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INFLUÊNCIA DO TIPO DE PLASTIFICANTE E DAS CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO NA ESTABILIDADE TÉRMICA E PROCESSABILIDADE DO POLI (CLORETO DE VINILA) Mônica Mattana 1 , Ruth M.C. Santana 2 , Edson Francisquetti 3 Departamento de Materiais, Universidade Federal de Rio Grande do Sul - UFRGS, Campus do Vale, Porto Alegre, RS - Brasil ( 1 [email protected], 2 [email protected], 3 [email protected]) RESUMO O poli(cloreto de vinila) - PVC é considerado um polímero muito versátil devido à possibilidade deste ser formulado mediante a incorporação de aditivos, alterando as características da resina dentro de um amplo espectro de propriedades. Plastificantes a base de ftalatos, como o dioctil ftalato (DOP) são os mais utilizados, no entanto, existem regulamentações que estão restringindo a sua utilização, intensificando-se os estudos com possíveis alternativos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar a influência dos plastificantes de diferentes naturezas nas propriedades do PVC, como estabilidade térmica, processabilidade e aspectos do produto final. Para formulação do composto foram usados seis diferentes plastificantes, entre eles o diisononil ciclohexano (DINCH), dioctil ciclohexanoato (DOCH), dioctil adipato (DOA), óleo de soja epoxidado (OSE) e outros. Resultados indicam que os plastificantes provenientes de origem vegetal possuem boa estabilidade térmica no composto quando comparados ao DOP, contudo, para o melhor entre eles os resultados de cor foram insatisfatórios. Palavras-chave: poli(cloreto de vinila), plastificantes, dioctil ftalato (DOP) INTRODUÇÃO O PVC - Poli(cloreto de vinila) é um termoplástico extremamente versátil, sendo adequado tanto para a produção de peças flexíveis, quando usado com plastificantes, como para rígidas. Ele foi reconhecido e caracterizado há cerca de 100 anos, e é produzido comercialmente há mais de 50 anos. O grande impulso na sua produção ocorreu na Alemanha, durante a II guerra mundial, tendo sido utilizado como substituto da borracha natural (1,2,3) . A versatilidade do PVC é consequência de suas características físicas, algumas das quais apresentadas na Tabela 1: 22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil 9894

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DO PP … · Os diferentes plastificantes avaliados nesta pesquisa estão listados na Tabela 2 a seguir. Tabela ... formulações, destaca-se

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INFLUÊNCIA DO TIPO DE PLASTIFICANTE E DAS CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO

NA ESTABILIDADE TÉRMICA E PROCESSABILIDADE DO POLI (CLORETO DE VINILA)

Mônica Mattana1, Ruth M.C. Santana2, Edson Francisquetti3

Departamento de Materiais, Universidade Federal de Rio Grande do Sul - UFRGS, Campus do Vale, Porto Alegre, RS - Brasil

([email protected], [email protected], [email protected])

RESUMO

O poli(cloreto de vinila) - PVC é considerado um polímero muito versátil devido à possibilidade deste ser formulado mediante a incorporação de aditivos, alterando as características da resina dentro de um amplo espectro de propriedades. Plastificantes a base de ftalatos, como o dioctil ftalato (DOP) são os mais utilizados, no entanto, existem regulamentações que estão restringindo a sua utilização, intensificando-se os estudos com possíveis alternativos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar a influência dos plastificantes de diferentes naturezas nas propriedades do PVC, como estabilidade térmica, processabilidade e aspectos do produto final. Para formulação do composto foram usados seis diferentes plastificantes, entre eles o diisononil ciclohexano (DINCH), dioctil ciclohexanoato (DOCH), dioctil adipato (DOA), óleo de soja epoxidado (OSE) e outros. Resultados indicam que os plastificantes provenientes de origem vegetal possuem boa estabilidade térmica no composto quando comparados ao DOP, contudo, para o melhor entre eles os resultados de cor foram insatisfatórios.

Palavras-chave: poli(cloreto de vinila), plastificantes, dioctil ftalato (DOP)

INTRODUÇÃO

O PVC - Poli(cloreto de vinila) é um termoplástico extremamente versátil, sendo

adequado tanto para a produção de peças flexíveis, quando usado com

plastificantes, como para rígidas. Ele foi reconhecido e caracterizado há cerca de

100 anos, e é produzido comercialmente há mais de 50 anos. O grande impulso na

sua produção ocorreu na Alemanha, durante a II guerra mundial, tendo sido utilizado

como substituto da borracha natural (1,2,3). A versatilidade do PVC é consequência de

suas características físicas, algumas das quais apresentadas na Tabela 1:

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Tabela 1: Características físicas do PVC

Peso Molecular 50.000 - 100.000 g/mol

Massa Específica 1,39 g/cm3

Índice de Refração 1,53 - 1,56

Tg (trans. vítrea) 81 °C

Cristalinidade 5 - 15% Fonte: PVC Handbook (4)

Geralmente, esta resina é na forma de pó branco ou grânulos quando

combinada com outros ingredientes auxiliares é convertida em produtos através de

diversos tipos de processos. Os aditivos mais comuns utilizados nesses processos e

que serão avaliados ao longo desse trabalho, são os plastificantes, que tem como

objetivo transformar o polímero duro em um polímero flexível (5).

Para algumas aplicações o PVC é favorecido em relação aos outros plásticos

commodities, como as poliolefinas, uma vez que ele possui uma resistência natural à

chama, mofo e luz ultravioleta, de modo que os aditivos para controle desses

parâmetros são geralmente desnecessários, ao contrário do que acontece com

polímeros olefínicos (5).

Conforme a definição da IUPAC (International Union of Pure and Applied

Chemistry) os “plastificantes são substâncias que incorporadas a plásticos ou

elastômeros com a finalidade de aumentar sua flexibilidade, processabilidade ou

capacidade de alongamento”. Ou seja, o plastificante pode reduzir a viscosidade do

fundido, temperatura de transição vítrea (Tg) ou seu módulo de elasticidade. Assim,

podemos definir os plastificantes como toda e qualquer substância que, incorporada

ao PVC, reduz sua dureza e aumenta sua flexibilidade (6). Normalmente são

classificados como ésteres incolores e inodoros, principalmente ftalatos. Isso abre

um enorme leque de possibilidades para novas aplicações. Além disso, um dos

principais benefícios que os plastificantes conferem ao PVC é a durabilidade, o que

pode garantir um tempo de vida elevado do produto de até mais de 50 anos (7).

De todos os plastificantes produzidos, cerca de 95% são utilizados na produção

de PVC flexível, aproximadamente 6,4MT em 2011. As principais aplicações para o

PVC flexível incluem revestimentos de pisos e paredes, revestimento de telhados,

cabos elétricos e isolamento de fio, aplicações automotivas, dispositivos médicos,

produtos de couro sintético e assim por diante. Alguns plastificantes podem também

ser utilizados em produtos de borracha, tintas, tintas de impressão, adesivos,

selantes e para uso profissional (7)(8).

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Os plastificantes são produzidos por uma reação de um álcool com um ácido,

tal como ácido adípico, anidrido ftálico, e assim por diante. A escolha de álcool e

ácido irá determinar o tipo de éster que pode ser produzido e, portanto, o tipo de

agente plastificante. As combinações são quase infinitas, mas apenas um número

muito limitado sobreviveu aos requisitos de desempenho, custo, disponibilidade,

saúde e aspectos ambientais que são impostas pelo mercado (7).

Muitos estudos têm sido realizados nos últimos anos, para avaliar os efeitos

dos plastificantes em seres humanos e para o ambiente devido a possível migração

dos ftalatos (7). Assim grandes investimentos estão sendo feitos no setor de

investigação e desenvolvimento para melhorar o desempenho de plastificantes ou

produzir novas alternativas que podem melhor refletir as necessidades do mercado e

ao mesmo tempo respeitando todos os critérios de segurança exigidos pelo REACH

(Regulation European Chemical Agency).

Segundo um porta voz da Emerald Kalama Chemical, os formuladores podem

oportunamente utilizar tereftalatos como o di(2-etil hexil tereftalato) (DEHTP) ou di-

isononil ciclohexano-1,2-dicarboxilato (DINCH). No entanto, em muitas aplicações,

os formuladores podem não alcançar o desempenho necessário apenas com esses

plastificantes não-ftalatos. Apesar das preocupações com a saúde, meio ambiente e

regulamentos, as alternativas com ftalatos são ainda essenciais para otimizar e

adaptar principais propriedades e características de processamento, tais como a

durabilidade a longo prazo, viscosidade, tempo de fusão e resistência do filme (9).

Os dados dos últimos 15 anos podemos notar que o uso de plastificantes, tais

como o DINCH e tereftalato de dioctilo (DOTP) aumentaram(7), o que reflete o

compromisso da indústria no desenvolvimento de novos e seguros produtos através

de importantes investimentos na investigação e inovação.

O plastificante para ser efetivo no PVC deve conter na sua estrutura uma

fração polar e outra apolar. A parte polar da molécula deve ser capaz de ligar-se

reversivelmente com o polímero enquanto a apolar aumenta o volume livre e

contribui efeitos de blindagem em outros sítios polares na cadeia de polímero. O

balanço entre a porção polar e apolar da molécula é essencial. Se um plastificante é

muito polar ele tende a funcionar mais como um solvente em temperatura ambiente

obtendo um produto com desempenho global fraco, já se a fração apolar for maior

podem surgir problemas de compatibilidade com elevados níveis de exsudação do

plastificante (10).

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Neste sentido o objetivo deste trabalho é realizar um estudo comparativo da

influência de diferentes tipos de plastificante no PVC nas suas propriedades

térmicas, físicas, químicas e de processabilidade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

Os materiais usados neste estudo foram PVC, plastificantes, estabilizante

térmico, óleo de soja epoxidado, estearato de cálcio e estearina como lubrificante

externo. Os diferentes plastificantes avaliados nesta pesquisa estão listados na

Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Plastificantes utilizados neste estudo.

ABREVIAÇÃO

NOME QUÍMICO

DOP Dioctil ftalato

DOA Dioctil adipato

DINCH Di-isononil ciclohexano-1,2-dicarboxilato

DOCH Dioctil Ciclohexanoato

DOTP Dioctil tereftalato

OSE OLVEX 51 - Ester graxo vegetal modificado

DIMIT Plastificante de fonte renovável obtido a partir de óleos

vegetais e que está em fase de teste (foi requerido patente)

Preparação e caracterização

A preparação do composto foi realizada em misturador intensivo do tipo

batedeira - Dryblend. Esse composto foi formado pela adição da resina de PVC,

estabilizante térmico, lubrificante e o plastificante. Nesse estudo comparativo o teor

de todos os plastificantes foi mantido constante conforme a formulação descrita na

Tabela 3.

Tabela 3 – Composição dos compostos de PVC

Composição pcr *

PVC – Norvic SP 1000 100

Plastificantes avaliados 60

Estabilizante térmico 5

Óleo de soja epoxidado 20

Estearato de cálcio 0,1

Estearina – lubrificante externo 0,1 *pcr: parte por cem de resina

Os compostos de PVC do estudo foram plastificados e homogeneizados em

uma extrusora dupla rosca, co-rotante ZSK 18 ML, da Coperion, com roscas de

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18 mm de diâmetro, com elementos de mistura e cisalhamento, e L/D igual a 32,

com velocidade da rosca de 250 rpm. Para o processamento dos compostos de PVC

utilizou-se o alimentador lateral (side feeder) da extrusora posicionado na zona 3 do

equipamento. No processo de extrusão foi utilizado um perfil de temperatura

conforme dados apresentados na Tabela 4 a seguir.

Tabela 4 – Perfil de temperatura da extrusora

Zona Temperatura

(°C)

1 128

2 155

3 165

4 170

5 175

6 170

7(matriz)

170

Os compostos extrusados em forma de spaguetti foram picotados em forma de

grânulos em um moinho de corte tipo faca. A injeção dos corpos de provas foi

realizada em uma injetora Golden Eagle GEK 180 T, da Tien Kang CO, capacidade

de plastificação de 34,7 g.s-1, diâmetro da rosca de 60 mm, relação L/D de 21. O

molde utilizado para a injeção dos corpos de prova segue o padrão segundo a

norma ASTM D882. Além disso, para efeitos de comparação os compostos e corpos

de prova foram produzidos nas mesmas condições de processamento.

Os compostos foram caracterizados pelos ensaios físicos, químicos e térmicos.

Como ensaio físico foi determinado o índice de fluidez do fundido (MFI) baseado na

norma ASTM D1238 utilizando um plastômero de IF Instron CEAST 7023.000 com

uma carga predefinida de 2,16 kg, temperatura de 190°C e balança analítica OHAUS

modelo Explorer. Para caracterização dos plastificantes foi realizado análise de

Infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) seguindo a norma ASTM D5576

com um equipamento Frontier com acessório ATR - Attenuated Total Reflectance.

Avaliou-se o comportamento térmico de cada composto utilizando o

equipamento PerkinElmer 4000 para avaliação termogravimétrica (TGA), conforme

ASTM E1131, com rampa de aquecimento de 30oC a 900oC, com taxa de

aquecimento de 20°C/min e gás de nitrogênio como ambiente inerte. Estabilidade

térmica em uma estufa METRASTAT a 210 °C por 60 min conforme norma ASTM

D2115, sendo que o ensaio foi realizado a partir de amostras obtidas na calandra

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(crepe) a 170°C por 2 min e a 25 RPM de rotação. Perda de massa segundo a

ABNT NBR NM IEC 60811-3-2:2005 a uma temperatura de 105°C com um tempo de

envelhecimento de 24 e 168 horas. Avaliou-se também testes colorimétricos e

ópticos do produto final como cor L*a*b segundo as normas ASTM D-6290 e ASTM

E-313, para essa análise foi utilizado um espectrofotômetro de cor LabScan XE que

trabalha no intervalo de comprimento de onda de 400-700 nanômetros (nm). Já as

propriedades óticas como brilho, opacidade e claridade foram avaliadas de acordo

com a norma ASTM D1003 no equipamento da marca BYK-Gardner, modelo Haze-

Garde Plus.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Características físicas

Os resultados do Índice de Fluidez do fundido (MFI) dos compostos de PVC em

função do tipo de plastificante estão apresentados na figura 1.

Figura 1 – IF dos compostos de PVC em função do tipo de plastificante usado.

Observa-se que apesar de manter constante o teor de plastificante nas

formulações, destaca-se a variabilidade dos resultados de IF entre os compostos. Os

plastificantes DOA e DINCH apresentaram os maiores valores de IF e o plastificante

denominado como DIMIT apresentou um valor bem inferior quando comparado aos

demais. Esse baixo valor de IF pode ser devido às interações e/ou entrelaçamentos

da cadeia polimérica e a alta massa molar deste plastificante, pois, durante o

processamento foi observado que tratava-se de um aditivo mais viscoso. No entanto,

é importante destacar que mesmo apresentando fluidez baixa não houve problemas

durante o processo de injeção das peças.

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Características químicas

Os espectros de cada composto de PVC obtidos por infravermelho por

transformada de Fourrier (FTIR) estão apresentados na figura 2.

Figura 2 – Espectros comparativos dos compostos de PVC com diferentes plastificantes.

Nota-se que os espectros para os compostos com OSE e DIMIT foram

semelhantes. Para esses plastificantes observa-se principalmente as bandas de

ligações CH (3000, 1400, 1300 cm-1) da cadeia de um óleo vegetal (hidrocarbonetos

alifáticos) formado normalmente por uma sequência de CH2 e a ligação C=O

presente em ésteres (1736 cm-1). Para o DOP encontramos bandas características

das ligações C=C de anéis aromáticos na região de 3000 cm-1 e 1580 cm-1 e ainda

um leve deslocamento das bandas de C=O, característica dos ftalatos. Já o DOTP

obteve um resultado semelhante ao DOP pois, ambos diferem-se principalmente em

relação à posição meta e para das ligações. Verifica-se ainda que a diferença

principal entre os plastificantes adipatos - DOA e os ftalatos é a ausência das

ligações C=C do anel aromático (~1580 cm-1). O espectro do DINCH apresenta,

além das bandas de CH, C=O, bandas na região de 1300-1100 cm-1 normalmente

atribuídas às ligações C-O, bem semelhante ao espectro do DOCH.

Propriedades térmicas

A figura 3 mostra as curvas comparativas de TGA para cada composto de

PVC.

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Figura 3 – Curvas comparativas de TGA dos compostos de PVC com diferentes plastificantes

Entre os plastificantes estudados, verifica-se que o plastificante nomeado como

DIMIT teve um comportamento semelhante ao do oléo de soja. A composição

química destes plastificantes vegetais contribuiram para uma melhor estabilidade

térmica, o detalhe (ampliação) do gráfico mostra que o plastificante DIMIT iniciou o

processo de degradação a uma temperatura maior que os demais.

Para avaliação da estabilidade térmica estática do composto foi realizado um

ensaio no METRASTAT. Na Figura 4, encontra-se a imagem das amostras do

composto em função do tempo de exposição.

Figura 4 – Estabilidade térmica estática dos compostos de PVC com diferentes

plastificantes.

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Os compostos de PVC plastificado com maior estabilidade térmica foram os

nomeados como DIMIT e OSE confirmando os resultados de TGA, fato que pode

estar influenciado pelo tamanho e/ou composição química dos plastificantes

respectivos, como discutidos nos resultados de IF e FTIR. Quanto aos demais

plastificantes, observa-se que o inicio de degradação das amostras foi semelhante

ao tempo do DOP (referência).

A figura 5 apresenta os resultados de variação da perda de massa após um

período de envelhecimento das amostras em estufa.

Figura 5 – Perda de massa dos compostos de PVC com diferentes plastificantes.

Pode-se perceber que a amostra DIMIT possui a menor porcentagem de perda

de massa após os dois períodos de envelhecimento. Esse resultado era esperado

após o ensaio de TGA e METRASTAT terem mostrado que este composto

apresentava maior estabilização térmica em relação aos demais. Destaca-se aqui

que o DOTP apresentou resultados satisfatórios em termos de perda de massa que

não haviam sido evidenciados com significância nos testes supracitados. Além disso

é possível verificar que o DOA e o DOCH tiveram as maiores perdas de massa,

principalmente após 168 horas de avaliação.

Cor das amostras processadas A seguir é apresentado os gráficos de avaliação de cor e propriedades óticas

dos compostos processado.

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(a)

(b)

(c)

Figura 6 – Avaliação de cor nas peças injetadas – (a) Yellow e White Index, (b) L.a.b, (c)

brilho, opacidade e claridade

Através dos gráficos acima verifica-se que os parâmetros de cor tiveram pouca

variação na maior parte das amostras avaliadas, no entanto, a com composto DIMIT

apresentou YI significativamente superior e WI inferior em relação aos outros

plastificantes utilizados. Além disso, os parâmetros L, *a, *b mostram que o produto

que contém esse aditivo possui uma cor com tendências mais cinza, amarela e

vermelha que os demais. Destaca-se aqui que o produto contendo o OSE como

plastificante apresentou um resultado de cor *a bem inferior aos outros, ou seja, é

uma amostra que tende mais ao verde na escala desse parâmetro.

Em relação as propriedades óticas observam-se grandes variações entre os

resultados. O composto com plastificante DOA aponta como a amostra de menor

brilho e com maior claridade. As amostras contendo o OSE e o DIMIT apresentaram

os menores valores de opacidade, contudo o resultado desse parâmetro para o OSE

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foi muito similar a referência (DOP). Além disso, a amostra com DIMIT foi a que

apresentou o menor valor de claridade.

É importante ressaltar que a cor do produto final é um parâmetro importante

quando o composto é usado para a fabricação de um produto transparente, no

entanto, aspectos negativos dessas propriedades podem ser contornados quando a

aplicação é em produtos opacos e/ou coloridos.

CONCLUSÕES

Os resultados desse trabalho mostram que dependendo da natureza do

plastificante o composto pode apresentar características distintas embora mantendo

constante o teor. De acordo com os ensaios realizados nesse estudo, todos os

plastificantes testados apresentam vantagens e desvantagens frente ao plastificante

DOP, considerado como referência. Os compostos de origem vegetal usados neste

estudo apresentaram estabilidade térmica superior aos demais, no entanto, para o

composto de PVC plastificado com DIMIT o resultado de índice de fluidez ficou bem

inferior as das demais alternativas, isso pode caracterisar problemas de

processamento para em uma aplicação industrial. Além disso, verificou-se que os

resultados de cor para este aditivo não satisfazem produtos que exigem

transparência e brancura, assim sendo, este poderia substituir o DOP em aplicações

específicas. O OSE seria uma alternativa viável no que diz respeito a estabilidade

térmica e cor do composto.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Braskem S.A., a Grendene-RS e ao professor Dr.

Dimitrios Samios pela disponibilização de material.

REFERÊNCIAS

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2. Clark, M.: "Particle Formation", in "Particulate Nature of PVC". London, Applied Science Publishers Ltd, edited by Butters, G., chp. 1, 1-51 (1982).

3. Johnston, C. W.: "Polyvinyl Chloride: Polymerization and Manufacture", in: "Encyclopedia of PVC", New York and Basel, Dekker, edited by Nass, L. I., chp. 3, 81-82 e 94-95 (1976).

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4. Charles E. Wilkes, James W. Summers, Charles A. Daniels, PVC Handbook,

Hanser, 2005

5. CHEMSYSTEMS PERP Program April 2013, Polyvinyl Chloride (PVC) - PERP 2012-8, Nexant; Michelle Lynch, New York, USA

6. RODOLFO, ANTONIO; NUNES, LUCIANO; ORMANJI, WAGNER. Tecnologia do PVC. Pro Editores, 2006.

7. VERA KOESTER, Plasticizers – Benefits, Trends, Health, and Environmental Issues, 05 de maio de 2015, Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim.

8. CULLEN STEVE, Business Director, Plasticizers - Eastman Chemical Company, SPI

Flexible Vinyl Products Conference July 2012

9. Revista - Film and sheet extrusion, setembro de 2016, ISSN 2053-7190, páginas 21 a 28.

10. GODWIN, ALLEN. Applied Plastics Engineering Handbook: Plasticizers. Elsevier, 2011.

INFLUENCE OF PLASTICIZER TYPE AND PROCESSING CONDITIONS ON THERMAL STABILITY AND PROCESSABILITY POLY (VINYL CHLORIDE)

ABSTRACT The poly (vinyl chloride) - PVC is a very versatile polymer due to the possibility of being formulated by incorporating additives, which can change the resin characteristics in a wide spectrum of properties. Plasticizers composed of phthalates in basis, such as dioctyl phthalate (DOP), are the most used. However, there are regulations restricting its use and a strong research for possible replacement alternatives. In this way, the objective of this work is to evaluate the influence of plasticizers from different sources in PVC properties such as thermal stability, processability and final product features. Seven different plasticizers were used for formulating, including cyclohexane diisononyl (DINCH), dioctylcyclohexanoate (DOCH), dioctyl adipate (DOA), epoxidized soybean oil (OSE) and others. Results indicate that plasticizers derived from vegetable origin have good thermal stability when compared to the compound with DOP, however, for the best among them color results were unsatisfactory. Keywords: poly (vinyl chloride), plasticizers, dioctyl phthalate (DOP)

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