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Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES NA INDÚS- TRIA AUTOMOTIVA: DA ISO9001 PARA ALÉM Mateus Faria Mais Faculdade de Engenharia de Produção Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecno- logia [email protected] Marcos Ricardo Rosa Georges Gestão de Operações e Serviços Centro de Economia e Administração [email protected] Resumo: Este trabalho tem o objetivo explorar o processo de qualificação de fornecedores na indus- tria automotiva e responder a seguinte questão: a certificação da qualidade ISO9001 é suficiente para qualificar um fornecedor? Como método foi delineado uma pesquisa documental nas páginas da internet dos fabricantes de automóveis associados a ANFAVEA em busca de detalhes do processo de qualificação, especialmente manuais de fornecedo- res. Diante dos documentos levantados procedeu-se a análise de seu conteúdo e concluiu-se que não há exigência explicita a certificação como obrigatória, no entanto, a maioria dos requisitos têm relação direta com os requisitos da norma ISO9001 e, em alguns casos, tais exigências chegam a ser check-lists ex- traídos diretamente da norma ISO9001. Uma analise mais ampla dos processos de qualificação de forne- cedores é apresentada no trabalho. Palavras-chave: Avaliação e Qualificação de Forne- cedores; Indústria Automotiva; Sistema de Gestão da Qualidade; ISO9001. Área do Conhecimento: Administração. 1. INTRODUÇÃO A gestão da qualidade está prestes a completar um século de existência e definitivamente se consolidou como prática empresarial e disciplina acadêmica. A qualidade, em seu entendimento mais amplo, está profundamente disseminada no mercado, manifes- tando-se de diferentes maneiras, na exigência dos clientes, em práticas de gestão nas organizações, no conhecimento científico em disciplinas acadêmicas e linhas de pesquisa, na a forma de lei como especifi- cações técnicas compulsórias, garantias, assistên- cias e mais além. Desde as cartas de controle propostas por Shewhart no começo do século passado até os dias atuais, a gestão da qualidade congrega diversas técnicas, fer- ramentas e metodologias. Cartas de controle, contro- le estatístico do processo (CEP), diagramas de cau- sa-efeito, ciclo PDCA, QFD, MASP, CPk, 6σ, outras siglas acrônimos de grande variedade de métodos e técnicas ao longo de sua história quase centenária tornam, atualmente, a gestão da qualidade uma área dinâmica, pujante e que alterou significativamente o contexto da economia de mercado. Em meio a tantas siglas, existe uma em particular que representa bem o significado de qualidade de forma ampla e rigorosa para as organizações, mas que também já é conhecida por clientes e consumi- dores finais como sinônimo de qualidade. Esta sigla é ISO9000. O desenvolvimento da gestão da qualidade nas or- ganizações através de Sistemas de Gestão da Quali- dade (SGQ) em conformidade com os requisitos da norma ISO9000 tem se mostrado um caminho válido e recompensador para as organizações que optam em desenvolver sua gestão da qualidade desta for- ma, haja vista o número expressivo de organizações certificadas que se pode contar. Mais de um milhão! 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A norma NBR ISO9001 A Norma Brasileira de Referência ISO9000, ou sim- plesmente ISO9000 é a primeira das normas da série ISO9000. Esta norma traz definições e terminologias da gestão da qualidade que serão usadas nas de- mais normas desta série. Na norma ISO9000 pode ser encontrada definições de processo, cliente, quali- dade, gestão, conformidade, organização e vários outros verbetes que são amplamente usados nas demais normas de gestão da qualidade e também em outras normas de gestão. A série ISO9000 também tem a norma NBR90001 que define os requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), mas, no passado, já possuiu outras. Em 1987, ano da sua primeira publicação, além da ISO9000 havia as normas ISO9001, 9002 e 9003, cada qual para um tipo específico de organiza- ção. Em 1994, ano de sua primeira revisão, a série ISO9000 ganhou mais uma norma, a ISO9004.

AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES NA … · qualificação de fornecedores e avaliação do item re-cebido. A figura 1 a seguir apresenta o trecho da norma ISO9001 que

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Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

22 e 23 de setembro de 2015

AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES NA INDÚS-TRIA AUTOMOTIVA: DA ISO9001 PARA ALÉM

Mateus Faria Mais Faculdade de Engenharia de Produção

Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecno-logia

[email protected]

Marcos Ricardo Rosa Georges Gestão de Operações e Serviços

Centro de Economia e Administração [email protected]

Resumo: Este trabalho tem o objetivo explorar o processo de qualificação de fornecedores na indus-tria automotiva e responder a seguinte questão: a certificação da qualidade ISO9001 é suficiente para qualificar um fornecedor? Como método foi delineado uma pesquisa documental nas páginas da internet dos fabricantes de automóveis associados a ANFAVEA em busca de detalhes do processo de qualificação, especialmente manuais de fornecedo-res. Diante dos documentos levantados procedeu-se a análise de seu conteúdo e concluiu-se que não há exigência explicita a certificação como obrigatória, no entanto, a maioria dos requisitos têm relação direta com os requisitos da norma ISO9001 e, em alguns casos, tais exigências chegam a ser check-lists ex-traídos diretamente da norma ISO9001. Uma analise mais ampla dos processos de qualificação de forne-cedores é apresentada no trabalho.

Palavras-chave: Avaliação e Qualificação de Forne-cedores; Indústria Automotiva; Sistema de Gestão da Qualidade; ISO9001.

Área do Conhecimento: Administração.

1. INTRODUÇÃO A gestão da qualidade está prestes a completar um século de existência e definitivamente se consolidou como prática empresarial e disciplina acadêmica. A qualidade, em seu entendimento mais amplo, está profundamente disseminada no mercado, manifes-tando-se de diferentes maneiras, na exigência dos clientes, em práticas de gestão nas organizações, no conhecimento científico em disciplinas acadêmicas e linhas de pesquisa, na a forma de lei como especifi-cações técnicas compulsórias, garantias, assistên-cias e mais além.

Desde as cartas de controle propostas por Shewhart no começo do século passado até os dias atuais, a gestão da qualidade congrega diversas técnicas, fer-ramentas e metodologias. Cartas de controle, contro-le estatístico do processo (CEP), diagramas de cau-sa-efeito, ciclo PDCA, QFD, MASP, CPk, 6σ, outras

siglas acrônimos de grande variedade de métodos e técnicas ao longo de sua história quase centenária tornam, atualmente, a gestão da qualidade uma área dinâmica, pujante e que alterou significativamente o contexto da economia de mercado.

Em meio a tantas siglas, existe uma em particular que representa bem o significado de qualidade de forma ampla e rigorosa para as organizações, mas que também já é conhecida por clientes e consumi-dores finais como sinônimo de qualidade. Esta sigla é ISO9000.

O desenvolvimento da gestão da qualidade nas or-ganizações através de Sistemas de Gestão da Quali-dade (SGQ) em conformidade com os requisitos da norma ISO9000 tem se mostrado um caminho válido e recompensador para as organizações que optam em desenvolver sua gestão da qualidade desta for-ma, haja vista o número expressivo de organizações certificadas que se pode contar. Mais de um milhão!

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A norma NBR ISO9001 A Norma Brasileira de Referência ISO9000, ou sim-plesmente ISO9000 é a primeira das normas da série ISO9000. Esta norma traz definições e terminologias da gestão da qualidade que serão usadas nas de-mais normas desta série. Na norma ISO9000 pode ser encontrada definições de processo, cliente, quali-dade, gestão, conformidade, organização e vários outros verbetes que são amplamente usados nas demais normas de gestão da qualidade e também em outras normas de gestão.

A série ISO9000 também tem a norma NBR90001 que define os requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), mas, no passado, já possuiu outras. Em 1987, ano da sua primeira publicação, além da ISO9000 havia as normas ISO9001, 9002 e 9003, cada qual para um tipo específico de organiza-ção. Em 1994, ano de sua primeira revisão, a série ISO9000 ganhou mais uma norma, a ISO9004.

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Mas no ano de 2000 foi feita uma nova revisão na série para simplificá-la e o resultado foi a publicação de uma nova versão da ISO9001 que a tornou apli-cável em todo tipo de organização, extinguindo as demais normas da série (9002, 9003, 9004), reduzin-do a série ISO9000 em duas normas, ela própria e a ISO9001.

Atualmente, a versão corrente da norma ISO9000 é do ano de 2005, e da ISO9001 é do ano de 2008 e uma nova revisão é já é esperada.

Em 25 anos desde a primeira publicação, a norma ISO9001 tornou-se referência na gestão da qualidade e símbolo notório que atesta o comprometimento da organização detentora do certificado perante a satis-fação de seus clientes e para com a melhoria contí-nua.

2.2 A Estrutura da Norma ISO9001 A norma ISO9001 é constituída de 8 seções, são elas:

0 – Introdução;

1 – Objetivo;

2 – Referência Normativa;

3 – Termos e Definições

4 – Sistemas de Gestão da Qualidade

5 – Responsabilidade da Direção

6 – Gestão de Recursos

7 – Realização do Produto

8 – Medição, Análise e Melhoria

As primeiras seções, da zero a três, são de caráter explicativo e introdutório. Nenhumas destas quatro primeiras seções exigem procedimentos, documen-tos, controles ou registros que necessitarão de sis-tema de informação.

É a partir da seção quatro que o Sistema de Gestão da Qualidade ganha materialidade através de proce-dimentos documentados, controles e registros que, por sua vez, exigirão o suporte de sistemas de infor-mação.

A seção 4 impõe requisitos de documentação, como a necessidade de controlar os documentos e regis-tros que fazem parte do SGQ, bem como impõe a necessidade de haver um Manual de Gestão da Qua-lidade. A norma ISO9001 não especifica a natureza do formato do documento, mas se observa a cres-cente utilização do ambiente eletrônico e o desuso do suporte em papel quando possível.

A seção 5 apresenta os requisitos relacionados a responsabilidade da direção, mas de forma pragmá-tica, isso representa a necessidade de se declarar

uma política da qualidade e a elaboração do plane-jamento da qualidade que contenha objetivos especí-ficos e indicadores de desempenho.

A seção 6 apresenta a necessidade de provisão de recursos. Aqui, de forma pragmática, são os recursos humanos que necessitam de grande quantidade de sistemas para adequar as exigências que este requi-sito impõe, como programa de treinamentos, listas de presenças em treinamentos, descrição de fun-ções, organogramas, comprovações, etc..

A seção 7 é a que impõe os requisitos para garantir a padronização do processo produtivo. É o requisito mais extenso da norma e, dependendo da natureza da organização, apresenta-se de forma muito varia-da. São exigências sobre o planejamento da produ-ção, sobre a tratativa comercial, sobre o processo de compras, sobre a padronização da produção, arma-zenamento de produtos, testes de qualidade, projeto de desenvolvimento de novos produtos, metrologia e outros. Seguramente é o requisito mais extenso e que exige maior quantidade de documentos, regis-tros e controles associados. Também é o requisito que mais exige esforço na implantação e manuten-ção de um SGQ.

A seção 8 impõe requisitos para monitorar, analisar e melhorar o SGQ. Neste requisitos estão as exigên-cias de medir a satisfação do cliente, de realizar audi-torias internas, de registrar não conformidades e abrir ações corretivas e preventivas, de analisar o desem-penho do SGQ e outras exigências de natureza simi-lar.

A reunião de todos os documentos, registros, contro-les, sistemas, pessoas e esforços utilizados para a-tender as exigências da norma ISO9001 constituem o chamado Sistema de Gestão da Qualidade, que será detalhado na seção seguinte.

2.3 A Seção 7 - Realização do Produto A seção 7 da norma ISO9001 é a mais extensa e a que trata especificamente do processo de produção ou de realização do serviço.

São sete itens que compõe o seção 7 da norma ISO9001, são elas:

7.1 Planejamento da realização do produto

7.2 Processos relacionados ao cliente;

7.3 Projeto e desenvolvimento;

7.4 Aquisição;

7.5 Produção e prestação de serviço;

7.6 Controle de equipamentos de monitoramento e medição.

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O interesse deste plano de iniciação científica reside no requisito 7.4 Aquisição.

2.4. Requisito 7.4 – Aquisição O requisito 7.4 estabelece requisitos para todo o pro-cesso de compras, incluindo critérios de seleção e qualificação de fornecedores e avaliação do item re-cebido. A figura 1 a seguir apresenta o trecho da norma ISO9001 que apresenta na íntegra o requisito 7.4

Figura 1 – Requisito 7.4 da norma ISO9001 (ABNT, 2008)

Na prática, este requisito estabelece a necessidade de critérios bem definidos para selecionar fornecedo-res.

Em geral, a forma como os fornecedores são sele-cionados (ou pré-selecionados) é através de questio-nários a serem respondidos sobre o processo de pro-dução deste fornecedor.

No princípio, estes questionários para seleção de fornecedores continham perguntas que investigavam a capacidade do processo produtivo produzir com qualidade assegurada e, geralmente, se o fornecedor possuísse a certificação ISO9001 ele era considera-do apto a ser um fornecedor qualificado.

No entanto, o advento da responsabilidade social e ambiental trouxe novos requisitos para a seleção de fornecedores e, atualmente, possuir a certificação ISO9001 por si só não garante a qualificação neces-sária para ser selecionado como um fornecedor.

Logo, este plano de IC pretende investigar esta ques-tão, se o fato de um fornecedor possuir a certificação ISO9001 é o suficiente para ser qualificado nos pro-cessos de seleção de fornecedores.

3. METODOLOGIA Os objetivos deste plano trabalho de iniciação cientí-fica estão divididos em objetivo geral e objetivos es-pecíficos, são eles:

3.1. Objetivo Geral Os objetivos deste plano trabalho de iniciação cientí-fica estão divididos em objetivo geral e objetivos es-pecíficos, são eles

3.2. Objetivos Específicos São objetivos específicos deste plano de trabalho de iniciação científica:

• Levantar quais são as certificações que as montadoras de automóveis instaladas no Brasil possuem;

• Tomar ciência do processo de seleção de fornecedores das principais montadoras de automóveis instaladas no Brasil;

• Identificar quais critérios do processo de se-leção de fornecedores é atendido por quem possui a certificação ISO9001;

• Identificar exigências relativas a responsabi-lidade ambiental e social;

3.3 Metodologia Específica O presente plano de trabalho de iniciação científica se caracteriza por ser uma pesquisa de natureza a-plicada, com objetivos exploratórios, executada por meio da pesquisa documental na internet e nos sites das montadoras de automóveis instaladas no Brasil.

Para maiores detalhes do procedimento a ser adota-do veja na seção seguinte.

3.4 Desenvolvimento Detalhadamente, o plano de iniciação científica fará uso do seguinte procedimento:

1.Estudo da bibliografia pertinente e da norma ISO9001.

2.Será feita pesquisa no site das montadoras de au-tomóveis instaladas no Brasil em busca de quais cer-tificações estas montadoras possuem;

3.Pesquisar, na internet e nos sites das montadoras de automóveis, como está organizado o processo de seleção de fornecedores e, quando possível, obter cópias do questionário de avaliação, manual de for-necedores e demais documentos usados para avaliar e selecionar seus fornecedores;

4.Pesquisar nos documentos obtidos quais exigên-cias estão diretamente relacionadas com a certifica-ção ISO9001 e demais exigências de natureza ambi-ental e responsabilidade social

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5.Analisar se a obtenção da certificação ISO9001 por si só garante aprovação no processo de seleção de fornecedores na indústria automotiva.

4. RESULTADOS Apresentam-se nesta seção os resultados da execu-ção deste plano de trabalho de iniciação científica, que podem ser classificado em três partes: 1) sobre a pesquisa de certificações das montadoras; 2) sobre as informações sobre o processo de qualificação de fornecedores a partir do site das montadoras, e 3) informações sobre o processo de seleção de forne-cedores das montadoras a partir da pesquisa docu-mental diretamente na internet.

4.1. Certificação das Montadoras

Utilizando-se da relação das montadoras associadas a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) foi feita a pesquisa docu-mental na pagina da internet destas indústrias em busca de quais certificações estas possuem. O resul-tado está apresentado na figura 2 a seguir.

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Volksvagen x x x Scania x Toyota x Renault x Nissan x Mitsubishi x Mercedes-Benz

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John-Deere x Hyundai x x x Honda x Caterpilla x Chevrolet x Audi x Ford x x Figura 2 – Certificações apresentadas pelas montadoras

em seu site (Elaborado pelos autores)

O fato de uma determinada certificação não constar explicitamente no site da montadora não significa que ela não a tenha, e sim que não foi encontrada.

4.2. Processo de Qualificação de Fornecedores

A pesquisa no site dos fabricantes de veículos auto-motores relacionados na ANFAVEA não apresentou os resultados esperados, pois, em geral, as monta-doras não disponibilizam estas informações de forma

publica em seus sites, sendo necessário o cadastro como fornecedor.

A despeito desta limitação, foi feita a varredura nos site de todas as indústrias ali cadastradas e o resul-tado está apresentado a seguir.

• DAF Caminhões: necessita de cadastro pa-ra acesso à esta informação;

• BMW: não encontrado;

• AGRALE: informa que promove encontro de fornecedores e possui programa de qualifi-cação de fornecedores, mas os critérios de qualificação e demais detalhes do programa não foram encontrados no site.

• AGCO: não encontrado;

• SHACMAN: não encontrado;

• CAOA: não encontrado;

• AUDI: não encontrado;

• FIAT: não encontrado;

• CHEVROLET: não encontrado;

• HONDA: não encontrado;

• HYUNDAI: não encontrado;

• FORD: não encontrado;

• INTERNATIONAL TRUCKS: não encontra-do;

• IVECO: não encontrado;

• JOHN DEERE: não encontrado;

• ILP INDUSTRIAL: não encontrado;

• KOMATSU: não encontrado;

• MAHINDRA RISE: não encontrado;

• MAN: não encontrado;

• MERCEDES-BENZ: apresenta um docu-mento de 8 paginas com explicações deta-lhadas de como o programa de avaliação de fornecedores é estruturado e claramente co-loca a exigência da certificação ISOTS 16949 e de desempenho mínimo conforme o sistema próprio de avaliação.

MITSUBISHI MOTORS: não encontrado;

• NISSAN: não encontrado;

• PEUGEOT: apresenta um documento pdf com pontos que valorizam em seus fornece-dores .

• RENAULT: não encontrado;

• SCANIA: apresenta uma pagina com 4 pará-grafos e exige dos fornecedores um sistema

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de gestão ambiental certificado e uma auto avaliação ambiental. Afirma existir um pro-grama de acompanhamento de melhoria continua nos seus fornecedores.

• TOYOTA: não encontrado;

• VALTRA: não encontrado;

• VOLKSWAGEN: não encontrado;

• VOLVO: apresenta um documento chamado “condições gerais de compras” que se pare-ce mais com um contrato, contendo 32 clau-sulas que versam desde forma de pagamen-to, condições de entrega, propriedade inte-lectual, garantias, etc., mas não cita obrigato-riedade da certificação ISO9001.

Para além da pesquisa documental nos sites das montadoras relacionada acima, esta pesquisa tam-bém usou a internet e o Google para pesquisar os ‘manuais de fornecedores’ das indústrias automoti-vas. Muitos documentos foram levantados e os prin-cipais estão destacados a seguir.

Empresa Randon

Apresenta um extenso questionário formulado formu-lado com questões referentes aos quesitos das nor-mas ISO 9001:2000, da Norma ISO 14001:2004, ISO/TS 16949:2002; ISO/IEC 17025:2001; OHSAS 18001:2007; SA 8000:2001 e requisitos técnicos e comerciais e financeiros. Um questionário de auto-avaliação tem o objetivo de proporcionar um conhe-cimento geral do fornecedor, sua estrutura, organiza-ção, sistema de qualidade, sistema de preço e requi-sitos técnicos. Um plano de ação poderá ser solicita-do e monitorado, com base nesta análise, caso os requisitos mínimos estabelecidos pela organização não sejam atingidos. Constatada a necessidade, po-derá ser efetuada uma visita de avaliação, auditoria da qualidade / processo

São 72 questões que versam sobre os mais diferen-tes aspectos, incluindo as normas citadas anterior-mente e que será considerado como parte integrante do Índice de Desempenho Global do Fornecedor, no requisito IGF - Índice de Gestão do Fornecedor, e suas informações poderão, eventualmente, ser verifi-cadas em futuras auditorias, as quais poderão ser realizadas em momento oportuno.

Empresa Bepo

Os requisitos mínimos para fornecimento de matéria-prima, componentes ou prestação de serviços para a Bepo são:

1° Fornecedor deve ser no mínimo homologado com sistema de gestão de qualidade ISO9001: revisão da norma mais recente, realizada por organismo certifi-cador acreditado pelo Inmetro.

2° Fornecedor deve ter seus alvarás e licenças de funcionamento devidamente legalizadas e atualiza-das, conforme escopo de fabricação.

3º Recomendamos para todos os fornecedores ade-quação quanto ao Sistema de Gestão Ambiental ISO14001 versão atual e ao Sistema de Saúde e Se-gurança Ocupacional OSHAS18001 versão atual.

Cópias dos documentos acima devem ser apresen-tados inicialmente e sempre que atualizados.

Fornecedores que atendem os requisitos mínimos 1° e 2° acima descritos, se necessário, será realizado auditoria de homologação in loco na planta do forne-cedor, pelo setor de Qualidade de fornecedores Be-po, no qual o fornecedor deve obter nota mínima de 75 pontos nesta avaliação.

Após realização deste tramite, o fornecedor será in-formado do status de sua homologação, estando es-te apto ou não para desenvolvimento e homologação do produto.

Empresa Agrale

A montadora Agrale é outra que coloca o requisito da certificação ISO9001 como obrigatória e a ISO/TS 16949 como desejável. Em linhas gerais, o processo de qualificação de um fornecedor na Agrale segue as diretrizes ilustradas na figura 3 a seguir.

Figura 3 – Requisitos de qualificação para fornecedor da

Agrale.

Empresa Romi

O procedimento para Avaliação foi criado para verifi-car se os fornecedores possuem condições para a-tender os requisitos especificados pela Romi. A ava-liação poderá ser feita mediante o preenchimento de questionário pela própria empresa (auto avaliação), auditorias nas instalações das empresas feitas pela

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Romi (avaliação) ou clientes da Romi ou solicitação de certificações e documentos que comprovem o atendimento aos requisitos mínimos necessários pa-ra ser um fornecedor Romi. Os principais quesitos exigidos pela Romi aos fornecedores são:

a) Área da Qualidade autônoma;

b) Processo de ação corretiva implementado basea-da em técnica de 8 passos ou equivalente;

c) Procedimentos para controle de processo;

d) Procedimentos para identificação de matéria-prima, estoque e peças em processo;

e) Gerenciamento dos processos por indicadores.

Avaliação de Fornecedores Automotivos dependerá dos seguintes casos:

a) Com certificado ISO 9001:2000 Será realizado monitoramento do prazo de validade da certificação, porém, nos desenvolvimentos de novos produtos e/ou outras atividades, será exigida a apresentação de toda a documentação, conforme requisitos da ISO TS 16949:2002.

b) Com certificação ISO TS 16949:2002 Será reali-zado monitoramento do prazo de validade da certifi-cação.

c) Sem certificação do sistema de qualidade Será monitorado o cronograma de implantação do sistema da qualidade e os produtos fornecidos à Romi so-mente poderão ser utilizados mediante derroga do cliente. A Romi realizará o desenvolvimento do sis-tema de gestão da qualidade de seus fornecedores com a meta de conformidade com a norma ISO/TS 16949. A conformidade com a ISO 9001 é o primeiro passo para atingir esta meta.

Figura 4 – Processo de Qualificação da Romi

Empresa Volkswagem

O fornecedor é avaliado por todas as plantas as quais fornece nos critérios de disposição, operativa e transporte. Não há critérios relacionados a gestão da qualidade e ISO9001, o que leva a desconfiar que esta avaliação é para fornecedores de matéria indire-to. O questionário da Volkswagem está na figura 5 a seguir.

Figura 5 – Questionário de qualifica cão da Volkswagem

Empresa Fiat A empresa Fiat utiliza-se de um cálculo chamado KPI 360º que consiste nos fatores evidenciados na figura 6 a seguir

Figura 6 – Qualificação de fornecedor FIAT

A pontuação final do QUALITY KPI 360⁰ tem limite máximo de 100 pontos. O Fornecedor é considerado: “VERDE" ≥ 80 pontos; “AMARELO" ≥ 70 e < 80 pon-tos; “VERMELHO" < 70 pontos.

Legenda:

QSB = Quality System Basics

CSL = Quantidade de Embarques Controlados aber-tos pelo EQF

Empresa Maxion A empresa Maxion apresenta um quadro com as exi-gencias para seus fornecedores e as certificações ISO9001, ISSO/TS 16949, Sasmaq são colocadas

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como desejáveis conforme se observa na figura 7 a seguir.

Figura 7 – Qualificação fornecedores Maxion

5. CONCLUSÕES As conclusões desta pesquisa mostra que a certifica-ção ISO9001 não aparece como requisito obrigatório, mas desejável. No entanto, os questionários obser-vados trazem questões diretamente ligadas aos Sis-temas de Gestão da Qualidade em conformidade

com a ISO9001, levando a conclusão que a ISO9001 acabada sendo exigida de forma implícita, pois, sem ela, a maioria dos itens avaliados não são pontuados.

REFERÊNCIAS [1] Referências Bibliográficas

[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-NICAS. NBR ISO9001 Sistema de Gestão da Qualidade: Requisitos. Rio de Janeiro, 2008.

[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-NICAS. NBR ISO9000 Sistema de Gestão da Qualidade: Vocabulário e Definições. Rio de Ja-neiro, 2005.

[4] GEORGES, M.R.R. – BPQUALITY – Arquitetura para modelagem de Processos de Negócio para sistemas de Gestão da Qualidade. In anais 7 CONTECSI – Congresso Internacional de Gestão de Tecnologia e Sistemas de informação, São Paulo, 2010.

[5] INTERNATIONAL STANDARD ORGANIZATION – ISO Survey. Disponível em < http://www.iso.org/iso/home/standards/certification/iso-survey.htm> acessado em 20/12/2012.

[6] , 2008.