ab 4,27 cdefgh - - 2,78 abc 2,85 abc Murcott Irradiada 3,67 abc 4,97 bcde 4,01 bcd 4,67 abcde 2,48 bcd 2,61 bcd Szibat - - 3,76 bcde 4,18 abcde 2,57 bcd 2,66 bc Clementina Caçula 3 3,67 abc 4,60 cdef 2,96 def 4,59 abcde - - Rosehaugh Nartjee 4,87 a 4,33 cdefgh - - 2,80 abc 2,88 abc Shekwashe x Tizon - - 3,71 bcde 4,11 abcde 2,52 bcd 2,65 bc Loose Jacket - - - - 2,73 bc 2,71 bc Page 3,60 bcd 4,67 cdef 3,21 cdef 4,67 abcde 2,31 cde 2,34 de Warnuco - - 3,22 cdef 4,34 abcde 2,68 bc 2,66 bc Fremont 3,60 bcd 3,40 fgh 2,97 def 3,72 cde 2,26 d 2,32 e Cravo 4,20 ab 4,47 efgh 2,87 ef 3,42 e 2,41cd 2,41 de Ortanique 2,60 cd 3,40 fgh 3,46 cde 4,72 abcde 2,51bcd 2,62 bcd Nova 2,37 d 3,10 h 2,85 ef 3,80 cde 2,26 d 2,34 de Tardia da Sicília - - - - 2,38 cde 2,40 de Clementina Nules 2,60 cd 3,20 gh 2,16 f 3,90 bcde 2,34 cde 2,36 de Mogi das Cruzes - - - - 2,35 cde 2,38 de 1144-12 - - - - 2,25 d 2,31 e

*médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%)

36

5 CONCLUSÕES

Há grande diferença de suscetibilidade à A. alternata entre variedades do grupo

das tangerineiras.

As tangerinas Thomas e Fremont são resistentes à Alternaria alternata.

As variedades tangerina Cravo, a clementina Nules e o tangor Ortanique

apresentaram baixa suscetibilidade à doença nas três regiões produtoras.

37

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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43

7 ANEXOS Anexo 1 – Análises físico-químicas: massa dos frutos, acidez, sólidos solúveis e ratio do suco (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz/SP – abril, 2007).

Capão Bonito/SP Itirapina/SP Porto Feliz/SP

Massa Acidez Sólidos Solúveis Ratio Massa Acidez

Sólidos Solúveis Ratio Massa Acidez

Sólidos Solúveis Ratio

Variedades (g) (% ácido cítrico) (%) (g)

(% ácido cítrico) (%) (g)

(% ácido cítrico) (%)

Sunburst 193 0,7 9,2 12,7 131 0,8 7,8 9,6 - - - -

Ponkan 163 0,5 10,0 19,5 208 0,7 9,8 14,3 83 2,1 8,7 4,1 Rosehaugh Nartjee 158 0,5 9,1 16,8 - - - - 111 0,9 8,2 8,7 Szinkon 158 0,9 9,7 11,1 - - - - - - - - Murcott Irradiada 156 0,8 10,4 12,8 122 0,9 8,7 9,6 85 1,3 8,7 6,7 Page 148 0,8 12,5 15,4 155 0,7 9,5 12,9 107 1,3 10,4 8,0 Hansen 148 1,2 9,2 8,0 142 1,0 8,1 7,8 79 2,5 8,4 3,3 De Wildt 144 0,8 9,5 11,9 - - - - 101 1,3 8,2 6,4 Cravo 143 0,6 8,7 15,2 124 1,0 10,2 9,9 111 0,9 9,6 11,3 África do Sul 142 0,7 9,4 13,7 113 1,7 9,6 5,7 - - - -

Nova 142 0,8 9,4 11,7 - - - - 150 1,0 10,7 10,3 Empress 117 1,0 9,4 9,9 121 1,1 8,0 7,4 - - - -

Fremont 116 0,6 10,9 17,6 126 0,7 9,0 12,7 78 0,9 9,68 12,1 Ladu x Szinkon 105 0,9 8,0 8,7 102 1,1 7,6 7,0 70 1,4 8,7 6,1 Thomas 104 1,3 11,7 8,7 - - - - 113 1,8 9,5 5,2 Clementina Nules 103 0,7 10,2 13,9 102 0,9 10,5 11,8 116 0,8 11,4 14,2 Clemetina Caçula 3 75 0,4 8,4 18,9 134 1,0 8,8 9,1 71 0,7 7,7 11,8 Clemetina Caçula 4 - - - - 89 1,0 9,5 9,4 - - - -

Loose Jacket - - - - - - - - 99 1,1 9,7 9,2

44

Anexo 2 – Análises físico-químicas: massa dos frutos, acidez, sólidos solúveis e ratio do suco (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz/SP – agosto, 2007). Capão Bonito/SP Itirapina/SP Porto Feliz/SP

Massa Acidez Sólidos Solúveis Ratio Massa Acidez

Sólidos Solúveis Ratio Massa Acidez

Sólidos Solúveis Ratio

Variedades (g) (% ácido cítrico) (%) (g)

(% ácido cítrico) (%) (g)

(% ácido cítrico) (%)

Clementina Caçula 3 93 0,4 10,5 29,5 146 1,1 11,9 11,2 72 0,7 13,2 19,8

Clementina Caçula 4 - - - - 123 1,2 13,8 11,8 - - - - Rosehaugh Nartjee 150 0,5 11,0 22,7 - - - - 91 1,0 12,6 12,5

Fremont 103 0,6 10,7 19,5 113 0,9 13,7 15,3 111 1,3 14,4 10,7

África do Sul 188 0,4 8,2 19,3 120 1,1 13,0 11,4 - - - - Ladu x Szinkon 141 0,4 7,9 19,3 180 0,7 9,8 14,9 82 0,7 10,5 15,2

Cravo 111 0,5 8,3 17,9 158 0,8 11,2 13,5 148 0,9 14,0 15,0

Clementina Nules 104 0,6 11,0 17,8 91 1,0 13,1 13,3 68 1,3 14,4 10,7

Nova 152 0,7 11,4 17,5 229 0,6 9,7 17,2 148 1,0 14,3 13,9

Murcott Irradiada 182 0,6 10,0 17,1 192 0,6 11,0 18,7 155 0,7 12,1 17,2

Page 144 0,9 14,5 16,8 139 0,9 13,6 15,4 88 1,0 13,1 13,4 Tardia da Sicília - - - - - - - - 156 0,9 12,1 13,0

Sunburst 160 0,5 7,5 16,4 126 1,2 14,2 12,4 - - - - Empress 166 0,7 10,9 16,2 156 0,6 10,1 18,3 128 1,8 14,3 7,7

Sul da África 129 0,8 10,9 13,5 - - - - 102 0,8 13,6 17,1 S x Szinkon Tizon 141 0,8 10,1 13,2 - - - - 118 0,4 10,9 27,5

Loose Jacket - - - - - - - - 84 1,1 16,2 15,2

Thomas 135 1,2 12,3 10,2 - - - - 204 1,3 13,5 10,1

Murcott 151 1,4 11,3 8,2 - - - - 105 1,1 14,3 13,3

1144-12 - - - - - - - - 46 0,9 11,5 12,2

Hansen 124 1,3 9,7 7,7 143 0,7 10,3 14,9 110 1,5 13,8 9,4

Ortanique 140 2,1 10,2 5,0 238 1,1 10,6 9,8 205 1,3 13,3 10,1

45

Anexo 3 – Análises físico-químicas: massa dos frutos, acidez, sólidos solúveis e ratio do suco (Capão Bonito/SP, Itirapina/SP e Porto Feliz/SP – setembro, 2007).

Capão Bonito/SP Itirapina/SP Porto Feliz/SP

Massa Acidez Sólidos Solúveis Ratio Massa Acidez

Sólidos Solúveis Ratio Massa Acidez

Sólidos Solúveis Ratio

Variedades (g) (% ácido cítrico) (%) (g)

(% ácido cítrico) (%) (g)

(% ácido cítrico) (%)

Ortanique 219 1,0 11,3 11,3 259 0,9 11,6 12,6 205 1,3 13,3 10,1

Murcott Irradiada 204 0,5 11,7 24,5 - - - - - - - - Murcott 171 0,7 13,1 19,0 - - - - 266 0,7 10,2 14,3

Rosehaugh Nartjee 168 0,3 11,1 37,0 - - - - 245 0,5 9,9 18,2

Africa do Sul 169 0,3 11,0 35,3 212 0,5 10,7 19,5 - - - - De Wildt 164 0,3 10,4 35,3 - - - - - - - - Empress 152 0,3 10,8 31,9 - - - - 128 1,8 14,3 7,7 Thomas 161 1,1 13,8 12,5 - - - - 204 1,3 13,5 10,1

Tardia da Sicília - - - - - - - - 189 0,7 9,9 13,6

1144-12 - - - - - - - - 168 0,8 12,0 15,7

Sul da África - - - - - - - - 153 0,7 10,4 14,7

Mogi das Cruzes - - - - - - - - 147 0,6 10,8 18,5

Hansen 117 1,7 12,9 7,6 - - - - 110 1,5 13,8 9,4

Shekwashe x Tizon - - - - - - - - 106 1,9 14,9 7,8

Fremont - - - - - - - - 111 1,3 14,4 10,7

Szibat - - - - - - - - 86 1,6 13,4 8,4

Clementina Caçula 3 - - - - 100 0,9 14,1 16,1 - - - - Szinkon x Batangas - - - - 93 1,0 12,9 13,2 - - -

Clementina Nules - - - - - - - 68 1,3 14,4 10,7