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Departamento de Engenharia Mecânica
AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS DE MEDIÇÃO DA TENSÃO
INTERFACIAL DO SISTEMA ÁGUA/HEPTOL
Aluno: Pedro Henrique de Lima Ripper Moreira
Orientador: Paulo Roberto de Souza Mendes
Introdução
Tensão superficial ou interfacial é a manifestação macroscópica de um fenômeno físico
causado pelas forças de coesão entre moléculas semelhantes numa interface líquido-líquido ou
líquido-gás. A força atrativa exercida sobre as moléculas da superfície de um líquido pelas
moléculas do interior faz com que o líquido assuma uma forma de menor área superficial.
Figura 1: Forças atrativas originando a tensão superficial
Surfactantes são capazes de alterar a tensão superficial e transferência de massa em
interfaces líquidas. A mensuração dessa tensão pode ser realizada utilizando diferentes tipos de
tensiômetros, cujo princípio similar se baseia em: mergulhar um objeto sólido no líquido de
interesse, determinar o comprimento da linha de contato sólido-líquido, e medir a força adicional
aplicada sobre o objeto pelo líquido observado. A tensão superficial é então obtida dividindo-se a
força medida pelo comprimento determinado.
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Objetivo
O objetivo geral deste trabalho consiste em avaliar os métodos da placa de Wilhelmy e anel
de Du Nouy para mensuração da tensão interfacial entre 2 líquidos ou misturas de líquidos, o efeito
de diferentes concentrações de surfactante sob a tensão interfacial desse meio, assim como, a
concentração micelar crítica para o surfactante utilizado.
Para tal, será estudada a solubilidade da mistura heptano/tolueno por meio da medição de
sua tensão interfacial com água destilada. Em seguida, serão adicionadas diferentes concentrações
do surfactante asfalteno obtido da extração do petróleo cru encontrado no laboratório para avaliar
seu efeito sobre essas medidas.
Fundamento Teórico
Existem diversos tipos de tensiômetros utilizados na literatura para medir tensão
superficial, assim como, tensão interfacial. No entanto, o método da placa de Wilhelmy e anel de
Du Nouy não são comumente utilizados para medir a tensão interfacial entre duas fases líquidas
por serem métodos altamente dependente das condições de contato entre a geometria e a interface,
como por exemplo, o formato do menisco resultante do ângulo de contato, a flutuabilidade da
geometria, higiene do meio utilizado, temperatura, pressão e outras possíveis forças de atração ou
repulsão entre o líquido e a geometria.
Apesar de novas técnicas mais precisas de mensuração existirem na literatura, sua
aplicação é mais específica ao problema analisado, requer mais recursos e tempo de
processamento. Nesse sentido, os problemas encontrados pelos 2 métodos utilizados serão
minimizados por meio de simplificações no cálculo do ângulo de contato, assim como, prevenção
das mudanças ambientes.
• O método do anel de Du Nuoy
Esse método pode ser considerado o mais comum dentre os métodos baseados no princípio
de balanço de força. Nele, um anel de platina, em um plano paralelo à superfície líquida analisada,
é submergido no líquido, seguido de sua emersão lenta até o momento de rompimento com a
superfície ou interface. A variação de força exercida pelo fluido no anel é medida ao longo do
tempo pelo equipamento. A força obtida quando o ângulo de contato se torna 0 será a força máxima
utilizada no cálculo do valor da tensão.
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Para realizar essa medida no tensiômetro, a força exercida no anel para mantê-lo em
equilíbrio na interface, deve ser compensada pelo somatório do peso do anel com as forças geradas
pela superfície do fluido, distribuídas por todo o comprimento do fino anel.
Figura 2: Visão lateral do método do anel de Du Nouy
Analisando a perspectiva lateral do método no segundo momento da Figura 2, o anel
encontra-se em equilíbrio estático, onde a força exercida pela superfície do fluido tem sentido
vertical para baixo. Forma-se um cilindro extremamente fino de fluido levantado pelo anel e o raio
externo deste pode ser, aproximadamente, considerado de igual valor ao raio interno. Dessa forma,
analisando-se de perto o anel, considera-se que as forças geradas pela superfície do líquido atuam
ao longo de duas vezes o perímetro do anel. Escreve-se, portanto:
𝜎 =𝐹
2𝜋𝐷
(1)
Onde σ é a tensão superficial ou interfacial do fluido, F é a força total aplicada sobre os
perímetros interno e externo do anel pela superfície do líquido e D é o diâmetro do anel.
O tensiômetro foi calibrado de forma que o peso do anel será descontado do valor de F para
que apenas a força da superfície do líquido seja medida. No entanto, como a máquina para medição
de tensão de superfície trabalha com medições de voltagens correspondentes, é preciso estabelecer
uma voltagem primeira de referência, para uma carga de referência conhecida, aplicada sobre o
anel. Uma carga de 4,905*10-3 N, correspondente ao peso de 0,5 mg de massa, se distribuída pelo
comprimento de dois perímetros de anel, gera uma tensão:
𝜎𝑟𝑒𝑓 =𝐹𝑟𝑒𝑓
2𝜋𝐷
(2)
𝜎𝑟𝑒𝑓 =𝑚𝑟𝑒𝑓𝑔
2𝜋𝐷=
0.004905
2𝜋(0.01908)= 0.040915
𝑁
𝑚
(3)
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Caso se programe a máquina Lauda, disponível para este projeto, para que, com o anel
submetido a 4,095mN de carga, a voltagem associada Vref seja igual a 0.409 Volts, é possível
obter uma relação que possibilita a determinação direta da tensão superficial de um fluido estudado
lida pelo maquinário.
𝜎𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ∗ (𝜎𝑟𝑒𝑓
𝑉𝑟𝑒𝑓)
(4)
Ao se fazer uma aproximação para o cálculo da razão σref / Vref, considerando-se os limites
de precisão e incerteza do equipamento, é possível escrever, para o resultado em mN/m:
𝜎𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ∗ 100 (5)
• O método da placa de Wilhelmy
Esse método segue lógica similar ao anel de Du Nouy, no entanto, a emersão não se
prolonga até o momento de rompimento, sendo cessada quando o ângulo de contato da placa com
a superfície ou interface se aproxima a 0.
Figura 3: Método da placa de Wilhelmy
A força medida pelo equipamento apresenta um comportamento mais dinâmico do que o
anel de Du Nouy, uma vez que, o anel, apenas mede a força máxima do momento de ângulo de
contato 0, enquanto que a placa, permanecendo em contato com o fluido, obtém a média da
variação das forças aplicadas na sua geometria ao longo do tempo. Esse princípio é de suma
importância para avaliar a influência de surfactantes na interface, uma vez que, a mesma, está em
constante alteração devido ao movimento do surfactante dentro e fora da interface.
Adaptando a equação (1) para a geometria da placa, a tensão superficial pode ser medida
da seguinte forma:
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𝜎 =𝐹
2𝐿
(6)
O mesmo procedimento de calibração do tensiômetro é utilizado para que seja
desconsiderado o peso da placa quando a mesma se encontrar na posição de equilíbrio com a
interface, de acordo com a Figura 3. Para se estabelecer uma voltagem de referência, associada a
uma carga de 4,905mN, distribuída por duas vezes o comprimento L da placa, escreve-se:
𝜎𝑟𝑒𝑓 =𝐹𝑟𝑒𝑓
2𝐿
(7)
𝜎𝑟𝑒𝑓 =𝑚𝑟𝑒𝑓𝑔
2𝐿=
0.004905
2(0.0201)= 0.122015
𝑁
𝑚
(8)
Com a máquina regulada para ler uma voltagem de 0.122 Volts quando a placa estiver
submetida a uma carga de 4,905mN, e aplicando-se a equação (4), tem-se, em mN/m:
𝜎𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ∗ (𝜎𝑟𝑒𝑓
𝑉𝑟𝑒𝑓) = 𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ∗ (
0.122015
0.122) ∗ 1000 = 𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ∗ 1000
(9)
• Surfactantes
Existem diferentes substâncias que, se misturadas a um líquido, são capazes de alterar o
comportamento molecular do fluido e, da mesma maneira, sua tensão superficial, tornando-a mais
ou menos intensa. Os surfactantes são compostos químicos com a propriedade fundamental de
reduzir tensão em interfaces, e existe uma enorme gama de variedades destes compostos de modo
que, enquanto uns são capazes de reduzir tensão superficial em fluidos oleosos e não em fluidos
não oleosos, outros o fazem, entre outros casos. Mesmo observando-se diferentes resultados ao se
diluir surfactantes em fluidos oleosos e não oleosos, o princípio do surfactante é sempre o mesmo,
e pode ser bem compreendido através da Figura 4.
A molécula do surfactante é composta por cadeias apolares extensas seguida de um grupo
funcional polar. Essas cadeias apolares são hidrofóbicas, enquanto que os grupos funcionais são
hidrofílicos, fator que proporciona um comportamento específico quando submetidos a uma
mistura de 2 líquidos. No exemplo da Figura 4, pode-se perceber que o grupo hidrofílico se
aproxima da água enquanto que o hidrofóbico do óleo, estabelecendo-se um pareamento das
moléculas de surfactante ao longo da interface.
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Outra propriedade fundamental dos surfactantes é que, quando alcançam seu limite de
solubilidade na interface das fases do sistema, costumam formar agregados com suas moléculas
no interior do líquido, as quais são chamadas de micelas.
Figura 4: Esquema da Interação de Surfactantes em interface água/óleo
A concentração micelar crítica, portanto, é a concentração de surfactante em um líquido a
partir da qual as moléculas do surfactante não mais conseguem se solubilizar na
superfície/interface do líquido, e tendem a se aglomerar no interior deste. Para além desta
concentração, o surfactante não mais consegue reduzir a tensão superficial do fluido.
Metodologia
O instrumento necessário para a realização deste projeto consiste de um tensiômetro
eletrônico da marca Lauda, em comunicação com uma placa de aquisição de dados da National
Instruments, para que se obtenha leitura de dados de voltagens e a passagem de tais dados para o
software NIdatalogger, instalado no computador. O tensiômetro faz medições de tensão superficial
e interfacial através do uso de dois tipos de acessórios: a placa Wilhelmy e o anel du Nouy.
Para evitar certos problemas como variação de temperatura, evaporação dos fluidos
utilizados e contato com o ar, uma capa protetora foi construída (Figura 5) para que, acoplada ao
tensiômetro, possa diminuir esses possíveis erros. Antes de medir a tensão interfacial, a tensão
superficial de um fluido conhecido é medida (água destilada), para averiguar a presença de
possíveis contaminantes no meio.
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O heptano e tolueno utilizados nesse trabalho foram obtidos do fornecedor Sigma-Aldritch
e a água destilada foi produzida no próprio laboratório de pesquisa.
Figura 5: Capa protetora acoplada ao tensiômetro
O fluido pesado é colocado no béquer e é anotado a altura na qual se encontra a interface.
Ambas a placa de Wilhelmy e o anel de Du Nouy são levemente imersos, seguido de emersão em
contato com a superfície do fluido. O fluido leve é cuidadosamente colocado na solução para que
a placa ou anel não saia da interface. No caso da placa, foi utilizada uma quantidade de fluido leve
definida de 47 ml, necessária para submerge-la por completo. Para que a temperatura chegue a
25oC, espera-se 20 minutos a ação do banho termostático do aparelho. A tensão interfacial é então
medida pelo software do tensiômetro.
Cada teste exige adequada limpeza de todo o material utilizado, para que impurezas
indesejadas não interfiram nos resultados, além da correta calibração da voltagem do aparelho que
varia de acordo com a opção pela utilização de placa Wilhelmy ou de anel du Nouy.
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Análise dos Resultados
Como etapa inicial desse trabalho, foi averiguado o comportamento dos métodos utilizados
na mensuração da tensão interfacial do sistema água/heptol. Para isso, foram realizadas medidas
do valor de tensão interfacial desse sistema com diferentes percentagens de heptano com relação
a tolueno na fase leve. A temperatura do sistema analisado foi de 25 oC, e a variação de %heptano
foi realizada de 0 a 100% com incrementos de 10%. Os resultados obtidos podem ser observados
na Tabela 1 para ambas as geometrias.
Tabela 1: Resultados obtidos de tensão interfacial do sistema água/heptol
Fluido: Água destilada + Mistura Heptano/Tolueno
Temperatura: 25 oC
Heptano/Tolueno
(%)
Geometria: Anel Geometria: Placa
Tensão (mN/m) Tensão (mN/m)
0 33.6 26.5
10 34.4 29.3
20 35.1 30.5
30 36.7 34.1
40 37.7
50 37.2 36.6
60 38.9 32.5
70 40.7 36.9
80 42.5 38
90 45.3 44.4
100 48.9 48.4
De acordo com a literatura (GHOSH, et al.), a tensão interfacial de heptano puro e tolueno
puro com água destilada é de 50.2 mN/m e 36.1 mN/m, respectivamente. Pode-se observar que o
valor obtido pelo anel para tolueno puro de 33.6 mN/m se aproxima mais da literatura do que o
obtido pela placa de 26.5 mN/m. No entanto, as duas geometrias apresentaram resultados similares
de 48.9 mN/m e 48.4 mN/m correspondente ao anel e placa, respectivamente, para o heptano puro.
A tensão interfacial referente a 40% de heptano medido pela placa de Wilhelmy apresentou
um valor muito fora do comportamento observado, sendo eliminado dos resultados. Provavelmente
alguma impureza no béquer utilizado ou na placa foi responsável por tal erro.
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O comportamento da tensão interfacial, para ambas as geometrias, em relação à
percentagem de heptano na fase leve foi plotado em um gráfico Tensão Interfacial vs Hep/Tol na
fase leve, de acordo com a Figura 6.
Figura 6: Gráfico de Tensão Interfacial vs Hep/Tol na fase leve.
Apesar da disparidade entre os resultados, observou-se uma queda da tensão interfacial na
região ao redor de 40~60% de heptano, possivelmente resultado das mudanças na solubilidade do
sistema, assim como modificação das interações entre heptano e tolueno na interface. A
disparidade entre os resultados pode ser associada ao efeito da força empuxo aplicada sobre a placa
em comparação ao anel.
Para corroborar a validade do método da placa de Wilhelmy, devido a importância de sua
característica dinâmica para estudar o efeito de surfactantes, a tensão superficial foi medida
novamente utilizando as mesmas percentagens de heptano em relação a tolueno. Além disso, foi
realizado a mesma medida utilizando toluenos de 3 garrafas diferentes do mesmo fornecedor
Sigma-Aldritch para averiguar possíveis disparidades na origem do objeto de estudo. Os valores
obtidos podem ser observados na Tabela 2.
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
0 20 40 60 80 100
Ten
são
Inte
rfac
ial (
mN
/m)
Heptano/Tolueno (%)
Tensão Interfacial vs Hep/Tol
Anel
Placa
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Tabela 2:Resultados de Tensão Interfacial vs Hep/Tol com tolueno de diferentes garrafas.
Metodologia Final
Fluido: Água Destilada + Mistura Heptano/Tolueno
Geometria: Placa de Wilhelmy Tensão (mN/m)
Fração Heptano/Tolueno (%) Garrafa 1 Garrafa 2 Garrafa 3 Média
0 30.26 33.5 32.96 32.240
10 33.45 34.16 33.75 33.787
20 32.06 32.21 31.36 33.27 32.225
30 33.87 33.870
40 34.86 36.47 37.36 36.230
50 33.35 35.64 34.495
60 37.49 39.55 37.66 38.233
70 38.87 39.21 39.040
80 38.88 39.55 39.33 39.253
90 39.175 42.06 39.78 40.338
100 42.24 45.56 43.900
As células da tabela pintadas de cinza são aquelas cujo valor fugiu muito do esperado ou
algum outro tipo de imprevisto impossibilitou a obtenção de resultados de confiança ou realização
do experimento.
Pode-se perceber que os valores obtidos para a Garrafa 1 apresentaram disparidades das
Garrafas 2 e 3. Em algumas frações essa disparidade é mais acentuada, como por exemplo, em
0%, 40%, 50%, 100%. Foi realizado duas medidas com o tolueno da Garrafa 2 para algumas
percentagens de heptano, buscando averiguar a influência de fatores externos ou de higiene do
processo. Pode-se perceber uma disparidade dos resultados obtidos à 60% e 90%. Esses fatos nos
mostram que a preocupação com a precedência do material utilizado, assim como, a higiene do
equipamento e fatores externos, respectivamente, tem grande influência no resultado final obtido.
A fim de obter resultados mais exatos, tomou-se a média desses valores obtidos de tensão
interfacial. O gráfico de Tensão Interfacial vs Hep/Tol foi construído para os valores obtidos na
Garrafa 1 e Média, de acordo com a Figura 7.
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Figura 7: Gráfico de Tensão Interfacial vs Hep/Tol para Garrafa 1 e Média.
Analisando a Figura 7 podemos observar que, apesar da disparidade dos valores
encontrados entre a Garrafa 1 e Média, o comportamento da tensão interfacial com o aumento da
concentração de Heptano é similar. Além disso, esse comportamento se assemelha também ao
observado na primeira batelada de testes com a geometria de anel de Du Nouy e placa de Wilhelmy
já analisados.
Em seguida, foram medidas as tensões interfaciais de diferentes soluções Heptano/Tolueno
com quantidades diferentes de surfactante, asfalteno, em seu meio. A quantidade de asfalteno foi
calculada em função do seu percentual de massa em relação a massa da solução Heptano/Tolueno
utilizada. Os valores obtidos podem ser observados na Tabela 3.
30
32
34
36
38
40
42
44
0 20 40 60 80 100
Ten
são
Inte
rfac
ial(
mN
/m)
Heptano/Tolueno (%)
Tensão Interfacial vs Hep/Tol
Garrafa 1
media
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Tabela 3: Resultados de Tensão Interfacial para soluções Heptano/Tolueno com diferentes quantidades de asfalteno.
Fluido: Água Destilada + Mistura Heptano/Tolueno + Surfactante Asfalteno
Temperatura: 25 oC
Geometria: Placa de Wilhelmy
Tensão (mN/m)
Fração
Heptano/T
olueno (%)
Asfalteno
0.5 g/L
Asfalteno
1.0 g/L
Asfalteno
1.5 g/L
Asfalteno
2.0 g/L
Asfalteno
2.5 g/L
Asfalteno
3.0 g/L
Asfalteno
4.0 g/L
Asfalteno
6.0 g/L
0 24.37 25.16 28.37 24.06 22.81 22.81 22.56 21.32
30 27.53 25.41
50 26.38 25.96
70 26.36 25.54 23.02
As células em cinza não foram medidas devido à falta de tempo disponível para a entrega
desse relatório, no entanto, estão previstas para serem realizadas futuramente. Comparando os
diferentes valores obtidos para as diferentes frações Heptano/Tolueno é possível perceber que a
adição do surfactante estabiliza os valores de tensão interfacial em relação aos valores das Médias
obtidas na Tabela 2. Os valores de tensão interfacial no sistema com asfalteno em concentrações
de 0,5 g/L, 1,0 g/L e sem asfalteno (média), foram plotados em função das frações de
heptano/tolueno, na Figura 8.
Figure 8: Gráfico de Tensão Interfacial vs Heptano/Tolueno a diferentes concentrações de asfalteno.
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Ten
são
Inte
rfac
ial (
mN
/m)
Heptano/Tolueno (%)
Tensão Interfacial vs Heptano/Tolueno
Asfalteno 1.0 g/L
Asfalteno 0.5 g/L
Asfalteno 0.0 g/L
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Analisando a Figura 8, podemos perceber que, as curvas com asfaltenos ficam
aproximadamente em um mesmo valor quando comparados à curva pura, cuja variação aumenta
conforme a fração de heptano aumenta. O valor obtido de tensão interfacial para 30%
heptano/tolueno e 0,5 g/L de asfalteno se afastou do comportamento observado para os outros
pontos. Esse fato deve ser resultado de uma possível não diluição do surfactante no meio
observado, impedindo assim, que fosse incorporado completamente à interface. Nesse sentido, é
importante enfatizar, o modo de preparo das amostras exerce grande influência na tensão
interfacial medida.
Finalmente, foi construído o gráfico da Figura 9, que representa a tensão interfacial em
função da concentração de asfalteno, com o intuito de averiguar se a concentração micelar crítica
foi alcançada.
Figura 9: Gráfico de Tensão Interfacial vs Concentração de Asfalteno para tolueno puro.
Observando a Figura 9 é possível perceber que os valores de tensão interfacial tendem a
descer com o aumento da concentração de asfalteno, estabilizando-se a partir da quantidade de
2,50 g/L para o tolueno puro. No entanto, como o valor de 6 g/L ainda apresentou queda no valor
de tensão, a concentração micelar crítica ainda não foi alcançada.
20
21
22
23
24
25
26
0.5 1.5 2.5 3.5 4.5 5.5
Ten
são
Inte
rfac
ial (
mN
/m)
Concentração de aslfateno (g/L)
Tolueno Puro
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Conclusão
Apesar da aparente diferença entre os resultados obtidos pelo método da placa de Wilhelmy
e anel de Du Nouy, foi possível observar um comportamento similar da tensão interfacial em
função do percentual de heptano no óleo utilizado. A disparidade entre os resultados pode ser
associada ao efeito da força empuxo aplicada sobre a placa em comparação ao anel. Logo, seria
necessário estabelecer um fator de correção para validar a metodologia da placa de Wilhelmy.
Nesse sentido, apesar dessa disparidade, o método da placa de Wilhelmy é o mais adequado
para medir o efeito de surfactantes na tensão interfacial, uma vez que, é capaz de medir
dinamicamente a tensão no tempo.
A tensão interfacial do sistema água com óleo hep/tol tende a aumentar em proporção ao
aumento da concentração de heptano na fase leve. No entanto, na região de 40~60% esse
comportamento se inverte. A adição do asfalteno à solução acarreta numa redução da tensão
interfacial para valores abaixo de 29 mN/m, fato que corrobora o efeito sobre a tensão interfacial,
por parte de surfactantes, previsto na literatura.
No entanto, não foi possível determinar a concentração micelar crítica do asfalteno no
sistema analisado, uma vez que, não foi observado um valor constante na tensão interfacial com o
aumento da concentração do surfactante. Isso pode ter ocorrido devido a inconsistência do método
observado nos dados obtidos. Essa inconsistência pode ser ocasionada por pequenas variações de
temperatura e pressão, presença de impurezas, evaporação dos fluidos utilizados, ângulo de contato
com a interface, geometria da placa, procedência dos materiais utilizados e diluição do surfactante
no sistema observado.
Logo, como prospecção futura, seria necessário realizar medidas de tensão interfacial, em
tolueno puro, com maiores concentrações de asfalteno, para que seja alcançada a concentração
micelar crítica.
Referência Bibliográfica
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surface of liquid? – Site: https://www.quora.com/Why-is-force-due-to-surface-tension-
parallel-to-the-surface-of-liquid
2. GHOSH, P. Interfacial Tension – NPTEL – Chemical Engineering – Interfacial
Engineering – Module 2: Lecture 2, IIT Guwahati, India.
Departamento de Engenharia Mecânica
3. HARTLAND, S. Surface and Interfacial Tension Measurement, Theory and
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Press
4. FOWKES, F. M. Attractive Forces at Interface – The Interface Symposium 5 –
Engenharia Química e Industrial, 1964, 56 (12), pp 40–52
5. OSTI, G. B. F., WOLF, F.G., PHILIPPI, P.C., Spreading of liquid drops on acrylic
surfaces – Universidade Federal de Santa Catarina - 20º Congresso Internacional de
Engenharia – novembro de 2009, Gramado, RS, Brasil
6. GUIMARÃES, V. Óleos Gelificados & Tensões Superficiais e Interfaciais de Fluidos
– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Relatório Anual da PIBIC – RJ,
Brasil, 2016.