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ESSUNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO BRUNO FRANCISCO ALVES DA ROCHA AVALIAÇÃO E ANÁLISE DAS NR-10 E NR-18 EM OBRAS PÚBLICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO CURITIBA 2017

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ESSUNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

BRUNO FRANCISCO ALVES DA ROCHA

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DAS NR-10 E NR-18 EM OBRAS PÚBLICAS

DA CONSTRUÇÃO CIVIL

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA

2017

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BRUNO FRANCISCO ALVES DA ROCHA

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DAS NR-10 E NR-18 EM OBRAS PÚBLICAS

DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Monografia apresentada para obtenção do título de

Especialista no Curso de Pós Graduação em

Engenharia de Segurança do Trabalho,

Departamento Acadêmico de Construção Civil,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná,

UTFPR.

Orientadora: Profª. Drª Janine Nicolosi Corrêa

CURITIBA

2017

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BRUNO FRANCISCO ALVES DA ROCHA

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DAS NR-10 E NR-18 EM OBRAS PÚBLICAS

DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso

de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica

Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores:

Orientadora:

_____________________________________________

Profa. Dra. Janine Nicolosi Corrêa

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Banca:

_____________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

________________________________________

Prof. Dr. Adalberto Matoski

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

_______________________________________

Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Curitiba

2017

“O termo de aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso”

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pelo apoio, incentivo e ajuda na realização do curso.

Aos professores do XXXIII Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do

trabalho, em especial à professora Janine Nicolosi Corrêa pela ajuda e paciência na realização

desta monografia.

Em especial aos colegas de curso Matheus Cunha Arantes de Souza, Emanoel

Christian Puhl dos Santos, Cezinando Bittencourt, Welington Ricardo Sant Anna Alves e

Gustavo Campana Mendes pela amizade e incentivo durante o curso.

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo analisar e avaliar itens de segurança que não estavam

em conformidade de três obras públicas do setor da construção civil, listando e mostrando

situações que poderiam ocasionar sérios acidentes de trabalho e deveriam ser evitadas. O foco

desse trabalho foi a análise das obras avaliando-as através das Normas Regulamentadoras

NR-10 e NR-18 elencando as principais situações de risco encontradas e as soluções para

evitar ou mitigar esses riscos. A metodologia consistiu em visitar as três obras, as quais serão

objeto de estudo desse trabalho, listando, através de fotografias, as principais irregularidades

encontradas que poderiam colocar em risco a vida dos trabalhadores. A partir dessas três

obras que funcionam como instituições de ensino federal foi possível encontrar uma série de

irregularidades. Com isso, pode-se extender essa análise para um panorama geral de diversas

obras espalhadas pelo país, além de auxiliar na conscientização de trabalhadores e

empresários sobre os riscos a que eles podem estar expostos caso não cumpram as Normas

Regulamentadoras.

Palavras-chave: Construção Civil, Normas Regulamentadoras, acidentes de trabalho e obras

públicas.

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ABSTRACT

The present study was developed to analyze and evaluate safety items that were not in

conformity with three public works in construction sector, showing situations that could lead

serious accidents works and should be avoided. The main of this work was the analysis of the

works evaluating them through the Regulatory Standards NR-10 and NR-18 showing the

main risks situations founded that could cause serious accidents and solutions to avoid or

mitigate these risks. The methodology consisted in visiting the three works, object of study of

this work, listing, through photographs, the main irregularities founded which could endanger

the lives of workers. From these three works that function as federal education institutions

were found a lot of irregularities. That situation can be extend to an overview of various

projects across the country, as well as assist in the awareness of workers and employers about

the risks to which they may be exposed if they do not comply with the Regulatory Standards.

Key-words: Civic Construction, Regulatory Standards, accidents works, public works.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano. .................................................... 22

Figura 2: Vista da obra A. ........................................................................................................ 26

Figura 3: Vista da obra B .......................................................................................................... 27

Figura 4: Vista da obra C .......................................................................................................... 27

Figura 5: Painel elétrico em madeira da obra A ....................................................................... 28

Figura 6: Painel com circuitos elétricos da obra B ................................................................... 29

Figura 7: Circuitos elétricos da obra B ..................................................................................... 30

Figura 8: Equipamento mal conectado à rede da obra B .......................................................... 31

Figura 9: Quadro elétrico irregular na obra B .......................................................................... 31

Figura 10: Quadros elétricos irregulares na obra C .................................................................. 32

Figura 11: Situações de risco envolvendo NR-10 na obra B. ................................................... 33

Figura 12: Sanitários das obras A e B ...................................................................................... 34

Figura 13: Vestiário da obra C ................................................................................................. 35

Figura 14: Área de convivência das obras A e B ..................................................................... 36

Figura 15: Ausência de proteção em vergalhões de aço e lateral na obra A ............................ 37

Figura 16: Ausência de proteção em vãos no piso nas obras A e B ......................................... 37

Figura 17: Detalhes das escadas utilizadas em situações perigosas para as obras A e C ......... 38

Figura 18: Plataforma sem resistência adequada na obra A. .................................................... 39

Figura 19: Pedaços de madeira com pregos na obra C ............................................................. 40

Figura 20: Dispositivo de içamento improvisado para obra B ................................................. 40

Figura 21: Área de convivência da obra C ............................................................................... 41

Figura 22: Instalações sanitárias da obras C ............................................................................. 41

Figura 23: Bancada para dobragem e corte de armações de aço na obra C ............................. 42

Figura 24: Proteção contra quedas em vão aberto na obra C ................................................... 42

Figura 25: Outra situação de risco potencial na obra C ............................................................ 43

Figura 26: Talha para içamento de materiais............................................................................ 43

Figura 27: EPI em mau estado de conservação na obra A ....................................................... 44

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Efeitos fisiológicos diretos da corrente elétrica pelo corpo humano ....................... 24

Quadro 2: Efeitos fisiológicos indiretos da corrente elétrica pelo corpo humano.................... 24

Quadro 3: Análise dos riscos de acidentes para a obra A ......................................................... 45

Quadro 4: Análise dos riscos de acidentes para a obra B ......................................................... 46

Quadro 5: Análise dos riscos de acidentes para a obra C ......................................................... 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Acidentes de Trabalho com CAT na construção civil brasileira .............................. 18

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CA

CAU

CAT

CREA

Certificado de Aprovação

Conselho de Arquitetura e Urbanismo

Comunicação de Acidente de Trabalho

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

NR

NBR

EPC

EPI

NR-10

NR-18

Norma Regulamentadora

Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

Equipamento de Proteção Coletiva

Equipamento de Proteção Individual

Norma Regulamentadora n⁰ 10 – Segurança em Instalações e Serviços em

Eletricidade

Norma Regulamentadora n⁰ 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

1.1. OBJETIVOS ................................................................................................................... 13

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 13

1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13

1.2 JUSTIFICATIVAS ......................................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 15

2.1. CONCEITO DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...................................................................... 15

2.2. HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................... 16

2.3. SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................. 17

2.4. NORMA REGULAMENTADORA-18 ......................................................................... 18

2.5. NORMA REGULAMENTADORA-10 ......................................................................... 19

2.6. CHOQUES ELÉTRICOS ............................................................................................... 20

2.6.1. Percurso da Corrente Elétrica Pelo Corpo Humano .................................................... 21

2.6.2. Efeitos Fisiológicos Diretos da Eletricidade ................................................................ 23

2.6.3. Efeitos Fisiológicos Indiretos da Eletricidade ............................................................. 24

3. METODOLOGIA ............................................................................................................ 25

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 26

4.1. VISÃO GERAL DAS OBRAS ...................................................................................... 26

4.2. PROBLEMAS ENVOLVENDO NR-10 ........................................................................ 28

4.3. PROBLEMAS ENVOLVENDO NR-18 ........................................................................ 33

4.4. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS LEVANTADOS NAS OBRAS .............................. 44

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 48

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 49

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1. INTRODUÇÃO

A construção civil é uma área com bastante destaque no cenário econômico do

Brasil. Devido à grande quantidade de operários que ela emprega e aos elevados riscos de

acidentes que podem ocorrer faz-se necessário um destaque especial nessa área em relação à

segurança do trabalho, segundo Diniz Júnior (2002). Segundo Caldeiras e Pimenta (2015), a

construção civil possui grande importância na geração de emprego, pois é um ramo que se

expande a cada ano, porém ainda existem muitas obras clandestinas que oferecem empregos

informais, precários e sem nenhuma condição de segurança, podendo ocasionar acidentes de

trabalho.

Diante disso é necessária uma fiscalização adequada e eficiente desse setor, de forma

a inibir e controlar as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho.

Para Sampaio (1998), muitos acidentes poderiam ser evitados se as empresas

tivessem desenvolvido ou implantado programas de segurança e saúde no trabalho, além de

oferecer maior atenção à educação e ao treinamento de seus operários.

Segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST, 2016), "... a construção civil lidera

o ranking de acidentes de trabalho com mortes no país. De acordo com o Anuário Estatístico

do Ministério da Previdência Social, em 2010 foram 54.664 ocorrências, dos quais 36.379 se

enquadram como "acidentes típicos", como as quedas em altura – que é a causa mais comum

de lesões e morte – e os acidentes em trabalhos de escavação e movimentação de cargas.

No mundo inteiro, os trabalhadores da construção civil têm três vezes mais

probabilidades de sofrer acidentes mortais e duas vezes mais de sofrer ferimentos. Com a

atual construção de grandes usinas hidrelétricas no país e de obras voltadas para a Copa do

Mundo em 2014 e para as Olimpíadas em 2016, a preocupação é a de que o aquecimento da

construção civil acabe repercutindo também num aumento do número de acidentes.

O Anuário Estatístico da Previdência Social revela que, em 2001, ocorreram no país

cerca de 340 mil acidentes de trabalho. Em 2007, o número elevou-se para 653 mil e, em

2009, chegou a preocupantes 723 mil ocorrências, dentre as quais foram registrados 2.496

óbitos. Foram quase sete mortes por dia em virtude de acidente de trabalho.

A Previdência Social despende, anualmente, cerca de R$ 10,7 bilhões com o

pagamento de auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias e, segundo o economista

José Pastore, o custo total dos acidentes de trabalho é de R$ 71 bilhões anuais, numa

avaliação subestimada.

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Este valor representa 9% da folha salarial anual dos trabalhadores do setor formal

do Brasil, e reúne os custos para as empresas (seguros e gastos decorrentes do próprio

acidente) e para a sociedade (Previdência Social, Sistema Único de Saúde e custos

judiciários)".

Em várias obras é possível encontrar situações de risco que podem provocar

acidentes de trabalho vitimando trabalhadores e trazendo prejuízos tanto para a empresa

quanto para o empregado. Algumas medidas simples como treinamento adequado e uso de

equipamentos de proteção ajudariam a evitar uma grande parte dos acidentes que ocorrem na

construção civil.

Diante dessas questões e do grande número de acidentes, esse trabalho busca analisar

e avaliar alguns problemas encontrados nessas três obras públicas na cidade de Curitiba, as

quais serão utilizadas para fins de educação universitária.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O trabalho tem como finalidade verificar as principais situações de risco encontradas

em três obras públicas da construção civil, as quais servem de instituições de ensino,

localizadas na cidade de Curitiba.

1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

Propor soluções para os riscos encontrados;

Elencar e analisar as principais consequências da não observação referente às NR-

18 e NR-10;

Elencar os principais riscos de acidentes verificados na obra envolvendo NR-10 e

NR-18;

Listar tabelas dos principais riscos de acidente conforme sua gravidade;

Gerar recomendações e sugestões para evitar acidentes que possam ocorrer na

construção civil.

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1.2. JUSTIFICATIVAS

Para Diniz Júnior (2002), o grande número de acidentes de trabalho na construção

civil que ocorre todo ano merece um destaque especial em relação à segurança do trabalho.

Os prejuízos causados tanto aos trabalhadores, empregadores e governo são muito grandes.

Medidas simples como a realização de treinamentos adequados e a utilização de

equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) ajudariam a diminuir o número

de acidentes em muitas obras.

Observa-se que em muitos casos não existe uma fiscalização e cobrança por parte

desses itens e os acidentes acabam ocorrendo. No decorrer desse trabalho, verificar-se-á se as

Normas Regulamentadoras, apesar de serem obrigatórias, estão sendo respeitadas ou não.

Não somente a NR-18 será abordada nesse trabalho, como também serão mostradas

situações de riscos em relação à NR-10 que foram analisadas e que poderiam ser facilmente

evitadas, a fim de propiciar um ambiente mais seguro e saudável aos trabalhadores das obras

em questão.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CONCEITO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

O conceito da construção civil é bastante amplo. Segundo Patrício (2013), a

construção civil é um termo que pode ser usado para todo tipo de construção que interaja com

uma comunidade, cidade ou com a população. Este termo pode ser aplicado a obras de

reformas ou construções envolvendo o trabalho de engenheiros e arquitetos com os demais

profissionais de diferentes áreas.

Ainda segundo Patrício (2013), a construção civil tem sido um dos setores com

maior representatividade no Brasil, uma vez que as grandes metrópoles estão absorvendo a

cada dia que passa mais moradores, exigindo cada vez mais a realização de novas construções

de estruturas urbanas.

Para Simões (2010), a construção civil tem como papel o elo com o bem-estar da

população, juntando os princípios da cidadania entre as pessoas, a divisão de espaços públicos

e particulares, assim como a inclusão social.

Segundo a Receita Federal (2016), uma obra de construção civil é definida como

sendo a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra

benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo.

Ela pode ser classificada em dois grandes grupos. O primeiro classificado em

edificações, composto por obras habitacionais, comerciais e industriais de menor porte e o

segundo em construção pesada como vias de transporte como rodovias, viadutos, obras de

saneamento (ABIKO, et al., 2005).

No Brasil, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) juntamente

com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) fiscaliza o exercício da profissão e a

responsabilidade civil dos profissionais. Toda obra ou reforma de construção civil deve ser

aprovada e estar sob a responsabilidade de engenheiros ou arquitetos devidamente habilitados.

Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é responsável pela normalização e

regulamentação de normas.

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2.2. HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

O setor da civil envolve a construção de obras como prédios, casas, pontes, estradas,

ferrovias, aeroportos, hospitais, shoppings, indústrias, dentre outras obras com a participação

de várias áreas da engenharia e arquitetura dependo da complexidade.

Desde quando o homem vivia em cavernas até os dias de hoje, a indústria da

construção passou por um grande processo de transformação, envolvendo diferentes

áreas como a engenharia de materiais, área de equipamentos e pessoas. Nos últimos

200 anos, grandes obras foram construídas. Obras que hoje são símbolos de muitas

cidades e países, que se sobressaem pela beleza, pelo tamanho, pelo custo, pela

dificuldade de construção, como também pelo arrojo do projeto. (SAMPAIO, 1998,

p.13).

No Brasil, a engenharia civil iniciou suas atividades de forma não regulamentada no

período colonial com a construção de fortificações e igrejas (MORAES, 2005). O

conhecimento naquele tempo era passado de geração em geração.

O primeiro grande avanço da construção civil brasileira ocorreu durante o período

militar, por volta de 1940, durante a época de Getúlio Vargas. O alto investimento do Estado

para desenvolver construção civil e militar fez com esta década fosse considerada o auge do

setor no Brasil, possibilitando que o país pudesse conhecer a tecnologia do concreto armado,

utilizada para a atividade militar e civil (ALGAYER, 2014).

A partir da década de 1950, define-se a forma de trabalho por hierarquia. Na década

de 1970, a presença estatal retornou com mais força, observando a construção voltada apenas

a edifícios (BAZZO e PEREIRA, 2008).

A partir da década de 1990 observa-se uma melhora na qualidade final do produto,

pois as construtoras começam a qualificar a mão-de-obra (BAZZO e PEREIRA, 2008).

Ainda conforme Bazzo e Pereira (2008), a partir do ano 2000, é possível observar

uma preocupação maior com o meio ambiente. Há o surgimento de inúmeras empresas com o

foco voltado para normas de qualidade e meio ambiente e maiores preocupações com a

separação do entulho gerado pela construção civil.

Atualmente o cenário econômico da construção do civil vive uma crise sem

precedentes. Há um excesso de oferta de imóveis comerciais e residenciais enquanto a

procura pela compra desses imóveis está em baixa, gerando um desequilíbrio econômico

nesse setor. Segundo a Revista Exame (2016), apenas três das 23 empresas de construção

classificadas entre as 500 maiores do país conseguiram crescer no último ano.

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Ainda segundo a Revista Exame (2016), observa-se um efeito em cascata,

observando paralisações principalmente em obras públicas por falta de verbas, demissões em

massa, diminuição no PIB e queda em outros setores relacionados.

2.3. SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A segurança na construção civil é fundamental para que se tenha uma obra com

qualidade. Existem várias formas de definir a segurança no trabalho. Conforme Diniz Júnior

(2002), por segurança no trabalho compreende-se o conjunto das medidas administrativas,

legais, técnicas, médicas, educacionais e psicológicas, cujo cunho multidisciplinar é

empregado na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

A segurança no trabalho pode ser conseguida com algumas medidas simples como a

cooperação dos trabalhadores e a realização de treinamentos frequentes. Em muitos casos, um

simples treinamento sobre a importância da utilização correta dos equipamentos de proteção

pode evitar acidentes de trabalho. Uma boa cooperação entre os trabalhadores pode fazer com

que um colaborador perceba um risco ao qual seu companheiro possa estar exposto e alerte-o

evitando possíveis acidentes.

A construção civil apresenta uma grande variedade de riscos de acidentes, pois

emprega uma grande diversidade de materiais e serviços dependendo do tipo de obra a ser

executada e, em geral, uma mão-de-obra pouco qualificada, gerando uma probabilidade maior

de acidentes. Segundo Bergamini (1997), a melhoria da segurança, saúde e meio ambiente de

trabalho eleva a produtividade e diminui o custo do produto final, pois minimiza as

interrupções no processo, absenteísmo e acidentes e/ou doenças ocupacionais.

A segurança do trabalho, a produtividade e a instalação dos operários são fatores que

devem nortear a organização de uma obra, ficando essa prejudicada quando não planejados de

acordo. Deste modo, o planejamento e o controle da segurança são imprescindíveis para a

indústria da construção civil, já que todos os resultados da união destes itens são positivos e

estão surgindo lentamente em diversas partes do mundo indicando o grande potencial desta

abordagem (MARTINS, et al. 2010).

Os acidentes de trabalho geralmente ocorrem por uma série de eventos e conjuntos

de não conformidades em relação às normas de segurança e não apenas por um simples ato

isolado. Quanto mais baixa é a qualificação dos trabalhadores, maior será a probabilidade de

ocorrência dos acidentes. A tabela 1, a seguir, mostra o número de acidentes de trabalho no

ano de 2013 no Brasil.

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Observa-se pela tabela 1 um número alarmante de acidentes de trabalho com CAT

(Comunicação de Acidente de trabalho). Observa-se também que o número de acidentes

aumentou consideravelmente em diferentes tipos de obras da construção civil no ano de 2006

a 2012, mostrando que esse setor apresenta uma grande quantidade de acidentes e merece uma

atenção especial.

Tabela 1: Acidentes de Trabalho com CAT na construção civil brasileira

Grupos do CNAE do

Setor da Construção

Número de acidentes por ano

Ano

2006

Ano

2007

Ano

2008

Ano

2009

Ano

2010

Ano

2011

Ano

2012

Construção de Edifícios 11641 11514 14510 15465 17101 19463 19587

Obras de Infraestrutura 12883 14187 17773 18305 18207 18086 19791

Serviços especializados

para construção 4530 4661 6539 7648 8015 8999 9081

Total de acidentes 29054 30362 38822 41418 43323 46548 48459

Fonte: Adaptado de (SILVA, et al. 2015).

Conforme dispõe o art. 22. Da Lei n° 8.213/91, “A empresa ou o empregador

doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia

útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob

pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição,

sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social”

(BRASIL, 1991).

2.4. NORMA REGULAMENTADORA-18

A NR-18, abordada nesse trabalho, estabelece diretrizes de planejamento,

organização e de ordem administrativa que objetivam a implementação de medidas de

controle a fim de evitar acidentes na indústria da construção civil, aumentando a segurança

dos trabalhadores (BRASIL, 2015).

O Brasil é um país com um grande número de acidentes na área da construção civil.

Mesmo com várias normas que versam sobre a segurança no trabalho, ainda ocorrem muitos

acidentes nesse setor, como: quedas, cortes, choques elétricos, soterramentos, dentre outros,

conforme Silva, et al. (2015).

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Muitos desses acidentes podem ocasionar invalidez e até morte dos funcionários. Por

isso a importância de enfatizar sobre os acidentes que ocorrem nesse setor que poderiam ser

evitados caso houvesse maior fiscalização tanto por parte de órgãos públicos, como por parte

da empresa em relação aos seus funcionários, além de monitorar quais os acidentes que

ocorrem com maior frequência nesse setor e dar uma atenção especial a eles.

Para Simões (2010), o crescimento da quantidade de obras não tem sido

acompanhado na mesma velocidade no que se refere à fiscalização e segurança na construção

civil, levando, como consequência, ao aumento do número de acidentes do trabalho, riscos à

saúde do trabalhador e o comprometimento da integridade física deste.

Convém salientar que a Construção Civil pode apresentar ainda riscos químicos,

biológicos, físicos dependendo da atividade e do tipo de construção, necessitando de uma

análise de riscos mais elaborada nesses casos, com a participação de profissionais de diversas

áreas.

A NR-18 possui uma vasta aplicação em obras da construção civil e explica

sucintamente várias medidas de segurança que devem ser seguidas durante a realização de

uma obra para evitar riscos de acidentes. Conforme verificar-se-á ao longo desse trabalho,

apesar da NR-18 contemplar várias medidas de proteção para evitar acidentes, observa-se que

ela é uma das normas regulamentadoras das quais mais se observam irregularidades e

desrespeito em relação à segurança do trabalho.

2.5. NORMA REGULAMENTADORA-10

A NR-10 estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação

de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos

trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com

eletricidade (BRASIL, 2016).

A eletricidade é um agente com alto potencial lesivo ao homem e por isso merece

uma atenção especial em obras da construção civil. Mesmo em baixas tensões ela representa

perigo à integridade física e à saúde do trabalhador (LOURENÇO, 2010).

A NR-10 se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo,

incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações

elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas

técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, às

normas internacionais cabíveis (BRASIL, 2016).

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Nota-se a importância e a ampla aplicação desta NR que deve ser observada para

evitar os riscos de acidentes de trabalho envolvendo choques elétricos, mas que em muitos

casos é negligenciada pelos trabalhadores, por achar que o risco envolvendo choque elétrico é

muito pequeno e não representa perigo.

2.6. CHOQUES ELÉTRICOS

Conforme Viana, et al. (2007), o choque elétrico pode ser definido como o efeito

patofisiológico que resulta da passagem da corrente elétrica, chamada de corrente de choque,

através do corpo humano. Durante a passagem da corrente elétrica, o corpo humano se

comporta como condutor e apresenta uma certa resistência elétrica medida em ohms (Ω). Essa

resistência depende de vários fatores e pode variar bastante de indivíduo para indivíduo.

Quanto maior a resistência, menor será a corrente e vice-versa. Ainda segundo Viana, et al.

(2007), a corrente resultante dessa passagem pode provocar graves consequências como

queimaduras, paradas cardíacas e mortes e depende de muitos fatores como:

Intensidade da corrente;

Tempo de exposição;

Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;

Condições orgânicas do indivíduo.

Segundo Lourenço (2010), o fenômeno fisiológico mais grave que pode ocorrer

durante a passagem da corrente elétrica pelo corpo humano é a fibrilação ventricular. Durante

esse processo as fibras do coração passam a receber sinais elétricos excessivos e irregulares,

contraindo-se de maneira desordenada uma independente da outra, de modo que o coração

não possa mais exercer sua função (LOURENÇO, 2010).

Já a tetanização é um fenômeno decorrente da contração muscular produzida por um

impulso elétrico, que pode ocorrer com correntes de valores mais elevados. Verifica-se que,

sob ação de um estímulo devido à aplicação de uma diferença de potencial elétrico a uma

fibra nervosa, o músculo se contrai, para em seguida retornar ao estado de repouso

(LOURENÇO, 2010).

A corrente elétrica pode ser classificada em corrente contínua (CC) ou corrente

alternada (CA). A primeira não apresenta frequência enquanto a segunda apresenta

determinada frequência. Essas características poderão influenciar nos efeitos do choque

elétrico pelo corpo humano.

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Por isso a importância de obedecer aos requisitos da NR-10 para evitar acidentes

envolvendo eletricidade. Cabe salientar também que a NR-10 faz exigências em relação à

prestação de primeiros socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimação

cardiorrespiratória.

2.6.1. Percurso da Corrente Elétrica Pelo Corpo Humano

O percurso da corrente elétrica pelo corpo humano é um fator que depende do tipo de

contato do indivíduo com a parte energizada. A utilização do dispositivo diferencial residual

(DR) é uma medida adicional de proteção contra choques elétricos que deve ser utilizada em

combinação com outras proteções a fim de evitar riscos de choques elétricos para as pessoas.

Esse dispositivo detecta correntes de fuga.

Conforme Walenia (2008), o DR funciona com um sensor, um pequeno TC toroidal,

que mede continuamente as correntes que saem e entram pelos condutores do circuito.

Ocorrendo uma falha na isolação do equipamento ou da fiação do circuito, haverá a circulação

de uma corrente de fuga para a terra, sensibilizando o dispositivo. Ainda segundo Walenia

(2008), o DR de alta sensibilidade, com corrente igual ou inferior a 30 mA é uma solução

adequada para a proteção contra choques elétricos, mesmo em condições desfavoráveis.

É importante salientar que a utilização do DR em esquemas de aterramento do tipo

TN-C, onde existe a combinação entre neutro e terra num único circuito é proibida, pois nesse

caso o dispositivo não reconhece a corrente de fuga e não funcionará adequadamente. Já para

o esquema de aterramento T-T, o qual prevê dois pontos de aterramento, sendo um funcional

e outro de proteção a utilização do dispositivo diferencial residual é obrigatória, conforme

Walenia (2008).

O aterramento de quadros elétricos, o qual consiste na ligação proposital à terra, deve

possuir a menor resistência possibilitando a circulação de corrente para a terra em caso de

energização acidental e evitando o risco de choques elétricos às pessoas, segundo Walenia

(2008).

Ao longo do trabalho será possível notar que a maioria dos quadros elétricos

mostrados não apresenta um barramento de terra, não oferecendo segurança aos trabalhadores.

A figura 1, a seguir, mostra cinco situações distintas que podem ocorrer do percurso

da corrente elétrica pelo corpo humano.

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Figura 1: Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano

Fonte: (VIANA, et al. 2007).

A situação 1, mostrada na figura 1, indica o indivíduo em contato com dois

condutores e o percurso da corrente elétrica que ocorre entre esses dois condutores, passando

pelo coração da vítima. Essa é uma situação grave, pois pode ocasionar fibrilação ventricular

levando o indivíduo a óbito. Na situação 2 da figura 1, existe a disposição de dois condutores.

Um acima do indivíduo e o outro ao lado. Nesse caso, a corrente circula pelo indivíduo sem,

contudo, passar pelo coração. Apesar de ser uma situação menos grave que a situação 1, ela

pode ocasionar sérias consequências dependendo da intensidade da corrente, tempo de

permanência, dentre outros fatores.

A situação 3 é muito parecida com a situação 4, da figura 1. O indivíduo sofre um

choque elétrico, porém na situação 3 a corrente não passa pelo coração, enquanto na situação

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4 a corrente circula pelo coração e escoa pela perna esquerda do indivíduo, levando a um

quadro mais grave que o anterior. Já a situação 5, mostrada na figura 1, é a pior de todas, pois

o indivíduo apresenta uma corrente elétrica circulando por todo o corpo, passando pelo

cérebro, coração e pelas duas pernas. Essa é a pior situação do percurso elétrico da corrente

pelo corpo humano, pois além dela circular por todo o corpo, ocasionando queimaduras,

atinge o coração e o cérebro, podendo trazer sérias sequelas e em casos mais graves levando

ao óbito do indivíduo.

2.6.2. Efeitos Fisiológicos Diretos da Eletricidade

O quadro 1, a seguir, baseado nos estudos de Viana, et al. (2007), mostra os efeitos

fisiológicos diretos da eletricidade no corpo humano, ou seja, efeitos ocasionados pela

passagem da corrente elétrica diretamente no ser humano. É possível observar que os valores

de corrente são muito baixos e um pequeno valor da corrente elétrica produzida por um

choque elétrico pode trazer graves consequências ao indivíduo.

Por isso deve-se dar uma importância especial na prevenção de acidentes envolvendo

eletricidade no setor da construção civil, pois um simples choque elétrico com um valor

extremamente pequeno de corrente pode levar à morte. Em certos casos alguns órgãos podem

apresentar sintomas devido aos efeitos da corrente elétrica muitos dias ou até meses após o

ocorrido. Com isso, devido ao grande espaço de tempo decorrido entre o choque elétrico e o

aparecimento das complicações, o acidente envolvendo a eletricidade passa despercebido.

É importante salientar que alguns trabalhadores que apresentam em seu corpo

algumas próteses metálicas podem sofrer consequências ainda mais graves decorrente de um

acidente envolvendo a eletricidade, devido ao fato do metal ser um bom condutor de

eletricidade, ocasionando queimaduras mais severas e até necrose em casos mais graves,

conforme Lourenço (2010).

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Quadro 1: Efeitos fisiológicos diretos da corrente elétrica pelo corpo humano

Fonte: (VIANA, et al. 2007).

2.6.3. Efeitos Fisiológicos Indiretos da Eletricidade

O quadro 2, a seguir, mostra os efeitos fisiológicos indiretos da eletricidade no corpo

humano. Esses efeitos não são causados diretamente pela circulação da corrente pelo corpo

humano, mas sim pelos efeitos colaterais indiretos ocasionados pela corrente elétrica.

Quadro 2: Efeitos fisiológicos indiretos da corrente elétrica pelo corpo humano

Fonte: (VIANA, et al. 2007).

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3. METODOLOGIA

A metodologia adotada nesse trabalho consistiu em realizar levantamentos das

principais irregularidades encontradas em três obras públicas como quadros elétricos em

desconformidade em relação à NR-10 que poderiam ocasionar choques elétricos e situações

que não estavam em desacordo com a NR-18 como ausência de proteção em vãos de pisos e

guarda-corpos, escadas utilizadas nas obras que estavam em péssimas condições para uso,

dispositivos improvisados, vergalhões de aço sem proteção, dentre outras situações. As três

obras terão como finalidade atividades de ensino e pesquisa na cidade de Curitiba. Trata-se de

um estudo de caso tendo como objetivo a análise destas obras em relação às NR-10 e NR-18.

Foram realizadas visitas a três obras diferentes, denominadas: obra A, obra B e obra

C. As obras A e B são muito similares em tamanho e formato e encontram-se uma ao lado da

outra, no mesmo terreno. Já a obra C se difere das duas anteriores por ser uma obra com

características um pouco diferentes e estar localizada em outro terreno. Todas as três obras

apresentam quatro pavimentos e irregularidades em relação às NR-10 e NR-18. Algumas em

menor ou maior grau.

Numa primeira parte serão mostradas irregularidades da parte elétrica das três obras

e posteriormente as irregularidades em relação à NR-18.

O trabalho consistiu na realização de registros por meio fotográfico de situações de

risco que poderiam ocasionar acidentes de trabalho e que estavam em desacordo com os itens

das normas regulamentadoras 10 e 18 já citadas anteriormente.

Ao final de cada registro foi realizada uma análise dos itens que estavam em

desacordo com as respectivas NRs e que poderiam ocasionar acidentes. Foram sugeridas

soluções para que os riscos de acidentes fossem mitigados ou eliminados. Elaborou-se ao final

do trabalho uma tabela classificando as situações analisadas em diferentes graus de riscos de

acidentes, mostrando quais situações são mais graves e merecem um maior destaque.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. VISÃO GERAL DAS OBRAS

As obras A e B consistem em prédios que terão por finalidade abrigar um

Condomínio de Laboratórios com finalidade de ensino e pesquisa na cidade de Curitiba.

Ambas não apresentam cronograma visível em placas, mas pode-se observar que a obra A

ainda está em fase inicial.

Conforme figura 2, é possível observar que a obra A possui quatro pavimentos e

apresenta problemas em relação a vários aspectos como a falta de proteção de guarda-corpo

além de não possuir tapumes ou barreiras de proteção, estando seu acesso livre a qualquer

pessoa que esteja passando pelo local, podendo ocasionar acidentes.

Figura 2: Vista da obra A.

Fonte: O Autor, 2016.

A obra B, ilustrada na figura 3, está em um estágio um pouco mais avançado de

construção, porém em ambas as edificações A e B não existem tapumes ou barreiras,

conforme item 18.30.1 da NR-18, possibilitando que qualquer pessoa possa entrar livremente

na obra. Também não foram encontrados os PCMATs dessas obras, conforme item 18.3 da

NR-18, já que as mesmas empregam mais de 20 trabalhadores.

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Figura 3: Vista da obra B.

Fonte: O Autor, 2016.

Uma imagem da obra C pode ser observada na figura 4. Essa obra apresenta lajes

reforçadas para aguentar uma grande quantidade de carga por metro quadrado e servirá a um

conjunto de laboratórios de uso comum para fins de pesquisa na área de educação. Ela possui

quatro pavimentos sendo o último destinado à instalação de caixas d’água. Trata-se de uma

edificação de quatro andares em um estágio já avançado de construção e apesar de possuir

irregularidades em relação às NR-10 e NR-18 é a que está em melhores condições sobre o

aspecto de segurança do trabalho em relação às outras duas anteriores.

Figura 4: Vista da obra C

Fonte: O Autor, 2016.

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4.2. PROBLEMAS ENVOLVENDO A NR-10

Em todas as obras foram observados diversos problemas em relação à Norma

Regulamentadora 10. A lista de inconformidades é grande, variando desde equipamentos em

má conservação e armazenados de forma inadequada até situações onde o risco de choques

elétricos está mais acentuado, conforme será detalhado ao longo do trabalho.

Figura 5: Painel elétrico em madeira da obra A

Fonte: O Autor, 2016.

Observa-se que as instalações elétricas do quadro ilustrado na figura 5 estão em

péssimas condições. Essa figura mostra um painel elétrico com algumas tomadas para

alimentação de equipamentos realizada através de emendas inadequadas. É possível observar

cabos de energia com partes expostas, podendo ocasionar acidentes com choques elétricos.

Nota-se também que o material que abriga essas tomadas é feito de madeira, um

material que pode propagar facilmente as chamas em caso de um curto-circuito, estando em

desacordo com o item 10.4.1 da NR-10. O item 10.4.4 da NR-10 também não está sendo

cumprido, pois essa instalação elétrica não está em condições seguras de funcionamento.

O quadro também não possui aterramento, possibilitando riscos de choques elétricos

acidentais e não possui DR para proteção contra correntes de fuga em suas tomadas.

Essa é uma situação que pode ser encontrada em diversas obras da construção civil

nas quais não é dada tanta importância em relação à parte elétrica, porém os riscos de choques

elétricos aos trabalhadores são elevados.

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Figura 6: Painel com circuitos elétricos da obra B

Fonte: O Autor, 2016.

Nesse outro quadro elétrico da figura 6, observam-se novamente situações de risco

que podem ocasionar choques elétricos e acidentes. É possível verificar emendas realizadas de

forma inadequada dentro do quadro, o qual contém cabos com a parte condutora de cobre já

desgastada e exposta sem uma correta isolação. Também é possível verificar que não existe

nenhuma padronização conforme a norma (ABNT: NBR-5410, 2008) em relação à correta

utilização de cores dos cabos para diferenciação entre fases, neutro e terra.

Nota-se também que o quadro elétrico que abriga os circuitos é feito de madeira, um

material que pode propagar facilmente as chamas em caso de um curto-circuito e sobrecarga.

Esse quadro elétrico também não obedece ao item 10.2.8.3 da NR-10, em relação ao

aterramento, o qual é inexistente. Os cabos que saem desse quadro, juntamente com o cabo

que alimenta a tomada Steck não apresentam nenhuma proteção ficando expostos às

intempéries, podendo vir a sofrer danos em sua isolação e riscos de acidentes aos

trabalhadores.

A utilização de dispositivos DR para proteção adicional dos circuitos também é

inexistente e poderia perfeitamente ser utilizada nesse caso para proteção dos trabalhadores

em caso de uma corrente de fuga, evitando choques elétricos.

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Figura 7: Circuitos elétricos da obra B

Fonte: O Autor, 2016.

Na figura 7 é possível observar novamente emendas feitas de forma irregular, não

obedecendo ao que dispõe a NR-10 em relação à segurança, construção, montagem, operação

e manutenção, item 10.4.1.

Nota-se que não existe aterramento para esses dois quadros elétricos e que os

mesmos são feitos em madeira, não atendendo medidas de segurança em eletricidade. Os

cabos estão sem proteção adequada podendo sofrer rompimento de sua isolação com o tempo

e trazer riscos de choques elétricos aos trabalhadores.

Os itens 10.2.8.3 e 10.4.4 da NR-10 também não estão sendo cumpridos, pois esses

quadros elétricos não oferecem condições seguras de funcionamento e de aterramento

temporário.

Ao fundo dessa mesma figura é possível observar também vergalhões de aço e outros

materiais armazenados de forma inadequada que podem ocasionar ferimentos em pessoas que

estejam passando pelo local.

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Figura 8: Equipamento mal conectado à rede da obra B

Fonte: O Autor, 2016.

Na figura 8, notam-se novamente emendas feitas de forma irregular, não obedecendo

ao que dispõe a NR-10 em relação ao item 10.4.1, trazendo riscos aos trabalhadores. Esse

equipamento encontra-se no penúltimo pavimento da obra B. Os cabos já perderam em

algumas partes a isolação e não estão instalados de maneira adequada podendo ocasionar

enroscos e possíveis quedas dos trabalhadores.

Figura 9: Quadro elétrico irregular na obra B

Fonte: O Autor, 2016.

Analisando a figura 9, observam-se vários itens não obedecidos ao que dispõe a NR-

10. Não existe barramento de terra para o quadro elétrico. O quadro apresenta emendas em

seu interior descumprindo o que preconiza o item 10.4.1, trazendo riscos aos trabalhadores.

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O fundo do quadro é feito de madeira, material inflamável, gerando risco de incêndio

em caso de curto-circuito e sobrecarga. Apesar da tampa desse quadro ser metálica e atender

em parte ao que dispõe a NR-10 em relação aos materiais empregados em quadros elétricos,

existem outras irregularidades conforme já citado.

Figura 10: Quadros elétricos irregulares na obra C

Fonte: O Autor, 2016.

Na figura 10 é possível observar dois quadros elétricos irregulares na obra C. Não

existe barramento de terra para nenhum dos quadros. Quase todos os problemas são idênticos

aos mencionados anteriormente, como emendas inadequadas e materiais de madeira em

péssimas condições de conservação. O item 10.4.1 da NR-10 não está sendo cumprido,

trazendo riscos aos trabalhadores. Também é possível observar uma luva na figura 10 à

esquerda, amarrada em meio aos fios que saem desse quadro elétrico.

Os problemas encontrados em todas as obras em relação às instalações elétricas se

repetem. É de conhecimento decorrente que muitas vezes uma instalação elétrica em más

condições funciona, porém a utilização nestas condições pode levar a riscos de perdas

materiais e humanas, além de acidentes de trabalho. A figura 11 a seguir, ilustra mais duas

situações de risco que não atendem aos requisitos de segurança da NR-10. É possível observar

que o item 10.4.4 desta NR, referente à segurança das instalações elétricas está sendo

desrespeitado.

Nota-se novamente um quadro elétrico em madeira com isolação inadequada e

fixação de cabo no quadro através de prego. Também é possível observar no canto esquerdo

da figura 11 um cabo elétrico com isolação precária. Além do risco de choque elétrico, esse

mesmo cabo oferece também risco de queda aos trabalhadores, pois facilmente pode

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ocasionar um enrosco ou tropeção pelo fato de estar em local inadequado e passando por cima

de uma escada. Além disso, o cabo não possui nenhuma proteção adicional.

Figura 11: Situações de risco envolvendo NR-10 na obra B

Fonte: O Autor, 2016.

Fazendo uma análise geral das três obras no que concerne à análise em relação à NR-

10 observa-se que em todas elas os riscos de acidentes envolvendo choques elétricos são

elevados e merecem uma atenção especial.

A simples troca dos quadros elétricos atuais que são de madeira por um material

metálico, a realização de emendas adequadas nos cabos e utilização de eletrodutos nos cabos

que partem desses quadros ajudariam a reduzir os riscos de acidentes. Essas medidas

correspondem a um valor irrisório em relação ao que poderia acontecer em caso de acidentes

envolvendo a eletricidade. Observa-se também que os quadros elétricos não apresentam

barramento de terra e dispositivos diferenciais residuais (DRs).

4.3. PROBLEMAS ENVOLVENDO A NR-18

Observa-se que as instalações sanitárias da figura 12 não contemplam vários itens da

NR-18, 18.4.2.3. Os sanitários não possuem ventilação e iluminação adequada e as instalações

elétricas não estão protegidas. Os ambientes também não estão em perfeito estado de

conservação e higiene, além de não possuírem paredes com material resistente.

Nota-se ainda na figura 12 que existe muito lixo jogado no chão, pedaços de telhas

quebradas possibilitando cortes e acidentes aos trabalhadores além de eletrodutos para

alimentação elétrica sem fixação adequada.

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Figura 12: Sanitários das obras A e B

Fonte: O Autor, 2016.

A figura 13 ilustra o vestiário da obra C. Analisando essa figura é possível observar

algumas irregularidades no item 18.4.2.9.3 da NR-18. Os armários não são dotados de

fechaduras ou dispositivo com cadeado e o local não se encontra em perfeito estado de

conservação, higiene e limpeza. O local também não apresenta área de ventilação adequada,

conforme NR-18. É possível observar vários EPIs dos funcionários colocados em lugares

inadequados, assim como roupas penduradas em local impróprio. Além da falta de higiene,

esse ambiente demonstra uma completa falta de organização.

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Figura 13: Vestiário da obra C

Fonte: O Autor, 2016.

Observa-se na figura 14, a seguir, inconformidades com o item 18.4.1.2 da NR-18. A

área de vivência não está em perfeitas condições de higiene, limpeza e conservação. É

possível observar que a janela é feita em lona e encontra-se rasgada e o bebedouro no dia do

levantamento estava sem água disponível. Também é possível observar falta de organização,

higiene, com alguns cabos elétricos soltos sem a devida proteção e sujeiras nas paredes

internas.

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Figura 14: Área de convivência das obras A e B

Fonte: O Autor, 2016.

Houve uma preocupação em relembrar os trabalhadores com avisos colocados na

parede em relação à importância e segurança da utilização de EPIs como capacetes e botas

durante o trabalho, conforme figura 14, apesar das irregularidades já citadas.

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Figura 15: Ausência de proteção em vergalhões de aço e lateral na obra A

Fonte: O Autor, 2016.

A partir da figura 15 é possível verificar vergalhões de aço sem proteção em

desatendimento ao item 18.8.5 da NR 18. A extremidade exposta de um vergalhão pode

causar lesões e em alguns casos acidentes mais graves aos trabalhadores, os quais podem ficar

enroscados ou tropeçar nas ferragens vindo a sofrer uma queda mais séria.

A solução para evitar esse tipo de acidente é simples e barata com a utilização de

protetores de plástico para cada vergalhão na cor vermelha, conferindo um aspecto de

organização e segurança para a obra. Nota-se ainda na figura 15 a ausência de medidas de

segurança contra quedas de altura, desrespeitando o item 18.13.5 da NR 18.

O risco de queda e acidentes aos trabalhadores é elevado, já que a obra não apresenta

uma segurança adequada nesse quesito.

Figura 16: Ausência de proteção em vãos no piso nas obras A e B

Fonte: O Autor, 2016.

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A partir da figura 16 é possível verificar a ausência de proteção nas aberturas do piso

em desatendimento aos itens 18.13.1 e 18.13.2 da NR 18. Observa-se a total falta de

segurança e despreocupação em relação ao risco de queda dos trabalhadores.

É possível verificar uma tela vermelha para indicar um vão sem proteção para a obra

A, porém essa tela não é uma medida suficiente e encontra-se sem fixação em alguns trechos,

não realizando a proteção adequada. Já o vão apresentado ao lado direito permite a queda de

uma pessoa do último pavimento até o térreo sem nenhuma medida de proteção coletiva ou

sinalização dessa abertura na obra B.

Figura 17: Detalhes das escadas utilizadas em situações perigosas para as obras A e C

Fonte: O Autor, 2016.

Analisando a figura 17 nota-se a precariedade das escadas utilizadas nas obras em

estudo. Os itens 18.12.1, 18.12.2, 18.12.5, 18.12.5.6 da NR 18 não estão sendo atendidos

oferecendo grave risco de acidente envolvendo quedas.

Por apresentar emendas e rachaduras na madeira, entende-se que a escada ilustrada

na parte central não atende o item 18.12.2 (requisito de construção sólida), tampouco atenda

ao item 18.12.5.5, tendo-se em vista sua proximidade de aberturas e vãos, existindo sério

risco de queda. A escada ilustrada no canto direito também está em péssimas condições com

pedaços quebrados de madeira para apoio dos pés não oferecendo segurança adequada.

Embora a escada do canto esquerdo ilustrada na figura 17 apresente evidência nítida

de tentativa de atendimento ao item 18.12.5.6 (necessidade de fixação e impedimento de

escorregamento da escada de mão), tal ato pode ser mais prejudicial do que a própria omissão,

visto que a situação mostrada induz ao usuário da escada uma falsa sensação de segurança,

possibilitando acidentes. Recomenda-se a substituição imediata dessas escadas por escadas

novas a fim de corrigir esse problema.

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A figura 18 ilustra uma plataforma de proteção utilizada na obra A. A mesma não

atende ao que dispõe o item 18.13.11 da NR-18, pois não possui resistência ideal, sendo

constituída através de madeiras muito finas e já ressecadas e que não oferecem um nível de

proteção adequado principalmente pelo estado de degradação presenciado.

Dependendo do peso de uma ferramenta ou material que possa cair sobre ela é

possível que o objeto possa quebrar e ultrapassar tal barreira atingindo pessoas que estejam no

pavimento inferior. Para este caso, deveria ser construída uma nova plataforma com material

resistente atendendo o que preconiza a NR-18.

Figura 18: Plataforma sem resistência adequada na obra A

Fonte: O Autor, 2016.

A figura 19 exibe pedaços de madeiras com pregos virados para cima armazenados

de maneira inadequada, desrespeitando ao que dispõem os itens 18.24.1 e 18.24.8 da NR-18.

A madeira localizada no penúltimo pavimento da obra C prejudica o trânsito de pessoas e

oferece riscos de acidentes envolvendo cortes com as pontas dos pregos virados para cima.

Tal condição pode ser facilmente corrigida rebatendo-se os pregos e armazenando essa

madeira em local que não atrapalhe a circulação dos trabalhadores na obra.

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Figura 19: Pedaços de madeira com pregos na obra C

Fonte: O Autor, 2016.

A situação do cesto de cargas ilustrado na figura 20 é bastante preocupante, visto que

nitidamente não atende aos requisitos dos itens 18.14.1. (dimensionado por profissional

legalmente habilitado), 18.14.1.3 (execução por profissional legalmente habilitado e sob

supervisão de profissional legalmente habilitado), dentre outros itens da NR-18.

Observa-se que o dispositivo é improvisado, sem indicação da carga máxima de

trabalho permitida e sustentado através de cordas sem oferecer garantias mínimas de

condições de segurança. Situações como estas de improvisação são grandes causas de

acidentes de trabalho e devem ser evitadas.

Figura 20: Dispositivo de içamento improvisado para a obra B

Fonte: O Autor, 2016.

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Figura 21: Área de convivência da obra C

Fonte: O Autor, 2016.

A figura 21 ilustra a área de convivência da obra C. A parte esquerda dessa

edificação corresponde aos banheiros enquanto o lado direito dá acesso ao vestiário da obra.

Ao lado da porta está localizado o bebedouro juntamente com um extintor de incêndio.

Na figura 22 é possível observar as instalações sanitárias da obra C. Nota-se que ela

não está em perfeito estado de higiene e principalmente não atende alguns requisitos do item

18.4.2.3 da NR-18 no que concerne à ventilação e iluminação adequada. O ambiente é

bastante escuro e sem janelas suficientes para ventilação do local ocasionando mau cheiro.

Figura 22: Instalações sanitárias da obra C

Fonte: O Autor, 2016.

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A bancada para dobragem e corte de vergalhões mostrada na figura 23 não aparenta

ser resistente, nivelada e não escorregadia (item 18.8.1 da NR-18), porém está afastada da

área de circulação de trabalhadores (conforme rege o item 18.8.1 da NR-18). Além disso, a

bancada não atende ao item 18.8.3, pois não apresenta cobertura para proteção dos

trabalhadores contra intempéries.

Figura 23: Bancada para dobragem e corte de armações de aço na obra C

Fonte: O Autor, 2016.

Semelhante à situação encontrada na obra A, a figura 24 mostra que apesar de atender

o item 18.13.8.1 da NR-18, a resistência da plataforma principal de proteção apresenta

avançado estado de degradação para a obra C. Deste modo, pode-se dizer que o item 18.13.11

não foi devidamente atendido, pois a plataforma não oferece resistência apropriada.

Figura 24: Proteção contra quedas em vão aberto na obra C

Fonte: O Autor, 2016.

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Já a figura 25 ilustra uma outra situação de risco de queda em altura. A alvenaria

estava recém instalada, sem garantir proteção adequada e com altura muito inferior a 1,20m

conforme determina a norma NR-18, oferecendo risco de acidente aos trabalhadores.

Figura 25: Outra situação de risco potencial na obra C

Fonte: O Autor, 2016.

No local da obra C foi encontrado equipamento para içamento de materiais,

consistindo em uma talha com pequeno braço giratório, fixado sobre tubo oco, conforme

figura 26. Não foi apresentada ART que comprove o atendimento do equipamento ao disposto

no item 18.14.1.1 e 18.14.1.2 (dimensionamento por profissional legalmente habilitado –

engenheiro mecânico).

Figura 26: Talha para içamento de materiais

Fonte: O Autor, 2016.

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Figura 27: EPI em mau estado de conservação na obra A

Fonte: O Autor, 2016.

É possível observar na figura 27 que as luvas estão jogadas no chão sem nenhuma

preocupação quanto ao correto estado de conservação do EPI e quanto ao correto

armazenamento do equipamento. Isso pode gerar danos ao equipamento diminuindo sua vida

útil e gerar acidentes futuros aos trabalhadores pelo desgaste do material. Essa luva pode ser

usada por profissionais da área civil. Isso reflete na falta de organização da obra em questão.

Com um canteiro de obras organizado e limpo, os riscos de acidentes pelo simples

fato de materiais estarem guardados de forma correta são menores além de refletir sobre a

qualidade do serviço prestado.

4.4. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS LEVANTADOS NAS OBRAS

As três obras analisadas neste trabalho apresentam problemas em relação às NR-10 e

NR-18 em maior ou menor grau. A fim de verificar quais situações são mais perigosas aos

trabalhadores foi elaborada uma tabela classificando os riscos de acidentes de trabalho

encontrados nas três obras.

Os riscos foram classificados em: risco leve, moderado, grave e gravíssimo. Essa

classificação levou em conta as possíveis consequências de ocorrência de um acidente de

trabalho e a sua gravidade. Ou seja, o risco gravíssimo apresenta possibilidade de morte ou

sequelas físicas muito sérias aos trabalhadores em caso de acidente enquanto o risco leve

apresenta consequências mais brandas aos trabalhadores em caso de acidente dependendo da

situação.

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Foram criadas três tabelas, uma para cada obra com a indicação do número da figura

correspondente no trabalho e sua respectiva página no trabalho, a classificação do

determinado risco e suas consequências aos trabalhadores. O quadro 3, a seguir, mostra os

riscos para a obra A.

Análise da Obra A

Número da

Figura

Localização da

página no trabalho

Classificação do

Risco Descrição do Risco

2 26 Gravíssimo Risco de queda do

trabalhador

5 28 Leve Choque elétrico

12 34 Leve Risco de cortes

15 37 Gravíssimo

Acidente com

vergalhão/queda do

trabalhador

16 37 Gravíssimo Risco de queda do

trabalhador

17 38 Moderado Acidente com escada

improvisada

18 39 Grave

Risco de queda do

trabalhador/ferramentas

sobre trabalhador

Riscos

Quantidade total de riscos gravíssimos 3

Quantidade total de riscos graves 1

Quantidade total de riscos moderados 1

Quantidade total de riscos leves 2 Quadro 3: Análise dos riscos de acidentes para a obra A

Fonte: O Autor, 2016.

Os quadros 4 e 5, a seguir, mostram as análises dos riscos para as obras B e C,

respectivamente.

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Análise da Obra B

Figura Localização da

página

Classificação do

Risco Descrição do Risco

6 29 Moderado Choque elétrico

7 30 Moderado Choque elétrico

8 31 Grave Choque elétrico/queda

9 31 Leve Choque elétrico

11 33 Moderado Choque elétrico/queda

12 34 Leve Cortes

16 37 Gravíssimo Risco de queda do

trabalhador

20 40 Gravíssimo

Risco de queda de

ferramentas sobre

trabalhador

Riscos

Quantidade total de riscos gravíssimos 2

Quantidade total de riscos graves 1

Quantidade total de riscos moderados 3

Quantidade total de riscos leves 2 Quadro 4: Análise dos riscos de acidentes para a obra B

Fonte: O Autor, 2016.

Nota-se a quantidade de dois riscos gravíssimos para a obra B, a partir do quadro 4.

Análise da Obra C

Figura Localização da página Classificação do

Risco Descrição do Risco

10 32 Moderado Choque Elétrico

17 38 Moderado Acidente com escada

improvisada

19 40 Moderado Cortes com pregos

23 42 Leve Acidente com

vergalhões

24 42 Grave Acidente com queda

25 43 Grave Risco de queda do

trabalhador

26 43 Moderado Acidente com

equipamento

Riscos

Quantidade total de riscos gravíssimos 0

Quantidade total de riscos graves 2

Quantidade total de riscos moderados 4

Quantidade total de riscos leves 1 Quadro 5: Análise dos riscos de acidentes para a obra C

Fonte: O Autor, 2016.

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Analisando as três obras, observa-se que a obra A é a que apresenta a maior

quantidade de riscos gravíssimos de acidentes de trabalho. Isso se deve principalmente à falta

de medidas de proteção em relação aos guarda-corpos e à falta de proteção em aberturas no

piso.

As obras B e C também apresentam muitos riscos de acidentes, porém em situação

um pouco melhor que a obra A, já que apresentam menores riscos gravíssimos de acidentes. A

partir desses dados é possível averiguar que nenhuma das três obras apresenta um nível

aceitável de segurança em relação ao trabalho.

Elas podem servir como um panorama para diversas outras obras espalhadas pelo

país que se encontram em situações iguais ou até piores. Diante das imagens mostradas nesse

trabalho percebe-se que a solução ou mitigação dos riscos em muitos dos casos mostrados são

fáceis de serem implantadas e representam um custo muito pequeno em virtude dos benefícios

que podem trazer.

Por se tratarem de obras públicas elas deveriam servir de exemplo para outras

diversas obras do setor privado em relação à segurança do trabalho, porém observa-se diante

do exposto que é justamente o contrário do que ocorre.

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5. CONCLUSÃO

A grande quantidade de dispositivos e proteções improvisadas pode ser apresentada

como algumas das principais causas para as elevadas taxas de acidentes apresentadas no ramo

da construção civil, aliadas à grande quantidade de trabalhadores que atuam neste ramo de

atividade, muitas vezes com baixo nível de instrução e treinamento. Em várias situações neste

trabalho foi possível observar riscos de acidentes e situações que jamais poderiam ocorrer.

Em relação às principais consequências da não observação referente aos itens das

NR-10 e NR-18, nota-se que nas situações mostradas neste trabalho existem riscos de

acidentes aos trabalhadores, os quais foram descritos e classificados em: gravíssimo, grave,

moderado ou leve, além de suas consequências aos trabalhadores.

Os principais riscos de acidentes envolvendo as NR-10 e NR-18 como quadros

elétricos em desconformidade em relação à NR-10 que poderiam ocasionar choques elétricos

e situações que não estavam em desacordo com a NR-18 possibilitando riscos de quedas e

cortes aos trabalhadores foram elencados além da solução para correção e mitigação dos

mesmos.

Muitas das situações de risco encontradas poderiam facilmente ser solucionadas com

baixo custo e de forma simples, como a substituição das escadas em mau estado por novas,

utilização de barreiras e guarda-corpo com material resistente e fechamento seguro para os

locais de risco e aberturas no piso, além da substituição dos quadros elétricos de madeiras por

materiais metálicos como alumínio ou aço caborno, isolação adequada dos cabos elétricos,

aterramento adequado e utilização de dispositivo DR (Diferencial Residual). Analisando as

obras constata-se que elas estão com um risco extremamente elevado de acidentes e poderiam

ser interditadas.

O mecanismo de emissão de ART para serviços relacionados à segurança de uma

obra, embora aumente os custos também é uma ferramenta para garantir maior segurança aos

trabalhadores, mitigando a possibilidade de acidentes, pois um profissional habilitado estará

se responsabilizando pelo serviço. Por fim, através deste trabalho foi possível verificar a

importância de se respeitar as normas regulamentadoras em qualquer tipo de obra para evitar

situações de risco que possam ocasionar acidentes de trabalho.

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