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AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ELEMENTOS CONSTRUTIVOS EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS CORRENTES Pedro Daniel Marques Teixeira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Mestrado Integrado em Engenharia Civil Júri Presidente: Profº Jorge Manuel Calico Lopes de Brito Orientador: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Vogais: Profº Pedro Manuel dos Santos Lima Gaspar Novembro de 2011

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AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À

ÁGUA DE ELEMENTOS CONSTRUTIVOS EM FACHADAS

DE EDIFÍCIOS CORRENTES

Pedro Daniel Marques Teixeira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Júri

Presidente: Profº Jorge Manuel Calico Lopes de Brito

Orientador: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Vogais: Profº Pedro Manuel dos Santos Lima Gaspar

Novembro de 2011

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

i

Resumo

A degradação do edificado em Portugal, em particular na zona urbana de Lisboa, atinge

actualmente níveis elevados, tanto nos edifícios mais antigos como nos mais recentes. As

inadequadas / inexistentes acções de manutenção, ao longo das últimas décadas, conduziram

a este estado de deterioração generalizado da construção no país. Associado a este facto,

existe ainda uma preocupante falta de pormenorização nos edifícios, nomeadamente nas

fachadas e seus elementos construtivos. A acção da água, como agente exterior prejudicial a

uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e

eficaz pormenorização dos elementos construtivos.

A presente dissertação procura abordar a problemática da degradação de fachadas de edifícios

face à acção da água. Neste sentido, torna-se importante estabelecer uma metodologia de

inspecção e um conjunto de indicadores de risco capazes de avaliar o risco de degradação de

uma fachada. A elaboração de critérios que estabeleçam uma metodologia de inspecção

permite elaborar fichas de inspecção. Estas fichas são utilizadas num conjunto de fachadas de

edifícios, os quais definem uma zona e uma época da construção em Portugal.

De uma forma geral, os resultados obtidos permitem observar uma degradação generalizada

da construção no país, que deriva da obtenção de indicadores de risco de degradação por

fachada preocupantes. A dissertação permite então estabelecer uma metodologia de

inspecção, de avaliação de fachadas e seus elementos construtivos face à acção da água, que

proporciona uma ferramenta na escolha de prioridades em eventuais intervenções em

fachadas de edifícios.

Palavras-Chave:

Fachadas; elementos construtivos; socos; peitoris; platibandas; muretes; risco; anomalias;

água.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

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Abstract

The deterioration of the built heritage in Portugal, particularly in the urban area of Lisbon,

currently reaches high levels, both in older and recent buildings. The inadequate / nonexistent

maintenance actions, over the past few decades, have led to this state of general deterioration

of the construction in the country. Associated with this, there is still a worrying lack of detailing in

the buildings, especially in the facades and their constructive elements. The action of water, as

external agent of the facade of a building, requires a set of measures necessary for the proper

and effective detailing in constructive elements.

This dissertation seeks to address the problem of degradation of building facades in the face of

action of water. In this sense, it becomes important to establish an inspection methodology and

a set of risk indicators that can evaluate the risk of degradation of a facade. The development of

criteria to establish an inspection methodology allows the development of inspection forms.

These inspections forms are used in a number of building facades, which define a zone and a

time of construction in Portugal.

Overall, the results allow to observe a general deterioration construction in the country, which

derives from the development of indicators of risk of degradation by the facade. The dissertation

allows then to establish a methodology for inspection, evaluation of the facades and their

constructive elements against the action of water, which provides a tool in the selection of

priority interventions in any building facades.

Keywords:

Facades, constructive elements, near floor level, window sills, parapets, risk, anomalies, water.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

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Agradecimentos

A entrega desta dissertação de mestrado representa o finalizar de uma etapa da minha

formação académica. Para tal, foi necessário o contributo de diversas pessoas às quais

pretendo expressar o meu sincero agradecimento.

Á Professora Inês Flores-Colen, orientadora desta dissertação, pela sua disponibilidade

constante, pelo seu empenho, entusiasmo, apoio e exigência. Gostaria ainda de agradecer os

conhecimentos que me transmitiu ao longo destes meses, os quais muito contribuíram para o

enriquecimento da presente dissertação.

Aos meus amigos e colegas pela sua amizade, alegria e apoio incondicional, que tem sido

fundamental na minha formação enquanto pessoa e na realização do meu percurso

académico. Em particular ao Miguel Bravo pelo essencial auxílio na revisão do texto e

sugestões técnicas em diversos momentos da elaboração da dissertação, ao João Jesus, pelo

imprescindível auxílio na revisão do texto e na elaboração do resumo alargado, e à Susana

Ramos pela sua preciosa ajuda na revisão do texto.

Por fim, gostaria de agradecer à minha Família, em especial à minha mãe, ao meu pai, à minha

avó e ao meu irmão, pela sua constante presença, apoio incondicional e carinho que

demonstram diariamente.

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Índice

1 Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1 Considerações gerais ....................................................................................................... 1

1.2 Objectivos e metodologia da investigação ....................................................................... 2

1.3 Organização da dissertação ............................................................................................. 3

2 A água e o risco na fachada .................................................................................................... 5

2.1 Considerações gerais ....................................................................................................... 5

2.2 A influência da água na fachada ...................................................................................... 5

2.3 A água e seus mecanismos de degradação na fachada ................................................. 7

2.4 Influência da água nos elementos construtivos na fachada ............................................ 9

2.4.1 Fachada como envolvente exterior ........................................................................... 9

2.4.2 Durabilidade e vida útil da fachada ......................................................................... 10

2.4.3 Anomalias mais frequentes em elementos construtivos ......................................... 11

2.4.3.1 Distribuição das anomalias ................................................................................ 11

2.4.3.2 Fachadas e muretes .......................................................................................... 16

2.4.3.3 Vãos de fachada ................................................................................................ 20

2.4.3.4 Varandas e palas ............................................................................................... 22

2.4.4 Pormenorização de elementos construtivos ........................................................... 23

2.4.4.1 Fachadas e muretes .......................................................................................... 23

2.4.4.2 Vãos de fachada ................................................................................................ 26

2.4.4.3 Varandas e palas ............................................................................................... 29

2.5 O risco associado ao desempenho em serviço de uma fachada face à acção da água 30

2.5.1 Considerações iniciais ............................................................................................. 30

2.5.2 Conceito de risco ..................................................................................................... 30

2.5.3 Factores e variáveis no risco de degradação de fachadas ..................................... 32

2.6 Conclusões do capítulo .................................................................................................. 37

3 Trabalho de campo ................................................................................................................ 39

3.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 39

3.2 Características das fachadas / edifícios como casos de estudo.................................... 39

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3.2.1 Tipo, idade e localização ......................................................................................... 39

3.2.2 Elementos / pormenores construtivos a adoptar ..................................................... 43

3.3 Metodologia de inspecção .............................................................................................. 45

3.3.1 Procedimento e instrumentação adoptados ............................................................ 45

3.3.2 Factores, critérios e fórmulas adoptadas ................................................................ 46

3.3.3 Elaboração e preenchimento de fichas de inspecção ............................................. 55

3.4 Conclusões do capítulo .................................................................................................. 58

4 Apresentação e discussão dos resultados ............................................................................ 61

4.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 61

4.2 Elementos construtivos e suas características .............................................................. 61

4.3 Degradação e indicadores de risco ................................................................................ 67

4.3.1 Indicadores de risco em socos ................................................................................ 70

4.3.2 Indicadores de risco em peitoris .............................................................................. 76

4.3.3 Indicadores de risco em platibandas / muretes ....................................................... 79

4.3.4 Outros indicadores de risco nos socos, peitoris e platibandas / muretes ............... 82

4.3.5 Condições de exposição na fachada ...................................................................... 85

4.4 Síntese geral e resultados obtidos ................................................................................. 89

4.5 Conclusão do capítulo .................................................................................................... 94

5 Conclusões ............................................................................................................................. 99

5.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 99

5.2 Conclusões finais ........................................................................................................... 99

5.3 Recomendações de desenvolvimento futuro ............................................................... 103

Bibliografia ................................................................................................................................. 105

ANEXOS:

Anexo A – Ficha de Inspecção AR2 (Alvalade / Roma)

Anexo B – Ficha de Inspecção AR3 (Alvalade / Roma)

Anexo C – Ficha de Inspecção AR10 (Alvalade / Roma)

Anexo D – Ficha de Inspecção T8 (Telheiras)

Anexo E – Ficha de Inspecção T9 (Telheiras)

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Índice de figuras

Figura 2.1 – Degradação de uma fachada (manchas / sujidade) ................................................. 6

Figura 2.2 – Degradação de uma fachada (manchas / fissuração) .............................................. 9

Figura 2.3 – Distribuição de anomalias nos elementos da envolvente exterior e interior de

edifícios ....................................................................................................................................... 11

Figura 2.4 – Origem das anomalias em fachadas ...................................................................... 12

Figura 2.5 – Processo de perda de desempenho ....................................................................... 13

Figura 2.6 – Principais anomalias em fachadas. ......................................................................... 14

Figura 2.7 – Anomalias em paredes exteriores (pano opaco) .................................................... 15

Figura 2.8 – Anomalias em paredes exteriores (vãos de fachada) ............................................ 15

Figura 2.9 – Colonização biológica ............................................................................................. 18

Figura 2.10 – Eflorescências ....................................................................................................... 18

Figura 2.11 – Escorrimentos ....................................................................................................... 18

Figura 2.12 – Manchas localizadas ............................................................................................. 18

Figura 2.13 – Ascensão capilar ................................................................................................... 20

Figura 2.14 – Inexistência de capeamento com material estanque à penetração da água ....... 20

Figura 2.15 – Inexistência de pingadeira no capeamento .......................................................... 20

Figura 2.16 – Distribuição de anomalias nos vãos envidraçados ............................................... 20

Figura 2.17 – Fissuração em peitoris .......................................................................................... 22

Figura 2.18 – Manchas em peitoris ............................................................................................. 22

Figura 2.19 – Degradação dos guarda-corpos ........................................................................... 23

Figura 2.20 – Colonização biológica ........................................................................................... 24

Figura 2.21 – Exemplo de uma gárgula ...................................................................................... 24

Figura 2.22 – Exemplo de um soco............................................................................................. 26

Figura 2.23 – Deterioração de mastiques ................................................................................... 26

Figura 2.24 – Deficiências em tubo de queda ............................................................................. 26

Figura 2.25 – Exemplo de um peitoril em pedra ......................................................................... 27

Figura 2.26 – Esquema das dimensões dos peitoris .................................................................. 28

Figura 2.27 – Soleira sem rasgos ............................................................................................... 29

Figura 2.28 – Aplicação incorrecta de vedante na ligação dos caixilhos ao vão e ao envidraçado

..................................................................................................................................................... 29

Figura 3.1 – Dados relativos à média da distribuição geográfica das obras concluídas

(fachadas) em Portugal de 1995 a 2009 ..................................................................................... 40

Figura 3.2 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções

novas, em Portugal de 1995 a 2009 ........................................................................................... 41

Figura 3.3 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções

novas, em Lisboa de 1995 a 2009 .............................................................................................. 41

Figura 3.4 – Dados relativos ao nº de construções (fachadas) em Lisboa no ano de 2009 ...... 42

Figura 3.5 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (dados gerais) ..................................... 56

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Figura 3.6 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (avaliação do risco de degradação nas

fachadas face à acção da água) ................................................................................................. 57

Figura 4.1a e Figura 4.1b– Fachadas em banda / extremo (à esquerda) e banda / meio (à

direita) (AR18 – Avenida de Roma e AR20 – Avenida de Roma) .............................................. 65

Figura 4.2 – Peitoril em pedra (AR6 – Avenida dos Estados Unidos da América) ..................... 66

Figura 4.3 – Soco em pedra natural (AR3 na Avenida São João de Deus (Alvalade / Roma)) . 67

Figura 4.4 – Número de anomalias / defeitos (22 fachadas em Alvalade / Roma) .................... 69

Figura 4.5 – Número de anomalias / defeitos (10 fachadas em Telheiras) ................................ 70

Figura 4.6 – Exemplo de um soco (AR10 na Avenida do Rio de Janeiro).................................. 71

Figura 4.7 – Indicador de risco de degradação em socos - (10 fachadas em Telheiras) ... 72

Figura 4.8 – Indicador de risco de degradação em socos - (22 fachadas em Alvalade /

Roma) .......................................................................................................................................... 72

Figura 4.9 – Anomalias em soco designado de “crítico” (AR13 na Rua Afonso Lopes Vieira) .. 73

Figura 4.10 – Anomalias em soco designado de “significativo” (AR4 na Avenida São João de

Deus) ........................................................................................................................................... 74

Figura 4.11 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (22

fachadas em Alvalade / Roma) ................................................................................................... 74

Figura 4.12 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (10

fachadas em Telheiras) ............................................................................................................... 75

Figura 4.13 – Ascensão capilar em soco na fachada T2 – Rua Prof. Henrique Vilhena ............ 75

Figura 4.14 – Anomalias em peitoril (AR9 na Avenida do Rio de Janeiro) ................................. 76

Figura 4.15 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (22 fachadas em Alvalade /

Roma) .......................................................................................................................................... 77

Figura 4.16 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (10 fachadas em Telheiras) 77

Figura 4.17 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (22 fachadas

em Alvalade / Roma) ................................................................................................................... 80

Figura 4.18 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (10 fachadas

em Telheiras) ............................................................................................................................... 80

Figura 4.19 – Eflorescências em socos (AR13 – Rua Afonso Lopes Vieira) .............................. 82

Figura 4.20 – Sujidade / manchas de humidade em socos (AR3 – Avenida São João de Deus)

..................................................................................................................................................... 83

Figura 4.21 – Escorrimentos / sujidade diferencial (AR17 na Avenida de Roma) ...................... 83

Figura 4.22 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (10 fachadas

em Telheiras) ............................................................................................................................... 84

Figura 4.23 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (22 fachadas

em Alvalade / Roma) ................................................................................................................... 84

Figura 4.24 – Vegetação servindo como protecção aos agentes exteriores (AR2 na Rua

Edison) ........................................................................................................................................ 87

Figura 4.25 – Valores das condições de exposição (10 fachadas em Telheiras) ...................... 88

Figura 4.26 – Valores das condições de exposição (22 fachadas em Alvalade / Roma) ........... 88

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Figura 4.27 – Indicador de risco de degradação em fachadas – ) (22 fachadas em

Alvalade / Roma) ......................................................................................................................... 90

Figura 4.28 – Indicador de risco de degradação em fachadas - ) (10 fachadas em

Telheiras) ..................................................................................................................................... 90

Figura 4.29 – Fachada AR3 na Avenida São João de Deus ...................................................... 91

Figura 4.30– Tendência dos resultados ) consoante o número de anomalias nas

fachadas ...................................................................................................................................... 93

Figura 4.31 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco” (32 fachadas) ............................. 96

Figura 4.32 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco - significativo” (23 fachadas)........ 97

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

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Índice de quadros

Quadro 2.1 – Frequência das anomalias em função da origem da humidade (%) .................... 16

Quadro 2.2 – Dimensões mínimas para os peitoris .................................................................... 28

Quadro 2.3 – Classificação dos principais riscos ocupacionais na construção civil, de acordo

com a sua natureza ..................................................................................................................... 32

Quadro 2.4 – Escala de probabilidade do risco de degradação em fachadas ........................... 33

Quadro 2.5 – Escala de severidade do risco de degradação em fachadas ............................... 34

Quadro 2.6 – Matriz de avaliação do risco de degradação em fachadas ................................... 34

Quadro 2.7 – Escala de tolerância do risco de degradação em fachadas ................................. 34

Quadro 2.8 – Classes de agressividade ambiental em fachadas de edifícios ........................... 35

Quadro 2.9 – Defeitos e consequências em fachadas ............................................................... 35

Quadro 2.10– Critérios de consequências utilizados para caracterizar os defeitos na fachada. 36

Quadro 2.11– Avaliação das anomalias na fachada................................................................... 36

Quadro 3.1 – Classificação das anomalias ................................................................................. 46

Quadro 3.2 – Severidade de risco de degradação das anomalias ............................................. 48

Quadro 3.3 – Condições de exposição das fachadas................................................................. 49

Quadro 3.4 – Determinação da probabilidade do risco de degradação das anomalias ............. 50

Quadro 3.5 – Probabilidade de risco de degradação das anomalias ......................................... 51

Quadro 3.6 – Valores de FR expressos segundo o número existente de anomalias no elemento

construtivo em relação ao total de anomalias possíveis (soco, peitoris, muretes/platibandas) . 53

Quadro 3.7 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa) ......................................... 54

Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) .................................................. 62

Quadro 4.2 – Anomalias / defeitos totais (Alvalade / Roma e Telheiras) ................................... 68

Quadro 4.3 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa) ......................................... 73

Quadro 4.4 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Alvalade / Roma)

..................................................................................................................................................... 78

Quadro 4.5 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Telheiras) ......... 79

Quadro 4.6 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Telheiras) 81

Quadro 4.7 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Alvalade /

Roma) .......................................................................................................................................... 81

Quadro 4.8 – Orientação das fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras) ..................................... 86

Quadro 4.9 – Indicadores de risco totais relacionados com a orientação da fachada (Alvalade /

Roma e Telheiras) ....................................................................................................................... 86

Quadro 4.10– Indicadores de risco de degradação nas fachadas (32 fachadas) ...................... 92

Quadro 4.11 – Indicadores de risco de degradação nas fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras)

..................................................................................................................................................... 95

Quadro 4.12 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa) ....................................... 95

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

1

1 Introdução

1.1 Considerações gerais

A construção de edifícios visa satisfazer uma necessidade humana básica, constituindo um

bem muito importante e essencial na sociedade actual, seja o edifício destinado à habitação,

ao comércio, ou a outro tipo de utilização. Com o intuito de durabilidade e preservação das

suas características iniciais, os edifícios necessitam naturalmente de acções de inspecção /

manutenção ao longo do tempo, que aumentem a sua vida útil e proporcionem o adequado e

eficaz desempenho em serviço de todos os seus elementos construtivos.

Nas últimas décadas, Portugal foi marcado por uma grande afluência da população às cidades,

o que teve muito impacto na construção portuguesa, em particular na zona urbana de Lisboa.

Perante este afluxo, houve a necessidade de construir edifícios para albergar estas

populações, originando um ritmo elevado de construção. De um modo geral, esta grande

necessidade de novas construções levou a que não existisse “tempo” suficiente para

elaboração de projectos de qualidade para todas as novas construções. Este facto, aliado à

existência de uma baixa qualificação da mão-de-obra na construção civil, colocou em causa a

própria qualidade do edificado em Portugal.

Por outro lado, as grandes cidades, em particular Lisboa, viram envelhecer os seus edifícios

mais antigos. As inadequadas / inexistentes acções de manutenção nestes edifícios, ao longo

das últimas décadas, contribuíram, em parte, para o actual estado do património do País.

Assim, conclui-se que nas últimas décadas, se por um lado houve uma construção descuidada

nos grandes centros urbanos através da falta de qualidade / adequabilidade tanto na fase de

concepção como de construção, por outro lado não foram tomadas as medidas de inspecção /

manutenção necessárias nos edifícios mais antigos, que com o tempo se foram degradando,

ou mesmo naqueles mais recentes, que progressivamente também necessitarão de

manutenção periódica.

Como parte integrante de um edifício, as fachadas assumem um especial e preponderante

papel no combate face aos agentes exteriores, que prejudicam e deterioram o edifício. Através

de elementos construtivos inseridos na fachada, é possível diminuir / evitar muitos dos

problemas causados pelos agentes exteriores, nomeadamente a acção da água. Quando

adequadamente pensados e executados, tanto na fase de concepção como na de construção,

estes elementos construtivos permitem prever, atenuar e/ou retardar as anomalias nas

fachadas.

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Introdução

2

Por seu lado, as acções de manutenção serão sempre necessárias e imprescindíveis ao longo

da vida útil de uma fachada, pois a normal utilização de um qualquer elemento construtivo

acarreta o aparecimento de um conjunto de anomalias já esperadas, como por exemplo a

sujidade / manchas de humidade que podem surgir ao longo de toda a zona corrente de uma

fachada, em socos, peitoris, entre outros.

A acção da água corresponde a um factor essencial a ter em conta em qualquer construção de

uma fachada de um edifício. A actuação deste agente exterior, por vezes em combinação com

o vento, pressupõe a existência de um conjunto de elementos construtivos devidamente

delineados e construídos face ao combate à acção da água, seja os efeitos prejudiciais das

águas das chuvas, da ascensão capilar, de entre outros problemas relacionados com a

humidade / água.

1.2 Objectivos e metodologia da investigação

É no contexto referido que se insere esta dissertação de mestrado, a qual tem como objectivo

principal a avaliação do risco de degradação face à acção da água de elementos construtivos

em fachadas de edifícios (edifícios construídos nos últimos 70 anos em Lisboa).

Mais especificamente, esta dissertação pretende avaliar o estado de degradação de fachadas

de edifícios na zona urbana de Lisboa, assim como a probabilidade da ocorrência de anomalias

nos seus elementos construtivos que interagem com a acção da água. Os objectivos são os

seguintes:

selecção das fachadas de edifícios a inspeccionar, através da escolha da(s) zona(s) no

interior de Lisboa, tendo em atenção a idade dos edifícios escolhidos e o tipo de

construção utilizada;

definição dos critérios e variáveis associados ao risco de degradação de uma fachada,

necessários à elaboração das fichas de inspecção e das fórmulas que resultarão nos

indicadores de risco; estes indicadores de risco irão permitir retirar conclusões e

elações acerca dos resultados obtidos, proporcionando ainda criar graus diferentes de

risco entre as fachadas inspeccionadas;

avaliação do risco existente nas fachadas e seus elementos construtivos, verificando o

seu estado de degradação existente e aferindo sobre a sua probabilidade de

deterioração ao longo da vida útil; identificação dos elementos construtivos mais

preponderantes face à acção da água na fachada, propondo soluções e/ou propostas

de intervenção sempre que se justifique e seja viável;

desenvolver uma metodologia de avaliação de fachadas e seus elementos

construtivos.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

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A parte prática desta dissertação centra-se em acções de inspecção a um conjunto de

fachadas definidas à priori, através do preenchimento de fichas de inspecção cuidadosamente

delineadas para a avaliação do risco em fachadas. Na parte escrita da dissertação, procura-se

então apresentar e discutir os resultados obtidos nas fichas de inspecção, tendo como base os

conhecimentos necessários ao seu entendimento. Com o intuito de chegar a algumas

conclusões viáveis e interessantes respeitantes ao estado e risco de degradação de fachadas

em Lisboa, pretende-se a apresentação dos resultados obtidos em diferentes quadros e figuras

tendo em conta as variáveis existentes, que possibilitem analisar criticamente os valores

encontrados e estabelecer relações entre eles.

Importa ainda referir que esta dissertação também tem como finalidade a sensibilização dos

intervenientes da construção civil no que diz respeito a uma melhoria da qualidade dos

processos construtivos nas fachadas de edifícios, seja na fase de concepção ou mesmo de

construção. Para além do referido, torna-se essencial também uma significativa melhoria na

fase de utilização dos edifícios, ou seja, um aumento do número de acções de inspecção /

manutenção periódicas ao longo da vida útil de cada fachada.

1.3 Organização da dissertação

A realização da presente dissertação abrange duas partes distintas, a parte prática e a parte

escrita, as quais se complementam ao longo do decorrer da mesma. A parte prática refere-se

ao trabalho de campo efectuado através de acções de inspecção a fachadas de edifícios,

enquanto que a parte escrita corresponde à pesquisa bibliográfica de toda a informação

necessária no âmbito do tema deste trabalho, assim como à sistematização e análise dos

resultados obtidos em trabalho de campo. A redacção desta dissertação encontra-se dividida

em 5 capítulos, bibliografia e anexos, de acordo com o descrito de seguida:

capítulo 1 – este capítulo procura evidenciar algumas notas introdutórias sobre a

temática abordada no presente trabalho, a referência aos principais factores que

motivaram a realização desta dissertação e aos objectivos da mesma. Este capítulo

procura ainda a descrição da metodologia utilizada na sua elaboração e da

organização da redacção da dissertação;

capítulo 2 – neste capítulo, descreve-se o conhecimento obtido através do

levantamento bibliográfico efectuado, subdividindo-se a primeira parte em 4 partes

menores: fachada como envolvente exterior, durabilidade e vida útil da fachada,

anomalias mais frequentes em elementos construtivos, e ainda na pormenorização de

elementos construtivos; ainda neste capítulo faz-se referência ao risco associado ao

desempenho em serviço de uma fachada face à acção da água, procurando abordar o

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Introdução

4

conceito de risco e os critérios e variáveis necessários na avaliação do risco de

degradação das fachadas;

capítulo 3 – neste capítulo, designado de trabalho de campo, pretende-se definir as

características das fachadas de edifícios que constituirão a amostra seleccionada para

as acções de inspecção. São então justificadas duas zonas urbanas de Lisboa

(Alvalade / Roma e Telheiras) como locais de escolha das fachadas a inspeccionar.

Este capítulo ainda visa estabelecer a metodologia de inspecção a utilizar em trabalho

de campo, através da definição de factores, critérios e de fórmulas adoptadas, as quais

servirão de base para a elaboração de fichas de inspecção que, por sua vez, permitirão

a avaliação in situ das fachadas;

capítulo 4 – este capítulo contempla a apresentação e discussão dos resultados

obtidos em trabalho de campo, tendo como base os elementos construtivos abordados

no capítulo 2 como elementos principais na avaliação do risco face à acção da água

numa fachada. Este capítulo procura apresentar exemplos de anomalias observadas

nas fachadas (registadas nas fichas de inspecção), propor soluções de intervenção nas

fachadas que eliminem as anomalias verificadas, analisar a informação sistematizada

em quadros e figuras, relacionar os resultados obtidos entre si, e ainda analisar

criticamente os valores encontrados, procurando retirar algumas conclusões

importantes no âmbito desta dissertação.

capítulo 5 – neste capítulo, apresentam-se as conclusões estabelecidas ao longo dos

vários capítulos anteriores, e sobretudo as conclusões finais da análise aos resultados

obtidos em trabalho de campo e apresentados no capítulo 5. Neste capítulo final, ainda

se procede à apresentação de algumas propostas de investigação a realizar

futuramente, com o objectivo de aprofundar e aumentar o conhecimento e a informação

existente sobre o tema desta dissertação.

Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho e os anexos

referenciados ao longo da dissertação (um conjunto de exemplos de fichas de inspecção

relativas às fachadas de edifícios inspeccionadas em trabalho de campo, e CD com as

restantes fichas de inspecção).

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

5

2 A água e o risco na fachada

2.1 Considerações gerais

De um modo geral, a água é tida como um dos principais factores prejudiciais ao bom

desempenho em serviço de uma fachada de um edifício. Como tal importa um contínuo

desenvolvimento e melhoramento dos pormenores construtivos da fachada, em conjunto com

acções adequadas e sistemáticas de manutenção.

No âmbito da presente dissertação, em particular neste capítulo, numa primeira fase torna-se

importante salientar a influência da água na fachada e nos seus elementos construtivos, assim

como os mecanismos de degradação da água na fachada, tendo como principal intuito uma

abordagem geral sobre os temas. Os aspectos da durabilidade e da vida útil de uma fachada

serão também analisados na óptica da sua alteração através da acção prejudicial da água.

Ainda neste capítulo, procurar-se-á, de uma forma mais detalhada, abordar e analisar os

problemas relacionados com a água que afectam, de uma forma geral, toda a fachada de um

edifício. Ou seja, numa qualquer fachada de um edifício, recente ou antigo, existe um conjunto

de anomalias que são observadas um pouco por todas as zonas da envolvente exterior, sendo

que estas incidem com maior frequência e gravidade nalguns elementos construtivos com

especial. Daqui resulta que, para além de uma abordagem geral, serão estes mesmos

elementos construtivos aqueles que importa aprofundar o conhecimento das suas

características (pormenores construtivos), bem como dos problemas que levam à sua

acelerada deterioração. Por uma questão de organização e divisão dos elementos que

constituem uma fachada, far-se-á referência aos aspectos (anomalias e pormenores

construtivos) relacionados com as zonas correntes da fachada, dos vãos de fachada e das

varandas e palas.

2.2 A influência da água na fachada

A acção da água / humidade corresponde a uma das causas primordiais das anomalias

observadas na envolvente exterior dos edifícios, pelo que se torna de maior importância o seu

estudo através de análises qualitativas e quantitativas que estabeleçam um conjunto de boas e

adequadas práticas na construção civil.

Nas fachadas, a presença de água é algo perfeitamente aceitável e expectável, sendo que

apenas a partir de um determinado nível esta passa a ser prejudicial aos diversos constituintes

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A água e o risco na fachada

6

das fachadas e, de uma forma geral, ao bom funcionamento do edifício. Como parte da

envolvente exterior dos edifícios, são os elementos das fachadas que, devido ao contacto

directo com os agentes agressivos (chuva, vento, variações de temperatura, poluição, entre

outros), se deterioram mais rapidamente e necessitam, por isso, de um maior número de

intervenções de manutenção (Figura 2.1) [VICENTE, 2002].

Figura 2.1 – Degradação de uma fachada (manchas / sujidade)

Apenas em casos muito excepcionais, o colapso de uma estrutura se deve na totalidade à

existência em excesso de água nos seus elementos construtivos. O que de facto acontece é

que, em muitas situações, a água representa um início e um meio, e não um fim, que conduz à

degradação das estruturas, e em última análise, ao colapso da mesma. Associados aos

fenómenos de humidade, observam-se outros factores, tais como o vento, a radiação solar ou

os agentes biológicos, que em conjunto propiciam, agravam e provocam o aparecimento de

fissuras, descasques, eflorescências, escorrimentos, de entre outros. Note-se que estas

anomalias são mais visíveis em elementos não estruturais de fachadas de edifícios,

nomeadamente nos vãos de fachadas, em varandas e palas [FLORES-COLEN, 2009].

Estas anomalias existentes apenas assumem especial interesse quando são ignoradas e nada

é feito para as contrariar, pois, como se sabe, todo o edificado possui uma vida útil e, portanto,

por vezes, a presença de determinadas anomalias apenas corresponde a um sinal de que são

precisas obras de manutenção. Muitos dos problemas, que se verificam no decorrer da

utilização de um edifício, têm a sua origem ainda na fase de projecto, onde são deficientes ou

mesmo inexistentes algumas pormenorizações construtivas necessárias a um bom

desempenho em serviço do mesmo. No entanto, é talvez na fase de construção que se

observa ainda a maioria dos erros construtivos, pois se por um lado, geralmente, existe falta de

cuidado de muitos dos operários na execução de alguns processos e métodos construtivos, por

outro lado a falta de controlo e fiscalização nas obras é ainda bastante notória [VICENTE,

2002].

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

7

Daqui resulta que uma boa pormenorização de elementos construtivos, assim como o

conhecimento das propriedades da água e dos seus mecanismos de degradação é essencial

para uma construção sustentável e durável, em particular em fachadas de edifícios correntes.

Tendo em atenção estes aspectos, neste capítulo procurar-se-á então evidenciar a influência

da água nos elementos construtivos que constituem uma fachada de um edifício, apresentando

exemplos de pormenores construtivos utilizados actualmente e que correspondem, de facto, a

boas soluções, bem como as anomalias mais frequentes a estes associadas.

2.3 A água e seus mecanismos de degradação na fachada

Em linguagem comum, a palavra água é referida apenas quanto à sua forma ou estado líquido,

no entanto a substância também possui um estado sólido (gelo, neve ou granizo) e um estado

gasoso (vapor de água). Este agente de natureza química actua a um nível macro e micro,

afectando, de uma forma bastante particular, as fachadas dos edifícios. Ao contrário da acção

da água no estado líquido e no estado gasoso, no seu estado sólido esta não apresenta

importantes efeitos nas fachadas dos edifícios em Portugal, com a excepção de algumas zonas

do país [FLORES-COLEN, 2009].

O teor de humidade de um material define-se a partir da sua quantidade de água, e representa

o quociente entre a massa da água do material pelo seu volume aparente, variando entre o

zero absoluto e um valor designado de crítico, o qual se encontra associado ao contacto com

um ambiente saturado durante longos períodos [RAMOS, 2007]. No decorrer deste documento

a referência aos conceitos de água e humidade serão utilizados muitas vezes como sinónimos,

uma vez que, de modo geral, os problemas na construção associados à água e à humidade

coincidem. Para um melhor planeamento das acções a serem desenvolvidas no futuro, é então

essencial o conhecimento dos factores que levam à deterioração das fachadas dos edifícios,

bem como dos seus mecanismos de degradação.

A humidade surgida nas fachadas dos edifícios revela-se sob diversas formas e pode ser

originada por várias causas, as quais são identificadas através de um conjunto de sintomas

característicos de patologia. De acordo com MAGALHÃES (2002), as formas mais comuns de

humidade excessiva na envolvente exterior de edifícios são a humidade de obra ou construção,

do terreno, de precipitação, de condensação, a devida a fenómenos de higroscopicidade e a

devida a causas fortuitas. Num edifício, constata-se então a presença da humidade de

construção durante a fase de maturação do betão desde a conclusão da obra; a humidade do

terreno proveniente do solo, por ascensão capilar, através das fundações ou paredes; a

humidade de precipitação correspondente à infiltração da água pelos elementos da fachada,

tendo em atenção que, na maioria das vezes em Portugal, como o intervalo de tempo de

precipitação é curto, este fenómeno é atenuado pela secagem dos elementos construtivos; a

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A água e o risco na fachada

8

humidade de condensação caracterizada pelo vapor de água que se condensa nos paramentos

exteriores ou no interior dos elementos de construção; a humidade devida a fenómenos de

higroscopicidade relacionada com os materiais de construção com sais solúveis em água

(propriedades higroscópicas) que, ao absorverem a humidade do ar, se dissolvem quando esta

atinge os 65 – 70% de humidade relativa, podendo voltar a cristalizar quando esta desce

abaixo destes valores; e a humidade devida a causas fortuitas, tais como as inundações, tubos

de queda e/ou rede de drenagem das águas danificada [VICENTE, 2002].

Os mecanismos de degradação que traduzem o transporte da água / humidade através da

fachada são o resultado de uma interacção complexa entre a própria parede, a estrutura

resistente e outros elementos construtivos que a ela se encontrem ligados [VICENTE, 2002].

Se por um lado, no estado de vapor, a difusão e os movimentos convectivos no interior dos

poros condicionam o transporte da humidade, por outro lado, no estado líquido, a gravidade, a

capilaridade e o efeito dos gradientes de pressão externas regem a transferência de humidade.

Mais complexos se tornam os presentes fenómenos de humidade, pelo facto de o transporte de

humidade, em fase líquida e em vapor, actuar em simultâneo, sendo condicionado em grande

escala pelas condições de temperatura, humidade relativa, precipitação, radiação solar e vento,

as quais apresentam muitas variações ao longo do tempo, e ainda pelas condições de

exposição associadas à orientação das fachadas [FREITAS, 1992].

Tal como referido, a presença de outros factores, para além da água, como o vento, a radiação

solar, a temperatura, de entre outros, deterioram e diminuem a durabilidade dos materiais

constituintes das fachadas. A acção combinada da água com o vento, actuando directamente

sobre os materiais, desencadeia diversos mecanismos destrutivos associados a fenómenos

físicos e químicos nas zonas de lavagem (lixiviação originada pela circulação da água) e “não

lavagem” (acumulação de sujidade com possibilidade de desenvolvimento de colonização

biológica).

Os materiais mais utilizados na construção são higroscópicos (propriedade de um determinado

material de absorver água), o que se manifesta na variação do seu teor em humidade quando a

humidade relativa varia. Do ponto de vista físico, existem quatro fenómenos relacionados com

a presença de água / humidade nas fachadas, podendo estes ocorrer isoladamente ou em

conjunto: gravidade, pressão do vento, capilaridade e a energia cinética das gotas das chuvas

[ALVES & SOUSA, 2003]. Entende-se por gravidade como a penetração da água em fissuras

superiores a 0.5 mm. A energia cinética das gotas da chuva corresponde à penetração de água

das gotas de chuva em largura de fendas superiores a 4 a 5 mm. A pressão do vento diz

respeito à água que atravessa a parede por acção do vento, em fissuras superiores a 0.1 mm.

E, por fim, a capilaridade retrata a circulação da água no interior dos materiais que constituem

os elementos construtivos. Estes fenómenos dependem da constituição e características dos

materiais utilizados, isto é, estão relacionados com a sua porosidade, a sua permeabilidade e

as fissuras presentes, de entre outros. É de salientar que outros autores consideram como três

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

9

os mecanismos fundamentais de fixação de humidade: absorção, condensação e capilaridade

[FREITAS, 1992].

2.4 Influência da água nos elementos construtivos na fachada

A água, talvez como o principal agente agressivo, influencia fortemente o desempenho em

serviço dos elementos construtivos que constituem uma fachada. Deste modo, uma boa e

adequada pormenorização destes elementos construtivos revela-se bastante importante e

preponderante, evitando posteriores intervenções de manutenção.

2.4.1 Fachada como envolvente exterior

Observando uma fachada de um qualquer edifício corrente é possível afirmar que a sua

degradação e deterioração visível ao longo do tempo, para além de afectar as características e

o bom funcionamento dos materiais existentes e para os quais os mesmos foram

dimensionados, induz também alterações significativas no aspecto estético da envolvente

exterior. De facto, este aspecto relacionado com a aparência visual de uma fachada

corresponde, de uma forma geral, a uma anomalia indicativa do estado de conservação e de

envelhecimento dos materiais envolvidos (Figura 2.2). Note-se que, decorridos apenas alguns

anos de finalizada a construção de um edifício, são, por vezes, já inúmeras as anomalias

visíveis na sua fachada, o que numa primeira análise não seria expectável e admissível.

Porém, a escassa existência de pormenorização de elementos construtivos, que combatam os

problemas de humidade / água, encontra-se na base do aparecimento de tais problemas

[FLORES-COLEN, 2009].

Figura 2.2 – Degradação de uma fachada (manchas / fissuração)

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A água e o risco na fachada

10

Evidencia-se muitas vezes a degradação das fachadas em grandes centros urbanos, em

particular aquelas com pouco tempo de utilização, o que torna mais fácil a observação do

mesmo por um mero observador que se interesse minimamente pela conservação da imagem

do seu bairro. Segundo ELDER & VANDENBERG (1977), as fachadas como elementos que

definem o espaço exterior do espaço interior possuem um importante e determinante papel na

configuração dos espaços urbanos, e como tal afectam, de um certo modo, a vivência dos seus

utentes. VALLEJO (1990) realça ainda que existe uma certa desvalorização e pouca

consciência social acerca das degradações com repercussão estética, resumindo-se apenas a

manutenção sobre edifícios com reconhecido valor de preservação [PETRUCCI, 2000].

2.4.2 Durabilidade e vida útil da fachada

Em primeiro lugar, importa definir o termo durabilidade, o qual pode ser identificado em dois

grandes grupos: durabilidade aplicável ao edifício e suas partes e durabilidade aplicável

apenas aos seus materiais de construção [ARAÚJO et al., 2008]. Em contrapartida, segundo a

definição da ASTM E632-82 (1996), o conceito de durabilidade define-se como a capacidade

de um produto, componente, montagem ou construção manter-se em serviço ou em utilização,

isto é, tem de ser capaz de desempenhar as funções para as quais foi projectado durante um

determinado período de tempo. Este período de tempo geralmente é expresso em anos de vida

e designa-se habitualmente por vida útil. Resumindo, considera-se vida útil de um edifício como

o período durante o qual este conserva os requisitos estabelecidos em projecto quanto à

segurança, funcionalidade e estética sem custos inesperados de manutenção e/ou reparação.

A água, como um dos factores externos de degradação, afecta de modo desfavorável a

durabilidade dos materiais constituintes das fachadas dos edifícios, diminuindo, por

conseguinte, a vida útil dos mesmos. Com o intuito de ver estabelecido o período de vida útil de

cada edifício para o qual foi concebido, em particular no que respeita às fachadas, é essencial

e de considerável importância, não só garantir uma adequada pormenorização tanto na fase de

projecto como em construção dos seus elementos construtivos, mas também apostar numa

constante e cuidada manutenção destes.

As fachadas, pertencentes à envolvente exterior dos edifícios, ao longo do tempo sofrem

naturalmente desgastes causados pelo Homem e / ou pela natureza, nomeadamente aqueles

relacionados com a humidade / água. Daqui resulta que, sem os devidos e antecipados

cuidados a adoptar para cada edifício em particular, uma contínua deterioração pela água

afecta fortemente o ciclo de vida das construções e seus materiais, podendo-se associar estes

problemas às condições atmosféricas de um determinado lugar e num determinado momento.

É comum afirmar que a ideia de envelhecimento de um edifício se contrapõe à necessidade de

conservar a sua vida útil e a durabilidade de todos os elementos construtivos envolvidos

[PETRUCCI, 2000].

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

11

2.4.3 Anomalias mais frequentes em elementos construtivos

Em fachadas de edifícios, existe um conjunto de anomalias mais recorrentes, as quais carecem

portanto de uma maior manutenção e implicam uma melhor pormenorização nos elementos

construtivos em que aparecem mais frequentemente.

2.4.3.1 Distribuição das anomalias

Segundo CALEJO & WESTCOT (2003), uma anomalia resulta de um “conjunto de fenómenos

associados a uma cadeia de relações causa-efeito que lhe está subjacente”, ou seja, uma

anomalia, como um possível defeito ou problema visível, tem na sua origem um conjunto de

fenómenos que representam um determinado processo patológico [LOPES, 2005].

Os elementos / pormenores construtivos são essenciais e determinantes numa boa e

adequada pormenorização das fachadas, sendo que os erros na sua concepção e execução,

na maioria das vezes, têm como consequência o aparecimento de anomalias afectas a cada

elemento em particular. Por este facto, a degradação de fachadas tem sido objecto de diversos

estudos e publicações, sendo que uma das anomalias mais frequentes está associadas à

humidade [CSCAE, 1999; FLORES-COLEN, 2009].

De acordo com um estudo apresentado em SOUSA (2004), é possível a análise da distribuição

das anomalias pelos diferentes elementos da envolvente exterior e interior de um edifício

(Figura 2.3).

Figura 2.3 – Distribuição de anomalias nos elementos da envolvente exterior e interior de edifícios (adaptado de [SOUSA, 2004])

6% 15%

11%

8%

11% 5%

28%

16%

Infra-estruturas (1)

Cobertura inclinada (2)

Cobertura em terraço (3)

Fundações (4)

Envolvente interior (5)

Estrutura de suporte (6)

Fachada (7)

Equipamentos (8)

2

3

4

5 6

7

8 1

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A água e o risco na fachada

12

Da análise da Figura 2.3, pode-se concluir que são as fachadas (vãos envidraçados, varandas /

palas e zonas correntes) os elementos mais afectados num edifício, com 28 % de incidência de

anomalias.

Dito de uma forma simples, as anomalias em fachadas são estudadas para diagnosticar as

prováveis causas associadas, as quais geralmente não ocorrem devido a uma única razão. A

ocorrência se deve a erros nos processos de concepção, construção e manutenção, ou seja,

numa deficiente pormenorização e escolha de materiais, no tipo de perfil do edifício (altura e

idade), em condições desfavoráveis ao nível de ambiente / utilização, numa mão-de-obra sem

qualificação para os processos construtivos e, por último, numa deficiente ou, mesmo,

ausência de manutenção [FLORES-COLEN, 2009]. A Figura 2.4 exemplifica essencialmente a

necessidade de uma maior utilização / pormenorização do projecto, ao nível da fachada, para

diminuição de anomalias.

Figura 2.4 – Origem das anomalias em fachadas [ALMEIDA, sd]

Pela análise da Figura 2.4, verifica-se que 41% das anomalias tem a sua origem em erros de

concepção, que 22% em erros de execução e que as restantes causas estão relacionadas com

a qualidade dos materiais, a má utilização, de entre outras. Daqui se conclui que, apesar de

mais visível nas fachadas dos edifícios recentes, os erros, tanto na fase de projecto como em

obra, assumem uma percentagem muito significativa no aparecimento de anomalias, o que

traduz, de certo modo, a actual falta de cuidado na construção em Portugal, bem como a

escassez de uma pormenorização adequada das fachadas [ALMEIDA, sd].

O processo de perda de desempenho de um edifício desenrola-se durante a sua vida útil, e

existem diversos factores que interferem nesse processo [LOPES, 2005]. No esquema

seguinte, é possível verificar o processo de degradação de uma fachada (Figura 2.5).

41%

22%

15%

9%

13%

Erros de concepção (1)

Erros de execução (2)

Qualidade dos materiais (3)

Má utilização (4)

Outras (5)

1

2

3

4

5

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

13

Figura 2.5 – Processo de perda de desempenho (adaptado de [CIB W86, 1993])

O aparecimento de uma determinada anomalia pode ser entendido como uma situação na qual

um qualquer elemento construtivo, em dado instante da sua vida útil, deixa de apresentar o

desempenho esperado, deixando assim de cumprir as funções para o qual foi projectado, tendo

em conta as necessidades dos utilizadores e as exigências funcionais e estruturais da fachada

[CAMPANTE, 2001; KONDO, 2003].

FLORES-COLEN & BRITO (2003) distinguem três tipos de anomalias: anomalias prematuras

ou precoces, anomalias reincidentes e anomalias correntes. Uma anomalia prematura surge

antes do tempo previsto para o seu aparecimento na fachada (anos iniciais da vida útil), e

deve-se na sua grande maioria a erros de concepção e execução (manchas de sujidade em

platibandas, peitoris, cornijas, de entre outros). Após uma eventual intervenção de manutenção

na fachada, as anomalias reincidentes são aquelas que reaparecem num curto espaço de

tempo posterior à intervenção, e estão geralmente associadas a uma acção de diagnóstico

inexistente ou inadequado [CALEJO & WESTCOT, 2003]. Segundo os mesmos autores e com

base num estudo efectuado, este tipo de anomalias corresponde sensivelmente a um terço do

total de anomalias. As restantes anomalias são consideradas as referidas anomalias correntes.

As anomalias ocorrem de uma forma diferenciada em diferentes zonas da fachada, verificando-

se, de uma forma geral, uma maior incidência na parede corrente e na zona junto às

platibandas e cornijas (1,5 metros abaixo da cornija), seguindo-se o soco, os vãos de fachada,

as varandas, as esquinas e as tubagens [FLORES-COLEN, 2009; ANUNCIADA, 2004;

GASPAR & BRITO, 2005]. Conforme citado em FLORES-COLEN (2009), para o caso de 50 e

150 casos estudados, verificou-se respectivamente, que 24% e 35% das anomalias

observadas incidem na parede corrente de uma fachada, e 19% nos 50 casos e 18% nos 150

casos junto às platibandas e cornijas. De acordo com GASPAR & BRITO (2005b), as

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A água e o risco na fachada

14

anomalias, derivadas da acção prejudicial da água / humidade, aparecem em maior número

nas zonas correntes da fachada e nas zonas das platibandas / cornijas, devidas aos ciclos de

molhagem e secagem, à absorção diferenciada de humidade nos paramentos. Refira-se ainda

que os vãos de fachada (peitoris, soleiras, caixilharias, de entre outros), as varandas e os

socos são, por sua vez, também especialmente sensíveis aos fenómenos de humidade

[VILHENA, 2002]. Saliente-se que a orientação de uma fachada, a localização geográfica do

próprio edifício, o tipo e a idade de reboco na fachada (reboco corrente, reboco pré-doseado,

pintura no acabamento, de entre outros) são factores que influenciam significativamente o

aparecimento e o número das anomalias [FLORES-COLEN, 2009; ANUNCIADA, 2004].

Das anomalias existentes nos edifícios, quer antigos quer recentes, as devidas à humidade

ocupam uma grande percentagem do total [SOUSA, 2005]. De acordo com ALMEIDA (sd),

diversos estudos demonstraram que as principais anomalias responsáveis pela degradação

das fachadas são as apresentadas na Figura 2.6.

Figura 2.6 – Principais anomalias em fachadas (adaptado de [ALMEIDA, sd]).

Da Figura 2.6, pode-se verificar que, de facto, os problemas associados aos fenómenos de

humidade correspondem a uma das maiores manifestações de anomalias observadas em

Portugal, com 37% de ocorrência nas fachadas. Note-se que, as restantes anomalias, apesar

de não se manifestarem como problemas de humidade, na sua grande maioria, encontram-se

relacionadas com a presença desta [VICENTE, 2002].

Segundo GAMA (2005), através da apresentação de um estudo de anomalias numa amostra

de edifícios num parque, obtiveram-se dois gráficos (Figuras 2.7 e 2.8) relativos a paredes

exteriores em zonas opacas e em zonas de vãos, respectivamente. Da análise da Figura 2.7,

pode-se verificar que 89% das fachadas observadas revelam anomalias relacionadas com a

humidade em zonas opacas, o que alerta para a problemática da água como agente

deteriorador de elementos construtivos. Tal como nas zonas opacas, nas zonas dos vãos de

fachada os fenómenos de humidade manifestam-se de uma forma especial, pois em 94% das

fachadas estudadas existem problemas de funcionamento no sistema de drenagem das águas

pluviais (inclinação e balanço do peitoril, inexistência de rasgos, de entre outros). Por sua vez,

37%

16%

15%

4%

28% Humidade (1)

Fissuração (2)

Deslocamento dos revestimentos (3)

Instalações de Aquecimento (4)

Outras (5)

1

2 3

4

5

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

15

em 89% dos casos existem problemas de infiltração, o que só acentua ainda mais o cuidado na

pormenorização dos elementos da fachada [GAMA, 2005].

Figura 2.7 – Anomalias em paredes exteriores (pano opaco) (GAMA, 2005)

Figura 2.8 – Anomalias em paredes exteriores (vãos de fachada) (GAMA, 2005)

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A água e o risco na fachada

16

Tendo em conta o desenvolvimento e aparecimento de novos materiais e sistemas de

construção, em conjunto com a utilização de novas tecnologias e um conhecimento e

preocupação crescente com a qualidade e controlo de produtos e serviços, seria de esperar

uma diminuição das anomalias relacionadas com a humidade nas fachadas dos edifícios, facto

este que na realidade não se verifica. Isto acontece pelas razões acima mencionadas, as quais

se prendem com a existência de inúmeros erros de concepção e erros de construção que se

repercutem, posteriormente, no desenvolvimento de anomalias. Esta situação é especialmente

grave e visível nos elementos da envolvente exterior dos edifícios, em particular nos pontos

singulares como os vãos de fachada, em varandas e palas, de entre outros [VILHENA, 2002].

Como consequência dos erros referidos surgem um número variado e diversificado de

anomalias face à acção da água, sendo que procurar-se-á neste capítulo tanto quanto possível

fazer referência às anomalias mais frequentes e que apresentem um grau elevado de risco de

ocorrência e gravidade para a durabilidade das fachadas dos edifícios, bem como das

principais e mais prováveis causas a estas associadas.

2.4.3.2 Fachadas e muretes

Em fachadas e muretes, o aparecimento de anomalias relacionadas com a presença da água

nos elementos construtivos é bastante comum. Em VILHENA (2002), é apresentado um estudo

que indica a frequência das anomalias em função da origem da humidade, apenas no que diz

respeito às anomalias em superfícies correntes de fachadas (Quadro 2.1).

Quadro 2.1 – Frequência das anomalias em função da origem da humidade (%) (VILHENA, 2002)

Formas de manifestação da humidade

Anomalias Humidade

de obra

Humidade

do terreno

Humidade

de precipitação

Humidade

de condensação

Humidade

higroscópica

Causas

fortuitas Total

Manchas 0,0 2,6 14,0 14,9 0,4 0,4 32,3

Água líquida 0,0 2,6 7,0 1,7 0,0 0,9 12,2

Eflorescências

Criptoflorescê-

-ncias

0,9 1,8 2,6 1,7 1,0 0,0 8,0

Fendilhações 10,5 2,6 2,6 0,0 0,5 0,4 16,6

Destaques 0,0 0,0 3,5 0,0 0,4 0,0 3,9

Empolamentos 0,0 0,0 1,7 0,0 0,0 0,0 1,7

Degradação 0,0 3,5 2,6 0,9 0,0 0,0 7,0

Vegetação

parasitária

Colonização

biológica

0,0 0,0 5,2 13,1 0,0 0,0 18,3

Total 11,4 13,1 39,2 32,3 2,3 1,7 100,0

A análise deste Quadro 2.1 permite afirmar que as manchas correspondem à anomalia mais

encontrada nas fachadas com 32,3%, sendo que pode ser, em grande parte, associada às

designadas humidade de precipitação e de condensação. Seguindo-se as anomalias

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

17

relacionadas com a vegetação parasitária, colonização biológica e aquelas que originam

fendilhação. Por outro lado, a partir Quadro 2.1 é possível verificar que é a humidade de

precipitação a que mais origina anomalias, estando no entanto bastante próxima da humidade

de condensação. Como possível explicação poder-se-á afirmar que, para o aparecimento de

anomalias que derivem das duas humidades referidas, essencialmente os problemas centram-

se numa má concepção e execução das fachadas [VILHENA, 2002].

Destas salientam-se aquelas que, pelas razões já mencionadas, se tornam mais relevantes no

âmbito desta dissertação, em conjunto com as causas principais e mais prováveis a estas

associadas, exceptuando aquelas relacionadas com erros de projecto e construção:

o desenvolvimento de vegetação parasitária de grande porte (plantas, erva),

proveniente de condensações que derivam da criação de condições de humidade

permanente em zonas de revestimento. Para além da água / humidade, a acumulação

de pó, sujidade e poluentes contribuem para o desenvolvimento e subsistência da

referida anomalia. A rugosidade do acabamento, por sua vez, também influencia a

presença destes organismos vivos nas fachadas, favorecendo a retenção de poeiras

sobre o paramento, assim como a elevada porosidade do revestimento que prolonga a

presença de humidade nos poros da argamassa. [ARAÚJO et al., 2008, ANTUNES,

2010 & ANUNCIADA, 2004]. Este tipo de anomalia deteriora as superfícies dos

revestimentos, não só pela sua presença, mas também pelo ataque destes organismos

e microrganismos vivos ou dos produtos químicos que expelem [ANUNCIADA, 2004];

a colonização biológica (algas, líquenes, fungos, musgos, verdete) (Figura 2.9). As

causas para este tipo de anomalia são, em geral, as mesmas expressas para o caso

anterior. Os fungos e algas geralmente formam manchas de cor escura ou esverdeada

e ocorrem em situações pontuais, no entanto podem também cobrir grandes áreas;

a desagregação / erosão / empolamento / crateras / eflorescências /

criptoflorescências. Segundo APPLETON (2003), estas anomalias são “muito

frequentes e devem-se, entre outros motivos, ao efeito da humidade no seu percurso

no interior da parede, quando, após a dissolução de sais, se dá a sua cristalização,

com a evaporação da água que atinge a superfície da parede” [ARAÚJO et al., 2008].

A eflorescência é um fenómeno causado essencialmente por três factores igualmente

importantes e necessários: o teor de sais solúveis presentes nos materiais, a presença

de água e a diferença de pressão (Figura 2.10). Esta apresenta geralmente uma

coloração esbranquiçada e, numa fase mais adiantada de deterioração, pode originar

fissuração e empolamento por dilatação diferencial na espessura da camada de

revestimento exterior [ANUNCIADA, 2004]. Por sua vez, a desagregação consiste na

perda de continuidade da argamassa, podendo manifestar-se através do esfarelamento

da argamassa. [ANTUNES, 2010];

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A água e o risco na fachada

18

Figura 2.9 – Colonização biológica

Figura 2.10 – Eflorescências

a alteração de cor, o amarelecimento, causada pela acção dos agentes atmosféricos,

nomeadamente a humidade [ARAÚJO et al., 2008]; De entre outros factores, a acção

mecânica da água da chuva provoca a degradação da fachada, iniciando-se o

processo com a erosão precoce do revestimento e, de seguida, com a alteração da cor

e do aspecto exterior dos paramentos [ANUNCIADA, 2004];

a sujidade / manchas de humidade / manchas localizadas (Figuras 2.11 e 2.12) visíveis

com mais frequência em edifícios com idade avançada, desenvolvem-se pela criação

de caminhos preferenciais para a água na fachada. No caso das manchas localizadas,

estas revelam-se pela mudança de textura e cor por acção da humidade [ARAÚJO et

al., 2008]. A acumulação de detritos e poeiras, em zonas salientes ou de relevos

acentuados na fachada, cria um ambiente de sujidade que actua como “esponja” de

retenção de humidade [RIBEIRO, 2000];

Figura 2.11 – Escorrimentos

Figura 2.12 – Manchas localizadas

ascensão capilar da água em fachadas, nomeadamente ao nível de pisos térreos ou

caves (Figura 2.13). Este fenómeno manifesta-se por manchas de humidade,

desenvolvimento de fungos e líquenes e ainda por eflorescências. As causas

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A água e a sua influência na fachada

20

associadas prendem-se com a humidade do terreno e, em alguns casos, com a

inexistência de soco [ARAÚJO et al., 2008];

a inexistência de capeamento em muretes e platibandas (Figura 2.14), que deste

modo, não impede a entrada de água nestes elementos. Esta anomalia de primeira

instância, a qual constitui um erro de projecto ou construção, pode conduzir a

anomalias posteriores já mencionadas (colonização biológica, de entre outras), essas

sim que degradam e diminuem a durabilidade dos seus materiais [ARAÚJO et al.,

2008; SOUSA, 2004];

Figura 2.13 – Ascensão capilar

Figura 2.14 – Inexistência de capeamento com material estanque à penetração da água

a inexistência de pingadeira no capeamento (Figura 2.15), que conduz invariavelmente

a anomalias na fachada relacionadas com a água [ARAÚJO et al., 2008];

Figura 2.15 – Inexistência de pingadeira no capeamento

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A água e o risco na fachada

20

fissuração por acção da água, tanto nas zonas correntes como nos pontos singulares

das fachadas. Perante condições rigorosas e adversas de temperaturas inferiores a

0ºC, a água presente no interior da parede passa do estado líquido para o estado

sólido, podendo dar origem as fissurações na fachada devido ao aumento significativo

de volume [ANTUNES, 2010].

2.4.3.3 Vãos de fachada

Tal como no subcapítulo anterior, as anomalias em vãos de fachada são uma constante

presente em diversos edifícios, tanto antigos como recentes, e que carecem de intervenção

imediata e eficaz que prolongue a vida útil do edificado em Portugal. De acordo com um estudo

efectuado em [SOUSA, 2004] foi possível apresentar uma síntese das anomalias observadas

nos vãos de fachada pertencentes a um conjunto de edifícios seleccionadas (Figura 2.16).

Figura 2.16 – Distribuição de anomalias nos vãos envidraçados (adaptado de [SOUSA, 2004])

Pela análise da Figura 2.16 pode-se verificar que as anomalias afectas às janelas e porta-

janelas correspondem a uma grande percentagem do total observado, com 67% de incidência.

De referir que estas anomalias foram observadas a dois níveis, como é dito em [SOUSA,

2004], pois estas incidem efectivamente sobre os elementos considerados, assim como na

interface de ligação entre os mesmos e os restantes constituintes dos vãos e/ou com a

envolvente da fachada. Porém, no Figura 2.16 não são distinguidos estes dois níveis

mencionados, nem tão pouco os elementos que constituem cada uma das divisões, podendo-

se no entanto prever que, por exemplo para o caso mais significativo das janelas e porta-

janelas, as anomalias verificadas digam respeito a peitoris (manchas, fissuração, de entre

outros), caixilharia exterior, de entre outros.

Na origem de muitas anomalias visíveis nos vãos envidraçados, encontram-se aquelas

provenientes de deficientes processos de concepção, de construção e de instalação da

67%

13%

7%

6% 7%

Janelas e porta-janelas (1)

Vidros (2)

Portas (3)

Protecções exteriores (4)

Outras (5)

1

2

3 4

5

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

21

caixilharia exterior (vedantes na junta móvel, pequenas aberturas nas juntas fixas do caixilho,

de entre outros), sendo que este facto propicia a acção da água e a degradação dos próprios

materiais envolvidos. De todas as formas de humidade já caracterizadas num capítulo anterior,

a designada humidade de construção corresponde à que mais afecta os vãos envidraçados,

em particular os que se encontram orientados a Sudoeste (o mais exposto à chuva e ao vento

em Portugal). Em especial para estes casos, existe a possibilidade de infiltrações de água para

o interior dos edifícios através das juntas móveis, sendo que a estanqueidade à agua em vãos

de fachada é tanto ou mais importante que a permeabilidade ao ar do caixilho [ARAÚJO et al.,

2008] [ANTUNES, 2010].

Por seu lado, o tipo de material utilizado nas caixilharias influencia fortemente o funcionamento

em serviço dos elementos que constituem os vãos envidraçados. No caso de uma caixilharia

de madeira, a existência de ambientes muito húmidos pode conduzir ao seu humedecimento

por higroscopicidade do material, levando a posteriores “empolamentos” e a outras anomalias

que daí tenham a sua origem. Numa caixilharia metálica, os problemas associados ao seu

humedecimento têm forte repercussão na corrosão do material. Dos vãos de fachada, para

além dos vãos envidraçados, ainda fazem parte outros elementos secundários, tais como as

portas exteriores, os elementos de cerramento dos vãos de fachada (persianas, portadas, entre

outros), as guardas e os lanternins. À semelhança dos elementos já abordados, estes outros

agora descritos são também atacados pela água, sendo que as anomalias e as causas

presentes são, por sua vez, muito análogas às visíveis nos vãos envidraçados [ARAÚJO et al.,

2008] [ANTUNES, 2010].

Note-se que por uma questão de repetição de informação, não se fará referência, às anomalias

que coincidirem com as já mencionadas nos subcapítulos anteriores, e que não apresentem

interesse para além do já demonstrado. As anomalias em destaque (em conjunto com as

causas associadas) para o presente trabalho são então:

fissuração em peitoris / soleiras / ombreiras / vergas, provocada, muitas vezes, pela

acção da água, que deriva de uma defeituosa concepção e construção dos peitoris

(Figura 2.17) [ARAÚJO et al., 2008] [SILVA & TORRES, 2003].

manchas prematuras em peitoris e em zonas envidraçadas, causadas pela acção

prejudicial da água sobre os mesmos, que se evidencia numa descoloração em

fachadas de edifícios, antes do tempo normalmente esperado para essa alteração

(Figura 2.18). Esta situação, em muitos casos, se deve a uma deficiente

pormenorização dos vãos de fachada ainda na fase de projecto. Por exemplo, os

peitoris devem ser executados tendo em conta a sua mais adequada inclinação,

balanço e a existência de rasgos e de pingadeira que permitam proteger efectivamente

o revestimento da acção da água da chuva [FLORES-COLEN, 2003].

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A água e o risco na fachada

22

escorrimentos associados à presença de água em excesso, nas zonas dos cantos dos

peitoris ou nas zonas do coroamento de muretes / platibandas [ARAÚJO et al., 2008].

Esta anomalia caracteriza-se pelo escorrimento da água da chuva por caminhos

preferenciais ao longo da fachada. Embora a água da chuva actue, muitas vezes, de

forma benéfica como agente de limpeza da sujidade acumulada sobre os

revestimentos, nas zonas de singularidade e saliências a água tende a acumular-se de

uma forma não uniforme, originando então as anomalias relacionadas com o fenómeno

de escorrimento [ANUNCIADA, 2004];

humidade de infiltração, nomeadamente em caixilhos mal executados e concebidos

[ARAÚJO et al., 2008].

Figura 2.17 – Fissuração em peitoris

Figura 2.18 – Manchas em peitoris

2.4.3.4 Varandas e palas

Por fim, as anomalias em varandas e palas são igualmente bastante comuns um pouco por

todo o edificado em Portugal. Apesar, de na sua grande maioria, as anomalias presentes em

varandas e palas coincidirem com as já caracterizadas para os muretes / fachada e os vãos de

fachada, existem no entanto algumas merecedoras de especial destaque neste subcapítulo.

Apresentam-se então as seguintes anomalias:

os guarda-corpos das varandas são afectados, em grande escala, pela humidade,

sendo estes de madeira ou metálicos, provocando a sua degradação e podendo ter

consequências muito gravosas para a segurança dos utentes (Figura 2.19) [ARAÚJO

et al., 2008];

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

23

Figura 2.19 – Degradação dos guarda-corpos

a inexistência de tubo-ladrão na laje ou a sua ineficaz drenagem pode proporcionar

problemas de humidade (um excesso de água nas varandas) [ARAÚJO et al., 2008].

2.4.4 Pormenorização de elementos construtivos

As fachadas, fortemente afectadas por diversas anomalias associadas à água, constituem um

dos primeiros elementos de pormenorização a ter em conta para a obtenção de um bom e

adequado desempenho em serviço de um edifício [VILHENA, 2002].

A envolvente exterior dos edifícios, em particular no que diz respeito às fachadas, é na sua

generalidade constituída por superfícies opacas e superfícies envidraçadas, subdividindo-se as

primeiras em zonas correntes e pontos singulares [SILVA & TORRES, 2003]. Estes pontos

singulares estão na sua maioria relacionados com os locais de maior risco de ocorrência de

anomalias, e abrangem as zonas dos vãos de fachada, de varandas / palas, bem como de

todas as zonas de ligação com a estrutura [VILHENA, 2002].

Nos subcapítulos a seguir apresentados procurar-se-á tanto quanto possível apresentar as

pormenorizações daqueles elementos construtivos pertencentes às fachadas que, de uma

forma mais ou menos directa, se encontram relacionados com a presença da água nos seus

materiais. De uma forma geral, serão considerados os seguintes grupos de elementos

construtivos: fachadas e muretes; vãos de fachada; e varandas e palas [ARAÚJO et al., 2008].

2.4.4.1 Fachadas e muretes

Nas fachadas e muretes é possível observar muitas singularidades nas quais se encontra bem

patente e explícita a influência da humidade / água no desempenho em serviço dos materiais

envolvidos. Deste modo, tanto na fachada como nos muretes (“muro” ou “parede” de pequena

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A água e o risco na fachada

24

dimensão visível em varandas, palas, de entre outros) encontram-se alguns pormenores

construtivos necessários e indispensáveis para a maioria dos edifícios correntes, mas que, no

entanto, não são suficientes para o controlo eficaz da acção da água nestes, devendo

periodicamente, sempre que se justifique, proceder-se a intervenções de manutenção

[ARAÚJO et al., 2008]. Serão de seguida apresentados os pormenores construtivos mais

adequados e utilizados para as fachadas dos edifícios recentes, bem como os cuidados e as

recomendações a adoptar nas mais diversas situações:

a existência de capeamento / coroamento nos muretes, que corresponde a um

revestimento superior de um murete com material impermeável provido de um

adequado e eficiente elemento de remate (Figura 2.20) [ARAÚJO et al., 2008]; Este

remate deve ser concebido de modo a proteger as superfícies expostas à acção da

água, nomeadamente no que diz respeito a uma inclinação suficente, à existência de

pingadeiras e constituído por um material pouco poroso e adequado para o fechamento

das juntas [BRITO & FLORES-COLEN (2009) citado em FLORES-COLEN (2009)];

a presença de pingadeira no capeamento, que equivale à existência de um sulco

executado na parte inferior do coroamento, de modo a evitar o escorrimento da água

pelos materiais constituintes da fachada. Esta deve estar completamente livre e nunca

em contacto com o paramento do murete [ARAÚJO et al., 2008; SILVA, TORRES,

2003];

as gárgulas (“peças” de escoamento de águas pluviais destinadas a conduzir a água a

certas distâncias das fachadas) (Figura 2.21) [ARAÚJO et al., 2008];

Figura 2.20 – Colonização biológica

Figura 2.21 – Exemplo de uma gárgula

as dimensões e o tipo de soco (revestimento junto ao solo nas fachadas, também

designado de lambril exterior, ao nível do solo, até uma altura aproximada de 1,80

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

25

metros) (Figura 2.22). Este geralmente é executado com material diferente do aplicado

no revestimento da fachada, podendo ser constituído por ladrilhos cerâmicos, ladrilhos

hidráulicos, placas de pedra natural ou artificial, ou ainda argamassa cimentícia. O

soco pode corresponder a uma importante “ferramenta” face à acção prejudicial da

água, pois esta por ascensão capilar pode provocar diversas anomalias na fachada ao

nível do piso térreo, dependendo estas da altura das paredes relativamente ao nível do

solo. Tendo em conta que, em geral a altura máxima atingida pela humidade não

ultrapassa os 1,50 metros acima do solo, a existência de um soco com mais de 1,50

metros de altura nos paramentos exteriores em determinadas situações proporciona

melhores garantias de durabilidade dos materiais. Assim, a porosidade, a

permeabilidade, as características do material pertencente ao soco, de entre outros,

assumem especial interesse no combate ao fenómeno de capilaridade da água, bem

como de outras anomalias relacionadas com a humidade / água [ARAÚJO et al., 2008 ;

VILHENA, 2002];

o(s) material(ais) em cunhais (ângulos salientes formados por duas paredes

convergentes). É comum aplicar-se apenas um tipo de material nos cunhais, como é

caso mais habitual da argamassa cimentícia, podendo, no entanto, serem utilizados,

ladrilhos cerâmicos, ladrilhos hidráulicos e/ou placas de pedra natural ou artificial. Os

cunhais são zonas sensíveis ao aparecimento de diversas anomalias, estando, por

exemplo, sujeitos muitas vezes à ocorrência de fissuração por choque e/ou vandalismo

nomeadamente com maior relevância naquelas zonas junto ao solo e à via pública

(zona adjacente á via pública). Daqui resulta que uma escolha adequada dos materiais

a utilizar nos cunhais, bem como uma correcta aplicação dos mesmos, pode conduzir a

uma melhor e mais prolongada preservação da fachada [ARAÚJO et al., 2008];

a aplicação, sempre que necessário e conveniente, de mastiques em juntas de

dilatação (material elástico que, durante o seu tempo de trabalhabilidade, se destina a

assegurar a estanqueidade de uma junta de dilatação). O mastique tem como principal

objectivo garantir o deslocamento relativo nas juntas de dilatação estruturais de

edifícios, em especial ainda no decurso da construção, e impedir a entrada de água

nos materiais da fachada (Figura 2.23) [VILHENA, 2002];

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A água e o risco na fachada

26

Figura 2.22 – Exemplo de um soco

Figura 2.23 – Deterioração de mastiques

a correcta colocação dos tubos de queda (tubo para escoamento de águas pluviais ou

águas residuais domésticas) e das respectivas abraçadeiras de amarração. Note-se

que se deve, com alguma frequência, proceder-se á substituição das abraçadeiras de

amarração, as quais geralmente são de metal (Figura 2.24) [ARAÚJO et al., 2008];

Figura 2.24 – Deficiências em tubo de queda

2.4.4.2 Vãos de fachada

Os vãos de fachada são zonas críticas de qualquer envolvente exterior de um edifício, uma vez

que neles se encontram diversos elementos construtivos de materiais muitas vezes distintos da

própria fachada, propiciando deste modo, por exemplo, a entrada da água na interface dos

mesmos [ARAÚJO et al., 2008].

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

27

De seguida descrevem-se os mais relevantes pormenores construtivos que constituem os vãos

de fachada, e que permitem, quando correctamente executados, um melhor funcionamento dos

vãos face à acção da água e, por conseguinte, da fachada como um todo.

No âmbito deste trabalho, e talvez de entre todos os pormenores construtivos pertencentes aos

vãos de fachada, são de salientar os peitoris e todos os elementos construtivos a ele

associados. Isto acontece, não só devido ao facto de estes constituírem singularidades da

fachada muito importantes para a estanqueidade à água da chuva incidente, mas também pelo

facto de os mesmos apresentarem, ainda em muitos casos, erros construtivos graves, mesmo

nos edifícios mais recentes, que conduzem e agravam por sua vez as anomalias. Por norma,

estes erros, tanto visíveis na fase de projecto como em construção, alteram e diminuem

significativamente o desempenho funcional dos peitoris durante a sua vida útil, e para os quais

aqueles foram inicialmente concebidos e executados [ARAÚJO et al., 2008; SILVA, TORRES,

2003]. Deste modo, torna-se essencial o planeamento dos peitoris, nomeadamente no que diz

respeito à sua geometria e composição (tipo de material, sendo os peitoris mais comuns

executados em madeira, pedra ou metal), procurando então impedir possíveis infiltrações ou

mesmo gerar caminhos preferenciais para a água (humidade, chuva, de entre outros), que

impeçam o bom desempenho em serviço das paredes onde os mesmos estão integrados

(Figura 2.25) [SILVA & TORRES, 2003].

Figura 2.25 – Exemplo de um peitoril em pedra

Dependendo das condições ambientais em que o edifício se encontra implantado, da utilização

prevista para cada caso em específico, bem como do tipo de materiais envolvidos na

construção deste, são de boa prática os seguintes elementos construtivos em peitoris:

peitoris com rasgos. Quando correctamente executados, estes rasgos impedem a

entrada de água no interior do edifício, conduzindo a água incidente nos peitoris para

longe das fachadas [SILVA & TORRES, 2003];

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A água e o risco na fachada

28

peitoris com pingadeira (Figura 2.26). O bordo exterior deve ser munido, inferiormente,

de uma pingadeira longitudinal dimensionada de acordo com a norma D.T.U. 20.1/NF

P-202 (Obras de alvenaria de pequenos elementos – Paredes e muros). Na Figura 1.7

verifica-se que a pingadeira deverá estar afastada de, pelo menos, 1.5 cm da parte

exterior dos peitoris e possuir uma largura de aproximadamente 1.5 cm ao longo da

sua extensão [ARAÚJO et al., 2008];

Figura 2.26 – Esquema das dimensões dos peitoris (SILVA & TORRES, 2003)

peitoris com inclinação. De acordo com a mesma norma referida, os peitoris devem ser

realizados com pendente para o exterior, completado, no lado interior, por um ressalto

como parte integrante do apoio e não colocado posteriormente (Figura 2.26). No

Quadro 2.2 observa-se as dimensões mínimas para os peitoris segundo a D.T.U. 20.1.;

Quadro 2.2 – Dimensões mínimas para os peitoris (SILVA & TORRES, 2003)

Apoio l (mm) h (mm) tg α

Moldado no local antes da colocação da caixilharia 40 25 0,10

Pré-fabricado e colocado no local antes da colocação da caixilharia

30 25 0,10

Moldado no local após a colocação da caixilharia 40 40 0,10

Por seu lado, existem ainda alguns pormenores construtivos a ter em conta na concepção de

um vão de uma fachada corrente, bem como determinadas recomendações a seguir durante a

construção e manutenção dos mesmos:

soleiras com rasgos, apresentando a mesma funcionalidade dos rasgos em peitoris

(Figura 2.27) [ARAÚJO et al., 2008];

a aplicação correcta e adequada de vedantes na ligação dos caixilhos ao vão e ao

envidraçado, impedindo a entrada da água no interior do edifício (Figura 2.28).

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

29

Figura 2.27 – Soleira sem rasgos

Figura 2.28 – Aplicação incorrecta de vedante na ligação dos caixilhos ao vão e ao

envidraçado

2.4.4.3 Varandas e palas

As varandas são regra geral, construídas em betão armado, em pedra ou com estrutura

metálica, sendo que podem ser realizadas com apoio em consola ou em vigas de bordadura.

Nas varandas observam-se guarda-corpos com muretes de alvenaria ou em betão armado ou

com gradeamentos metálicos (anodizados, lacados ou pintados). Por seu lado, designam-se

palas os elementos arquitectónicos para a protecção das chuvas e sombreamento dos edifícios

[ARAÚJO et al., 2008].

Tal como nas fachadas / muretes e nos vãos de fachada, as varandas e as palas devem

apresentar determinados elementos construtivos que sirvam para evitar ou, pelo menos,

diminuir o efeito prejudicial da água na fachada. Destes elementos destacam-se os seguintes:

a existência de pingadeira em varandas deve apresentar as mesmas dimensões

construtivas já mencionadas na norma D.T.U. 20.1/NF P-202;

a existência de tubos-ladrão em muretes / platibandas, os quais permitem o

escoamento da água, em situações de inundações de varandas ou coberturas em

terraço [ANTUNES, 2010];

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A água e o risco na fachada

30

2.5 O risco associado ao desempenho em serviço de uma fachada face à

acção da água

2.5.1 Considerações iniciais

Em qualquer fachada, dependente de diversos factores, existe sempre associado um factor de

risco relacionado com a sua precoce degradação e o não cumprimento do seu desempenho

em serviço, preconizado numa fase inicial do projecto. Ora, este risco de deterioração afecta de

forma diferenciada os diversos elementos construtivos que constituem a fachada. Assim

importa distinguir tais elementos e aferir sobre aqueles que maior importância apresentam para

a fachada, seja pela sua maior influência na deterioração da fachada, seja pelo recorrente

aparecimento de anomalias nestes. É de salientar alguns dos factores que intervêm na

avaliação do risco de uma fachada: o clima / ambiente do local; o tipo de edifício e a utilização

prevista para o mesmo; a orientação da fachada; a vida útil / durabilidade da fachada e dos

seus constituintes; o material e o estado de degradação de cada elemento construtivo; a

influência na estrutura do edifício, de entre outros.

Este subcapítulo tem como principais objectivos o conhecimento do risco relacionado com a

acção prejudicial da água, presente nas fachadas de edifícios, a associação desse mesmo

risco com a degradação da fachada e dos seus elementos construtivos, e ainda a

apresentação de factores e variáveis que intervêm no risco de degradação de uma fachada.

Note-se que este risco diz respeito à sucessiva e recorrente deterioração a que, de uma forma

geral, estão sujeitas as fachadas de edifícios.

2.5.2 Conceito de risco

Segundo o dicionário de língua portuguesa a palavra risco pode ser referida como “a

possibilidade de um acontecimento futuro e incerto”, que tanto pode ser observado como um

acontecimento positivo ou negativo, sendo que é mais comum associar a palavra “risco” a

acontecimentos de carácter negativo. No âmbito da engenharia civil e desta dissertação em

particular, este conceito pode ser entendido como a probabilidade de degradação de um

determinado elemento construtivo da fachada antes de terminado o tempo da sua vida útil, que

conduz a uma deterioração geral da própria fachada.

GUILAM (1996) distingue em três áreas básicas a “literatura do risco”: medida do risco à saúde;

análise / verificação / administração do risco; e o enfoque do risco. Para a engenharia civil

interessa abordar a segunda área referida, e que se centra na temática do risco designada

internacionalmente por “Risk Assessment” ou “Risk Analysis”, e analisa o impacto da

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

31

introdução de modernas tecnologias na sociedade, em particular na construção civil, através de

métodos quantitativos (medições ambientais, relação custo-benefício) e/ou da discussão da

gestão do risco (Risk Management). Note-se que a “Risk Assessment” e a “Risk Analysis”

abordam a avaliação objectiva do risco, tendo como pressuposto que os riscos podem ser

conhecidos, quantificados e, por conseguinte, minimizados [GUILAM, 1996].

Esta área de análise de risco (“Risk Analysis”) desenvolve-se essencialmente em países

desenvolvidos e procura compreender e aprofundar as questões do risco relacionadas com o

avanço tecnológico. As modernas tecnologias, nomeadamente os sucessivos novos métodos e

técnicas de pormenorização cada vez mais eficazes, permitem uma melhoria significativa no

desempenho em serviço dos elementos construtivos em fachadas, no entanto existe uma

relação estreita entre as melhorias proporcionadas e os indesejáveis “efeitos colaterais”. Daqui

resulta a importância da introdução da relação risco-benefício quando se pretende utilizar

novas técnicas ou métodos na construção civil, ou seja, a relação entre o risco a que se expõe

um determinado elemento construtivo e o benefício do qual o mesmo desfruta em serviço. A

problemática do risco, na óptica da “Risk Analysis”, implica a consideração de factores, tais

como, a quantificação do risco, a determinação de níveis de tolerância, a aceitabilidade de um

risco, e a utilização dos estudos de risco para tomadas de decisões. Embora citados

separadamente, estes factores, na maioria das vezes, encontram-se relacionados uns com os

outros e dependem uns dos outros [GUILAM, 1996].

Segundo GUILAM (1996), o risco é um conceito matemático e pode ser calculado através da

seguinte fórmula [Eq. 2.1],

[Eq. 2.1]

O mesmo autor afirma ainda que a quantificação do risco, para além de considerar a fórmula

matemática anterior, baseia-se no uso de análise estatística de acontecimentos passados,

procurando excluir factores subjectivos, sendo que utiliza para tal indicadores quantitativos de

modo a que a informação obtida possa ser estatisticamente processada. Refira-se que os erros

humanos são desprezados pelo autor pelo facto de não serem calculáveis [GUILAM, 1996].

Por outro lado, de acordo com SENGE (2007) a avaliação do risco, associada por exemplo a

um caso especifico como o do desprendimento de um elemento da fachada, tem em conta a

probabilidade de ocorrência do desprendimento e desse mesmo elemento com a severidade

das suas possíveis consequências [Eq. 2.2].

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A água e o risco na fachada

32

[Eq. 2.2]

Como já foi referido, importa neste subcapítulo abordar os riscos associados com a presença

da água / humidade na fachada e seus constituintes, no entanto estes não são os únicos riscos

presentes na construção civil, representando apenas uma parte dos mesmos, conforme

sintetizado de seguida (Quadro 2.3).

Quadro 2.3 – Classificação dos principais riscos ocupacionais na construção civil, de acordo com a sua natureza (adaptado de GUILAM, 1996)

Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Riscos Físicos Riscos

Químicos Riscos

Biológicos Riscos Ergonómicos

Riscos de Acidentes

· Ruídos · Poeiras · Vírus · Esforço físico intenso · Arranjo físico inadequado

· Vibrações · Fumo · Bactérias · Levantamento e transporte manual de peso

· Máquinas e equipamentos sem protecção

· Radiações ionizantes

· Névoas · Protozoários · Exigência de postura inadequada

· Ferramentas inadequadas ou defeituosas

· Radiações não ionizantes

· Neblinas · Fungos · Controle rígido de produtividade

· Iluminação inadequada

· Frio · Gases · Parasitas · Imposição de ritmos excessivos

· Electricidade

· Calor · Vapores · Bacilos · Trabalho em turno e nocturno

· Probabilidade de incêndio ou explosão

· Pressões anormais

· Outras Subs. · Jornadas de trabalho prolongadas

· Armazenamento inadequado

· Humidade · Monotonia e repetitividade · Animais

· Outras situações · Outras situações

2.5.3 Factores e variáveis no risco de degradação de fachadas

De acordo com [SENGE, 2007] e como já referido, o risco genericamente pode englobar uma

probabilidade e uma severidade. Em primeiro lugar, a probabilidade tem em conta diversos

factores:

o número de fragmentos que já sofreram queda;

a extensão das áreas com alto risco de desprendimento de elementos da fachada;

o avançado estado de deterioração do revestimento (fissuração e desagregação);

a presença de vegetação nas fachadas e marquises;

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

33

a corrosão e deterioração dos guarda-corpos;

o potencial de evolução de cada um destes tipos de danos.

Com base no referido, e avaliando os elementos construtivos nas fachadas, é possível a cada

elemento construtivo / fachada atribuir uma pontuação (definição de um nível de probabilidade

afecto a um significado), conforme representado no Quadro 2.4.

Quadro 2.4 – Escala de probabilidade do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)

Escala de Probabilidade

Definições Significado Pontuação

Frequente Provável que ocorra muitas vezes (já ocorreu frequentemente) 5

Ocasional Provável que ocorra algumas vezes (já ocorreu

esporadicamente) 4

Remota Improvável, mas é possível que ocorra (ocorre raramente) 3

Improvável Muito improvável que ocorra (não se sabe que tenha ocorrido) 2

Extremamente improvável

Quase inconcebível que o evento ocorra 1

Por outro lado, a severidade pode ser expressa em função de um conjunto de pressupostos e

factores:

a altura do revestimento deteriorado e de possível queda de elementos;

a dimensão dos fragmentos que já sofreram queda;

o fluxo de pessoas e veículos nas vias e passeios adjacentes ao edifício;

a má conservação do “lixo” sobre o passeio;

a possibilidade dos fragmentos em queda terem sua trajectória vertical desviada para

além do “lixo”, uma vez que não existe protecção, nomeadamente a exposição a fortes

ventos e choques com elementos da fachada.

Com base no referido, é possível uma vez mais a cada elemento construtivo / fachada atribuir

uma pontuação (definição de um nível de severidade afecto a um significado), conforme

representado no Quadro 2.5.

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A água e o risco na fachada

34

Quadro 2.5 – Escala de severidade do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)

Escala de severidade

Definições Significado Pontuação

Catastrófico Destruição de bens e equipamentos; Mortes múltiplas. A

Perigoso Uma redução importante das margens de segurança, Dano físico;

Lesões sérias ou mortes de um número de pessoas; Danos maiores a bens e equipamentos.

B

Maior Uma redução significativa das margens de segurança;

Incidente sério; Lesões a pessoas C

Menor Interferências; Limitações aos utentes; Uso de procedimentos de

emergência; Incidentes menores. D

Insignificante Consequências leves E

Com base apenas nos supostos valores e resultados obtidos anteriormente para a severidade

e probabilidade do risco, obtêm-se os quadros a seguir apresentados (Quadros 2.6 e 2.7), no

qual se encontram expressos todos os casos possíveis de avaliação do risco para cada

elemento construtivo, assim como a sua razoabilidade [SENGE, 2007].

Quadro 2.6 – Matriz de avaliação do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)

Matriz de avaliação do risco

Probabilidade do risco

Classe de risco

A (Catastrófico)

B (Perigoso)

C (Maior)

D (Menor)

E (Insignificante)

5 (Frequente) 5A 5B 5C 5D 5E

4 (Ocasional) 4A 4B 4C 4D 4E

3 (Remota) 3A 3B 3C 3D 3E

2 (Improvável) 2A 2B 2C 2D 2E

1 (Extremamente Improvável)

1A 1B 1C 1D 1E

Quadro 2.7 – Escala de razoabilidade do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)

Escala de razoabilidade do risco

Índice de avaliação do risco Razoabilidade

5A, 5B, 5C, 4A, 4B, 3A Inaceitável sob as circunstâncias existentes

5D, 5E, 4C, 3B, 3C, 2A, 2B O controlo do risco requer uma decisão de responsáveis

4D, 4E, 3D, 2C, 1A, 1B Aceitável depois de reavaliar processos

3E, 2D, 2E, 1C, 1D, 1E Aceitável

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

35

Os Quadros 2.6 e 2.7 permitem observar que existem quatro grandes áreas de avaliação do

risco em fachadas, nas quais se encontram dispersos os níveis de severidade e probabilidade

do risco. Através de uma conjunção dos níveis de severidade e probabilidade de risco, é

possível a distinção dos níveis em quatro grupos de tolerância, os quais são obtidos de uma

forma ponderada e coerente [SENGE, 2007].

Na quantificação do risco de degradação numa fachada, existem outros factores de essencial

importância, como a classificação da agressividade do meio ambiente (condições de exposição

da fachada) (Quadro 2.8). Esta agressividade do meio ambiente está relacionada com acções

físicas e químicas que actuam sobre os edifícios, sendo que se deve ter em conta o micro e o

macro clima próprios do edifício e actuantes da zona de implantação da própria fachada e seus

constituintes [HELENE, 1993].

Quadro 2.8 – Classes de agressividade ambiental em fachadas de edifícios (adaptado de HELENE, 1993)

Classe de agressividade

Agressividade Risco de deterioração

da estrutura

I fraca insignificante

II média pequeno

III forte grande

IV muito forte elevado

Segundo [GARRAND, 2001], o risco pode ser quantificado através de um conjunto de

consequências esperadas e com base em valores pré-estabelecidos de gravidade do risco

(Quadro 2.9).

Quadro 2.9 – Defeitos e consequências em fachadas (GARRAND, 2001)

Defeitos Consequências

A B C D

Não consideração de força e estabilidade de paredes de alvenaria 1 2

Conhecimento insuficiente de estruturas de madeira moldada 3 1

Paredes de alvenaria não adequadas para a exposição 1 3 3

Argamassa não adequada para a alvenaria adoptada 3 2 3

Inapropriados isolamentos para uso 3

Outros: _______________________________________________

As designações utilizadas no Quadro 2.9 no que diz respeito às consequências encontram-se

justificadas a seguir (Quadro 2.10).

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A água e o risco na fachada

36

Quadro 2.10– Critérios de consequências utilizados para caracterizar os defeitos na fachada (GARRAND, 2001)

Nível Classes das consequências

Nível Tipos de consequências

1 Baixa probabilidade de ocorrência do defeito, e provável existência de fracas consequências

A Deformação de paredes,

componentes ou revestimentos

2

Baixa probabilidade de ocorrência do defeito, através de potenciais graves consequências ou Razoável probabilidade de ocorrência do defeito, e provável existência de fracas consequências

B Fissuração e destacamento

3

Razoável probabilidade de ocorrência do defeito, através de potenciais graves consequências ou Baixa probabilidade de ocorrência do defeito, e provável existência de fracas consequências

C Manchas localizadas,

deterioração e crescimento de fungos

4 Elevada probabilidade de ocorrência do defeito, com potenciais muito graves consequências

D Falha prematura

de materiais ou componentes

No intuito de uma avaliação do risco de degradação numa fachada, é essencial a consideração

das anomalias observadas nos elementos construtivos que compõem essa mesma fachada.

Assim importa estabelecer critérios que permitam classificar as anomalias na fachada por

ordem da sua importância, ou seja, ter em conta a urgência de actuação em cada caso, assim

como a segurança e bem-estar dos utentes que circulam nas vias próximas ao edifício (Quadro

2.11).

Quadro 2.11– Avaliação das anomalias na fachada (ARAÚJO et al., 2007)

1 2 3 (1+2)

Classe Urgência de

actuação Segurança e bem-estar

Pseudo-quantitativa

Níveis 0 1 2 3 A B C 1 2 3 4

Pontuação 50 30 20 10 50 20 10 ≥80 e ≤100 ≥60 e ≤70 ≥40 e ≤50 ≥20 e ≤30

No Quadro 2.11, verifica-se que a atribuição de uma pontuação a cada anomalia observada,

seja para uma eventual “urgência de actuação” (gravidade e extensão da anomalia) ou

“segurança e bem-estar” (segurança dos utentes a quem a deterioração da anomalia causa

perigo).

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

37

2.6 Conclusões do capítulo

A elaboração deste capítulo tem como principal objectivo o conhecimento e a selecção dos

principais problemas causados pela acção da água nas fachadas de edifícios, assim como a

correcta pormenorização dos elementos construtivos fortemente afectados pela água presentes

na envolvente exterior dos edifícios. Deste capítulo conclui-se que existem ainda muitos erros

na construção em Portugal, nomeadamente no que se refere a ausências de pormenorização

em projecto, construção e falta de manutenção em fachadas de edifícios. As anomalias são

visíveis um pouco por todos os elementos que constituem uma fachada, dependendo,

obviamente, da sua orientação, constituição e envelhecimento, sendo que, de uma forma geral,

estas verificam-se tanto nas fachadas / muretes, vãos de fachadas como em varandas / palas.

É frequente um determinado conjunto de anomalias em alguns elementos construtivos, sendo

que a natureza de tais anomalias, associada à sua gravidade e frequência, fazem destas

anomalias exemplos de destaque, bem como os pormenores construtivos em que incidem com

maior preponderância.

Com base nas constatações verificadas neste capítulo, torna-se, uma vez mais, importante

referir que, com o intuito de prolongar a vida útil do edificado e da durabilidade dos seus

materiais, se deve ter atenção e cuidado na elaboração, construção e manutenção de toda a

pormenorização necessária dos elementos construtivos numa fachada.

Para o caso particular da água como agente de degradação, o conhecimento do risco

associado às fachadas e seus elementos construtivos, apesar do carácter subjectivo, torna

possível a sua quantificação. Assim, a avaliação do risco pode ser expressa num valor, assim

como num índice relacionável como uma tolerância, que, por conseguinte, permite a distinção

entre elementos construtivos e fachadas por ordem de gravidade e rapidez de degradação,

num dado instante da vida útil de um edifício.

Para uma definição ponderada e o mais aproximadamente correcta do risco numa fachada, são

necessários alguns factores, tais como a severidade e a probabilidade de degradação de um

determinado elemento construtivo, o tempo de vida útil de um qualquer elemento construtivo à

data da inspecção, assim como os aspectos relacionados com as condições de exposição da

fachada. Dependendo das diferentes amplitudes destes factores referidos, a atribuição de um

factor de risco nos elementos da fachada torna-se então possível, permitindo distinguir

elementos construtivos / fachadas que carecem de uma intervenção mais urgente daqueles em

que é aceitável a própria degradação do elemento, tendo em conta a sua severidade e a sua

probabilidade de ocorrência na fachada.

A partir do conhecimento do risco de degradação numa fachada de um edifício, poder-se-á

proceder à definição das variáveis e fórmulas necessárias à elaboração das fichas de

inspecção, as quais permitirão efectuar o trabalho de campo.

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A água e o risco na fachada

38

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

39

3 Trabalho de campo

3.1 Considerações gerais

Este capítulo, designado de trabalho de campo, procura sobretudo abordar a temática mais

prática desta dissertação. Ou seja, é de essencial importância estabelecer a metodologia de

inspecção a adoptar para as fachadas, através de factores, critérios e fórmulas que mais se

ajustem ao âmbito deste trabalho, assim como elaborar fichas de inspecção que possuam a

informação suficiente e indispensável a uma boa análise da acção que a água provoca na

envolvente exterior dos edifícios. Ainda proceder-se-á à escolha de um conjunto limitado de

elementos construtivos nas fachadas, os quais constituirão os únicos elementos a serem

objecto de estudo nas inspecções.

Para além da metodologia de inspecção e da elaboração de fichas de inspecção, importa

definir o tipo, idade e localização geográfica das fachadas, pois daqui poderão existir

diversidades que, por vezes, justifiquem diferenças de comportamento nos diversos elementos

construtivos.

3.2 Características das fachadas / edifícios como casos de estudo

Neste subcapítulo, pretende-se seleccionar um conjunto de fachadas de edifícios de acordo

com critérios específicos e pré-estabelecidos, as quais serão sujeitas a acções de inspecção

no trabalho de campo.

Para uma caracterização das fachadas, existem determinados aspectos a ter em consideração,

assim como se torna importante abordar apenas aqueles elementos construtivos mais

relevantes para a problemática da água / humidade nas fachadas.

3.2.1 Tipo, idade e localização

O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta um alargado conjunto de dados referentes à

construção de edifícios, para Portugal nas últimas duas décadas. Esta informação muito útil

serviu de base a este capítulo, nomeadamente para definir e justificar a idade e a localização

das fachadas dos edifícios a ter em consideração no trabalho de campo. Note-se que, que a

informação disponível é referente apenas às últimas duas décadas, o que permite verificar as

últimas tendências no ramo da construção em Portugal. É ainda de referir o facto de o INE

apenas disponibilizar informação referente aos edifícios, e não aos casos particulares de

fachadas. No entanto, as fachadas são parte integrante de um edifício, e como tal, em termos

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Trabalho de Campo

40

médios, o número de edifícios será proporcional ao número de fachadas. Assim, a partir dos

dados recolhidos e tratados estaticamente referente aos edifícios em Portugal, poder-se-á, de

modo aceitável, apresentar conclusões acerca das respectivas fachadas.

Embora a construção de fachadas em Portugal esteja um pouco distribuída geograficamente

por todo o país, esta tem uma incidência muito significativa nas zonas urbanas e no litoral, em

particular na designada “Grande Lisboa” (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Dados relativos à média da distribuição geográfica das obras concluídas (fachadas) em Portugal de 1995 a 2009 (adaptado de www.ine.pt)

As regiões do Norte e Centro, com valores percentuais de 34,86% e de 31,42%

respectivamente, são aquelas em que existe a maior concentração de obras concluídas em

Portugal. No entanto, e tendo em conta a área geográfica de cada região, a zona da “Grande

Lisboa”, com 11,20% da construção no país, corresponde a uma importante e muito

significativa região, a qual é reveladora e representativa do estado actual da construção de

fachadas no país. Assim sendo, importa considerar sobretudo a zona de Lisboa, como a

localização escolhida para estudar e avaliar o risco em fachadas de edifícios [ww.ine.pt].

Segundo o INE, num período de referência de 1995 a 2009, as obras concluídas em Portugal

tiveram um máximo em 2002, com 64792 de obras concluídas, associadas a construção nova,

ampliação, reconstrução, alteração e demolição. Em 2009 atingiu-se o mínimo de obras

concluídas em Portugal (31479), o que revela uma tendência decrescente da construção no

país nos últimos anos (Figura 3.2) [ARAÚJO et al., 2007]. Note-se que, dada a limitação

relativa de dados no site do INE, apenas se considerou o período de 1995 a 2009, podendo

associar-se este período como representativo da construção recente e actual de fachadas em

Portugal [ww.ine.pt].

11,20

34,86

31,42

10,78 5,84 2,94 2,96

Construção em Portugal de 1995-2009 (%)

Grande Lisboa (1) Norte (2)

Centro (3) Alentejo (4)

Algarve (5) Região Autónoma dos Açores (6)

Região Autónoma da Madeira (7)

1

2

3

4 5 6 7

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

41

Figura 3.2 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções novas, em Portugal de 1995 a 2009 (adaptado de www.ine.pt)

Da análise da Figura 3.2, verifica-se que a tendência da curva do total de obras concluídas é

aproximadamente idêntica à curva da construção nova em Portugal. Ou seja, a construção

nova afecta fortemente as obras concluídas em Portugal, sendo que as obras de ampliação,

reconstrução, alteração e demolição representam uma pequena fracção da construção total.

O quadro a seguir demonstra o progresso e a tendência da construção em Lisboa (Figura 3.3).

Figura 3.3 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções novas, em Lisboa de 1995 a 2009 (adaptado de www.ine.pt)

49057 46996

50515

57565

60507

64792

58253

48376

49800

43969

41891 37268

35408

45471

48617

54134

38281

39525

33378

31479 30000

35000

40000

45000

50000

55000

60000

65000

70000

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

de

ed

ifíc

os

Período anual de referência dos dados

Construção em Portugal de 1995-2009

Total das obras concluídas Construção Nova

2682

2935

3324

3617 3484

3142

3656

4166

3432

2247 2134

2728

2852

2727

2284

2731

2199

2000

2250

2500

2750

3000

3250

3500

3750

4000

4250

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

de e

dif

íco

s

Período anual de referência dos dados

Construção em Lisboa de 1995-2009

Total das obras concluídas Construção Nova

Page 56: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Trabalho de Campo

42

Em termos comparativos é bastante relevante esta análise aos últimos anos da construção de

fachadas em Lisboa, pois esta constitui uma muito importante zona de edificação no país, tal

como já foi referido. Ao contrário da construção total em Portugal, o máximo de obras

concluídas em Lisboa verifica-se em 2007 (4166) e não em 2002, sendo que o mínimo em

Lisboa encontra-se em 1995 (2682), apesar de se verificar uma tendência decrescente e

acentuada da mesma desde 2007 até 2009 [ww.ine.pt].

Tendo como base a construção actual em Lisboa, importa, por sua vez, diferenciar a

construção nova do resto das obras de construção, que não envolvem a construção de raiz de

um qualquer edifício. A Figura 3.4 revela o número de construções em Lisboa no ano de 2009,

separando a construção nova das ampliações, reconstruções, alterações e demolições.

Figura 3.4 – Dados relativos ao nº de construções (fachadas) em Lisboa no ano de 2009 (adaptado de www.ine.pt)

A Figura 3.4 permite concluir que a construção recente em Lisboa incide sobretudo na

construção nova (2199), sendo que a ampliação representa uma importante fatia da construção

observada em 2009 (615), seguida pela alteração (366) e demolição (247). Apesar destes

dados revelarem uma supremacia da construção nova no total da construção em Lisboa, os

outros tipos de obras de construção (ampliação, reconstrução, alteração e demolição) têm

vindo a adquirir um importante estatuto na engenharia civil nos últimos anos, com tendência a

acentuar-se no futuro [ww.ine.pt].

De acordo com os dados observados nos últimos parágrafos relativos a edifícios e como já

referido, é possível então estabelecer uma idade e uma localização para as fachadas a

2199

615

366 5 247

Nº de construções em Lisboa em 2009

Construção nova (1) Ampliação (2)

Alteração (3) Reconstrução (4)

Demolição (5)

1 2

3 4 5

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

43

considerar nesta dissertação. Assim sendo, o local de estudo incidirá na zona de Lisboa,

sobretudo com uma maior incidência em fachadas construídas recentemente. No entanto, a

recolha de dados não só será relativa às fachadas recentes, mas também a fachadas mais

antigas, pois assim tornar-se-á possível uma melhor e mais vasta análise estatística com base

num conjunto alargado de valores.

3.2.2 Elementos / pormenores construtivos a adoptar

Numa fachada, são muitos e variados os problemas face à acção da água encontrados nos

seus elementos construtivos, sendo que, por norma, existem alguns destes mais

preponderantes para o desempenho em serviço de uma fachada, assim como são aqueles em

que mais se verifica um elevado número de anomalias. Assim, neste subcapítulo destacar-se-

ão os elementos construtivos mais relevantes para esta dissertação, pelas razões já

demonstradas e referidas no capítulo 2, acrescentando ainda o facto de assim ser possível um

melhor tratamento e análise da informação recolhida, incidindo apenas nalguns elementos

construtivos em particular.

Serão objecto de estudo três elementos construtivos designados de soco, peitoril e murete /

platibanda. A escolha destes elementos em particular prende-se sobretudo com a sua relação

e interacção com a água na fachada (demonstrado no capítulo 2). Ou seja, de um modo geral,

são estes os elementos que mais são influenciados, nas suas características, pelos problemas

derivados da acção da água numa fachada, sendo que são condicionados e preconizados, em

projecto e construção, a pensar precisamente no combate à água que estarão sujeitos no

futuro. O soco relaciona-se essencialmente com os problemas de ascensão capilar

provenientes do solo. Os peitoris relacionam-se com problemas de chuvas e de humidade

(escorrimentos / sujidade diferencial, eflorescências, de entre outros), servindo de interface

com o interior do edifício. E, por fim, os muretes e as platibandas relacionam-se também com

problemas associados a chuvas e de humidade, apresentando-se mesmo, no caso das

platibandas, como barreira à acção da água através da cobertura do edifício. Note-se que os

três elementos construtivos considerados têm muitos dos seus problemas originados, numa

fase inicial, pela sua deficiente concepção, construção e manutenção, apesar de numa fase

adiantada muitos dos problemas derivarem da acção da água [VICENTE et al., 2006].

Para cada um dos elementos construtivos, existem um conjunto de principais anomalias a ter

em consideração na avaliação do risco de degradação na fachada (demonstrado no capítulo

2). Este facto acontece porque são estas anomalias as mais visíveis e recorrentes e que, por

isso, mais degradam e deterioram o estado e desempenho em serviço dos elementos

construtivos [VICENTE et al., 2006] [VEIGA & AGUIAR, 2003]. Note-se que neste trabalho

considera-se o peso das anomalias no risco de degradação num elemento construtivo igual

para todas as anomalias adoptadas, sendo que, de um modo geral, pode ser mais gravoso um

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Trabalho de Campo

44

nível alto de ascensão capilar relativamente a uma sujidade. As causas e consequências

podem ser muito variadas consoante cada caso em particular, e assim opta-se por considerar a

mesma importância para todas as anomalias para um nível de gravidade igual entre elas.

Refira-se ainda que, como mais à frente se verá num subcapítulo, terá mais peso, na avaliação

do risco de degradação face à acção da água, a anomalia mais gravosa num elemento

construtivo, proporcionando deste modo uma mais coerente aproximação ao real do risco de

degradação na fachada.

Para o caso dos socos, as anomalias adoptadas para a avaliação do risco são:

colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);

eflorescências / criptoflorescências;

sujidade / manchas de humidade;

ascensão capilar;

graffiti / vandalismo.

Estas anomalias são, de facto, aquelas que mais condicionam e interferem no desempenho em

serviço de um soco, sendo que, apesar de consideradas individualmente na avaliação do risco

do soco, estas são, por vezes, causa ou consequência umas das outras [ARAÚJO et al., 2007].

Nos peitoris existem também um conjunto de factores de risco mais preponderantes na

avaliação do seu risco de deterioração, as quais se apresentam de seguida:

colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);

eflorescências / criptoflorescências;

sujidade / manchas de humidade;

inexistência / insuficiência de inclinação;

inexistência de pingadeira;

inexistência de rasgos;

balanço insuficiente;

escorrimentos / sujidade diferencial.

Como se pode observar, os factores de risco considerados para os peitoris são, tanto

associadas a aspectos de concepção como de construção, o que demonstra que, tal como nos

socos, existem portanto anomalias que se tornam, por vezes, causa ou consequência de

outras. No entanto, todos estes factores de risco são pertinentes de aqui constarem, dado a

sua recorrente e muito visível incidência nos peitoris, e, talvez mais importante ainda, pelo facto

de estes serem originados por diferentes causas e terem como consequência diferentes

anomalias, dependente de caso para caso, o que inviabiliza uma relação directa entre esta e

aquela anomalia [ARAÚJO et al., 2007].

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

45

Por último, os factores de risco a ter em conta nos muretes / platibandas são:

colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);

eflorescências / criptoflorescências;

sujidade / manchas de humidade;

escorrimentos / sujidade diferencial;

corrosão de guarda-corpos;

inexistência de capeamento;

inexistência de pingadeira no capeamento;

inexistência de tubo ladrão da laje de cobertura.

Nos muretes / platibandas, a escolha dos factores de risco prendem-se com as mesmas razões

que no casos anteriores, sendo portanto os mais importantes e influentes nas características

destes elementos construtivos.

3.3 Metodologia de inspecção

A metodologia de inspecção a adoptar no trabalho de campo tem como objectivo estabelecer

as regras e os procedimentos mais adequados a utilizar na análise in situ. Para tal, exige-se a

elaboração de um procedimento, assim como a identificação dos meios auxiliares necessários

a seguir em campo. De igual importância, há a considerar a elaboração de fichas de inspecção,

seguidas do seu preenchimento no terreno, com o intuito de organizar a informação recolhida.

3.3.1 Procedimento e instrumentação adoptados

Para uma eficaz e eficiente inspecção a uma fachada, é necessário efectuar um procedimento

adequado, que contenha um método e um planeamento a ser seguido nas inspecções. Em

primeiro lugar, é aconselhável, se possível, o contacto e o diálogo com um morador do edifício,

no intuito de recolher informação quanto ao ano da construção, possíveis obras de manutenção

ou reabilitação, que o edifício tenha sido alvo em anos anteriores, ou ainda outro tipo de dados

que sejam relevantes no âmbito desta dissertação [ARAÚJO et al., 2007].

Por outro lado, para além das fichas de inspecção e do conhecimento base para o seu

preenchimento e entendimento dos conceitos nela presentes, é conveniente, para trabalho de

campo, levar com o utilizador material de escrita (preenchimento das fichas de inspecção e

apontamento de notas auxiliares), bússola (útil para definir as orientações das fachadas),

binóculos (auxiliar para uma melhor visualização de elementos construtivos / anomalias que se

encontrem em pontos altos e de difícil observação na fachada), fita métrica (por exemplo serve

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Trabalho de Campo

46

de auxiliar para estabelecer a extensão de uma anomalia ou ainda a altura de um soco), nível

(avaliação da inclinação dos peitoris, de entre outros), e ainda a máquina fotográfica

(indispensável para o registo a figurar na base de dados, respeitante a quase toda a

informação recolhida em campo) [VICENTE et al., 2006] [ARAÚJO et al., 2007].

3.3.2 Factores, critérios e fórmulas adoptadas

Na avaliação do risco de uma fachada é necessário a definição de variáveis e critérios que

estarão na base do conceito e que permitirão então atribuir valores para cada elemento

construtivo da fachada, e por conseguinte, retirar conclusões do seu estado de degradação e

das acções de manutenção necessárias para cada caso.

Neste subcapítulo procurar-se-á descrever e explicar todo o processo que levou à escolha de

uma fórmula que permita, de uma forma aproximada e adequada, avaliar o risco das fachadas

face à acção da água.

Numa fachada e em muitos dos seus elementos construtivos, o aparecimento de uma anomalia

é algo de muito comum, tanto nos edifícios mais antigos como nos mais recentes. Com base

em ARAÚJO et al. [2007] e de acordo com o já referido, torna-se importante definir níveis de

anomalias, consoante estas sejam mais ou menos influentes na degradação de um

determinado elemento construtivo (Quadro 3.1)

Quadro 3.1 – Classificação das anomalias [adaptado de ARAÚJO et al., 2007]

1 2 3 (1+2)

Classe Durabilidade Segurança

na utilização Severidade de risco

Níveis D1 D2 D3 D4 U1 U2 U3 S1 S2 S3 S4

Pontuação 5 3 2 1 5 3 1 ≥8 e ≤10 ≥6 e ≤7 ≥4 e ≤5 ≥2 e ≤3

A atribuição de um factor (1 a 5) que classifique as anomalias por gravidade e funcionalidade

nas fachadas obteve-se através de uma ponderação entre a sua durabilidade e sua segurança

na utilização. Esta ponderação foi efectuada no âmbito deste trabalho, através de tentativas

que se aproximassem sucessivamente de casos reais. No Quadro 3.1 observa-se a existência

de três classes, sendo que apenas duas delas (durabilidade e segurança na utilização)

permitem caracterizar uma determinada anomalia. A terceira classe (severidade) resulta da

soma das duas anteriores, proporcionando assim atribuir a cada anomalia um nível de

severidade de risco de degradação. Em cada classe verifica-se a presença de vários níveis de

gravidade das anomalias e uma pontuação atribuída para cada nível correspondente:

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

47

1. Durabilidade

D1 – durabilidade do elemento construtivo fortemente afectada, com efeitos visuais

grandes da anomalia (pont. 5);

D2 – durabilidade do elemento construtivo parcialmente afectada, com efeitos visuais

consideráveis da anomalia (pont. 3);

D3 – durabilidade do elemento construtivo afectada em algumas das suas

características, através da relativa gravidade e extensão da anomalia, sendo

conveniente monitorizar a evolução e desenvolvimento da anomalia (pont. 2);

D4 – durabilidade do elemento construtivo praticamente não afectada, apenas com

alguns efeitos visuais da anomalia (pont. 1).

2. Segurança na utilização

U1 – não cumpre as exigências de segurança, afectando claramente a segurança

parcial do elemento construtivo e dos utentes (pont. 5);

U2 – não cumpre as exigências mínimas de segurança e de funcionalidade, afectando

o desempenho em serviço do elemento construtivo (pont. 3);

U3 – cumpre as exigências mínimas de funcionalidade (pont. 1).

3. Severidade

S1 – catastrófico (prioridade máxima) (pont. 8, 9 ou 10);

S2 – perigoso (grande prioridade) (pont. 6 ou 7);

S3 – médio (pequena prioridade) (pont. 4 ou 5);

S4 – insignificante (prioridade mínima) (pont. 2 ou 3).

A cada anomalia, associada a um determinado elemento construtivo na fachada, é então

atribuída uma pontuação (nível da anomalia) que é dada na classe severidade referida

anteriormente.

No quadro apresentado de seguida (Quadro 3.2), é possível relacionar entre si,

qualitativamente, os níveis de severidade do risco de degradação das anomalias obtidos

acima.

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Trabalho de Campo

48

Quadro 3.2 – Classes de severidade de risco [adaptado de SENGE, 2007]

Nível (Sn)

Definição qualitativa

Significado Pontuação

S1 Catastrófico Degradação de elementos construtivos / segurança de

pessoas e fachadas comprometidas 8, 9 ou 10

S2 Perigoso Danos maiores a bens e equipamentos / excesso de

anomalias 6 ou 7

S3 Médio Redução significativa das margens de segurança e funcionalidade / algumas anomalias com gravidade

4 ou 5

S4 Insignificante Consequências leves / cumpridas as exigências mínimas

de funcionalidade e segurança 2 ou 3

Ainda de salientar existem algumas particularidades das anomalias que se devem considerar

na escolha dos níveis e pontuações mais adequados (Quadros 3.1 e 3.2), embora algumas já

estejam implícitas anteriormente: a dimensão e extensão da anomalia; a altura a que se

encontra a anomalia na fachada, no caso de queda de fragmentos de material; a localização da

anomalia na fachada, tendo em conta o fluxo de pessoas e/ou veículos nas vias e passeios

adjacentes ao edifício; a vida útil / durabilidade de cada elemento construtivo em que são

visíveis anomalias [SENGE, 2007] [VEIGA & AGUIAR, 2003].

Para além da severidade do risco de degradação das anomalias, associada a uma fachada e

seus constituintes, o conceito de avaliação do risco de uma fachada tem de incidir

invariavelmente na probabilidade de risco relacionada com a degradação da envolvente

exterior. Ou seja, e a título de exemplo, é essencial considerar a probabilidade de risco de

degradação de um peitoril, em conjunto com a severidade do risco de degradação da(s)

anomalia(s) nele visível [VICENTE et al., 2006].

Um dos factores essenciais a considerar na probabilidade de risco, prende-se com as

condições de exposição da fachada, associadas com a acção da água, dependente das

condições exteriores ao próprio edifício, em que uma determinada fachada se encontra

inserida, está um conjunto de condicionantes que intervêm na concepção e construção dos

elementos construtivos na fachada. Assim sendo, consideram-se as seguintes variáveis nas

condições de exposição:

orientação da fachada;

protecção da fachada (presença de vegetação ou outros elementos que sirvam de

protecção face ao vento e chuva na fachada);

proximidade do mar;

proximidade de vias de trânsito.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

49

De um modo geral, estas variáveis são aquelas que alteram as condições de exposição de

fachada para fachada, consoante a sua localização e os elementos exteriores que envolvem o

edifício. A orientação da fachada apresenta-se como um factor determinante num qualquer

elemento construtivo, em especial nos socos, peitoris e muretes, pois dependente da

orientação está a maior ou menor incidência de luz solar e das águas das chuvas nas fachadas

[VICENTE et al., 2006] [GASPAR, 2008].

Por seu lado, a protecção da fachada influencia também as condições de exposição, ou seja, a

existência de vegetação ou quaisquer outros elementos pertencentes ou não ao próprio edifício

podem servir de atenuantes à acção da água, proporcionando uma melhoria na durabilidade e

desempenho em serviço dos elementos que constituem a fachada. Ainda a considerar existe a

proximidade do mar da fachada em estudo, uma vez que as condições atmosféricas e de

microrganismos alteram-se segundo a distância ao mar [VEIGA & AGUIAR, 2003].

Por fim, a proximidade de vias de trânsito / circulação pode influenciar as condições de

exposição, dado que, regra geral, quanto maior o grau da via de trânsito / circulação, maior

será a sua capacidade e frequência quanto ao número de veículos que a atravessa e, por

conseguinte, maior será a libertação de gases atmosféricos prejudiciais para a fachada, e

maior a segurança necessária para os utentes e veículos nela presentes [GASPAR, 2008].

Com base no referido, adoptaram-se estes valores para ponderação das condições de

exposição nos diferentes casos de fachadas (Quadro 3.3).

Quadro 3.3 – Condições de exposição das fachadas [adaptado de GASPAR, 2008]

Condições de exposição

Variáveis 0.25 0.75 1.25 Total

Orientação da fachada Norte Este / Oeste Sul -

Protecção da fachada Desfavorável Normal Favorável -

Proximidade do mar Mais de 3 km De 1km a 3km Até 1 km -

Proximidade de vias vias rurais Vias Secundárias Vias principais -

Total -

No Quadro 3.3, observa-se que existem quatro variáveis que definem as condições de

exposição, e que em cada uma delas existem três hipóteses possíveis de escolha

(0.25,0.75,1.25). Estes três diferentes valores dizem respeito às diferenças que se verificam

nas variáveis para diferentes fachadas. Ou seja, e a título de exemplo uma fachada pode estar

orientada preferencialmente para o Norte (0.25), não possuir qualquer tipo de protecção nos

seus elementos construtivos face à acção da água das chuvas ou vento (0.25), situar-se junto

ao mar (a menos de 1km) (1.25), e ainda estar na imediação de vias de trânsito principais

(1.25). Somando todos os valores encontrados, o resultado obtido será de 3, sendo que o valor

final arredondado situar-se-á entre 1 e 5, com os resultados possíveis de 1, 2, 3, 4 e 5. Estes

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Trabalho de Campo

50

valores servem essencialmente para distinguir as fachadas pelas suas condições de

exposição.

Os restantes critérios adoptados para a probabilidade de risco, incluindo as condições de

exposição, encontram-se expressos no Quadro 3.4.

Quadro 3.4 – Determinação das classes de probabilidade do risco de degradação das anomalias [adaptado de SENGE, 2007 & ARAUJO et al., 2007]

1 2 3 (1+2)

Classe Concepção / Construção

Condições de exposição

Probabilidade de risco

Níveis C1 C2 C3 E1 E2 E3 E4 P1 P2 P3 P4

Pontuação 5 3 1 5 3 2 1 ≥8 e ≤10 ≥6 e ≤7 ≥4 e ≤5 ≥2 e ≤3

A atribuição de um factor que classifique a probabilidade de risco de degradação nas fachadas

obteve-se através de uma ponderação entre a concepção / construção de elementos

construtivos e as condições de exposição. No Quadro 3.4, observa-se a existência de três

classes, sendo que apenas duas delas (concepção / construção de elementos construtivos e

condições de exposição) permitem caracterizar a probabilidade de risco. A terceira classe

(probabilidade de risco) resulta da soma das duas anteriores, proporcionando assim atribuir um

nível de probabilidade para cada caso. Em cada classe, verifica-se a presença de vários níveis

de probabilidade e uma pontuação atribuída para cada nível correspondente [ARAUJO et al.,

2007]:

1. Concepção / Construção de elementos construtivos

C1 – inexistente concepção / construção de elementos construtivos (pont. 5);

C2 – deficiente e/ou desadequada concepção / construção de elementos construtivos

(pont. 3);

C3 – adequada concepção / construção de elementos construtivos (pont. 1);

2. Condições de exposição

E1 – condições muito agressivas (vulnerabilidade elevada) associadas à acção da

água no elemento construtivo (pont. 5);

E2 – condições agressivas associadas à acção da água no elemento construtivo (pont.

3);

E3 – condições pouco agressivas associadas à acção da água no elemento construtivo

(pont. 2).

E4 – condições quase inexistentes associadas à acção da água no elemento

construtivo (pont. 1).

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

51

3. Probabilidade

P1 – frequente (probabilidade máxima) (pont. 8, 9 ou 10);

P2 – ocasional (alta probabilidade) (pont. 6 ou 7);

P3 – remota (baixa probabilidade) (pont. 4 ou 5);

P4 – improvável (probabilidade mínima) (pont. 2 ou 3).

No Quadro 3.5 é possível relacionar qualitativamente os níveis de probabilidade obtidos

anteriormente.

Quadro 3.5 – Classes de probabilidade de risco [adaptado de SENGE, 2007]

Nível (Pn)

Definição qualitativa

Significado Pontuação

P1 Frequente Provável que ocorra muitas vezes / frequentemente 8, 9 ou 10

P2 Ocasional Provável que ocorra algumas vezes / esporadicamente 6 ou 7

P3 Remota Pouco provável que ocorra / raramente 4 ou 5

P4 Improvável Improvável que ocorra / sem conhecimento de que tenha

ocorrido 2 ou 3

Tendo nesta fase a severidade e a probabilidade do risco, torna-se essencial uma conjunção

das duas que permita definir o risco para cada elemento construtivo e para a fachada como um

todo. Assim sendo e resumindo, obtêm-se os níveis Pn e Sn, de probabilidade de risco e

severidade de risco respectivamente, através de um conjunto de factores já referidos, e que

permitem diferenciar as anomalias em quatro níveis qualitativos. As fórmulas seguintes (Eq.3,1,

Eq.3,2 e Eq.3,3) demonstram a obtenção de um valor para cada anomalia nas fachadas,

traduzindo a severidade e a probabilidade do risco de degradação das anomalias face à acção

da água nas fachadas:

(Eq.3,1)

(Eq.3,2)

(Eq.3,3)

Como se pode observar pelas equações anteriores (Eq.3,1, Eq.3,2 e Eq.3,3), o indicador de

risco de degradação de uma determinada anomalia, quer seja no soco, peitoril ou murete /

platibanda, é obtido através da multiplicação da severidade do risco pela probabilidade do risco

das respectivas anomalias. Ou seja, o risco de degradação de uma anomalia face à acção da

água, que afecte os elementos construtivos de uma fachada, tem em conta o estado de

deterioração da anomalia (durabilidade e segurança na utilização), e a sua probabilidade de

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Trabalho de Campo

52

ocorrência (concepção / construção de elementos construtivos e condições de exposição da

fachada).

Este indicador de risco (Rn) expressa então o risco de degradação de um determinado

pormenor construtivo, face à acção da água, relativo ao aparecimento de uma anomalia numa

fachada. Posteriormente proceder-se-á à conjunção e ponderação de todas as anomalias para

o soco, peitoris e platibandas (elementos construtivos mais relevantes para acção da água na

fachada).

De seguida exige-se então que se formule e defina uma fórmula que devolva um valor de

indicador de risco para um dos três elementos construtivos (soco, peitoril e murete /

platibandas), correspondendo a uma ponderação do conjunto de indicadores de risco de cada

anomalia, tendo como intuito a sua sistematização num valor que caracterize e afira sobre o

estado de degradação dos elementos construtivos. O processo, que concluiu na adopção de

uma fórmula, foi essencialmente iterativo e experimental, ou seja, com os resultados obtidos

dos indicadores de risco para cada anomalia de um conjunto inicial de 10 casos de estudo,

procedeu-se a um conjunto de tentativas que expressassem a viabilidade, fiabilidade e

plausibilidade dos resultados.

Numa fase inicial, e com base em [VICENTE et al., 2006] utilizou-se na fórmula uma simples

média dos resultados das anomalias, a qual depressa demonstrou que não expressava o risco

de degradação a que estão sujeitos os três elementos construtivos considerados (soco, peitoril

e platibanda/murete). Isto acontece porque a utilização da média atenua os resultados

individuais de uma particular anomalia, seja ela muito ou pouco gravosa, sendo que uma

anomalia actuando isoladamente pode condicionar significativamente o desempenho em

serviço de um soco, peitoril ou murete. Dando um exemplo, a presença de eflorescências muito

gravosas no soco de uma fachada conduz a uma visível e muito significativa degradação do

elemento construtivo, mesmo se por hipótese o soco não apresentar mais nenhuma anomalia

ou estas revelarem uma gravidade muito pouco significativa. Daqui se retira que por si só a

média, associada às anomalias que caracterizam um elemento construtivo, não traduz o

verdadeiro e mais correcto indicador de risco de degradação face à acção da água.

Tentou-se então incluir e pesar a importância do valor máximo na fórmula, referente ao

conjunto de anomalias, isto é, o valor máximo de indicador de risco de degradação das

anomalias verificadas é talvez aquele que mais importa considerar na concepção da fórmula.

Este indicador máximo condiciona, agrava e caracteriza o estado e características correntes de

um soco, peitoril ou murete. Apesar de todas as anomalias serem relevantes e pesarem na

degradação de um qualquer elemento construtivo na fachada, é de especial e essencial

importância a anomalia que mais risco de degradação apresente, aquela que segundo os

critérios e factores mencionados anteriormente se traduz no mais elevado indicador de risco.

No entanto, não basta a consideração do valor máximo das anomalias na fórmula, sendo

também importante a média dos restantes valores (esta média não inclui o valor máximo já

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

53

considerado), pois importa avaliar a existência e estado das restantes anomalias que também

têm a sua parte de degradação no elemento construtivo. Resumindo, e através de um processo

iterativo, que revele quais as percentagens mais correctas e coerentes, adoptou-se uma

percentagem de 80% para o máximo e de 20% para a média dos restantes resultados obtidos,

relativos aos indicadores de anomalias no soco, peitoril e murete / platibanda (Eq.3,4).

á á

(Eq.3,4)

Rn – Indicador de risco de degradação das anomalias (Eq.3,3)

n – número total de anomalias

A fórmula adoptada (Eq.3,4) encontra-se quase no seu estado final, faltando apenas a

multiplicação de um factor de risco, que serve sobretudo de aspecto diferenciador entre

fachadas com níveis iguais ou muito idênticos de degradação. Ou seja, a fórmula anterior

(Eq.3,4) será multiplicada por um factor, designado de “factor de risco” (FR), o qual terá em

conta o número de anomalias verificadas (registadas nas fichas de inspecção) no elemento

construtivo em questão, de um conjunto total de anomalias definidas à priori, como já referido

anteriormente. Este factor FR terá então os seguintes valores (Quadro 3.6), consoante o

elemento construtivo (soco, peitoril, murete / platibanda).

Quadro 3.6 – Valores de FR expressos segundo o número existente de anomalias no elemento construtivo em relação ao total de anomalias possíveis (soco, peitoris, muretes/platibandas)

n (nº de anomalias)

1 2 3 4 5 6 7 8

Peitoris 0,75 0,79 0,82 0,86 0,89 0,93 0,96 1,00

Muretes /Platibandas 0,75 0,79 0,82 0,86 0,89 0,93 0,96 1,00

Soco 0,75 0,81 0,88 0,94 1,00 - - -

Através da observação dos valores no Quadro 3.6, pode-se verificar que para um total de 8 e

de 5 anomalias, dependendo se se trata de um soco, peitoril ou murete / platibanda, os valores

de FR variam entre 0,75 e 1,00. Isto significa que apenas se existirem todas as anomalias

preconizadas à priori no elemento construtivo é possível atingir o máximo de indicador de risco

de degradação, independentemente do estado e características de cada anomalia observada.

É de salientar que nem todas as anomalias presentes num elemento construtivo são

reveladoras e causadoras da maior degradação da fachada, pois o caso de uma anomalia

relacionada com a sujidade que apresente um indicador de risco muito baixo num soco (uma

mancha de sujidade numa pequena parte localizada) constitui um exemplo que pouco

condiciona e/ou agrava o estado de um soco [SENGE, 2007]. É por este anterior facto

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Trabalho de Campo

54

mencionado, que foram ponderados e testados (com uma amostra inicial de 10 fachadas) no

âmbito deste trabalho os valores apresentados no quadro anterior, em especial a definição do

valor mínimo de 0.75. Isto acontece porque a influência deste factor FR nos resultados finais,

apesar de importante e necessária, não pode alterar significativamente resultados em fachadas

muito idênticas, que a título de exemplo apresentem, em vez das 8 anomalias, apenas 6 ou 7.

Assim, atribui-se o valor de 0,75 de FR no caso da existência de uma única anomalia num

soco, peitoril ou murete / platibanda, e o valor de 1,00 para o caso em que estejam presentes

todas as anomalias possíveis no elemento construtivo, preenchendo os restantes casos com

valores intermédios e espaçados igualmente entre si.

Apresenta-se de seguida uma melhoria da anterior fórmula (Eq.3,5) para a avaliação do risco

nos elementos construtivos (socos, peitoris, muretes/platibandas), tomando em conta o factor

FR.

á

á

(Eq.3,5)

Este indicador de risco total para o soco, peitoris e muretes /platibandas ( ) proporciona a

obtenção de valores entre 0 e 100, que permitem avaliar o risco de degradação face à acção

da água de uma fachada (Quadro 3.7).

Quadro 3.7 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa)

Grau de risco Indicador de

risco total (

Descrição qualitativa

Muito crítico 75 ≤ X < 100 Inaceitável sob as circunstâncias existentes:

perigo de segurança para os utentes e/ou estado avançado de degradação do(s) elemento(s) construtivo(s)

Crítico 50 ≤ X < 75 Requer um controle do risco e/ou uma acção de manutenção

Significativo 25 ≤ X < 50 Necessidade de reavaliar alguns processos

Aceitável 0 ≤ X < 25 Aceitável

Como se pode observar Quadro 3.7, existem 4 níveis de “Grau de risco”, que servem para

definir qualitativamente os valores obtidos relativamente ao risco de degradação em cada

elemento construtivo.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

55

3.3.3 Elaboração e preenchimento de fichas de inspecção

No âmbito desta dissertação, a elaboração de fichas de inspecção constitui um ponto

necessário e indispensável a uma boa base de dados, que proporcione uma correcta, e mais

próxima da realidade, análise estatística dos dados encontrados [VEIGA & AGUIAR, 2003].

As fichas de inspecção foram elaboradas tendo em conta os pressupostos, os critérios e as

fórmulas adoptadas e explicadas anteriormente. Para cada fachada inspeccionada é então

necessário preencher duas páginas relativas às fichas de inspecção, sendo que uma página

diz respeito aos dados gerais da fachada / edifício (elementos construtivos) e outra página é

dirigida à avaliação do risco de degradação das fachadas face à acção da água. De seguida

apresenta-se o exemplo de uma ficha de inspecção base (dados gerais e avaliação de

fachadas), através da apresentação e descrição dos seus campos (Figuras 3.5 e 3.6).

Dados gerais:

caso de estudo – a atribuição de um código / número a cada fachada inspeccionada,

por ordem da data de inspecção;

data de Inspecção – a data de visita ao local da fachada / edifício (dia/mês/ano);

localização do edifício – morada da fachada / edifício inspeccionado;

ano de Construção – a preencher, caso possível, com o ano da conclusão do edifício;

obras de manutenção – a preencher caso se consiga saber a data da ocorrência de

obras de manutenção;

local de implantação – o local de implantação da fachada (edifício), consoante este

seja isolado, em gaveto, em banda /extremo ou banda /meio [ARAÚJO et al., 2007];

tipologia do edifício – consoante seja unifamiliar ou multifamiliar [ARAÚJO et al., 2007];

tipologia dos revestimentos / acabamento de paredes exteriores – revestimentos por

elementos descontínuos (ladrilhos cerâmicos ou hidráulicos, placas de pedra natural ou

artificial, de entre outros), revestimentos de ligantes minerais (tradicionais com pintura,

não tradicionais com/sem pintura), ETICS, betão à vista, pintura com acabamento liso

ou rugoso;

tipologia das paredes exteriores - paredes de pano simples ou duplo;

tipologia dos materiais das paredes exteriores – alvenaria de tijolo, pedra natural,

betão, entre outros;

tipologia dos envidraçados / caixilharias / guarda-corpos / peitoris / soco / varandas –

caixilharias (madeira, alumínio, aço ou PVC), envidraçados (simples ou duplos),

guarda-corpos (madeira, alumínio, aço/ferro ou betão), peitoris (madeira, pedra natural

ou em metal), soco (ladrilhos cerâmicos, ladrilhos hidráulicos, placas de pedra natural,

placas de pedra artificial ou argamassa cimentícia), varandas (betão armado, pedra, ou

metálica);

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Trabalho de Campo

56

Figura 3.5 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (dados gerais)

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

57

Figura 3.6 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (avaliação do risco de degradação nas fachadas face à acção da água)

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Trabalho de Campo

58

Avaliação das fachadas:

pormenores / elementos construtivos (anomalias) – para cada um dos três elementos

construtivos principais adoptados (soco, peitoris, muretes / platibandas), existem um

conjunto de anomalias a serem observadas, registadas e avaliadas;

orientação da fachada – fachada Norte, Sul, Oeste ou Este, sendo que será dada uma

destas orientações consoante a proximidade da orientação real da fachada;

severidade do risco de degradação das anomalias (a preencher de acordo com o

referido anteriormente):

o durabilidade;

o segurança na utilização.

probabilidade de risco de degradação das anomalias (a preencher de acordo com o

referido anteriormente):

o concepção / construção dos elementos construtivos;

o condições de exposição da fachada.

No preenchimento das fichas de inspecção, torna-se importante, para além do que já se referiu,

a coerência e sensibilidade na selecção da informação mais relevante, descurando valores e

dados desnecessários para o estudo em questão. Assim, com base na metodologia de

inspecção já abordada neste capítulo e definida que se encontra a amostra de fachadas a

inspeccionar, é possível realizar o trabalho de campo.

3.4 Conclusões do capítulo

Este capítulo permite, de um modo geral, concluir que é necessário um bom e cuidado

planeamento / definição de um método de inspecção, que seja viável, adequado, sintético e

prático em relação aos aspectos mais relevantes para o tema abordado nesta dissertação.

A amostra de fachadas utilizada neste trabalho centrar-se-á na zona urbana de Lisboa, em

particular na zona de Alvalade / Roma e Telheiras, procurando inspeccionar tanto fachadas de

edifícios recentes como mais antigos dentro das referidas zonas de implantação.

A estratégia adoptada para as inspecções a fachadas de edifícios deverá seguir os objectivos e

os critérios preconizados à priori neste capítulo, no que diz respeito a três essenciais

elementos construtivos (socos, peitoris e muretes/platibandas) no combate à acção da água

nas fachadas, tendo em atenção os conhecimentos base já referidos nos capítulos anteriores.

Para tal, torna-se indispensável em trabalho de campo vários instrumentos necessários a uma

correcta recolha dos dados, através do preenchimento de fichas de inspecção. Estas fichas

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

59

incluem o registo das anomalias nos elementos construtivos, assim como a sua severidade do

risco de degradação (durabilidade e segurança na utilização), e sua probabilidade do risco de

degradação (condições de exposição das fachadas, deficiente e/ou adequada concepção e

construção dos elementos construtivos).

Tendo as fichas de inspecção preenchidas, com um número aceitável de fachadas de edifícios

considerados, é possível então proceder a uma análise estatística dos dados e valores

encontrados, retirando daí conclusões e ilações importantes acerca do tema proposto.

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Trabalho de Campo

60

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

61

4 Apresentação e discussão dos resultados

4.1 Considerações gerais

Neste capítulo de apresentação e discussão de resultados, proceder-se-á ao tratamento,

sistematização e análise dos resultados obtidos no trabalho de campo, com base nas fichas de

inspecção definidas anteriormente.

O preenchimento das fichas de inspecção proporciona a obtenção de valores indicativos do

risco de degradação face à acção da água em socos, peitoris e muretes / platibandas de

fachadas de edifícios. Estes valores de avaliação do risco permitirão retirar informações e

conclusões acerca das fachadas observadas, aferindo sobre a sua deterioração em serviço.

Após o tratamento dos dados e valores encontrados, torna-se então importante elaborar

quadros e figuras de risco que relacionem os edifícios entre si, no que respeita ao risco de

degradação a que estão sujeitos no tempo de vida útil. Note-se que nestes resultados importa

sobretudo diferenciar, sempre que necessário e pertinente, os edifícios por local de

implantação, e/ou ainda por outro tipo de características, que se revelem preponderantes e

uma mais-valia no âmbito desta dissertação.

No trabalho de campo, observaram-se diversas anomalias nas fachadas, sendo que importa

então apresentar os tipos de anomalias verificadas, estabelecer as causas prováveis, propor

acções de manutenção convenientes e adequadas para casos genéricos, assim como analisar

e avaliar o estado de degradação que estas mesmas anomalias provocam nos elementos

construtivos pertencentes às fachadas.

Na avaliação do risco de degradação nas fachadas, é, por sua vez, também preponderante

proceder a análises comparativas entre as fachadas inspeccionadas, e ainda distinguir as

fachadas (socos, peitoris e muretes / platibandas) por zona e idade do edifício. Assim existirão

diferentes indicadores de risco para cada anomalia / defeito, para cada elemento construtivo e

para cada fachada, realçando os casos mais críticos, aqueles que carecem de um cuidado

maior num futuro próximo.

4.2 Elementos construtivos e suas características

O tratamento dos resultados obtidos a partir das fichas de inspecção permitem analisar o

estado de degradação dos edifícios estudados. Os dados parciais e totais dos resultados

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Apresentação e discussão dos resultados

62

obtidos no preenchimento de todas as fichas de inspecção encontram-se em anexo (anexo -

fichas de inspecção).

As fachadas observadas e inspeccionadas localizam-se na zona urbana de Lisboa (32

fachadas), em particular na zona de Alvalade / Roma e Telheiras. Estas encontram-se

numeradas e definidas no Quadro 4.1 (“AR” corresponde a fachadas em Alvalade / Roma e “T”

a fachadas em Telheiras).

Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas)

Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada

AR1 Alvalade / Roma

Av. João XXI

AR2 Alvalade / Roma

R. Edison

AR3 Alvalade / Roma

Av. São João de Deus

AR4 Alvalade / Roma

Av. São João de Deus

AR5 Alvalade / Roma

Pr. Afrânio Peixoto

AR6 Alvalade / Roma

Av. Est. Unidos da América

AR7 Alvalade / Roma

Av. Est. Unidos da América

AR8 Alvalade / Roma

Av. do Rio de Janeiro

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

63

Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) (continuação)

Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada

AR9 Alvalade / Roma

Av. do Rio de Janeiro

AR10 Alvalade / Roma

Av. do Rio de Janeiro

AR11 Alvalade / Roma

Av. do Rio de Janeiro

AR12 Alvalade / Roma

R. Fernando Pessoa

AR13 Alvalade / Roma

R. Afonso Lopes Vieira

AR14 Alvalade / Roma

Av. de Roma

AR15 Alvalade / Roma

R. João Villaret

AR16 Alvalade / Roma

Av. de Roma

AR17 Alvalade / Roma

Av. de Roma

AR18 Alvalade / Roma

Av. de Roma

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Apresentação e discussão dos resultados

64

Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) (continuação)

Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada

AR19 Alvalade / Roma

R. Frei Amador Arrais

AR20 Alvalade / Roma

Av. de Roma

AR21 Alvalade / Roma

R. Silva e Albuquerque

AR22 Alvalade / Roma

R. Marquesa de Alorna

T1 Telheiras

Jardim Prof. António

T2 Telheiras

R. Prof. Henrique Vilhena

T3 Telheiras

R. Prof. Barbosa Sueiro

T4 Telheiras

R. Prof. Aires de Sousa

T5 Telheiras

R. Prof. Barbosa Sueiro

T6 Telheiras

Azinhaga das Galhardas

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

65

Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) (continuação)

Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada

T7 Telheiras

R. Prof. Vítor Fontes

T8 Telheiras

R. Prof. Vítor Fontes

T9 Telheiras

R. Prof. Fernando Fonseca

T10 Telheiras

R. Prof. Vieira de Almeida

Do Quadro 4.1, verifica-se que as fachadas inspeccionadas localizam-se na zona de Lisboa,

nomeadamente em Alvalade / Roma e Telheiras, num total de 32 fachadas em 32 diferentes

edifícios. A idade dos edifícios varia sobretudo de acordo com a localização do mesmo, sendo

que foram inspeccionadas fachadas desde os 5, 10, 20 anos (Telheiras), até fachadas com

mais de 60 anos de vida útil (Alvalade / Roma).

O local de implantação de um edifício influencia a sua concepção e construção, encontrando-

se este isolado, em gaveto, em banda/meio ou banda/extremo (Figuras 4.1a e 4.1b).

Figura 4.1a e Figura 4.1b– Fachadas em banda / extremo (à esquerda) e banda / meio (à direita) (AR18 – Avenida de Roma e AR20 – Avenida de Roma)

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Apresentação e discussão dos resultados

66

Note-se que este factor de implantação, para além de ser importante no plano construtivo e

arquitectónico, influi directamente na pormenorização necessária nos elementos construtivos

face à acção prejudicial da água na fachada. Ou seja, o facto de um edifício se situar isolado

conduz a que as suas fachadas possam estar mais sujeitas às águas das chuvas, ou à

combinação água-vento, pois em parte não existe a protecção dos edifícios circundantes que

existiriam, por exemplo, no caso de uma implantação em banda.

A título de curiosidade e no que respeita à tipologia de um edifício, distingam-se os edifícios

multifamiliares dos edifícios unifamiliares. A maioria das fachadas inspeccionadas é referente a

edifícios multifamiliares, o que em certa medida é facilmente compreensível, uma vez que a

zona de estudo se situa na zona urbana de Lisboa, sendo esta fortemente povoada por

edifícios em altura, com diversos apartamentos por piso, em oposição às designadas moradias

(casas de um ou dois pisos na maioria dos casos, em que, regra geral, são habitadas por uma

única família).

De um modo geral, verifica-se que a tipologia dos revestimentos, das fachadas inspeccionadas,

corresponde à argamassa tradicional com pintura, sendo que em alguns casos se pode

observar betão à vista, ladrilhos cerâmicos ou hidráulicos, placas de pedra natural ou artificial

em algumas zonas correntes da fachada. Por seu lado, a tipologia das paredes exteriores

corresponde, na maioria dos casos, a paredes de pano simples em alvenaria de tijolo, podendo

ainda encontrar-se situações de paredes de pano duplo em alvenaria de tijolo, betão ou pedra

natural. Refira-se que, apesar de na actualidade ser mais visível paredes de pano duplo, em

fachadas de edifícios mais antigos observava-se frequentemente a existência de paredes de

pano simples.

Os vãos de fachada são zonas preponderantes no bom desempenho em serviço de uma

fachada, em especial no que diz respeito aos problemas causados pela acção da água e, como

tal, exige-se uma cuidada pormenorização dos seus elementos construtivos. Destes elementos

refira-se com especial interesse o caso dos peitoris, os quais regra geral, são constituídos em

pedra natural (Figura 4.2).

Figura 4.2 – Peitoril em pedra (AR6 – Avenida dos Estados Unidos da América)

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

67

O material utilizado nas caixilharias, presentes nos vãos de fachada, variam em número

semelhante entre a madeira e o alumínio. De um modo geral, pode afirmar-se que os

envidraçados são simples para edifícios mais antigos e duplos para os edifícios recentes.

Os socos encontrados nas fachadas são, geralmente, constituídos por pedra natural (Figura

4.3). Em muretes / platibandas observa-se, em alguns casos, a existência de guarda-corpos

em betão ou aço/ferro.

Figura 4.3 – Soco em pedra natural (AR3 na Avenida São João de Deus (Alvalade / Roma))

4.3 Degradação e indicadores de risco

Como já se referiu no capítulo 2, no intuito de uma avaliação do risco em fachadas

subdividiram-se as mesmas em três principais elementos construtivos, socos, peitoris e

platibandas / muretes (os elementos construtivos principais em que a acção da água mais

influencia, intervém e condiciona o seu desempenho em serviço e da própria fachada). Em

cada um destes elementos procurou-se analisar o seu estado de degradação, sendo que para

isso se observaram um conjunto de anomalias / defeitos estabelecidos à priori.

Os resultados obtidos das anomalias / defeitos nos socos, peitoris e platibandas / muretes

encontram-se expressos no Quadro 4.2. Note-se que as abreviações adoptadas, tanto para as

fachadas (AR – Alvalade / Roma, T – Telheiras) como para as anomalias / defeitos, já foram

referidas e explicadas, e ainda que cada fachada corresponde a um só edifício, não existindo

então duas, três ou quatro fachadas num mesmo edifício. Por outro lado, refira-se que a

presença do número “1” nas células corresponde à existência de determinada anomalia /

defeito em determinada fachada, sendo que a sua inexistência será marcada com “-“.

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Apresentação e discussão dos resultados

68

Quadro 4.2 – Anomalias / defeitos totais (Alvalade / Roma e Telheiras)

Fachadas

Anomalias / defeitos em elementos construtivos

Socos Peitoris Muretes / Platibandas

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 AR1 - - X X - - - X X X X X - - - X X X - - -

AR2 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X -

AR3 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X -

AR4 - X X X - - - X X X - X X - - X X - X X -

AR5 - - X X X - - X X X X X X - - X X - X X -

AR6 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -

AR7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -

AR8 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - -

AR9 - - X X - - - X X X X X X - X X X - - - -

AR10 - - X X - - - X X X - X - - - X X - - - -

AR11 - - X X - - - X X X X X X - - X X X - - -

AR12 - - X X - - - X X X X - - - - X X - - - -

AR13 - X X X - - - X X X X X X X X X X - - - -

AR14 - X X X X - - X X X X X X - X X X - - - -

AR15 - X X X X - - X X X X X - X X X - - X X -

AR16 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -

AR17 - X X X - - - X X X X X X - - X X X - - -

AR18 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X -

AR19 - - X X - - - X X X X X X - - X - - X X -

AR20 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -

AR21 - - X X - - - X X X X X - - - X X - X X -

AR22 - - X X - - - X X X X X X X - X X X X X -

T1 - - X X - - - X X X X X - - - X X - - - -

T2 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -

T3 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -

T4 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -

T5 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -

T6 - X X X - - - X X X X X X - - X X - X X -

T7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - -

T8 - - X X X - - X X X X X X - - X X X X X -

T9 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X -

T10 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - -

Socos: Muretes / Platibandas:

1 – Colonização biológica (plantas, entre outros); 1 – Colonização biológica (plantas, entre outros);

2 – Eflorescências / criptoflorescências; 2 – Eflorescências / criptoflorescências;

3 – Sujidade / manchas de humidade; 3 – Sujidade / manchas de humidade;

4 – Ascensão capilar; 4 – Escorrimentos / sujidade diferencial;

5 – GraffitI / Vandalismo. 5 – Corrosão de guarda-corpos;

Peitoris: 6 – Inexistência de capeamento;

1 – Colonização biológica (plantas, fungos, etc); 7 – Inexistência de pingadeira no capeamento;

2 – Eflorescências / criptoflorescências; 8 – Inexistência de tubo ladrão da laje.

3 – Sujidade / manchas de humidade;

4 – Inexistência de inclinação;

5 – Inexistência de pingadeira;

6 – Inexistência de rasgos;

7 – Balanço suficiente;

8 – Escorrimentos / sujidade diferencial.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

69

O Quadro 4.2 apenas permite identificar o número de anomalias / defeitos visíveis no soco,

peitoril e platibanda / murete para cada fachada inspeccionada (resultados detalhados nas

fichas de inspecção encontram-se anexo - fichas de inspecção). É possível, no entanto, afirmar

que a presença de anomalias / defeitos num determinado elemento construtivo corresponde a

uma deterioração da fachada, e que quanto maior for o seu número maior será o risco de

degradação na fachada e a probabilidade do mesmo aumentar.

Uma síntese do Quadro 4.2 permite revelar o número de anomalias / defeitos presentes nos

socos, peitoris, muretes / platibandas, os quais, como dados importantes para a compreensão

do risco de degradação nas fachadas, indicam a extensão e gravidade do estado de

deterioração dos elementos construtivos. Este número de anomalias / defeitos tem especial

interesse tendo em atenção o número inicial de possíveis anomalias /defeitos observáveis nos

elementos construtivos, as quais foram referidas e preconizadas no capítulo 3 (Figuras 4.4 e

4.5).

Figura 4.4 – Número de anomalias / defeitos (22 fachadas em Alvalade / Roma)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

AR1

AR2

AR3

AR4

AR5

AR6

AR7

AR8

AR9

AR10

AR11

AR12

AR13

AR14

AR15

AR16

AR17

AR18

AR19

AR20

AR21

AR22

Número de anomalias / defeitos (n)

Fach

ad

as

Anomalias / defeitos em fachadas (Alvalade / Roma)

Murete / Platibanda Peitoril Soco

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Apresentação e discussão dos resultados

70

Figura 4.5 – Número de anomalias / defeitos (10 fachadas em Telheiras)

As Figuras 4.4 e 4.5 permitem mostrar que efectivamente existe um elevado número de

anomalias / defeitos nas fachadas. Regra geral, este facto conduz mais a uma maior

deterioração do elemento construtivo em questão, quer seja um soco, peitoril ou murete /

platibanda, como se verá mais à frente.

Com base na metodologia proposta no capítulo 3, é possível avaliar o risco de degradação de

um soco, peitoril ou platibanda / murete, e por conseguinte, numa fachada. A partir de uma

avaliação de um conjunto de anomalias / defeitos, já referidos e observados, retiram-se

indicadores de risco parciais (Rn), afectos a cada anomalia / defeito (esta avaliação tem como

base a durabilidade, segurança na utilização, concepção / construção de elementos

construtivos e condições de exposição referenciados no capítulo 3). Uma soma ponderada

destes indicadores de risco parciais (Rn), de acordo com a Eq. 3.5 no capítulo 3, permite a

obtenção dos indicadores de risco totais nos socos, peitoris e muretes / platibandas . Ora,

por fim através de uma média dos indicadores totais nos três elementos construtivos obtêm-se

os indicadores totais para cada fachada ( )).

4.3.1 Indicadores de risco em socos

Para cada fachada observada, verificaram-se anomalias em socos (Figura 4.6). Os resultados

individuais e detalhados de todas as anomalias nas fachadas (indicadores de risco para cada

anomalia, através da durabilidade, segurança na utilização, concepção / construção e

condições de exposição correspondentes) encontram-se nas fichas de inspecção (anexo -

fichas de inspecção).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Número de anomalias / defeitos (n)

Fach

ad

as

Anomalias / defeitos em fachadas (Telheiras)

Murete / Platibanda Peitoril Soco

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

71

Figura 4.6 – Exemplo de um soco (AR10 na Avenida do Rio de Janeiro)

De acordo com os critérios, pressupostos e fórmulas adoptados nas fichas de inspecção, em

conjunto com a definição das anomalias mais visíveis e importantes nos socos, foi possível,

numa perspectiva mais abrangente, avaliar o risco de deterioração de um soco. Para o total de

32 fachadas inspeccionadas na zona de Alvalade / Roma e Telheiras, os valores referentes aos

indicadores de risco para o soco são os apresentados nas Figuras 4.7 e 4.8. Note-se que, no

que diz respeito aos indicadores de risco, os valores variam de 0 a 100. Estes valores referem-

se ao grau de degradação de um soco face à acção da água para as diferentes fachadas,

sendo que 100 corresponde ao risco máximo de degradação de um soco e 0 ao valor mínimo

correspondente. Acima de tudo, este indicador de risco traduz e tem em conta as anomalias

existentes no elemento construtivo, assim como as características deste mesmo, as quais, na

eventualidade de não serem as mais adequadas para o caso em especifico, provocam o

aparecimento de mais anomalias e/ou agravam as presentes. Ou seja, a probabilidade de risco

de degradação de um elemento construtivo é tanto maior quanto maior for a sua propensão

para o surgimento de anomalias, que derivam de diversas razões, como os erros de concepção

e/ou construção, falta de manutenção, condições adversas de exposição (acção da chuva e

vento), entre outras.

No exemplo da fachada T5 (Figura 4.7), a inspecção permitiu observar que existiam duas das

cinco anomalias preconizadas à priori no soco (anexo - fichas de inspecção). Estas duas

anomalias / defeitos, “sujidade / manchas de humidade” e “ascensão capilar” apresentavam

uma durabilidade correspondente ao valor 5 para ambas, e uma segurança na utilização de 3

(sujidade / manchas de humidade) e 5 (ascensão capilar), que contabilizam uma soma de 8

(5+3) (sujidade / manchas de humidade) e 10 (5+5) (ascensão capilar) respectivamente. Por

outro lado, nestas anomalias / defeitos verificaram-se os valores de 3 para a concepção /

construção de elementos construtivos e condições de exposição, que somados contabilizam 6

(3+3) no total para cada anomalia / defeito. Ora, tendo em conta o efeito multiplicativo destes

critérios de severidade e probabilidade de risco (durabilidade, segurança na utilização,

concepção / construção de elementos construtivos e condições de exposição), para as

anomalias / defeitos considerados resulta então um indicador de risco parcial (Rn) de 48 (8*6)

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Apresentação e discussão dos resultados

72

para a “sujidade / manchas de humidade” e de 60 (10*6) para a “ascensão capilar”. Através da

Eq. 4.5 no capítulo 3, estes valores de Rn conduzem a um indicador total de risco para o

soco, que corresponde ao valor aproximado de 47 neste caso.

Figura 4.7 – Indicador de risco de degradação em socos - (10 fachadas em Telheiras)

Figura 4.8 – Indicador de risco de degradação em socos - (22 fachadas em Alvalade / Roma)

5

17

29

20

47

31

5

26

44

28

0 20 40 60 80 100

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em socos (Telheiras)

29

43

45

32

25

33

29

24

24

24

24

29

50

33

38

37

19

33

20

29

20

39

0 20 40 60 80 100

AR1

AR2

AR3

AR4

AR5

AR6

AR7

AR8

AR9

AR10

AR11

AR12

AR13

AR14

AR15

AR16

AR17

AR18

AR19

AR20

AR21

AR22

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em socos (Alvalade / Roma)

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

73

Nas Figuras 4.7 e 4.8 verifica-se que, num conjunto de fachadas pertencentes a edifícios

sensivelmente com a mesma idade e numa zona comum, os valores de indicador de risco dos

socos variam entre os 19 e os 50 aproximadamente. Estes valores reflectem, antes de mais,

uma significativa diversidade no estado de degradação dos socos. Note-se, ainda assim, que

em Alvalade / Roma existe uma mais notória homogeneidade nos resultados relativamente a

Telheiras.

Por outro lado, e de acordo com o capítulo anterior (trabalho de campo), a valores de

indicadores de risco acima dos 50 atribui-se a designação de “crítico” (grau de risco). Ou seja,

o soco correspondente encontra-se em estado crítico de degradação, requerendo acções de

manutenção e controlo de risco (Quadro 4.3). Para o caso da fachada T7, o soco apresenta um

indicador de risco total próximo do “crítico” com um valor de 47 (Figura 4.7).

Quadro 4.3 – Valores de indicadores de risco

Risco Indicador de risco geral

Descrição

Muito crítico 75 ≤ X < 100 Estado avançado de degradação do(s) elemento(s)

construtivo(s)

Crítico 50 ≤ X < 75 Necessidade de acções de manutenção

Significativo 25 ≤ X < 50 Necessidade de reavaliar alguns processos

Aceitável 0 ≤ X < 25 Aceitável

Refira-se que pela análise do Quadro 4.3, é possível observar que praticamente todos os socos

nas Figuras 4.7 e 4.8 estão abaixo do grau “crítico” (Figura 4.9), encontrando-se a grande

maioria no grau “significativo”.

Figura 4.9 – Anomalias em soco designado de “crítico” (AR13 na Rua Afonso Lopes Vieira)

Para casos que se encontrem nesta designação de “significativo” é aconselhável e expectável

reavaliar alguns processos, tanto de construção como de manutenção (Figura 4.10).

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Apresentação e discussão dos resultados

74

Figura 4.10 – Anomalias em soco designado de “significativo” (AR4 na Avenida São João de Deus)

Por fim, ainda existem fachadas em que o grau de risco associado ao soco se situa no

“aceitável”, o que à data da inspecção não se prevê nenhuma acção de manutenção.

No caso particular dos socos, uma das anomalias mais visíveis prende-se com a ascensão

capilar, que tem a sua origem a partir da água proveniente do solo (Figuras 4.11 e 4.12).

Figura 4.11 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (22 fachadas em Alvalade / Roma)

36

36

50

36

25

40

36

30

30

30

30

36

60

36

40

36

20

36

25

36

25

48

0 20 40 60 80 100

AR1 AR2 AR3 AR4 AR5 AR6 AR7 AR8 AR9

AR10 AR11 AR12 AR13 AR14 AR15 AR16 AR17 AR18 AR19 AR20 AR21 AR22

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Ascensão capilar (Alvalade / Roma)

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

75

Figura 4.12 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (10 fachadas em Telheiras)

Nas Figuras 4.11 e 4.12 observa-se que praticamente todos os socos apresentam problemas

com a ascensão capilar, com algumas diferenças de gravidade no risco de degradação. Este

tipo de anomalia pode originar outras anomalias, causar danos graves na destruição parcial

dos socos, e/ou ainda condicionar a normal circulação dos utentes que percorrem os espaços

próximos aos socos, exigindo-se acções periódicas de manutenção (Figura 4.13).

Figura 4.13 – Ascensão capilar em soco na fachada T2 – Rua Prof. Henrique Vilhena

Note-se que o soco é um elemento construtivo de fácil alcance a qualquer pessoa que circule

junto ao edifício, o que permite alertar para um maior cuidado na concepção / construção dos

socos, assim como na manutenção necessária ao seu bom desempenho em serviço. No intuito

de melhorar o problema da ascensão capilar, nomeadamente em socos de argamassa

cimentícia, nas zonas em que a ascensão capilar não provocou mais nenhum efeito a não ser

as manchas de humidade poder-se-á proceder da seguinte forma [BRITO, 2004]:

6

25

36

25

60

36

6

30

48

36

0 20 40 60 80 100

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Ascensão capilar (Telheiras)

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Apresentação e discussão dos resultados

76

eliminar o revestimento até 50 cm acima das manchas de humidade;

utilizar solução ácida para lavagem do paramento;

fixar uma rede de metal galvanizado;

aplicar um reboco de drenagem (com espessura de 3 a 5 mm), endireitando com a

régua de forma a deixar a superfície rugosa e pronta a receber nova aplicação;

depois de deixar secar durante 12 horas efectuar nova aplicação (20 mm de

espessura);

aplicar acabamento final.

Refira-se que o reboco drenante evita o ressurgimento de manchas de humidade e evita a

destruição do revestimento através do armazenamento dos sais e do suporte das suas

expansões de forma. Para tal, é necessário que o reboco tenha uma adequada permeabilidade

ao vapor de água, assim como as tintas a aplicar não sejam impermeabilizantes.

4.3.2 Indicadores de risco em peitoris

Tal como os socos, também os peitoris apresentam um conjunto de anomalias / defeitos que

foram observadas e avaliadas, no intuito do risco de degradação de uma fachada (Figura 4.14).

Figura 4.14 – Anomalias em peitoril (AR9 na Avenida do Rio de Janeiro)

Os resultados obtidos relativos aos indicadores de risco de degradação em peitoris, na zona de

Alvalade / Roma e Telheiras, estão expressos nas Figuras 4.15 e 4.16.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

77

Figura 4.15 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (22 fachadas em Alvalade /

Roma)

Figura 4.16 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (10 fachadas em Telheiras)

Pela análise das Figuras 4.15 e 4.16 é possível observar que a grande maioria dos valores de

indicadores de risco situam-se acima dos 50, significando que esses peitoris apresentam o

grau de Crítico. Assim é importante proceder-se a acções de manutenção e controle de risco

para os casos em questão. De um modo geral, os resultados são críticos e aproximadamente

66

70

51

55

50

72

57

57

57

53

57

53

55

55

49

57

41

57

50

57

47

57

0 20 40 60 80 100

AR1

AR2

AR3

AR4

AR5

AR6

AR7

AR8

AR9

AR10

AR11

AR12

AR13

AR14

AR15

AR16

AR17

AR18

AR19

AR20

AR21

AR22

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em peitoris (Alvalade / Roma)

48

58

57

50

57

56

48

57

70

55

0 20 40 60 80 100

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em peitoris (Telheiras)

Page 92: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Apresentação e discussão dos resultados

78

homogéneos entre si, o que demonstra o actual estado de deterioração dos peitoris, assim

como a falta de cuidado na pormenorização dos mesmos, tanto na concepção como na

construção, associados à falta de manutenção ao longo do tempo de vida útil. É ainda de notar,

numa comparação com os socos, que regra geral os peitoris encontram-se em pior estado de

degradação que os anteriores elementos construtivos, associados em grande parte à sua

deficiente / inexistente pormenorização de alguns pormenores construtivos (pingadeiras,

rasgos, de entre outros).

Nesta fase, importa então avaliar a inexistência de pingadeira, rasgos e inclinação nos peitoris

inspeccionados, assumindo-se como defeitos preponderantes e essenciais no desempenho em

serviço de uma fachada face à acção da água. Assim, na zona de Alvalade / Roma e Telheiras,

os resultados obtidos encontram-se apresentados nos Quadros 4.4 e 4.5.

Note-se, uma vez mais, que as abreviações adoptadas para as fachadas já foram referidas, e

ainda que cada fachada corresponde a um só edifício. A presença do número “1” nas células

corresponde à existência de determinado defeito em determinada fachada, sendo que a sua

inexistência será marcada com “-“. Pela análise dos Quadros 4.4 e 4.5 verifica-se que todos os

peitoris inspeccionados apresentam inexistência de pingadeira, e/ou rasgos, e /ou inclinação.

Ou seja, pelo menos um destes defeitos todos os peitoris apresentam, sendo que a grande

maioria revela mesmo a presença dos três defeitos.

Quadro 4.4 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Alvalade / Roma)

Fachadas Alvalade / Roma

Inclinação Pingadeira Rasgos

AR1 - X X

AR2 X X X

AR3 X X X

AR4 X X -

AR5 X X X

AR6 X X X

AR7 X X X

AR8 X X X

AR9 - X X

AR10 X X -

AR11 - X X

AR12 X X X

AR13 X - X

AR14 X - X

AR15 X X X

AR16 X X X

AR17 X - X

AR18 X X X

AR19 X X X

AR20 X X X

AR21 X X -

AR22 X X X

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

79

Quadro 4.5 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Telheiras)

Fachadas Telheiras

Inclinação Pingadeira Rasgos

T1 X X X

T2 - X X

T3 X X X

T4 X X X

T5 X X X

T6 X X X

T7 X X X

T8 X X X

T9 X X X

T10 X X -

Refira-se que se podem observar casos em que existe pingadeira, rasgos ou inclinação nos

peitoris, mas que não estão bem concebidos e/ou executados, e, por conseguinte, conduzem

também a problemas no seu correcto e eficaz desempenho em serviço. Todos estes resultados

revelam a falta de uma boa pormenorização nos peitoris, proporcionado um elevado risco de

degradação no combate à acção da água. Se por um lado, o número de peitoris

inspeccionados não permite, de um modo conclusivo, extrapolar e generalizar estes resultados

para toda a zona urbana de Lisboa ou mesmo Portugal, por outro lado os resultados são de tal

modo concordantes que evidenciam e permitem prever, com alguma convicção, todo o estado

dos peitoris na construção existente em Lisboa.

Para a resolução destas anomalias / defeitos exige-se a criação / melhoramento de pingadeiras

e rasgos nos peitoris, para que a água que aí se deposite não consiga permanecer demasiado

tempo e consequentemente não provoque o reaparecimento destas anomalias. Também é

importante, pela razão anteriormente referida, sempre que possível aumentar a inclinação e o

balanço destes peitoris [SILVA & TORRES, 2003].

4.3.3 Indicadores de risco em platibandas / muretes

Por seu lado, as platibandas / muretes apresentam também um conjunto de anomalias /

defeitos, que foram observadas e avaliadas no que diz respeito ao risco de degradação das

fachadas. Assim os resultados dos indicadores de risco encontrados, na zona de Alvalade /

Roma e Telheiras, encontram-se apresentados nas Figuras 4.17 e 4.18.

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Apresentação e discussão dos resultados

80

Figura 4.17 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (22 fachadas em

Alvalade / Roma)

Figura 4.18 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (10 fachadas em

Telheiras)

Estas Figuras 4.17 e 4.18 demonstram uma grande variedade nos resultados obtidos, pois

tanto existem muretes e platibandas com valores de risco acima dos 50, como valores de risco

30

52

49

51

30

64

52

24

29

6

30

9

40

28

47

55

14

49

43

51

43

55

0 20 40 60 80 100

AR1

AR2

AR3

AR4

AR5

AR6

AR7

AR8

AR9

AR10

AR11

AR12

AR13

AR14

AR15

AR16

AR17

AR18

AR19

AR20

AR21

AR22

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em muretes / platibandas (Alvalade / Roma)

23

44

54

46

55

50

5

53

62

21

0 20 40 60 80 100

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em muretes / platibandas (Telheiras)

Page 95: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

81

abaixo dos 25, situando-se o valor mais visível próximo dos 40. Assim sendo, um murete /

platibanda varia entre “crítico”, “significativo” e “aceitável”, o que pressupõe diferenças nas

acções a tomar para um melhor desempenho em serviço das fachadas. Um factor que talvez

explique as diferenças encontradas poder-se-á prender com a recente manutenção das

fachadas e seus constituintes. Ou seja, para o caso em que uma fachada tenha sofrido

manutenção num período próximo da data de inspecção, os resultados serão então

influenciados e afectados e, por conseguinte, menos anomalias serão visíveis e menor o risco

de degradação dos elementos construtivos.

A inexistência de capeamento, associado à também inexistência de pingadeira no mesmo,

corresponde a um defeito muito comum nas fachadas (Quadros 4.6 e 4.7).

Quadro 4.6 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Telheiras)

Fachadas Telheiras

Capeamento Pingadeira

T1 - -

T2 X X

T3 X X

T4 X X

T5 X X

T6 X X

T7 - -

T8 X X

T9 X X

T10 - -

Quadro 4.7 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Alvalade / Roma)

Fachadas Alvalade / Roma

Capeamento Pingadeira

AR1 - -

AR2 X -

AR3 X X

AR4 X X

AR5 X X

AR6 X X

AR7 X X

AR8 - -

AR9 - -

AR10 - -

AR11 - -

AR12 - -

AR13 - -

AR14 - -

AR15 X -

AR16 X X

AR17 - -

AR18 X -

AR19 X X

AR20 X X

AR21 X X

AR22 X -

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Apresentação e discussão dos resultados

82

Verifica-se então que existe uma falta de pormenorização nos capeamentos, pois em muitos

dos muretes / platibandas não se nota a presença de capeamentos, nem sequer pingadeira.

Estes são elementos construtivos muito importantes para a funcionalidade de uma fachada,

pois, no caso de preconizados à priori e de bem construídos, retardam o aparecimento de

anomalias (sujidade diferencial, entre outros), aumentam a durabilidade dos materiais

envolvidos, e mantêm o aspecto visual agradável da fachada por mais tempo. A resolução

deste tipo de anomalia / defeito, à semelhança dos peitoris, passa, numa primeira fase, por

uma limpeza e pintura da zona afectada, e em seguida pela criação de uma capeamento e/ou

pingadeira executados correctamente e adequados à situação em questão [SILVA & TORRES,

2003].

4.3.4 Outros indicadores de risco nos socos, peitoris e platibandas / muretes

Existem algumas anomalias / defeitos comuns a dois ou três elementos construtivos (soco,

peitoril e murete / platibanda). Neste subcapítulo importa então referenciar essas mesmas

anomalias e defeitos.

Nos socos, peitoris e muretes / platibandas, uma anomalia visível prende-se com a colonização

biológica que muito raramente é observada (Quadro 4.2). Por seu lado, o mesmo Quadro 4.2

permite observar que as eflorescências são anomalias mais visíveis que a colonização

biológica (Figura 4.19).

Figura 4.19 – Eflorescências em socos (AR13 – Rua Afonso Lopes Vieira)

Relacionadas com problemas de água / humidade, as eflorescências podem ser tratadas

naturalmente através da substituição do revestimento dos paramentos.

Os problemas derivados de sujidade / manchas de humidade são habitualmente visíveis em

qualquer fachada observada (Quadro 4.2), pois é natural o surgimento de sujidade nos

paramentos, em maior ou menos escala consoante diversos factores (Figura 4.20).

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

83

Figura 4.20 – Sujidade / manchas de humidade em socos (AR3 – Avenida São João de Deus)

Sendo este tipo de anomalia muito visível nas fachadas, e podendo apresentar grandes

amplitudes de gravidade e probabilidade de ocorrência, importa avaliar o seu estado de

degradação e, posteriormente, proceder a acções de manutenção. Para eliminação dos efeitos

visuais causados por estas anomalias, a pintura dos paramentos deve ser suficiente.

Os escorrimentos/sujidade diferencial são uma anomalia muito observada na fachada (Quadro

4.2), quer nas zonas adjacentes aos peitoris quer nos muretes / platibandas (Figura 4.21).

Figura 4.21 – Escorrimentos / sujidade diferencial (AR17 na Avenida de Roma)

Do total de fachadas observadas, uma importante percentagem de casos exibe sujidade

diferencial, tanto nos peitoris como nos muretes / platibandas (Figuras 4.22 e 4.23). Para além

do aspecto estético que estes escorrimentos evidenciam em toda a fachada, estes são algo

reveladores do grau de risco de degradação da fachada, que derivam de problemas

associadas à água / humidade. Juntamente com as anomalias relativas à sujidade / manchas

de humidade, visíveis um pouco por toda a fachada, os escorrimentos, não só deterioram os

elementos construtivos, mas também afectam o aspecto visual de um edifício, assumindo-se

como anomalias em que se exigem acções de manutenção periódica. No intuito de eliminar as

anomalias da “sujidade / manchas de humidade” e “escorrimentos / sujidade diferencial”, em

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Apresentação e discussão dos resultados

84

termos de efeitos visuais, poder-se-á proceder à pintura do paramento. No entanto, a solução

ideal para os “escorrimentos / sujidade diferencial” passa pela correcta pormenorização dos

peitoris que reduzem significativamente os escorrimentos nas zonas próximas.

Figura 4.22 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (10 fachadas em Telheiras)

Figura 4.23 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (22 fachadas em Alvalade / Roma)

10

36 25

36

36 10

30

40

0 20 40 60 80 100

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Indicador de risco (0-100)

Fa

ch

ad

as

Escorrimentos / sujidade diferencial (Telheiras)

Muretes / Platibandas Peitoris

36

50 36

25 48

36 30

36

30

36

36

36

24

18

25 36

36

36

30

40

30 8

36 12

48

8

30

30 15

0 20 40 60 80 100

AR1

AR2

AR3

AR4

AR5

AR6

AR7

AR8

AR9

AR10

AR11

AR12

AR13

AR14

AR15

AR16

AR17

AR18

AR19

AR20

AR21

AR22

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Escorrimentos / sujidade diferencial (Alvalade/Roma)

Muretes / Platibandas Peitoris

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

85

Nesta fase importa referir que, algumas anomalias, como os escorrimentos / sujidade

diferencial, as manchas de humidade, entre outros, derivam, em parte, do aparecimento e

agravamento de anomalias anteriores a estas. Apesar de existirem causas próprias de cada

anomalia, o que mais reflecte a realidade, na degradação dos elementos construtivos, consiste

no facto de haver um conjunto de causas provenientes de anomalias adjacentes e anteriores,

que associadas às causas próprias deterioram o elemento construtivo. Por vezes verifica-se

mesmo um ciclo de efeitos, que se inicia numa anomalia originada por uma determinada

causa(s), que conduz a uma outra anomalia, a qual agrava a anterior e propicia o aparecimento

de novas anomalias. Serve este parágrafo para referir a problemática do par anomalia(s) /

causa(s), que na maioria dos casos não corresponde a uma ciência exacta, mas sim a um

conjunto de possibilidades e hipóteses possíveis de acontecer.

As Figuras 4.22 e 4.23 permitem reforçar a ideia de que as principais e mais recorrentes

causas possíveis prendem-se com os erros de concepção, de construção e a falta de

manutenção, a qual, por vezes, é mesmo necessária, dada a normal utilização ao longo dos

anos de vida útil de cada fachada.

4.3.5 Condições de exposição na fachada

Depois de uma perspectiva geral do estado de degradação das fachadas inspeccionadas no

trabalho de campo, em particular os socos, peitoris e muretes / platibandas, importa nesta fase

avaliar algumas características das fachadas em conjunto com os seus indicadores de risco,

para assim estabelecer algumas relações.

Assim é de realçar a importância da orientação da fachada nos resultados finais de um

determinado elemento construtivo, pois esta afecta as condições de exposição de uma

fachada, que muito propiciam e agravam as anomalias / defeitos visíveis. A orientação definida

como Norte, Sul, Este ou Oeste corresponde a uma orientação aproximada, pois se existem

casos em que efectivamente uma fachada se encontre virada por exemplo para Norte, na

maioria dos casos as fachadas têm orientações para Sudoeste, Nordeste, entre outros.

Adoptam-se então estas orientações apenas por uma questão de facilidade de utilização e de

melhor compreensão e análise nos resultados obtidos.

Nos Quadros 4.8 e 4.9, pode-se observar a relação entre a orientação de uma fachada (Norte,

Sul, Este ou Oeste) com o seu estado de degradação, quer em Alvalade / Roma quer em

Telheiras (indicador de risco). Refira-se que a abreviação ) diz respeito ao

indicador de risco total para cada fachada, contabilizando em termos médios os socos, peitoris

e platibandas / muretes.

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Apresentação e discussão dos resultados

86

Quadro 4.8 – Orientação das fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras)

Orientação das fachadas

Número de fachadas

Média

( ))

Norte 8 36,7

Sul 9 47,1

Este 8 39,4

Oeste 7 40,6

Total 32 41,2

Quadro 4.9 – Indicadores de risco totais relacionados com a orientação da fachada (Alvalade / Roma e Telheiras)

Fachadas Orientação das fachadas (Norte, Sul, Este, Oeste)

)

AR1 Norte 41,5

AR2 Sul 54,9

AR3 Norte 48,4

AR4 Sul 45,7

AR5 Este 39,9

AR6 Sul 56,1

AR7 Este 46,1

AR8 Este 34,9

AR9 Oeste 36,6

AR10 Oeste 27,9

AR11 Oeste 36,8

AR12 Sul 30,6

AR13 Oeste 48,5

AR14 Este 38,7

AR15 Norte 44,3

AR16 Oeste 49,8

AR17 Este 25,0

AR18 Sul 46,4

AR19 Norte 37,8

AR20 Oeste 46,0

AR21 Norte 36,9

AR22 Este 50,4

T1 Norte 25,1

T2 Norte 40,0

T3 Sul 46,6

T4 Oeste 38,8

T5 Sul 53,0

T6 Este 45,9

T7 Norte 19,3

T8 Sul 45,4

T9 Sul 58,9

T10 Este 34,5

Nos Quadros 4.8 e 4.9, pode-se verificar que, apesar de não expectável, existe uma tendência

de o risco de degradação de uma fachada, seja num soco, peitoril ou murete / platibanda, ser

maior nas fachadas orientadas a Sul, seguindo-se as orientadas a Este ou Oeste e, por fim,

com menor risco de degradação nas fachadas orientadas a Norte. Este facto pode ser

explicado pela exposição solar constante ao longo de todo o dia de uma fachada orientada a

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

87

Sul, com mais ou menos horas de actividade solar dependente da estação do ano. Assim

sendo, para além de os elementos construtivos estarem sujeitos à incidência directa do Sol e a

fortes temperaturas durante longos períodos de tempo, estes sofrem variações bruscas de

temperatura e de humidade, passando por vezes de temperaturas próximas de zero durante a

noite, até temperaturas a rondar os 30 graus. Por outro lado, fachadas orientadas a Sul

apresentam em território Português uma predominância de incidência das águas das chuvas,

pois tendencialmente e estatisticamente verifica-se que a chuva em Portugal incide

maioritariamente em elementos virados para Sul. Deste modo, um qualquer soco, peitoril ou

murete / platibanda que esteja orientado a Sul terá à partida uma maior probabilidade de

degradação, associada ao aparecimento de anomalias (por exemplo as eflorescências, de

entre outras), essencialmente devido à exposição solar (temperatura e humidade) e à

incidência das águas das chuvas.

Apesar deste facto, e mesmo no que respeita às ditas condições de exposição definidas

anteriormente, a consideração isolada da orientação de uma fachada indica apenas uma causa

possível no aparecimento de uma anomalia, que conduza à progressiva deterioração da

fachada. No entanto, podem existir eventuais outros factores exteriores, ou de outra natureza,

que condicionem o risco de degradação e que alterem os resultados obtidos, pois para

fachadas com a mesma orientação é comum existir diversidade na avaliação do seu risco.

Com exemplo, na fachada AR2, orientada a Sul, observa-se um indicador de risco total

aproximado de 55 (grau “crítico”) (Quadro 4.9). Nesta fachada verificaram-se 15 anomalias /

defeitos para um total de 22 (Figura 4.24). As condições de exposição de uma fachada, não só

incluem a orientação de uma fachada, mas também outros factores (protecção da fachada,

proximidade do mar e de vias). É visível na Figura 4.24 a existência de vegetação que, em

parte, serve de protecção à fachada relativamente às águas das chuvas e à actividade solar,

constituindo então um elemento externo influenciador das condições de exposição a que a

fachada se encontra exposta. Porém, esta vegetação próxima da fachada causa alguns efeitos

negativos não relacionados com a acção da água, como por exemplo a presença de aves

causadoras de alguns danos materiais nos elementos construtivos.

Figura 4.24 – Vegetação como protecção aos agentes exteriores (AR2 na Rua Edison em Alvalade/Roma)

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Apresentação e discussão dos resultados

88

Uma relação mais coerente e próxima da realidade será aquela em que se relacionam as

condições de exposição com uma escala de risco pertencente a uma fachada (ver capítulo 3).

Esta escala de risco, própria de cada fachada, tem conta a orientação da fachada, a protecção

da fachada (vegetação, de entre outros), proximidade ao mar e avias de trânsito. Os resultados

obtidos encontram-se nas Figuras 4.25 e 4.26. Os valores existentes na escala de risco variam

de 0 a 5, correspondendo o 5 ao valor potencial mais prejudicial para a fachada, de acordo com

as condições de exposição definidas anteriormente (descrição e justificação destes valores no

capítulo 3 - trabalho de campo).

Figura 4.25 – Valores das condições de exposição (10 fachadas em Telheiras)

Figura 4.26 – Valores das condições de exposição (22 fachadas em Alvalade / Roma)

1,5

1,5

2,5

2,0

2,5

2,5

2,0

3,0

5,0

3,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Escala de risco (0-5)

Fach

ad

as

Condições de exposição (Telheiras)

3,0

3,0

2,0

3,0

2,0

5,0

3,0

3,0

3,0

3,0

3,0

3,0

3,0

3,0

2,0

3,0

1,0

3,0

2,0

3,0

2,0

3,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0

AR1 AR2 AR3 AR4 AR5 AR6 AR7 AR8 AR9

AR10 AR11 AR12 AR13 AR14 AR15 AR16 AR17 AR18 AR19 AR20 AR21 AR22

Escala de risco (0-5)

Fach

ad

as

Condições de exposição (Alvalade / Roma)

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

89

Das Figuras 4.25 e 4.26 pode-se verificar, que numa escala de 1 a 5 para as condições de

exposição, quanto maior o valor obtido nestas maior o indicador de risco correspondente e, por

conseguinte, pior será o estado de degradação da fachada e seus constituintes (Quadro 2.1).

Dos factores que intervêm na definição das condições de exposição, o caso da orientação da

fachada já foi abordado, exigindo-se portanto mencionar os aspectos relacionados com a

protecção da fachada, a proximidade do mar e de vias.

No que respeita à protecção da fachada é importante diferenciar os casos de fachadas em que

existe vegetação (árvores, arbustos, entre outros), edifícios suficientemente próximos, ou outro

tipo de protecção, dos casos em que a fachada se encontra desprotegida. Daqui resulta que,

de um modo geral, são favoráveis, no combate à acção da água, elementos que sirvam de

protecção aos agentes exteriores (água das chuvas, vento, luz solar).

No caso da proximidade ao mar das fachadas, o aumento da distância beneficia a redução dos

problemas relacionados com anomalias em elementos construtivos, pois a proximidade ao mar

tende a alterar a composição do ar atmosférico e das substâncias nele presentes, as quais

propiciam o aparecimento de anomalias. Tal como o mar, a proximidade a vias de trânsito e/ou

pedonais condiciona o risco de degradação de uma fachada, pois a frequência e o tipo de

veículos que circulam na envolvente ao edifício prejudica e provoca, por vezes, a deterioração

dos seus elementos construtivos. Para além deste facto, a existência de pessoas a circular

junto da fachada acarreta uma preocupação e cuidado maiores no dimensionamento e

pormenorização dos seus elementos construtivos.

4.4 Síntese geral e resultados obtidos

Para o total de fachadas inspeccionadas, e tendo em conta os resultados obtidos para os

socos, peitoris e muretes / platibandas, é possível avaliar o risco de degradação da fachada

como um todo. Utilizando apenas uma média dos valores encontrados para os três casos

(soco, peitoril, murete / platibanda), os indicadores de risco para as fachadas na zona de

Alvalade / Roma e Telheiras encontram-se nas Figuras 4.27 e 4.28. Nas Figuras 4.27 e 4.28

verifica-se que os valores do indicador de risco variam entre os 25 e os 60 aproximadamente, e

portanto variam entre o grau de “significativo” e “crítico”. Refira-se que se considera o peso do

soco, peitoril e murete /platibanda em igualdade de circunstâncias para o cálculo do indicador

de risco para a fachada no geral, pois os três elementos construtivos são igualmente

importantes e essenciais para o desempenho em serviço de uma fachada.

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Apresentação e discussão dos resultados

90

Figura 4.27 – Indicador de risco de degradação em fachadas – ) (22 fachadas em

Alvalade / Roma)

Figura 4.28 – Indicador de risco de degradação em fachadas - ) (10 fachadas em

Telheiras)

41

55

48

46

40

56

46

35

37

28

37

31

49

39

44

50

25

46

38

46

37

50

0 20 40 60 80 100

AR1

AR2

AR3

AR4

AR5

AR6

AR7

AR8

AR9

AR10

AR11

AR12

AR13

AR14

AR15

AR16

AR17

AR18

AR19

AR20

AR21

AR22

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em fachadas (Alvalade / Roma)

25

40

47

39

53

46

19

45

59

35

0 20 40 60 80 100

T1

T2

T3

T4

T5

T6

T7

T8

T9

T10

Indicador de risco (0-100)

Fach

ad

as

Avaliação do risco em fachadas (Telheiras)

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

91

Em termos gerais, é de salientar que as fachadas inspeccionadas necessitam de acções de

manutenção e de reavaliação de alguns processos de construção, pois é bem visível nalguns

casos o estado de degradação acentuado em que uma fachada se encontra (Figura 4.29).

Figura 4.29 – Fachada AR3 na Avenida São João de Deus

Importa referir que a amostra utilizada neste trabalho foi de 32 fachadas para edifícios distintos,

constituindo uma amostra capaz de se traduzir em algumas análises e pressupostos

interessantes e reveladores da construção actual em Lisboa. No entanto, e visto a amostra de

fachadas constituir apenas uma pequena percentagem das fachadas existentes em Lisboa, as

conclusões e análises retiradas terão a sua margem de erro e subjectividade.

Das anomalias e defeitos considerados nas fichas de inspecção, existem anomalias / defeitos

que são observadas mais vezes, conduzindo a elevados graus de degradação nas fachadas

(Quadro 4.10). Saliente-se que a abreviação ) corresponde ao risco de

degradação total por fachada, as abreviaturas “AR” e “T” dizem respeito à zona de Lisboa na

qual se efectuaram as inspecções (Alvalade / Roma e Telheiras), e ainda que o número “1”

significa a existência de uma determinada anomalia, e o número “0” à inexistência dessa

mesma anomalia.

O Quadro 4.10 permite demonstrar que, nos três elementos construtivos (soco, peitoril e

murete / platibanda), existem de facto anomalias / defeitos mais recorrentes que, por

conseguinte, são aquelas que mais carecem de atenção e cuidado nas acções de manutenção,

assim como na sua própria pormenorização em projecto e construção. Uma comparação entre

fachadas de uma mesma zona urbana (Alvalade / Roma ou Telheiras) permite afirmar que os

resultados são idênticos. Ou seja, em termos de número de anomalias / defeitos encontrados,

os três elementos construtivos (soco, peitoril e murete / platibanda) apresentam poucas

diferenças, com excepção de alguns casos particulares.

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Apresentação e discussão dos resultados

92

Quadro 4.10– Indicadores de risco de degradação nas fachadas (32 fachadas)

Fachada

Anomalias em elementos construtivos

Socos Peitoris Muretes/Platibandas

Total 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8

AR1 - - X X - - - X X X X X - - - X X X - - - 10 41,5

AR2 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X - 15 54,9

AR3 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X - 15 48,4

AR4 - X X X - - - X X X - X X - - X X - X X - 12 45,7

AR5 - - X X X - - X X X X X X - - X X - X X - 13 39,9

AR6 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 56,1

AR7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 46,1

AR8 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - - 10 34,9

AR9 - - X X - - - X X X X X X - X X X - - - - 11 36,6

AR10 - - X X - - - X X X - X - - - X X - - - - 8 27,9

AR11 - - X X - - - X X X X X X - - X X X - - - 11 36,8

AR12 - - X X - - - X X X X - - - - X X - - - - 8 30,6

AR13 - X X X - - - X X X X X X X X X X - - - - 13 48,5

AR14 - X X X X - - X X X X X X - X X X - - - - 13 38,7

AR15 - X X X X - - X X X X X - X X X - - X X - 14 44,3

AR16 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 49,8

AR17 - X X X - - - X X X X X X - - X X X - - - 12 25,0

AR18 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X - 14 46,4

AR19 - - X X - - - X X X X X X - - X - - X X - 11 37,8

AR20 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 46,0

AR21 - - X X - - - X X X X X - - - X X - X X - 11 36,9

AR22 - - X X - - - X X X X X X X - X X X X X - 14 50,4

T1 - - X X - - - X X X X X - - - X X - - - - 9 25,1

T2 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 40,0

T3 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 46,6

T4 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 38,8

T5 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 53,0

T6 - X X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 13 45,9

T7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - - 10 19,3

T8 - - X X X - - X X X X X X - - X X X X X - 14 45,4

T9 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X - 14 58,9

T10 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - - 10 34,5

Socos: Muretes / Platibandas:

1 – Colonização biológica (plantas, fungos, entre outros); 1 – Colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);

2 – Eflorescências / criptoflorescências; 2 – Eflorescências / criptoflorescências;

3 – Sujidade / manchas de humidade; 3 – Sujidade / manchas de humidade;

4 – Ascensão capilar; 4 – Escorrimentos / sujidade diferencial;

5 – Graffiti / vandalismo. 5 – Corrosão de guarda-corpos;

Peitoris: 6 – Inexistência de capeamento;

1, 2, e 3 iguais aos muretes / platibandas; 7 – Inexistência de pingadeira no capeamento;

4 – Inexistência de inclinação; 8 – Inexistência de tubo ladrão da laje.

5 – Inexistência de pingadeira;

6 – Inexistência de rasgos;

7 – Balanço suficiente;

8 – Escorrimentos / sujidade diferencial.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

93

De um modo geral, um número maior de anomalias numa fachada é sinal de um maior risco de

degradação neste e nos seus elementos construtivos. Este facto é visível no Quadro 4.10 e

pode também ser mais facilmente verificado a seguir:

2 fachadas apresentaram 8 anomalias ) (média) = 29,3;

1 fachada apresentou 9 anomalias ) (média) = 25,1;

4 fachadas apresentaram 10 anomalias ) (média) = 32,6;

4 fachadas apresentaram 11 anomalias ) (média) = 37,0;

6 fachadas apresentaram 12 anomalias ) (média) = 43,2;

8 fachadas apresentaram 13 anomalias ) (média) = 45,1;

5 fachadas apresentaram 14 anomalias ) (média) = 49,1;

2 fachadas apresentaram 15 anomalias ) (média) = 51,7.

Os resultados demonstram que, de facto, fachadas com mais anomalias conduzem a um maior

valor de indicador de risco de degradação ( )) (Figura 4.30).

Figura 4.30– Tendência dos resultados ) consoante o número de anomalias nas

fachadas

Com base no referido e no Quadro 4.10, e avaliando as fachadas e seus constituintes nas duas

zonas urbanas, pode-se referir que fachadas em edifícios mais antigos (Alvalade / Roma)

apresentam um número maior de anomalias / defeitos, em comparação com fachadas de

edifícios mais recentes que têm menos anomalias / defeitos (Telheiras). Este facto acontece

por existirem mais anos de “vida útil” nos edifícios mais antigos relativamente aos mais

recentes, o que conduz à presença de mais anomalias / defeitos (envelhecimento natural da

fachada). Por conseguinte, estas anomalias / defeitos levam a uma maior degradação da

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

RT

nf (f

ach

ad

a)

(méd

ia)

Número de anomalias (n)

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Apresentação e discussão dos resultados

94

fachada, assim como do risco de a mesma e dos seus materiais se deteriorarem ainda mais.

Somando a estes factores, existe a falta de manutenção, e a menor pormenorização visível em

fachadas mais antigas. Apesar de nas últimas décadas se encontrarem ainda erros de

concepção / construção, a melhoria e o desenvolvimento dos métodos construtivos têm vindo a

crescer e a aperfeiçoar o desempenho em serviço dos elementos construtivos pertencentes às

fachadas.

É ainda de referir o facto de existirem anomalias que não foram observadas no terreno, mas

que, no entanto, figuram nas fichas de inspecção, como por exemplo a inexistência de tubo

ladrão da laje (anexo - fichas de inspecção). Apesar de estas anomalias não terem sido

observadas, existirão, porventura, outras fachadas de edifícios não estudadas neste trabalho,

que possuirão e terão na sua envolvente exterior problemas relacionados com estas. Assim, e

tendo em conta que se tratam de anomalias relevantes no combate face à acção da água

numa fachada, é preponderante incluí-las nas fichas de inspecção e tentar observar o risco de

degradação que as mesmas provocam. Note-se que, pontualmente, poderiam ter sido incluídas

outras anomalias / defeitos que não constam nas fichas de inspecções e que, num caso

específico de um soco, peitoril ou murete / platibanda, se justificasse a sua presença.

4.5 Conclusão do capítulo

Este capítulo de análise e discussão dos resultados procurou retirar algumas conclusões

acerca do estado de degradação das fachadas inspeccionadas, estabelecendo paralelismos

com a construção existente em Portugal, em particular a zona urbana de Lisboa. O Quadro

4.11 representa um resumo dos indicadores de risco totais de degradação obtidos para as

fachadas.

O Quadro 4.11 permite concluir que os edifícios inspeccionados encontram-se, de um modo

geral, num risco elevado de deterioração. Este facto pode ser explicado pela existência de

muitas anomalias / defeitos na maioria dos casos, para além da acrescida probabilidade de

ocorrência de mais anomalias e/ou do agravamento das anteriores.

Refira-se que dos três elementos construtivos considerados, soco, peitoril e murete /

platibanda, são os peitoris os que mais degradação apresentam, sendo que é de realçar a

notória falta de pormenorização dos peitoris. Esta inexistente pormenorização reflecte-se

sobretudo na ausência de inclinação, rasgos e pingadeira nos peitoris, que conduzem a

variadas anomalias nas zonas envolventes da fachada.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

95

Quadro 4.11 – Indicadores de risco de degradação nas fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras)

Fachadas Indicador de Risco (0-100)

Socos Peitoris Muretes / Platibandas Fachada AR1 29,3 65,5 29,6 41,5

AR2 42,8 69,8 52,1 54,9

AR3 45,3 50,8 49,2 48,4

AR4 31,5 54,6 51,0 45,7

AR5 25,4 49,7 44,7 39,9

AR6 29,3 57,3 51,7 46,1

AR7 32,5 71,9 64,0 56,1

AR8 24,4 56,9 23,6 34,9

AR9 24,4 56,8 28,6 36,6

AR10 24,4 52,9 6,3 27,9

AR11 24,4 56,5 29,6 36,8

AR12 29,3 53,3 9,4 30,6

AR13 50,4 55,4 39,8 48,5

AR14 33,0 55,4 27,6 38,7

AR15 37,5 48,8 46,7 44,3

AR16 37,1 57,3 55,0 49,8

AR17 19,1 41,5 14,5 25,0

AR18 33,0 56,7 49,4 46,4

AR19 20,3 49,7 43,5 37,8

AR20 29,3 57,3 51,3 46,0

AR21 20,3 47,0 43,3 36,9

AR22 39,0 57,1 55,1 50,4

T1 4,9 47,8 22,8 25,1

T2 17,2 58,4 44,5 40,0

T3 29,3 56,5 53,9 46,6

T4 20,3 49,7 46,3 38,8

T5 46,8 57,3 55,0 53,0

T6 31,0 56,3 50,3 45,9

T7 4,9 48,4 4,7 19,3

T8 26,3 57,1 52,9 45,4

De acordo com o Quadro 4.12, estes factos conduzem a que exista, de facto, uma maior

existência dos graus “crítico” e “significativo” nas fachadas e seus elementos construtivos.

Quadro 4.12 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa)

Indicador de Risco

Grau de risco Indicador de risco

Muito Crítico (A) 75 ≤ X < 100

Crítico (B) 50 ≤ X < 75

Significativo (C) 25 ≤ X < 50

Aceitável (D) 0 ≤ X < 25

Outro aspecto importante prende-se com a idade do edifício a que pertence uma determinada

fachada. Pois, como seria de esperar, fachadas mais recentes (Telheiras) apresentam menos

anomalias / defeitos e um menor risco de degradação face à acção da água, por oposição a

fachadas mais antigas (Alvalade / Roma) (Quadro 4.11). Ainda que nas acções de inspecção

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Apresentação e discussão dos resultados

96

não tenha sido possível apurar, com certeza rigorosa, a idade de cada fachada, através da

zona em que estão implantados, foi possível aferir sobre a longevidade da sua edificação.

A manutenção é um factor muito importante nesta avaliação do risco de degradação numa

fachada, no entanto, tal como a idade dos edifícios, tornou-se difícil afirmar que uma

determinada fachada sofreu acções de manutenção e/ou reabilitação num certo período da sua

vida útil.

Na Figura 4.31, encontra-se representada uma síntese dos resultados obtidos para as

fachadas, através da distribuição das mesmas pelo seu “grau de risco” (Quadro 4.12).

Figura 4.31 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco” (32 fachadas)

De facto, é o grau correspondente à designação “significativo” (84,4%) que representa a

maioria dos casos estudados, seguido do grau “crítico (12,5 %), e do grau “aceitável” (3,1%).

Uma nota importante para o facto de não se ter verificado o caso “muito crítico” para qualquer

uma das fachadas inspeccionadas, o que, em parte, pode ser explicado por eventuais acções

de manutenção em diversos períodos ao longo da vida útil do edifício que melhorem o

desempenho em serviço do mesmo. É ainda de realçar uma fatia algo considerável de casos

revelados como “críticos” e uma baixa percentagem de casos na zona “aceitável”, o que se

pode justificar pela idade avançada da grande parte dos edifícios observados (22 fachadas de

edifícios em Alvalade / Roma). Tendo em conta que na Figura 4.31 se verificou a existência de

84,4% de casos incidentes no grau “significativo”, importa subdividir esses casos, procurando

perceber melhor esse nível de risco de degradação (Figura 4.32).

0,0 12,5

84,4

3,1

Distribuição das fachadas pelo "grau de risco" (%)

Muito Crítico (A) Crítico (B) Significativo (C) Aceitável (D)

C

D B A

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

97

Figura 4.32 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco - significativo” (23 fachadas)

Da Figura 4.32, pode-se observar que, numa escala de 25 a 50 afecta ao grau “significativo” e

visível no Quadro 4.12, é no intervalo de 35 a 40 (34,8%) e no de 45 a 50 (34,8%) que incide a

grande maioria das 23 fachadas em questão. Assim, poder-se-á afirmar que mais de 70% das

fachadas ditas “significativas” aproximam-me muito mais do grau “crítico” do que do grau

“aceitável”, revelando um estado de degradação avançado.

Como conclusão de capítulo, é importante afirmar, uma vez mais, o estado avançado de

degradação generalizado das fachadas inspeccionadas em Alvalade / Roma e Telheiras,

resultando numa possível extrapolação para grande parte da zona urbana de Lisboa, assim

como uma preocupante probabilidade de risco de degradação algo elevada presente nas

fachadas e seus constituintes.

13,0

8,7

34,8 8,7

34,8

Distribuição das fachadas pelo "grau de risco - significativo" (%)

25 - 30 (1) 30 - 35 (2) 35 - 40 (3) 40 - 45 (4) 45 - 50 (5)

4

5 2 1

B

3

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Apresentação e discussão dos resultados

98

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

99

5 Conclusões

5.1 Considerações gerais

Com o intuito de uma contínua melhoria da qualidade na construção em Portugal, destacar-se-

á a fase de concepção e de construção de um qualquer edifício, através de uma melhor e mais

adequada pormenorização das fachadas e seus elementos construtivos, procurando

estabelecer um planeamento eficaz para a manutenção periódica ao longo da vida útil.

A amostra de fachadas utilizada neste trabalho diz respeito à zona urbana Lisboa (32

fachadas), mais concretamente na zona de Alvalade / Roma e Telheiras, e refere-se a edifícios

com idades inferiores a 70 anos aproximadamente. A estratégia adoptada para as inspecções

às fachadas seguiu os objectivos e os critérios preconizados à priori, no que diz respeito a três

elementos construtivos essenciais (socos, peitoris e muretes/platibandas).

5.2 Conclusões finais

Em Portugal, existem ainda muitos erros observados por toda a construção, em particular em

fachadas de edifícios e no que se refere a erros de projecto, construção e manutenção. As

anomalias / defeitos são visíveis em todos os elementos que constituem uma fachada,

dependendo estas de muitos factores, como por exemplo a orientação da fachada, os materiais

utilizados nos elementos construtivos, ou ainda do tempo de vida útil à data da inspecção,

sendo que, de uma forma geral, as anomalias / defeitos verificam-se tanto nas fachadas /

muretes, vãos de fachadas e em varandas / palas. São frequentes determinados conjuntos de

anomalias / defeitos em alguns elementos construtivos, sendo que a natureza de tais

anomalias, associada à sua gravidade e probabilidade de ocorrência, fazem destas anomalias /

defeitos merecedores de destaque, assim como os elementos construtivos em que incidem

com maior preponderância.

Para o caso particular da acção da água como agente exterior de degradação, o conhecimento

do risco associado às fachadas e seus elementos construtivos, apesar de algo subjectivo, torna

possível a sua quantificação. Assim, é possível a avaliação do risco expressa num valor

(indicador de risco de degradação), que, por conseguinte, permite a distinção entre elementos

construtivos e fachadas por ordem de gravidade e rapidez de degradação num dado instante

da vida útil de um edifício.

Os resultados obtidos, a partir das fichas de inspecção, permitiram associar a cada anomalia /

defeito um indicador de risco, com base em critérios de severidade e probabilidade de risco

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Conclusões

100

definidos à priori (durabilidade, segurança na utilização, concepção / construção de elementos

construtivos e condições de exposição da fachada). Estes indicadores de risco para cada

anomalia / defeito proporcionam, por sua vez, estabelecer um outro indicador de risco relativo

ao soco, peitoril e murete / platibanda. A conjunção dos vários indicadores de risco num só é

efectuada com base numa fórmula proposta nesta dissertação, que tem em conta diversos

factores e procura aproximar-se da realidade tanto quanto possível. Por último, e através de

uma média aritmética, entre os indicadores do soco, peitoril e murete / platibanda, estabeleceu-

se um indicador de risco total para cada fachada de um edifício. Os indicadores de risco estão

associados a níveis de risco distintos, consoante o seu grau de risco; ou seja, a cada indicador

de risco associou-se uma designação qualitativa (“muito crítico”, “crítico”, “significativo” e

“aceitável”, a qual proporcionou distinguir as várias fachadas através de uma descrição do

estado de degradação das mesmas, da probabilidade de ocorrência de anomalias nestas e/ou

da necessidade de acções de manutenção periódicas.

A amostra utilizada no âmbito deste trabalho consistiu em 32 fachadas em 32 edifícios

distintos, tanto em zonas mais antigas (Alvalade / Roma), como mais recentes (Telheiras). Os

resultados obtidos, em particular no número de anomalias / defeitos observados e nos

indicadores de risco, permitiram concluir alguns aspectos muito reveladores acerca do estado

da construção existente e praticada no país.

De um total de 21 anomalias / defeitos relacionados com a acção da água e possíveis para

cada fachada, em média observaram-se 12 por fachada, sendo que o mínimo de anomalias /

defeitos verificados foi de 8 (em 2 fachadas) e o máximo de 15 (em 2 fachadas). A maioria das

fachadas apresentou um número de anomalias / defeitos entre os 12 (em 6 fachadas), os 13

(em 8 fachadas) e os 14 (em 5 fachadas). Outro facto assinalável tem em conta os indicadores

de risco totais relativos a cada fachada, os quais são maiores em fachadas com mais

anomalias / defeitos, crescendo o valor do indicador de risco de degradação com o aumento do

número de anomalias / defeitos observados.

De um modo geral, as fachadas apresentam um tanto pior estado de degradação quanto maior

for a idade do edifício, em oposição aos edifícios mais recentes. No presente trabalho,

observou-se que, de um modo geral, as fachadas em Alvalade / Roma encontram-se mais

degradadas e têm maior probabilidade de ocorrência de anomalias / defeitos relativamente às

fachadas em Telheiras. Refira-se que não foi possível apurar a idade precisa das fachadas,

resultando estes comentários numa estimativa aproximada da sua idade que tem conta a zona

de implantação do próprio edifício.

Os resultados obtidos para os socos, como elementos construtivos primários face à acção da

água na fachada, revelaram um nível médio “significativo” de risco de degradação. Este nível

caracteriza-se pela necessidade de reavaliar alguns processos de concepção / construção,

assim como ponderar acções de manutenção periódicas. De uma forma geral, os socos

observados encontram-se num estado algo preocupante de deterioração, sendo que o seu

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

101

estado tenderá a agravar-se com o passar do tempo. Uma nota importante para a principal

anomalia visível nos socos, a ascensão capilar. Esta tem origem em problemas de água /

humidade, e apresenta-se como uma causa recorrente no aparecimento de mais anomalias,

condicionado o desempenho em serviço do soco.

De entre os três elementos construtivos na fachada, são os peitoris aqueles que, regra geral,

se apresentam em pior estado de degradação, com probabilidades elevadas de ocorrência de

anomalias. Esta facto acontece, não só pela existência de algumas anomalias nos peitoris, mas

também, e principalmente, pelos defeitos encontrados neles, pois a quase total falta de

pormenorização em peitoris afecta a generalidade dos casos estudados. Tendo em conta a

evidência dos resultados referidos, daqui se conclui que, tanto em edifícios mais antigos, como

nos mais recentes, a inexistência / insuficiência de pingadeiras, rasgos, inclinação, de entre

outros, é, de facto, um problema recorrente na construção em Lisboa, e até mesmo de

Portugal. Embora existam erros de concepção / construção nos peitoris, os resultados obtidos,

relativos aos indicadores de risco em peitoris, recaem sobretudo no nível “crítico”. Assim é de

boa prática proceder-se a acções de manutenção, requerendo o controlo e acompanhamento

do risco de degradação, ou , em último caso, à substituição do próprio peitoril.

À semelhança dos socos, os muretes / platibandas apresentam em média resultados

pendentes para o nível “significativo”, existindo mesmo alguns casos em que se considera

aceitável o seu estado de degradação. O principal problema destes elementos construtivos

prende-se com a falta de pormenorização nos capeamentos, que revela erros de concepção /

construção assinaláveis. Refira-se que a falta de cuidado na pormenorização em muretes /

platibandas, tal como nos peitoris, propicia o aparecimento de anomalias nas zonas correntes

das fachadas (escorrimentos e sujidade superficial), o que reforça a aposta numa melhoria em

serviço destes elementos.

Comparando entre si os socos, peitoris e muretes / platibandas, é possível afirmar que o

elemento observado mais prejudicial para a fachada, por ordem decrescente do risco de

degradação, é o peitoril, seguido do soco e, por último, murete / platibanda. Apesar de

igualmente importantes face à acção da água na fachada, de facto verificou-se uma tendência

dos resultados referidos, merecendo especial destaque o caso dos peitoris.

As condições de exposição de uma fachada influenciam o estado de degradação da mesma.

Ou seja, a orientação da fachada, a protecção da fachada (existência de árvores como

protecção, de entre outros), a proximidade ao mar e a vias de trânsito são factores externos

capazes de modificar as condições a que estão sujeitos os elementos construtivos de uma

fachada. Existindo um equilíbrio entre fachadas orientadas a Sul, a Norte, a Este ou Oeste,

poder-se-á afirmar que fachadas viradas a Sul terão mais tendência para apresentar anomalias

e, por conseguinte, de se degradarem mais rapidamente. Isto acontece pela constante

exposição solar da fachada ao longo do dia, assim como uma predominância nelas de

incidência das águas das chuvas em território português.

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Conclusões

102

Considerando os indicadores de risco totais para cada fachada (soco, peitoril e murete /

platibanda), os resultados demonstram que a média das fachadas se situa no nível

“significativo”, com uma percentagem neste nível acima dos 80% considerando os 32 casos de

estudo, seguido do nível “crítico” com cerca de 12%. È importante referir que, dos 80% de

casos no nível “significativo”, mais de 70% encontra-se próximo do nível “crítico”. Ora estes

resultados alertam para a notória necessidade no planeamento de acções de manutenção

futuras, assim como realçam o actual estado de degradação generalizado das fachadas.

A manutenção corresponde a um factor bastante importante na análise da degradação de uma

fachada. Neste trabalho e dado o número de 32 fachadas inspeccionadas, não foi possível

averiguar a existência de acções de manutenção nos edifícios, nem o conhecimento da data de

uma eventual acção de manutenção. Ainda assim, o erro afecto a esta não consideração de

manutenção nas fachadas, abrange todos os casos. Refira-se que, na grande maioria dos

casos estudados, foi possível observar em trabalho de campo uma falta de manutenção

bastante notória, o que certamente permite afirmar, que a existirem acções de manutenção,

estas remontarão a períodos distantes no tempo.

A amostra utilizada consistiu num número capaz de se traduzir em algumas análises e

pressupostos interessantes e reveladores da construção actual em Lisboa e Portugal. No

entanto, e visto a amostra de fachadas constituir apenas uma pequena percentagem das

fachadas existentes em Lisboa, ainda que cuidadosamente escolhidas dentro de cada zona

definida, as conclusões e análises retiradas terão a sua margem de erro e subjectividade.

A metodologia proposta, de avaliação de fachadas e seus elementos construtivos face à acção

da água, permitiu atingir os objectivos definidos inicialmente, e que podem constituir uma

importante ferramenta na escolha das prioridades no campo da intervenção em fachadas de

edifícios.

Por fim, importa, uma vez mais, destacar a necessidade de acções de manutenção periódicas

durante a vida útil de uma fachada, assim como uma melhoria da qualidade dos projectos,

atenta à pormenorização de elementos construtivos face à acção da água, que impeçam o mau

desempenho em serviço dos mesmos.

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

103

5.3 Recomendações de desenvolvimento futuro

Com esta dissertação, desenvolveram-se conhecimentos que permitiram avaliar o risco de

degradação das fachadas face à acção da água e, principalmente, no que diz respeito aos

seus principais elementos construtivos. No entanto, após a realização desta dissertação,

ficaram ainda por analisar e estudar outros elementos construtivos na fachada ou mesmo no

interior do edifício, os quais são influenciados e/ou agravados pela acção prejudicial da água.

Neste sentido, considera-se importante que no futuro se desenvolvam os seguintes temas:

avaliação do risco no comportamento face à acção do vento (relação água-vento) de

elementos construtivos em fachadas de edifícios correntes;

a acção da água no interior do edifício (na interface exterior / interior);

planeamento de acções de manutenção / estratégias de intervenção de elementos

construtivos em fachadas de edifícios;

manual de qualidade na pormenorização de elementos construtivos de fachadas em

fase de concepção e de construção;

desenvolvimento e melhoria do método proposto de avaliação do risco face à água em

elementos construtivos de fachadas.

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Conclusões

104

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Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios

105

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ANEXOS

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Anexo A

Ficha de inspecção AR2 (Alvalade / Roma)

Page 126: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Dados gerais

Localização do edifício:

Local de implantação:

Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X

Tipologia do edifício:

X

Tipologia dos revestimentos:

Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos

Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos

Placas de pedra artificial Betão à vista

Outros:

Tipologia das paredes exteriores:

Paredes de pano simples X Materiais:

Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X

Betão

Pedra natural

Outros:

Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:

Madeira X X Madeira Madeira

Alumínio Alumínio Pedra natural X

Aço Aço / Ferro X Metal

PVC Betão

Soco: Varandas:

Ladrilhos cerâmicos Betão armado X

Ladrilhos hidráulicos Pedra

Placas de pedra natural X Metálica

Placas de pedra artificial

Argamassa cimentícia

Duplos

Rua Edison nº5 - Lisboa

Isolado

Multifamiliar Unifamiliar

Peitoris:

Simples

Pág. 1/2

Caso de estudo nº AR2 Ano da Construção:

Data de inspecção: 15-04-2011 Obras de manutenção:

Page 127: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Pág. 2/2

Caso de estudo: AR2 Avaliação de fachadas

1+2=3 4+5=6 3×6=R

1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W 6 6 36

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36

4 - Ascensão capilar N E S W 6 6 36

5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 8 6 48

42,8

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36

4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 8 64

5 - Inexistência de pingadeira N E S W 10 8 80

6 - Inexistência de rasgos N E S W 10 8 80

7 - Balanço insuficiente N E S W 8 8 64

8- Escorrimentos N E S W 6 6 36

69,8

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E N W 6 6 36

4 - Escorrimentos N E N W 6 6 36

5 - Corrosão de guarda-corpos N E N W 6 6 36

6 - Inexistência de capeamento N E N W 8 8 64

7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E N W 6 6 36

8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0

52,1

54,9

Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)

- - - -

5 3 5 3

3 3 3 3

3 3 3 3

3

- - - -

3 3 3

- - -

3 3 3

5 3 5 3

3

3 3 3 3

-

5 5 5 3

5 5 5 3

3 3 3 3

5 3 5 3

- -

- -

3

3

3

3

Indicador

de risco

(R)

4

Concepção/

Construção

(C1-5)

5

Condições de

exposição

(E1-5)

-

3

3

- -

3

3

-

3

5

-

3

3

3

1

Durabilidade

(D1-5)

3

3So

co

3

-

Total (RTFachada)

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Total (RTPlatibandas/Muretes)

Pla

tib

an

das / M

ure

tes

Peit

ori

s

Total (RTSoco)

Total (RTPeitoris)

2

Segurança

utilização

(U1-5)

- -

Pormenores / Elementos

Construtivos (anomalias)

Orientação

da fachadaPont.

(S2-10)

Pont.

(P2-10)

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Page 129: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Anexo B

Ficha de inspecção AR3 (Alvalade / Roma)

Page 130: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Dados gerais

Localização do edifício:

Local de implantação:

Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X

Tipologia do edifício:

X

Tipologia dos revestimentos:

Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos

Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos

Placas de pedra artificial Betão à vista

Outros:

Tipologia das paredes exteriores:

Paredes de pano simples X Materiais:

Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X

Betão

Pedra natural

Outros:

Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:

Madeira X X Madeira Madeira

Alumínio Alumínio Pedra natural X

Aço Aço / Ferro Metal

PVC Betão X

Soco: Varandas:

Ladrilhos cerâmicos Betão armado X

Ladrilhos hidráulicos Pedra

Placas de pedra natural X Metálica

Placas de pedra artificial

Argamassa cimentícia

Duplos

Avenida São João de Deus nº 39 - Lisboa

Isolado

Multifamiliar Unifamiliar

Peitoris:

Simples

Pág. 1/2

Caso de estudo nº AR3 Ano da Construção:

Data de inspecção: 15-04-2011 Obras de manutenção:

Page 131: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Pág. 2/2

Caso de estudo: AR3 Avaliação de fachadas

1+2=3 4+5=6 3×6=R

1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W 10 5 50

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 10 5 50

4 - Ascensão capilar N E S W 10 5 50

5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 5 5 25

45,3

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 5 30

4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 7 56

5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 7 56

6 - Inexistência de rasgos N E S W 8 7 56

7 - Balanço insuficiente N E S W 8 7 56

8- Escorrimentos N E S W 10 5 50

50,8

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 10 5 50

4 - Escorrimentos N E S W 10 5 50

5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W 10 5 50

6 - Inexistência de capeamento N E S W 8 7 56

7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W 8 7 56

8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0

49,2

48,4

Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)

- - - -

5 3 5 2

5 3 5 2

5 5 3 2

5

- - - -

5 5 3

- - -

5 3 2

5 3 5 2

2

5 5 3 2

-

5 3 5 2

5 3 5 2

3 3 3 2

5 3 5 2

- -

- -

3

3

2

2

Indicador

de risco

(R)

4

Concepção/

Construção

(C1-5)

5

Condições de

exposição

(E1-5)

-

2

2

- -

5

5

-

5

2

-

5

5

5

1

Durabilidade

(D1-5)

3

3So

co

3

-

Total (RTFachada)

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Total (RTPlatibandas/Muretes)

Pla

tib

an

das / M

ure

tes

Peit

ori

s

Total (RTSoco)

Total (RTPeitoris)

2

Segurança

utilização

(U1-5)

- -

Pormenores / Elementos

Construtivos (anomalias)

Orientação

da fachadaPont.

(S2-10)

Pont.

(P2-10)

Page 132: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização
Page 133: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Anexo C

Ficha de inspecção AR10 (Alvalade / Roma)

Page 134: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Dados gerais

Localização do edifício:

Local de implantação:

Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X

Tipologia do edifício:

X

Tipologia dos revestimentos:

Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos

Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos

Placas de pedra artificial Betão à vista

Outros:

Tipologia das paredes exteriores:

Paredes de pano simples X Materiais:

Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X

Betão

Pedra natural

Outros:

Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:

Madeira X Madeira Madeira

Alumínio X Alumínio Pedra natural X

Aço Aço / Ferro X Metal

PVC Betão

Soco: Varandas:

Ladrilhos cerâmicos Betão armado X

Ladrilhos hidráulicos Pedra

Placas de pedra natural X Metálica

Placas de pedra artificial

Argamassa cimentícia

Duplos

Avenida do Rio de Janeiro nº 16 - Lisboa

Isolado

Multifamiliar Unifamiliar

Peitoris:

Simples

Pág. 1/2

Caso de estudo nº AR10 Ano da Construção:

Data de inspecção: 15-04-2011 Obras de manutenção:

Page 135: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Pág. 2/2

Caso de estudo: AR10 Avaliação de fachadas

1+2=3 4+5=6 3×6=R

1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 5 6 30

4 - Ascensão capilar N E S W 5 6 30

5 - Graffitis / Vandalismo N E S W - - 0

24,4

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 5 6 30

4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 8 64

5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 8 64

6 - Inexistência de rasgos N E S W - - 0

7 - Balanço insuficiente N E S W 8 8 64

8- Escorrimentos N E S W - - 0

52,9

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 2 4 8

4 - Escorrimentos N E S W 2 4 8

5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W - - 0

6 - Inexistência de capeamento N E S W - - 0

7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W - - 0

8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0

6,3

27,9

Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)

- - - -

- - - -

- - - -

1 1 1 3

-

- - - -

1 1 1

- - -

- - -

5 3 5 3

3

- - - -

-

5 3 5 3

- - - -

2 3 3 3

5 3 5 3

- -

- -

-

-

3

3

Indicador

de risco

(R)

4

Concepção/

Construção

(C1-5)

5

Condições de

exposição

(E1-5)

-

-

-

- -

2

2

-

-

-

-

-

3

3

1

Durabilidade

(D1-5)

3

3So

co

-

-

Total (RTFachada)

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Total (RTPlatibandas/Muretes)

Pla

tib

an

das / M

ure

tes

Peit

ori

s

Total (RTSoco)

Total (RTPeitoris)

2

Segurança

utilização

(U1-5)

- -

Pormenores / Elementos

Construtivos (anomalias)

Orientação

da fachadaPont.

(S2-10)

Pont.

(P2-10)

Page 136: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização
Page 137: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Anexo D

Ficha de inspecção T8 (Telheiras)

Page 138: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Dados gerais

Localização do edifício:

Local de implantação:

Gaveto Banda / Extremo X Banda / Meio

Tipologia do edifício:

X

Tipologia dos revestimentos:

Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos

Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos

Placas de pedra artificial Betão à vista

Outros:

Tipologia das paredes exteriores:

Paredes de pano simples X Materiais:

Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X

Betão

Pedra natural

Outros:

Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:

Madeira X Madeira Madeira

Alumínio X Alumínio Pedra natural X

Aço Aço / Ferro X Metal

PVC Betão

Soco: Varandas:

Ladrilhos cerâmicos Betão armado X

Ladrilhos hidráulicos Pedra

Placas de pedra natural Metálica

Placas de pedra artificial

Argamassa cimentícia X

Peitoris:

Simples

Duplos

Pág. 1/2

Caso de estudo nº T8 Ano da Construção:

Data de inspecção: Obras de manutenção:05-06-2011

Rua Prof. Vitor Fontes nº8 - Lisboa

Isolado

Multifamiliar Unifamiliar

Page 139: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Pág. 2/2

Caso de estudo: T8 Avaliação de fachadas

1+2=3 4+5=6 3×6=R

1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 5 6 30

4 - Ascensão capilar N E S W 5 6 30

5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 5 6 30

26,3

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36

4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 8 64

5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 8 64

6 - Inexistência de rasgos N E S W 8 8 64

7 - Balanço insuficiente N E S W 8 8 64

8- Escorrimentos N E S W 5 6 30

57,1

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36

4 - Escorrimentos N E S W 5 6 30

5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W 5 6 30

6 - Inexistência de capeamento N E S W 8 8 64

7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W 8 8 64

8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0

52,9

45,4

Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)

- - - -

5 3 5 3

5 3 5 3

2 3 3 3

2

- - - -

3 3 3

- - -

3 3 3

5 3 5 3

3

2 3 3 3

-

5 3 5 3

5 3 5 3

3 3 3 3

5 3 5 3

- -

- -

-

3

3

3

Indicador

de risco

(R)

4

Concepção/

Construção

(C1-5)

5

Condições de

exposição

(E1-5)

-

-

3

- -

2

2

-

-

2

-

-

3

3

1

Durabilidade

(D1-5)

3

3So

co

3

-

Total (RTFachada)

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Total (RTPlatibandas/Muretes)

Pla

tib

an

das / M

ure

tes

Peit

ori

s

Total (RTSoco)

Total (RTPeitoris)

2

Segurança

utilização

(U1-5)

- -

Pormenores / Elementos

Construtivos (anomalias)

Orientação

da fachadaPont.

(S2-10)

Pont.

(P2-10)

Page 140: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização
Page 141: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Anexo E

Ficha de inspecção T9 (Telheiras)

Page 142: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Dados gerais

Localização do edifício:

Local de implantação:

Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X

Tipologia do edifício:

X

Tipologia dos revestimentos:

Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos

Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos

Placas de pedra artificial Betão à vista

Outros:

Tipologia das paredes exteriores:

Paredes de pano simples X Materiais:

Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo

Betão

Pedra natural

Outros:

Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:

Madeira Madeira Madeira

Alumínio X X Alumínio Pedra natural X

Aço Aço / Ferro X Metal

PVC Betão

Soco: Varandas:

Ladrilhos cerâmicos Betão armado X

Ladrilhos hidráulicos Pedra

Placas de pedra natural X Metálica

Placas de pedra artificial

Argamassa cimentícia

Peitoris:

Simples

Duplos

Pág. 1/2

Caso de estudo nº T9 Ano da Construção:

Data de inspecção: Obras de manutenção:05-06-2011

Rua Prof. Fernando da Fonseca nº22 - Lisboa

Isolado

Multifamiliar Unifamiliar

Page 143: AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À ÁGUA DE ... · uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e eficaz pormenorização

Pág. 2/2

Caso de estudo: T9 Avaliação de fachadas

1+2=3 4+5=6 3×6=R

1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W 5 8 40

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 8 48

4 - Ascensão capilar N E S W 6 8 48

5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 5 8 40

44,0

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 2 6 12

4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 10 80

5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 10 80

6 - Inexistência de rasgos N E S W 8 10 80

7 - Balanço insuficiente N E S W 8 10 80

8- Escorrimentos N E S W 5 8 40

70,3

1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0

2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0

3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 2 6 12

4 - Escorrimentos N E S W 5 8 40

5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W - - 0

6 - Inexistência de capeamento N E S W 8 10 80

7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W 8 10 80

8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0

62,4

58,9

Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)

- - - -

5 3 5 5

5 3 5 5

2 3 3 5

-

- - - -

1 1 1

- - -

- - -

5 3 5 5

5

2 3 3 5

-

5 3 5 5

5 3 5 5

1 1 1 5

5 3 5 5

- -

- -

3

3

5

5

Indicador

de risco

(R)

4

Concepção/

Construção

(C1-5)

5

Condições de

exposição

(E1-5)

-

5

5

- -

3

3

-

2

2

-

3

3

3

1

Durabilidade

(D1-5)

3

3So

co

3

-

Total (RTFachada)

Fachadas de edifícios face à acção da água

Ficha de Inspecção

Total (RTPlatibandas/Muretes)

Pla

tib

an

das / M

ure

tes

Peit

ori

s

Total (RTSoco)

Total (RTPeitoris)

2

Segurança

utilização

(U1-5)

- -

Pormenores / Elementos

Construtivos (anomalias)

Orientação

da fachadaPont.

(S2-10)

Pont.

(P2-10)