119
ANA ELISA GONÇALVES AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ANTIALZHEIMER DE DÍMEROS DA TACRINA EM ANIMAIS COM ALZHEIMER INDUZIDO POR PEPTÍDEO Aβ1-42 Itajaí (SC) 2017

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ANA ELISA GONÇALVES

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ANTIALZHEIMER DE

DÍMEROS DA TACRINA EM ANIMAIS COM

ALZHEIMER INDUZIDO POR PEPTÍDEO Aβ1-42

Itajaí (SC)

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM FITOQUÍMICA E

ATIVIDADE BIOLÓGICA

ANA ELISA GONÇALVES

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ANTIALZHEIMER DE

DÍMEROS DA TACRINA EM ANIMAIS COM

ALZHEIMER INDUZIDO POR PEPTÍDEO Aβ1-42

Dissertação submetida à Universidade do

Vale do Itajaí como parte dos requisitos

para a obtenção do grau de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dra. Márcia Maria de

Souza

Itajaí (SC)

Março de 2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

G586a

Gonçalves, Ana Elisa, 1991-

Avaliação dos efeitos antialzheimer de dímeros da tacrina em animais

com Alzheimer induzido por peptídeo A β1-42 / Ana Elisa Gonçalves,

2015.

119f. ; il.; fig. ; tab.

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí, Mestrado em

Ciências Farmacêuticas.

“Orientadora : Prof ª . Dra. Márcia Maria de Souza”

Bibliografia : p. 99-117

1. Doenças de Alzheimer. 2. Peptídeos beta-Amiloides. 3.

Dímeros de Tacrina. I. Título.

CDU: 615

CDU: 612.78

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha querida orientadora, Prof.ª Dr.ª

Márcia Maria de Souza por todas as oportunidades, pela confiança e

principalmente à nossa amizade ao longo destes oito anos. Muito obrigada

pelos ensinamentos, pelas aulas e pelo apoio;

À toda minha família, pelo carinho, compreensão, sacrifícios e

confiança depositados em mim, principalmente à minha mãe, Fátima Maria

Cardoso, por ser meu exemplo de honestidade, dedicação e fé, por toda

compreensão e dedicação. O orgulho que você sente por mim não é maior

que o orgulho que sinto em ser sua filha. Mais uma vez, obrigada!

À Prof.ª Dr.ª Luísa Mota da Silva pela colaboração e ajuda na realização

de alguns experimentos, que pretendo trabalhar em conjunto em novos

projetos;

Às minhas amigas e colegas do PPGCF, pela ajuda inestimável: Priscila

Zimath, Ana Paula Dalmagro, Luísa Bolda, Ana Paula Beber e Marina

Jagielski Goss. Assim como aos alunos de iniciação científica que me

ajudaram nos experimentos: Camila, Ana, Luana, Nilson, Rafael, Taina,

Thais e Sérgio;

Às técnicas dos laboratórios Samantha Santos e Viviane Steimbach por

toda ajuda;

Aos professores Dr. Sérgio Faloni de Andrade e Dr.ª Christiane Meyre

da Silva Bittencourt por comporem a banca de qualificação, pelas correções

e orientações para conclusão deste trabalho;

Aos secretários do PPGCF Juliano Santos (Mano) e Helenize Heyse,

sempre prestativos e dispostos quando precisei de ajuda nas questões

burocráticas, e a todos os professores e funcionários;

E à Capes pela bolsa de estudos concedida, primordial no

desenvolvimento deste trabalho.

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“Cada pessoa deve trabalhar para o seu

aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da

responsabilidade coletiva por toda a humanidade. ”

Maria Curie

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AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ANTIALZHEIMER DE

DÍMEROS DA TACRINA EM ANIMAIS COM

ALZHEIMER INDUZIDO POR PEPTÍDEO Aβ1-42

Ana Elisa Gonçalves

Março/2017

Orientadora: Márcia Maria de Souza, Doutora.

Área de concentração: Fitoquímica e Atividade Biológica

Número de páginas: 119

A Doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência no mundo. É uma

doença neurodegenerativa que causa prejuízo cognitivo progressivo. As lesões

características no cérebro de pacientes com DA são depósitos extracelulares de

peptídeo β-amiloide (placas neuríticas), bem como a presença de emaranhados

neurofibrilares. Os pacientes também apresentam neuroinflamação e alteração do

sistema oxidativo. Atualmente o tratamento disponível para DA consiste em

inibidores das enzimas colinesterásicas e um antagonista de receptores NMDA (N-

metil D-Aspartato). Esses medicamentos são paliativos e atuam apenas na melhora da

cognição dos pacientes, porém não ajudam a retardar a progressão da doença. O

objetivo deste trabalho foi investigar o efeito de novos dímeros da tacrina em

camundongos com DA induzida por peptídeo β-amiloide (Aβ1-42), em testes

comportamentais in vivo e análise do sistema oxidativo ex vivo, além de avaliar o

possível efeito hepatotóxico em animais tratados por 15 dias. Para avaliar o efeito do

tratamento sobre o sistema locomotor e exploratório nos animais, foi realizado o teste

do Campo Aberto, e diferentes tipos de memória dos animais foram analisadas através

dos testes de Reconhecimento de Objeto (RO), Esquiva Inibitória (EI) e Labirinto

Aquático de Morris (LAM). Em relação ao efeito dos tratamentos sobre o sistema

oxidativo e neuroinflamatório no córtex e hipocampo dos animais, foram

determinados os níveis de glutationa reduzida (GSH), a atividade da superóxido

dismutase (SOD) e da mieloperoxidase (MPO), além de níveis de hidroperóxidos

lipídicos (LOOH). O efeito do tratamento sobre sistema hepático foi analisado através

da dosagem das transaminases (AST e ALT) no soro dos animais e análises

histológicas do fígado, assim como foi avaliado o efeito dos dímeros sobre a atividade

citotóxica em células de hepatoma humano (HepG2). Todos os dímeros estudados

(DT1, DT2, DT3 e DT4), que são conhecidamente inibidores colinesterásicos,

apresentaram melhora do déficit cognitivo causado pelo peptídeo Aβ1-42 nos testes

RO, EI e LAM. O dímero DT4 apresentou diminuição da locomoção no teste do

Campo Aberto, assim como a própria tacrina. Quanto às análises do sistema oxidativo,

todos os dímeros apresentaram melhora nos níveis de GSH no hipocampo. A atividade

da SOD permaneceu diminuída com os tratamentos dos dímeros DT2, DT3 e DT4.

Todos os dímeros apresentaram diminuição da atividade da MPO. E apenas o dímero

DT4 foi capaz de reduzir dos níveis de LOOH. Em relação ao sistema hepático, os

dímeros DT1 e DT3 elevaram os níveis de AST assim como a tacrina, dados

confirmados com as análises histológicas do fígado dos animais. Os dímeros DT2 e

DT4 parecem ser os que apresentaram menor lesão hepática. Nenhum dímero

apresentou citotoxicidade em células HepG2. Os resultados sugerem que os dímeros

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da tacrina estudados apresentara melhora da cognição dos animais com DA induzia

por Aβ1-42, além de ter efeitos adicionais de neuroproteção. Os resultados também

apontam para o dímero DT2 como um alvo farmacológico promissor para o

tratamento da DA.

Palavras-chave: Dímeros. Tacrina. β-amiloide. Doença de Alzheimer.

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EVALUATION OF ANTIALZHEIMER EFFECTS OF

TACRINE DIMERS IN ANIMALS WITH PEPTIDE

Aβ142-INDUCED ALZHEIMER

Ana Elisa Gonçalves

March/2017

Advisor: Márcia Maria de Souza, Doutora.

Area of Concentration: Phytochemistry and Biological Activity

Number of pages: 119

Alzheimer's Disease (AD) is the leading cause of dementia in the world. It is a

neurodegenerative disease that causes progressive cognitive impairment. The typical

brain lesions in patients with AD are extracellular β-amyloid peptide deposits, as well

as the presence of neurofibrillary tangles. Patients also present neuroinflammation and

alterations of the oxidative system. Currently, the treatment available for AD includes

inhibitors of cholinesterase enzymes and an NMDA receptor antagonist (N-methyl D-

Aspartate). These drugs are palliative and only improve patients’ cognition, but they

do not help to reduce progression of the disease. The aim of this work is to investigate

the effect of new tacrine dimers on mice with amyloid peptide (Aβ1-42) induced DA,

using in vivo behavioral tests and ex vivo oxidative system analysis, and to evaluate

possible hepatotoxic effects in animals treated for 15 days. To evaluate the effect of

the treatment on the locomotor and exploratory system in animals, the Open Field test

was used, and different types of animal memory were analyzed through the Object

Recognition (OR), Inhibitory Avoidance (IA) and Morris Water Maze (MWM) tasks.

In relation to the effect of treatments on the oxidative and neuroinflammatory system

in the cortex and hippocampus of the animals, the levels of reduced glutathione

(GSH), superoxide dismutase (SOD) and myeloperoxidase (MPO) and the levels of

Lipid hydroperoxide (LOOH) were determined. The effect of treatment on the hepatic

system was analyzed by the measurement of transaminases (AST and ALT) in the

serum of the animals and histological analysis of the liver, as well as the effect of the

dimers on the cytotoxic activity in human hepatoma cells (HepG2). All dimers studied

(DT1, DT2, DT3 and DT4), which are known to be cholinesterase inhibitors, showed

improvement of the cognitive deficit caused by the Aβ1-42 peptide in the OR, IA and

MWM tasks. DT4 dimer showed decreased locomotion in the Open Field test, as did

tacrine itself. Regarding the oxidative system analyzes, all the dimers presented

improvement in the levels of GSH in the hippocampus. SOD activity remained

decreased with the DT2, DT3 and DT4 dimer treatments. All dimers showed a

decrease in MPO activity. Only the DT4 dimer was able to reduce the levels of LOOH.

In relation to the hepatic system, DT1 and DT3 dimers raised AST levels as well as

tacrine, data confirmed by histological analysis of the liver of the animals. DT2 and

DT4 dimers appear to be the ones with the lowest hepatic lesion. No dimer presented

cytotoxicity in HepG2 cells. The results suggest that the dimers studied show

improved cognition of animals with Aβ1-42 induced AD, as well as other additional

neuroprotection effects. The results also correspond to the DT2 dimer as a promising

pharmacological target for the treatment of DA.

Key words: Dimers, Tacrine, β-amyloid, Alzheimer's disease.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Comparação da atrofia cerebral na DA avançada com cérebro

normal ......................................................................................................... 27 Figura 2 – Processo proteolítico da PPA via não-amiloidogênica e via

amiloidogênica. ........................................................................................... 30 Figura 3 – Modelo esquemático do mecanismo de fibrilação Aβ. Setas pretas

representam cadeias β, conforme determinado por dados de estado sólido

RMN ........................................................................................................... 31 Figura 4 – Hiperfosforilação da proteína tau e sua agregação .................... 33 Figura 5 – Esquema da síntese da acetilcolina assistida pela colina

acetiltransferase ........................................................................................... 36 Figura 6 – Esquema da hidrólise de acetilcolina assistida por

acetilcolinesterase ....................................................................................... 36 Figura 7 – Síntese, armazenamento e liberação da ACh, e receptores que atua.

.................................................................................................................... 37 Figura 8 – Representação esquemática da distribuição do sistema colinérgico

no cérebro humano ...................................................................................... 38 Figura 9 – Esquema ilustrativo da peroxidação lipídica causada pelo peptídeo

Aβ42 ............................................................................................................. 42 Figura 10 – Fármacos inibidores da AChE: tacrina (1), rivastigmina (2),

galantamina (3), donezepil (4) e bloqueador de NMDA: memantina (5) .... 45 Figura 11 – Esquema da dimerização da tacrina, bis(7)-tacrina e os dímeros

em estudo (DT1, DT2, DT3 e DT4) ............................................................ 47 Figura 12 - Conformação de ligação do composto DT3 na fenda de TcAChE.

.................................................................................................................... 49 Figura 13 – Rota de síntese adotada para a obtenção dos dímeros de tacrina e

as diaminas utilizadas .................................................................................. 50 Figura 14 – Esquema representativo do uso de animais por dias ................ 53 Figura 15 – Esquema representativo do teste de Reconhecimento de Objetos

.................................................................................................................... 55 Figura 16 – Esquema representativo do teste da Esquiva Inibitória ............ 56 Figura 17 – Esquema do Labirinto Aquático de Morris .............................. 57 Figura 18 – Efeito dos tratamentos sobre a atividade locomotora e atividade

exploratória no Teste do Campo Aberto .................................................... 64 Figura 19 – Efeito dos tratamentos em animais submetidos ao teste de

Reconhecimento de Objetos ........................................................................ 65

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Figura 20 – Efeito dos tratamentos sobre a memória aversiva de animais

submetidos ao Teste da Esquiva Inibitória. ................................................. 67 Figura 21 – Efeito dos tratamentos em animais submetidos ao Labirinto

Aquático de Morris durante as sessões de treino ......................................... 69 Figura 22 – Efeito dos tratamentos em animais submetidos ao Labirinto

Aquático de Morris durante as sessões de treino- Gráficos representativos de

cada dia de treino......................................................................................... 70 Figura 23 – Resultado do Probe trial em animais submetidos ao Labirinto

Aquático de Morris...................................................................................... 71 Figura 24 – Efeito dos tratamentos sobre parâmetros: distância percorrida (A)

e velocidade média (B) de animais submetidos ao LAM ............................ 72 Figura 25 – Efeito dos tratamentos sobre os níveis de GSH no córtex e

hipocampo dos animais ............................................................................... 75 Figura 26 – Efeito dos tratamentos sobre a atividade da SOD no córtex e no

hipocampo dos animais. .............................................................................. 76 Figura 27 – Efeito dos tratamentos sobre os níveis de LOOH no hipocampo

dos animais. ................................................................................................. 77 Figura 28 – Efeito dos tratamentos sobre os atividade da MPO no hipocampo

dos animais. ................................................................................................. 78 Figura 29 – Efeito dos compostos e da tacrina sobre os níveis das

transaminases AST e ALT em animais com tratamento subcrônico ........... 79 Figura 30 – Observações histopatológicas do fígado dos animas. .............. 80 Figura 31 – Viabilidade celular de células hepáticas da linhagem HepG2 .. 81

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LISTA DE ABREVIATURAS

5-HT3 – receptor de serotonina

Acetil-CoA – Acetil-coenzima A

ACh - Acetilcolina

AChE - Acetilcolinesterase

AChEI – Inibidor da Acetilcolinesterase

AICD – domínio intracelular de PPA

ALT – Alanina aminotransferase

AMPA - receptor ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-5-isoxazolpropiónico

AMPc – Adenosina monofosfato cíclica

APOE – Apolipoproteína E

APOE4 – Apolipoproteína E4

AST – Aspartato transaminase

ATC – ácido tricloroacético

Aβ – Peptídeo β-amiloide

Aβ1-42 – Peptídeo β-amiloide isoforma 1-42

BACE1 – β-secretase

BCh – Butirilcolina

BChE – Butirilcolinesterase

BChEI – Inibidor da Butirilcolinesterase

CEUA – Comissão de ética no uso de animais

ChAT – Colina Acetiltransferase

CI50 – Concentração inibitória 50%

CN – Controle Negativo

CTFs – Fragmentos C-terminais

DA – Doença de Alzheimer

DMEM – Meio de Eagle Modificado por Dulbecco

DMSO – Dimetilsufóxido

DT – Dímeros da tacrina

DTNB - 5,5’-ditiobis 2-ácido nitrobenzoico

d.p. – Desvio padrão

EDTA – Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético

EI – Esquiva inibitória

ENFs – Emaranhados Neurofibrilares

EROs – Espécies Reativas de Oxigênio

FDA – Food and Drug Administration

GABA – Ácido Gama-Aminobutírico

GPX – Glutationa Peroxidase

GR – Glutationa Redutase

GS – Glutamina Sintetase

GSH – Glutationa

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GST – Glutationa-S-Tranferase

HE – Hematoxilina e eosina

HTAB - Hexadeciltrimetilamônio

HPA – Eixo Hipotalâmico-Pituitário-Adrenal

i.c.v. – Intra cérebro ventricular

iNOS – Óxido nítrico sintase induzível por citocina

i.p. – Intraperitoneal

IR – Índice De Reconhecimento

Ki – Constante inibitória

LAM – Labirinto Aquático de Morris

LOOH – Hidroperóxidos lipídicos

LTP – Long Term Potentiation (Potencialização a longo prazo)

mA – Miliamperes

mAChR – Receptores Muscarínicos

MDA – Malondialdeído

Met-35 – Metionina-35

MetS+ – Radical sulfidrila ligado a Met-25

MPO – Mieloperoxidase

MT – Microtúbulos

MTT – Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio

nAChR – Receptores Nicotínicos

nbM – Núcleo basal de Meynert

NADPH – Fosfato de dinucleótido de nicotinamida e adenina

NMDA – N-metil D-Aspartato

NO – Óxido Nítrico

NOS – Óxido Nítrico Sintase

OMS – Organização Mundial de Saúde

PBS – Tampão fosfato com salina

PHOX – NADPH oxidase

PNs – Placas neuríticas

PPA – Proteína precursora amiloide

PSEN1 – Presenilina-1

PSEN2 – Presenilina-2

REM – Rápido Movimento dos Olhos

RO – Reconhecimento de Objetos

s.c. – Subcutâneo

SCA – Sítio Catalítico Aniônico

SPA – Sítio Periférico Aniônico

SFB – Soro bovino fetal

SNC – Sistema Nervoso Central

SNP – Sistema Nervoso Periférico

SOD – Superóxido dismutase

t-BuOOH – Hidroperóxido de tert-butila

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TCA – Teste Do Campo Aberto

TMB - Tetrametilbenzidina

TNF – Fator de necrose tumoral

v.o. – Via oral

VAChT – Transportador De Acetilcolina Vesicular

W – Watt

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 23 2 OBJETIVOS ........................................................................................... 25 2.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 25 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 25 3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................. 27 3.1 Doença de Alzheimer: aspectos gerais .................................................. 27 3.2 Sintomas e fatores de risco da Doença de Alzheimer ........................... 28 3.3 Neuropatologia ...................................................................................... 28 3.3.1 Cascata amiloidal .............................................................................. 29 3.3.2 Hiperfosforilação da proteína Tau .................................................... 32 3.4 Neurotransmissão colinérgica ............................................................... 34 3.5 Neuroinflamação ................................................................................... 40 3.6 Estresse Oxidativo ................................................................................. 41 3.7 Tratamento da Doença de Alzheimer .................................................... 43 3.7.1 Híbridos da tacrina ............................................................................ 46 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 49 4.1 Dímeros da tacrina ................................................................................ 49 4.2 Animais ................................................................................................. 51 4.3 Grupos experimentais ........................................................................... 51 4.4 Indução do Alzheimer através da administração do peptídeo β-amiloide

(Aβ1-42) via i.c.v. ......................................................................................... 53 4.5 Avaliação comportamental dos animais ................................................ 54 4.5.1 Teste do Campo Aberto (TCA) ........................................................... 54 4.5.2 Teste do Reconhecimento de Objetos (RO) ........................................ 54 4.5.3 Teste da Esquiva Inibitória (EI) ......................................................... 55 4.5.4 Teste do Labirinto Aquático de Morris (LAM) .................................. 56 4.6 Preparação das amostras para avaliação do sistema antioxidante

cerebral ........................................................................................................ 58 4.6.1 Quantificação dos níveis de glutationa reduzida (GSH) .................... 58 4.6.2 Determinação da atividade da superóxido dismutase (SOD) ............ 58 4.6.3 Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH) .......................... 59 4.6.4 Quantificação dos níveis de atividade da enzima mieloperoxidase

(MPO) ......................................................................................................... 59 4.6.5 Dosagem de proteína ......................................................................... 60

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4.7 Preparação das amostras para avaliação do sistema hepático dos

animais ........................................................................................................ 60 4.8 Avaliação da viabilidade celular ........................................................... 60 4.9 Análise estatística .................................................................................. 61 5 RESULTADOS ....................................................................................... 63 5.1 Avaliação dos efeitos dos compostos em ensaios comportamentais in vivo

..................................................................................................................... 63 5.1.1 Avaliação da atividade locomotora no Teste do Campo Aberto ........ 63 5.1.2 Efeito dos tratamentos sobre a memória de reconhecimento através do

teste de Reconhecimento de Objeto. ............................................................ 65 5.1.3 Avaliação da memória aversiva dos animais no teste da Esquiva

Inibitória ..................................................................................................... 66 5.1.4 Avaliação da memória espacial dos animais através do teste Labirinto

Aquático de Morris...................................................................................... 67 5.2 Avaliação dos efeitos dos compostos nos modelos bioquímicos ex

vivo .............................................................................................................. 74 5.2.1 Determinação dos níveis de GSH ....................................................... 74 5.2.2 Atividade da superóxido dismutase (SOD) ......................................... 74 5.2.3 Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH) .......................... 76 5.2.4 Atividade da mieloperoxidase (MPO) ................................................ 77 5.3 Avaliação do efeito dos compostos sobre o sistema hepático dos animais

..................................................................................................................... 78 5.3.1 Quantificação das transaminases AST e ALT .................................... 78 5.3.2 Análise histopatológica ...................................................................... 79 5.4 Avaliação da viabilidade celular ........................................................... 81 6 DISCUSSÃO ........................................................................................... 83 7 CONCLUSÕES ...................................................................................... 97 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 99 ANEXO A – PARECER COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE

ANIMAIS – CEUA/UNIVALI ............................................................... 119

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23

1 INTRODUÇÃO

A Doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência no mundo,

sendo um dos grandes desafios em termos de saúde pública em indivíduos com

idade avançada no século 21. Em dezembro de 2013, o G8, grupo de países mais

desenvolvidos economicamente do mundo, estabeleceu que a demência passasse

a ser uma prioridade global, necessitando que a cura ou uma terapia satisfatória

estivesse disponível até 2025 (SCHELTENS et al., 2016).

Além da demência e dos déficits comportamentais e cognitivos, os

pacientes com DA apresentam sintomas neuropsiquiátricos como apatia,

depressão, agitação, agressão e psicoses conforme a patologia vai avançando

(MASTERS; MORRIS; ROE, 2015). Esses sintomas representam o aumento da

neurodegeneração no sistema nervoso central (SNC), o que piora o prognóstico,

acelera a progressão da doença, aumenta o uso de serviços de saúde, levando à

institucionalização dos pacientes cada vez mais cedo.

A DA é caracterizada pela combinação de dois achados neuropatológicos

anormais presentes no cérebro: as placas amiloides extracelulares, conhecidas

como placas neuríticas (PNs) e, os emaranhados neurofibrilares (ENFs)

intraneuronais formados pela proteína Tau hiperfosforilada. As placas amiloides

são formadas por peptídeos β-amiloides (Aβ) insolúveis, os quais são

fragmentos da proteína precursora amiloide (PPA) (BLOOM, 2014). Quando a

PPA é clivada pela enzima β-secretase em conjunto com a γ-secretase, libera

fragmentos de peptídeos contendo de 36 a 42 aminoácidos, sendo que a isoforma

contendo 42 aminoácidos (Aβ1-42) é a mais neurotóxica (MOHAMED;

SHAKERI; RAO, 2016).

Os neurônios colinérgicos são o principal sistema de neurotransmissores

envolvidos na DA. A disfunção do sistema colinérgico na DA ocorre em diversos

níveis incluindo a diminuição da atividade da colina acetiltransferase e a redução

da recaptação de colina, os quais culminam na diminuição da síntese da

acetilcolina (ACh) e, alteração dos níveis dos receptores colinérgicos. Estes

neurônios mantêm a atividade cortical, fluxo sanguíneo cerebral local, modulam

a cognição, aprendizado e memória relacionada a atividades. Além disso, o

sistema colinérgico está envolvido no desenvolvimento e/ou neurogênese do

córtex cerebral e na regulação do ciclo do sono (ANAND; GILL; MAHDI,

2014).

Poucos medicamentos estão disponíveis para o tratamento da DA, sendo

que os aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) apenas atuam de

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forma sintomática, não alterando o curso da doença (ANAND; GILL; MAHDI,

2014). Em vista da prevalência e o aumento esperado da incidência da DA, o

desenvolvimento de uma terapia efetiva torna-se importante por questão de saúde

pública.

O primeiro medicamento aprovado pela FDA para o tratamento da DA foi

a tacrina, um inibidor da enzima acetilcolinesterase (AChEI), porém, devido a

sua hepatotoxicidade, esse fármaco foi retirado do mercado farmacêutico

(GUZIOR et al., 2015). Para melhorar seu perfil farmacológico, diversas

estratégias de modificação molecular têm sido adotadas, como a hibridação da

molécula com diferentes ligantes (AQUINO et al., 2013). O desenvolvimento de

moléculas híbridas com capacidade de ligar-se à múltiplos alvos farmacológicos

são de grande interesse atualmente em várias patologias do SNC, sobretudo as

neurodegenerativas como a DA, podendo prevenir os sintomas e a progressão da

doença, ao contrário das terapias tradicionais baseadas somente na inibição

colinesterásica (MOHAMED; SHAKERI; RAO, 2016).

Desta forma nos propomos no presente estudo avaliar os efeitos

farmacológicos de quatro dímeros da tacrina em camundongos com DA induzida

pelo peptídeo Aβ1-42, focando os efeitos sobre o comportamento cognitivo dos

animais, o efeito sobre o sistema oxidativo cerebral e o sistema hepático dos

mesmos, bem como sobre a avaliação da atividade citotóxica in vitro.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar o efeito nootrópico de dímeros da tacrina em camundongos com

DA induzida pelo peptídeo Aβ1-42, em modelos farmacológicos de memória.

2.2 Objetivos Específicos

Avaliar o efeito dos dímeros da tacrina sobre o sistema locomotor dos

animais com DA induzida no teste do Campo Aberto;

Avaliar o efeito dos dímeros da tacrina sobre a memória de

reconhecimento dos animais com DA induzida no teste de

Reconhecimento de Objetos;

Avaliar o efeito dos dímeros da tacrina sobre a memória aversiva dos

animais com DA induzida no teste da Esquiva Inibitória;

Avaliar o efeito dos dímeros da tacrina sobre a memória espacial dos

animais com DA induzida no teste do Labirinto Aquático de Morris;

Comparar os efeitos nootrópicos dos compostos com a tacrina;

Avaliar o efeito dos dímeros da tacrina sobre o sistema de oxidação

cerebral e neuroinflamação dos animais com DA induzida;

Avaliar os efeitos hepáticos dos tratamentos nos animais;

Avaliar a citotoxidade in vitro dos dímeros da tacrina em cultura celular

HepG2.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Doença de Alzheimer: aspectos gerais

A DA é uma desordem neurodegenerativa progressiva relacionada à idade,

e é atualmente considerada a forma mais comum de demência em pessoas mais

jovens, geralmente diagnosticados antes dos 65 anos (AMOAH et al., 2015).

Cérebros humanos afetados pela DA apresentam uma perda neuronal bem

difundida e uma grosseira atrofia do córtex e hipocampo (Figura 1). A formação

de emaranhados neurofibrilares e deposição de placas amiloides são

correlacionadas com o declínio cognitivo observado na DA (POOLER; NOBLE;

HANGER, 2014).

Figura 1 – Comparação da atrofia cerebral na DA avançada com cérebro normal

Fonte: http://www.brightstarcare.com/chattanooga/files/2013/11/alzheimers-scan.jpg

É estimado que 40 milhões de pessoas, a maioria acima de 60 anos, tenha

demência no mundo, e esses dados tendem a duplicar a cada 20 anos. A

prevalência de demência antes dos 50 anos é menos de 1 a cada 4000 pessoas,

com aproximadamente 30% dos casos ligados à DA (SCHELTENS et al., 2016).

Estudos de perspectiva epidemiológica preconizam que o nível de incidência de

DA aumenta com a idade, com uma estimativa de 0,08% por ano com idade entre

60-65 anos, e uma incidência de 6,48% em pessoas com mais de 85 anos

(VINTERS, 2014).

Mais de 95% dos casos de DA são aleatórios, sem causa definida. No

entanto, análises de casos raros de DA de origem genética encontraram quatro

genes que codificam a apolipoproteína E (APOE), proteína precursora Aβ (PPA),

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presenilina-1 e 2 (PSEN1, PESEN2) como responsáveis pelos casos genéticos

(KOSENKO et al., 2014).

3.2 Sintomas e fatores de risco da Doença de Alzheimer

A DA é caracterizada por prejuízo cognitivo progressivo e sintomas

comportamentais e psicológicos de demência. Além da apatia e depressão

observados frequentemente em cerca de 90% dos pacientes com demência média

a moderada, outros sintomas como agitação, agressão, irritabilidade, delírios,

comportamento motor aberrante e psicoses são extremamente desconfortáveis

para pacientes e cuidadores (MASTERS; MORRIS; ROE, 2015). Também tem

sido observado nos últimos anos, anomalias quanto a sensibilidade dolorosa dos

pacientes (STUBBS et al., 2016). Quando tais sintomas ocorrem cedo durante a

evolução da doença, sua frequência e intensidade podem contribuir com a

diminuição da qualidade de vida do paciente bem como, levar ao aumento das

dificuldades no cuidado diário do mesmo (MASTERS; MORRIS; ROE, 2015;

ROUCH et al., 2014).

A doença se desenvolve por longos períodos antes do aparecimento dos

sintomas clínicos, o que levanta a questão sobre os fatores de riscos ao longo da

vida que comprometem o desenvolvimento de alterações patológicas, em vez de

uma relação causal (SCHELTENS et al., 2016). O maior fator de risco é a idade

avançada, assim como outros fatores relacionados ao estilo de vida, histórico

familiar positivo, trauma craniano, gênero feminino, depressão prévia, diabetes

Mellitus, hiperlipidemia e fatores vasculares (ANAND; GILL; MAHDI, 2014,

SCHELTENS et al., 2016).

Enquanto os sintomas clínicos são definidos pelo déficit cognitivo, as

causas que levam ao declínio de memória são fortemente vinculadas a depósito

de agregados de proteínas malformadas necessárias ao processo bioquímico da

mesma (MOHAMED; SHAKERI; RAO, 2016).

3.3 Neuropatologia

Os principais fatores patológicos da DA são o acúmulo de placas amiloides,

ou PNs, contendo depósitos extracelulares de peptídeo Aβ, bem como a presença

de ENFs, os quais são resultantes da proteína Tau hiperfosforilada (AMOAH et

al., 2015).

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A agregação de oligômeros, fibrilas, e placas β-amiloide é o centro da

patogênese molecular da DA e, atualmente, tem sido o principal foco de

desenvolvimento de novos medicamentos para a doença (BLENNOW et al.,

2015).

3.3.1 Cascata amiloidal

As lesões características no cérebro de pacientes com DA reforçam a

hipótese de que PNs e ENFs desempenham o papel chave no processo da doença.

Além disso, a hipótese predominante que tem guiado a pesquisa científica é a

chamada “hipótese da cascata amiloidal”, primeiramente cunhada por Hardy e

Higgins no início dos anos 90. A hipótese postula que a agregação anormal de

peptídeo β-amiloide (Aβ) no cérebro inicia uma cascata de eventos que resultam

nas mudanças patológicas, na neurodegeneração e no declínio cognitivo (NHAN;

CHIANG; KOO, 2015).

Para compreender a cascata amiloidal e sua ligação com a DA, é preciso

examinar a função da PPA. É uma glicoproteína transmembrana altamente

conservada, expressa nos tecidos neuronais em volta da sinapse. Sua função é

crucial para plasticidade neuronal e formação sináptica (MOHAMED;

SHAKERI; RAO, 2016). Estudos com diferentes modelos de organismos

demonstraram que a PPA regula vários aspectos da neogênese, refletindo na sua

expressão numa fase muito precoce do desenvolvimento do cérebro, até o

estabelecimento de uma sinapse funcional (NICOLAS; HASSAN, 2014).

O peptídeo Aβ é produzido pela quebra sequencial da PPA por três enzimas,

α, β e γ-secretases (BLENNOW et al., 2015). Nos caminhos metabólicos da PPA,

há duas vias chamadas de via não-amiloidogênica e via amiloidogênica (Figura

2). Primeiramente a PPA é clivada pela α-secretase ou β-secretase (BACE1)

liberando derivados PPA extracelulares solúveis (sPPAα e sPPAβ,

respectivamente) e deixando um fragmento ligado à membrada α ou β C-terminal

(CTFs). Os fragmentos α-CTFs e β-CTFs são clivados pela γ-secretase. Na via

amiloidogênica, há liberação de peptídeo Aβ no meio extracelular, e um

fragmento citoplasmático conhecido como domínio intracelular de PPA (AICD)

(HAN et al., 2011, NICOLAS; HASSAN, 2014, MOHAMED; SHAKERI; RAO,

2016).

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Figura 2 – Processo proteolítico da PPA via não-amiloidogênica e via amiloidogênica.

Fonte: Steele, J. W.; Gandy, S., 2011

Diferenças no tamanho de aminoácidos na parte C-terminal confere

diferentes propriedades bioquímicas do peptídeo resultante. A isoforma mais

longa com 42 aminoácidos (Aβ1-42) é predisposta à agregação e formação de

fibrilas, constituindo um estímulo inicial para deposição e acúmulo de Aβ

formando PNs tóxicas. Além disto, oligômeros solúveis de Aβ1-42 têm

demonstrado efeitos neuronais negativos na fisiologia e função sináptica.

Enquanto isoformas menores de Aβ são menos propensas à agregação e menos

tóxicas (SCANNEVIN et al., 2016).

Ao contrário do peptídeo Aβ, sPPAα promove a sobrevivência da célula,

crescimento de axônio e sinaptogênese. Quando injetado sPPAα nos ventrículos

cerebrais de camundongos, há uma melhora na habilidade cognitiva e redução

nos níveis de danos neuronais causados por trauma craniano. Além disso, AICD

apresenta efeito neuroprotetor, melhorando a memória de animais transgênicos

(HAN et al., 2011).

Achados em cérebros de pacientes com DA revelaram que as PNs não

precedem necessariamente o aparecimento de declínios cognitivos. Em

contraste, depósitos amiloides têm sido observados em pessoas com cognição

sPPAα sPPAβ

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normal. Essas observações indicam que a formação de PNs podem não ser

totalmente correlacionadas sempre com a DA (FAUCHER et al., 2016). Tem

sido sugerido que espécies oligoméricas solúveis de Aβ, também conhecidas

como protofibrilas (Figura 3), podem ser mais neurotóxicas e responsáveis pelas

disfunções sinápticas do que as próprias PNs, levando às consequências da

fisiopatologia da DA (WANG et al., 2016).

O peptídeo Aβ solúvel altera composição, morfologia e densidade da

espinha dendrítica, que são saliências morfologicamente plásticas, importantes

para o armazenamento de informações sinápticas e de memória (LACOR et al.,

2007). O peptídeo exerce efeito inibitório em receptores excitatórios, incluindo

o receptor ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-5-isoxazolpropiónico (AMPA), e o

N-metil-D-aspartato (NMDA) e, em receptores nicotínicos, comprometendo a

potencialização a longo prazo (LTP ou Long Term Potentiation, em inglês) a

qual é considerada como modelo biológico de memória (LACOR et al., 2007,

REID; EVANS, 2013, WANG et al., 2016).

O peptídeo Aβ também está associado à inflamação e ativação de astrócitos

e micróglias, que topograficamente encontram-se em volta das PNs. Essas

células fazem parte do tecido nervoso com funções biológicas bem definidas e

são ativadas em processos neurodegenerativos. A formação de células gliais em

volta dos depósitos de Aβ podem proteger o tecido cerebral da toxicidade. Porém,

astrócitos e micróglias secretam citocinas e produzem neurotoxinas que podem

induzir a neurodegeneração. O mecanismo pelo qual as protofibrilas Aβ1-42

induzem neurotoxicidade ainda é obscuro. Grandes quantidades de protofibrilas

Aβ1-42 ficam armazenadas nos astrócitos por um longo período, ao invés de serem

degradadas. Esse acúmulo intracelular causa defeitos endossomais/lisossomais

severos que provavelmente reduzem a capacidade de degradação dos astrócitos

mais adiante (SÖLLVANDER et al., 2016).

Figura 3 – Modelo esquemático do mecanismo de fibrilação Aβ. Setas pretas representam

cadeias β, conforme determinado por dados de estado sólido RMN

Fonte: http://www.uni-leipzig.de/~biophys/cms/index.php?id=233

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Os astrócitos são altamente responsáveis por manter a homeostase do

cérebro, e o seu mau comportamento pode afetar nos processos de suporte

metabólico neuronal, modificação dos sinais sinápticos, reciclagem de

neurotransmissores, regulação da corrente sanguínea e função de barreira

hematoencefálica (SÖLLVANDER et al., 2016).

O acúmulo de Aβ1-42 na DA é devido ao desequilíbrio entre a sua produção

e sua remoção. A hipótese é de que a agregação de Aβ, como as protofibrilas,

dificultem a degradação pelos astrócitos, mais que a forma monomérica da

proteína. A maioria dos pacientes com DA esporádica não apresentam aumento

de produção de Aβ, o que sugere que a causa principal da formação da doença

pode ser a sua insuficiente degradação lisossomal. Além disso, sabe-se que

pacientes com desordens lisossomais geralmente desenvolvem doenças

neurodegenerativas, como DA e Doença de Parkinson (SÖLLVANDER et al,

2016).

Também é reportado na literatura que a DA também pode ocorrer devido

a mutações genéticas. Em um pequeno subconjunto de casos de DA familiar,

mutações têm sido identificadas em genes que codificam a PPA, PSEN1 ou

PSEN2. Em DA esporádica, polimorfismos do alelo E4 da APOE (APOE4) e

outros genes têm sido associados com o aumento de risco de desenvolver a

doença (ITTNER; GÖTZ, 2011).

A hipótese amiloide da DA sugere que o acúmulo de placas Aβ leva à

agregação de Tau hiperfosforilada a ENFs. A distribuição de ENFs no neocórtex

foi mostrada nos primeiros estágios iniciais da doença, principalmente nos lobos

temporais, parietais e frontais de pacientes acometidos. Ambos ENFs e PNs estão

associadas com degeneração neural (principalmente de células piramidais

hipocampais) (REID; EVANS, 2013).

3.3.2 Hiperfosforilação da proteína Tau

Mudanças morfológicas nos dendritos podem levar a hiperfosforilação da

Tau e eventual formação de ENFs (Figura 4), o que propõe um link entre a causa

desses dois tipos de distúrbios na patologia. A hipótese causal é suportada por

evidências de que a proteína Aβ solúvel pode induzir toxicidade na Tau e morte

celular em camundongos tipo-selvagem. Perdas sinápticas pode ser outra

consequência importante de PNs e ENFs (REID; EVANS, 2013).

Imaginava-se que a Tau era uma proteína associada à microtúbulos (MTs),

com função de ligar e estabilizar os MTs de maneira dependente de fosforilação.

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Mudanças na fosforilação da Tau são conhecidas por induzir perda na função

fisiológica da mesma. Na verdade, há evidências que sugerem papéis adicionais

para a Tau além da estabilização dos MTs, incluindo função de regulação

sináptica e sinais neuronais (POOLER; NOBLE; HANGER, 2014).

A Tau contem três domínios maiores: um domínio amino-terminal, um

domínio carboxi-terminal de ligação de MTs repetidos e uma pequena sequência

caudal. No cérebro humano, existem seis isoformas de Tau. A Tau é

predominantemente encontrada nos axônios, e é também encontrada nos

dendritos, com níveis bem menores. Como reportado anteriormente, a melhor

função estabelecida para a Tau é a estabilização dos MTs e a regulação do

transporte axonal (ITTNER; GÖTZ, 2011).

Figura 4 – Hiperfosforilação da proteína tau e sua agregação

Fonte: Götz; Ittner, 2008

A Tau tem sido reconhecida por enriquecer os axônios, onde liga e

estabiliza os MTs de maneira dependente de fosforilação. Mais recentemente, a

Tau foi encontrada em compartimentos subcelulares adicionais, incluindo a

sinapse, onde pode influenciar diretamente a comunicação neuronal

(KUZNETSOV; KUZNETSOV, 2015). Também tem sido identificada no

complexo de Golgi, retículo endoplasmático rugoso, e na membrana plasmática

(BALOYANNIS, 2014). Juntos, esses estudos sugerem que a Tau pode participar

de um importante papel na distribuição sináptica que pode mudar durante a

doença. Mesmo havendo a hipótese de a Tau induzir toxidade na fisiopatologia

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da DA, sua presença na sinapse de cérebros saudáveis sugere um papel de

regulação na função sináptica normal (POOLER; NOBLE; HANGER, 2014).

Formas patogênicas da Tau podem se acumular seletivamente em espinhas

dendríticas, onde a mesma pode ter uma influência neurotóxica. Tem havido um

aumento substancial de evidências indicando que a Tau é essencial para a

neurotoxicidade induzida pela Aβ, tanto in vitro quanto in vivo (POOLER;

NOBLE; HANGER, 2014).

A distribuição celular da Tau é regulada pelo desenvolvimento. Em

neurônios jovens, ela se distribui uniformemente no corpo celular e nas neurites.

Mais tarde, quando axônios emergem e os neurônios são polarizados, a Tau

torna-se mais densa nos axônios, com menor predomínio nos dendritos e no

núcleo. A falta de densidade da Tau em dendritos representa um dos primeiros

sinais de neurodegeneração na DA. Uma distribuição diferencial da Tau em

diferentes compartimentos celulares indica que a proteína tem diferentes funções

em diferentes meios (WANG; MANDELKOW, 2016).

3.4 Neurotransmissão colinérgica

O sistema colinérgico está associado ao aprendizado e memória. Estudos

demonstram que a ACh endógena é importante no processo de aquisição,

codificação, consolidação, reconsolidação, extinção e recuperação da memória

(FERREIRA-VIEIRA et al., 2016). O papel da ACh está relacionado com

aprendizado e memória justamente por regular a neurotransmissão

glutamatérgica (RADCLIFFE; DANI, 1998). Não só no processo de cognição, a

interação colinérgica e glutamatérgica está envolvida, o sistema também parece

ter importância nos processos de neuroproteção (O'NEILL et al., 2002,

FERREIRA-VIEIRA et al., 2016). A perda da memória é o sintoma mais

clássico da DA e os medicamentos anti-DA tem seu mecanismo

farmacodinâmico relacionado ao sistema colinérgico, desta forma tem sido

sugerido a hipótese colinérgica para a DA.

A hipótese colinérgica para DA foi formada devido a achados científicos

mostrando perda severa (cerca de 80%) de neurônios colinérgicos no núcleo

basal de Meynert (nbM), uma das principais fontes de inervação colinérgica para

o córtex cerebral (WHITEHOUSE et al., 1982), bem como uma redução na

atividade da Colina acetiltransferase (ChAT) e Acetilcolinesterase (AChE) no

cérebro de pacientes com DA (BARTUS et al., 1982).

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A ACh participa de diversas funções no organismo. A sua liberação no

cérebro pode ser regulada pelo estresse que após a estimulação do eixo HPA

(hipotálamo-hipófise-adrenal), há ativação de receptores nicotínicos (nAChR)

(NEWMAN et al., 2001). Outra função importante do sistema colinérgico é a

regulação do ciclo do sono REM (período do sono caracterizado por movimento

rápido dos olhos). A entrada colinérgica nos locais de geração de sono REM

serve como reforço na transição do sono não-REM para o sono REM, tornando-

a mais rápida e com menos probabilidade de falha, porém, não é o principal

sistema envolvido (GRACE; HORNER, 2015). Também é evidenciado o

envolvimento da ACh na neurogênese adulta, onde neurônios colinérgicos

projetam-se do prosencéfalo para o córtex cerebral durante o período de

desenvolvimento cerebral e posterior a ele. O sistema colinérgico também atua

regulando a neurogênese hipocampal em adultos, promovendo positivamente a

proliferação, diferenciação, integração e potencializa a sobrevivência de

neurônios recém-nascidos (BRUEL-JUNGERMAN; LUCASSEN; FRANCIS,

2011).

Os principais componentes do sistema colinérgico são: (I) o

neurotransmissor acetilcolina (ACh); (II) acetilcolinesterase (AChE), enzima

que degrada a ACh; (III) colina acetiltransferase (ChAT), enzima que sintetiza

ACh; e (IV) receptores de ACh, especificamente os receptores nicotínicos

(nAChR) e muscarínicos (mAChR) (PAUL et al., 2015).

A síntese da ACh acontece no citoplasma de neurônios colinérgicos. A

enzima ChAT sintetiza ACh a partir de colina e acetil-coenzima A (acetil-CoA)

(Figura 5). Acetil-CoA é gerada pela mitocôndria e a maioria da colina vem da

dieta, já que os neurônios têm capacidade limitada de produzir a própria colina

(PIETROCOLA et al., 2015; SZUTOWICZ et al., 2013). É considerado que a

ChAT está presente em duas formas: solúvel (80-90% da atividade enzimática)

e ligada à membra de forma não-iônica (10-20%) (ODA, 1999). Sua atividade é

regulada pela despolarização neuronal, influxo de Ca2+ e fosforilação por uma

variedade de proteínas quinases (SCHMIDT; RYLETT, 1993).

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Figura 5 – Esquema da síntese da acetilcolina assistida pela colina acetiltransferase

A ACh é transportada para as vesículas sinápticas pelo transportador de

acetilcolina vesicular (VAChT), que está localizado na membrana da vesícula

(WHITTAKER, 1982). Quando os neurônios colinérgicos são despolarizados,

ACh é exocitada das vesículas e liberadas na fenda sináptica, onde pode ativar

receptores muscarínicos e nicotínicos. A ACh presente na fenda sináptica é

rapidamente hidrolisada pela enzima acetilcolinesterase (AChE), liberando

colina e acetato (Figuras 6 e 7) (WILSON; BERGMANN; NACHMANSOHN,

1950). Neurônios colinérgicos secretam AChE na fenda sináptica, onde a enzima

é normalmente associada com a membrana plasmática (PODLESKI;

CHANGEUX, 1967). A colina que é liberada da hidrólise da ACh na fenda

sináptica é recapturada pelo neurônio colinérgico pré-sináptico por um sistema

de transporte ativo (SCHUBERTH; SUNDWALL; SÖRBO, 1967).

Figura 6 – Esquema da hidrólise de acetilcolina assistida por acetilcolinesterase

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Figura 7 – Síntese, armazenamento e liberação da ACh, e receptores que atua.

Fonte:http://pharmacology-notes-free.blogspot.com.br/2012/03/acetylcholine.html

Como já reportado, a ACh é um neurotransmissor usado por todos os

neurônios colinérgicos, os quais tem um importante papel no SNC e SNP

(FERREIRA-VIEIRA et al., 2016). No SNC, os neurônios colinérgicos são

amplamente distribuídos, e quase todas as regiões do encefalo são inervadas

evoluindo para uma rede complexa com três componentes principais: (I) a partir

de núcleos de saliências do prosencéfalo basal; estas incluem o núcleo medial do

septo, o nbM, o núcleo vertical da faixa diagonal e o membro horizontal do

núcleo da faixa diagonal, que inervam o hipocampo, a maioria das regiões

corticais e alguns núcleos subcorticais, (II) projeções do pedunculopontino-

lateral dorsal tegumental do tronco cerebral para o tálamo, mesencéfalo e outras

regiões do tronco cerebral e (III) interneurônios no corpo estriado (mais

abundante) e o núcleo acumbens (Figura 8) (SCARR et al., 2013).

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Figura 8 – Representação esquemática da distribuição do sistema colinérgico no cérebro

humano

Fonte: Hopper et al., 2016

A ACh modula funções do SNC pela ativação de receptores, promovendo

tanto a estimulação quanto a inibição, dependendo do tipo de receptor e

localização neuronal. Os receptores nicotínicos (nAChRs) são canais iônicos

expressos no SNC que respondem a neurotransmissores endógenos como ACh,

e nicotina, uma das drogas de abuso mais difundida. A ativação desses receptores

excita células mediando uma transmissão sináptica rápida em neurônios

autônimos gangliônicos e em algumas áreas cerebrais, principalmente em sítios

pré-sinápticos e pré-terminais onde eles regulam a liberação de

neurotransmissores excitatórios e inibitórios (FASOLI; GOTTI, 2015).

Receptores nicotínicos são proteínas transmembrana pentaméricas que

pertencem a superfamília de canais iônicos “cys-loop” juntamente com

receptores ionotrópicos GABAA, GABAC, glicina e 5-HT3. São compostos de

uma variedade de subunidades α e β, que determinam as propriedades

farmacológicas e cinéticas. As cinco subunidades que compõem o receptor estão

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em volta de um poro hidrofílico central que medeia o fluxo de K+, Na+ e Ca++.

No SNC, há oito subunidades α (α2-7, α9, α10) e três subunidades β (β2-β4) que

formam diferentes combinações gerando uma variedade de subtipos de

receptores nAChR com propriedades eletrofisiológicas distintas no cérebro

(LOMBARDO; MASKOS, 2015).

Receptores muscarínicos são receptores ligados à proteína G que são

capazes de modular diversos canais iônicos (DOROFEEVA et al., 2009;

NAVARRO-POLANCO et al., 2011). Foram identificadas cinco isoformas de

receptores muscarínicos até o momento (M1-5) (BONNER et al., 1987; KUBO

et al., 1986). M1, M3 e M5 são ligados à proteína Gαq, enquanto M2 e M4 são

ligados à Gαi. A ativação de Gαq ativa a fosfolipase C e forma fosfato de inositol

e outros segundos mensageiros, que podem promover o fechamento de canais de

K+, o que facilita a excitabilidade celular (HAMMER et al., 1980). Já a ativação

da Gαi leva à inibição da adenilato ciclase e redução dos níveis de adenosina

monofosfato cíclica (AMPc), promovendo a inibição dos canais de Ca2+

voltagem dependentes e, então, diminuindo a excitabilidade celular (EGAN;

NORTH, 1986).

Em termos de localização sináptica, os receptores M1 e M3 estão

localizados principalmente em neurônios pós-sinápticos (LEVEY et al., 1991),

enquanto os receptores M2 e M4 estão geralmente localizados em neurônios pré-

sinápticos, atuando como auto receptores, regulando negativamente a liberação

de ACh (DOUGLAS; BAGHDOYAN; LYDIC, 2001).

Quanto às enzimas responsáveis pela degradação da ACh, além da AChE,

muitos organismos também possuem a butirilcolinesterase (BChE), conhecida

como, pseucolinesterase ou colinesterase plasmática (JOHNSON; MORRE,

2012), enzima relacionada à AChE servindo como uma co-reguladora na

neurotransmissão colinérgica hidrolisando a ACh (ANAND; SINGH, 2013). A

BChE é farmacologicamente diferente da AChE pela sua reação com substratos

e inibidores, e cineticamente por apresentar mais ativação do que inibição de

substratos. Há uma relação muito próxima entre as duas enzimas, onde parecem

funcionar como parceiras, complementando uma a outra em diferentes maneiras

(JOHNSON; MORRE, 2012).

AChE e BChE assemelham-se em mais de 50%, mas as suas funções e

localização no corpo são bem diferentes. AChE e BChE tem habilidades

diferentes em metabolizar substratos. Comparando com a BChE, AChE não é

capaz de hidrolisar ésteres de alto peso molecular, porém a AChE tem mais

afinidade pela acetilcolina e a BChE pela butirilcolina (BCh). Essa diferença na

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afinidade por substratos é provavelmente devida as mudanças na disposição do

sítio de ligação aromática (POHANKA, 2011). AChE possui um sítio de ligação

aniônico periférico mais desenvolvido e o sítio de ligação aromático é mais

estreito que a BChE. Compostos aromáticos têm maior afinidade para AChE que

para BChE. Alguns inibidores aromáticos de AChE não inibem a BChE, por

exemplo, aflatoxinas (POHANKA, 2014).

AChE é encontrada em vários tipos de tecidos condutores: nervos e

músculos, tecidos centrais e periféricos, fibras motoras e sensoriais, e fibras

colinérgicas e não-colinérgicas. Porém, sua atividade é maior em neurônios

motores que sensoriais. AChE também é encontrada na membrana de hemácias

(ČOLOVIĆ et al., 2013). Tem sido mostrado na literatura, que os níveis de

BChE excedem os de AChE em todos os tecidos, exceto no músculo e cérebro.

No cérebro humano, BChE é expressa em altas concentrações nas células gliais,

principalmente astrócitos, enquanto a AChE é predominante em neurônios.

Mesmo assim, BChE também é encontrada em alguns neurônios presentes na

amígdala, tálamo e hipocampo (JOHNSON; MORRE, 2012). Apesar da

atividade da BChE ser abundante, sua função fisiológica ainda não está

completamente elucidada. Indivíduos com deficiência de BChE são geralmente

saudáveis e não manifestam sinais de doenças (MANOHARAN et al., 2007).

3.5 Neuroinflamação

A neuroinflamação é um processo importante envolvido na patogênese de

muitas doenças neurodegenerativas. Marcadores inflamatórios no plasma, no

líquido cefalorraquidiano e nos tecidos cerebrais post-mortem têm se tornados

características distintivas para DA e Doença de Parkinson junto com outros

marcadores. Isso tem levado a hipótese de que a inflamação no SNC é um fator

importante na contribuição da neurodegeneração, principalmente na DA.

O fator de necrose tumoral (TNF-α) é o mediador inflamatório mais

estudado, o qual encontra-se aumentado em pacientes e/ou modelos animais de

neurodegeneração humana. No encéfalo, o TNF-α é primeiramente sintetizado e

liberado pelas células gliais as quais podem ser ativadas por trauma, infecção

ou, na presença de agregados endógenos anormais, como o Aβ e os corpúsculos

de Lewy (TWEEDIE et al., 2012, ARDESTANI et al., 2017).

A micróglia é uma célula do tecido nervoso com função de fagócito

residente do SNC, é constantemente usada em processos altamente móveis para

proteger as regiões cerebrais afetadas por presença de patógenos e restos

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celulares, e simultaneamente, fornece fatores que ajudam a manutenção do

tecido. Ao mesmo tempo, a micróglia é importante para a manutenção e

plasticidade de circuitos neuronais, contribuindo para a proteção e remodelação

das sinapses. Uma vez ativada por processos patológicos, como morte neuronal

ou agregados proteicos, a micróglia desloca-se para o sítio da injúria e migra

para a lesão, onde inicia uma resposta imune inata. Na DA, a micróglia é capaz

de ligar-se a oligômeros β-amiloides e fibrilas via receptores de superfície,

começando a produzir citocinas pró-inflamatórias e quimiocinas. O processo

também envolve a geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) que, em

excesso, levam a desregulação da reposta imune, contribuindo para a

neurodegeneração (HENEKA et al., 2015, MINTER; TAYLOR; CRACK,

2016).

Em adição, a ativação direta das citocinas, astrócitos e micróglia estimulam

a síntese de óxido nítrico (NO), que em altas concentrações pode ser tóxico aos

neurônios. Estudos têm demonstrado que a óxido nítrico sintase induzível por

citocinas (iNOS) está aumentada no cérebro de pacientes com DA (BEHAIRI et

al., 2015). Da mesma forma, NADPH oxidase (PHOX) é altamente expressa pela

micróglia na DA, e rapidamente ativada pela inflamação iniciada pelo Aβ,

resultando na produção de peróxido de hidrogênio (H2O2), que também promove

a ativação de micróglia. Evidências sugerem que o estresse oxidativo ajuda na

formação de espécies Aβ pela nitração do peptídeo Aβ em tirosina 10 levando a

um aumento na propensão da agregação (HENEKA et al., 2015).

3.6 Estresse Oxidativo

Há muito tempo tem sido estabelecido que o estresse oxidativo na DA é um

dos pontos mais críticos na patogênese da doença o qual danifica componentes

da vitalidade da célula, como as proteínas, lipídios e ácidos nucleicos. Estes

danos se não forem controlados, podem ser a principal razão para a eventual

degeneração dos neurônios, possivelmente por meios apoptóticos (SWOMLEY

et al., 2014).

A hipótese de que Aβ induz estresse oxidativos em níveis intracelulares,

especificamente a forma Aβ1-42, é baseada na observação da geração de EROs

pelo peptídeo, quando o mesmo entra em contato com a bicamada lipídica,

iniciando a peroxidação lipídica (Figura 9) (SWOMLEY; BUTTERFIELD,

2015).

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O peptídeo Aβ1-42 contém um resíduo de metionina-35 (Met-35) que parece

estar associado à toxicidade e ao estresse oxidativo desencadeado

(BUTTERFIELD; SWOMLEY; SULTANA, 2013). Quando o peptídeo Aβ

oligomérico entra em contato com a bicamada lipídica, o meio hidrofóbico leva

à estabilização da oxidação de um elétron do Met-35, já ligado aos radicais livres

sulfidrila (MetS+). A hipótese postulada é a de que este radical livre inicia uma

série de reações em cadeia de radicais livres que tomam lugar da bicamada

lipídica gerando produtos de peroxidação lipídica modificando a funcionalidade

e as características da membrana proteica (SWOMLEY et al., 2014).

Figura 9 – Esquema ilustrativo da peroxidação lipídica causada pelo peptídeo Aβ42

Fonte: adaptado de Swomley e Butterfield, 2015

Muitas doenças como a DA têm em comum a desregulação de níveis

oxidantes que implicam na sua patogênese. As moléculas oxidantes conhecidas

por participar de estados redox são moléculas como H2O2, superóxido (O2-), o

ânion hidroxila (OH-), o radical hidroxila (OH), óxido nítrico (NO), e

peroxinitrito (ONOO-). A perda da homeostase no controle das reações redox,

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pode ser atribuída a uma alta produção de oxidantes, assim como uma diminuição

dos antioxidantes ou do sistema de defesa. No cérebro, o principal meio de lidar

com o excesso de oxidantes é a glutationa (GSH) e sua enzima de suporte, a

glutationa peroxidase (GPX), glutationa redutase (GR) e a glutationa-S-

transferase (GST) (SWOMLEY; BUTTERFIELD, 2015).

Comparado com outros órgãos, o cérebro parece estar especialmente em

perigo em relação à geração e desintoxicação de EROs. As células do cérebro

humano utilizam 20% do oxigênio consumido pelo corpo, apesar do órgão pesar

apenas 2% do peso corporal. O cérebro é extremamente vulnerável as EROs por

ser rico em lipídeos insaturados, alvos de peroxidação lipídica. Além disso, o

cérebro apresenta baixa atividade de superóxido dismutase (SOD), catalase e

glutationa peroxidase (GPx) comparada com rins e fígado (HUANG; ZHANG;

CHEN, 2016).

Um radical livre na sua forma natural, o -NO, é sintetizado pela L-arginina

endotelial, neuronal, ou induzido pelo óxido nítrico sintase (NOS). O radical -

NO tem efeitos benéficos como mediador biológico em diversos processos

incluindo a vasodilatação e a neurotransmissão, mas pode ser tóxico em altas

concentrações (SWOMLEY et al., 2014).

Outra reação que poder ser neurotóxica é a redução de glicose no cérebro,

o que resulta num aumento das concentrações de amônia cerebral. A amônia

inibe a cadeia de transporte de elétrons e o transporte de melato-aspartato,

diminui a atividade do citocromo c e níveis de glutationa na mitocôndria cerebral.

O acúmulo de amônia no cérebro de pacientes com DA pode ser mediado pela

inibição de glutamina sintetase (GS) NO-dependente. A diminuição da atividade

da GS no cérebro pode levar a consequências sérias na função do ciclo

glutamato-glutamina, e consequente hiperamonemia nas células neuronais, o que

afeta o humor e comportamento, padrão de sono e causa amnésia, confusão e

redução da consciência, sintomas esses considerados marcas da DA (KOSENKO

et al., 2014).

3.7 Tratamento da Doença de Alzheimer

Apesar do conhecimento da DA por um século, quatro inibidores

colinesterásico e um inibidor de receptores NMDA (Memantina) são os únicos

medicamentos aprovados pela FDA para o tratamento dessa doença. Esses

medicamentos apenas fornecem tratamento sintomático e paliativo, sem alterar

o curso da doença (ANAND; GILL; MAHDI, 2014).

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A maioria dos alvos na pesquisa terapêutica da DA incluem: peptídeo Aβ,

proteína Tau, receptores (colinérgico, glutamatérgico, serotoninérgico,

dopaminérgico, noradrenérgico, histaminérgico) e enzimas (AChE, BuChE, α, β,

γ-secretase, monoamina oxidase, A e B) (MARTORELL et al., 2016). Os agentes

mais promissores envolvem neuroproteção, prevenção do acúmulo de Aβ e

melhora nos efeitos cognitivos dos pacientes (WEST; BHUGRA, 2015).

Há mais de 20 anos (em 1993), foi aprovado pela FDA o primeiro

medicamento para o tratamento da DA: a tacrina (1) (Cognex®). O fármaco age

como um inibidor tanto da AChE (AChEI) como da BChE (BChEI). Este

fármaco foi introduzido na clínica baseado na hipótese colinérgica para DA.

Pacientes com DA que receberam tratamento com a tacrina apresentaram

aumento da liberação e síntese de ACh, aumento dos níveis de metabólitos de

monoaminas, aumento do número de receptores nicotínicos cerebrais,

estimulação do metabolismo da glicose e melhora do desempenho

neuropsicológico (KRAČMAROVÁ; DRTINOVÁ; POHANKA, 2015). Devido

a sua hepatotoxicidade juntamente com os efeitos secundários gastrointestinais

oriundos do aumento das concentrações de ACh, os quais incluíam aumento

pronunciado do peristaltismo gastrointestinal (cólicas) e da ativação da bomba

de prótons, a tacrina foi retirada do mercado. No entanto outros três AChEI foram

aprovados como medicamento antiDA: a rivastigmina (2), galantamina (3) e o

donezepil (4) (Figura 10) (GUZIOR et al., 2015).

A rivastigmina é classificada como agente de ação intermediária ou pseudo-

irreversível devido à sua longa inibição da AChE, que dura até 10 horas. Como

já descrito, o fármaco inibe tanto a AChE quanto a BChE.

A galantamina é um alcaloide obtido da planta Galanthus spp que exibe

dois mecanismos de ação. Ocorre inibição da AChE e simultaneamente, o

fármaco modula alostericamente os receptores nicotínicos (KILGORE et al.,

2014). O donezepil (Aricept®) é um fármaco sintético, inibe seletivamente e

reversivelmente a AChE, além de inibir moderadamente a agregação β-amiloide

e da β-secretase (BACE1), responsável pela síntese da Aβ (GUZIOR et al., 2015;

KRAČMAROVÁ; DRTINOVÁ; POHANKA, 2015).

O tratamento padrão atual para a DA recomenda a combinação de

inibidores da AChE com memantina (5). A memantina (Ebixa), por sua vez, é

um antagonista de receptores NMDA, que protege células neuronais e reduz a

excitotoxicidade (Figura 10) (GUZIOR et al., 2015). Atualmente é o único

medicamento que possui um efeito no retardo do avanço da DA justamente por

agir como antagonista de glutamato, inibindo portanto o processo de

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excitotoxicidade, o qual também está implicado na patogênese da doença

(OWEN, 2016).

As colinesterases apresentam diversas propriedades associadas a Aβ e

emaranhados neurofibrilares, sendo importantes na DA. AChE forma complexos

com as placas neuríticas, aumentando as chances de formação de fibrilas Aβ.

Ainda, a AChE foi sugerida como protagonista patológica que induz a transição

conformacional da Aβ levando a agregação e a formação de fibrilas. Já é bem

estabelecido o fato do sítio de ligação periférico aniônico da AChE estar

envolvido nesse processo. E, compostos capazes de interagir nesses sítios da

enzima, são chamados inibidores duplos, com potencial de inibição tanto da

AChE como da agregação Aβ (SHAIKH et al., 2014).

A procura por inibidores colinesterásicos com atividade antioxidante

adicional também é uma das maiores tendências no desenvolvimento de uma

terapia efetiva para a DA (RAMPA et al., 2011).

A função da química medicinal é desenvolver e sintetizar novas moléculas

bioativas, e para esse objetivo diferentes estratégias para descobrir novas drogas

são aplicadas. O paradigma de descoberta, “único alvo, única droga, única

doença” que dominava na indústria farmacêutica vem caindo em desuso.

Enquanto na última década, um novo paradigma chamado “múltiplos alvos” ou

“múltiplos ligantes”, tem sido utilizado como nova abordagem dedicada a

doenças complexas (GUZIOR et al., 2015).

Figura 10 – Fármacos inibidores da AChE: tacrina (1), rivastigmina (2), galantamina (3),

donezepil (4) e bloqueador de NMDA: memantina (5)

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3.7.1 Híbridos da tacrina

Como reportado anteriormente, a tacrina foi o primeiro medicamento

inibidor de colinesterases aprovado para tratar DA. É conhecida por ter uma

estrutura útil no desenvolvimento de novas moléculas com propriedades

antiagregação de β-amiloide. Híbridos da tacrina têm sido desenhados como

inibidores de colinesterases e agregação amiloide. Estas moléculas podem atuar

como inibidores bivalentes de AChE com habilidade de ligar em ambos sítios

catalítico e aniônico periféricos da enzima. Estudos também reportam que esses

compostos são capazes de prevenir a agregação amiloide induzida (MOHAMED;

SHAKERI; RAO, 2016).

Como também reportado previamente, no processo de agregação Aβ

(Figura 3) diversas espécies intermediárias são formadas como dímeros,

trímeros, tetrâmeros, oligômeros, protofibrilas e fibrilas, que exibem variados

níveis de toxicidade (ITTNER; GÖTZ, 2011). Moléculas com propriedades

antiAβ-agregante podem ligar-se a essas espécies e reduzir sua toxicidade por

mecanismos como: (I) bloquear o processo de agregação e/ou, (II) causar

mudança conformacional do peptídeo Aβ reduzindo sua toxicidade, e/ou, (III)

promover uma conversão rápida de agregados solúveis em fibrilas menos tóxicas

(MOHAMED; SHAKERI; RAO, 2016).

A estrutura da tacrina é amplamente usada como parte farmacofórica no

desenvolvimento de novos fármacos com atividade inibitória contra

colinesterases e formação de fibrilas Aβ (GUZIOR et al., 2015). Nos últimos

anos, bis(7)-tacrina (Figura 11) tem sido reportada como um dímero promissor

no tratamento da DA com base da sua inibição da AChE, capacidade de melhorar

a memória, e potente atividade neuroprotetora. Vários inibidores de AChE têm

sido descobertos como ativadores da via não-amiloidogênica reduzindo

produção de Aβ, indicando que inibidores de AChE podem afetar a expressão

e/ou metabolismo do processo PPA, que é essencial para geração de Aβ

(MILELLI et al., 2017).

Como confirmado por dados de raio-X, quando um dímero da tacrina se

liga ao alvo, os anéis tricíclicos se posicionam numa região conhecida como sítio

catalítico aniônico (SCA) perto da tríade catalítica enzimática, enquanto o outro

componente de anéis tricíclicos da tacrina é posicionado numa região da enzima

definida como sítio periférico aniônico (SPA). O SPA é responsável pelo efeito

adicional da AChE na conversão de moléculas Aβ não-amiloidogênicas em

amiloidogênicas (RYDBERG et al., 2006).

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Há vários estudos com dímeros de tacrina examinando o efeito que a

variação do espaçador tem com a potência em inibir a enzima e sua cinética

(ESLAMI et al., 2016; MINARINI et al., 2012; TONG et al., 2013; QIAN et al.,

2014). Considerando a importância dessa classe de substâncias, Aquino e

colaboradores (2013) sintetizaram 15 novos dímeros da tacrina, determinaram a

constante inibitória, valores de CI50, mecanismo cinético e realizaram docking

molecular de quinze novos dímeros de tacrina em relação à colinesterases, com

efeitos promissores. Quatro desses compostos sintetizados foram escolhidos para

explorar seu efeito in vivo, no presente estudo (Figura 11).

Figura 11 – Esquema da dimerização da tacrina, bis(7)-tacrina e os dímeros em estudo

(DT1, DT2, DT3 e DT4)

A nomenclatura dos dímeros em estudo são:

DT1: (N-[4-(2-{4-[(1,2,3,4-tetraidroacridin-9-il)amino]fenil}etil)fenil]-

1,2,3,4-tetraidroacridin-9-amina)

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DT2: (N-[4-({4-[(1,2,3,4-tetraidroacridin-9-il)amino]fenil}metil)fenil]-

1,2,3,4-tetraidroacridin-9-amina)

DT3: (N-(4-{4-[(1,2,3,4-tetraidroacridin-9-il)amino]fenil}fenil)-1,2,3,4-

tetraidroacridin-9-amina)

DT4: (1-N,4-N-bis(1,2,3,4-tetraidroacridin-9-il)benzeno-1,4-diamina)

Suas características cinéticas estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Perfil cinético dos dímeros da tacrina

Ki ± d.p (nM) hAChE

CI50 ± d.p (nM) hAChE

Tacrina 23,2 ± 3,04 122 ± 7,46

DT1 30,8 ± 2,99 196 ± 2,31

DT2 3,18 ± 0,77 8,94 ± 0,42

DT3 2,67 ± 0,21 54,8 ± 23,9

DT4 19,8 ± 1,68 117 ± 25,4

Nota: Constante inibitória (Ki) e Concentração que inibe a taxa de atividade enzimática

em 50% (CI50). Acetilcolinesterase humana (hAChE).

Fonte: Aquino et al., 2013

O estudo de docking molecular realizado por Aquino (2014) para os

dímeros da tacrina mostra um padrão de ligação característico de ligantes com

poder de alterar atividades enzimáticas. Além da interação com os sítios SPA e

SCA que expressa por Ki como capacidade inibitória dos compostos (Tabela 1),

há interações do tipo π stacking entre o espaçador aromático dos dímeros e os

resíduos aromáticos presentes na meia-fenda das enzimas colinesterásicas como

mostra o exemplo da Figura 12.

Apesar do componente aromático no espaçador diminuir a flexibilidade da

molécula, podendo atrapalhar na interação que ocorre em SPA e SCA, Aquino

(2014) encontrou melhores resultados quando o ligante apresentou habilidade de

combinar as interações em SPA/SCA com a região na meia-fenda, e de fato, a

maior rigidez dos dímeros com espaçadores aromáticos não supera a sua

habilidade como ligante de interagir com a enzima. Grupos rígidos no espaçador

dificultam o ajuste do ligante à enzima, porém ainda ocorre alterações estruturais

na enzima que são significativas.

Os compostos DT1, DT2, DT3 e DT4 apresentam distância adequada entre

os anéis tricíclicos da tacrina para interação simultânea com SPA e SCA. Aquino

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(2014) também analisou que a correlação entre a potência inibitória dos dímeros

e a distância estimada entre os nitrogênios piridínicos mostra que os menores

valores de Ki são observados para os dímeros com 14,5 a 16 Å de distância entre

as unidades hidroacridínicas.

Figura 12 - Conformação de ligação do composto DT3 na fenda de TcAChE1.

Fonte: Aquino, 2014

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Dímeros da tacrina

1 Acetilcolinesterase de Torpedo californica

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Os compostos foram sintetizados e gentilmente fornecidos por Aquino

(2014) do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais,

sob coordenação do Dr. Ângelo de Fátima.

Para a síntese dos dímeros da tacrina utilizou-se uma rota de síntese em

duas etapas descrita por Aquino (2014) conforme ilustrado na Figura 13:

Figura 13 – Rota de síntese adotada para a obtenção dos dímeros de tacrina e as diaminas

utilizadas

Fonte: adaptado de Aquino (2014)

Na primeira etapa o ácido antranílico (1) é posto em reação com uma

ciclocetona (2) em POCl3. Na segunda etapa o composto do tipo

cloroidroacridina reage com diferentes diaminas (4-7) gerando os dímeros da

tacrina que foram nomeados de DT1, DT2, DT3 e DT4 (Figura 11), com fórmula

molecular e massa molecular descritas na Tabela 2.

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Tabela 2 – Fórmula molecular e massa molecular dos dímeros da tacrina em estudo

Composto Fórmula molecular Massa molecular

DT1 C40H38N4 574,7720 (g/mol)

DT2 C39H36N4 560,7450 (g/mol)

DT3 C38H34N4 546,7180 (g/mol)

DT3 C32H30N4 470,6200 (g/mol)

4.2 Animais

A espécie de animal utilizada nos experimentos foi camundongos Swiss

machos de 10 a 12 semanas de idade pesando entre 25 a 35 g, procedentes do

biotério central da UNIVALI. Os animais foram retirados do biotério pelo menos

3 dias antes da realização do experimento para ambientação no biotério do

laboratório 209 do bloco F6. Os mesmos foram mantidos em caixas de

polipropileno, contendo maravalha, as quais foram higienizadas, trocadas a cada

dois dias e, quando necessário. A sala foi mantida com temperatura média de 22

± 2ºC e com ciclos controlados (claro/escuro 12 horas cada), umidade de 60%,

com ração e água ad libitum.

O tratamento dos animais (ração e água) durante o período de ambientação

foi feito pela técnica responsável pelo biotério conforme procedimento usual da

UNIVALI. Após os experimentos comportamentais os animais foram

eutanasiados pelo método da guilhotina para retirada do encéfalo para prosseguir

as análises bioquímicas. As carcaças foram acondicionadas em sacos plásticos

adequados para descarte de material biológico e incineradas, conforme normas

da UNIVALI. Os procedimentos experimentais apresentados nesta dissertação

foram aprovados pelo Comissão de Ética no Uso de Animais –

CEUA/UNIVALI, sob parecer número: 11/16 (ANEXO A).

4.3 Grupos experimentais

Para a investigação farmacológica os animais foram divididos em oito

grupos experimentais, sendo eles:

I) Grupo Naive é composto de animais (n = 10) que não receberam nenhum

tipo de tratamento, assim como também não receberam a injeção i.c.v., a fim de

comparação comportamental entre animais normais e animais com Alzheimer

induzido pelo peptídeo β-amiloide via i.c.v.;

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II) O grupo Sham é composto de animais (n = 10) que não receberam

nenhum tipo de tratamento via oral, porém, receberam o veículo utilizado para

solubilizar o peptídeo β-amiloide (salina), 3 µL via i.c.v.. Esse grupo de animais

é importante para mostrar que a injeção i.c.v. não causa lesão hipocampal

interferindo no resultado comportamental e bioquímico;

III) O grupo Controle Negativo (n = 10) recebeu a injeção i.c.v. do peptídeo

Aβ1-42 (3 µl, 400 pmol/animal) para indução da Doença de Alzheimer e como

tratamento via oral por 15 dias, o veículo utilizado na solubilização dos dímeros

(2% de DMSO em água destilada);

IV) O grupo Controle Positivo (n = 10) recebeu a injeção i.c.v. do peptídeo

Aβ1-42 (3 µL, 400 pmol/animal) e como tratamento via oral por 15 dias recebeu

um fármaco de referência no tratamento da Doença de Alzheimer, a tacrina na

sua dose usual (50 µmol/kg, v.o.), dissolvida em água. A escolha da dose da

tacrina foi baseada em estudos prévios que obtiveram resultados positivos em

testes comportamentais com administração oral de tacrina na dose de 10 mg/kg

em camundongos (BARAL et al., 2015), o que equivale a 50 µmol/kg;

V – VIII) Os grupos DT1, DT2, DT3 e DT4 (n = 10) receberam a injeção

i.c.v. do peptídeo Aβ1-42 (3 µl, 400 pmol/animal) e como tratamento via oral por

15 dias receberam compostos dímeros da tacrina sintetizados (DT1, DT2, DT3,

DT4), na dose molar equivalente a dose usual da tacrina (50 µmol/kg),

dissolvidos com 2% de DMSO em água destilada.

O tamanho de amostra utilizado foi baseado em estudos estatísticos prévios

e também, baseado em artigos publicados pelo grupo de pesquisa ao longo dos

anos de experiência nesta área, os quais descrevem suas metodologias utilizando

esse número de animais por grupo de tratamento.

O esquema do uso de animais por dia está representado na figura a seguir,

e mais detalhes descritos ao longo da metodologia deste estudo:

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Figura 14 – Esquema representativo do uso de animais por dias

TCA: Teste do Campo Aberto; RO: Reconhecimento de Objetos; EI: Esquiva Inibitória;

LAM: Labirinto Aquático de Morris

4.4 Indução do Alzheimer através da administração do peptídeo β-amiloide

(Aβ1-42) via i.c.v.

O peptídeo β-amiloide (Aβ1-42) foi administrado usando a via i.c.v.. Para

isso os camundongos foram devidamente anestesiados (Xilazina + Ketamina, 10

+ 100 mg/kg, i.p.). Após detectar a perda dos reflexos posturais, foi injetado na

região superior da cabeça o anestésico local contendo agente vasoconstrictor

(Xylestesin 2%, s.c.) seguido de uma incisão para remoção de tecidos cutâneos

a fim de obter a exposição da calota craniana. Após a cirurgia os animais foram

mantidos em caixa pós-cirúrgica sob iluminação (40W) até total recuperação

com intuito de controle da hipotermia induzida pela anestesia. Foi administrado

dipirona (100 mg/kg, via i.p.) nos animais como analgésico pós-cirúrgico

conforme instrução obtida do manual de Procedimentos para Anestesia de

Animais de Laboratório – CREAL/2013 (http://www.ufrgs.br/creal/animais-e-

alojamento-1/procedimentos-para-anestesia/at_download/file). Após

recuperação, os animais foram transferidos para caixas moradias (10 indivíduos

por caixa).

No dia seguinte 3µl de Aβ1-42 (400 pmol/camundongo) foi administrado

pela via i.c.v. utilizando micro seringa Hamilton acoplada a sistema de micro

cânula com uma agulha na extremidade. O procedimento ocorreu inserindo a

agulha sob o crânio dos camundongos unilateralmente, 1 mm da fissura craniana

central e perpendicular ao plano do crânio. O procedimento foi realizado

conforme descrito por Prediger et al. (2007) e padronizado em nossos

laboratórios por Amoah e colaboradores (2015).

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4.5 Avaliação comportamental dos animais

4.5.1 Teste do Campo Aberto (TCA)

Com o objetivo de verificar se o tratamento com os compostos poderia

afetar o sistema motor dos animais e, comprometer os resultados referentes ao

comportamento de cada um dos mesmos nos experimentos comportamentais,

utilizou-se o teste do Campo Aberto. O teste foi executado conforme descrito por

Rodrigues (1996) e adaptado em nossos laboratórios por Gonçalves et al. (2012),

em uma caixa de madeira medindo 40 x 60 x 50 cm. O chão da caixa foi dividido

em 9 quadrantes iguais. Decorridos 7 dias após a injeção i.c.v. do peptídeo β-

amiloide os animais foram transferidos 60 min após os tratamentos para o

aparato, e os parâmetros comportamentais de cruzamento entre os quadrantes e

o número de atividades exploratórias (levantadas), onde o animal fica sobre as

duas patas traseiras com o intuito de levantar o corpo para explorar o ambiente ,

foram observados por 6 minutos. A redução dos parâmetros comportamentais

relacionados à atividade locomotora e exploratória observados durante o

experimento é indicativa de efeitos depressores com possível efeito no sistema

motor dos animais (GONÇALVES et al., 2012).

Os animais permaneceram no aparato por 15 minutos complementando a

ambientação necessária para o próximo experimento a ser realizado.

4.5.2 Teste do Reconhecimento de Objetos (RO)

O teste de reconhecimento de objetos (RO) baseia-se no princípio de que,

em um ambiente familiar, os roedores utilizados em laboratório mostram uma

atração instintiva para a novidade, ou preferência por um novo objeto, não

familiar. Esta preferência é utilizada como um indicativo de memória em relação

ao objeto familiar. O procedimento foi realizado de acordo com Izquierdo e

colaboradores (1998) e adaptado em nosso laboratório. A tarefa consiste em

colocar o animal inicialmente frente a um objeto e, após 24 horas, expor

novamente este mesmo animal ao objeto apresentado anteriormente juntamente

com um novo objeto. A memória de reconhecimento é avaliada comparando o

tempo gasto pelo animal explorando cada objeto durante a segunda tentativa.

Com o tempo gasto em cada objeto calcula-se o índice de reconhecimento (IR)

(Tempo B x / Tempo A + Tempo B).

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Conforme ilustrado na Figura 15, no sétimo dia após a injeção i.c.v. do

peptídeo β-amiloide, os animais foram expostos ao aparado do Campo Aberto

sem qualquer objeto, por 15 minutos para ambientação no aparato. No 8º dia os

animais foram colocados no mesmo aparato com a presença do objeto A, por um

período de 10 minutos (sessão treino). No 9º dia eles foram submetidos à

avaliação da memória de reconhecimento (sessão teste). Nesta sessão, os animais

foram novamente expostos ao aparado por 10 minutos, na presença de dois

objetos: o objeto A e o novo B. Foram considerados satisfatórios os IRs com

valores maiores de 0,5 (B>A).

Figura 15 – Esquema representativo do teste de Reconhecimento de Objetos

4.5.3 Teste da Esquiva Inibitória (EI)

A esquiva inibitória é um teste comumente usado para estudar processos de

aprendizagem e memória em roedores. Durante o treino, os animais recebem um

estímulo aversivo, que no caso é um choque nas patas quando o animal se

posiciona num local do aparato. A retenção do aprendizado durante a sessão

treino é testada usualmente 24 horas depois. A maior latência do animal é

interpretado como indicativo de que melhor é a memória (ATUCHA;

ROOZENDAAL, 2015). Trata-se de um aprendizado adquirido em uma única

tentativa, tornando-se ideal para o estudo de processos iniciados no treino

(IZQUIERDO; MEDINA, 1997).

No presente estudo os animais foram submetidos à um teste de esquiva

inibitória realizado de acordo com Izquierdo e Dias (1983), com algumas

modificações conforme ilustrado na Figura 16. Os animais foram gentilmente

colocados sobre uma plataforma de 2,5 cm de altura, 7,0 cm de profundidade e

25,0 cm de largura do lado esquerdo de um aparato de 50 x 25 x 25 cm, com chão

feito de barras de aço inoxidável paralelas com calibre de 0,1 cm e a 1 cm de

distância uma da outra. A iluminação do aparato é feita com uma lâmpada de 15

A A B

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56

W, enquanto a sala permanece escura. Durante a sessão treino, a latência de

descida com as quatro patas na grade foi cronometrada, e imediatamente foi

acionado um choque nas patas de 0,4 mA por 2,0 segundos. Na sessão teste, o

processamento foi idêntico ao da sessão treino com omissão do choque, onde

após 24 horas depois do treino, foi cronometrado o tempo de latência de descida,

com limite máximo para 180 s.

Figura 16 – Esquema representativo do teste da Esquiva Inibitória

4.5.4 Teste do Labirinto Aquático de Morris (LAM)

O Teste do Labirinto Aquático de Morris (LAM) é um teste utilizado para

avaliar a memória espacial de animais através de treinamentos em um ambiente

aquático com pistas geográficas.

Morris (1982) descreveu uma metodologia chamada de “pista distal”, onde

uma plataforma fica submersa na água e colocada em uma posição fixa relativa

às pistas que estão fora do labirinto. O animal, para aprender a localização da

plataforma, tem que utilizar pistas ambientais fora do labirinto para navegar até

a plataforma. Esta versão com pista distal força o uso de estratégias de

mapeamento espacial. A utilização do labirinto aquático de Morris, oferece

vantagens quando comparado a outros testes de memória espacial, pois não é

necessária a utilização de privação de alimento, ou reforços, para motivar o

comportamento dos animais durante o procedimento de aprendizagem espacial.

Para a realização desse experimento foi utilizado um labirinto aquático

semelhante ao utilizado por Morris (1982). O labirinto aquático consiste em um

tanque circular de polietileno, de 100 cm de diâmetro e 50 cm de altura,

preenchido com água mantida a uma temperatura de 25 °C (± 1 °C). O labirinto

aquático foi dividido em quatro quadrantes imaginários, numerados em sentido

horário. Uma plataforma circular de 12 cm de diâmetro e 25 cm de altura foi

colocada a 1,5 cm abaixo da superfície da água, no centro de um dos quadrantes,

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57

onde os animais tiveram que procurar. Nas paredes da sala foram fixadas pistas

visuais como figuras (Figura 17). Uma câmera de vídeo foi fixada acima do

labirinto aquático para registar todo o experimento para análise posterior que foi

realizado pelo software ANY-Maze (Stoelting Co.)

Os treinamentos iniciaram a partir do 10º dia após a injeção i.c.v. do

peptídeo β-amiloides, por 5 dias. Os animais foram treinados para aquisição da

tarefa no LAM com uma sessão diária. Cada animal foi colocado no centro de

um dos quadrantes, de costas para o centro do labirinto e permitindo nadar para

encontrar a plataforma por 60 segundos. Quando o animal encontra a plataforma

pode permanecer no local por 15 segundos; quando não encontra, ele é colocado

sobre a plataforma manualmente onde pode permanecer por 30 segundos. Ao

término de cada sessão diária, os animais retornaram para suas caixas para serem

testados novamente no dia seguinte. O tempo que cada animal levou para

encontrar a plataforma em cada tentativa foi registrada para análise, através de

captura de imagem. Este tempo é denominado latência de fuga e é esperado que

ocorra uma diminuição do tempo em que o animal leva para localizar a

plataforma espacialmente.

No 6º dia foi realizado o Probe trial, com a retirada da plataforma do

labirinto aquático e o animal teve 60 segundos de natação livre. O tempo gasto

em cada quadrante foi registrado para análise. No Probe trial é avaliada a

precisão de aprendizagem espacial do animal, representado pelo tempo gasto no

quadrante onde a plataforma se localizava nas sessões de treino. Esta análise é

um indicativo de que o animal utilizou uma estratégia de orientação espacial para

localizar a posição da plataforma em relação às pistas visuais do ambiente

(BLOKLAND; GERAERTS; BEEN, 2004).

Figura 17 – Esquema do Labirinto Aquático de Morris

Fonte: http://www.augusta.edu/core/labs/sabc/morriswatermaze.php

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58

4.6 Preparação das amostras para avaliação do sistema antioxidante

cerebral

Para os ensaios das enzimas antioxidantes foi retirado o encéfalo, separado

córtex e hipocampo, ambos foram pesados e imediatamente congelados a -80 °C.

Após o descongelamento foi preparado o homogenato de cada amostra em

solução tampão fosfato de potássio 200 mM (pH 6,5). A quantidade utilizada foi

de 6 vezes o volume em relação ao peso de cada tecido. O homogenato obtido

foi imediatamente utilizado para a quantificação dos níveis de glutationa

reduzida (GSH) e hidroperóxidos lipídicos (LOOH), posteriormente foi

centrifugado por 20 minutos a 11.000 rpm a 4 °C utilizando uma micro

centrífuga, com o supernadante foi mensurado a atividade da SOD e com o

precipitado foi determinado a atividade da MPO.

A preparação do homogenato e todos os procedimentos bioquímicos

descritos a seguir foram realizados em banho de gelo (4°C).

4.6.1 Quantificação dos níveis de glutationa reduzida (GSH)

Os níveis de GSH no córtex e no hipocampo foram determinados

através do método de Sedlak e Lindsay (1968). Em eppendorf foram adicionados

50 μL do homogenato de cada amostra preparado conforme item anterior (4.6) e

40 μL de ácido tricloroacético (ATC) 12%, os tubos foram agitados em vórtex e

centrifugados por 15 minutos a 4.000 rpm 4 °C.

Em placa de 96 poços foram acrescidos 20 μL do sobrenadante, 280 μL

de tampão TRIS 0,4M (pH 8,9) e 5 μL de solução 3,96 mg/mL de DTNB (5,5’-

ditiobis 2-ácido nitrobenzoico) em metanol. Após 15 minutos realizou-se a

leitura espectrofotométrica em 405 nm. Os valores individuais foram

interpolados numa curva padrão de GSH (0,05 – 0,21 μg) e expressos em μg

GSH/g tecido.

4.6.2 Determinação da atividade da superóxido dismutase (SOD)

A determinação da atividade da SOD foi realizada de acordo com a

metodologia descrita por Marklund e Marklund (1974). Foi adicionado em cada

eppendorf 442,5 µL de tampão TRIS HCl-EDTA (pH 8,5) e 20 µL do

sobrenadante da amostra. Posteriormente agitou-se em vórtex e adicionou-se 25

µL de Pirogallol (1 mM). A amostra foi incubada em temperatura ambiente por

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20 min. A reação foi parada com 12,5 µL de HCl 1N, e os eppendorfs foram

centrifugados por 4 min a 14000 rpm.

Em microplaca de 96 poços, 300 µL do sobrenadante foi lido em

espectrofotômetro a 440 nm, e a atividade da SOD foi expressa em U/mg de

proteína

4.6.3 Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH)

O total de hidroperóxidos lipídicos (LOOH) no córtex e no hipocampo foi

mensurado conforme metodologia de Jiang et al. (1991). Em tubos de micro

centrífuga foram adicionados 10 μL de metanol e 100 μL do homogenato,

posteriormente os tubos foram agitados em vórtex e centrifugados a 11.000 rpm

por 20 minutos a 4 °C em ultra centrífuga.

Em placa de 96 poços foram colocados 30 μL do sobrenadante e 140 μL de

meio reacional (Xilenol laranja 100 mM, Ferro II 250 mM e hidroxitolueno

butilado 4 mM solubilizados em metanol) incubados por 30 minutos a

temperatura ambiente ao abrigo da luz. A leitura foi realizada em

espectrofotômetro a 560 nm e, a concentração de LOOH foi determinada em

µmol/mg de tecido.

4.6.4 Quantificação dos níveis de atividade da enzima mieloperoxidase (MPO)

O homogenato obtido foi centrifugado a 10000 rpm durante 20 min e,

posteriormente, o precipitado obtido foi ressuspendido com 500 µL de tampão

fosfato de potássio 80 mM na presença de 0,5% de hexadeciltrimetilamônio

(HTAB). Após homogeneização, as amostras foram novamente centrifugadas

(11000 rpm, 20 min a 4 °C) em micro centrífuga refrigerada e duplicatas de

alíquotas de 30 μL do sobrenadante de cada amostra foram acrescidas de 200 μL

de uma solução reacional (100 μL de tampão fosfato 80 mM, 85 μL de tampão

fosfato 22 mM e 15 μL de H2O2 0,017%) em placas de 96 poços.

A reação foi iniciada com a adição de 20 μL de tetrametilbenzidina (TMB),

um substrato enzimático que resulta num produto colorido, em cada poço. As

amostras foram então incubadas por 3 min a 37 ºC, e a reação foi interrompida

pela adição de 30 μL de acetato de sódio 1,46 M (pH = 3,0) em cada poço.

A absorbância foi mensurada em espectrofotômetro a 620 nm. Os

resultados foram expressos como unidade de milidensidade óptica (mD.O)/ mg

de proteína.

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4.6.5 Dosagem de proteína

Para calcular a atividade da MPO é necessário dosar proteínas, e para isso,

as concentrações de proteína foram determinadas pelo método de Bradford

utilizando albumina de soro bovino como padrão (1,0 – 0,0625 μg/kg).

Em placa de 96 poços, foram colocados 5 µL do sobrenadante das amostras com

200 µL de reagente Bradford. A leitura foi realizada em espectrofotômetro a 560

nm.

4.7 Preparação das amostras para avaliação do sistema hepático dos animais

Para as análises bioquímicas da função hepática, o sangue dos animais foi

coletado durante o sacrifício pelo método da guilhotina, e com heparina foi

centrifugado a 3000 rpm a 4 °C por 10 min para analisar os níveis de AST e ALT

no soro. As amostras foram analisadas pelo método cinético enzimático realizado

pelo Laboratório Solução.

As amostras de tecido hepático foram fixadas com solução de formalina a

10%, desidratado e incorporado em parafina usando um processador de tecido

automatizado. Em seguida, as secções de 5 µm foram coradas com hematoxilina

e eosina (HE) e examinadas ao microscópio. As fotografias foram tiradas com

uma ampliação de 400 x.

4.8 Avaliação da viabilidade celular

Para avaliação da citoxicidade dos dímeros da tacrina foi realizado o teste

de brometo de 3-(4,5-dimetil-tiazol-2-il)-2,5-difenil-tetrazólio (MTT),

empregando a linhagem celular de hepatoma humano HepG2. O número de

células viáveis é determinado pela habilidade da mitocôndria em converter MTT

em formazan. As células foram obtidas comercialmente e mantidas em cultura

de DMEM contendo 10% de SFB, a 37 °C. O efeito dos dímeros da tacrina na

citotoxicidade foram testados pelo tratamento das células (1 x 105) com os

dímeros da tacrina e a tacrina na dose de 300 µM, dissolvidos em DMSO, as

células foram incubadas por 24 horas a 37 °C em atmosfera umidificada contendo

5% de CO2 em placas de 96 poços. Depois de 24 horas, 10 µl de solução de MTT

(5 mg/mL) foi adicionado diretamente no meio de cada poço, e a placa foi

incubada a 37°C por 4 horas. O meio foi totalmente aspirado e substituído por

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DMSO (100 µL/poço) e a absorbância foi medida a 570 nm usando leitor de

microplacas.

4.9 Análise estatística

Para a análise estatística os resultados obtidos foram submetidos a análises

de variância (ANOVA), quando necessário, foi utilizado o teste de múltiplas

comparação post hoc, utilizando o software GraphPad INSTAT®. Os resultados

são apresentados como média ± desvio padrão (d.p.). Foram considerados

estatisticamente significativos os valores de p menor do que 0,05 (p < 0,05).

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63

5 RESULTADOS

5.1 Avaliação dos efeitos dos compostos em ensaios comportamentais in vivo

5.1.1 Avaliação da atividade locomotora no Teste do Campo Aberto

O tratamento com a tacrina diminuiu a atividade locomotora (número de

cruzamentos) dos animais comparado com o grupo controle negativo em 31,14%

(96,4 ± 23,7 quadrantes vs 140 ± 29,9; p < 0,01), assim como o grupo tratado

com DT4 teve uma redução de 23,57% (107 ± 11,2 vs 140 ± 29,9; p < 0,05) [F

(7, 56) = 3,233; p < 0,01, Figura 18A]. Porém, não houve diferença estatística

entre os grupos no parâmetro de exploração (número de levantadas) [F (7, 56) =

1,640; p = 0,1434, Figura 18B].

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Figura 18 – Efeito dos tratamentos sobre a atividade locomotora e atividade exploratória

no Teste do Campo Aberto

me

ro

de

cr

uz

am

en

tos

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

**

A

(A 1 -4 2 , 4 00 p m ol/an im a l, i.c .v .)

*

(50 m o l/k g , v .o .)

me

ro

de

le

va

nta

da

s

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

B

(A 1 -4 2 , 4 00 p m ol/an im a l, i.c .v .)

(50 m o l/k g , v .o .)

As barras indicam a média ± d.p. (n = 8) dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo

(CN), tacrina e os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3, DT4). Painel A: número de

cruzamentos nos quadrantes do aparato Campo Aberto. Painel B: número de levantadas

no aparato Campo Aberto. Asteriscos indicam diferença estatística comparada com o

grupo CN (* p < 0,05; ** p < 0,01; ANOVA de múltiplas comparações seguida do teste

post hoc de Tukey).

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5.1.2 Efeito dos tratamentos sobre a memória de reconhecimento através do

teste de Reconhecimento de Objeto.

No teste que avalia memória de reconhecimento a longo prazo, (Figura 19)

os animais do grupo controle negativo (CN), que receberam apenas Aβ1-42,

apresentaram déficit cognitivo comparados com os animais normais (Naive),

tendo uma diminuição de 29% no índice de reconhecimento do objeto antigo que

já lhe era familiar (0,43 ± 0,08 vs 0,6 ± 0,06; p < 0,001). Este déficit cognitivo

causado pelo Aβ1-42 foi revertido nos grupos tratados com tacrina (0,59 ± 0,08) e

os dímeros da tacrina (DT1: 0,56 ± 0,1; DT2: 0,56 ± 0,09; DT3: 0,6 ± 0,06 e

DT4: 0,58 ± 0,1) [F (7, 72) = 4,436, p< 0,001], com aumento de 27,1; 23,2; 23,2;

28,3 e 25,8%, respectivamente, no índice de reconhecimento do objeto antigo.

Figura 19 – Efeito dos tratamentos em animais submetidos ao teste de Reconhecimento

de Objetos

Ín

dic

e d

e R

ec

on

he

cim

en

to

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

* * * * * * ** ** * *

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

* * * * * *

As barras indicam a média ± d.p. (n = 10) dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo

(CN), tacrina e os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3, DT4), quanto ao índice de

reconhecimento do objeto antigo. Asteriscos indicam diferença estatística comparado com

o grupo CN (** p<0,01 e *** p<0,001; ANOVA de múltiplas comparações seguida do

teste post hoc de Dunnett).

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66

5.1.3 Avaliação da memória aversiva dos animais no teste da Esquiva

Inibitória

Para determinar a atividade dos dímeros da tacrina sobre a memória

aversiva dos animais, foi avaliado o parâmetro de latência de descida no teste de

Esquiva Inibitória. Os resultados são apresentados na Figura 20. Como esperado,

a administração i.c.v. de Aβ1-42 (400 pmol/camundongo) em camundongos swiss

resultou em declínio de 56,5% na função cognitiva, como demonstrado pela

diminuição na latência de descida na sessão teste do grupo controle negativo

(CN) comparada com animais normais (Naive) (77,6 ± 9,8s vs 178,3 ± 5,4s) [F

(7, 65) = 14,37 p < 0,0001, Figura 20]. Já o tratamento com a tacrina (156,3 ±

22,2s), e os dímeros da tacrina (DT1: 145,0 ± 39,1s; DT2: 168,6 ± 22,9s; DT3:

157,8 ± 21,7s e DT4: 166,4 ± 26,2s) reverteram o déficit cognitivo, com melhora

de 50,3; 46,5; 53,1; 50,8 e 53,4%, respectivamente, na latência de descida na

sessão teste comparada com a sessão teste do grupo CN. Em relação a sessão

treino, não houve diferença estatística entre os grupos [F (7, 65) = 1,549 p =

0,1666, Figura 20].

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67

Figura 20 – Efeito dos tratamentos sobre a memória aversiva de animais submetidos ao

Teste da Esquiva Inibitória.

La

tên

cia

de

De

sc

ida

(s

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

* * * * * * * ** * * *

* * * * * * * ** * * *

* * * *

a aa

a a aa a

b b

b

b bb

bb

(A 1 -4 2 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

As barras indicam a média ± d.p. da latência de descida da plataforma da esquiva inibitória

em segundos, dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo (CN), tacrina e os dímeros da

tacrina (DT1, DT2, DT3, DT4). As barras “a” indicam a sessão treino, e as barras “b”

indicam a sessão teste. Asteriscos indicam diferença estatística entre a sessão teste dos

grupos e a sessão teste do grupo CN (**** p < 0,0001; ANOVA de duas vias seguida do

teste post hoc de Tukey).

5.1.4 Avaliação da memória espacial dos animais através do teste Labirinto

Aquático de Morris.

Neste experimento, avaliou-se a memória espacial dos camundongos.

Como descrito anteriormente, os animais foram treinados no labirinto durante 5

dias consecutivos. Vinte e quatro horas depois do último treino, os animais foram

submetidos ao Probe trial, no qual a plataforma de escape foi retirada. A seguir

segue a descrição dos resultados obtidos durante os dias de treino. Devido à

grande quantidade de grupos estudados, optou-se por apresentar diferentes

gráficos para melhor compreensão.

Na Figura 21 e na Tabela 3 são apresentados os resultados de latência para

encontrar a plataforma com todos os grupos durante todos os dias de treino, em

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68

forma de gráfico e os valores de média ± desvio padrão. A análise feita por

ANOVA de duas vias, mostra a diferença de cada grupo comparado com o grupo

CN em cada dia. No Dia 1, os grupos Naive e Sham encontraram a plataforma

mais rápido que o grupo CN (p < 0,01). No Dia 2, foram os grupos Sham e DT2

que encontraram a plataforma mais rapidamente (p < 0,01 e p < 0,05).

No terceiro dia de treino, todos os grupos foram melhores que o grupo CN

(p < 0,0001), sendo que o grupo tacrina foi 70% mais rápido em encontrar a

plataforma, o DT1, DT2, DT3 e DT4 foram 61, 67, 60 e 83% sugerindo que de

fato, o grupo CN, teve um déficit cognitivo apresentado já no terceiro dia de teste.

Assim como no quarto dia, todos os grupos tiveram quase a mesma performance,

com melhora em relação ao grupo CN. O grupo tacrina foi 57% mais rápido em

encontrar a plataforma, o DT1, DT2, DT3 e DT4 foram 79, 66, 66 e 67%. No

quinto dia de treino, o grupo tacrina foi 80% mais rápido que o grupo CN, e os

grupos DT1, DT2, DT3 e DT4 foram 52, 59, 77 e 66%.

Já na Figura 22, cada gráfico representa um dia de treinamento com todos

os grupos.

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69

Figura 21 – Efeito dos tratamentos em animais submetidos ao Labirinto Aquático de

Morris durante as sessões de treino L

atê

nc

ia d

e E

sc

ap

e (

s)

D ia 1 D ia 2 D ia 3 D ia 4 D ia 5

-2 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

N a iv e

S h a m

C N

T a c r in a

D T 1

D T 2

D T 3

D T 4

* * (S h a m )

* * (N a iv e )

* * (S h a m )

* (D T 2 ) * * * * ( N a iv e )

* * * * ( S h a m )

* * * * (T a c r in a )

* * * * (D T 1 )

* * * * (D T 2 )

* * * * (D T 3 )

* * * * (D T 4 )

* (N a iv e )

* * (S h a m )

* (T a c r in a )

* * (D T 1 )

* (D T 3 )

* (D T 4 )

* (D T 2 )

* (S h a m )

* * (T a c r in a )

* (D T 4 )

* * (D T 3 )

Média ± d.p. da latência, em segundos, para encontrar a plataforma dos grupos Naive,

Sham, Controle Negativo (CN), tacrina, e os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3, DT4)

em cinco dias de treinamento. Asteriscos indicam diferença estatística comparado com o

grupo CN (* p < 0,05; ** p < 0,01 e **** p < 0,0001; ANOVA de múltiplas comparações

seguida do teste post hoc de Dunnett).

Tabela 3 – Latência de escape dos animais submetidos ao teste do Labirinto Aquático de

Morris durante as sessões de treino

Representação numérica da Figura 21 em média ± d.p. da latência, em segundos, para

encontrar a plataforma em cinco dias de treinamento. Asteriscos indicam diferença

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70

estatística comparado com o grupo CN (* p < 0,05; ** p < 0,01 e **** p < 0,0001;

ANOVA de múltiplas comparações seguida do teste post hoc de Dunnett).

Figura 22 – Efeito dos tratamentos em animais submetidos ao Labirinto Aquático de

Morris durante as sessões de treino- Gráficos representativos de cada dia de treino.

D IA 1

La

tên

cia

de

Es

ca

pe

(s

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

2 0

4 0

6 0

8 0

****

D IA 2

La

tên

cia

de

Es

ca

pe

(s

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

2 0

4 0

6 0

8 0

**

*

D IA 3

La

tên

cia

de

Es

ca

pe

(s

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

2 0

4 0

6 0

8 0

****

********

********

****

****

D IA 4

La

tên

cia

de

Es

ca

pe

(s

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

-2 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

***

*

*** * *

D IA 5

La

tên

cia

de

Es

ca

pe

(s

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

-2 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

***

***

Cada gráfico representa um dia de teste, com a latência de escape em segundos (média ±

d.p.). A análise estatística é a mesma apresentada na Figura 20. Asteriscos indicam

diferença estatística comparado com o grupo CN (* p < 0,05; ** p < 0,01 e **** p <

0,0001; ANOVA de múltiplas comparações seguida do teste post hoc de Dunnett).

A Figura 23 apresenta os resultados do Probe trial, ou seja, o tempo que

cada grupo permaneceu no quadrante alvo durante 60 s.

Comparando com o grupo de animais normais (Naive), o grupo CN

permaneceu menos tempo no quadrante alvo (6,8 ± 0,9s vs 17,3 ± 2,5s; p <

0,0001), sugerindo um déficit na cognição espacial. O grupo tacrina permaneceu

19,5 ± 8,3s do tempo total no quadrante alvo, os grupos DT1, DT2, DT3 e DT4

permaneceram 14,8 ± 2,5; 16,5 ± 2,8; 13,1 ± 2,8 e 17,9 ± 3,0s, sendo todos

significativamente melhores que o grupo CN (Figura 23).

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71

Figura 23 – Resultado do Probe trial em animais submetidos ao Labirinto Aquático de

Morris

P r o b e tr ia l

Te

mp

o n

o q

ua

dr

an

te a

lvo

(s)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

1 0

2 0

3 0

* * * *

* * *

* * * *

* * * *

* * * *

* * ** *

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

As barras indicam a média ± d.p. do tempo, em segundos, em que os animais

permaneceram no quadrante alvo, dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo (CN),

tacrina e os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3, DT4). Asteriscos indicam diferença

estatísticas comparado com o grupo CN (* p < 0,05; ** p < 0,01; *** p < 0,001 e **** p

< 0,0001; ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste post hoc de Dunnett).

Como complemento dos resultados, a Figura 24 mostra a distância total

percorrida durante o Probe trial (A), e a velocidade média dos animais (B).

Conforme observado, não houve diferença estatística entre os grupos.

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72

Figura 24 – Efeito dos tratamentos sobre parâmetros: distância percorrida (A) e

velocidade média (B) de animais submetidos ao LAM

Dis

tân

cia

pe

rc

or

rid

a (

m)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

A

(A 1 -4 2 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

Ve

loc

ida

de

dia

(m

/s)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0 .0

0 .1

0 .2

0 .3

0 .4

B

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

Painel A – distância, em metros, percorrida pelos animais durante o Probe trial do teste

do Labirinto Aquático de Morris. Painel B – velocidade média, em metros por segundo,

de natação dos animais durante o Probe trial do mesmo teste. Os dados são apresentados

em média ± d.p.

A seguir é apresentado um quadro representativo do percurso feito pelos

animais durante os treinos e o Probe trial. As imagens foram construídas pelo

programa Any-maze (Quadro 1).

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73

Quadro 1 – Imagem do percurso realizado pelos animais durante os dias de treino e o

Probe trial.

Treino Dia 1

Naive Sham CN Tacrina DT1 DT2 DT3 DT4

Treino Dia 2

Naive Sham CN Tacrina DT1 DT2 DT3 DT4

Treino Dia 3

Naive Sham CN Tacrina DT1 DT2 DT3 DT4

Treino Dia 4

Naive Sham CN Tacrina DT1 DT2 DT3 DT4

Treino Dia 5

Naive Sham CN Tacrina DT1 DT2 DT3 DT4

Probe trial

Naive Sham CN Tacrina DT1 DT2 DT3 DT4

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74

5.2 Avaliação dos efeitos dos compostos nos modelos bioquímicos ex vivo

5.2.1 Determinação dos níveis de GSH

Na figura 25 estão representados os resultados referente aos efeitos dos

tratamentos sobre os níveis de GSH no hipocampo e córtex cerebral dos animais.

Os níveis de GSH encontrados na região do córtex cerebral não demonstraram

diferenças estatística entre os grupos [F (7, 66) = 0,9942; p = 0,4434] (Figura

25A). Entretanto, no hipocampo, o grupo controle negativo (CN) e tacrina

apresentaram uma diminuição de 36,6 e 36,3%, respectivamente, comparado

com o grupo Naive [F (7, 66) = 40,12; p < 0,0001] (Figura 25B), enquanto os

tratamentos com os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3 e DT4) produziram

aumento dos níveis de GSH em 19; 29; 29 e 33%, respectivamente, em relação

ao grupo tacrina.

5.2.2 Atividade da superóxido dismutase (SOD)

Na Figura 26 estão expressos os resultados das atividades da enzima SOD

no cérebro dos animais submetidos aos diferentes tratamentos. Os resultados

demonstram que no córtex cerebral não houve diferença estatística entre os

grupos [F (7, 67) = 1,487; p = 0,1869]. Porém, no hipocampo os grupos CN,

tacrina e DT1 tiveram um aumento de 28; 28,9 e 27%, respectivamente, da

atividade da enzima, comparados com o grupo de animais normais, Naive. Os

grupos tratados com DT2, DT3 e DT4 apresentaram uma diminuição de 30,4;

33,1 e 33,7%, respectivamente, comparados com o grupo tacrina [F (7, 52) =

26,09; p < 0,0001].

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75

Figura 25 – Efeito dos tratamentos sobre os níveis de GSH no córtex e hipocampo dos

animais

C ó r te x

GS

H (

g/m

g d

e t

ec

ido

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

2 0

4 0

6 0

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

A

H ip o c a m p o

GS

H (

g/m

g d

e t

ec

ido

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

2 0

4 0

6 0

8 0

***

**** ********

****

****

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

B

As barras indicam a média ± d.p. dos níveis de GSH, em µg / mg de tecido, dos grupos

Naive, Sham, Controle Negativo (CN), tacrina e dos dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3

e DT4). Painel A: análise do córtex; Painel B: análise do hipocampo. Asteriscos indicam

diferença significativa comparadas com o grupo CN (*** p < 0,001 e **** p < 0,0001,

ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste post hoc de Tukey).

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76

Figura 26 – Efeito dos tratamentos sobre a atividade da SOD no córtex e no hipocampo

dos animais.

C ó r te xS

OD

(U

/mg

pr

ote

ína

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0 .0 0 0

0 .0 0 1

0 .0 0 2

0 .0 0 3

0 .0 0 4

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

A

H ip o c a m p o

SO

D (

U/m

g p

ro

teín

a)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0 .0 0 0

0 .0 0 1

0 .0 0 2

0 .0 0 3

0 .0 0 4

********

**** **** ****

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

B

As barras indicam a média ± d.p. da atividade da superóxido dismutase (SOD), em µg /

mg de tecido, dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo (CN), tacrina e dos dímeros da

tacrina (DT1, DT2, DT3 e DT4). Painel A: análise do córtex; Painel B: análise do

hipocampo. Asteriscos indicam diferença significativa comparadas com o grupo CN

(**** p < 0,0001, ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste post hoc de

Tukey).

5.2.3 Determinação de hidroperóxidos lipídicos (LOOH)

Devido a injeção do peptídeo Aβ1-42 ter sido na região no hipocampo e as

análises anteriores mostrarem que não houve alterações bioquímicas no córtex,

as próximas análises seguirão apenas no hipocampo.

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77

Os níveis de LOOH estão apresentados na Figura 27. Os grupos CN,

tacrina, DT1, DT2 e DT3 tiveram aumento de 68,2; 66,8; 68,7; 72,5 e 72,2%,

respectivamente em relação aos animais normais. Enquanto o dímero DT4

apresentou níveis 71,2% menores que o grupo tacrina [F (7,58) = 25,47 p <

0,0001]

Figura 27 – Efeito dos tratamentos sobre os níveis de LOOH no hipocampo dos animais.

LO

OH

(

mo

l/m

g d

e t

ec

ido

)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

1 0

2 0

3 0

**** ********

H ip o c a m p o

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

As barras indicam a média ± d.p. de hidroperóxidos lipídicos em µmol / mg de tecido, do

hipocampo dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo (CN), tacrina e dos dímeros da

tacrina (DT1, DT2, DT3 e DT4). Asteriscos indicam diferença significativa comparadas

com o grupo CN (**** p < 0,0001, ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste

post hoc de Tukey).

5.2.4 Atividade da mieloperoxidase (MPO)

A atividade da MPO está apresentada na Figura 28. No hipocampo, o CN e

a tacrina aumentaram em 34,4 e 26,9% a atividade da enzima em relação aos

animais normais, Naive. Enquanto os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3 e

DT4), tiveram uma diminuição de 25,7; 31,1; 33,7 e 26,8% em ralação ao grupo

tacrina [F (7, 58) = 8,100; p < 0,0001].

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78

Figura 28 – Efeito dos tratamentos sobre os atividade da MPO no hipocampo dos animais.

H ip o c a m p oM

PO

(m

D.O

./m

g p

ro

teín

a)

N a iv e S h a m C N T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0 .0 0 0 0

0 .0 0 0 5

0 .0 0 1 0

0 .0 0 1 5

***** *** **

***

(A 1 -42 , 4 0 0 p m o l/a n im a l, i .c .v .)

( 5 0 m o l/k g , v .o .)

As barras indicam a média ± d.p. da atividade da mieloperoxidase (MPO), em mD.O. /

mg de proteína, dos grupos Naive, Sham, Controle Negativo (CN), tacrina e dos dímeros

da Tacrina (DT1, DT2, DT3 e DT4). Painel A: análise do córtex; Painel B: análise do

hipocampo. Asteriscos indicam diferença significativa comparadas com o grupo CN (* p

< 0,05; ** p < 0,01 e *** p < 0,001, ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste

post hoc de Tukey).

5.3 Avaliação do efeito dos compostos sobre o sistema hepático dos animais

5.3.1 Quantificação das transaminases AST e ALT

Para determinar se a tacrina, assim como os dímeros da mesma exibiam

algum efeito no sistema hepático, foi quantificado os níveis de AST e ALT no

sangue dos animais após quinze dias de tratamento. A tacrina, o DT1 e o DT3

produziram um aumento significativo de AST comparado com Sham e CN [F (7,

114) = 4,003; P < 0,001, Figura 29]. Por outro lado, não houve nenhuma alteração

nos níveis de ALT em nenhum dos tratamentos.

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79

Figura 29 – Efeito dos compostos e da tacrina sobre os níveis das transaminases AST e

ALT em animais com tratamento subcrônico

U/L

A S T A L T

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

N aive

S ham

C N

T acrina

D T 1

D T 2

D T 3

D T 4

** **

*

As colunas representam a média ± d.p. dos níveis de ALT e AST, em U / L, dos grupos

Naive, Sham, Controle Negativo (CN), tacrina, DT1, DT2, DT3 e DT4. Asteriscos

indicam diferença significativa de grupos comparados com Sham e CN (* p < 0,05 e ** p

< 0,01, ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste post hoc de Tukey).

5.3.2 Análise histopatológica

A análise histopatológica do fígado dos animais está representada na Figura

30. É visível que o grupo Naive e Sham, não apresentam sinais histológicos de

hepatotoxicidade (Figura 30A e 30B). O grupo CN apresenta alterações mínimas

(Figura 30C). Enquanto o grupo tacrina (Figura 30D) apresenta perda de limites

celulares com ruptura de membranas, contração do núcleo e regiões de

degeneração dos hepatócitos. Os mesmos parâmetros são observados no grupo

DT1 (Figura 30E). O grupo DT2 (Figura 30F) apresenta perda de limites

celulares com ruptura de membranas e contração do núcleo. O grupo DT3

(Figura 30G) apresentou além de degeneração e ruptura de membranas, acúmulo

de glicogênio nos hepatócitos. O grupo DT4 (Figura 30H) apresentou menor

sinal de hepatotoxicidade, apenas com algumas áreas de ruptura de membranas

e contração do núcleo.

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80

Figura 30 – Observações histopatológicas do fígado dos animas.

Cada figura representa um grupo, sendo: A – Naive; B – Sham; C – CN; D – tacrina; E –

DT1; F – DT2; G – DT3 e H – DT4. Seta preta: perda de limites celulares com ruptura de

membranas. Seta verde: contração do núcleo. Seta azul: acúmulo de glicogênio.

Retângulo: regiões de degeneração dos hepatócitos. Aumento de 400x e coloração HE.

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5.4 Avaliação da viabilidade celular

Na Figura 31 é apresentada a porcentagem de viabilidade celular de células

hepáticas da linhagem HepG2 tratadas com os dímeros da tacrina (DT1, DT2,

DT3 e DT4) e a tacrina na dose de 300 µM. As células tratadas com os dímeros

apresentaram comportamento de crescimento celular, sendo não tóxico, ao

contrário da tacrina que apresentou em média apenas 40% de viabilidade celular,

confirmando sua citotoxicidade semelhante ao controle positivo DMSO, com

viabilidade celular média de 22%.

Figura 31 – Viabilidade celular de células hepáticas da linhagem HepG2

Via

bil

ida

de

ce

lula

r (

%)

B a s a l D M S O T a c r in a D T 1 D T 2 D T 3 D T 4

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

300 M

**

# #

#

# #

# # #

As colunas representam a média ± d.p. da porcentagem de células viáveis no ensaio do

MTT. Asteriscos indicam diferença significativa de grupos comparados com o grupo

Basal (** p < 0,01; ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste post hoc de

Tukey) e cerquilhas indicam diferença significativa comparados com o grupo tacrina (# p

< 0,05; ## p < 0,01 e ### p < 0,001; ANOVA de múltiplas comparações seguido do teste

post hoc de Tukey.

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6 DISCUSSÃO

O envelhecimento tem se tornado um dos maiores desafios do século XXI.

Com as crescentes melhoras na medicina moderna, a expectativa de vida humana

aumenta a cada dia, e por isso a prevalência de doenças cujo fator de risco é a

idade avançada também tem aumentado nos últimos tempos, destacando-se entre

elas a DA (MASTERS; MORRIS; ROE, 2015). Descrita em 1907 por Alois

Alzheimer, a DA é uma desordem neurodegenerativa caracterizada por um

comprometimento inicial do sistema colinérgico, o que leva a um quadro clínico

de perda progressiva da memória e das demais funções cognitivas (JARVIK;

GREENSON, 1987).

Geralmente, a primeira estrutura cerebral atingida pela DA é o hipocampo,

o qual desempenha papel-chave nos processos de memória recente.

Posteriormente, com a progressão da doença outras estruturas cerebrais são

afetadas levando aos sintomas da demência, além de manifestações

neuropsiquiátricas como a depressão, ansiedade e a esquizofrenia. Como já

reportado anteriormente, a DA é a principal causa de demências em indivíduos

de meia-idade e idosos (IQBAL; LIU; GONG, 2016).

De acordo com a OMS, estima-se que em 2020, cerca de 30 milhões de

pessoas sejam afetadas com DA. Milhões de dólares tem sido gastos

mundialmente em estudos para determinar o porquê de certas pessoas

desenvolverem a DA e, como tratá-las adequadamente. Porém, ainda não existe

terapia efetiva que previna ou cure a doença (WIMO et al., 2016). Os dados a

respeito da incidência da DA no Brasil são quase inexistentes, entretanto, estima-

se que um milhão de pessoas sofram desta doença no país. (FALCO et al., 2016).

Há uma estimativa de gasto total mundial com demência, com base em uma

população de 34,4 milhões de pessoas com este mal, onde 422 milhões de dólares

foram destinados para os gastos com doença em 2009. Porém, há falta de

informações sobre os custos diretos com DA no Brasil (GUTIERREZ et al.,

2014). Desta forma, o estudo de novos alvos terapêuticos para o tratamento da

doença, bem como, desvendar os processos patogênicos envolvidos no seu

surgimento torna-se uma necessidade.

A administração central do peptídeo Aβ1-42 em animais de laboratório vem

mostrando ser um modelo bastante útil para o estudo da DA e possíveis novas

intervenções neuroprotetoras (McLARNON; RUY, 2008, BALDUCCI;

FORLONI, 2014). O modelo mimetiza a formação do principal achado

histológico da DA, a sua deposição extracelular, formando as placas neuríticas,

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que juntamente com eventos ligados a hiperfosforilação da Tau culminam no

aparecimento da excitotoxidade, estresse oxidativo e apoptose neuronal

(BALLARD et al., 2016). Este modelo vem sido utilizado para estudos de

substâncias antialzheimer como demonstrado por vários autores ao longo dos

anos. No presente estudo, foi demonstrado que a infusão i.c.v. do peptídeo Aβ1-

42 em camundongos swiss causou prejuízos na memória, estresse oxidativo e

neuroinflamação no hipocampo dos animais, corroborando e, complementando

estudos prévios, como os de Mishra et al., (2013), Fu et al., (2014), Chang et al.,

(2014), Chen et al., (2015), Jiang et al., (2015), Yu et al., (2015) e Shen et al.,

(2016) os quais encontraram resultados similares.

Alguns medicamentos aprovados para o tratamento da DA são inibidores

da enzima acetilcolinesterase (AChE), como a tacrina, rivastigmina, donezepil e

galantamina. Tais medicamentos produzem efeito através da inibição da enzima

que hidrolisa a ACh, aumentando os níveis cerebrais da mesma (BACHURIN;

BOVINA; USTYUGOV, 2017). Entretanto, estes fármacos apresentam uma

terapêutica paliativa e limitada porque apenas melhoram os déficits de memória

no estágio inicial da doença, mas não interrompem o processo

neurodegenerativo. Outros fatores relevantes são as respostas positivas ao

tratamento, que dependem da integridade dos neurônios pré-sinápticos, além da

série de efeitos adversos provenientes do aumento dos níveis de ACh periférico

e centrais tais como: distúrbios gastrointestinais (vômitos, náuseas, cólicas

abdominais, diarreia e anorexia), hipotensão, bradicardia, dores de cabeça,

cãibras, disfunção hepática, etc. (GARCÍA-LÓPEZ; GUARDADO-

SANTERVÁS, 2001). Para alguns pacientes, os efeitos adversos muitas vezes

são tão intensos levando-os a não adesão ao tratamento.

Como reportado anteriormente, a tacrina foi aprovada pela FDA em 1993

como o primeiro medicamento para tratar a DA, sendo um inibidor

colinesterásico. É descrito na literatura, que o tratamento com a tacrina além de

melhorar a habilidade cognitiva, tem como efeito colateral central, disfunções

motoras extrapiramidais, conhecida como Parkinsonismo, que pode ser

exacerbada pela estimulação colinérgica e aliviada com antagonismo

muscarínico (CARRIERO et al., 1997). Devido sobretudo a sua

hepatotoxicidade, a tacrina foi retirada do mercado. Entretanto, com a introdução

da tacrina na terapêutica da doença, novos alvos de pesquisa na área da química

medicinal foram surgindo. Híbridos da tacrina têm sido desenhados como

inibidores de colinesterases e de agregação amiloide. Estas moléculas podem

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atuar como inibidores bivalentes de AChE, além de ter uma importante função

de neuroproteção contra estresse oxidativo (AQUINO et al., 2013).

Um dos objetivos desse estudo foi avaliar o comportamento locomotor dos

animais tratados com a tacrina e os dímeros em estudo, uma vez que a tacrina

pode apresentar a disfunções motoras extrapiramidais (CARRIERO et al., 1997).

Para isso, utilizou-se o teste do Campo Aberto para avaliar os níveis de atividade

locomotora e exploratória dos roedores. O teste do Campo Aberto é uma

ferramenta útil para avaliar o comprometimento locomotor em animais com

doenças neuromusculares e/ou, se os compostos administrados podem afetar

outros sistemas (TATEM et al., 2014). Os resultados do presente estudo

demonstraram que o tratamento com a tacrina e o dímero DT4 promoveu uma

redução da atividade locomotora de camundongos avaliada no teste do Campo

Aberto. Corroborando com nossos resultados, alguns pesquisadores também

encontraram redução dose-dependente da atividade locomotora em roedores

tratados com tacrina em única administração (CARRIERO et al., 1997; PAN et

al., 2006; PAN et al., 2011a; PAN et al., 2011b).

O principal objetivo do estudo foi avaliar o efeito dos dímeros da tacrina

sobre a memória de camundongos com DA induzida pelo peptídeo Aβ1-42.

Segundo Izquierdo (2011), a memória é a capacidade de adquirir, armazenar e

recuperar informações. Trata-se de um processo biológico de fundamental

importância para o indivíduo, e está presente em praticamente todo o reino

animal independente da arquitetura cerebral que o mesmo apresenta

(IZQUIERDO, 2011). Algumas desordens neuropsiquiátricas, como a DA,

podem afetar algumas formas de memória, deixando outras intactas (AU et al.,

2016, SHRESTHA; KLANN, 2016). E, estes diferentes tipos de memória podem

ser avaliados em animais em diferentes tarefas comportamentais utilizadas em

laboratórios (SHRESTHA; KLANN, 2016, AMOAH et al., 2015).

Para entender melhor como cada tarefa funciona, é importante compreender

que a memória é classificada em diferentes formas. Uma forma é a memória

explícita, onde o indivíduo tem a habilidade de lembrar ou reconhecer

conscientemente informações processadas recentemente e em longo prazo. Esta

memória também é conhecida como memória declarativa (COHEN; SQUIRE,

1980) e pode ser caracterizada como episódica (conhecimentos relacionados ao

contexto do indivíduo, por exemplo, lembrar-se da festa de seu casamento) e

semântica (conhecimentos gerais como idiomas, fatos históricos). Este tipo de

memória (declarativa) está sob o controle do hipocampo e conexões do lobo

temporal, regiões essenciais para a formação de novas memórias episódicas. É

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justamente esse o tipo de memória que está altamente prejudicada em pacientes

com DA e é usualmente um dos primeiros sintomas de demência (MACHADO

et al., 2009).

Em relação a memória declarativa em humanos, especialmente a memória

episódica e não a semântica, é mediada primeiramente por receptores

muscarínicos (M1). Há poucos estudos relatando o envolvimento dos receptores

nicotínicos e parece que esses receptores são pouco relevantes nesse tipo de

memória. O teste de memória de reconhecimento, avaliada no teste de

reconhecimento de objetos, também avalia a memória declarativa em animais.

Em contraste com os estudos em humanos, a investigação da memória

declarativa em roedores parece ser mediada por receptores nicotínicos (KUTLU;

GOULD, 2016), ao invés dos receptores muscarínicos. Pode ser que essa

diferença entre humanos e roedores quanto ao recrutamento bioquímico dos tipos

de receptores colinérgicos no processo de cognição seja uma consequência das

restrições éticas de estudos em humanos para buscar o subtipo específico de

ligante nos testes de memória (GRAEF et al., 2011).

Como já reportado, em pacientes com DA, a memória episódica é um dos

primeiros sinais de declínio cognitivo (SMALL et al., 2003). Então a avaliação

de possíveis alvos farmacológicos na terapêutica da DA sobre esse tipo de

memória é de fundamental importância. O teste de Reconhecimento de Objetos

fornece a base experimental para o estudo de uma ampla gama de processos

cognitivos e neuropsicológicos em ratos e camundongos. O modelo envolve

vários protocolos experimentais. Num teste de reconhecimento de objetos de

apenas uma tentativa, os animais são expostos a dois objetos diferentes onde

devem identificar como novo ou familiar baseado na memória de uma

experiência recente com um dos objetos. A memória envolvida nesse tipo de

reconhecimento é a memória declarativa episódica, que é suscetível a alterações

e perda rápida (DERE; HUSTON; DE SOUZA SILVA, 2005).

O reconhecimento de um objeto experimental envolve a memória do objeto

familiar, e a detecção e processamento da memória de um novo objeto

(ENNACEUR, 2010). Para o teste de reconhecimento de objetos algumas áreas

cerebrais como hipocampo, lobo temporal, córtex pré-frontal e córtex pré-

límbico, estão envolvidas no processamento de memórias de curta e longa

duração, declarativa e não-associativa (KIM et al., 2014; PEZZE et al., 2015;

CHAO et al., 2016; KESNER et al., 2016). Acredita-se que a formação de

memórias e o aprendizado envolvam alterações na atividade neural, através de

eventos plásticos que modificam a comunicação entre os neurônios. Estes

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eventos plásticos podem incluir alterações na estrutura, na distribuição, no

número de sinapses e também resultar em alterações morfológicas (RUSAKOV

et al., 1997; GEINISMAN, 2000).

O paradigma de reconhecimento de objetos de apenas uma tentativa provou

ser uma ferramenta útil na pesquisa de memória neurobiológica tanto em ratos

quanto em camundongos. Desde sua introdução em 1985 por John P. Aggleton,

o potencial desse paradigma para abordar questões críticas sobre a neurobiologia

da aprendizagem e da memória é cada vez mais aceito (DERE et al., 2007). No

presente estudo, os animais com DA induzida pelo peptídeo Aβ1-42 tratados

apenas com veículo (grupo CN) apresentaram um baixo índice de

reconhecimento do objeto familiar comparado com animais normais, ou seja,

teve um índice de reconhecimento cerca de 29% menor. Por outro lado, o

tratamento com a tacrina e os dímeros da tacrina reverteram o efeito amnésico

do peptídeo, com aumento no índice de reconhecimento, passando a explorar

mais o novo objeto, sendo que o composto DT3 teve o maior aumento em relação

ao grupo CN. Também no presente estudo, o tipo de memória avaliada foi a de

longa duração, onde o objeto novo foi apresentado 24h após o primeiro objeto.

Apesar da memória episódica se erradicar rapidamente, mantendo apenas

informações específicas do episódio, os animais mantiveram um índice de

reconhecimento estatisticamente significante. De acordo com os achados

científicos referentes a consolidação das memórias, o hipocampo armazena

experiências por um curto período de tempo antes da informação ser transferida

para o armazenamento prolongado no córtex (WILTGEN et al., 2004;

FRANKLAND; BONTEMPI, 2005). Tem sido demonstrado que a tacrina

aumenta a liberação de ACh tanto no córtex quanto no hipocampo no teste de

reconhecimento de objetos (SCALI et al., 1997), desta forma pode-se sugerir que

os dímeros da tacrina avaliados no presente estudo possam atuar de forma

semelhante em relação a liberação de ACh nas regiões cerebrais envolvidas.

Outra forma de memória é a memória implícita, também conhecida como

memória não-declarativa. Este tipo de memória permite ao indivíduo ter a

capacidade de melhorar o desempenho de tarefas. Ela reflete no efeito

inconsciente de experiências anteriores, envolvendo o reconhecimento

inconsciente de um objeto ou a conclusão correta dos passos de uma tarefa

(memória procedural) (SQUIRE, 1987). Tem sido considerada que essa memória

procedural permanece relativamente preservada durante o curso da DA, mas há

controvérsias quanto a essa informação (SHRESTHA; KLANN, 2016). A

memória implícita é preservada sem interferência da memória explícita. No

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início da doença os pacientes com DA são capazes de aprender tarefas sem

consciência simplesmente por exposição repetida, embora seus desempenhos não

atinjam níveis normais (MACHADO et al., 2009, SHRESTHA; KLANN, 2016).

Sobre a memória não-declarativa, Milner, Squire e Kandel (1998)

definiram-na como um aprendizado emocional. A memória relacionada ao

estímulo aversivo é um tipo de memória que envolve mecanismos de

condicionamento de medo. Nesse caso, um indivíduo é treinado a prever um

evento aversivo. A memória aversiva possui geralmente uma fase condicionada,

com um estímulo neutro ou contextual e uma fase não condicionada, com

estímulo aversivo, onde é gerada uma resposta de medo ou resposta

condicionada. O medo condicionado faz parte do condicionamento clássico,

conhecido como condicionamento Pavloviano (FRENDT; FANSELOW, 1999;

LEDOUX, 2000; MAREN, 2001).

No presente estudo os animais que receberam o peptídeo Aβ1-42 via i.c.v. no

hipocampo (grupo CN), tiveram um déficit cognitivo de 56% da memória

aversiva em relação aos animais normais, mensurado como latência de descida

da plataforma no teste da Esquiva Inibitória, que tem como estímulo aversivo o

choque nas patas ao descer da plataforma (IZQUIERDO, MEDINA, 1997).

Também foi verificado que os tratamentos com a tacrina e os dímeros da tacrina

reverteram esse efeito, sendo que o tratamento dos animais com dímero DT2 foi

o que apresentou melhor desempenho na tarefa da esquiva inibitoria, com

aumento de 53% na latência de descida da plataforma.

Há poucos estudos sobre o impacto dos receptores colinérgicos no

aprendizado não-declarativo em humanos, e no geral, os resultados sugerem que

os mecanismos colinérgicos, em especial os receptores muscarínicos, pouco

estão envolvidos nesse tipo de aprendizado (GRAEF et al., 2011). Há estudos

mostrando que o peptídeo Aβ1-42 causa prejuízo cognitivo avaliado no teste da

Esquiva Inibitória (SHEN et al., 2016), assim como há estudos mostrando o

efeito positivo de inibidores colinesterásicos no mesmo teste (JAFARI;

ZARRINDAST; DJAHANGUIRI, 2006). Porém, ainda não há a correlação dos

três fatores: indução de DA com Aβ1-42, tratamento com inibidores

colinesterásicos e avaliação de memória no teste da Esquiva Inibitória. Os

resultados do presente estudo demonstraram então que animais submetidos ao

modelo de Alzheimer com Aβ1-42 avaliados no teste da esquiva inibitória e

tratados com agentes conhecidamente anticolinesterásicos tiveram reversão dos

déficits cognitivos. Ainda não se pode sugerir o mecanismo pelo qual esses

compostos atuaram na memória aversiva dos animais, mas é provável que o

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sistema colinérgico esteja envolvido, uma vez que todos os compostos avaliados

exibem atividade inibitória da AChE como demonstrado por Aquino e

colaboradores (2013).

Em roedores, testes de labirintos, como o LAM, são aplicados para

investigar a memória espacial de referência. Estes testes também são descritos

como meios experimentais para mensurar tanto a memória de trabalho, como a

memória de referência (declarativa) (BARNHART; YANG; LEIN, 2015).

A memória de trabalho é uma memória de curto prazo, que uma vez usada,

não é mais utilizada pelo SNC. Trata-se de uma memória “on line” sem traços

bioquímicos detectáveis (BHARADWAJ et al., 2015). Essa memória pode ser

distinguida da memória de referência (uma associação de longo prazo entre

estímulos ou um estímulo e uma resposta) pela sua transitoriedade. E, há

evidências que sugerem que as duas dependem de diferentes sistemas cerebrais.

A memória de referência é uma memória que é tipicamente adquirida com treinos

repetidos, e pode persistir por dias a meses. A memória de trabalho pode ser

definida como um tipo de memória de curto prazo por estímulos ou localização

espacial (DUDCHENKO, 2004). No caso do LAM, modelo espacial de memória

utilizado no presente estudo, a memória espacial está relacionada à memória de

referência. A metodologia que se utilizou nesse estudo há repetições diárias

(treinos), neste caso, a memória de referência é que está sendo trabalhada. É uma

característica padrão do LAM fazer o Probe trial em que a plataforma é

removida. Se o animal aprendeu a localização da plataforma, deve mostrar uma

preferência para o quadrante em que a plataforma foi localizada e, até mesmo

para o local onde a plataforma estava dentro do quadrante alvo. Se o Probe trial

é feito pouco depois do último teste de plataforma, surge a questão de saber se o

desempenho do animal reflete memória de referência ou uma mistura de

referência e memória de trabalho, porque o animal poderia estar usando seu

recall de curto prazo do último treinamento. No presente estudo, o Probe trial

foi aplicado 24h depois do último teste com a plataforma, avaliando então, a

memória de referência.

Há pelo menos dois tipos distintos de orientação para navegação. A

distinção é feita entre orientação alocêntrica e egocêntrica. A alocêntrica refere-

se à navegação espacial, é caracterizada pela habilidade de navegar utilizando

pistas distais – ou seja, pistas localizadas fora e de uma certa distância do

indivíduo. Já a egocêntrica é caracterizada pela habilidade de navegar usando

pistas internas (ex: movimentos límbicos, como movimentos e direção)

(VORHEES; WILLIAMS, 2014). As principais regiões cruciais para a

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orientação alocêntrica são mediadas pelo hipocampo e córtex entorrinal. O

hipocampo tem sido identificado como estrutura chave para formação de mapas

cognitivos (O’KEEFE; NADAL, 1978). A mesma estrutura que dá informação

espacial em roedores está envolvida na memória semântica e episódica em

humanos. A memória semântica, que é sobre fatos e lugares, é tida por ser uma

extensão do sistema que processa a localização espacial em roedores, que é

testada como memória e aprendizado alocêntrico (BUZSAKI; MOSER, 2013), é

o caso do modelo que se utilizou nesse estudo, onde os animais tinham pistas

distais, treinados para achar a plataforma com orientação alocêntrica. Ao longo

dos dias de treinamento todos os grupos, além do CN, diminuíram o tempo de

latência para achar a plataforma, como pode ser visualizado através dos

resultados apresentados na Tabela 3. O resultado obtido com o grupo CN indica

que o peptídeo Aβ1-42 causou prejuízo na memória espacial nos camundongos, e,

os tratamentos com a tacrina e os dímeros da tacrina conseguiram reverter o

declínio cognitivos dos animais. A partir do terceiro dia de treinamento é que

visualizamos a diferença entre os grupos. No terceiro dia o DT4 apresenta melhor

performance em relação aos outros dímeros, resultado que se mantem no

resultado do Probe trial, em que o DT4 teve melhor resultado dentre os dímeros.

No quarto dia de treinamento, o DT1 comporta-se melhor apesar do quinto dia

ele ter sido o pior entre os grupos tratados. Esse resultado não descarta sua

eficiência quando analisado no Probe trial, onde ainda foi significativamente

melhor que o grupo CN. No quinto e, último dia de treino, o DT3 apresentou

melhor tempo de latência de escape que os outros grupos, não sendo melhor

apenas que o grupo tacrina. Seu desempenho melhorou em 37% em relação ao

dia anterior, porém no Probe trial, foi o composto que teve pior performance,

apesar de ter sido significativamente melhor que o grupo CN. A diferença de

resultado entre os dímeros é pouca, pois os mesmos conseguiram aprender a

localização da plataforma de forma eficiente, o que gera um resultado promissor

quanto ao tipo de memória conservada.

O primeiro parâmetro analisado no LAM é a latência de escape, que é o

tempo que o animal leva para achar a plataforma. No entanto, esse parâmetro

pode ser confundido com a velocidade de natação, o que não é necessariamente

um fator de cognição, já a distância nadada entre o ponto de origem e a

plataforma é um parâmetro mais próximo relacionado ao aprendizado espacial

(SINGH; KAUR; SANDHIR, 2015). Como neste estudo os animais eram da

mesma espécie e da mesma idade, a velocidade de natação de cada um dos

indivíduos foi observada como sendo uma quantidade constante e a distância

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percorrida foi proporcional ao tempo tomado, como é evidente a partir da latência

de escape e da distância percorrida (Figura 23). Nesse estudo, não houve

diferença estatística entre os grupos em relação à velocidade média nadada e a

distância total percorrida durante o Probe trial, um importante parâmetro para

descartar dúvidas quanto a possível interferência causada pela alteração motora

observada no teste do Campo Aberto.

Outro objetivo do presente estudo foi avaliar o envolvimento do estresse

oxidativo cerebral dos camundongos com DA induzida por Aβ1-42, e o possível

efeito dos dímeros da tacrina nesse sistema.

Como mencionado anteriormente o peptídeo Aβ1-42 induz estresse oxidativo

em níveis intracelulares pela interação com a bicamada lipídica que libera

radicais livres, causando uma perda da homeostase cerebral (SÖLLVANDER et

al., 2016). Como a indução do peptídeo foi realizada no hipocampo, decidiu-se

realizar as análises bioquímicas em diferentes estruturas cerebrais: córtex e

hipocampo. Nas análises realizadas no presente estudo, o efeito dos tratamentos

não alterou os níveis bioquímicos estudados no córtex. Entretanto avaliando o

hipocampo, os animais com DA induzida apresentaram um resultado diferente

dos animais normais (Naive).

A GSH é o maior antioxidante endógeno que tem função fundamental na

desintoxicação das EROs e na regulação do estado redox intracelular. Vários

estudos in vivo e in vitro evidenciaram o papel do GSH contra uma variedade de

formas de estresse oxidativo. Abramov, Canevari e Duchen (2003) demostraram

a neurotoxicidade do Aβ1-42 em neurônios e astrócitos, que pode ser devido a

depleção de GSH, o que reforça a hipótese de que a patologia da DA está

associada com os desníveis de GSH, e que a presença dessa enzima é

neuroprotetora e diminui a oxidação causada pelo peptídeo (MARK et al., 1997).

Foi o que se evidenciou nos experimentos deste estudo os quais determinaram os

níveis de GSH no cérebro dos camundongos. No córtex cerebral não houve

nenhuma alteração entre os grupos, resultado também encontrado em outro

estudo que utilizou o modelo do Aβ1-42 (MAO et al., 2015). Já no hipocampo, os

animais do grupo CN e tacrina, apresentaram níveis de GSH significativamente

menores que os animais normais. Enquanto o tratamento com os dímeros da

tacrina reverteram esse efeito de maneira significativa. Comparando os dímeros

entre si, o mais eficiente foi o DT4 (com melhora de 33%), seguido de DT3 e

DT2 que foram igualmente eficazes (29%), e por último o DT1, com apenas 19%

de diferença. Hu e colaboradores (2012), também demonstraram diminuição do

GSH no hipocampo de animais que receberam Aβ1-42. Porém, não há na literatura

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estudos com dímeros da tacrina sobre o sistema oxidativo in vivo. O que

evidenciamos é que de fato a tacrina não tem efeito sobre o sistema antioxidante

da glutationa, porém, os dímeros tiveram capacidade de aumentar as defesas do

sistema contra a oxidação causada pelo Aβ1-42. Em relação aos compostos,

observamos que quanto maior a rigidez da molécula (DT1 < DT2 < DT3 < DT4),

maior é a sua capacidade de aumentar os níveis de GSH. Porém, o mecanismo

pelo qual isso ocorre ainda é obscuro.

Outra enzima antioxidante importante que catalisa a conversão de radicais

superóxidos em peróxido de hidrogênio é a SOD. Há fortes evidências

estabelecendo a relação entre SOD e DA. A contribuição da enzima na patologia

é bastante controversa. Alguns estudos reportam que a SOD está reduzida no

córtex, hipocampo e cerebelo em pacientes com DA (RICHARDSON, 1993),

outros demonstram que há elevação da atividade da enzima (MARKLUND et

al., 1985). E ainda, outras pesquisas sugerem que não há mudanças nos níveis da

SOD em cérebros com DA (GSELL et al., 1995). Estudos mais recentes sugerem

que a enzima esteja com sua atividade diminuída na presença de marcadores da

DA (HU et al., 2012; MAO et al., 2015). Porém, o que encontramos no presente

estudo, é que não houve alterações na atividade da SOD na região cortical dos

animais. No entanto, no hipocampo ocorreu uma elevação na atividade da enzima

nos grupos CN, tacrina e DT1 de 28, 28,9 e 27%, respectivamente. Em relação a

atividade da SOD dos animais normais (Naive) indicando que o modelo utilizado

neste trabalho (Aβ1-42) gera mais ânion superóxido, fazendo com que a enzima

SOD esteja mais ativa nessa região, sendo que nem a tacrina e nem o dímero

DT1 conseguiram reverter esse efeito. Os grupos tratados com dímeros DT2,

DT3 e DT4 apresentaram uma diminuição da atividade da SOD em 30,4; 33,1 e

33,7% comparando com o grupo tacrina, mostrando que esses compostos atuam

como possíveis neuroprotetores.

Apesar do dímero DT1 ter apresentado níveis de GSH significativamente

maiores que o grupo CN, foi o grupo com menor aumento, o que corrobora com

o resultado encontrado na SOD, onde esse grupo permaneceu com a atividade

enzimática elevada tanto quanto o CN e a tacrina. Os dados se complementam

pelo fato de quanto maior a atividade da SOD, maior a produção de H2O2, e

assim, maior consumo de GSH no sistema da glutationa, apresentando níveis

baixos nas análises realizadas.

Continuando com a avaliação do sistema oxidante determinou-se, o nível

da mieloperoxidase (MPO). A MPO é associada à eventos inflamatórios, quando

liberada pelos neutrófilos migratórios. No cérebro humano, a MPO está presente

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na micróglia, o macrófago residente do cérebro (JOLIVALT et al., 1996).

Atualmente, a MPO está relacionada a doenças neurodegenerativas nas quais

estão associados na patogênese dos mesmos processos inflamatórios, estresse

oxidativo e apoptose (RAY; KATYAL, 2016). Além disso, dados demonstram

que há co-localização da MPO com placas β-amiloides ao redor de neurônios

granulares e piramidais do hipocampo em cérebro de pacientes com DA,

indicando sua eventual contribuição para a patologia da doença (GREEN et al.,

2004). Os resultados desse estudo demonstraram que os níveis de MPO

encontraram-se aumentados no hipocampo dos camundongos dos grupos CN

(25,6%) e tacrina (21,2%) em relação aos animais normais, o que indica que a

tacrina não age na redução da neuroinflamação desencadeada pelo MPO.

Enquanto os tratamentos com os dímeros da tacrina (DT1, DT2, DT3 e DT4)

apresentaram uma redução nos níveis da enzima de 25,7; 31,1; 33,7 e 26,8%,

respectivamente. Nesse caso, o DT3 foi o que apresentou maior diferença nos

níveis de MPO em relação a tacrina, seguido do DT2, DT4 e DT1. Não há

correlação estrutural das moléculas com a atividade enzimática, sendo que todas

foram efetivas em diminuir os níveis de MPO. Podemos sugerir que os dímeros

da tacrina em estudo são eficientes em diminuir os níveis de neuroinflamação

desencadeado pela micróglia na presença de Aβ1-42.

A lipoperoxidação inicia-se pela captação de radicais livres. A oxigenação

da bicamada lipídica inicia uma reação em cadeia autoperpetuante, conduzindo

à amplificação do evento oxidativo inicial. E na DA a lipoperoxidação está

evidente em todas as fases da doença (BRADLEY-WHITMAN; LOVELL,

2015). O que observamos em nossos experimentos é que o grupo de animais CN

que recebeu peptídeo Aβ1-42 apresentaram aumento de hidroperóxidos lipídicos,

corroborando com os achados de Aguirre-Rueda e colaboradores (2015) que

demonstraram que o peptídeo Aβ1-42 diminui a viabilidade celular, aumenta a

peroxidação lipídica e a apoptose de neurônios. Nossos resultados também

apresentaram aumento dos níveis de LOOH nos grupos tacrina, DT1, DT2 e

DT3. Porém, o dímero DT4 mostrou níveis de hidroperóxidos lipídicos cerca de

70% mais baixo que a tacrina, esse resultado pode ser decorrente do

envolvimento do dímero com os astrócitos, já que os autores anteriormente

citados indicaram que os astrócitos protegem os neurônios provavelmente por

um aumento na biogênese mitocondrial, obtendo melhor proteção contra o

estresse oxidativo e talvez produzindo controle do processo inflamatório

(AGUIRRE-RUEDA et al., 2015). Os dímeros DT2 e DT3 atuaram

positivamente no sistema oxidativo provavelmente por outros mecanismos que

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não o dos astrócitos, possivelmente pela atuação direta na enzima superóxido

dismutase.

Embora a tacrina tenha efeitos terapêuticos positivos, é reportado aumento

nos níveis das transaminases em cerca de 30% dos pacientes (WATKINS et al.,

1994). A tacrina induz hepatotoxicidade pela via do citocromo P450 em

microssomas hepáticos humanos e também é associada a disfunção mitocondrial

(SPALDIN et al., 1994), além de induzir aumento de EROs e diminuição de GSH

(OSSENI et al., 1999, EZOULIN et al., 2006). Mas o mecanismo exato para que

isso ocorra, ainda não foi elucidado (PARK et al., 2015). Devido a esse fato, foi

objetivo deste estudo avaliar se os dímeros da tacrina também apresentariam tais

efeitos. A primeira análise realizada foi determinar os níveis das transaminases,

marcadores de lesão hepática no soro dos animais. No presente estudo, a

administração da tacrina, DT1 e DT3 por 15 dias em camundongos, aumentaram

significativamente os níveis séricos da enzima AST em 28,6; 25,9 e 22,2%,

respectivamente, comparando com os animais normais, sem alteração da ALT,

que está presente em grande quantidade no citoplasma de hepatócitos e é

considerado um excelente marcador de dano hepático. A AST é uma enzima

ligada a mitocôndrias e é encontrada em vários tecidos, especialmente no fígado

e no músculo estriado. Além disso, a atividade da AST no soro encontra-se

elevada na presença de necrose no músculo esquelético ou necrose hepática

(CAROBENE et al., 2013). Park e colaboradores (2015) encontraram alterações

tanto em AST quando em ALT em ratos tratados com tacrina na dose de 30

mg/kg, via oral 24h antes das análises. Li e colaboradores (2014) também

encontraram alterações tanto em AST quanto em ALT em camundongos tratados

8h antes com tacrina 30 mg/kg. Apesar de não encontrarmos alterações

significativas nos níveis de ALT, e o parâmetro AST não ser específico para o

fígado, a histologia do fígado mostra alterações importantes que comprovam a

lesão hepática.

É amplamente reportado na literatura que a tacrina em tratamento agudo

induz danos histológicos no fígado, como aumento de regiões degeneradas,

infiltração de células inflamatórias e necrose dos hepatócitos (CHEN et al., 2015;

LI et al., 2014; PARK et al., 2015). No presente estudo foi observado que o

tratamento de 15 dias com a tacrina na dose de 50 µmol/kg via oral, apresentou

danos hepáticos significativos, juntamente com a alteração da AST. Os grupos

tratados com os dímeros DT1 e DT3 também apresentaram lesões histológicas

pronunciadas, porém os dímeros DT2 e DT4 parecem apresentar menos lesões

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que a tacrina, da mesma forma que esses dímeros não apresentaram alterações

significativas nos níveis das transaminases.

Por fim, para concluir o objetivo de investigar a possível lesão hepática

causada pelos dímeros da tacrina, foi avaliado a citotoxicidade em células de

hepatoma humano. A linhagem celular HepG2 tem sido muito utilizada por

estudos de antimutagenicidade e citotoxicidade. Esta linhagem celular mantém

muitas das funções especializadas normalmente perdidas pelas culturas de

hepatócitos primários, tais como a secreção das principais proteínas plasmáticas,

além de expressar uma grande quantidade de enzimas de Fase I, como o

citocromo P450 (CYP) e de Fase II (MERSCH-SUNDERMANN et al., 2004).

Para determinar a viabilidade celular da linhagem HepG2 frente ao

tratamento com os dímeros da tacrina, foi aplicado o ensaio citotóxico do MTT,

que é um ensaio colorimétrico muito utilizado para triagens iniciais de moléculas

bioativas, pois permite quantificação fácil e rápida de resposta celular. O sal de

tetrazólio MTT (corante amarelo) é metabolizado pela mitocôndria de células

viáveis formando cristais de formazan azuis insolúveis (BAHADAR et al.,

2016).

A tacrina por ser conhecidamente hepatotóxica, tem sido utilizada para

induzir citotoxicidade em células HepG2 como ferramenta de busca de novas

moléculas hepatoprotetora (LEE et al., 2012; PARK et al., 2015). De acordo com

Park e colaboradores (2015) a tacrina tem efeito tóxico a partir de 300 µM em

concentração celular de 5x104. Em nosso experimento, a tacrina apresentou uma

queda da viabilidade celular comparada com o grupo basal, porém, não foi

estatisticamente significativa pois a concentração celular era de 5x105. No

mesmo experimento avaliamos o efeito do tratamento das células com os dímeros

da tacrina na dose de 300 µM, onde não apresentaram efeito citotóxico.

Há a necessidade de maiores investigações para determinar se os dímeros

da tacrina estudados nesse trabalho são realmente hepatotóxicos como indicam

os resultados encontrados na alteração da AST e nas laminas histológica dos

fígados dos animais tratados.

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7 CONCLUSÕES

Este trabalho demonstrou que o peptídeo Aβ1-42 é um modelo animal útil

para o estudo da Doença de Alzheimer. Alterações cognitivas e comportamentais

em três diferentes testes de memórias foram evidenciadas com o tratamento

proposto. Além do peptídeo Aβ1-42 ter causado estresse oxidativo na região

hipocampal do cérebro dos animais.

A tacrina confirmou seu efeito nootrópico na DA nos testes realizados neste

estudo, principalmente no teste LAM, onde foi o composto que apresentou

melhor resultado no último dia de treino e no Pobre trial. Ainda confirmou seu

efeito hepatotóxico pelo aumento da transaminase AST e danos histológicos, e

apresentou seu efeito colateral de alterações locomotoras no teste do campo

aberto.

O dímero DT1 é o composto com maior flexibilidade estrutural dentre os

dímeros estudados, porém foi o composto que apresentou resultados

comportamentais menos promissores, além de apresentar elevados níveis de AST

e lesões histológicas no fígado, e baixo efeito sobre o sistema antioxidante.

O dímero DT2 apresentou melhoras significativas nos testes

comportamentais e cognitivos, sendo o dímero que apresentou o melhor

resultado no teste de memória aversiva (EI). Também apresentou boa atividade

neuroprotetora em relação ao sistema antioxidante. Em relação ao efeito

hepático, o DT2 não apresentou alterações significativas nos níveis das

transaminases, porém, mostrou algumas lesões histológicas no fígado dos

animais.

O dímero DT3 foi o composto que apresentou melhor desempenho no teste

de reconhecimento de objetos e no último dia de treino no LAM, além de ter

apresentado boa atividade sobre o sistema antioxidante avaliado, assim como

também apresentou melhor efeito contra a atividade neuroinflamatória da MPO.

Porém, apresentou níveis significativamente elevados de AST, e alterações

histológicas no fígado, indicando aumento de glicogênio nos hepatócitos.

E o dímero DT4 foi um dos compostos que apresentou melhor performance

nos testes comportamentais de memória avaliados, assim como também

melhorou os níveis antioxidantes cerebrais e apresentou baixos níveis de

hidroperóxidos lipídicos. Não apresentou alterações das transaminases e foi o

composto que apresentou menor lesão histológica no fígado. Seus efeitos

nootrópico e neuroprotetor promissores pode ter sido influenciado pelo fato de

ser um composto estruturalmente mais rígido dentre os estudados, e conter

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apenas um anel aromático no espaçador. Porém, o DT1 apresentou o mesmo

efeito colateral indesejado de alterações locomotoras da tacrina.

Em relação a citotoxicidade estudada em linhagem de hepatoma humano

(HepG2), nenhum dímero apresentou citotoxicidade, ao contrário da tacrina.

Novas investigações deveram ser realizadas para descartar o possível efeito

hepatotóxico apresentado pelos dímeros DT1 e DT3 nas alterações de AST e na

histologia do fígado.

Sendo assim, dentre os dímeros estudados nesse trabalho, o DT2 é o mais

promissor para dar continuidade nas investigações.

A realização deste trabalho confirma a atividade anticolinesterásica dos

compostos em estudo, com atividade in vivo, além de mostrar um efeito

promissor de neuroproteção. Estudos mais aprofundados são necessários para

elucidar o mecanismo de ação envolvido nessas respostas. Porém, esses

resultados abrem caminhos para dar continuidade no desenvolvimento de novos

híbridos da tacrina promissores para tratar a Doença de Alzheimer, sem que

apresentem efeitos hepáticos indesejáveis .

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ANEXO A – PARECER COMISSÃO DE ÉTICA NO USO

DE ANIMAIS – CEUA/UNIVALI