141
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA ENGENHARIA ELÉTRICA JOÃO PAULO ANANIAS SILVA AVALIAÇÃO DE OPERAÇÃO ILHADA DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA Juiz de Fora 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

ENGENHARIA ELÉTRICA

JOÃO PAULO ANANIAS SILVA

AVALIAÇÃO DE OPERAÇÃO ILHADA DE SISTEMAS

ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Juiz de Fora

2014

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I

JOÃO PAULO ANANIAS SILVA

AVALIAÇÃO DE OPERAÇÃO ILHADA DE SISTEMAS

ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

a Faculdade de Engenharia da Universidade

Federal de Juiz de Fora como parte dos

requisitos para obtenção do Título de

Engenheiro Eletricista.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof. Dr. Marcelo Aroca Tomim (Orientador)

Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof. Dr. João Alberto Passos Filho

Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof. Dr. Leandro Ramos de Araújo

Universidade Federal de Juiz de Fora

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II

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Julio e Maria

Aparecida, e as minhas irmãs, Gisele e Juliana, pelo

constante apoio nessa jornada que se encerra com mais

uma vitória.

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III

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela constante presença em minha vida, que me

iluminou durante toda essa jornada porque sem ele não teria sido possível seguir o

caminho certo e ter vencido mais esse desafio.

Um agradecimento em especial, aos meus pais Julio Maria da Silva e Maria

Aparecida Ananias Silva, porque apesar da distância essa vitória não teria sido

alcançada sem o amor, a compreensão nos momentos difíceis e a força de vontade deles

em me oferecer o melhor. Também não posso esquecer-me de agradecer as minhas

irmãs Juliana e Gisele que sempre estiveram ao meu lado apoiando em todas as

dificuldades.

Aos meus amigos de faculdades, Eduardo Monteiro, Diogo Soares, Leonardo

Vieira, Arthur Reis, Bráulio Oliveira, Marcelo Garcia e João Tito que durante a

faculdade se tornaram verdadeiros irmãos, e principalmente ao Arthur Givisiez que já é

um amigo/irmão de longa data, mas em especial agradeço a Karina Miranda que foi

uma grande amiga durante esses 5 anos.

Ao professor Marcelo Aroca Tomim, que durante praticamente 4 anos dedicou

parte do seu tempo a me orientar tanto no desenvolvimento deste trabalho como de

outros projetos, passando-me importantes valores que qualificaram a minha formação.

E por fim, agradeço à UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e ao PRH-

PB214 (Programa de Formação de Recursos Humanos da Petrobras) por terem

proporcionado uma vasta experiência e oportunidade que me engrandeceram tanto como

pessoa e principalmente como um futuro profissional.

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IV

RESUMO

A energia elétrica é definitivamente um dos bens mais essenciais para a

sociedade moderna. Face a esta importância, tanto a dependência como a demanda por

energia elétrica aumenta continuamente. Desta forma, torna-se necessário cada vez mais

elevar o nível de confiabilidade dos sistemas elétricos de potência modernos, o quê

impulsiona o desenvolvimento também contínuo de técnicas de análise e estudos

relacionados à operação destes sistemas.

Sendo assim, neste trabalho inicialmente serão apresentados importantes

aspectos a serem considerados para a operação dos sistemas elétricos de potência que

passam desde a análise de fluxo de potência até os conceitos envolvidos nos estudos de

estabilidade eletromecânica.

Com estes aspectos definidos, ao final serão apresentadas as ferramentas

utilizadas pelo Setor Elétrico Brasileiro, ANAREDE e ANATEM, aplicando-as a

diferentes estudos de caso com o intuito de observar o comportamento dinâmico destes

perante alguns distúrbios que possam levar a operação ilhada.

Palavras- Chave: Sistemas de Potência, Operação Ilhada, Estabilidade

Eletromecânica.

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V

ABSTRACT

The electrical energy is definitely one of the most essential assets of the modern

society. As a consequence, the dependency as well as the demand for electrical energy

has been continuously increasing. Thus, it is of paramount importance increasing the

level of reliability of the modern electrical power systems. This necessity alone boosts

the need of continuous development and improvement of analysis techniques and

studies related to the operation of such systems.

In this context, important aspects and concepts related to power systems analysis

will be presented, starting from power flow analysis to electromechanical stability

studies and finally frequency stability assessment.

Furthermore, the standard computational tools used by the Brazilian Electricity

Sector, ANAREDE and ANATEM, will be presented and used for simulating some case

studies in order to observe dynamic performance of system subjected to some extreme

disturbances that could lead to an islanded operation.

Keywords: Electrical Power Systems, Islanded Operation, Electromechanical

Stability.

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VI

SUMÁRIO

Dedicatória........................................................................................................................ II

Agradecimentos .............................................................................................................. III

Resumo ........................................................................................................................... IV

Abstract ............................................................................................................................. V

Sumário ........................................................................................................................... VI

Lista de Ilustrações ......................................................................................................... IX

Lista de Tabelas ........................................................................................................... XIV

1. Introdução ............................................................................................................ 16

1.1. Objetivos .............................................................................................................. 17

1.2. Estrutura do Trabalho .......................................................................................... 17

2. Sistemas elétricos de potência ............................................................................. 19

2.1. Estrutura do SEP .................................................................................................. 20

2.2. Estudo de Fluxo de Potência ............................................................................... 21

2.3. Estudos de Estabilidade ....................................................................................... 22

3. Estudo do fluxo de potência ................................................................................ 23

3.1. Fluxo de Potência em Corrente Contínua ............................................................ 23

3.2. Métodos de Resolução ......................................................................................... 25

3.2.1. Método de Newton-Raphson ............................................................................... 25

3.2.2. Resolução do Fluxo de Potência em Corrente Contínua pelo Método de Newton-

Raphson .......................................................................................................................... 27

3.2.2.1. Exemplo 1 .................................................................................................... 30

3.3. Formulação básica do fluxo de potência CA ....................................................... 35

3.4. Modelagem de componentes - Linhas e Transformadores .................................. 36

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VII

3.4.1. Linhas de Transmissão ........................................................................................ 37

3.4.2. Transformadores .................................................................................................. 37

3.4.3. Modelo Geral ....................................................................................................... 39

3.5. Fluxo de Potência CA .......................................................................................... 40

3.6. Dispositivos de Controle e Limites ..................................................................... 43

3.7. Resolução do Fluxo de Potência CA ................................................................... 44

3.8. Simulações em MATLAB ................................................................................... 45

3.8.1. Estudo de Caso - Sistema Kundur ....................................................................... 46

4. Estudo de estabilidade de sistemas de potência................................................... 50

4.1. Equação de oscilação ........................................................................................... 52

4.2. Equação do ângulo de potência ........................................................................... 56

4.3. Estabilidade em regime transitório - Critério da igualdade de áreas ................... 59

4.3.1. Modelagem matemática ....................................................................................... 60

4.3.2. Exemplo: Gerador – Barra Infinita ...................................................................... 66

4.3.3. Discussão de Resultados ...................................................................................... 70

4.4. Sistemas Multimáquinas ...................................................................................... 71

4.4.1. Sistema Exemplo ................................................................................................. 71

4.4.2. Resultados MATLAB .......................................................................................... 79

4.4.3. Comparação ANATEM e MATLAB .................................................................. 86

5. Modelos avançados para avaliação da estabilidade em sistemas de potência ..... 90

5.1. Sistemas de excitação e reguladores de tensão .................................................... 90

5.2. Reguladores de velocidade .................................................................................. 92

5.2.1. Regulador Isócrono ............................................................................................. 93

5.2.2. Regulador com queda de velocidade ................................................................... 94

5.3. Impactos da modelagem de cargas na estabilidade de frequência....................... 96

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VIII

6. Ferramentas computacionais ............................................................................... 98

6.1. ANAREDE - Análise de Redes Elétricas ............................................................ 98

6.2. ANATEM - Análise de Transitórios Eletromecânicos ........................................ 99

7. Estudos de caso .................................................................................................. 101

7.1. Sistema Kundur ................................................................................................. 101

7.1.1. Resultados .......................................................................................................... 108

7.1.2. Discussão de Resultados .................................................................................... 113

7.2. Sistema New England ........................................................................................ 116

7.2.1. Resultados .......................................................................................................... 121

7.2.2. Discussão de Resultados .................................................................................... 123

7.3. Sistema UTE GLB/REDUC .............................................................................. 124

7.3.1. Resultados .......................................................................................................... 126

7.3.2. Discussão de Resultados .................................................................................... 132

8. Conclusão .......................................................................................................... 134

9. Referências Bibliográficas ................................................................................. 135

Apêndice A - matriz admitância nodal reduzida .......................................................... 137

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IX

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 - Sistema Interligado Nacional - SIN. Fonte: ONS. ...................................... 19

Figura 2.2 – Elementos básicos de um SEP (KUNDUR, 1994)..................................... 21

Figura 3.1 - Fluxograma para o método de Newton-Raphson genérico. ........................ 27

Figura 3.2 – Fluxograma para o fluxo de potência em corrente contínua. ..................... 30

Figura 3.3 – Sistema CC com 3 barras. .......................................................................... 31

Figura 3.4 – Sistema em corrente contínua com 3 barras –valores em p.u. ................... 35

Figura 3.5 – Modelo equivalente π de uma LT(MONTICELLI, 1983). ........................ 37

Figura 3.6 – Modelo geral do transformador (MONTICELLI, 1983)............................ 38

Figura 3.7 – Modelo equivalente π do transformador (MONTICELLI, 1983). ............. 38

Figura 3.8 - Modelo equivalente π geral (MONTICELLI, 1983). ................................. 39

Figura 3.9 - Fluxograma básico para o método de Newton-Raphson aplicado ao fluxo de

potência CA. ................................................................................................................... 45

Figura 3.10 -Diagrama unifilar do sistema Kundur (KUNDUR, 1994). ........................ 46

Figura 4.1 - Classificação de estabilidade em Sistemas de Potência. (IEEE/CIGRE

JOINT TASK FORCE ON STABILITY TERMS AND DEFINITIONS, 2004) .......... 51

Figura 4.2 – Circuito equivalente da máquina síncrona e diagrama fasorial em função de

uma carga de característica indutiva (STEVENSON JR., 1986). .................................. 57

Figura 4.3 - sistema de Potência - gerador e barra infinita. ............................................ 57

Figura 4.4 – Curva do ângulo de potência para uma dada condição da rede de

transmissão. .................................................................................................................... 59

Figura 4.5 – Diagrama para o ângulo de potência (STEVENSON JR., 1986). .............. 62

Figura 4.6 - Curva ângulo de potência indicando o ângulo crítico de abertura

(STEVENSON JR., 1986). ............................................................................................. 62

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X

Figura 4.7 - Diagrama unifilar do sistema 1 gerador e 1 barra infinita (STEVENSON

JR., 1986). ....................................................................................................................... 63

Figura 4.8 – Sistema formado por um gerador e uma barra infinita. ............................. 66

Figura 4.9 - Modelo clássico de máquinas. .................................................................... 73

Figura 4.10 – Fluxograma para a análise de estabilidade de primeira oscilação. ........... 79

Figura 4.11 - Comportamento dos ângulos absolutos de potência dos geradores sem uma

referência específica. ...................................................................................................... 80

Figura 4.12 - Ângulo de potência - referência angular "fora" da área do gerador. ........ 81

Figura 4.13 - Ângulo de potência - referência angular "dentro" da área do gerador. ..... 82

Figura 4.14 – Ângulo entre máquinas e G1. ................................................................... 82

Figura 4.15 - Ângulo entre máquinas e G2. ................................................................... 83

Figura 4.16 - Ângulo entre máquinas e G3. ................................................................... 83

Figura 4.17 - Ângulo entre máquinas e G4 .................................................................... 84

Figura 4.18 - Ângulo de potência das máquinas em relação ao centro de inércia (COI).

........................................................................................................................................ 85

Figura 4.19 - Ângulo entre máquinas e o gerador G1. ................................................... 87

Figura 4.20 - Ângulo entre máquinas e o gerador G2. ................................................... 87

Figura 4.21 - Ângulo entre máquinas e o gerador G3. ................................................... 87

Figura 4.22 - Ângulo entre máquinas e o gerador G4. ................................................... 88

Figura 5.1 - Esquema genérico do sistema de excitação de um gerador síncrono. ........ 91

Figura 5.2 - Sistema gerador - regulador de velocidade. (KUNDUR, 1994) ................. 93

Figura 5.3 - Resposta da unidade geradora com regulador isócrono (KUNDUR, 1994).

........................................................................................................................................ 94

Figura 5.4 - Resposta da unidade geradora com regulador com queda de velocidade

(KUNDUR, 1994). ......................................................................................................... 95

Figura 5.5 - Característica de velocidade em estado permanente de unidade com

regulador com queda de velocidade (KUNDUR, 1994)................................................. 96

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XI

Figura 7.1 - Diagrama unifilar do sistema Kundur. ...................................................... 102

Figura 7.2 - Sistema Kundur com duas áreas eletricamente isoladas. .......................... 105

Figura 7.3 - Diagrama de blocos referente o regulador de velocidade - modelo 02 pré-

definido do ANATEM. ................................................................................................. 105

Figura 7.4 - Diagrama de blocos referente o regulador de tensão - modelo 02 pré-

definido do ANATEM. ................................................................................................. 106

Figura 7.5 - Diagrama de blocos referente o estabilizador aplicado ao regulador de

tensão - modelo 01 pré-definido do ANATEM ............................................................ 107

Figura 7.6 - Frequência dos geradores da área 1 para os dois cenários. ....................... 108

Figura 7.7 - Frequência dos geradores da área 2 para os dois cenários. ....................... 108

Figura 7.8 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 1 - 1º cenário. . 109

Figura 7.9 - Potência acelerante das unidades geradoras da área 1 - 1º cenário........... 109

Figura 7.10 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 1 - 2º cenário. 109

Figura 7.11 - Potência acelerante das unidades geradoras da área 1 - 2º cenário......... 110

Figura 7.12 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 2 - 1º cenário. 110

Figura 7.13 - Potência acelerante das unidades geradoras da área 2 - 1º cenário......... 110

Figura 7.14 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 2 - 2º cenário. 111

Figura 7.15 - Potência acelerante para unidades geradoras da área 2 - 2º cenário. ...... 111

Figura 7.16 - Ângulo entre as máquinas da área 1 e o gerador G1 para os dois cenários.

...................................................................................................................................... 111

Figura 7.17 - Ângulo entre as máquinas da área 2 e o gerador G3 para os dois cenários.

...................................................................................................................................... 112

Figura 7.18 - Tensão das unidade geradoras - 20kV - 1º cenário. ................................ 112

Figura 7.19 - Tensão das unidade geradoras - 20kV - 2º cenário. ................................ 112

Figura 7.20 - Tensão das barras de carga - 1º cenário. ................................................. 113

Figura 7.21 - Tensão das barras de carga - 2º cenário. ................................................. 113

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XII

Figura 7.22 - Diagrama unifilar do sistema New England. .......................................... 116

Figura 7.23 - Sistema ilhado - New England. .............................................................. 117

Figura 7.24 - Diagrama de blocos do regulador de tensão - modelo 01 pré-definido do

ANATEM ..................................................................................................................... 119

Figura 7.25 - Ângulo entre máquinas do sistema isolado -referência gerador da barra 33.

...................................................................................................................................... 121

Figura 7.26 - Tensão terminal dos geradores. .............................................................. 121

Figura 7.27 - Potência elétrica ativa e mecânica - geradores do sistema ilhado. ......... 121

Figura 7.28 - Potência acelerante - geradores do sistema ilhado.................................. 122

Figura 7.29 - Potência reativa - geradores do sistema ilhado. ...................................... 122

Figura 7.30 - Frequência sistema ilhado. ...................................................................... 122

Figura 7.31 - Esquema representativo da conexão UTE GLB/REDUC ao SIN. ......... 124

Figura 7.32 - Tensões UTE GLB e REDUC 138 kV. .................................................. 126

Figura 7.33 - Tensões UTE GLB e REDUC 138 kV - FREQ ativo. ............................ 127

Figura 7.34 - Tensões interna da REDUC – 13,8 kV. .................................................. 127

Figura 7.35 - Tensões interna da REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo. ........................... 127

Figura 7.36 - Potência elétrica ativa e mecânica da UTE GLB .................................... 128

Figura 7.37 - Potência ativa REDUC – 13,8 kV. ......................................................... 128

Figura 7.38 - Potência ativa REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo. ................................... 128

Figura 7.39 - Potência reativa REDUC – 13,8 kV. ...................................................... 129

Figura 7.40 - Potência reativa REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo. ................................ 129

Figura 7.41 - Potência acelerante REDUC – 13,8 kV. ................................................. 129

Figura 7.42 - Potência acelerante REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo. .......................... 130

Figura 7.43 - Ângulo entre as máquinas da UTE GLB e da REDUC. ......................... 130

Figura 7.44 - Ângulo entre as máquinas da UTE GLB e da REDUC - FREQ ativo.... 130

Figura 7.45 - Frequência da UTE GLB. ....................................................................... 131

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XIII

Figura 7.46 - Taxa de variação da frequência. ............................................................. 131

Figura 7.47 - Taxa de variação da frequência para os 5 s iniciais. ............................... 131

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XIV

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Dados de barra do sistema CC. .................................................................. 31

Tabela 3.2 – Dados de linha do sistema CC. .................................................................. 31

Tabela 3.3 – Dados de barra(condições de contorno) (KUNDUR, 1994). ..................... 46

Tabela 3.4 – Dados de linha nas bases de 230kV e 100MVA. (KUNDUR, 1994) ........ 47

Tabela 3.5 - Resultado do fluxo de potência MATLAB- sistema Kundur ..................... 47

Tabela 3.6 - Resultado fluxo de potência ANAREDE ................................................... 49

Tabela 4.1 – Dados do sistema formado pelo gerador e barra infinita ........................... 67

Tabela 4.2 - Ângulos e tempos críticos. ......................................................................... 70

Tabela 4.3 – Parâmetros dos geradores na base de 900 MVA e 20 kV (KUNDUR,

1994). .............................................................................................................................. 72

Tabela 4.4 - Tensão interna dos geradores. .................................................................... 74

Tabela 4.5 - Resultado do fluxo de potência - ANAREDE ............................................ 86

Tabela 4.6 - Tabela de erro para a frequência. ............................................................... 89

Tabela 7.1 - Parâmetros motores de indução. ............................................................... 102

Tabela 7.2 - Resultado fluxo de potência - 1º cenário Kundur. .................................... 103

Tabela 7.3 - Resultado fluxo de potência - 2º cenário Kundur. .................................... 104

Tabela 7.4 - Potência dos motores de indução - Kundur. ............................................. 104

Tabela 7.5 - Parâmetros do regulador de velocidade .................................................... 106

Tabela 7.6 - Parâmetros do regulador de tensão ........................................................... 107

Tabela 7.7 - Parâmetros do estabilizador...................................................................... 108

Tabela 7.8 - Potência dos motores de indução - New England. ................................... 117

Tabela 7.9 - Resultado fluxo de potência - New England ............................................ 118

Tabela 7.10 - Parâmetros dos geradores de polos salientes. ......................................... 119

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XV

Tabela 7.11 - Parâmetros reguladores de tensão. ......................................................... 120

Tabela 7.12 - Análise do comportamento da frequência. ............................................. 132

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16

1. INTRODUÇÃO

O crescimento apresentado pelos Sistemas Elétricos de Potência (SEP) advindos

do aumento da demanda de energia elétrica e da busca por maior confiabilidade no

fornecimento de energia resultou em uma interligação cada vez maior entre os sistemas

de geração existentes. A principal vantagem da interligação está no melhor

aproveitamento hidrológico das bacias hidrológicas existentes. Além disso, podem ser

citadas outras vantagens, como por exemplo: melhora do controle de frequência,

socorro mútuo entre os subsistemas, entre outras.

Porém, essa interligação exige uma operação coordenada do sistema mais

complexa. Por isto, os planejamentos de expansão e operação apresentam fundamental

importância para que a segurança dos sistemas elétricos de potência seja garantida.

Neste contexto, o uso de ferramentas que permitam realizar análises de regime

permanente e estabilidade dos sistemas torna-se essencial.

O planejamento da operação, mais especificamente, visa estabelecer estratégias

de operação que garantam a continuidade e a qualidade do fornecimento de energia

elétrica aos consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Para que este planejamento seja adequado torna-se necessária a realização de

estudos específicos, tais como os de fluxo de potência, curto-circuito, transitórios

eletromecânicos e coordenação da proteção, com a devida análise dos comportamentos

dinâmicos e regime permanente associados.

Portanto, tais estudos visam proporcionar melhor entendimento das condições de

operação de um sistema e verificar se durante este tipo de funcionamento os padrões

regulamentados por normas ou contratos, ou até mesmo as especificações de

equipamento, sejam respeitadas e permaneçam dentro das tolerâncias de carregamento

admissíveis. Além disto, deve-se assegurar que o sistema como um todo não se torne

demasiadamente vulnerável a possíveis falhas subsequentes e que os níveis de tensão e

frequência permaneçam dentro dos limites pré-estabelecidos.

Neste contexto, no presente documento serão destacados os estudos de fluxo de

potência e de transitórios eletromecânicos. Os estudos de curto-circuito e proteção não

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17

são apresentados com o mesmo detalhamento dos anteriores já que estarão limitados ao

mínimo necessário para determinar as condições de operação e de distúrbios dos

sistemas analisados

1.1. Objetivos

Neste trabalho serão apresentados e discutidos os conceitos necessários para os

estudos de estabilidade eletromecânica assim como as ferramentas utilizadas no setor

elétrico para avaliar a operação do sistema. Por fim, será ilustrado o uso das mesmas

através de sistemas exemplos.

1.2. Estrutura do Trabalho

A organização adotada para o presente trabalho busca fornecer, primeiramente, a

base teórica para a posterior compreensão dos estudos que serão realizados.

No segundo capítulo é apresentada uma breve contextualização sobre os

sistemas elétricos de potência, realizando uma sucinta descrição da sua estrutura

organizacional.

No terceiro e quarto capítulos, respectivamente, são exibidos os conceitos

relacionados aos estudos de fluxo de potência e de análise de estabilidade

eletromecânica.

No capítulo 5 são expostos algumas características de componentes que têm

forte influência sobre a avaliação da estabilidade sistemas elétricos.

O capítulo 6 objetiva fornecer um conjunto de informações a respeito das

ferramentas utilizadas no Setor Elétrico Brasileiro para a análise de sua operação.

O capítulo 7 dedica-se a mostrar os estudos de caso realizados, bem como

discutir os resultados das simulações obtidas aplicando as ferramentas discutidas no

capítulo anterior.

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18

No capítulo 8 são apresentadas algumas conclusões obtidas com a execução do

trabalho bem com alguns estudos futuros.

Por fim, são listadas no capítulo 9 as principais referências utilizadas para a

realização do presente trabalho.

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19

2. SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

O principal objetivo de um Sistema Elétrico de Potência (SEP) é gerar,

transmitir e distribuir energia elétrica, atendendo a determinados padrões de

confiabilidade, disponibilidade e custos com o menor impacto ambiental possível

(STEVENSON JR., 1986).

Para alcançar tais objetivos, os sistemas de potência são, em geral, operados de

maneira interligada como é o caso do SIN. No entanto, devido a fatores técnicos,

econômicos, geográficos, políticos, entre outros, alguns sistemas operam de maneira

isolada, como em algumas localidades da região norte do Brasil. A Figura 2.1 a seguir

ilustra todas as interligações do SIN.

Figura 2.1 - Sistema Interligado Nacional - SIN. Fonte: ONS.

Até mesmo os sistemas que operam interligados estão susceptíveis a ilhamentos

devido à ocorrência de determinados distúrbios. Em vários casos as ilhas “elétricas

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formadas” não apresentam as condições necessárias para continuar operando, porém em

algumas situações tal continuidade é possível. Nestes casos, no entanto, as condições de

operação ainda devem obedecer aos requisitos de funcionamento definidos nos

Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema (ONS). (OPERADOR

NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO)

Na sequência, uma caracterização sucinta dos SEP será apresentada, sua

estrutura básica e alguns importantes estudos que são realizados tanto para definir o seu

planejamento quanto operação.

2.1. Estrutura do SEP

Em geral, o SEP pode ser dividido em quatro subsistemas como descritos a

seguir (KUNDUR, 1994):

Geração: é a parte do sistema onde ocorre a geração de energia elétrica

propriamente dita. Destacam-se nessa área as hidroelétricas,

termoelétricas, parques eólicos, as usinas solares, entre outras possíveis

fontes de energia.

Transmissão: realiza a interligação dos grandes centros geradores aos

consumidores. Os valores de tensão típicos para esta parte do sistema

encontram-se acima de 230 kV, formando a rede básica.

Sub-Transmissão: não é um sistema bem definido. Esta parte pode estar

agrupada tanto ao sistema de transmissão quanto ao sistema de

distribuição, mas em geral é a parte que faz a interligação entre as

subestações de transmissão e a subestação de distribuição com níveis de

tensão inferiores a 230 kV.

Distribuição: É o estágio final do Sistema de Potência e tem a função de

transferir potência para os consumidores finais. A distribuição primária

tem níveis de tensão entre 4 e 34,5 kV que são capazes de atender

diretamente alguns consumidores industriais. Há também a distribuição

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secundária responsável pelo atendimento dos consumidores residenciais

e comerciais com níveis de tensão típicos de 120/240 V.

Essa divisão pode ser observada na Figura 2.2 onde são representados alguns

elementos básicos que compõem um SEP, tais como: geradores síncronos (GS), sistema

de transmissão, subestações de transmissão, transformadores, centros de cargas,

subestações de distribuição, entre outros elementos.

Consumidor

Industrial

GS

GS

20 kV 500 kV500 kV

Sistema de

Transmissão

(500 kV)

24 kV

GS230 kV

Sistema de

Transmissão

(230 kV)

230

kV345 kV

Subtransmissão e

Distribuição

500 kV

138 kV

Subestação de

Transmissão

Linha de

interconexãoLinha de

interconexão

SubtransmissãoSistema de Subtransmissão e

Distribuição

Sistema de Potência de

Grande Porte

Subestação de

Distruibuição

138 kV

13,8 kVGS

Transformador de

Distruibuição

Consumidor

Residencial

Consumidor

Comercial

Consumidor

Industrial

120/240 V

Alimentador

Primário

Alimentador

Secundário

Figura 2.2 – Elementos básicos de um SEP (KUNDUR, 1994).

2.2. Estudo de Fluxo de Potência

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Fluxo de potência é uma das ferramentas básicas para análise de sistemas

elétricos que pode ser aplicada tanto em sistemas de grande porte quanto em pequenas

instalações. Através de sua análise é possível conhecer o desempenho de sistemas sob o

ponto de vista da operação e do planejamento (regime permanente).

2.3. Estudos de Estabilidade

Estabilidade de um sistema é a capacidade que o mesmo tem de permanecer em

um estado de equilíbrio em regime permanente ou atingir um estado de equilíbrio após

ser submetido a uma perturbação. A maior preocupação do seu estudo é com relação à

resposta dinâmica do sistema frente a alguma perturbação. O conhecimento do

comportamento do sistema em tais condições é o que motiva a realização de estudos

cuidadosos relacionados ao assunto de estabilidade. Os principais tipos de estabilidade

comumente identificadas em (IEEE/CIGRE JOINT TASK FORCE ON STABILITY

TERMS AND DEFINITIONS, 2004) são estabilidade angular, de tensão e de

frequência, que serão citados com maiores detalhes no Capítulo 4.

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3. ESTUDO DO FLUXO DE POTÊNCIA

O primeiro estudo a ser realizado quando se deseja planejar tanto a expansão

como a operação de qualquer sistema elétrico é o de fluxo de potência. Este estudo

permite conhecer se em regime permanente as condições adotadas possibilitam o

adequado funcionamento do sistema além de fornecer as condições iniciais para estudos

posteriores.

O cálculo do fluxo de potência consiste basicamente na determinação do estado

da rede, da distribuição dos fluxos e de algumas outras grandezas de interesse. A

modelagem do sistema é dada em regime permanente, o que significa que a rede é

representada por equações e inequações algébricas (MONTICELLI, 1983). Em geral, o

cálculo do fluxo de potência é realizado por meio de métodos computacionais

desenvolvidos especificamente para a resolução de sistema de equação e inequações

algébricas.

Nos próximos tópicos serão apresentados os conceitos básicos envolvidos no

fluxo de potência bem como a formulação do problema e o método mais comumente

utilizado para solucioná-lo.

3.1. Fluxo de Potência em Corrente Contínua

O "pontapé inicial" para entender o que seria o estudo de fluxo de potência é

analisar o caso "mais simples" que pode ser adotado, que é um fluxo de potência em

corrente contínua. Como se sabe o sistema em corrente contínua apresenta frequência

nula e não há defasamentos angulares, portanto os únicos elementos modelados são

aqueles representados por resistências.

Dessa forma a única equação necessária a ser modelada para a resolução do

fluxo de potência em corrente contínua está relacionada ao cálculo da potência ativa.

Para a determinação do fluxo de potência em uma rede em corrente contínua, é

necessário seguir alguns passos que são brevemente descritos a seguir:

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1º. Passo: Determinar a matriz de condutância de rede dada em (3.1):

(3.1)

Onde representa a condutância equivalente entre as barras i e j, considerando-

se um sistema genérico com N barras.

2º. Passo: Determinar a corrente injetada em cada nó:

(3.2)

Onde é a corrente injetada na barra i e é a tensão nodal da barra i,

considerando

.

3º. Passo: Determinar a potência ativa Pk injetada em cada nó k:

(3.3)

(3.4)

Dessa forma, é obtida a seguinte expressão genérica:

(3.5)

Onde:

K é o conjunto de barras adjacentes a barra k incluindo a própria barra k.

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Os três passos definidos anteriormente representam a modelagem matemática

necessária para solucionar o problema, no entanto, ainda é necessário adequar tal

modelagem ao método de resolução escolhido: o método de Newton-Raphson.

3.2. Métodos de Resolução

Existem diversos métodos que podem ser aplicados na resolução de fluxos de

potência, porém a escolha de qual método que deve ser utilizado fica a cargo do

desenvolvedor (MONTICELLI, 1983).

Os métodos matemáticos mais utilizados, descritos na literatura, são:

Método de Gauss-Seidel;

Método de Newton-Raphson;

Desacoplado Rápido;

Como o método mais empregado comercialmente é o de Newton-Raphson, para

este trabalho este também será adotado como o método básico na resolução de fluxo de

potência.

3.2.1. Método de Newton-Raphson

O método de Newton-Raphson é um método iterativo pelo qual um conjunto de

equações não lineares é aproximado simultaneamente por um conjunto de equações

lineares usando expansão por séries de Taylor. As principais vantagens do Método de

Newton-Raphson é que este método apresenta convergência quadrática e o número de

iterações para convergência independe do número de variáveis. Como desvantagem

tem-se a necessidade de ser escolhido um ponto inicial, o qual pode ter forte influência

nas características de convergência do problema (MONTICELLI, 1983).

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Neste método procura-se solucionar um problema onde , ou seja, por

meio de um processo iterativo deseja-se determinar as raízes da função se anula.

Considerando-se um sistema n-dimensional de equações não lineares, tem-se:

(3.6)

Onde são as variáveis do problema.

Definido o sistema (3.6) é necessário linearizar a função vetorial

considerando uma correção para o vetor , considerando assim um vetor de correção

. Nesta linearização são considerados apenas os dois primeiros

termos da série de Taylor, resultando a expressão abaixo:

(3.7)

A matriz é a jacobiana do sistema, a qual é formada pelas derivadas parciais

da função , como mostrado em (3.8).

(3.8)

Impondo a condição em (3.9), que é a forma linearizada para resolver

, é possível determinar o vetor de correção (3.10) de forma a corrigir o valor

de .

(3.9)

(3.10)

(3.11)

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No entanto, a correção dos valores de é dada por meio de um processo

iterativo, que converge quando a diferença entre o valor de antes e após a iteração se

torna menor que uma tolerância adotada .

A seguir, na Figura 3.1, é apresentado um fluxograma descrevendo as etapas do

processo iterativo para o Método de Newton-Raphson.

INÍCIO

Fazer iteração v=0 e

definir uma solução

inicial x=xv=x0

Calcular g(xv)

|g(xv)| ε Solução encontrada Sim

Calcular a matriz

jacobiana J(xv)

Não

Determinar o vetor de

variações Δxv

Δxv =-[J(xv)]-1g(xv)Determinar o novo valor

de x

xv+1=xv+Δxv

Fazer v=v+1FIM

Figura 3.1 - Fluxograma para o método de Newton-Raphson genérico.

Portanto, adequando as equações do fluxo de potência em corrente contínua é

possível resolvê-lo aplicando o método de Newton-Raphson como será visto a seguir.

3.2.2. Resolução do Fluxo de Potência em Corrente Contínua pelo Método

de Newton-Raphson

Retomando o caso do fluxo de potência CC, o conjunto de equações (3.5) que

modelam a potência ativa de cada uma das barras do sistema CC, é trabalhado de forma

a atender os requisitos do Método de Newton-Raphson.

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(3.5)

Como o método soluciona um conjunto de equações com é necessário

que seja feito um ajuste para que as equações apresentem tal formato.

Em geral, no problema de fluxo de potência algumas condições do sistema já são

conhecidas como a tensão de uma barra, que será considerada como barra de referência,

e a potência ativa das outras barras (geração ou carga). Dessas condições de estado

busca-se determinar as outras variáveis de estado do sistema, que no caso do fluxo em

corrente contínua são as tensões de todas as barras, exceto na barra de referência.

Como na barra de referência a tensão já é conhecida, a barra é retirada do

problema e por isso o número de equações modeladas no sistema é o número de barras

subtraído de 1.

(3.12)

Considerando que a barra de referência seja a barra N e que nas outras barras a

potência ativa esteja especificada, o conjunto de equações a ser resolvido apresentará o

seguinte formato:

(3.13)

Onde:

esp

otência especificada da barra .

otência in etada na barra .

Tensão da barra .

m Tensão da barra m.

variáveis de estado do sistema (tensões nas barras- 1, , , N ).

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Como dito anteriormente, é possível eliminar a equação da barra cuja tensão é

conhecida, desta forma expandindo as equações (3.13), tem-se:

(3.14)

Com o conjunto de equações do fluxo de potência definido, faz-se a iteração v=0

e define-se um ponto inicial . Com os valores iniciais calcula-se e verifica-se

se atende o critério de convergência ( ). Se o critério for atendido, significa

que os valores iniciais representam o estado da rede. Caso o critério de convergência

não seja atendido, é necessário determinar a matriz jacobiana do sistema analisado, e

para isso se determina os elementos que compõe a matriz descrita em (3.15).

(3.15)

Para resolver o fluxo de potência em corrente contínua basta aplicar a relação

e determinar para assim atualizar o valor de e fazer

iteração v=1.

(3.16)

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Com os novos valores de verifica-se novamente a condição de convergência

e, caso necessário, calcula-se novamente a matriz jacobiana e os novos

valores de incremento para as variáveis de estado. Por fim calculam-se novos valores

para essas variáveis. Esse processo é repetido até que o critério de convergência seja

atendido.

Para se entender melhor o processo deve-se observar o fluxograma da Figura 3.2

e a resolução para o Exemplo 1, apresentado abaixo.

Início

Fazer iteração v=0 e definir as

variáveis de estado da rede

xv=x0=[V1,V2,...,VN]

Calcular:

g(xv)=Pesp - P(xv)

|g(xv)| ε

Variáveis de

estado

definidas (xv)

Sim

Calcular a matriz

jacobiana J(xv)

Não

Determinar o vetor de

variações Δxv

Δxv =-[J(xv)]-1g(xv)

Determinar o novo

valor das variáveis de

estado

xv+1=xv+Δxv

Fazer v=v+1

Fim

Calcular a matriz

condutância nodal (G)

do sistema

Figura 3.2 – Fluxograma para o fluxo de potência em corrente contínua.

3.2.2.1. Exemplo 1

Dado o sistema em corrente contínua mostrado na Figura 1, são calculadas as

tensões de barras, as potências injetadas pelas fontes de tensão, os fluxos de potência

transmitidos entre barras e as perdas no sistema de transmissão. Para isto, é utilizado o

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método de Newton-Raphson para a solução do problema de fluxo de potência em

corrente contínua como descrito na seção anterior.

Figura 3.3 – Sistema CC com 3 barras.

Tabela 3.1 – Dados de barra do sistema CC.

Barra Tensão [p.u.] Potência [p.u.]

1 1,05

2 2,35

3 -1,2

Tabela 3.2 – Dados de linha do sistema CC.

Barra DE Barra PARA [p.u.]

1 1 0,5

1 2 8,0

1 3 8,0

1 3 8,0

2 2 2,5

2 3 6,0

3 3 0,5

RESOLUÇÃO:

Neste sistema a barra de referência é a barra 1, pois essa é a barra na qual a

tensão já está definida. Nas barras 2 e 3 os valores de potência ativa estão especificados

e são para essas duas barras que serão modeladas as equações de injeção de potência.

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A seguir será descrito o passo a passo a resolução do exemplo referente ao fluxo

de potência CC.

1º. Determinar a matriz de admitância nodal:

2º. Definir as equações da injeção de potência em cada uma das barras:

No sistema acima estão representadas as equações de todas as barras, e como

descrito anteriormente pode-se eliminar a equação referente a barra de referência, sendo

assim o sistema fica definido da seguinte maneira.

3º. Determinar a matriz jacobiana do sistema:

Após os três passos descritos acima, temos as condições modeladas, e para

solucionar o fluxo de potência basta aplicar o método de Newton-Raphson.

Fazendo iteração v=0, definindo

como condição inicial e

adotando o critério de convergência com ε < 10-3

, é resolvido o sistema de equações.

1ª. Iteração:

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O critério de convergência não é atendido, e , e assim o

processo iterativo deve prosseguir com o cálculo do vetor de correção Δ .

2ª. Iteração:

O critério de convergência não é atendido completamente, e

, por isso o processo iterativo deve prosseguir com o cálculo do vetor de correção Δ .

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3ª. Iteração:

O critério de convergência é completamente atendido, e , por

isso o processo iterativo é finalizado e temos definido todas as variáveis de estado.

Com o estado da rede definido, através dos métodos tradicionais de resolução de

circuito, é possível determinar todas as potências injetadas pelas fontes de tensão, os

fluxos de potência transmitidos entre barras e perdas no sistema de transmissão, que

estão representados no esquema da Figura 3.4.

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Figura 3.4 – Sistema em corrente contínua com 3 barras –valores em p.u.

3.3. Formulação básica do fluxo de potência CA

Na formulação básica do problema para o cálculo do fluxo de potência CA os

componentes do sistema podem ser divididos em dois grupos(MONTICELLI, 1983):

Em elementos que estão ligados entre um nó qualquer e o nó-terra. Ex:

Geradores, cargas, bancos de reatores e capacitores;

E elementos que estão entre dois nós quaisquer da rede. Ex: Transformadores

e Linhas de Transmissão.

Os elementos como geradores e cargas são considerados elementos externos a

rede e por isso são modelados como injeções de potência, já os outros elementos

formam a parte interna do sistema(MONTICELLI, 1983).

As equações que modelam o fluxo de potência são obtidas considerando a

conservação das potências ativas e reativas em cada nó da rede, ou seja, tem-se que a

potência líquida injetada deve ser igual à soma das potências que fluem pelos

componentes internos da rede que tem esse nó como um de seus terminais.

Todos os nós do sistema são caracterizados como sendo uma barra, e cada uma

dessas barras recebem uma classificação específica que depende das variáveis a serem

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determinadas, já que em geral cada barra apresenta como variáveis de estado a tensão

em magnitude e fase. A geração líquida de potência ativa e a injeção líquida de potência

reativa formam o conjunto de condições de contorno para o problema. A partir dessas

variáveis de estado e condições de contorno definem-se para cada barra duas equações

algébricas que modelam o sistema a ser resolvido.

Como dito anteriormente as barras podem ser classificadas da seguinte

maneira(MONTICELLI, 1983):

Barra PQ:

Em geral é chamada de barra de carga. Nesse tipo de barra é conhecida a

potência ativa e reativa de carga. Portanto essas serão as variáveis fixadas, ou condições

de contorno, e a magnitude e fase da tensão são as incógnitas. Há alguns casos que

acopladas a esse tipo de barras existem geradores, e neste caso a potência ativa e reativa

geradas também são fixadas.

Barra PV:

Normalmente é chamada de barra de geração, nela são conhecidos a potência

ativa gerada e o módulo da tensão da barra, e tem-se como incógnita a potência reativa e

a fase da tensão.

Barra Swing ou de Referência:

Neste tipo de barra as variáveis fixadas são o módulo e fase da tensão e como

incógnitas aparecem as potências ativas e reativas.

Com essas características de barras definidas nos próximos tópicos serão

apresentadas as equações para o cálculo do fluxo de potência de sistemas CA e como se

realiza a modelagem dos componentes internos, ou seja, a montagem da matriz que

descreve a topologia do sistema.

3.4. Modelagem de componentes - Linhas e Transformadores

Os principais elementos que compõem a rede de um sistema elétrico de potência

são os transformadores e as linhas de transmissão. Por isso estes elementos devem ser

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modelados de forma que os seus efeitos estejam inclusos na matriz de admitância nodal,

a chamada matriz Y-barra. Essa matriz além de armazenar todas as informações dos

componentes internos permite também conhecer a topologia apresentada por este

sistema.

Devido à necessidade de se conhecer a configuração interna do sistema nos

próximos tópicos será apresentado de forma breve como é feita a modelagem dos

componentes para que estes fossem adicionados a matriz Y-barra.

3.4.1. Linhas de Transmissão

O modelo da linha de transmissão utilizado é o modelo π, que é representado

pela Figura 3.5, onde identifica-se os três parâmetros que modelam a linha. Esses

parâmetros são a resistência e reatância série representada respectivamente por e

, e a susceptância shunt que é definida por (MONTICELLI, 1983).

Para a inclusão da linha de transmissão na matriz admitância, é necessário obter

o valor da admitância que conecta a barra k a barra m como mostrado em (3.17) abaixo.

(3.17)

mk

𝑧 𝑘𝑚 = 𝑘𝑚 + 𝑘𝑚

Figura 3.5 – Modelo equivalente π de uma LT(MONTICELLI, 1983).

3.4.2. Transformadores

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O modelo geral do transformador é basicamente composto por uma admitância

série e um transformador com a relação de transformação de , que é ilustrada

pelo modelo da Figura 3.6 (MONTICELLI, 1983)

mk

𝑘𝑚

Figura 3.6 – Modelo geral do transformador (MONTICELLI, 1983).

O transformador também pode ser representado por um circuito equivalente π

representado na Figura 3.7.

mk

Figura 3.7 – Modelo equivalente π do transformador (MONTICELLI, 1983).

Dessa forma para obter os valores equivalentes A, B e C do modelo π identificar

as injeções de correntes em cada um dos modelos e compará-las. A partir do modelo da

Figura 3.6 obtem-se:

(3.18)

E por meio da Figura 3.7, pode-se escrever:

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(3.19)

Fazendo, então, a comparação entre (3.18) e (3.19) obtêm-se:

(3.20)

Como tanto o modelo do transformador como o modelo da linha de transmissão

são obtidos por meio de um equivalente π é possível obter um modelo geral que irá

representar simultaneamente o transformador e a linha de transmissão. Esse modelo será

descrito no próximo tópico.

3.4.3. Modelo Geral

A partir dos modelos equivalentes π dos componentes é possível obter o modelo

da Figura 3.8.

mk

1 𝑘𝑚 1 𝑘𝑚

𝑘𝑚

Figura 3.8 - Modelo equivalente π geral (MONTICELLI, 1983).

De forma a comparar o modelo da Figura 3.8 com os modelos isolados das

Figura 3.5 e Figura 3.7, basta observar que quando se trata de uma linha de transmissão,

a relação de transformação dada por é igual a , fazendo com que os elementos

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shunt e se anulem, restando apenas o modelo da Figura 3.5.

Quando se considera um transformador, a relação em geral é diferente de e a

parcela que se anula é aquela dada em função do , por este ser igual a zero.

Com o modelo geral definido é possível realizar a montagem da matriz de

admitância para a rede do sistema.

Os elementos da matriz podem ser divididos em dois grupos, os chamados

próprios que se encontram na diagonal principal e são obtidos fazendo a soma das

admitâncias de todos os ramos conectados àquela barra, e os elementos mútuos que são

os elementos que estão fora da diagonal, e que tem o valor de , ou seja, o valor da

admitância existente entre as barras k e m negada.

Dessa forma temos o seguinte conjunto de equações para definir a matriz de

admitância do sistema:

(3.21)

3.5. Fluxo de Potência CA

Com os componentes internos definidos por meio do modelo equivalente π, o

próximo passo é definir a modelagem das equações de injeção de potência para o fluxo

de potência CA, as quais estão descritas a seguir:

(3.22)

Onde:

otência ativa in etada na barra .

otência reativa in etada na barra .

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41

m dulo da tensão na barra .

m m dulo da tensão na barra m.

m condut ncia entre as barras e m.

m suscept ncia entre as barras e m.

m diferença angular entre as fases das tensões das barras e m.

con unto de todas as barras m ad acentes a barra , incluindo a pr pria barra

.

Definidas as equações para cada uma das barras, agora resta fazer os ajustes para

se aplicar o Método de Newton-Raphson para a resolução de fluxo de potência CA.

A matriz jacobiana é determinada a partir das derivadas parciais das equações de

potência em relação à magnitude e fase da tensão. Uma matriz jacobiana genérica é

apresentada abaixo, onde é possível observar que as derivadas parciais para cada barra

são armazenadas em blocos.

A matriz jacobiana apresentada deve ser trabalhada de acordo com as

características das barras que compõem o sistema, ou seja, como algumas das variáveis

são fixadas significa que determinadas equações não precisam ser consideradas. Porém,

com o intuito de facilitar a inclusão dos métodos de controles no cálculo do fluxo de

potência estas equações não foram retiradas da matriz de maneira direta, mas sim por

meio da inclusão dos chamados “big numbers” em determinadas posições. Estes big

numbers agem de modo a eliminar uma determinada equação no momento do

pivoteamento, durante o processo de resolução das equações. Por consequência da

eliminação de equações torna a variável de estado associada fixa, ou seja, variação

calculada nula.

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42

Por exemplo, para barras PV, nas quais o módulo da tensão é fixada em um

determinado valor, a equação de potência reativa dessas barras devem ser

desconsideradas do cálculo. Para isto, na posição da diagonal principal do jacobiano

onde se encontra a equação dessas barras o valor calculado pela derivada parcial será

substituído por um “big number”. Para as barras PQ, tanto a equação de potência ativa

como reativa devem ser consideradas, então as derivadas parciais para essas barras não

sofrem nenhuma alteração. E finalmente, para as barras de referência, ambas as

equações devem ser desconsideradas e por isso têm suas posições da diagonal principal

substituidas por “big numbers”.

Como forma de ilustrar esse processo de acréscimo dos “big numbers” será

considerado um pequeno sistema formado por 3 barras, sendo uma PQ (barra 1), uma

PV (barra 2) e uma Referência (barra 3), cujo forma da jacobiana é ilustrada em (3.23).

Nesta matriz nota-se o símbolo ∞ representando um número de elevado valor que são os

chamados “big number”, que tem o papel de cancelar as referidas equações.

(3.23)

A montagem da matriz jacobiana de qualquer sistema é obtida partindo das

equações de injeção de potência. Para isto basta obter as derivadas parciais das equações

em (3.22), resultando no conjunto de expressões representadas em (3.24).

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43

(3.24)

3.6. Dispositivos de Controle e Limites

Nos sistemas de energia elétrica há outros componentes além das cargas,

geradores, transformadores e linhas de transmissão que devem ser incluídos nos

cálculos de fluxo de potência, já que apresentam influência direta nas condições de

operação do sistema, são os chamados dispositivos de controle. Portanto para que o

desempenho seja determinado de maneira correta faz-se necessário considerá-los nos

cálculos. No caso deste trabalho, não foram realizados estudos detalhados sobre os

dispositivos de controle atuantes nos sistemas elétricos de potência, portanto não serão

apresentados com detalhes e apenas citados. Os principais controles considerados para o

cálculo de fluxo de potência são:

Controle de tensão através de transformadores LTC (Load Tap Changer);

Controle de MW em transformadores defasadores;

Controle de intercâmbio entre áreas;

Controle de tensão em barras remotas;

Elos de transmissão em corrente continua;

Compensadores estáticos de potência reativa

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44

Já os principais limites considerados no cálculo do fluxo de potência são:

Limites de reativos em barras PV (geração);

Limites de tensão em barras PQ (tensão);

3.7. Resolução do Fluxo de Potência CA

Para se solucionar um fluxo de potência CA por meio do método de Newton-

Raphson deve-se seguir o modelo apresentado para o fluxo CC considerando apenas

algumas variações relacionadas às equações de injeção de potência e as variáveis de

estado. Abaixo é apresentado um esquemático resumido com os passos para a resolução

do fluxo de potência CA.

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45

InícioMontar a matriz

Y-barra

Atribuir condições iniciais para as variáveis de estado

k eVk, para k=1:nbarras

fazer iteração i=0

Calcular ΔP e ΔQ:

ΔPk=Pk(especificado) – Pk

(calculado), k Є {PQ,PV}

ΔQk=Qk(especificado) – Qk

(calculado), k Є {PQ}

g(xi) = [ΔP;ΔQ]

max|{ΔP}| ε

&

max|{ΔQ}| ε

Variáveis de

estado

definidas

Sim

FimCalcular a matriz Jacobiana

J(xi)

Não

Solucionar o problema

linearizado:

[Δxi] = - J(xi)-1 g(xi)

Atualizar as variáveis de

estado

xi = xi+1 + Δxi

Fazer

iteração

i=i+1

Figura 3.9 - Fluxograma básico para o método de Newton-Raphson aplicado ao fluxo de

potência CA.

No próximo tópico serão apresentadas e discutidas as simulações de alguns

fluxos de potência para alguns estudos de caso com o intuito de apresentar sucintamente

os conceitos estudados até o momento.

3.8. Simulações em MATLAB

No que se refere às simulações no MATLAB®, estas foram realizadas com o

intuito de permitir uma melhor compreensão do cálculo de fluxo de potência e outros

conceitos relacionados ao estudo de circuitos elétricos como, por exemplo, o estudo da

topologia da rede. Como forma de comparação dos resultados obtidos nessas

simulações foi utilizado o programa ANAREDE. Apenas como forma de ilustração, a

seguir é apresentado o exemplo de um sistema que foi resolvido pelo programa

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46

desenvolvido em MATLAB, cujos resultados foram comparados com os obtidos por

meio do ANAREDE.

3.8.1. Estudo de Caso - Sistema Kundur

O sistema exemplo adotado para a validação do estudo de fluxo de potência

encontra-se no livro Power System Stability and Control do autor Prabha Kundur. Este

sistema será denominado ao longo do trabalho como Sistema Kundur e na Figura 3.10

está representado o seu esquema unifilar. Os seus dados de barra (condições de

contorno) e linha estão mostrados na Tabela 3.3 e Tabela 3.4, respectivamente, este

sistema é basicamente dividido em duas áreas, havendo um intercâmbio de potência

ativa entre as áreas. Posteriormente, este mesmo sistema será adotado como o primeiro

estudo de caso referente à análise de estabilidade.

G1 1 5 6 7 8 9 10 11 3

2 4

G3

G4G2

L9

C9C7

L7

Figura 3.10 -Diagrama unifilar do sistema Kundur (KUNDUR, 1994).

Tabela 3.3 – Dados de barra(condições de contorno) (KUNDUR, 1994).

Barra Tipo |V| [p.u.] [°] Pg

[MW] Pc [MW] Qg [MVar] Qc [MVar]

Shunt

[MVar]

1 1,03 20,2 700 - - - -

2 PV 1,01 - 700 - - - -

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3 PV 1,03 - 719 - - - -

4 PV 1,01 - 700 - - - -

5 PQ - - - - - - -

6 PQ - - - - - - -

7 PQ - - - 967 - 100 200

8 PQ - - - - - - -

9 PQ - - - 1767 - 100 350

10 PQ - - - - - - -

11 PQ - - - - - - -

Tabela 3.4 – Dados de linha nas bases de 230kV e 100MVA. (KUNDUR, 1994)

De Para R [%] X [%] Tap B [Mvar]

1 5 0 1,6667 1,000 0

5 6 0,25 2,5 ---- 4,375

6 7 0,1 1,0 ---- 1,75

2 6 0 1,6667 1,000 0

7 8 1,1 11,0 ---- 19,25

7 8 1,1 11,0 ---- 19,25

8 9 1,1 11,0 ---- 19,25

8 9 1,1 11,0 ---- 19,25

9 10 0,1 1,0 ---- 1,75

10 11 0,25 2,5 ---- 4,375

3 11 0 1,6667 1,000 0

4 10 0 1,6667 1,000 0

Tabela 3.5 - Resultado do fluxo de potência MATLAB- sistema Kundur

Na Tabela 3.5 são apresentados os seguintes dados:

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= indica o número de iterações necessárias para o problema

convergir

=máximo erro absoluto da iteração que definiu a convergência.

= indica o número da barra.

= módulo da tensão nodal em p.u.

= fase da tensão nodal em graus (°).

= Potência ativa gerada pela barra em p.u. na base de 100MVA.

= Potência reativa gerada pela barra em p.u. na base de 100MVA.

= Potência ativa consumida (carga) pela barra em p.u. na base de

100MVA.

= Potência reativa consumida (carga) pela barra em p.u. na base de

100MVA.

Observando os resultados, contata-se que o máximo erro é de apenas

inferior a tolerância de convergência adotada que foi de . Como mencionado, o

método de Newton-Raphson, em geral, necessita de poucas iterações para convergir

independente da dimensão do problema, para este caso foram necessário apenas 4, o que

é um número relativamente pequeno.

Como o sistema é dividido em duas áreas quando se compara geração e carga é

observado um desbalanço, apresentando excesso de geração na área 1 e déficit da área

2. Portanto, conclui-se que há um intercâmbio de energia entre as áreas que gira em

torno de 400 MW.

Por fim, vale ser destacado, que o estado da rede definido por meio do

MATLAB (Tabela 3.5) foi equivalente aos resultados obtido no ANAREDE (Tabela

3.6). Isto indica que os estudos envolvendo o cálculo de fluxo de potência foram

suficientes para entender os conceitos básicos, atingindo um nível satisfatório para que

seja abordado o assunto envolvendo o estudo de Estabilidade de Sistemas Elétricos de

Potência.

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Tabela 3.6 - Resultado fluxo de potência ANAREDE

Número

da barra

Magnitude da

tensão na

barra [p.u.]

Ângulo da

fase da

tensão [°]

Geração ativa

na barra

[MW]

Geração

reativa na

barra [Mvar]

Carga

ativa

[MW]

Carga

reativa

[Mvar]

1 1,0300 20,2000 700,11 185,07 0,00 0,00

2 1,0100 10,4330 700,00 234,68 0,00 0,00

3 1,0300 -6,8846 719,00 175,99 0,00 0,00

4 1,0100 -17,0743 700,00 202,07 0,00 0,00

5 1,0064 13,7370 0,00 0,00 0,00 0,00

6 0,9781 3,6507 0,00 0,00 0,00 0,00

7 0,9610 -4,7593 0,00 0,00 967,00 100,00

8 0,9486 -18,6333 0,00 0,00 0,00 0,00

9 0,9714 -32,2344 0,00 0,00 1767,00 100,00

10 0,9835 -23,8197 0,00 0,00 0,00 0,00

11 1,0083 -13,5109 0,00 0,00 0,00 0,00

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4. ESTUDO DE ESTABILIDADE DE SISTEMAS DE

POTÊNCIA

Estabilidade de sistemas de potência é a capacidade do sistema elétrico,

operando em determinada condição inicial, retornar a um estado de equilíbrio após

sofrer algum distúrbio (IEEE/CIGRE JOINT TASK FORCE ON STABILITY TERMS

AND DEFINITIONS, 2004).

A estabilidade é uma questão multivariável pelo fato da sua resposta dinâmica

ser influenciada por inúmeros dispositivos com diferentes características e respostas,

além de depender da topologia da rede, das condições de operação do sistema e a forma

de perturbação (IEEE/CIGRE JOINT TASK FORCE ON STABILITY TERMS AND

DEFINITIONS, 2004).

Sendo assim é possível classificar a estabilidade de sistemas de potência levando

em consideração os seguintes pontos, como descrito em (IEEE/CIGRE JOINT TASK

FORCE ON STABILITY TERMS AND DEFINITIONS, 2004):

A natureza física do modo resultante de instabilidade, indicada pela

principal variável do sistema em que a instabilidade pode ser observada.

A intensidade da perturbação, que influencia o método de cálculo e

previsão de estabilidade.

Os dispositivos, processos, e o tempo de atuação que deve ser levado em

consideração a fim de avaliar a estabilidade.

Na Figura 4.1 abaixo é apresentado um quadro geral de classificação para os

diversos tipos de estabilidade de acordo com as formas de identificação e o tempo de

atuação (IEEE/CIGRE JOINT TASK FORCE ON STABILITY TERMS AND

DEFINITIONS, 2004).

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Estabilidade em

Sistemas de Potência

Estabilidade AngularEstabilidade de

Frequência

Estabilidade de

Tensão

Pequenas

PertubaçõesTransitória Curto Prazo

Longo

Prazo

Pequenas

Pertubações

Grandes

Pertubações

Curto Prazo Curto Prazo

Curto Prazo Curto PrazoLongo

Prazo

Longo

Prazo

Figura 4.1 - Classificação de estabilidade em Sistemas de Potência. (IEEE/CIGRE JOINT

TASK FORCE ON STABILITY TERMS AND DEFINITIONS, 2004)

Estabilidade Angular:

A estabilidade angular está relacionada à habilidade das máquinas síncronas de

um sistema elétrico interligado em permanecer em sincronismo após ter sido submetido

a uma perturbação. Esta habilidade depende da capacidade de cada máquina alcançar ou

manter o equilíbrio entre o conjugado mecânico e o eletromagnético. A perda de

sincronismo pode ocorrer entre uma máquina e o sistema ou entre grupos de máquinas,

que mantêm sincronismo de forma isolada.

Estabilidade de Frequência:

Esta classificação refere-se à capacidade do sistema de potência manter a

frequência constante após um severo distúrbio que resulta num significativo

desequilíbrio entre a geração e carga. Esta habilidade depende da capacidade do sistema

em manter o equilíbrio entre geração e carga com a mínima perda de carga. A

instabilidade ocorre sob a forma sustentada da oscilação de frequência que resultam no

desligamento de unidades geradoras ou desligamento de cargas.

Estabilidade de Tensão:

A estabilidade de tensão refere-se à capacidade do sistema manter as tensões

estáveis em todas as barras do sistema após a ocorrência de uma perturbação que afete a

sua condição de operação inicial. Este tipo de estabilidade depende da capacidade do

sistema em restaurar o equilíbrio entre a demanda e geração do sistema. A instabilidade

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de tensão pode ser observada quando as tensões em algumas barras reduzem ou crescem

de maneira progressiva.

Os estudos de estabilidade podem ser classificados levando em consideração a

natureza e a ordem de grandeza do distúrbio, como indicado em (STEVENSON JR.,

1986), como descrito a seguir.

Estabilidade transitória:

São os estudos realizados quando se deseja determinar se o sistema permanecerá

em sincronismo após distúrbios significativos, tais como faltas no sistema de

transmissão, variações rápidas de carga, perdas de unidades geradoras ou chaveamento

de linhas.

Estabilidade dinâmica e em regime permanente:

Estes estudos envolvem uma ou algumas poucas máquinas que sofrem mudanças

lentas ou graduais nas condições de operação. Referem-se essencialmente à estabilidade

dos pontos de operação em regime permanente do sistema. A distinção feita entre o

estudo de estabilidade em regime permanente e estabilidade dinâmica está relacionada

ao grau de detalhe usado na modelagem dos equipamentos, incluindo geradores e

controles associados, já que a natureza dos problemas são as mesmas.

A seguir são apresentados alguns importantes pontos relacionados com os

estudos de estabilidade, tais como: a equação de oscilação das máquinas, além de

algumas outras condições necessárias à análise de estabilidade.

4.1. Equação de oscilação

A equação de movimento de uma máquina é definida pela lei de Newton

aplicada a corpos rotativos. Esta lei estabelece que o conjugado de aceleração é igual ao

produto do momento de inércia multiplicado pela aceleração angular (STEVENSON

JR., 1986), como dado em (4.1).

𝑚 (4.1)

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Onde:

.

.

.

.

.

.

Sabe-se que o conjugado é dado pela razão entre potência e velocidade angular,

dessa forma tem-se:

𝑚

𝑚

(4.2)

Substituindo (4.2) em (4.1), e considerando como a potência base do

sistema, pode-se normalizar toda a equação, obtendo:

(4.3)

Tendo como a velocidade angular base do sistema e sabendo-se que

, pode-se reescrever (4.3), chegando a:

(4.4)

Onde:

.

.

.

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A constante de inércia é definida como sendo a energia cinética, em joules, na

velocidade nominal dividido pela potência base da máquina , que em geral é a

própria potência nominal, desta forma a constante de inércia pode ser reescrita como:

(4.5)

Desenvolvendo (4.5) e substituindo em (4.1) tem-se:

(4.6)

Observando a equação descrita em (4.6) constata-se que as perdas por atrito no

rotor, representado pelo coeficiente de amortecimento foram desprezados, para incluí-

lo, primeiramente, adota-se o torque de amortecimento da máquina como:

(4.7)

Onde:

.

.

Sabe-se que a potência de amortecimento ( é dada por , portanto

adicionando o amortecimento na expressão (4.6) é obtido:

(4.8)

(4.9)

Em regime permanente a velocidade dá máquina sempre se encontra próxima a

velocidade nominal, portanto, e . Desta forma, tem-se:

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55

(4.10)

Fazendo-se a consideração de que a variação da velocidade seja dada pela

equação , temos a derivada de primeira ordem igual a

. Substituindo na equação (4.10) e considerando como sendo a

variação de velocidade em p.u. em torno da síncrona:

(4.11)

Na equação (4.11), a potência mecânica fornecida pela turbina ( ) supre

tanto a potência elétrica ativa ( quanto a potência de amortecimento ( . No

entanto, quando a máquina opera em regime permanente em vazio sabe-se que a

potência mecânica é apenas para suprir , que são perdas mecânicas das máquinas,

portanto, pode-se considerar . Dessa forma tem-se

, onde ,

é a parcela da potência mecânica fornecida que supre a potência elétrica ativa ( .

Portanto, em regime permanente (variação da velocidade nula) a parcela se torna

nula e , obtendo assim a expressão (4.12).

(4.12)

Sabe-se que a derivada do ângulo de potência é igual à variação da

velocidade do rotor com relação à velocidade síncrona elétrica :

(4.13)

, onde P é o número de pólos da máquina.

Normalizando e fazendo as substituições necessárias é obtida a equação

diferencial apresentada a seguir, onde é a velocidade angular elétrica base:

(4.14)

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Por meio das operações matemáticas desenvolvidas são obtidas duas equações

diferenciais que modelam as oscilações eletromecânicas de uma máquina.

(4.15)

(4.16)

Desconsiderando a variação da velocidade por influência do amortecimento na

expressão (4.15) e realizando um comparativo entre e é possível observar três

condições que afetam o comportamento dinâmico da máquinas.

1º. Quando a máquina desacelera;

2º. Quando a máquina acelera.

3º. Quando máquina permanece numa velocidade constante de

operação.

4.2. Equação do ângulo de potência

Nos estudos de estabilidade clássicos a potência mecânica fornecida pela

máquina motriz é considerada constante, tendo em vista que as elevadas constantes de

tempo das turbinas e seus controles associados impedem a variação instantânea da

potência mecânica. A potência elétrica , por sua vez, é considerada variável e depende

da ocorrência de algum distúrbio no sistema.

Nestes estudos são utilizados os modelos clássicos das máquinas, as quais são

representadas por uma tensão interna em série com uma reatância transitória ( ),

que dependendo da carga conectada à máquina resultará numa tensão terminal .

Quando da ocorrência de um distúrbio para os estudos de primeira oscilação a tensão

interna é mantida constante, devido às elevadas constantes de tempo associadas aos

circuitos de excitação. O esquemático para o modelo das máquinas está representado na

Figura 4.2.

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jX d

Vt

I

E

E

Vt

Ireferência

jX'd . I

Figura 4.2 – Circuito equivalente da máquina síncrona e diagrama fasorial em função de

uma carga de característica indutiva (STEVENSON JR., 1986).

Considerando o sistema de potência representado na Figura 4.3 formado

inicialmente por dois barramentos, sendo um gerador (barra 1) e uma barra infinita

(barra 2 - referência) é possível analisar o comportamento do ângulo de potência do

gerador. Sabe-se que em geral a rede de transmissão é formada por elementos passivos,

como transformadores, linhas de transmissão, entre outros, estes elementos compõem a

matriz de admitância de rede denominada , esta matriz é idêntica a matriz do

cálculo do fluxo de potência definida no capítulo anterior.

No entanto, para a análise do ângulo de potência é necessário incluir na matriz a

contribuição de elementos externos a rede de transmissão, como da reatância transitória

do gerador e a contribuição das cargas que normalmente são representadas por motores,

potências, impedâncias e/ou injeções de correntes constantes.

Para levar em consideração tais contribuições dos geradores e motores é

necessário adicionar uma nova barra ao sistema, como a barra 3 entre a fonte de tensão

do gerador e a sua impedância transitória da Figura 4.3, desta forma é possível,

posteriormente, determinar a matriz equivalente reduzida com apenas as barras nas

quais há geradores conectados ou barras infinitas.

Rede de

Transmissão E2 E1

X d1 Ba

rra 2

Ba

rra

1

Figura 4.3 - sistema de Potência - gerador e barra infinita.

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Sabe-se inicialmente que para a rede composta pelas barras 1 e 2, tem-se:

(4.17)

Para a adição da barra 3 ao sistema (vide Figura 4.3) é necessário montar uma

matriz de maneira análoga à montagem da matriz , resultando numa matriz

com o formato abaixo:

(4.18)

Porém para a análise dos ângulos de potência das máquinas é interessante

reduzir a matriz mantendo apenas às barras de interesse, que no caso em específico são

as barras 2 e 3. Esta redução é apresentada no Apêndice A. E para este caso, a matriz

reduzida será:

(4.19)

Obtendo a rede reduzida para o sistema é possível obter a expressão para a

transferência de potência ativa entre as barras 3 e 2, expressa por:

(4.20)

Onde:

= tensão interna da barra 1;

= tensão interna da barra 2;

= impedância de transferência entre as barras 2 e 3;

= ângulo de potência do gerador;

= fase da impedância de transferência entre as barras 2 e 3.

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59

Esta expressão é chamada de equação do ângulo de potência e permite analisar a

variação da potência elétrica fornecida pela máquina com ângulo de potência da

máquina e das configurações da rede de transmissão.

Quando se desconsidera a parte resistiva da impedância de transferência entre as

barras obtem-se a expressão (4.21), que representa matematicamente a curva de

potência da máquina apresentada em Figura 4.4.

(4.21)

Onde:

Figura 4.4 – Curva do ângulo de potência para uma dada condição da rede de

transmissão.

4.3. Estabilidade em regime transitório - Critério da igualdade

de áreas

Em geral, a solução literal da equação de oscilação de uma máquina é um

procedimento complicado já que são equações diferenciais não lineares. Por este fato tal

solução só pode ser definida por meio de métodos computacionais. Para sistemas mais

simples, porém, que envolvem a análise da oscilação entre uma máquina e uma barra

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60

infinita ou entre duas máquinas é possível verificar algumas das condições de

estabilidade sem a necessidade de se obter tal solução. Quando o objetivo básico é

analisar as condições do sistema para a primeira oscilação é possível aplicar um método

direto, aproximado, conhecido como critério da igualdade de áreas, que está

diretamente relacionado à equação do potência da máquina.

Este método é descrito a seguir apresentando o desenvolvimento matemático da

equação de oscilação e por fim é analisado um sistema exemplo.

4.3.1. Modelagem matemática

Considerando a expressão (4.15) e eliminando a influência do coeficiente de

amortecimento, tem-se:

𝑚

(4.22)

Deve-se observar que a eliminação do coeficiente de amortecimento torna a

análise conservadora, pelo fato do coeficiente ter efeito de frenagem da máquina. Logo,

se for observado que uma máquina mantém a estabilidade em tais condições, esta

também o manterá quando o amortecimento for considerado.

Considerando expressão a definida em (4.16) e multiplicando a parcela à direita

pela parcela à esquerda da igualdade da expressão (4.22) e a parcela à esquerda de

(4.16) pela parcela à direita de (4.22), é obtido:

𝑚

(4.23)

𝑚

(4.24)

Considerando

e substituindo em (4.24), define-se:

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61

𝑚

(4.25)

Integrando a equação (4.25) em ambos os lados, obtem-se:

𝑚

(4.26)

Os subscritos dos termos correspondem aos limites de , portanto se a

velocidade do rotor é síncrona em e , então = . Portanto, para que a máquina

opere sempre na velocidade síncrona, a seguinte expressão deve ser satisfeita.

𝑚

(4.27)

A equação (4.27) é válida para quaisquer dois pontos da curva de ângulo

potência desde que em tais pontos a velocidade seja a síncrona. Adotando a curva de

potência da Figura 4.5 e considerando inicialmente que em e a velocidade seja

síncrona é possível reescrever (4.27) da seguinte forma:

𝑚

(4.28)

A expressão (4.28) pode ser desmembrada em duas parcelas, num primeiro

momento a potência mecânica no eixo da máquina é maior que a potência elétrica ativa

fornecida, consequentemente há aceleração da máquina. Observando a Figura 4.5 está

região de operação é definida entre e e representada por (energia acelerante).

Num segundo momento a potência elétrica ativa é superior a potência mecânica,

portanto há desaceleração da máquina, esta região de operação é definida entre e

resultando na área (energia desacelerante). Adotando tais condições a equação (4.28)

pode ser reescrita da seguinte forma:

𝑚

𝑚

(4.29)

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𝑚

𝑚

(4.30)

Figura 4.5 – Diagrama para o ângulo de potência (STEVENSON JR., 1986).

Constata-se que a energia acelerante do rotor deve ser igual à energia

desacelerante, ou seja, a área .

Observando a Figura 4.6 e adotando a condição da energia de aceleração ( )

ser igual a energia de desaceleração ( ) é possível definir uma abertura crítica para

o ângulo de potência do rotor e um ângulo máximo que representa o limiar das

condições para a máquina retornar a um modo de operação estável.

Figura 4.6 - Curva ângulo de potência indicando o ângulo crítico de abertura

(STEVENSON JR., 1986).

Sabe-se que no intervalo da ocorrência de uma falta ocorre a aceleração da

máquina resultando numa variação do seu ângulo de potência, ou seja, enquanto a falta

não é eliminada o ângulo de potência varia da condição de estado permanente inicial

até . Porém após a eliminação da falta a velocidade da máquina encontra-se acima da

velocidade síncrona e por inércia o ângulo de potência continua aumentando até o

instante de tempo no qual a máquina alcance novamente a velocidade síncrona, o limite

máximo para que esta condição seja atingida é .

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Caso o ângulo de potência da máquina atinja e a velocidade ainda esteja

acima da velocidade síncrona a máquina retoma a aceleração impossibilitando retorno

da velocidade à síncrona. Nesta situação, o sistema é considerado instável para a

primeira oscilação. Adotando a equação(4.28) e a Figura 4.6, obtêm-se:

𝑚 𝑚

𝑚

𝑚 𝑚

(4.31)

A B

DC

EF

Aberto

1 2

Figura 4.7 - Diagrama unifilar do sistema 1 gerador e 1 barra infinita (STEVENSON JR.,

1986).

Adotando o sistema representado na Figura 4.7 é possível realizar a análise do

critério de igualdade de área e determinar o ângulo crítico e por consequência o tempo

crítico para eliminação do distúrbio. O tempo crítico é de fundamental importância para

o dimensionamento dos sistemas de proteção, já que esta grandeza define o máximo

tempo para o qual a falta pode persistir no sistema, ou seja, a proteção deve ser capaz de

atuar eliminando a falta num intervalo de tempo inferior ao tempo crítico.

A análise do critério da igualdade de áreas é realizada considerando um curto

próximo a barra 1 na linha logo após o disjuntor E. Dessa forma tem-se que a potência

elétrica ativa transferida entre as barras tende a ser nula ( ) pelo fato da

impedância de transferência ser muito maior que a de curto-circuito. Sendo assim, se a

coordenação da proteção do sistema estiver bem projetada à eliminação do curto-

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circuito se dará pela abertura do próprio disjuntor E de forma a não afetar as outras duas

linhas, portanto, como a topologia da rede para a transferência de potência entre as

barras não é afetada tanto nos instantes pré-falta como pós-falta à característica de

transferência de potência é idêntica (

). Além disso, como são

analisadas as condições para a primeira oscilação a potência mecânica fornecida pela

máquina motriz é constante.

Portanto, para a essa condição de operação são definidas as seguintes condições

de contorno:

Onde:

= Potência mecânica da máquina motriz.

= Potência elétrica fornecida pelo gerador antes da ocorrência da falta.

= Potência elétrica fornecida pelo gerador durante a falta.

= Potência elétrica fornecida pelo gerador após a eliminação da falta.

= Máxima potência elétrica ativa transferida entre as barras 1 e 2.

Adotando estas condições de contorno e trabalhando a equação (4.31) é possível

obter uma expressão para o cálculo do ângulo de potência crítico definida em (4.32):

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(4.32)

Definido o ângulo crítico para essas condições de operação, o próximo passo é

determinar o tempo crítico de eliminação de falta. Considerando inicialmente a equação

(4.22), tem-se:

Manipulando-a e considerando a potência de aceleração ( igual à diferença

entre a potência mecânica e elétrica ( 𝑚 ), tem-se:

(4.33)

Portanto, para determinar a velocidade angular e o tempo para qualquer

abertura angular observada na curva da Figura 4.6 basta integrar a expressão (4.33) no

intervalo de até considerando as condições de contorno definidas para a máquina

em regime permanente: Em , considera-se que o tempo de falta e a velocidade

angular . Lembrando que durante o período de falta , tem-se ainda

( 𝑚 .

(4.34)

Substituindo (4.34) em (4.16), tem-se:

(4.35)

Por fim, integrando (4.35) e considerando que para o tempo a abertura angular

seja , obtem-se:

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(4.36)

Portanto, para se determinar o tempo para atingir a abertura angular durante o

período de falta aplica-se:

(4.37)

Como o objetivo é determinar o tempo crítico, define-se a seguinte expressão:

(4.38)

Vale lembrar que poderiam ter sido adotadas outras condições de análise, no

entanto são para as condições de contorno definidas anteriormente que ocorre o caso

mais crítico. Apesar de o distúrbio ter atingido a linha, para o gerador, devido à

proximidade da falta, é como se praticamente tivesse ocorrido em seus terminais de

saída, portanto, são para estas condições que é observado a maior energia de aceleração

durante o período de falta.

A seguir são apresentados dois casos exemplificando como proceder para definir

o ângulo crítico e o tempo crítico do gerador para algumas condições dadas para que

seja mantida a estabilidade na primeira oscilação.

4.3.2. Exemplo: Gerador – Barra Infinita

jXd’

Figura 4.8 – Sistema formado por um gerador e uma barra infinita.

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Considerando o sistema representado na Figura 4.8 e as condições definidas na

Tabela 4.1, procura-se determinar a abertura crítica do ângulo de potência para dois

pontos de operação diferentes considerando um curto nos terminais do gerador:

Tabela 4.1 – Dados do sistema formado pelo gerador e barra infinita

Dados do sistema

Xd’ 0,2 p.u.

H 5 s

Frequência 60 Hz.

FP 0,9 indutivo

a) Potência mecânica igual a 1 p.u.

b) Potência mecânica igual a 0,75 p.u.

RESOLUÇÃO:

a)

Para as condições de operação dadas determina-se o valor da tensão interna e o

ângulo de potência do gerador:

Com o estado definido analisa-se a rede determinando as condições durante e

pós-falta, obtendo as seguintes curvas de transferência de potência:

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Definida as condições de operação e aplicando a equação (4.32) é determinado o

ângulo crítico:

E o tempo crítico é definido aplicando a equação (4.38):

𝑚

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

1

2

3

4

5

6

X: 2.077

Y: 4.875

DELTA [rad]

Potê

ncia

[pu]

Curva do ângulo de potência

X: 2.961

Y: 1

X: 0.1804

Y: 1

Pe

Pm

A1

A2

Gráfico 1 – Curva do ângulo de potência do gerador.

Onde:

= Área equivalente a energia de aceleração do rotor

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= Área equivalente a energia de desaceleração do rotor

b)

Repetindo os passos da letra A é obtido os resultados abaixo:

Curvas de potência para as condições dadas são:

Por fim, determina-se novamente o ângulo crítico e o tempo crítico:

𝑚

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0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50

1

2

3

4

5

6

X: 2.207

Y: 4.357

DELTA [rad]

Potê

ncia

[pu]

Curva do ângulo de potência

X: 0.1389

Y: 0.75

X: 3.003

Y: 0.75

Pe

Pm

A1

A2

Gráfico 2 - Curva do ângulo de potência do gerador.

Onde:

= Área equivalente a energia de aceleração do rotor

= Área equivalente a energia de desaceleração do rotor

4.3.3. Discussão de Resultados

Tabela 4.2 - Ângulos e tempos críticos.

[p.u.] 0,75 1,00

[rad] 2,2065 2,0773

331 317

Comparando os resultados da Tabela 4.2 e observando os gráficos 1 e 2

constata-se que quanto mais carregado o sistema estiver, menor é o ângulo crítico e

menor é o tempo crítico, ou seja, é necessário que a falta seja eliminada mais

rapidamente para que seja mantida pelo menos a estabilidade de primeira oscilação da

máquina. Isto é resultado da maior potência de aceleração ( ) durante o período

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de ocorrência da falta, que no caso analisado anteriormente corresponde aos resultados

apresentados na letra A.

4.4. Sistemas Multimáquinas

Até o presente momento o estudo do problema de estabilidade foi realizado

considerando o caso mais simples, ou seja, um sistema com apenas uma máquina e uma

barra infinita, já que para realizar a análise de primeira oscilação de sistemas

multimáquinas faz-se necessário o emprego de ferramentas computacionais.

Para a abordagem inicial de sistemas multimáquinas serão consideradas as

representações mais simplificadas dos equipamentos, ou seja, para os geradores será

considerada a representação clássica apresentada anteriormente (fonte de tensão em

série com a impedância síncrona ou transitória), e também será desconsiderado o efeito

dos reguladores de velocidade, dos reguladores de tensão e dos estabilizadores. Tais

equipamentos serão abordados nos próximos capítulos e seus efeitos serão incluídos nas

análises dos estudos de caso do capítulo 7.

Por meio de tais considerações torna-se possível realizar uma breve comparação

entre simulações realizadas no ANATEM, programa para análise de transitórios

eletromecânicos, desenvolvido pelo CEPEL, com um programa implementado em

MATLAB.

4.4.1. Sistema Exemplo

O sistema exemplo adotado para análise de estabilidade é o mesmo da análise de

fluxo de potência do capítulo anterior representado na Figura 3.10. Para estes estudos

serão consideradas as mesmas condições de contorno e configurações da rede, portanto,

tem-se o mesmo estado da rede que está definido na Tabela 3.5 e validados pela Tabela

3.6.

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Neste estudo será realizada uma análise do comportamento dinâmico de primeira

oscilação, portanto, o período de análise é restrito há apenas 2 segundos. O distúrbio

aplicado é um curto-circuito trifásico franco em uma das linhas entre as barras 7 e 8

ocorrido no tempo de 0,1 s e com duração de 80 ms. A escolha do tempo de simulação

deve-se a validade dos modelos adotados, já que para a análise de um intervalo de

tempo maior deveriam ser considerados os modelos completos de máquinas, os

reguladores de velocidade, de tensão, entre outros elementos.

Como o ponto de operação para o sistema já foi definido no capítulo 3, o

próximo passo é identificar quais são as barras de geração e quais os modelos adotados

para os geradores, no caso deste sistema as barras de geração são as barras 1, 2, 3 e 4 e

os parâmetros do modelo completo dos geradores estão apresentados na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Parâmetros dos geradores na base de 900 MVA e 20 kV (KUNDUR, 1994).

1,8 p.u. = 0,25 p.u.

= 0,03 s = 6,5 s

= 1,7 p.u. = 0,25 p.u.

= 0,05 s = 6,5 s

0,2 p.u. = 0,0025 p.u. = 0 = 6,175 s

= 0,3 p.u.

= 8,0 s = 6,175 s

= 0,55 p.u.

= 0,4 s

Onde:

= reatância síncrona de eixo direto, em p.u.

= reatância síncrona de eixo em quadratura, em p.u.

= reatância de dispersão de armadura, em p.u.

= reatância transitória de eixo direto, em p.u.

= reatância transitória de eixo em quadratura, em p.u.

= reatância subtransitória de eixo direto, em p.u.

= reatância subtransitória de eixo em quadratura, em p.u.

= resistência de enrolamento de armadura, em p.u.

= Constante de tempo transitória de eixo direto em circuito aberto, em s.

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= Constante de tempo transitória de eixo em quadratura em circuito

aberto,em s.

= Constante de tempo subtransitória de eixo direto em circuito aberto, em s.

= Constante de tempo subtransitória de eixo em quadratura em circuito

aberto,em s.

= Constante de amortecimento, em p.u./p.u.

= Constante de inércia, em s.

É importante lembrar que as quantidades das máquinas devem ser convertidas

para a base de potência do sistema, que em geral são de 100 MVA.

No entanto, para a análise de primeira oscilação o modelo adotado para os

geradores é o clássico representado na Figura 4.9, portanto, para este modelo é

necessário conhecer apenas a impedância transitória de eixo direto e a tensão interna

dos geradores.

jX d

Vt

I

E

Figura 4.9 - Modelo clássico de máquinas.

Conhecido o resultado do fluxo de potência é possível determinar o valor da

tensão interna dos geradores . Como é conhecido os valores da potência aparente

fornecida pelo gerador e a sua tensão terminal para determinar a tensão interna basta

aplicar o conjunto de equações definidos em (4.39) obtido a partir da Figura 4.9:

(4.39)

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Onde:

= Potência aparente gerada na barra onde a máquina está conectada.

= Tensão terminal, equivalente a tensão da barra na qual o gerador está

conectado ao sistema.

= Impedância transitória de eixo direto.

= Tensão interna da máquina.

Aplicando as equações (4.39) ao sistema exemplo é obtido os resultados

apresentados na Tabela 4.4

Tabela 4.4 - Tensão interna dos geradores.

Definidas as características de estado permanente torna-se possível analisar o

comportamento dinâmico dos geradores quando da ocorrência de perturbações súbitas e

de grande intensidade, tais como:

Curto-circuito

Abertura súbita de linhas

Variações rápidas de carga

Perdas de unidades geradoras

Em geral a grande parte dos distúrbios provocam alterações na topologia da rede

e, portanto, é necessário avaliar as possíveis novas configurações para o sistema, que

matematicamente são determinadas por novas matrizes de admitâncias. Para a obtenção

destas, são necessários análises de curto-circuito e proteção. Porém como dito

anteriormente este trabalho não tem o objetivo de aprofundar nestes estudos e por isso

para as análises realizadas foram feitas apenas algumas considerações específicas

envolvendo tais assuntos que não necessariamente podem ser estendidas a outros

sistemas.

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Relacionado aos estudos de curto-circuito, como mencionado anteriormente, o

distúrbio sofrido pelo sistema é um curto-circuito trifásico franco em uma das linhas

entre as barras 7 e 8, sendo este mais próximo a barra 7 e portanto para a análise pode

ser considerado um curto na própria barra. Por ser um curto franco a impedância de

curto é considerada nula. Apesar das condições adotadas ocorrerem com menor

frequência nos sistemas de potência foram adotadas para análise por resultarem em

distúrbios de grandes intensidades.

Para os estudos de proteção é considerado para a duração da falta um valor de

80 ms. Este tempo é um valor hipotético adotado considerando um tempo máximo para

a atuação da proteção (relés e disjuntores). É considerado que a proteção esteja bem

dimensionada e que não haverá falha dos componentes, sendo assim os dispositivos

responsáveis pela eliminação da falta são os elementos mais próximos, que resultam na

abertura total de uma das linhas entre as barras 7 e 8.

Observando como as condições de falta e a ação da proteção influenciam a

topologia do sistema constata-se que há três possíveis configurações, que serão

chamadas de condições pré-falta, durante falta e pós-falta.

Adotando a configuração de rede definida e as premissas citadas anteriormente

são obtidas as seguintes matrizes de admitância nodal reduzidas, ou seja, matrizes de

admitância com apenas os nós referentes às unidades geradoras conectadas. Estas

matrizes reduzidas foram obtidas aplicando os pontos definidos no Apêndice A.

Pré-falta:

Durante falta:

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Pós-falta:

Para a análise inicial, um programa para a análise de estabilidade transitória de

primeira oscilação foi implementado em MATLAB utilizando-se de ferramentas de

integração numérica, que permitem simular para as condições definidas o

comportamento dinâmico do sistema. Para isto são definidas as equações diferenciais

que modelam o cálculo de estabilidade eletromecânica, estas equações são apresentadas

a seguir.

Generalizando, para o estudo de estabilidade eletromecânica clássica são

definidas inicialmente duas equações diferenciais para cada gerador:

(4.40)

Onde:

= velocidade do gerador g.

= constante de inércia do gerador g.

= potência mecânica fornecida pela máquina motriz ao gerador g.

= potência elétrica fornecida pelo gerador g ao sistema.

= coeficiente de amortecimento do gerador g.

= tempo.

Como nos estudos clássicos a potência mecânica fornecida pela máquina motriz

se mantém constante, o comportamento da velocidade do gerador é dependente

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77

primordialmente da potência elétrica, e esta é dada genericamente pelas expressões

abaixo:

Para

Para

Para

(4.41)

Onde:

= tensão interna do gerador g.

= tensão interna do gerador i.

= admitância de transferência entre os geradores g e i da matriz pré-

distúrbio reduzida (y_pre_red).

= admitância de transferência entre os geradores g e i da matriz durante

distúrbio reduzida (y_dur_red).

= admitância de transferência entre os geradores g e i da matriz pós-

distúrbio reduzida (y_pos_red).

= ângulo da tensão interna do gerador g.

= ângulo da tensão interna do gerador i.

= tempo.

= instante de ocorrência do distúrbio.

= tempo de duração do distúrbio.

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= número de geradores.

Lembrando que o módulo das tensões internas dos geradores é mantido

constante, a variação da potência elétrica ao longo do tempo é dependente do ângulo de

potência dos geradores e da topologia do sistema (pré-distúrbio, durante distúrbio e pós-

distúrbio).

Dessa forma, considerando as características e as condições de operação, é

definido o seguinte conjunto de equações para cada gerador do exemplo adotado, sendo

k o número do gerador e variando de 1 até 4.

GERADOR k:

Para

Para

Para

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Como dito anteriormente o conjunto de equações definidas acima foram

solucionadas por meio de integrações numéricas realizadas no MATLAB. Abaixo está

apresentado um fluxograma resumindo os passos a serem realizados.

Início

Leitura de dados:

*Dados de Barra

*Dados de Linha

Cálculo do Fluxo de

Potência

Definir condições do

curto-circuito

Análise de Topologia(Ybarra

reduzida para condições pré,

durante e pós falta)

Leitura dos parâmetros

dos Geradores

Integração numérica - equações

diferencias dos geradoresImpressão de Resultados Fim

Figura 4.10 – Fluxograma para a análise de estabilidade de primeira oscilação.

No tópico a seguir é apresentado os resultados obtidos por meio do programa

desenvolvido.

4.4.2. Resultados MATLAB

Neste tópico serão apresentados com detalhes os resultados, além de alguns

outros conceitos pertinentes para a análise de estabilidade eletromecânica.

Sabe-se que no cálculo do fluxo de potência uma barra é definida como

referência angular, porém na análise dinâmica do ângulo de potência dos geradores

durante o período de simulação tal procedimento não é adotado, ou seja, não há uma

referência específica. Por esse motivo a análise do ângulo de potência não pode ser

realizada individualmente em cada um dos geradores.

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80

Por não haver esta referência o ângulo de potência do gerador pode apresentar

crescimento progressivo e aparentemente ser instável como o observado na Figura 4.11,

porém esta constatação nem sempre é correta.

Figura 4.11 - Comportamento dos ângulos absolutos de potência dos geradores sem uma

referência específica.

Por esta razão, é necessário observar o comportamento do ângulo de potência

por meio da adoção de uma referência para o sistema. No entanto, isto também pode

resultar em uma interpretação incorreta dos resultados, principalmente quando a análise

envolver operações ilhadas. Para a análise da dinâmica para este tipo de operação é

necessário adotar uma referência diferente em cada ilha do sistema.

Para exemplificar esta necessidade foi simulado um cenário para o mesmo

exemplo, porém neste é considerado o ilhamento com a abertura total das duas linhas

entre as barras 7 e 8, ou seja, há a formação de duas ilhas elétricas, uma com os

geradores G1 e G2, e a outra com os geradores G3 e G4.

Na Figura 4.12 abaixo estão traçados os gráficos para o ângulo de potência dos

geradores considerando a referência da área externa a ela. Por exemplo, no gráfico Área

1 - Referência G3 estão mostrados os gráficos dos ângulos de potência dos geradores da

0 0.5 1 1.5 20

100

200

300

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

G1

0 0.5 1 1.5 20

100

200

300

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

G2

0 0.5 1 1.5 20

50

100

150

200

250

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

G3

0 0.5 1 1.5 2-100

0

100

200

300

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

G4

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81

Área 1 (G1 e G2) com relação ao gerador G3 (Área 2), e é observado um

comportamento instável para os geradores.

Figura 4.12 - Ângulo de potência - referência angular "fora" da área do gerador.

Contudo, quando a referência considerada pertence à mesma área como

mostrado na Figura 4.13 é possível observar um comportamento estável, oscilatório e

amortecido dos geradores. Possivelmente em alguns cenários e sistemas a diferença

observada pode não ocorrer, mas deve-se resaltar que nas análises dos ângulos de

potência em operações ilhadas, deve-se definir uma referência angular para cada ilha.

Quando esta condição é estabelecida torna-se mais fácil analisar a estabilidade

da ilha, já que os geradores podem ser estáveis dentro da própria ilha quando

comparados entre si.

0 0.5 1 1.5 20

5

10

15

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G3

G1 - G3

G2 - G3

0 0.5 1 1.5 20

5

10

15

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G4

G1 - G4

G2 - G4

0 0.5 1 1.5 2-15

-10

-5

0

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G1

G3 - G1

G4 - G1

0 0.5 1 1.5 2-15

-10

-5

0

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G2

G3 - G2

G4 - G2

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82

Figura 4.13 - Ângulo de potência - referência angular "dentro" da área do gerador.

Retomando o cenário original, sem o ilhamento, pode ser adotado qualquer um

dos quatro geradores como referência angular ao sistema. Neste caso, a dinâmica dos

ângulos de potência pode ser interpretada observando os gráficos presentes na Figura

4.14, Figura 4.15, Figura 4.16 e Figura 4.17.

Figura 4.14 – Ângulo entre máquinas e G1.

0 0.5 1 1.5 2-0.2

-0.15

-0.1

-0.05

0

0.05

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G1

0 0.5 1 1.5 2-0.05

0

0.05

0.1

0.15

0.2

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G2

0 0.5 1 1.5 2-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G3

0 0.5 1 1.5 2

0

0.1

0.2

0.3

0.4

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[ra

d]

Ângulo de Potência - Referência G4

G1 - G1 G2 - G1

G1 - G2 G2 - G2

G3 - G3 G4 - G3

G3 - G4 G4 - G4

0 0.5 1 1.5 2-1

-0.5

0

0.5

1

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G1 - G1

0 0.5 1 1.5 2-14

-12

-10

-8

-6

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G2 - G1

0 0.5 1 1.5 2-70

-60

-50

-40

-30

-20

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G3 - G1

0 0.5 1 1.5 2-80

-70

-60

-50

-40

-30

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G4 - G1

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83

Figura 4.15 - Ângulo entre máquinas e G2.

Figura 4.16 - Ângulo entre máquinas e G3.

0 0.5 1 1.5 26

8

10

12

14

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G1 - G2

0 0.5 1 1.5 2-1

-0.5

0

0.5

1

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G2 - G2

0 0.5 1 1.5 2-60

-50

-40

-30

-20

-10

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G3 - G2

0 0.5 1 1.5 2-70

-60

-50

-40

-30

-20

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G4 - G2

0 0.5 1 1.5 220

30

40

50

60

70

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G1 - G3

0 0.5 1 1.5 210

20

30

40

50

60

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G2 - G3

0 0.5 1 1.5 2-1

-0.5

0

0.5

1

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G3 - G3

0 0.5 1 1.5 2-12

-11

-10

-9

-8

-7

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G4 - G3

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84

Figura 4.17 - Ângulo entre máquinas e G4

De maneira geral, em todos os gráficos das figuras anteriores pode ser observado

que para a primeira oscilação os geradores mantiveram o sincronismo entre si, ou seja,

em todos os casos aparentemente todos os geradores teriam capacidade de se recuperar

após o distúrbio.

Outro conceito relacionado os estudos de estabilidade é a definição de um centro

de inércia da ilha (COI), o qual pode ser adotado como referência angular. O COI é

obtido realizando uma média ponderada pelas constantes de inércia das máquinas e seu

ângulo de potência e, para determiná-lo aplica-se a equação abaixo:

(4.42)

Onde:

= ângulo do centro de inércia no instante de tempo t.

= constante de inércia do gerador k.

= ângulo de potência do gerador k no instante de tempo t.

0 0.5 1 1.5 230

40

50

60

70

80

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G1 - G4

0 0.5 1 1.5 220

30

40

50

60

70

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G2 - G4

0 0.5 1 1.5 27

8

9

10

11

12

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G3 - G4

0 0.5 1 1.5 2-1

-0.5

0

0.5

1

Tempo(s)

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G4 - G4

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85

= tempo.

= número de geradores.

Aplicando o conceito de centro de inércia as dinâmicas dos ângulos de potência

das máquinas são mostradas nos gráficos da Figura 4.18.

Figura 4.18 - Ângulo de potência das máquinas em relação ao centro de inércia (COI).

Todos os gráficos apresentados até o momento foram obtidos por meio de

simulações utilizando o MATLAB, como o objetivo inicial é aplicar os conceitos

relacionados à estabilidade o próximo passo é comparar estes resultados obtidos com

aqueles alcançados quando aplica a ferramenta utilizada no setor elétrico, o ANATEM.

Esta ferramenta será melhor apresentada nos Capítulos 6 e 7.

0 0.5 1 1.5 230

40

50

60

70

Tempo[s]

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G1-COI

0 0.5 1 1.5 220

30

40

50

60

70

Tempo[s]

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G2-COI

0 0.5 1 1.5 23.5

4

4.5

5

5.5

6

Tempo[s]

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G3-COI

0 0.5 1 1.5 2-6

-5.5

-5

-4.5

-4

-3.5

Tempo[s]

Angulo

de p

otê

ncia

[gra

us]

G4-COI

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86

4.4.3. Comparação ANATEM e MATLAB

Visando validar os resultados obtidos no MATLAB é realizada uma simulação

do caso exemplo utilizando as ferramentas do CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia

Elétrica), o ANAREDE e o ANATEM. Primeiramente é realizado o cálculo do fluxo de

potência utilizando o ANAREDE obtendo o ponto de operação inicial para a análise dos

transitórios.

Tabela 4.5 - Resultado do fluxo de potência - ANAREDE

Número

da barra

Magnitude da tensão

na barra [p.u.]

Ângulo da fase

da tensão [°]

Geração ativa na

barra [MW]

Geração reativa

na barra [Mvar]

1 1,0300 20,2000 700,11 185,07

2 1,0100 10,4330 700,00 234,68

3 1,0300 -6,8846 719,00 175,99

4 1,0100 -17,0743 700,00 202,07

5 1,0064 13,7370 0,00 0,00

6 0,9781 3,6507 0,00 0,00

7 0,9610 -4,7593 0,00 0,00

8 0,9486 -18,6333 0,00 0,00

9 0,9714 -32,2344 0,00 0,00

10 0,9835 -23,8197 0,00 0,00

11 1,0083 -13,5109 0,00 0,00

Comparando os resultados da Tabela 4.5 (ANAREDE) com a Tabela 3.5

(MATLAB), observa-se que o ponto de operação obtido no fluxo de potência

desenvolvido é validado pelos resultados do ANAREDE.

Seguindo os mesmos passos após definir as condições de estado permanente é

possível simular o transitório eletromecânico decorrente de um distúrbio por meio do

ANATEM, maiores detalhes de como realizar essa simulação serão apresentados

posteriormente neste trabalho, neste tópico o objetivo é apenas validar os resultados

obtidos.

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87

Figura 4.19 - Ângulo entre máquinas e o gerador G1.

Figura 4.20 - Ângulo entre máquinas e o gerador G2.

Figura 4.21 - Ângulo entre máquinas e o gerador G3.

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88

Figura 4.22 - Ângulo entre máquinas e o gerador G4.

Observando a sequencia de gráficos e comparando-os, visualmente, com os

obtidos na simulação realizada no MATLAB é possível concluir que os

comportamentos são bem próximos, portanto, com o intuito de validar os resultados da

simulação em MATLAB é realizada uma comparação com o resultado do ANATEM

construindo uma tabela com o máximo erro entre os ângulos de potência dos geradores.

As duas simulações o problema de estabilidade é resolvido aplicando o mesmo passo de

integração permitindo a comparação ponto a ponto para a equação:

(4.43)

Onde:

= valo angular obtido no MATLAB para o ponto i;

= valor angular obtido no ANATEM para o ponto i.

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Tabela 4.6 - Tabela de erro para a frequência.

Ângulo entre: Maximo Erro [°]

G2 - G1 0,0059

G3 - G1 0,0257

G4 - G1 0,0256

G1 - G2 0,0059

G3 - G2 0,0207

G4 - G2 0,0202

G1 - G3 0,0257

G2 - G3 0,0207

G4 - G3 0,0024

G1 - G4 0,0256

G2 - G4 0,0202

G3 - G4 0,0024

Observando a Tabela 4.6 conclui-se que os resultados obtidos por meio do

MATLAB podem ser considerados como válidos, já que a escala de erros observados

são relativamente baixos. Com a validação da parte conceitual é possível prosseguir nas

análises adotando para tal, exclusivamente, às ferramentas utilizadas pelo setor elétrico

e incluindo os equipamentos que afetam a estabilidade, permitindo analisar mais

detalhadamente o comportamento dinâmico do sistema perante um distúrbio.

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90

5. MODELOS AVANÇADOS PARA AVALIAÇÃO DA

ESTABILIDADE EM SISTEMAS DE POTÊNCIA

Neste capítulo serão apresentados alguns modelos e características de elementos

presentes nos sistemas de potência que apresentam papel fundamental na avaliação de

estabilidade. Inicialmente serão apresentados alguns pontos referentes aos sistemas de

excitação e controladores associados, depois será apresentado os reguladores de

velocidade que são os equipamentos diretamente relacionados à regulação da frequência

tanto dos geradores como do sistema como um todo e por fim, será brevemente

discutido a importância da modelagem de carga quando se deseja avaliar a estabilidade

de sistemas de potência.

5.1. Sistemas de excitação e reguladores de tensão

A principal finalidade dos sistemas de excitação é produzir o campo principal

dos geradores das máquinas síncrona. Além disso, realizam as funções de controle e de

proteção essenciais para o desempenho satisfatório do sistema de alimentação através

do controle da tensão de campo e, consequentemente, da corrente de campo. Uma

representação genérica para os sistemas de excitação está presente na Figura 5.1. Neste

esquema a excitatriz tem a função de gerar a tensão para alimentar o campo da máquina.

Sabe-se que existe uma grande variedade de excitatrizes e em cada tipo é aplicado um

diferente tido de fonte de alimentação. O controle da geração de tensão pela excitatriz é

realizado pelo controlador de tensão que basicamente faz a comparação entre a tensão

de referência e a medida nos terminais do gerador. Dessa forma, caso a tensão medida

seja inferior à de referência o controlador envia sinais de controle a excitatriz para que a

corrente de campo seja aumentada, e caso a tensão medida seja superior à de referência

o controlador envia sinais de forma que a corrente fornecida pela excitatriz ao campo

reduza (KUNDUR, 1994).

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91

A malha formada pela excitatriz, gerador e controlador de tensão forma a malha

básica para a regulação de tensão. No entanto, para que o desempenho dinâmico dos

reguladores de tensão seja mais adequado, adicionalmente são consideradas algumas

malhas auxiliares formadas por equipamentos de proteção e estabilizadores de potência

(PSS – Power System Stabilizers). O PSS auxilia no amortecimento das oscilações de

um sistema de potência e tem como sinais de entrada a velocidade angular do rotor, a

frequência do sistema e potência ativa despachada na máquina. Já os equipamentos de

proteção visam manter as condições operativas do sistema dentro de limites aceitáveis e

estabelecidos pelos fabricantes (KUNDUR, 1994).

Figura 5.1 - Esquema genérico do sistema de excitação de um gerador síncrono.

.

Como é possível observar os sistemas de excitação tem grande importância na

estabilidade dos sistemas de potência, pelo fato do nível de tensão ter influência direta

no comportamento do sistema como um todo. Por isso, a velocidade de resposta do

sistema de excitação quando da ocorrência de variações de tensão afeta diretamente a

estabilidade de um sistema. Desta forma é essencial conhecer os principais tipos de

sistemas de excitação. Em geral, os sistemas de excitação podem ser classificados como

rotativo (excitatriz rotativa CA ou CC) ou estático (tiristores estáticos controlados)

(IEEE POWER ENGINEERING SOCIETY, 2006).

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92

Rotativa CC: utilizam gerador de corrente contínua como fonte de

alimentação do sistema de excitação.

Rotativa CA: utilizam gerador de corrente alternada com retificadores

estacionários ou rotativos como fonte de alimentação para o campo da

máquina síncrona.

Estática: a alimentação do sistema de excitação é realizada por meio de

transformadores ou enrolamentos auxiliares dos geradores por meio de

retificadores.

Como mencionado anteriormente há diversos modelos de sistemas de excitação que

podem ser utilizados em análises de estabilidade transitória, e estes são comummente

padronizados pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) de acordo com

(IEEE POWER ENGINEERING SOCIETY, 2006).

5.2. Reguladores de velocidade

Sabe-se que para a operação satisfatória de um sistema de potência a frequência

deve permanecer num patamar quase constante. No entanto qualquer variação súbita de

carga pode resultar em variação de frequência. Esta variação deve-se ao fato da forte

dependência da frequência com o balanço de potência ativa, ou seja, da relação entre a

potência mecânica fornecida pelas turbinas e a potência das cargas (KUNDUR, 1994).

Neste contexto de auxiliar o balanço de potência do sistema é que os reguladores

de velocidade são úteis, pois, como o próprio nome já diz, estes equipamentos têm a

função de regular a velocidade da máquina, resultado na regulação da frequência da

própria máquina e do próprio sistema. A presença destes dispositivos é extremamente

essencial para a avaliação da estabilidade angular e principalmente da frequência, por

terem forte influência sobre o conjugado mecânico, que afeta a potência ativa gerada e

as aberturas angulares entre rotores (MENDES, 2001).

A seguir é apresentado um esquema de um sistema com um regulador de velocidade

que exemplifica o funcionamento de tal equipamento de maneira simplificada.

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93

G

vapor ou água

Turbina

Regulador

Válvula

velocidade

gerador

Pm Pe

Carga

PL

Tm = torque mecânico Te = torque elétrico

Pm = potência mecânica Pe = potência elétrica PL = carga

Te

Tm

Figura 5.2 - Sistema gerador - regulador de velocidade. (KUNDUR, 1994)

Basicamente, o regulador de velocidade monitora a variação de velocidade no

gerador que está diretamente ligada a uma diferença entre a potência mecânica e

potência elétrica. Para manter este equilíbrio entre potência mecânica e elétrica nos

geradores, os controladores de velocidade atuam de forma a alterar a vazão de

combustível (turbinas térmicas) ou de água (turbinas hidráulicas) para alterar a potência

mecânica fornecida a turbina. O intuito desta lógica de controle é igualar a potência

elétrica à mecânica o mais rápido possível e assim manter a velocidade do gerador

próximo ao valor nominal.

Existem diversos tipos de reguladores que variam em termos de características

construtivas e de funcionamento. No entanto, de maneira simplificada todos eles podem

ser representados por dois modelos básicos (MENDES, 2001):

Regulador Isócrono;

Regulador com queda de velocidade;

5.2.1. Regulador Isócrono

Os reguladores isócronos são os reguladores que mantém a mesma velocidade

para qualquer carga (respeitando os limites operativos). Este tipo de regulador não é

adequado para operação interligada por apresentar sérios inconvenientes operacionais.

Contudo, podem ser aplicados sem apresentar maiores problemas em sistemas isolados

(MENDES, 2001).

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94

Na Figura 5.3 é apresentada a resposta de uma unidade geradora com regulador

isócrono quando sujeito a um acréscimo de carga. O acréscimo de carga ( ) resulta

no decaimento da frequência do rotor numa taxa influenciada pela inércia da máquina.

Na medida em que a velocidade cai, a potência mecânica da turbina ( ) começa a

aumentar, devido à atuação do regulador de velocidade. Com isso a taxa de decaimento

da velocidade é reduzida e quando a potência da turbina excede a potência de carga a

velocidade começa a aumentar. Ao final do processo a velocidade retorna ao valor de

estado permanente, mas com acréscimo final de potência mecânica ( ) igual ao

incremento de potência de carga ( ) (KUNDUR, 1994).

Figura 5.3 - Resposta da unidade geradora com regulador isócrono (KUNDUR, 1994).

5.2.2. Regulador com queda de velocidade

O uso de reguladores isócronos não é aconselhável para quando há duas ou mais

unidades geradoras interligadas pelo fato de todas as unidades interligadas terem que

apresentar as mesmas características de velocidade. Caso contrário haveria um conflito

pelos controladores de velocidade das diversas unidades geradoras (KUNDUR, 1994).

Portanto, para sistemas com unidades geradoras interligadas é necessário utilizar

reguladores com a característica de reduzir a velocidade com o aumento da carga, e

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95

como resposta para essa condição, a unidade apresenta o comportamento apresentado na

Figura 5.4 com a redução da velocidade em (KUNDUR, 1994).

Figura 5.4 - Resposta da unidade geradora com regulador com queda de velocidade

(KUNDUR, 1994).

Essa característica de redução de velocidade com o aumento da carga é

numericamente definida por um dos parâmetros do regulador que recebe o nome de

estatismo. Esse parâmetro representa a variação de frequência, em estado permanente,

desde a condição em vazio até plena carga, ou seja, representa o percentual da variação

da velocidade para uma variação de 100% de carga (KUNDUR, 1994).

Esta característica é constatada observando a Figura 5.5, que representa o

comportamento da velocidade em regime para as condições de carga.

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96

0

f= ω

P

ωNL

ω0=f0

ωFL

1,0Potência Gerada [pu]

Fre

quê

ncia

ou

velo

cida

de [

pu]

Figura 5.5 - Característica de velocidade em estado permanente de unidade com regulador

com queda de velocidade (KUNDUR, 1994).

Observando a figura tem-se que o estatismo representa a variação percentual de

frequência em relação à variação percentual da potência gerada, portanto, é dado por:

(5.1)

Onde:

= estatismo dado em %.

Por exemplo, no sistema brasileiro o estatismo é de 5%, ou seja, qualquer

máquina no sistema brasileiro que participa do controle de frequência pode desviar da

frequência nominal em no máximo 3 Hz, mesmo para uma variação da operação em

vazio a plena carga.

5.3. Impactos da modelagem de cargas na estabilidade de

frequência

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97

As características das cargas existentes em um sistema elétrico de potência tem

grande influência em sua estabilidade, por esse motivo faz-se necessários adotar

modelos que representem adequadamente o comportamento dos diversos tipos de

cargas. No entanto, adotar um modelo adequado para representar as diferentes cargas no

sistema se torna uma tarefa árdua devido à falta de informações precisas e as incertezas

envolvidas no comportamento das cargas.

No caso deste trabalho, serão adotados dois modelos para as cargas.

Primeiramente será analisado o comportamento para o modelo da carga através de

potência constante, e posteriormente será feita a substituição de uma parcela da carga de

potência constante por uma representação por meio de motores de indução, ou seja, é

realizada uma equivalência entre as representações obtendo o mesmo ponto de operação

inicial.

Este procedimento é realizado com o objetivo de analisar o comportamento e a

influência da característica da carga sobre a estabilidade de frequência do sistema,

principalmente por que os motores de indução são equipamentos que sofrem influência

com a variação de frequência. Os resultados dessas análises serão apresentados com

maiores detalhes no Capítulo 7 deste trabalho, no qual serão apresentados os sistemas

exemplos e os resultados das simulações no domínio do tempo realizadas no programa

ANATEM.

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98

6. FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

Neste tópico serão brevemente apresentadas as principais ferramentas

computacionais utilizadas no Setor Elétrico Brasileiro para análise de transitórios

eletromecânicos bem como as ferramentas auxiliares necessárias para esta análise.

6.1. ANAREDE - Análise de Redes Elétricas

O programa de Análise de Redes - ANAREDE compila um conjunto de

aplicações computacionais desenvolvidas pelo CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia

Elétrica). De acordo com o Submódulo 18.2 (Relação dos sistemas e modelos

computacionais) dos Procedimentos de Rede definidos pela ONS (Operador Nacional

do Sistema Elétrico), o ANAREDE é um sistema para análise de regime permanente de

sistemas elétricos de potência aplicados tanto para o planejamento quanto para a

operação em tempo-real, em especial, o Sistema Interligado Nacional (SIN).

O modelo ANAREDE é constituído por dez programas computacionais

desenvolvidos para realização de estudos em regime permanente:

a) Programa de fluxo de potência;

b) Programa de análise de contingências;

c) Programa de análise de sensibilidade de tensão;

d) Programa de análise de sensibilidade de fluxo;

e) Programa de segurança de tensão;

f) Programa para cálculo de equivalente de rede;

g) Programa para estudos de recomposição de sistemas;

h) Programa de solução de curva de carga;

i) Programa para a determinação automática das redes complementares e de

simulação, de acordo com o estabelecido no Submódulo 23.2;

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99

j) Programa de análise de conflito de controles.

Dentro dos diversos programas disponíveis, destaca-se que a aplicação da

ferramenta de fluxo de potência, utilizado com o intuito de determinar as condições de

estado permanente, que definem as condições iniciais para a análise de estabilidade

eletromecânica.

6.2. ANATEM - Análise de Transitórios Eletromecânicos

O programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos (ANATEM) também é

uma aplicação computacional de propriedade do CEPEL. De acordo com o Submódulo

18.2 dos Procedimentos de Rede do ONS, o ANATEM é um modelo de simulação de

transitórios eletromecânicos no domínio do tempo utilizado para a realização de estudos

e análise de estabilidade eletromecânica, orientado para a operação e planejamento de

sistemas elétricos de potência. Nos modelos os transitórios eletromagnéticos da rede

elétrica são considerados instantâneos, razão pela qual a rede de corrente alternada é

representada de forma fasorial por sua matriz de admitância nodal à frequência de

regime permanente. O programa possui modelos para os diversos componentes do

sistema elétrico, tais como:

a) Máquinas síncronas;

b) Máquinas de indução;

c) Elos de corrente contínua;

d) Compensadores estáticos de potência reativa;

e) Compensadores série controláveis;

f) Relés;

g) Controles automáticos de geração;

h) Controles coordenados de tensão

i) Controles de tap;

j) Geradores eólicos;

k) Conversores FACT com conversores VSC;

l) Sistemas de controle.

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100

Alguns modelos são predefinidos, porém o programa possui também o recurso

de inclusão de Controladores Definidos pelo Usuário (CDU), que são mais utilizados

devido à sua flexibilidade e por permitirem uma representação detalhada dos

equipamentos do sistema elétrico e de seus controles. Os principais resultados do

programa são os valores das variáveis de simulação ao longo do tempo que podem ser

visualizadas graficamente no programa PlotCepel de pós-processamento, permitindo a

avaliação do desempenho dinâmico do sistema elétrico.

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101

7. ESTUDOS DE CASO

Nos capítulos anteriores foram apresentados detalhes de importantes

componentes que afetam o desempenho dinâmico dos sistemas de potência, além das

principais ferramentas utilizadas pelo Setor Elétrico Brasileiro. Agora, neste capítulo

serão apresentados os sistemas testes avaliados e os resultados do seu desempenho

dinâmico quando da ocorrência de distúrbios resultando no ilhamento de algumas áreas.

O primeiro sistema estudado é o mesmo do Capítulo 3, Sistema Kundur, e para

análise serão considerados os componentes como reguladores de velocidade e tensão e

serão adotados dois cenários de operação, um com característica de potência constante e

outro com parte da carga substituída por motores de indução (MIT).

O segundo sistema analisado é conhecido na literatura como o Sistema New

England ou IEEE 39 barras, nele será aplicado uma perturbação em determinada região

ocasionando o ilhamento de um conjunto de geradores e cargas.

Por fim, tendo uma base consolidada que dê condições de realizar uma análise

de operação ilhada mais criteriosa são realizados estudos envolvendo a operação de um

sistema real do SIN. O sistema engloba a Refinaria Duque de Caxias (REDUC) e a

Termoelétrica Governador Leonel Brizola (UTE GLB) que devido um distúrbio no SIN

passam a operar isoladamente.

Maiores detalhes dos três estudos de caso, como resultados de fluxos de potência

e comportamento dinâmico serão apresentados ao longo das análises.

7.1. Sistema Kundur

Na Figura 7.1 é apresentado o diagrama unifilar do sistema Kundur, por meio do

qual é possível observar que este é dividido basicamente em duas áreas. O Sistema

Kundur é formado por 11 barras e 4 geradores, os parâmetros da rede foram

apresentados no capitulo referente ao estudo de fluxo de potência e encontram-se na

Tabela 3.4.

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102

G1 1 5 6 7 8 9 10 11 3

2 4

G3

G4G2

L9

C9C7

L7

Figura 7.1 - Diagrama unifilar do sistema Kundur.

As condições de contorno do primeiro cenário de operação são próximas ao

adotado para o estudo de estabilidade clássica do Capítulo 3, diferindo apenas com

relação às cargas presentes no sistema. Inicialmente eram consumidos 100 Mvar tanto

pela carga presente na barra 7 (L7) quanto na barra 9 (L9), que para a presente análise

foram modificadas para 240 Mvar e 240,8 Mvar nas barras 7 e 9, respectivamente,

como mostrado na Tabela 7.2.

Já para o segundo cenário as condições de tensão e geração são mantidas, porém

parte da carga de potência constante das barras 7 e 9 é substituída por motores de

indução de forma a manter o mesmo ponto de operação. Os parâmetros dos motores de

indução adotados estão apresentados na Tabela 7.1.

Tabela 7.1 - Parâmetros motores de indução.

Barra Unidades

7 1100 0,6 9,0 320,0 1,0 7,0 800

9 1600 0,6 9,0 320,0 1,0 7,0 800

Onde:

= Resistência do estator de uma unidade do grupo de motores, em % na base

da potência mecânica nominal da unidade.

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103

= Reatância do estator de uma unidade do grupo de motores, em % na base

da potência mecânica nominal da unidade.

= Reatância de magnetização de uma unidade do grupo de motores, em % na

base da potência mecânica nominal da unidade.

= Resistência do rotor de uma unidade do grupo de motores, em % na base

da potência mecânica nominal da unidade.

= Reatância do rotor de uma unidade do grupo de motores, em % na base da

potência mecânica nominal da unidade.

= Potência mecânica nominal de uma unidade do grupo de motores, em

HP.

Adotando as condições dadas é obtido como resultado para o fluxo de potência

os valores presentes na Tabela 7.2 e Tabela 7.3, respectivamente para o 1º e 2º Cenário.

Tabela 7.2 - Resultado fluxo de potência - 1º cenário Kundur.

Número

da barra

Magnitude

da tensão

[p.u.]

Fase da

tensão [°]

Geração

ativa [MW]

Geração

reativa

[Mvar]

Carga

ativa

[MW]

Carga

reativa

[Mvar]

1 1,030 20,20 614,1 233,9 0,0 0,0

2 1,010 12,18 700,0 300,9 0,0 0,0

3 1,030 -1,22 719,0 243,3 0,0 0,0

4 1,010 -11,76 700,0 251,3 0,0 0,0

5 0,997 14,48 0,0 0,0 0,0 0,0

6 0,967 5,32 0,0 0,0 0,0 0,0

7 0,949 -2,91 0,0 0,0 967,1 240,0

8 0,947 -15,18 0,0 0,0 0,0 0,0

9 0,968 -27,21 0,0 0,0 1766,0 240,8

10 0,975 -18,56 0,0 0,0 0,0 0,0

11 0,997 -7,91 0,0 0,0 0,0 0,0

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104

Tabela 7.3 - Resultado fluxo de potência - 2º cenário Kundur.

Número

da barra

Magnitude

da tensão

[p.u.]

Fase da

tensão [°]

Geração

ativa[MW]

Geração

reativa

[Mvar]

Carga

ativa

[MW]

Carga

reativa

[Mvar]

1 1,030 20,20 614,2 233,9 0,0 0,0

2 1,010 12,18 700,0 300,9 0,0 0,0

3 1,030 -1,22 719,0 243,2 0,0 0,0

4 1,010 -11,76 700,0 251,1 0,0 0,0

5 0,997 14,48 0,0 0,0 0,0 0,0

6 0,967 5,32 0,0 0,0 0,0 0,0

7 0,949 -2,91 0,0 0,0 297,1 -68,2

8 0,947 -15,18 0,0 0,0 0,0 0,0

9 0,968 -27,21 0,0 0,0 792,2 -210,0

10 0,975 -18,56 0,0 0,0 0,0 0,0

11 0,998 -7,92 0,0 0,0 0,0 0,0

Tabela 7.4 - Potência dos motores de indução - Kundur.

Número da

barra

Magnitude da

tensão na barra

[p.u.]

Ângulo da fase

da tensão [°]

Potência ativa

Motores de

Indução [MW]

Potência reativa

Motores de

Indução [Mvar]

7 0,949 -2,91 770,0 308,3

9 0,968 -27,21 973,8 450,7

Observando os resultados do fluxo de potência da Tabela 7.2 e Tabela 7.3

contata-se, que o ponto de operação obtido é praticamente o mesmo para os dois

cenários.

Definido o ponto de operação, torna-se possível aplicar distúrbios ao sistema e

analisar o comportamento dinâmico das tensões nodais, frequência dos geradores, entre

outras grandezas, verificando se a operação ilhada imposta atende aos requisitos

mínimos para a manutenção de tal operação.

Para a análise do comportamento dinâmico, o distúrbio aplicado em ambos os

cenários é um curto-circuito trifásico na barra 8, seguido da eliminação da falta através

da abertura das duas linhas entre as barras 8 e 7 pelo sistema de proteção após 100 ms.

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105

Como consequência, formam-se duas áreas eletricamente isoladas como observado no

diagrama unifilar da Figura 7.2.

9 10 11 3

4

G3

G4

L9

C9

Área 2

G1 1 5 6 7

2

G2

C7

L7

Área 1

8

Figura 7.2 - Sistema Kundur com duas áreas eletricamente isoladas.

Para o Sistema Kundur os controles associados (reguladores de tensão,

estabilizadores de potência e reguladores de velocidade) aos geradores foram todos

definidos utilizando modelos pré-definidos do próprio ANATEM.

REGULADOR DE VELOCIDADE

O modelo adotado para o regulador de velocidade associado a todos os

geradores é um pré-definido internamente no ANATEM e tem o seu diagrama de blocos

representado na Figura 7.3.

Figura 7.3 - Diagrama de blocos referente o regulador de velocidade - modelo 02 pré-

definido do ANATEM.

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106

Tabela 7.5 - Parâmetros do regulador de velocidade

R T T1 T2 Dturb

0,05 0,4 1,0 1,0 0

Onde:

R = Estatismo permanente, em p.u.

T = Constante de tempo do regulador, em s.

T1 = Constante de tempo, em s.

T2 = Constante de tempo de reaquecimento, em s.

Dturb = Fator de amortecimento da turbina, em p.u.

REGULADOR DE TENSÃO:

Para o regulador de tensão para todos os geradores são idênticos e é adotado um

modelo pré-definido do ANATEM.

Figura 7.4 - Diagrama de blocos referente o regulador de tensão - modelo 02 pré-definido

do ANATEM.

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107

Tabela 7.6 - Parâmetros do regulador de tensão

K T T1 T2 Rc/Rf

200 0,01 1,0 10,0 0

Onde:

K = Ganho do sistema de excitação, em p.u./p.u.

T = Constante de tempo efetiva na ação de regulação de tensão, em s.

T1 = Constante de tempo de avanço do compensador de fase do regulador de

tensão, em s.

T2 = Constante de tempo de atraso do compensador de fase do regulador de

tensão, em s.

Rc/Rf = Relação entre a resistência de descarga do circuito de campo para tensão

inversa e a resistência normal do enrolamento para sistemas de excitação sem

capacidade de corrente negativa. Sendo zero se existir capacidade para corrente

negativa.

ESTABILIZADOR:

Apenas os geradores G1 e G3 possuíam estabilizador associados. O modelo

adotado também já encontrava-se pré-definido e está representado pelo diagrama de

blocos da

Figura 7.5 - Diagrama de blocos referente o estabilizador aplicado ao regulador de tensão

- modelo 01 pré-definido do ANATEM

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Tabela 7.7 - Parâmetros do estabilizador.

K T T1 T2 T3 T4

200 10,0 0,05 0,02 3,0 5,4

7.1.1. Resultados

A seguir são apresentados os resultados da simulação do distúrbio aplicado nos

dois cenários.

Figura 7.6 - Frequência dos geradores da área 1 para os dois cenários.

Figura 7.7 - Frequência dos geradores da área 2 para os dois cenários.

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109

Figura 7.8 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 1 - 1º cenário.

Figura 7.9 - Potência acelerante das unidades geradoras da área 1 - 1º cenário.

Figura 7.10 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 1 - 2º cenário.

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110

Figura 7.11 - Potência acelerante das unidades geradoras da área 1 - 2º cenário.

Figura 7.12 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 2 - 1º cenário.

Figura 7.13 - Potência acelerante das unidades geradoras da área 2 - 1º cenário.

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111

Figura 7.14 - Potência elétrica ativa e mecânica dos geradores da área 2 - 2º cenário.

Figura 7.15 - Potência acelerante para unidades geradoras da área 2 - 2º cenário.

Figura 7.16 - Ângulo entre as máquinas da área 1 e o gerador G1 para os dois cenários.

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112

Figura 7.17 - Ângulo entre as máquinas da área 2 e o gerador G3 para os dois cenários.

Figura 7.18 - Tensão das unidade geradoras - 20kV - 1º cenário.

Figura 7.19 - Tensão das unidade geradoras - 20kV - 2º cenário.

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113

Figura 7.20 - Tensão das barras de carga - 1º cenário.

Figura 7.21 - Tensão das barras de carga - 2º cenário.

7.1.2. Discussão de Resultados

Ao analisar os resultados gráficos para os dois cenários de operação,

principalmente os da Figura 7.6 e Figura 7.7, observa-se que a composição da carga,

puramente potência constante ou uma composição de potência constante com motores

de indução, pouco afetou os resultados, tanto no período durante como no período pós

distúrbio. É constatado que o comportamento de frequência, geração e tensão foram

similares em ambos os cenários. Portanto, para as condições dadas a caracterização

atribuída à carga pouco afetou o comportamento geral do sistema.

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114

No entanto, vale resaltar, que quanto melhor forem caracterizadas as cargas,

mais próximo da realidade serão os comportamentos da frequência, da geração e da

tensão. Por isso, apesar de não ter sido observado grande influência dos diferentes tipos

de carga sobre o comportamento do Sistema Kundur, a tentativa de observar esta

dinâmica é válida e devem ser sempre levadas em consideração nos estudos de

estabilidade.

Inicialmente, por meio do fluxo de potência, é verificada uma exportação de

aproximadamente 400 MW da área 1 para a 2, ou seja, há um excedente de geração na 1

e déficit na área 2. Consequentemente, no caso da separação das áreas espera-se que a

frequência da área 1 sofra um aumento, enquanto a frequência da área 2 apresente uma

redução. Este comportamento pode ser comprovado observando os resultados gráficos

da Figura 7.6 e Figura 7.7. No entanto, em nenhum dos cenários a frequência dos

geradores encontrou-se fora da faixa de 59,5 a 60,5 Hz.

Além da análise de déficit e excedente de geração realizada anteriormente, o

comportamento da frequência pode ser comprovado analisando os gráficos que

relacionam a potência elétrica ativa versus a potência mecânica representados na Figura

7.8, Figura 7.10, Figura 7.12 e Figura 7.14, para os geradores G1, G2, G3 e G4,

respectivamente. Outros gráficos que podem ser analisados para entender o

comportamento da frequência são referentes a potência acelerante, Figura 7.9, Figura

7.11, Figura 7.13 e Figura 7.15. Quando o somatório da potência acelerante resulta

numa energia numericamente positiva a máquina tende a acelerar e quando ocorre o

inverso a máquina tender a desacelerar.

Outra observação realizada refere-se à tensão terminal tanto das barras de

geração quanto das barras de carga. Em nenhum dos cenários a tensão apresentou

resultados críticos que impossibilitassem a manutenção da operação do sistema, já que,

de maneira geral a tensão se manteve dentro de limites aceitáveis.

Por fim, como é uma operação ilhada, o comportamento do ângulo de carga de

cada gerador é comparado apenas com os outros geradores presentes na própria área.

Dessa forma compara-se os ângulos de G1 com G2 e G3 com G4 resultando,

respectivamente, nos gráficos da Figura 7.16 e Figura 7.17. Observando-os conclui-se

que os ângulos entre as máquinas são relativamente estáveis.

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115

Finalmente, analisando o comportamento do sistema quanto à frequência,

geração e tensão verifica-se que mesmo após o distúrbio e o ilhamento este sistema

apresentou um bom condicionamento dando condições para a manutenção da operação

ilhada, já que o sistema de maneira geral atende as condições mínimas impostas pelos

procedimentos de rede do ONS para a manutenção da qualidade de energia.

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116

7.2. Sistema New England

O segundo estudo de caso é composto por 39 barras e 9 geradores, porém nas

análises realizadas foi incluído um gerador extra na barra 39 com um comportamento

próximo à uma barra infinita, e o seu diagrama unifilar esquemático está representado

na Figura 7.22.

07

31

24

10

16

17

26

27

29

28

11

34

14

13

12

32

20

19

1523

21

18

35

22

08

04

05 09

25

37

39

02

0103

30

06

38

33

36

Figura 7.22 - Diagrama unifilar do sistema New England.

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117

A análise se dará por meio do ilhamento de um conjunto de geradores e cargas

pela a ação da proteção em decorrência da eliminação de um curto circuito próximo a

barra 16 na linha entre a própria barra e a barra 19 com a abertura total da linha. Como

resultado disso é formado o sistema ilhado apresentado na Figura 7.23 abaixo.

3420

33

MI

19

Figura 7.23 - Sistema ilhado - New England.

Como pode ser observado o sistema ilhado é composto por dois geradores, e a

carga, localizada na barra 20, tem uma parcela modelada como potência constante e a

outra como motores de indução que apresentam os mesmo parâmetros dos utilizados

como modelo de carga do Sistema Kundur.

As condições iniciais de operação em regime foram definidas por meio do fluxo

de potência e estão apresentadas na Tabela 7.8 (Potência ativa e reativa referente aos

motores de indução conectados a barra 20) e Tabela 7.9 (Resultado do fluxo de potência

para todo o sistema New England).

Tabela 7.8 - Potência dos motores de indução - New England.

Número da

barra

Magnitude da

tensão na barra

[p.u.]

Ângulo da fase

da tensão [°]

Potência ativa

Motores de

Indução [MW]

Potência reativa

Motores de

Indução [Mvar]

20 0,975 24,72 340,9 157,5

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Tabela 7.9 - Resultado fluxo de potência - New England

Número

da barra

Magnitude

da tensão

[p.u.]

Fase da

tensão [°]

Geração

ativa [MW]

Geração

reativa

[Mvar]

Carga

ativa

[MW]

Carga

reativa

[Mvar]

1 1,038 -18,72 0,0 0,0 0,0 0,0

2 1,030 -7,46 0,0 0,0 0,0 0,0

3 1,000 -7,30 0,0 0,0 322,0 2,4

4 0,983 -9,84 0,0 0,0 500,0 184,0

5 0,994 -11,26 0,0 0,0 0,0 0,0

6 0,998 -10,78 0,0 0,0 0,0 0,0

7 0,986 -13,74 0,0 0,0 233,8 84,0

8 0,985 -14,61 0,0 0,0 522,0 176,0

9 1,030 -21,17 0,0 0,0 0,0 0,0

10 1,016 -6,65 0,0 0,0 0,0 0,0

11 1,008 -8,01 0,0 0,0 0,0 0,0

12 0,994 -7,36 0,0 0,0 8,5 88,0

13 1,007 -6,58 0,0 0,0 0,0 0,0

14 0,989 -6,23 0,0 0,0 0,0 0,0

15 0,967 0,75 0,0 0,0 320,0 153,0

16 0,980 5,56 0,0 0,0 329,4 32,3

17 0,986 0,32 0,0 0,0 0,0 0,0

18 0,988 -3,07 0,0 0,0 158,0 30,0

19 1,019 20,52 0,0 0,0 0,0 0,0

20 0,975 24,72 0,0 0,0 0,0 -107,0

21 0,986 10,42 0,0 0,0 274,0 115,0

22 1,018 17,43 0,0 0,0 0,0 0,0

23 1,007 17,68 0,0 0,0 247,5 84,6

24 0,986 6,40 0,0 0,0 308,6 -92,2

25 1,039 -5,91 0,0 0,0 224,0 47,2

26 1,027 -2,60 0,0 0,0 139,0 17,0

27 1,002 -2,52 0,0 0,0 281,0 75,5

28 1,037 0,98 0,0 0,0 206,0 27,6

29 1,041 3,78 0,0 0,0 283,5 26,9

30 1,048 -5,00 250,0 254,7 0,0 0,0

31 0,982 -6,23 300,0 210,5 9,2 4,6

32 1,030 0,00 566,7 446,9 0,0 0,0

33 0,997 27,68 850,0 321,6 0,0 0,0

34 1,012 33,57 850,0 279,0 0,0 0,0

35 1,049 24,13 850,0 459,4 0,0 0,0

36 1,040 30,39 850,0 206,6 0,0 0,0

37 1,028 -2,13 300,0 -1,8 0,0 0,0

38 1,027 10,87 830,0 81,3 0,0 0,0

39 1,049 -25,31 300,0 341,5 1104,0 250,0

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119

Tendo definida as condições iniciais para a análise dos transitórios

eletromecânicos é aplicado ao sistema o curto circuito trifásico franco na barra 19 com

duração de 100 ms, definido como sendo o tempo médio necessário para atuação da

proteção.

O modelo de máquina adotado para os geradores são todos de polos salientes e

os seus parâmetros estão definidos na Tabela 7.10.

Tabela 7.10 - Parâmetros dos geradores de polos salientes.

0030 15,91 10,98 4,933 3,183 1,989 10,20 0,03 0,04 0,140 4,200 0,0

0031 46,95 44,88 11,09 3,183 5,570 6,560 0,03 0,04 2,700 3,030 0,0

0032 39,70 37,71 8,451 3,183 4,838 5,700 0,03 0,04 0,386 3,580 0,0

0033 41,69 41,06 6,939 3,183 4,695 5,690 0,03 0,04 0,222 2,860 0,0

0034 106,6 98,67 21,00 3,183 8,594 5,400 0,03 0,04 0,140 2,600 0,0

0035 40,42 38,35 7,957 3,183 3,565 7,300 0,03 0,04 6,150 3,480 0,0

0036 46,95 46,47 7,789 3,183 5,124 5,660 0,03 0,04 0,268 2,640 0,0

0037 46,15 44,56 9,071 3,183 4,456 6,700 0,03 0,04 0,686 2,430 0,0

0038 33,51 32,62 9,071 3,183 4,742 4,790 0,03 0,04 0,300 3,450 0,0

0039 3,183 3,023 0,954 0,318 0,477 7,000 0,03 0,04 0,100 50,00 0,0

Para este sistema não há nenhum estabilizador associado aos reguladores de

tensão, sendo que para estes é adotado um modelo pré-definido internamente no

ANATEM.

Figura 7.24 - Diagrama de blocos do regulador de tensão - modelo 01 pré-definido do

ANATEM

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120

Tabela 7.11 - Parâmetros reguladores de tensão.

0001 5,00 1,00 0,04 0,0 0,06 0,250 1,00

0002 6,20 1,00 0,057 0,0 0,05 0,410 0,50

0003 5,00 1,00 0,08 0,0 0,06 0,500 1,00

0004 5,00 1,00 0,08 0,0 0,06 0,500 1,00

0005 40,00 1,00 0,03 0,0 0,02 0,785 1,00

0006 5,00 1,00 0,075 0,0 0,02 0,471 1,24

0007 40,00 1,00 0,03 0,0 0,02 0,730 1,00

0008 5,00 1,00 0,084 0,0 0,02 0,528 1,26

0009 40,00 1,00 0,03 0,0 0,02 1,400 1,00

0010 5,00 1,00 0,08 0,0 0,06 0,500 1,00

Onde:

= Número de Identificação do modelo

= Ganho do regulador de tensão, em p.u./p.u.

= Parâmetro da excitatriz, adimensional.

= Ganho do circuito de realimentação derivativa, em s.

= Constante de tempo do transdutor de tensão, em s.

= Constante de tempo do regulador de tensão, em s.

= Constante de tempo da excitatriz, em s.

= Constante de tempo do circuito de realimentação derivativa, em s.

No entanto, para os reguladores de velocidade associados aos geradores não são

adotados modelos pré-definidos no ANATEM e sim definidos por meio de arquivos

CDU (Controladores Definidos pelo Usuário), por isso não serão apresentados neste

documento.

Os resultados para a análise do comportamento dinâmico da tensão, da potência

ativa gerada, potência mecânica e frequência do sistema isolado são apresentados a

seguir.

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121

7.2.1. Resultados

Figura 7.25 - Ângulo entre máquinas do sistema isolado -referência gerador da barra 33.

Figura 7.26 - Tensão terminal dos geradores.

Figura 7.27 - Potência elétrica ativa e mecânica - geradores do sistema ilhado.

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122

Figura 7.28 - Potência acelerante - geradores do sistema ilhado.

Figura 7.29 - Potência reativa - geradores do sistema ilhado.

Figura 7.30 - Frequência sistema ilhado.

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123

7.2.2. Discussão de Resultados

Diferentemente do Sistema Kundur, a frequência do sistema ilhado apresentou

um elevado crescimento se aproximando e em alguns momentos ultrapassando os

62 Hz, este comportamento deve-se a grande energia de aceleração durante o período

transitório conforme pode ser observado no gráfico da Figura 7.28. Esta potência

acelerante para este estudo de caso atingiu valores tão elevados (superior a 900 MW)

que podem resultar em grandes desgastes no eixo da máquina, por conta dos esforços

torcionais ao qual são submetidas. Devido a esses possíveis problemas, os

Procedimentos de Rede do ONS orientam que o ideal é a potência acelerante manter-se

abaixo de 50% da potência nominal da máquina.

Algo curioso a ser observado é o resultado da Figura 7.27, neste gráfico

constata-se que durante alguns momentos do período transitório a máquina da barra 33

operou consumindo potência, ou seja, funcionou como um motor. Isto pode ser uma

condição operativa inviável dependo da configuração do sistema de proteção adotado no

gerador.

Apesar de ter sido verificado uma inversão no fluxo de potência ativa em um dos

geradores, a potência mecânica em ambos os geradores da região durante todo o período

de simulação manteve-se positiva. Se fosse observada a inversão da potência mecânica

tal condição operativa poderia haver graves consequências ao sistema, primeiramente

poderiam ter gerado sérios danos tanto ao eixo do gerador quanto ao da máquina motriz,

principalmente se o sistema analisado fosse formado por plantas hidráulicas, porque a

inversão de potência seria uma condição impossível.

O perfil de tensão dos geradores pós-estabilização da frequência encontravam-se

dentro de uma faixa aceitável por volta de 1 p.u., e durante o período transitório tanto o

afundamento de tensão que durou apenas alguns centésimos de segundo (duração do

curto circuito) quanto a sobretensão não atingiram patamares críticos que pudesse

"atrapalhar" o funcionamento do gerador.

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124

7.3. Sistema UTE GLB/REDUC

O terceiro estudo de caso, como mencionado anteriormente, envolve a operação

ilhada do sistema formado pela REDUC e a UTE GLB.

Sabe-se que a UTE GLB é um Produtor Independente de Energia e está

conectada ao SIN por meio de duas linhas de transmissão de 138 kV que se estendem

desde a sua subestação até a subestação de São José. Além disso, a subestação da UTE

GLB conecta-se diretamente a subestação da REDUC. A conexão entre as diversas

subestações é representado pelo esquema da Figura 7.31 abaixo.

Refinaria Duque

de Caxias

UTE Governador

Leonel Brizola

G

MI

G

Sistema Interligado

Nacional -SIN

São José – 138kV

Figura 7.31 - Esquema representativo da conexão UTE GLB/REDUC ao SIN.

Observando o esquema, conclui-se que na ocorrência de algum distúrbio tanto

no sistema local quanto no SIN é possível haver a abertura de alguma das linhas de

conexão entre a SE São José e a SE UTE GLB, tal evento pode afetar o funcionamento

da refinaria resultando em cortes de carga. Sendo assim, para evitar estes cortes e

garantir maior continuidade do fornecimento de energia para a REDUC é possível

estabelecer uma condição de operação ilhada entre a termoelétrica e a refinaria,

permitindo que a UTE atenda os seus contratos e ainda forneça vapor para os processos

da REDUC.

Portanto, o objetivo da análise para esse estudo de caso é verificar as condições

de operação ilhada partindo de uma condição operativa pré-determinada com todo o

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125

sistema interligado ao SIN, e para determinar as condições de operação foi definido um

cenário no qual apenas uma turbina a gás da UTE GLB esteja sendo despachada com a

capacidade máxima, igual a 120 MW, de forma a fornecer tanto energia como vapor a

REDUC.

Não serão apresentados muitos detalhes referentes à rede interna da refinaria,

mas sabe-se que ela possui geração própria. Quanto à carga, esta é modelada em sua

grande parte como motores de indução e uma pequena parcela como motor síncrono.

Por fim, quanto ao modelo do SIN, para o cálculo do fluxo de potência foi utilizado um

modelo equivalente, devido à limitação da versão educacional disponível do Anarede

quanto ao número de barras.

Por estar sendo utilizado um modelo equivalente para o SIN, o distúrbio

aplicado será a abertura intempestiva das linhas de transmissão entre a SE UTE GLB e a

SE São José sem a prévia aplicação de um curto circuito, já que para uma análise

consistente dos resultados quando da aplicação deste evento é necessário ter todos os

componentes modelados a fim de que seja considerada todas as contribuições ao curto

tanto da rede interna (UTE GLB/REDUC) quanto da rede externa (SIN).

Basicamente, no fluxo de potência é obtida uma exportação razoável de energia

da UTE GLB ao Sistema Interligado (83,3 MW de 120 MW), mesmo que para este caso

apenas um gerador acionado por uma turbina a gás esteja sendo despachado em plena

capacidade, com isso conclui-se que a carga da refinaria atendida pela termoelétrica é

relativamente inferior à capacidade de geração.

No intuito de avaliar uma opção computacional disponível no Anatem, decidiu-

se ativar a função FREQ. Esta função durante a simulação da estabilidade faz com que

seja considerada a variação dos parâmetros dos componentes do sistema com a

frequência. Segundo o manual do programa, a frequência considerada nos cálculos é a

média das frequências dos geradores da ilha elétrica em que se encontra o elemento do

sistema, ponderada pelas inércias das máquinas geradoras. Quando houver ilhamento no

sistema elétrico ou perda de máquinas geradoras, a frequência média da ilha elétrica

pode sofrer descontinuidade, fato que deve ser considerado se esta frequência estiver

sendo analisada.

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126

Esta condição de variação dos parâmetros com a frequência torna a análise mais

próxima às condições reais de operação, tanto que se fossem utilizados programas com

capacidade de análise de transitórios eletromagnéticos os resultados obtidos se

aproximariam daqueles com a opção FREQ ativa.

Quantos aos controles associados aos geradores deste sistema foram todos

definidos via CDU e, portanto, não serão apresentados os seus parâmetros e modelos

neste documento.

7.3.1. Resultados

Como mencionado, para este estudo de caso são realizadas duas simulações uma

com a opção FREQ ativa e na outra com ela desligada, dando condições de avaliar a

influência da variação dos parâmetros com a frequência.

Figura 7.32 - Tensões UTE GLB e REDUC 138 kV.

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127

Figura 7.33 - Tensões UTE GLB e REDUC 138 kV - FREQ ativo.

Figura 7.34 - Tensões interna da REDUC – 13,8 kV.

Figura 7.35 - Tensões interna da REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo.

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128

Figura 7.36 - Potência elétrica ativa e mecânica da UTE GLB

Figura 7.37 - Potência ativa REDUC – 13,8 kV.

Figura 7.38 - Potência ativa REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo.

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129

Figura 7.39 - Potência reativa REDUC – 13,8 kV.

Figura 7.40 - Potência reativa REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo.

Figura 7.41 - Potência acelerante REDUC – 13,8 kV.

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130

Figura 7.42 - Potência acelerante REDUC – 13,8 kV - FREQ ativo.

Figura 7.43 - Ângulo entre as máquinas da UTE GLB e da REDUC.

Figura 7.44 - Ângulo entre as máquinas da UTE GLB e da REDUC - FREQ ativo.

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131

Figura 7.45 - Frequência da UTE GLB.

Figura 7.46 - Taxa de variação da frequência.

Figura 7.47 - Taxa de variação da frequência para os 5 s iniciais.

0 20 40 60 80 100 120-0.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Tempo[s]

Taxa d

e V

ariação d

a F

requência

FREQ "Desligado"

FREQ Ativo

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Tempo[s]

Taxa d

e V

ariação d

a F

requência

FREQ "Desligado"

FREQ Ativo

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132

7.3.2. Discussão de Resultados

A partir do gráfico da Figura 7.45 constata-se que para a condição de ilhamento

adotado, o sistema sofre com problemas de sobrefrequência, portanto os critérios de

estudo aplicáveis à análise referem-se às diretrizes definidas no Tópico 8.9 (Diretrizes e

critérios para estudos de alívio de geração por sobrefrequência) do Submódulo 23.3

(Diretrizes e critérios para estudos elétricos) dos Procedimentos de Rede do ONS.

É possível observar que para a simulação considerando os parâmetros variantes

com a frequência o valor máximo atingido por esta grandeza é menor que para com a

opção FREQ desativada (ver Tabela 7.12). No entanto, segundo os Procedimentos de

Rede, não há frequência máxima limite que possa ser alcançada logo após os distúrbios

desde que seja compatível com as características de carga e equipamentos presentes no

sistema.

Tabela 7.12 - Análise do comportamento da frequência.

Opção FREQ Frequência

Máxima (Hz)

Frequência após

20 s (Hz)

Tempo para

frequência de

60,5 Hz

Máxima Taxa de

Variação da

Frequência (Hz/s)

Ativo 63,6295 62,8538 84,4120 s 2,6106

Desligado 63,0262 62,4208 96,5380 s 2,4939

Outro ponto de destaque nos Procedimentos de Rede é referente a frequência de

estabilização, esta deve ser alcançada até os 20 s pós distúrbio e estar dentro da faixa de

59,5 a 60,5 Hz., contudo para este sistema em ambos os cenários estes critérios não

foram atendidos, já que aos 20 s a frequência ainda é superior a 62 Hz e somente após

80 s que esta encontra-se abaixo dos 60,5 Hz.

A diferença entre os picos de frequência pode ser explicada pela análise do

gráfico da Figura 7.36, referente ao comportamento da potência elétrica ativa do gerador

da UTE GLB e da potência mecânica entregue pela turbina. Para a simulação com a

variação dos parâmetros com a frequência é visível que a "queda" na potência elétrica

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133

após a abertura da linha é inferior quando comparada a condição de não variação dos

parâmetros, e como o tempo de resposta do controlador de velocidade (atua sobre a

potência mecânica) é mais lento do que a resposta da parte elétrica verifica-se um menor

"delta" de potência acelerante para esta condição. A potência acelerante atua

diretamente sobre a variação da frequência e como foi visto para a condição de "FREQ"

ativo a potência varia de maneira mais suave observando assim uma menor taxa de

variação da frequência ao longo do tempo (Figura 7.46 e Figura 7.47).

Quanto aos efeitos do distúrbio sobre o perfil de tensão, é verificado que

manteve-se durante todo o período considerado dentro de patamares aceitáveis em

ambas as condições analisadas, portanto não há considerações a serem feitas com

relação a essa grandeza. Outra importante grandeza que deve ser analisada é o ângulo

entre as máquinas do sistema ilhado, a referência angular é definida como sendo a

máquina em operação da UTE GLB e comparando o seu ângulo com o dos geradores

verifica-se que nenhum dos geradores da REDUC perdeu o sincronismo com relação a

UTE GLB.

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134

8. CONCLUSÃO

A energia elétrica é um dos bens mais essenciais para o bem estar e

desenvolvimento da sociedade, portanto é importante que os SEP tenham a capacidade

de atender os consumidores de forma ininterrupta e com requisitos mínimos de

qualidade. É neste contexto que para o sistema brasileiro surge o Operador Nacional do

Sistema Elétrico responsável por estabelecer diretrizes e critérios necessários aos

estudos relacionados à operação e planejamento, sobretudo do Sistema Interligado

Nacional, através dos seus diversos módulos contidos nos Procedimentos de Rede.

No entanto, sabe-se que falhas em sistemas elétricos são eventos relativamente

comuns, por isso nem sempre é possível atender a todos os consumidores da melhor

maneira possível. Sendo assim, é visando analisar as causas e os efeitos dessas

ocorrências que são realizados estudos como o deste trabalho, por meio do qual foi

possível agregar conhecimentos e responder a diversas questões essenciais tanto para as

análises de fluxo de potência quanto, principalmente, para as de estabilidade. O

aprendizado alcançando se deu através de um processo gradual, onde as primeiras

análises aconteceram em sistemas simples, compostos por uma máquina e uma barra

infinita, até chegar à verificação de sistemas altamente elaborados e de grande

importância, como o da UTE GLB operando com a Reduc.

O estudo e a avaliação da operação ilhada é essencial para os sistemas de grande

importância como o da Reduc, já que sua parada causaria inestimáveis perdas

econômicas e técnicas. Este trabalho objetivou analisar as causas mais simples de

ilhamentos de sistemas de potência. Um aprofundamento maior dos estudos realizados

e, até mesmo, a inclusão de análises mais detalhadas de curto-circuito, da proteção

desses sistemas e da influência dos reguladores de velocidade sobre o sistema de

geração podem vir a serem temas de trabalhos futuros. Os estudos de curto-circuito

permitiram avaliar diferentes eventos que afetam a operação interligada, enquanto os

estudos de proteção ajudariam na avaliação do comportamento dos sistemas de proteção

frente a estes eventos.

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135

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponivel em: <http://www.anarede.cepel.br/>. Acesso em: 20 Outubro 2012.

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. ANATEM. Disponivel

em: <http://www.anatem.cepel.br/>. Acesso em: 25 Março 2013.

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Manual do Usuário -

ANATEM (Análise de Transitórios Eletromecânicos). Rio de Janeiro: Eletrobrás -

CEPEL, 2010.

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Manual do Usuário -

ANAREDE (Análise de Redes). Rio de Janeiro: Eletrobrás CEPEL, 2011.

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Excitation System Models for Power System Stability Studies. IEEE. New York, p.

95. 2006. (IEEE Std 421.5 - 2005).

IEEE/CIGRE JOINT TASK FORCE ON STABILITY TERMS AND

DEFINITIONS. Definition and Classification of Power System Stability. IEEE

TRANSACTIONS ON POWER SYSTEMS, v. 19, p. 1387-1401, 2004.

JORDÃO ENGENHARIA. Estudos de Ilhamento da UTE Governador

Leonel Brizola (UTE GLB) e a Refinaria Duque de Caxias (REDUC). Rio de

Janeiro. 2012. (RL-CL052-01-12).

KUNDUR, P. Power System Stability and Control. New Delhi: Tata McGraw

Hill Education Private Limited, 1994.

MENDES, P. P. D. C. Estabilidade e Dinâmica de Sistemas Elétricos II.

Itajubá - MG: CESE MODULAR, 2001.

MONTICELLI, A. J. Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica. São

Paulo: Edgard Blücher, 1983.

OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Operador Nacional do

Sistema Elétrico. Site do ONS. Disponivel em: <http://www.ons.org.br/>. Acesso em:

30 ago. 2013.

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136

STEVENSON JR., W. D. Elementos de Análise de Sistema de Potência. 2ª

Edição em português. ed. São Paulo: McGran-Hill, 1986.

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137

APÊNDICE A - MATRIZ ADMITÂNCIA NODAL

REDUZIDA

Para demonstrar a obtenção da matriz admitância nodal reduzida será

considerado um sistema de potência reduzido composto por três barras e dois geradores

representado na Figura A.1. No entanto, os passos aplicados para este sistema pode ser

estendido a qualquer sistema com qualquer dimensão.

1 2

3

4 5

Xd4 Xd5

PL3+jQL3

V3

V2V1

E'1E'2

Figura A.1 - Diagrama unifilar de um sistema de potência de 3 barras

Como se sabe no cálculo do fluxo de potência para montagem da matriz de

admitância é considerado apenas os elementos que compõem a rede, tais como

transformadores e linhas de transmissão. Dessa forma para o sistema da Figura A.1 a

matriz é definida da seguinte forma:

(A.1)

No entanto, para os estudos de estabilidade devem ser incluídos na matriz de

admitância todas as contribuições de carga bem como das impedâncias transitórias dos

geradores. A representação da carga no fluxo de potência é em forma de potência

constate, porém para os estudos de estabilidade a carga é convertida em impedância

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138

constante da seguinte forma e incluída na própria resultando numa matriz

modificada :

(A.2)

𝑚

(A.3)

Por fim, é necessário incluir a contribuição das impedâncias dos geradores, para

isto o processo é facilitado com a inclusão de uma nova barra entre a impedância

transitória e a fonte de tensão do gerador, obtendo uma nova matriz de admitância

representada em (A.4):

(A.4)

A matriz em (A.4) pode ser representada em blocos resultando em (A.5):

(A.5)

Onde:

Contudo, para a análise de estabilidade é necessário reduzir esta matriz obtendo

as admitâncias de transferência apenas entre os geradores. Como se sabe há apenas

corrente injetada nas barras de geração, já nas outras barras a corrente injetada é igual a

zero, sendo assim podemos definir:

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(A.6)

Onde:

Temos assim:

(A.7)

Manipulando (A.7) obtem-se:

(A.8)

Portanto, para obter a matriz de admitância reduzida basta aplicar:

(A.9)

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