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AVALIAÇÃO DO RISCO NO COMPORTAMENTO FACE À
ÁGUA DE ELEMENTOS CONSTRUTIVOS EM FACHADAS
DE EDIFÍCIOS CORRENTES
Pedro Daniel Marques Teixeira
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Mestrado Integrado em Engenharia Civil
Júri
Presidente: Profº Jorge Manuel Calico Lopes de Brito
Orientador: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Vogais: Profº Pedro Manuel dos Santos Lima Gaspar
Novembro de 2011
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
i
Resumo
A degradação do edificado em Portugal, em particular na zona urbana de Lisboa, atinge
actualmente níveis elevados, tanto nos edifícios mais antigos como nos mais recentes. As
inadequadas / inexistentes acções de manutenção, ao longo das últimas décadas, conduziram
a este estado de deterioração generalizado da construção no país. Associado a este facto,
existe ainda uma preocupante falta de pormenorização nos edifícios, nomeadamente nas
fachadas e seus elementos construtivos. A acção da água, como agente exterior prejudicial a
uma fachada de um edifício, pressupõe um conjunto de medidas necessárias a uma correcta e
eficaz pormenorização dos elementos construtivos.
A presente dissertação procura abordar a problemática da degradação de fachadas de edifícios
face à acção da água. Neste sentido, torna-se importante estabelecer uma metodologia de
inspecção e um conjunto de indicadores de risco capazes de avaliar o risco de degradação de
uma fachada. A elaboração de critérios que estabeleçam uma metodologia de inspecção
permite elaborar fichas de inspecção. Estas fichas são utilizadas num conjunto de fachadas de
edifícios, os quais definem uma zona e uma época da construção em Portugal.
De uma forma geral, os resultados obtidos permitem observar uma degradação generalizada
da construção no país, que deriva da obtenção de indicadores de risco de degradação por
fachada preocupantes. A dissertação permite então estabelecer uma metodologia de
inspecção, de avaliação de fachadas e seus elementos construtivos face à acção da água, que
proporciona uma ferramenta na escolha de prioridades em eventuais intervenções em
fachadas de edifícios.
Palavras-Chave:
Fachadas; elementos construtivos; socos; peitoris; platibandas; muretes; risco; anomalias;
água.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
ii
Abstract
The deterioration of the built heritage in Portugal, particularly in the urban area of Lisbon,
currently reaches high levels, both in older and recent buildings. The inadequate / nonexistent
maintenance actions, over the past few decades, have led to this state of general deterioration
of the construction in the country. Associated with this, there is still a worrying lack of detailing in
the buildings, especially in the facades and their constructive elements. The action of water, as
external agent of the facade of a building, requires a set of measures necessary for the proper
and effective detailing in constructive elements.
This dissertation seeks to address the problem of degradation of building facades in the face of
action of water. In this sense, it becomes important to establish an inspection methodology and
a set of risk indicators that can evaluate the risk of degradation of a facade. The development of
criteria to establish an inspection methodology allows the development of inspection forms.
These inspections forms are used in a number of building facades, which define a zone and a
time of construction in Portugal.
Overall, the results allow to observe a general deterioration construction in the country, which
derives from the development of indicators of risk of degradation by the facade. The dissertation
allows then to establish a methodology for inspection, evaluation of the facades and their
constructive elements against the action of water, which provides a tool in the selection of
priority interventions in any building facades.
Keywords:
Facades, constructive elements, near floor level, window sills, parapets, risk, anomalies, water.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
iii
Agradecimentos
A entrega desta dissertação de mestrado representa o finalizar de uma etapa da minha
formação académica. Para tal, foi necessário o contributo de diversas pessoas às quais
pretendo expressar o meu sincero agradecimento.
Á Professora Inês Flores-Colen, orientadora desta dissertação, pela sua disponibilidade
constante, pelo seu empenho, entusiasmo, apoio e exigência. Gostaria ainda de agradecer os
conhecimentos que me transmitiu ao longo destes meses, os quais muito contribuíram para o
enriquecimento da presente dissertação.
Aos meus amigos e colegas pela sua amizade, alegria e apoio incondicional, que tem sido
fundamental na minha formação enquanto pessoa e na realização do meu percurso
académico. Em particular ao Miguel Bravo pelo essencial auxílio na revisão do texto e
sugestões técnicas em diversos momentos da elaboração da dissertação, ao João Jesus, pelo
imprescindível auxílio na revisão do texto e na elaboração do resumo alargado, e à Susana
Ramos pela sua preciosa ajuda na revisão do texto.
Por fim, gostaria de agradecer à minha Família, em especial à minha mãe, ao meu pai, à minha
avó e ao meu irmão, pela sua constante presença, apoio incondicional e carinho que
demonstram diariamente.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
iv
Índice
1 Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1 Considerações gerais ....................................................................................................... 1
1.2 Objectivos e metodologia da investigação ....................................................................... 2
1.3 Organização da dissertação ............................................................................................. 3
2 A água e o risco na fachada .................................................................................................... 5
2.1 Considerações gerais ....................................................................................................... 5
2.2 A influência da água na fachada ...................................................................................... 5
2.3 A água e seus mecanismos de degradação na fachada ................................................. 7
2.4 Influência da água nos elementos construtivos na fachada ............................................ 9
2.4.1 Fachada como envolvente exterior ........................................................................... 9
2.4.2 Durabilidade e vida útil da fachada ......................................................................... 10
2.4.3 Anomalias mais frequentes em elementos construtivos ......................................... 11
2.4.3.1 Distribuição das anomalias ................................................................................ 11
2.4.3.2 Fachadas e muretes .......................................................................................... 16
2.4.3.3 Vãos de fachada ................................................................................................ 20
2.4.3.4 Varandas e palas ............................................................................................... 22
2.4.4 Pormenorização de elementos construtivos ........................................................... 23
2.4.4.1 Fachadas e muretes .......................................................................................... 23
2.4.4.2 Vãos de fachada ................................................................................................ 26
2.4.4.3 Varandas e palas ............................................................................................... 29
2.5 O risco associado ao desempenho em serviço de uma fachada face à acção da água 30
2.5.1 Considerações iniciais ............................................................................................. 30
2.5.2 Conceito de risco ..................................................................................................... 30
2.5.3 Factores e variáveis no risco de degradação de fachadas ..................................... 32
2.6 Conclusões do capítulo .................................................................................................. 37
3 Trabalho de campo ................................................................................................................ 39
3.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 39
3.2 Características das fachadas / edifícios como casos de estudo.................................... 39
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
v
3.2.1 Tipo, idade e localização ......................................................................................... 39
3.2.2 Elementos / pormenores construtivos a adoptar ..................................................... 43
3.3 Metodologia de inspecção .............................................................................................. 45
3.3.1 Procedimento e instrumentação adoptados ............................................................ 45
3.3.2 Factores, critérios e fórmulas adoptadas ................................................................ 46
3.3.3 Elaboração e preenchimento de fichas de inspecção ............................................. 55
3.4 Conclusões do capítulo .................................................................................................. 58
4 Apresentação e discussão dos resultados ............................................................................ 61
4.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 61
4.2 Elementos construtivos e suas características .............................................................. 61
4.3 Degradação e indicadores de risco ................................................................................ 67
4.3.1 Indicadores de risco em socos ................................................................................ 70
4.3.2 Indicadores de risco em peitoris .............................................................................. 76
4.3.3 Indicadores de risco em platibandas / muretes ....................................................... 79
4.3.4 Outros indicadores de risco nos socos, peitoris e platibandas / muretes ............... 82
4.3.5 Condições de exposição na fachada ...................................................................... 85
4.4 Síntese geral e resultados obtidos ................................................................................. 89
4.5 Conclusão do capítulo .................................................................................................... 94
5 Conclusões ............................................................................................................................. 99
5.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 99
5.2 Conclusões finais ........................................................................................................... 99
5.3 Recomendações de desenvolvimento futuro ............................................................... 103
Bibliografia ................................................................................................................................. 105
ANEXOS:
Anexo A – Ficha de Inspecção AR2 (Alvalade / Roma)
Anexo B – Ficha de Inspecção AR3 (Alvalade / Roma)
Anexo C – Ficha de Inspecção AR10 (Alvalade / Roma)
Anexo D – Ficha de Inspecção T8 (Telheiras)
Anexo E – Ficha de Inspecção T9 (Telheiras)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
vi
Índice de figuras
Figura 2.1 – Degradação de uma fachada (manchas / sujidade) ................................................. 6
Figura 2.2 – Degradação de uma fachada (manchas / fissuração) .............................................. 9
Figura 2.3 – Distribuição de anomalias nos elementos da envolvente exterior e interior de
edifícios ....................................................................................................................................... 11
Figura 2.4 – Origem das anomalias em fachadas ...................................................................... 12
Figura 2.5 – Processo de perda de desempenho ....................................................................... 13
Figura 2.6 – Principais anomalias em fachadas. ......................................................................... 14
Figura 2.7 – Anomalias em paredes exteriores (pano opaco) .................................................... 15
Figura 2.8 – Anomalias em paredes exteriores (vãos de fachada) ............................................ 15
Figura 2.9 – Colonização biológica ............................................................................................. 18
Figura 2.10 – Eflorescências ....................................................................................................... 18
Figura 2.11 – Escorrimentos ....................................................................................................... 18
Figura 2.12 – Manchas localizadas ............................................................................................. 18
Figura 2.13 – Ascensão capilar ................................................................................................... 20
Figura 2.14 – Inexistência de capeamento com material estanque à penetração da água ....... 20
Figura 2.15 – Inexistência de pingadeira no capeamento .......................................................... 20
Figura 2.16 – Distribuição de anomalias nos vãos envidraçados ............................................... 20
Figura 2.17 – Fissuração em peitoris .......................................................................................... 22
Figura 2.18 – Manchas em peitoris ............................................................................................. 22
Figura 2.19 – Degradação dos guarda-corpos ........................................................................... 23
Figura 2.20 – Colonização biológica ........................................................................................... 24
Figura 2.21 – Exemplo de uma gárgula ...................................................................................... 24
Figura 2.22 – Exemplo de um soco............................................................................................. 26
Figura 2.23 – Deterioração de mastiques ................................................................................... 26
Figura 2.24 – Deficiências em tubo de queda ............................................................................. 26
Figura 2.25 – Exemplo de um peitoril em pedra ......................................................................... 27
Figura 2.26 – Esquema das dimensões dos peitoris .................................................................. 28
Figura 2.27 – Soleira sem rasgos ............................................................................................... 29
Figura 2.28 – Aplicação incorrecta de vedante na ligação dos caixilhos ao vão e ao envidraçado
..................................................................................................................................................... 29
Figura 3.1 – Dados relativos à média da distribuição geográfica das obras concluídas
(fachadas) em Portugal de 1995 a 2009 ..................................................................................... 40
Figura 3.2 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções
novas, em Portugal de 1995 a 2009 ........................................................................................... 41
Figura 3.3 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções
novas, em Lisboa de 1995 a 2009 .............................................................................................. 41
Figura 3.4 – Dados relativos ao nº de construções (fachadas) em Lisboa no ano de 2009 ...... 42
Figura 3.5 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (dados gerais) ..................................... 56
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
vii
Figura 3.6 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (avaliação do risco de degradação nas
fachadas face à acção da água) ................................................................................................. 57
Figura 4.1a e Figura 4.1b– Fachadas em banda / extremo (à esquerda) e banda / meio (à
direita) (AR18 – Avenida de Roma e AR20 – Avenida de Roma) .............................................. 65
Figura 4.2 – Peitoril em pedra (AR6 – Avenida dos Estados Unidos da América) ..................... 66
Figura 4.3 – Soco em pedra natural (AR3 na Avenida São João de Deus (Alvalade / Roma)) . 67
Figura 4.4 – Número de anomalias / defeitos (22 fachadas em Alvalade / Roma) .................... 69
Figura 4.5 – Número de anomalias / defeitos (10 fachadas em Telheiras) ................................ 70
Figura 4.6 – Exemplo de um soco (AR10 na Avenida do Rio de Janeiro).................................. 71
Figura 4.7 – Indicador de risco de degradação em socos - (10 fachadas em Telheiras) ... 72
Figura 4.8 – Indicador de risco de degradação em socos - (22 fachadas em Alvalade /
Roma) .......................................................................................................................................... 72
Figura 4.9 – Anomalias em soco designado de “crítico” (AR13 na Rua Afonso Lopes Vieira) .. 73
Figura 4.10 – Anomalias em soco designado de “significativo” (AR4 na Avenida São João de
Deus) ........................................................................................................................................... 74
Figura 4.11 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (22
fachadas em Alvalade / Roma) ................................................................................................... 74
Figura 4.12 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (10
fachadas em Telheiras) ............................................................................................................... 75
Figura 4.13 – Ascensão capilar em soco na fachada T2 – Rua Prof. Henrique Vilhena ............ 75
Figura 4.14 – Anomalias em peitoril (AR9 na Avenida do Rio de Janeiro) ................................. 76
Figura 4.15 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (22 fachadas em Alvalade /
Roma) .......................................................................................................................................... 77
Figura 4.16 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (10 fachadas em Telheiras) 77
Figura 4.17 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (22 fachadas
em Alvalade / Roma) ................................................................................................................... 80
Figura 4.18 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (10 fachadas
em Telheiras) ............................................................................................................................... 80
Figura 4.19 – Eflorescências em socos (AR13 – Rua Afonso Lopes Vieira) .............................. 82
Figura 4.20 – Sujidade / manchas de humidade em socos (AR3 – Avenida São João de Deus)
..................................................................................................................................................... 83
Figura 4.21 – Escorrimentos / sujidade diferencial (AR17 na Avenida de Roma) ...................... 83
Figura 4.22 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (10 fachadas
em Telheiras) ............................................................................................................................... 84
Figura 4.23 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (22 fachadas
em Alvalade / Roma) ................................................................................................................... 84
Figura 4.24 – Vegetação servindo como protecção aos agentes exteriores (AR2 na Rua
Edison) ........................................................................................................................................ 87
Figura 4.25 – Valores das condições de exposição (10 fachadas em Telheiras) ...................... 88
Figura 4.26 – Valores das condições de exposição (22 fachadas em Alvalade / Roma) ........... 88
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
viii
Figura 4.27 – Indicador de risco de degradação em fachadas – ) (22 fachadas em
Alvalade / Roma) ......................................................................................................................... 90
Figura 4.28 – Indicador de risco de degradação em fachadas - ) (10 fachadas em
Telheiras) ..................................................................................................................................... 90
Figura 4.29 – Fachada AR3 na Avenida São João de Deus ...................................................... 91
Figura 4.30– Tendência dos resultados ) consoante o número de anomalias nas
fachadas ...................................................................................................................................... 93
Figura 4.31 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco” (32 fachadas) ............................. 96
Figura 4.32 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco - significativo” (23 fachadas)........ 97
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
xi
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
x
Índice de quadros
Quadro 2.1 – Frequência das anomalias em função da origem da humidade (%) .................... 16
Quadro 2.2 – Dimensões mínimas para os peitoris .................................................................... 28
Quadro 2.3 – Classificação dos principais riscos ocupacionais na construção civil, de acordo
com a sua natureza ..................................................................................................................... 32
Quadro 2.4 – Escala de probabilidade do risco de degradação em fachadas ........................... 33
Quadro 2.5 – Escala de severidade do risco de degradação em fachadas ............................... 34
Quadro 2.6 – Matriz de avaliação do risco de degradação em fachadas ................................... 34
Quadro 2.7 – Escala de tolerância do risco de degradação em fachadas ................................. 34
Quadro 2.8 – Classes de agressividade ambiental em fachadas de edifícios ........................... 35
Quadro 2.9 – Defeitos e consequências em fachadas ............................................................... 35
Quadro 2.10– Critérios de consequências utilizados para caracterizar os defeitos na fachada. 36
Quadro 2.11– Avaliação das anomalias na fachada................................................................... 36
Quadro 3.1 – Classificação das anomalias ................................................................................. 46
Quadro 3.2 – Severidade de risco de degradação das anomalias ............................................. 48
Quadro 3.3 – Condições de exposição das fachadas................................................................. 49
Quadro 3.4 – Determinação da probabilidade do risco de degradação das anomalias ............. 50
Quadro 3.5 – Probabilidade de risco de degradação das anomalias ......................................... 51
Quadro 3.6 – Valores de FR expressos segundo o número existente de anomalias no elemento
construtivo em relação ao total de anomalias possíveis (soco, peitoris, muretes/platibandas) . 53
Quadro 3.7 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa) ......................................... 54
Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) .................................................. 62
Quadro 4.2 – Anomalias / defeitos totais (Alvalade / Roma e Telheiras) ................................... 68
Quadro 4.3 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa) ......................................... 73
Quadro 4.4 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Alvalade / Roma)
..................................................................................................................................................... 78
Quadro 4.5 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Telheiras) ......... 79
Quadro 4.6 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Telheiras) 81
Quadro 4.7 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Alvalade /
Roma) .......................................................................................................................................... 81
Quadro 4.8 – Orientação das fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras) ..................................... 86
Quadro 4.9 – Indicadores de risco totais relacionados com a orientação da fachada (Alvalade /
Roma e Telheiras) ....................................................................................................................... 86
Quadro 4.10– Indicadores de risco de degradação nas fachadas (32 fachadas) ...................... 92
Quadro 4.11 – Indicadores de risco de degradação nas fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras)
..................................................................................................................................................... 95
Quadro 4.12 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa) ....................................... 95
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
xi
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
1
1 Introdução
1.1 Considerações gerais
A construção de edifícios visa satisfazer uma necessidade humana básica, constituindo um
bem muito importante e essencial na sociedade actual, seja o edifício destinado à habitação,
ao comércio, ou a outro tipo de utilização. Com o intuito de durabilidade e preservação das
suas características iniciais, os edifícios necessitam naturalmente de acções de inspecção /
manutenção ao longo do tempo, que aumentem a sua vida útil e proporcionem o adequado e
eficaz desempenho em serviço de todos os seus elementos construtivos.
Nas últimas décadas, Portugal foi marcado por uma grande afluência da população às cidades,
o que teve muito impacto na construção portuguesa, em particular na zona urbana de Lisboa.
Perante este afluxo, houve a necessidade de construir edifícios para albergar estas
populações, originando um ritmo elevado de construção. De um modo geral, esta grande
necessidade de novas construções levou a que não existisse “tempo” suficiente para
elaboração de projectos de qualidade para todas as novas construções. Este facto, aliado à
existência de uma baixa qualificação da mão-de-obra na construção civil, colocou em causa a
própria qualidade do edificado em Portugal.
Por outro lado, as grandes cidades, em particular Lisboa, viram envelhecer os seus edifícios
mais antigos. As inadequadas / inexistentes acções de manutenção nestes edifícios, ao longo
das últimas décadas, contribuíram, em parte, para o actual estado do património do País.
Assim, conclui-se que nas últimas décadas, se por um lado houve uma construção descuidada
nos grandes centros urbanos através da falta de qualidade / adequabilidade tanto na fase de
concepção como de construção, por outro lado não foram tomadas as medidas de inspecção /
manutenção necessárias nos edifícios mais antigos, que com o tempo se foram degradando,
ou mesmo naqueles mais recentes, que progressivamente também necessitarão de
manutenção periódica.
Como parte integrante de um edifício, as fachadas assumem um especial e preponderante
papel no combate face aos agentes exteriores, que prejudicam e deterioram o edifício. Através
de elementos construtivos inseridos na fachada, é possível diminuir / evitar muitos dos
problemas causados pelos agentes exteriores, nomeadamente a acção da água. Quando
adequadamente pensados e executados, tanto na fase de concepção como na de construção,
estes elementos construtivos permitem prever, atenuar e/ou retardar as anomalias nas
fachadas.
Introdução
2
Por seu lado, as acções de manutenção serão sempre necessárias e imprescindíveis ao longo
da vida útil de uma fachada, pois a normal utilização de um qualquer elemento construtivo
acarreta o aparecimento de um conjunto de anomalias já esperadas, como por exemplo a
sujidade / manchas de humidade que podem surgir ao longo de toda a zona corrente de uma
fachada, em socos, peitoris, entre outros.
A acção da água corresponde a um factor essencial a ter em conta em qualquer construção de
uma fachada de um edifício. A actuação deste agente exterior, por vezes em combinação com
o vento, pressupõe a existência de um conjunto de elementos construtivos devidamente
delineados e construídos face ao combate à acção da água, seja os efeitos prejudiciais das
águas das chuvas, da ascensão capilar, de entre outros problemas relacionados com a
humidade / água.
1.2 Objectivos e metodologia da investigação
É no contexto referido que se insere esta dissertação de mestrado, a qual tem como objectivo
principal a avaliação do risco de degradação face à acção da água de elementos construtivos
em fachadas de edifícios (edifícios construídos nos últimos 70 anos em Lisboa).
Mais especificamente, esta dissertação pretende avaliar o estado de degradação de fachadas
de edifícios na zona urbana de Lisboa, assim como a probabilidade da ocorrência de anomalias
nos seus elementos construtivos que interagem com a acção da água. Os objectivos são os
seguintes:
selecção das fachadas de edifícios a inspeccionar, através da escolha da(s) zona(s) no
interior de Lisboa, tendo em atenção a idade dos edifícios escolhidos e o tipo de
construção utilizada;
definição dos critérios e variáveis associados ao risco de degradação de uma fachada,
necessários à elaboração das fichas de inspecção e das fórmulas que resultarão nos
indicadores de risco; estes indicadores de risco irão permitir retirar conclusões e
elações acerca dos resultados obtidos, proporcionando ainda criar graus diferentes de
risco entre as fachadas inspeccionadas;
avaliação do risco existente nas fachadas e seus elementos construtivos, verificando o
seu estado de degradação existente e aferindo sobre a sua probabilidade de
deterioração ao longo da vida útil; identificação dos elementos construtivos mais
preponderantes face à acção da água na fachada, propondo soluções e/ou propostas
de intervenção sempre que se justifique e seja viável;
desenvolver uma metodologia de avaliação de fachadas e seus elementos
construtivos.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
3
A parte prática desta dissertação centra-se em acções de inspecção a um conjunto de
fachadas definidas à priori, através do preenchimento de fichas de inspecção cuidadosamente
delineadas para a avaliação do risco em fachadas. Na parte escrita da dissertação, procura-se
então apresentar e discutir os resultados obtidos nas fichas de inspecção, tendo como base os
conhecimentos necessários ao seu entendimento. Com o intuito de chegar a algumas
conclusões viáveis e interessantes respeitantes ao estado e risco de degradação de fachadas
em Lisboa, pretende-se a apresentação dos resultados obtidos em diferentes quadros e figuras
tendo em conta as variáveis existentes, que possibilitem analisar criticamente os valores
encontrados e estabelecer relações entre eles.
Importa ainda referir que esta dissertação também tem como finalidade a sensibilização dos
intervenientes da construção civil no que diz respeito a uma melhoria da qualidade dos
processos construtivos nas fachadas de edifícios, seja na fase de concepção ou mesmo de
construção. Para além do referido, torna-se essencial também uma significativa melhoria na
fase de utilização dos edifícios, ou seja, um aumento do número de acções de inspecção /
manutenção periódicas ao longo da vida útil de cada fachada.
1.3 Organização da dissertação
A realização da presente dissertação abrange duas partes distintas, a parte prática e a parte
escrita, as quais se complementam ao longo do decorrer da mesma. A parte prática refere-se
ao trabalho de campo efectuado através de acções de inspecção a fachadas de edifícios,
enquanto que a parte escrita corresponde à pesquisa bibliográfica de toda a informação
necessária no âmbito do tema deste trabalho, assim como à sistematização e análise dos
resultados obtidos em trabalho de campo. A redacção desta dissertação encontra-se dividida
em 5 capítulos, bibliografia e anexos, de acordo com o descrito de seguida:
capítulo 1 – este capítulo procura evidenciar algumas notas introdutórias sobre a
temática abordada no presente trabalho, a referência aos principais factores que
motivaram a realização desta dissertação e aos objectivos da mesma. Este capítulo
procura ainda a descrição da metodologia utilizada na sua elaboração e da
organização da redacção da dissertação;
capítulo 2 – neste capítulo, descreve-se o conhecimento obtido através do
levantamento bibliográfico efectuado, subdividindo-se a primeira parte em 4 partes
menores: fachada como envolvente exterior, durabilidade e vida útil da fachada,
anomalias mais frequentes em elementos construtivos, e ainda na pormenorização de
elementos construtivos; ainda neste capítulo faz-se referência ao risco associado ao
desempenho em serviço de uma fachada face à acção da água, procurando abordar o
Introdução
4
conceito de risco e os critérios e variáveis necessários na avaliação do risco de
degradação das fachadas;
capítulo 3 – neste capítulo, designado de trabalho de campo, pretende-se definir as
características das fachadas de edifícios que constituirão a amostra seleccionada para
as acções de inspecção. São então justificadas duas zonas urbanas de Lisboa
(Alvalade / Roma e Telheiras) como locais de escolha das fachadas a inspeccionar.
Este capítulo ainda visa estabelecer a metodologia de inspecção a utilizar em trabalho
de campo, através da definição de factores, critérios e de fórmulas adoptadas, as quais
servirão de base para a elaboração de fichas de inspecção que, por sua vez, permitirão
a avaliação in situ das fachadas;
capítulo 4 – este capítulo contempla a apresentação e discussão dos resultados
obtidos em trabalho de campo, tendo como base os elementos construtivos abordados
no capítulo 2 como elementos principais na avaliação do risco face à acção da água
numa fachada. Este capítulo procura apresentar exemplos de anomalias observadas
nas fachadas (registadas nas fichas de inspecção), propor soluções de intervenção nas
fachadas que eliminem as anomalias verificadas, analisar a informação sistematizada
em quadros e figuras, relacionar os resultados obtidos entre si, e ainda analisar
criticamente os valores encontrados, procurando retirar algumas conclusões
importantes no âmbito desta dissertação.
capítulo 5 – neste capítulo, apresentam-se as conclusões estabelecidas ao longo dos
vários capítulos anteriores, e sobretudo as conclusões finais da análise aos resultados
obtidos em trabalho de campo e apresentados no capítulo 5. Neste capítulo final, ainda
se procede à apresentação de algumas propostas de investigação a realizar
futuramente, com o objectivo de aprofundar e aumentar o conhecimento e a informação
existente sobre o tema desta dissertação.
Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho e os anexos
referenciados ao longo da dissertação (um conjunto de exemplos de fichas de inspecção
relativas às fachadas de edifícios inspeccionadas em trabalho de campo, e CD com as
restantes fichas de inspecção).
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
5
2 A água e o risco na fachada
2.1 Considerações gerais
De um modo geral, a água é tida como um dos principais factores prejudiciais ao bom
desempenho em serviço de uma fachada de um edifício. Como tal importa um contínuo
desenvolvimento e melhoramento dos pormenores construtivos da fachada, em conjunto com
acções adequadas e sistemáticas de manutenção.
No âmbito da presente dissertação, em particular neste capítulo, numa primeira fase torna-se
importante salientar a influência da água na fachada e nos seus elementos construtivos, assim
como os mecanismos de degradação da água na fachada, tendo como principal intuito uma
abordagem geral sobre os temas. Os aspectos da durabilidade e da vida útil de uma fachada
serão também analisados na óptica da sua alteração através da acção prejudicial da água.
Ainda neste capítulo, procurar-se-á, de uma forma mais detalhada, abordar e analisar os
problemas relacionados com a água que afectam, de uma forma geral, toda a fachada de um
edifício. Ou seja, numa qualquer fachada de um edifício, recente ou antigo, existe um conjunto
de anomalias que são observadas um pouco por todas as zonas da envolvente exterior, sendo
que estas incidem com maior frequência e gravidade nalguns elementos construtivos com
especial. Daqui resulta que, para além de uma abordagem geral, serão estes mesmos
elementos construtivos aqueles que importa aprofundar o conhecimento das suas
características (pormenores construtivos), bem como dos problemas que levam à sua
acelerada deterioração. Por uma questão de organização e divisão dos elementos que
constituem uma fachada, far-se-á referência aos aspectos (anomalias e pormenores
construtivos) relacionados com as zonas correntes da fachada, dos vãos de fachada e das
varandas e palas.
2.2 A influência da água na fachada
A acção da água / humidade corresponde a uma das causas primordiais das anomalias
observadas na envolvente exterior dos edifícios, pelo que se torna de maior importância o seu
estudo através de análises qualitativas e quantitativas que estabeleçam um conjunto de boas e
adequadas práticas na construção civil.
Nas fachadas, a presença de água é algo perfeitamente aceitável e expectável, sendo que
apenas a partir de um determinado nível esta passa a ser prejudicial aos diversos constituintes
A água e o risco na fachada
6
das fachadas e, de uma forma geral, ao bom funcionamento do edifício. Como parte da
envolvente exterior dos edifícios, são os elementos das fachadas que, devido ao contacto
directo com os agentes agressivos (chuva, vento, variações de temperatura, poluição, entre
outros), se deterioram mais rapidamente e necessitam, por isso, de um maior número de
intervenções de manutenção (Figura 2.1) [VICENTE, 2002].
Figura 2.1 – Degradação de uma fachada (manchas / sujidade)
Apenas em casos muito excepcionais, o colapso de uma estrutura se deve na totalidade à
existência em excesso de água nos seus elementos construtivos. O que de facto acontece é
que, em muitas situações, a água representa um início e um meio, e não um fim, que conduz à
degradação das estruturas, e em última análise, ao colapso da mesma. Associados aos
fenómenos de humidade, observam-se outros factores, tais como o vento, a radiação solar ou
os agentes biológicos, que em conjunto propiciam, agravam e provocam o aparecimento de
fissuras, descasques, eflorescências, escorrimentos, de entre outros. Note-se que estas
anomalias são mais visíveis em elementos não estruturais de fachadas de edifícios,
nomeadamente nos vãos de fachadas, em varandas e palas [FLORES-COLEN, 2009].
Estas anomalias existentes apenas assumem especial interesse quando são ignoradas e nada
é feito para as contrariar, pois, como se sabe, todo o edificado possui uma vida útil e, portanto,
por vezes, a presença de determinadas anomalias apenas corresponde a um sinal de que são
precisas obras de manutenção. Muitos dos problemas, que se verificam no decorrer da
utilização de um edifício, têm a sua origem ainda na fase de projecto, onde são deficientes ou
mesmo inexistentes algumas pormenorizações construtivas necessárias a um bom
desempenho em serviço do mesmo. No entanto, é talvez na fase de construção que se
observa ainda a maioria dos erros construtivos, pois se por um lado, geralmente, existe falta de
cuidado de muitos dos operários na execução de alguns processos e métodos construtivos, por
outro lado a falta de controlo e fiscalização nas obras é ainda bastante notória [VICENTE,
2002].
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
7
Daqui resulta que uma boa pormenorização de elementos construtivos, assim como o
conhecimento das propriedades da água e dos seus mecanismos de degradação é essencial
para uma construção sustentável e durável, em particular em fachadas de edifícios correntes.
Tendo em atenção estes aspectos, neste capítulo procurar-se-á então evidenciar a influência
da água nos elementos construtivos que constituem uma fachada de um edifício, apresentando
exemplos de pormenores construtivos utilizados actualmente e que correspondem, de facto, a
boas soluções, bem como as anomalias mais frequentes a estes associadas.
2.3 A água e seus mecanismos de degradação na fachada
Em linguagem comum, a palavra água é referida apenas quanto à sua forma ou estado líquido,
no entanto a substância também possui um estado sólido (gelo, neve ou granizo) e um estado
gasoso (vapor de água). Este agente de natureza química actua a um nível macro e micro,
afectando, de uma forma bastante particular, as fachadas dos edifícios. Ao contrário da acção
da água no estado líquido e no estado gasoso, no seu estado sólido esta não apresenta
importantes efeitos nas fachadas dos edifícios em Portugal, com a excepção de algumas zonas
do país [FLORES-COLEN, 2009].
O teor de humidade de um material define-se a partir da sua quantidade de água, e representa
o quociente entre a massa da água do material pelo seu volume aparente, variando entre o
zero absoluto e um valor designado de crítico, o qual se encontra associado ao contacto com
um ambiente saturado durante longos períodos [RAMOS, 2007]. No decorrer deste documento
a referência aos conceitos de água e humidade serão utilizados muitas vezes como sinónimos,
uma vez que, de modo geral, os problemas na construção associados à água e à humidade
coincidem. Para um melhor planeamento das acções a serem desenvolvidas no futuro, é então
essencial o conhecimento dos factores que levam à deterioração das fachadas dos edifícios,
bem como dos seus mecanismos de degradação.
A humidade surgida nas fachadas dos edifícios revela-se sob diversas formas e pode ser
originada por várias causas, as quais são identificadas através de um conjunto de sintomas
característicos de patologia. De acordo com MAGALHÃES (2002), as formas mais comuns de
humidade excessiva na envolvente exterior de edifícios são a humidade de obra ou construção,
do terreno, de precipitação, de condensação, a devida a fenómenos de higroscopicidade e a
devida a causas fortuitas. Num edifício, constata-se então a presença da humidade de
construção durante a fase de maturação do betão desde a conclusão da obra; a humidade do
terreno proveniente do solo, por ascensão capilar, através das fundações ou paredes; a
humidade de precipitação correspondente à infiltração da água pelos elementos da fachada,
tendo em atenção que, na maioria das vezes em Portugal, como o intervalo de tempo de
precipitação é curto, este fenómeno é atenuado pela secagem dos elementos construtivos; a
A água e o risco na fachada
8
humidade de condensação caracterizada pelo vapor de água que se condensa nos paramentos
exteriores ou no interior dos elementos de construção; a humidade devida a fenómenos de
higroscopicidade relacionada com os materiais de construção com sais solúveis em água
(propriedades higroscópicas) que, ao absorverem a humidade do ar, se dissolvem quando esta
atinge os 65 – 70% de humidade relativa, podendo voltar a cristalizar quando esta desce
abaixo destes valores; e a humidade devida a causas fortuitas, tais como as inundações, tubos
de queda e/ou rede de drenagem das águas danificada [VICENTE, 2002].
Os mecanismos de degradação que traduzem o transporte da água / humidade através da
fachada são o resultado de uma interacção complexa entre a própria parede, a estrutura
resistente e outros elementos construtivos que a ela se encontrem ligados [VICENTE, 2002].
Se por um lado, no estado de vapor, a difusão e os movimentos convectivos no interior dos
poros condicionam o transporte da humidade, por outro lado, no estado líquido, a gravidade, a
capilaridade e o efeito dos gradientes de pressão externas regem a transferência de humidade.
Mais complexos se tornam os presentes fenómenos de humidade, pelo facto de o transporte de
humidade, em fase líquida e em vapor, actuar em simultâneo, sendo condicionado em grande
escala pelas condições de temperatura, humidade relativa, precipitação, radiação solar e vento,
as quais apresentam muitas variações ao longo do tempo, e ainda pelas condições de
exposição associadas à orientação das fachadas [FREITAS, 1992].
Tal como referido, a presença de outros factores, para além da água, como o vento, a radiação
solar, a temperatura, de entre outros, deterioram e diminuem a durabilidade dos materiais
constituintes das fachadas. A acção combinada da água com o vento, actuando directamente
sobre os materiais, desencadeia diversos mecanismos destrutivos associados a fenómenos
físicos e químicos nas zonas de lavagem (lixiviação originada pela circulação da água) e “não
lavagem” (acumulação de sujidade com possibilidade de desenvolvimento de colonização
biológica).
Os materiais mais utilizados na construção são higroscópicos (propriedade de um determinado
material de absorver água), o que se manifesta na variação do seu teor em humidade quando a
humidade relativa varia. Do ponto de vista físico, existem quatro fenómenos relacionados com
a presença de água / humidade nas fachadas, podendo estes ocorrer isoladamente ou em
conjunto: gravidade, pressão do vento, capilaridade e a energia cinética das gotas das chuvas
[ALVES & SOUSA, 2003]. Entende-se por gravidade como a penetração da água em fissuras
superiores a 0.5 mm. A energia cinética das gotas da chuva corresponde à penetração de água
das gotas de chuva em largura de fendas superiores a 4 a 5 mm. A pressão do vento diz
respeito à água que atravessa a parede por acção do vento, em fissuras superiores a 0.1 mm.
E, por fim, a capilaridade retrata a circulação da água no interior dos materiais que constituem
os elementos construtivos. Estes fenómenos dependem da constituição e características dos
materiais utilizados, isto é, estão relacionados com a sua porosidade, a sua permeabilidade e
as fissuras presentes, de entre outros. É de salientar que outros autores consideram como três
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
9
os mecanismos fundamentais de fixação de humidade: absorção, condensação e capilaridade
[FREITAS, 1992].
2.4 Influência da água nos elementos construtivos na fachada
A água, talvez como o principal agente agressivo, influencia fortemente o desempenho em
serviço dos elementos construtivos que constituem uma fachada. Deste modo, uma boa e
adequada pormenorização destes elementos construtivos revela-se bastante importante e
preponderante, evitando posteriores intervenções de manutenção.
2.4.1 Fachada como envolvente exterior
Observando uma fachada de um qualquer edifício corrente é possível afirmar que a sua
degradação e deterioração visível ao longo do tempo, para além de afectar as características e
o bom funcionamento dos materiais existentes e para os quais os mesmos foram
dimensionados, induz também alterações significativas no aspecto estético da envolvente
exterior. De facto, este aspecto relacionado com a aparência visual de uma fachada
corresponde, de uma forma geral, a uma anomalia indicativa do estado de conservação e de
envelhecimento dos materiais envolvidos (Figura 2.2). Note-se que, decorridos apenas alguns
anos de finalizada a construção de um edifício, são, por vezes, já inúmeras as anomalias
visíveis na sua fachada, o que numa primeira análise não seria expectável e admissível.
Porém, a escassa existência de pormenorização de elementos construtivos, que combatam os
problemas de humidade / água, encontra-se na base do aparecimento de tais problemas
[FLORES-COLEN, 2009].
Figura 2.2 – Degradação de uma fachada (manchas / fissuração)
A água e o risco na fachada
10
Evidencia-se muitas vezes a degradação das fachadas em grandes centros urbanos, em
particular aquelas com pouco tempo de utilização, o que torna mais fácil a observação do
mesmo por um mero observador que se interesse minimamente pela conservação da imagem
do seu bairro. Segundo ELDER & VANDENBERG (1977), as fachadas como elementos que
definem o espaço exterior do espaço interior possuem um importante e determinante papel na
configuração dos espaços urbanos, e como tal afectam, de um certo modo, a vivência dos seus
utentes. VALLEJO (1990) realça ainda que existe uma certa desvalorização e pouca
consciência social acerca das degradações com repercussão estética, resumindo-se apenas a
manutenção sobre edifícios com reconhecido valor de preservação [PETRUCCI, 2000].
2.4.2 Durabilidade e vida útil da fachada
Em primeiro lugar, importa definir o termo durabilidade, o qual pode ser identificado em dois
grandes grupos: durabilidade aplicável ao edifício e suas partes e durabilidade aplicável
apenas aos seus materiais de construção [ARAÚJO et al., 2008]. Em contrapartida, segundo a
definição da ASTM E632-82 (1996), o conceito de durabilidade define-se como a capacidade
de um produto, componente, montagem ou construção manter-se em serviço ou em utilização,
isto é, tem de ser capaz de desempenhar as funções para as quais foi projectado durante um
determinado período de tempo. Este período de tempo geralmente é expresso em anos de vida
e designa-se habitualmente por vida útil. Resumindo, considera-se vida útil de um edifício como
o período durante o qual este conserva os requisitos estabelecidos em projecto quanto à
segurança, funcionalidade e estética sem custos inesperados de manutenção e/ou reparação.
A água, como um dos factores externos de degradação, afecta de modo desfavorável a
durabilidade dos materiais constituintes das fachadas dos edifícios, diminuindo, por
conseguinte, a vida útil dos mesmos. Com o intuito de ver estabelecido o período de vida útil de
cada edifício para o qual foi concebido, em particular no que respeita às fachadas, é essencial
e de considerável importância, não só garantir uma adequada pormenorização tanto na fase de
projecto como em construção dos seus elementos construtivos, mas também apostar numa
constante e cuidada manutenção destes.
As fachadas, pertencentes à envolvente exterior dos edifícios, ao longo do tempo sofrem
naturalmente desgastes causados pelo Homem e / ou pela natureza, nomeadamente aqueles
relacionados com a humidade / água. Daqui resulta que, sem os devidos e antecipados
cuidados a adoptar para cada edifício em particular, uma contínua deterioração pela água
afecta fortemente o ciclo de vida das construções e seus materiais, podendo-se associar estes
problemas às condições atmosféricas de um determinado lugar e num determinado momento.
É comum afirmar que a ideia de envelhecimento de um edifício se contrapõe à necessidade de
conservar a sua vida útil e a durabilidade de todos os elementos construtivos envolvidos
[PETRUCCI, 2000].
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
11
2.4.3 Anomalias mais frequentes em elementos construtivos
Em fachadas de edifícios, existe um conjunto de anomalias mais recorrentes, as quais carecem
portanto de uma maior manutenção e implicam uma melhor pormenorização nos elementos
construtivos em que aparecem mais frequentemente.
2.4.3.1 Distribuição das anomalias
Segundo CALEJO & WESTCOT (2003), uma anomalia resulta de um “conjunto de fenómenos
associados a uma cadeia de relações causa-efeito que lhe está subjacente”, ou seja, uma
anomalia, como um possível defeito ou problema visível, tem na sua origem um conjunto de
fenómenos que representam um determinado processo patológico [LOPES, 2005].
Os elementos / pormenores construtivos são essenciais e determinantes numa boa e
adequada pormenorização das fachadas, sendo que os erros na sua concepção e execução,
na maioria das vezes, têm como consequência o aparecimento de anomalias afectas a cada
elemento em particular. Por este facto, a degradação de fachadas tem sido objecto de diversos
estudos e publicações, sendo que uma das anomalias mais frequentes está associadas à
humidade [CSCAE, 1999; FLORES-COLEN, 2009].
De acordo com um estudo apresentado em SOUSA (2004), é possível a análise da distribuição
das anomalias pelos diferentes elementos da envolvente exterior e interior de um edifício
(Figura 2.3).
Figura 2.3 – Distribuição de anomalias nos elementos da envolvente exterior e interior de edifícios (adaptado de [SOUSA, 2004])
6% 15%
11%
8%
11% 5%
28%
16%
Infra-estruturas (1)
Cobertura inclinada (2)
Cobertura em terraço (3)
Fundações (4)
Envolvente interior (5)
Estrutura de suporte (6)
Fachada (7)
Equipamentos (8)
2
3
4
5 6
7
8 1
A água e o risco na fachada
12
Da análise da Figura 2.3, pode-se concluir que são as fachadas (vãos envidraçados, varandas /
palas e zonas correntes) os elementos mais afectados num edifício, com 28 % de incidência de
anomalias.
Dito de uma forma simples, as anomalias em fachadas são estudadas para diagnosticar as
prováveis causas associadas, as quais geralmente não ocorrem devido a uma única razão. A
ocorrência se deve a erros nos processos de concepção, construção e manutenção, ou seja,
numa deficiente pormenorização e escolha de materiais, no tipo de perfil do edifício (altura e
idade), em condições desfavoráveis ao nível de ambiente / utilização, numa mão-de-obra sem
qualificação para os processos construtivos e, por último, numa deficiente ou, mesmo,
ausência de manutenção [FLORES-COLEN, 2009]. A Figura 2.4 exemplifica essencialmente a
necessidade de uma maior utilização / pormenorização do projecto, ao nível da fachada, para
diminuição de anomalias.
Figura 2.4 – Origem das anomalias em fachadas [ALMEIDA, sd]
Pela análise da Figura 2.4, verifica-se que 41% das anomalias tem a sua origem em erros de
concepção, que 22% em erros de execução e que as restantes causas estão relacionadas com
a qualidade dos materiais, a má utilização, de entre outras. Daqui se conclui que, apesar de
mais visível nas fachadas dos edifícios recentes, os erros, tanto na fase de projecto como em
obra, assumem uma percentagem muito significativa no aparecimento de anomalias, o que
traduz, de certo modo, a actual falta de cuidado na construção em Portugal, bem como a
escassez de uma pormenorização adequada das fachadas [ALMEIDA, sd].
O processo de perda de desempenho de um edifício desenrola-se durante a sua vida útil, e
existem diversos factores que interferem nesse processo [LOPES, 2005]. No esquema
seguinte, é possível verificar o processo de degradação de uma fachada (Figura 2.5).
41%
22%
15%
9%
13%
Erros de concepção (1)
Erros de execução (2)
Qualidade dos materiais (3)
Má utilização (4)
Outras (5)
1
2
3
4
5
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
13
Figura 2.5 – Processo de perda de desempenho (adaptado de [CIB W86, 1993])
O aparecimento de uma determinada anomalia pode ser entendido como uma situação na qual
um qualquer elemento construtivo, em dado instante da sua vida útil, deixa de apresentar o
desempenho esperado, deixando assim de cumprir as funções para o qual foi projectado, tendo
em conta as necessidades dos utilizadores e as exigências funcionais e estruturais da fachada
[CAMPANTE, 2001; KONDO, 2003].
FLORES-COLEN & BRITO (2003) distinguem três tipos de anomalias: anomalias prematuras
ou precoces, anomalias reincidentes e anomalias correntes. Uma anomalia prematura surge
antes do tempo previsto para o seu aparecimento na fachada (anos iniciais da vida útil), e
deve-se na sua grande maioria a erros de concepção e execução (manchas de sujidade em
platibandas, peitoris, cornijas, de entre outros). Após uma eventual intervenção de manutenção
na fachada, as anomalias reincidentes são aquelas que reaparecem num curto espaço de
tempo posterior à intervenção, e estão geralmente associadas a uma acção de diagnóstico
inexistente ou inadequado [CALEJO & WESTCOT, 2003]. Segundo os mesmos autores e com
base num estudo efectuado, este tipo de anomalias corresponde sensivelmente a um terço do
total de anomalias. As restantes anomalias são consideradas as referidas anomalias correntes.
As anomalias ocorrem de uma forma diferenciada em diferentes zonas da fachada, verificando-
se, de uma forma geral, uma maior incidência na parede corrente e na zona junto às
platibandas e cornijas (1,5 metros abaixo da cornija), seguindo-se o soco, os vãos de fachada,
as varandas, as esquinas e as tubagens [FLORES-COLEN, 2009; ANUNCIADA, 2004;
GASPAR & BRITO, 2005]. Conforme citado em FLORES-COLEN (2009), para o caso de 50 e
150 casos estudados, verificou-se respectivamente, que 24% e 35% das anomalias
observadas incidem na parede corrente de uma fachada, e 19% nos 50 casos e 18% nos 150
casos junto às platibandas e cornijas. De acordo com GASPAR & BRITO (2005b), as
A água e o risco na fachada
14
anomalias, derivadas da acção prejudicial da água / humidade, aparecem em maior número
nas zonas correntes da fachada e nas zonas das platibandas / cornijas, devidas aos ciclos de
molhagem e secagem, à absorção diferenciada de humidade nos paramentos. Refira-se ainda
que os vãos de fachada (peitoris, soleiras, caixilharias, de entre outros), as varandas e os
socos são, por sua vez, também especialmente sensíveis aos fenómenos de humidade
[VILHENA, 2002]. Saliente-se que a orientação de uma fachada, a localização geográfica do
próprio edifício, o tipo e a idade de reboco na fachada (reboco corrente, reboco pré-doseado,
pintura no acabamento, de entre outros) são factores que influenciam significativamente o
aparecimento e o número das anomalias [FLORES-COLEN, 2009; ANUNCIADA, 2004].
Das anomalias existentes nos edifícios, quer antigos quer recentes, as devidas à humidade
ocupam uma grande percentagem do total [SOUSA, 2005]. De acordo com ALMEIDA (sd),
diversos estudos demonstraram que as principais anomalias responsáveis pela degradação
das fachadas são as apresentadas na Figura 2.6.
Figura 2.6 – Principais anomalias em fachadas (adaptado de [ALMEIDA, sd]).
Da Figura 2.6, pode-se verificar que, de facto, os problemas associados aos fenómenos de
humidade correspondem a uma das maiores manifestações de anomalias observadas em
Portugal, com 37% de ocorrência nas fachadas. Note-se que, as restantes anomalias, apesar
de não se manifestarem como problemas de humidade, na sua grande maioria, encontram-se
relacionadas com a presença desta [VICENTE, 2002].
Segundo GAMA (2005), através da apresentação de um estudo de anomalias numa amostra
de edifícios num parque, obtiveram-se dois gráficos (Figuras 2.7 e 2.8) relativos a paredes
exteriores em zonas opacas e em zonas de vãos, respectivamente. Da análise da Figura 2.7,
pode-se verificar que 89% das fachadas observadas revelam anomalias relacionadas com a
humidade em zonas opacas, o que alerta para a problemática da água como agente
deteriorador de elementos construtivos. Tal como nas zonas opacas, nas zonas dos vãos de
fachada os fenómenos de humidade manifestam-se de uma forma especial, pois em 94% das
fachadas estudadas existem problemas de funcionamento no sistema de drenagem das águas
pluviais (inclinação e balanço do peitoril, inexistência de rasgos, de entre outros). Por sua vez,
37%
16%
15%
4%
28% Humidade (1)
Fissuração (2)
Deslocamento dos revestimentos (3)
Instalações de Aquecimento (4)
Outras (5)
1
2 3
4
5
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
15
em 89% dos casos existem problemas de infiltração, o que só acentua ainda mais o cuidado na
pormenorização dos elementos da fachada [GAMA, 2005].
Figura 2.7 – Anomalias em paredes exteriores (pano opaco) (GAMA, 2005)
Figura 2.8 – Anomalias em paredes exteriores (vãos de fachada) (GAMA, 2005)
A água e o risco na fachada
16
Tendo em conta o desenvolvimento e aparecimento de novos materiais e sistemas de
construção, em conjunto com a utilização de novas tecnologias e um conhecimento e
preocupação crescente com a qualidade e controlo de produtos e serviços, seria de esperar
uma diminuição das anomalias relacionadas com a humidade nas fachadas dos edifícios, facto
este que na realidade não se verifica. Isto acontece pelas razões acima mencionadas, as quais
se prendem com a existência de inúmeros erros de concepção e erros de construção que se
repercutem, posteriormente, no desenvolvimento de anomalias. Esta situação é especialmente
grave e visível nos elementos da envolvente exterior dos edifícios, em particular nos pontos
singulares como os vãos de fachada, em varandas e palas, de entre outros [VILHENA, 2002].
Como consequência dos erros referidos surgem um número variado e diversificado de
anomalias face à acção da água, sendo que procurar-se-á neste capítulo tanto quanto possível
fazer referência às anomalias mais frequentes e que apresentem um grau elevado de risco de
ocorrência e gravidade para a durabilidade das fachadas dos edifícios, bem como das
principais e mais prováveis causas a estas associadas.
2.4.3.2 Fachadas e muretes
Em fachadas e muretes, o aparecimento de anomalias relacionadas com a presença da água
nos elementos construtivos é bastante comum. Em VILHENA (2002), é apresentado um estudo
que indica a frequência das anomalias em função da origem da humidade, apenas no que diz
respeito às anomalias em superfícies correntes de fachadas (Quadro 2.1).
Quadro 2.1 – Frequência das anomalias em função da origem da humidade (%) (VILHENA, 2002)
Formas de manifestação da humidade
Anomalias Humidade
de obra
Humidade
do terreno
Humidade
de precipitação
Humidade
de condensação
Humidade
higroscópica
Causas
fortuitas Total
Manchas 0,0 2,6 14,0 14,9 0,4 0,4 32,3
Água líquida 0,0 2,6 7,0 1,7 0,0 0,9 12,2
Eflorescências
Criptoflorescê-
-ncias
0,9 1,8 2,6 1,7 1,0 0,0 8,0
Fendilhações 10,5 2,6 2,6 0,0 0,5 0,4 16,6
Destaques 0,0 0,0 3,5 0,0 0,4 0,0 3,9
Empolamentos 0,0 0,0 1,7 0,0 0,0 0,0 1,7
Degradação 0,0 3,5 2,6 0,9 0,0 0,0 7,0
Vegetação
parasitária
Colonização
biológica
0,0 0,0 5,2 13,1 0,0 0,0 18,3
Total 11,4 13,1 39,2 32,3 2,3 1,7 100,0
A análise deste Quadro 2.1 permite afirmar que as manchas correspondem à anomalia mais
encontrada nas fachadas com 32,3%, sendo que pode ser, em grande parte, associada às
designadas humidade de precipitação e de condensação. Seguindo-se as anomalias
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
17
relacionadas com a vegetação parasitária, colonização biológica e aquelas que originam
fendilhação. Por outro lado, a partir Quadro 2.1 é possível verificar que é a humidade de
precipitação a que mais origina anomalias, estando no entanto bastante próxima da humidade
de condensação. Como possível explicação poder-se-á afirmar que, para o aparecimento de
anomalias que derivem das duas humidades referidas, essencialmente os problemas centram-
se numa má concepção e execução das fachadas [VILHENA, 2002].
Destas salientam-se aquelas que, pelas razões já mencionadas, se tornam mais relevantes no
âmbito desta dissertação, em conjunto com as causas principais e mais prováveis a estas
associadas, exceptuando aquelas relacionadas com erros de projecto e construção:
o desenvolvimento de vegetação parasitária de grande porte (plantas, erva),
proveniente de condensações que derivam da criação de condições de humidade
permanente em zonas de revestimento. Para além da água / humidade, a acumulação
de pó, sujidade e poluentes contribuem para o desenvolvimento e subsistência da
referida anomalia. A rugosidade do acabamento, por sua vez, também influencia a
presença destes organismos vivos nas fachadas, favorecendo a retenção de poeiras
sobre o paramento, assim como a elevada porosidade do revestimento que prolonga a
presença de humidade nos poros da argamassa. [ARAÚJO et al., 2008, ANTUNES,
2010 & ANUNCIADA, 2004]. Este tipo de anomalia deteriora as superfícies dos
revestimentos, não só pela sua presença, mas também pelo ataque destes organismos
e microrganismos vivos ou dos produtos químicos que expelem [ANUNCIADA, 2004];
a colonização biológica (algas, líquenes, fungos, musgos, verdete) (Figura 2.9). As
causas para este tipo de anomalia são, em geral, as mesmas expressas para o caso
anterior. Os fungos e algas geralmente formam manchas de cor escura ou esverdeada
e ocorrem em situações pontuais, no entanto podem também cobrir grandes áreas;
a desagregação / erosão / empolamento / crateras / eflorescências /
criptoflorescências. Segundo APPLETON (2003), estas anomalias são “muito
frequentes e devem-se, entre outros motivos, ao efeito da humidade no seu percurso
no interior da parede, quando, após a dissolução de sais, se dá a sua cristalização,
com a evaporação da água que atinge a superfície da parede” [ARAÚJO et al., 2008].
A eflorescência é um fenómeno causado essencialmente por três factores igualmente
importantes e necessários: o teor de sais solúveis presentes nos materiais, a presença
de água e a diferença de pressão (Figura 2.10). Esta apresenta geralmente uma
coloração esbranquiçada e, numa fase mais adiantada de deterioração, pode originar
fissuração e empolamento por dilatação diferencial na espessura da camada de
revestimento exterior [ANUNCIADA, 2004]. Por sua vez, a desagregação consiste na
perda de continuidade da argamassa, podendo manifestar-se através do esfarelamento
da argamassa. [ANTUNES, 2010];
A água e o risco na fachada
18
Figura 2.9 – Colonização biológica
Figura 2.10 – Eflorescências
a alteração de cor, o amarelecimento, causada pela acção dos agentes atmosféricos,
nomeadamente a humidade [ARAÚJO et al., 2008]; De entre outros factores, a acção
mecânica da água da chuva provoca a degradação da fachada, iniciando-se o
processo com a erosão precoce do revestimento e, de seguida, com a alteração da cor
e do aspecto exterior dos paramentos [ANUNCIADA, 2004];
a sujidade / manchas de humidade / manchas localizadas (Figuras 2.11 e 2.12) visíveis
com mais frequência em edifícios com idade avançada, desenvolvem-se pela criação
de caminhos preferenciais para a água na fachada. No caso das manchas localizadas,
estas revelam-se pela mudança de textura e cor por acção da humidade [ARAÚJO et
al., 2008]. A acumulação de detritos e poeiras, em zonas salientes ou de relevos
acentuados na fachada, cria um ambiente de sujidade que actua como “esponja” de
retenção de humidade [RIBEIRO, 2000];
Figura 2.11 – Escorrimentos
Figura 2.12 – Manchas localizadas
ascensão capilar da água em fachadas, nomeadamente ao nível de pisos térreos ou
caves (Figura 2.13). Este fenómeno manifesta-se por manchas de humidade,
desenvolvimento de fungos e líquenes e ainda por eflorescências. As causas
A água e a sua influência na fachada
20
associadas prendem-se com a humidade do terreno e, em alguns casos, com a
inexistência de soco [ARAÚJO et al., 2008];
a inexistência de capeamento em muretes e platibandas (Figura 2.14), que deste
modo, não impede a entrada de água nestes elementos. Esta anomalia de primeira
instância, a qual constitui um erro de projecto ou construção, pode conduzir a
anomalias posteriores já mencionadas (colonização biológica, de entre outras), essas
sim que degradam e diminuem a durabilidade dos seus materiais [ARAÚJO et al.,
2008; SOUSA, 2004];
Figura 2.13 – Ascensão capilar
Figura 2.14 – Inexistência de capeamento com material estanque à penetração da água
a inexistência de pingadeira no capeamento (Figura 2.15), que conduz invariavelmente
a anomalias na fachada relacionadas com a água [ARAÚJO et al., 2008];
Figura 2.15 – Inexistência de pingadeira no capeamento
A água e o risco na fachada
20
fissuração por acção da água, tanto nas zonas correntes como nos pontos singulares
das fachadas. Perante condições rigorosas e adversas de temperaturas inferiores a
0ºC, a água presente no interior da parede passa do estado líquido para o estado
sólido, podendo dar origem as fissurações na fachada devido ao aumento significativo
de volume [ANTUNES, 2010].
2.4.3.3 Vãos de fachada
Tal como no subcapítulo anterior, as anomalias em vãos de fachada são uma constante
presente em diversos edifícios, tanto antigos como recentes, e que carecem de intervenção
imediata e eficaz que prolongue a vida útil do edificado em Portugal. De acordo com um estudo
efectuado em [SOUSA, 2004] foi possível apresentar uma síntese das anomalias observadas
nos vãos de fachada pertencentes a um conjunto de edifícios seleccionadas (Figura 2.16).
Figura 2.16 – Distribuição de anomalias nos vãos envidraçados (adaptado de [SOUSA, 2004])
Pela análise da Figura 2.16 pode-se verificar que as anomalias afectas às janelas e porta-
janelas correspondem a uma grande percentagem do total observado, com 67% de incidência.
De referir que estas anomalias foram observadas a dois níveis, como é dito em [SOUSA,
2004], pois estas incidem efectivamente sobre os elementos considerados, assim como na
interface de ligação entre os mesmos e os restantes constituintes dos vãos e/ou com a
envolvente da fachada. Porém, no Figura 2.16 não são distinguidos estes dois níveis
mencionados, nem tão pouco os elementos que constituem cada uma das divisões, podendo-
se no entanto prever que, por exemplo para o caso mais significativo das janelas e porta-
janelas, as anomalias verificadas digam respeito a peitoris (manchas, fissuração, de entre
outros), caixilharia exterior, de entre outros.
Na origem de muitas anomalias visíveis nos vãos envidraçados, encontram-se aquelas
provenientes de deficientes processos de concepção, de construção e de instalação da
67%
13%
7%
6% 7%
Janelas e porta-janelas (1)
Vidros (2)
Portas (3)
Protecções exteriores (4)
Outras (5)
1
2
3 4
5
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
21
caixilharia exterior (vedantes na junta móvel, pequenas aberturas nas juntas fixas do caixilho,
de entre outros), sendo que este facto propicia a acção da água e a degradação dos próprios
materiais envolvidos. De todas as formas de humidade já caracterizadas num capítulo anterior,
a designada humidade de construção corresponde à que mais afecta os vãos envidraçados,
em particular os que se encontram orientados a Sudoeste (o mais exposto à chuva e ao vento
em Portugal). Em especial para estes casos, existe a possibilidade de infiltrações de água para
o interior dos edifícios através das juntas móveis, sendo que a estanqueidade à agua em vãos
de fachada é tanto ou mais importante que a permeabilidade ao ar do caixilho [ARAÚJO et al.,
2008] [ANTUNES, 2010].
Por seu lado, o tipo de material utilizado nas caixilharias influencia fortemente o funcionamento
em serviço dos elementos que constituem os vãos envidraçados. No caso de uma caixilharia
de madeira, a existência de ambientes muito húmidos pode conduzir ao seu humedecimento
por higroscopicidade do material, levando a posteriores “empolamentos” e a outras anomalias
que daí tenham a sua origem. Numa caixilharia metálica, os problemas associados ao seu
humedecimento têm forte repercussão na corrosão do material. Dos vãos de fachada, para
além dos vãos envidraçados, ainda fazem parte outros elementos secundários, tais como as
portas exteriores, os elementos de cerramento dos vãos de fachada (persianas, portadas, entre
outros), as guardas e os lanternins. À semelhança dos elementos já abordados, estes outros
agora descritos são também atacados pela água, sendo que as anomalias e as causas
presentes são, por sua vez, muito análogas às visíveis nos vãos envidraçados [ARAÚJO et al.,
2008] [ANTUNES, 2010].
Note-se que por uma questão de repetição de informação, não se fará referência, às anomalias
que coincidirem com as já mencionadas nos subcapítulos anteriores, e que não apresentem
interesse para além do já demonstrado. As anomalias em destaque (em conjunto com as
causas associadas) para o presente trabalho são então:
fissuração em peitoris / soleiras / ombreiras / vergas, provocada, muitas vezes, pela
acção da água, que deriva de uma defeituosa concepção e construção dos peitoris
(Figura 2.17) [ARAÚJO et al., 2008] [SILVA & TORRES, 2003].
manchas prematuras em peitoris e em zonas envidraçadas, causadas pela acção
prejudicial da água sobre os mesmos, que se evidencia numa descoloração em
fachadas de edifícios, antes do tempo normalmente esperado para essa alteração
(Figura 2.18). Esta situação, em muitos casos, se deve a uma deficiente
pormenorização dos vãos de fachada ainda na fase de projecto. Por exemplo, os
peitoris devem ser executados tendo em conta a sua mais adequada inclinação,
balanço e a existência de rasgos e de pingadeira que permitam proteger efectivamente
o revestimento da acção da água da chuva [FLORES-COLEN, 2003].
A água e o risco na fachada
22
escorrimentos associados à presença de água em excesso, nas zonas dos cantos dos
peitoris ou nas zonas do coroamento de muretes / platibandas [ARAÚJO et al., 2008].
Esta anomalia caracteriza-se pelo escorrimento da água da chuva por caminhos
preferenciais ao longo da fachada. Embora a água da chuva actue, muitas vezes, de
forma benéfica como agente de limpeza da sujidade acumulada sobre os
revestimentos, nas zonas de singularidade e saliências a água tende a acumular-se de
uma forma não uniforme, originando então as anomalias relacionadas com o fenómeno
de escorrimento [ANUNCIADA, 2004];
humidade de infiltração, nomeadamente em caixilhos mal executados e concebidos
[ARAÚJO et al., 2008].
Figura 2.17 – Fissuração em peitoris
Figura 2.18 – Manchas em peitoris
2.4.3.4 Varandas e palas
Por fim, as anomalias em varandas e palas são igualmente bastante comuns um pouco por
todo o edificado em Portugal. Apesar, de na sua grande maioria, as anomalias presentes em
varandas e palas coincidirem com as já caracterizadas para os muretes / fachada e os vãos de
fachada, existem no entanto algumas merecedoras de especial destaque neste subcapítulo.
Apresentam-se então as seguintes anomalias:
os guarda-corpos das varandas são afectados, em grande escala, pela humidade,
sendo estes de madeira ou metálicos, provocando a sua degradação e podendo ter
consequências muito gravosas para a segurança dos utentes (Figura 2.19) [ARAÚJO
et al., 2008];
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
23
Figura 2.19 – Degradação dos guarda-corpos
a inexistência de tubo-ladrão na laje ou a sua ineficaz drenagem pode proporcionar
problemas de humidade (um excesso de água nas varandas) [ARAÚJO et al., 2008].
2.4.4 Pormenorização de elementos construtivos
As fachadas, fortemente afectadas por diversas anomalias associadas à água, constituem um
dos primeiros elementos de pormenorização a ter em conta para a obtenção de um bom e
adequado desempenho em serviço de um edifício [VILHENA, 2002].
A envolvente exterior dos edifícios, em particular no que diz respeito às fachadas, é na sua
generalidade constituída por superfícies opacas e superfícies envidraçadas, subdividindo-se as
primeiras em zonas correntes e pontos singulares [SILVA & TORRES, 2003]. Estes pontos
singulares estão na sua maioria relacionados com os locais de maior risco de ocorrência de
anomalias, e abrangem as zonas dos vãos de fachada, de varandas / palas, bem como de
todas as zonas de ligação com a estrutura [VILHENA, 2002].
Nos subcapítulos a seguir apresentados procurar-se-á tanto quanto possível apresentar as
pormenorizações daqueles elementos construtivos pertencentes às fachadas que, de uma
forma mais ou menos directa, se encontram relacionados com a presença da água nos seus
materiais. De uma forma geral, serão considerados os seguintes grupos de elementos
construtivos: fachadas e muretes; vãos de fachada; e varandas e palas [ARAÚJO et al., 2008].
2.4.4.1 Fachadas e muretes
Nas fachadas e muretes é possível observar muitas singularidades nas quais se encontra bem
patente e explícita a influência da humidade / água no desempenho em serviço dos materiais
envolvidos. Deste modo, tanto na fachada como nos muretes (“muro” ou “parede” de pequena
A água e o risco na fachada
24
dimensão visível em varandas, palas, de entre outros) encontram-se alguns pormenores
construtivos necessários e indispensáveis para a maioria dos edifícios correntes, mas que, no
entanto, não são suficientes para o controlo eficaz da acção da água nestes, devendo
periodicamente, sempre que se justifique, proceder-se a intervenções de manutenção
[ARAÚJO et al., 2008]. Serão de seguida apresentados os pormenores construtivos mais
adequados e utilizados para as fachadas dos edifícios recentes, bem como os cuidados e as
recomendações a adoptar nas mais diversas situações:
a existência de capeamento / coroamento nos muretes, que corresponde a um
revestimento superior de um murete com material impermeável provido de um
adequado e eficiente elemento de remate (Figura 2.20) [ARAÚJO et al., 2008]; Este
remate deve ser concebido de modo a proteger as superfícies expostas à acção da
água, nomeadamente no que diz respeito a uma inclinação suficente, à existência de
pingadeiras e constituído por um material pouco poroso e adequado para o fechamento
das juntas [BRITO & FLORES-COLEN (2009) citado em FLORES-COLEN (2009)];
a presença de pingadeira no capeamento, que equivale à existência de um sulco
executado na parte inferior do coroamento, de modo a evitar o escorrimento da água
pelos materiais constituintes da fachada. Esta deve estar completamente livre e nunca
em contacto com o paramento do murete [ARAÚJO et al., 2008; SILVA, TORRES,
2003];
as gárgulas (“peças” de escoamento de águas pluviais destinadas a conduzir a água a
certas distâncias das fachadas) (Figura 2.21) [ARAÚJO et al., 2008];
Figura 2.20 – Colonização biológica
Figura 2.21 – Exemplo de uma gárgula
as dimensões e o tipo de soco (revestimento junto ao solo nas fachadas, também
designado de lambril exterior, ao nível do solo, até uma altura aproximada de 1,80
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
25
metros) (Figura 2.22). Este geralmente é executado com material diferente do aplicado
no revestimento da fachada, podendo ser constituído por ladrilhos cerâmicos, ladrilhos
hidráulicos, placas de pedra natural ou artificial, ou ainda argamassa cimentícia. O
soco pode corresponder a uma importante “ferramenta” face à acção prejudicial da
água, pois esta por ascensão capilar pode provocar diversas anomalias na fachada ao
nível do piso térreo, dependendo estas da altura das paredes relativamente ao nível do
solo. Tendo em conta que, em geral a altura máxima atingida pela humidade não
ultrapassa os 1,50 metros acima do solo, a existência de um soco com mais de 1,50
metros de altura nos paramentos exteriores em determinadas situações proporciona
melhores garantias de durabilidade dos materiais. Assim, a porosidade, a
permeabilidade, as características do material pertencente ao soco, de entre outros,
assumem especial interesse no combate ao fenómeno de capilaridade da água, bem
como de outras anomalias relacionadas com a humidade / água [ARAÚJO et al., 2008 ;
VILHENA, 2002];
o(s) material(ais) em cunhais (ângulos salientes formados por duas paredes
convergentes). É comum aplicar-se apenas um tipo de material nos cunhais, como é
caso mais habitual da argamassa cimentícia, podendo, no entanto, serem utilizados,
ladrilhos cerâmicos, ladrilhos hidráulicos e/ou placas de pedra natural ou artificial. Os
cunhais são zonas sensíveis ao aparecimento de diversas anomalias, estando, por
exemplo, sujeitos muitas vezes à ocorrência de fissuração por choque e/ou vandalismo
nomeadamente com maior relevância naquelas zonas junto ao solo e à via pública
(zona adjacente á via pública). Daqui resulta que uma escolha adequada dos materiais
a utilizar nos cunhais, bem como uma correcta aplicação dos mesmos, pode conduzir a
uma melhor e mais prolongada preservação da fachada [ARAÚJO et al., 2008];
a aplicação, sempre que necessário e conveniente, de mastiques em juntas de
dilatação (material elástico que, durante o seu tempo de trabalhabilidade, se destina a
assegurar a estanqueidade de uma junta de dilatação). O mastique tem como principal
objectivo garantir o deslocamento relativo nas juntas de dilatação estruturais de
edifícios, em especial ainda no decurso da construção, e impedir a entrada de água
nos materiais da fachada (Figura 2.23) [VILHENA, 2002];
A água e o risco na fachada
26
Figura 2.22 – Exemplo de um soco
Figura 2.23 – Deterioração de mastiques
a correcta colocação dos tubos de queda (tubo para escoamento de águas pluviais ou
águas residuais domésticas) e das respectivas abraçadeiras de amarração. Note-se
que se deve, com alguma frequência, proceder-se á substituição das abraçadeiras de
amarração, as quais geralmente são de metal (Figura 2.24) [ARAÚJO et al., 2008];
Figura 2.24 – Deficiências em tubo de queda
2.4.4.2 Vãos de fachada
Os vãos de fachada são zonas críticas de qualquer envolvente exterior de um edifício, uma vez
que neles se encontram diversos elementos construtivos de materiais muitas vezes distintos da
própria fachada, propiciando deste modo, por exemplo, a entrada da água na interface dos
mesmos [ARAÚJO et al., 2008].
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
27
De seguida descrevem-se os mais relevantes pormenores construtivos que constituem os vãos
de fachada, e que permitem, quando correctamente executados, um melhor funcionamento dos
vãos face à acção da água e, por conseguinte, da fachada como um todo.
No âmbito deste trabalho, e talvez de entre todos os pormenores construtivos pertencentes aos
vãos de fachada, são de salientar os peitoris e todos os elementos construtivos a ele
associados. Isto acontece, não só devido ao facto de estes constituírem singularidades da
fachada muito importantes para a estanqueidade à água da chuva incidente, mas também pelo
facto de os mesmos apresentarem, ainda em muitos casos, erros construtivos graves, mesmo
nos edifícios mais recentes, que conduzem e agravam por sua vez as anomalias. Por norma,
estes erros, tanto visíveis na fase de projecto como em construção, alteram e diminuem
significativamente o desempenho funcional dos peitoris durante a sua vida útil, e para os quais
aqueles foram inicialmente concebidos e executados [ARAÚJO et al., 2008; SILVA, TORRES,
2003]. Deste modo, torna-se essencial o planeamento dos peitoris, nomeadamente no que diz
respeito à sua geometria e composição (tipo de material, sendo os peitoris mais comuns
executados em madeira, pedra ou metal), procurando então impedir possíveis infiltrações ou
mesmo gerar caminhos preferenciais para a água (humidade, chuva, de entre outros), que
impeçam o bom desempenho em serviço das paredes onde os mesmos estão integrados
(Figura 2.25) [SILVA & TORRES, 2003].
Figura 2.25 – Exemplo de um peitoril em pedra
Dependendo das condições ambientais em que o edifício se encontra implantado, da utilização
prevista para cada caso em específico, bem como do tipo de materiais envolvidos na
construção deste, são de boa prática os seguintes elementos construtivos em peitoris:
peitoris com rasgos. Quando correctamente executados, estes rasgos impedem a
entrada de água no interior do edifício, conduzindo a água incidente nos peitoris para
longe das fachadas [SILVA & TORRES, 2003];
A água e o risco na fachada
28
peitoris com pingadeira (Figura 2.26). O bordo exterior deve ser munido, inferiormente,
de uma pingadeira longitudinal dimensionada de acordo com a norma D.T.U. 20.1/NF
P-202 (Obras de alvenaria de pequenos elementos – Paredes e muros). Na Figura 1.7
verifica-se que a pingadeira deverá estar afastada de, pelo menos, 1.5 cm da parte
exterior dos peitoris e possuir uma largura de aproximadamente 1.5 cm ao longo da
sua extensão [ARAÚJO et al., 2008];
Figura 2.26 – Esquema das dimensões dos peitoris (SILVA & TORRES, 2003)
peitoris com inclinação. De acordo com a mesma norma referida, os peitoris devem ser
realizados com pendente para o exterior, completado, no lado interior, por um ressalto
como parte integrante do apoio e não colocado posteriormente (Figura 2.26). No
Quadro 2.2 observa-se as dimensões mínimas para os peitoris segundo a D.T.U. 20.1.;
Quadro 2.2 – Dimensões mínimas para os peitoris (SILVA & TORRES, 2003)
Apoio l (mm) h (mm) tg α
Moldado no local antes da colocação da caixilharia 40 25 0,10
Pré-fabricado e colocado no local antes da colocação da caixilharia
30 25 0,10
Moldado no local após a colocação da caixilharia 40 40 0,10
Por seu lado, existem ainda alguns pormenores construtivos a ter em conta na concepção de
um vão de uma fachada corrente, bem como determinadas recomendações a seguir durante a
construção e manutenção dos mesmos:
soleiras com rasgos, apresentando a mesma funcionalidade dos rasgos em peitoris
(Figura 2.27) [ARAÚJO et al., 2008];
a aplicação correcta e adequada de vedantes na ligação dos caixilhos ao vão e ao
envidraçado, impedindo a entrada da água no interior do edifício (Figura 2.28).
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
29
Figura 2.27 – Soleira sem rasgos
Figura 2.28 – Aplicação incorrecta de vedante na ligação dos caixilhos ao vão e ao
envidraçado
2.4.4.3 Varandas e palas
As varandas são regra geral, construídas em betão armado, em pedra ou com estrutura
metálica, sendo que podem ser realizadas com apoio em consola ou em vigas de bordadura.
Nas varandas observam-se guarda-corpos com muretes de alvenaria ou em betão armado ou
com gradeamentos metálicos (anodizados, lacados ou pintados). Por seu lado, designam-se
palas os elementos arquitectónicos para a protecção das chuvas e sombreamento dos edifícios
[ARAÚJO et al., 2008].
Tal como nas fachadas / muretes e nos vãos de fachada, as varandas e as palas devem
apresentar determinados elementos construtivos que sirvam para evitar ou, pelo menos,
diminuir o efeito prejudicial da água na fachada. Destes elementos destacam-se os seguintes:
a existência de pingadeira em varandas deve apresentar as mesmas dimensões
construtivas já mencionadas na norma D.T.U. 20.1/NF P-202;
a existência de tubos-ladrão em muretes / platibandas, os quais permitem o
escoamento da água, em situações de inundações de varandas ou coberturas em
terraço [ANTUNES, 2010];
A água e o risco na fachada
30
2.5 O risco associado ao desempenho em serviço de uma fachada face à
acção da água
2.5.1 Considerações iniciais
Em qualquer fachada, dependente de diversos factores, existe sempre associado um factor de
risco relacionado com a sua precoce degradação e o não cumprimento do seu desempenho
em serviço, preconizado numa fase inicial do projecto. Ora, este risco de deterioração afecta de
forma diferenciada os diversos elementos construtivos que constituem a fachada. Assim
importa distinguir tais elementos e aferir sobre aqueles que maior importância apresentam para
a fachada, seja pela sua maior influência na deterioração da fachada, seja pelo recorrente
aparecimento de anomalias nestes. É de salientar alguns dos factores que intervêm na
avaliação do risco de uma fachada: o clima / ambiente do local; o tipo de edifício e a utilização
prevista para o mesmo; a orientação da fachada; a vida útil / durabilidade da fachada e dos
seus constituintes; o material e o estado de degradação de cada elemento construtivo; a
influência na estrutura do edifício, de entre outros.
Este subcapítulo tem como principais objectivos o conhecimento do risco relacionado com a
acção prejudicial da água, presente nas fachadas de edifícios, a associação desse mesmo
risco com a degradação da fachada e dos seus elementos construtivos, e ainda a
apresentação de factores e variáveis que intervêm no risco de degradação de uma fachada.
Note-se que este risco diz respeito à sucessiva e recorrente deterioração a que, de uma forma
geral, estão sujeitas as fachadas de edifícios.
2.5.2 Conceito de risco
Segundo o dicionário de língua portuguesa a palavra risco pode ser referida como “a
possibilidade de um acontecimento futuro e incerto”, que tanto pode ser observado como um
acontecimento positivo ou negativo, sendo que é mais comum associar a palavra “risco” a
acontecimentos de carácter negativo. No âmbito da engenharia civil e desta dissertação em
particular, este conceito pode ser entendido como a probabilidade de degradação de um
determinado elemento construtivo da fachada antes de terminado o tempo da sua vida útil, que
conduz a uma deterioração geral da própria fachada.
GUILAM (1996) distingue em três áreas básicas a “literatura do risco”: medida do risco à saúde;
análise / verificação / administração do risco; e o enfoque do risco. Para a engenharia civil
interessa abordar a segunda área referida, e que se centra na temática do risco designada
internacionalmente por “Risk Assessment” ou “Risk Analysis”, e analisa o impacto da
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
31
introdução de modernas tecnologias na sociedade, em particular na construção civil, através de
métodos quantitativos (medições ambientais, relação custo-benefício) e/ou da discussão da
gestão do risco (Risk Management). Note-se que a “Risk Assessment” e a “Risk Analysis”
abordam a avaliação objectiva do risco, tendo como pressuposto que os riscos podem ser
conhecidos, quantificados e, por conseguinte, minimizados [GUILAM, 1996].
Esta área de análise de risco (“Risk Analysis”) desenvolve-se essencialmente em países
desenvolvidos e procura compreender e aprofundar as questões do risco relacionadas com o
avanço tecnológico. As modernas tecnologias, nomeadamente os sucessivos novos métodos e
técnicas de pormenorização cada vez mais eficazes, permitem uma melhoria significativa no
desempenho em serviço dos elementos construtivos em fachadas, no entanto existe uma
relação estreita entre as melhorias proporcionadas e os indesejáveis “efeitos colaterais”. Daqui
resulta a importância da introdução da relação risco-benefício quando se pretende utilizar
novas técnicas ou métodos na construção civil, ou seja, a relação entre o risco a que se expõe
um determinado elemento construtivo e o benefício do qual o mesmo desfruta em serviço. A
problemática do risco, na óptica da “Risk Analysis”, implica a consideração de factores, tais
como, a quantificação do risco, a determinação de níveis de tolerância, a aceitabilidade de um
risco, e a utilização dos estudos de risco para tomadas de decisões. Embora citados
separadamente, estes factores, na maioria das vezes, encontram-se relacionados uns com os
outros e dependem uns dos outros [GUILAM, 1996].
Segundo GUILAM (1996), o risco é um conceito matemático e pode ser calculado através da
seguinte fórmula [Eq. 2.1],
[Eq. 2.1]
O mesmo autor afirma ainda que a quantificação do risco, para além de considerar a fórmula
matemática anterior, baseia-se no uso de análise estatística de acontecimentos passados,
procurando excluir factores subjectivos, sendo que utiliza para tal indicadores quantitativos de
modo a que a informação obtida possa ser estatisticamente processada. Refira-se que os erros
humanos são desprezados pelo autor pelo facto de não serem calculáveis [GUILAM, 1996].
Por outro lado, de acordo com SENGE (2007) a avaliação do risco, associada por exemplo a
um caso especifico como o do desprendimento de um elemento da fachada, tem em conta a
probabilidade de ocorrência do desprendimento e desse mesmo elemento com a severidade
das suas possíveis consequências [Eq. 2.2].
A água e o risco na fachada
32
[Eq. 2.2]
Como já foi referido, importa neste subcapítulo abordar os riscos associados com a presença
da água / humidade na fachada e seus constituintes, no entanto estes não são os únicos riscos
presentes na construção civil, representando apenas uma parte dos mesmos, conforme
sintetizado de seguida (Quadro 2.3).
Quadro 2.3 – Classificação dos principais riscos ocupacionais na construção civil, de acordo com a sua natureza (adaptado de GUILAM, 1996)
Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Riscos Físicos Riscos
Químicos Riscos
Biológicos Riscos Ergonómicos
Riscos de Acidentes
· Ruídos · Poeiras · Vírus · Esforço físico intenso · Arranjo físico inadequado
· Vibrações · Fumo · Bactérias · Levantamento e transporte manual de peso
· Máquinas e equipamentos sem protecção
· Radiações ionizantes
· Névoas · Protozoários · Exigência de postura inadequada
· Ferramentas inadequadas ou defeituosas
· Radiações não ionizantes
· Neblinas · Fungos · Controle rígido de produtividade
· Iluminação inadequada
· Frio · Gases · Parasitas · Imposição de ritmos excessivos
· Electricidade
· Calor · Vapores · Bacilos · Trabalho em turno e nocturno
· Probabilidade de incêndio ou explosão
· Pressões anormais
· Outras Subs. · Jornadas de trabalho prolongadas
· Armazenamento inadequado
· Humidade · Monotonia e repetitividade · Animais
· Outras situações · Outras situações
2.5.3 Factores e variáveis no risco de degradação de fachadas
De acordo com [SENGE, 2007] e como já referido, o risco genericamente pode englobar uma
probabilidade e uma severidade. Em primeiro lugar, a probabilidade tem em conta diversos
factores:
o número de fragmentos que já sofreram queda;
a extensão das áreas com alto risco de desprendimento de elementos da fachada;
o avançado estado de deterioração do revestimento (fissuração e desagregação);
a presença de vegetação nas fachadas e marquises;
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
33
a corrosão e deterioração dos guarda-corpos;
o potencial de evolução de cada um destes tipos de danos.
Com base no referido, e avaliando os elementos construtivos nas fachadas, é possível a cada
elemento construtivo / fachada atribuir uma pontuação (definição de um nível de probabilidade
afecto a um significado), conforme representado no Quadro 2.4.
Quadro 2.4 – Escala de probabilidade do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)
Escala de Probabilidade
Definições Significado Pontuação
Frequente Provável que ocorra muitas vezes (já ocorreu frequentemente) 5
Ocasional Provável que ocorra algumas vezes (já ocorreu
esporadicamente) 4
Remota Improvável, mas é possível que ocorra (ocorre raramente) 3
Improvável Muito improvável que ocorra (não se sabe que tenha ocorrido) 2
Extremamente improvável
Quase inconcebível que o evento ocorra 1
Por outro lado, a severidade pode ser expressa em função de um conjunto de pressupostos e
factores:
a altura do revestimento deteriorado e de possível queda de elementos;
a dimensão dos fragmentos que já sofreram queda;
o fluxo de pessoas e veículos nas vias e passeios adjacentes ao edifício;
a má conservação do “lixo” sobre o passeio;
a possibilidade dos fragmentos em queda terem sua trajectória vertical desviada para
além do “lixo”, uma vez que não existe protecção, nomeadamente a exposição a fortes
ventos e choques com elementos da fachada.
Com base no referido, é possível uma vez mais a cada elemento construtivo / fachada atribuir
uma pontuação (definição de um nível de severidade afecto a um significado), conforme
representado no Quadro 2.5.
A água e o risco na fachada
34
Quadro 2.5 – Escala de severidade do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)
Escala de severidade
Definições Significado Pontuação
Catastrófico Destruição de bens e equipamentos; Mortes múltiplas. A
Perigoso Uma redução importante das margens de segurança, Dano físico;
Lesões sérias ou mortes de um número de pessoas; Danos maiores a bens e equipamentos.
B
Maior Uma redução significativa das margens de segurança;
Incidente sério; Lesões a pessoas C
Menor Interferências; Limitações aos utentes; Uso de procedimentos de
emergência; Incidentes menores. D
Insignificante Consequências leves E
Com base apenas nos supostos valores e resultados obtidos anteriormente para a severidade
e probabilidade do risco, obtêm-se os quadros a seguir apresentados (Quadros 2.6 e 2.7), no
qual se encontram expressos todos os casos possíveis de avaliação do risco para cada
elemento construtivo, assim como a sua razoabilidade [SENGE, 2007].
Quadro 2.6 – Matriz de avaliação do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)
Matriz de avaliação do risco
Probabilidade do risco
Classe de risco
A (Catastrófico)
B (Perigoso)
C (Maior)
D (Menor)
E (Insignificante)
5 (Frequente) 5A 5B 5C 5D 5E
4 (Ocasional) 4A 4B 4C 4D 4E
3 (Remota) 3A 3B 3C 3D 3E
2 (Improvável) 2A 2B 2C 2D 2E
1 (Extremamente Improvável)
1A 1B 1C 1D 1E
Quadro 2.7 – Escala de razoabilidade do risco de degradação em fachadas (adaptado de SENGE, 2007)
Escala de razoabilidade do risco
Índice de avaliação do risco Razoabilidade
5A, 5B, 5C, 4A, 4B, 3A Inaceitável sob as circunstâncias existentes
5D, 5E, 4C, 3B, 3C, 2A, 2B O controlo do risco requer uma decisão de responsáveis
4D, 4E, 3D, 2C, 1A, 1B Aceitável depois de reavaliar processos
3E, 2D, 2E, 1C, 1D, 1E Aceitável
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
35
Os Quadros 2.6 e 2.7 permitem observar que existem quatro grandes áreas de avaliação do
risco em fachadas, nas quais se encontram dispersos os níveis de severidade e probabilidade
do risco. Através de uma conjunção dos níveis de severidade e probabilidade de risco, é
possível a distinção dos níveis em quatro grupos de tolerância, os quais são obtidos de uma
forma ponderada e coerente [SENGE, 2007].
Na quantificação do risco de degradação numa fachada, existem outros factores de essencial
importância, como a classificação da agressividade do meio ambiente (condições de exposição
da fachada) (Quadro 2.8). Esta agressividade do meio ambiente está relacionada com acções
físicas e químicas que actuam sobre os edifícios, sendo que se deve ter em conta o micro e o
macro clima próprios do edifício e actuantes da zona de implantação da própria fachada e seus
constituintes [HELENE, 1993].
Quadro 2.8 – Classes de agressividade ambiental em fachadas de edifícios (adaptado de HELENE, 1993)
Classe de agressividade
Agressividade Risco de deterioração
da estrutura
I fraca insignificante
II média pequeno
III forte grande
IV muito forte elevado
Segundo [GARRAND, 2001], o risco pode ser quantificado através de um conjunto de
consequências esperadas e com base em valores pré-estabelecidos de gravidade do risco
(Quadro 2.9).
Quadro 2.9 – Defeitos e consequências em fachadas (GARRAND, 2001)
Defeitos Consequências
A B C D
Não consideração de força e estabilidade de paredes de alvenaria 1 2
Conhecimento insuficiente de estruturas de madeira moldada 3 1
Paredes de alvenaria não adequadas para a exposição 1 3 3
Argamassa não adequada para a alvenaria adoptada 3 2 3
Inapropriados isolamentos para uso 3
Outros: _______________________________________________
As designações utilizadas no Quadro 2.9 no que diz respeito às consequências encontram-se
justificadas a seguir (Quadro 2.10).
A água e o risco na fachada
36
Quadro 2.10– Critérios de consequências utilizados para caracterizar os defeitos na fachada (GARRAND, 2001)
Nível Classes das consequências
Nível Tipos de consequências
1 Baixa probabilidade de ocorrência do defeito, e provável existência de fracas consequências
A Deformação de paredes,
componentes ou revestimentos
2
Baixa probabilidade de ocorrência do defeito, através de potenciais graves consequências ou Razoável probabilidade de ocorrência do defeito, e provável existência de fracas consequências
B Fissuração e destacamento
3
Razoável probabilidade de ocorrência do defeito, através de potenciais graves consequências ou Baixa probabilidade de ocorrência do defeito, e provável existência de fracas consequências
C Manchas localizadas,
deterioração e crescimento de fungos
4 Elevada probabilidade de ocorrência do defeito, com potenciais muito graves consequências
D Falha prematura
de materiais ou componentes
No intuito de uma avaliação do risco de degradação numa fachada, é essencial a consideração
das anomalias observadas nos elementos construtivos que compõem essa mesma fachada.
Assim importa estabelecer critérios que permitam classificar as anomalias na fachada por
ordem da sua importância, ou seja, ter em conta a urgência de actuação em cada caso, assim
como a segurança e bem-estar dos utentes que circulam nas vias próximas ao edifício (Quadro
2.11).
Quadro 2.11– Avaliação das anomalias na fachada (ARAÚJO et al., 2007)
1 2 3 (1+2)
Classe Urgência de
actuação Segurança e bem-estar
Pseudo-quantitativa
Níveis 0 1 2 3 A B C 1 2 3 4
Pontuação 50 30 20 10 50 20 10 ≥80 e ≤100 ≥60 e ≤70 ≥40 e ≤50 ≥20 e ≤30
No Quadro 2.11, verifica-se que a atribuição de uma pontuação a cada anomalia observada,
seja para uma eventual “urgência de actuação” (gravidade e extensão da anomalia) ou
“segurança e bem-estar” (segurança dos utentes a quem a deterioração da anomalia causa
perigo).
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
37
2.6 Conclusões do capítulo
A elaboração deste capítulo tem como principal objectivo o conhecimento e a selecção dos
principais problemas causados pela acção da água nas fachadas de edifícios, assim como a
correcta pormenorização dos elementos construtivos fortemente afectados pela água presentes
na envolvente exterior dos edifícios. Deste capítulo conclui-se que existem ainda muitos erros
na construção em Portugal, nomeadamente no que se refere a ausências de pormenorização
em projecto, construção e falta de manutenção em fachadas de edifícios. As anomalias são
visíveis um pouco por todos os elementos que constituem uma fachada, dependendo,
obviamente, da sua orientação, constituição e envelhecimento, sendo que, de uma forma geral,
estas verificam-se tanto nas fachadas / muretes, vãos de fachadas como em varandas / palas.
É frequente um determinado conjunto de anomalias em alguns elementos construtivos, sendo
que a natureza de tais anomalias, associada à sua gravidade e frequência, fazem destas
anomalias exemplos de destaque, bem como os pormenores construtivos em que incidem com
maior preponderância.
Com base nas constatações verificadas neste capítulo, torna-se, uma vez mais, importante
referir que, com o intuito de prolongar a vida útil do edificado e da durabilidade dos seus
materiais, se deve ter atenção e cuidado na elaboração, construção e manutenção de toda a
pormenorização necessária dos elementos construtivos numa fachada.
Para o caso particular da água como agente de degradação, o conhecimento do risco
associado às fachadas e seus elementos construtivos, apesar do carácter subjectivo, torna
possível a sua quantificação. Assim, a avaliação do risco pode ser expressa num valor, assim
como num índice relacionável como uma tolerância, que, por conseguinte, permite a distinção
entre elementos construtivos e fachadas por ordem de gravidade e rapidez de degradação,
num dado instante da vida útil de um edifício.
Para uma definição ponderada e o mais aproximadamente correcta do risco numa fachada, são
necessários alguns factores, tais como a severidade e a probabilidade de degradação de um
determinado elemento construtivo, o tempo de vida útil de um qualquer elemento construtivo à
data da inspecção, assim como os aspectos relacionados com as condições de exposição da
fachada. Dependendo das diferentes amplitudes destes factores referidos, a atribuição de um
factor de risco nos elementos da fachada torna-se então possível, permitindo distinguir
elementos construtivos / fachadas que carecem de uma intervenção mais urgente daqueles em
que é aceitável a própria degradação do elemento, tendo em conta a sua severidade e a sua
probabilidade de ocorrência na fachada.
A partir do conhecimento do risco de degradação numa fachada de um edifício, poder-se-á
proceder à definição das variáveis e fórmulas necessárias à elaboração das fichas de
inspecção, as quais permitirão efectuar o trabalho de campo.
A água e o risco na fachada
38
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
39
3 Trabalho de campo
3.1 Considerações gerais
Este capítulo, designado de trabalho de campo, procura sobretudo abordar a temática mais
prática desta dissertação. Ou seja, é de essencial importância estabelecer a metodologia de
inspecção a adoptar para as fachadas, através de factores, critérios e fórmulas que mais se
ajustem ao âmbito deste trabalho, assim como elaborar fichas de inspecção que possuam a
informação suficiente e indispensável a uma boa análise da acção que a água provoca na
envolvente exterior dos edifícios. Ainda proceder-se-á à escolha de um conjunto limitado de
elementos construtivos nas fachadas, os quais constituirão os únicos elementos a serem
objecto de estudo nas inspecções.
Para além da metodologia de inspecção e da elaboração de fichas de inspecção, importa
definir o tipo, idade e localização geográfica das fachadas, pois daqui poderão existir
diversidades que, por vezes, justifiquem diferenças de comportamento nos diversos elementos
construtivos.
3.2 Características das fachadas / edifícios como casos de estudo
Neste subcapítulo, pretende-se seleccionar um conjunto de fachadas de edifícios de acordo
com critérios específicos e pré-estabelecidos, as quais serão sujeitas a acções de inspecção
no trabalho de campo.
Para uma caracterização das fachadas, existem determinados aspectos a ter em consideração,
assim como se torna importante abordar apenas aqueles elementos construtivos mais
relevantes para a problemática da água / humidade nas fachadas.
3.2.1 Tipo, idade e localização
O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta um alargado conjunto de dados referentes à
construção de edifícios, para Portugal nas últimas duas décadas. Esta informação muito útil
serviu de base a este capítulo, nomeadamente para definir e justificar a idade e a localização
das fachadas dos edifícios a ter em consideração no trabalho de campo. Note-se que, que a
informação disponível é referente apenas às últimas duas décadas, o que permite verificar as
últimas tendências no ramo da construção em Portugal. É ainda de referir o facto de o INE
apenas disponibilizar informação referente aos edifícios, e não aos casos particulares de
fachadas. No entanto, as fachadas são parte integrante de um edifício, e como tal, em termos
Trabalho de Campo
40
médios, o número de edifícios será proporcional ao número de fachadas. Assim, a partir dos
dados recolhidos e tratados estaticamente referente aos edifícios em Portugal, poder-se-á, de
modo aceitável, apresentar conclusões acerca das respectivas fachadas.
Embora a construção de fachadas em Portugal esteja um pouco distribuída geograficamente
por todo o país, esta tem uma incidência muito significativa nas zonas urbanas e no litoral, em
particular na designada “Grande Lisboa” (Figura 3.1).
Figura 3.1 – Dados relativos à média da distribuição geográfica das obras concluídas (fachadas) em Portugal de 1995 a 2009 (adaptado de www.ine.pt)
As regiões do Norte e Centro, com valores percentuais de 34,86% e de 31,42%
respectivamente, são aquelas em que existe a maior concentração de obras concluídas em
Portugal. No entanto, e tendo em conta a área geográfica de cada região, a zona da “Grande
Lisboa”, com 11,20% da construção no país, corresponde a uma importante e muito
significativa região, a qual é reveladora e representativa do estado actual da construção de
fachadas no país. Assim sendo, importa considerar sobretudo a zona de Lisboa, como a
localização escolhida para estudar e avaliar o risco em fachadas de edifícios [ww.ine.pt].
Segundo o INE, num período de referência de 1995 a 2009, as obras concluídas em Portugal
tiveram um máximo em 2002, com 64792 de obras concluídas, associadas a construção nova,
ampliação, reconstrução, alteração e demolição. Em 2009 atingiu-se o mínimo de obras
concluídas em Portugal (31479), o que revela uma tendência decrescente da construção no
país nos últimos anos (Figura 3.2) [ARAÚJO et al., 2007]. Note-se que, dada a limitação
relativa de dados no site do INE, apenas se considerou o período de 1995 a 2009, podendo
associar-se este período como representativo da construção recente e actual de fachadas em
Portugal [ww.ine.pt].
11,20
34,86
31,42
10,78 5,84 2,94 2,96
Construção em Portugal de 1995-2009 (%)
Grande Lisboa (1) Norte (2)
Centro (3) Alentejo (4)
Algarve (5) Região Autónoma dos Açores (6)
Região Autónoma da Madeira (7)
1
2
3
4 5 6 7
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
41
Figura 3.2 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções novas, em Portugal de 1995 a 2009 (adaptado de www.ine.pt)
Da análise da Figura 3.2, verifica-se que a tendência da curva do total de obras concluídas é
aproximadamente idêntica à curva da construção nova em Portugal. Ou seja, a construção
nova afecta fortemente as obras concluídas em Portugal, sendo que as obras de ampliação,
reconstrução, alteração e demolição representam uma pequena fracção da construção total.
O quadro a seguir demonstra o progresso e a tendência da construção em Lisboa (Figura 3.3).
Figura 3.3 – Dados relativos ao total das obras concluídas (fachadas), incluindo construções novas, em Lisboa de 1995 a 2009 (adaptado de www.ine.pt)
49057 46996
50515
57565
60507
64792
58253
48376
49800
43969
41891 37268
35408
45471
48617
54134
38281
39525
33378
31479 30000
35000
40000
45000
50000
55000
60000
65000
70000
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nº
de
ed
ifíc
os
Período anual de referência dos dados
Construção em Portugal de 1995-2009
Total das obras concluídas Construção Nova
2682
2935
3324
3617 3484
3142
3656
4166
3432
2247 2134
2728
2852
2727
2284
2731
2199
2000
2250
2500
2750
3000
3250
3500
3750
4000
4250
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nº
de e
dif
íco
s
Período anual de referência dos dados
Construção em Lisboa de 1995-2009
Total das obras concluídas Construção Nova
Trabalho de Campo
42
Em termos comparativos é bastante relevante esta análise aos últimos anos da construção de
fachadas em Lisboa, pois esta constitui uma muito importante zona de edificação no país, tal
como já foi referido. Ao contrário da construção total em Portugal, o máximo de obras
concluídas em Lisboa verifica-se em 2007 (4166) e não em 2002, sendo que o mínimo em
Lisboa encontra-se em 1995 (2682), apesar de se verificar uma tendência decrescente e
acentuada da mesma desde 2007 até 2009 [ww.ine.pt].
Tendo como base a construção actual em Lisboa, importa, por sua vez, diferenciar a
construção nova do resto das obras de construção, que não envolvem a construção de raiz de
um qualquer edifício. A Figura 3.4 revela o número de construções em Lisboa no ano de 2009,
separando a construção nova das ampliações, reconstruções, alterações e demolições.
Figura 3.4 – Dados relativos ao nº de construções (fachadas) em Lisboa no ano de 2009 (adaptado de www.ine.pt)
A Figura 3.4 permite concluir que a construção recente em Lisboa incide sobretudo na
construção nova (2199), sendo que a ampliação representa uma importante fatia da construção
observada em 2009 (615), seguida pela alteração (366) e demolição (247). Apesar destes
dados revelarem uma supremacia da construção nova no total da construção em Lisboa, os
outros tipos de obras de construção (ampliação, reconstrução, alteração e demolição) têm
vindo a adquirir um importante estatuto na engenharia civil nos últimos anos, com tendência a
acentuar-se no futuro [ww.ine.pt].
De acordo com os dados observados nos últimos parágrafos relativos a edifícios e como já
referido, é possível então estabelecer uma idade e uma localização para as fachadas a
2199
615
366 5 247
Nº de construções em Lisboa em 2009
Construção nova (1) Ampliação (2)
Alteração (3) Reconstrução (4)
Demolição (5)
1 2
3 4 5
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
43
considerar nesta dissertação. Assim sendo, o local de estudo incidirá na zona de Lisboa,
sobretudo com uma maior incidência em fachadas construídas recentemente. No entanto, a
recolha de dados não só será relativa às fachadas recentes, mas também a fachadas mais
antigas, pois assim tornar-se-á possível uma melhor e mais vasta análise estatística com base
num conjunto alargado de valores.
3.2.2 Elementos / pormenores construtivos a adoptar
Numa fachada, são muitos e variados os problemas face à acção da água encontrados nos
seus elementos construtivos, sendo que, por norma, existem alguns destes mais
preponderantes para o desempenho em serviço de uma fachada, assim como são aqueles em
que mais se verifica um elevado número de anomalias. Assim, neste subcapítulo destacar-se-
ão os elementos construtivos mais relevantes para esta dissertação, pelas razões já
demonstradas e referidas no capítulo 2, acrescentando ainda o facto de assim ser possível um
melhor tratamento e análise da informação recolhida, incidindo apenas nalguns elementos
construtivos em particular.
Serão objecto de estudo três elementos construtivos designados de soco, peitoril e murete /
platibanda. A escolha destes elementos em particular prende-se sobretudo com a sua relação
e interacção com a água na fachada (demonstrado no capítulo 2). Ou seja, de um modo geral,
são estes os elementos que mais são influenciados, nas suas características, pelos problemas
derivados da acção da água numa fachada, sendo que são condicionados e preconizados, em
projecto e construção, a pensar precisamente no combate à água que estarão sujeitos no
futuro. O soco relaciona-se essencialmente com os problemas de ascensão capilar
provenientes do solo. Os peitoris relacionam-se com problemas de chuvas e de humidade
(escorrimentos / sujidade diferencial, eflorescências, de entre outros), servindo de interface
com o interior do edifício. E, por fim, os muretes e as platibandas relacionam-se também com
problemas associados a chuvas e de humidade, apresentando-se mesmo, no caso das
platibandas, como barreira à acção da água através da cobertura do edifício. Note-se que os
três elementos construtivos considerados têm muitos dos seus problemas originados, numa
fase inicial, pela sua deficiente concepção, construção e manutenção, apesar de numa fase
adiantada muitos dos problemas derivarem da acção da água [VICENTE et al., 2006].
Para cada um dos elementos construtivos, existem um conjunto de principais anomalias a ter
em consideração na avaliação do risco de degradação na fachada (demonstrado no capítulo
2). Este facto acontece porque são estas anomalias as mais visíveis e recorrentes e que, por
isso, mais degradam e deterioram o estado e desempenho em serviço dos elementos
construtivos [VICENTE et al., 2006] [VEIGA & AGUIAR, 2003]. Note-se que neste trabalho
considera-se o peso das anomalias no risco de degradação num elemento construtivo igual
para todas as anomalias adoptadas, sendo que, de um modo geral, pode ser mais gravoso um
Trabalho de Campo
44
nível alto de ascensão capilar relativamente a uma sujidade. As causas e consequências
podem ser muito variadas consoante cada caso em particular, e assim opta-se por considerar a
mesma importância para todas as anomalias para um nível de gravidade igual entre elas.
Refira-se ainda que, como mais à frente se verá num subcapítulo, terá mais peso, na avaliação
do risco de degradação face à acção da água, a anomalia mais gravosa num elemento
construtivo, proporcionando deste modo uma mais coerente aproximação ao real do risco de
degradação na fachada.
Para o caso dos socos, as anomalias adoptadas para a avaliação do risco são:
colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);
eflorescências / criptoflorescências;
sujidade / manchas de humidade;
ascensão capilar;
graffiti / vandalismo.
Estas anomalias são, de facto, aquelas que mais condicionam e interferem no desempenho em
serviço de um soco, sendo que, apesar de consideradas individualmente na avaliação do risco
do soco, estas são, por vezes, causa ou consequência umas das outras [ARAÚJO et al., 2007].
Nos peitoris existem também um conjunto de factores de risco mais preponderantes na
avaliação do seu risco de deterioração, as quais se apresentam de seguida:
colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);
eflorescências / criptoflorescências;
sujidade / manchas de humidade;
inexistência / insuficiência de inclinação;
inexistência de pingadeira;
inexistência de rasgos;
balanço insuficiente;
escorrimentos / sujidade diferencial.
Como se pode observar, os factores de risco considerados para os peitoris são, tanto
associadas a aspectos de concepção como de construção, o que demonstra que, tal como nos
socos, existem portanto anomalias que se tornam, por vezes, causa ou consequência de
outras. No entanto, todos estes factores de risco são pertinentes de aqui constarem, dado a
sua recorrente e muito visível incidência nos peitoris, e, talvez mais importante ainda, pelo facto
de estes serem originados por diferentes causas e terem como consequência diferentes
anomalias, dependente de caso para caso, o que inviabiliza uma relação directa entre esta e
aquela anomalia [ARAÚJO et al., 2007].
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
45
Por último, os factores de risco a ter em conta nos muretes / platibandas são:
colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);
eflorescências / criptoflorescências;
sujidade / manchas de humidade;
escorrimentos / sujidade diferencial;
corrosão de guarda-corpos;
inexistência de capeamento;
inexistência de pingadeira no capeamento;
inexistência de tubo ladrão da laje de cobertura.
Nos muretes / platibandas, a escolha dos factores de risco prendem-se com as mesmas razões
que no casos anteriores, sendo portanto os mais importantes e influentes nas características
destes elementos construtivos.
3.3 Metodologia de inspecção
A metodologia de inspecção a adoptar no trabalho de campo tem como objectivo estabelecer
as regras e os procedimentos mais adequados a utilizar na análise in situ. Para tal, exige-se a
elaboração de um procedimento, assim como a identificação dos meios auxiliares necessários
a seguir em campo. De igual importância, há a considerar a elaboração de fichas de inspecção,
seguidas do seu preenchimento no terreno, com o intuito de organizar a informação recolhida.
3.3.1 Procedimento e instrumentação adoptados
Para uma eficaz e eficiente inspecção a uma fachada, é necessário efectuar um procedimento
adequado, que contenha um método e um planeamento a ser seguido nas inspecções. Em
primeiro lugar, é aconselhável, se possível, o contacto e o diálogo com um morador do edifício,
no intuito de recolher informação quanto ao ano da construção, possíveis obras de manutenção
ou reabilitação, que o edifício tenha sido alvo em anos anteriores, ou ainda outro tipo de dados
que sejam relevantes no âmbito desta dissertação [ARAÚJO et al., 2007].
Por outro lado, para além das fichas de inspecção e do conhecimento base para o seu
preenchimento e entendimento dos conceitos nela presentes, é conveniente, para trabalho de
campo, levar com o utilizador material de escrita (preenchimento das fichas de inspecção e
apontamento de notas auxiliares), bússola (útil para definir as orientações das fachadas),
binóculos (auxiliar para uma melhor visualização de elementos construtivos / anomalias que se
encontrem em pontos altos e de difícil observação na fachada), fita métrica (por exemplo serve
Trabalho de Campo
46
de auxiliar para estabelecer a extensão de uma anomalia ou ainda a altura de um soco), nível
(avaliação da inclinação dos peitoris, de entre outros), e ainda a máquina fotográfica
(indispensável para o registo a figurar na base de dados, respeitante a quase toda a
informação recolhida em campo) [VICENTE et al., 2006] [ARAÚJO et al., 2007].
3.3.2 Factores, critérios e fórmulas adoptadas
Na avaliação do risco de uma fachada é necessário a definição de variáveis e critérios que
estarão na base do conceito e que permitirão então atribuir valores para cada elemento
construtivo da fachada, e por conseguinte, retirar conclusões do seu estado de degradação e
das acções de manutenção necessárias para cada caso.
Neste subcapítulo procurar-se-á descrever e explicar todo o processo que levou à escolha de
uma fórmula que permita, de uma forma aproximada e adequada, avaliar o risco das fachadas
face à acção da água.
Numa fachada e em muitos dos seus elementos construtivos, o aparecimento de uma anomalia
é algo de muito comum, tanto nos edifícios mais antigos como nos mais recentes. Com base
em ARAÚJO et al. [2007] e de acordo com o já referido, torna-se importante definir níveis de
anomalias, consoante estas sejam mais ou menos influentes na degradação de um
determinado elemento construtivo (Quadro 3.1)
Quadro 3.1 – Classificação das anomalias [adaptado de ARAÚJO et al., 2007]
1 2 3 (1+2)
Classe Durabilidade Segurança
na utilização Severidade de risco
Níveis D1 D2 D3 D4 U1 U2 U3 S1 S2 S3 S4
Pontuação 5 3 2 1 5 3 1 ≥8 e ≤10 ≥6 e ≤7 ≥4 e ≤5 ≥2 e ≤3
A atribuição de um factor (1 a 5) que classifique as anomalias por gravidade e funcionalidade
nas fachadas obteve-se através de uma ponderação entre a sua durabilidade e sua segurança
na utilização. Esta ponderação foi efectuada no âmbito deste trabalho, através de tentativas
que se aproximassem sucessivamente de casos reais. No Quadro 3.1 observa-se a existência
de três classes, sendo que apenas duas delas (durabilidade e segurança na utilização)
permitem caracterizar uma determinada anomalia. A terceira classe (severidade) resulta da
soma das duas anteriores, proporcionando assim atribuir a cada anomalia um nível de
severidade de risco de degradação. Em cada classe verifica-se a presença de vários níveis de
gravidade das anomalias e uma pontuação atribuída para cada nível correspondente:
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
47
1. Durabilidade
D1 – durabilidade do elemento construtivo fortemente afectada, com efeitos visuais
grandes da anomalia (pont. 5);
D2 – durabilidade do elemento construtivo parcialmente afectada, com efeitos visuais
consideráveis da anomalia (pont. 3);
D3 – durabilidade do elemento construtivo afectada em algumas das suas
características, através da relativa gravidade e extensão da anomalia, sendo
conveniente monitorizar a evolução e desenvolvimento da anomalia (pont. 2);
D4 – durabilidade do elemento construtivo praticamente não afectada, apenas com
alguns efeitos visuais da anomalia (pont. 1).
2. Segurança na utilização
U1 – não cumpre as exigências de segurança, afectando claramente a segurança
parcial do elemento construtivo e dos utentes (pont. 5);
U2 – não cumpre as exigências mínimas de segurança e de funcionalidade, afectando
o desempenho em serviço do elemento construtivo (pont. 3);
U3 – cumpre as exigências mínimas de funcionalidade (pont. 1).
3. Severidade
S1 – catastrófico (prioridade máxima) (pont. 8, 9 ou 10);
S2 – perigoso (grande prioridade) (pont. 6 ou 7);
S3 – médio (pequena prioridade) (pont. 4 ou 5);
S4 – insignificante (prioridade mínima) (pont. 2 ou 3).
A cada anomalia, associada a um determinado elemento construtivo na fachada, é então
atribuída uma pontuação (nível da anomalia) que é dada na classe severidade referida
anteriormente.
No quadro apresentado de seguida (Quadro 3.2), é possível relacionar entre si,
qualitativamente, os níveis de severidade do risco de degradação das anomalias obtidos
acima.
Trabalho de Campo
48
Quadro 3.2 – Classes de severidade de risco [adaptado de SENGE, 2007]
Nível (Sn)
Definição qualitativa
Significado Pontuação
S1 Catastrófico Degradação de elementos construtivos / segurança de
pessoas e fachadas comprometidas 8, 9 ou 10
S2 Perigoso Danos maiores a bens e equipamentos / excesso de
anomalias 6 ou 7
S3 Médio Redução significativa das margens de segurança e funcionalidade / algumas anomalias com gravidade
4 ou 5
S4 Insignificante Consequências leves / cumpridas as exigências mínimas
de funcionalidade e segurança 2 ou 3
Ainda de salientar existem algumas particularidades das anomalias que se devem considerar
na escolha dos níveis e pontuações mais adequados (Quadros 3.1 e 3.2), embora algumas já
estejam implícitas anteriormente: a dimensão e extensão da anomalia; a altura a que se
encontra a anomalia na fachada, no caso de queda de fragmentos de material; a localização da
anomalia na fachada, tendo em conta o fluxo de pessoas e/ou veículos nas vias e passeios
adjacentes ao edifício; a vida útil / durabilidade de cada elemento construtivo em que são
visíveis anomalias [SENGE, 2007] [VEIGA & AGUIAR, 2003].
Para além da severidade do risco de degradação das anomalias, associada a uma fachada e
seus constituintes, o conceito de avaliação do risco de uma fachada tem de incidir
invariavelmente na probabilidade de risco relacionada com a degradação da envolvente
exterior. Ou seja, e a título de exemplo, é essencial considerar a probabilidade de risco de
degradação de um peitoril, em conjunto com a severidade do risco de degradação da(s)
anomalia(s) nele visível [VICENTE et al., 2006].
Um dos factores essenciais a considerar na probabilidade de risco, prende-se com as
condições de exposição da fachada, associadas com a acção da água, dependente das
condições exteriores ao próprio edifício, em que uma determinada fachada se encontra
inserida, está um conjunto de condicionantes que intervêm na concepção e construção dos
elementos construtivos na fachada. Assim sendo, consideram-se as seguintes variáveis nas
condições de exposição:
orientação da fachada;
protecção da fachada (presença de vegetação ou outros elementos que sirvam de
protecção face ao vento e chuva na fachada);
proximidade do mar;
proximidade de vias de trânsito.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
49
De um modo geral, estas variáveis são aquelas que alteram as condições de exposição de
fachada para fachada, consoante a sua localização e os elementos exteriores que envolvem o
edifício. A orientação da fachada apresenta-se como um factor determinante num qualquer
elemento construtivo, em especial nos socos, peitoris e muretes, pois dependente da
orientação está a maior ou menor incidência de luz solar e das águas das chuvas nas fachadas
[VICENTE et al., 2006] [GASPAR, 2008].
Por seu lado, a protecção da fachada influencia também as condições de exposição, ou seja, a
existência de vegetação ou quaisquer outros elementos pertencentes ou não ao próprio edifício
podem servir de atenuantes à acção da água, proporcionando uma melhoria na durabilidade e
desempenho em serviço dos elementos que constituem a fachada. Ainda a considerar existe a
proximidade do mar da fachada em estudo, uma vez que as condições atmosféricas e de
microrganismos alteram-se segundo a distância ao mar [VEIGA & AGUIAR, 2003].
Por fim, a proximidade de vias de trânsito / circulação pode influenciar as condições de
exposição, dado que, regra geral, quanto maior o grau da via de trânsito / circulação, maior
será a sua capacidade e frequência quanto ao número de veículos que a atravessa e, por
conseguinte, maior será a libertação de gases atmosféricos prejudiciais para a fachada, e
maior a segurança necessária para os utentes e veículos nela presentes [GASPAR, 2008].
Com base no referido, adoptaram-se estes valores para ponderação das condições de
exposição nos diferentes casos de fachadas (Quadro 3.3).
Quadro 3.3 – Condições de exposição das fachadas [adaptado de GASPAR, 2008]
Condições de exposição
Variáveis 0.25 0.75 1.25 Total
Orientação da fachada Norte Este / Oeste Sul -
Protecção da fachada Desfavorável Normal Favorável -
Proximidade do mar Mais de 3 km De 1km a 3km Até 1 km -
Proximidade de vias vias rurais Vias Secundárias Vias principais -
Total -
No Quadro 3.3, observa-se que existem quatro variáveis que definem as condições de
exposição, e que em cada uma delas existem três hipóteses possíveis de escolha
(0.25,0.75,1.25). Estes três diferentes valores dizem respeito às diferenças que se verificam
nas variáveis para diferentes fachadas. Ou seja, e a título de exemplo uma fachada pode estar
orientada preferencialmente para o Norte (0.25), não possuir qualquer tipo de protecção nos
seus elementos construtivos face à acção da água das chuvas ou vento (0.25), situar-se junto
ao mar (a menos de 1km) (1.25), e ainda estar na imediação de vias de trânsito principais
(1.25). Somando todos os valores encontrados, o resultado obtido será de 3, sendo que o valor
final arredondado situar-se-á entre 1 e 5, com os resultados possíveis de 1, 2, 3, 4 e 5. Estes
Trabalho de Campo
50
valores servem essencialmente para distinguir as fachadas pelas suas condições de
exposição.
Os restantes critérios adoptados para a probabilidade de risco, incluindo as condições de
exposição, encontram-se expressos no Quadro 3.4.
Quadro 3.4 – Determinação das classes de probabilidade do risco de degradação das anomalias [adaptado de SENGE, 2007 & ARAUJO et al., 2007]
1 2 3 (1+2)
Classe Concepção / Construção
Condições de exposição
Probabilidade de risco
Níveis C1 C2 C3 E1 E2 E3 E4 P1 P2 P3 P4
Pontuação 5 3 1 5 3 2 1 ≥8 e ≤10 ≥6 e ≤7 ≥4 e ≤5 ≥2 e ≤3
A atribuição de um factor que classifique a probabilidade de risco de degradação nas fachadas
obteve-se através de uma ponderação entre a concepção / construção de elementos
construtivos e as condições de exposição. No Quadro 3.4, observa-se a existência de três
classes, sendo que apenas duas delas (concepção / construção de elementos construtivos e
condições de exposição) permitem caracterizar a probabilidade de risco. A terceira classe
(probabilidade de risco) resulta da soma das duas anteriores, proporcionando assim atribuir um
nível de probabilidade para cada caso. Em cada classe, verifica-se a presença de vários níveis
de probabilidade e uma pontuação atribuída para cada nível correspondente [ARAUJO et al.,
2007]:
1. Concepção / Construção de elementos construtivos
C1 – inexistente concepção / construção de elementos construtivos (pont. 5);
C2 – deficiente e/ou desadequada concepção / construção de elementos construtivos
(pont. 3);
C3 – adequada concepção / construção de elementos construtivos (pont. 1);
2. Condições de exposição
E1 – condições muito agressivas (vulnerabilidade elevada) associadas à acção da
água no elemento construtivo (pont. 5);
E2 – condições agressivas associadas à acção da água no elemento construtivo (pont.
3);
E3 – condições pouco agressivas associadas à acção da água no elemento construtivo
(pont. 2).
E4 – condições quase inexistentes associadas à acção da água no elemento
construtivo (pont. 1).
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
51
3. Probabilidade
P1 – frequente (probabilidade máxima) (pont. 8, 9 ou 10);
P2 – ocasional (alta probabilidade) (pont. 6 ou 7);
P3 – remota (baixa probabilidade) (pont. 4 ou 5);
P4 – improvável (probabilidade mínima) (pont. 2 ou 3).
No Quadro 3.5 é possível relacionar qualitativamente os níveis de probabilidade obtidos
anteriormente.
Quadro 3.5 – Classes de probabilidade de risco [adaptado de SENGE, 2007]
Nível (Pn)
Definição qualitativa
Significado Pontuação
P1 Frequente Provável que ocorra muitas vezes / frequentemente 8, 9 ou 10
P2 Ocasional Provável que ocorra algumas vezes / esporadicamente 6 ou 7
P3 Remota Pouco provável que ocorra / raramente 4 ou 5
P4 Improvável Improvável que ocorra / sem conhecimento de que tenha
ocorrido 2 ou 3
Tendo nesta fase a severidade e a probabilidade do risco, torna-se essencial uma conjunção
das duas que permita definir o risco para cada elemento construtivo e para a fachada como um
todo. Assim sendo e resumindo, obtêm-se os níveis Pn e Sn, de probabilidade de risco e
severidade de risco respectivamente, através de um conjunto de factores já referidos, e que
permitem diferenciar as anomalias em quatro níveis qualitativos. As fórmulas seguintes (Eq.3,1,
Eq.3,2 e Eq.3,3) demonstram a obtenção de um valor para cada anomalia nas fachadas,
traduzindo a severidade e a probabilidade do risco de degradação das anomalias face à acção
da água nas fachadas:
(Eq.3,1)
(Eq.3,2)
(Eq.3,3)
Como se pode observar pelas equações anteriores (Eq.3,1, Eq.3,2 e Eq.3,3), o indicador de
risco de degradação de uma determinada anomalia, quer seja no soco, peitoril ou murete /
platibanda, é obtido através da multiplicação da severidade do risco pela probabilidade do risco
das respectivas anomalias. Ou seja, o risco de degradação de uma anomalia face à acção da
água, que afecte os elementos construtivos de uma fachada, tem em conta o estado de
deterioração da anomalia (durabilidade e segurança na utilização), e a sua probabilidade de
Trabalho de Campo
52
ocorrência (concepção / construção de elementos construtivos e condições de exposição da
fachada).
Este indicador de risco (Rn) expressa então o risco de degradação de um determinado
pormenor construtivo, face à acção da água, relativo ao aparecimento de uma anomalia numa
fachada. Posteriormente proceder-se-á à conjunção e ponderação de todas as anomalias para
o soco, peitoris e platibandas (elementos construtivos mais relevantes para acção da água na
fachada).
De seguida exige-se então que se formule e defina uma fórmula que devolva um valor de
indicador de risco para um dos três elementos construtivos (soco, peitoril e murete /
platibandas), correspondendo a uma ponderação do conjunto de indicadores de risco de cada
anomalia, tendo como intuito a sua sistematização num valor que caracterize e afira sobre o
estado de degradação dos elementos construtivos. O processo, que concluiu na adopção de
uma fórmula, foi essencialmente iterativo e experimental, ou seja, com os resultados obtidos
dos indicadores de risco para cada anomalia de um conjunto inicial de 10 casos de estudo,
procedeu-se a um conjunto de tentativas que expressassem a viabilidade, fiabilidade e
plausibilidade dos resultados.
Numa fase inicial, e com base em [VICENTE et al., 2006] utilizou-se na fórmula uma simples
média dos resultados das anomalias, a qual depressa demonstrou que não expressava o risco
de degradação a que estão sujeitos os três elementos construtivos considerados (soco, peitoril
e platibanda/murete). Isto acontece porque a utilização da média atenua os resultados
individuais de uma particular anomalia, seja ela muito ou pouco gravosa, sendo que uma
anomalia actuando isoladamente pode condicionar significativamente o desempenho em
serviço de um soco, peitoril ou murete. Dando um exemplo, a presença de eflorescências muito
gravosas no soco de uma fachada conduz a uma visível e muito significativa degradação do
elemento construtivo, mesmo se por hipótese o soco não apresentar mais nenhuma anomalia
ou estas revelarem uma gravidade muito pouco significativa. Daqui se retira que por si só a
média, associada às anomalias que caracterizam um elemento construtivo, não traduz o
verdadeiro e mais correcto indicador de risco de degradação face à acção da água.
Tentou-se então incluir e pesar a importância do valor máximo na fórmula, referente ao
conjunto de anomalias, isto é, o valor máximo de indicador de risco de degradação das
anomalias verificadas é talvez aquele que mais importa considerar na concepção da fórmula.
Este indicador máximo condiciona, agrava e caracteriza o estado e características correntes de
um soco, peitoril ou murete. Apesar de todas as anomalias serem relevantes e pesarem na
degradação de um qualquer elemento construtivo na fachada, é de especial e essencial
importância a anomalia que mais risco de degradação apresente, aquela que segundo os
critérios e factores mencionados anteriormente se traduz no mais elevado indicador de risco.
No entanto, não basta a consideração do valor máximo das anomalias na fórmula, sendo
também importante a média dos restantes valores (esta média não inclui o valor máximo já
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
53
considerado), pois importa avaliar a existência e estado das restantes anomalias que também
têm a sua parte de degradação no elemento construtivo. Resumindo, e através de um processo
iterativo, que revele quais as percentagens mais correctas e coerentes, adoptou-se uma
percentagem de 80% para o máximo e de 20% para a média dos restantes resultados obtidos,
relativos aos indicadores de anomalias no soco, peitoril e murete / platibanda (Eq.3,4).
á á
(Eq.3,4)
Rn – Indicador de risco de degradação das anomalias (Eq.3,3)
n – número total de anomalias
A fórmula adoptada (Eq.3,4) encontra-se quase no seu estado final, faltando apenas a
multiplicação de um factor de risco, que serve sobretudo de aspecto diferenciador entre
fachadas com níveis iguais ou muito idênticos de degradação. Ou seja, a fórmula anterior
(Eq.3,4) será multiplicada por um factor, designado de “factor de risco” (FR), o qual terá em
conta o número de anomalias verificadas (registadas nas fichas de inspecção) no elemento
construtivo em questão, de um conjunto total de anomalias definidas à priori, como já referido
anteriormente. Este factor FR terá então os seguintes valores (Quadro 3.6), consoante o
elemento construtivo (soco, peitoril, murete / platibanda).
Quadro 3.6 – Valores de FR expressos segundo o número existente de anomalias no elemento construtivo em relação ao total de anomalias possíveis (soco, peitoris, muretes/platibandas)
n (nº de anomalias)
1 2 3 4 5 6 7 8
Peitoris 0,75 0,79 0,82 0,86 0,89 0,93 0,96 1,00
Muretes /Platibandas 0,75 0,79 0,82 0,86 0,89 0,93 0,96 1,00
Soco 0,75 0,81 0,88 0,94 1,00 - - -
Através da observação dos valores no Quadro 3.6, pode-se verificar que para um total de 8 e
de 5 anomalias, dependendo se se trata de um soco, peitoril ou murete / platibanda, os valores
de FR variam entre 0,75 e 1,00. Isto significa que apenas se existirem todas as anomalias
preconizadas à priori no elemento construtivo é possível atingir o máximo de indicador de risco
de degradação, independentemente do estado e características de cada anomalia observada.
É de salientar que nem todas as anomalias presentes num elemento construtivo são
reveladoras e causadoras da maior degradação da fachada, pois o caso de uma anomalia
relacionada com a sujidade que apresente um indicador de risco muito baixo num soco (uma
mancha de sujidade numa pequena parte localizada) constitui um exemplo que pouco
condiciona e/ou agrava o estado de um soco [SENGE, 2007]. É por este anterior facto
Trabalho de Campo
54
mencionado, que foram ponderados e testados (com uma amostra inicial de 10 fachadas) no
âmbito deste trabalho os valores apresentados no quadro anterior, em especial a definição do
valor mínimo de 0.75. Isto acontece porque a influência deste factor FR nos resultados finais,
apesar de importante e necessária, não pode alterar significativamente resultados em fachadas
muito idênticas, que a título de exemplo apresentem, em vez das 8 anomalias, apenas 6 ou 7.
Assim, atribui-se o valor de 0,75 de FR no caso da existência de uma única anomalia num
soco, peitoril ou murete / platibanda, e o valor de 1,00 para o caso em que estejam presentes
todas as anomalias possíveis no elemento construtivo, preenchendo os restantes casos com
valores intermédios e espaçados igualmente entre si.
Apresenta-se de seguida uma melhoria da anterior fórmula (Eq.3,5) para a avaliação do risco
nos elementos construtivos (socos, peitoris, muretes/platibandas), tomando em conta o factor
FR.
á
á
(Eq.3,5)
Este indicador de risco total para o soco, peitoris e muretes /platibandas ( ) proporciona a
obtenção de valores entre 0 e 100, que permitem avaliar o risco de degradação face à acção
da água de uma fachada (Quadro 3.7).
Quadro 3.7 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa)
Grau de risco Indicador de
risco total (
Descrição qualitativa
Muito crítico 75 ≤ X < 100 Inaceitável sob as circunstâncias existentes:
perigo de segurança para os utentes e/ou estado avançado de degradação do(s) elemento(s) construtivo(s)
Crítico 50 ≤ X < 75 Requer um controle do risco e/ou uma acção de manutenção
Significativo 25 ≤ X < 50 Necessidade de reavaliar alguns processos
Aceitável 0 ≤ X < 25 Aceitável
Como se pode observar Quadro 3.7, existem 4 níveis de “Grau de risco”, que servem para
definir qualitativamente os valores obtidos relativamente ao risco de degradação em cada
elemento construtivo.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
55
3.3.3 Elaboração e preenchimento de fichas de inspecção
No âmbito desta dissertação, a elaboração de fichas de inspecção constitui um ponto
necessário e indispensável a uma boa base de dados, que proporcione uma correcta, e mais
próxima da realidade, análise estatística dos dados encontrados [VEIGA & AGUIAR, 2003].
As fichas de inspecção foram elaboradas tendo em conta os pressupostos, os critérios e as
fórmulas adoptadas e explicadas anteriormente. Para cada fachada inspeccionada é então
necessário preencher duas páginas relativas às fichas de inspecção, sendo que uma página
diz respeito aos dados gerais da fachada / edifício (elementos construtivos) e outra página é
dirigida à avaliação do risco de degradação das fachadas face à acção da água. De seguida
apresenta-se o exemplo de uma ficha de inspecção base (dados gerais e avaliação de
fachadas), através da apresentação e descrição dos seus campos (Figuras 3.5 e 3.6).
Dados gerais:
caso de estudo – a atribuição de um código / número a cada fachada inspeccionada,
por ordem da data de inspecção;
data de Inspecção – a data de visita ao local da fachada / edifício (dia/mês/ano);
localização do edifício – morada da fachada / edifício inspeccionado;
ano de Construção – a preencher, caso possível, com o ano da conclusão do edifício;
obras de manutenção – a preencher caso se consiga saber a data da ocorrência de
obras de manutenção;
local de implantação – o local de implantação da fachada (edifício), consoante este
seja isolado, em gaveto, em banda /extremo ou banda /meio [ARAÚJO et al., 2007];
tipologia do edifício – consoante seja unifamiliar ou multifamiliar [ARAÚJO et al., 2007];
tipologia dos revestimentos / acabamento de paredes exteriores – revestimentos por
elementos descontínuos (ladrilhos cerâmicos ou hidráulicos, placas de pedra natural ou
artificial, de entre outros), revestimentos de ligantes minerais (tradicionais com pintura,
não tradicionais com/sem pintura), ETICS, betão à vista, pintura com acabamento liso
ou rugoso;
tipologia das paredes exteriores - paredes de pano simples ou duplo;
tipologia dos materiais das paredes exteriores – alvenaria de tijolo, pedra natural,
betão, entre outros;
tipologia dos envidraçados / caixilharias / guarda-corpos / peitoris / soco / varandas –
caixilharias (madeira, alumínio, aço ou PVC), envidraçados (simples ou duplos),
guarda-corpos (madeira, alumínio, aço/ferro ou betão), peitoris (madeira, pedra natural
ou em metal), soco (ladrilhos cerâmicos, ladrilhos hidráulicos, placas de pedra natural,
placas de pedra artificial ou argamassa cimentícia), varandas (betão armado, pedra, ou
metálica);
Trabalho de Campo
56
Figura 3.5 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (dados gerais)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
57
Figura 3.6 – Exemplo de uma ficha de inspecção base (avaliação do risco de degradação nas fachadas face à acção da água)
Trabalho de Campo
58
Avaliação das fachadas:
pormenores / elementos construtivos (anomalias) – para cada um dos três elementos
construtivos principais adoptados (soco, peitoris, muretes / platibandas), existem um
conjunto de anomalias a serem observadas, registadas e avaliadas;
orientação da fachada – fachada Norte, Sul, Oeste ou Este, sendo que será dada uma
destas orientações consoante a proximidade da orientação real da fachada;
severidade do risco de degradação das anomalias (a preencher de acordo com o
referido anteriormente):
o durabilidade;
o segurança na utilização.
probabilidade de risco de degradação das anomalias (a preencher de acordo com o
referido anteriormente):
o concepção / construção dos elementos construtivos;
o condições de exposição da fachada.
No preenchimento das fichas de inspecção, torna-se importante, para além do que já se referiu,
a coerência e sensibilidade na selecção da informação mais relevante, descurando valores e
dados desnecessários para o estudo em questão. Assim, com base na metodologia de
inspecção já abordada neste capítulo e definida que se encontra a amostra de fachadas a
inspeccionar, é possível realizar o trabalho de campo.
3.4 Conclusões do capítulo
Este capítulo permite, de um modo geral, concluir que é necessário um bom e cuidado
planeamento / definição de um método de inspecção, que seja viável, adequado, sintético e
prático em relação aos aspectos mais relevantes para o tema abordado nesta dissertação.
A amostra de fachadas utilizada neste trabalho centrar-se-á na zona urbana de Lisboa, em
particular na zona de Alvalade / Roma e Telheiras, procurando inspeccionar tanto fachadas de
edifícios recentes como mais antigos dentro das referidas zonas de implantação.
A estratégia adoptada para as inspecções a fachadas de edifícios deverá seguir os objectivos e
os critérios preconizados à priori neste capítulo, no que diz respeito a três essenciais
elementos construtivos (socos, peitoris e muretes/platibandas) no combate à acção da água
nas fachadas, tendo em atenção os conhecimentos base já referidos nos capítulos anteriores.
Para tal, torna-se indispensável em trabalho de campo vários instrumentos necessários a uma
correcta recolha dos dados, através do preenchimento de fichas de inspecção. Estas fichas
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
59
incluem o registo das anomalias nos elementos construtivos, assim como a sua severidade do
risco de degradação (durabilidade e segurança na utilização), e sua probabilidade do risco de
degradação (condições de exposição das fachadas, deficiente e/ou adequada concepção e
construção dos elementos construtivos).
Tendo as fichas de inspecção preenchidas, com um número aceitável de fachadas de edifícios
considerados, é possível então proceder a uma análise estatística dos dados e valores
encontrados, retirando daí conclusões e ilações importantes acerca do tema proposto.
Trabalho de Campo
60
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
61
4 Apresentação e discussão dos resultados
4.1 Considerações gerais
Neste capítulo de apresentação e discussão de resultados, proceder-se-á ao tratamento,
sistematização e análise dos resultados obtidos no trabalho de campo, com base nas fichas de
inspecção definidas anteriormente.
O preenchimento das fichas de inspecção proporciona a obtenção de valores indicativos do
risco de degradação face à acção da água em socos, peitoris e muretes / platibandas de
fachadas de edifícios. Estes valores de avaliação do risco permitirão retirar informações e
conclusões acerca das fachadas observadas, aferindo sobre a sua deterioração em serviço.
Após o tratamento dos dados e valores encontrados, torna-se então importante elaborar
quadros e figuras de risco que relacionem os edifícios entre si, no que respeita ao risco de
degradação a que estão sujeitos no tempo de vida útil. Note-se que nestes resultados importa
sobretudo diferenciar, sempre que necessário e pertinente, os edifícios por local de
implantação, e/ou ainda por outro tipo de características, que se revelem preponderantes e
uma mais-valia no âmbito desta dissertação.
No trabalho de campo, observaram-se diversas anomalias nas fachadas, sendo que importa
então apresentar os tipos de anomalias verificadas, estabelecer as causas prováveis, propor
acções de manutenção convenientes e adequadas para casos genéricos, assim como analisar
e avaliar o estado de degradação que estas mesmas anomalias provocam nos elementos
construtivos pertencentes às fachadas.
Na avaliação do risco de degradação nas fachadas, é, por sua vez, também preponderante
proceder a análises comparativas entre as fachadas inspeccionadas, e ainda distinguir as
fachadas (socos, peitoris e muretes / platibandas) por zona e idade do edifício. Assim existirão
diferentes indicadores de risco para cada anomalia / defeito, para cada elemento construtivo e
para cada fachada, realçando os casos mais críticos, aqueles que carecem de um cuidado
maior num futuro próximo.
4.2 Elementos construtivos e suas características
O tratamento dos resultados obtidos a partir das fichas de inspecção permitem analisar o
estado de degradação dos edifícios estudados. Os dados parciais e totais dos resultados
Apresentação e discussão dos resultados
62
obtidos no preenchimento de todas as fichas de inspecção encontram-se em anexo (anexo -
fichas de inspecção).
As fachadas observadas e inspeccionadas localizam-se na zona urbana de Lisboa (32
fachadas), em particular na zona de Alvalade / Roma e Telheiras. Estas encontram-se
numeradas e definidas no Quadro 4.1 (“AR” corresponde a fachadas em Alvalade / Roma e “T”
a fachadas em Telheiras).
Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas)
Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada
AR1 Alvalade / Roma
Av. João XXI
AR2 Alvalade / Roma
R. Edison
AR3 Alvalade / Roma
Av. São João de Deus
AR4 Alvalade / Roma
Av. São João de Deus
AR5 Alvalade / Roma
Pr. Afrânio Peixoto
AR6 Alvalade / Roma
Av. Est. Unidos da América
AR7 Alvalade / Roma
Av. Est. Unidos da América
AR8 Alvalade / Roma
Av. do Rio de Janeiro
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
63
Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) (continuação)
Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada
AR9 Alvalade / Roma
Av. do Rio de Janeiro
AR10 Alvalade / Roma
Av. do Rio de Janeiro
AR11 Alvalade / Roma
Av. do Rio de Janeiro
AR12 Alvalade / Roma
R. Fernando Pessoa
AR13 Alvalade / Roma
R. Afonso Lopes Vieira
AR14 Alvalade / Roma
Av. de Roma
AR15 Alvalade / Roma
R. João Villaret
AR16 Alvalade / Roma
Av. de Roma
AR17 Alvalade / Roma
Av. de Roma
AR18 Alvalade / Roma
Av. de Roma
Apresentação e discussão dos resultados
64
Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) (continuação)
Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada
AR19 Alvalade / Roma
R. Frei Amador Arrais
AR20 Alvalade / Roma
Av. de Roma
AR21 Alvalade / Roma
R. Silva e Albuquerque
AR22 Alvalade / Roma
R. Marquesa de Alorna
T1 Telheiras
Jardim Prof. António
T2 Telheiras
R. Prof. Henrique Vilhena
T3 Telheiras
R. Prof. Barbosa Sueiro
T4 Telheiras
R. Prof. Aires de Sousa
T5 Telheiras
R. Prof. Barbosa Sueiro
T6 Telheiras
Azinhaga das Galhardas
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
65
Quadro 4.1 – Fachadas de edifícios em Lisboa (32 fachadas) (continuação)
Fachada Localização Morada Fachada Localização Morada
T7 Telheiras
R. Prof. Vítor Fontes
T8 Telheiras
R. Prof. Vítor Fontes
T9 Telheiras
R. Prof. Fernando Fonseca
T10 Telheiras
R. Prof. Vieira de Almeida
Do Quadro 4.1, verifica-se que as fachadas inspeccionadas localizam-se na zona de Lisboa,
nomeadamente em Alvalade / Roma e Telheiras, num total de 32 fachadas em 32 diferentes
edifícios. A idade dos edifícios varia sobretudo de acordo com a localização do mesmo, sendo
que foram inspeccionadas fachadas desde os 5, 10, 20 anos (Telheiras), até fachadas com
mais de 60 anos de vida útil (Alvalade / Roma).
O local de implantação de um edifício influencia a sua concepção e construção, encontrando-
se este isolado, em gaveto, em banda/meio ou banda/extremo (Figuras 4.1a e 4.1b).
Figura 4.1a e Figura 4.1b– Fachadas em banda / extremo (à esquerda) e banda / meio (à direita) (AR18 – Avenida de Roma e AR20 – Avenida de Roma)
Apresentação e discussão dos resultados
66
Note-se que este factor de implantação, para além de ser importante no plano construtivo e
arquitectónico, influi directamente na pormenorização necessária nos elementos construtivos
face à acção prejudicial da água na fachada. Ou seja, o facto de um edifício se situar isolado
conduz a que as suas fachadas possam estar mais sujeitas às águas das chuvas, ou à
combinação água-vento, pois em parte não existe a protecção dos edifícios circundantes que
existiriam, por exemplo, no caso de uma implantação em banda.
A título de curiosidade e no que respeita à tipologia de um edifício, distingam-se os edifícios
multifamiliares dos edifícios unifamiliares. A maioria das fachadas inspeccionadas é referente a
edifícios multifamiliares, o que em certa medida é facilmente compreensível, uma vez que a
zona de estudo se situa na zona urbana de Lisboa, sendo esta fortemente povoada por
edifícios em altura, com diversos apartamentos por piso, em oposição às designadas moradias
(casas de um ou dois pisos na maioria dos casos, em que, regra geral, são habitadas por uma
única família).
De um modo geral, verifica-se que a tipologia dos revestimentos, das fachadas inspeccionadas,
corresponde à argamassa tradicional com pintura, sendo que em alguns casos se pode
observar betão à vista, ladrilhos cerâmicos ou hidráulicos, placas de pedra natural ou artificial
em algumas zonas correntes da fachada. Por seu lado, a tipologia das paredes exteriores
corresponde, na maioria dos casos, a paredes de pano simples em alvenaria de tijolo, podendo
ainda encontrar-se situações de paredes de pano duplo em alvenaria de tijolo, betão ou pedra
natural. Refira-se que, apesar de na actualidade ser mais visível paredes de pano duplo, em
fachadas de edifícios mais antigos observava-se frequentemente a existência de paredes de
pano simples.
Os vãos de fachada são zonas preponderantes no bom desempenho em serviço de uma
fachada, em especial no que diz respeito aos problemas causados pela acção da água e, como
tal, exige-se uma cuidada pormenorização dos seus elementos construtivos. Destes elementos
refira-se com especial interesse o caso dos peitoris, os quais regra geral, são constituídos em
pedra natural (Figura 4.2).
Figura 4.2 – Peitoril em pedra (AR6 – Avenida dos Estados Unidos da América)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
67
O material utilizado nas caixilharias, presentes nos vãos de fachada, variam em número
semelhante entre a madeira e o alumínio. De um modo geral, pode afirmar-se que os
envidraçados são simples para edifícios mais antigos e duplos para os edifícios recentes.
Os socos encontrados nas fachadas são, geralmente, constituídos por pedra natural (Figura
4.3). Em muretes / platibandas observa-se, em alguns casos, a existência de guarda-corpos
em betão ou aço/ferro.
Figura 4.3 – Soco em pedra natural (AR3 na Avenida São João de Deus (Alvalade / Roma))
4.3 Degradação e indicadores de risco
Como já se referiu no capítulo 2, no intuito de uma avaliação do risco em fachadas
subdividiram-se as mesmas em três principais elementos construtivos, socos, peitoris e
platibandas / muretes (os elementos construtivos principais em que a acção da água mais
influencia, intervém e condiciona o seu desempenho em serviço e da própria fachada). Em
cada um destes elementos procurou-se analisar o seu estado de degradação, sendo que para
isso se observaram um conjunto de anomalias / defeitos estabelecidos à priori.
Os resultados obtidos das anomalias / defeitos nos socos, peitoris e platibandas / muretes
encontram-se expressos no Quadro 4.2. Note-se que as abreviações adoptadas, tanto para as
fachadas (AR – Alvalade / Roma, T – Telheiras) como para as anomalias / defeitos, já foram
referidas e explicadas, e ainda que cada fachada corresponde a um só edifício, não existindo
então duas, três ou quatro fachadas num mesmo edifício. Por outro lado, refira-se que a
presença do número “1” nas células corresponde à existência de determinada anomalia /
defeito em determinada fachada, sendo que a sua inexistência será marcada com “-“.
Apresentação e discussão dos resultados
68
Quadro 4.2 – Anomalias / defeitos totais (Alvalade / Roma e Telheiras)
Fachadas
Anomalias / defeitos em elementos construtivos
Socos Peitoris Muretes / Platibandas
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 AR1 - - X X - - - X X X X X - - - X X X - - -
AR2 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X -
AR3 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X -
AR4 - X X X - - - X X X - X X - - X X - X X -
AR5 - - X X X - - X X X X X X - - X X - X X -
AR6 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -
AR7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -
AR8 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - -
AR9 - - X X - - - X X X X X X - X X X - - - -
AR10 - - X X - - - X X X - X - - - X X - - - -
AR11 - - X X - - - X X X X X X - - X X X - - -
AR12 - - X X - - - X X X X - - - - X X - - - -
AR13 - X X X - - - X X X X X X X X X X - - - -
AR14 - X X X X - - X X X X X X - X X X - - - -
AR15 - X X X X - - X X X X X - X X X - - X X -
AR16 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -
AR17 - X X X - - - X X X X X X - - X X X - - -
AR18 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X -
AR19 - - X X - - - X X X X X X - - X - - X X -
AR20 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -
AR21 - - X X - - - X X X X X - - - X X - X X -
AR22 - - X X - - - X X X X X X X - X X X X X -
T1 - - X X - - - X X X X X - - - X X - - - -
T2 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X -
T3 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -
T4 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -
T5 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X -
T6 - X X X - - - X X X X X X - - X X - X X -
T7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - -
T8 - - X X X - - X X X X X X - - X X X X X -
T9 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X -
T10 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - -
Socos: Muretes / Platibandas:
1 – Colonização biológica (plantas, entre outros); 1 – Colonização biológica (plantas, entre outros);
2 – Eflorescências / criptoflorescências; 2 – Eflorescências / criptoflorescências;
3 – Sujidade / manchas de humidade; 3 – Sujidade / manchas de humidade;
4 – Ascensão capilar; 4 – Escorrimentos / sujidade diferencial;
5 – GraffitI / Vandalismo. 5 – Corrosão de guarda-corpos;
Peitoris: 6 – Inexistência de capeamento;
1 – Colonização biológica (plantas, fungos, etc); 7 – Inexistência de pingadeira no capeamento;
2 – Eflorescências / criptoflorescências; 8 – Inexistência de tubo ladrão da laje.
3 – Sujidade / manchas de humidade;
4 – Inexistência de inclinação;
5 – Inexistência de pingadeira;
6 – Inexistência de rasgos;
7 – Balanço suficiente;
8 – Escorrimentos / sujidade diferencial.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
69
O Quadro 4.2 apenas permite identificar o número de anomalias / defeitos visíveis no soco,
peitoril e platibanda / murete para cada fachada inspeccionada (resultados detalhados nas
fichas de inspecção encontram-se anexo - fichas de inspecção). É possível, no entanto, afirmar
que a presença de anomalias / defeitos num determinado elemento construtivo corresponde a
uma deterioração da fachada, e que quanto maior for o seu número maior será o risco de
degradação na fachada e a probabilidade do mesmo aumentar.
Uma síntese do Quadro 4.2 permite revelar o número de anomalias / defeitos presentes nos
socos, peitoris, muretes / platibandas, os quais, como dados importantes para a compreensão
do risco de degradação nas fachadas, indicam a extensão e gravidade do estado de
deterioração dos elementos construtivos. Este número de anomalias / defeitos tem especial
interesse tendo em atenção o número inicial de possíveis anomalias /defeitos observáveis nos
elementos construtivos, as quais foram referidas e preconizadas no capítulo 3 (Figuras 4.4 e
4.5).
Figura 4.4 – Número de anomalias / defeitos (22 fachadas em Alvalade / Roma)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
AR1
AR2
AR3
AR4
AR5
AR6
AR7
AR8
AR9
AR10
AR11
AR12
AR13
AR14
AR15
AR16
AR17
AR18
AR19
AR20
AR21
AR22
Número de anomalias / defeitos (n)
Fach
ad
as
Anomalias / defeitos em fachadas (Alvalade / Roma)
Murete / Platibanda Peitoril Soco
Apresentação e discussão dos resultados
70
Figura 4.5 – Número de anomalias / defeitos (10 fachadas em Telheiras)
As Figuras 4.4 e 4.5 permitem mostrar que efectivamente existe um elevado número de
anomalias / defeitos nas fachadas. Regra geral, este facto conduz mais a uma maior
deterioração do elemento construtivo em questão, quer seja um soco, peitoril ou murete /
platibanda, como se verá mais à frente.
Com base na metodologia proposta no capítulo 3, é possível avaliar o risco de degradação de
um soco, peitoril ou platibanda / murete, e por conseguinte, numa fachada. A partir de uma
avaliação de um conjunto de anomalias / defeitos, já referidos e observados, retiram-se
indicadores de risco parciais (Rn), afectos a cada anomalia / defeito (esta avaliação tem como
base a durabilidade, segurança na utilização, concepção / construção de elementos
construtivos e condições de exposição referenciados no capítulo 3). Uma soma ponderada
destes indicadores de risco parciais (Rn), de acordo com a Eq. 3.5 no capítulo 3, permite a
obtenção dos indicadores de risco totais nos socos, peitoris e muretes / platibandas . Ora,
por fim através de uma média dos indicadores totais nos três elementos construtivos obtêm-se
os indicadores totais para cada fachada ( )).
4.3.1 Indicadores de risco em socos
Para cada fachada observada, verificaram-se anomalias em socos (Figura 4.6). Os resultados
individuais e detalhados de todas as anomalias nas fachadas (indicadores de risco para cada
anomalia, através da durabilidade, segurança na utilização, concepção / construção e
condições de exposição correspondentes) encontram-se nas fichas de inspecção (anexo -
fichas de inspecção).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Número de anomalias / defeitos (n)
Fach
ad
as
Anomalias / defeitos em fachadas (Telheiras)
Murete / Platibanda Peitoril Soco
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
71
Figura 4.6 – Exemplo de um soco (AR10 na Avenida do Rio de Janeiro)
De acordo com os critérios, pressupostos e fórmulas adoptados nas fichas de inspecção, em
conjunto com a definição das anomalias mais visíveis e importantes nos socos, foi possível,
numa perspectiva mais abrangente, avaliar o risco de deterioração de um soco. Para o total de
32 fachadas inspeccionadas na zona de Alvalade / Roma e Telheiras, os valores referentes aos
indicadores de risco para o soco são os apresentados nas Figuras 4.7 e 4.8. Note-se que, no
que diz respeito aos indicadores de risco, os valores variam de 0 a 100. Estes valores referem-
se ao grau de degradação de um soco face à acção da água para as diferentes fachadas,
sendo que 100 corresponde ao risco máximo de degradação de um soco e 0 ao valor mínimo
correspondente. Acima de tudo, este indicador de risco traduz e tem em conta as anomalias
existentes no elemento construtivo, assim como as características deste mesmo, as quais, na
eventualidade de não serem as mais adequadas para o caso em especifico, provocam o
aparecimento de mais anomalias e/ou agravam as presentes. Ou seja, a probabilidade de risco
de degradação de um elemento construtivo é tanto maior quanto maior for a sua propensão
para o surgimento de anomalias, que derivam de diversas razões, como os erros de concepção
e/ou construção, falta de manutenção, condições adversas de exposição (acção da chuva e
vento), entre outras.
No exemplo da fachada T5 (Figura 4.7), a inspecção permitiu observar que existiam duas das
cinco anomalias preconizadas à priori no soco (anexo - fichas de inspecção). Estas duas
anomalias / defeitos, “sujidade / manchas de humidade” e “ascensão capilar” apresentavam
uma durabilidade correspondente ao valor 5 para ambas, e uma segurança na utilização de 3
(sujidade / manchas de humidade) e 5 (ascensão capilar), que contabilizam uma soma de 8
(5+3) (sujidade / manchas de humidade) e 10 (5+5) (ascensão capilar) respectivamente. Por
outro lado, nestas anomalias / defeitos verificaram-se os valores de 3 para a concepção /
construção de elementos construtivos e condições de exposição, que somados contabilizam 6
(3+3) no total para cada anomalia / defeito. Ora, tendo em conta o efeito multiplicativo destes
critérios de severidade e probabilidade de risco (durabilidade, segurança na utilização,
concepção / construção de elementos construtivos e condições de exposição), para as
anomalias / defeitos considerados resulta então um indicador de risco parcial (Rn) de 48 (8*6)
Apresentação e discussão dos resultados
72
para a “sujidade / manchas de humidade” e de 60 (10*6) para a “ascensão capilar”. Através da
Eq. 4.5 no capítulo 3, estes valores de Rn conduzem a um indicador total de risco para o
soco, que corresponde ao valor aproximado de 47 neste caso.
Figura 4.7 – Indicador de risco de degradação em socos - (10 fachadas em Telheiras)
Figura 4.8 – Indicador de risco de degradação em socos - (22 fachadas em Alvalade / Roma)
5
17
29
20
47
31
5
26
44
28
0 20 40 60 80 100
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em socos (Telheiras)
29
43
45
32
25
33
29
24
24
24
24
29
50
33
38
37
19
33
20
29
20
39
0 20 40 60 80 100
AR1
AR2
AR3
AR4
AR5
AR6
AR7
AR8
AR9
AR10
AR11
AR12
AR13
AR14
AR15
AR16
AR17
AR18
AR19
AR20
AR21
AR22
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em socos (Alvalade / Roma)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
73
Nas Figuras 4.7 e 4.8 verifica-se que, num conjunto de fachadas pertencentes a edifícios
sensivelmente com a mesma idade e numa zona comum, os valores de indicador de risco dos
socos variam entre os 19 e os 50 aproximadamente. Estes valores reflectem, antes de mais,
uma significativa diversidade no estado de degradação dos socos. Note-se, ainda assim, que
em Alvalade / Roma existe uma mais notória homogeneidade nos resultados relativamente a
Telheiras.
Por outro lado, e de acordo com o capítulo anterior (trabalho de campo), a valores de
indicadores de risco acima dos 50 atribui-se a designação de “crítico” (grau de risco). Ou seja,
o soco correspondente encontra-se em estado crítico de degradação, requerendo acções de
manutenção e controlo de risco (Quadro 4.3). Para o caso da fachada T7, o soco apresenta um
indicador de risco total próximo do “crítico” com um valor de 47 (Figura 4.7).
Quadro 4.3 – Valores de indicadores de risco
Risco Indicador de risco geral
Descrição
Muito crítico 75 ≤ X < 100 Estado avançado de degradação do(s) elemento(s)
construtivo(s)
Crítico 50 ≤ X < 75 Necessidade de acções de manutenção
Significativo 25 ≤ X < 50 Necessidade de reavaliar alguns processos
Aceitável 0 ≤ X < 25 Aceitável
Refira-se que pela análise do Quadro 4.3, é possível observar que praticamente todos os socos
nas Figuras 4.7 e 4.8 estão abaixo do grau “crítico” (Figura 4.9), encontrando-se a grande
maioria no grau “significativo”.
Figura 4.9 – Anomalias em soco designado de “crítico” (AR13 na Rua Afonso Lopes Vieira)
Para casos que se encontrem nesta designação de “significativo” é aconselhável e expectável
reavaliar alguns processos, tanto de construção como de manutenção (Figura 4.10).
Apresentação e discussão dos resultados
74
Figura 4.10 – Anomalias em soco designado de “significativo” (AR4 na Avenida São João de Deus)
Por fim, ainda existem fachadas em que o grau de risco associado ao soco se situa no
“aceitável”, o que à data da inspecção não se prevê nenhuma acção de manutenção.
No caso particular dos socos, uma das anomalias mais visíveis prende-se com a ascensão
capilar, que tem a sua origem a partir da água proveniente do solo (Figuras 4.11 e 4.12).
Figura 4.11 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (22 fachadas em Alvalade / Roma)
36
36
50
36
25
40
36
30
30
30
30
36
60
36
40
36
20
36
25
36
25
48
0 20 40 60 80 100
AR1 AR2 AR3 AR4 AR5 AR6 AR7 AR8 AR9
AR10 AR11 AR12 AR13 AR14 AR15 AR16 AR17 AR18 AR19 AR20 AR21 AR22
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Ascensão capilar (Alvalade / Roma)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
75
Figura 4.12 – Indicador de risco de degradação relacionada com a ascensão capilar – (Rn) (10 fachadas em Telheiras)
Nas Figuras 4.11 e 4.12 observa-se que praticamente todos os socos apresentam problemas
com a ascensão capilar, com algumas diferenças de gravidade no risco de degradação. Este
tipo de anomalia pode originar outras anomalias, causar danos graves na destruição parcial
dos socos, e/ou ainda condicionar a normal circulação dos utentes que percorrem os espaços
próximos aos socos, exigindo-se acções periódicas de manutenção (Figura 4.13).
Figura 4.13 – Ascensão capilar em soco na fachada T2 – Rua Prof. Henrique Vilhena
Note-se que o soco é um elemento construtivo de fácil alcance a qualquer pessoa que circule
junto ao edifício, o que permite alertar para um maior cuidado na concepção / construção dos
socos, assim como na manutenção necessária ao seu bom desempenho em serviço. No intuito
de melhorar o problema da ascensão capilar, nomeadamente em socos de argamassa
cimentícia, nas zonas em que a ascensão capilar não provocou mais nenhum efeito a não ser
as manchas de humidade poder-se-á proceder da seguinte forma [BRITO, 2004]:
6
25
36
25
60
36
6
30
48
36
0 20 40 60 80 100
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Ascensão capilar (Telheiras)
Apresentação e discussão dos resultados
76
eliminar o revestimento até 50 cm acima das manchas de humidade;
utilizar solução ácida para lavagem do paramento;
fixar uma rede de metal galvanizado;
aplicar um reboco de drenagem (com espessura de 3 a 5 mm), endireitando com a
régua de forma a deixar a superfície rugosa e pronta a receber nova aplicação;
depois de deixar secar durante 12 horas efectuar nova aplicação (20 mm de
espessura);
aplicar acabamento final.
Refira-se que o reboco drenante evita o ressurgimento de manchas de humidade e evita a
destruição do revestimento através do armazenamento dos sais e do suporte das suas
expansões de forma. Para tal, é necessário que o reboco tenha uma adequada permeabilidade
ao vapor de água, assim como as tintas a aplicar não sejam impermeabilizantes.
4.3.2 Indicadores de risco em peitoris
Tal como os socos, também os peitoris apresentam um conjunto de anomalias / defeitos que
foram observadas e avaliadas, no intuito do risco de degradação de uma fachada (Figura 4.14).
Figura 4.14 – Anomalias em peitoril (AR9 na Avenida do Rio de Janeiro)
Os resultados obtidos relativos aos indicadores de risco de degradação em peitoris, na zona de
Alvalade / Roma e Telheiras, estão expressos nas Figuras 4.15 e 4.16.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
77
Figura 4.15 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (22 fachadas em Alvalade /
Roma)
Figura 4.16 – Indicador de risco de degradação em peitoris - (10 fachadas em Telheiras)
Pela análise das Figuras 4.15 e 4.16 é possível observar que a grande maioria dos valores de
indicadores de risco situam-se acima dos 50, significando que esses peitoris apresentam o
grau de Crítico. Assim é importante proceder-se a acções de manutenção e controle de risco
para os casos em questão. De um modo geral, os resultados são críticos e aproximadamente
66
70
51
55
50
72
57
57
57
53
57
53
55
55
49
57
41
57
50
57
47
57
0 20 40 60 80 100
AR1
AR2
AR3
AR4
AR5
AR6
AR7
AR8
AR9
AR10
AR11
AR12
AR13
AR14
AR15
AR16
AR17
AR18
AR19
AR20
AR21
AR22
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em peitoris (Alvalade / Roma)
48
58
57
50
57
56
48
57
70
55
0 20 40 60 80 100
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em peitoris (Telheiras)
Apresentação e discussão dos resultados
78
homogéneos entre si, o que demonstra o actual estado de deterioração dos peitoris, assim
como a falta de cuidado na pormenorização dos mesmos, tanto na concepção como na
construção, associados à falta de manutenção ao longo do tempo de vida útil. É ainda de notar,
numa comparação com os socos, que regra geral os peitoris encontram-se em pior estado de
degradação que os anteriores elementos construtivos, associados em grande parte à sua
deficiente / inexistente pormenorização de alguns pormenores construtivos (pingadeiras,
rasgos, de entre outros).
Nesta fase, importa então avaliar a inexistência de pingadeira, rasgos e inclinação nos peitoris
inspeccionados, assumindo-se como defeitos preponderantes e essenciais no desempenho em
serviço de uma fachada face à acção da água. Assim, na zona de Alvalade / Roma e Telheiras,
os resultados obtidos encontram-se apresentados nos Quadros 4.4 e 4.5.
Note-se, uma vez mais, que as abreviações adoptadas para as fachadas já foram referidas, e
ainda que cada fachada corresponde a um só edifício. A presença do número “1” nas células
corresponde à existência de determinado defeito em determinada fachada, sendo que a sua
inexistência será marcada com “-“. Pela análise dos Quadros 4.4 e 4.5 verifica-se que todos os
peitoris inspeccionados apresentam inexistência de pingadeira, e/ou rasgos, e /ou inclinação.
Ou seja, pelo menos um destes defeitos todos os peitoris apresentam, sendo que a grande
maioria revela mesmo a presença dos três defeitos.
Quadro 4.4 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Alvalade / Roma)
Fachadas Alvalade / Roma
Inclinação Pingadeira Rasgos
AR1 - X X
AR2 X X X
AR3 X X X
AR4 X X -
AR5 X X X
AR6 X X X
AR7 X X X
AR8 X X X
AR9 - X X
AR10 X X -
AR11 - X X
AR12 X X X
AR13 X - X
AR14 X - X
AR15 X X X
AR16 X X X
AR17 X - X
AR18 X X X
AR19 X X X
AR20 X X X
AR21 X X -
AR22 X X X
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
79
Quadro 4.5 – Inexistência de inclinação, pingadeira e/ou rasgos em peitoris (Telheiras)
Fachadas Telheiras
Inclinação Pingadeira Rasgos
T1 X X X
T2 - X X
T3 X X X
T4 X X X
T5 X X X
T6 X X X
T7 X X X
T8 X X X
T9 X X X
T10 X X -
Refira-se que se podem observar casos em que existe pingadeira, rasgos ou inclinação nos
peitoris, mas que não estão bem concebidos e/ou executados, e, por conseguinte, conduzem
também a problemas no seu correcto e eficaz desempenho em serviço. Todos estes resultados
revelam a falta de uma boa pormenorização nos peitoris, proporcionado um elevado risco de
degradação no combate à acção da água. Se por um lado, o número de peitoris
inspeccionados não permite, de um modo conclusivo, extrapolar e generalizar estes resultados
para toda a zona urbana de Lisboa ou mesmo Portugal, por outro lado os resultados são de tal
modo concordantes que evidenciam e permitem prever, com alguma convicção, todo o estado
dos peitoris na construção existente em Lisboa.
Para a resolução destas anomalias / defeitos exige-se a criação / melhoramento de pingadeiras
e rasgos nos peitoris, para que a água que aí se deposite não consiga permanecer demasiado
tempo e consequentemente não provoque o reaparecimento destas anomalias. Também é
importante, pela razão anteriormente referida, sempre que possível aumentar a inclinação e o
balanço destes peitoris [SILVA & TORRES, 2003].
4.3.3 Indicadores de risco em platibandas / muretes
Por seu lado, as platibandas / muretes apresentam também um conjunto de anomalias /
defeitos, que foram observadas e avaliadas no que diz respeito ao risco de degradação das
fachadas. Assim os resultados dos indicadores de risco encontrados, na zona de Alvalade /
Roma e Telheiras, encontram-se apresentados nas Figuras 4.17 e 4.18.
Apresentação e discussão dos resultados
80
Figura 4.17 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (22 fachadas em
Alvalade / Roma)
Figura 4.18 – Indicador de risco de degradação em muretes / platibandas - (10 fachadas em
Telheiras)
Estas Figuras 4.17 e 4.18 demonstram uma grande variedade nos resultados obtidos, pois
tanto existem muretes e platibandas com valores de risco acima dos 50, como valores de risco
30
52
49
51
30
64
52
24
29
6
30
9
40
28
47
55
14
49
43
51
43
55
0 20 40 60 80 100
AR1
AR2
AR3
AR4
AR5
AR6
AR7
AR8
AR9
AR10
AR11
AR12
AR13
AR14
AR15
AR16
AR17
AR18
AR19
AR20
AR21
AR22
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em muretes / platibandas (Alvalade / Roma)
23
44
54
46
55
50
5
53
62
21
0 20 40 60 80 100
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em muretes / platibandas (Telheiras)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
81
abaixo dos 25, situando-se o valor mais visível próximo dos 40. Assim sendo, um murete /
platibanda varia entre “crítico”, “significativo” e “aceitável”, o que pressupõe diferenças nas
acções a tomar para um melhor desempenho em serviço das fachadas. Um factor que talvez
explique as diferenças encontradas poder-se-á prender com a recente manutenção das
fachadas e seus constituintes. Ou seja, para o caso em que uma fachada tenha sofrido
manutenção num período próximo da data de inspecção, os resultados serão então
influenciados e afectados e, por conseguinte, menos anomalias serão visíveis e menor o risco
de degradação dos elementos construtivos.
A inexistência de capeamento, associado à também inexistência de pingadeira no mesmo,
corresponde a um defeito muito comum nas fachadas (Quadros 4.6 e 4.7).
Quadro 4.6 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Telheiras)
Fachadas Telheiras
Capeamento Pingadeira
T1 - -
T2 X X
T3 X X
T4 X X
T5 X X
T6 X X
T7 - -
T8 X X
T9 X X
T10 - -
Quadro 4.7 – Inexistência de capeamento e pingadeira nos muretes / platibandas (Alvalade / Roma)
Fachadas Alvalade / Roma
Capeamento Pingadeira
AR1 - -
AR2 X -
AR3 X X
AR4 X X
AR5 X X
AR6 X X
AR7 X X
AR8 - -
AR9 - -
AR10 - -
AR11 - -
AR12 - -
AR13 - -
AR14 - -
AR15 X -
AR16 X X
AR17 - -
AR18 X -
AR19 X X
AR20 X X
AR21 X X
AR22 X -
Apresentação e discussão dos resultados
82
Verifica-se então que existe uma falta de pormenorização nos capeamentos, pois em muitos
dos muretes / platibandas não se nota a presença de capeamentos, nem sequer pingadeira.
Estes são elementos construtivos muito importantes para a funcionalidade de uma fachada,
pois, no caso de preconizados à priori e de bem construídos, retardam o aparecimento de
anomalias (sujidade diferencial, entre outros), aumentam a durabilidade dos materiais
envolvidos, e mantêm o aspecto visual agradável da fachada por mais tempo. A resolução
deste tipo de anomalia / defeito, à semelhança dos peitoris, passa, numa primeira fase, por
uma limpeza e pintura da zona afectada, e em seguida pela criação de uma capeamento e/ou
pingadeira executados correctamente e adequados à situação em questão [SILVA & TORRES,
2003].
4.3.4 Outros indicadores de risco nos socos, peitoris e platibandas / muretes
Existem algumas anomalias / defeitos comuns a dois ou três elementos construtivos (soco,
peitoril e murete / platibanda). Neste subcapítulo importa então referenciar essas mesmas
anomalias e defeitos.
Nos socos, peitoris e muretes / platibandas, uma anomalia visível prende-se com a colonização
biológica que muito raramente é observada (Quadro 4.2). Por seu lado, o mesmo Quadro 4.2
permite observar que as eflorescências são anomalias mais visíveis que a colonização
biológica (Figura 4.19).
Figura 4.19 – Eflorescências em socos (AR13 – Rua Afonso Lopes Vieira)
Relacionadas com problemas de água / humidade, as eflorescências podem ser tratadas
naturalmente através da substituição do revestimento dos paramentos.
Os problemas derivados de sujidade / manchas de humidade são habitualmente visíveis em
qualquer fachada observada (Quadro 4.2), pois é natural o surgimento de sujidade nos
paramentos, em maior ou menos escala consoante diversos factores (Figura 4.20).
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
83
Figura 4.20 – Sujidade / manchas de humidade em socos (AR3 – Avenida São João de Deus)
Sendo este tipo de anomalia muito visível nas fachadas, e podendo apresentar grandes
amplitudes de gravidade e probabilidade de ocorrência, importa avaliar o seu estado de
degradação e, posteriormente, proceder a acções de manutenção. Para eliminação dos efeitos
visuais causados por estas anomalias, a pintura dos paramentos deve ser suficiente.
Os escorrimentos/sujidade diferencial são uma anomalia muito observada na fachada (Quadro
4.2), quer nas zonas adjacentes aos peitoris quer nos muretes / platibandas (Figura 4.21).
Figura 4.21 – Escorrimentos / sujidade diferencial (AR17 na Avenida de Roma)
Do total de fachadas observadas, uma importante percentagem de casos exibe sujidade
diferencial, tanto nos peitoris como nos muretes / platibandas (Figuras 4.22 e 4.23). Para além
do aspecto estético que estes escorrimentos evidenciam em toda a fachada, estes são algo
reveladores do grau de risco de degradação da fachada, que derivam de problemas
associadas à água / humidade. Juntamente com as anomalias relativas à sujidade / manchas
de humidade, visíveis um pouco por toda a fachada, os escorrimentos, não só deterioram os
elementos construtivos, mas também afectam o aspecto visual de um edifício, assumindo-se
como anomalias em que se exigem acções de manutenção periódica. No intuito de eliminar as
anomalias da “sujidade / manchas de humidade” e “escorrimentos / sujidade diferencial”, em
Apresentação e discussão dos resultados
84
termos de efeitos visuais, poder-se-á proceder à pintura do paramento. No entanto, a solução
ideal para os “escorrimentos / sujidade diferencial” passa pela correcta pormenorização dos
peitoris que reduzem significativamente os escorrimentos nas zonas próximas.
Figura 4.22 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (10 fachadas em Telheiras)
Figura 4.23 – Risco de degradação dos escorrimentos / sujidade diferencial – (Rn) (22 fachadas em Alvalade / Roma)
10
36 25
36
36 10
30
40
0 20 40 60 80 100
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Indicador de risco (0-100)
Fa
ch
ad
as
Escorrimentos / sujidade diferencial (Telheiras)
Muretes / Platibandas Peitoris
36
50 36
25 48
36 30
36
30
36
36
36
24
18
25 36
36
36
30
40
30 8
36 12
48
8
30
30 15
0 20 40 60 80 100
AR1
AR2
AR3
AR4
AR5
AR6
AR7
AR8
AR9
AR10
AR11
AR12
AR13
AR14
AR15
AR16
AR17
AR18
AR19
AR20
AR21
AR22
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Escorrimentos / sujidade diferencial (Alvalade/Roma)
Muretes / Platibandas Peitoris
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
85
Nesta fase importa referir que, algumas anomalias, como os escorrimentos / sujidade
diferencial, as manchas de humidade, entre outros, derivam, em parte, do aparecimento e
agravamento de anomalias anteriores a estas. Apesar de existirem causas próprias de cada
anomalia, o que mais reflecte a realidade, na degradação dos elementos construtivos, consiste
no facto de haver um conjunto de causas provenientes de anomalias adjacentes e anteriores,
que associadas às causas próprias deterioram o elemento construtivo. Por vezes verifica-se
mesmo um ciclo de efeitos, que se inicia numa anomalia originada por uma determinada
causa(s), que conduz a uma outra anomalia, a qual agrava a anterior e propicia o aparecimento
de novas anomalias. Serve este parágrafo para referir a problemática do par anomalia(s) /
causa(s), que na maioria dos casos não corresponde a uma ciência exacta, mas sim a um
conjunto de possibilidades e hipóteses possíveis de acontecer.
As Figuras 4.22 e 4.23 permitem reforçar a ideia de que as principais e mais recorrentes
causas possíveis prendem-se com os erros de concepção, de construção e a falta de
manutenção, a qual, por vezes, é mesmo necessária, dada a normal utilização ao longo dos
anos de vida útil de cada fachada.
4.3.5 Condições de exposição na fachada
Depois de uma perspectiva geral do estado de degradação das fachadas inspeccionadas no
trabalho de campo, em particular os socos, peitoris e muretes / platibandas, importa nesta fase
avaliar algumas características das fachadas em conjunto com os seus indicadores de risco,
para assim estabelecer algumas relações.
Assim é de realçar a importância da orientação da fachada nos resultados finais de um
determinado elemento construtivo, pois esta afecta as condições de exposição de uma
fachada, que muito propiciam e agravam as anomalias / defeitos visíveis. A orientação definida
como Norte, Sul, Este ou Oeste corresponde a uma orientação aproximada, pois se existem
casos em que efectivamente uma fachada se encontre virada por exemplo para Norte, na
maioria dos casos as fachadas têm orientações para Sudoeste, Nordeste, entre outros.
Adoptam-se então estas orientações apenas por uma questão de facilidade de utilização e de
melhor compreensão e análise nos resultados obtidos.
Nos Quadros 4.8 e 4.9, pode-se observar a relação entre a orientação de uma fachada (Norte,
Sul, Este ou Oeste) com o seu estado de degradação, quer em Alvalade / Roma quer em
Telheiras (indicador de risco). Refira-se que a abreviação ) diz respeito ao
indicador de risco total para cada fachada, contabilizando em termos médios os socos, peitoris
e platibandas / muretes.
Apresentação e discussão dos resultados
86
Quadro 4.8 – Orientação das fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras)
Orientação das fachadas
Número de fachadas
Média
( ))
Norte 8 36,7
Sul 9 47,1
Este 8 39,4
Oeste 7 40,6
Total 32 41,2
Quadro 4.9 – Indicadores de risco totais relacionados com a orientação da fachada (Alvalade / Roma e Telheiras)
Fachadas Orientação das fachadas (Norte, Sul, Este, Oeste)
)
AR1 Norte 41,5
AR2 Sul 54,9
AR3 Norte 48,4
AR4 Sul 45,7
AR5 Este 39,9
AR6 Sul 56,1
AR7 Este 46,1
AR8 Este 34,9
AR9 Oeste 36,6
AR10 Oeste 27,9
AR11 Oeste 36,8
AR12 Sul 30,6
AR13 Oeste 48,5
AR14 Este 38,7
AR15 Norte 44,3
AR16 Oeste 49,8
AR17 Este 25,0
AR18 Sul 46,4
AR19 Norte 37,8
AR20 Oeste 46,0
AR21 Norte 36,9
AR22 Este 50,4
T1 Norte 25,1
T2 Norte 40,0
T3 Sul 46,6
T4 Oeste 38,8
T5 Sul 53,0
T6 Este 45,9
T7 Norte 19,3
T8 Sul 45,4
T9 Sul 58,9
T10 Este 34,5
Nos Quadros 4.8 e 4.9, pode-se verificar que, apesar de não expectável, existe uma tendência
de o risco de degradação de uma fachada, seja num soco, peitoril ou murete / platibanda, ser
maior nas fachadas orientadas a Sul, seguindo-se as orientadas a Este ou Oeste e, por fim,
com menor risco de degradação nas fachadas orientadas a Norte. Este facto pode ser
explicado pela exposição solar constante ao longo de todo o dia de uma fachada orientada a
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
87
Sul, com mais ou menos horas de actividade solar dependente da estação do ano. Assim
sendo, para além de os elementos construtivos estarem sujeitos à incidência directa do Sol e a
fortes temperaturas durante longos períodos de tempo, estes sofrem variações bruscas de
temperatura e de humidade, passando por vezes de temperaturas próximas de zero durante a
noite, até temperaturas a rondar os 30 graus. Por outro lado, fachadas orientadas a Sul
apresentam em território Português uma predominância de incidência das águas das chuvas,
pois tendencialmente e estatisticamente verifica-se que a chuva em Portugal incide
maioritariamente em elementos virados para Sul. Deste modo, um qualquer soco, peitoril ou
murete / platibanda que esteja orientado a Sul terá à partida uma maior probabilidade de
degradação, associada ao aparecimento de anomalias (por exemplo as eflorescências, de
entre outras), essencialmente devido à exposição solar (temperatura e humidade) e à
incidência das águas das chuvas.
Apesar deste facto, e mesmo no que respeita às ditas condições de exposição definidas
anteriormente, a consideração isolada da orientação de uma fachada indica apenas uma causa
possível no aparecimento de uma anomalia, que conduza à progressiva deterioração da
fachada. No entanto, podem existir eventuais outros factores exteriores, ou de outra natureza,
que condicionem o risco de degradação e que alterem os resultados obtidos, pois para
fachadas com a mesma orientação é comum existir diversidade na avaliação do seu risco.
Com exemplo, na fachada AR2, orientada a Sul, observa-se um indicador de risco total
aproximado de 55 (grau “crítico”) (Quadro 4.9). Nesta fachada verificaram-se 15 anomalias /
defeitos para um total de 22 (Figura 4.24). As condições de exposição de uma fachada, não só
incluem a orientação de uma fachada, mas também outros factores (protecção da fachada,
proximidade do mar e de vias). É visível na Figura 4.24 a existência de vegetação que, em
parte, serve de protecção à fachada relativamente às águas das chuvas e à actividade solar,
constituindo então um elemento externo influenciador das condições de exposição a que a
fachada se encontra exposta. Porém, esta vegetação próxima da fachada causa alguns efeitos
negativos não relacionados com a acção da água, como por exemplo a presença de aves
causadoras de alguns danos materiais nos elementos construtivos.
Figura 4.24 – Vegetação como protecção aos agentes exteriores (AR2 na Rua Edison em Alvalade/Roma)
Apresentação e discussão dos resultados
88
Uma relação mais coerente e próxima da realidade será aquela em que se relacionam as
condições de exposição com uma escala de risco pertencente a uma fachada (ver capítulo 3).
Esta escala de risco, própria de cada fachada, tem conta a orientação da fachada, a protecção
da fachada (vegetação, de entre outros), proximidade ao mar e avias de trânsito. Os resultados
obtidos encontram-se nas Figuras 4.25 e 4.26. Os valores existentes na escala de risco variam
de 0 a 5, correspondendo o 5 ao valor potencial mais prejudicial para a fachada, de acordo com
as condições de exposição definidas anteriormente (descrição e justificação destes valores no
capítulo 3 - trabalho de campo).
Figura 4.25 – Valores das condições de exposição (10 fachadas em Telheiras)
Figura 4.26 – Valores das condições de exposição (22 fachadas em Alvalade / Roma)
1,5
1,5
2,5
2,0
2,5
2,5
2,0
3,0
5,0
3,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Escala de risco (0-5)
Fach
ad
as
Condições de exposição (Telheiras)
3,0
3,0
2,0
3,0
2,0
5,0
3,0
3,0
3,0
3,0
3,0
3,0
3,0
3,0
2,0
3,0
1,0
3,0
2,0
3,0
2,0
3,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
AR1 AR2 AR3 AR4 AR5 AR6 AR7 AR8 AR9
AR10 AR11 AR12 AR13 AR14 AR15 AR16 AR17 AR18 AR19 AR20 AR21 AR22
Escala de risco (0-5)
Fach
ad
as
Condições de exposição (Alvalade / Roma)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
89
Das Figuras 4.25 e 4.26 pode-se verificar, que numa escala de 1 a 5 para as condições de
exposição, quanto maior o valor obtido nestas maior o indicador de risco correspondente e, por
conseguinte, pior será o estado de degradação da fachada e seus constituintes (Quadro 2.1).
Dos factores que intervêm na definição das condições de exposição, o caso da orientação da
fachada já foi abordado, exigindo-se portanto mencionar os aspectos relacionados com a
protecção da fachada, a proximidade do mar e de vias.
No que respeita à protecção da fachada é importante diferenciar os casos de fachadas em que
existe vegetação (árvores, arbustos, entre outros), edifícios suficientemente próximos, ou outro
tipo de protecção, dos casos em que a fachada se encontra desprotegida. Daqui resulta que,
de um modo geral, são favoráveis, no combate à acção da água, elementos que sirvam de
protecção aos agentes exteriores (água das chuvas, vento, luz solar).
No caso da proximidade ao mar das fachadas, o aumento da distância beneficia a redução dos
problemas relacionados com anomalias em elementos construtivos, pois a proximidade ao mar
tende a alterar a composição do ar atmosférico e das substâncias nele presentes, as quais
propiciam o aparecimento de anomalias. Tal como o mar, a proximidade a vias de trânsito e/ou
pedonais condiciona o risco de degradação de uma fachada, pois a frequência e o tipo de
veículos que circulam na envolvente ao edifício prejudica e provoca, por vezes, a deterioração
dos seus elementos construtivos. Para além deste facto, a existência de pessoas a circular
junto da fachada acarreta uma preocupação e cuidado maiores no dimensionamento e
pormenorização dos seus elementos construtivos.
4.4 Síntese geral e resultados obtidos
Para o total de fachadas inspeccionadas, e tendo em conta os resultados obtidos para os
socos, peitoris e muretes / platibandas, é possível avaliar o risco de degradação da fachada
como um todo. Utilizando apenas uma média dos valores encontrados para os três casos
(soco, peitoril, murete / platibanda), os indicadores de risco para as fachadas na zona de
Alvalade / Roma e Telheiras encontram-se nas Figuras 4.27 e 4.28. Nas Figuras 4.27 e 4.28
verifica-se que os valores do indicador de risco variam entre os 25 e os 60 aproximadamente, e
portanto variam entre o grau de “significativo” e “crítico”. Refira-se que se considera o peso do
soco, peitoril e murete /platibanda em igualdade de circunstâncias para o cálculo do indicador
de risco para a fachada no geral, pois os três elementos construtivos são igualmente
importantes e essenciais para o desempenho em serviço de uma fachada.
Apresentação e discussão dos resultados
90
Figura 4.27 – Indicador de risco de degradação em fachadas – ) (22 fachadas em
Alvalade / Roma)
Figura 4.28 – Indicador de risco de degradação em fachadas - ) (10 fachadas em
Telheiras)
41
55
48
46
40
56
46
35
37
28
37
31
49
39
44
50
25
46
38
46
37
50
0 20 40 60 80 100
AR1
AR2
AR3
AR4
AR5
AR6
AR7
AR8
AR9
AR10
AR11
AR12
AR13
AR14
AR15
AR16
AR17
AR18
AR19
AR20
AR21
AR22
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em fachadas (Alvalade / Roma)
25
40
47
39
53
46
19
45
59
35
0 20 40 60 80 100
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
Indicador de risco (0-100)
Fach
ad
as
Avaliação do risco em fachadas (Telheiras)
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
91
Em termos gerais, é de salientar que as fachadas inspeccionadas necessitam de acções de
manutenção e de reavaliação de alguns processos de construção, pois é bem visível nalguns
casos o estado de degradação acentuado em que uma fachada se encontra (Figura 4.29).
Figura 4.29 – Fachada AR3 na Avenida São João de Deus
Importa referir que a amostra utilizada neste trabalho foi de 32 fachadas para edifícios distintos,
constituindo uma amostra capaz de se traduzir em algumas análises e pressupostos
interessantes e reveladores da construção actual em Lisboa. No entanto, e visto a amostra de
fachadas constituir apenas uma pequena percentagem das fachadas existentes em Lisboa, as
conclusões e análises retiradas terão a sua margem de erro e subjectividade.
Das anomalias e defeitos considerados nas fichas de inspecção, existem anomalias / defeitos
que são observadas mais vezes, conduzindo a elevados graus de degradação nas fachadas
(Quadro 4.10). Saliente-se que a abreviação ) corresponde ao risco de
degradação total por fachada, as abreviaturas “AR” e “T” dizem respeito à zona de Lisboa na
qual se efectuaram as inspecções (Alvalade / Roma e Telheiras), e ainda que o número “1”
significa a existência de uma determinada anomalia, e o número “0” à inexistência dessa
mesma anomalia.
O Quadro 4.10 permite demonstrar que, nos três elementos construtivos (soco, peitoril e
murete / platibanda), existem de facto anomalias / defeitos mais recorrentes que, por
conseguinte, são aquelas que mais carecem de atenção e cuidado nas acções de manutenção,
assim como na sua própria pormenorização em projecto e construção. Uma comparação entre
fachadas de uma mesma zona urbana (Alvalade / Roma ou Telheiras) permite afirmar que os
resultados são idênticos. Ou seja, em termos de número de anomalias / defeitos encontrados,
os três elementos construtivos (soco, peitoril e murete / platibanda) apresentam poucas
diferenças, com excepção de alguns casos particulares.
Apresentação e discussão dos resultados
92
Quadro 4.10– Indicadores de risco de degradação nas fachadas (32 fachadas)
Fachada
Anomalias em elementos construtivos
Socos Peitoris Muretes/Platibandas
Total 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
AR1 - - X X - - - X X X X X - - - X X X - - - 10 41,5
AR2 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X - 15 54,9
AR3 - X X X X - - X X X X X X - - X X X X X - 15 48,4
AR4 - X X X - - - X X X - X X - - X X - X X - 12 45,7
AR5 - - X X X - - X X X X X X - - X X - X X - 13 39,9
AR6 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 56,1
AR7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 46,1
AR8 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - - 10 34,9
AR9 - - X X - - - X X X X X X - X X X - - - - 11 36,6
AR10 - - X X - - - X X X - X - - - X X - - - - 8 27,9
AR11 - - X X - - - X X X X X X - - X X X - - - 11 36,8
AR12 - - X X - - - X X X X - - - - X X - - - - 8 30,6
AR13 - X X X - - - X X X X X X X X X X - - - - 13 48,5
AR14 - X X X X - - X X X X X X - X X X - - - - 13 38,7
AR15 - X X X X - - X X X X X - X X X - - X X - 14 44,3
AR16 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 49,8
AR17 - X X X - - - X X X X X X - - X X X - - - 12 25,0
AR18 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X - 14 46,4
AR19 - - X X - - - X X X X X X - - X - - X X - 11 37,8
AR20 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 46,0
AR21 - - X X - - - X X X X X - - - X X - X X - 11 36,9
AR22 - - X X - - - X X X X X X X - X X X X X - 14 50,4
T1 - - X X - - - X X X X X - - - X X - - - - 9 25,1
T2 - - X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 12 40,0
T3 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 46,6
T4 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 38,8
T5 - - X X - - - X X X X X X - - X X X X X - 13 53,0
T6 - X X X - - - X X X X X X - - X X - X X - 13 45,9
T7 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - - 10 19,3
T8 - - X X X - - X X X X X X - - X X X X X - 14 45,4
T9 - X X X X - - X X X X X X - - X X - X X - 14 58,9
T10 - - X X - - - X X X X X X - - X X - - - - 10 34,5
Socos: Muretes / Platibandas:
1 – Colonização biológica (plantas, fungos, entre outros); 1 – Colonização biológica (plantas, fungos, entre outros);
2 – Eflorescências / criptoflorescências; 2 – Eflorescências / criptoflorescências;
3 – Sujidade / manchas de humidade; 3 – Sujidade / manchas de humidade;
4 – Ascensão capilar; 4 – Escorrimentos / sujidade diferencial;
5 – Graffiti / vandalismo. 5 – Corrosão de guarda-corpos;
Peitoris: 6 – Inexistência de capeamento;
1, 2, e 3 iguais aos muretes / platibandas; 7 – Inexistência de pingadeira no capeamento;
4 – Inexistência de inclinação; 8 – Inexistência de tubo ladrão da laje.
5 – Inexistência de pingadeira;
6 – Inexistência de rasgos;
7 – Balanço suficiente;
8 – Escorrimentos / sujidade diferencial.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
93
De um modo geral, um número maior de anomalias numa fachada é sinal de um maior risco de
degradação neste e nos seus elementos construtivos. Este facto é visível no Quadro 4.10 e
pode também ser mais facilmente verificado a seguir:
2 fachadas apresentaram 8 anomalias ) (média) = 29,3;
1 fachada apresentou 9 anomalias ) (média) = 25,1;
4 fachadas apresentaram 10 anomalias ) (média) = 32,6;
4 fachadas apresentaram 11 anomalias ) (média) = 37,0;
6 fachadas apresentaram 12 anomalias ) (média) = 43,2;
8 fachadas apresentaram 13 anomalias ) (média) = 45,1;
5 fachadas apresentaram 14 anomalias ) (média) = 49,1;
2 fachadas apresentaram 15 anomalias ) (média) = 51,7.
Os resultados demonstram que, de facto, fachadas com mais anomalias conduzem a um maior
valor de indicador de risco de degradação ( )) (Figura 4.30).
Figura 4.30– Tendência dos resultados ) consoante o número de anomalias nas
fachadas
Com base no referido e no Quadro 4.10, e avaliando as fachadas e seus constituintes nas duas
zonas urbanas, pode-se referir que fachadas em edifícios mais antigos (Alvalade / Roma)
apresentam um número maior de anomalias / defeitos, em comparação com fachadas de
edifícios mais recentes que têm menos anomalias / defeitos (Telheiras). Este facto acontece
por existirem mais anos de “vida útil” nos edifícios mais antigos relativamente aos mais
recentes, o que conduz à presença de mais anomalias / defeitos (envelhecimento natural da
fachada). Por conseguinte, estas anomalias / defeitos levam a uma maior degradação da
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
RT
nf (f
ach
ad
a)
(méd
ia)
Número de anomalias (n)
Apresentação e discussão dos resultados
94
fachada, assim como do risco de a mesma e dos seus materiais se deteriorarem ainda mais.
Somando a estes factores, existe a falta de manutenção, e a menor pormenorização visível em
fachadas mais antigas. Apesar de nas últimas décadas se encontrarem ainda erros de
concepção / construção, a melhoria e o desenvolvimento dos métodos construtivos têm vindo a
crescer e a aperfeiçoar o desempenho em serviço dos elementos construtivos pertencentes às
fachadas.
É ainda de referir o facto de existirem anomalias que não foram observadas no terreno, mas
que, no entanto, figuram nas fichas de inspecção, como por exemplo a inexistência de tubo
ladrão da laje (anexo - fichas de inspecção). Apesar de estas anomalias não terem sido
observadas, existirão, porventura, outras fachadas de edifícios não estudadas neste trabalho,
que possuirão e terão na sua envolvente exterior problemas relacionados com estas. Assim, e
tendo em conta que se tratam de anomalias relevantes no combate face à acção da água
numa fachada, é preponderante incluí-las nas fichas de inspecção e tentar observar o risco de
degradação que as mesmas provocam. Note-se que, pontualmente, poderiam ter sido incluídas
outras anomalias / defeitos que não constam nas fichas de inspecções e que, num caso
específico de um soco, peitoril ou murete / platibanda, se justificasse a sua presença.
4.5 Conclusão do capítulo
Este capítulo de análise e discussão dos resultados procurou retirar algumas conclusões
acerca do estado de degradação das fachadas inspeccionadas, estabelecendo paralelismos
com a construção existente em Portugal, em particular a zona urbana de Lisboa. O Quadro
4.11 representa um resumo dos indicadores de risco totais de degradação obtidos para as
fachadas.
O Quadro 4.11 permite concluir que os edifícios inspeccionados encontram-se, de um modo
geral, num risco elevado de deterioração. Este facto pode ser explicado pela existência de
muitas anomalias / defeitos na maioria dos casos, para além da acrescida probabilidade de
ocorrência de mais anomalias e/ou do agravamento das anteriores.
Refira-se que dos três elementos construtivos considerados, soco, peitoril e murete /
platibanda, são os peitoris os que mais degradação apresentam, sendo que é de realçar a
notória falta de pormenorização dos peitoris. Esta inexistente pormenorização reflecte-se
sobretudo na ausência de inclinação, rasgos e pingadeira nos peitoris, que conduzem a
variadas anomalias nas zonas envolventes da fachada.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
95
Quadro 4.11 – Indicadores de risco de degradação nas fachadas (Alvalade / Roma e Telheiras)
Fachadas Indicador de Risco (0-100)
Socos Peitoris Muretes / Platibandas Fachada AR1 29,3 65,5 29,6 41,5
AR2 42,8 69,8 52,1 54,9
AR3 45,3 50,8 49,2 48,4
AR4 31,5 54,6 51,0 45,7
AR5 25,4 49,7 44,7 39,9
AR6 29,3 57,3 51,7 46,1
AR7 32,5 71,9 64,0 56,1
AR8 24,4 56,9 23,6 34,9
AR9 24,4 56,8 28,6 36,6
AR10 24,4 52,9 6,3 27,9
AR11 24,4 56,5 29,6 36,8
AR12 29,3 53,3 9,4 30,6
AR13 50,4 55,4 39,8 48,5
AR14 33,0 55,4 27,6 38,7
AR15 37,5 48,8 46,7 44,3
AR16 37,1 57,3 55,0 49,8
AR17 19,1 41,5 14,5 25,0
AR18 33,0 56,7 49,4 46,4
AR19 20,3 49,7 43,5 37,8
AR20 29,3 57,3 51,3 46,0
AR21 20,3 47,0 43,3 36,9
AR22 39,0 57,1 55,1 50,4
T1 4,9 47,8 22,8 25,1
T2 17,2 58,4 44,5 40,0
T3 29,3 56,5 53,9 46,6
T4 20,3 49,7 46,3 38,8
T5 46,8 57,3 55,0 53,0
T6 31,0 56,3 50,3 45,9
T7 4,9 48,4 4,7 19,3
T8 26,3 57,1 52,9 45,4
De acordo com o Quadro 4.12, estes factos conduzem a que exista, de facto, uma maior
existência dos graus “crítico” e “significativo” nas fachadas e seus elementos construtivos.
Quadro 4.12 – Valores de indicadores de risco (definição qualitativa)
Indicador de Risco
Grau de risco Indicador de risco
Muito Crítico (A) 75 ≤ X < 100
Crítico (B) 50 ≤ X < 75
Significativo (C) 25 ≤ X < 50
Aceitável (D) 0 ≤ X < 25
Outro aspecto importante prende-se com a idade do edifício a que pertence uma determinada
fachada. Pois, como seria de esperar, fachadas mais recentes (Telheiras) apresentam menos
anomalias / defeitos e um menor risco de degradação face à acção da água, por oposição a
fachadas mais antigas (Alvalade / Roma) (Quadro 4.11). Ainda que nas acções de inspecção
Apresentação e discussão dos resultados
96
não tenha sido possível apurar, com certeza rigorosa, a idade de cada fachada, através da
zona em que estão implantados, foi possível aferir sobre a longevidade da sua edificação.
A manutenção é um factor muito importante nesta avaliação do risco de degradação numa
fachada, no entanto, tal como a idade dos edifícios, tornou-se difícil afirmar que uma
determinada fachada sofreu acções de manutenção e/ou reabilitação num certo período da sua
vida útil.
Na Figura 4.31, encontra-se representada uma síntese dos resultados obtidos para as
fachadas, através da distribuição das mesmas pelo seu “grau de risco” (Quadro 4.12).
Figura 4.31 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco” (32 fachadas)
De facto, é o grau correspondente à designação “significativo” (84,4%) que representa a
maioria dos casos estudados, seguido do grau “crítico (12,5 %), e do grau “aceitável” (3,1%).
Uma nota importante para o facto de não se ter verificado o caso “muito crítico” para qualquer
uma das fachadas inspeccionadas, o que, em parte, pode ser explicado por eventuais acções
de manutenção em diversos períodos ao longo da vida útil do edifício que melhorem o
desempenho em serviço do mesmo. É ainda de realçar uma fatia algo considerável de casos
revelados como “críticos” e uma baixa percentagem de casos na zona “aceitável”, o que se
pode justificar pela idade avançada da grande parte dos edifícios observados (22 fachadas de
edifícios em Alvalade / Roma). Tendo em conta que na Figura 4.31 se verificou a existência de
84,4% de casos incidentes no grau “significativo”, importa subdividir esses casos, procurando
perceber melhor esse nível de risco de degradação (Figura 4.32).
0,0 12,5
84,4
3,1
Distribuição das fachadas pelo "grau de risco" (%)
Muito Crítico (A) Crítico (B) Significativo (C) Aceitável (D)
C
D B A
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
97
Figura 4.32 – Distribuição das fachadas pelo “grau de risco - significativo” (23 fachadas)
Da Figura 4.32, pode-se observar que, numa escala de 25 a 50 afecta ao grau “significativo” e
visível no Quadro 4.12, é no intervalo de 35 a 40 (34,8%) e no de 45 a 50 (34,8%) que incide a
grande maioria das 23 fachadas em questão. Assim, poder-se-á afirmar que mais de 70% das
fachadas ditas “significativas” aproximam-me muito mais do grau “crítico” do que do grau
“aceitável”, revelando um estado de degradação avançado.
Como conclusão de capítulo, é importante afirmar, uma vez mais, o estado avançado de
degradação generalizado das fachadas inspeccionadas em Alvalade / Roma e Telheiras,
resultando numa possível extrapolação para grande parte da zona urbana de Lisboa, assim
como uma preocupante probabilidade de risco de degradação algo elevada presente nas
fachadas e seus constituintes.
13,0
8,7
34,8 8,7
34,8
Distribuição das fachadas pelo "grau de risco - significativo" (%)
25 - 30 (1) 30 - 35 (2) 35 - 40 (3) 40 - 45 (4) 45 - 50 (5)
4
5 2 1
B
3
Apresentação e discussão dos resultados
98
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
99
5 Conclusões
5.1 Considerações gerais
Com o intuito de uma contínua melhoria da qualidade na construção em Portugal, destacar-se-
á a fase de concepção e de construção de um qualquer edifício, através de uma melhor e mais
adequada pormenorização das fachadas e seus elementos construtivos, procurando
estabelecer um planeamento eficaz para a manutenção periódica ao longo da vida útil.
A amostra de fachadas utilizada neste trabalho diz respeito à zona urbana Lisboa (32
fachadas), mais concretamente na zona de Alvalade / Roma e Telheiras, e refere-se a edifícios
com idades inferiores a 70 anos aproximadamente. A estratégia adoptada para as inspecções
às fachadas seguiu os objectivos e os critérios preconizados à priori, no que diz respeito a três
elementos construtivos essenciais (socos, peitoris e muretes/platibandas).
5.2 Conclusões finais
Em Portugal, existem ainda muitos erros observados por toda a construção, em particular em
fachadas de edifícios e no que se refere a erros de projecto, construção e manutenção. As
anomalias / defeitos são visíveis em todos os elementos que constituem uma fachada,
dependendo estas de muitos factores, como por exemplo a orientação da fachada, os materiais
utilizados nos elementos construtivos, ou ainda do tempo de vida útil à data da inspecção,
sendo que, de uma forma geral, as anomalias / defeitos verificam-se tanto nas fachadas /
muretes, vãos de fachadas e em varandas / palas. São frequentes determinados conjuntos de
anomalias / defeitos em alguns elementos construtivos, sendo que a natureza de tais
anomalias, associada à sua gravidade e probabilidade de ocorrência, fazem destas anomalias /
defeitos merecedores de destaque, assim como os elementos construtivos em que incidem
com maior preponderância.
Para o caso particular da acção da água como agente exterior de degradação, o conhecimento
do risco associado às fachadas e seus elementos construtivos, apesar de algo subjectivo, torna
possível a sua quantificação. Assim, é possível a avaliação do risco expressa num valor
(indicador de risco de degradação), que, por conseguinte, permite a distinção entre elementos
construtivos e fachadas por ordem de gravidade e rapidez de degradação num dado instante
da vida útil de um edifício.
Os resultados obtidos, a partir das fichas de inspecção, permitiram associar a cada anomalia /
defeito um indicador de risco, com base em critérios de severidade e probabilidade de risco
Conclusões
100
definidos à priori (durabilidade, segurança na utilização, concepção / construção de elementos
construtivos e condições de exposição da fachada). Estes indicadores de risco para cada
anomalia / defeito proporcionam, por sua vez, estabelecer um outro indicador de risco relativo
ao soco, peitoril e murete / platibanda. A conjunção dos vários indicadores de risco num só é
efectuada com base numa fórmula proposta nesta dissertação, que tem em conta diversos
factores e procura aproximar-se da realidade tanto quanto possível. Por último, e através de
uma média aritmética, entre os indicadores do soco, peitoril e murete / platibanda, estabeleceu-
se um indicador de risco total para cada fachada de um edifício. Os indicadores de risco estão
associados a níveis de risco distintos, consoante o seu grau de risco; ou seja, a cada indicador
de risco associou-se uma designação qualitativa (“muito crítico”, “crítico”, “significativo” e
“aceitável”, a qual proporcionou distinguir as várias fachadas através de uma descrição do
estado de degradação das mesmas, da probabilidade de ocorrência de anomalias nestas e/ou
da necessidade de acções de manutenção periódicas.
A amostra utilizada no âmbito deste trabalho consistiu em 32 fachadas em 32 edifícios
distintos, tanto em zonas mais antigas (Alvalade / Roma), como mais recentes (Telheiras). Os
resultados obtidos, em particular no número de anomalias / defeitos observados e nos
indicadores de risco, permitiram concluir alguns aspectos muito reveladores acerca do estado
da construção existente e praticada no país.
De um total de 21 anomalias / defeitos relacionados com a acção da água e possíveis para
cada fachada, em média observaram-se 12 por fachada, sendo que o mínimo de anomalias /
defeitos verificados foi de 8 (em 2 fachadas) e o máximo de 15 (em 2 fachadas). A maioria das
fachadas apresentou um número de anomalias / defeitos entre os 12 (em 6 fachadas), os 13
(em 8 fachadas) e os 14 (em 5 fachadas). Outro facto assinalável tem em conta os indicadores
de risco totais relativos a cada fachada, os quais são maiores em fachadas com mais
anomalias / defeitos, crescendo o valor do indicador de risco de degradação com o aumento do
número de anomalias / defeitos observados.
De um modo geral, as fachadas apresentam um tanto pior estado de degradação quanto maior
for a idade do edifício, em oposição aos edifícios mais recentes. No presente trabalho,
observou-se que, de um modo geral, as fachadas em Alvalade / Roma encontram-se mais
degradadas e têm maior probabilidade de ocorrência de anomalias / defeitos relativamente às
fachadas em Telheiras. Refira-se que não foi possível apurar a idade precisa das fachadas,
resultando estes comentários numa estimativa aproximada da sua idade que tem conta a zona
de implantação do próprio edifício.
Os resultados obtidos para os socos, como elementos construtivos primários face à acção da
água na fachada, revelaram um nível médio “significativo” de risco de degradação. Este nível
caracteriza-se pela necessidade de reavaliar alguns processos de concepção / construção,
assim como ponderar acções de manutenção periódicas. De uma forma geral, os socos
observados encontram-se num estado algo preocupante de deterioração, sendo que o seu
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
101
estado tenderá a agravar-se com o passar do tempo. Uma nota importante para a principal
anomalia visível nos socos, a ascensão capilar. Esta tem origem em problemas de água /
humidade, e apresenta-se como uma causa recorrente no aparecimento de mais anomalias,
condicionado o desempenho em serviço do soco.
De entre os três elementos construtivos na fachada, são os peitoris aqueles que, regra geral,
se apresentam em pior estado de degradação, com probabilidades elevadas de ocorrência de
anomalias. Esta facto acontece, não só pela existência de algumas anomalias nos peitoris, mas
também, e principalmente, pelos defeitos encontrados neles, pois a quase total falta de
pormenorização em peitoris afecta a generalidade dos casos estudados. Tendo em conta a
evidência dos resultados referidos, daqui se conclui que, tanto em edifícios mais antigos, como
nos mais recentes, a inexistência / insuficiência de pingadeiras, rasgos, inclinação, de entre
outros, é, de facto, um problema recorrente na construção em Lisboa, e até mesmo de
Portugal. Embora existam erros de concepção / construção nos peitoris, os resultados obtidos,
relativos aos indicadores de risco em peitoris, recaem sobretudo no nível “crítico”. Assim é de
boa prática proceder-se a acções de manutenção, requerendo o controlo e acompanhamento
do risco de degradação, ou , em último caso, à substituição do próprio peitoril.
À semelhança dos socos, os muretes / platibandas apresentam em média resultados
pendentes para o nível “significativo”, existindo mesmo alguns casos em que se considera
aceitável o seu estado de degradação. O principal problema destes elementos construtivos
prende-se com a falta de pormenorização nos capeamentos, que revela erros de concepção /
construção assinaláveis. Refira-se que a falta de cuidado na pormenorização em muretes /
platibandas, tal como nos peitoris, propicia o aparecimento de anomalias nas zonas correntes
das fachadas (escorrimentos e sujidade superficial), o que reforça a aposta numa melhoria em
serviço destes elementos.
Comparando entre si os socos, peitoris e muretes / platibandas, é possível afirmar que o
elemento observado mais prejudicial para a fachada, por ordem decrescente do risco de
degradação, é o peitoril, seguido do soco e, por último, murete / platibanda. Apesar de
igualmente importantes face à acção da água na fachada, de facto verificou-se uma tendência
dos resultados referidos, merecendo especial destaque o caso dos peitoris.
As condições de exposição de uma fachada influenciam o estado de degradação da mesma.
Ou seja, a orientação da fachada, a protecção da fachada (existência de árvores como
protecção, de entre outros), a proximidade ao mar e a vias de trânsito são factores externos
capazes de modificar as condições a que estão sujeitos os elementos construtivos de uma
fachada. Existindo um equilíbrio entre fachadas orientadas a Sul, a Norte, a Este ou Oeste,
poder-se-á afirmar que fachadas viradas a Sul terão mais tendência para apresentar anomalias
e, por conseguinte, de se degradarem mais rapidamente. Isto acontece pela constante
exposição solar da fachada ao longo do dia, assim como uma predominância nelas de
incidência das águas das chuvas em território português.
Conclusões
102
Considerando os indicadores de risco totais para cada fachada (soco, peitoril e murete /
platibanda), os resultados demonstram que a média das fachadas se situa no nível
“significativo”, com uma percentagem neste nível acima dos 80% considerando os 32 casos de
estudo, seguido do nível “crítico” com cerca de 12%. È importante referir que, dos 80% de
casos no nível “significativo”, mais de 70% encontra-se próximo do nível “crítico”. Ora estes
resultados alertam para a notória necessidade no planeamento de acções de manutenção
futuras, assim como realçam o actual estado de degradação generalizado das fachadas.
A manutenção corresponde a um factor bastante importante na análise da degradação de uma
fachada. Neste trabalho e dado o número de 32 fachadas inspeccionadas, não foi possível
averiguar a existência de acções de manutenção nos edifícios, nem o conhecimento da data de
uma eventual acção de manutenção. Ainda assim, o erro afecto a esta não consideração de
manutenção nas fachadas, abrange todos os casos. Refira-se que, na grande maioria dos
casos estudados, foi possível observar em trabalho de campo uma falta de manutenção
bastante notória, o que certamente permite afirmar, que a existirem acções de manutenção,
estas remontarão a períodos distantes no tempo.
A amostra utilizada consistiu num número capaz de se traduzir em algumas análises e
pressupostos interessantes e reveladores da construção actual em Lisboa e Portugal. No
entanto, e visto a amostra de fachadas constituir apenas uma pequena percentagem das
fachadas existentes em Lisboa, ainda que cuidadosamente escolhidas dentro de cada zona
definida, as conclusões e análises retiradas terão a sua margem de erro e subjectividade.
A metodologia proposta, de avaliação de fachadas e seus elementos construtivos face à acção
da água, permitiu atingir os objectivos definidos inicialmente, e que podem constituir uma
importante ferramenta na escolha das prioridades no campo da intervenção em fachadas de
edifícios.
Por fim, importa, uma vez mais, destacar a necessidade de acções de manutenção periódicas
durante a vida útil de uma fachada, assim como uma melhoria da qualidade dos projectos,
atenta à pormenorização de elementos construtivos face à acção da água, que impeçam o mau
desempenho em serviço dos mesmos.
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
103
5.3 Recomendações de desenvolvimento futuro
Com esta dissertação, desenvolveram-se conhecimentos que permitiram avaliar o risco de
degradação das fachadas face à acção da água e, principalmente, no que diz respeito aos
seus principais elementos construtivos. No entanto, após a realização desta dissertação,
ficaram ainda por analisar e estudar outros elementos construtivos na fachada ou mesmo no
interior do edifício, os quais são influenciados e/ou agravados pela acção prejudicial da água.
Neste sentido, considera-se importante que no futuro se desenvolvam os seguintes temas:
avaliação do risco no comportamento face à acção do vento (relação água-vento) de
elementos construtivos em fachadas de edifícios correntes;
a acção da água no interior do edifício (na interface exterior / interior);
planeamento de acções de manutenção / estratégias de intervenção de elementos
construtivos em fachadas de edifícios;
manual de qualidade na pormenorização de elementos construtivos de fachadas em
fase de concepção e de construção;
desenvolvimento e melhoria do método proposto de avaliação do risco face à água em
elementos construtivos de fachadas.
Conclusões
104
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
105
Bibliografia
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CALEJO, R. ; WESTCOT. P. – Sistema pericial de apoio ao diagnóstico de patologias em
edifícios. Porto: FEUP, 2003. 1º Encontro nacional sobre patologia e reabilitação de
edifícios;
CAMPANTE, E. – Metodologia para diagnóstico, prevenção e recuperação de
manifestações patológicas em revestimentos cerâmicos de fachada. São Paulo: Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, 2001. Tese para obtenção do grau de Doutorado
em Engenharia Civil;
CIB W86 – Building Pathology: a state of the art report. Netherlands: CIB, 1993. CIB Report;
CSCAE – Manual de Mantenimiento de Edifícios. Madrid: Consejo Superior de los Colegios
de Arquitectos de España, 1999;
CURCIO, D.; PITANGA, F.; CASTRO, P. – Inspecção de edificações residenciais. Rio de
Janeiro: Universidade Federal Fluminense, s.d.. Prestação de serviços para o sistema de
seguro habitacional brasileiro;
FLORES-COLEN, I. – Estratégias de manutenção – elementos da envolvente de edifícios
correntes. Lisboa: IST, 2002. Dissertação de Mestrado em Construção, 186 p.;
Bibliografia
106
FLORES-COLEN, I. – Metodologia de avaliação do desempenho em serviço de fachadas
rebocadas na óptica da manutenção predictiva. Lisboa: IST, 2009. Dissertação de
Doutoramento em Construção, 487 p.;
FLORES-COLEN, I. ; BRITO, J. de – Anomalias em fachadas de edifícios correntes. Porto:
FEUP, 2003. PATORREB;
FREITAS, V. de – Transferência de humidade em paredes de edifícios – análise do
fenómeno de interface. Porto: FEUP, 1992. Dissertação de Doutoramento em Engenharia
Civil, 200 p.;
GAMA, V. – Recomendações para a concepção arquitectónica da envolvente dos edifícios
na perspectiva da durabilidade. Porto: FEUP, 2005. Dissertação para obtenção do grau de
Mestre em Reabilitação do Património Edificado, 105 p.;
GARRAND, C. – HAPM Guide to Defect Avoidance. Londres e Nova Iorque, 2001. HAPM
Publications Ltd, 115 p.;
GASPAR, P. ; BRITO, J. de – Mapping defect sensivity in external mortar renders. Lisboa:
2005b. Construction and Building Materials;
GASPAR, P. – Vida útil das construções: Desenvolvimento de uma metodologia para a
estimativa de durabilidade de elementos da construção. Aplicação a rebocos de edifícios
correntes. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2008. Dissertação para obtenção do grau de
Doutor em Ciências da Engenharia;
GUILAM, M. – O conceito de risco: sua utilização pela epidemiologia, engenharia e ciências
sociais. Rio de Janeiro: UERJ, 1996. Dissertação para obtenção do grau de mestre em
Medicina;
HELENE, P. – Vida útil das estruturas de concreto armado sob o ponto de vista da corrosão
da armadura. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993. Seminário de dosagem e
controle dos concretos estruturais, 30 p.;
KONDO, S. – Subsídios para selecção dos principais revestimentos de fachada de edifícios.
São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2003. Monografia para
obtenção do Título de Especialista em Tecnologia e Gestão da Produção de Edifícios, 71 p.;
LOPES, T. – Fenómenos de pré-patologia em manutenção de edifícios – Aplicação ao
revestimento ETICS. Porto: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2005.
Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Reabilitação do Património Edificado,
257 p.;
PETRUCCI, H. – A alteração da aparência das fachadas dos edifícios: interacção entre as
condições ambientais e a forma construída. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 2000. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, 107 p.;
PONTES, J. ; COSTA, A. – Anomalias mais frequentes em edifícios antigos em Lisboa.
Lisboa: LNEC, 1994. Proceedings do 2º Encontro – Encontro sobre Conservação e
Reabilitação de Edifícios, vol.II, pp.777-784;
RAMOS, N. – A importância da inércia higroscópia no comportamento higrotérmico dos
edifícios. Porto: FEUP, 2007. Dissertação de Doutoramento em Engenharia Civil, 270 p.;
Avaliação do risco face à água de elementos construtivos em fachadas de edifícios
107
RIBEIRO, P. – Estuques antigos: caracterização construtiva e análise patológica. Lisboa:
IST, 2000. Dissertação de mestrado em construção;
SENGE - Secção de Engenharia – Relatório Técnico das condições de conservação das
fachadas do edifício-sede do INPI. Rio de Janeiro (Praça de Mauá, nº7): INPI, 2007.
Relatório técnico do INPI, 36 p.;
SILVA, J. ; TORRES, M. – Deficiências do desempenho dos peitoris na protecção das
fachadas contra a acção da água. Porto: FEUP, 2003. 1º Encontro Nacional sobre Patologia
e Reabilitação de Edifícios (PATORREB, 2003), 11 pp.;
SOUSA, M. – Patologia da Construção – Elaboração de um catálogo. Porto, FEUP, 2004.
Dissertação para obtenção do grau de Mestre em construção de edifícios, 199 p.;
VEIGA, M.; AGUIAR, J. – Definição de estratégias de intervenção em revestimentos de
edifícios antigos. Porto: FEUP, 2003. 1º Encontro nacional sobre patologia e reabilitação de
edifícios;
VICENTE, R. – Patologia das paredes de fachada – Estudo do comportamento mecânico
das paredes de fachada com correcção exterior das pontes térmicas. Coimbra: FCTUC,
2002. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, 292 p.;
VICENTE, R.; SILVA, J.; VARUM, H. – Observação, registo e diagnóstico de anomalias em
edifícios no âmbito da reabilitação urbana. Lisboa: LNEC, 2006;
VILHENA, A. – Anomalias devidas à humidade na superfície corrente de paredes. Lisboa:
LNEC, 2002. Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Física, Área de Especialização:
Ambiente em Edifícios;
Sites
www.ine.pt (consultado a 25/06/2011)
ANEXOS
Anexo A
Ficha de inspecção AR2 (Alvalade / Roma)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Dados gerais
Localização do edifício:
Local de implantação:
Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X
Tipologia do edifício:
X
Tipologia dos revestimentos:
Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos
Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos
Placas de pedra artificial Betão à vista
Outros:
Tipologia das paredes exteriores:
Paredes de pano simples X Materiais:
Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X
Betão
Pedra natural
Outros:
Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:
Madeira X X Madeira Madeira
Alumínio Alumínio Pedra natural X
Aço Aço / Ferro X Metal
PVC Betão
Soco: Varandas:
Ladrilhos cerâmicos Betão armado X
Ladrilhos hidráulicos Pedra
Placas de pedra natural X Metálica
Placas de pedra artificial
Argamassa cimentícia
Duplos
Rua Edison nº5 - Lisboa
Isolado
Multifamiliar Unifamiliar
Peitoris:
Simples
Pág. 1/2
Caso de estudo nº AR2 Ano da Construção:
Data de inspecção: 15-04-2011 Obras de manutenção:
Pág. 2/2
Caso de estudo: AR2 Avaliação de fachadas
1+2=3 4+5=6 3×6=R
1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W 6 6 36
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36
4 - Ascensão capilar N E S W 6 6 36
5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 8 6 48
42,8
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36
4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 8 64
5 - Inexistência de pingadeira N E S W 10 8 80
6 - Inexistência de rasgos N E S W 10 8 80
7 - Balanço insuficiente N E S W 8 8 64
8- Escorrimentos N E S W 6 6 36
69,8
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E N W 6 6 36
4 - Escorrimentos N E N W 6 6 36
5 - Corrosão de guarda-corpos N E N W 6 6 36
6 - Inexistência de capeamento N E N W 8 8 64
7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E N W 6 6 36
8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0
52,1
54,9
Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)
- - - -
5 3 5 3
3 3 3 3
3 3 3 3
3
- - - -
3 3 3
- - -
3 3 3
5 3 5 3
3
3 3 3 3
-
5 5 5 3
5 5 5 3
3 3 3 3
5 3 5 3
- -
- -
3
3
3
3
Indicador
de risco
(R)
4
Concepção/
Construção
(C1-5)
5
Condições de
exposição
(E1-5)
-
3
3
- -
3
3
-
3
5
-
3
3
3
1
Durabilidade
(D1-5)
3
3So
co
3
-
Total (RTFachada)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Total (RTPlatibandas/Muretes)
Pla
tib
an
das / M
ure
tes
Peit
ori
s
Total (RTSoco)
Total (RTPeitoris)
2
Segurança
utilização
(U1-5)
- -
Pormenores / Elementos
Construtivos (anomalias)
Orientação
da fachadaPont.
(S2-10)
Pont.
(P2-10)
Anexo B
Ficha de inspecção AR3 (Alvalade / Roma)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Dados gerais
Localização do edifício:
Local de implantação:
Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X
Tipologia do edifício:
X
Tipologia dos revestimentos:
Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos
Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos
Placas de pedra artificial Betão à vista
Outros:
Tipologia das paredes exteriores:
Paredes de pano simples X Materiais:
Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X
Betão
Pedra natural
Outros:
Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:
Madeira X X Madeira Madeira
Alumínio Alumínio Pedra natural X
Aço Aço / Ferro Metal
PVC Betão X
Soco: Varandas:
Ladrilhos cerâmicos Betão armado X
Ladrilhos hidráulicos Pedra
Placas de pedra natural X Metálica
Placas de pedra artificial
Argamassa cimentícia
Duplos
Avenida São João de Deus nº 39 - Lisboa
Isolado
Multifamiliar Unifamiliar
Peitoris:
Simples
Pág. 1/2
Caso de estudo nº AR3 Ano da Construção:
Data de inspecção: 15-04-2011 Obras de manutenção:
Pág. 2/2
Caso de estudo: AR3 Avaliação de fachadas
1+2=3 4+5=6 3×6=R
1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W 10 5 50
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 10 5 50
4 - Ascensão capilar N E S W 10 5 50
5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 5 5 25
45,3
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 5 30
4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 7 56
5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 7 56
6 - Inexistência de rasgos N E S W 8 7 56
7 - Balanço insuficiente N E S W 8 7 56
8- Escorrimentos N E S W 10 5 50
50,8
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 10 5 50
4 - Escorrimentos N E S W 10 5 50
5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W 10 5 50
6 - Inexistência de capeamento N E S W 8 7 56
7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W 8 7 56
8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0
49,2
48,4
Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)
- - - -
5 3 5 2
5 3 5 2
5 5 3 2
5
- - - -
5 5 3
- - -
5 3 2
5 3 5 2
2
5 5 3 2
-
5 3 5 2
5 3 5 2
3 3 3 2
5 3 5 2
- -
- -
3
3
2
2
Indicador
de risco
(R)
4
Concepção/
Construção
(C1-5)
5
Condições de
exposição
(E1-5)
-
2
2
- -
5
5
-
5
2
-
5
5
5
1
Durabilidade
(D1-5)
3
3So
co
3
-
Total (RTFachada)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Total (RTPlatibandas/Muretes)
Pla
tib
an
das / M
ure
tes
Peit
ori
s
Total (RTSoco)
Total (RTPeitoris)
2
Segurança
utilização
(U1-5)
- -
Pormenores / Elementos
Construtivos (anomalias)
Orientação
da fachadaPont.
(S2-10)
Pont.
(P2-10)
Anexo C
Ficha de inspecção AR10 (Alvalade / Roma)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Dados gerais
Localização do edifício:
Local de implantação:
Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X
Tipologia do edifício:
X
Tipologia dos revestimentos:
Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos
Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos
Placas de pedra artificial Betão à vista
Outros:
Tipologia das paredes exteriores:
Paredes de pano simples X Materiais:
Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X
Betão
Pedra natural
Outros:
Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:
Madeira X Madeira Madeira
Alumínio X Alumínio Pedra natural X
Aço Aço / Ferro X Metal
PVC Betão
Soco: Varandas:
Ladrilhos cerâmicos Betão armado X
Ladrilhos hidráulicos Pedra
Placas de pedra natural X Metálica
Placas de pedra artificial
Argamassa cimentícia
Duplos
Avenida do Rio de Janeiro nº 16 - Lisboa
Isolado
Multifamiliar Unifamiliar
Peitoris:
Simples
Pág. 1/2
Caso de estudo nº AR10 Ano da Construção:
Data de inspecção: 15-04-2011 Obras de manutenção:
Pág. 2/2
Caso de estudo: AR10 Avaliação de fachadas
1+2=3 4+5=6 3×6=R
1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 5 6 30
4 - Ascensão capilar N E S W 5 6 30
5 - Graffitis / Vandalismo N E S W - - 0
24,4
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 5 6 30
4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 8 64
5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 8 64
6 - Inexistência de rasgos N E S W - - 0
7 - Balanço insuficiente N E S W 8 8 64
8- Escorrimentos N E S W - - 0
52,9
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 2 4 8
4 - Escorrimentos N E S W 2 4 8
5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W - - 0
6 - Inexistência de capeamento N E S W - - 0
7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W - - 0
8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0
6,3
27,9
Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)
- - - -
- - - -
- - - -
1 1 1 3
-
- - - -
1 1 1
- - -
- - -
5 3 5 3
3
- - - -
-
5 3 5 3
- - - -
2 3 3 3
5 3 5 3
- -
- -
-
-
3
3
Indicador
de risco
(R)
4
Concepção/
Construção
(C1-5)
5
Condições de
exposição
(E1-5)
-
-
-
- -
2
2
-
-
-
-
-
3
3
1
Durabilidade
(D1-5)
3
3So
co
-
-
Total (RTFachada)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Total (RTPlatibandas/Muretes)
Pla
tib
an
das / M
ure
tes
Peit
ori
s
Total (RTSoco)
Total (RTPeitoris)
2
Segurança
utilização
(U1-5)
- -
Pormenores / Elementos
Construtivos (anomalias)
Orientação
da fachadaPont.
(S2-10)
Pont.
(P2-10)
Anexo D
Ficha de inspecção T8 (Telheiras)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Dados gerais
Localização do edifício:
Local de implantação:
Gaveto Banda / Extremo X Banda / Meio
Tipologia do edifício:
X
Tipologia dos revestimentos:
Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos
Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos
Placas de pedra artificial Betão à vista
Outros:
Tipologia das paredes exteriores:
Paredes de pano simples X Materiais:
Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo X
Betão
Pedra natural
Outros:
Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:
Madeira X Madeira Madeira
Alumínio X Alumínio Pedra natural X
Aço Aço / Ferro X Metal
PVC Betão
Soco: Varandas:
Ladrilhos cerâmicos Betão armado X
Ladrilhos hidráulicos Pedra
Placas de pedra natural Metálica
Placas de pedra artificial
Argamassa cimentícia X
Peitoris:
Simples
Duplos
Pág. 1/2
Caso de estudo nº T8 Ano da Construção:
Data de inspecção: Obras de manutenção:05-06-2011
Rua Prof. Vitor Fontes nº8 - Lisboa
Isolado
Multifamiliar Unifamiliar
Pág. 2/2
Caso de estudo: T8 Avaliação de fachadas
1+2=3 4+5=6 3×6=R
1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 5 6 30
4 - Ascensão capilar N E S W 5 6 30
5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 5 6 30
26,3
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36
4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 8 64
5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 8 64
6 - Inexistência de rasgos N E S W 8 8 64
7 - Balanço insuficiente N E S W 8 8 64
8- Escorrimentos N E S W 5 6 30
57,1
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 6 36
4 - Escorrimentos N E S W 5 6 30
5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W 5 6 30
6 - Inexistência de capeamento N E S W 8 8 64
7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W 8 8 64
8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0
52,9
45,4
Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)
- - - -
5 3 5 3
5 3 5 3
2 3 3 3
2
- - - -
3 3 3
- - -
3 3 3
5 3 5 3
3
2 3 3 3
-
5 3 5 3
5 3 5 3
3 3 3 3
5 3 5 3
- -
- -
-
3
3
3
Indicador
de risco
(R)
4
Concepção/
Construção
(C1-5)
5
Condições de
exposição
(E1-5)
-
-
3
- -
2
2
-
-
2
-
-
3
3
1
Durabilidade
(D1-5)
3
3So
co
3
-
Total (RTFachada)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Total (RTPlatibandas/Muretes)
Pla
tib
an
das / M
ure
tes
Peit
ori
s
Total (RTSoco)
Total (RTPeitoris)
2
Segurança
utilização
(U1-5)
- -
Pormenores / Elementos
Construtivos (anomalias)
Orientação
da fachadaPont.
(S2-10)
Pont.
(P2-10)
Anexo E
Ficha de inspecção T9 (Telheiras)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Dados gerais
Localização do edifício:
Local de implantação:
Gaveto Banda / Extremo Banda / Meio X
Tipologia do edifício:
X
Tipologia dos revestimentos:
Tradicionais com pintura X Ladrilhos cerâmicos
Placas de pedra natural Ladrilhos hidráulicos
Placas de pedra artificial Betão à vista
Outros:
Tipologia das paredes exteriores:
Paredes de pano simples X Materiais:
Paredes de pano duplo Alvenaria de tijolo
Betão
Pedra natural
Outros:
Caixilharias: Envidraçados: Guarda-Corpos:
Madeira Madeira Madeira
Alumínio X X Alumínio Pedra natural X
Aço Aço / Ferro X Metal
PVC Betão
Soco: Varandas:
Ladrilhos cerâmicos Betão armado X
Ladrilhos hidráulicos Pedra
Placas de pedra natural X Metálica
Placas de pedra artificial
Argamassa cimentícia
Peitoris:
Simples
Duplos
Pág. 1/2
Caso de estudo nº T9 Ano da Construção:
Data de inspecção: Obras de manutenção:05-06-2011
Rua Prof. Fernando da Fonseca nº22 - Lisboa
Isolado
Multifamiliar Unifamiliar
Pág. 2/2
Caso de estudo: T9 Avaliação de fachadas
1+2=3 4+5=6 3×6=R
1 2 3 5 1 3 5 1 3 5 1 2 3 5
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W 5 8 40
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 6 8 48
4 - Ascensão capilar N E S W 6 8 48
5 - Graffitis / Vandalismo N E S W 5 8 40
44,0
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 2 6 12
4 - Inexistência / insuficiência de inclinação N E S W 8 10 80
5 - Inexistência de pingadeira N E S W 8 10 80
6 - Inexistência de rasgos N E S W 8 10 80
7 - Balanço insuficiente N E S W 8 10 80
8- Escorrimentos N E S W 5 8 40
70,3
1 - Colonização biológica (plantas, fungos, etc) N E S W - - 0
2 - Eflorescências / criptoflorescências N E S W - - 0
3 - Sujidade / manchas de humidade N E S W 2 6 12
4 - Escorrimentos N E S W 5 8 40
5 - Corrosão de guarda-corpos N E S W - - 0
6 - Inexistência de capeamento N E S W 8 10 80
7 - Inexistência de pingadeira no capeamento N E S W 8 10 80
8 - Inexistência de tubo ladrão da laje N E S W - - 0
62,4
58,9
Severidade do risco (S) Probabilidade de risco (P)
- - - -
5 3 5 5
5 3 5 5
2 3 3 5
-
- - - -
1 1 1
- - -
- - -
5 3 5 5
5
2 3 3 5
-
5 3 5 5
5 3 5 5
1 1 1 5
5 3 5 5
- -
- -
3
3
5
5
Indicador
de risco
(R)
4
Concepção/
Construção
(C1-5)
5
Condições de
exposição
(E1-5)
-
5
5
- -
3
3
-
2
2
-
3
3
3
1
Durabilidade
(D1-5)
3
3So
co
3
-
Total (RTFachada)
Fachadas de edifícios face à acção da água
Ficha de Inspecção
Total (RTPlatibandas/Muretes)
Pla
tib
an
das / M
ure
tes
Peit
ori
s
Total (RTSoco)
Total (RTPeitoris)
2
Segurança
utilização
(U1-5)
- -
Pormenores / Elementos
Construtivos (anomalias)
Orientação
da fachadaPont.
(S2-10)
Pont.
(P2-10)