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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DO AR INTERIOR EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE VENTILAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES Ismael da Silva Schossler Lajeado, dezembro de 2014

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DO AR INTERIOR EM FUNÇÃO … · Com todos os dados levantados, avaliaram possui ˘ interior de ambientes ˇ ˆ ˙ ˙ ˝ ˝ ˝ ˛ ˚ ˜ RESUMO ! ˛ " ˙

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DO AR INTERIOR EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE VENTILAÇÃO DAS

EDIFICAÇÕES

Ismael da Silva Schossler

Lajeado, dezembro de 2014

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Ismael da Silva Schossler

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DO AR INTERIOR EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE VENTILAÇÃO DAS

EDIFICAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do Centro Universitário UNIVATES, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Rodrigo Ramos de Santana

Coorientador: Prof. Rodrigo Spinelli

Lajeado, dezembro de 2014

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RESUMO

Problemas na qualidade do ar interior nos novos edifícios podem estar vinculados a falhas ou deficiências na ventilação de seus ambientes. Agregado a tendência de preocupação única com estética e funcionalidade dos edifícios, esses problemas podem ser amplificados. Este trabalho tem por objetivo avaliar as condições do ar interior de ambientes, relacionado às características de ventilação das edificações. Baseado nos parâmetros definidos na Resolução RE n° 9 de 2003 da ANVISA, analisou-se a qualidade do ar no interior de ambientes com diferentes sistemas de distribuição da ventilação. Para obtenção dos dados necessários foram realizadas análises e monitoramentos em quatro protótipos de alvenaria, construídos em escala reduzida, simulando ambientes com ventilação natural. O primeiro protótipo não possui sistema de circulação da ventilação, o segundo possui distribuição da ventilação por efeito chaminé, o terceiro e o quarto foram construídos com distribuição da ventilação através de torre de vento, porém no quarto protótipo possui aspersão de água. As avaliações foram realizadas a partir das análises de fatores microbiológicos, físicos e químicos, realizadas no ar interior dos ambientes. Com todos os dados levantados, avaliaram-se os protótipos mostrando que o ar em cada um deles se comporta de forma variada em relação a cada parâmetro avaliado.

Palavras-chave: Qualidade do ar interior. Características de ventilação. Análise do ar.

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ABSTRACT

Indoor air quality problems in the new buildings can be related to failures or deficiencies in the ventilation of their places. These problems can be magnified if only concern with appearance and functionality of buildings. This paper aims to evaluate the indoor air conditions in relation to the ventilation characteristics of the buildings. Based on the parameters defined in the ANVISA Resolution RE No. 9 of 2003, analyzed the air quality within rooms with different delivery ventilation systems. To obtain the necessary data, analyzes and monitoring were performed in prototypes, built on a small scale, simulating natural ventilation. The first prototype has no circulation ventilation system, the second prototype has distribution of ventilation chimney effect, the third and fourth prototypes were constructed with ventilation distribution wind tower, but in the fourth prototype has water spray. The evaluations were performed from the analysis of microbiological, physical and chemical factors, conducted in indoor air. With all the data collected, the prototypes were evaluated showing that the air in each behaves in different ways for each parameter evaluated.

Keywords: Indoor air quality. Ventilation characteristics. Air analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Divisão da atmosfera em camadas .......................................................... 18

Figura 2 – Esquematização da circulação convergente e divergente do ar .............. 24 Figura 3 – Principais direções dos ventos ................................................................. 25 Figura 4 – Direção predominante dos ventos ............................................................ 27

Figura 5 – Contaminação por fontes externas........................................................... 38 Figura 6 – Localização dos protótipos ....................................................................... 45 Figura 7 – Projeto do protótipo 1 ............................................................................... 45 Figura 8 – Projeto do protótipo 2 ............................................................................... 46

Figura 9 – Projeto do protótipo 3 ............................................................................... 47 Figura 10 – Projeto do protótipo 4 ............................................................................. 48

Figura 11 – Início da construção dos protótipos ........................................................ 49 Figura 12 – Finalização das alvenarias ..................................................................... 49 Figura 13 – Grelha de madeira instalada .................................................................. 50

Figura 14 – Sistema de aspersão de água do protótipo 4 ......................................... 50 Figura 15 – Construção dos protótipos finalizada; (a) protótipo 1; (b) protótipo 2; (c) protótipo 3; (d) protótipo 4 ......................................................................................... 51 Figura 16 – Estação meteorológica Instrutemp ITWH-1080, instalada próximo aos protótipos, e seu painel de controle ........................................................................... 52 Figura 17 – Sensores Pt-100 conectados a um Dattalogger ..................................... 53 Figura 18 – Portable AIQ Meter 4in1 modelo 77597 ................................................. 54

Figura 19 – GasAlertMicroClip XT ............................................................................. 54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Frequência média anual da velocidade do vento .................................... 26

Gráfico 2 – Variação da umidade relativa do ar ........................................................ 59 Gráfico 3 – Direção de predominância dos ventos no período amostral ................... 60 Gráfico 4 – Temperaturas nos protótipos e ambiente externo .................................. 61

Gráfico 5 – Dados de umidade relativa do ar no interior de cada um dos protótipos 64

Gráfico 6 – Dados da presença de CO2 no ar interior dos protótipos ........................ 66 Gráfico 7 – Unidades formadoras de colônia em cada placa de Petri por m³ de ar .. 69 Gráfico 8 – Valor médio das unidades formadoras de colônias em cada ambiente .. 70

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais compostos orgânicos encontrados no ambiente interno ........ 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição da atmosfera seca .............................................................. 17

Tabela 2 – Efeitos da concentração de O2 ................................................................ 19 Tabela 3 – Avaliação do parâmetro temperatura interna nos protótipos ................... 63 Tabela 4 – Avaliação da temperatura desconsiderando o limite mínimo .................. 63

Tabela 5 – Avaliação do parâmetro umidade relativa no interior dos protótipos ....... 65

Tabela 6 – Dados das análises de CO2 em ppm no ar interior dos protótipos .......... 67 Tabela 7 – Valores médios de CO2 em mg.L-1 no ar interior dos protótipos .............. 67 Tabela 8 – Apresentação da quantidade de colônias contadas em cada placa de Petri e o volume de ar dos protótipos, obtendo a relação de unidades formadoras de colônia por metro cúbico de ar (ufc/m³) ..................................................................... 69

Tabela 9 – Comparativo entre os percentuais de amostras apropriadas para os parâmetros da qualidade do ar interior analisados nos protótipos ............................ 76

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CO - Monóxido de Carbono

CO2 - Dióxido de Carbono

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

COS-V - Compostos Orgânicos Semi-Voláteis

COV - Compostos Orgânicos Voláteis

EPA - US Environmental Protection Agency

E - Este

ENE - Este-nordeste

ESE - Este-sudeste

H2SO4 - Ácido Sulfúrico

HC - Hidrocarbonetos totais

m/s - Metros por segundo

MMA - Ministério do Meio Ambiente

N - Norte

NE - Nordeste

NNE - Norte-nordeste

NNO - Norte-noroeste

NO - Noroeste

NO2 - Dióxido de nitrogênio

NOX - Óxidos de Nitrogênio

O - Oeste

O2 - Oxigênio

O3 - Ozônio

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OMS - Organização Mundial de Saúde

ONO - Oeste-noroeste

OSO - Oeste-sudeste

PI - Partículas Inaláveis

ppm - Partes por Milhão

PTS - Partículas Totais em Suspensão

PVC - Policloreto de Vinila

QAI - Qualidade do Ar Interior

S - Sul

SE - Sudeste

SED - Síndrome do Edifício Doente

SO - Sudoeste

SO2 - Dióxido de Enxofre

SSE - Sul-sudeste

SSO - Sul-sudoeste

UFC - Unidades Formadoras de Colônia

VMR - Valor Máximo Recomendável

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1 Objetivo geral .................................................................................................... 14

1.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 15

1.3 Estrutura do documento .................................................................................. 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 16

2.1 Atmosfera .......................................................................................................... 16

2.1.1 Importância do ar .......................................................................................... 18

2.1.2 Poluentes atmosféricos ............................................................................... 19

2.2 Ventos ................................................................................................................ 22

2.2.1 Importância do estudo dos ventos.............................................................. 25

2.2.2 Análise dos ventos no local de estudo ....................................................... 26

2.3 Ventilação natural ............................................................................................. 27

2.4 Qualidade do ar interior .................................................................................... 29

2.5 Fatores que interferem na qualidade do ar interior ....................................... 32

2.5.1 Fatores Microbiológicos .............................................................................. 32

2.5.2 Fatores Químicos ......................................................................................... 33

2.5.3 Compostos Orgânicos Voláteis ................................................................... 35

2.5.4 Materiais particulados .................................................................................. 36

2.5.5 Ventilação ...................................................................................................... 37

2.5.6 Interferências externas ................................................................................. 37

2.6 Legislações ....................................................................................................... 38

2.6.1 Padrões de qualidade do ar interior ............................................................ 40

2.6.2 Métodos de análise recomendados pela RE nº9/2003 ............................... 42

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 44

3.1 Projeto e elaboração dos protótipos ............................................................... 44

3.1.1 Protótipo 1 – Sem sistema de distribuição de ventilação ......................... 45

3.1.2 Protótipo 2 – Distribuição de ventilação por efeito chaminé .................... 46

3.1.3 Protótipo 3 – Distribuição de ventilação por efeito torre de vento .......... 46

3.1.4 Protótipo 4 – Distribuição de ventilação por efeito torre de vento com aspersão de água .................................................................................................... 47

3.1.5 Considerações quanto à posição e orientação dos protótipos ................ 48

3.1.6 Construção dos protótipos .......................................................................... 49

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3.2 Ambiente climatizado artificialmente .............................................................. 51

3.3 Ferramentas para levantamento de dados ..................................................... 51

3.3.1 Monitoramentos ............................................................................................ 52

3.3.2 Amostragens ................................................................................................. 53

3.4 Métodos de análise ........................................................................................... 55

3.4.1 Fungos ........................................................................................................... 55

3.4.2 Monóxido e Dióxido de Carbono ................................................................. 56

3.4.3 Temperatura e umidade relativa .................................................................. 57

3.4.4 Percentual de oxigênio e sulfeto de hidrogênio ........................................ 57

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 58

4.1 Parâmetros do ambiente externo .................................................................... 58

4.1.1 Temperatura externa .................................................................................... 58

4.1.2 Umidade relativa do ar externa .................................................................... 59

4.1.3 Ventos ............................................................................................................ 59

4.2 Temperatura interna ......................................................................................... 60

4.2.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA ............................ 62

4.3 Umidade relativa do ar interior ........................................................................ 63

4.3.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA ............................ 64

4.4 Dióxido de carbono........................................................................................... 65

4.4.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA ............................ 67

4.5 Fungos ............................................................................................................... 68

4.5.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA ............................ 70

4.6 Monóxido de carbono, oxigênio (%) e sulfeto de hidrogênio ....................... 71

4.7 Avaliação ........................................................................................................... 71

4.7.1 Protótipo 1 ..................................................................................................... 71

4.7.2 Protótipo 2 ..................................................................................................... 72

4.7.3 Protótipo 3 ..................................................................................................... 73

4.7.4 Protótipo 4 ..................................................................................................... 74

4.7.5 Ambiente climatizado artificialmente .......................................................... 75

4.8 Parecer geral ..................................................................................................... 75

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79

APÊNDICES ............................................................................................................. 82

ANEXOS ................................................................................................................... 92

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1 INTRODUÇÃO

As inúmeras atividades antrópicas têm influenciado a composição do ar

durante os milhares de anos em que os seres humanos têm vivido no planeta, antes

mesmo que fosse possível conhecer os elementos que constituem o ar. Ao se falar

em contaminação do ar, sugere-se que os contaminantes são aqueles gerados pelas

atividades do homem. Pode-se considerar como contaminante a substância que

produz um efeito prejudicial ao ambiente e os efeitos possam alterar as condições de

saúde e bem-estar dos indivíduos (CAVALCANTI, 2010).

Define-se o ar como uma mistura gasosa de suma importância para a vida do

ser humano, principalmente devido aos processos de nível celular, onde ocorre a

transformação dos alimentos em energia, através das reações com o oxigênio

contido no ar inspirado. É através desse processo que ocorre a produção da energia

necessária pelo organismo para a manutenção da vida e realização dos movimentos

diversos do indivíduo (BASTO, 2007).

A composição do ar não contaminado é desconhecida e existem muitas ideias

sobre o que compõe a contaminação ou a poluição da atmosfera. A contaminação

propõe o aumento, ou, em alguns casos, a redução de certos componentes.

Significativas modificações em nível local, regional e até continental, evidenciadas

nos valores dos componentes atmosféricos, têm sido causadas pelos fenômenos

naturais, como erupções vulcânicas, decomposição de plantas e de animais,

incêndios florestais, tormentas de areia, incluindo os aerossóis emitidos pelos

oceanos (CAVALCANTI, 2010).

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Sobre os fenômenos naturais relacionados à poluição, Lisboa (2007) comenta

que o vento é um fator atmosférico importante para a dispersão dos poluentes na

atmosfera, e o estudo da sua direção, frequência e intensidade pode auxiliar na

determinação de áreas influenciadas pela difusão das características do ar de outro

ambiente. Nas áreas de engenharia e arquitetura, informações sobre os ventos

ainda possibilitam estudos da utilização da ventilação natural de ambientes,

produzindo situações de conforto térmico, sensação de resfriamento, através da

velocidade do ar (ANDREASI; VERSAGE, 2007).

Segundo Cunha (2010), a ventilação natural é uma das estratégias

bioclimáticas mais comuns para renovação do ar, contribuindo com a qualidade do

ar em ambientes internos. A renovação do ar, que tem por objetivo a remoção de

gases, odores ou materiais particulados gerados através de atividades antrópicas ou

mesmo de máquinas e equipamentos localizados no ambiente, é uma atividade

recomendada a todos os climas, uma vez que pode assegurar a higiene e a boa

saúde dos indivíduos presentes no ambiente. Assim, além de favorecer condições

de conforto, a captação do ar exterior do ambiente, e consequente remoção de

parcela do ar interno, tem papel importante na melhoria da qualidade ambiental dos

edifícios.

Porém, segundo Ceccato (2012), existe uma tendência ao desuso de

sistemas de passivos de resfriamento, incluindo os sistemas de ventilação natural,

devido ao surgimento e expansão do uso dos sistemas de ar condicionado. O

pensamento dos projetistas faz com que até em cidades de clima ameno sejam

utilizados sistemas de condicionamento artificial do ar. Opta-se, na maioria das

vezes, pelo uso de fachadas de vidro, que superaquecem o ambiente interno,

tornando necessário o uso de sistemas de ar condicionado.

A estética dos edifícios, redução de ruídos e a tentativa de reduzir o consumo

energético pelos sistemas de climatização artificial, ainda criam uma disposição de

tornar as edificações seladas. Tudo isso acaba gerando prejuízos à saúde dos

ocupantes, além de impactos ambientais consideráveis. Assim, considerando a

qualidade do ar interior (QAI), devem-se conhecer as influências que as tomadas de

decisões podem ter ao ambiente interno.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que muitos dos poluentes

químicos e biológicos causadores da chamada síndrome do edifício doente (SED)

podem ser encontrados em materiais comuns dentro de ambientes, como móveis,

tintas e matérias de construção. Como o próprio nome informa, a SED é uma

síndrome constatada em edificações onde a qualidade do ambiente não é adequada

ao bem estar dos ocupantes. Os sintomas mais comuns em ambientes “doentes”

são a irritação e obstrução nasal, desidratação e irritação da pele, irritação na

garganta e nas membranas dos olhos, dor de cabeça, cansaço generalizado

causando perda do poder de concentração. Esses sintomas podem desaparecer

quando o ambiente é evitado pelo indivíduo (GIODA; AQUINO NETO, 2003a). Nesse

cenário, a ventilação do ambiente é considerada ótima alternativa para proporcionar

condições aceitáveis de ar no ambiente interno, ressaltando-se dificuldade de

controlar os poluentes e suas fontes de emissão.

Objetivando reduzir o risco à saúde dos ocupantes de ambientes climatizados

artificialmente, e propensos à SED, em 28 de agosto de 1998, o Ministério da Saúde

publicou a Portaria 3.523 (BRASIL, 1998). Como consequência, foi publicada a

Resolução 176 de 24 de outubro de 2000 pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), e, posteriormente, como forma de revisão da resolução

176/2000, houve a atualização para a Resolução RE nº 9 de 16 de Janeiro de 2003

(BATISTA, 2008). Esta resolução, vista como revolucionária por Gioda e Aquino

Neto (2003a) traz definições dos parâmetros mínimos para uma qualidade do ar de

interiores aceitável.

1.1 Objetivo geral

Com base nessas informações, a proposta deste estudo é verificar se

ambientes com diferentes características de ventilação podem fornecer condições

adequadas de qualidade do ar interior. Assim, se tem como objetivo a avaliação da

qualidade do ar no interior de ambientes com diferentes formas de ventilação.

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1.2 Objetivos específicos

Construir quatro protótipos em alvenaria, com escala reduzida, nas

dependências do Centro Universitário UNIVATES em Lajeado/RS, simulando

ambientes com sistemas de ventilação natural.

Obter informações pertinentes à avaliação da qualidade do ar no interior dos

protótipos e em um ambiente com climatização artificial, através de análises

microbiológicas e monitoramentos de temperatura, umidade e poluentes gasosos.

Comparar os dados obtidos com os padrões de qualidade do ar estabelecidos

em normas técnicas e resoluções, com a finalidade de classificar o ar interior dos

protótipos.

1.3 Estrutura do documento

O capítulo 2 desse estudo apresenta um referencial teórico, contendo os

conceitos fundamentais de atmosfera, poluentes atmosféricos, ventos e ventilação

natural, além de apresentar os parâmetros para qualidade do ar interno, as

legislações pertinentes e os tipos de análises propostas em normas técnicas.

No capítulo 3 são apresentadas as metodologias e as experimentações

propostas, descrevendo como foram construídos os protótipos e como foram

realizados os monitoramentos e as análises, ferramentas para levantamento das

informações necessárias para avaliação da qualidade do ar interior nos ambientes

de estudo.

O capítulo 4 expõe resultados e as considerações acerca dos dados

levantados durante todo o período do estudo. Apresenta comentários do autor sobre

as interações dos parâmetros e a avaliação de cada um dos ambientes de estudo.

Por fim, no capítulo 5, são apresentadas as considerações finais do estudo e

as conclusões relevantes sobre o trabalho.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, será apresentado um referencial teórico com assuntos

pertinentes ao tema do presente estudo, servindo como base para a melhor

interpretação dos fenômenos, atividades e sistemas importantes relacionados aos

objetivos deste trabalho. Serão versados conceitos fundamentais sobre a atmosfera

e seus principais poluentes, ventos, ventilação natural e qualidade do ar interior,

além de legislações pertinentes e métodos para análises e monitoramento da

qualidade do ar interior.

2.1 Atmosfera

Segundo Varejão-Silva (2006) entende-se como atmosfera o conjunto de

gases, vapor d’água e partículas que envolvem a superfície terrestre, formando o

que é chamado de ar. A atmosfera terrestre é fundamental para a vida na Terra, isso

porque os seres humanos dependem de ar para sobreviver.

A atmosfera é uma mistura de gases, sem odor e sem cor, que forma uma

espécie de capa ao redor do planeta. Essa capa é consequente de fenômenos

físico-químicos e biológicos com início há milhões de anos atrás. Tem como função

absorver grande parte da radiação emitida pelo sol e aquela emitida ou refletida pela

Terra. E dessa forma a atmosfera atua como reguladora da temperatura no planeta

Terra. (LISBOA, 2007; VIEIRA, 2009).

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A atmosfera seca se constitui em percentuais de volume aproximados de 78%

de nitrogênio (N2), 20,9% de oxigênio (O2), 0,9% de argônio (Ar), 0,035% de dióxido

de carbono (CO2) e por outros muitos gases em concentrações pequenas. A

quantidade de vapor de água é variável, dependendo de fatores de localização,

clima e tempo, podendo chegar em regiões mais secas a 0,02% e, em regiões mais

úmidas, essa parcela pode chegar a 4% (MELO, 1996). A Tabela 1 apresenta a

composição da atmosfera seca em partes por milhão (ppm), representando o volume

e a massa de cada componente.

Tabela 1 – Composição da atmosfera seca

Componentes gasosos Composição mg/L (vol) Composição ppm (massa)

Nitrogênio 780.900,00 755.100,00

Oxigênio 209.500,00 231.500,00

Argônio 9.300,00 12.800,00

Dióxido de carbono 300,00 460,00

Neônio 18,00 12,50

Hélio 5,20 0,72

Metano 2,20 1,20

Criptônio 1,00 2,90

Óxido nitroso 1,00 1,50

Hidrogênio 0,50 0,03

Xenônio 0,08 0,36

Fonte: LISBOA (2007).

Segundo Lisboa (2007), a atmosfera é dividida em camadas, que são

delimitadas a partir das variações de pressão e temperatura, ocasionadas pelas

interações de seus componentes com as energias de entrada, oriundas do Sol,

energias de saída, energia terrestre, e a altitude. “A atmosfera está dividida em

quatro camadas aproximadamente homogêneas (a troposfera, estratosfera,

mesosfera e termosfera), separadas por três zonas de transição (tropopausa,

estratopausa e mesopausa)” (VAREJÃO-SILVA, 2006). Na Figura 1 podem ser

vistas as camadas e as zonas de transição da atmosfera com as variações de

temperatura e pressão conforme o aumento da altitude.

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Figura 1 – Divisão da atmosfera em camadas

Fonte: Varejão-Silva (2006).

Varejão-Silva (2006) comenta que a troposfera é a camada mais importante,

pois nela se concentram três quartos da massa total da atmosfera e do vapor de

água, o que gera uma ligação direta dessa zona com os fenômenos meteorológicos

e contaminantes atmosféricos. De acordo com Vieira (2009), 99% do ar atmosférico

é encontrado nos primeiros trinta quilômetros de altitude, sendo que metade deste

está nos primeiros cinco quilômetros. Ambientalmente, as principais camadas da

atmosfera são a troposfera e a estratosfera.

2.1.1 Importância do ar

Entende-se que o ar é uma mistura gasosa de suma importância para a vida

do ser humano, principalmente devido aos processos que ocorrem no interior das

células, transformando os alimentos em energia, através das reações com o

oxigênio contido no ar inspirado. Também é importante no processo de respiração,

onde o ar inalado passa através das vias respiratórias, sofrendo algumas

modificações na proporção de seus elementos básicos. Ocorre uma mistura deste ar

com uma parcela de dióxido de carbono através de um processo de umidificação. A

corrente sanguínea absorve o oxigênio e o dióxido de carbono é liberado para a

atmosfera (BASTO, 2007).

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De acordo com Basto (2007), faz-se necessária uma parcela mínima de

19,5% de oxigênio (O2) no ar para que sua utilização seja favorável, sustentando a

não presença de componentes químicos que possam prejudicar a saúde humana. A

temperatura e a pressão também são importantes fatores para essa utilização

favorável do ar respirado. Ainda deve-se levar em conta a presença de compostos

orgânicos, microrganismos, poeiras e outros elementos que possam ser encontrados

em suspensão na atmosfera, juntamente ao vapor de água e os gases.

A Tabela 2 mostra os possíveis efeitos que a variação da concentração do

oxigênio no ar pode causar no organismo humano.

Tabela 2 – Efeitos da concentração de O2

% volume de O2 Efeitos fisiológicos

20,9 Concentração Normal.

19,5 Concentração mínima recomendável.

19 – 16 Início de sonolência.

12 – 10 Falta de raciocínio, má coordenação muscular, o esforço muscular leva à fadiga, que pode causar danos permanentes ao coração.

10 -6 Náusea, vômito, incapacidade para movimentos vigorosos inconsciência seguida por morte.

< 6 Respiração espasmática, movimentos convulsivos e morte em minutos.

Fonte: Basto (2007).

2.1.2 Poluentes atmosféricos

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução

003/90, define poluentes atmosféricos como:

[...] qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II - inconveniente ao bem-estar público; III - danoso aos materiais, à fauna e flora. IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (CONAMA, 2008).

Segundo Cavalcanti (2010), os poluentes causam danos à composição

química da atmosfera gerando perigo ou dano ao bem estar dos seres vivos, à

sociedade e ao meio ambiente, podendo ou não representar efeitos negativos no

âmbito financeiro ou às condições de conforto ambiental.

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Na forma de matéria, os poluentes atmosféricos se enquadram, em relação

ao seu estado físico, em: material particulado, que são partículas sólidas ou líquidas

emitidas por fontes poluidoras do ar ou formadas na atmosfera, como poeiras,

fumos, fumaças e névoas; e gases e vapores, que são poluentes na forma

molecular, seja como gases permanentes - monóxido de carbono, dióxido de

enxofre, ozônio, óxidos de nitrogênio -, ou em sua forma transitória de vapor -

vapores orgânicos em geral (CAVALCANTI, 2010).

Algumas definições se fazem importantes para a melhor compreensão sobre

os poluentes atmosféricos. Segundo Lisboa (2007), poeiras são partículas sólidas

geradas através de manipulação, esmagamento, trituração, impacto rápido, explosão

e desintegração de substâncias orgânicas ou inorgânicas, podendo ser rochas,

minérios, metais, madeira ou cereais. Partículas de poeira não possuem tendência à

floculação, não se difundem no ar, mas sedimentam devido à ação da força

gravitacional. Os fumos são partículas sólidas oriundas da condensação ou

sublimação de gases, ocorrendo depois da volatilização de metais fundidos

acompanhada de reação como a oxidação. Os fumos, ao contrário das poeiras, têm

tendência à floculação. As névoas são gotículas líquidas em suspensão, geradas

através da condensação de gases (LISBOA, 2007).

Lisboa (2007) ainda comenta que as substâncias em estado gasoso podem

ser subdivididas em gases verdadeiros e vapores, sendo que vapor é a forma

gasosa de substâncias normalmente sólidas ou líquidas, podendo retornar a estes

estados seja por aumento de pressão, seja por redução na temperatura. Os gases

são fluídos sem forma específica, ocupam o espaço que os armazena e só alteram

seu estado físico sob a combinação do aumento de pressão e da diminuição de

temperatura. Difusíveis, os gases não se aglomeram nem sedimentam.

Permanecem, na sua divisão ao nível molecular, intimamente misturados com o ar,

sem se separarem por si mesmos (LISBOA, 2007).

Aerossóis são partículas em suspensão no ar, em forma sólida ou líquida. Os

aerossóis auxiliam no resfriamento da superfície terrestre, devido à produção do

espalhamento e reflexão da luz solar que incide no planeta. Por fim, catalisador é

uma substância que aumenta a velocidade de uma reação química sem ser

consumido no processo e sem alterar a composição final da reação.

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Devido à frequência mais alta de ocorrência, ou mesmo pelos efeitos

adversos ao meio ambiente, a determinação da qualidade do ar se restringe a um

grupo de poluentes, vistos como indicadores mais abrangentes da qualidade do ar.

Esse grupo é composto por: dióxido de enxofre (SO2), partículas totais em

suspensão (PTS), partículas inaláveis (PI), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3),

hidrocarbonetos totais (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx).

O dióxido de enxofre (SO2) é emitido na queima de combustíveis

fósseis. Esse poluente pode ser oxidado na atmosfera, formando o

ácido sulfúrico (H2SO4), considerado por Cavalcanti (2010) como o

aerossol ácido mais irritante para o trato respiratório. Em altas

concentrações, o SO2 pode causar irritação no sistema respiratório e

problemas cardiovasculares, ainda, possui papel importante na

formação da chuva ácida (CETESB, 2013).

Materiais particulados são um conjunto de poluentes constituídos de

poeiras, fumaças e todo o tipo de material sólido e líquido que se

mantém suspenso na atmosfera devido a seu tamanho bastante

reduzido. Resultantes de atividades industriais, da queima incompleta

de combustíveis e de seus aditivos, e do desgaste de pneus e freios,

das queimadas, da poeira depositada nas ruas e de obras viárias ou

que movimentam terra, areia (CETESB, 2013).

Partículas inaláveis (PI) podem ser definidas, de maneira simples,

como todas aquelas com tamanho menor que 10 μm. Caracterizam-se

por adentrar as vias respiratórias e, ao instalarem-se nos pulmões,

reduzem a capacidade respiratória. Essas partículas são emitidas

queima combustíveis, processos industriais, a formação de aerossóis

secundários e a ressuspensão de poeira do solo (CETESB, 2013;

CAVALCANTI, 2010).

O Monóxido de Carbono (CO) se origina da queima incompleta de

qualquer combustível carbonáceo e é encontrado em concentrações

mais consideráveis nas cidades, onde os veículos têm grande

influência nas concentrações altas deste poluente. O monóxido de

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carbono é um gás incolor, inodoro, tóxico e ligeiramente mais leve que

o ar. Em decorrência da maior afinidade, em relação a O2, com a

hemoglobina do sangue, o CO, em altas concentrações, prejudica a

oxigenação do sangue no organismo (CETESB, 2013; CAVALCANTI,

2010).

Os óxidos de nitrogênio (NO e NO2) são formados a partir de

processos de combustão. Assim como ocorre com o CO, os veículos

são os principais responsáveis pela emissão desses poluentes. O NO

(monóxido de nitrogênio), sob a ação da luz solar se transforma em

NO2 (dióxido de nitrogênio) e tem papel importante na formação do

ozônio (O3). Devido à sua baixa solubilidade, o NO2 é capaz de

penetrar profundamente no sistema respiratório, podendo originar as

nitrosaminas, compostos que podem causar câncer. O NO2 pode

causar, ainda, fortes irritações (CETESB, 2013).

O ozônio (O3) não é um poluente emitido de forma direta por alguma

fonte, denominado como poluente secundário. Ele é formado na

atmosfera a partir de percursores químicos tais como os compostos

orgânicos voláteis (COV), aldeídos e dióxido de nitrogênio, em

presença de luz solar. A presença de altas concentrações de ozônio

pode ocorrer a distâncias significativas das fontes de emissão dos

compostos capazes de gerá-lo. Ozônio na atmosfera pode reduzir a

capacidade pulmonar, causar irritação nos olhos, envelhecimento

precoce e corrosão de tecidos e materiais de construção. Os asmáticos

estão entre os grupos mais suscetíveis aos efeitos do O3 (BRAGA;

PEREIRA; SALDIVA, 2002).

2.2 Ventos

O vento é um fator meteorológico importante para o estudo das dispersões

dos poluentes atmosféricos. As informações de direção, intensidade e frequência

dos ventos pode auxiliar na determinação de regiões influenciadas por emissões de

poluentes (LISBOA, 2007). Os ventos possibilitam estudos relacionados a conforto

térmico, através da ventilação de ambientes. (ANDREASI e VERSAGE, 2007).

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Tomasini (2011) comenta que os ventos consistem na movimentação

horizontal do ar, resultante das diferenças de pressão atmosférica entre dois locais.

Fatores térmicos e/ou mecânicos promovem essas diferenças, assim, locais com

mais energia radiante causam a chamada ascensão do ar, formando os centros de

baixa pressão. Locais com temperaturas mais baixas geram a estagnação do ar

próximo à superfície, formando os centros de alta pressão. Mendonça e Danni-

Oliveira (2009) explicam que existe uma variação vertical da pressão do ar, sendo

que, a cada 275 metros de ascensão, ocorre uma diminuição na fração de 1/30 no

valor dessa pressão.

O ar ascendente gera uma espécie de vazio devido à ascendência dessa

massa de ar aquecido, esse espaço é preenchido pela massa de ar oriunda das

regiões de alta pressão, originando uma movimentação horizontal do ar até o

estabelecimento de um equilíbrio barométrico. Assim, o ar tem a tendência de se

deslocar das áreas de alta pressão para as áreas de baixa pressão. (MARIN;

ASSAD; PILAU, 2008).

Informações como velocidade e direção do vento são importantes para

caracterizá-lo e melhor estudá-lo.

A velocidade é controlada pelo gradiente de pressão formado entre dois

ambientes. Quanto maior esse gradiente, mais velocidade terá o vento. A partir

disso, o ar apresenta convergência em regiões de baixa pressão e divergência nas

regiões de alta pressão. O gradiente criado nas áreas em que o ar chega por

ascensão (ascendência do ar aquecido e, consequentemente, menos denso) e sai

por subsidência (ar descendente, mais denso, trazido de níveis mais elevados por

ações gravitacionais) é contrário ao gradiente de superfície, criando uma espécie de

célula de circulação (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2009).

A Figura 2 apresenta um esquema dessa circulação.

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Figura 2 – Esquematização da circulação convergente e divergente do ar

Fonte: Mendonça e Danni-Oliveira (2009).

Quanto à direção, por carregarem características de umidade e temperatura

de seu local de origem, os ventos são denominados a partir da direção do local de

procedência. As siglas na Figura 3 sugerem as direções: norte (N), norte-nordeste

(NNE), nordeste (NE), este-nordeste (ENE), leste (E), este-sudeste (ESE), sudeste

(SE), sul-sudeste (SSE), sul (S), sul-sudoeste (SSO), sudoeste (SO), oeste-sudeste

(OSO), oeste (O), oeste-noroeste (ONO), noroeste (NO), norte-noroeste (NNO)

(MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2009). As nomenclaturas dos ventos são

indicadas pelas direções de procedência.

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Figura 3 – Principais direções dos ventos

Fonte: Mendonça e Danni-Oliveira (2009).

2.2.1 Importância do estudo dos ventos

Além de ser útil na prevenção de situações de riscos à comunidade e aos

ambientes, o estudo dos ventos é importante nas avaliações em projetos e estudos

nas áreas de arquitetura, engenharia, hidrologia, agricultura e meio ambiente

(TOMASINI, 2011).

Conforme Duarte et al. (1978), a caracterização dos ventos pode ajudar na

diminuição dos efeitos negativos causados pela liberação de poluentes atmosféricos

em áreas industriais. Tais informações são relevantes nas tomadas de decisões para

controle de emissões, por exemplo. Assim, há grande importância nos estudos de

intensidade e direção dos ventos quando vinculados às dinâmicas de dispersão de

poluentes atmosféricos.

O estudo dos ventos na agricultura está vinculado à utilização de defensivos

agrícolas e suas aplicações, principalmente quando remete a assuntos como

propagação de doenças e polinização. Faz-se importante o conhecimento das

velocidades e direções predominantes para, por exemplo, influenciar positivamente

na transpiração e absorção de CO2 por parte das plantas, auxiliando em seu

crescimento. Outro exemplo trata da melhor utilização de proteções vegetais, na

função de quebra-ventos, a partir desses estudos (MUNHOZ; GARCIA, 2008).

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No campo da arquitetura e engenharia, o conhecimento das características do

vento permitem estudos da utilização da ventilação natural em ambientes. Segundo

Andreasi e Versage (2007), a ventilação pode proporcionar conforto térmico através

da velocidade do ar causando uma sensação de resfriamento.

2.2.2 Análise dos ventos no local de estudo

A cidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul, é o principal local de interesse

em relação aos estudos dos ventos na presente pesquisa. Assim, segundo Tomasini

(2011), as direções predominantes anuais dos ventos no município, em um estudo

abrangendo os anos de 2003 a 2010, são as direções norte-noroeste (NNO), este-

sudeste (ESE) e norte-nordeste (NNE), com percentuais médios de 13,79%, 11,28%

e 11,03%, respectivamente. A Gráfico 1 apresenta as frequências anuais das

direções dos ventos, em uma média dos anos entre 2003 e 2010.

Gráfico 1 – Frequência média anual da velocidade do vento

Fonte: Adaptado pelo autor com base em Tomasini (2011).

De acordo com o Atlas Eólico do Rio Grande do Sul (2002), na região do

estado que compreende a cidade de Lajeado existe uma predominância histórica de

ventos de origem norte (N) e sudeste (SE) no decorrer do ano, o que se aproxima do

que é comentado por Tomasini (2011).

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Figura 4 – Direção predominante dos ventos

Fonte: Atlas Eólico do Rio Grande do Sul adaptado por Tomasini (2011).

Tomasini (2011) ainda comenta sobre as direções mensais mais frequentes

nos anos de análise. Os meses de janeiro, setembro, outubro, novembro e

dezembro apresentam predominância de ventos este-sudeste (ESE). Nos demais

meses há predominância de ventos norte-noroeste (NNO).

Em relação à velocidade dos ventos, a média anual é de 4,23 km/h,

observando-se uma grande amplitude entre os menores e os maiores valores de

velocidades médias mensais. No mês de dezembro, a velocidade média dos ventos

é a maior, 5,37 km/h. A menor velocidade média ocorre no mês de junho, 2,91 km/h

(TOMASINI, 2011).

2.3 Ventilação natural

A ventilação natural é definida como um deslocamento de ar através de uma

edificação. Conforme Frota e Schiffer (2006), a ventilação é responsável por causar

uma renovação do ar dentro de algum ambiente, podendo ter papel importante na

higienização e conforto térmico no interior desse espaço. Essa renovação pode

trazer a dissipação de calor e auxiliar na diminuição da concentração de agentes

físicos e químicos de poluição.

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Com a finalidade de obter um fluxo adequado de ar ao ambiente, devem ser

estudados o dimensionamento e o posicionamento das aberturas (FROTA;

SCHIFFER, 2006). O fluxo de ar que atravessa o ambiente está sujeito às diferenças

das pressões interna e externa do local construído, às resistências a passagem do

ar nas aberturas, às características locais do clima, às características de incidência

dos ventos e da forma da construção.

As variações de temperatura entre o ar interno e externo, e a força do vento

são as forças naturais capazes de movimentar o ar. Assim, a movimentação do ar

pode ser causada por essas forças de forma combinadas ou individuais, variando

também de acordo com as características do projeto, da localização e dos

fenômenos atmosféricos do local. Devido a isso, os resultados da ventilação natural

poderão variar em períodos de tempo diferentes. De acordo com Moraes (2006),

características como a localização, o arranjo e o controle das aberturas de ventilação

devem influenciar positivamente na qualidade da ventilação, o que complementa a

ideia de Mascaró (1991), quando comenta que a ventilação natural é dependente de

alguns critérios: orientação, forma e localização do ambiente construído,

características da construção, características de clima, áreas externas, necessidade

de entradas e saídas de ar e as características das aberturas.

A ventilação natural pode ser obtida basicamente através de duas maneiras, a

primeira, chamada de efeito chaminé, corresponde ao fluxo de ar gerado pelo

gradiente vertical de temperatura, quando o ar aquecido ocupa as partes superiores

do ambiente. Esse efeito é mais eficaz quanto maior a diferença de temperatura e a

distância entre as entradas e saídas de ar do ambiente. A velocidade da corrente de

ar gerada a partir desse efeito é relativamente baixa, consequentemente, não

acelera as trocas térmicas por convecção, isso torna o efeito chaminé pouco

eficiente como alternativa de conforto térmico (CUNHA, 2010).

A outra forma de obtenção da ventilação natural é aquela causada por efeito

do vento, que ocorre quando há variação de pressão nas aberturas. Essa ventilação

pode ser unilateral ou cruzada.

Na ventilação unilateral as aberturas são voltadas para a mesma orientação,

a captação e a remoção do ar são geralmente realizadas através da mesma

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abertura. Como nesse sistema não há uma abertura para exaustão do ar, existe uma

resistência à entrada e distribuição do vento, o que só ocorre quando a pressão

dinâmica que incide na abertura superar a pressão estática interna no ambiente. A

ventilação unilateral costuma apresentar baixo rendimento na renovação do ar e a

colaboração para o conforto térmico não são muito perceptíveis distanciando-se da

abertura (CUNHA, 2010).

A ventilação cruzada acontece quando as aberturas se encontram em

paredes distintas, de preferência em orientações contrárias. Quando as aberturas

estão voltadas para o meio externo, denomina-se ventilação cruzada direta. Se uma

das aberturas dá acesso a outro ambiente, denomina-se cruzada indireta. Quanto

maior o número de ambientes que o vento deve atravessar até chegar ao meio

externo novamente, maior será a perda de carga e a redução da intensidade do

escoamento. A diferença de pressão e o tamanho das aberturas são condicionantes

para a intensidade do fluxo de ar na ventilação cruzada (CUNHA, 2010).

Cunha (2010) comenta que a ventilação natural, através da renovação do ar,

é considerada uma das estratégias bioclimáticas mais comuns quando se leva em

conta a qualidade do ambiente em situações de clima quente e úmido. O autor ainda

aborda a renovação do ar como atividade recomendada para todos os climas, uma

vez que renovar o ar pode assegurar a higiene do ambiente e a boa saúde dos

indivíduos presentes no ambiente. A renovação do ar tem por objetivo a remoção e

gases, odores ou materiais particulados gerados através de atividades antrópicas ou

mesmo de máquinas e equipamentos localizados no ambiente. Dessa forma, além

de favorecer condições de conforto, pois resfria os indivíduos e a estrutura do

edifício, capta o ar do exterior do ambiente, tendo papel importante no auxílio da

melhoria da qualidade ambiental de edificações.

2.4 Qualidade do ar interior

Historicamente, a principal preocupação na construção de uma edificação era

proporcionar condições apropriadas para o desenvolvimento das atividades ao qual

este edifício foi designado. Por muito tempo, a preocupação dos profissionais

envolvidos no projeto de uma edificação era quase exclusivamente a estética e

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funcionalidade desta, não dando muita importância a aspectos ambientais e

energéticos pertinentes (BASTO, 2007).

Com o tempo e a evolução do conhecimento em relação ao ambiente interno

e externo do edifício, foram sendo adicionadas outras exigências aos requisitos

básicos. Questões relacionadas ao conforto começaram a receber mais atenção,

surgindo novos produtos e novas técnicas de construção, mantendo o objetivo de

garantir ambientes adequados aos ocupantes em suas atividades (CARMO;

PRADO, 1999).

O grau de automatização aumenta, juntamente com a tendência de manter os

ambientes cada vez mais fechados, tornando os ambientes dependentes de

sistemas forçados de ventilação e sistemas de ar condicionado. Segundo Basto

(2007), 80 a 90% o tempo das atividades dos trabalhadores é, atualmente, realizada

em ambientes fechados, tornando o condicionamento do ar uma alternativa

recorrente para a plena ambientação de homens e máquinas nestes ambientes. O

autor ainda afirma que é de conhecimento comum que os equipamentos de

ventilação e de ar-condicionado consomem grande quantidade de energia. Mesmo

com os avanços tecnológicos e a sofisticação dos sistemas de ventilação e

climatização, mantém-se como principais preocupações a temperatura e a umidade,

deixando outros parâmetros de qualidade do ar interior (QAI) dos edifícios de lado

(CARMO; PRADO, 1999).

Pensando em qualidade do ar interior, deve-se mencionar o insuflamento de

ar, que é a inserção de ar para o ambiente, tendo como principal papel baixar a

concentração de CO2 presente no ambiente e os odores, através da diluição destes.

Visando a redução do consumo energético, tem-se uma diminuição nas taxas de

infiltração de ar externo e também nas taxas de renovação e a vazão ar, causadas,

principalmente, devido aos processos de impermeabilização e climatização desses

ambientes internos. Para manter a salubridade de um ambiente interno, é indicada

uma taxa de ar insuflado estimada em 27 m3/h para cada ocupante. Em alguns

ambientes, devido ao isolamento do espaço, problemas nos sistemas de ventilação

ou outros motivos, essa taxa se reduz até 8 m3/h, tornando a diluição e remoção dos

contaminantes deficiente (BASTO, 2007).

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Essa redução, além de tornar os sistemas de ventilação e climatização

superdimensionados, por terem sido dimensionados para atender o insuflamento

recomendado, produz uma distribuição heterogênea de ar no ambiente. Como

resultado percebe-se o aparecimento de bolsões de ar estagnado, favoráveis ao

surgimento de sintomas prejudiciais aos ocupantes. Nesse cenário, os dutos e

canalizações desses ambientes, assim como os aparelhos condicionadores de ar,

apresentam-se como um excelente habitat para formação de diversas colônias de

fungos e bactérias (BASTO, 2007).

Segundo Ceccato (2012), considerando a QAI, para projetar um ambiente

saudável, os projetistas precisam conhecer em quais situações as decisões tomadas

podem influenciar o ar do ambiente interno. A Organização Mundial de Saúde (OMS)

considera que muitos dos poluentes químicos e biológicos causadores da chamada

síndrome do edifício doente (SED) são encontrados em materiais de construção e

decoração utilizados atualmente.

A SED tem como sintomas mais comuns nos ocupantes do ambiente a

irritação e obstrução nasal, desidratação e irritação da pele, irritação na garganta e

nas membranas dos olhos, dor de cabeça, cansaço generalizado causando perda do

poder de concentração. Os sintomas comumente desaparecem quando o indivíduo

afetado permanece fora do ambiente doente por um período de tempo longo

(GIODA; AQUINO NETO, 2003b).

Batista (2008) comenta que é de conhecimento da comunidade científica que

poluentes como o monóxido de carbono, o dióxido de carbono, a amônia, o óxido de

enxofre, os óxidos de nitrogênio, a nicotina, os compostos orgânicos voláteis (COV)

e material particulado, são os responsáveis primários pela deterioração da qualidade

do ar interior nos ambientes. São substâncias bastante comuns e frequentemente

encontradas em materiais de construção, produtos para acabamento, em produtos

químicos usados para limpeza e pintura, são resultados do próprio metabolismo

humano e das próprias atividades cotidianas.

Carpetes são considerados ótimos locais para a proliferação de

microrganismos, que ali se instalarem, podendo atuar como fontes secundárias,

absorvendo compostos orgânicos voláteis e particulados, e, por fim, os liberando.

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Umidade relativa, ruídos e iluminação podem contribuir com os sintomas de SED

(BATISTA, 2008). Até mesmo os ocupantes do ambiente, devido às suas próprias

atividades metabólicas, podem alterar as condições de qualidade do ar interior

reduzindo a concentração de oxigênio e aumentando a concentração de dióxido de

carbono. Ainda podem ser gerados odores através da respiração, transpiração ou

mesmo a preparação de alimentos, alterando a qualidade do ambiente interior

(BASTO, 2007).

2.5 Fatores que interferem na qualidade do ar interior

2.5.1 Fatores Microbiológicos

Nos contaminantes biológicos enquadram-se os fungos, as bactérias, as

leveduras, os grãos de pólen, os ácaros, entre outros. São conhecidos por serem

causadores de doenças infecciosas e causarem hipersensibilidade. Podem

apresentar grande grau de toxidade, gerando efeitos desagradáveis (BASTO, 2007).

A contaminação microbiológica pode gerar sérios problemas em relação ao ar

interno, pois vários são os fatores que podem acarretar o crescimento e a liberação

desses contaminantes no ar interior. Por exemplo, ventilação ineficiente, alta

umidade, a tendência da construção de edifícios selados e sistemas de climatização

podem ser fontes de crescimento e distribuição de microrganismos. Sendo que, a

alta umidade relativa do ar caracteriza-se como um dos mais marcantes, devido à

necessidade de superfícies úmidas para o aumento das populações de ácaros e o

crescimento de fungos (CARMO; PRADO, 1999).

Devido a algumas infecções em hospitais nos anos cinquenta, iniciou-se uma

preocupação relacionada à avaliação microbiológica em edifícios. Essas infecções

estavam associadas à propagação de fungos, bactérias e vírus pelo sistema de

ventilação. Relatos advindos da Europa e da América do Norte faziam ligações de

certas doenças com as condições ambientais dos edifícios, uma vez que os

ocupantes apresentavam sintomas como febre, problemas respiratórios, tosse, dores

musculares e mal-estar (CARMO; PRADO, 1999).

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Os agentes biológicos no ar interno podem causar três tipos básicos de

doenças humanas. A primeira delas são as infecções, causadas pela invasão de

microrganismos nos tecidos humanos (resfriado comum, tuberculose). A segunda é

a hipersensibilidade, gerada devido a uma ativação particular do sistema

imunológico. A última remete a toxidade, que ocorre quando as toxinas produzidas

pelos agentes biológicos provocam efeitos diretos (EPA, 2008).

Basto (2007) comenta que a Legionella pneumophila é um dos principais

contaminantes biológicos que se relaciona com os equipamentos de climatização.

Essa bactéria é causadora de um tipo de pneumonia conhecida como a doença dos

legionários. A bactéria se desenvolve em meios com alta umidade, podendo ser

águas estagnadas, aparelhos umidificadores, bandejas de condensação e torres de

refrigeração, sendo que são insufladas no ar por meio das tubulações e são

posteriormente inaladas sob forma de aerossóis.

2.5.2 Fatores Químicos

Uma série de poluentes encontrados no ar de ambientes internos se origina

no próprio ambiente. Esses poluentes podem ser oriundos de tintas, tapetes,

produtos de limpeza, computadores e o próprio indivíduo que utiliza o ambiente, que

é responsável por produz CO2 através de sua respiração. O mesmo gás pode ser

emitido por aquecedores, fogões e outros equipamentos que realizem combustão.

Em ambientes onde não há proibição ao ato de fumar, as características do ar no

ambiente podem ser bastante prejudicadas devido aos mais de 4000 compostos

químicos presentes no cigarro (BASTO, 2007). A seguir, apresentam-se os principais

contaminantes químicos interiores:

2.5.2.1 Monóxido de carbono (CO)

É produzido a partir da combustão de matérias que contém carbono em sua

composição e em locais com nível insuficiente de oxigênio. Ocorrem em fogões,

aquecedores de água e aparelhos de aquecimento. Ainda, aparecem na fumaça de

cigarros e nas emissões de veículos, uma vez que as tomadas de ar para ventilação

ou climatização estejam localizadas próximas às fontes de emissão (BASTO, 2007).

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2.5.2.2 Dióxido de carbono (CO2)

Produzido através de combustão de combustíveis fósseis e processos

metabólicos, é responsável pelo controle da frequência de respiração dos seres

humanos. Exposição a altos níveis de CO2 ocasionam uma sensação de falta de ar,

aumentando a frequência respiratória em compensação. Em ambientes climatizados,

sua concentração está atrelada ao número de ocupantes, pois estes são fontes de

emissão, por meio do processo de respiração.

2.5.2.3 Óxido de nitrogênio (NO)

Resultado de combustões a alta temperatura, como queima de combustíveis

de veículos, este gás adentra os ambientes internos pelo meio dos sistemas de

captação de ar externo, se esses estiverem colocados no nível da rua. Produz

efeitos semelhantes aos efeitos do CO nos seres humanos, interferindo no

transporte de oxigênio para os tecidos. Pode causar edema pulmonar se a

exposição for a grandes concentrações (BASTO, 2007).

2.5.2.4 Dióxido de nitrogênio (NO2)

Nos ambientes internos é produzido a partir da queima de combustíveis

orgânicos em fogões a gás e aquecedores, além de fumaça de cigarro. Atua como

substância irritante, afetando os olhos, pele e a mucosa do nariz. Em altas

concentrações pode causar efeitos à garganta e ao trato respiratório. Pode aumentar

as chances de infecções respiratórias a partir da exposição a concentrações baixas

(BASTO, 2007).

2.5.2.5 Dióxido de enxofre (SO2)

Subproduto de combustão de combustíveis fósseis e compostos a base de

enxofre, apresentando cheiro característico em altas concentrações. Apresenta-se

bastante solúvel em água, sofrendo absorção pelas membranas do sistema

respiratório, produzindo ácido sulfúrico e sulfuroso. Por gerar produtos corrosivos,

acarreta danos aos ocupantes e aos equipamentos e móveis (BASTO, 2007)

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2.5.3 Compostos Orgânicos Voláteis

De acordo com Basto (2007), Compostos Orgânicos Voláteis (COV) são os

componentes químicos que possuem em sua constituição carbono e hidrogênio, e

têm tendência a volatizar em temperatura ambiente. No Quadro 1 são apresentados

os principais COV e suas fontes de liberação no ar interior.

Quadro 1 – Principais compostos orgânicos encontrados no ambiente interno

Composto Fontes de Emissão

Acetona Cosméticos

Álcoois Álcool de limpeza, agentes de limpeza

Aromáticos Tintas, adesivos, gasolina, combustão

Alifáticos Tintas, adesivos, gasolina, combustão

Benzeno Fumaça de cigarros, escapamento de veículos

Tetracloreto de carbono Fungicidas, inseticidas

Clorofórmio Produtos utilizados em lava roupas, produtos de limpeza

Diclorobenzeno Desodorantes de ambientes, naftalina

Formaldeído Madeira prensada

Cloreto de Metileno Solventes de tintas e tintas

Estireno Fumaça de cigarro

Tetracloretileno Roupas lavadas a seco

Tricloroetano Roupas lavadas a seco e aerossóis

Tricloroetileno Cosméticos, partes eletrônicas, bebidas, desodorizantes

Terpenos Perfumados, tecidos, fumaça de cigarros, alimentos, betume

Fonte: Reeve (1994) adaptado por Basto (2007).

Processos de combustão, emissões metabólicas de microrganismos são

exemplos de fontes de liberação de COV. Materiais de construção, acabamento,

decoração e de mobiliário permanecem liberando compostos nos ambientes por

períodos de tempo indefinidos. Como existe uma quantidade grande de fontes de

COV, determinar a detecção de uma fonte específica e uma concentração específica

do contaminante se torna muito difícil. Dessa forma, em algumas situações uma

fonte pequena pode promover baixas taxas de ar para diluição, porém a toxidade

pode ser elevada (BASTO, 2007).

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Carmo e Prado (1999) comentam que a identificação e a medida individual

dos compostos se torna uma atividade cara, que demanda muito tempo e, ainda

assim, os números totais obtidos serão subestimados devido à pequena

concentração.

Mesmo que as concentrações de cada COV encontrado nos ambientes

internos sejam, na grande maioria das vezes, significativamente menores que seus

limites de tolerância, afirma-se que a maioria dos COV provoca algum tipo de

reação, ainda que em baixa concentração (QUADROS; LISBOA, 2010).

Um composto pode interagir com outro em um processo chamado de sinergia

e, assim, fazer com que os efeitos à saúde sejam agravados. Em outras palavras, os

gases juntos oferecem um efeito mais grave que a soma dos efeitos dos gases

isoladamente. Devido ao incompleto conhecimento disponível em relação à toxidade

e o desconhecimento dos efeitos de suas misturas no ar, sugere-se uma redução

geral da exposição a esses compostos (CARMO; PRADO, 1999).

2.5.4 Materiais particulados

Os materiais particulados também são conhecidos como aerodispersoides, e,

em suspensão no ar, tem forte influência na qualidade do ar interior nos ambientes

(QUADROS; LISBOA, 2010).

Material particulado remete as substâncias geradas a partir de uma mistura

de componentes químicos e físicos suspensos no ar, como sólidos ou líquidos,

devido às pequenas dimensões ou alta temperatura. A formação se dá por meio do

atrito entre as partes móveis ou por ação de umidificadores. Atividades cotidianas

como varrer ou aspirar colaboram no movimento das partículas, colocando-as em

suspensão e em contato com o ar. Suas composições químicas são variáveis,

podendo conter compostos com fibras minerais, fibras sintéticas, esporos de fungos,

pólen, aerossóis de produtos de consumo, entre outros (BASTO, 2007).

De acordo com Quadros e Lisboa (2010), as principais fontes de emissão de

particulado para a atmosfera são os veículos automotores, as atividades industriais,

queima de biomassa, ressuspensão de poeira do solo, entre outros. São as formas

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mais visíveis de poluição, não exigindo equipamentos muito sofisticados para sua

detecção. As partículas possuem tamanhos que podem variar de 0,005 a 100 μm, e

podem causar prejuízos à saúde devido as menores partículas e seu acesso,

através das vias aéreas superiores, até os pulmões (BASTO, 2007)

2.5.5 Ventilação

Carmo e Prado (1999) explicam que a ventilação é uma combinação de

processos, resultando no fornecimento de ar externo e na remoção do ar viciado de

ambientes internos. Tais processos abrangem a entrada de ar externo,

condicionamento e mistura do ar em todas as partes do ambiente e, finalmente, a

retirada de uma parte do ar interno. A falha, ou comportamento inadequado, em

alguma etapa desse processo pode afetar negativamente a QAI.

A ventilação, seja ela natural ou mecânica, é considerada por Carmo e Prado

(1999) como a segunda maneira de maior efetividade para proporcionar boas

condições de ar no ambiente interno. Em primeiro lugar, estaria o controle dos

poluentes, porém o controle de todas as fontes, ou mesmo a mitigação de suas

emissões, nem sempre é possível.

2.5.6 Interferências externas

A interferência externa mais conhecida é aquela originária de descargas de

veículos automotores e de gases de chaminés industriais. Podem-se destacar gases

como CO, CO2, NO2, SO2, O3, vapores de chumbo e metais pesados. A

contaminação dos ambientes internos através desses elementos ocorre

principalmente devido às entradas de ar no nível do terreno ou próximas ao nível de

tráfego. Na Figura 5 pode-se visualizar a contaminação ocasionada por fatores

externos, ocasionada pela proximidade da captação do ar externo com fontes

poluidoras do ar atmosférico (BASTO, 2007).

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Figura 5 – Contaminação por fontes externas

Fonte: Basto (2007).

2.6 Legislações

Apesar de não haver uma conscientização da importância da QAI por boa

parte da população, as autoridades estão atentas a essas questões. Em 1996,

houve proibição do ato de fumar em ambientes fechados de uso coletivo por parte

do Governo Federal Brasileiro, o que demonstrou as primeiras preocupações com a

QAI. O Departamento de Aviação Civil, em preocupação com o bem estar dos

passageiros também proibiu o fumo nas aeronaves, independentemente do tempo

de voo. (GIODA; AQUINO NETO, 2003b).

Em 28 de agosto de 1998, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 3.523

(Brasil, 1998), tendo como objetivo diminuir o risco à saúde de indivíduos que

permanecem longos períodos de tempo em ambientes com ar condicionado

(GIODA; AQUINO NETO, 2003b).

Como consequência a Portaria 3523 de 28 de agosto de 1998 do Ministério

da Saúde, foi publicada a Resolução 176 de 24 de outubro de 2000 pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), possuindo orientações sobre os padrões

de qualidade do ar de interiores em ambientes climatizados artificialmente. Como

revisão à resolução 176/2000 houve a atualização para a Resolução - RE nº 9 de 16

de Janeiro de 2003 (BATISTA, 2008).

Gioda e Aquino Neto (2003a) consideram a Resolução - RE nº 9/2003 como

revolucionária para a época, pois traz definições dos parâmetros mínimos para uma

qualidade do ar de interiores aceitável. Concentração de CO2 e material particulado,

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temperatura, umidade relativa e velocidade do ar são abordados na resolução. Os

autores ainda completam expondo que os parâmetros mais complexos como COV e

aldeídos necessitam de melhores estudos para quantificar e estabelecer padrões da

sua influência sobre os ocupantes.

A Resolução - RE nº 9 de 2003 traz algumas definições importantes,

complementares às adotadas na Portaria GM/MS n.º 3.523/98:

a) aerodispersoides: sistema disperso, em um meio gasoso, composto de partículas sólidas e/ou líquidas. O mesmo que aerosol ou aerossol. b) ambiente aceitável: ambientes livres de contaminantes em concentrações potencialmente perigosas à saúde dos ocupantes ou que apresentem um mínimo de 80% dos ocupantes destes ambientes sem queixas ou sintomatologia de desconforto, c) ambientes climatizados: são os espaços fisicamente determinados e caracterizados por dimensões e instalações próprias, submetidos ao processo de climatização, através de equipamentos. d) ambiente de uso público e coletivo: espaço fisicamente determinado e aberto à utilização de muitas pessoas. e) ar condicionado: é o processo de tratamento do ar, destinado a manter os requerimentos de Qualidade do Ar Interior do espaço condicionado, controlando variáveis como a temperatura, umidade, velocidade, material particulado, partículas biológicas e teor de dióxido de carbono (CO2). f) Padrão Referencial de Qualidade do Ar Interior: marcador qualitativo e quantitativo de qualidade do ar ambiental interior, utilizado como sentinela para determinar a necessidade da busca das fontes poluentes ou das intervenções ambientais. g) Qualidade do Ar Ambiental Interior: Condição do ar ambiental de interior, resultante do processo de ocupação de um ambiente fechado com ou sem climatização artificial. h) Valor Máximo Recomendável: Valor limite recomendável que separa as condições de ausência e de presença do risco de agressão à saúde humana (ANVISA, 2003).

Essas definições complementam a Portaria 3523/98, que apresentava as

seguintes as definições:

a) ambientes climatizados: ambientes submetidos ao processo de climatização. b) ar de renovação: ar externo que é introduzido no ambiente climatizado. c) ar de retorno: ar que recircula no ambiente climatizado. d) boa qualidade do ar interno: conjunto de propriedades físicas, químicas e biológicas do ar que não apresentem agravos à saúde humana. e) climatização: conjunto de processos empregados para se obter por meio de equipamentos em recintos fechados, condições específicas de conforto e boa qualidade do ar, adequadas ao bem-estar dos ocupantes. f) filtro absoluto: filtro de classe A1 até A3. g) limpeza: procedimento de manutenção preventiva que consiste na remoção de sujidade dos componentes do sistema de climatização, para evitar a sua dispersão no ambiente interno. h) manutenção: atividades técnicas e administrativas destinadas a preservar as características de desempenho técnico dos componentes ou sistemas de climatização, garantindo as condições previstas neste Regulamento Técnico.

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i) Síndrome dos Edifícios Doentes: consiste no surgimento de sintomas que são comuns à população em geral, mas que, numa situação temporal, pode ser relacionado a um edifício em particular. Um incremento substancial na prevalência dos níveis dos sintomas, antes relacionados, proporciona a relação entre o edifício e seus ocupantes. (BRASIL, 1998).

Com base nessas definições, podem ser analisados os padrões para a

qualidade do ar interior.

2.6.1 Padrões de qualidade do ar interior

Segundo Basto (2007), no Brasil se adota como metodologia para controle e

padronização da QAI as resoluções e regulamentos técnicos da ANVISA, em

concordância com as normas técnicas da ABNT. A ANVISA (2003), através da RE

n° 9/2003, indica que os edifícios com características diferenciadas como

restaurantes, creches e serviço médico e de saúde devem ter suas amostragens

realizadas de forma isolada e com critérios diferenciados.

Como parâmetros fundamentais sugeridos para avaliação e definidos pelas

regulamentações, como a RE n° 9/2003 da ANVISA, são: Umidade relativa,

Temperatura e Velocidade do ar, Fungos, bolores e bactérias, Material particulado e

Dióxido de Carbono (CO2) (BASTO, 2007).

Outros parâmetros também podem fazer parte das análises, tornando-as mais

completas, apesar de não serem normalmente adotados. Os parâmetros

complementares são: ozônio (O3), monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos

voláteis (COV), formaldeídos, dióxido de nitrogênio (NO2), compostos orgânicos

semi-voláteis (COS-V), avaliação do nível de satisfação dos usuários.

Baseado na Resolução RE n° 9 de 2003, recomenda-se os Padrões

Referenciais de Qualidade do Ar Interior, descritos na sequência, para ambientes

climatizados de uso público e coletivo.

2.6.1.1 Parâmetros microbiológicos

A resolução determina que o Valor Máximo Recomendável (VMR) para

contaminação microbiológica deve ser 750 ufc/m3 (unidades formadoras de colônias

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por metro cúbico) de fungos, levando em conta uma relação I/E 1,5. Nessa relação

“I” representa a quantidade de fungos no ambiente interior e “E” é a quantidade de

fungos no ambiente exterior. Como nota, a resolução traz que a relação I/E é

requerida como meio de avaliação perante o “conceito de normalidade, representado

pelo meio ambiente exterior e a tendência epidemiológica de amplificação dos

poluentes nos ambientes fechados”. Se o VMR for ultrapassado ou a relação I/E for

superior a 1,5, se faz necessário um diagnóstico de fontes poluentes para que possa

se intervir corretivamente. A presença de fungos patogênicos ou toxigênicos não é

aceitável (ANVISA, 2003).

2.6.1.2 Parâmetros químicos

Para contaminação química, o VMR para dióxido de carbono (CO2) é de 1000

ppm, agindo como indicador de renovação de ar externo. A ANVISA (2003)

aconselha a utilização desses parâmetros como indicadores de bem-estar e

conforto. Para aerodispersoides totais no ar o VMR é de 80 μg/m3, agindo como

indicador do grau de pureza do ar e higienização do ambiente climatizado.

2.6.1.3 Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos a seguir são baseados no texto da Resolução - RE nº

9, de 16 de janeiro de 2003 da ANVISA.

a) Temperatura

Recomenda-se que a faixa de operação das temperaturas de bulbo seco, em

condições internas para verão, deverá variar de 23°C a 26°C. Excedem-se

ambientes de arte, onde a temperatura deverá estar entre 21°C e 23°C. A faixa

máxima de operação deverá variar de 26,5°C a 27°C. Nas áreas de acesso, a

temperatura de operação pode chegar até 28°C. No inverno, as condições internas

de operação tem faixa recomendável que deverá variar entre 20°C e 22°C.

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b) Umidade

Em relação à umidade relativa, a faixa recomendável de operação em

condições para verão, deverá estar entre 40% e 65%. Assim como os parâmetros de

temperatura, há exceção para ambientes de arte, que deverão atender percentuais

de umidade entre 40% e 55% durante todo o ano. As áreas de acesso poderão

operar em até 70% de umidade relativa. Para condições internas para inverno, a

faixa recomendável de operação deverá ser de 35% a 65%.

c) Velocidade do ar

A velocidade do ar tem como VMR de operação, no nível de 1,5 m do piso, na

região de influência da distribuição do ar é de 0,25 m/s.

d) Renovação do ar

A Taxa de Renovação do Ar adequada será, no mínimo, de 27 m3 a cada hora

por pessoa, excetuando-se ambientes com grande fluxo de pessoas, onde é

recomendado o mínimo de 17 m3 a cada hora por pessoa.

2.6.2 Métodos de análise recomendados pela RE nº9/2003

A resolução nº 9 apresenta quatro normas técnicas. As quais se recomenda a

adoção para fins de avaliação e controle do ar interior dos ambientes climatizados de

uso coletivo. As normas estão descritas a seguir:

2.6.2.1 Método de Amostragem e Análise de Bioaerosol em Ambientes

Interiores – Norma Técnica 1

Trata-se de um método analítico com objetivo de pesquisar, monitorar e fazer

um controle ambiental da possível colonização, multiplicação e disseminação de

fungos no ar interior do ambiente. Entende-se bioaerosol como a suspensão de

microrganismos (organismos viáveis) dispersos no ar. O marcador epidemiológico,

que é o elemento aplicável à pesquisa e que determina a qualidade do ar ambiental,

remete aos fungos viáveis. O método de amostragem se dá através de um

amostrador de ar por impactação com acelerador linear. (ANVISA, 2003).

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2.6.2.2 Método de Amostragem e Análise da Concentração de Dióxido de

Carbono em Ambientes Interiores – Norma Técnica 2

Esse método analítico tem por objetivo a pesquisa, o monitoramento e

controle do processo de renovação de ar em ambientes internos. O marcador

epidemiológico é o Dióxido de carbono (CO2). O método de amostragem utiliza um

equipamento de leitura direta.

2.6.2.3 Método de Determinação da Temperatura, Umidade e Velocidade do Ar

em Ambientes Interiores – Norma Técnica 3

Esse método analítico tem por objetivo a pesquisa, monitoramento e controle

do processo de climatização de ar em ambientes climatizados. Nesse método, os

marcadores são a temperatura do ar (°C), a umidade do ar (%) e a velocidade do ar

(m/s). O método de amostragem utiliza um equipamento de leitura direta através de

termo higrômetro e anemômetro.

2.6.2.4 Método de Amostragem e Análise de Concentração de

Aerodispersoides em Ambientes Interiores – Norma Técnica 4

Esse método analítico tem por objetivo a pesquisa, monitoramento e controle

aerodispersoides totais em ambientes interiores. Nesse método, o marcador sugere

a poeira total (μg/m3). O método de amostragem é a coleta de aerodispersoides por

filtração (MB-3422 da ABNT).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Com a finalidade de avaliar as características do ar no interior de ambientes

em função das características de ventilação, o presente estudo utilizou quatro

protótipos de alvenaria de escala reduzida, simulando ambientes com diferentes

formulações de sistemas de ventilação. Para avaliação da QAI, análises e

monitoramentos dos parâmetros relevantes foram realizadas no interior dos

protótipos, a fim de permitir a caracterização física, química e microbiológica do ar

em cada um dos ambientes. Para fins de comparação, uma análise das condições

do ar interno em um ambiente climatizado artificialmente também se fez relevante.

3.1 Projeto e elaboração dos protótipos

Simulando ambientes com sistemas de ventilação natural, foram construídos

protótipos em alvenaria. Foram quatro protótipos com características diferentes,

conforme descritos a seguir. O local para a construção dos edifícios foi

disponibilizado pelo Centro Universitário UNIVATES e está localizado próximo ao

prédio 17 da instituição, conforme Figura 6. As plantas baixas e os cortes dos

projetos dos protótipos estão apresentados no Anexo A do presente documento. A

construção desses edifícios de escala reduzida foi idealizada e coordenada pelo

professor e arquiteto Rodrigo Spinelli, como parte integrante do programa de

Mestrado em Ambiente e Desenvolvimento do Centro Universitário UNIVATES.

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Figura 6 – Localização dos protótipos

Fonte: Google Earth adaptado pelo autor (2014).

3.1.1 Protótipo 1 – Sem sistema de distribuição de ventilação

Protótipo 1 foi o nome dado ao edifício em escala reduzida projetado sem

sistema de distribuição de ventilação. Esse edifício possui área útil de 3,37 m² e

volume de ar de 8,1 m³, sendo as medidas internas de 1,82 m por 1,86 m. Na parede

mais baixa, há uma abertura para captação de ar fresco. A Figura 7 apresenta a

planta baixa e o corte vertical do edifício referente ao protótipo 1.

Figura 7 – Projeto do protótipo 1

Fonte: Do autor (2014).

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3.1.2 Protótipo 2 – Distribuição de ventilação por efeito chaminé

O protótipo 2 possui uma distribuição de ventilação por efeito chaminé, nesse

caso, o ar adentra o ambiente pela abertura inferior, atravessa o edifício e sai pela

abertura superior na parede oposta.

Esse edifício possui área útil de 3,37 m² e volume de ar de 9,2 m³, com

medidas internas de 1,82 m por 1,86 m. O pé direito na parede mais baixa, onde

está a abertura inferior, possui 2,29 m. Na parede oposta existe uma elevação,

formando uma chaminé de 3,48 m de altura, onde está posicionada a saída superior

do ar.

A Figura 8 mostra a planta baixa e um corte vertical do edifício denominado

como protótipo 2. Também se pode perceber o fluxo de ar que percorre o edifício.

Figura 8 – Projeto do protótipo 2

Fonte: Do autor (2014).

3.1.3 Protótipo 3 – Distribuição de ventilação por efeito torre de vento

O protótipo 3 foi projetado com distribuição de ventilação por efeito torre de

vento, onde o ar acessa o ambiente através das aberturas superiores e é canalizado

por uma torre até os níveis mais baixos do edifício. Esse fluxo adentra a sala

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principal por uma abertura inferior, atravessa o ambiente e sai por uma abertura

mais elevada na parede oposta.

A sala principal do edifício possui área útil de 3,37 m² e volume de ar de 8,1

m³, com medidas de 1,82 m por 1,86 m. Adjunto, encontra-se uma torre com

medidas de 0,51 m por 1,86 m e 3,6 m de altura.

Na Figura 9 é possível visualizar a planta baixa e um corte vertical do

protótipo 3. Ainda, podem-se ver as direções do fluxo de ar que percorrem o edifício.

Figura 9 – Projeto do protótipo 3

Fonte: Do autor (2014).

3.1.4 Protótipo 4 – Distribuição de ventilação por efeito torre de vento com

aspersão de água

O protótipo 4 segue o mesmo modelo de construção do protótipo 3,

diferenciando apenas que na distribuição de ventilação por efeito torre de vento foi

adicionado um sistema de aspersão de água. Essa aspersão é feita através de uma

tubulação de Policloreto de Vinila (PVC) instalada logo abaixo da entrada de ar da

torre.

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Na Figura 10 está apresentada a planta baixa e um corte vertical do edifício

denominado como protótipo 4, onde pode-se ver a localização das saídas para

aspersão de água.

Figura 10 – Projeto do protótipo 4

Fonte: Do autor (2014).

3.1.5 Considerações quanto à posição e orientação dos protótipos

Ressalta-se que todas as aberturas dos sistemas de ventilação dos quatro

protótipos possuem as medidas de 1 m de largura e 0,5 m de altura, localizadas nas

faces norte e sul dos protótipos.

A orientação das aberturas está relacionada à maior frequência anual de

ventos originários dessas direções, conforme estudos de Tomasini (2011) e do Atlas

Eólico do Rio Grande do Sul (2002), analisados no referencial teórico do presente

estudo.

Outro fator determinante é topografia e posição do terreno, que permite a

construção com orientação das aberturas nas faces norte e sul dos protótipos, sem

que um edifício cause efeito na ventilação do outro.

A posição dos edifícios no terreno está no Anexo B desse documento.

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3.1.6 Construção dos protótipos

A construção dos protótipos de alvenaria com sistemas de circulação da

ventilação teve início no final do mês de abril de 2014, com a preparação para

construção da fundação, conforme a Figura 11, abaixo.

Figura 11 – Início da construção dos protótipos

Fonte: Do autor (2014).

A construção seguiu até o início do mês de setembro, quando a alvenaria foi

finalizada, como apresentado na Figura 12:

Figura 12 – Finalização das alvenarias

Fonte: Do autor (2014).

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A partir da finalização das etapas de alvenaria, foram instaladas grelhas de

madeira em todas as aberturas dos protótipos. Essas estruturas permitem a

passagem de ar, controlando a entrada de água e outros materiais indesejados. A

Figura 13 apresenta uma das grelhas instaladas nos protótipos.

Figura 13 – Grelha de madeira instalada

Fonte: Do autor (2014).

No protótipo 4 (Distribuição de ventilação por efeito torre de vento com

aspersão de água), foi instalado um sistema de aspersão de água. A distribuição de

água foi feita através de uma mangueira conectada ao encanamento instalado,

conforme Figura 14. Também é possível ver o aspersor utilizado.

Figura 14 – Sistema de aspersão de água do protótipo 4

Fonte: Do autor (2014).

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Em meados de outubro os protótipos foram finalizados, possibilitando o

levantamento de dados e análises das condições de ar em seus interiores. A Figura

15 apresenta os protótipos finalizados.

Figura 15 – Construção dos protótipos finalizada; (a) protótipo 1; (b) protótipo 2; (c)

protótipo 3; (d) protótipo 4

Fonte: Do autor (2014).

3.2 Ambiente climatizado artificialmente

O ambiente com climatização artificial utilizado para esse estudo foi uma sala

de aula do Centro Universitário UNIVATES. Trata-se de um ambiente com medidas

internas de 6 metros de largura e 8 metros de comprimento, e altura de 3 metros.

Possui sistema de ar condicionado do tipo split acionado manualmente e com

controles de temperatura. O sistema possui filtros, que são higienizados em

intervalos de 6 meses.

3.3 Ferramentas para levantamento de dados

Foram duas as formas de obtenção das informações pertinentes à avaliação

da qualidade do ar interior: monitoramentos e amostragens.

a

b

c

d

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Os monitoramentos são métodos contínuos de análise, que utilizam

equipamentos automáticos e, muitas vezes, complexos. Esses equipamentos

analisam continuamente os parâmetros de interesse, sem ser necessário

acompanhamento ou análises posteriores. Já as amostragens são métodos que

exigem coletas e posteriores análises (FRONDIZI, 2008).

3.3.1 Monitoramentos

As atividades de monitoramento foram responsáveis pela coleta das

informações relacionadas ao clima, tempo e parâmetros físicos dos ambientes, como

temperatura e umidade.

Para obter dados de temperatura, umidade relativa, pressão atmosférica e

velocidade dos ventos do meio externo, nas proximidades dos protótipos, foi

instalada uma estação meteorológica compacta Instrutemp ITWH-1080, que

forneceu informações em tempo real em painel de controle conectado remotamente

(Figura 16). Os dados foram registrados em intervalos de 30 minutos.

Figura 16 – Estação meteorológica Instrutemp ITWH-1080, instalada próximo aos

protótipos, e seu painel de controle

Fonte: Do autor (2014).

Foram instalados, em cada um dos protótipos e no ambiente externo,

sensores Pt-100 (sensor de termo resistência, capaz de registrar a temperatura de

exposição) conectados a um datalogger da empresa Novus, que armazenou

informações de temperatura a cada 30 minutos (Figura 17).

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Figura 17 – Sensores Pt-100 conectados a um Dattalogger

Fonte: Do autor (2014).

3.3.2 Amostragens

Foram realizadas análises por amostragem direta, para caracterização física e

química do ar interior, e análises laboratoriais, para caracterização microbiológica.

Para análise por amostragem direta foram utilizados dois equipamentos: O

Portable AIQ Meter 4in1 modelo 77597, da marca Instrutemp, e o sensor de gases

GasAlertMicroClip XT, da marca BW Technologies.

O Portable AIQ Meter 4in1 modelo 77597 (Figura 18) funciona como um

termo higrômetro, capaz de coletar informações de umidade relativa e temperatura

do ambiente através de seu sensor. O aparelho ainda determina as concentrações

de CO e CO2 no ambiente por meio de um sensor baseado em absorção de luz,

enviando e recebendo comprimentos de onda específicos para análise do gás.

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Figura 18 – Portable AIQ Meter 4in1 modelo 77597

Fonte: Do autor (2014).

O GasAlertMicroClip XT (Figura 19) realiza as leituras dos gases através de

detector de fotoionização, que oferece precisão e velocidade na detecção. O

equipamento capta a amostra através de seus sensores frontais, enviando este

material para um compartimento de análise, expondo-o à luz ultravioleta, que resulta

em íons e podem ser coletados e mensurados.

Figura 19 – GasAlertMicroClip XT

Fonte: Do autor (2014).

As características microbiológicas foram obtidas a partir de coletas nos locais

de estudo e análises em laboratório, conforme descrito a seguir.

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3.4 Métodos de análise

A Resolução RE n° 9/2003 da ANVISA utiliza como parâmetros fundamentais

sugeridos para avaliação a umidade relativa, a temperatura e velocidade do ar,

fungos, bolores e bactérias, material particulado e dióxido de carbono (CO2).

Com base nessas informações, o presente estudo analisou os parâmetros:

fungos, temperatura, umidade relativa, CO, CO2, H2S e o percentual de O2.

3.4.1 Fungos

A análise de fungos foi realizada a partir do método de amostragem e análise

de bioaerosol em ambientes interiores (Norma Técnica 1 da RE nº 9/2003). Este

método mede o controle ambiental da possível colonização, multiplicação e

disseminação de fungos no ar interior do ambiente.

A legislação em questão sugere a utilização de um amostrador por

impactação, porém, foi utilizado um método de amostragem passiva, que realizou as

coletas por sedimentação de microrganismos do ar em placas de Petri por 15

minutos, usando o meio de cultura Ágar Sabouraud.

A preparação do meio de cultura foi realizada no dia 23 de outubro de 2014

no Laboratório Didático de Microbiologia do Centro Universitário UNIVATES. Um

número de 20 placas de Petri (90x15mm) foram preparadas e colocadas em

incubação por 5 dias para checagem de uma possível contaminação e aparecimento

de colônias de fungos. Ao final desse período, 3 placas apresentaram o surgimento

de colônias de fungos e foram descartadas. As 17 placas restantes sem

contaminação foram utilizadas para realização das amostragens. Esse procedimento

de incubação das placas ainda sem exposição garantiu que todas as colônias

constatadas nas placas após os procedimentos amostrais foram formadas por

contaminação originada nos ambientes de estudo.

As coletas exigiram a seleção de amostras de ar exterior e interior. Definiu-se

o número de amostras de ar interior com base na área construída e nas

recomendações da resolução, sendo que, para ambientes com área construída de

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até 1000 m², a necessidade é de realização de 1 (uma) amostra. Para aumentar a

confiabilidade, foram realizadas coletas em triplicata para os quatro protótipos e para

o ambiente com climatização artificial, e em duplicata para o ambiente externo. As

amostragens foram realizadas no dia 28 de outubro de 2014, com início às 9 horas

da manhã. Foram executadas a uma altura de 1,5 m do piso, no centro de cada um

dos ambientes estudados.

Posteriormente, as placas foram levadas novamente ao laboratório para

entrarem no período de incubação em uma incubadora microbiológica. O tempo de

incubação das placas foi de 7 dias, a uma temperatura de 25°C, permitindo o total

crescimento dos fungos. As placas foram retiradas da incubação no dia 04 de

novembro e as contagens das colônias foram realizadas com o auxílio de um

contador de colônias. A contagem foi realizada em cada placa e registrada

manualmente.

3.4.2 Monóxido e Dióxido de Carbono

A verificação de CO e CO2 foi baseada no método de amostragem e análise

da concentração de dióxido de carbono em ambientes interiores (Norma Técnica 2

da RE nº 9/2003), e tem como objetivo o monitoramento e controle do processo de

renovação de ar em ambientes internos. Esse método utiliza equipamento de leitura

direta.

De acordo com resolução n° 9 de 2003 (ANVISA, 2003), tendo por base a

área construída inferior a 1000 m², realizou-se 1 (uma) amostra do ar interior. As

coletas foram executadas a uma altura de 1,5 m do piso, no centro do ambiente.

Foram coletadas informações do ar no interior de cada um dos protótipos em

três períodos do dia (9:00 às 10:00, 17:00 às 18:00 e 22:00 às 23:00), durante 7

dias. (20, 22, 23, 27, 28, 29 e 30 de outubro), com intenção de levantar dados em

diferentes situações meteorológicas.

No presente estudo, foi utilizado o equipamento Portable AIQ Meter 4in1

modelo 77597. Esse aparelho foi exposto ao ar interior de cada ambiente por 5

minutos e as medições foram registradas em planilhas. Para evitar a variação dos

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dados ao mover o equipamento para o ambiente externo, foi usada a função Hold,

que memoriza na tela as informações do momento em que a função foi ativada.

3.4.3 Temperatura e umidade relativa

Essas análises serão baseadas no método de determinação da temperatura,

umidade e velocidade do ar em ambientes interiores (Norma Técnica 3 da RE nº

9/2003), diferenciando-se apenas em relação à não análise da velocidade do vento

nos ambientes.

Esse método de amostragem utiliza um equipamento de leitura direta através

de termo higrômetro. No presente estudo, será utilizado o equipamento Portable AIQ

Meter 4in1 modelo 77597. Os métodos de amostragem foram os mesmos utilizados

no levantamento de dados para CO e CO2, seguindo os mesmos horários e datas, e

também utilizando a função Hold do equipamento.

As temperaturas internas e umidades relativas dos protótipos ainda foram

monitoradas através de sensores automáticos que realizaram coletas contínuas,

conforme descrito anteriormente. Essas ferramentas de monitoramento funcionaram

por um período bastante amplo, porém serão utilizados os dados referentes ao

período entre os dias 20 e 30 de outubro de 2014.

3.4.4 Percentual de oxigênio e sulfeto de hidrogênio

O percentual de oxigênio (O2) e o sulfeto de hidrogênio (H2S) foram análises

complementares que se deram através do equipamento GasAlertMicroClip XT por

leitura direta. Os métodos de amostragem seguiram os mesmos padrões de datas e

horários dos levantamentos realizados com o equipamento Portable AIQ Meter 4in1

modelo 77597, porém, por se tratar de um equipamento com leitura instantânea e

informações menos suscetíveis a variações, os registros foram realizados no

momento da exposição, sem remover o equipamento do ambiente em análise.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção, são apresentadas as informações obtidas através dos métodos

de levantamento de dados utilizados no presente estudo Ainda, uma discussão

sobre os dados levantados e uma avaliação da QAI para cada um dos ambientes

estudados.

4.1 Parâmetros do ambiente externo

Os dados das condições externas foram levantados através da estação

meteorológica compacta. Essas informações se fazem necessárias para

interpretação da influência das condições do ar exterior sobre o ar interior dos

protótipos estudados.

As informações de interesse sobre as condições externas abrangem o

período entre os dias 20 e 30 de outubro de 2014, período da realização das

amostragens diretas e coletas.

4.1.1 Temperatura externa

Percebe-se uma tendência ascendente nas temperaturas nesse período

amostral. Tanto as mínimas quanto as máximas temperaturas diárias se elevam, até

uma queda no último dia de amostragem.

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A temperatura mínima do período foi registrada no dia 21 de outubro (13,1°C),

e a máxima foi registrada no dia 28 de outubro (40,6°C). Informações que revelam

uma grande amplitude térmica nesses dias.

4.1.2 Umidade relativa do ar externa

O Gráfico 2 apresenta as informações da umidade no período. Não houve

precipitação nos dias amostrados, os picos de umidade ocorreram no período da

noite.

Gráfico 2 – Variação da umidade relativa do ar

Fonte: Do autor (2014).

As medidas amostradas indicam que os valores de umidade seguem um

padrão normal, com altos valores à noite e redução à tarde. Em um dos dias, a

umidade baixou até níveis próximos dos 20%. Porém, a umidade média do período

foi de 76%.

4.1.3 Ventos

A direção predominante dos ventos está ilustrada no Gráfico 3.

20

30

40

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60

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90

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Um

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)

Data

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Gráfico 3 – Direção de predominância dos ventos no período amostral

Fonte: Do autor (2014).

Com base nos dados fornecidos pela estação meteorológica, pode-se

perceber que os ventos predominantes no período das análises (20 a 30 de outubro)

são os ventos de origem sul (S) e nordeste (NE).

A velocidade média dos ventos no período foi de 1,02 m/s. O registro de

maior velocidade dos ventos ocorreu no dia 23 de outubro, com valor de 5,4 m/s.

4.2 Temperatura interna

Os dados de temperatura interna dos protótipos, obtidos através dos

monitoramentos com os sensores Pt-100 e datalogger, estão apresentados no

Gráfico 4 (também apresentado no Apêndice B). Esse equipamento registrou 529

amostras de temperatura nos quatro protótipos em intervalos de 30 minutos. Devido

à grande quantidade de dados, esses foram apresentados em forma gráfica

representando os 11 dias de realização das amostras.

É possível constatar uma variação bastante grande nas temperaturas no

decorrer dos dias. Inicialmente, as temperaturas mínimas chegavam a ser inferiores

a 15°C nos protótipos. Nos últimos dias, as máximas ultrapassavam a faixa dos

30°C.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%N

NNE

NE

ENE

E

ESE

SE

SSE

S

SSO

SO

OSO

O

ONO

NO

NNO

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Gráfico 4 – Temperaturas nos protótipos e ambiente externo

Fonte: Do autor (2014).

Analisando o gráfico, percebe-se que, nos momentos de maior radiação solar,

as temperaturas internas são geralmente mais elevadas no Protótipo 1,

possivelmente devido à ausência de circulação da ventilação nesse ambiente.

Porém, nos dias mais quentes analisados (27, 28 e 29 de outubro) o Protótipo 2

apresentou as mais altas temperaturas. Supõe-se que isso ocorra devido a uma

maior interferência da temperatura externa, pois as duas aberturas desse protótipo

estão expostas diretamente ao ambiente interno. Essa exposição não ocorre nos

protótipos 3 e 4, que possuem uma torre de vento isolada da sala principal.

Justamente os protótipos 3 e 4 que apresentam as temperaturas máximas

menos elevadas em comparação aos demais protótipos, em qualquer condição de

clima. Nota-se ainda, que existem variações bastante pontuais na temperatura do

protótipo 4 em alguns dias, como 23 e 27 de outubro, por volta das 18 horas. É

possível explicar essas oscilações levando em conta o momento de ativação da

aspersão de água, que ocorria sempre 20 minutos antes das amostragens diretas.

Um desses períodos era, justamente, entre às 17:00 e 18:00. A umidificação do ar

nesse protótipo pode ter causado essas variações na temperatura interna.

Nos períodos de temperatura mais baixa, madrugada, o comportamento da

temperatura é bastante semelhante nos protótipos 2, 3 e 4, e o protótipo 1 se

mantém tendo o ambiente com as temperaturas mais elevadas.

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

Te

mp

era

tura

(°C

)

Data

Protótipo 1

Protótipo 2

Protótipo 3

Protótipo 4

Externo

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Em relação às médias de temperatura, o protótipo 1 apresenta a mais alta

(23,5°C), seguido pelo protótipo 2 (23°C) e protótipo 3 (22,1°C). O protótipo 4

apresentou a temperatura média mais baixa (21,9°C).

Relacionando com a temperatura externa, percebe-se qual dos protótipos tem

temperaturas mais influenciadas pelas condições externas.

Nota-se que todos os protótipos amenizam um pouco as condições externas,

porém, confirma-se que os protótipos 1 e 2 sofrem aumentos em suas temperaturas

internas quando o ambiente externo possui temperaturas mais elevadas. A

temperatura do ar no protótipo 4 chegou a marcar valores com 10°C a menos que

temperatura externa. O protótipo 3 também teve bons rendimentos na amenização

da temperatura exterior.

Para o ambiente climatizado artificialmente, a temperatura foi controlada pelo

sistema de condicionamento de ar. Nas análises realizadas nesse local, a

temperatura programada foi de 24°C e, as amostras revelaram uma oscilação

máxima de 1°C, para mais ou para menos, durante os 5 minutos de exposição.

4.2.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA

A Resolução RE nº09/2003 da ANVISA, sugere que os ambientes

climatizados artificialmente devem operar em temperaturas entre 23°C e 26°C. Para

avaliação dos ambientes estudados, foram utilizadas as 529 amostras de

temperatura em cada um dos protótipos utilizadas no gráfico anterior. Cada um dos

dados foi comparado com os limites da legislação em questão e considerado

apropriado ou não apropriado.

Os resultados da avaliação estão na Tabela 3. Na primeira coluna apresenta-

se o ambiente analisado; na segunda, o total de amostras de temperatura do ar

interior; na terceira, a quantidade de amostras com valores dentro dos limites da

legislação; e, na quarta coluna, o percentual de amostras apropriadas.

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Tabela 3 – Avaliação do parâmetro temperatura interna nos protótipos

Ambiente Total de amostras Amostras apropriadas Percentual

Protótipo 1 529 121 22,87

Protótipo 2 529 116 21,93

Protótipo 3 529 107 20,23

Protótipo 4 529 104 19,66

Fonte: Do autor (2014).

A avaliação mostra que, apesar das maiores temperaturas, o protótipo 1

atende mais vezes os limites de temperatura sugeridos pela legislação que os

demais protótipos. São 22,87% de dados considerados apropriados. Isso ocorre pois

nos momentos de temperatura mais baixa, esse protótipo mantém-se mais quente.

Outra análise foi realizada, desta vez não levando em conta o limite mínimo

imposto pela resolução, assim, todos os registros que atendem o valor máximo de

temperatura sugerido (26°C) são considerados apropriados. Os resultados dessa

nova avaliação estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Avaliação da temperatura desconsiderando o limite mínimo

Ambiente Total de amostras Amostras apropriadas Percentual

Protótipo 1 529 382 72,21

Protótipo 2 529 407 76,94

Protótipo 3 529 433 81,85

Protótipo 4 529 442 83,55

Fonte: Do autor (2014).

Dessa vez, o protótipo 4 aparece como o que atende mais vezes atende os

limites máximos de temperatura, com 83,55% das amostras consideradas

apropriadas.

4.3 Umidade relativa do ar interior

As coletas foram realizadas conforme a metodologia descrita. Os resultados

estão representados no Gráfico 5.

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Gráfico 5 – Dados de umidade relativa do ar no interior de cada um dos protótipos

Fonte: Do autor (2014).

Nota-se que as umidades mais elevadas são as medidas no protótipo 4. Em

nenhuma das amostras do protótipo 4 a umidade relativa do ar foi menor que 50%.

Outra constatação relevante é que as umidades nos protótipos 2 e 3 são

semelhantes em algumas análises, com ligeira elevação nas umidades do protótipo

3. O protótipo 1 apresentou muitas variações, em algumas análises sua umidade

relativa foi a menor, enquanto em outras, teve valores somente abaixo dos valores

do protótipo 4.

Para o ambiente climatizado artificialmente, a umidade relativa do ar

apresentou uma média de 50%.

4.3.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA

A Resolução RE nº09/2003 da ANVISA, sugere que os ambientes

climatizados artificialmente devem operar com umidades relativas entre 40% e 65%.

Para avaliação dos ambientes estudados, foram utilizadas 17 amostras de umidade

relativa (%) em cada um dos protótipos. Cada um dos dados foi comparado com os

limites da legislação em questão e considerado apropriado ou não apropriado.

A Tabela 5 apresenta a avaliação da umidade relativa no interior dos

protótipos levando em consideração os limites estipulados na resolução. A primeira

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Um

idad

e R

ela

tiva

(%

)

Amostras

Protótio 1

Protótio 2

Protótio 3

Protótio 4

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coluna traz os ambientes de estudo; a segunda, a umidades relativas médias,

calculada a partir da média dos valores amostrados; a terceira indica o percentual de

amostras que atendem os limites da legislação; a terceira coluna expressa um

percentual de amostras que excedem o limite máximo aceitável; e, por fim, a quarta

coluna mostra o percentual de amostras que não atingiram o limite mínimo exigido.

Tabela 5 – Avaliação do parâmetro umidade relativa no interior dos protótipos

Ambiente Umidade relativa

média (%) Amostras

apropriadas (%)

Amostras acima do limite máximo

(%)

Amostras abaixo do limite mínimo

(%)

Protótipo 1 68,1 41,18 52,94 5,88

Protótipo 2 67,1 29,41 64,71 5,88

Protótipo 3 69,4 41,18 58,82 0,00

Protótipo 4 78,7 17,65 82,35 0,00

Fonte: Do autor (2014).

Com essas informações, percebe-se que os protótipos 1 e 3 são os que mais

vezes atenderam os valores limites da resolução, com 41,18% de amostras

consideradas apropriadas. O protótipo 4, devido a seu sistema de umidificação do

fluxo de ar com aspersores de água, excedeu os limites máximos em 82,35% das

amostras. Foram mínimas as ocorrências de amostragens que não atingiram os

valores mínimos recomendados.

4.4 Dióxido de carbono

As informações acerca da presença de dióxido de carbono no ar interior dos

protótipos foram obtidas através de amostragem direta com o equipamento Portable

AIQ Meter 4in1. Os dados coletados estão apresentados no Gráfico 6.

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Gráfico 6 – Dados da presença de CO2 no ar interior dos protótipos

Fonte: Do autor (2014).

Percebe-se que os dados são muito semelhantes em todos os protótipos.

Com valores ligeiramente mais elevados para os protótipos 1 e 4. Isso pode ser

explicado devido a não existência de sistema de circulação no protótipo 1. Já no

protótipo 4, que possui o mesmo tipo de circulação que o protótipo 3, uma possível

explicação é que o excesso de umidade, devido aos aspersores de água, pode ter

diminuído a capacidade de renovação do ar nesse ambiente.

A Tabela 6 apresenta os dados amostrados. Na primeira e na segunda coluna

apresentam-se, respectivamente, as datas e períodos do dia em que foram

realizadas as coletas. As demais colunas apresentam os valores para cada um dos

quatro protótipos.

Percebe-se que, no período da tarde, a presença de CO2 é menor no interior

dos protótipos. Em contrapartida, à noite, as amostras revelam um teor maior desse

composto presente no ar interior. Para o ambiente climatizado artificialmente, os

dados de presença de CO2 gerou uma média de 490 mg.L-1.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Pre

sen

ça d

e C

O2 (m

g.L

-1)

Amostras

Protótipo 1

Protótipo 2

Protótipo 3

Protótipo 4

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Tabela 6 – Dados das análises de CO2 em ppm no ar interior dos protótipos

Data Período Protótipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3 Protótipo 4

20/10/2014 09:00 - 10:00 479 476 510 500

20/10/2014 17:00 - 18:00 442 477 464 456

20/10/2014 22:00 - 23:00 534 480 474 503

22/10/2014 09:00 - 10:00 520 488 488 494

22/10/2014 22:00 - 23:00 489 482 488 517

23/10/2014 09:00 - 10:00 461 457 454 455

23/10/2014 17:00 - 18:00 456 434 435 439

23/10/2014 22:00 - 23:00 536 527 502 515

27/10/2014 09:00 - 10:00 488 462 464 465

27/10/2014 17:00 - 18:00 482 460 451 450

27/10/2014 22:00 - 23:00 526 516 506 512

28/10/2014 09:00 - 10:00 469 465 464 462

29/10/2014 09:00 - 10:00 484 485 484 478

29/10/2014 17:00 - 18:00 454 457 447 454

30/10/2014 09:00 - 10:00 484 489 485 498

30/10/2014 17:00 - 18:00 462 463 457 455

30/10/2014 22:00 - 23:00 549 525 519 522

Fonte: Do autor (2014).

4.4.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA

De acordo com a Resolução RE nº09/2003 da ANVISA, o VMR para dióxido

de carbono é de 1000 mg.L-1. Para avaliação dos ambientes estudados, foram

utilizadas 17 amostras diretas de presença de CO2 em cada um dos protótipos.

Todos os dados coletados atendem as exigências da resolução. Para fins de

comparação, a Tabela 7 apresenta os valores médios de monóxido de carbono das

amostragens direta executadas nos protótipos.

Tabela 7 – Valores médios de CO2 em mg.L-1 no ar interior dos protótipos

Protótipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3 Protótipo 4

Média (09:00 - 10:00) 484 475 478 479

Média (17:00 - 18:00) 459 458 451 451

Média (22:00 - 23:00) 527 506 498 514

Média Geral 489 479 476 481

Fonte: Do autor (2014).

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O protótipo 1 apresenta a maior média dentre os protótipos. A menor

presença média de CO2 ocorreu no protótipo 3, seguido do protótipo 2. A média total

é de 481 mg.L-1 de CO2.

4.5 Fungos

Com a realização das coletas e contagem, notou-se a proliferação de colônias

em todas as placas expostas ao fluxo de ar, tanto nos protótipos quanto nos

ambientes controlados e externos.

Uma das placas amostradas no protótipo 2 não forneceu confiabilidade na

contagem das colônias, assim, para fins de análise, foi considerada como incontável

(N.D.). As demais placas apresentaram boas condições para contagem visual. Fotos

de todas as placas de Petri utilizadas nas coletas estão apresentadas no Apêndice B

deste documento.

Para obter a relação entre unidades formadora de colônias e o volume de ar

do ambiente (ufc/m³), utilizada na legislação base para comparação, o número de

colônias de cada placa de Petri foi dividido pela área da placa em metros quadrados

(0,00636 m²); esse resultado é, por sua vez, dividido pelo volume de ar do ambiente

estudado em metros cúbicos.

Na Tabela 8 a seguir, os dados necessários para obtenção dos valores de

ufc/m³ são relacionados e apresentados. A primeira coluna representa o ambiente

estudado, a segunda apresenta as amostras para cada ambiente, a terceira traz a

contagem de colônias para cada amostra, a quarta coluna apresenta a área da placa

em cada amostra, a quinta mostra o volume de cada um dos ambientes (quando

aplicável).

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Tabela 8 – Apresentação da quantidade de colônias contadas em cada placa de

Petri e o volume de ar dos protótipos, obtendo a relação de unidades formadoras de

colônia por metro cúbico de ar (ufc/m³)

Ambiente Amostra Contagem colônias

Volume do Ambiente

(m³)

Relação ufc/m³

Protótipo 1

1 35 8,1 679

2 37 8,1 718

3 39 8,1 757

Protótipo 2

1 39 9,2 667

2 44 9,2 752

3 N.D 9,2 N.D.

Protótipo 3

1 29 8,1 563

2 35 8,1 679

3 33 8,1 641

Protótipo 4

1 26 8,1 505

2 22 8,1 427

3 25 8,1 485

Ambiente climatizado artificialmente

1 16 144 17

2 14 144 15

3 17 144 19

Fonte: Do autor (2014).

No Gráfico 7 estão apresentados os valores de unidades formadoras de

colônia por metro cúbico de ar para cada amostra.

Gráfico 7 – Unidades formadoras de colônia em cada placa de Petri por m³ de ar

Fonte: Do autor (2014).

679 718

757

667

752

Incontável

563

679 641

505

427 485

17 15 19

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

Prototipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3 Protótipo 4 Controle

ufc

/m³

Ambiente

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Outra informação importante faz relação ao ambiente climatizado

artificialmente, onde os valores foram consideravelmente baixos devido ao maior

volume de ar nesse local e a utilização de filtros no fluxo de ar dos sistemas de ar

condicionado.

4.5.1 Avaliação do parâmetro em relação a RE nº09 ANVISA

A Resolução RE n° 9/2003 da ANVISA indica que o VMR para fungos é de

750 ufc/m³, sendo assim, em duas amostras esse valor foi excedido, sendo uma

amostra do protótipo 1 e outra do protótipo 2. Importante comentar que mesmo que

as análises do protótipo 2 tenham apresentado um número mais alto de colônias,

devido a presença de um maior volume de ar em seu interior, a relação ufc/m³ se

mostra inferior às do protótipo 1, por exemplo. Em nenhuma das demais amostras, o

VMR foi atingido.

Uma vez que as amostras foram realizadas em triplicata para os ambientes

internos, o uso da média das amostras pode ser empregado para novas análises. No

Gráfico 8, são apresentados os valores médios das amostras de fungos nos

ambientes internos.

Gráfico 8 – Valor médio das unidades formadoras de colônias em cada ambiente

Fonte: Do autor (2014).

718 709

641

485

14 0

750

Prototipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3 Protótipo 4 Controle

ufc

/m³

Ambiente

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É possível constatar que, tendo como base as médias, todos os ambientes se

apresentam aptos de acordo com a legislação. Porém, os valores dos protótipos 1 e

2 se aproximam muito dos valores máximos permitidos.

4.6 Monóxido de carbono, oxigênio (%) e sulfeto de hidrogênio

Os parâmetros monóxido de carbono, percentual de oxigênio e sulfeto de

hidrogênio não apresentaram alterações no decorrer do período de estudo. O

percentual de oxigênio se manteve, em todas as amostragens, em 20,9%. O valor

não se alterou em nenhum dos protótipos e nem no ambiente externo. Isso pode

representar que não há acúmulos ou retenção de poluentes no interior dos

protótipos.

Não houve presença de CO ou H2S em nenhuma das amostragens do ar

interior ou exterior. Isso pode estar relacionado ao local de instalação dos protótipos

estar exposto a uma área bastante aberta, com boa circulação de ar.

Esse fato não é surpresa, uma vez que não há geração de CO nos

ambientes, que não é o caso dos protótipos vazios. O mesmo para o H2S, que seria

um produto de decomposição de compostos com enxofre em meio redutor.

4.7 Avaliação

Uma vez levantados os dados, analisadas as características das informações,

discutidas as possíveis relações entre elas e realizada uma avaliação dos

parâmetros de qualidade do ar interno estipulados pela legislação e aqui analisados,

podem ser feitas algumas considerações sobre o comportamento de cada um dos

ambientes estudados.

4.7.1 Protótipo 1

O protótipo 1 não possui sistema de circulação da ventilação, sendo assim,

era esperado que a qualidade do ar interior nesse ambiente fosse inferior.

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Após as análises, constatou-se que esse ambiente teve a maior média de

temperatura do ar interior entre os ambientes estudados. Apesar disso, foi o

protótipo que mais vezes atendeu as exigências da resolução RE nº9/2003 da

ANVISA com 22,87% de amostras apropriadas, ainda que esse seja um valor muito

baixo para tornar o ambiente apropriado. Em nova análise de temperatura,

considerando aceitáveis as amostras abaixo do limite da legislação, o protótipo 1

obteve o pior resultado.

Na avaliação da umidade relativa, o protótipo 1 obteve o melhor desempenho,

tendo 41,18% das amostras consideradas apropriadas pela legislação. Por ser um

ambiente mais isolado, em situação de alta umidade externa, as interferências para

esse parâmetro são menos percebidas nesse ambiente. A umidade relativa média foi

de 68,1%.

Em contrapartida, o desempenho no parâmetro microbiológico, fungos, esse

protótipo teve o pior desempenho. Apesar de sua média atender o limite máximo,

uma das amostras excede os 750 ufc/m³.

Por fim, dentre os ambientes estudados, o protótipo 1 foi o pior dos protótipos

nas análises de CO2, mostrando menor eficiência na dispersão de poluentes. A

média foi de 489 ppm. Apesar de todas as amostras atenderem a legislação, em

comparação com os demais ambientes, esse mostrou os piores resultados.

4.7.2 Protótipo 2

O protótipo 2 possui sistema de circulação da ventilação por efeito chaminé.

Uma avaliação desse tipo de ventilação natural pode ser realizada a partir dos dados

obtidos por esse estudo.

Em relação às temperaturas do ar interior, nesse protótipo teve a segunda

média mais alta com base nos dados monitorados. Em momentos de temperatura

externa mais elevada, esse ambiente apresentou as temperaturas mais altas entre

todos os demais ambientes. Como suas duas aberturas de circulação de ar estão

expostas diretamente ao ambiente externo, supõe-se que o protótipo 2 sofre mais

influência da temperatura externa em situações mais extremas.

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Relacionando os dados monitorados com a resolução RE nº9, esse ambiente

se coloca na segunda posição como os ambientes que mais atendem os limites da

resolução (21,93%). Em segunda avaliação, desconsiderando o limite mínimo, cai

uma posição, atendendo as recomendações da legislação em 76,94% das amostras.

A umidade relativa média no interior desse protótipo foi de 67,1%, a mais

baixa entre as médias dos protótipos. Porém, de acordo com a resolução, apenas

29,41% das amostras atendem as recomendações.

Todas as amostras de CO2 atenderam os padrões da legislação base. O valor

médio de presença de dióxido de carbono no ar interior do protótipo 2 foi de 479

ppm, segunda melhor média entre os protótipos.

Quanto aos parâmetros microbiológicos, os valores de unidades formadoras

de colônias por metro cúbico são bastante elevados, quase atingindo os limites

estipulados na RE nº9/2003.

4.7.3 Protótipo 3

Nesse protótipo, a circulação da ventilação ocorreu por meio de uma torre de

vento.

A temperatura interna nesse ambiente foi bastante amenizada, sendo que a

temperatura média (22,1°C) foi quase 1°C mais baixa que a temperatura média do

protótipo 2 (23°C). Nesse caso, pode-se comparar as duas estruturas de ventilação

natural, mostrando uma vantagem nos dias mais quentes para o protótipo 3.

Entretanto, na avaliação das amostras com a resolução RE nº9/2003 da ANVISA, os

20,23% de amostras apropriadas desse protótipo proporcionou resultados que só

superaram os do protótipo 4. Na segunda avaliação, desconsiderando o limite

mínimo, esse protótipo teve o segundo melhor rendimento, com 81,85% de amostras

apropriadas.

Em relação aos dados de umidade relativa, o ar no interior do protótipo 3

apresentou resultados médios mais altos que os dois primeiros protótipos (69,4%).

Com base na resolução, juntamente com o protótipo 1, 41,18% das amostras

atendem as recomendações.

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Apesar da proximidade dos resultados, esse protótipo teve o menor nível de

CO2 presente no ar interior entre os protótipos. A média das amostras apresentou

476 ppm. Isso demonstra uma boa renovação do ar.

Quanto às colônias de fungos, esse ambiente foi um pouco melhor que os

dois primeiros, mantendo o valor médio das amostras um pouco mais distante do

limite máximo tolerável pela resolução. Nenhuma das amostras ultrapassou esse

limite, ao contrário dos protótipos 1 e 2.

4.7.4 Protótipo 4

No protótipo 4, assim como no protótipo 3, a circulação da ventilação ocorreu

por meio de uma torre de vento. O que diferenciou um protótipo do outro foi a

aspersão de água existente no protótipo 4.

A temperatura interna nesse ambiente foi a mais amenizada entre os

protótipos, sendo que a temperatura média (21,9°C). Comparando com o protótipo 3,

de mesma estrutura de ventilação, percebe-se resultados semelhantes, porém em

situações mais extremas de temperatura, a umidificação do ar por aspersão se

mostra eficiente (notou-se a redução dos valores amostrados desse parâmetro nos

momentos de funcionamento do sistema de aspersão). No entanto, na avaliação das

amostras com a resolução RE nº9/2003 da ANVISA, o protótipo 4 teve a pior

avaliação, com apenas 19,66% de amostras apropriadas. Quando desconsiderado o

limite mínimo exigido pela resolução, avaliando apenas pela temperatura limite

máxima, esse protótipo teve o melhor rendimento, com 83,55% das amostras

consideradas apropriadas.

Em relação aos dados de umidade relativa, o ar no interior do protótipo 4

apresentou os resultados médios mais altos (78,70%). Com base na resolução, foi o

ambiente com pior desempenho na avaliação do parâmetro umidade, com apenas

17,65% das amostras consideradas apropriadas. Em algumas amostras, mesmo

durante o dia, a umidade atingiu o valor máximo possível.

O teor médio de CO2 presente no ar interior desse protótipo foi de 481 mg.L-1,

valor idêntico à média total das amostras para todos os protótipos.

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Quanto às colônias de fungos, esse ambiente mostrou menores valores para

unidades formadoras de colônias por metro cúbico, apesar de apresentar valores de

umidade muito elevados. Nenhuma das amostras ultrapassou esse limite

recomendado pela resolução e a média ficou em 485 ufc/m³.

4.7.5 Ambiente climatizado artificialmente

Esse ambiente foi analisado unicamente com a intenção de comparação. Por

estar em local distante dos protótipos, possuir maior controle de temperatura e

umidade, ter um volume de ar muito superior, e climatização artificial com filtros,

esse ambiente deve atender todas os parâmetros da RE n°9/2003 da ANVISA.

As temperaturas internas se mantiveram na faixa dos 24°C, atendendo a

legislação. A umidade atendeu a resolução, mostrando valor médio de 50%. Quanto

à presença de CO2, o ambiente apresentou uma média de 490 mg.L-1, um pouco

acima dos protótipos, mas dentro dos limites exigidos pela resolução. Por fim, o

parâmetro microbiológico apresentou níveis baixos de formação de colônia, muito

devido ao maior volume de ar presente nesse ambiente.

4.8 Parecer geral

As características gerais das informações mostram que os protótipos 1 e 2

não são capazes de atender os parâmetros de temperatura em situações em que

essas sejam elevadas, apresentando-se muito suscetíveis a influências externas. No

protótipo 1 ocorre a falta de renovação do ar e no protótipo 2 existe muita exposição,

devido à vulnerabilidade das aberturas. Os protótipos 3 e 4 tiveram melhores

resultados em situações extremas com altas temperaturas, e o aspersor do protótipo

4 possui eficiência na refrigeração do ambiente. Por outro lado, a umidade relativa

do ar no interior do protótipo 4 se torna muito elevada, o que, teoricamente, poderia

resultar em maior presença e fungos. Porém, o resultado foi bem contrário às

expectativas nesse parâmetro.

Quanto a contaminação microbiológica, os protótipos 1 e 2 mais uma vez se

mostraram com ventilações menos eficientes que os demais protótipos em relação à

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contaminação do ar por esses microrganismos. Os resultados para os protótipos 3 e

4 estão mais distantes do VMR, indicando uma melhor qualidade do ar interior.

Como todos os protótipos revelaram praticamente o mesmo teor de CO2

presente no ar interior, esse parâmetro não pode ser utilizado para comparações.

Utilizando a resolução RE n°9/2003 da ANVISA como única avaliação para a

QAI nos protótipos, é possível comparar os protótipos a partir do percentual de

amostras apropriadas, conforme a Tabela 9.

Tabela 9 – Comparativo entre os percentuais de amostras apropriadas para os parâmetros da qualidade do ar interior analisados nos protótipos

Protótipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3 Protótipo 4

Temperatura 22,87 21,93 20,23 19,66

Umidade relativa 41,18 29,41 41,18 17,65

Dióxido de carbono 100,00 100,00 100,00 100,00

Fungos 66,67 50,00 100,00 100,00

Fonte: Do autor (2014)

O protótipo 3 apresenta a melhor qualidade do ar interior entre os protótipos,

uma vez que apresenta o melhor desempenho em três dos quatro parâmetros. O

protótipo 1 também é o melhor em três de quatro parâmetros. Uma comparação com

o ambiente climatizado de maneira controlada, com filtros adequados, é desigual,

principalmente com relação à temperatura e umidade. Contudo, com relação aos

demais parâmetros pode-se dizer que os protótipos não apresentam resultados tão

diferenciados com a vantagem do menor consumo energético. O protótipo 4

necessita do consumo de água, porém em pouca quantidade.

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5 CONCLUSÃO

Este documento apresentou o trabalho de conclusão realizado como um dos

requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental. As

principais contribuições foram a criação dos protótipos em escala reduzida que

simulam ambientes com sistemas de ventilação natural, e as análises da qualidade

do ar interior nesses locais.

Embora o bom senso já diga que um ambiente adequadamente ventilado seja

mais salutar, o estudo científico requer o estabelecimento de hipóteses,

planejamento e realização de ensaios e medições. Desta forma, através dos

protótipos e medições buscou-se avaliar as alternativas de ventilação que oferecem

maior qualidade do ar interior, levando em conta os parâmetros físicos, químicos e

biológicos mencionados ao longo deste estudo.

Os protótipos possuem características diferentes, portanto o desempenho

pode oscilar muito para cada um deles em relação a cada condição de clima. Como

a ventilação é natural, a influência das condições climáticas é muito importante.

Com as avaliações realizadas, o protótipo 3 apresentou bons resultados e

pode até ser considerado o mais eficiente, uma vez que foi clara a falta de

renovação do ar no protótipo 1, mais isolado. O protótipo 2 sofreu muita influência

externa. O protótipo 4 não teve bom desempenho no parâmetro umidade relativa.

Outra questão importante envolve os parâmetros da resolução RE n°9 de

2003 da ANVISA, que determina as condições recomendadas para ambiente com

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climatização artificial. Nesse estudo, essa resolução serviu de base para

comparação da qualidade do ar interior em ambientes com ventilação natural e, após

as análises, percebeu-se que nem sempre é possível basear-se somente nessa

norma para caracterizar os ambientes estudados.

Para estudos futuros, sugere-se um aprofundamento nas análises de cada

parâmetro, executando-as por um período de tempo maior, obtendo informações em

diferentes estações do ano e permitindo que as características de ar interior sejam

mais confiáveis. Outra possibilidade é a análise da direção e intensidade dos ventos

em relação às variações de teores de dióxido de carbono no ar. Ainda, se a

instalação de filtros permite melhorias na qualidade do ar interior desses ambientes.

Por fim, espera-se que este trabalho sirva de referência, salientando a

importância de levar em conta a qualidade do ar interior quando do planejamento de

novas edificações.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Equipamentos para monitoramento da qualidade do ar

EQUIPAMENTOS PARA MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

Sordi (2011) comenta que os equipamentos de medição de poluição do ar

podem ser divididos em quatro tipos, de acordo com a metodologia adotada.

Amostradores passivos, amostradores ativos, analisadores automáticos e sensores

remotos são os quatro tipos básicos de equipamentos.

Os amostradores passivos se compõem de um corpo cilíndrico com uma

extremidade aberta e outra fechada, para evitar transporte convectivo. A

extremidade aberta deve ser protegida a fim de minimizar a interferência de

partículas e difusão turbulenta. Próximo à extremidade fechada, localiza-se um filtro

com material absorvente, que retém o poluente devido à especificidade do filtro.

Posteriormente, a amostra é analisada em laboratório (SORDI, 2011).

Os amostradores ativos funcionam a partir de uma bomba que suga certo

volume de gás e o encaminha a um coletor químico, ou físico, por determinado

período de tempo. As amostras devem ser encaminhadas para um laboratório para

posterior análise e determinação das concentrações do poluente (SORDI, 2011).

Os analisadores automáticos podem fornecer informações com alta

frequência de tempo. Nesse tipo de equipamento, as amostras são analisadas por

métodos eletro-ópticos, como a fluorescência no ultravioleta, quimiluminescência,

absorção no infravermelho, absorção no ultravioleta, entre outros. Os dados obtidos

garantem alto grau de precisão, por outro lado, demandam de precisão na operação,

manutenção e controle de qualidade dos dados obtidos (SORDI, 2011).

Os sensores remotos são capazes de fornecer dados de concentração de

poluentes, através de técnicas de espectroscopia, mesmo sem contato direto com os

poluentes. Esses dispositivos têm a capacidade de detectar a radiação

eletromagnética emitida (ou refletida) por um composto, convertê-la em sinais

elétricos, e ainda pode armazenar e transmitir em tempo real as informações obtidas

(SORDI, 2011).

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As vantagens e desvantagens de cada um dos tipos de equipamentos de

medição da poluição do ar estão apresentadas no Quadro a seguir:

Quadro – Vantagens e desvantagens dos equipamentos de análise do ar

Equipamento Vantagens Desvantagens

Amostradores passivos

Custo muito baixo; operação muito simples; independe de energia elétrica; pode ser utilizado em grande número; útil para mapeamento espacial.

Inexistente para alguns poluentes, em geral, fornecem médias mensais ou semanais, trabalho intenso de desenvolvimento e análise, processamento lento de dados.

Amostradores ativos

Baixo custo, fácil operação, dados confiáveis, banco de dados histórico.

Fornecem médias diárias; trabalho intenso de coleta e análise em laboratório.

Analisadores automáticos

Alta eficiência, dados horários, informações online.

Complexos; alto custo, exigem especialização, alto custo de manutenção

Sensores remotos

Dados integrados espacialmente; útil para medições próximas à fonte; medidas multicomponentes.

Muito complexos e caros, difícil operar, calibrar e validar, não prontamente comparáveis com medidas pontuais interferência das condições atmosféricas.

Fonte: FRONDIZI, 2008

Uma forma alternativa para monitorar a qualidade do ar é a utilização de

bioindicadores. Para Carneiro (2004) o uso de bioindicadores é uma forma

experimental indireta para realizar a verificação da existência de poluentes numa

certa porção de ar. Utilizam-se organismos vivos, que reagem à exposição a

situações de estresse causadas por alterações nos ciclos vitais ou pelo acúmulo de

poluentes.

REFERÊNCIAS

FRONDIZI, Carlos Alberto. Monitoramento da qualidade do ar: teoria e prática. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. SORDI, Diane. C. Diagnóstico de emissões veiculares no campus do Centro Universitário UNIVATES. Monografia de Bacharelado em Engenharia Ambiental, UNIVATES, Lajeado, RS, Brasil, 2013.

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APÊNDICE B – Erro! Fonte de referência não encontrada.

Fonte: Do autor (2014)

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Te

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(°C

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Data

Protótipo 1

Protótipo 2

Protótipo 3

Protótipo 4

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APÊNDICE C – Memorial fotográfico da análise de fungos nos ambientes de estudo

Protótipo 1

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Protótipo 2

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Protótipo 3

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Protótipo 4

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Ambiente com climatização artificial

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Ambiente externo

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ANEXOS

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Anexo A – Corte e visualização dos sistemas de distribuição da ventilação

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