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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE BARRETOS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA CONSTRUTIVO INDUSTRIALIZADO PARA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR ANA RAFAELA DE CARVALHO PEPPE PATRIQUE DOS SANTOS CANDIANI BRANDT ORIENTADOR: PROF. DR. ÂNGELO RUBENS MIGLIORE JUNIOR BARRETOS 2009

Avaliação de Um Sistema Construtivo Jet Casa

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Este trabalho apresenta, sob a ótica dos sistemas construtivos na Engenharia Civil,uma análise das vantagens e desvantagens do processo industrializado denominadoJet Casa em comparação com o processo construtivo tradicional. Esta análisecomparativa foi feita considerando o tempo de conclusão da obra e o custo total deuma residência de dois dormitórios definida para os dois sistemas construtivos. Foramrealizados estudos de campo do processo construtivo Jet Casa e análise dasplanilhas orçamentárias e cronogramas deste sistema. Para comparação foramconstruídas planilhas orçamentárias e cronogramas da mesma residência no sistematradicional. A vantagem do sistema Jet Casa em relação ao tradicional ocorreprincipalmente em relação ao tempo de conclusão da obra (3 vezes mais rápido que osistema tradicional), embora isto se aplique somente em construções de váriasunidades em condomínio. A desvantagem em relação ao sistema tradicional é alimitação para mudanças futuras ou durante a conclusão da obra, por utilizar painéisestruturais.

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    CENTRO UNIVERSITRIO DA FUNDAO EDUCACIONAL DE BARRETOS

    CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

    AVALIAO DE UM SISTEMA CONSTRUTIVO INDUSTRIALIZADO PARA

    RESIDNCIA UNIFAMILIAR

    ANA RAFAELA DE CARVALHO PEPPE PATRIQUE DOS SANTOS CANDIANI BRANDT

    ORIENTADOR: PROF. DR. NGELO RUBENS MIGLIORE JUNIOR

    BARRETOS 2009

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    ANA RAFAELA DE CARVALHO PEPPE PATRIQUE DOS SANTOS CANDIANI BRANDT

    AVALIAO DE UM SISTEMA CONSTRUTIVO INDUSTRIALIZADO PARA

    RESIDNCIA UNIFAMILIAR

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil do Centro Universitrio da Fundao Educacional de Barretos como parte dos requisitos do ttulo de Bacharel em Engenharia Civil, sob a orientao do Professor Dr. ngelo Rubens Migliore Junior.

    BARRETOS 2009

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    DEDICATRIA

    Aos mestres que nos do a diretriz necessria para seguirmos a nossa vocao.

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    AGRADECIMENTOS

    Aos nossos familiares, que nos deram a base necessria para seguirmos a nossa vocao.

    Aos nossos companheiros, que acreditaram no nosso caminho.

    Ao nosso orientador, pela sabedoria, dedicao, apoio e investimento no nosso trabalho.

    A empresa da Jet Casa, por permitir a nossa entrada no dia-a-dia da indstria, pela colaborao e fornecimento das informaes utilizadas neste trabalho.

    Aos nossos professores, pela entrega e confiana dedicada a todos ns.

    Aos nossos amigos e colegas, pela troca de experincias e incentivos.

    A instituio de ensino por nos dar meios para que possamos realizar a nossa vocao.

    E a Deus, que atravs da f nos mostra ser possvel acreditar.

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    RESUMO

    PEPPE, A.R.C.; BRANDT, P.S.C. (2009). Avaliao de um sistema construtivo industrializado para residncia unifamiliar. Monografia (Graduao). Barretos: UniFEB.

    Este trabalho apresenta, sob a tica dos sistemas construtivos na Engenharia Civil, uma anlise das vantagens e desvantagens do processo industrializado denominado Jet Casa em comparao com o processo construtivo tradicional. Esta anlise comparativa foi feita considerando o tempo de concluso da obra e o custo total de uma residncia de dois dormitrios definida para os dois sistemas construtivos. Foram realizados estudos de campo do processo construtivo Jet Casa e anlise das planilhas oramentrias e cronogramas deste sistema. Para comparao foram construdas planilhas oramentrias e cronogramas da mesma residncia no sistema tradicional. A vantagem do sistema Jet Casa em relao ao tradicional ocorre principalmente em relao ao tempo de concluso da obra (3 vezes mais rpido que o sistema tradicional), embora isto se aplique somente em construes de vrias unidades em condomnio. A desvantagem em relao ao sistema tradicional a limitao para mudanas futuras ou durante a concluso da obra, por utilizar painis estruturais.

    Palavras-chave: Pr-fabricao; Residncia unifamiliar; Painel pr-moldado.

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    ABSTRACT

    PEPPE, A.R.C.; BRANDT, P.S.C. (2009). Evaluation of a constructive industrial system for single family residence. Dissertation (Grade). Barretos: UniFEB.

    This paper presents, from the viewpoint of constructive systems in Civil Engineering, advantages and disadvantages analysis of industrial process named Jet Casa compared to traditional constructive process. This comparative analysis was made considering work completion time and total cost of one residence with two bedrooms for that two constructive systems. It was conducted field studies with Jet Casa constructive process and analysis of budget spreadsheets and schedules of this system. Spreadsheets were constructed to compare budget and schedule in same residence with traditional system. The advantage of Jet Casa system in comparison with traditional system is mainly the work completion time (3 times faster than traditional system), although this applies only to build several units in condominium. The disadvantage in comparison with the traditional system is limited changes in future or during construction, because to use structural panels.

    Keywords: Pre-fabrication; Single family residence; pre-cast panel.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Bloco pr-moldado Jet Casa........................................................................18 Figura 2: Painel sobre o bloco.....................................................................................18 Figura 3: Detalhe do painel sobre o bloco...................................................................18 Figura 4: Baias de armazenagem de areia e brita, com identificao.........................22 Figura 5: Armazenamento de blocos e de argamassa................................................22 Figura 6: Painis paredes prontos, estocados e identificados....................................23 Figura 7: Setor de fabricao dos painis...................................................................32 Figura 8: Setor de fabricao das formas...................................................................33 Figura 9: Setor de fabricao de ferragens.................................................................33 Figura 10: Setor de estocagem de materiais...............................................................33 Figura 11: Setor de armazenagem de painis............................................................33 Figura 12: Corte e dobra de armaduras......................................................................35 Figura 13: Barras cortadas e dobradas para serem unidas s trelias.......................35 Figura 14: Montagem das trelias e nervura dos painis............................................36 Figura 15: Armaduras prontas para serem colocadas nas formas..............................36 Figura 16: Forma com armadura j montada e posicionada.......................................36 Figura 17: Kits hidrulicos...........................................................................................37 Figura 18: Caixas eltricas chumbadas......................................................................37 Figura 19: Painel parede j revestido em uma das faces mostrando a sada de hidrulica.......................................................................................................................37 Figura 20: Painel parede a espera da concretagem, mostrando o kit eltrico............38 Figura 21: Painel parede revestido em uma das faces mostrando as sadas de eltrica e o batente da esquadria...............................................................................................38 Figura 22: Fabricao e pintura anticorrosiva das formas..........................................39 Figura 23: Limpeza das bancadas de concreto com as formas j montadas.............39 Figura 24: Bancada de concreto com forma e batentes j inseridos..........................40 Figura 25: Blocos sendo colocados na forma.............................................................41 Figura 26: Blocos cermicos fechados verticalmente com argamassa.......................41 Figura 27: Painel parede com uma das faces revestidas............................................41 Figura 28: Painel pronto para ser iado......................................................................42 Figura 29: Painel sobre cavaletes...............................................................................42 Figura 30: Painel na vertical sendo revestido em outra face.......................................42 Figura 31: Estocagem dos painis prontos e numerados para serem transportados ao local final da obra..........................................................................................................43

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 32: Malhas usadas nas lajes pr-moldadas Jet Casa......................................44 Figura 33: Fachada de casa construda pelo sistema Jet Casa..................................45 Figura 34: Dormitrio de casa construda pelo sistema Jet Casa...............................45 Figura 35: Salas de casa construda pelo sistema Jet Casa.......................................46 Figura 36: Cozinha......................................................................................................46 Figura 37: Recorte no forro mostrando a cobertura....................................................46 Figura 38: Banheiro.....................................................................................................46 Figura 39: Quadro das reas de casa construda pelo sistema Jet Casa...................46 Figura 40: Porcentagem de cada etapa em ambos os sistemas construtivos............60 Figura 41: Mo-de-obra em relao ao preo total da residncia sem BDI................61 Figura 42: Grfico das etapas sem a mo-de-obra, em relao ao preo total da residncia sem BDI.......................................................................................................61 Figura 43: Cronograma resumido no sistema construtivo Jet Casa............................63 Figura 44: Cronograma resumido no sistema construtivo tradicional.........................64 Figura 45: Grfico comparativo dos tempos de execuo dos sistemas Jet Casa e tradicional, em relao s etapas construtivas..............................................................66

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Nomenclatura alfabtica para desempenho trmico de unidades habitacionais..................................................................................................................26 Tabela 2: Planilha de custos do sistema construtivo Jet Casa parte 1....................49 Tabela 3: Planilha de custos do sistema construtivo Jet Casa parte 2....................50 Tabela 4: Planilha de custos do sistema construtivo Jet Casa parte 3....................51 Tabela 5: Composio do BDI aplicado na FDE.........................................................53 Tabela 6: Composio das Leis Sociais aplicadas na FDE........................................54 Tabela 7: Planilha de custos do sistema construtivo tradicional parte 1..................55 Tabela 8: Planilha de custos do sistema construtivo tradicional parte 2..................56 Tabela 9: Porcentagem de itens e etapas em cada sistema construtivo sem BDI.....59 Tabela 10: Cronograma detalhado para o sistema Jet Casa.......................................62 Tabela 11: Cronograma detalhado para o sistema construtivo tradicional..................65

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    SUMRIO

    RESUMO ABSTRAC 1. INTRODUO........................................................................................................12 2. OBJETIVO...............................................................................................................14 3. REVISO BIBLIOGRFICA....................................................................................15

    3.1. Sistema Jet Casa...............................................................................................17 3.1.1. Programa de qualidade Jet Casa....................................................................21 3.1.2. Avaliao tcnica...........................................................................................23 a. Desempenho estrutural.........................................................................................24 b. Segurana ao fogo................................................................................................25 c. Estanqueidade gua..........................................................................................25 d. Desempenho trmico............................................................................................26 e. Desempenho acstico...........................................................................................27 3.2. Sistema tradicional para residncias unifamiliares............................................27

    4. METODOLOGIA......................................................................................................30 5. PROCESSO CONSTRUTIVO JET CASA...............................................................32

    5.1. Fundao...........................................................................................................34 5.2. Painis...............................................................................................................34 a. Fabricao da armadura.......................................................................................35 b. Kit hidrulico, eltrico e esquadrias......................................................................37 c. Fabricao dos painis.........................................................................................39 5.3. Montagem dos painis em local definitivo.........................................................43 5.4. Laje e cobertura.................................................................................................44

    6. RESULTADOS E DISCUSSES............................................................................47 6.1. Custos do sistema Jet casa...............................................................................47 6.2. Custos do sistema tradicional............................................................................51 6.3. Anlise comparativa de custos..........................................................................57 6.4. Cronograma para o sistema Jet casa................................................................62 6.5. Cronograma para o sistema tradicional.............................................................63 6.6. Anlise comparativa de tempo...........................................................................66

    7. CONCLUSO..........................................................................................................67 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..............................................................................68 ANEXOS

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    1. INTRODUO Este trabalho trata de um novo conceito na engenharia, o sistema industrializado

    de construo civil especificamente para residncias. Embora o sistema industrializado j exista para fabricao de diversos tipos de componentes na construo civil, a considerao de residncias como produto final, possvel de ser fabricado industrialmente, ainda no acontece de forma ampla.

    Revisando a Histria, no sculo XVIII foi iniciada uma nova fase no mundo gerada pela Revoluo Industrial. Nela ocorreram mudanas no processo construtivo dos produtos, com a passagem da manufatura para a indstria mecnica. A introduo de mquinas fabris multiplicou o rendimento do trabalho e aumentou a produo global.

    Neste perodo surgiram novos conceitos como o Taylorismo-Fordismo. O Taylorismo um mtodo de planejamento e controle dos tempos e movimentos no trabalho, desenvolvido pelo engenheiro e economista americano Frederick Taylor (1856-1915). Henry Ford adotou o mtodo na sua fbrica de automveis e implantou a esteira rolante para controlar melhor os movimentos do trabalho em srie. Do casamento destes dois mtodos, surgiu o chamado Taylorismo-Fordismo, que predominou at o final do sculo XX. Este mtodo possui basicamente as seguintes caractersticas: padronizao e produo em srie como condio para a reduo de custos e elevao de lucros. O trabalho realizado de forma especializada, fragmentado em setores proporcionando ganhos de produtividade, o chamado controle de tempos e movimentos (WIKIPEDIA 2008).

    Este processo surgido com a Revoluo Industrial chegou a vrios setores de produo. Na Construo Civil, ocorreu primeiramente com os vrios componentes usados em um Edifcio. As empresas passaram a se dividir e a se especializar na fabricao destes componentes, porm a viso de um edifcio como produto final possivelmente produzido em um sistema fabril apareceu de forma mais lenta.

    Atualmente, esta viso de edifcio como um produto final, possivelmente construdo em sistema fabril, tem como exemplo o sistema construtivo Jet Casa

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    descrito neste trabalho. O processo utilizado o do sistema construtivo industrializado mais conhecido como pr-fabricado.

    Nos edifcios pr-fabricados a maioria das etapas, do alicerce ao acabamento, so executadas na fbrica e depois o produto transportado para o local da construo. A principal vantagem o tempo de finalizao da obra e a reduo do desperdcio.

    Por ser executado com maior planejamento, possvel um maior controle de qualidade do produto final. Dentro da fbrica possvel utilizar os conceitos de industrializao com laboratrios e at mesmo prottipos. A repetio de um mesmo projeto ou tcnica construtiva possibilita a correo de erros. A maioria das construes com pr-moldados utiliza concreto armado e concreto protendido mais resistentes do que o concreto tradicional.

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    2. OBJETIVO

    Utilizando como referncia a tica dos sistemas construtivos na Engenharia Civil, o principal objetivo deste trabalho a anlise das vantagens e desvantagens do processo industrializado denominado Jet Casa para residncias unifamiliares, em comparao com o processo construtivo artesanal e tradicional.

    Foi escolhido o sistema construtivo Jet Casa em razo da proximidade da empresa que o produz situar-se no municpio de So Jos de Rio Preto-SP, facilitando assim o acompanhamento do processo de produo bem como a observao em campo.

    A anlise do sistema focou principalmente o custo total e o tempo final de construo de uma residncia geminada unifamiliar de padro mdio, contendo 2 unidades residenciais com dois dormitrios, sala, cozinha e banheiro. A rea total de construo composta por 2 unidades de 93,36 m, sendo cada unidade com 1,92 m de varanda e 44,76 m de residncia.

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    3. REVISO BIBLIOGRFICA Vrios fatores levaram a construo civil modernizao. Segundo a revista

    Tchne (2005) a abertura do mercado nacional em 1990 permitiu a entrada no Pas de produtos importados superiores aos nacionais, obrigando os fabricantes a atualizar produtos e tornar os preos mais competitivos. O fim da inflao tornou o mercado imobilirio mais concorrido, no sendo mais possvel substituir falhas gerenciais por aumento de preos. O Cdigo de Defesa do Consumidor mudou as relaes entre cliente e empresa, levando o comprador a se tornar mais exigente e a NR-18 exigiu que o ambiente de trabalho na construo civil atendesse a condies mnimas de segurana e conforto.

    A revista Tchne (2005) ainda relata que em 1990 o SINDUSCON-SP lanou seus primeiros programas de gesto da qualidade. As palavras de ordem passaram a ser "racionalizao" e "industrializao", considerados os nicos caminhos para reduzir os desperdcios, acelerar o ritmo das obras e garantir a qualidade do produto final.

    Atualmente, a alta demanda de produo no setor da Construo Civil gera a necessidade de rapidez no processo. Porm esta agilidade deve estar aliada a custos praticveis e a obteno de produto final com qualidade, conseguido somente atravs de planejamento.

    Segundo Souza (1990) citado em Villar (2005) a modernizao tecnolgica no setor das edificaes deve ser orientada pelas seguintes diretrizes bsicas:

    racionalizao e integrao de projetos, racionalizao de processos de fabricao de materiais e componentes,

    racionalizao de processos construtivos tradicionais, e

    modernizao organizacional e gerencial.

    A racionalizao consiste na otimizao do processo construtivo. Atravs de planejamento, define-se o melhor mtodo a ser usado e so aproveitadas de maneira mais eficiente os recursos materiais, humanos e organizacionais, diminuindo os desperdcios e improvisos. Logo, a racionalizao aplica o raciocnio sistemtico e lgico, visando eliminar a casualidade nas decises.

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    Segundo Giroldo (2007), elaborar o projeto estrutural significa [...] definir o arcabouo resistente que sustentar a obra proposta pelo projeto arquitetnico [...]. Ele destaca o desenvolvimento do projeto em 3 fases:

    Concepo da estrutura: deve ser escolhido um sistema estrutural que considere a funcionalidade e a esttica do projeto arquitetnico, o processo construtivo, os custos dos materiais a serem utilizados e a interao com os demais projetos. Nesta etapa escolhem-se elementos que resistiro aos carregamentos (aes), definindo a superestrutura que composta de vigas e pilares que formaro os prticos.

    Anlise da Estrutura: aps concepo da estrutura o projetista faz uma anlise das dimenses inicialmente estabelecidas para os elementos resistentes (vigas, lajes e pilares) verificando os esforos solicitantes, os deslocamentos da estrutura e as deformaes, em funo das aes dos carregamentos.

    Dimensionamento e detalhamento: concluda a anlise e a verificao dos esforos obtidos, faz-se o dimensionamento e o detalhamento dos elementos, para que a obra possa ser executada, devendo ser obedecidas as prescries das normas legais.

    A produtividade definida por Souza (1996), como a eficcia na transformao de recursos em produtos. Para Rosso (1980) citado em Villar (2005), a construo civil no Brasil possui baixos ndices de produtividade comparada a outros pases: 45 Hh/m (homens-hora por metro quadrado) nos canteiros de obra, enquanto na Dinamarca a produtividade de 22 Hh/m. Segundo a revista Tcnhe (2005) atualmente a racionalizao dos sistemas construtivos diminuiu esse ndice para 30 a 35 Hh/m, e a utilizao de sistemas industrializados pr-moldados est entre 16 e 20 Hh/m.

    Esta baixa produtividade devida justamente a falta de adequao dos mtodos construtivos do Brasil nova e crescente realidade do mercado mundial, mais exigente quanto rapidez do processo, aliada qualidade do produto e ao respeito ao meio ambiente.

    A qualidade mede o nvel de satisfao do cliente, considerando tambm a ausncia de falhas no produto que gerem custos de manuteno no previstos. O investimento no planejamento do processo produtivo traz resultados positivos no s quanto aos custos, mas tambm quanto qualidade do produto. Ao evitar improvisos, so mantidas a concretizao do produto de acordo com os padres de qualidade previstos no projeto.

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    Um bom planejamento deve prever a correta estocagem de materiais e componentes para reduo das perdas, bem como as linhas de fluxo que afetam diretamente a produtividade. O processo de fabricao do produto deve tambm levar em conta o conceito humano alm da tcnica. A melhoria das reas de vivncia dos trabalhadores, assim como respeito s normas de segurana, absorvida com motivao.

    Alm de bom planejamento deve ser constantemente buscada a melhoria do sistema atravs de observao dos processos concludos, buscando a sua melhoria continuada e a correo de erros praticados. Para Villar (2005), um elemento extremamente citado nos processos de Gesto de Qualidade para empresas de construo civil a melhoria contnua.

    Sistema construtivo definido por Sabbatini (1989) citado em Villar (2005) como um processo com altos nveis de industrializao e organizao, com as caractersticas dos componentes e subsistemas e sua conseqente montagem e desempenho. Processo construtivo caracterizado pelo uso particular de um conjunto de mtodos. A diferena, segundo ele, que o sistema o conjunto de partes coordenadas que se inter-relacionam, e o processo o conjunto de mtodos inter-relacionados.

    Sabbatini (1989) ainda classifica os processos construtivos em tradicionais, racionalizados e industrializados. Os Tradicionais so os originados da produo artesanal, com uso intensivo da mo-de-obra e baixa mecanizao. Este tipo de processo gera elevado desperdcio de mo-de-obra, material e tempo, como tambm descontinuidade e fragmentao da obra.

    A NBR 9062 da ABNT (1985) define elemento pr-fabricado e pr-moldado como aqueles produzidos fora do local de utilizao definitiva, sendo que o primeiro executado industrialmente sob condies rigorosas de controle de qualidade, e o segundo possui um controle de qualidade menos rigoroso.

    3.1. Sistema Jet Casa

    O sistema construtivo Jet casa destinado produo industrializada de elementos como paredes, lajes e fundao pr-fabricados, que so destinados a unidades habitacionais. As paredes so caracteridas pela unio de painis pr-fabricados devidamente apoiados sobre fundao projetada e sobre estas paredes so colocados os oites e as lajes.

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    A escolha do tipo de fundao utilizada depende do estudo geotcnico do subsolo e anlise do projeto de terraplenagem do local definitivo da residncia e, quando se torna vivel, adotada a fundao pr-fabricada Jet casa. Esta caracterizada por blocos de coroamento pr-moldados (Figura 1) adaptados para receberem os painis. De acordo com Villar (2005) quando se opta por este tipo de fundao a parte inferior dos painis encaixada em canaletas existentes nestes blocos pr-moldados de concreto armado, empregando-se graute nesta ligao (Figuras 2 e 3).

    Figura 1: Bloco pr-moldado Jet Casa

    Figura 2: Painel sobre o bloco.

    Figura 3: Detalhe do painel sobre o bloco.

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    Os painis Jet casa so fabricados em linha de produo horizontal fixa na indstria. Neles so empregados blocos cermicos e materiais como concreto, ao e argamassa na conformao das nervuras e juntas. As tubulaes eltricas e hidrulicas so embutidas no painel durante a sua fabricao, bem como as caixas eltricas e conexes.

    Segundo o IPT (2006), a ligao mecnica entre os painis realizada por meio de soldas de barras e chapas de ao especialmente posicionadas para esta finalidade e protegidas por argamassa e selante. Ainda relata o IPT que a proteo final das juntas, externamente, realizada por meio de selantes flexveis, de forma a evitar a infiltrao de gua de chuva ou de uso de ambientes molhveis (internamente).

    Segundo o IPT (2006), os principais materiais e componentes utilizados nos painis so:

    Blocos cermicos vazados, de 8 furos quadrados, com dimenses de 9cm x 19cm x 19cm e resistncia compresso mdia de 1,5 MPa (blocos classe 15, conforme NBR 7171); Concreto de fck = 25 MPa, aos 28 dias, empregado no quadro em todo o permetro dos painis, nas nervuras horizontais e verticais, nas vergas e contravergas, e na direo dos pontos de iamento. empregado tambm nos painis de lajes pr-moldados;

    Argamassa industrializada para preenchimento das juntas verticais entre blocos;

    Chapisco para revestimento das nervuras de concreto dos painis;

    Argamassa de revestimento com trao composto por areia fina, cimento, cal e aditivo;

    Argamassa industrializada aplicada no preenchimento das juntas verticais (painel/ painel) e horizontais (painel/ laje); Mastique de base acrlica aplicado externamente nas juntas verticais (painel/ painel); Trelia nervurada de ao (CA-60), com h=6cm e L=5cm em todo o permetro dos painis;

    Barras de ao 8mm (CA-50) empregadas no quadro perifrico, complementares s trelias,e nas nervuras verticais dos painis (barras para iamento); Barras de ao 5mm (CA-60) empregadas nas nervuras horizontais dos painis (vergas e contravergas);

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    Barras de ao 8mm (CA-50), como reforos tipo L com comprimento de 0,8m, empregadas em cada canto superior e nos encontros das nervuras horizontais com as verticais;

    Barras de ao 8mm (CA-50), como reforos tipo L com comprimento de 0,5m, empregadas em cada um dos cantos inferiores dos painis;

    Chapas metlicas de ligao, dispostas nas laterais dos painis.

    Os painis so fabricados por meio da justaposio de blocos cermicos, sendo as juntas verticais entre blocos preenchidas com argamassa e as nervuras formadas no interior e nas bordas do painel (quadro) so constitudas de concreto armado. Segundo o IPT (2006), as nervuras verticais tm a finalidade de atender s solicitaes quanto ao iamento dos painis, e as nervuras horizontais funcionam tambm como vergas e contra-vergas quando h aberturas.

    O mesmo autor cita que os quatro componentes de ligao, como a cantoneira superior e mais trs barras chatas de ferro na lateral, permitem uma total imobilizao dos painis quando montados j em local definitivo, e estes elementos recebem uma pintura prvia de primer anti-corrosivo anteriormente sua introduo nas formas. Ainda segundo o IPT, aps a execuo da solda na obra, recebem uma demo reforada de fundo anti-corrosivo base de resina sinttica.

    No sistema Jet Casa os blocos cermicos so posicionados com os furos na vertical e segundo o Inmetro (2001) quando este tipo de tijolo posicionado desta forma gera uma maior resistncia comparado a colocao no sentido horizontal que vemos frequentemente no sistema tradicional.

    Aps concluda a fabricao dos painis, estes so rebocados primeiramente em uma das faces com a forma ainda na posio horizontal e posteriormente a outra face com a forma j na vertical. Segundo Villar (2005), o sarrafeamento na forma realizado com rgua de alumnio e desempeno com feltro, obtendo-se assim uma textura uniforme e lisa e a desforma dos painis ocorre aps um mnimo de 12 horas.

    Na montagem dos panis em local definitivo, as juntas entre eles so preenchidas, segundo o IPT (2006), com argamassa aplicada em bisnagas, e aps faz-se o tratamento com selante base de poliuretano para total vedao evitando-se a infiltrao de gua.

    So executados ento o grauteamento das extremidades dos painis de laje junto com os painis de paredes. Aps a colocao e unio dos painis de laje e os painis de paredes, feita a unio entre os painis de laje por meio de cantoneiras

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    metlicas embutidas e dispostas para soldagem. As juntas horizontais entre ambos os painis so preenchidas com argamassa.

    Os oites so assentados com argamassa sobre a laje ou paredes. Externamente, as juntas entre eles recebem o mesmo acabamento utilizado nos painis.

    Segundo anlise feita pelo IPT (2006), os painis de parede e laje so estruturais, no podendo ser demolidos total ou parcialmente pelo usurio. [...] Qualquer modificao, como abertura de vos e rasgos para instalaes hidrulicas e eltricas, deve ser previamente acordada [...] na fase de projeto [...], a qual deve prever os reforos e procedimentos necessrios [...].

    O IPT tambm relata ser necessrio manuteno peridica principalmente nas juntas flexveis com reviso e eventual substituio do selante, assim como para as ligaes metlicas, verificando-se eventuais pontos de corroso e promovendo os reparos e protees necessrias.

    3.1.1 Programa de qualidade Jet Casa

    Para atendimento do programa de qualidade da empresa, exigido alto nvel de organizao e controle dos materiais, da mo-de-obra especializada e das vrias etapas do processo de fabricao. H vrios procedimentos para identificao e rastreabilidade dos produtos em todas as fases de produo. Segundo Villar (2005), a empresa Jet Casa separa os produtos em trs tipos:

    1) Produtos adquiridos, como areia, brita, argamassa industrializada e blocos (Figuras 4 e 5), onde a identificao ocorre por meio de placas ou etiquetas junto ao lote de armazenamento ou nas baias.

    2) Produtos j processados que vm prontos para serem aplicados como os contramarcos. A identificao destes ocorre basicamente pela prpria localizao fsica de estocagem.

    3) Produtos processados pela Jet Casa, preparados na indstria como os kits de hidrulica, de eltrica, de armaduras, de formas e o produto final de painis de lajes, oites, paredes e blocos de fundao. Estes recebem uma etiqueta de identificao onde consta o nmero do lote, a identificao da pea e a data de fabricao. (Figura 6).

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    Figura 4: Baias de armazenagem de areia e brita, com identificao.

    Figura 5: Armazenamento de blocos e de argamassa.

    O procedimento de identificao do nmero do lote em etiqueta fixada em cada pea permite empresa rastrear onde cada elemento foi utilizado e possibilita maior e melhor controle de qualidade do produto final.

    Segundo o fabricante, so realizados ensaios para o concreto e o controle de qualidade fsico dos outros elementos constituintes do processo. Aps o resultado do laudo tcnico do concreto, o engenheiro estrutural confirma ou nega a utilizao das peas. Caso este resultado seja negativo, o engenheiro de produo informado para

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    tomar as devidas providncias quanto correo do problema, bem como inutilizao das peas.

    Figura 6: Painis paredes prontos, estocados e identificados.

    3.1.2. Avaliao tcnica

    Quando se trata de um produto inovador que no disponha de normalizao tcnica, para concesso de crditos imobilirios por agentes financeiros (como a Caixa Econmica Federal) adotado um documento padronizado chamado de Referncia Tcnica emitido pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo).

    Aps o trmino da avaliao e emisso da Referncia Tcnica, a empresa e o IPT assinam um contrato de licena de uso, onde durante o perodo deste, o IPT realiza periodicamente avaliaes de acompanhamento.

    Os painis do sistema construtivo Jet Casa foram avaliados pelo IPT, inicialmente com a caracterizao de blocos cermicos, concreto e argamassa utilizados na fabricao dos painis.

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    Segundo Villar (2005), para os blocos cermicos do tipo 8 furos quadrados (9 x 9 x 19 cm) foram feitos ensaios de caractersticas geomtricas, resistncia compresso, determinao da massa e absoro de gua, desvio em relao ao esquadro e planeza das faces. Para a argamassa, foram realizados ensaios de resistncia compresso de corpos de prova cilndricos, massa especfica, absoro de gua e ndices de vazios. Ainda segundo Villar, para o concreto foram realizados ensaios de resistncia compresso de corpos de prova cilndricos, onde nesta caracterizao foram estabelecidos valores mnimos, mdios e coeficientes de variao.

    A Referncia Tcnica do IPT (2006) relata que a avaliao dos painis pr-fabricados da Jet casa foi conduzida a partir da anlise de projetos e especificaes tcnicas, verificaes analticas, vistorias em obras em execuo e concludas e ensaios realizados em laboratrio e em unidades habitacionais.

    a. Desempenho estrutural

    Na verificao do desempenho estrutural foi utilizada uma edificao construda atravs do sistema Jet Casa, montada num canteiro de obras em So Jos do Rio Preto-SP, composta por dois dormitrios, sala cozinha e banheiro (VILLAR 2005). Ainda segundo Villar, os ensaios foram realizados pela Capi Engenharia e Construo Ltda., de So Jos de Rio Preto SP, em conjunto com a OSMB Projetos e Consultoria S/C Ltda., de So Carlos SP e supervisionado pelo IPT.

    De acordo com o IPT (2006), os painis foram analisados sob aspectos de segurana e estado limite de servio, e foram submetidos a ensaios de compresso, impactos de corpo mole, impacto de corpo duro, cargas transmitidas por peas suspensas e solicitaes transmitidas por portas. O desempenho dos painis, segundo a avaliao tcnica do IPT (2006), foi considerado satisfatrio.

    Nos ensaios com carregamento horizontal e vertical, relata Villar (2005) que o com carga horizontal teve como objetivo principal avaliar o comportamento das interfaces entre as paredes sob a ao do vento. O ensaio com carga vertical teve como objetivo verificar a eficincia do conjunto formado pela parede de blocos conjuntamente com os quadros estruturais (em concreto armado), assim como o comportamento de vergas e contra-vergas e pilaretes.

    Villar (2005) cita tambm que os ensaios de resistncia ao fechamento brusco de portas, foram feitos pelo CETEC (Centro Tecnolgico da Fundao Paulista, de

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    Lins SP) adotadas as diretrizes de metodologia desenvolvidas pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo) e os procedimentos da NBR 8054 (Porta de madeira de edificao). Nestes ensaios no houveram ocorrncia de danos nos painis ou na regio de solidarizao com os marcos.

    b. Segurana ao fogo

    Segundo o Relatrio Tcnico do IPT (2006), o desempenho da unidade habitacional quanto segurana ao fogo satisfatria para o sistema construtivo, considerando-se:

    Resistncia ao fogo de 30 minutos para painis de paredes estruturais;

    Revestimentos de piso de reas secas que atendem os requisitos de propagao superficial de chamas e densidade tica de fumaa.

    Os painis foram analisados quanto resistncia ao fogo, segundo Villar (2005), pelo CETEC (Centro Tecnolgico da Fundao Paulista, de Lins SP), onde se concluu que nos aspectos construtivos, o sistema no possui buracos, frestas ou fissuras que permitam a passagem de fumaa entre os cmodos da habitao. Ainda segundo Villar, os vos das portas, aberturas das janelas, e altura dos peitoris apresentaram-se em conformidade com a NBR 14432 (Exigncias de resistncia ao fogo de elementos construtivos de edificaes), mesmo em edificaes menores que 750 m, onde no necessrio.

    c. Estanqueidade gua

    A estanqueidade gua dos painis de parede, em funo de suas caractersticas construtivas como o concreto armado, blocos cermicos e revestimento em argamassa, foi considerada satisfatria pelo IPT (2006).

    O IPT realizou ensaios para verificao da estanqueidade da gua para reas internas e externas. Quanto estanqueidade da gua de chuva em fachadas, foram realizados ensaios em dois corpos de prova, sendo constatada a no ocorrncia de infiltrao ou manchas de umidade.

    Nas unidades habitacionais localizadas em So Jos do Rio Preto foram realizadas anlises de projeto pelo IPT, onde foi verificada ocorrncia de algumas fissuras nas paredes externas, na regio de encontro dos painis. A partir da, por

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    recomendao do IPT (2006) foi adotado no tratamento das juntas entre painis, o uso de selante base de poliuretano. As paredes externas recebem duas demos de tinta acrlica, tambm por recomendao do IPT, para vedar os micro poros da superfcie da fachada.

    d. Desempenho trmico

    O desempenho trmico foi avaliado para as condies climticas da regio onde est localizada a cidade de So Jos do Rio Preto SP e, em funo de suas caractersticas, considerado satisfatrio pelo IPT (2006), enquadrando-se no nvel B de conforto.

    Tabela 1: Nomenclatura alfabtica para o desempenho trmico de unidades habitacionais.

    DESEMPENHO TRMICO Nvel de Condio Critrio conforto

    A Condies de conforto atendidas durante todo o dia. B No ocorre o nvel A e Tint < Text C

    VERO

    No ocorre o nvel A e Tint > Text A Condies de conforto atendidas durante todo o dia

    B No ocorre o nvel A e Tint > Tref C

    INVERNO

    No ocorre o nvel A e Tint < Tref

    Tint: Valor mximo de temperatura do ar interior. Text: Valor mximo de temperatura do ar exterior. Tref: Temperatura mnima de referncia igual a 12C.

    Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT: Referncia Tcnica 21 A

    Segundo Villar (2005), o Relatrio Tcnico do IPT avaliou dois dormitrios de uma unidade habitacional construda com os painis Jet Casa, com p direito de 2,6 m, cobertura em laje, e telhado em telhas cermicas tipo portuguesa. O desempenho trmico foi considerado satisfatrio para a condio de inverno, com nvel de desempenho classificado em B para todas as situaes. Para condio de vero, o desempenho trmico nvel B quando a cor da superfcie externa clara, com exceo da situao em que a janela sem sombreamento est voltada para Oeste, onde o desempenho trmico nvel C. J quando a cor das superfcies externas

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    mdia ou escura, o desempenho trmico possui nvel C, com exceo da situao em que a janela tenha sombreamento Leste ou Sul, apresentando ento nvel B.

    e. Desempenho acstico

    O IPT (2006) realizou teste de desempenho acstico, concluindo que a amostra ensaiada com espessura de 11 cm atendeu ao critrio de isolamento para fachadas, mas no atendeu ao critrio de isolamento para unidades habitacionais geminadas. Para resolver o problema apontado, a parede divisria das duas unidades da residncia geminada aqui estudada mais espessa, passando a ter 14 cm contra a espessura de 11 cm da amostra originalmente analisada pelo IPT.

    3.2. Sistema tradicional para residncias unifamiliares

    Neste sistema, toda a construo feita somente no local final da edificao, seguindo um projeto tcnico especfico para cada obra. Este processo, gera maior quantidade de resduos desperdiados devido alta concentrao de improvisos e baixo planejamento em comparao com o sistema industrializado. H maior nmero de mo de obra empregada na construo e maior tempo de execuo, bem como menor custo com equipamentos em relao ao sistema pr-fabricado.

    Os servios iniciais incluem a necessidade de levantamento topogrfico do terreno, gerando a planta de levantamento planialtimtrico contendo informaes referentes topografia, aos acidentes fsicos, vizinhana e aos logradouros. Estes servios incluem tambm o estudo geotcnico, com a sondagem de simples reconhecimento do solo, pois para fins de projeto de fundao devero ser programadas no mnimo Sondagens Percusso (SPT) de simples reconhecimento dos solos, abrangendo o nmero, a localizao e a profundidade dos furos em funo de uma Referncia de Nvel (RN) bem definida e protegida contra deslocamentos (YAZIGI 1999).

    Em seguida so executadas as instalaes provisrias, que so as do canteiro de obra e do almoxarifado de estocagem de materiais. O canteiro de obra deve dispor de instalao sanitria e vestirio. No caso de haverem trabalhadores alojados o canteiro deve obrigatoriamente dispor tambm no mnimo de alojamento, local de refeies, lavanderia e rea de lazer (NR 18 - 2008).

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    Relata Yazigi (1999) que [...] a construo civil difere-se muito da indstria de transformao, a partir da qual nasceram e se desenvolveram os conceitos e metodologias relativos qualidade [...]. Devido complexidade e heterogeneidade do processo, caracterstica de produtos nicos e nunca seriados, a construo pelos mtodos tradicionais possui maior dificuldade no controle de qualidade com a introduo do conceito de Qualidade Total.

    Nos servios gerais de uma obra atenta-se para os servios de controle, sendo eles o Registro de Despesa da Obra (RDO), Resumo de Mo-de-obra (RMO), Controle Parcelado de Consumo (CPC), recebimento de materiais, servios contratados, despesas diversas e generalidades. Os servios de controle tambm so os de controle de qualidade na construo definido em duas aes: controle de produo e controle de recebimento. O controle de produo exercido por quem gera o produto, por mtodos de ensaios definidos por normas tcnicas. O controle de recebimento exercido por quem aceita o produto, onde feita a conferncia dos dados emitidos pelo fabricante quanto qualidade. Ainda dentro dos servios gerais, esto as Medidas de Proteo e Segurana do Trabalho, que devem ser executadas sobre projeto tcnico elaborado de acordo com as normas especficas.

    Feita a fundao comea a levantar a estrutura, podendo esta ser de concreto armado, ao ou madeira, sendo mais comum na regio o uso de concreto armado para estrutura de residncias.

    Para uma residncia com estrutura em concreto armado, a armadura deve ser montada com espaadores, para manter o cobrimento desejado. A moldagem dos pilares, assim como das vigas, feita na prpria obra, utilizando formas de madeira (mais comum na regio para este tipo de residncia). Deve-se atentar para a cura, desmoldagem e escoramento das estruturas, respeitando-se os limites especificados por norma.

    As instalaes eltricas, telefnicas e hidrulicas devem atender s especificaes tcnicas do projeto, que devem estar de acordo com as normas. Estas instalaes devem ser previstas j na construo da fundao, para que assim haja a possibilidade de menor nmero de quebras de parede, ou at mesmo de piso, que encarecem e retardam a obra.

    A alvenaria adotada usualmente de vedao e tem a vantagem de dar maior flexibilidade para possveis reformas e ampliaes. As paredes devem ser moduladas de forma a obter o uso do maior nmero possvel de componentes inteiros. O assentamento dos componentes tem de ser executado com juntas de amarrao. [...]

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    Na execuo de juntas a prumo obrigatria a utilizao de armaduras longitudinais, situadas na argamassa de assentamento, distanciadas a cerca de 60 cm, na altura [...] (YAZIGI 1999). A ligao com pilares de concreto armado pode ser efetuada com emprego de barras de dimetro de 5 a 10 mm, com comprimento de 60 cm (ferro cabelo), e distanciados na altura do pilar na ordem tambm de 60 cm. Recomenda-se chapiscar a face da estrutura (pilares, vigas e lajes) em contato com a alvenaria, para aumentar a aderncia superficial.

    A alvenaria apoiada em alicerces s pode ser executada aps 24 horas da impermeabilizao destes. A sua execuo deve iniciar-se pelos cantos, verticalmente estando sempre em linhas diagonais, para que no hajam panos soltos, ou com muita altura em relao a largura, sem travamento. Utiliza-se o escantilho (graduado com sulcos feitos por serrote) como guia das juntas horizontais. Relembra YAZIGI (1999) que necessrio galgar as fiadas de elevao na face dos pilares e marcar as posies indicadas no projeto para a fixao dos ferros-cabelo. As paredes devem estar devidamente prumadas, em nvel e em esquadro. A ltima fiada deve estar espaada da estrutura de concreto armado superior (laje ou viga), para que esta ao ser solicitada e gerar flecha no cause fissuras. Este espao ser preenchido aps 7 dias, de modo a garantir o perfeito travamento entre alvenaria e estrutura (encunhamento).

    Sobre os vos de portas e janelas so utilizadas vergas e sob vos de janelas so usadas contra-vergas. Ambas devem exceder a largura dos vos pelo menos 20 cm de cada lado e ter altura mnima de 10 cm.

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    4. METODOLOGIA

    O estudo comparativo entre os dois mtodos construtivos industrializado e tradicional foi desenvolvido atravs da observao de uma unidade residencial construda pela empresa Jet Casa em padro pr-fabricado. Esta residncia teve os seus painis produzidos na fbrica da Jet Casa em So Jos do Rio Preto e foi montada em local definitivo no municpio de Indaiatuba, no estado de So Paulo.

    Para anlise dos dois mtodos primeiramente foram descritos conceitos sobre racionalizao e otimizao do processo construtivo, bem como algumas alteraes histricas que explicam o porqu da importncia atual dada reduo de desperdcio na construo civil. So mostrados de forma sucinta na Reviso Bibliogrfica o sistema construtivo industrializado e o tradicional para residncias unifamiliares.

    Para elucidao, foi descrito o processo construtivo Jet Casa, relatando todas as etapas desde a fundao at a concluso da residncia em local definitivo. As particularidades construtivas do sistema foram detalhadas para uma abordagem dos aspectos relevantes produtividade, devido padronizao de procedimentos, organizao, racionalizao e aproveitamento da mo de obra. Para tanto foram feitas visitas peridicas a fbrica da Jet Casa em So Jos do Rio Preto, e analisados as plantas, planilhas oramentrias e cronogramas fornecidos pela empresa.

    As visitas fbrica da Jet Casa em So Jos do Rio Preto, foram feitas no perodo de junho a setembro do ano de 2008. Nelas foram observadas todas as etapas de fabricao dos painis e blocos de fundao, para vrias residncias abordadas no perodo, inclusive obras comerciais como escolas. Esta vivncia do processo industrializado proporcionou um contato real com a organizao diria de uma indstria, como a observao dos mtodos construtivos adotados, a diviso de trabalho dos colaboradores, a adequao dos materiais empregados, entre outros.

    A empresa Jet Casa forneceu alguns documentos como plantas e planilhas (mostrados nos Anexos) da casa geminada em Indaiatuba-SP. Estes documentos foram estudados e reorganizados neste trabalho, em novas planilhas e grficos apresentados nos resultados.

    Para anlise comparativa dos dois mtodos, a mesma planta da casa geminada (Anexo A) produzida industrialmente pela Jet Casa, foi utilizada para criao de

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    planilhas oramentrias e cronogramas no sistema tradicional. Os custos de obra j com BDI e Leis Sociais, bem como as horas trabalhadas, no sistema tradicional, foram feitos utilizando como base o mtodo de oramento da FDE (Fundao para o Desenvolvimento da Educao).

    Os resultados de ambos os sistemas construtivos foram analisados e comparados quanto s vantagens e desvantagens principalmente em relao aos custos e tempos de execuo.

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    5. PROCESSO CONSTRUTIVO JET CASA

    Durante o perodo de junho a setembro de 2008, foram feitas visitas peridicas a fbrica da Jet Casa no municpio de So Jos do Rio Preto - SP, onde foi observado todo o processo construtivo industrializado utilizado pela empresa. Este tempo vivenciado dentro da empresa possibilitou a observao de todas as etapas de fabricao dos painis, para vrias obras abordadas. Por se tratar basicamente de um mtodo industrializado de alvenaria estrutural, os painis paredes possuem poucas variaes quanto a sua fabricao, portanto, sendo semelhantes para diversas obras desde escolas a residncias.

    O acompanhamento da produo em srie na fbrica de diversos painis de obras diferentes, proporcionou uma contato real com o processo industrializado, onde pde ser vivenciado a organizao diria de uma fbrica, considerando diversos aspectos de produo, diviso de trabalho, controle de materiais empregados e planejamento.

    O sistema de construo de edifcios trreos e assobradados da empresa Jet Casa constitudo basicamente de painis pr-fabricados, executados em linha de produo fixa na indstria ou no prprio canteiro de obras, de acordo com a quantidade de unidades residenciais pretendidas.

    As Figuras 7 a 11 mostram aspectos da fbrica da Jet Casa de So Jos de Rio Preto-SP.

    Figura 7: Setor de fabricao dos painis.

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    Figura 8: Setor de fabricao das formas.

    Figura 10: Setor de estocagem de materiais.

    Figura 9: Setor de fabricao de ferragens.

    Figura 11: Setor de armazenagem de painis

    O tempo de execuo empregado no sistema Jet Casa baixo se comparado ao mtodo tradicional. Conclui-se ento que h uma diminuio na relao homens-hora por metro quadrado (Hh/m) trabalhado e consequentemente um aumento na produtividade do sistema pela utilizao de mo de obra mais especializada.

    Neste sistema construtivo o processo de fabricao do edifcio dividido em vrias etapas independentes e simultneas. Em processo racionalizado e organizado em diversos setores h a produo da fundao, dos painis-paredes, dos kits de hidrulica e eltrica, dos kits de armadura utilizada nos painis e restante da obra, bem como na cobertura. Para cada etapa h um projeto especfico e um sistema de organizao de estocagem numerado de acordo com este projeto.

    Concludas todas as etapas de cada setor, passa-se para a fase de transporte dos elementos, e depois para etapa de montagem do produto final. Esta feita j no local definitivo do edifcio. Nele se faz a devida unio da fundao com os painis que

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    formam as paredes e com a cobertura. Terminada a montagem, inicia-se a fase de acabamento.

    Os painis j chegam ao local devidamente equipados com os kits hidrulico e eltrico, evitando-se assim recortes e desperdcios de tempo, material e mo de obra. No h a necessidade de pilares ou vigas, j que os painis so estruturais.

    5.1 Fundao

    A escolha do tipo de fundao utilizada no edifcio fica a critrio do estudo geotcnico do subsolo e anlise do projeto de terraplenagem, podendo ser feita por estacas escavadas que recebem blocos de coroamento pr-moldados, por sapatas isoladas, por estacas pr-moldadas de concreto ou por radier.

    5.2 Painis

    Aps o nivelamento da fundao comea a fase de colocao dos painis sobre esta.

    Os painis so constitudos de blocos cermicos comuns furados e de nervuras de concreto armado. As tubulaes eltricas e hidrulicas so embutidas no painel durante a sua fabricao, bem como as caixas eltricas, conexes e outros elementos necessrios de acordo com cada projeto.

    O painel acabado revestido com chapisco e argamassa e possui altura variada entre 2,80m a 3,10m conforme a pretenso. A largura especificada de acordo com as necessidades de cada projeto. Segundo o fabricante, os painis possuem constituio fsica semelhante alvenaria tradicional por empregar materiais idnticos, resultando em peso similar e as mesmas condies trmicas e acsticas da alvenaria tradicional.

    Ainda segundo o fabricante, os painis so considerados monolticos. A integrao da estrutura de concreto armado com a alvenaria em blocos cermicos fornece resistncia necessria a cada painel para tornar estes elementos estruturais.

    As paredes do edifcio surgem da unio destes painis. A ligao mecnica entre estes feita por meio da soldagem de barras e chapas de ao, j posicionadas neles com esta funo. A proteo destes elementos de ligao feita por argamassa e selante. No processo final da unio dos painis realizado o preenchimento das juntas de dilatao entre os painis.

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    Sobre as paredes j unificadas so apoiados os oites, tambm pr-fabricados com blocos cermicos e nervuras de concreto armado. Dependendo do tipo de projeto escolhido tambm so colocadas lajes pr-fabricadas de concreto armado.

    As paredes podem ser pintadas e texturizadas, com ou sem emprego de massa corrida, ou revestidas com azulejos. Este acabamento aplicado aps a montagem da unidade residencial em seu local definitivo.

    a. Fabricao da armadura

    De acordo com o fabricante a montagem da armadura padronizada para projeto liberado aps reviso e aprovao do engenheiro de estrutura, sendo o cobrimento de 2,5 cm.

    Toda a montagem da armadura feita em setor prprio da fbrica, onde devidamente cortada e dobrada (Figuras 12 a 15), e depois levada pronta para colocao na forma dos painis-paredes (Figura 16). Existem basicamente trs tipos de nervuras em um painel: as trelias nervuradas, as nervuras horizontais e as nervuras verticais.

    Figura 12: Corte e dobra de armaduras.

    Figura 13: Barras cortadas e dobradas para serem unidas s trelias.

    As nervuras horizontais tambm ajudam no travamento dos painis, contribuindo para uniformizao das cargas nos cantos e bordas dos painis. soldada tambm para reforo estrutural a armadura em L no encontro destas nervuras horizontais e verticais.

    Terminado o processo de montagem e unio das armaduras de cada painel, comea a soldagem da ferragem de iamento trelia. identificada a armadura com

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    uma etiqueta, registrando suas caractersticas e a numerao de acordo com o projeto de armao. A estocagem feita anexando o kit de ferragens, que contm os espaadores, arames e grapas a serem utilizados.

    Figura 14: Montagem das trelias e nervuras dos painis.

    Figura 15: Armaduras prontas para serem colocadas nas formas.

    Figura 16: Forma com armadura j montada e posicionada.

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    b. Kit hidrulico, eltrico e esquadrias.

    Simultaneamente montagem da armadura, so organizados os kits hidrulico e eltrico. Separam-se as peas utilizadas, j devidamente cortadas e com as dimenses corretas conforme o projeto (Figura 17). No kit eltrico, as caixas de ferro esmaltadas so chumbadas nos blocos j previamente cortados com serra (Figura 18). Estes blocos e os kits so armazenados em estoque com identificao. A instalao dos kits de hidrulica e eltrica, bem como os batentes e os contramarcos feita nas formas nas posies indicadas no projeto executivo (Figuras 19 a 21).

    Figura 17: Kits hidrulicos.

    Figura 18: Caixas eltricas chumbadas.

    Figura 19: Painel parede j revestido em uma das faces mostrando a sada de hidrulica.

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    Figura 20: Painel parede a espera da concretagem, mostrando o kit eltrico.

    Figura 21: Painel parede revestido em uma das faces mostrando as sadas de eltrica e o batente da esquadria.

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    c. Fabricao dos painis-paredes

    Os painis so produzidos sobre bancada metlica ou de concreto, dentro de formas fabricadas na fbrica j com as devidas dimenses de cada projeto (Figura 22 a 24). Primeiramente, colocado a armadura juntamente com seu kit, que como j visto feito em outro setor e devidamente identificada com etiquetas numeradas de acordo com cada projeto. As formas so fabricadas com as dimenses necessrias para espaamento da armadura e o kit armadura j vem com os espaadores necessrios para o cobrimento de 2,5 cm.

    Figura 22: Fabricao e pintura anticorrosiva das formas.

    Figura 23: Limpeza das bancadas de concreto com as formas j montadas.

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    Figura 24: Bancada de concreto com forma e batentes j inseridos.

    So colocados os kits de hidrulica e eltrica, inseridos na forma respeitando-se as posies indicadas no projeto executivo. No caso de haverem aberturas, tambm so respeitadas as dimenses dos batentes e a localizao dos contramarcos.

    Posteriormente so preenchidos os espaos por meio da justaposio de blocos cermicos (Figura 25). Como estes esto posicionados verticalmente (considerando o painel j colocado na posio final vertical) recebem anteriormente uma camada de argamassa (Figura 26) impedindo o desperdcio de concreto atravs da sua infiltrao nos furos do bloco.

    As juntas entre os blocos so preenchidas com argamassa. As nervuras formadas no interior e no permetro do painel so concretadas.

    Uma das faces do painel, ainda na posio horizontal, revestida com argamassa sobre base de chapisco rolado, aplicado com rolo de espuma (Figura 27). A frma possui altura de 10 cm, quando a espessura do bloco de 9 cm, para obter o revestimento de aproximadamente 1 cm.

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    Figura 25: Blocos sendo colocados na forma.

    Figura 26: Blocos cermicos fechados verticalmente com argamassa.

    Figura 27: Painel parede com uma das faces revestidas.

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    O painel iado e colocado em cavaletes na posio vertical para revestimento da outra face (Figuras 28 e 29). Aplica-se o chapisco rolado e o revestimento com argamassa. Deste lado da forma, o nivelamento do revestimento feito por meio de taliscas previamente fixadas, respeitando tambm a espessura de 1 cm (Figura 30).

    Figura 28: Painel pronto para ser iado.

    Figura 29: Painel sobre cavaletes.

    Figura 30: Painel na vertical sendo revestido em outra face.

    A base dos painis impermeabilizada pela aplicao com brocha de camada de pasta de cimento polimrico com altura de aproximadamente 20 cm, em ambas as faces.

    Terminada a cura de todos os painis utilizados no edifcio, comea o processo de transporte destes. Os painis, a fundao e a cobertura seguem para o local final de acordo com o estudo de logstica. Na fbrica, h prticos metlicos rolantes com roldanas e guindastes em vrios setores, onde o transporte de elementos pesados feito por iamento. Este transporte por iamento usado para o deslocamento da

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    armadura at as formas, para o levantamento das formas verticais que sero estocadas e revestidas na outra face, e para o posicionamento dos painis prontos nos caminhes de transporte. Os painis so dispostos na ordem que sero utilizados no processo de montagem no local final. (Figura 31)

    Figura 31: Estocagem dos painis prontos e numerados para serem transportados ao local final da obra.

    5.3. Montagem dos painis em local definitivo

    Aps a fundao estar pronta e nivelada na obra, comea o processo de montagem dos painis sobre esta.

    A montagem dos painis comea pelos cantos da obra, para obter maior travamento. O primeiro painel posicionado sobre a fundao utilizando o guincho munk, onde o operrio prende o painel com uma mo francesa. Ento o operrio acerta o nvel e o prumo deste painel atravs dos parafusos da mo francesa. Posteriormente colocado o segundo painel, e com este ainda preso ao guincho acertado o prumo e nvel deste novo painel, deixando uma folga de 1,0 cm entre os dois painis.

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    Aps a colocao do segundo painel, um operrio une os painis atravs de soldagem das cantoneiras de ao. O processo repetido outras vezes com os demais painis at terminar a montagem, usando sempre mos francesas e auxlio de guincho munk ou guindaste para a movimentao dos painis.

    5.4. Laje e cobertura Como j foi indicado o uso de laje de cobertura opcional. Segundo o

    fabricante, os painis no precisam de travamento atravs desta, j que a rigidez lateral proporcionada pelas soldas e pelo prprio contraventamento obtido com painis perpendiculares, suficiente.

    Caso se escolha os painis de laje, estes so pr-fabricados, nervurados ou macios, semelhante s lajes usadas no mercado. O que os diferencia o seu processo de fabricao, sendo o mesmo adotado pelos painis paredes quanto ao uso de formas horizontais. Os painis de laje so nervurados e concretados na fbrica, respeitando-se o projeto executivo e a respectiva armadura (Figura 32). Nas formas so respeitadas os espaos para passagem de tubulaes de hidrulica e de eltrica estudados no projeto executivo. Aps a desforma, os painis de laje so armazenados com a devida identificao.

    Figura 32: Malhas usadas nas lajes pr-moldadas Jet Casa.

    Para o transporte dos painis de laje tambm so usadas nervuras para iamento como nos painis paredes, porm em posies perpendiculares j que os painis continuaro na posio horizontal na obra. O seu deslocamento tambm feito com auxlio de guincho munk ou guindastes.

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    Quando h a necessidade de oites, estes so produzidos seguindo o mesmo procedimento dos painis de paredes. O travamento feito com auxlio de barras de ao soldadas em componentes metlicos. Externamente na fachada, feita a soldagem da base dos oites com a parte superior dos painis, por meio de componentes de fixao como cantoneiras metlicas chumbadas nos oites e na laje e segmentos de barras de ao. Todos os elementos de fixao so previamente estudados e colocados nas formas de acordo com o projeto, como no processo de fabricao dos painis.

    Caso no se opte pelo uso da laje pode-se passar diretamente para a estrutura de cobertura composta por perfis metlicos ou peas de madeira, como no sistema tradicional. Quase no h limites para as formas de painis, j que cada projeto residencial ou comercial feito e analisado separadamente. A mobilidade das formas torna possvel a produo de painis das mais diversas dimenses.

    Concludo todo o processo de montagem no local final da obra, comea o processo de acabamento do edifcio. aplicada massa corrida sobre a alvenaria para posterior pintura, e colocado o piso e o azulejo de acordo com o projeto. (Figuras 33 a 39)

    Figura 33: Fachada de casa construda pelo sistema Jet Casa.

    Figura 34: Dormitrio de casa construda pelo sistema Jet Casa.

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    Figura 35: Salas de casa construda pelo sistema Jet Casa.

    Figura 36: Cozinha.

    Figura 37: Recorte no forro mostrando a cobertura.

    Figura 38: Banheiro.

    Figura 39: Quadro das reas de casa construda pelo sistema Jet Casa.

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    6. RESULTADOS E DISCUSSES

    6.1 Custos do sistema Jet Casa

    No sistema Jet Casa, foi utilizada para anlise a planta de uma residncia geminada em Indaiatuba - SP, construda pela empresa. Esta residncia geminada composta por duas unidades, contendo cada uma 2 quartos, sala, cozinha, banheiro e varanda. A rea residencial de cada unidade de 44,76 m e a rea de varanda de 1,92 m, perfazendo uma rea construda total de 46,68 m. Logo, a rea das duas residncias que formam uma unidade geminada de 93,36 m. O Anexo apresenta a planta baixa da casa geminada em questo, e exemplos do projeto executivo de alguns painis (paredes, laje e oites) desta mesma residncia.

    Alem dos desenhos tcnicos, foram obtidas junto empresa Jet Casa diversas planilhas, descrevendo o custo de todas as etapas deste processo construtivo industrializado.

    Estas planilhas foram reorganizadas e resumidas em itens com menos detalhes especficos para uma melhor visualizao comparativa do processo. Em contra partida, o item que mostrava o valor total dos painis foi descrito mais detalhadamente com base nas mesmas planilhas oramentrias fornecidas pela empresa, para uma maior visualizao indicando as quantidades de armadura, concreto, blocos cermicos, entre outros.

    A fundao utilizada neste condomnio residencial em Indaiatuba, foi a sapata corrida, com concreto de fck igual a 20 MPa, e tela (CA 60 T 138), que segundo a Belgo (2008) possui peso especfico de 1,49 kg/m. A impermeabilizao foi aplicada no piso da sapata corrida utilizando Vedax Plus, e numa altura de 50 cm da base dos painis de paredes com Vedax 1.

    Na etapa alvenaria, a armadura foi apresentada de duas formas. A primeira (kit armadura) est em kg onde aparecem as nervuras verticais, horizontais e as trelias, enquanto a segunda forma engloba os kits de travamento e iamento dos painis.

    Na ligao entre os painis (parede/oito, laje/oito) foram utilizados uma fiada de tijolo comum macio (5 x 10 x 20 cm) assentados com argamassa pr-fabricada

  • 48

    Votomassa com adio de cimento portland (CPIII 32) e areia mdia. Na base dos painis, at uma altura de 10 cm, foi utilizada argamassa impermeabilizante base de cimento. Nas juntas de ligao entre os painis foi utilizado para arremate argamassa usinada impermevel com adio de cimento e areia.

    Os painis foram produzidos na fbrica da Jet Casa em So Jos do Rio Preto e depois transportados para montagem em local definitivo em Indaiatuba, obtendo-se assim um custo de frete para transporte, carga e descarga de R$300,00 (trezentos reais) por cada conjunto geminado com duas unidades residenciais.

    A cobertura utilizada foi a convencional com estruturas de madeira de peroba do norte e telhas cermicas romanas. Nos banheiros foram montados painis de laje pr-fabricados da Jet Casa. O forro utilizado no restante da residncia (totalizando 88,11 m de rea por cada conjunto geminado com duas unidades residenciais) foi de PVC branco.

    Na pintura das paredes internas em reas molhveis como banheiro e cozinha foi utilizado o lquido preparador de superfcie e a tinta ltex acrlica. Nas paredes internas restantes optou-se por selador para pintura ltex e tinta ltex. Nas paredes externas foi primeiramente aplicada uma demo de selador para pintura texturizada, para posterior aplicao de demo de textura acrlica. As esquadrias de ferro foram pintadas com tinta esmalte especfica para metais, enquanto as esquadrias de madeira foram tratadas com pintura esmalte sinttica.

    O revestimento de azulejo foi assentado apenas no box e barrado sob o lavatrio dos banheiros, bem como no barrado em cima da pia de cozinha e tanque da rea de servio, totalizando 9,20 m. O piso foi o mesmo em toda a casa, sendo revestimento cermico de 41 x 41 cm.

    As Tabelas 2 a 4 mostram a planilha resumida, onde sobre o valor final somado o BDI de 25% adotado pela Jet Casa, e contm tambm os custos de fbrica mostrados na etapa alvenaria. O valor total da mo-de-obra em cada item j est contemplando as Leis Sociais adotadas pela Jet Casa que so de 185%.

  • 49

    Tabela 2: Planilha de custos do sistema construtivo Jet Casa parte 1.

  • 50

    Tabela 3: Planilha de custos do sistema construtivo Jet Casa parte 2.

  • 51

    Tabela 4: Planilha de custos do sistema construtivo Jet Casa parte 3.

    Os valores utilizados foram determinados para o estudo de caso aqui analisado onde foram construdas 108 unidades residenciais, totalizando 54 unidades geminadas.

    6.2. Custos do sistema tradicional

    Para anlise comparativa de custos e tempo de execuo foi adotada a mesma planta baixa da casa geminada construda pela Jet Casa e apresentada no Anexo, porm com projeto construtivo baseado no sistema tradicional. Sob esta mesma residncia geminada foram criadas planilhas oramentrias para anlise de custos e cronogramas para anlise de tempo de execuo final da obra.

    O custo da casa geminada construda pelo sistema tradicional foi feito consultando-se o site FDE (Fundao para o Desenvolvimento da Educao) adotando a data de julho de 2008, j que o oramento da Jet Casa foi feito segundo a empresa no comeo de agosto do ano de 2008.

    Na fundao foi adotado sapata corrida com concreto dosado em central e lanado com resistncia de 20 MPa. Nas laterais das valas foi utilizado embasamento de tijolo macio comum com argamassa de areia, cal hidratada e cimento. A armadura consumida foi basicamente formada por barras de ao CA 50, cortadas e dobradas na

  • 52

    obra. A impermeabilizao foi teoricamente aplicada no piso da sapata corrida e a uma altura de at 10 cm na base da parede.

    Para o custo da alvenaria foram consideradas paredes simples de tijolo cermico 8 furos (9x19x19cm), com amarrao entre paredes feita por pilaretes de concreto dosado em central e lanado (fck igual a 20 MPa) em todos os encontros destas. Nos pilaretes foram utilizadas armaduras de cabelo a cada 60 cm verticalmente, com 60 cm de comprimento, sendo estas de Ao CA-50 e bitola de 6,3 mm. E armaduras longitudinais treliadas com 4 bitolas de 6,3 mm de Ao CA-50. Na ligao das paredes com os trs oites que constam na planta foram utilizadas cintas de amarrao compostas por uma fiada de tijolos macios comuns (5,7x9x19cm) e armadura de Ao CA-50 com 2 bitolas de 6,3 mm. Nas vergas e contra-vergas, quando o vo era menor que um metro, foram utilizadas duas fiadas de tijolo macio comum (5,7x9x19cm), com duas bitolas de 6,3 mm de Ao CA-50. Nas vergas com vo entre 1 e 2 metros, foram utilizadas 2 bitolas de 10 mm de Ao CA-50 dispostos em concreto estrutural com seo de verga de 14x20cm (largura x altura), respeitando para ambos os vos as medidas mnimas de traspasse de 40 cm ou 1/5 do vo. As paredes foram teoricamente revestidas com chapisco e rebocadas com argamassa de cimento, areia e cal hidratada.

    A cobertura foi composta de estrutura em madeira de lei, e telha de barro romana. A laje do banheiro foi pr-fabricada em vigota treliada unidirecional com uma carga de 100 kgf /m.

    Como revestimento foi adotado tinta ltex para paredes internas, pintura acrlica para reas molhveis internas (como banheiro e cozinha) e para paredes externas. As esquadrias foram pintadas com tinta esmalte para esquadrias de ferro, e tinta esmalte sem massa corrida para esquadrias de madeira. Seguindo o mesmo projeto da Jet Casa foi adotado como revestimento o mesmo tipo de piso e azulejo, bem como a mesma metragem. Foi considerado como forro o PVC branco de 10 cm de largura, com espessura de 8 a 10 mm.

    As Tabelas 7 e 8 mostram a planilha oramentria desenvolvida com os dados do FDE, onde o valor final somado ao BDI adotado pela FDE de 123% (ver Tabela 5). O valor total da mo-de-obra em cada item j est considerando as Leis Sociais adotadas pela FDE de 122%, tal como apresentado na Tabela 6. A mo-de-obra de cada item da FDE foi destacada e apresentada ao final de cada etapa para uma melhor comparao entre os sistemas Jet Casa e Tradicional.

  • 53

    Tabela 5: Composio do BDI aplicado na FDE.

    Fonte: Fundao para o Desenvolvimento da Educao dezembro de 2008

  • 54

    Tabela 6: Composio das Leis Sociais aplicadas na FDE

    Fonte: Fundao para o Desenvolvimento da Educao dezembro de 2008

  • 55

    Tabela 7: Planilha de custos do sistema construtivo tradicional parte 1.

  • 56

    Tabela 8: Planilha de custos do sistema construtivo tradicional parte 2.

    Considerando que os custos apresentados no FDE (2008) so de valores praticveis na capital do estado de So Paulo, foi adotada uma reduo de 10%, que diminui o total geral da residncia para R$ 53.204,34 com BDI, e de R$ 43.776,39 sem BDI. Foi obtido assim um novo preo do metro quadrado construdo de R$ 569,88.

  • 57

    6.3. Anlise comparativa de custos

    Comparando as planilhas oramentrias do sistema construtivo Jet Casa com o tradicional para a residncia geminada de 93,36 m, foi observado que o sistema tradicional ficou mais barato que a Jet Casa (economia de R$ 2.286,62) adotando a reduo de 10% no preo praticvel pela FDE, e R$ 3.624,97 mais caro sem adotar esta reduo de 10%. Em porcentagem o sistema tradicional ficou 4% mais barato com a reduo de 10% e 6,5% mais caro sem a reduo.

    A Tabela 9 mostra para os dois sistemas construtivos, a porcentagem do custo de cada item em relao ao subtotal da etapa correspondente e a porcentagem de cada etapa em relao ao preo final da obra sem o BDI.

    A fundao dos dois sistemas foi de sapata corrida. No sistema Jet Casa foi utilizado como armadura Tela CA60 T 138, que possui segundo a Belgo (2008) 1,49 kg/m, resultando o total de 87,79 kg. No sistema tradicional a quantidade de armadura adotada para fundao foi de 91,26 kg. Na Tabela 9 o valor percentual maior da Jet Casa (11,99%) comparado ao sistema tradicional (8,87%) se d pelo fato de a tela de ao possuir um preo maior sem considerar a mo-de-obra para corte e dobra da armadura no sistema tradicional.

    Comparando a porcentagem por etapa de cada sistema construtivo (Figura 40), foi visto que a etapa alvenaria possui a maior diferena de custo em relao ao preo total da obra sem BDI, seguida pelas etapas revestimentos e esquadrias, sendo 10,34% maior no sistema Jet Casa em relao a porcentagem da mesma etapa no sistema tradicional. Conforme visto nas Tabelas 2 e 7, a etapa alvenaria R$ 3.820,01 mais cara no sistema Jet Casa (R$15.943,17 contra R$12.123,16 do sistema tradicional). Isto ocorre porque nesta etapa que esto concentrados todos os custos de fabricao dos painis, logo onde so praticados em maior grau os mtodos industrializados. As etapas revestimentos e esquadrias possuem uma diferena respectivamente de 5,33% e 4,73% para mais no sistema tradicional, por etapa em relao ao preo final da obra sem BDI (Figura 40).

    Foi observado que a porcentagem da mo-de-obra no sistema tradicional foi maior que no sistema Jet Casa, ou seja, 45,17% contra 31,9% em relao ao preo total da obra sem BDI (descrito em etapas na Figura 41), principalmente para alvenaria com 12,18% no sistema Jet Casa e 16,82% no tradicional (ou seja 4,64% de diferena). Conforme mostrado no grfico da Figura 41, o sistema tradicional teve um gasto com mo de obra maior em praticamente todas as etapas, menos na etapa cobertura (porm tendo pouca diferena, 0,54 % mais cara que o sistema tradicional).

  • 58

    A etapa da alvenaria feita em sistema industrializado gerando uma produtividade maior da mo-de-obra que, mesmo sendo mais especializada geram, custos totais menores. Na etapa da fundao, h a impermeabilizao da base dos painis que tambm executada na fbrica reduzindo o custo da mo-de-obra.

    As outras etapas so executadas praticamente nos locais definitivos da obra, no sendo to vantajosas em relao ao sistema tradicional. Segundo o fabricante compensa contratar o esqueleto da obra, que so os painis montados em local definitivo, a fundao e a cobertura, sem os acabamentos. Explica o fabricante que a mo-de-obra utilizada para os acabamentos terceirizada e a mesma do sistema tradicional, no havendo muitas vantagens inclusive para o fabricante do sistema Jet Casa.

    Foi percebido que na etapa revestimento a diferena gasta em mo de obra entre os dois sistemas foi 3,44% mais cara para o mtodo tradicional. Porm a somatria gasta em execuo feita pela Jet Casa sem considerar o esqueleto (contendo portanto as etapas de acabamento eltrico e hidrulico, esquadrias, revestimentos e limpeza) foi de 9,22% contra 18,6% do sistema tradicional, revelando que a execuo desta obra pelo sistema tradicional foi 9,38% mais cara. Provando ento que o sistema Jet Casa ainda pode conseguir vantagens junto ao sistema tradicional, quanto a custo, mesmo em etapas no to industrializveis. Isto ocorre graas as tcnicas de organizao, racionalizao e otimizao dos recursos praticveis pelo sistema industrializado, que refletem um maior planejamento e maior controle de imprevistos, gerando uma mo de obra mais eficiente.

    Os painis da Jet casa possuem um valor percentual de materiais maior que do tradicional na etapa alvenaria, resultando nesta etapa uma diferena de 14,98% em relao ao preo total da residncia sem o BDI (Figura 42) e uma diferena de 10,32% considerando tambm a mo de obra (Figura 40). Isto ocorre porque os painis do sistema Jet Casa possuem maiores solicitaes (alm das normais deve-se considerar o iamento e o transporte). Conforme observado, a quantidade de armadura adotada para resistir a estas solicitaes maior, sendo de 234,27 kg no sistema Jet Casa contra 152,13 kg no sistema tradicional (Tabelas 2 e 7), e considerando tambm os acessrios metlicos para travamento entre os painis, resulta em diferena de 8,92% entre a armadura da alvenaria da Jet Casa em comparao com a tradicional (Tabela 9).

  • 59

    Tabela 9: Porcentagem de itens e etapas em cada sistema construtivo sem BDI

  • 60

    Porcentagem de cada etapa

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    40,00

    Jet Casa Tradicional

    Jet Casa 8,13 35,26 5,12 3,27 6,44 3,36 11,73 10,15 16,17 0,37Tradicional 8,46 24,92 5,07 2,21 6,02 5,86 10,11 14,88 21,50 0,98

    Fundaes Alvenaria Hidrulica Acab. Hidrulico EltricaAcab.

    Eltrico Cobertura EsquadriasRevestiment

    osLimpeza

    Figura 40: Porcentagem de cada etapa em ambos os sistemas construtivos.

    Foi observado tambm que nas etapas mais industrializadas do sistema Jet Casa (que so a fundao, a alvenaria, a hidrulica e a eltrica sem acabamentos, e a cobertura) foi obtido uma maior porcentagem do custo dos materiais por etapa em relao ao preo total da obra sem BDI (Figura 42). Isto tambm se deve ao fato que tendo estas etapas um menor custo de mo de obra, aumenta-se o valor percentual dos materiais em relao ao preo total da etapa.

  • 61

    Porcentagem da execuo em relao ao preo da obra sem BDI

    0,00

    2,00

    4,00

    6,00

    8,00

    10,00

    12,00

    14,00

    16,00

    18,00

    Jet Casa Tradicional

    Jet Casa 1,24 12,18 1,04 0,34 0,85 0,65 4,46 1,93 5,93 0,37Tradicional 3,71 16,82 1,95 0,21 0,73 1,30 3,82 2,82 9,47 0,98

    Fundaes Alvenaria Hidrulica Acab. Hidrulico EltricaAcab.

    Eltrico Cobertura EsquadriasRevestimen

    tos Limpeza

    Figura 41: Mo-de-obra em relao ao preo total da residncia sem BDI.

    Porcentagem dos materiais em relao ao preo da obra (sem mo-de-obra)

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    Jet Casa Tradicional

    Jet Casa 6,89 23,09 4,08 2,93 5,58 2,71 7,27 8,22 10,24 0,00Tradicional 4,75 8,11 3,12 2,00 5,30 4,56 6,29 12,06 12,03 0,00

    Fundaes Alvenaria Hidrulica Acab. Hidrulico EltricaAcab.

    Eltrico Cobertura EsquadriasRevestime

    ntos Limpeza

    Figura 42: Grfico das etapas sem a mo-de-obra, em relao ao preo total da residncia sem BDI.

  • 62

    6.4. Cronograma para o sistema Jet Casa

    Segundo o fabricante, os painis so produzidos em aproximadamente 3 dias. No primeiro dia so fabricadas simultaneamente as formas (caso sejam utilizadas dimenses diferentes das j existentes), a armadura e montados os kits hidrulico e eltrico. No segundo dia, so colocados dentro das formas dispostas horizontalmente as armaduras e os kits, para depois serem colocados os blocos e realizada a concretagem. No terceiro dia, so respeitados os tempos de cura do concreto, bem como so revestidos os painis.

    J a montagem dos painis em local definitivo das duas unidades de casa geminada demora 2 dias, segundo o fabricante (Tabela 10).

    Tabela 10: Cronograma detalhado para o sistema Jet Casa

  • 63

    Em condomnios de residncias para concluso da obra so necessrios no mnimo 30 dias (Figura 43). Entretanto o fabricante diz no ser to interessante a execuo de somente uma nica residncia para a empresa, j que obtm um lucro maior na construo de condomnios com vrias residncias. Logo, quando se tratar de apenas uma residncia, dependendo da disponibilidade da fbrica, a construo pode demorar at 3 meses para ser concluda.

    Figura 43: Cronograma resumido no sistema construtivo Jet Casa.

    6.5. Cronograma para o sistema tradicional

    As planilhas oramentrias do FDE (Fundao para o Desenvolvimento da Educao) so apresentadas em vrios elementos construtivos organizados em etapas. O custo final de cada elemento relacionado a uma unidade e mostrado com as Leis Sociais e BDI. A mo de obra apresentada com taxa em horas de cada colaborador em relao unidade adotada por elemento. O consumo em horas trabalhadas de cada colaborador divido pelas etapas relacionadas da residncia geminada em Indaiatuba foram organizados na Tabela 11, obtendo-se assim o cronograma para o sistema tradicional, de acordo com o FDE.

    Organizando os itens de cada colaborador para cada elemento construtivo de cada etapa, foi obtido o consumo em horas trabalhadas para cada colaborador por etapa (Tabela 11). Onde foi observado que na etapa alvenaria houveram as maiores horas totais trabalhadas (669,48 horas em 5,98 semanas), seguida pela etapa

  • 64

    revestimentos e a etapa eltrica conclusas respectivamente em 3,68 e 3,25 semanas. As menores horas totais trabalhadas ocorreram nas etapas de acabamento hidrulico e de esquadrias com valores respectivos de 0,24 e 0,73 semanas. A Figura 44 apresenta detalhadamente o tempo em semanas para cada etapa.

    A mesma residncia em Indaiatuba, construda no sistema tradicional levaria 3 meses para estar pronta, com uma relao de 34 Hh/m (Homens hora por metro quadrado).

    Figura 44: Cronograma resumido no sistema construtivo tradicional

  • 65

    Tabela 11: Cronograma detalhado para o sistema construtivo tradicional.

  • 66

    6.6. Anlise comparativa de tempo

    No cronograma do sistema Jet Casa a durao da obra aproximadamente 3 vezes menor (1 ms contra 3 meses) do que no sistema tradicional. A figura 45 retrata mais nitidamente as diferenas de tempo para cada etapa construtiva dos dois sistemas (Jet Casa e tradicional).

    Como j era previsto a etapa alvenaria teve a maior diferena de tempo por etapa, com 5 semanas mais demoradas pelo sistema tradicional (Figura 45), devido ao processo industrializado da fabricao dos painis.

    As etapas eltrica e hidrulica (sem acabamentos) foram respectivamente a segunda e a terceira etapas mais rpidas do sistema Jet Casa (1 semana a mais para etapa hidrulica e 2 semanas a mais para etapa eltrica no sistema tradicional). Isto ocorreu pelo fato de estas etapas estarem includas na fabricao dos painis Jet Casa, onde h a colocao dos kits hidrulicos e eltricos.

    Nas etapas fundao e revestimentos tambm h uma diferena de 1 semana, entre o sistema Jet Casa e tradicional, sendo o ultimo mais demorado. Estas etapas, na fbrica da Jet Casa, no sofreram muitas adaptaes para um processo mais industrializado, logo possuem esta diferena de 1 semana graas as tcnicas de organizao, racionalizao e otimizao do processo industrializado, gerando uma mo de obra mais eficiente.

    Comparao do cronograma de ambos sistemas construtivos, por etapas.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    Fund

    aes

    Alven

    aria

    Hidru

    lica

    Eltric

    a

    Esqu

    adria

    s

    Cobe

    rtura

    Acab

    amen

    to hid

    rulico

    Acab

    amen

    to el

    trico

    Reve

    stimen

    tos

    Limpe

    za

    Sem

    an

    as

    Jet Casa Tradicional

    Figura 45: Grfico comparativo dos tempos de execuo dos sistemas Jet Casa e tradicional, em relao s etapas construtivas.

  • 67

    7. CONCLUSO Na anlise comparativa de custos foi observado que o sistema Jet Casa e o

    tradicional resultaram em valores oramentrios prximos (diferena de R$ 2.286,62 mais barata do sistema tradicional adotando a reduo de 10% no preo praticvel pela FDE e R$ 3.624,97 mais caro sem adotar esta reduo de 10%).

    Entretanto, na anlise comparativa de tempos esta diferena entre os dois sistemas foi marcante (1 ms para concluso da obra pelo sistema Jet Casa contra 3 meses pelo tradicional), principalmente em relao s etapas mais industrializadas da Jet Casa, os painis Jet Casa ficam concludos em 5 dias contra 6 semanas do sistema tradicional. Conforme observado nas etapas o sistema Jet Casa ainda pode conseguir vantagens junto ao sistema tradicional, quanto a custo, em etapas no to industrializveis, devido a tcnicas de organizao, racionalizao e otimizao dos recursos praticveis pelo sistema industrializado, que refletem um maior planejamento e maior controle de imprevistos, gerando uma mo de obra mais eficiente.

    Porm, estes valores somente so praticveis para construo em condomnios (vrias unidades), j que, segundo a empresa fabricante, para construo de uma nica residncia este tempo aumenta para at 3 meses.

    Devido grande produtividade do Sistema Jet Casa e pouca diferena de valor entre os dois sistemas comparados a esta produtividade, acaba sendo mais vantajoso a adoo do Sistema Jet Casa em condomnios, pois com o imvel pronto, pode-se aplicar sobre ele a diferena em aluguel ou venda. Caso o imvel seja para fabricao de apenas uma unidade, a nica vantagem vista do sistema Jet Casa ser a certificao de rgos avaliadores como IPT que atestam a qualidade do processo, enquanto no sistema tradicional no disponvel o atestado de qualidade.

    A desvantagem do sistema Jet Casa comparada ao sistema tradicional seria a dificuldade de mudanas futuras na residncia ou at mesmo durante a construo, em razo dos painis serem estruturais.

  • 68

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS (1985). NBR 9062 Projeto e execuo de estruturas de concreto pr-moldado. So Paulo.

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  • 69

    REVISTA TCHNE (2005) Artigo: O que mudou na construo civil nos ltimos dez anos? So Paulo. N 100 - Julho.

    ROSSO, T. (1980). Racionalizao da Construo. So Paulo. 300 p. FAUUSP.

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    YAZIGI, Walid (1999). A tcnica de edificar. 2. ed. So Paulo, Pini e SindusCon-SP.

  • 70

    ANEXO Exemplos de plantas executivas do sistema Jet Casa.

  • 71

    J2

    J1

    P1

    P2

    J4

    P3 P3

    3.040

    2.56

    0

    2.92

    0

    3.050

    1.75

    0

    1.550

    2.92

    0

    2.56

    0

    3.970 .750

    2,53

    -01

    -B

    2,61-02-C

    REA TOTAL: 46,68 m

    REA CONSTRUDA: 44,76 mREA DA VARANDA: 1,92 m

    P1

    J1

    J4

    3,24-01-A

    1.49

    5

    3.050

    1.550

    1.06

    0

    PLANTA BAIXA(CONTINUAO)JET CASA

    INDAIATUBA - PAINELPROJETO ASSUNTO

    OITO 02

    LAJE B

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