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s408 Avaliação do termômetro auricular em cães normotérmicos Evaluation of the auricular thermometer in normothermic dogs Valdo Pereira Alencar-Júnior 1 , Monally Aquino 1 , Roberta Carareto 2 & Marlos Gonçalves Sousa 2 1 Graduação, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ). Universidade Federal do Tocantins (UFT). Campus de Araguaína/TO. 2 EMVZ-UFT. E-mail: [email protected] ABSTRACT Auricular temperature was compared to rectal temperature obtained by use of several clinical thermometers in healthy normothermic dogs. Correlations were shown to exist between the auricular and rectal temperatures. Also, a correlation existed between the measurements of auricular temperature done by two observers. Results substantiated that measuring body temperature with auricular thermometers is a reliable procedure, although the thermometer should be satisfactorily positioned in the ear channel to obtain a consistent temperature. Key words: thermometry, temperature, fever, hypothermia INTRODUÇÃO Termômetros baseados na elevação da coluna de mercúrio são, atualmente, o método mais difundido e mundial- mente aceito para verificação da temperatura corporal central [1,3,5]. Entretanto, encontram-se disponíveis no mercado vários outros tipos de termômetro, como por exemplo, o termômetro digital e o auricular, sendo este último bastante utilizado na medicina pediátrica, pela praticidade na mensuração instantânea da temperatura quando introduzido no pavilhão auricular [5,6]. Exceto por poucas descrições, o uso de termômetros auriculares ainda não é popular na medicina veterinária [2,4,6,8]. Dessa forma, este experimento objetivou avaliar o uso do termômetro auricular em cães, correlacionando os resultados com mensurações da temperatura corporal obtidas por técnicas convencionais de termometria. MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizados 20 cães, clinicamente sadios, com peso médio de 10,1 Kg, sem predileção por sexo, idade ou raça, selecionados aleatoriamente a partir dos casos clínicos apresentados ao Hospital Veterinário da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína. Os animais foram avaliados em ambiente climatizado, cuja temperatura média foi de 26,8 ± 1,9 o C e a umidade relativa do ar média de 56,2 ± 8,2 % ao longo da realização do experimento. A temperatura corporal foi aferida de diferentes formas, a saber: termômetro de coluna de mercúrio em contato com a mucosa retal por três minutos (T-3min); termômetro de mercúrio em contato com a mucosa retal até a estabilização da coluna (T-estab); termômetro digital em contato com a mucosa retal até a indicação auditiva de término da mensuração (T-dig); e termômetro auricular até a indicação auditiva de término da mensuração (T-auric-1). Especificamente para a mensuração da temperatura com o termômetro auricular, foram feitas três mensurações seqüenciais e calculou-se a média aritmética das mesmas, sendo tal valor considerado como o resultado da temperatura auricular. Subseqüentemente, um segundo observador não conhecedor dos resultados previamente obtidos aferiu novamente a temperatura com o termômetro auricular (T-auric-2) de forma similar à efetuada pelo primeiro observador. Os dados foram analisados pelo teste de correlação de Pearson para determinar a relação entre T-auric-1 e T-3min; T-auric-1 e T-estab; T-auric-1 e T-dig. Também se procedeu o mesmo teste para determinar a repetibilidade entre observadores, comparando-se T-auric-1 e T-auric-2. Para todas as análises considerou-se P<0,05 como estatisticamente significativo. RESULTADOS As temperaturas médias obtidas em T-estab, T-3min, T-dig, T-auric-1 e T-auric-2 (em graus Celsius) foram de 38,4 ± 0,6; 38,8 ± 0,5; 38,6 ± 0,5; 38,7 ± 0,6 e 38,7 ± 0,4, respectivamente. Os intervalos de confiança (95%) foram de 38,1 a 38,7; 38,5 a 39,0; 38,4 a 38,9; 38,5 a 39,0 e 38,5 a 38,9, respectivamente. As correlações dos resultados foram significativas entre T-auric-1 e T-3-min (r 2 =0,5646; P=0,0001), T- auric e T-estab (r 2 =0,5389; P=0,0002), T-auric-1 e T-dig (r 2 =0,5290; P=0,0003) e T-auric-1 e T-auric-2 (r 2 =0,5701; P=0,0001). DISCUSSÃO Embora bastante popular na medicina pediátrica, a real capacidade de mensurar a temperatura central em cães permanecia questionável dada a escassez de estudos [2,4,6,8]. Ainda assim, a possibilidade de aferição da temperatura por via auricular é promissora, tendo em vista a rapidez e na sua obtenção [8]. Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s408-s409, 2007. ISSN 1678-0345 (Print) ISSN 1679-9216 (Online)

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s408

Avaliação do termômetro auricular em cães normotérmicos

Evaluation of the auricular thermometer in normothermic dogs

Valdo Pereira Alencar-Júnior 1, Monally Aquino 1, Roberta Carareto 2 & Marlos Gonçalves Sousa 2

1Graduação, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ).Universidade Federal do Tocantins (UFT). Campus de Araguaína/TO. 2EMVZ-UFT.

E-mail: [email protected]

ABSTRACT

Auricular temperature was compared to rectal temperature obtained by use of several clinical thermometers in healthynormothermic dogs. Correlations were shown to exist between the auricular and rectal temperatures. Also, a correlation existed betweenthe measurements of auricular temperature done by two observers. Results substantiated that measuring body temperature with auricularthermometers is a reliable procedure, although the thermometer should be satisfactorily positioned in the ear channel to obtain a consistenttemperature.

Key words: thermometry, temperature, fever, hypothermia

INTRODUÇÃO

Termômetros baseados na elevação da coluna de mercúrio são, atualmente, o método mais difundido e mundial-mente aceito para verificação da temperatura corporal central [1,3,5]. Entretanto, encontram-se disponíveis no mercado váriosoutros tipos de termômetro, como por exemplo, o termômetro digital e o auricular, sendo este último bastante utilizado namedicina pediátrica, pela praticidade na mensuração instantânea da temperatura quando introduzido no pavilhão auricular[5,6]. Exceto por poucas descrições, o uso de termômetros auriculares ainda não é popular na medicina veterinária [2,4,6,8].Dessa forma, este experimento objetivou avaliar o uso do termômetro auricular em cães, correlacionando os resultados commensurações da temperatura corporal obtidas por técnicas convencionais de termometria.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados 20 cães, clinicamente sadios, com peso médio de 10,1 Kg, sem predileção por sexo, idade ouraça, selecionados aleatoriamente a partir dos casos clínicos apresentados ao Hospital Veterinário da Escola de MedicinaVeterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína. Os animais foram avaliados em ambienteclimatizado, cuja temperatura média foi de 26,8 ± 1,9oC e a umidade relativa do ar média de 56,2 ± 8,2 % ao longo darealização do experimento.

A temperatura corporal foi aferida de diferentes formas, a saber: termômetro de coluna de mercúrio em contatocom a mucosa retal por três minutos (T-3min); termômetro de mercúrio em contato com a mucosa retal até a estabilização dacoluna (T-estab); termômetro digital em contato com a mucosa retal até a indicação auditiva de término da mensuração (T-dig);e termômetro auricular até a indicação auditiva de término da mensuração (T-auric-1). Especificamente para a mensuraçãoda temperatura com o termômetro auricular, foram feitas três mensurações seqüenciais e calculou-se a média aritmética dasmesmas, sendo tal valor considerado como o resultado da temperatura auricular. Subseqüentemente, um segundo observadornão conhecedor dos resultados previamente obtidos aferiu novamente a temperatura com o termômetro auricular (T-auric-2)de forma similar à efetuada pelo primeiro observador.

Os dados foram analisados pelo teste de correlação de Pearson para determinar a relação entre T-auric-1 e T-3min;T-auric-1 e T-estab; T-auric-1 e T-dig. Também se procedeu o mesmo teste para determinar a repetibilidade entre observadores,comparando-se T-auric-1 e T-auric-2. Para todas as análises considerou-se P<0,05 como estatisticamente significativo.

RESULTADOS

As temperaturas médias obtidas em T-estab, T-3min, T-dig, T-auric-1 e T-auric-2 (em graus Celsius) foram de 38,4± 0,6; 38,8 ± 0,5; 38,6 ± 0,5; 38,7 ± 0,6 e 38,7 ± 0,4, respectivamente. Os intervalos de confiança (95%) foram de 38,1 a 38,7;38,5 a 39,0; 38,4 a 38,9; 38,5 a 39,0 e 38,5 a 38,9, respectivamente.

As correlações dos resultados foram significativas entre T-auric-1 e T-3-min (r2=0,5646; P=0,0001), T- auric e T-estab(r2=0,5389; P=0,0002), T-auric-1 e T-dig (r2=0,5290; P=0,0003) e T-auric-1 e T-auric-2 (r2=0,5701; P=0,0001).

DISCUSSÃO

Embora bastante popular na medicina pediátrica, a real capacidade de mensurar a temperatura central em cãespermanecia questionável dada a escassez de estudos [2,4,6,8]. Ainda assim, a possibilidade de aferição da temperatura porvia auricular é promissora, tendo em vista a rapidez e na sua obtenção [8].

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s408-s409, 2007.

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Alencar-Júnior V.P., Aquino M., Carareto R. & Sousa M.G. 2007. Avaliação do termômetro auricular em cães normotérmicos.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s408-s409.

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Embora a aferição auricular neste estudo tenha resultados que se enquadram no padrão de temperatura retalpara cães [1,7], há que se considerar que as correlações obtidas entre temperatura retal e auricular eventualmente poderiamser maiores. Tal fato deve-se ao excesso de cerúmen presente nos condutos auditivos de muitos dos animais incluídos napesquisa. Neste caso, optou-se por não remover o excesso de secreção ceruminosa para evitar que os animais pudessem seagitar, com conseqüente hipertermia, bem como para similar uma situação clínica real, na qual os animais seriam submetidosà termometria auricular da forma como fossem apresentados no consultório.

Estudo semelhante realizado em cães hipotérmicos evidenciou uma forte correlação entre temperatura retal eauricular [6]. Outra pesquisa mostrou que mesmo em cães com otite externa a aferição da temperatura auricular correlaciona-se com a mensuração por via retal [2]. Termômetros auriculares já foram, inclusive, avaliados quanto à sua capacidade demensuração da temperatura retal. Embora de aplicação questionável, um estudo recente mostrou a possibilidade de utili-zação desses termômetros inseridos diretamente na ampola retal [8].

Quanto à repetibilidade dos resultados, a correlação de 57% entre os dois observadores foi considerada mode-rada. Tal fato possivelmente reflete a necessidade de adequado posicionamento do termômetro auricular, com sua sondaintegralmente posicionada no interior do conduto auditivo, aproximando-se sobremaneira da membrana timpânica. Consi-derando-se que a maioria dos termômetros auriculares disponíveis no mercado foi anatomicamente desenhada para oconduto auditivo humano, ressalta-se a importância de atentar para que a mensuração seja efetuada com o equipamentoadequadamente posicionado para minimizar a obtenção de temperaturas falsamente diminutas. É interessante notar que,mesmo quando se utiliza o termômetro de coluna de mercúrio para determinação da temperatura retal, é possível aocorrência de valores discrepantes entre dois avaliadores. Este fato, assim como na mensuração da temperatura auricular,está provavelmente relacionado com o inadequado posicionamento do bulbo do termômetro diretamente em contato coma mucosa retal.

CONCLUSÃO

A correlação positiva entre a temperatura retal e auricular verificada neste estudo pode substanciar a utilizaçãode termômetros auriculares para mensuração da temperatura corpórea na prática veterinária. Entretanto, é interessanteressaltar que a implementação dessa técnica como padrão ouro de aferição da temperatura corpórea em cães ainda dependede uma avaliação comparativa incluindo um maior número de cães saudáveis, bem como utilizando-se de cães febris.

REFERÊNCIAS

1 Cunningham J.G. 2004. Tratado de Fisiologia Veterinária. Rio de janeiro: Guanabara Koogan. pp.550-561.2 González A.M., Mann A., Preziosi D.E., Meadows R.L. & Wagner-Mann C.C. 2002. Measurements of body temperature by use of auricular

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s410-s412, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Criptococose meningoencefálica e cutânea em cão

Canine meningoencephalitis caused by Cryptococcus neoformans

Camila Paraboni 1, Polliana A. Franco 2, Fabiana M.M. Bergamo 3, & Alda I. Souza 4

1Residente em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais do Programa de Residência Médico-Veterinária da UNIDERP. 2Residente emPatologia Clínica do Programa de Residência Médico-Veterinária da UNIDERP. ³Professora Dra do Curso de Medicina Veterinária da

UNIDERP. 4Professora MSc do Curso de Medicina Veterinária da UNIDERP.E-mail: ______

ABSTRACT

Cryptococcus neoformans is frequently found in excrements of birds and can infect the nervous system of dogs when inhaled,causing ataxia, convulsion, paresia and depression. The cutaneous infection is more frequent in cats. The diagnosis is concluded byidentification of the agent in citopathologic examination and culture. This paper reports a case of cryptococcal meningoencephalitis in a dog,that also presented the cutaneous form.

Key words: Cryptococcus neoformans, meningoencephalits, cutaneous, dog.

INTRODUÇÃO

Cryptococcus neoformans é uma levedura saprófita, de distribuição mundial, encontrada no solo e nas fezes deaves, principalmente de pombos [1,2-4,13], causadora de infecção sistêmica em diversas espécies animais e no homem [5,8-

10,12,13]. Acomete, de forma oportunista indivíduos imunossuprimidos [3,5,7,8,12-14,16,17]. Gatos são mais comumente infectadosque cães [2,3,9,12,13,17]. A principal via de infecção é a respiratória, através da inalação do agente [1,3-5,8-10,12,13], ocorrendodisseminação do mesmo por via hematógena [8,9,12,13] e linfática [3,8,16]. Há, ainda, relatos de infecção do sistema nervosocentral (SNC) através da contigüidade da cavidade nasal até a lâmina cribriforme [4,9,12,13]. Em cães, o sistema nervoso centralé o local mais comum para a infecção por Cryptococcus [3,4,8,16,17]. Alguns sinais clínicos incluem erosões, ulcerações e fístulascutâneas [12,13], abscessos cutâneos [13], paresia [12,16], ataxia [4,12,13,16,17], convulsões [16,17], depressão [4,12,13] e nistagmocom inclinação de cabeça [3]. Sinais inespecíficos também têm sido detectados, tais como hiporexia [8,13] e perda de pesoprogressiva [8].

O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais e exames específicos (citopatológico, histológico, cultura e sorologia)[12,13,15,19]. Amostras de líquor, urina, fragmentos de tecidos e aspirado de lesões cutâneas são utilizadas nos exames.

Anfotericina B, 5-flucitosina e cetoconazol são alguns fármacos usados na criptococose de cães e gatos [3,17,18],apesar da terapia não ter demonstrado bons resultados na infecção no SNC, já que essas drogas não alcançam concentraçõesterapêuticas eficazes no mesmo, sem gerar reações [16]. A associação de itraconazol e flucitosina pode obter sucesso notratamento quando utilizada por um longo período (6-12 meses) [13], apesar do prognóstico ser grave [3,17].

RELATO DE CASO

Um cão da raça boxer, fêmea, de 3 anos, foi atendido no Hospital Veterinário da UNIDERP, Campo Grande – MS,com histórico de aparecimento de nódulos na região frontal, no masséter e logo acima do focinho há vários dias. Observava-se ainda, anorexia, vômito e emagrecimento progressivo. O animal vivia em uma fazenda, em contato com aves de diversasespécies. O exame físico revelou desidratação acentuada, mucosas normocoradas, temperatura retal de 37,5 oC e ataxialeve. Apesar de ser internado para terapia de suporte, manifestou piora do quadro clínico, com tetraparesia, vômitos econvulsões persistentes, depressão e nistagmo com inclinação de cabeça, culminando com seu óbito em 5 dias.

O hemograma manteve-se dentro dos valores normais. A avaliação citopatológica dos nódulos revelou a presençade inúmeras formas fúngicas leveduriformes, de cápsula espessa, sugestivas de Cryptococcus neoformans, além de poucaresposta inflamatória composta predominantemente por neutrófilos, visualizados através da coloração de Panótico. A aná-lise do líquor revelou aspecto levemente turvo, alcalino, com 20 células/mm3, 71,2mg/dl de glicose, 371,2mg/dl de proteínas,ausência de sangue e Teste de Pandy positivo. As culturas das amostras dos nódulos e do líquor foram realizadas em meiode ágar Sabouraud-Dextrose com adição de antibióticos, havendo crescimento de colônias de aspecto mucóide, brilhantee coloração branco-amarelada. Para diferenciação de outras espécies de Criptococcus, utilizou-se meio de cultivo diferencialdifenóicos Ágar Níger, com crescimento de colônias de coloração marrom.

À necropsia, observou-se a presença de dois nódulos sobre o osso nasal e região frontal, de aproximadamente2 e 6 cm de diâmetro, consistência gelatinosa e coloração esbranquiçada. A massa frontal infiltrava-se na musculatura eossos adjacentes, causando atrofia muscular do lado esquerdo, avançando através da calota craniana, comprimindo ohemisfério encefálico direito. Observou-se ainda, presença de edema e secreção sanguinolenta na traquéia e pulmões.

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Paraboni C., Franco P.A., Bergamo F.M.M. & Souza A.I. 2007. Criptococose meningoencefálica e cutânea em cão.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s410-s412.

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DISCUSSÃO

O fato de que o animal convivia com aves comprova a origem da infecção, uma vez que o Cryptococcus é comumenteencontrado nas fezes desses animais [9].

Cães com idade entre um e sete anos e de raças de grande porte são mais suscetíveis à infecção por Cryptococcus[8], o que pôde ser observado no presente caso.

Os nódulos cutâneos provavelmente se originam da disseminação hematógena do fungo [7], tendo essas massasaspecto tumoral [2]. Essas lesões cutâneas ocorrem apenas em 25% dos cães com criptococose [3], demonstrando que opresente relato pode ser considerado relativamente incomum.

Sinais inespecíficos como anorexia, vômitos e perda de peso progressiva são comuns na criptococose nervosaem cães [8,16] e foram observados neste caso.

Em cães, há acometimento do SNC em 50 a 80% dos casos de infecção por Cryptococcus [16]. Os sinais neuroló-gicos observados são compatíveis com os mais citados na literatura; convulsões [16], depressão, ataxia, paresia [8,16] e nistagmocom inclinação de cabeça, caracterizando a meningoencefalite fúngica [3].

A ausência de alterações hematológicas já havia sido descrita em alguns animais [16]. Os achados da cultura dosnódulos e do líquor são compatíveis com os descritos na literatura [6,10,11,19,20], assim como a pleocitose neutrofílica e hiper-globulinemia no liquor [16,22] e a resposta inflamatória piogranulomatosa [19,21,23].

A presença de massas expansivas de material translúcido e gelatinoso, com tendência a projetar-se do órgãoafetado, deslocando-o, encontradas na necropsia, está descrita na literatura [9]. Os achados na traquéia e pulmões justificam-se pela tendência do fungo em causar lesões pulmonares [2], já que a via respiratória é a sua porta de entrada preferencial[2,3,7].

É consenso entre os autores que os protocolos de tratamento da criptococose no sistema nervoso de cães neces-sitam de mais estudos, especialmente no que diz respeito a drogas mais eficazes e com menos efeitos colaterais, e ao tempode terapia. Não foi possível instituir a terapia neste caso devido à rápida evolução do quadro.

O controle da população de pombos pode ser importante para a prevenção da doença nos animais, além decontrolar enfermidades subjacentes e uso prolongado de corticosteróides [1].

CONCLUSÃO

Este relato ressalta a importância de se considerar a criptococose nas lesões cutâneas e meningoencefalites decães, apesar de serem mais freqüente em gatos, especialmente se houver contato com aves.

REFERÊNCIAS

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Lavado traqueobrônquico auxiliado por endoscópiorígido ou por tubo endotraqueal em cães

Tracheobronchic washing in dogs by means of rigid endoscopy or endotracheal tube

Paula Cristina Basso 1, Heloísa Helena Alcântara Barcellos 2, Maurício Veloso Brun 3, Laura BeatrizRodrigues 4, Carlos Eduardo Bortolini 5, Luciane Melatti 6, João Francisco Scalco Neto 6, Paulo Vinícius

Bastiani 6, Stella De Faria Valle 4, Luciana Ruschel Dos Santos 3 & Bianca Bertoletti 7

1Aluno de pós-graduação, Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/RS. 2Professora mestre, Cursode Medicina Veterinária, Universidade de Passo Fundo (UPF)/RS. 3Professor doutor, Curso de Medicina Veterinária-UPF. 4Professoramestre, Curso de Medicina Veterinária-UPF/RS. 5Aluno de pós-graduação, Curso de Medicina Veterinária-UFRGS. 6Graduação, Curso

de Medicina Veterinária-UPF/RS. 7Residente, Curso de Medicina Veterinária-UPF/RS.E-mail: [email protected]

ABSTRACT

The present study was carried out aiming to evaluate the results of rigid endoscopy and endotracheal tube techniques forcollecting tracheobronchic liquid from dogs. Were used twenty eight dogs. In group 1, tracheobronchic washing was applied to sevenhealthy dogs and seven dogs with clinical signs of respiratory disease. In group 2, seven healthy and seven dogs with respiratory diseasewere submitted to endo-bronchial washing by rigid endoscopy. Using rigid endoscopy, a less volume was introduced but a higher percentageof washing liquid was recovered. There was no difference regarding the time necessary to perform both techniques. Bacterial counts washigher in samples collect by rigid endoscopy, but there was not difference in total nucleated cell counts from these samples. Thus, the useof rigid endoscopy to collect tracheobronchic liquid was found to be advantageous in relation to the conventional technique using endotra-cheal tube.

Key words: tracheobronchic wash, endotracheal tube, rigid endoscopy, dogs.

INTRODUÇÃO

A técnica de colheita do fluído do lavado broncoalveolar por meio de broncoscopia flexível leva a vantagem sobrea técnica tradicional por permitir a visibilização das estruturas do aparelho respiratório e detectar possíveis alterações morfológicas,além de permitir a visão direta da colheita em locais mais específicos e a obtenção de biópsia do trato respiratório [4]. Noentanto, em muitas instituições ainda existe a indisponibilidade do broncoscópio flexível. Nesse contexto, o presente trabalhotem como objetivo comparar as vantagens e desvantagens da técnica experimental de colheita do fluido traqueobrônquicoguiada por endoscopia rígida com a técnica convencional em que se utiliza apenas tubo endotraqueal.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados 28 cães, quatorze formaram o grupo controle (Grupo 1), sete sadios (G1A) e sete com doençarespiratória (G1B), os quais foram submetidos à técnica de colheita de lavado traqueobrônquico por meio de tubo endotraqueal.Os quatorze cães restantes formaram o grupo experimental (Grupo 2), e foram submetidos à técnica de colheita de lavadotraqueobrônquico guiada por endoscópio rígido, sendo sete sadios (G2A) e os demais com doenças respiratórias (G2B).Nos Grupos 1A e 1B, os animais foram pré-medicados com maleato de acetilpromazina 0,2% e sulfato de morfina e induzidoscom tiopental sódico. Os cães foram posicionados em decúbito esternal, e com o auxílio de um laringoscópio foi introduzidauma sonda gástrica número 12 ou 20 no interior da traquéia, sendo o tamanho da sonda associado ao peso corporal doanimal. Foi infundido de 5 a 13ml/kg de solução de NaCl 0,9% estéril. Após a infusão foram realizadas sucessivas aspiraçõesdo líquido com seringa de 60ml.

Nos Grupo 2A e 2B, os cães foram submetidos à mesma tranqüilização e anestesia citada acima. O procedimentode acesso à luz traqueal foi similar ao descrito anteriormente, no qual foi empregada uma sonda gástrica estéril número 12,introduzida através do traqueotubo, mantendo-se o animal em decúbito ventral. Em seguida, foi retirado o traqueotubo eintroduzido no interior da traquéia um endoscópio rígido de 10mm e zero graus, acoplado a um sistema de vídeo. Foi infundidode 1 a 2ml/kg de NaCl 0,9%. Posteriormente, foram realizadas sucessivas aspirações do líquido com seringas de 60ml. Paraa análise citológica, o fluído traqueobrônquico foi acondicionado em tubos com EDTA, e a contagem total de células nucleadasfoi realizada em câmara de Newbauer. As amostras destinadas à cultura bacteriana foram acondicionadas em frascosestéreis sendo posteriormente plaqueado 10µl em ágar MacConkey, manitol e ágar sangue.

As variáveis de medida analisadas para comparar as técnicas foram duração do procedimento de colheita,volume de solução fisiológica infundida por quilograma corporal e porcentagem de fluido broncoalveolar recuperado. Paracomparar a eficácia das técnicas foram analisados a contagem de células nucleadas totais e contagem de unidades forma-doras de colônias por mililitro (UFC/ml) de fluído traqueobrônquico coletado. Os dados foram analisados estatisticamentepor teste-T, considerando as diferenças como significativas quando p<0,05.

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Basso P.C., Barcellos H.H.A., Brun M.V., Rodrigues L.B., Bortolini C.E., Melatti L., Scalco Neto J.F., Bastiani P.V., Valle S.F.,Santos L.R. & Bertoletti B. 2007. Lavado traqueobrônquico... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s413-s415.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todos os animais foi possível realizar o exame proposto. A ausência de diferença significativa na duração deambas as técnicas testadas (G1 = 6,8±2,9 minutos; G2 = 8,5±3,3 minutos), sugere que o fator tempo não é uma limitação paraexecução do procedimento guiado por endoscopia rígida, o qual mostrou-se mais valioso do que a convencional.

A utilização da traqueoscopia rígida para a coleta do fluido traqueobrônquico demonstrou resultados próximosaos da broncoscopia flexível, pois permitiu visibilizar as estruturas anatômicas do trato respiratório e o local de colheita dofluído infundido possibilitando o recolhimento de amostras de fluido traqueobrônquico em quantidades significativas e dealto valor diagnóstico [4].

A quantidade de solução fisiológica infundida no G1 foi em média 7,57 ±2,59 ml/kg, ou seja, aproximadamenteseis vezes maior que o volume necessário nos cães do G2 (1,21 ±0,43 ml/kg). Essa diferença altamente significativa podeser atribuída à impossibilidade de visibilização das vias aéreas com a técnica por tubo endotraqueal, dificultando o proce-dimento de colheita. A redução na quantidade infundida é importante, visto que diminuiu o risco de desenvolvimento dehipóxia causado por edema alveolar e colapso alveolar durante o procedimento [1].

A porcentagem de solução salina recuperada na técnica guiada por endoscópio rígido foi de 36,0±16,6%, o que semostrou significativamente maior que a recuperada na técnica do tubo endotraqueal (15,6±10,0%). Isso ocorreu porque oendoscópio permitiu visibilizar exatamente o melhor local para posicionar a extremidade da sonda gástrica durante a sucção,evitando dessa forma possíveis complicações associadas à infusão de grande quantidade de líquido [3]. Durante o procedi-mento de colheita dos cães do G2 verificou-se que logo após a introdução do instrumento, em todos os cães, ocorreu sonda-gem seletiva em um dos brônquios principais, fato que obrigava tracionar a sonda até altura anterior a bifurcação. Isso sugereque como a técnica convencional não permite a visibilização, muito provavelmente a intubação também se tornou seletiva,que é desvantajoso visto que pode lavar o parênquima pulmonar que não está afetado na presença de doenças respiratórias,causando um resultado falso negativo [2]. A indisponibilidade de endoscópios de diferentes tamanhos na instituição dosautores impossibilitou a execução da técnica endoscópica em cães com menos de 8kg. Essa limitação não foi observada natécnica de colheita através de tubo endotraqueal. Durante o procedimento no G2, 30% dos cães sofreram pequenas sufusõese equimoses na mucosa traqueal, em virtude da dificuldade de manipulação e passagem do instrumento no interior do órgão.Tal condição teria menor possibilidade de ocorrência caso fosse empregado endoscópio de menor diâmetro.

Os resultados da cultura bacteriana quantitativa revelaram diferença significativa (p<0,05) comparando a contagemde unidades formadoras de colônias (UFC) por mililitro de fluído traqueobrônquico coletado dos animais do G2 (4,60±0,60 log)em relação aos do G1 (4,03±0,91 log). Esses dados podem ser atribuídos ao menor volume de solução fisiológica infundida,refletindo na concentração das amostras obtidas, o que propicia maior possibilidade de crescimento bacteriano [5]. Na análisecitológica ficou evidente que não ocorreu diferença entre a contagem de células nucleadas dos cães do G1 (866,66±1445,4células/ml) em comparação com os do G2 (5142,86±12137 células/ml), e que em ambos os grupos a contagem celularmédia foi acima de 250 células/ml, o que é crucial para estabelecer a adequacidade da amostra [6].

CONCLUSÃO

A técnica de colheita do fluido traqueobrônquico guiada por endoscópio rígido mostrou-se vantajosa em relaçãoà técnica com sonda endotraqueal, visto que permite a visibilização do local da colheita, requer menor volume de fluidoinfundido, resulta em uma maior porcentagem de fluído recuperado, e requer o mesmo tempo de execução que técnica portubo endotraqueal, além de possibilitar amostragem representativa das vias aéreas para avaliação microbiológica e citológica.

REFERÊNCIAS

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healthy dogs and dogs with chronic cough and cytologic composition of bronchoalveolar lavage fluid obtained from dogs with chronic cough.Journal American Veterinary Medical Association.67: 160-167.

4 Johnson L. 2001. Small animal bronchoscopy. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice.31: 691.5 Peeters D.E., Mckiernan B.E., Weisiger R.M., Schaeffer D.J. & Clerex C. 2000. Quantitative bacterial cultures and cytological examination

of bronchoalveolar lavage specimens in dog. Journal of Veterinary Internal Medicine.15: 534-541.6 Rebar A.H., Denicola D.B. & Muggenburg B.A. 1980. Bronchopulmonary lavage cytology in the dog: normal findings. Veterinary Pathology.17:

294-304.7 Rha J.Y. & Mahony O. 1999. Bronchoscopy in small animal medicine: indications, instrumentation, and techniques. Clinical Techniques in Small

Animal Practice.14: 207-212.referências1 Andreasen C.B. 2003. Bronchoalveolar lavage, Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice.33: 69-88.2 Hawkins E.C & Berry C.R. 2006. Use of a modified stomach tube for bronchoalveolar lavage in dogs. Journal American Veterinary Medical

Association. 215: 1635-1639.3 Hawkins E.C., Rogala A.R., Large E.E., Bradley J.M. & Grinder C.B. 2006. Cellular composition of bronchial brushings obtained from healthy

dogs and dogs with chronic cough and cytologic composition of bronchoalveolar lavage fluid obtained from dogs with chronic cough. JournalAmerican Veterinary Medical Association.67: 160-167.

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Basso P.C., Barcellos H.H.A., Brun M.V., Rodrigues L.B., Bortolini C.E., Melatti L., Scalco Neto J.F., Bastiani P.V., Valle S.F.,Santos L.R. & Bertoletti B. 2007. Lavado traqueobrônquico... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s413-s415.

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4 Johnson L. 2001. Small animal bronchoscopy. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 31: 691.5 Peeters D.E., Mckiernan B.E., Weisiger R.M., Schaeffer D.J. & Clerex C. 2000. Quantitative bacterial cultures and cytological examination

of bronchoalveolar lavage specimens in dog. Journal of Veterinary Internal Medicine.15: 534-541.6 Rebar A.H., Denicola D.B. & Muggenburg B.A. 1980. Bronchopulmonary lavage cytology in the dog: normal findings. Veterinary Pathology.17:

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Small Animal Practice.14: 207-212.

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s416-s418, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Nocardiose em cão

Nocardiosis in dog

Giorgio Queiroz Pereira 1, Mariana Buffalo Biz 2, Patrícia Fernandes Nunes da Silva 3,Julieta Catarina Burke 4, Antonio Carlos Faria dos Reis 5 & Patrícia Mendes Pereira 6

1Residente, Área de Clínica Médica de Animais de Companhia, Universidade Estadual de Londrina (UEL)/PR. 2Residente, Área deClínica Cirúrgica de Animais de Companhia-UEL/PR. 3Residente, Área de Patologia Animal-UEL/PR. 4Residente, Área de Medicina

Veterinária Preventiva-UEL/PR. 5Setor de Anatomia Patológica-UEL/PR. 6Setor de Clínica Médica de Animais de Companhia-UEL/PR.E-mail: [email protected]

ABSTRACT

The bacterias Nocardia spp are responsible for located or disseminated infeccions in animals and humans. This is an opportunistagent, so, the immune response of the host is important to determinate the acess and the dissemination of the infeccion, by the way, theclinical signs are attributable to the envolved areas. This article relates a case of nocardiosis in a female dog American Pit Bull Terrier, withsigns of systemic disease, showing peritonitis and neurological problems.

Key words: Immune response, Peritonitis, Nocardia spp.

INTRODUÇÃO

As Nocardia spp são bactérias aeróbicas Gram-positivas intracelulares facultativas, responsáveis por infecçõeslocalizadas ou disseminadas em animais e humanos. Apesar de serem saprófitas do ambiente, não fazem parte da floranormal dos mamíferos, embora possam ser carreadas mecanicamente na pele ou unhas. Infecções normalmente surgempor inoculação direta do microorganismo em tecidos moles [3,5,7,8,12,15].

Por se tratar de um agente oportunista, a imunocompetência do hospedeiro é importante para determinar oacesso e a disseminação da infecção, sendo que a prevalência dessa doença em humanos tem se elevado substancial-mente em associação com o aumento do número de pessoas imunocomprometidas, o mesmo ocorrendo em animais decompanhia [5,7,12]. Entre os animais de companhia, é mais comum em cães com menos de um ano de idade [2,7,11,12]. Ainfecção também pode ocorrer no filhote, sofrer encapsulamento e somente se manifestar durante um período de imunossu-pressão [8].

Geralmente, os sinais clínicos são atribuíveis às áreas envolvidas, podendo ocorrer infecções de pele e subcutâneopor feridas perfurantes, piotórax, peritonite, pneumonia ou ainda a doença em sua forma disseminada [2,6,7,11,12,14-16].

O curso clínico varia de crônico, indolente, às infecções inicialmente localizadas progredindo para doençafulminante, havendo relatos de óbitos com apenas quatro dias de evolução clínica, sendo que o diagnóstico definitivo éobtido pela cultura e identificação do agente [8,12].

O tratamento de infecções por Nocardia spp continua sendo difícil e envolve a drenagem e o debridamento cirúrgicodas áreas acometidas. As sulfonamidas são antibióticos de primeira escolha, mas pacientes com envolvimento do SNC edoença severa têm pobre resposta quando tratados somente com estes antibióticos. Penicilinas, aminoglicosídeos e tetraciclinaspodem ser utilizados [4,6,7,10,11,16].

O prognóstico geralmente é ruim, sendo agravado quando há a disseminação do foco primário. No entanto, umdiagnóstico precoce, juntamente com um tratamento adequado, pode diminuir a gravidade da doença [2,7,8,13].

O presente trabalho descreve o caso de um cão com quadro clínico inespecífico, sendo um dos diagnósticosdiferenciais a cinomose e com diagnóstico microbiológico de Nocardia spp.

RELATO DE CASO

Foi atendido, no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (HV/UEL) – Paraná (PR), uma cadelanão castrada, American Pit Bull Terrier, com um ano de idade, com apatia e disorexia há sete dias, aumento de volumeabdominal e ataxia há três dias e dois episódios de convulsões generalizadas no dia do atendimento. O paciente não tinhaacesso à rua e não possuia contactantes. Ao exame físico estava deprimido, magro, apresentava desidratação moderada,febre de 39,8ºC, ataxia, dispnéia expiratória e aumento de volume abdominal com presença de líquido. As alteraçõesobservadas nos exames complementares foram discreta anemia e leucocitose com neutrofilia e linfopenia, além dehipoproteinemia, aumento de fosfatase alcalina e hipoglicemia. A efusão abdominal foi classificada como exsudato séptico,sendo o líquido enviado para cultura e antibiograma que, após 48 horas, houve crescimento de colônias de Nocardia spp.Dentre os antibióticos testados, os microorganismos foram sensíveis apenas a gentamicina e trimetoprim-sulfazonamida.

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Pereira G.Q., Biz M.B., Silva P.F.N., Burke J.C., Reis A.C.F. & Pereira P.M. 2007. Nocardiose em cão.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s416-s418.

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Inicialmente foi instaurado tratamento sintomático de fluidoterapia, vermífugo, cefalotina e metronidazol. No 3º diafoi realizada a laparotomia exploratória, na qual não foi observada nenhuma causa primária evidente da peritonite. Após oresultado da cultura microbiológica, suspenderam-se os antibióticos iniciais e passou-se a associar trimetoprim-sulfazonamidae gentamicina intravenosas, mas não houve melhora do quadro clínico. O animal começou a apresentar uma síndromeneurológica multifocal, com episódios de convulsões focais faciais, que piorou no decorrer dos dias e levou o proprietário aoptar pela eutanásia.

Foi realizada a necropsia junto ao Laboratório de Anatomia Patológica do HV/UEL – PR, cujo laudo confirmou oisolamento da bactéria no líquido peritoneal, além de lesões piogranulomatosas compatíveis com nocardiose. No sistemanervoso central, não foram descritos sinais compatíveis com cinomose.

DISCUSSÃO

A maioria dos casos de nocardiose descritos na literatura, humana ou animal, demonstra se tratar de uma doençade evolução clínica variável e de sinais clínicos inespecíficos, podendo o paciente apresentar desde uma lesão cutânea atésinais generalizados envolvendo mais de um órgão [2,6,7,11,12,14,15].

Concordando com os casos descritos de nocardiose, os achados hematológicos são inespecíficos e típicos dequalquer processo inflamatório piogênico [7,15]. A presença de uma síndrome neurológica multifocal aguda acrescentoudiagnósticos diferenciais como intoxicações, neoplasias, causas metabólicas e trauma e reforçou a suspeita da presença deum agente inflamatório/infeccioso.

A avaliação bioquímica sérica mostrou um quadro de hipoproteinemia que poderia ser causado por uma glomeru-lopatia, insuficiência hepática ou apenas por um quadro de desnutrição e verminose. O aumento da enzima fosfatase alcalinapode ser atribuído apenas à inflamação presente e às prováveis injúrias tóxicas pela infecção, sendo que a necrópsiaconfirmou a intensa degeneração hepática. Por outro lado, a hipoglicemia poderia ser atribuída ainda a um uso excessivo deglicose pelas convulsões, sepse ou algum processo neoplásico.

Na análise do líquido abdominal confirmou-se a presença de uma peritonite, sendo a indicação subseqüente àrealização de uma laparotomia exploratória, que por sua vez descartou possíveis causas como rupturas, obstruções, estran-gulamentos e dilatações mecânicas intestinais e/ou abcessos em algum órgão cavitário, sugerindo que as alterações encon-tradas poderiam ser de origem hematógena ou linfática, por disseminação de um foco primário não identificado [8,11,17].

Como descrito na literatura, o diagnóstico definitivo foi obtido através da cultura do líquido abdominal com pos-terior identificação da bactéria Nocardia spp e tratado, após o resultado do antibiograma com gentamicina e trimetoprim-sulfazonamida, porém sem melhora do quadro clinico [7,11,13,15,16].

No presente relato, apesar de haver a suspeita de cinomose, esta não foi comprovada. O quadro apresentadopelo paciente pode ser totalmente atribuído à presença da bactéria, mas não podemos descartar algum fator oculto, já quea nocardiose geralmente é secundária a algum fator imunossupressor, sendo uma doença de pobre prognóstico [2,5,12,14,16,17].

As lesões encontradas na necrópsia foram compatíveis com o achado microbiológico de Nocardia spp [1]. Mesmonão tendo sido descritas lesões no sistema nervoso compatíveis com cinomose, esta não pôde ser descartada. Deve-selembrar que apesar de ser uma bactéria oportunista, em humanos há relatos da infecção sem nenhuma doença pré-existente [2].

CONCLUSÃO

Conclui-se que a nocardiose deve ser mais um diagnóstico diferencial na clínica de pequenos animais, havendoou não fatores imunossupressores concomitantes, principalmente em quadros inespecíficos que acometem um ou maisórgãos.

REFERÊNCIAS

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s418

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Supl 2

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s419

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s419-s420, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Eritema migratório necrolítico em uma cadela

Necrolytic migratory erythema in a female dog

Fabiana Aguena Sales Lapa 1, Vanessa Kaneko 1 & Silvia Franco Andrade 2

1Residente, Setor de Clínica Médica de Pequenos Animais, Hospital Veterinário da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE),Presidente Prudente/SP. 2Setor de Clínica Médica de Pequenos Animais, Curso de Medicina Veterinária-UNOESTE.

E-mail: [email protected]

ABSTRACT

The hepatic cutaneous syndrome is a disease characterized by the appearance of exsudatives lesions, erythematosus andcrostosus in face, members and areas with trauma, very similar to the hepatic cutaneous syndrome observed in humans. The pathogenyof this disease is not still totally explained, although in the great majority of the canine cases a constant observed is the hepatic degenerationand absence of pancreatic tumor. In human with this disease, the glucagonoma is frequently found. The present case report the necrolyticmigratory erythema in a female dog, 10 years of age, happened in HV of Unoeste, Presidente Prudente, whose main complaint was apathyand vomits three days ago, besides lesions in snout and members there are some months. To the clinical exam the animal presentedjaundice, hyperqueratosis of cushions plant, erythema and exsudatives lesions, more especially in the distal parts of the members. Thecomplementally exams revealed only alterations in the hepatic function. The animal came to death 6 days after treatment and the necropsyrevealed serious hepatic cirrhosis and replete and increased gall bladder of volume. The present report seeks to collaborate with more dataregarding that disease that possesses a lot of similarities with described in humans, although in both species the pathogeny is not totallyexplained.

Key words: necrolytic migratory erythema, dog.

INTRODUÇÃO

A síndrome hepatocutânea observada em cães é uma patologia muito semelhante clínica e histologicamentedescrita ao eritema migratório necrolítico em seres humanos [1,2]. É caracterizada por lesões exsudativas, pruriginosas ehiperqueratóticas nas junções mucocutâneas, períneo, pés e região inguinal. Pode ocorrer ainda anemia, perda de peso,desenvolvimento de Diabetes mellitus e alterações da função hepática [1,5,6].

A patogenia desta doença ainda não foi totalmente elucidada. Em seres humanos grande parte dos casosrelatados na literatura mostra que pacientes com eritema migratório necrolítico apresentam níveis séricos de glucagonelevados secundariamente a um glucagonoma [2,3]. Foram relatados casos humanos em que o paciente era acometido peladermatite na ausência do tumor de pancreático [3].

Em cães apenas dois casos do eritema migratório necrolítico registrados evidenciaram presença de tumorprodutor de glucagon no pâncreas [4], enquanto que a grande maioria apresenta em comum além da dermatite desordenshepáticas [2].

O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico no qual o animal acometido pelo eritema migratórionecrolítico não apresentou tumor pancreático, mas sim grave cirrose.

RELATO DE CASO

Um animal de nome Tati, 10 anos de idade e sem raça definida foi atendido no HV da Unoeste com queixaprincipal de apatia e vômitos há três dias e lesões de pele que perduravam por meses. Ao exame clínico notou-se icterícia,hiperqueratose de coxins plantares, eritema e lesões exsudativas, mais notadamente nas partes distais dos membros. Osachados laboratoriais significativos incluíam elevação do fibrinogênio (600 mg/dL), II (100), FA e GGT (930,7 mg/dL e 12,2mg/dL, respectivamente) e ainda aumento das bilirrubinas totais (13, 23 mg/dL), direta ( 6,45 mg/dL) e indireta ( 6,78 mg/dL).Os exames de raspado de pele e tricograma foram negativos. O animal foi internado e instaurou-se terapia suporte comampicilina (20 mg/Kg, TID, IV), metoclopramida (0,5 mg/Kg, TID, SC), ranitidina (1,0 mg/Kg, BID, SC) e fluidoterapia com soluçãoglicofisiológica a 5% via endovenosa. Os membros eram limpos duas vezes ao dia com solução de permanganato de potássioa 1%. Foi sugerida ao proprietário a realização de uma ultra-sonografia abdominal para pesquisa do fígado e pâncreas, masesse não foi autorizado. O paciente recebeu tratamento suporte durante seis dias quando veio a óbito. Os achados nanecropsia revelaram cirrose hepática grave e vesícula biliar repleta e aumentada de volume. Nenhum tumor pancreático foiencontrado.

DISCUSSÃO

O Eritema migratório necrolítico canino se assemelha ao eritema humano, pois apresenta lesões histologicamentesemelhantes e igual distribuição em ambas espécies (fissura labial, áreas de atrito, pés e períneo). Outros fatores coincidentessão a elevação da FA e ALT além de degeneração hepática de variados graus [1,3].

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Lapa F.A.S., Kaneko V. & Andrade S.F. 2007. Eritema migratório necrolítico em uma cadela.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s419-s420.

s420

Trabalhos foram realizados na tentativa de explicar quais seriam as causas primárias da doença de pele e dentreessas hipóteses estão a diminuição de aminoácidos e glucagon séricos. Segundo a primeira hipótese a glineogêneseassociada a hiperglucagonemia e anorexia seriam responsáveis pela degradação aumentada de proteína e aminoácidos,inclusive da epiderme, resultando em necrose da mesma. Já a segunda hipótese baseia-se no fato de que o glucagon édegradado pelo fígado e como esse encontra-se em degeneração na grande maioria dos casos, o glucagon sérico mantém-se elevado. O aumento de glucagon sérico pode aumentar o acido aracdônico da epiderme podendo desencadear aliberação de substâncias antiinflamatórias que causariam as lesões de pele características [2].

Em um estudo aferiu-se o nível sérico de glucagon e aminoácidos de oito cães no qual o nível deste encontrava-sediminuído, assim como visto em humanos, mas o nível do primeiro, ao contrário do que se vê na espécie humana, encontrava-se inalterado. Um dos motivos que os autores encontraram para explicar a não existência de hiperglucagonemia nosanimais testados seria a falta de sensibilidade e especificidade dos testes laboratoriais associada ao fato de que em cãespode haver até o triplo de secreção do glucagon pancreático sem elevação do glucagon periférico [1].

Outras alterações observadas em humanos, mas que em cães não ocorre em todos os casos, são pancreatite,tumores intestinais (que causam diarréia e vômitos) e tumores pancreáticos [2], sendo descritos destes últimos apenas doiscasos em veterinária [4].

CONCLUSÃO

O eritema migratório necrolítico canino possui muitas semelhanças com a doença humana, embora em ambasespécies a patogenia não é totalmente esclarecida. Existe forte indício de que anormalidades da função hepática estejamcorrelacionadas com o surgimento da doença, pois esta alteração é um achado constante na grande maioria dos casos,inclusive neste presente relato. Sua ocorrência primária, no entanto, não explica outras alterações encontradas, por exem-plo, a deficiência de aminoácidos. Um estudo mais detalhado dos animais acometidos pela síndrome – incluindo avaliaçãodo nível de aminoácidos e glucagon séricos – é necessário para que se entenda melhor o mecanismo dessa doença assimcomo o papel que a disfunção hepática representa ma progressão da mesma.

REFERÊNCIAS

1 Gross T.L., Song M.D., Havel P.J. & Ihrke P.J. 1993. Superficial necrolytic dermatitis (necrolytic migratory erithema) in dogs. Veterinary Pathology.30: 75-81.

2 Kasper C.S. & McMurry K. 1991. Necrolytic migratory erithema without glucagonoma versus canine superficial necrolytic dermatitis: Is hepaticimpairment a clue to patogenesis? Journal of the American Academy of Dermatology. 25: 534-541.

3 Goodenberger D.M., Lawley T.J., Strober W., Wyatt L., Sangree M.H.Jr., Sherwin R., Rosenbaum H., Braverman I. & Katz S.I. 1979 .Necrolytic migratory erythema without glucagonoma. Archives of Dermatology. 115: 1429-1432.

4 Gross T.L., O´Brian T.D., Davies A.P. & Long R.E. 1990. Glucagon producing pancreatic endocrine tumors in two dogs with superficial necrolyticdermatitis. Journal of the American Veterinary Association. 197: 1619-1622.

5 McEven B.J.1994. Superficial necrolytic dermatitis (hepatocutaneous syndrome) in a dog. Canadian Veterinary Journal. 35: 53-54.6 Ramsey I.K. 1996. What is your diagnosis? Superficial necrolytic erithema. Journal of Small Animal Practice. 37: 557-558.

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Supl 2

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s421-s422, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Leiomioma obstrutivo do canal pélvico do cão

Leiomyoma in the pelvic canal of a dog

Ricardo Siqueira da Silva 1, Aline da Silva Rosa 2, Cláudia Cardoso Maciel Escalhão 3,Alexandre Chamarelli 3, Eneida Rosa Assis dos Santos 3 & Vítor Medeiros Porcino 4

1Setor de Medicina e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 2Residente, Hospital Veterinário dePequenos Animais-UFRRJ. 3Médico Veterinário Autônomo. 4Graduação, Medicina Veterinária-UFRRJ.

E-mail: [email protected]

ABSTRACT

A large space-occupying mass was found in the pelvic canal of an 8-year-old, entire male Rottweiller with rectal tenesmus anddyschezia. Ultrasonografic examination revealed an extraluminal mass located on the dorsal aspect of the rectum, causing complete rectalobstruction. Histopathological examination of biopsy tissue identified it as a leiomyoma. The tumour was successfully removed by bluntdissection, and there were no complications after surgery.

Key words: Leiomyoma, pelvis, dogs.

INTRODUÇÃO

O leiomioma é um tumor benigno de musculatura lisa o qual já foi descrito em várias partes do corpo do animalonde há musculatura lisa. São neoplasias de lento crescimento [2,4,7]. Em estudos de neoplasia do cólon em cães, apenas1,7% dos tumores foram leiomiomas. Estes tumores ocorrem mais freqüentemente no reto mas podem envolver outras áreasdo cólon, e inclusive o ceco [2,4]. Visto que estes não invadem a mucosa, são raros a hematoquezia e o excesso de mucofecal. De uma maneira geral, os tumores crescem muito antes de comprimir o cólon e causar diarréia, tenesmo, constipação,ou fezes de conformação anormal. Em um relato de 7 casos, a média de idade foi de 10,9 anos [4,5]. Em sua maioria, os cãespertenciam a raças de porte médio e grande.Com relação ao diâmetro, o tumor variava de 1 a 12 cm. O exame retal digitalrevelou massa móvel e firme em todos os casos de envolvimento retal. Foi relatada a presença de leiomioma no esôfagotorácico promovendo sinais obstrutivos por compressão de veia cava e vasos hepáticos [6].O exame que pode detectar comprecisão a localização do tumor é a tomografia computadorizada [3]. Essa neoplasia pode ser removida através de divulsãodurante sua excisão cirúrgica. Leiomioma é uma neoplasia incomum com prognóstico excelente, pois a recidiva é rara [1,3,5].Este relato reporta um caso raro desse tipo de tumor, em um canino da raça Rottweiller, que ocupava todo canal pélvicopromovendo obstrução retal extraluminal praticamente completa, impedindo a defecação.

RELATO DE CASO

Um animal de 8 anos, macho, pesando 22 Kg, da raça Rottweiller, foi apresentado com histórico de apatia,emagrecimento, tenesmo e disquezia. Esse animal havia sido castrado há 1 mês atrás, por suspeita do veterinário que oacompanhava de hipertrofia prostática. Como os sintomas não melhoraram, o mesmo foi encaminhado para nossa avaliação.À palpação retal verificou-se uma massa de consistência dura presente na porção pélvica ocasionando estenose do mesmo.Foram realizados exames laboratoriais que apresentaram discretas alterações hematológicas.

O exame radiológico visibilizou uma massa similar ao tamanho de um mamão papaya, vista no aspecto dorsal doreto, o cólon estava distendido por fezes e havia compressão da bexiga. A metástase torácica foi descartada após exameradiográfico da cavidade. A laparotomia exploratória foi realizada para definir a natureza e extensão da lesão. Após realizadosos procedimentos de antisepsia, iniciou-se uma incisão mediana na região hipogástrica com osteotomia púbica em paralelocom utilização de serra óssea e lâmina reta com isolamento das vísceras pélvicas com uma haste metálica para evitar lace-ração das mesmas.

Após exposição das vísceras procedeu-se a divulsão digital da massa com auxílio de gaze estéril embebidas emsolução salina até sua origem na parede retal, onde foi ressecada e estirpada. A hemostasia foi realizada através de eletrocautérioem função do pequeno calibre dos vasos sangüíneos. A reposição da osteotomia foi feita através de fio de cerclagem emparalelo introduzidos pelos orifícios previamente estabelecidos no momento da osteotomia púbica. A laparorrafia foi realizadacom fio inabsorvível de polipropileno 2-0 com sutura interrompida em “ X “ e os demais planos de forma convencional. Logo apóso retorno anestésico-cirúrgico, o animal apresentou profusa defecação. A massa media aproximadamente 12cmx11cmx9cm,possuía coloração escurecida, aspecto firme e textura lisa, e se encontrava no canal pélvico dorsalmente. O examehistopatológico revelou proliferação neoplásica de células musculares lisas as quais foram bem diferenciadas. Essesachados foram consistentes com diagnóstico de leiomioma. No pós-operatório o animal passou por jejum de 24 horas sendoalimentado somente após este período com dieta úmida.Uma semana depois o animal voltou para revisão apresentandonormoquezia e normorexia.Também se apresentou mais alerta e mais bem disposto em relação ao quadro anterior, semnenhuma alteração clínica.

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Silva R.S., Rosa A.S., Escalhão C.C.M., Chamarelli A., Santos E.R.A. & Porcino V.M. 2007. Leiomioma obstrutivo do canalpélvico do cão. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s421-s422.

s422

DISCUSSÃO

Leiomioma são tumores benignos de crescimento lento e natureza não invasiva. Os sinais clínicos do leiomiomacolo-retal são reflexo da compressão intra ou extraluminal da massa no reto [3]. Em função dos sinais clínicos, foi realizadaa castração do animal por suspeita de hiperplasia prostática, mesmo não havendo sintomas relacionados ao sistema urinário,com exceção da compressão vesical, verificada na ultrassonografia. Tal procedimento, não promoveu a melhora do quadroe sim seu agravamento, por não haver comprometimento da próstata. O acesso cirúrgico escolhido se mostrou satisfatóriopor permitir completa visualização, manipulação e remoção da massa apesar de sua localização, essa mesma facilidade foidescrita no acesso dorsal [3]. A imediata e profusa defecação após o retorno anestésico, caracterizou a natureza obstrutivada massa, que permitiu a normoquesia nos dias subseqüentes à cirurgia. O tratamento cirúrgico por ressecção se mostroueficaz no presente estudo, entretanto, a terapêutica clínica não promoveu resultado satisfatório, levando o animal ao óbito nocaso de um leiomioma no esôfago torácico, por compressão progressiva de veia cava e vasos hepáticos [6].

CONCLUSÃO

O presente relato permitiu concluir que o leiomioma teve um crescimento expansivo e promoveu obstrução docanal pélvico, o acesso através da osteotomia púbica se mostrou satisfatório para excisão da massa e o descolamento dotumor por divulsão digital cuidadosa evitou transtornos às estruturas adjacentes. O caráter obstrutivo da massa, foi comple-tamente revertido após a excisão cirúrgica.

REFERÊNCIAS

1 Frost D., Lasota J. & Miettinen M. 2003 . Gastrointestinal stromal tumors and leiomyomas in the dog: a histopathologic, immunohistochemical,and molecular genetic study of 50 cases. The Veterinary Pathology, 40:42-54.

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of a dog. Jounal of Small Animal Practice, 44:277-279.4 Leib M.S. & Matz M.E. 2005 . Afecções do Intestino Grosso. In:Ettinger,S.J. & Feldman,E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4.ed.São

Paulo: Manolle, pp.1706-1744.5 McPherron M.A. et al. 1992 . Colorectal leiomyomas in seven dogs. Journal of the American Animal Hospital Association, 28.6 Rollois M., Ruel Y. & Besso J.G. 2003 . Passive liver congestion associated with caudal vena caval compression due to oesophageal leiomyoma.

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Supl 2

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s423

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s423-s424, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Características clínicas dos casos de otite externaem cães atendidos em Ilhéus/BA e sensibilidadeantimicrobiana in vitro das bactérias isoladas

Clinics characteristics of canine otitis externa in Ilhéus/BAand in vitro antimicrobial susceptibility of the isolated bacteria

Rodrigo Mota Ramalho 1, Renata Grossi 1, João Luciano Andriolli 2 & Roueda Abou Said 3

1Graduação, Curso de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus/BA.2Setor de Ciências Biológicas-UESC. 3Setor de Ciências Agrárias e Ambientais-UESC.

ABSTRACT

The otitis externa is a common disease in dogs, usually associated with secondary bacterial and yeast infections that perpetuatethe inflammatory process and can maintain the disease. The purpose of this work was the analyze of the occurrence of Staphylococcusspp, Pseudomonas spp and Malassezia pachydermatis infection in 12 dogs with clinical manifestation of otitis externa and the evaluation ofthe in vitro susceptibility of the bacterial isolates to the antimicrobial drugs gentamicin, norfloxacin, tobramicin, erytromicin and cephalexin,by the disk diffusion test. From all of the dogs were isolated at least one of the microorganisms, with the predominance of mix infections. Ofthese, 75% were Malassezia pachydermatis, 58,3% were Staphylococcus ssp and 16,7% were Pseudomonas ssp. The Pseudomonasssp isolates were susceptible to all antimicrobial drug tested. The Staphylococcus ssp isolates were susceptible to gentamicin, cephalexinand norfloxacin, however were resistant to erytromicin and tobramicin. The isolation of Staphylococcus ssp., Pseudomonas ssp. e Malasseziapachydermatis from the ear canal of all the dogs of this study demonstrates the participation of these as perpetuating factors of otitis externa.The differences of in vitro susceptibility to the antimicrobial drugs reflect the necessity to perform the bacterial identification and antimicrobialsusceptibility test, especially for recurrent cases.

Key words: otitis externa; dog; antibacterial; Staphylococcus, Pseudomonas.

INTRODUÇÃO

Otite externa é um processo inflamatório que atinge os pavilhões auriculares e o meato acústico externo de diversosanimais, podendo ser um processo patológico primário ou secundário, com evolução aguda, crônica ou ainda crônicarecidivante. Em cães, a otite externa possui grande importância clínica, sendo estimado que cerca de 5 a 20% dos cãessejam acometidos por alguma forma desta doença [6]. Bactérias e fungos raramente são considerados como causa primáriada otite externa. Entretanto, freqüentemente estes agentes causam infecções secundárias, sendo fatores perpetuantes, quedificultam a resolução do quadro clínico destes animais [8]. Dentre as bactérias com maior ocorrência no conduto auditivo decães com otite externa estão Staphylococcus intermedius e Pseudomonas aeruginosa [4]. Além das bactérias citadas, ofungo leveduriforme Malassezia pachydermatis é outro agente associado às infecções secundárias, em otite externa de cães[3]. No presente projeto, objetivou-se avaliar as características clínicas dos casos de otites em cães atendidos no Ambulatóriode Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), avaliando a ocorrência dosagentes bacterianos Staphylococcus spp e Pseudomonas spp e do fungo leveduriforme Malassezia pachydermatis. Alémdisto, verificou-se a sensibilidade in vitro dos agentes bacterianos aos antibióticos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram selecionados para este estudo 12 cães atendidos no Ambulatório de Pequenos Animais, do HospitalVeterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). O diagnóstico de otite externa foi realizado mediante exameclínico em que foram avaliados os dados da anamnese e sinais clínicos característicos desta enfermidade, como dor, prurido,movimento da cabeça, exudato otológico, eritema e erosão/ulceração do conduto auditivo. Após exame e registro dos dadosclínicos, realizou-se coleta do exudato otológico, com o auxílio de swabs estéreis, introduzidos no canal auditivo. Para ocrescimento fúngico os swabs foram inoculados em meio ágar Sabouraud e para o crescimento bacteriano utilizou-se omeio ágar sangue com 5% de sangue desfibrinado de carneiro. O material foi incubado a 37°C, em estufa bacteriológica,sendo por 24 horas para as placas contendo ágar sangue, e por 48 horas para as placas contendo o ágar Sabouraud. Apóso crescimento, estes microorganismos foram identificados, por seu aspecto macroscópico e microscópico, com base nascaracterísticas de colônias, tintoriais, morfológicas e provas bioquímicas [1,2]. A sensibilidade in vitro das amostras coletadasfoi testada pelo método de difusão em agar, com o uso de cinco antibacterianos (gentamicina, eritromicina, cefalexina,tobramicina, norfloxacina). A leitura da sensibilidade foi realizada medindo-se a zona de inibição de crescimento em mm, eo resultado avaliado conforme tabela apropriada [5].

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Ramalho R.M., Grossi R., Andriolli J.L. & Said R.A. 2007. Características clínicas dos casos de otite externa em cães atendidosem Ilhéus/BA e sensibilidade antimicrobiana in vitro das bactérias isoladas. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s423-s424.

s424

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Supl 2

RESULTADOS

A avaliação clínica dos cães com otite externa demonstrou que 42% apresentavam otites recorrentes e 58% dosanimais apresentavam o primeiro caso de otite externa. Quanto aos sinais clínicos, 100% dos animais apresentavamprurido, 71% dos animais apresentavam exudação otológica escurecida, 57% apresentavam movimentação da cabeça,42% apresentavam sinais de dor, 28% apresentavam exudação otológica amarelada e 28% dos animais apresentavamdescamação do pavilhão auditivo. A avaliação clínica possibilitou a identificação de fatores predisponentes para a instalaçãoda otite, sendo que 42% dos animais apresentavam quantidade excessiva de pêlos no conduto auditivo; 42% apresentavamorelha pendulosa, 28% estavam expostos à umidade, 28% eram submetidos à limpeza excessiva e 14% apresentavamseborréia. Tais fatores facilitam a instalação da doença nestes animais.O estudo microbiológico revelou o isolamento dosmicroorganismos envolvidos nas infecções otológicas, sendo que 16,6% dos animais possuíam uma infecção mista porPseudomonas ssp. + Malassezia pachydermatis, 33,3% possuíam uma infecção mista por Staphylococcus ssp. + Malasseziapachydermatis, 25% possuíam infecção por Staphylococcus e 25% dos animais possuíam uma infecção causada somentepor Malassezia pachydermatis. Considerando a ocorrência dos agentes nas amostras, incluindo infecções mistas, a leveduraMalassezia pachydermatis foi isolada em 75% dos casos, Staphylococcus ssp em 58,3% e Pseudomonas ssp em 16,7%. Oteste de sensibilidade in vitro aos antimicrobianos revelou que a amostra de Pseudomonas ssp foi sensível a todos os antimi-crobianos testados, tendo halos inibitórios formados de 27mm, 40mm, 25mm, 25mm e 30mm para gentamicina, cefalexina,eritromicina, tobramicina e norfloxacina, respectivamente. Em contrapartida, as amostras de Staphylococcus ssp apresentaramalgumas variações, sendo estas sensíveis à gentamicina, cefalexina e norfloxacina, com halos inibitórios médios de 22mm(20-26mm), 20,2mm (18-22mm) e 25mm (24-26mm) e não sensíveis á tobramicina e eritromicina, tendo uma média de halosinibitórios de 17mm(16-18) para a tobramicina e ausência de formação de halos para a eritromicina.

DISCUSSÃO

A otite externa é uma doença multifatorial, relacionada à fatores predisponentes, primários e perpetuantes, sendoque neste último ressalta-se a participação de bactérias e fungos. No presente estudo, foi avaliada a ocorrência dos principaismicroorganismos isolados dos quadros de otite externa em cães, sendo estes Staphylococcus spp, Pseudomonas ssp. eMalassezia pachydermatis. Em todos animas, ao menos um dos agentes foi isolado, havendo o predomínio de infecçõesmistas. Tal fato reafirma a participação destes agentes como fatores perpetuantes, que dificultam a resolução do quadro.Desta forma, ainda que estes dificilmente sejam fatores primários da otite, a sua identificação e tratamento faz-se necessário.Usualmente, para o tratamento desta enfermidade são utilizados produtos otológicos tópicos, que possuem em sua compo-sição a associação de antibióticos, antifúngicos e antiinflamatórios. Entretanto, a recorrência dos quadros é comum, seja pelanão identificação do fator primário ou pelo uso indiscriminado dos medicamentos otológicos. Para estes casos é recomen-dada a identificação dos agentes bem como a realização de testes de sensibilidade antibacteriana. Neste contexto, as duasamostras de Pseudomonas ssp isoladas apresentaram sensibilidade aos antibióticos testados, enquanto as amostras deStaphylococcus spp apresentaram resistência a dois dos cinco antibióticos testados. Algumas cepas de Staphylococcusintermedius produzem enzimas extracelulares, toxinas e fatores associados com virulência que aumentam a patogenicidadedeste organismo nas infecções [7]. Tendo em vista que neste experimento as amostras de bactérias isoladas, sejam estasPseudomonas ssp ou Staphylococcus ssp, apresentaram sensibilidade in vitro aos antibiótico gentamicina, cefalexina enorfloxacina provavelmente estes medicamentos otológicos seriam eficientes para o controle destas infecções secundárias.Entretanto, ressalta-se que a ação de uma droga sobre um agente varia, fato que pode decorrer do uso impróprio deste medica-mento, propiciando seleção de cepas resistentes e refratárias ao tratamento.

CONCLUSÕES

O isolamento de Staphylococcus ssp., Pseudomonas ssp. e Malassezia pachydermatis do conduto auditivo detodos os cães deste estudo demonstra a participação destes na manutenção dos quadros de otite externa. As diferenças de sen-sibilidade in vitro aos antimicrobianos testados, reflete a necessidade da realização da identificação dos agentes e de testesde sensibilidade, sobretudo para os quadros de otites recorrentes.

REFERÊNCIAS

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s425

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s425-s426, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Avaliação da eficácia e segurança do carprofeno

Valuation of the carprofen efficacy and security

Diego Lunelli 1, Peterson Triches Dornbusch 2, Lílian Pamela TapiaCarreño Dornbusch 3, Claudia Turra Pimpão 4 & Selene Círio Leite 1

1Graduação, Curso de Medicina Veterinária, São José dos Pinhais, PUC/PR. 2Professor da disciplina de Técnica Operatória, São José dosPinhais, PUC/PR. 3Médica Veterinária Autônoma. 4Professora da disciplina de Farmacologia Veterinária, São José dos Pinhais, PUC/PR.

ABSTRACT

Seven dogs bearers of articulars affections was valuated by clinic and x-ray, being five with coxo-femoral displasy, and two withelbow ostheoartritis, which was attended at the Veterinary Hospital of Pontifícia Universidade Católica do Paraná. It searched to valuate thedegree of lameness of the treated pacients too, following a proposal scale. The dogs received treatment based on carprofen, in the dose of4,4mg/kg, during sixty days. The pacients was valuated clinically by the responsible veterinarians, in the days of 14, 28 e 60. Daily, theowners had filed an evaluation index, supplied to same ones, where looked for obtain informations about the patients behaviour, and possibleside effects. Achieved still hemograms and hepatic and renal function tests before the treatment beginning, and at 28 days.

Key words: Coxo-femoral displasy, elbow ostheoartritis, carprofen.

INTRODUÇÃO

Os animais não podem descrever verbalmente a dor, desta forma inferimos a sua existência por suas ações: o ani-mal chora, uiva ou geme, pelo desuso de um determinado membro, pela relutância em se deslocar, por uma atividade menorque a usual, ou pela alteração em seus padrões normais de comportamento. Logo os objetivos de um tratamento, quandonecessários, são: propiciar alívio da dor, e restaurar as funções da parte ou órgão afetado, através de modalidades terapêuticasque variam desde a clínica à cirurgia [5]. Os fármacos utilizados para promover analgesia em pequenos animais podem serdivididos em três grupos: narcóticos, antagonistas narcóticos, e medicamentos antiinflamatórios não-esteróides (analgésicosleves). Tanto os analgésicos narcóticos como os antagonistas narcóticos são potentes analgésicos que aumentam grandementea tolerância à dor. Os analgésicos leves ou medicamentos antiinflamatórios não esteróides elevam o limiar da dor, masexercem pouco efeito sobre a tolerância à dor. O carprofeno (6 cloro alfa metil carbazole-2-ácido acético) é um agenteantiinflamatório não esteróide com características analgésicas e atividade antipirética. Em doses terapêuticas possui pequenoefeito na inibição da síntese de prostaglandina [9,13], mas é um potente inibidor da liberação da mesma, com bom efeito antiin-flamatório e analgésico [7,12]. Diversos estudos demonstraram que o carprofeno tem efeitos moduladores nas respostasimunes celular e humoral. Dados também indicam que o carprofeno inibe a produção do fator ativante de osteoclasto (OAF),PGE1 e PGE2. Sendo, portanto, indicado no controle da dor associada a osteoratrites e demais doenças articulares [1,13].Com base na comparação de dados obtidos através de administração intravenosa, o carprofeno é rapidamente e quasecompletamente absorvido quando administrado oralmente. A eliminação no cão inicialmente sofre biotransformação no fígadoseguido por rápida excreção dos metabólitos resultantes nas fezes e urina. Foi observada, ainda, alguma circulação entero-hepática da droga [7] e que o carprofeno é aparentemente seguro em relação aos efeitos colaterais no sistema digestório[4,13]. Em contrapartida, alguns trabalhos relataram, a presença de sangue oculto nas fezes de cães tratados com carprofeno[12], embora os autores questionem a precisão do método. Ressaltamos, ainda os resultados de outro estudo que concluiuque o carprofeno, por via oral, administrado durante 30 dias consecutivos, causou insignificantes alterações gástricas,observadas na endoscopia digestiva dos cães [6]. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia e a segurança do tratamentoprolongado com carprofeno em cães acometido de displasia coxo-femural e osteoartrite do cotovelo

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados sete cães portadores de afecções articulares, sendo displasia coxo-femural (n=5) e osteoartritedo cotovelo (n=2), que foram atendidos no Hospital Veterinário da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Os animaisforam avaliados clinica e radiograficamente. Buscou-se avaliar, ainda, o grau da claudicação nos pacientes tratados, seguindoa seguinte escala: 0-normal, 1-somente claudica após exercício, 2-apóia o membro com claudicação intermitente, 3-apóiao membro com manqueira permanente, 4-não apóia o membro.

Os cães receberam tratamento a base de carprofeno na dose de 4,4 mg/kg, durante 60 dias. Os pacientes foramavaliados clinicamente pelos veterinários responsáveis, nos dias 14, 28 e 60. Diariamente os proprietários preencheramuma ficha de avaliação, fornecida aos mesmos, onde procurou-se obter informações sobre o comportamento dos pacientese possíveis efeitos colaterais. Realizou-se, ainda hemogramas e testes de função renal e hepática antes do início do trata-mento e aos 28 dias, em cinco animais.

Para análise estatística do escore de claudicação foi utilizada a análise de variância a um critério (ANOVA ONEWAY). O nível de significância adotado foi 5% (a=0,05). Todos os cálculos foram realizados utilizando o Software estatísticoGraphPad Prism version 3.00 for Windows, San Diego, Califórnia, EUA.

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Lunelli D., Dornbusch P.T., Dornbusch L.P.T.C., Pimpão C.T. & Leite S.C. 2007. Avaliação da eficácia e segurança do carprofeno.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s425-s426.

s426

RESULTADOS

A melhora na claudicação foi observada em todos os animais estudados, sendo que na displasia coxo-femural,os proprietários descreveram melhoras na qualidade de vida do paciente. Entretanto neste experimento, por se tratar de umestudo clínico, não foi possível interferir em todos os fatores que interferem positivamente no tratamento da displasia coxo-femural, como o controle da obesidade e a retirada dos pacientes de pisos lisos.

O escore médio obtido no dia 0 foi de 3,14 (± 0,37), no dia 14 foi de 1,85 (0,37), no dia 28 foi 1,57 (0,53) e no dia 60foi de 1,71 (0,48), onde o dia 0 é diferente significativamente dos outros dias 14, 28 e 60. (p < 0,001).

Não foram observadas alterações nos parâmetros da função renal ou hepática após 28 dias de tratamento,exceto uma leucocitose em dois animais, que provavelmente deveu-se ao estresse da colheita.

Dentre os efeitos colaterais observou-se um episódio de vômito, em um animal, que ocorreu no terceiro dia, nãosendo necessária a interrupção do tratamento.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Podemos observar neste estudo clínico que o uso do carprofeno durante 60 dias mostrou-se eficiente como terapiade combate a dor associada a displasia coxo-femural e a osteoartrite do cotovelo. Estes resultados estão em conformidadecom outros autores que também encontraram uma alta eficácia do produto no tratamento da osteoartrite [13].

Apenas um cão apresentou um episódio isolado de vômito, não necessitando da suspensão da medicação,resultado semelhante a outros autores que não encontraram diferença significativa entre os efeitos colaterais entre o grupotratado e o placebo [14]. A ausência de efeitos colaterais se justifica devido a este medicamento inibir seletivamente a síntesede prostaglandina [9], atuando com maior atividade na COX-2 do que na COX-1, inibindo também moderadamente a fosfolipaseA2 [10,11] pode-se justificar desta forma a baixa incidência de efeitos colaterais associados ao carprofeno, quando utilizadopor longos períodos.

As anomalias urinárias associadas com AINES como classe terapêutica incluem: 1) desequilíbrio eletrolítico e defluidos, 2) disfunção renal aguda, 3) glomérulonefrite e necrose papilar. A doença renal pré-existente, comum em cãesgeriátricos, pode ser exacerbada pela administrada de qualquer AINES. A hipovolemia devida à desidratação, trauma comperda de sangue ou choque também pode aumentar o risco de disfunção renal devido à terapia com AINES. Não observamosqualquer efeito colateral associado ao sistema urinário em concordância com outros trabalhos [2,3].

Apesar de não termos observado alterações hepáticas, estas já foram associadas a este fármaco e relatadas,incluindo cães com elevação das enzimas hepáticas, com ou sem evidência de sintomas clínicos. Os cães que apresentaramdoença clínica apresentaram vômito, falta de apetite, icterícia e/ou letargia. Além disso, há evidência clínico-patológico dedisfunção hepática, que pode incluir elevação da bilirrubina sérica, bilirrubinúria e/ ou testes de função hepática anormais,além de elevação das enzimas hepáticas. Foram relatadas lesões histopatológicas caracterizadas por necrose hepatocelulare colestase [11].

REFERÊNCIAS

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long-term orally administered carprofen in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association. 228: 876-880.

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s427-s428, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Carcinoma ovariano em cadela

Ovarian carcinoma in bitch

Graziela Wilhelm 1, Isabel Cristina Pereira 2, Mateus Fernandes Rodrigues 3,Eduardo Negri Mueller 3, Vanessa Martins Bulling 3, Rose Karina Reis Corrêa 3,Thomas Normanton Guim 4, Márcia Oliveira Nobre 5 & Josiane Bonel Raposo 6

1Setor de Clínicas Veterinária, Faculdade de Veterinária-UFPel/RS. 2Setor de Clínicas Veterinária, Faculdade de Veterinária-UFPel/RS.3Hospital de Clínicas Veterinárias, Faculdade de Veterinária-UFPel. 4Mestrando, Programa de Pós Graduação em Veterinária, FV-UFPel/RS. 5Setor de Clínicas Veterinária, Faculdade de Veterinária-UFPel./RS. 6Setor de Patologia Animal, Faculdade de Veterinária-UFPel/RS.

ABSTRACT

The ovarian tumors are rare in female dogs, being responsible for 0.5 to 1% of all the neoplasyas in dogs, possibly due to thepractical of precocious ovariohysterectomy (OSH). Carcinoma is the most common type of described malignant ovarian tumor in dogs,affecting mainly middle-aged animals and aged ones. The present work aims to tell a case of ovarian carcinoma in 18-year-old femalecanine, with no defined breed assisted in the Pelotas Federal University Veterinary medicine Clinics Hospital.

Key words: oncology, carcinoma, ovary.

INTRODUÇÃO

Os tumores ovarianos são raros em cadelas, sendo responsáveis por 0,5 a 1% de todas as neoplasias em cães,possivelmente devido à prática da ovário-histerectomia (OSH) precoce [1,3,6].

Atualmente os tumores de ovário são classificados em: epiteliais (adenoma e carcinoma); de células estromaisdos cordões sexuais (tumores das células da granulosa, das células intersticiais, luteoma e tecoma); de células germinativas(disgerminomas e teratomas); e mesenquimais [1,8]. O carcinoma é o tipo de tumor ovariano maligno mais comum descritoem cadelas, acometendo principalmente animais de meia idade a idosos [2,6,10].

A patogenia das neoplasias ovarianas é desconhecida, porém alguns autores conseguiram induzir tumoresovarianos com terapia hormonal exógena (estrógenos e progesteronas) [1]. A permanência de tecido ovariano remanescen-te, por ocasião da ovário-histerectomia incompleta, também pode levar ao desenvolvimento de tal neoplasia [7].

Este trabalho teve como objetivo descrever aspectos clínico-cirúrgicos e patológicos de uma cadela acometidapor carcinoma ovariano atendida no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (HCV/UFPel).

RELATO DE CASO

Uma fêmea canina, sem raça definida de 18 anos de idade foi atendida no HCV/UFPel apresentando sinais deapatia, anorexia, corrimento vaginal purulento e vômitos. O proprietário relatou que o animal tinha cruzado há duas semanase na ocasião tinha administrado medicamento anticoncepcional com finalidade abortiva. Ao exame físico foi constatadatemperatura retal de 38,5ºC, consciência apática e desidratação moderada. O hemograma revelou, na série vermelha, umaanemia hipocrômica, enquanto que a série branca evidenciou a existência de leucocitose por neutrofilia, sem desvio àesquerda.

O diagnóstico presuntivo estabelecido foi de piometrite sendo o paciente encaminhado à cirurgia para realizaçãode ovário-histerectomia (OSH). Para a realização de tal procedimento, foi administrada como medicação pré-anestésicamorfina (0,3 mg/Kg/IM). Decorridos 20 minutos, induziu-se o animal com a associação de cloridrato de tiletamina e cloridratode zolazepan (2,5mg/Kg/EV), sendo a manutenção anestésica feita com halotano.

Durante a laparotomia foi observada a presença de uma massa redonda, friável medindo aproximadamente 5 cm,localizada em ambos ovários e, estruturas císticas com conteúdo líquido translucente aderidas ao corno uterino. No mesentério,mesovário, mesométrio, pâncreas, superfície hepática e renal haviam múltiplos nódulos esbranquiçados medindo cerca de0,5 a 1 cm de diâmetro. Os cornos uterinos encontravam-se espessados e com aumento de volume. A OSH foi realizada, maso animal veio a óbito no trans-operatório, sendo encaminhado para exame necroscópico e avaliação histopatológica.

No exame necroscópico, a massa analisada apresentava consistência macia, superfície de corte esbranquiçada,com pequenas estruturas císticas com conteúdo sero-hemorrágico. Microscopicamente, observou-se proliferação de célulasepiteliais pleomórficas formando papilas que se projetavam para o lúmen das cavidades císticas. Havia invasão do tecidoneoplásico ovariano para o lúmen uterino. O diagnóstico histopatológico firmado foi carcinoma ovariano.

DISCUSSÃO

A história e os sinais clínicos dos animais acometidos por neoplasmas ovarianos estão na dependência direta danatureza histológica dos tumores [2,6,8]. Alguns autores referem que naqueles animais acometidos por neoplasmas epiteliais

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Wilhelm G., Pereira I.C., Rodrigues M.F., Mueller E.N., Bulling V.M., Corrêa R.K.R., Guim T.N., Nobre M.O. & Raposo J.B. 2007.Carcinoma ovariano em cadela. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s427-s428.

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os sinais são praticamente inexistentes [9]. Outros referem que a distensão abdominal e ascite são sinais comumente encon-trados, geralmente decorrentes de disseminação transcelômica [3,10]. No presente relato, os sinais observados foram atípicos,pois mimetizavam um quadro de piometrite, embora esta lesão não tenha sido confirmada histologicamente.

O diagnóstico dos tumores ovarianos é baseado nos sinais clínicos, nos exames radiográficos e na ultra-sonografia,mas sua confirmação só é possível após o exame histopatológico [3,5,10]. Muitos dos tumores ovarianos podem ser assinto-máticos, ou seja, muitas vezes são achados de OSHs eletivas [1,2]. No presente caso, o neoplasma foi um achado ocasional,já que a indicação para OSH foi em decorrência dos sinais de piometrite. A cirurgia de OSH tem sido relatada como tratamentode escolha para neoplasmas ovarianos [4,9] e a quimioterapia adjuvante está indicada para pacientes com lesões metastáticasou que apresentem margens de risco de moderadas a grandes [1,4,10].

As taxas metastáticas são variáveis para os diferentes tipos histológicos. As maiores taxas foram observadas noscarcinomas (48%) e nos teratomas (50%) [1,6,8]. No presente caso não foram encontradas lesões metastáticas, embora macros-copicamente as nodulações encontradas na cavidade abdominal sugerissem tais lesões. Estes nódulos foram diagnosticadoshistologicamente como esteatite necrotizante, muito provavelmente em função da liberação de enzimas pancreáticas nacavidade abdominal, visto que microscopicamente as lesões no pâncreas eram características de pancreatite aguda.

Adenomas e carcinomas do ováro usualmente consistem de papilas arboriformes que se projetam para o lúmendas cavidades císticas. Na ausência de metástases ou invasão vascular, outros critérios são utilizados para caracterizá-los,como focos de necrose e hemorragia, atipia celular e a tendência das células neoplásicas empilharem-se umas sobre asoutras, tava mitótica e principalmente a invasão estromal [8]. Neste caso, foi observado pleomorfismo celular marcado e padrãode células neoplásicas empilhadas. Adicionalmente, havia invasão das células malignas para o lúmen uterino.

CONCLUSÃO

O relato deste caso clínico evidenciou-se importante devido a ocorrência rara de neoplasmas ovarianos, bemcomo aos sinais clínicos atípicos apresentados pelo paciente, os quais mascararam a existência do carcinoma de ovário,constituindo-se em um achado de OSH terapêutica.

REFERÊNCIAS

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s429-s430, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Carcinoma inflamatório mamário em cadela:aspectos clínicos e patológicos

Inflammatory mammary carcinoma in the female dog: clinical and pathological aspects

Eduardo Negri Mueller 1, Thomas Normanton Guim 2, Graziela Wilhelm 3,Fernanda da Silva Xavier 1, Márcia de Oliveira Nobre 3 & Cristina Gevehr Fernandes 3

1Residente, HCV-UFPel/RS. 2PPGV-FV-UFPel/RS. 3UFPel/RS.

ABSTRACT

Inflammatory mammary carcinoma (IMC) is an extremely peculiar malignant neoplasm highly metastatic and with bad prognos-tic which affects women, female cats and dogs. Few stories of this illness have been published in Brazil. The CIM is characterized forinvasive and fast growth, associated to eriythema, heat, pain and edema. A histological type is not considered, being able to be associatedto different types of carcinomas. Histologicaly it is characterized by proliferation of epithelial anaplasic, marked inflammatory infiltrated andinvasion to lymphatic and sanguineous vases. The clinical evolution is fast and fatal. It has not been told an effective treatment for the CIM.This work describes the clinical and pathological aspects of a dog affected by CIM.

Key words: oncology, mammary gland, carcinoma, female dog

INTRODUÇÃO

Os neoplasmas mamários são os tumores mais comumente encontrados na cadela, dos quais cerca de 50% sãomalignos. São detectados em animais de meia idade a idosos, sem predisposição racial [4].

O carcinoma inflamatório mamário é o tipo espontâneo mais agressivo de câncer mamário, tanto em mulheresquanto em cães [1,2]. Este neoplasma é considerado uma entidade neoplásica distinta, com prognóstico desfavorável e semtratamento efetivo conhecido até o momento [6]. No Brasil, há poucos relatos deste tipo de neoplasma em caninos [1].

Este trabalho teve como objetivo descrever aspectos clínicos e patológicos de uma cadela acometida por carcinomainflamatório mamário (CIM), atendida no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (HCV/UFPel).

RELATO DE CASO

Foi atendido no HCV/UFPel uma fêmea canina da raça Boxer, oito anos de idade, com histórico de hiporexia, edemaem membros torácicos, pélvicos, tórax e abdômen há aproximadamente duas semanas. Os sinais vitais estavam dentro dospadrões aceitos para a espécie canina. Durante a palpação da cadeia mamária foi identificada nas glândulas abdominaiscaudais e inguinais a presença de nodulações medindo de três a cinco centímetros de diâmetro, ulceradas, pouco delimi-tadas, com consistência firme e exsudato purulento que era drenado sob pressão. Adicionalmente, na região mamária, haviaeritema intenso, temperatura elevada e dor à palpação. Os linfonodos axilares e inguinais encontravam-se com aumento devolume e sinais de inflamação.

O hemograma revelou neutrofilia com desvio a esquerda e hematócrito de 26%. O perfil bioquímico (AlaninaAminotransferase, Fosfatase Alcalina, uréia e creatinina) estava dentro dos padrões fisiológicos para a espécie canina. Oexame radiográfico do tórax não revelou lesões compatíveis com metástase pulmonar. O exame citológico por aspiraçãoapresentou resultados inconclusivos.

O animal foi internado e submetido à terapia de suporte: fluidoterapia, antiinflamatórios, analgésicos, antibióticose diuréticos. Durante o período de internação, houve progressão rápida das lesões mamárias, com crescimento invasivo portoda cadeia mamária, músculos adjacentes e linfonodos regionais. O animal veio a óbito após 18 dias de internação e foienviado para necropsia e avaliação histopatológica.

Durante a necropsia, além das lesões nas mamas e linfonodos regionais descritas anteriormente, foi constatadoútero aumentado de volume repleto de conteúdo purulento e a válvula cardíaca mitral estava espessada. Em cortes histológicosde tecido mamário, foi observada proliferação de células epiteliais pleomórficas e pouco diferenciadas, com padrão tubularpredominante, marcado infiltrado inflamatório mononuclear e polimorfonuclear, extensas áreas de necrose e intensa reaçãoesquirrosa. Adicionalmente, havia presença de células neoplásicas malignas no interior de vasos sanguíneos e linfáticos.Metástases para linfonodos, músculos adjacentes às mamas e pulmões também foram observados.

DISCUSSÃO

No canino, o CIM ocupa um lugar especial dentro das neoplasias mamárias, devido a suas características clínicas,seu comportamento biológico e seus problemas terapêuticos [9]. Estes tumores tendem a ficar difusamente tumefeitos; envol-

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Mueller E.N., Guim T.N., Wilhelm G., Xavier F.S., Nobre M.O. & Fernandes C.G. 2007. Carcinoma inflamatório mamário emcadela: aspectos clínicos e patológicos. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s429-s430.

s430

vendo várias glândulas, sendo frequentemente bilaterais e podem estar tanto dolorosas quanto quentes [5]. Pode haver edemade membro em decorrência da oclusão linfática e do crescimento tumoral retrógrado [8]. Neste caso, no momento inicial daconsulta, havia edema dos membros, comprometimento linfonodal e embora localizados, os nódulos detectados já apre-sentavam sinais de inflamação, ulceração e aspecto invasivo. Com o tratamento de suporte instituído, houve diminuição doedema, mas em poucos dias houve rápida progressão das lesões, acometendo a cadeia mamária bilateralmente e tecidomuscular adjacente.

Todo aumento de tecido mamário deve ser avaliado para possíveis neoplasias [9]. O CIM deve ser diferenciado demastite nos caninos pois a inflamação pode mascarar a verdadeira etiologia neoplásica da massa [6,9]. No presente caso,embora o CIM tenha sido confirmado histologicamente, havia concomitantemente uma mastite supurativa, que foi confirmadapelo isolamento de Pseudomonas sp em cultura microbiológica.

Muitas vezes, a detecção de metástases pulmonares pode ser difícil em função de suas dimensões serem muitopequenas (menores que 0,5cm), ou de se apresentarem como micrometástases. Assim, um exame radiográfico negativo nãogarante a inexistência de generalização do processo [3]. No presente caso, o exame radiográfico não identificou quaisquersinais de lesões metastáticas. Na necropsia não foram visualizados nódulos metastáticos no pulmão, mas à palpação desteórgão, pequenos nódulos menores que 0,5cm foram identificados e histologicamente confirmados como focos metastáticos.

A citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) pode ser indicada como meio diagnóstico diferencial, implicando umprocedimento rápido, barato e seguro [9]. Apesar da CAAF ter sido relatada por alguns autores como valiosa no diagnóstico doCIM [8,9], outros autores referem que nem sempre ela fornece informações seguras, uma vez que, frequentemente apresentamresultados falso-negativos para neoplasias malignas. Em virtude disso, a biópsia incisional é um procedimento mais efetivo[2]. Neste caso os resultados da citologia foram inconclusivos, talvez pela má qualidade das amostras colhidas, dificultandoa avaliação.

No sistema de classificação atual para os tumores mamários caninos preconizado pela Organização Mundial daSaúde, o carcinoma inflamatório não é considerado um tipo histológico separado e sim um nome genérico dado a um carci-noma mamário que tem um componente inflamatório marcado. Estes neoplasmas tendem a ser agressivos e são associadoscom período de sobrevida curto [4].

Histologicamente, o CIM caracteriza-se como um carcinoma pouco diferenciado, com evidência de infiltradoscelulares polimorfonuclear e mononuclear e população epitelial anaplásica [8]. A invasão do estroma e dos linfáticos, inclusiveos da derme, são padrões comumente observados no CIM [2,6,7]. Os achados histopatológicos encontrados no presentecaso foram condizentes com os achados descritos por outros autores.

Não há um tratamento efetivo para o CIM conhecido até o momento. A cirurgia é considerada uma modalidadepouco recomendada para o CIM, pois segundo alguns autores, aumenta o risco de disseminação deste neoplasma. Aquimioterapia e a radioterapia não tem apresentado resultados satisfatórios [1,8]. O prognóstico para cadelas acometidas porCIM é extremamente desfavorável, sendo relatada uma média de sobrevida de 25 dias após o diagnóstico [6]. Neste caso nãofoi adotada nenhuma das modalidades terapêuticas citadas anteriormente devido à rápida progressão do neoplasma edebilidade do animal. Neste sentido o tratamento de suporte foi instituído visando diminuir o desconforto e a dor do animal.O curso clínico observado foi de aproximadamente 30 dias.

CONCLUSÃO

O CIM é um neoplasma pouco freqüente em cadelas, altamente maligno e com evolução clínica rápida e geral-mente fatal. Frente a sua semelhança clínica com lesões inflamatórias não neoplásicas, é de extrema importância o reconhe-cimento precoce desta condição, visando uma conduta mais adequada para aliviar o desconforto do animal portador, poisnão há tratamento efetivo conhecido para o CIM.

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s431-s432, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Atividade antimicrobiana in vitro de produtos naturaisda Bahia sobre Staphylococcus spp e Pseudomonas spp

In vitro antimicrobial activity of Bahia natural productsagainst Staphylococcus spp and Pseudomonas spp

Renata Grossi 1, Rodrigo Mota Ramalho 1, Ademir de Jesus Silva Júnior 2,Rosilene Aparecida de Oliveira 3, Fernando Faustino de Oliveira 3 & Roueda Abou Said 4

1Graduação, Curso de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus/BA.2Graduação, Curso de Química, UESC. 3Setor de Ciências Exatas-UESC. 4Setor de Ciências Agrárias e Ambientais-UESC.

ABSTRACT

The purpose of this work was to evaluate the in vitro antimicrobial activity of the ethanolic extract of two samples of propolis (beeglue), collected in regions with distinct vegetations in Ilhéus-BA. It was also evaluate the antimicrobial activity of the ethanolic extract of theLantana macrophylla Schauer leaves and branches and the ethanolic extract of the Passiflora alata leaves. The microtitration assay, for minimalinhibitory concentration (MIC) determination, was employed to verify the antimicrobial activity against Staphylococcus ssp and Pseudomonasssp, isolated from the ear canal of dogs with clinical otitis externa. The extracts had been tested in the concentrations of 3.125, 6,25, 12,5,25, 50 and 100 µg/mL. Both propolis ethanolic extracts had antimicrobial activity on 86% of the Staphylococcus ssp samples tested, beingthe MIC 50 µg/mL in 71% of the samples. In one of the samples, the antimicrobial activity was not observed. The Lantana macrophylla Schaueralso had antimicrobial activity, especially the leaves ethanolic extract, with 100% antimicrobial activity against Staphylococcus ssp, with MIC100 µg/mL. The Passiflora alata ethanolic extract did not have antimicrobial activity, at the concentrations tested. The two samples of Pseudo-monas ssp had been resistant to all of the extracts evaluated.

Key words: Lantana, propolis, antibacterial, MIC, otitis externa

INTRODUÇÃO

Os produtos naturais possuem grande potencial terapêutico. Estima-se que 25% dos medicamentos atualmenteutilizados derivam direta ou indiretamente de plantas. Para as drogas antimicrobianas esta estimativa é de 60% [2]. Nestecontexto, faz-se necessária a avaliação do potencial terapêutico de produtos naturais, como forma de reconhecer novasterapias que sejam efetivas e que apresentem baixa toxicidade ao indivíduo. Além disto, o reconhecimento deste potencialvalida o uso tradicional destes produtos pela comunidade, e constitui-se como uma fonte de desenvolvimento regional. Sendoassim, no presente projeto objetivou-se verificar a sensibilidade in vitro dos extrato etanólico de duas amostras de própolis,coletadas no município de Ilhéus-BA, e das plantas Lantana macrophylla Schauer e Passiflora alata frente aos agentesStaphylococcus ssp e Pseudomonas ssp isolados do conduto auditivo de cães com otite externa clínica, utilizando-se o testede macrodiluição em caldo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Duas amostras de própolis foram coletadas nos meses de julho/agosto 2005, no distrito de Aritaguá, município deIlhéus/BA, provenientes de regiões com vegetações distintas. A amostra 1 foi proveniente de uma região com vegetaçãopredominante de dendêzeiros, piaçava e coqueiros; e a amostra 2 foi proveniente de região com manguezal. A coloração daamostra 1 era marrom e esta era menos resinosa, enquanto a amostra 2 possuia coloração vermelha e aspecto mais resinoso.Os extratos foram realizados no Laboratório de Produtos Naturais da UESC, de acordo com o seguinte protocolo: 20 gramasde propólis foi triturada no liquidificador na presença de 10 mL de alcool etílico a 70%. A mistura foi mantida em repouso por10 dias, sendo ocasionalmente agitada e o volume de álcool completado. Em seguida, a mistura foi filtrada a vácuo e ofiltrado foi deixado no freezer overnight. Após este período, foi realizada nova filtragem, e o filtrado foi concentrado no rotaevaporador, sob pressão reduzida. Também foram processados extratos de galhos e folhas das plantas Lantana macrophyllaSchauer e das folhas da Passiflora alata, de acordo com o protocolo: as amostras de folhas e galhos das referidas plantasforam postas em estufa, a temperatura de 60 0C, durante 7 horas. Posteriormente à secagem, triturou-se separadamentefolhas e galhos, com auxílio de moinho. Adicionou-se solvente (etanol), em cada amostra, e esta solução permaneceu sobagitação, durante 3 dias. Após este período, realizou-se filtração à vácuo, obtendo-se o solvente misturado ao extrato. Taisextratos foram utilizados para avaliar a sensibilidade antimicrobiana in vitro sobre sete amostras de Staphylococcus ssp eduas de Pseudomonas ssp isoladas do conduto auditivo de cães com otite externa clínica, atendidos no Ambulatório dePequenos Animais, do Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus-BA. O isolamento eidentificação destas bactérias foi realizado conforme metodologia recomendada [1]. Já avaliação da atividade antimicrobianain vitro foi determinada pelo método de macrodiluição em caldo, sendo estabelecida a concentração inibitória mínima (CIM)[6]. Os extratos foram testados nas concentrações de 3.125, 6.25, 12.5, 25, 50 e 100 µg/mL.

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Grossi R., Ramalho R.M., Silva Júnior A.J., Oliveira R.A., Oliveira F.F. & Said R.A. 2007. Atividade antimicrobiana in vitro deprodutos naturais da Bahia sobre Staphylococcus spp e Pseudomonas spp. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s431-s432.

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RESULTADOS

Os resultados do teste de macrodiluição em caldo revelaram atividades antimicrobianas variáveis dos extratos,de acordo com as amostras testadas. Os extratos etanólicos de própolis demonstraram que ambas amostras apresentaramatividade antimicrobiana, com CIM a partir de 50 µg/mL em 71% (5/7) das amostras de Staphylococcus ssp. Uma das amostrasde Staphylococcus ssp. apresentou CIM a partir de 100 µg/mL, e uma amostra desta bactéria foi resistente a ambos extratos.Em relação à planta Lantana macrophylla Schauer, a atividade do extrato etanólico contendo folhas foi observada na CIM de100 µg/mL em 100% das amostras de Staphylococcus ssp testadas, e para o extrato contendo galhos a CIM foi de 100 µg/mLem 86% (6/7) das amostras, sendo uma amostra resistente. Os extratos da planta Lantana macrophylla Schauer não apresen-taram atividade abaixo da concentração de 100 µg/mL em nenhuma das amostras analisadas. Já o extrato etanólico defolhas da Passiflora alata não apresentou atividade antimicrobiana nas concentrações testadas. As duas amostras dePseudomonas ssp foram resistentes a todos os extratos testados.

DISCUSSÃO

A própolis é um complexo de substâncias naturais elaborado por abelhas, cuja atividade antimicrobiana foicomprovada em diversos estudos [7,8]. Entretanto, ainda que este efeito tenha sido relatado, deve-se considerar que suacomposição, e consequentemente efeitos terapêuticos, variam segundo a fonte botânica que lhe deu origem. Desta forma,estudos regionais são justificáveis. Neste experimento, observou-se que os dois extratos de própolis, coletados de regiõescom espécies botânicas distintas apresentaram atividade antimicrobiana sobre 86% das amostras Staphylococcus sspisoladas do conduto auditivo de cães com otite externa, sendo que em 71% das amostras em CIM 50 µg/mL. Em uma dasamostras esta atividade não foi observada. As variações da atividade antimicrobiana de um mesmo extrato frente às amostrasde Staphylococcus ssp, decorrem provavelmente de diferentes cepas, que se tornaram resistentes. Tal resistência é comumsobretudo em casos de otites recorrentes, cuja terapia é muitas vezes realizada de forma indiscriminada e inadequada. Jáo extrato etanólico de folhas de Lantana macrophylla Schauer demonstrou atividade antimicrobiana em CIM de 100 µg/mL.Esta espécie possui ocorrência no sul e extremo sul da Bahia. Outras espécies do gênero Lantana apresentaram atividadeantimicrobiana variável [3,5]. Contudo, poucos estudos foram realizados avaliando as atividades terapêuticas da espéciesupra-citada. Além das folhas, o extrato etanólico obtido dos galhos da Lantana macrophylla Schauer apresentaram atividadeantimicrobiana sobre 86% das amostras Staphylococcus ssp testadas, o que demonstra o potencial terapêutico desta espécie.Ainda que os extratos etanólicos de própolis e de Lantana macrophylla Schauer tenham apresentado atividade antimicrobianasobre o agente Staphylococcus ssp, o mesmo não foi observado em relação ao agente Pseudomonas ssp. Estes agentespossuem maior ocorrência em casos crônicos de otite externa canina, e possuem resistência a diversos antibióticos, porexemplo, são capazes de produzir várias enzimas que degradam b-lactâmicos (b-lactamases) ou aminoglicosídeos. Alémdisso, essa espécie apresenta também um sistema com capacidade de bombear ativamente uma série de antimicrobianospara fora da célula bacteriana, chamado de bomba de efluxo [4]. As amostras de Pseudomonas ssp testadas neste estudo,foram isoladas de cães com otite externa recorrente, fato que pode ter favorecido tal resistência.

CONCLUSÕES

Os extratos etanólicos de duas amostras de própolis, coletadas em Ilhéus-BA, assim como de galhos e folhas daplanta Lantana macrophylla Schauer. apresentaram atividade antimicrobiana in vitro sobre amostras de Staphylococcus ssp.As variações das atividades encontradas nas diferentes amostras testadas, refletem a importância de estudos que envolvamcasuística clínica.

Agradecimentos. Ao Sr. Antônio Carlos Sales Mendes, por ter gentilmente cedido a própolis, e ao Sr. Orson Galvão. Apoiofinanceiro: UESC.

REFERÊNCIAS

1 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2004. Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica. Módulo V, 93p. Disponívelem: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_5_2004.pdf>. Acessado em 05/02/2007.

2 Cragg G.M., Newman D.J. & Snader K.M. 1997. Natural products in drug discovery and development. Journal of Natural Products. 60:52-60.3 Deena M.J. & Thoppil J.E. 2000. Antimicrobial activity of the essential oil of Lantana camara. Fitoterapia.;71:453-455.4 Hancock R.E. 1998. Resistance mechanisms in Pseudomonas aeruginosa and other nonfermentative gram-negative bacteria. Clinical Infectious

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