112
ANDRÉ LUIZ NEVES DE SOUZA AVALIAÇÃO DE QUALIDADE CARTOGRÁFICA E EXTRAÇÃO DE BORDAS DE OBJETOS NÃO PERTENCENTES AO TERRENO EM PRODUTOS GERADOS PELO SISTEMA DE VARREDURA A LASER AEROTRANSPORTADO SÃO PAULO 2009

Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

  • Upload
    dodang

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

ANDRÉ LUIZ NEVES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE CARTOGRÁFICA E EXTRAÇÃO DE

BORDAS DE OBJETOS NÃO PERTENCENTES AO TERRENO EM

PRODUTOS GERADOS PELO SISTEMA DE VARREDURA A LASER

AEROTRANSPORTADO

SÃO PAULO

2009

Page 2: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

ii

ANDRÉ LUIZ NEVES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE CARTOGRÁFICA E EXTRAÇÃO DE

BORDAS DE OBJETOS NÃO PERTENCENTES AO TERRENO EM

PRODUTOS GERADOS PELO SISTEMA DE VARREDURA A LASER

AEROTRANSPORTADO

SÃO PAULO

2009

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Engenharia

Page 3: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

iii

ANDRÉ LUIZ NEVES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE CARTOGRÁFICA E EXTRAÇÃO DE

BORDAS DE OBJETOS NÃO PERTENCENTES AO TERRENO EM

PRODUTOS GERADOS PELO SISTEMA DE VARREDURA A LASER

AEROTRANSPORTADO

SÃO PAULO

2009

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Engenharia Área de Concentração: Engenharia de Transportes Orientador: Professor Livre-Docente Jorge Pimentel Cintra

Page 4: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

iv

Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. São Paulo, de junho de 2009. Assinatura do autor ____________________________ Assinatura do orientador _______________________

FICHA CATALOGRÁFICA

Souza, André Luiz Neves de

Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas de objetos não pertencentes ao terreno em produtos gerados pelo sistema de varredura a laser aerotransportado / A.L.N. de Souza. -- ed.rev. -- São Paulo, 2009. 103 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.

1.Cartografia 2.Modelagem de dados 3.Controle da qualidade 4.Detecção de bordas 5.Dispositivos de varredura (Topografia) I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Transportes II.t.

Page 5: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

v

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Cintra pela orientação, incentivo e, principalmente, motivação

no decorrer deste trabalho;

Ao Professor Jorge Centeno, da Universidade Federal do Paraná, pela

cessão dos dados utilizados neste trabalho;

Aos meus pais pela educação e valores que me fizeram alcançar esta

conquista;

A minha esposa Keilla pelo incentivo e paciência;

Aos meus colegas de graduação e pós-graduação pelas opiniões e

discussões que enriqueceram em muito este trabalho.

Page 6: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

vi

RESUMO

O sistema de varredura a LASER aerotransportado é uma tecnologia

competitiva para levantamentos que visam à geração de modelos digitais de

superfície (MDS) e modelos digitais de terreno (MDT). Esta tecnologia sofreu certa

resistência por parte das empresas de aerolevantamento e de alguns usuários,

porém vem conquistando o mercado, graças à grande quantidade de trabalhos

recentemente publicados. Uma das limitações associadas ao levantamento a LASER

é a correta detecção de objetos não pertencentes ao terreno como árvores e

edificações. Esses objetos, quando devidamente identificados, são essenciais para

várias aplicações como cadastro e avaliação da qualidade cartográfica. Este trabalho

propõe uma metodologia de identificação de edificações através da detecção de

suas bordas, em uma rede triangular (TIN) construída sobre a nuvem de pontos. A

utilização da TIN preserva os valores originais da amostra e, representa o universo

real com melhor fidelidade que os modelos matriciais. A detecção é realizada

calculando-se as declividades para todos os triângulos da TIN. Após esta etapa, são

segmentados todos os triângulos que possuem valor de declividade acima de um

limiar, pois representam variações abruptas no terreno, condizentes com

edificações. A definição do limiar depende da resolução da nuvem de pontos, padrão

de varredura e natureza do terreno. O trabalho apresenta ferramentas preliminares

para automatizar a vetorização das bordas detectadas. As edificações extraídas pela

metodologia e ferramentas apresentadas, podem ser utilizadas para avaliação da

qualidade cartográfica do MDS/MDT. Para isso, compara-se o MDS a um documento

cartográfico de referência, e realizam-se testes para: detecção e eliminação de erros

grosseiros, detecção de tendências e minimização de erros sistemáticos, testes de

precisão e de atendimento ao Padrão de Exatidão Cartográfico (PEC). Após

análises, conclui-se que a metodologia de detecção de bordas propostas é eficiente,

porém as ferramentas de automatização precisam ser aperfeiçoadas. Conclui-se

também que o MDS oriundo do levantamento a LASER tem qualidade cartográfica

compatível com o produto cartográfico de referência. Recomenda-se aplicação das

metodologias propostas em outros conjuntos de dados.

Palavras-Chave: varredura a LASER, modelo digital de superfície, detecção de

bordas.

Page 7: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

vii

ABSTRACT

The airborne LASER scanner is competitive technology for surveys that

generates digital surface models (DSM) and Digital Terrain Models (DTM). This

technology suffered some resistance by the aerosurvey enterprise (and some users),

but is conquering its market share due the amount of papers recently published in

this field. A limitation associated with this technique is the correct detection of the off-

terrain objects, like trees and buildings. These objects, when well identified, are

essential to a sort of applications like cadastre e map quality evaluation. This

dissertation proposes a methodology to identify buildings by the edge detection of a

triangular irregular net (TIN) built over the point cloud. The utilization of TIN

preserves the original values, representing the real 3D universe with fidelity despite

the raster models. The detection is done calculating the slopes for all triangles of the

TIN. After that, the triangles with slope values above a threshold are segmented. The

Threshold definition depends on resolution of the point cloud, scan pattern and target

behavior. Triangles with high slope values represent hard variation and may mean

buildings. This work shows preliminary tools to automate the vectorization of the

detected edges. The extracted buildings may be used for map quality evaluation of

the DSM/DTM, by comparing it with a reference map. This means: test for detection e

elimination of bundles, test for detection and minimization of systematic errors,

precision tests and evaluate the meeting the Brazilian cartographic accuracy

standard (PEC). Theses analysis concludes that the proposed methodology of edge

detection is efficient but the developed tools of automation may be sharpened. Also,

concludes that the DSM built with LASER scanner survey is compatible with

reference map. It’s recommended the application of the methodology on other

collections of data.

Key-words: LASER scan, digital surface model, edge detetcion.

Page 8: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

viii

SUMÁRIO

1. Introdução ....................................................................................................1

1.1. Justificativa ....................................................................................................2

1.2. Objetivos........................................................................................................2

1.3. Organização do trabalho................................................................................3

2. Revisão Bibliográfica ..................................................................................4

2.1. Componentes e funcionamento do sistema de varredura a LASER

aerotransportado .........................................................................................................4

2.1.1. O GNSS.........................................................................................................5

2.1.2. O INS.............................................................................................................7

2.1.3. Dispositivo de medição a LASER ..................................................................9

2.1.4. Mecanismos de Varredura...........................................................................13

2.1.5. Sincronização e determinação dos pontos ..................................................16

2.2. Processamento dos dados do sistema de varredura a LASER ...................19

2.2.1. Calibração....................................................................................................20

2.2.2. Filtragem de pontos não-pertencentes ao terreno .......................................29

2.3. Modelos digitais de terreno e dados de varreduras a LASER .....................34

2.3.1. Amostragem e redução de pontos redundantes ..........................................35

2.3.2. Modelagem de dados ..................................................................................37

2.3.3. Avaliação da Qualidade Cartográfica de um MDT ou MDS.........................39

2.4. Detecção de bordas e dados de varredura a LASER. .................................40

3. Proposta de metodologia para a avaliação da qualidade cartográfica de produtos gerados a partir de levantamentos a LASER........................................44

3.1. Processamento dos dados e delimitação da área de estudo.......................46

3.2. Geração do MDS e detecção de bordas de edificações ..............................46

3.3. Coleta de pontos de controle planimétricos e altimétricos ...........................52

3.4. Cálculo de estatísticas, detecção e eliminação de erros grosseiros............53

3.5. Testes de tendência e eliminação de erros sistemáticos.............................55

3.6. Teste de precisão (padrão americano) ........................................................56

3.7. Satisfação ao PEC (padrão brasileiro).........................................................57

3.8. Ajustamento com transformação afim..........................................................58

Page 9: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

ix

4. Avaliação da qualidade do levantamento a LASER realizado no Campus da UFPR ....................................................................................................61

4.1. Local de testes, equipamentos e programas computacionais utilizados......61

4.2. Processamento dos dados e coletas de pontos de controle........................62

4.3. Geração do MDS e coleta de pontos de controle planimétrico ....................65

4.4. Detecção e eliminação de erros grosseiros na planimetria, sobre o conjunto

de dados vetorizados manualmente..........................................................................68

4.5. Testes de tendência e minimização de erros sistemáticos na planimetria,

sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente ..............................................70

4.6. Teste de precisão (padrão americano) e satisfação ao PEC (padrão

brasileiro) sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente..............................73

4.7. Ajustamento com transformação afim e avaliação da qualidade planimétrica,

sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente ..............................................76

4.8. Eliminação de erros grosseiros, minimização de erros sistemáticos, teste de

precisão e satisfação ao PEC sobre o conjunto de dados vetorizados pelo método

semi-automático ........................................................................................................82

4.9. Coleta de pontos de controle para altimetria ...............................................86

4.10. Detecção e eliminação de erros grosseiros e sistemáticos na altimetria .....89

4.11. Teste de satisfação ao PEC (padrão brasileiro) na altimetria. .....................92

4.12. Ajustamento com polinômio de 1º grau na altimetria. ..................................93

5. Conclusões e recomendações .................................................................97

Page 10: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

1

1. Introdução

Conhecer o espaço sempre foi de fundamental importância para o

desenvolvimento tecnológico. Dispondo de informações espaciais sobre áreas de

interesse é possível realizar bons planejamentos, importantes tanto para a

concepção quanto para implantação de projetos de engenharia.

No levantamento de áreas extensas, seja para geração de base cartográfica

ou execução de grandes obras, dispõem-se hoje de várias técnicas concorrentes em

determinadas aplicações que requerem certa qualidade posicional. Concorrem o

levantamento topográfico/geodésico terrestre, o levantamento aerofotogramétrico e a

tecnologia de varredura a LASER aerotransportada.

O sistema de varredura a LASER tem-se apresentado bastante competitivo,

entre outras aplicações, em mapeamentos que visam à geração de modelos digitais

de superfície. Estes modelos contêm, além das informações de elevação do terreno,

a representação altimétrica de árvores e construções e são fundamentais para

projetos nas áreas de transmissão de energia elétrica, telecomunicações, urbanismo

etc.

Na Europa, Canadá e Estados Unidos da América onde grande parte dos

estudos sobre esta tecnologia é realizada, há soluções comerciais, entre outras,

para:

• Cadastro urbano e atualização de área construída;

• Mapeamento costeiro (até 50m de lâmina d´água);

• Mapeamentos em áreas florestais;

• Mapeamento de lavras a céu aberto;

• Atualização altimétrica de mapeamentos sistemáticos.

Page 11: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

2

Há cerca de 10 anos, no Brasil, havia certo ceticismo por parte das

empresas de aerolevantamento e consumidores de informação georreferenciada

Essa resistência, que vem diminuindo, pode ser explicada pelo fato de ser uma

tecnologia ainda não popular no Brasil, onde se nota ausência de domínio em

operação e processamento de resultados pelos técnicos.

Não dispomos de metodologias definitivas para processamento de dados ou

classificação quanto à qualidade cartográfica.

1.1. Justificativa

Os produtos de levantamentos de varredura a LASER, atualmente não

contam com uma metodologia própria para classificação de qualidade cartográfica.

Isso se deve, em grande parte, à dificuldade em detectar e comparar elementos

planimétricos presentes nesses produtos com produtos cartográficos de referência.

A área de processamento de nuvens de pontos ainda é muito incipiente.

Várias abordagens de detecção de bordas de objetos são baseadas em métodos de

processamento de imagem, que impõem interpolação aos dados e efeitos de

suavização (aliasing).

1.2. Objetivos

Este trabalho tem por objetivos gerais, propor uma metodologia de detecção

de bordas de edificações e avaliação da qualidade cartográfica dos produtos

gerados pelo sistema de varredura a LASER aerotransportado.

Page 12: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

3

Como objetivos específicos tem-se:

a) A geração de modelos digitais de terreno e modelos digitais de superfície e

seu controle de qualidade posicional, para enquadrá-los em uma das classes

previstas na Norma Brasileira, ou seja, determinar a classe segundo o Padrão

de Exatidão Cartográfica (PEC);

b) O desenvolvimento de uma metodologia para identificação de edificações e

regiões planas, a partir de grades triangulares irregulares, dos modelos

digitais de terreno; metodologias que estão associadas à detecção de bordas

e fronteiras através de triângulos com declividade superior (ou inferior) a

certos limiares definidos pela experiência;

c) O desenvolvimento de ferramentas preliminares de automação para extração

de bordas sobre grades triangulares irregulares, para posterior

aperfeiçoamento.

1.3. Organização do trabalho

O capítulo 2 apresenta uma revisão de bibliografia sobre: componentes do

sistema de varredura a LASER aerotransportado, seus princípios de funcionamento,

calibração desse sistema, processamento de dados, construção e avaliação de

modelos digitais de terreno e detecção de bordas.

O capítulo 3 apresenta a metodologia adotada para extração de edificações

e avaliação de qualidade cartográfica de levantamentos a LASER aerotransportado.

O capítulo 4 apresenta e analisa os resultados de um levantamento a

LASER sobre o campus da Universidade Federal do Paraná.

O capítulo 5 apresenta conclusões finais e recomendações.

Page 13: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

4

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Componentes e funcionamento do sistema de varredura a LASER aerotransportado

O sistema de varredura a LASER aerotransportado é um sistema de

sensoriamento remoto ativo composto por uma unidade de varredura a LASER

(LASER scanner), um receptor GPS e um INS (do inglês, Inertial Navigation System,

sistema de navegação inercial), integrados e montados sobre uma plataforma. Este

sistema permite a determinação de pontos tridimensionais sobre o terreno (Huising,

1998).

A unidade de varredura LASER usa um feixe ótico de alta potência e bem

direcionado, coerente no espaço e no tempo, para medir esta distância. Ela pode ser

instalada em diferentes plataformas, tal como aeronaves e serve para medir a

distância entre os objetos da superfície e o sensor. A determinação da posição do

sensor no momento da medição de cada ponto é possível graças ao uso de um

sistema de GPS diferencial (DGPS), encarregado de calcular a posição (X,Y,Z) da

aeronave/sensor no espaço. Um segundo sistema de apoio, o sistema de

navegação inercial (INS) é encarregado de calcular a inclinação do sensor nessas

três direções. A precisão da medição de distância do LASER é cerca de 0,1m, por

isso os sistemas de apoio devem ter uma precisão igual ou melhor. Na prática,

conta-se com sistemas com precisão melhor que 0,1m e 0,02graus (Wehr; Lohr,

1999).

O conjunto de medições de apoio, os dados do INS e do GPS diferencial são

coletados e armazenados simultânea e paralelamente à medição da distância pelo

sistema LASER (Huising, 1998). Em etapa posterior, as séries de dados coletados

são sincronizadas e a posição exata de cada ponto é calculada. Cada componente

do sistema será comentado nos itens a seguir.

Page 14: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

5

2.1.1. O GNSS

Os sistemas de navegação global por satélite (GNSS, do inglês Global

Navigation Satellite System) são desenvolvidos para se obter cobertura mundial,

sendo operacional 24 horas por dia, proporcionando latitude, longitude, altura e

tempo, independente das condições meteorológicas. Por ser citado na maioria dos

artigos consultados, ser o mais maduro e o mais utilizado para navegação e vôos

georreferenciados, o sistema de posicionamento global (GPS, do inglês Global

Position System) será mais bem detalhado e será utilizado, neste trabalho, como

equivalente do termo GNSS para simplificação do entendimento.

Os satélites GPS fornecem sinais codificados (códigos C/A, P e efemérides

transmitidas) que são processados por receptores, permitindo o cálculo de posições

em 3 dimensões e tempo. Os códigos são transportados por duas freqüências

portadoras: L1 e L2, de 1575,4 MHz e 1227,60 MHz, respectivamente.

Para calcular as coordenadas da antena do receptor, o sistema GPS utiliza

uma solução conhecida como Trilateração Espacial. Os satélites, ao emitirem os

códigos C/A e P, fornecem os elementos necessários para os receptores calcularem

a distância entre satélite e receptor. Esta, muitas vezes chamada de pseudo-

distância, é uma aproximação da verdadeira distância, pois não foi corrigida dos

erros inerentes ao processo: atraso ionosférico, falta de sincronismo dos relógios do

receptor e do satélite, ruídos e outros. (Pessoa, 1998)

Como a precisão obtida a partir das pseudo-distâncias, não é suficiente para

várias aplicações, é utilizada a fase da onda portadora transmitida pelo satélite. A

fase da portadora é igual à diferença entre a fase do sinal do satélite recebido pelo

receptor e a fase do sinal gerado no receptor. Os receptores medem a parte

fracionária da portadora e, mediante a resolução de equações, efetuam o cálculo do

número inteiro de ciclos (comprimentos de onda) contidos entre a antena do satélite

e a antena do receptor. A esse número de ciclos, inicialmente desconhecido, dá-se o

nome de ambigüidade inteira (N). A resolução de N fornece a solução de

posicionamento.

Page 15: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

6

∆ϕFASE DA PORTADORA NO SATÉLITE

FASE DA PORTADORA NO RECEPTOR

1 2 3 4 5 6 . . . N

1 2 3 4 5 6 . . . N

. . .

. . .

Figura 2.1 – Diferenças de fase e número de ciclos.

As principais fontes e efeitos de erros ao qual o GPS está sujeito são

apresentados na tabela 2.1. Assunto bastante tratado na literatura; para maiores

informações podem ser consultadas as referências (Mônico, 2008) e (Pessoa, 1998).

Tabela 2.1 – Fontes de erros do GPS

Fontes Efeitos Satélite Erro do relógio

Erro da órbita Propagação do sinal Refração troposférica

Refração ionosférica Perda de ciclos

Multicaminhamento Receptor Erro do relógio

Variação do centro de fase da antena Estação Erros nas coordenadas

Multicaminhamento A determinação de coordenadas por métodos absolutos não garante a

acurácia necessária para o sistema de varredura a LASER. Mesmo utilizando

técnicas de posicionamento relativo, os resultados obtidos através do

processamento somente pelo código não atingem precisão compatível com a

medição de distância da varredura a LASER. A técnica de posicionamento relativo,

utilizando a fase da onda portadora para a determinação da diferença de

posicionamento entre as estações, é a metodologia mais indicada para a

determinação do sensor/aeronave no sistema de varredura a LASER. Com essa

metodologia, muitos dos erros sistemáticos são removidos na diferença das

Page 16: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

7

observáveis. Os erros na posição relativa são inferiores ao centímetro até distâncias

de poucas dezenas de quilômetros.

Essa técnica utiliza um equipamento estacionado (base) sobre um ponto

com coordenadas conhecidas e outro no ponto em que se deseja obter coordenadas

(móvel). É a técnica mais precisa proporcionada pelo GPS, podendo-se obter

precisões centimétricas ou melhores e por isso de maior aplicação em projetos de

alta precisão. A precisão alcançada é compatível com o levantamento a LASER e

para sua aplicação são utilizadas uma ou várias bases, ao longo da região a ser

mapeada.

2.1.2. O INS

Os receptores GPS podem ser definidos como sensores de posição e

velocidade discretos no tempo. Porém, tal sistema não é muito sensível à atitude da

aeronave, sendo necessária a instalação de arranjos de receptores e antenas. Mais

comumente, utilizam-se sistemas complementares, dentre os quais se destacam os

sensores inerciais.

Um conjunto de sensores inerciais, montados sobre uma plataforma, com

intuito de modelar e predizer a posição e a velocidade de um movimento é chamado

de sistema de navegação inercial ou INS (do inglês, Inertial Navigation System).

Sensores de atitude, utilizados em voos georreferenciados, são chamados de

unidades inerciais de movimento ou IMU (do inglês, Inertial Motion Unit). Por

coerência a bibliografia consultada, será utilizado o termo INS, mesmo quando este

não for usado somente para predição da posição.

Page 17: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

8

O INS conta com giroscópios para detectar e medir todas as variações

angulares experimentadas pelo sistema em relação a um sistema de coordenadas

de referência inercial e acelerômetros para detectar e medir todas as acelerações

específicas, incluindo a gravidade. Atualmente, os sensores inerciais (giroscópios e

acelerômetros) convencionais vem sendo substituídos por sistemas

microeletromecânicos (MEMs), que apresentam menor tamanho, peso, consumo de

energia e custo (Lima, 2005). No entanto, tais sensores não atingem níveis de

precisão dos sensores convencionais não sendo indicados para levantamentos de

alta precisão ou navegação de alta dinâmica.

Conhecendo a variação angular o INS calcula a inclinação da aeronave com

relação à referência geográfica sob forma de atitude. Conhecendo a aceleração na

direção de cada eixo o INS calcula a posição sob a forma de variação de latitude,

longitude e altitude. Esta característica permite ao INS determinar complementar as

informações de posição do GPS. A integração de dados do GPS e do INS garante

uma predição contínua da posição da aeronave. Esta integração é realizada com

técnicas de processamento de sinais, como o filtro de Kalman. Para maiores

detalhes consultar Kaplan (1996).

Para a correta determinação da atitude, o INS deve considerar a atração

gravitacional, a força centrífuga e a força de Coriolis na direção do movimento.

Deve-se, também, subtrair o efeito da velocidade de rotação da Terra (15° por hora)

das variações angulares aparentes.

A tabela 2.2 apresenta as principais fontes de erros dessa tecnologia. Muitos

dos erros do INS podem ser atribuídos aos sensores inerciais (erros

instrumentais/sistemáticos). São erros residuais exibidos pelos giroscópios e

acelerômetros, mesmo após calibração.

Page 18: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

9

Tabela 2.2 – Principais fontes de erros do INS. Fonte: Kaplan (1996)

Tipo/Fonte Descrição Magnitude Típica Erros de alinhamento Erros em ω, φ e κ Não disponível

Viés do acelerômetro Um valor constante adicionado à leitura de aceleração e que varia a cada vez que o

acelerômetro é acionado. 50-100µgal

Erro de fator de escala do acelerômetro

Resulta em um erro de aceleração proporcional a aceleração sentida. 75-200 ppm

Não-Ortogonalidade do acelerômetro e do giroscópio

Desalinhamento e incertezas nos eixos do sistema de coordenadas da plataforma 5”-25”

Viés do giroscópio e deriva em função de mudança de

temperatura

Valor constante somado à leitura da variação angular, que aumenta com o

tempo. 0,002-0,01 °/h

Erro de fator de escala do giroscópio por mudança de

temperatura Erro na leitura da variação angular <10 ppm

2.1.3. Dispositivo de medição a LASER

Segundo Wehr e Lohr (1999), os sistemas de varredura a LASER levam

vantagem em medições de distância, quando comparados com radares de

microondas, pois podem emitir pulsos de alta energia em curtos intervalos de tempo.

O curto comprimento de onda do LASER pode ser altamente colimado através de

pequenas aberturas. Assim que geradores de LASER de alta freqüência de

repetição de pulso chegaram ao mercado, os sistemas de varredura começaram a

ser desenvolvidos.

Segundo Wehr e Lohr (1999), esses sistemas foram conhecidos como

LASER radar e as abreviaturas comumente usadas são: LADAR (LASER Detection

And Ranging) e LIDAR (LIght Detection And Ranging). No Brasil, a maioria dos

autores utiliza o termo LIDAR. Porém, todos os sistemas comerciais utilizam luz

LASER em sistemas de varredura.

Page 19: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

10

A abreviatura LASER corresponde a Light Amplification by Stimuled

Emission of Radiation (amplificação de luz por emissão de radiação estimulada).

Usando esse processo pode-se gerar um feixe de luz poderoso, altamente

direcionado e coerente no espaço e no tempo. LASERs são, normalmente, gerados

por diodos de semicondutores. Há tipos de LASER que utilizam fontes de luz como

lâmpadas de xenônio ou vapor de metal, para estimular o LASER principal.

Comercialmente, os LASER mais usados são os de estado sólido, dentre os quais

se destacam o Nd:YAG ou Neodímio sobre granada Ítrio-Alumínio (Wehr; Lohr,

1999).

Nas medições de distância com o LASER dois princípios são aplicados: a

medição por pulso (diferença de tempo) e a medição por diferença de fase entre o

sinal emitido e o sinal recebido após a interação com o alvo. O método de diferença

de fase é aplicado com LASERs que emitem luz continuamente. Esses LASERs são

chamados de CW (Continuous Wave) LASERs. Segundo Wehr e Lohr (1999),

teoricamente a acurácia da medição de distância de um sistema LASER a pulso é 85

vezes superior a do sistema CW-LASER, porém necessita de uma potência 2.000

vezes maior. Porém, como a duração dos pulsos é curta e as freqüências de

repetição são altas, a potência média do LASER a pulso se aproxima da ordem de

grandeza da potência média do CW-LASER.

A tecnologia para geração de LASERs, tipos de LASER utilizados

comercialmente e o princípio de funcionamento de medidores a LASER são

detalhadamente explorados por Gonçales (2006).

A forma mais direta de medição da distância (L) é determinar o tempo de

percurso do pulso luminoso, medindo o intervalo de tempo (tL) entre a emissão e

recepção do pulso, como mostrado na figura 2.2 e nas equações 2.1 e 2.2.

Page 20: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

11

Figura 2.2 – Esquema de funcionamento do medidor de distância a pulso. (Adaptado de Wehr e Lohr,

1999)

O tempo de percurso (tL) é dado pela equação:

cLtL ⋅= 2 Eq. 2.1

Onde L é a distância entre o equipamento e o alvo e c é a velocidade da luz.

Dessa equação, tem-se que a resolução da distância é proporcional à resolução da

medição de tempo e pode ser definida como:

LtcL ∆⋅⋅=∆21 Eq. 2.2 (Wehr; Lohr, 1999)

No LASER a pulso, a distância máxima ou alcance é, teoricamente, limitado

pelo intervalo máximo de tempo que pode ser medido pelo relógio do LASER. Na

prática, esse intervalo é grande o suficiente para que o alcance seja limitado,

apenas, pelas perdas de energia durante a trajetória e pela refletividade do alvo

(Baltsavias, 1999). Um melhor desempenho é obtido numa atmosfera fria, com o

mínimo de umidade, dióxido de carbono e aerossóis. Com relação à hora do dia, são

preferíveis levantamentos noturnos, evitando a radiação difusa do Sol.

Além do alcance, a acurácia Е na medição é um parâmetro importante.

Segundo Wehr e Lohr,(1999), a acurácia é diretamente proporcional à duração do

pulso (δt) e a raiz quadrada da largura de espectro associada a ruídos (K) e

inversamente proporcional a potência do sinal recebido (Pr).

Page 21: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

12

rPKtc

⋅⋅∝Ε δ2

Eq. 2.3 (Wehr; Lohr, 1999)

Quanto maior a potência do pulso recebido, melhor a acurácia. Quanto

menor a duração do pulso, maior a qualidade alcançada. Como não se consegue

medir exatamente a duração do pulso, mede-se um componente do pulso, chamado

tempo de subida (do inglês rise time) que é a duração da parte do pulso até atingir

um limiar de energia (figura 2.3). Esta componente, além da maior facilidade de

detecção possui duração da ordem de 10-1 do ciclo do pulso, aumentando a acurácia

nas medições de distância. Na maioria dos sensores do mercado, o tempo de subida

opera na faixa de 1ns de duração.

Figura 2.3 – Relação entre o tempo de subida e a duração do pulso.

Segundo Baltsavias (1999), a potência recebida (Pr) é dada pela equação:

Tr

r PLAMP ⋅

⋅⋅

⋅=π

ρ2

Eq. 2.4

Onde: ρ é a refletividade do alvo, M é a transmissão atmosférica, Ar é a área

de recepção do sensor, L é a distância entre sensor e alvo e PT é a potência emitida.

Através dessa equação nota-se que para garantir uma potência recebida satisfatória,

em vôos altos, a potência emitida e a área de recepção devem ser aumentadas.

Note-se que, na prática, a área de recepção é igual área de abertura/emissão do

LASER e que aumentá-la, significa diminuir a divergência do mesmo.

Page 22: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

13

Como visto na equação 2.4, a refletividade do alvo é de suma importância

para a quantidade de potência recebida e, conseqüentemente, para a acurácia da

medição. Como não se pode impor valores de refletividade aos objetos, esta deve

ser considerada no momento da definição do alcance do LASER.

Os fabricantes de equipamentos devem sempre especificar para qual

porcentagem de refletividade e tipo de reflexão (especular, difusa, etc...) o valor de

alcance divulgado é válido. Em alguns casos, com 20% de refletividade dos alvos,

alcança-se, apenas, 50% do alcance nominal do sensor (Wehr; Lohr, 1999). Essa

restrição do alcance impõe limites à altura de vôo.

Outros fatores que influenciam na acurácia na medição são os ruídos na

aquisição do sinal entre os quais se destacam a radiação difusa, temperatura das

superfícies e sensibilidade do detector (Weh; Lohr, 1999).

2.1.4. Mecanismos de Varredura

As medições LASER determinam a distância do sensor até a superfície-alvo.

Para levantamentos de áreas devem ser feitas sucessivas medições para de que

toda faixa de interesse, seja mensurada. O feixe LASER é deslocado,

longitudinalmente, pelo movimento da aeronave e, transversalmente, por algum

mecanismo de deflexão, realizando assim uma varredura.

O processo de varredura para uma dada seção é representado na figura 2.4.

A largura da faixa levantada (LF) é função da altura de vôo (h) e da amplitude do

ângulo de varredura (θ). Para uma dada altura de vôo (h), a projeção do LASER no

terreno ou footprints (AL) depende da divergência do LASER (γ) e do ângulo de

varredura instantâneo (θinst).

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛⋅⋅=

2tan2 θhLF Eq. 2.5 (Wehr; Lohr, 1999)

( ) γθ

⋅=inst

LhA 2cos

Eq. 2.6 (Wehr; Lohr, 1999)

Page 23: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

14

Figura 2.4 – Projeção do LASER e faixa levantada.

Varreduras podem ser unidirecionais ou bidirecionais. Típicos mecanismos

de varredura empregados em aerolevantamentos são apresentados na figura 2.5. O

mecanismo de espelhos oscilantes é um exemplo de mecanismo bidirecional. Este

gera um padrão em zig-zag e é utilizado em muitos dos equipamentos do mercado.

Figura 2.5 – Mecanismos de Varredura. Do canto superior esquerdo em sentido horário: espelho

oscilante, Palmer scan, arranjo de fibras óticas e polígono giratório. Fonte: Wehr e Lohr, 1999

Polígonos giratórios e espelhos multifacetados são exemplos de

mecanismos unidirecionais que produzem linhas paralelas. O Palmer scan, também

unidirecional, produz um padrão elíptico e o arranjo de fibras óticas gera linhas

Page 24: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

15

paralelas. Alguns padrões de levantamento são apresentados na figura 2.6. O

padrão depende além do tipo de mecanismo, da direção e velocidade de vôo e da

topografia do terreno (Wehr; Lohr, 1999).

Figura 2.6 – Padrões de Varredura. Da esquerda para direita: espelho oscilante, Palmer Scan e

polígono giratório.

O padrão de varredura é importante para o conhecimento da densidade de

pontos do levantamento. A densidade de pontos depende da altura de vôo, do tipo

de mecanismo de varredura utilizado e da velocidade do avião. Para o mecanismo

de varredura de espelho oscilante, o espaçamento transversal (dx) é dado por:

fvhdx ang

inst

⋅=)(cos2 θ

Eq. 2.7 (Wehr; Lohr, 1999)

Onde vang é a velocidade angular de varredura em rad/s e f é a freqüência de

repetição do pulso. Os demais elementos foram definidos nas equações anteriores.

Na direção do vôo, o espaçamento longitudinal (dy) é calculado em função

da velocidade da aeronave (v) e do período de varredura de uma linha (Tv),

conforme a equação 2.8:

vTvdy ⋅= Eq. 2.8 (Wehr; Lohr, 1999)

Page 25: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

16

2.1.5. Sincronização e determinação dos pontos

Georreferenciar as medições de distância do sistema de varredura requer

uma perfeita sincronização de todos os componentes: o GPS, o INS e o dispositivo

de varredura.

As leituras dos sensores são gravadas de forma independente,

normalmente, por dois processadores distintos. Isto gera duas contagens de tempo

diferentes: o tempo GPS, altamente preciso, ao qual os dados do sistema de

posicionamento estão referenciados e o tempo do relógio do computador, onde são

descarregados os dados do sistema de varredura (Wehr; Lohr, 1999).

Figura 2.7 – Esquema do registro e sincronização das observações (Adaptado de Wehr e Lohr,

1999).

Em cada medição do sistema de varredura, o tempo do relógio do

computador PC1 (figura 2.7) é armazenado na linha correspondente a aquela

observação. No mesmo instante, a época GPS é gravada junto com a hora de PC1,

num arquivo independente, chamado arquivo de protocolo. Para evitar atrasos na

hora de armazenamento das informações de tempo, utilizam-se duas interrupções

(IRQ) diferentes. Graças ao arquivo de protocolo, os dados GPS podem ser pós-

processados independentemente e depois sincronizados época a época (Wehr;

Lohr, 1999).

Page 26: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

17

A essa taxa, possíveis erros do relógio do computador PC1, podem ser

corrigidos pelo tempo do GPS. A qualidade da sincronização é da ordem de 10 ns

(Wehr; Lohr, 1999).

Após a sincronização, os dados do sistema de varredura ficam relacionados

com as respectivas posições do sensor, dadas pelo GPS/INS, e com os respectivos

ângulos de atitude, dados pelo INS. Para cada leitura de distância (-d), tem-se um

ângulo de varredura (θinst), uma posição pós-processada do centro ótico do sistema

de varredura (X0,Y0,Z0) e ângulos de atitude instantâneos (φ, ω, κ). Outros

parâmetros também devem ser considerados como, a posição do centro do sensor e

do centro do INS, com relação ao centro de fase da antena do receptor GPS. Esses

parâmetros sistemáticos podem ser determinados durante a calibração. Através

desses parâmetros obtêm-se as coordenadas no terreno (XT, YT, ZT), conforme a

equação 2.9, expressa em notação matricial simplificada:

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

−⋅+

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛⋅+=

dRRR

ZYX

ZYX

m

z

y

x

INS

T

T

T

00

0

0

0

α

δδδ

Eq.2.9 (Burman, 2002.

Adaptada)

Onde: (X0, Y0, Z0)T é a posição do centro de fase da antena GPS, RINS é a

matriz-rotação da atitude da aeronave (função de φ, ω e κ), (δX, δY, δZ)T é a

excentricidade entre o centro de fase da antena GPS e o sensor LASER, RM é a

rotação de montagem entre o INS e o sensor LASER, Rα é o ângulo de varredura do

espelho do mecanismo de varredura (função de θinst) e d é a distância entre o sensor

e o alvo.

Page 27: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

18

Figura 2.8 – Sistema de coordenadas do sistema de varredura.

A acurácia das coordenadas tridimensionais depende de vários fatores. Os

principais são a acurácia na medição da distância, no posicionamento e na

orientação. Erros de registro de tempo e sincronização, também afetarão o resultado

(Baltsavias, 1999).

Como o resultado das determinações é usualmente expresso no sistema

WGS-84, a transformação para o sistema de coordenadas desejado, incluindo a

correção das ondulações geoidais, degrada um pouco mais a acurácia. Por exemplo,

transformações de coordenadas obtidas por GPS, no Referencial WGS-84 para o

Referencial topocêntrico SAD-69, pode acarretar deslocamentos, que são causados

principalmente pela incerteza associada aos parâmetros de translação entre os

sistemas. O erro relativo, entre os pontos da região levantada, é menor e na prática

é desconsiderado.

Alguns sistemas podem medir diferentes ecos do sinal emitido, refletido por

diferentes objetos dentro da projeção do feixe no terreno (Centeno, 2000). A maioria

dos sensores comerciais pode medir o primeiro e o último eco do pulso (first/last

pulse). Isto permite estudar a interação do feixe do LASER com os alvos, pois ao

incidir na superfície da Terra, ele não atinge um único objeto e pode ser refletido por

diferentes pontos localizados a diferentes distâncias do sensor. O ponto mais

próximo retorna mais rapidamente. Já o ponto mais distante origina o último eco.

Page 28: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

19

Também existe a possibilidade de registrar a intensidade do sinal de retorno

para derivar informação a respeito da natureza da superfície do objeto de maneira

similar ao imageamento por RADAR. Como a maioria dos sensores a LASER utiliza

comprimento de onda na faixa do infravermelho próximo, a intensidade do sinal de

retorno permite boa interpretação de feições.

2.2. Processamento dos dados do sistema de varredura a LASER

O levantamento por sistema de varredura a LASER é um método eficiente

para a medição de altimetria do terreno. Porém, o resultado primário (dados brutos)

dos levantamentos executados com esse método é uma nuvem de pontos

desestruturada e disposta em faixas, com observações indistintas do terreno, de

objetos sobre o terreno e ruído. Segundo Huising e Gomes (1998), existem diversos

problemas relativos a essa tecnologia, entre eles: dados errôneos, mal filtrados e

falta de dados (buracos nos dados ou data gaps). Atualmente, vários esforços estão

sendo feitos para tornar o processamento mais eficiente e menos demorado.

Na construção de modelos digitais de terreno com dados do sistema de

varredura a LASER, existem dois erros principais:

a) Os erros sistemáticos no georreferenciamento do sensor, observáveis nas faixas

sobrepostas. Esses erros podem ser minimizados através de pontos de amarração e

controle, como na Fotogrametria.

b) Os erros referentes à captura de pontos não-pertencentes ao terreno. Nesse

caso, uma filtragem é indicada para a seleção de pontos úteis para a geração da

superfície.

Sem os devidos cuidados e procedimentos de processamento, os produtos

gerados não atingem a qualidade potencial da tecnologia, nem atendem aos

requisitos do usuário.

Page 29: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

20

Os dados do sistema de varredura a LASER possuem, dependendo do

planejamento da missão, uma grande densidade de pontos. Tal característica obriga

procedimentos adicionais para a geração de MDT a partir desses dados. Muitas

vezes, para a armazenagem e processamento de grande volume de dados, é

preciso utilizar técnicas de redução de pontos redundantes, como apresentadas em

capítulos posteriores.

2.2.1. Calibração

Apesar da crescente melhora na acurácia do GPS, do INS e da medição de

distância obtida pelo sistema de varredura, ainda ocorrem erros na posição dos

pontos. Esses erros são associados à complexidade do sistema e alinhamento entre

seus componentes. Para minimizar esses erros é necessário um processo de

calibração, que gera parâmetros de correção a serem utilizados na integração dos

dados ou no pós-processamento.

Há uma série de erros que podem ser modelados antes, durante ou após a

missão. Entre eles têm-se os erros provocados pela refração atmosférica, atrasos na

medição do tempo de viagem do pulso, resposta dos alvos e os decorrentes dos

mecanismos ópticos e mecânicos do sistema de varredura. A refração é função das

condições atmosféricas, do comprimento de onda e do comprimento do percurso do

pulso LASER, que por sua vez é função do ângulo de varredura e da altura de vôo.

O contador de tempo do medidor de distância é outra fonte potencial de erros.

Qualquer atraso gera um erro sistemático que se propaga por todas as distâncias

medidas. O sinal recebido, devido à sua baixa potência, pode ser confundido com

ruído e filtrado antes de atingir o detector, criando buracos ou falhas (gaps) nos

dados. Os erros mecânicos dizem respeito ao registro do ângulo de varredura

instantânea de cada medição (Huising; Gomes, 1998), (Wehr; Lohr, 1999), (Morin,

2002).

Todavia, os maiores erros encontrados no sistema de varredura a LASER

são incoerências entre os ângulos de atitude informados pelo INS e os realmente

Page 30: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

21

experimentados pelo sensor. Estes erros podem ser vistos ao se comparar os dados

do sistema de varredura a LASER com outras fontes de dados ou mesmo entre

faixas sobrepostas. A figura 2.9, apresenta o perfil de uma linha levantado através

de faixas distintas. Podem ser observados os deslocamentos na elevação e na

posição horizontal existentes entre os dados das duas faixas (Morin, 2002). Essa

incoerência pode impossibilitar a obtenção de uma informação acurada. Porém, a

partir dela pode-se estabelecer pontos de enlace (tie-points), que junto com pontos

de controle coletados em campo, permitem gerar produtos em um sistema de

coordenadas homogêneo e coerente com o sistema de coordenadas exterior.

Figura 2.9 – Perfil levantado através de duas faixas distintas (verde e azul) em uma área de

sobreposição correspondente a uma edificação (em vermelho, sua posição real). (Morin, 2002)

Para um controle ideal e obtenção de melhores resultados, todos os

componentes do sistema deveriam passar por uma calibração antes e depois do

levantamento. Isso, porém, é inviável, dado o custo e o tempo necessários e a

estabilidade de algumas das fontes de erros (Morin, 2002). Certos procedimentos,

contudo, são essenciais à garantia da qualidade do levantamento. Esses

procedimentos podem ser divididos em: calibração pré-vôo e calibração pós-vôo.

2.2.1.1. Calibração pré-vôo

Esta calibração inclui certos procedimentos que devem ser executados, com

certa freqüência, como a verificação de erros sistemáticos dos medidores de

distância e outros que devem ser executados a cada missão, como a inicialização do

sistema de navegação.

Page 31: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

22

Os parâmetros de calibração do medidor de distância a LASER podem ser

determinados em terra, através de um processo descrito por Vaughn (1996). Este

consiste em manter a plataforma fixa no solo enquanto o LASER é dirigido a um alvo

fixo. A distância precisa até o alvo é medida com trena de aço ou distanciômetro

independente. Variando a potência da onda emitida do mínimo detectável (limiar de

detecção) até a saturação, pode-se construir uma curva para corrigir a distância

aparente de acordo com a potência recebida. As correções podem ser aplicadas

durante a aquisição dos dados ou após o vôo, na integração dos dados. Para

modelar a deriva do relógio, esse método pode ser executado a partir de várias

distâncias. Diferenças entre as várias curvas de correção podem ser associadas aos

atrasos do relógio (Morin, 2002).

O equipamento de navegação deve ser inicializado para cada missão. Deve-

se ligar o GPS da aeronave próximo à estação de referência, até solucionar a

ambigüidade inteira da fase da onda portadora. (Morin, 2002). A reativação do

GLONASS proporcionou aos vôos georreferenciados, maior disponibilidade de

satélites e melhor distribuição da constelação. A maioria dos sistemas do mercado

opera com satélites das duas constelações: GPS e GLONASS. O início de operação

do sistema Galileo (GNSS desenvolvido pela União Européia) e do Compass (GNSS

desenvolvido pela China) aumentará a disponibilidade de sinal e redundância de

observações, com conseqüente melhora na exatidão na navegação e

posicionamento.

Durante o vôo, deve se evitar a perda do sinal, que acarreta a perda da

resolução da ambigüidade inteira. Para tal, devem-se evitar vôos de alta dinâmica.

Isso inclui reduzir variações angulares bruscas da aeronave (maiores que 10°), altas

velocidades e vôos em regiões de turbulência (Morin, 2002).

Na prática, é comum um vôo inteiro sem perda de resolução da ambigüidade

(Morin,2002). Se uma perda de sinal (loss of lock) ocorrer durante a missão, a

aquisição de dados deve ser interrompida até que se consiga restabelecer a

ambigüidade em vôo através do método OTF (on-the-fly). A utilização de dados do

INS pode ajudar no restabelecimento do valor da ambigüidade. Durante a perda de

sinal, a posição é determinada pelo INS, utilizando a última posição confiável do

GPS e as leituras de aceleração e variação angular nos três eixos.

Page 32: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

23

O INS precisa ser inicializado a cada missão, para que possa detectar e

estabelecer a orientação e o nível (altitude) locais. Isso é atingido, com a aeronave

em repouso, permitindo que os giroscópios orientem a plataforma. Em áreas de

grande variação da ondulação geoidal, o INS pode ser afetado pelo desvio da

vertical, gerando um erro sistemático propagado para toda a navegação. Variações

de ondulação geoidal maiores que 5cm/km, podem introduzir erros superiores a um

segundo na determinação de atitude. Para compensar, correções do desvio da

vertical podem ser introduzidas durante a integração dos dados ou no pós-

processamento (Morin, 2002).

As diferenças entre o centro ótico do sistema de varredura, o INS e o centro

de fase da antena GPS, devem ser medidos com trena de aço ou distanciômetro.

Todo o erro resultante dessas diferenças é propagado para as coordenadas do alvo.

Recomenda-se, assim, uma precisão de 1 a 3 cm nessas medições, para minimizar

seus efeitos na solução. Os desalinhamentos ou diferenças angulares entre os

sistemas componentes (INS e sistema de varredura) são um desafio e não é

possível uma solução pré-vôo (Morin, 2002).

2.2.1.2. Calibração pós-vôo

Esta etapa da calibração visa, principalmente, a minimização do

desalinhamento entre os eixos do INS, definidos pelos três giroscópios, e os eixos

do sistema de varredura, definidos pela origem e orientação do medidor LASER

(Morin, 2002). Isto significa que se devem corrigir os ângulos de atitude informados

pelo INS com a atitude real do sistema de varredura. Este é um dos principais erros

sistemáticos e não pode ser medido diretamente. Apesar desses parâmetros serem

fundamentais para a obtenção de bons resultados, ainda não existe uma

metodologia padrão para essa calibração.

Um método bastante comum de calibração é o ajustamento manual. Este

método consiste em sobrevoar uma série de pontos de controle ou uma superfície

conhecida. São levantados perfis e comparados com os dados de controle. Os

Page 33: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

24

efeitos dos desalinhamentos são facilmente identificáveis, como mostra a figura

2.10. Os deslocamentos entre o perfil de controle (linha vermelha) e o perfil

levantado a partir dos dados sistema de varredura a LASER (linha azul), podem ser

quantificados e aplicados como correções. Essas correções são aplicadas

manualmente e os dados são reprocessados. Normalmente, correções nos ângulos

de atitude ω e φ são determinadas comparando perfis levantados sobre áreas

planas (Figura 2.11). Os parâmetros são modificados até que todas as áreas de

sobreposição coincidam.

ELE

VA

ÇÃ

O (m

)

2DISTÂNCIA (10 m) EIXO X ou Y

Figura 2.10 – Efeitos dos desalinhamentos em ω e φ

A correção em κ pode ser determinada examinando regiões com variação

abrupta de elevação como edifícios ou pontes. Isso se torna mais acentuado se um

edifício for capturado por duas faixas adjacentes, ou seja, em uma aparece na

posição extrema da direita e na outra na posição extrema da esquerda. Erros em κ

induzem a uma distorção na posição do edifício (Figura 2.11). Modificando este

parâmetro, a distorção muda até que os cantos do edifício coincidam.

Page 34: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

25

Figura 2.11 – Ilustração do efeito do desalinhamento em κ

Segundo Morin (2002), o ajustamento manual requer várias iterações e

tempo considerável. Os resultados finais não produzem nenhuma informação

estatística sobre a solução. Além disso, como a calibração é feita observando

pequenos trechos dos dados, a solução pode ser influenciada por erros ou variações

locais, que podem ser insatisfatórios para o conjunto inteiro dos dados.

Para tentar dinamizar o processo e diminuir a tendenciosidade da operação

manual, vários autores desenvolveram técnicas de ajustamento automáticas. A

seguir, serão apresentadas, resumidamente, algumas dessas técnicas.

Vaughn (1996) propõe sobrevoar uma superfície nivelada ou muito bem

conhecida, variando os ângulos ω e φ da plataforma entre –10° e 10°. Os

parâmetros de calibração podem ser derivados, desenhando os ângulos de ω e φ

contra a distância medida (Figura 2.12). Adequando os dados a uma parábola,

consegue-se uma curva com um mínimo que se supõe ser a observação a 0°.

A diferença entre o valor onde foi observado o mínimo da parábola e o zero

do eixo dos ângulos é o desalinhamento em ω e φ. A desvantagem desse método é

a impossibilidade de determinação de erros em κ.

Page 35: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

26

0 5 10 15 20-5-10-15-20

DESALINHAMENTO

MÍNIMO

ATITUDE (ω E ϕ, EM GRAUS)

Figura 2.12 – Determinação de desalinhamentos em ω e φ

Adaptada de: Vaughn, 1996

Hofton (2000) fez tentativas para estender o método de Vaughn para os três

parâmetros, porém a falta de gradientes sobre a superfície nivelada torna difícil a

distinção entre erros em κ e outras fontes de erro.

Kilian (1996) propõe a determinação de parâmetros de translação entre

pontos correspondentes nas faixas sobrepostas, de modo a minimizar os resíduos

em um ajustamento por faixas. Este método prevê a introdução de pontos de

controle para garantir a orientação exterior. Primeiramente, pontos de enlace (tie

points) e de controle (control points) são determinados (Figura 2.13). Os pontos de

enlace são pontos identificáveis, situados na área de sobreposição de duas faixas

distintas. Estes são identificados a partir de um algoritmo de correlação de imagens.

Pontos de controle horizontal podem ser identificados em cantos de edificações e,

em áreas planas como campos de futebol, para o controle da elevação.

A proposta de Killian para determinação de pontos de controle, pode ser

adotada também para avaliação de qualidade posicional (como faremos no presente

trabalho), comparando esses pontos com algum produto cartográfico de referência.

Page 36: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

27

Figura 2.13 – Pontos de amarração e controle para ajustamento por faixas. Adaptado de: Kilian,

1996.

Determinados esses pontos, para cada par de janelas de pontos

correspondentes determinam-se três parâmetros de translação (dX, dY, dZ). Este

procedimento é feito, primeiramente, aproximando-se o valor das incógnitas. Em

seguida são calculadas as translações dX e dY e, a seguir, a translação dZ.

Os pontos de controle são utilizados com injunções no ajustamento. Ao final

do processo, obtém-se para cada faixa parâmetros de transformação, garantindo a

homogeneidade do bloco e coerência com o sistema exterior de coordenadas

(Kilian, 1996).

Há certa dificuldade na definição de pontos de controle. Os dados da

varredura a LASER têm natureza descontínua, ou seja, diferente de uma imagem

em que cada pixel se conecta a outro. Pontos de controle pequenos e precisos,

muitas vezes, não são detectados no levantamento. Mesmo se detectados, a

identificação dos mesmos é bastante difícil. Na prática, opta-se por cantos de

edificação com topo plano.

Morin (2002) expandiu as equações de observação para incluir o ângulo de

varredura e outras fontes de erro, como a refração atmosférica e erros dos

mecanismos de varredura e ópticos:

Page 37: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

28

( )zyx

Rlll

RRRZYX

ZYX

INS

LaserZ

Y

Xmedlaser

LaserINSINS

T

⋅+⋅⋅⋅+=

0

0

0

Eq. 2.10

Onde: XT, YT, ZT são as coordenadas no terreno, X0, Y0, Z0 são as

coordenadas no centro ótico do sistema de varredura, medlaserINS ReR , são as matrizes

de rotação: uma função da atitude da aeronave (lidas pelo INS) e outra função da

orientação instantânea do medidor LASER com relação ao corpo do sensor.

A principal diferença com relação à equação original (equação 2.9) é a

inclusão de um termo LaserINSR , que é a matriz de rotação entre a atitude do INS e a

realmente experimentada pelo sensor. Este parâmetro é função dos ângulos de

varredura instantâneos (θinst), correções atmosféricas e dos mecanismos de

varredura e ópticos. A refração atmosférica é modelada, em função do comprimento

de onda, ângulo de varredura e condições atmosféricas. Erros mecânicos e ópticos

são a soma de diversos erros relativos ao sensor como erros na leitura de θinst. Estes

erros são, normalmente, constantes e característicos do equipamento (Morin, 2002).

Os parâmetros desconhecidos, no caso o desalinhamento e as correções

referentes à orientação instantânea do medidor de distância, podem ser

determinados com a observação de pontos de controle, em uma solução por

mínimos quadrados. É atingida uma solução única para todo o conjunto de dados.

Não havendo tendências na aquisição dos pontos de amarração supõe-se que a

média das posições pode ser considerada uma boa aproximação da posição

verdadeira. A discrepância entre as posições observadas e a média das posições,

gera um resíduo que deve ser minimizado em um processo iterativo (Morin, 2002).

O ajustamento por mínimos quadrados com a observação de pontos de

controle e amarração permite, além de corrigir os parâmetros de calibração citados,

garantir uma maior homogeneidade entre faixas e maior coerência com o referencial

local. Processos similares à aerotriangulação vêm se tornando menos usuais com o

georeferenciamento direto dos sensores embarcados. É necessário não desprezar

metodologias eficientes, com a melhora dos equipamentos de posicionamento e

navegação. A integração de posições e atitude mais acuradas e as técnicas de

ajustamento por bloco garantem uma qualidade geométrica ainda maior aos

produtos a serem gerados.

Page 38: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

29

2.2.2. Filtragem de pontos não-pertencentes ao terreno

Objetos sobre o terreno são problemáticos para geração de um MDT. Os

pulsos LASER podem refletir em vários objetos acima do terreno como árvores,

edificações, linhas de transmissão etc. Tal informação pode ser utilizada na geração

de outros produtos que serão apresentados em seções posteriores. No entanto, na

construção dos MDT, estes pontos poluem o conjunto dos dados e devem ser

eliminados (Figura 2.14). Para tal, métodos de filtragem devem ser empregados para

distinguir pontos válidos de ruído e suprimir estes últimos.

Figura 2.14 – MDT: a) Gerados com dados brutos e b) Após filtragem. Fonte: Vosselman, 2000.

A utilização do último eco do pulso LASER para a determinação da distância

entre sensor e alvo, resolve vários problemas com relação à captura de pontos

indesejáveis. Vários sensores, atualmente, conseguem gravar separadamente, o

primeiro, o último e os demais ecos do LASER.

Porém, dependendo da micro-estrutura, cor e textura, um objeto pode ser

opaco ao LASER, não produzir retroespalhamento ou gerar vários ecos sem ser

transposto. Certas construções, por exemplo, são opacas ao comprimento de onda

de operação do LASER (normalmente no infravermelho próximo, 800-1500 nm). Em

florestas com diversos níveis de copas, podem-se coletar vários ecos sem que se

atinja o terreno (Fig 2.16). Corpos d’água tranqüilos ou superfícies polidas têm

reflexão especular e, dependendo do ângulo de incidência, não geram resposta para

os sensores, causando buracos nos dados (gaps). Por tais características dos alvos,

métodos de filtragem são necessários, para melhorar a modelagem do terreno.

Page 39: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

30

Figura 2.15 – Interação do pulso LASER com a vegetação, gerando múltiplos ecos.

O registro dos diferentes ecos permite penetrar em certos tipos de cobertura,

como por exemplo, bosques, onde uma primeira camada de objetos (o topo das

árvores) produz um primeiro eco, galhos e folhas produzem ecos intermediários e as

ultimas parcelas do feixe são refletidas pelo solo. Esta característica permite a

utilização da tecnologia em diversas aplicações com determinação de volumes de

florestas ou detecção automática de feições (Morsdorf, 2005). Porém, os alvos não

se comportam de maneira uniforme aos pulsos do LASER, fazendo com que a

correta extração de modelos de terreno (solo) ou de superfícies careça de uma

metodologia única de interpretação ou utilização de filtros.

Não é difícil para um intérprete identificar se um ponto pertence ou não ao

terreno. Porém é praticamente impossível editar manualmente o volume de dados

gerados por um levantamento do sistema de varredura a LASER. Existem diversos

métodos automáticos de filtragem, entre eles: filtros morfológicos, filtros baseados

em gradiente e estimadores de superfície.

Page 40: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

31

Filtros morfológicos começam por dividir a região em pequenas áreas e,

através de operadores locais, identificam pontos de terreno. Operadores locais

efetuam operações de vizinhança que consideram os valores de pontos próximos a

cada área de entrada para determinação do valor de saída (Morin, 2002).

Filtros baseados em gradiente identificam pontos como sendo terreno, se

estes respeitarem um gradiente máximo com relação aos vizinhos, numa abordagem

ponto a ponto. O conceito de gradiente pode ser utilizado, também, para detecção

dos contornos das edificações e outros objetos não pertencentes ao terreno e

extração dessas feições (Morin, 2002).

Estimadores de superfícies ajustam um modelo de superfície através de uma

solução por mínimos quadrados ponderada pela distância de uma observação em

relação a uma superfície aproximada determinada a priori (Morin, 2002).

Segundo Vosselman (2000), uma diferença de altura muito grande entre dois

pontos vizinhos e próximos dificilmente representa um declive no terreno.

Normalmente, o ponto mais alto não pertence ao terreno. Entre dois pontos com

grande diferença de altura, a probabilidade do mais alto não pertencer ao terreno

aumenta com a diminuição da distância entre os mesmos. Pode-se definir uma

diferença de altura máxima aceitável em função da distância entre dois pontos.

Estes podem ser classificados de acordo com a seguinte condição:

Se: ( )),(max jiji PPdhhh ∆≤− , o ponto pertence ao terreno.

Onde: hi é a altitude do ponto analisado, hj é a altitude do vizinho e ∆hmax é a

diferença de altura máxima aceitável, função da distância entre os pontos i e j.

De acordo com a definição do filtro, a altura do ponto deve ser comparada

com a altura de todos os outros pontos da amostra. Para minimizar o esforço

computacional, é utilizada uma heurística para verificação das diferenças de alturas

aos vizinhos de uma triangulação, e aos vizinhos dos vizinhos, até uma distância

máxima de busca a ser considerada. Esta heurística não satisfaz totalmente a

definição do filtro, porém os erros gerados são muito pequenos comparados com a

economia de esforço computacional. A função-filtro deve incorporar uma

aproximação do gradiente. Pode ser utilizada uma função aproximada de ∆hmax a

Page 41: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

32

partir do conhecimento a priori das características do terreno ou de estatísticas de

amostras, como médias e desvios-padrão.

Roggero (2001) propõe um algoritmo que elimina pontos não pertencentes

ao terreno, através de um operador local em todos os elementos do conjunto de

dados. O objetivo inicial é obter uma aproximação do MDT excluindo pontos fora dos

limiares definidos. O algoritmo calcula uma altura mínima do operador local, depois

classifica os pontos como sendo terreno se a diferença de altura entre esses pontos

e o mínimo forem compatíveis com a declividade local. Este processo é refinado com

um critério de regressão local que considera a variância do conjunto local de dados.

Posteriormente, o algoritmo usa um limiar de classificação, cujos resultados são

armazenados para futuros ajustamentos. Estas etapas são repetidas, porém a partir

da segunda iteração os parâmetros (tamanho do operador local, declividade local,

coeficiente de propagação da variância e limiar de classificação) são mais restritivos.

Após o cálculo da primeira aproximação de um MDT, com base no critério da

regressão local, são estabelecidos dois limiares K1 e K2 para refinar a classificação.

Nesse processo os dados brutos são classificados conforme sua diferença de altura

em relação ao MDT aproximado.

Elmqvist (2001) utiliza como estimador uma curva de minimização de

energia guiada por forças de inércia, que tendem a suavizar a superfície, e forças de

atração, que tendem a aproximar a superfície aos dados brutos. Estas forças são

aplicadas às observações, para extrair a superfície do terreno em dado sistema de

varredura a LASER. No método proposto por esse autor, os dados são

reamostrados para uma grade regular ou imagem, onde o valor da célula/pixel é

dado pelo menor valor entre os pontos brutos contidos nessa célula/pixel. Células

sem dados não são interpoladas, permanecendo sem valor. Processam-se duas

superfícies: uma relativa à inércia (Eint) e outra à atração (Epot). Nesta

implementação, Eint é uma função da primeira derivada do modelo. Essa função é

minimizada quando o modelo é um plano. Epot é a distância entre o modelo e as

observações. Essa função é minimizada quando o modelo é igual aos dados

amostrados. Pontos que estão próximos da aproximação inicial do modelo são

incorporados ao mesmo. Pontos que estão distantes, e possivelmente não

pertencem ao terreno, não conseguem vencer a inércia imposta por Eint e não

entram no modelo.

Page 42: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

33

Este método pode gerar resultados diferentes dependendo da aproximação

inicial do processo iterativo. É necessário certo conhecimento a priori para encontrar

um resultado razoável. Dependendo dos parâmetros utilizados, o método pode ser

muito rigoroso, eliminando pontos pertencentes ao terreno.

No algoritmo proposto por Brovelli (2002), os dados do sistema de varredura

a LASER são interpolados através de splines bicúbicas, utilizando-se mínimos

quadrados. Após a remoção de erros grosseiros, faz-se a detecção de bordas entre

as superfícies: terreno e objetos. Isto é possível, analisando variações significativas

na altura, em um pequeno deslocamento horizontal. Não se faz a imposição de um

limiar para o gradiente, pois isto poderia gerar erros de classificação. Em vez disso,

estabelecem-se dois limiares de gradiente: um alto e outro baixo. Um ponto que

exceda o limiar alto é uma possível borda. Para pontos entre os dois limiares, é feita

uma análise da vizinhança para verificar se há a possibilidade destes serem bordas.

Uma vez detectadas as bordas, classificam-se os pontos em seu interior como

objetos e eliminam-se os mesmos do conjunto de dados. Este método tende a

suavizar certas feições, principalmente, em áreas com falta de dados.

Wack e Wimmer (2002) propõem uma abordagem de filtragem baseada em

grade regular. Cada célula desta grade pode conter diversos pontos, porém será

representada por um único valor. Este valor é definido em função de informações de

gradiente. O autor sugere um processo iterativo. No primeiro passo, gera-se uma

grade com resolução de 9 x 9m. Esta grade utiliza como valor da célula a menor

diferença de altura entre todos os pontos contidos na célula a uma significância de

99% da amostra. Esta grade serve para o cálculo do gradiente a ser usado em

etapas posteriores. No segundo passo, pontos não pertencentes ao terreno devem

ser detectados e eliminados. O modelo resultante serve como base para cálculos na

geração de uma grade de 3 x 3m. Utiliza-se a informação do gradiente determinado

anteriormente para realizar a adaptação da menor diferença de altura entre os

pontos contidos na célula de 3m de resolução, com relação ao centro da mesma.

Gera-se novamente o gradiente do modelo resultante, que será utilizado em futuras

iterações. O terceiro passo é realizado sobre uma grade de 1 x 1m e assim por

diante. O limite do processo é atingido quando a resolução de grade for inferior ao

espaçamento entre pontos levantados. A definição da resolução da grade inicial e do

Page 43: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

34

passo de redução das resoluções é função da densidade de pontos do

levantamento.

Sithole (2004) realizou testes com diversos filtros para a detecção e remoção

de pontos não pertencentes ao terreno. Através dos resultados, observou que a

complexidade do terreno é um fator decisivo no desempenho do mesmo. Nota-se

também que filtros que consideram o contexto ou vizinhança dos pontos têm

vantagens sobre os que não fazem tais considerações. Os resultados dos estudos

apontam para a utilização de informações adicionais no processo de filtragem como

a informação de intensidade do pulso (gravada pela maioria dos sensores atuais) ou

análise da onda completa do pulso refletido e escolha de parâmetros mais

adequados de acordo com o terreno a ser levantado. Deve-se ponderar que certos

métodos se adeqüam melhor a determinados terrenos, densidade de pontos e

padrão de varredura. Um método baseado em grade regular, por exemplo, não será

o mais indicado para o processamento de um conjunto de dados com distribuição

muito irregular. Uma total automação ainda está longe de ser alcançada. Porém os

métodos descritos acima, podem melhorar a qualidade dos dados e reduzir em muito

a edição manual.

2.3. Modelos digitais de terreno e dados de varreduras a LASER

O conhecimento do terreno é indispensável para diversas atividades

humanas como o projeto e execução de obras de engenharia, planejamento do uso

do solo, análises geomorfológicas e geofísicas, entre outras aplicações. Porém, a

superfície do terreno, como quase qualquer característica no mundo real, é

impossível de se representar matematicamente em todos os seus detalhes. Para

Cintra (1985) só é possível realizar uma boa representação se for feita uma

criteriosa seleção de dados, cujos valores discretos sejam representativos e, por

isso, permitam a representação do terreno com a precisão desejada.

Page 44: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

35

É possível representar, praticamente qualquer característica do terreno.

Felgueiras (2001) define tais modelos com uma representação matemática da

distribuição espacial de um fenômeno que ocorre em uma região. Tais fenômenos

ou características podem ser: informações meteorológicas, dados geofísicos e

geoquímicos, profundidades etc.

No processo de geração de um MDT destacam-se duas etapas: amostragem

e modelagem.

2.3.1. Amostragem e redução de pontos redundantes

A amostragem compreende a aquisição do conjunto de amostras

representativas do fenômeno em estudo (Felgueiras, 2001).

Para Cintra (1985), quanto à posição relativa das amostras pode-se

classificar a amostragem em: regular, semi-regular e irregular. A amostragem regular

é aquela cuja posição espacial (x,y) das amostras mantém uma regularidade de

distribuição nas direções x e y. As amostragens semi-regulares são aquelas que

preservam a regularidade de distribuição espacial na direção x ou y mas nunca nas

duas ao mesmo tempo. Na amostragem irregular não existe regularidade na

distribuição das amostras. Na quase totalidade dos casos as amostras mais

representativas de um fenômeno não estão regularmente distribuídas. Para os

dados do sistema de varredura a LASER, com mecanismo de varredura de espelhos

oscilantes verifica-se que nenhuma destas definições se adequa perfeitamente.

Nos dados gerados por varredura a LASER, muitos dos pontos são

redundantes por se encontrarem em regiões de gradiente uniforme

(superamostragem). A abundância de pontos requer grande espaço para

armazenamento dos dados e exige maior esforço computacional para o seu

processamento. Atualmente, a capacidade de armazenamento e poder de

processamento dos microcomputadores não são os maiores obstáculos à utilização

Page 45: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

36

desta fonte de dados. Essa abundância, porém, pode causar erros nos processos

automáticos de modelagem de superfícies, exigindo a intervenção do usuário.

Rivas (2002) descreve uma metodologia de redução de pontos através da

seleção de pontos segundo certo espaçamento. Primeiro são determinadas as

distâncias entre todos os pontos e um ponto de referência. A partir desse ponto

define-se um critério de seleção, por exemplo, pontos que estejam dentro de um

círculo de determinado raio, função da quantidade de pontos desejada. Esse raio

pode ser variável em função do número de pontos que se deseja. A metodologia de

Rivas não respeita as feições do terreno e não pode ser aproveitada para a geração

de MDT em escalas maiores, como é o caso do presente trabalho.

Kersting (2004) utiliza um processo de simplificação de uma triangulação

inicial com todos os pontos, preservando, na medida do possível, feições do terreno,

até que se atinja o limite de uma dada precisão com o mínimo de pontos.

Primeiramente constrói-se a triangulação de Delaunay para os pontos fornecidos.

Esta triangulação é simplificada, iterativamente, reduzindo seus vértices

redundantes, como ilustra a figura 2.16.

Figura 2.16 – Remoção de um vértice redundante

A cada iteração a relevância do vértice é analisada pela variação local da

superfície, dada pelo gradiente dos triângulos adjacentes que possuem esse vértice

em comum. Caso a diferença angular entre o gradiente médio (nav), calculado pela

equação a seguir (Eq. 2.11), e os gradientes dos triângulos (ni) adjacentes a V seja

Page 46: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

37

maior que uma tolerância definida a priori (10º, por exemplo), a região é considerada

heterogênea e o vértice relevante.

∑ ∑⋅

=i

iiav A

Ann

rr para π≤≤ inr0 Eq. 2.11 (Kersting, 2004)

Caso contrário o ponto é considerado redundante e eliminado. A

metodologia de Kersting mostra-se bastante eficiente na preservação das feições do

terreno, dependendo dos limiares utilizados (Kersting, 2004).

2.3.2. Modelagem de dados

A modelagem envolve a definição de superfícies que permitam a

representação contínua do fenômeno, a partir das amostras discretas no espaço. Os

modelos para construção dessas superfícies contínuas podem ser globais ou locais

(Cintra, 1985). Modelos globais são representados por uma única função definida

utilizando-se todos os elementos do conjunto de amostras. Modelos locais utilizam

funções cujos coeficientes são definidos por elementos amostrais escolhidos dentro

de uma vizinhança. Este será o tipo de modelo utilizado no presente trabalho. Dentre

modelos locais destacam-se: as grades regulares retangulares ou quadradas e a

grade triangular irregular, TIN (do inglês triangular irregular network).

As grades regulares são definidas pelo seu espaçamento em x e y

(resolução espacial) e o método de interpolação a ser utilizado para estimativa dos

pontos da grade (nós). Os métodos de interpolação são normalmente aplicados

sobre as amostras vizinhas ao nó da grade e utilizam funções como média simples,

média ponderada por uma potência da distância, splines ou polinômios.

A grade irregular triangular é um modelo em que os pontos amostrais são

conectados por linhas e definem triângulos. Neste modelo, as amostras não

precisam ser estimadas por interpolação, sendo fiéis os valores levantados. Os

pontos contidos no interior de cada triângulo da grade podem ser interpolados por

Page 47: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

38

ajuste linear, ou seja, pela equação do plano (Eq. 2.12), de modelagem simples e

pequeno esforço computacional para cálculo.

cdYbXaZ +⋅+⋅

= Eq. 2.12

Onde os coeficientes a, b, c e d são ajustados pelo método dos mínimos quadrados.

A grande vantagem da TIN sobre outros tipos de MDT é a preservação dos

valores das amostras. Como desvantagem, tem-se a não continuidade da superfície

quando se utiliza ajuste linear (equação do plano). Porém, pode-se obter ajuste por

polinômios que garantam a continuidade como, por exemplo, um polinomio de quinto

grau (Hermite), que mantém a continuidade da segunda derivada. Maiores detalhes

sobre ajuste de grades irregulares, consultar Cintra (1985) . Em casos em que os

pontos amostrais são estrategicamente coletados ou a densidade de pontos é

grande, a não continuidade entre triângulos é desprezível.

Pela característica do levantamento realizado pelo sistema de varredura a

LASER, devem-se tecer algumas considerações sobre a geração de MDT a partir

desses dados. Os dados amostrados geram uma distribuição de pontos pseudo-

regular e com alta densidade. Estas características elegem a TIN, com ajuste linear,

como excelente modelo de interpolação para dados oriundos de sistemas de

varredura a LASER.

A questão do referencial altimétrico também deve ser considerada. As

elevações obtidas através do levantamento com o sistema de varredura a LASER

estão referenciadas ao elipsóide. Para a maioria das aplicações, tem-se interesse

em elevações referenciadas ao geóide. Para tal, devem ser utilizados modelos

geoidais que garantam uma boa conversão entre referenciais altimétricos. Para

muitas aplicações, o modelo MAPGEO2004 (disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/ geodesia/modelo_geoidal.shtm) e de

validade nacional), ou EGM96 (disponível em: http://cddis.nasa.gov/926/egm96/) e

de validade global), satisfazem as exigências do projeto. O modelo MAPGEO

considera observações sobre a rede altimétrica brasileira, sendo mais coerente com

o sistema geodésico brasileiro.

Além disso, para uma correta modelagem da elevação é recomendável a

inserção de restrições no modelo, sob a forma de linhas de quebra. Tais linhas

Page 48: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

39

devem corresponder a descontinuidades, isolando vertentes com mudanças bruscas

de declividade. Estas linhas podem ser coletadas no campo, o que é mais

aconselhável, porém mais oneroso e demorado. Linhas de quebra podem ser

extraídas da própria imagem de intensidade dos dados do sistema de varredura a

LASER, de câmaras fotográficas embarcadas na aeronave ou da detecção de

bordas sobre a própria triangulação (método proposto no presente trabalho). A figura

2.17 mostra um exemplo de como introdução dessas linhas podem melhorar a

representação do terreno. Sem estas restrições, podem ser gerados triângulos que

desrespeitam a morfologia do terreno, falseando o modelo construído.

Figura 2.17 – Triangulação: sem linhas de quebra à esquerda e com linhas de quebra, à direita.

Utilizando o bordo de uma estrada, como linha de quebra percebe-se melhor definição da estrada e

dos taludes.

2.3.3. Avaliação da Qualidade Cartográfica de um MDT ou MDS

A qualidade de um MDT é resultante da acurácia dos pontos amostrados, da

densidade dos mesmos e do método de interpolação. MDTs são ferramentas de

suporte a projetos de engenharia e como tal devem ter sua qualidade posicional

tridimensional garantida. O controle de qualidade desse produto cartográfico é

extremamente importante.

Page 49: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

40

Com a demanda por informações cartográficas cada vez mais acuradas,

várias organizações desenvolveram padrões de qualidade específicos para

avaliação. No Brasil, as normas que regulamentam e classificam documentos

cartográficos, quanto à qualidade geométrica, são descritas no Decreto-Lei n°

89.817/84. O artigo 8° deste Decreto-Lei determina que as cartas quanto à sua

exatidão devem obedecer ao Padrão de Exatidão Cartográfica (PEC). Uma

descrição de como se faz esse controle pode ser encontrada em Nero (2000).

Nos próximos capítulos, as análises de qualidade serão comentadas e

utilizadas para a avaliação da qualidade cartográfica de levantamentos obtidos com

sistema de varredura a LASER aerotransportado.

2.4. Detecção de bordas e dados de varredura a LASER.

Para extrair uma região em um conjunto de dados é necessário localizar sua

borda ou contorno: o limite entre esta região e regiões vizinhas. No caso de uma

imagem esta borda é o conjunto de pixels (do inglês picture elements, ou elementos

de imagem), que separam duas regiões distintas. Ziou e Tabbone (1998), definem

bordas como descontinuidades físicas relativas a variações significativas na

refletância, iluminação, orientação e profundidade dos objetos de uma imagem.

Em processamento de imagens e visão computacional, o processo de

detecção de bordas é composto por três etapas: suavização, diferenciação e

classificação (Ziou; Tabbone, 1998). Na suavização, são aplicados filtros para

regularizar as imagens evitando falsas bordas nas etapas posteriores. Na

diferenciação, são calculadas as derivadas parciais ∂/∂X e ∂/∂Y necessárias na

classificação, normalmente utilizando funções gradiente. Na classificação, são

estabelecidos os limiares dos módulos do gradiente, relativos a bordas ou outras

regiões de interesse.

Page 50: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

41

O mesmo conceito pode ser extrapolado para uma nuvem de pontos

tridimensionais, que representa melhor o universo real que a representação

matricial. Nesta nuvem de pontos pode ser construída uma TIN e realizada

operações para detecção deste limites físicos. A vantagem de se realizar as

operações de detecção de bordas sobre a TIN é a preservação de valores dos

dados originais. Em grades regulares os valores são interpolados, oferecem mais

uma fonte de erro. A TIN possui outra vantagem especifica sobre imagens de tons

de cinza, pois trabalha sempre sobre um universo real (R3), enquanto a imagens em

tons de cinza discretiza os valores da variável de interesse.

A etapa de suavização não deve ser aplicada ao processo de detecção de

bordas em TINs de altimetria, pois pode gerar perda ou degradação de informação.

Esta etapa é importante e indicada para avaliações qualitativas, em imagens com

ruídos.

A diferenciação sobre uma TIN, consiste em calcular o vetor gradiente

(∂/∂X,∂/∂Y,∂/∂Z) e seu módulo para cada triângulo da rede. O módulo do gradiente

ou declividade, necessário a classificação é obtido por:

222

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

=∇ZYX

r Eq. 2.13

Aplicando o operador à equação do plano (Eq. 2.12), tem-se:

222 cbai

++=∇r

Eq. 2.14

Onde a, b e c são os coeficientes do plano ajustado sobre os vértices de cada

triângulo da grade.

A classificação é uma etapa dependente das características do dado como:

densidade e distribuição de pontos, tamanho e forma dos triângulos; dos objetos a

serem identificados e da sensibilidade do técnico/classificador.

Na identificação de edificações, a altura e forma do telhado são

fundamentais para a definição do limiar de declividade. Em um perfil com um metro

de espaçamento entre pontos coletados, podem ocorrer casos, como apresentados

na figura 2.18.

Page 51: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

42

72°

81° 68°

42°

A B C

Figura 2.18 – Perfil esquemático representando diferentes tipos de edificações e declividades.

Uma edificação baixa com topo plano, representada pelo caso A, apresenta

um valor de declividade, em sua borda, inferior a uma edificação alta (caso B). A

definição de um limiar ótimo para o caso B, pode suprimir edificações pequenas na

detecção de bordas. Por outro lado, a definição de um limiar baseado no caso A,

pode gerar falsas bordas em edificações mais altas ou em árvores. Outra situação

de difícil análise são edificações com topo não-plano (caso C), onde um limiar muito

baixo pode detectar bordas falsas ao longo do telhado.

Na identificação das bordas de edificações deve-se atentar para a qualidade

posicional. Na nuvem de pontos gerada pelo sistema de varredura a LASER, os

alvos são coletados indiscriminadamente. A distância entre o primeiro ponto coletado

no topo de edificação e seu vértice real depende da posição e orientação da

construção com relação ao sensor. Segundo Volsseman e Maas (2001), as maiores

diferenças posicionais ocorrem em bordas perpendiculares ou paralelas à orientação

de varredura.

600 700

A B620620

Figura 2.19 – Perfil esquemático representando diferenças entre pontos coletados (em vermelho) e

vértices reais de edificações (em marrom)

Page 52: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

43

Na figura 2.19, observam-se duas edificações de mesma dimensão real

porém em função de suas diferentes posições com relação ao perfil de aquisição

(direção dos pulsos no espaço). A edificação A teve pontos coletados afastados de

seus vértices reais (em marrom). A edificação B teve pontos coletados próximos a

seus vértices reais (em marrom). Utilizando o ponto médio da aresta com alta

declividade como borda do objeto (baricentro do triângulo, representado em azul),

percebe-se que a edificação do caso A é detectada com dimensão menor que a real

e deslocada para esquerda. A edificação do caso B é detectada com dimensão

maior que a real.

Segundo Steinle (2000), esta diferença depende, também, do eco do pulso

LASER analisado. Dados de último pulso apresentam melhor coincidência com o

formato das edificações e são menos sensíveis a vegetação e a detalhes

irrelevantes do telhado de edificações, como antenas e chaminés. Porém objetos

detectados pelo último eco do pulso são, geralmente, menores que o real. Isso

ocorre, pois, somente, as projeções de feixe de LASER (footprints) que estão

inteiramente compreendidas no topo da edificação fornecem a elevação do topo.

Projeções de LASER que atingem, parcialmente, o topo das edificações, fornecem a

elevação do terreno.

Figura 2.20 – Representação dos retornos do LASER ao atingir edificação. Quando a projeção do

LASER atinge parcialmente um topo de edificação (à esquerda) o primeiro eco (magenta) fornece a

elevação do topo e o último eco (azul) fornece a elevação do terreno

Page 53: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

44

3. Proposta de metodologia para a avaliação da qualidade cartográfica de produtos gerados a partir de levantamentos a LASER

Avaliar a qualidade posicional de um produto cartográfico significa submeter

esse produto a normas e padrões, utilizando ferramentas estatísticas. Para se

avaliar a qualidade de um produto cartográfico qualquer, necessita-se de outro com

qualidade superior, que servirá como referência ou base de comparação. Este pode

ser uma base cartográfica da mesma região de melhor qualidade (escala maior) ou

pontos coletados no campo, por topografia convencional ou GPS. É importante

identificar bem e coletar os mesmos pontos na base a ser avaliada e na base de

referência, para que haja uma exata correspondência.

Os MDT e MDS, como qualquer outro produto cartográfico, estão sujeitos a

erros sistemáticos, aleatórios e grosseiros. Os erros sistemáticos são quantificados

segundo a acurácia, que é a proximidade do valor encontrado (MDT a ser avaliado)

em relação ao valor verdadeiro (MDT de referência). Os erros aleatórios possuem

natureza desconhecida. A precisão, a dispersão das observações em torno do valor

médio é utilizada para avaliação destes erros. Os erros grosseiros podem ser

detectados em função de seu grande afastamento da média, em geral superior a 3

vezes o desvio padrão.

Para avaliação dos produtos gerados, através dos levantamentos oriundos

de sistema de varredura a LASER aerotransportado, foi elaborada uma metodologia

de processamento de dados, modelagem e ajustamentos.

Page 54: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

45

Esta metodologia é composta das seguintes etapas:

• Processamento preliminar dos dados;

• Delimitação da área de estudo;

• Geração do MDS;

• Testes e controles planimétricos

• Detecção de bordas de edificações;

o Cálculo dos gradientes (declividade);

o Definição de limiar de declividade e classificação;

o Vetorização das bordas detectadas.

• Coleta de pontos de controle planimétrico;

• Cálculo de estatísticas;

• Detecção e eliminação de erros grosseiros;

• Testes de tendência;

• Minimização de erros sistemáticos;

• Teste de precisão (padrão americano);

• Satisfação ao PEC (padrão brasileiro);

• Testes e controles altimétricos

• Coleta de pontos de controle altimétrico;

• Detecção e eliminação de erros grosseiros;

• Testes de tendência;

• Minimização de erros sistemáticos;

• Teste de precisão (padrão americano);

• Satisfação ao PEC (padrão brasileiro);

Avaliação final

Além disso podem se realizar ajustamentos para eliminação de erros

grosseiros, minimização de erros sistemáticos e tentativas de melhora da qualidade.

Page 55: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

46

3.1. Processamento dos dados e delimitação da área de estudo

Para a avaliação da qualidade devem ser utilizados os dados do último

pulso de levantamentos e algum outro produto cartográfico de referência com melhor

qualidade cartográfica. Serão utilizados dados do último pulso, contrariando

recomendação de Steinle (2000), para avaliar se a metodologia proposta consegue

minimizar os erros de dimensão de objetos, detectados pelo autor citado.

Caso o sistema de coordenada do levantamento a LASER e o do produto

cartográfico de referência sejam diferentes, deve-se buscar a compatibilidade, em

geral reprojetando os do sistema LASER para o de referência (imutável). Existem

vários programas computacionais no mercado capazes de realizar tal transformação.

A delimitação da área de estudo visa minimizar o esforço computacional e

de coleta de pontos de controle, ajustamento e modelagem das superfícies.

Segundo a metodologia proposta, os dados devem ser importados, como tabelas,

para um programa gerenciador de banco de dados. A delimitação espacial pode ser

realizada através de uma consulta com restrições nos campos Este e Norte,

utilizando os limites inferiores e superiores da área de estudo. As seleções devem

ser exportadas em formato ASCII, visando facilitar a importação por outros

programas.

Os arquivos ASCII, com os dados de cada faixa devem ser importados em

um programa de computação gráfica. A visualização desses pontos em plataforma

gráfica possibilita a escolha de pontos de controle, como se mostrará.

3.2. Geração do MDS e detecção de bordas de edificações

Após a importação, devem ser gerados modelos digitais de superfície (MDS)

para cada faixa em estudo. Pode-se utilizar diversos programas de modelagem das

superfícies. Recomenda-se que os MDS sejam construídos pelo método da

Page 56: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

47

triangulação de Delaunay, indicado para dados com distribuição irregular. Devido a

grande densidade de pontos, recomenda-se a utilização de ajuste linear (equação

do plano) na modelagem.

Deverão ser calculadas as declividades (módulos dos gradientes de

elevação) para todos os triângulos dos MDS, através da equação 2.14.

Para detecção de bordas deverá ser estabelecido um limiar de classificação,

acima do qual, os triângulos serão classificados como borda. A utilização desse

limiar são determinadas empiricamente, de acordo com as características do

levantamento.

O conhecimento da região em estudo e do levantamento são importantes

para a boa definição do limiar. Um levantamento em escala pequena da região,

como uma imagem CBERS pancromática, pode auxiliar nos testes de definição de

limiar, evitando com que se omitam as feições comuns. Sabendo-se a resolução

média (dx) do levantamento a LASER, pode-se determinar diferença de altura limite,

para classificação como borda (H), em função da declividade, através da equação

3.1.

)tan( edeclividaddxH ⋅= Eq. 3.1

Outra ferramenta que pode auxiliar na definição do limiar e posterior

vetorização das bordas são os mapas de elevação ou hipsométricos. Com pouco

conhecimento dos dados, podem-se estabelecer várias classes de elevação com

intervalos de três metros (altura média de um andar de edificações), a partir da cota

mais baixa do levantamento. Regiões com grande quantidade de triângulos

contínuos representam terrenos planos ou topos planos de edificações. Operações

de adição entre dados de elevação e declividade, como álgebra de mapas, também

auxiliam a definição de limiar no caso de pouca informação da região e do

levantamento.

Definido o limiar, devem ser classificados triângulos com declividade

superior a ele. Esses triângulos identificam variações abruptas de elevação e

delimitam elementos não-pertencentes ao terreno, como edificações ou árvores.

Através desta segmentação pretende-se identificar edificações no MDS (e em seus

produtos, gerados pela nuvem de pontos).

Page 57: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

48

Figura 3.1 – Perspectiva de uma TIN sobre uma nuvem de pontos oriundos de levantamento LASER.

Triângulos azuis correspondem a declividades superiores ao limiar estabelecido.

Após a classificação devem-se vetorizar as bordas, transformando os

triângulos classificados em linhas. Este processo pode ser realizado manualmente,

destacando os triângulos de borda com cor diferente permitindo com que o técnico

trace retas sobre arestas das edificações. Este processo requer experiência do

profissional e é subjetivo e demorado. Pode-se adotar uma metodologia semi-

automática, eliminando tendências do operador e agilizando o processo.

Este trabalho propõe um método semi-automático em duas etapas. Na

primeira etapa o operador indica a diretriz de uma aresta entre os triângulos

classificados e o algoritmo ajusta uma reta em função dos baricentros destes

triângulos (fluxogramas indicado na figura 3.2 e e código comentado, na figura 3.3).

Foi adotado o baricentro para ajuste de arestas por facilidade de cálculo, sem

prejuízos perante outras opções. Na segunda etapa, um algoritmo de pós-

processamento conecta as arestas perante teste de proximidade de seus vértices

(fluxograma da figura 3.4). Atualmente, estas rotinas funcionam dentro do programa

computacional AutoCad.

Page 58: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

49

Figura 3.2 – Algoritmo da rotina de geração de arestas por regressão linear de baricentros de

triângulos de borda.

Entrada pelo usuário de dois pontos para

definição da diretriz de busca.

Cria buffer com tolerância definida pelo

usuário

Seleciona triângulos que interceptam o buffer

Calcula coeficientes de reta por MMQ (ajuste linear)

Desenha reta com os coeficientes calculados

Fim da rotina

Calcula o baricentro dos triângulos selecionados

e o armazena

Page 59: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

50

Figura 3.3 – Código comentado em AutoLISP da rotina de geração de arestas por regressão linear de

baricentros de triângulos de borda.

Page 60: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

51

Figura 3.4 – Algoritmo da rotina de conexão de arestas.

Os vértices resultantes dessas operações serão utilizados como pontos de

controle planimétrico.

Seleciona um conjunto de arestas

Calcula quantidade de arestas no conjunto

Seleciona uma aresta do conjunto

Testa se existem outras arestas no

conjunto

Testa se a distância entre o

vértice da aresta e o vértice da aresta

vizinha é menor que a tolerância

Cria interseção entre arestas (comando FILLET)

Testa distância com próxima aresta do

conjunto.

Elimina aresta selecionada do conjunto

Fim da rotina

Fluxo normal

Teste: negativo

Teste: positivo

Page 61: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

52

O cálculo da declividade também permite segmentação de regiões planas.

Triângulos com baixa declividade (menor que 5o) delimitam áreas quase planas,

onde podem ser coletados pontos de controle para análise altimétrica.

3.3. Coleta de pontos de controle planimétricos e altimétricos

Deverão ser coletados pontos de controle planimétrico, em quantidade

suficiente e em regiões de fácil identificação tanto no MDS segmentado como no

produto cartográfico de referência. Recomenda-se que estes pontos sejam coletados

no MDS sem a exibição do produto de referência, evitando assim a indução do

intérprete.

Segundo norma, no caso de cartas e mapas, recomenda-se coleta de 20 ou

mais pontos de controle por folha. No caso de levantamentos a LASER, adotou-se

quantidade de pontos maior que 20, por faixa de levantamento. Nos estudos de caso

serão utilizadas quantidades superiores a 20 (mais de 50 pontos por faixa),

aumentando a qualidade estatística dos experimentos, por tratar-se de processo de

validação e avaliação de um produto novo.

Devido à facilidade de detecção de vértices de edificações no MDS e sua

presença nos produtos cartográficos de referência, recomenda-se estas feições

como pontos de controle.

Os pontos de controle planimétrico podem ser utilizados como controle

altimétrico, caso o produto cartográfico de referência possua as elevações de pontos

facilmente identificáveis, como vértices de edificações. No caso de coleta de pontos

utilizando GPS, estes pontos devem ser escolhidos estrategicamente para que

possam ser usados como controle tanto planimétrico, quanto altimétrico, reduzindo

assim a quantidade total de pontos a serem levantados.

Page 62: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

53

Caso o produto de referência não contenha pontos com elevação de fácil

identificação no MDS, devem-se coletar pontos de controle em regiões planas,

minimizando assim erros de coleta, advindos entre outras coisas do não ajuste

planimétrico entre os documentos.

O conceito do que seja uma região relativamente plana varia com o

espaçamento/resolução média entre pontos do levantamento a LASER e a

qualidade cartográfica que se pretende obter nos testes e tratamentos. Para um

espaçamento médio, entre pontos de um levantamento a LASER, de um metro (em

centro de faixa) a uma declividade de 5º, representa uma diferença de nível de cerca

de nove centímetros no terreno. Este erro altimétrico, oriundo da coleta equivocada

(por erro planimétrico) é bem inferior ao admissível na norma brasileira para

levantamentos na escala 1/500 e na classe A (0,25 cm), ou seja, levantamentos

cadastrais em escalas muito grandes e excelente qualidade.

3.4. Cálculo de estatísticas, detecção e eliminação de erros grosseiros

Após a coleta de pontos no MDS ou até paralelamente, esses pontos devem

ser identificados e coletados em campo ou em produto cartográfico com qualidade

superior.

Denomina-se, no presente trabalho, discrepância a diferença entre o valor

da observação no produto a ser avaliado e o valor de referência. Sugere-se montar

planilhas com as discrepâncias nas coordenadas Este (∆E), Norte (∆N) e elevação

(∆H)

∆E = Ecarta - ELASER Eq. 3.1

∆N = Ncarta - NLASER Eq. 3.2

∆H = Hcarta - HLASER Eq. 3.3

Page 63: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

54

A partir dessas discrepâncias podem ser calculadas diversas grandezas

estatísticas, entre elas a média ( X∆ ) e o desvio-padrão (SX). A análise das

discrepâncias permite a detecção e correção, de alguns tipos de erros aos quais os

levantamentos estão sujeitos: erros grosseiros e sistemáticos.

A seguir devem ser eliminados pontos com erros grosseiros, mediante uma

análise dos pontos que estão fora do intervalo definido pela média e três vezes o

desvio padrão (nos casos normais). O processo de eliminação de pontos grosseiros

deve ser realizado iterativamente, recalculando-se a média e o desvio-padrão dos

pontos restantes a cada iteração.

No caso de pontos de controle planimétricos e altimétricos distintos, a

detecção e eliminação se dão primeiramente sobre as observações planimétricas,

uma vez que estas interferem na correta coleta dos pontos de controle altimétrico.

De fato, a coleta dos pontos de controle altimétrico só ocorre após completo

tratamento estatístico ou ajustamento pelo método dos mínimos quadrados da parte

planimétrica. Os pontos discrepantes serão eliminados caso alguma das ordenadas,

E ou N, contenha erro grosseiro. No caso de pontos de controle plani-altimétricos,

ocorre eliminação de pontos discrepantes se qualquer uma de suas ordenadas: E, N

ou H, contiver erro grosseiro.

Amostras eivadas de erros grosseiros têm suas estatísticas contaminadas, o

que pode ocasionar mascaramento de erros sistemáticos ou a detecção errônea dos

mesmos, degradação da qualidade em testes de precisão e, principalmente,

falseamento do MDT construído. Após a eliminação dos pontos discrepantes, nota-

se diminuição do desvio-padrão e melhoras em outros parâmetros estatísticos, como

assimetria (desvio do pico da curva de distribuição de uma curva normal) e curtose

(grau de achatamento da curva de distribuição) aproximando os histogramas de

distribuições normais.

Page 64: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

55

3.5. Testes de tendência e eliminação de erros sistemáticos

Após a eliminação de erros grosseiros, a partir das estatísticas e do tamanho

da amostra resultante(n) pode-se determinar a existência ou não de tendências, que

neste caso, significam erros sistemáticos inerentes ao levantamento e/ou ao

processo de coleta de pontos de controle. Para tal, realiza-se o teste de tendência

(Merchant, 1982), para o nível de confiança de 90% (valor padrão). Embora este

teste não seja preconizado no padrão brasileiro e sim no padrão americano, é um

procedimento bastante conhecido e utilizado em trabalhos. O teste de tendência é

baseado na distribuição de Student, com a seguinte definição:

H0: X∆ = 0, hipótese nula

Que será verdadeira se: 2,1 α−

<nX tt , e então o produto está livre de tendências no

eixo X examinado (N, E ou H);

Onde 2,1 α−nt representa o valor crítico, que vem tabelado para n e α ou pode ser

calculado.

H1: X∆ ≠ 0, hipótese alternativa

Que será verdadeira, rejeitando H0, se: 2,1 α−

≥nX tt , e então o produto apresenta

de tendência no eixo X examinado.

Na definição, para o cálculo, tX se escreve:

EE S

nEt ⋅∆= (coordenada Este) Eq. 3.4

NN S

nNt ⋅∆= (coordenada Norte) Eq. 3.5

HH S

nHt

⋅∆= (coordenada H ou elevação) Eq. 3.6

Page 65: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

56

Onde, E∆ , N∆ e H∆ são, respectivamente, as médias das discrepâncias

em Este, Norte e elevação e SE, SN e SH são os desvios-padrão em Este, Norte e

elevação. Os valores de tcrítico são tabelados em função de número de amostras (n) e

do grau de significância (α), considerado 90%. Segundo Nero (2000) admite-se que

constatado o erro sistemático, através do teste, o mesmo pode ser minimizado,

subtraindo-se o seu valor de cada ordenada. Sobre a amostra resultante são

realizados os testes de precisão e de satisfação ao padrão brasileiro.

3.6. Teste de precisão (padrão americano)

Uma análise de satisfação a um dado padrão é o teste de precisão (Nero,

2000). Este teste é utilizado na norma americana, como a NMAS, do inglês National

Map Accuracy Standards (USBB, 1947) e o padrão da ASPRS (ASPRS, 1989),

ambos baseados na distribuição χ2, segundo as seguintes hipóteses:

Ho: SX2

= σX2 , hipótese nula

H1: SX2

< σX2 , hipótese alternativa

Para realizar o teste, deve-se comparar o valor de χ2 da amostra com um valor limite

da estatística, para aquele tamanho da amostra (n) e um determinado nível de

confiança, que se adota normalmente α = 0,10. A fórmula para o cálculo é:

2

22

1, )1(x

xnx

Snσ

χ ⋅−=− Eq. 3.7

Onde, 2xS corresponde à variância ou desvio padrão da amostra ao quadrado e 2

representa o desvio padrão ao quadrado da classe cartográfica que se quer verificar

e que no caso da norma brasileira, corresponde ao Erro planimétrico padrão (EPP),

gerando a equação 3.8, conforme Nero (2005)

2

22

1,)1(

EPPSn P

nx⋅−

=−χ Eq. 3.8

Page 66: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

57

Esse valor calculado deve ser comparado com o valor crítico ( 2critχ ) extraído

da tabela da distribuição χ2 para um grau de significância α, normalmente, igual a

90% (Cintra; Nero, 2009). O teste de hipóteses fica sendo:

H0: 2,1

2αχχ −≤ ncrit , a precisão da amostra atende a precisão especificada.

H1: 2,1

2αχχ −> ncrit , a precisão da amostra não atende a precisão especificada.

3.7. Satisfação ao PEC (padrão brasileiro)

No Brasil, análises de satisfação de produtos cartográficos estão amparadas

pelo Decreto-Lei 89.187/84. Este decreto define o Padrão de Exatidão Cartográfica

(PEC) e apresenta três classes de produto e estabelece valores numéricos para

cada uma. Em seu artigo oitavo esse Decreto prevê que:

“Noventa por cento dos pontos bem definidos numa carta, quando testados no terreno,

não deverão apresentar erro superior ao Padrão de Exatidão Cartográfica -

Planimétrico estabelecido”.

“Noventa por cento dos pontos isolados de altitude, obtidos por interpolação de curvas-

de-nível, quando testados no terreno, não deverão apresentar erro superior ao Padrão

de Exatidão Cartográfica - Altimétrico – estabelecido”.

Em seu artigo nono, o Decreto estabelece as classificações quanto a

exatidão, resumidas nas tabelas 3.1 e 3.2

Tabela 3.1 – Valores do PEC e do EPP (planimétrico) relativos à escala do produto cartográfico

Planimetria Classe PEC EPP

A 0,5mm 0,3mm B 0,8mm 0,5mm C 1,0mm 0,6mm

Page 67: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

58

Tabela 3.2 - Valores do PEC altimétrico relativos à escala do produto cartográfico

Altimetria Classe

PEC Escala 1/1.000

Escala 1/2.000

Escala 1/5.000

A 1/2 da eqüidistância 0,50m 1,00m 2,5m B 3/5 da eqüidistância 0,60m 1,20m 3,0m C 3/4 da eqüidistância 0,75m 1,50m 3,75m

Embora o conceito de curvas de nível adotado pela norma brasileira não

reflita a natureza dos MDT e MDS, uma atualização da norma brasileira ainda não foi

homologada.

Para aplicação do padrão brasileiro devem ser criadas colunas para verificar

se o erro em cada ponto (nas duas coordenadas) ultrapassa ou não o valor do PEC

especificado no padrão (tabela 3.1). Ou seja, busca-se a verificação da satisfação ao

PEC, ponto a ponto, para cada escala. Para tal, foram calculados os valores do PEC

no campo para as diferentes escalas e classes de qualidade e comparados com as

discrepâncias das componentes planimétricas de cada observação.

Para cada conjunto de amostra verificam-se quantos pontos foram

reprovados para cada classe. Segundo o padrão, se a porcentagem de pontos

reprovados na amostra, for igual ou superior a 10%, esta não atinge a classificação

de qualidade preconizada.

3.8. Ajustamento com transformação afim

Outra abordagem para minimizar erros sistemáticos e melhorar a qualidade

posicional é a utilização de uma transformação afim. O tratamento estatístico,

abordado nas etapas anteriores, promove translações em E, N e H, baseado nos

erros sistemáticos detectados. A transformação afim foi considerada para

minimização de erros planimétricos, pois promove além das translações, rotações,

Page 68: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

59

escala de eixos e não-ortogonalidade entre eixos. Esta transformação, em tese,

permite a resolução de problemas como, algumas diferenças entre o tamanho real

do objeto e o detectado palas bordas extraídas pelo último pulso, erros de pontaria e

de identificação de vértices de controle.

No caso de pontos de controle plani-altimétricos pode-se utilizar uma

transformação afim no espaço (equações 3.8, 3.9 e 3.10). No caso de pontos de

controle planimétricos e altimétricos distintos, deve-se utilizar uma transformação

afim no plano, apenas para a parte planimétrica (equações 3.11 e 3.12) e uma outra

transformação para a parte altimétrica.

HAYAXAAX a ⋅+⋅+⋅+= 3210 Eq. 3.8

HBYBXBBYa ⋅+⋅+⋅+= 3210 E9. 3.9

HCYCXCCZa ⋅+⋅+⋅+= 3210 Eq. 3.10

YAXAAX a ⋅+⋅+= 210 Eq. 3.11

YBXBBYa ⋅+⋅+= 210 E9. 3.12

Nas equações anteriores, os termos independentes (A0, B0, C0)

correspondem às translações e composições dos demais termos (A1, A2, A3, B1,

B2, B3, C1, C2, C3) correspondem a, rotações, escala de eixos e não-

ortogonalidade entre eixos.

Os coeficientes da transformação são determinados através de ajustamento,

utilizando o método dos mínimos quadrados para modelo paramétrico linear. A

formulação matemática adotada foi extraída de Gemael (1994):

)()( 1b

TTa LPAAPAX ⋅⋅⋅⋅⋅= − Eq. 3.13

ba LXAV −⋅= Eq. 3.14

aba XAVLL ⋅=+= Eq. 3.15

GLVV T ⋅

=0σ Eq. 3.16

Page 69: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

60

Onde Xa é o vetor dos parâmetros ajustados; A é a matriz das derivadas

parciais em função dos coeficientes; Lb é o vetor das observações; P é a matriz-peso

(no ajustamento, adotou-se a matriz-identidade), V é a vetor dos resíduos, La é o

vetor das observações ajustadas, σ0 é a variância a posteriori e GL são os graus de

liberdade do ajustamento (diferença entre o número de equações e o número de

incógnitas).

Podem-se calcular estatísticas adicionais como a matriz variância-

covariância (MVC) dos parâmetros, das observações ajustadas e dos resíduos. Para

análise da qualidade do ajustamento, na parte prática, foi utilizada a MVC dos

parâmetros ajustados (equação 3.17).

( ) 120

−⋅⋅⋅=Σ APAX T

a σ Eq. 3.17

Para o ajustamento recomenda-se a utilização de 40% dos pontos coletados

(antes do tratamento estatístico), cuja discrepância mais se aproxima da média das

discrepâncias. Os demais pontos são utilizados para verificação da qualidade do

ajustamento.

Os coeficientes determinados devem ser aplicados, então, nas equações

3.8, 3.9 e 3.10 (no caso de transformação afim no espaço) ou nas equações 3.11 e

3.12 (no caso de transformação afim plana) para se calcularem as coordenadas

corrigidas. Sobre estas coordenadas calculam-se as discrepâncias e se realizam

testes de satisfação (precisão e PEC).

A transformação afim será utilizada nos estudos de caso para verificar se

este procedimento gera resultados significativamente melhores que o tratamento

estatístico simples de tendência (duas translações). Caso não, recomendar-se-á a

utilização desse tratamento estatístico, dada sua maior facilidade de cálculo.

Ao final deve-se verificar o atendimento conjunto das exigências

planimétricas e altimétricas para enquadrar o produto numa determinada classe /

escala especificadas no padrão brasileiro.

Page 70: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

61

4. Avaliação da qualidade do levantamento a LASER realizado no Campus da UFPR

4.1. Local de testes, equipamentos e programas computacionais utilizados

Seguindo a metodologia proposta foram realizados os experimentos

práticos, descritos no capítulo anterior.

A avaliação da qualidade cartográfica foi realizada para o levantamento por

sistema de varredura a LASER aerotransportado, sobre o campus do Instituto

Politécnico da Universidade Federal do Paraná. Para o experimento foram utilizados

os dados do último retorno do pulso de duas faixas desse levantamento e, como

referência, mapeamento realizado por restituição aerofotogramétrica, na escala

1/2.000. O levantamento LASER e a restituição encontram-se no sistema de

projeção cartográfica UTM, fuso 22 e Referencial SAD-69.

O levantamento foi realizado pelo LACTEC, com o sistema de varredura

Optech ALTM 2050, em maio de 2003. Este utiliza mecanismo de varredura de

espelho oscilante, produzindo um padrão de zigue-zague sobre a área levantada.

Tabela 4.1 – Características do sistema de varredura a LASER (Fonte: Optech, 2008).

Sistema ALTM 2050 Fabricante Optech Dados Fornecidos pelo sistema Coordenadas 3D / Dados de Intensidade Método de Varredura Espelhos Oscilantes Pulsos por segundo 50.000 Ângulo de Varredura Variável entre 0º e 40º Registro do pulso Primeiro e último retorno do pulso Padrão de Varredura Dente de Serra (Zig-Zag) Comprimento de onda do LASER 1064 nm Altitude de operação 210 - 2.000 mts Classificação do LASER Classe IV (ANSI) Potência Requerida 28 VDC/ 26-35 A

Page 71: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

62

Um exemplo dos dados brutos está mostrado na figura 4.1. A primeira

coluna corresponde à coordenada Este, a segunda à coordenada Norte (ambas em

UTM), a terceira à altitude e a quarta à refletância.

Figura 4.1 – Trecho dos dados brutos da faixa 3, último pulso.

Foram utilizados os programas computacionais:

a) Microsoft Excel: construção de planilhas e análises estatísticas.

b) Microsoft Word: construção de rotina de importação de pontos.

c) Microsoft Access: armazenamento, consultas e operações algébricas sobre

os dados.

d) Autodesk Land Desktop 2000i: visualização, construção de MDS, cálculo de

declividades, vetorização e desenvolvimento de rotinas.

e) Mathcad: desenvolvimento de rotinas.

4.2. Processamento dos dados e coletas de pontos de controle

Primeiramente, foi delimitada uma área de estudo (figura 4.2). Para tal, foi

considerada uma região crítica do campus, com grande variação de relevo,

edificações e bosques. Esta restrição mostrou-se bastante interessante dado o

Page 72: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

63

volume total dos dados brutos: seis faixas de levantamento com aproximadamente

1.200.000 pontos, cada.

Figura 4.2 – Imagem de satélite da área em estudo (recorte em vermelho). Fonte: Google Maps, 2009

As faixas de interesse foram importadas, como tabelas, para um banco de

dados através no programa computacional MS Access. Foi realizada uma consulta

com restrições nos campos Este e Norte, utilizando os limites inferiores e superiores

da área de interesse (Tabela 4.2). Dessa consulta resultaram novas tabelas,

exportadas em formato ASCII com os campos separados por vírgula. Nesta

exportação, desprezou-se o campo refletância, presente nos dados brutos.

Tabela 4.2 – Limites da área de estudo em coordenadas UTM, fuso 22, SAD-69.

Limites Este (m) Norte (m)Inferior 677.290 7.183.710

Superior 677.870 7.184.260

Page 73: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

64

Figura 4.3 – Exemplo de consulta com as restrições utilizadas na delimitação de áreas.

Os arquivos em formato ASCII, com os dados de cada faixa foram

processados a fim de gerar uma rotina de importação para o programa de

computação gráfica Autocad. Este processamento pode ser executado em

processadores de textos com recursos de procura e substituição, como o MS Word,

utilizado nessa tarefa. Trata-se de incluir entre as coordenadas os comandos,

necessários ao desenho (Figura 4.4). A exibição em plataforma gráfica facilita a

análise dos dados e geração dos MDS.

Figura 4.4 – Exemplo de criação de arquivo Script para importação no Autocad.

Page 74: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

65

4.3. Geração do MDS e coleta de pontos de controle planimétrico

Após a importação, foram gerados modelos digitais de superfície (MDS) para

cada faixa em estudo. Utilizou-se a versão educacional do módulo Land Desktop

2000i que trabalha sobre o Autocad, para modelagem de superfícies. Os MDS foram

construídos pelo método da triangulação de Delaunay, dada a distribuição dos

pontos levantados. Na figura 4.5 apresenta-se uma tela desse programa com a

triangulação gerada aparecendo ao fundo e parâmetros estatísticos na tela

superposta.

Figura 4.5 – Tela do módulo Land Desktop, utilizado para modelagem de superfícies.

Através desse mesmo programa, foram calculadas as declividades de todos

os triângulos de cada MDS (faixa 3 e faixa 6 do levantamento). Dentre os resultados,

foram selecionados todos os triângulos com declividade superior a 80º. Estes

Page 75: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

66

triângulos identificam variações abruptas de declividade e delimitam elementos não-

pertencentes ao terreno em sentido estrito, como edificações e árvores.

Como a planta proveniente da restituição não continha a elevação das

edificações, esses pontos não puderam servir como controle altimétrico. Uma opção

seria a ida a campo com GPS para levantamento desses pontos em vértices de

coberturas planas, quando possível. Mas preferiu-se verificar outras possibilidades

que evitassem trabalhos adicionais de campo e assim, os pontos de controle

altimétrico foram definidos de outra maneira, como será relatado mais adiante.

Figura 4.6 – Representação de declividades superiores a 80º e classes hipsométricas.

Os vértices de edificações, utilizados como pontos de controle planimétrico,

foram determinados vetorizando-se as arestas identificadas através de segmentação

de declividades altas, superiores a 80°. Para facilitar a identificação dos vértices de

edificações, além da delimitação das declividades superiores à 80º (os triângulos

foram pintados de preto), foi elaborado um mapa hipsométrico com classes

estratégicas (figura 4.6). Podem se identificar diversos telhados planos, identificados

por zonas retangulares de uma única cor e em alturas crescentes, além de árvores

isoladas.

As arestas das edificações foram vetorizadas manualmente e através do

algoritmo de ajuste linear, desenvolvido para o trabalho. Foram coletados dois

conjuntos distintos de pontos de controle, um através da vetorização manual e outro

Triângulos com declividade superior a 80º

Triângulos com elevação entre 907 e 913 metros

Triângulos com elevação entre 913 e 919 metros

Triângulos com elevação acima de 919 metros

Page 76: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

67

através da vetorização semi-automática, no intuito de avaliar a eficácia desses dois

processos, comparados como o documento cartográfico de referência. Para facilitar

a análise só foram considerados vértices que puderam ser obtidos pelos dois

métodos de vetorização e se utilizou a mesma nomenclatura para os dois conjuntos

de dados.

Foram coletados 145 pontos de controle planimétrico, sobre a área de

interesse (Figura 4.7). Destes, 56 pertencem à faixa 3 e 108 à faixa 6. Alguns pontos

coletados nas duas faixas. Para evitar indução do operador na coleta dos pontos, os

mesmos foram coletados sem a exibição da restituição fotogramétrica, usada como

documento de referência.

Figura 4.7 – Pontos de controle planimétrico. Vetores em azul pertencem a edificações levantadas na

faixa 3. Em laranja pertencem a edificações levantadas na faixa 6. Ambas foram coletados

manualmente.

Page 77: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

68

4.4. Detecção e eliminação de erros grosseiros na planimetria, sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente

Para definir os pontos testados em campo preconizados pela norma (mínimo

de 20), utilizou-se como referência os pontos da restituição aerofotogramétrica (na

escala 1:2.000, cuja região de interesse é apresentada na figura 4.8) que, presume-

se possuir qualidade cartográfica superior ao levantamento a LASER. Como não foi

realizado o controle de qualidade da restituição, para efeito de avaliação da

metodologia, esta foi considerada isenta de erros. Os pontos correspondentes aos

de controle coletados no levantamento LASER foram identificados, então, na

restituição.

Figura 4.8 – Restituição aerofotogramétrica, utilizada como produto cartográfico de referência.

Foi montada então uma planilha (em Excel) com as discrepâncias nas

coordenadas Este (∆E) e Norte (∆N). Conforme formulário apresentado na

metodologia (equações 3.1 e 3.2).

Page 78: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

69

A partir das estatísticas calculadas sobre as discrepâncias, foram realizados

testes para detecção de erros grosseiros. Foram eliminados criteriosamente pontos

com erros grosseiros, mediante uma análise prévia dos pontos que estão fora do

intervalo definido pela média e três vezes o desvio padrão. Por exemplo, para a faixa

3, sem eliminar esses pontos os dados apresentam valores de curtose (7,236) e

assimetria (-2,232) bastante fora da normalidade estatística. Após eliminá-los, os

valores desses parâmetros passaram a ser menores que 0,5 em módulo e, portanto,

aceitáveis (-0,037 e –0,146). Na coordenada N da mesma faixa, ocorre algo

semelhante, com o descarte dos pontos discrepantes, chega-se a valores aceitáveis

de curtose e assimetria (próximos à zero). O mesmo comportamento aparece em

outras estatísticas. As figuras a seguir, apresentam as tabelas com estatística

descritiva e histograma das discrepâncias (coordenadas E e N), para a faixa 3, antes

e após a eliminação dos erros grosseiros, obtidas através da aplicação do programa

Excel.

Figura 4.9 – Estatísticas descritivas e histogramas das componentes E e N, da faixa 3, antes da

eliminação de erros grosseiros (destacados em vermelho), valores em metros.

Page 79: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

70

Figura 4.10 – Estatísticas descritivas e histogramas das componentes E e N, da faixa 3, após a

eliminação de erros grosseiros, valores em metros.

Percebe-se ainda, uma relativa melhora (cerca de 23 cm) OK no desvio

padrão com a eliminação dos pontos discrepantes em ambos os eixos. O mesmo

acontece com as amostras da faixa 6. Isso influi diretamente nas avaliações de

qualidade cartográfica que serão apresentados a seguir.

4.5. Testes de tendência e minimização de erros sistemáticos na planimetria, sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente

Foram realizados testes de tendências com os conjuntos de amostras,

através das equações apresentadas na metodologia (3.4 e 3.5), gerando os

seguintes resultados:

Page 80: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

71

Para a faixa 3, 676,1,1 =− αnt (tabelado) e:

318,5336,0

51250,0=

⋅=

⋅∆=

EE S

nEt

676,1318,5 >=Et , rejeita-se H0 e a amostra apresenta tendências na coordenada

Este.

572,55347,0

51701,2=

⋅=

⋅∆=

NN S

nNt

676,1572,55 >=Nt , rejeita-se H0 e a amostra apresenta tendências também na

coordenada Norte.

Para faixa 6, 659,1,1 =− αnt (tabelado) e:

558,3427,0

104149,0=

⋅=

⋅∆=

EE S

nEt

Como 659,1558,3 >=Et , a amostra apresenta tendência na coordenada Este.

090,59385,0

104231,2=

⋅=

⋅∆=

NN S

nNt

Como 659,1090,59 >=Nt , a amostra apresenta tendência na coordenada Norte.

Comprovada a existência de tendência em ambos os eixos, foi possível a

minimização desses erros sistemáticos, subtraindo a média das discrepâncias das

observações. As figuras 4.10 e 4.11 apresentam tabelas com a estatística descritiva

e histograma após esta operação, para as faixas 3 e 6, respectivamente.

Page 81: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

72

Figura 4.10 – Estatísticas descritivas e histogramas, da faixa 3, após a eliminação de erros grosseiros

e sistemáticos, valores em metros.

Figura 4.10 – Estatísticas descritivas e histogramas, da faixa 6, após a eliminação de erros grosseiros

e sistemáticos, valores em metros.

Após eliminar os erros sistemáticos, observa-se que a média das

discrepâncias torna-se zero (pela própria definição da operação realizada).

Page 82: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

73

4.6. Teste de precisão (padrão americano) e satisfação ao PEC (padrão brasileiro) sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente

A partir das amostras tratadas estatisticamente, foram realizados os testes

de qualidade cartográfica, segundo os padrões americano e brasileiro, conforme

metodologia apresentada no capítulo anterior.

Para ilustrar a melhora na qualidade após tratamento estatístico, são

apresentados resultados da satisfação à norma cartográfica, antes e após

eliminação de erros grosseiros e sistemáticos.

Primeiramente, foi realizado o teste de precisão, cujos resultados são

apresentados nas tabelas 4.3 e 4.4.

Tabela 4.3 – Teste de precisão, baseado no EPP, para a faixa 3

Dados brutos -χ2tab = 69,898 Livre de erros grosseiros e

sistemáticos -χtab = 63,168 Classe EP (mm)

Escala 1/

χ2E χ2>χ2

ta χ2N χ2>χ2

ta Final χ2E χ2>χ2

t χ2N χ2>χ2

t Final1.000 183,9 N 203,6 N não 62,66 S 66,92 N não2.000 45,99 S 50,90 S sim 15,66 S 16,73 S simA 0,3

5.000 7,36 S 8,14 S sim 2,51 S 2,68 S sim1.000 66,22 S 73,30 N não 22,56 S 24,09 S sim2.000 16,56 S 18,32 S sim 5,64 S 6,02 S simB 0,5

5.000 2,65 S 2,93 S sim 0,90 S 0,96 S sim1.000 25,87 S 28,63 S sim 8,81 S 9,41 S sim2.000 6,47 S 7,16 S sim 2,20 S 2,35 S simC 0,8

5.000 1,03 S 1,15 S sim 0,35 S 0,38 S sim

Page 83: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

74

Tabela 4.4 – Teste de precisão, baseado no EPP, para a faixa 6

Dados brutos -χ2tab = 126,127 Livre de erros grosseiros e

sistemáticos -χtab = 120,681 Classe EP (mm)

Escala 1/

χ2E χ2>χ2

t χ2N χ2>χ2

t Final χ2E χ2>χ2

t χ2N χ2>χ2

t Final1.000 408,0 N 285,4 N não 188,4 N 169,0 N não2.000 102,0 S 71,36 S sim 47,10 S 42,26 S simA 0,3

5.000 16,32 S 11,42 S sim 7,54 S 6,76 S sim1.000 146,9 N 102,8 S não 67,82 S 60,85 S sim2.000 36,72 S 25,69 S sim 16,95 S 15,21 S simB 0,5

5.000 5,88 S 4,11 S sim 2,71 S 2,43 S sim1.000 57,38 S 40,14 S sim 26,49 S 23,77 S sim2.000 14,34 S 10,04 S sim 6,62 S 5,94 S simC 0,8

5.000 2,30 S 1,61 S sim 1,06 S 0,95 S sim

Nessas duas tabelas calculam-se para diversas classes (A,B,C) e escalas

(1:1.000, 1:2.000 e 1:5.000) o valor de χ2 para as duas coordenadas e compara-se

com o valor tabelado. Caso o valor da tabela seja excedido o produto não passa no

teste e o resultado final (não) é expresso em cor vermelha; caso contrário (sim), em

cor verde.

Os resultados mostram que os desvios-padrão das amostras atendem às

especificações de EPP, compatíveis com a escala 1/2.000, classe A ou escala

1/1.000, classe C nos dados brutos. Após tratamento estatístico, a qualidade das

amostras é compatível com escala 1/1.000, classe B, e escala 1/2.000, classe A.

Segundo o padrão brasileiro (tabelas 4.5 e 4.6), o produto, antes da

eliminação dos erros grosseiros, é reprovado em todas as escalas, menos na

1/5.000, classes B e C, em ambas as faixas. Após o tratamento estatístico, o produto

é aprovado para todas as escalas e classes, a menos da classe A, na escala

1/1.000, em ambas as faixas.

Page 84: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

75

Tabela 4.5 – Satisfação ao PEC, faixa 3.

Comparação com o PEC Dados brutos Após eliminação de erros grosseiros e sistemáticos

PEC % reprovada >10% ? % reprovada >10% ? Escala 1/

Classe (mm) (m) E N Ap / Re E N Ap / Re

A 0,5 0,50 30,4% 98,0% Reprovado 13,7% 17,6% ReprovadoB 0,8 0,80 8,9% 98,0% Reprovado 2,0% 0,0% Aprovado 1.000

C 1,0 1,00 5,4% 98,0% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado A 0,5 1,00 5,4% 98,0% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado B 0,8 1,60 3,6% 98,0% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado 2.000

C 1,0 2,00 1,8% 96,1% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado A 0,5 2,50 0,0% 70,6% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado B 0,8 4,00 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado 5.000

C 1,0 5,00 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado

Tabela 4.6 – Satisfação ao PEC, faixa 6.

Comparação com o PEC Dados brutos Após eliminação de erros grosseiros e sistemáticos

PEC % reprovada >10% ? % reprovada >10% ? Escala 1/

Classe (mm) (m) E N Ap / Re E N Ap / Re

A 0,5 0,5 10,2% 46,3% Reprovado 9,7% 10,7% ReprovadoB 0,8 0,8 4,6% 46,3% Reprovado 1,9% 1,0% Aprovado 1.000

C 1,0 1,0 1,9% 45,4% Reprovado 0,0% 1,0% Aprovado A 0,5 1,0 1,9% 45,4% Reprovado 0,0% 1,0% Aprovado B 0,8 1,6 1,9% 42,6% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado 2.000

C 1,0 2,0 1,9% 28,7% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado A 0,5 2,5 0,0% 11,1% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado B 0,8 4,0 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado 5.000

C 1,0 5,0 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado

Constatou-se que os dois levantamentos obtiveram qualidade compatível

com produtos na escala 1/5.000, classe B, quando analisados seus dados brutos,

eivados de erros grosseiros e sistemáticos. Após a eliminação destes, ambos os

levantamentos possuem qualidade cartográfica compatível com a escala 1/1.000,

classe B, ou melhor. A expressão ou melhor, quer significar por exemplo 1/2.000,

classe A etc. Como sempre é possível eliminar erros sistemáticos (a norma

americana por exemplo, já pressupõe isso antes de qualquer análise), esta última

posição constitui a avaliação final dos produtos.

Page 85: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

76

De acordo com os dois padrões, nota-se grande melhora de qualidade com

a adoção desta metodologia e, mais ainda, uma coerência de qualidade entre as

faixas 3 e 6. Logicamente, mais testes devem ser conduzidos para a generalização

das conclusões.

4.7. Ajustamento com transformação afim e avaliação da qualidade planimétrica, sobre o conjunto de dados vetorizados manualmente

Apesar dos bons resultados, foram realizados outros testes na tentativa de

minimizar alguns erros, como definição dos vértices de edificações, não

contemplados pela simples translação. Para isto utilizou-se uma transformação afim

e não o tratamento estatístico para minimização do erro sistemático em N e E.

O objetivo inicial era realizar uma transformação afim no espaço, porém o

produto cartográfico de referência não possuía pontos tridimensionais de fácil

identificação no levantamento a LASER. A transformação afim foi considerada então

para duas dimensões, visando minimizar os erros planimétricos, corrigindo

translações, rotações, escala de eixos e não-ortogonalidade entre eixos. As

equações utilizadas no ajustamento foram apresentadas no capítulo de metodologia

(equações 3.11 a 3.17)

Como mencionado na metodologia, foram escolhidos 40% dos pontos

coletados (antes do tratamento estatístico), cuja discrepância mais se aproximava da

média das discrepâncias. Assim, na faixa 3 foram utilizados 24 pontos para o modelo

e 32 pontos para verificação da qualidade. Na faixa 6, foram utilizados 43 pontos

para o modelo e 65 para verificação. O ajustamento foi realizado através de

programação no MathCad, programa que provê diversas ferramentas para cálculo

matricial e programação de alto nível.

Um desafio foi a construção da matriz das derivadas parciais em função dos

coeficientes (A) para uma grande quantidade de equações. Para superá-lo, na

aplicação prática, foi desenvolvida uma rotina de construção, para o presente

Page 86: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

77

trabalho, independente da quantidade de amostras, em ambiente MathCad (Figura

4.12).

Figura 4.12 – Rotina para construção da matriz A.

O ajustamento das faixas, pela metodologia apresentada, gerou os

seguintes resultados:

Tabela 4.7 – Parâmetros ajustados para as faixas 3 e 6, após a convergência dos resultados, em

duas iterações.

Coeficientes Faixa 3 Faixa 6 A0 -5442,03 23138,90 A1 0,99982 0,996301 A2 0,00077 -0,002872B0 -2808,74 4188,20 B1 -0,00002 -0,000784B2 1,00039 0,999491

Os parâmetros ajustados foram aplicados nas equações 3.11 e 3.12, para

cada ponto de controle planimétrico. Estes resultados foram comparados com as

coordenadas da restituição, calculando-se as discrepâncias como indicado nas

equações 3.1 e 3.2. Foram calculadas as estatísticas descritivas (Figura 4.13):

Page 87: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

78

Figura 4.13 – Estatísticas descritivas das componentes Este e Norte, após ajustamento.

Ao se compararem as estatísticas antes e após ajustamento, nota-se que

este reduziu a média das discrepâncias, minimizando erros sistemáticos. Porém, não

foi eficiente na eliminação de erros grosseiros. As amostras continuam apresentando

valores anormais de curtose e assimetria e não houve redução do intervalo e do

desvio padrão. Dada a ineficiência da transformação afim na detecção de erros

grosseiros, os demais testes foram conduzidos após sua eliminação, utilizando

processo descrito anteriormente.

A minimização dos erros sistemáticos pode ser verificada com a realização

de testes de tendência. Estes foram executados nas duas faixas, gerando os

seguintes resultados:

Page 88: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

79

Para faixa 3, dados ajustados, 676,1,1 =− αnt e:

316,0556,0

56028,0=

⋅−=

⋅∆=

EE S

nEt

676,1316,0 <=Et , logo a amostra não apresenta tendências em Este.

109,1581,0

56086,0=

⋅−=

⋅∆=

NN S

nNt

676,1109.1 <=Nt , logo a amostra não apresenta tendências em Norte.

Para faixa 6, dados ajustados, 659,1,1 =− αnt e:

337,0541,0

108018,0=

⋅−=

⋅∆=

EE S

nEt

659,1337,0 <=Et , logo a amostra não apresenta tendências em Este.

793,0487,0

108037,0=

⋅−=

⋅∆=

NN S

nNt

659,1793,0 <=Nt , logo a amostra não apresenta tendências em Norte.

Os resultados do teste confirmam que o ajustamento minimizou os erros

sistemáticos existentes nos levantamentos.

Foram realizados também testes de precisão sobre os dados ajustados,

resultando nas tabelas 4.8 e 4.9.

Page 89: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

80

Tabela 4.8 – Teste de precisão, baseado no EPP, para a faixa 3

Antes do ajustamento -χtab = 69,898

Após ajustamento -χtab = 69,898 Classe EP

(mm) Escala

1/ χ2

E χ2>χ2 χ2N χ2>χ2 Final χ2

E χ2>χ2 χ2N χ2>χ2

t Final1.000 183,9 N 203,6 N não 187,0 N 206,0 N não 2.000 45,99 S 50,90 S sim 46,76 S 51,51 S sim A 0,3

5.000 7,36 S 8,14 S sim 7,48 S 8,24 S sim 1.000 66,22 S 73,30 N não 67,33 S 74,18 N não 2.000 16,56 S 18,32 S sim 16,83 S 18,54 S sim B 0,5

5.000 2,65 S 2,93 S sim 2,69 S 2,97 S sim 1.000 25,87 S 28,63 S sim 26,30 S 28,98 S sim 2.000 6,47 S 7,16 S sim 6,58 S 7,24 S sim C 0,8

5.000 1,03 S 1,15 S sim 1,05 S 1,16 S sim

Tabela 4.9 – Teste de precisão, baseado no EPP, para a faixa 6

Antes do ajustamento -χtab = 126,127

Após ajustamento -χtab = 126,127 Classe EP

(mm) Escala

1/ χ2

E χ2>χ2t χ2

N χ2>χ2t Final χ2

E χ2>χ2t χ2

N χ2>χ2t Final

1.000 408,0 N 285,4 N não 348,2 N 281,8 N não2.000 102,0 S 71,36 S sim 87,04 S 70,45 S simA 0,3

5.000 16,32 S 11,42 S sim 13,93 S 11,27 S sim1.000 146,9 N 102,8 S não 125,3 S 101,4 S sim2.000 36,72 S 25,69 S sim 31,33 S 25,36 S simB 0,5

5.000 5,88 S 4,11 S sim 5,01 S 4,06 S sim1.000 57,38 S 40,14 S sim 48,96 S 39,63 S sim2.000 14,34 S 10,04 S sim 12,24 S 9,91 S simC 0,8

5.000 2,30 S 1,61 S sim 1,96 S 1,59 S sim

Para a aplicação do padrão brasileiro, foi realizado teste de satisfação ao

PEC, ponto-a-ponto, para diversas escalas e classes de qualidade, resultando em

tabelas (4.10 e 4.11) semelhantes às apresentadas anteriormente.

Page 90: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

81

Tabela 4.10 – Satisfação ao PEC da faixa 3, antes e após ajustamento.

Comparação com o PEC Antes do Ajustamento Após Ajustamento

PEC % reprovada >10% ? % reprovada >10% ? Escala 1/

Classe (mm) (m) E N Ap / Re E N Ap / Re

A 0,5 0,50 30,4% 89,3% Reprovado 16,1% 16,1% ReprovadoB 0,8 0,80 8,9% 89,3% Reprovado 7,1% 1,8% Aprovado 1.000

C 1,0 1,00 5,4% 89,3% Reprovado 5,4% 1,8% Aprovado A 0,5 1,00 5,4% 89,3% Reprovado 5,4% 1,8% Aprovado B 0,8 1,60 3,6% 89,3% Reprovado 3,6% 1,8% Aprovado 2.000

C 1,0 2,00 1,8% 87,5% Reprovado 1,8% 1,8% Aprovado A 0,5 2,50 0,0% 64,3% Reprovado 0,0% 1,8% Aprovado B 0,8 4,00 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado 5.000

C 1,0 5,00 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado

Tabela 4.11 – Satisfação ao PEC da faixa 6, antes e após ajustamento.

Comparação com o PEC Antes do Ajustamento Após Ajustamento

PEC % reprovada >10% ? % reprovada >10% ? Escala 1/

Classe (mm) (m) E N Ap / Re E N Ap / Re

A 0,5 0,5 10,2% 46,3% Reprovado 13,0% 12,0% ReprovadoB 0,8 0,8 4,6% 46,3% Reprovado 5,6% 3,7% Aprovado 1.000

C 1,0 1,0 1,9% 45,4% Reprovado 5,6% 2,8% Aprovado A 0,5 1,0 1,9% 45,4% Reprovado 5,6% 2,8% Aprovado B 0,8 1,6 1,9% 42,6% Reprovado 2,8% 0,0% Aprovado 2.000

C 1,0 2,0 1,9% 28,7% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado A 0,5 2,5 0,0% 11,1% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado B 0,8 4,0 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado 5.000

C 1,0 5,0 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado

Os resultados comprovam que o ajustamento por transformação afim

melhorou a qualidade planimétrica dos levantamentos, quanto à satisfação ao PEC,

com relação aos dados brutos. Porém, no teste de precisão houve melhora nos

resultados apenas na faixa 6. Mesmo na avaliação quanto ao PEC, os resultados

obtidos através de ajustamento, não obtiveram qualidade tão boa quanto os

resultados obtidos através de tratamento estatístico simplificado, que aplica as duas

translações. Dessa forma, não se recomenda o método apresentado, neste item por

sua complexidade e não haver ganhos efetivos com relação à metodologia anterior

(tratamento estatístico).

Page 91: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

82

4.8. Eliminação de erros grosseiros, minimização de erros sistemáticos, teste de precisão e satisfação ao PEC sobre o conjunto de dados vetorizados pelo método semi-automático

A partir das estatísticas calculadas sobre as discrepâncias, no conjunto de

pontos obtidos por vetorização semi-automática, foram realizados testes para

detecção de erros grosseiros. Foram eliminados pontos fora do intervalo definido

pela média e três vezes o desvio padrão.

Com três iterações, foram eliminados dois pontos discrepantes na faixa 3 e

sete pontos discrepantes na faixa 6.

Figura 4.14 – Estatísticas descritivas e histogramas das componentes E e N, da faixa 3, antes da

eliminação de erros grosseiros, assinalados em vermelho.

Page 92: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

83

Figura 4.15 – Estatísticas descritivas e histogramas das componentes E e N, da faixa 3, após a

eliminação de erros grosseiros

Nos dados brutos percebe-se valores de curtose e assimetria bastante de

grandes, além de do comportamento bi-modal encontrado no histograma. Após

eliminação dos erros grosseiros, melhoram os valores de curtose e assimetria,

aproximando a distribuição da normalidade estatística. Porém, não se observa

melhora significativa do desvio padrão.

Foram realizados testes de tendências com os conjuntos de amostras,

obtidos por vetorização semi-automática, gerando os seguintes resultados:

Para a faixa 3, 674,1,1 =− αnt (tabelado) e:

824,1540,0

54134,0=

⋅=

⋅∆=

EE S

nEt

674,1824,1 >=Et , rejeita-se H0 e a amostra apresenta tendências na coordenada

Este.

Page 93: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

84

751,30628,0

54628,2=

⋅=

⋅∆=

NN S

nNt

674,1751,30 >=Nt , rejeita-se H0 e a amostra apresenta tendências também na

coordenada Norte.

Para faixa 6, 660,1,1 =− αnt (tabelado) e:

149,5689,0

101353,0=

⋅=

⋅∆=

EE S

nEt

Como 660,1149,5 >=Et , a amostra apresenta tendência na coordenada Este.

080,46470,0

101155,2=

⋅=

⋅∆=

NN S

nNt

Como 660,1080,46 >=Nt , a amostra apresenta tendência na coordenada Norte.

Comprovada a existência de tendências em ambos os eixos, foi possível a

minimização desses erros sistemáticos, subtraindo a média das discrepâncias das

observações.

A partir das amostras tratadas estatisticamente, foram realizados os testes

de qualidade cartográfica, segundo o padrão brasileiro.

Na avaliação segundo o padrão brasileiro (tabelas 4.12 e 4.13), o

mapeamento, antes da eliminação dos erros grosseiros, é aprovado apenas na

escala 1/5.000, classes B e C, para faixa 3 e 1/5.000, classes A, B e C, para a faixa

6. Após o tratamento estatístico, o produto da faixa 6 é aprovado para todas as

escalas e classes, a menos da classe A, na escala 1/1.000 e o produto do faixa 3 é

aprovado na escala 1/2.000, classe B.

Page 94: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

85

Tabela 4.12 – Satisfação ao PEC, faixa 3.

Comparação com o PEC Dados brutos Após eliminação de erros grosseiros e sistemáticos

PEC % reprovada >10% ? % reprovada >10% ? Escala 1/

Classe (mm) (m) E N Ap / Re E N Ap / Re

A 0,5 0,50 35,7% 91,1% Reprovado 33,3% 37,0% ReprovadoB 0,8 0,80 14,3% 91,1% Reprovado 14,8% 16,7% Reprovado1.000

C 1,0 1,00 3,6% 91,1% Reprovado 3,7% 11,1% ReprovadoA 0,5 1,00 3,6% 91,1% Reprovado 3,7% 11,1% ReprovadoB 0,8 1,60 1,8% 85,7% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado 2.000

C 1,0 2,00 0,0% 75,0% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado A 0,5 2,50 0,0% 58,9% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado B 0,8 4,00 0,0% 1,8% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado 5.000

C 1,0 5,00 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado

Tabela 4.13 – Satisfação ao PEC, faixa 6.

Comparação com o PEC Dados brutos Após eliminação de erros grosseiros e sistemáticos

PEC % reprovada >10% ? % reprovada >10% ? Escala 1/

Classe (mm) (m) E N Ap / Re E N Ap / Re

A 0,5 0,5 11,1% 45.4% Reprovado 22,8% 12,9% ReprovadoB 0,8 0,8 8,3% 43,5% Reprovado 8,9% 4,0% Aprovado 1.000

C 1,0 1,0 7,4% 43,5% Reprovado 5,9% 2,0% Aprovado A 0,5 1,0 7,4% 43,5% Reprovado 5,9% 2,0% Aprovado B 0,8 1,6 3,7% 37,0% Reprovado 2,0% 0,0% Aprovado 2.000

C 1,0 2,0 3,7% 27,8% Reprovado 0,0% 0,0% Aprovado A 0,5 2,5 0,9% 8,3% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado B 0,8 4,0 0,0% 0,9% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado 5.000

C 1,0 5,0 0,0% 0,0% Aprovado 0,0% 0,0% Aprovado

Constatou-se que os dois levantamentos atingiram qualidade compatível

com produtos na escala 1/5.000, classe B, quando analisados seus dados brutos,

eivados de erros grosseiros e sistemáticos. Após a eliminação destes, nota-se

grande melhora na qualidade cartográfica da faixa 6, ficando esta compatível com a

escala 1/1.000, classe B. A melhora de qualidade posicional é menos significativa na

faixa 3, onde a qualidade atingida é compatível com a escala 1/2.000, classe B

Tais resultados indicam que pontos coletados por vetorização semi-

automática apresentam uma quantidade maior de erros grosseiros, apresentam pior

precisão e são menos sensíveis a tratamentos de erros sistemáticos. Porém, tal

método de coleta de pontos de controle é livre da tendência inerente ao operador

Page 95: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

86

humano e garante maior agilidade na operação, cerca de metade do tempo gasto

com a coleta manual.

4.9. Coleta de pontos de controle para altimetria

Para avaliar a qualidade altimétrica foram coletados pontos de controle na

área em estudo. Foram utilizados pontos cotados da restituição situados em regiões

quase planas, minimizando assim, erros de localização dos mesmos nos

levantamentos a LASER. Para determinação de regiões com essas características

foram calculados, identificados e apresentados visualmente todos os triângulos com

gradiente de elevação entre 0º e 5º.

Figura 4.14 – Distribuição dos pontos de controle altimétrico. O contorno azul corresponde a faixa 6 e

o contorno magenta, a faixa 3.

Page 96: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

87

Nessas regiões foram coletados 39 pontos, que permitiram 24 observações

em cada faixa. Alguns pontos coletados estão presentes em duas faixas e possuem

valores distintos de altitude. Sobre cada ponto cotado da restituição foi extraída a

elevação do modelo TIN dos dados originais, tratados estatisticamente e ajustados

planimetricamente. A distribuição dos pontos é apresentada na figura 4.14. Os

valores extraídos e as discrepâncias são apresentados nas tabelas 4.14 e 4.15.

Tabela 4.14 – Altitudes extraídas dos MDS gerados a partir dos dados brutos, tratados

estatisticamente e ajustados e suas respectivas discrepâncias (Faixa 3).

Altitude (m) Discrepância (m) PT

Carta Dados Brutos

Trat. Estatístico

Após Ajustamento

Dados Brutos

Trat. Estatístico

Após Ajustamento

A1 898,00 898,08 898,11 898,09 0,08 0,11 0,09 A10 904,00 903,76 903,77 903,77 -0,24 -0,23 -0,23 A11 914,00 913,17 913,16 913,18 -0,83 -0,84 -0,82 A12 900,00 900,84 900,82 900,82 0,84 0,82 0,82 A13 914,00 920,67 914,46 914,14 6,67 0,46 0,14 A14 904,00 903,73 903,67 903,68 -0,27 -0,33 -0,32 A15 904,00 903,70 903,72 903,71 -0,30 -0,28 -0,29 A16 900,00 900,43 900,46 900,46 0,43 0,46 0,46 A17 900,00 900,48 900,54 900,54 0,48 0,54 0,54 A18 900,00 900,36 900,38 900,38 0,36 0,38 0,38 A19 900,00 899,59 899,59 899,60 -0,41 -0,41 -0,40 A2 903,00 903,40 903,43 903,43 0,40 0,43 0,43

A20 897,00 898,03 897,99 897,99 1,03 0,99 0,99 A21 914,00 913,63 913,61 913,61 -0,37 -0,39 -0,39 A3 897,00 897,82 897,77 897,77 0,82 0,77 0,77 A4 900,00 899,56 899,48 899,48 -0,44 -0,52 -0,52 A5 900,00 899,88 899,86 899,85 -0,12 -0,14 -0,15 A6 899,00 899,76 899,77 899,77 0,76 0,77 0,77 A7 902,00 902,00 901,96 901,96 0,00 -0,04 -0,04 A8 913,00 912,30 912,24 912,24 -0,70 -0,76 -0,76 A9 913,00 912,43 912,39 912,39 -0,57 -0,61 -0,61

B15 913,00 913,16 913,80 913,80 0,16 0,80 0,80 B16 914,00 913,69 913,73 913,72 -0,31 -0,27 -0,28 B5 900,00 899,59 899,57 899,59 -0,41 -0,43 -0,41

Média 0,294 0,053 0,040 Desvio-padrão 1,455 0,561 0,552

Page 97: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

88

Tabela 4.15 – Altitudes extraídas dos MDS gerados a partir dos dados brutos, tratados

estatisticamente e ajustados e suas respectivas discrepâncias (Faixa 6).

Altitude (m) Discrepância (m) PT

Carta Dados Brutos

Trat. Estatístico

Após Ajustamento

Dados Brutos

Trat. Estatístico

Após Ajustamento

A1 898,00 898,08 898,08 898,09 0,08 0,08 0,09 A13 914,00 918,46 913,61 913,63 4,46 -0,39 -0,37 A2 903,00 903,35 903,37 903,39 0,35 0,37 0,39

A21 914,00 913,47 913,53 913,53 -0,53 -0,47 -0,47 A8 913,00 912,19 912,14 912,13 -0,81 -0,86 -0,87 A9 913,00 912,34 912,30 912,32 -0,66 -0,70 -0,68 B1 900,00 899,43 899,39 899,41 -0,57 -0,61 -0,59

B10 909,00 908,56 908,57 908,57 -0,44 -0,43 -0,43 B11 909,00 908,57 908,57 908,57 -0,43 -0,43 -0,43 B12 911,00 910,43 910,35 910,35 -0,57 -0,65 -0,65 B13 911,00 911,23 910,34 910,34 0,23 -0,66 -0,66 B14 911,00 910,79 910,75 910,75 -0,21 -0,25 -0,25 B15 913,00 913,40 913,77 913,32 0,40 -0,23 0,32 B16 914,00 913,67 913,64 913,62 -0,33 -0,36 -0,38 B17 910,00 909,94 909,82 909,82 -0,06 -0,18 -0,18 B18 913,00 912,84 912,76 912,77 -0,16 -0,24 -0,23 B2 905,00 904,42 904,50 904,52 -0,58 -0,50 -0,48 B3 903,00 902,04 902,02 902,04 -0,96 -0,98 -0,96 B4 905,00 904,44 904,52 904,52 -0,56 -0,48 -0,48 B5 900,00 899,50 899,51 899,52 -0,50 -0,49 -0,48 B6 907,00 906,97 906,89 906,89 -0,03 -0,11 -0,11 B7 907,00 907,19 906,99 906,99 0,19 -0,01 -0,01 B8 909,00 908,57 908,57 908,57 -0,43 -0,43 -0,43 B9 908,00 918,05 907,75 907,75 10,05 -0,25 -0,25

Média 0,330 -0,386 -0,358 Desvio-padrão 2,315 0,298 0,330

Page 98: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

89

4.10. Detecção e eliminação de erros grosseiros e sistemáticos na altimetria

Analisaram-se as amostras na tentativa de detectar erros grosseiros. Na

faixa 3, detectou-se e eliminou-se um ponto nessas condições nos dados originais.

Nos dados tratados estatisticamente e nos dados ajustados, não foram detectados

erros dessa natureza. Na faixa 6, foram detectados e eliminados três erros

grosseiros nos dados originais. Nos dados tratados estatisticamente e nos dados

ajustados, não foram detectados erros dessa natureza. Este fato comprova a

importância da exatidão planimétrica de um MDT ou MDS, na qualidade total do

produto. Comprova também, a eficácia dos métodos utilizados para melhoria da

qualidade planimétrica.

Posteriormente, foram realizados testes de tendência para detectar e

eliminar erros sistemáticos:

Para faixa 3, dados originais, 715,1,1 =− αnt e:

156,0533,0

23017,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

713,1156,0 <=Ht , logo a amostra original não apresenta tendências em elevação.

Para faixa 3, dados tratados estatisticamente, em planimetria 713,1,1 =− αnt e:

466,0561,0

24053,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

713,1466,0 <=Ht , logo a amostra tratada estatisticamente, não apresenta tendências

em elevação.

Page 99: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

90

Para faixa 3, dados ajustados planimetricamente, 713,1,1 =− αnt e:

359,0552,0

24040,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

713,1359,0 <=Ht , logo a amostra ajustada planimetricamente não apresenta

tendências em elevação.

Para faixa 6, dados originais, sem erros grosseiros, 720,1,1 =− αnt e:

420,4353,0

21332,0=

⋅−=

⋅∆=

HH S

nHt

753,1420,4 >=Ht , logo a amostra original apresenta tendências em elevação.

Para faixa 6, dados tratados estatisticamente, em planimetria 713,1,1 =− αnt e:

334,6298,0

24386.0=

⋅−=

⋅∆=

HH S

nHt

753,1334,6 >=Ht , logo a amostra tratada estatisticamente apresenta tendências em

elevação.

Para faixa 6, dados ajustados planimetricamente, 713,1,1 =− αnt e:

312,5330,0

24358.0=

⋅−=

⋅∆=

HH S

nHt

753,1312,5 >=Ht , logo a amostra ajustada planimetricamente apresenta tendências

em elevação.

Os erros sistemáticos detectados no conjunto de dados da faixa 6 foram

minimizados subtraindo-se a média das discrepâncias. Após esta operação, todos os

conjuntos de dados foram submetidos ao teste do padrão brasileiro (satisfação do

PEC).

Nota-se que na faixa 3, nenhum conjunto de dados apresenta tendências em

elevação. Na faixa 6, os dados brutos apresentam tendência em elevação que

persistem mesmo após tratamento estatístico e ajustamento planimétrico. Este fato

Page 100: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

91

pode estar relacionado à degradação da determinação de posição da aeronave,

durante o vôo de uma das faixas.

Foi feito um teste com pontos comuns às duas faixas, para verificar se havia

diferenças significativas entre suas discrepâncias calculadas (tabela 4.16). Para isso,

realizou-se testes de tendência sobre essas diferenças.

Tabela 4.16 – Comparação das discrepâncias altimétricas de pontos comuns a duas faixas. Todas as

unidade em metros.

Carta LASER F6

LASER F3 PT

Altitude Altitude Altitude

Discrepância F3

Discrepância F6

Diferença entre

discrepânciasA1 898,00 898,08 898,08 0,08 0,08 0.00A13 914,00 918,46 920,67 6,67 4,46 2.21A2 903,00 903,35 903,40 0,40 0,35 0.05A21 914,00 913,47 913,63 -0,37 -0,53 0.16A8 913,00 912,19 912,30 -0,70 -0,81 0.11A9 913,00 912,34 912,43 -0,57 -0,66 0.09B15 913,00 913,40 913,16 0,16 0,40 -0.24B16 914,00 913,67 913,69 -0,31 -0,33 0.02B5 900,00 899,50 899,59 -0,41 -0,50 0.09 Média 0,035 Desvio Padrão 0,122

Para pontos comuns, descartando o ponto discrepante A13, e:

257,0122,0

8035,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

894,1257,0 <=Ht , logo a amostra não apresenta tendências em elevação, entre

faixas.

Este resultado não sugere que o erro seja ocasionado pela posição do ponto

dentro da largura da faixa. Os estudos realizados não foram concludentes para

identificar a causa desse erro.

894,1,1 =− αnt

Page 101: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

92

4.11. Teste de satisfação ao PEC (padrão brasileiro) na altimetria.

Para tal, foram calculados os valores do PEC para as diferentes escalas e

classes de qualidade e comparados com as discrepâncias altimétricas de cada

observação, conforme tabela apresentada na metodologia (tabela 3.2).

Tabela 4.17 – Avaliação das discrepâncias altimétricas perante o PEC.

Satisfação ao padrão brasileiro: PEC altimétrico Amostra 1/1.000 -

A 1/1.000 -

B 1/1.000 -

C 1/2.000 -

A 1/2.000 -

B 1/2.000 -

C 66,67% 70,83% 75,00% 91,67% 95,83% 95,83% Dados Brutos

Reprovado Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado 58,33% 66,67% 70,83% 100,00% 100,00% 100,00% Dados tratados

estatisticamente Reprovado Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado 58,33% 66,67% 70,83% 100,00% 100,00% 100,00% Fa

ixa

3

Dados ajustados planimetricamente Reprovado Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado

80,95% 90,48% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Dados Brutos Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

91,67% 91,67% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Dados tratados estatisticamente Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

83,33% 87,50% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Faix

a 6

Dados ajustados planimetricamente Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

Segundo esta análise, o levantamento da faixa 3 obteve qualidade

compatível com produtos na escala 1/2.000, classe A, em todos os conjuntos de

dados. O levantamento da faixa 6 obteve qualidade compatível com produtos

cartográficos na escala 1/1.000, classe B, para os dados originais. Os dados da faixa

6, cujo planimetria foi tratada estatisticamente, obtiveram qualidade compatível com

escala 1/1.000, classe A. Os dados da faixa 6, ajustados planimetricamente,

obtiveram qualidade compatível com escala 1/1.000, classe C.

Os resultados obtidos comprovam melhora não-significativa na qualidade

altimétrica na faixa 3, após tratamento e ajustamento planimétrico dos dados. Na

faixa 6, após a eliminação de erros grosseiros e sistemáticos, os dados originais

obtiveram boa qualidade, podendo ser enquadrados na classe B, na escala 1/1.000.

Os dados após tratamentos estatísticos planimétricos e altimétricos, alcançaram

Page 102: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

93

qualidade surpreendente: classe A, na escala 1/1.000. Porém, o ajustamento

planimétrico por transformação afim, degradou a qualidade dos dados originais.

4.12. Ajustamento com polinômio de 1º grau na altimetria.

Com objetivo de tentar refinar as elevações adotou-se um polinômio de 1°

grau, ajustado através do método dos mínimos quadrados. Utilizou-se para o modelo

paramétrico, 40% dos pontos coletados, cuja discrepância mais se aproximava da

média das discrepâncias. A equação utilizada no ajustamento foi:

HAAH a ⋅+= 10 Eq. 4.1

O ajustamento gerou os coeficientes, mostrados da tabela 4.18:

Tabela 4.18 – Parâmetros ajustados para as faixas 3 e 6, após a convergência em duas iterações.

Coeficientes Amostra A0 A1

Dados Originais -13,51123 1,01490Dados tratados estatisticamente -2,75259 1,00296

Faix

a 3

Dados ajustados planimetricamente -22,47275 1,02492Dados Originais 5,88844 0,99356Dados tratados estatisticamente -0,37950 1,00042

Faix

a 6

Dados ajustados planimetricamente 10,01223 0,98909

Analisando esses coeficientes, vê-se que A1 está sempre próximo de 1,

indicando que a operação (Eq. 4.1) é, praticamente, uma translação de valor igual a

A0.

Os parâmetros ajustados foram aplicados na equação 4.13, para cada ponto

de controle altimétrico. As discrepâncias, diferenças entre valores observados no

produto a ser avaliado e os valores de referência, calculadas foram utilizadas em

testes de tendência, gerando os seguintes resultados:

Page 103: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

94

Para a faixa 3, dados originais, sem erros grosseiros, 715,1,1 =− αnt e:

172,1517,0

23126,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

713,1172,1 <=Ht , logo a amostra original não apresenta tendências em elevação.

Para a faixa 3, dados tratados estatisticamente, na planimetria 713,1,1 =− αnt e:

208,0554,0

24024,0=

⋅−=

⋅∆=

HH S

nHt

713,1208,0 <=Ht , logo a amostra tratada estatisticamente, não apresenta tendências

em elevação.

Para a faixa 3, dados ajustados planimetricamente, 713,1,1 =− αnt e:

040,0552,0

24004,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

713,1040,0 <=Ht , logo a amostra ajustada planimetricamente não apresenta

tendências em elevação.

Para a faixa 6, dados originais, sem erros grosseiros, 720,1,1 =− αnt e:

630,0363,0

21049,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

753,1630,0 <=Ht , logo a amostra original não apresenta tendências em elevação.

Para a faixa 6, dados tratados estatisticamente na planimetria 713,1,1 =− αnt e:

092,0296,0

24006.0=

⋅−=

⋅∆=

HH S

nHt

753,1092,0 <=Ht , logo a amostra tratada estatisticamente não apresenta tendências

em elevação.

Page 104: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

95

Para a faixa 6, dados ajustados planimetricamente, 713,1,1 =− αnt e:

632,0333,0

24043,0=

⋅=

⋅∆=

HH S

nHt

753,1632,0 <=Ht , logo a amostra ajustada planimetricamente não apresenta

tendências em elevação.

Esses resultados comprovam que o ajustamento por polinômio de primeiro

grau, foi eficiente na eliminação de erros sistemáticos, porém não apresentou

vantagem significativa sobre o tratamento estatístico altimétrico. Em seguida, testou-

se a satisfação dos levantamentos ao PEC, examinando a quantidade de pontos que

excedem os limites impostos pelo padrão. Os resultados são exibidos na tabela, a

seguir:

Tabela 4.19 – Avaliação das discrepâncias altimétricas perante o PEC, após ajustamento

com.polinômio de 1º grau.

Satisfação ao PEC após ajustamento altimétrico Amostra 1/1.000 -

A 1/1.000 -

B 1/1.000 -

C 1/2.000 -

A 1/2.000 -

B 1/2.000 -

C 73,91% 78,26% 86,96% 95,65% 100,00% 100,00% Dados Originais

Reprovado Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado 54,17% 62,50% 83,33% 100,00% 100,00% 100,00% Dados tratados

estatisticamente Reprovado Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado 54,17% 66,67% 91,67% 100,00% 100,00% 100,00% Fa

ixa

3

Dados ajustados planimetricamente Reprovado Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

76,19% 95,24% 95,24% 100,00% 100,00% 100,00% Dados Originais Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

91,67% 91,67% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Dados tratados estatisticamente Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

83,33% 91,67% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Faix

a 6

Dados ajustados planimetricamente Reprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado Aprovado

Observa-se que o ajustamento com polinômio de 1º grau, não apresentou

melhora significativa nos resultados, o que não recomenda sua aplicação, pelo

menos com os presentes dados.

Os resultados finais deste experimento, considerando planimetria e

altimetria, apontam que o MDS oriundo deste levantamento apresenta qualidade

compatível com produtos cartográficos na escala 1/2.000, classe A, para a faixa 3 e

Page 105: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

96

escala 1/1.000, classe B, para a faixa 6. Observa-se ainda, coerência entre áreas de

sobreposição, como pode ser observado nas tabelas 4.12 e 4.13.

Parece-nos, em conclusão, que a especificação final para o produto, após

todos os tratamentos, deve ser escala 1:2.000, classe A, mesmo porque o

mapeamento de controle está nessa escala e precisão. Para certificar algo melhor

seria preciso contar com um produto de referência mais preciso. Em trabalhos

futuros, pretende-se também analisar outros mapeamentos a LASER, para maior

garantia dessa conclusão.

Page 106: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

97

5. Conclusões e recomendações

Conclui-se, pelos resultados do experimento feito, que os levantamentos por

sistema de varredura a LASER aerotransportado apresentam resultados

satisfatórios. Os testes realizados no capítulo 4 apontam qualidade compatível com

classe A, na escala 1/2.000. Pretende-se realizar testes com outros levantamentos,

preferencialmente, com características distintas: altura de vôo e resolução

diferentes, outros sistemas de varredura (por exemplo, fibra ótica), etc.

As conclusões e experiências são as seguintes:

1) A metodologia proposta foi eficiente na detecção de bordas de edificações. Uma

das vantagens desta metodologia é a detecção das bordas sobre os dados originais

(nuvem de pontos). Desta forma, previnem-se erros introduzidos pela interpolação

inerente à geração de imagens. Esta proposição abre uma nova área de estudo,

adaptando as técnicas de processamento de imagem, a dados em um domínio real

tridimensional (R3).

2) As bordas detectadas podem ser usadas para inúmeras aplicações como

filtragem de pontos para geração de MDT e utilização como linhas de quebra para

geração de MDS/MDT mais fiéis a realidade. Podem ainda, como utilizado no

trabalho, ser utilizadas para determinação de pontos de controle planimétrico. Neste

caso devem-se realizar mais estudos com relação ao retorno do pulso LASER a ser

processado, para garantir a métrica das edificações.

3) Melhorias na qualidade dos levantamentos são alcançadas mediante minimização

de erros, através de uma transformação afim plana ou da subtração da média das

discrepâncias planimétricas nas coordenadas observadas. No caso estudado, as

duas metodologias são equivalentes. Uma explicação para a coerência entre

resultados da transformação afim e a simples translação é o grande peso dos

coeficientes A0 e B0, responsáveis por translações, frente aos coeficientes A1, B1,

A2 e B2, responsáveis pelas rotações e escalas.

Page 107: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

98

4) A simples subtração da média das discrepâncias nas observações (translações)

mostrou-se bastante eficiente, garantindo resultados, ligeiramente melhores que a

transformação afim. Além da maior eficiência, o procedimento é mais simples e

menos oneroso computacionalmente. Sugere-se aplicar esse método, se não houver

alguma circunstância especial.

Recomendações

1) A restituição, usada como documento cartográfico de referência, impediu o teste

de transformações afins no espaço, modelo presumidamente mais indicado para

ajustamento de levantamentos a LASER. Recomenda-se, para estudos futuros, a

coleta de pontos tridimensionais em campo, identificáveis no levantamento a

LASER. Levantamentos GPS sobre o topo de vértices de edificações, permitiriam o

emprego da transformação afim no espaço e possibilitariam a construção de uma

matriz-peso mais adequada, através das precisões das observações.

2) Do ponto de vista altimétrico, a utilização do polinômio de 1° grau, não apresentou

melhora significativa nos resultados em um dos conjuntos de amostras. A simples

eliminação de erros grosseiros e sistemáticos nas observações altimétricas, obteve

resultados semelhantes, com procedimentos mais simples. Pretende-se realizar

testes com outros levantamentos para verificar qual modelo mais se adeqüa ao

ajustamento deste tipo de dado.

3) Outros estudos de interesse, para trabalhos futuros seriam:

a) Adaptar a presente metodologia pensando em levantamentos maiores; determinar

para esses casos o número de pontos de apoio e verificação necessários,

principalmente no caso de não existir mapeamento disponível e ser necessário

levantamento de campo, com GPS, por exemplo.

Page 108: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

99

b) Verificar se a metodologia de extração de bordas proposta é melhor que o

processo de extração de bordas sobre imagens de níveis de cinza para dados de

sensores que naturalmente não produzem dados com distribuição regular ou como

sonares e radares de varredura lateral.

c) Realizar mais testes sobre qual limiar de gradiente utilizar para detecção de

bordas sobre triangulação, em dados com distribuição semelhantes como os

oriundos de varredura a LASER ou ecobatímetro multi-feixe. Estudar se esta

metodologia pode ser utilizada com dados de imageamento ou outros sensores que

não gerem dados brutos sob forma de grade regular.

d) Aumentar a automatização do processo de vetorização de bordas detectadas pela

metodologia descrita, aperfeiçoando as ferramentas desenvolvidas.

Page 109: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASPRS Interim Accuracy Standards for Large Scale Maps, 1989. July 1989 PE&RS,

pp. 1038-1040: disponível em http://www.asprs.org/resources/standards.html, último

acesso em dez. de 2008

BALTSAVIAS, E.P., Airborne LASER scanning: basic relations and formulas. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, v. 54, n. 2-3, p. 199-214, 1999.

BROVELLI, M.; CANNATA, M.; LONGONI, U. LIDAR data filtering and DTM

interpolation within GRASS. Transictions in GIS, v.8, p. 155-174, 2004.

BURMAN, H. LASER strip adjustment for data calibration and verification. IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences, n 34, p 67-72, 2002.

CAVASSIM JR, I. Utilização de dados derivados do varredor LASER na geração de cartas planimétricas na escala 1:2000. 2004. Dissertação (Mestrado) –

Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004, 86p.

CENTENO, J. S. et al. Análise de modelos numéricos de elevação derivados de

LASER scanner para o monitoramento urbano. In: Congresso Brasileiro de Cadastro

Técnico Multifinalitário, 1, Florianópolis, 2000. Anais.

CINTRA, J. P. Modelagem digital de terrenos. 1985. Tese (Doutorado) – Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985, 285p.

CINTRA, J.P.; NERO, M.N. A new method for the cartographic quality control in

digital mapping, ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing,

submitted, 2009

DALMOLIN, Q.; SANTOS, D. R.: Sistema LASER Scanner: Conceitos e princípios

de funcionamento. Curitiba. Ed. UFPR, 2003, 97p.

ELMQVIST, M. Ground surface estimation from airborne LASER scanner data using

active shape models. IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences, n. 34, p. 114-118, 2002.

Page 110: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

101

GEMAEL, G., Introdução ao ajustamento de observações, aplicações geodésicas. Curitiba. Ed. UFPR, 1994, 320p.

GONÇALES, R. Dispositivo de varredura LASER 3D terrestre e suas aplicações na engenharia. 2007. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo, São Paulo, 2007, 98p.

HOFTON, M. A., BLAIR, J. B. An airborne scanning LASER altimetry survey of Long

Valley, California. International Journal of Remote Sensing, vol. 21, n 12, p 2413-

2437, 2000.

HUISING, E. J.; GOMES, L. M. P. Errors and accuracy estimates of LASER data

acquired by various LASER scanning systems for topographic applications. ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing, v. 53, n. 5, p. 245-261, 1998.

KAPLAN, E. D. Understanding GPS: principles and applications. Boston, Artech

House, 1996, 554p.

KILLIAN, J.; HAALA, N.; ENGLICH, M. Capture and evaluation of airborne LASER

scanner data. IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences, n. 23, p.

383-388, 1996.

LIMA, S. R. S. Integração GPS/INS utilizando sensores inerciais baseados em sistemas microeletromecânicos. 2005. Tese (Doutorado) - Universidade Federal

do Paraná, Curitiba, 2005, 136p.

MONICO, J. F. G Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: descrição, fundamentos e

aplicações. São Paulo, Ed.UNESP, 2008, 287p.

MERCHANT, D. C. Spatial Accuracy Standards for Large Scale Line Maps, In:

Technical congress on surveing and mapping. Proceedings. V. 1, p. 222-231, 1982

MORIN, K. W. Calibration of airborne LASER scanners. 2002. Tesis (PhD) -

University of Calgary, Alberta, 2002, 125p.

Page 111: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

102

MORSDORF, F. ET AL. The potential of discrete return, small footprint airborne

LASER scanning data for vegetation density estimation. In: ISPRS work group III

Workshop, 2005, Enschede, Annals, p.198-203.

NERO, M. A. Estudo comparativo de metodologias de digitalização de mapas e seu controle de qualidade geométrica. 2000. Dissertação (Mestrado) – Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000, 233p.

NERO, M. A. Proposta para controle de qualidade de bases cartográficas com ênfase na componente posicional. 2005. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo, São Paulo 2005, 291p.

PESSOA, L.M.C., GPS – Teoria e Prática. Rio de Janeiro, Ed. Petrobras, 1998,

134p.

ROGGERO, M. Airborne LASER scanning: clustering in raw data. IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences, n. 34, p. 227-232, 2001.

SITHOLE, G. e VOSSELMAN, G. Experimental comparison of filter algorithms for

bare-Earth extraction from airborne LASER scanning point clouds. ISPRS Journal of Photogrametry & Remote Sensing, v. 59, n. 1-2, p. 85-101, 2004.

STEINLE, E.; VOGTLE, T., Effects of difference LASER scanning modes on the

results of buildings recognition and reconstruction. IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences, v. 33, part B3, pp. 858-865, 2000.

USBB, 1947 U.S. Bureau of the Budget, National Map Accuracy Standard (NMAS),

Revised, June 17, 1947: disponível em http://rockyweb.cr.usgs.gov/ nmpstds/nmas.html, último acesso em dez de 2008

VAUGHN, C. R. et al. Georeferecing of airborne LASER altimeter measurements.

International Journal of Remote Sensing, v. 17, n 11, p 2185-2200, 1996.

VOSSELMAN, G. Slope based filtering of LASER altimetry data. IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences, v. 33, p. 935-942, 2000.

Page 112: Avaliação de qualidade cartográfica e extração de bordas

103

WACK, R; WIMMER, A. Digital terrain models from airborne LASER scanner data – a

grid based approach IAPRS Remote Sensing and Spatial Information Sciences,

n. 34, p. 293-296, 2002.

WEHR A.; LOHR U. Airborne LASER Scanning – An Introduction and Overview. ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing, v.54, n. 3, pp. 68-82, 1999

ZIOU, D; TABBONE, S.. Edge detection techniques - an overview. International Journal of Pattern Recognition and Image Analysis, n.8, p.:537--559., 1998

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BEHAN A..; MAAS H-G.; VOSSELMANN, G. Steps towards Quality Improvement of

Airborne LASER Scanner Data. In: ANNUAL CONFERENCE OF THE REMOTE

SENSING SOCIETY, 26, 2000, Amsterdam. Proceedings. [s.n.]

HYYPÂ, J. et al. Using individual tree crown approach for forest volume extraction with aerial images and LASER point clouds. In: ISPRS work group III

Workshop, 2005, Enschede, Annals, p.144-149.

LIDAR – Light Detection And Ranging: disponível em http:// www.lidar.com, último

acesso em dezembro 2008

Optech: disponível em http://www.optech.ca, último acesso em outubro de 2008

Precise Navigation: disponível em http://gge.unb.ca/Research/GeodesyGroup/ tutorial/precision_navigation.htm, último acesso em setembro de 2006

VOSSELMAN, G.; MAAS, H. G., Adjustment and filtering of raw LASER altimetry

data. In: OEEPE workshop on Airbone LASERscaning and Interferometric SAR for

Detailed Digital Elevation Models, 40, Amsterdam, 2001. Proceedings, pp. 62-72.