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Avaliação econômica do cultivo de Pinus spp. para um sistema de produção modal no Sul do Brasil
José Mauro Magalhães Ávila Paz Moreira1; Edilson Batista de Oliveira2; Dieter Liebsch3; Sandra Bos
Mikich4
Resumo
A região Sul do Brasil é a principal produtora de madeira do gênero Pinus, abastecendo vários
segmentos da cadeia produtiva florestal. Este trabalho buscou identificar um sistema de produção
modal para Pinus spp. no Sul do país, utilizando a técnica de painel de especialistas. Um sistema de
produção de média tecnologia foi identificado, sendo realizada a análise de viabilidade financeira
para dois regimes de manejo distintos, um sem desbastes com corte raso aos 15 anos (RSD), e outro
com dois desbastes (8 e 12 anos) e corte raso aos 19 anos (R2D). O R2D apresentou melhores
resultados econômicos do que o RSD para a situação analisada, com VPLA de R$ 314,39 por hectare
e uma TIR real de 7,0% ao ano. O RSD obteve um VPLA de R$ 35,89 por hectare e uma TIR real de
4,43% ao ano. Uma análise de sensibilidade em relação ao custo de oportunidade do capital foi
realizada, enfatizando não apenas o seu impacto na rentabilidade dos regimes de manejo, mas como
este afeta a apropriação dos juros e outras despesas sobre as receitas obtidas. A uma TMA real de 6%
ao ano, o R2D remuneraria todos os fatores de produção utilizados e ainda restaria o equivalente a
R$ 99,02 por ano, enquanto que o RSD teria que reduzir o valor pago pelo arrendamento da terra de
R$ 400,00 para R$ 276,16 por hectare para manter a sua viabilidade econômica.
Palavras-chave:
Regimes de manejo, painel de especialistas, análise de sensibilidade
Abstract
Brazilian South Region produces the majority of Pinus spp wood, which supplies several segments
of the forest industry supply chain. This paper aims to identify a modal production system for Pinus
in south Brazil, through the expert panel technique. A medium-technology production system was
identified, being held financial feasibility analysis for two different management regimes, one without
thinning (WTR) with clear cutting at age fifteen, and another with two thinning (8 and 12) and clear-
cutting at age 19 (2TR). The 2TR system offered better economic results than the WTR. It offered
R$ 314.39 ANPV per hectare and a 7% real IRR annually. The WTR offered an R$ 35.89 ANPV per
hectare and a 4.43% real IRR annual. A sensitivity analysis on the real interest rate was carried out,
emphasizing not only the impact on profitability, but also how such impact was distributed among
the inputs. At 6% annual real interest rate, the 2TR reward all inputs and remain the equivalent to R$
99.02 annually per hectare, while the WTR would have to reduce the lease of the land from R$ 400.00
to R$ 276.16 per hectare to maintain their economic feasibility.
‘
Key words: management regimes, expert panel, sensivity analysis
1 Pesquisador da Embrapa Florestas. [email protected] 2 Pesquisador da Embrapa Florestas. [email protected] 3 Doutorando em Engenharia Florestal da UFPR. [email protected] 4 Pesquisadora da Embrapa Florestas. [email protected]
INTRODUÇÃO
As florestas plantadas têm um importante papel no mundo e no Brasil, sendo fonte sustentável
de produtos florestais madeireiros (lenha, madeira em tora para serraria, laminação, celulose e outros
usos) e não madeireiros (folhas, óleos essenciais, frutos, látex, resina e outros), divisas, emprego e
renda. Além disso, ofertam uma gama de serviços ambientais, como preservação do solo e de rios,
são fontes de energia renovável e contribuem para redução dos gases de efeito estufa na atmosfera
(IBA, 2015). A área de florestas plantadas vem crescendo no mundo, passando de 171,3 milhões de
hectares em 1990 para 264 milhões de hectares em 2010 (GLOBAL FOREST RESOURCE
ASSESSMENT, 2010).
O Brasil segue esta tendência de elevação da área com florestas plantadas, ainda que com uma
taxa um pouco inferior à média mundial (2,01% ao ano frente a 2,8%), passando de 4,98 milhões de
hectares em 1990 para 7,41 milhões de hectares em 2010 (GLOBAL FOREST RESOURCE
ASSESSMENT, 2010). Embora a área plantada do Brasil tenha crescido 48,8% entre 1990 e 2010, a
produção brasileira oriunda de florestas plantadas cresceu a taxas superiores no mesmo período para
lenha (111,5%), madeira em tora (146,1%) e carvão vegetal (87,56%). Este aumento da produção
superior ao de área plantada indica ganhos de produtividade nas florestas nacionais plantadas,
decorrente da substituição por espécies mais produtivas, do melhoramento genético e/ou da melhoria
das técnicas silviculturais.
A área plantada com o gênero Pinus tem diminuído no Brasil na última década, passando de
1,89 milhões de hectares em 2006 para 1,57 milhões em 2013, representando 20,65% da área de
florestas plantadas no país (IBÁ, 2014). Não obstante, o país apresenta a maior produtividade de
coníferas do mundo, com 31,3 m³/ha/ano, valor esse 13,8% superior à Nova Zelândia (27,5
m³/ha/ano), 73,9% superior ao Chile e à Indonésia (18,0 m³/ha/ano), e acima de 100% superior aos
Estados Unidos (13,7 m³/ha/ano), Suécia (3,5 m³/ha/ano) e Finlândia (2,0 m³/ha/ano) (IBÁ, 2014).
O principal uso da madeira de pínus no Brasil, em 2013, foi madeira em tora para outras
finalidades, seguido de madeira em tora para papel e celulose (PEVS, 2013). A produção nacional
madeira de pínus em 2013 foi de 42,0 milhões de metros cúbicos, representando 22,6% da produção
de madeira de silvicultura no país e o valor bruto da produção pago ao produtor foi de R$ 2,8 bilhões,
representando 19,91% do valor bruto da produção de produtos florestais madeireiros pagos ao
produtor em 2013 (PEVS, 2013). Este gênero ainda foi responsável pela produção de 73,46 toneladas
de resina, com valor bruto da produção de R$ 130,2 milhões em 2013. Tais números evidenciam a
importância do gênero Pinus para a silvicultura nacional.
A produção de pínus no Brasil se destina a madeira de múltiplo uso em geral, se destinando a
laminadoras, serrarias, celulose ou energia dependendo das dimensões da tora. Caso o foco da
produção seja a obtenção de um volume maior de madeira de diâmetro elevado, o regime de manejo
(RM) utilizado inclui desbastes nas suas operações silviculturais e apresenta duração um pouco mais
longa. As desramas também são incorporadas ao sistema de produção caso haja intenção de se
produzir madeira livre de nós para a obtenção de um produto de maior qualidade e que possa ser
comercializado a preços mais elevados. Empresas com foco na produção de madeira para celulose
geralmente não realizam desbastes e trabalham com ciclos de produção um pouco mais curtos.
A busca pelo máximo retorno econômico envolve a análise de diferentes formas de se manejar
a floresta, sendo a escolha do melhor regime de manejo imprescindível para que o produtor ou
investidor florestal maximize os seus resultados. Tal escolha depende primeiramente do mercado que
o produtor/investidor pretende ofertar a sua produção, e então diferentes regimes podem ser
analisados para verificar qual resulta no melhor desempenho financeiro (p.ex. FLORIANO et al,
2009; FOLMANN, 2011). Nesse sentido, o objetivo do presente estudo é descrever um sistema de
produção de pínus apontado como mais comum por especialistas das empresas florestais na região
Sul do Brasil, discutir os diferentes indicadores de viabilidade financeira utilizados para avaliar a
viabilidade de projetos florestais, e realizar a análise de viabilidade financeira do sistema de produção
modal submetido a dois regimes de manejo, um sem a utilização de desbastes, mais utilizado pelas
empresas de celulose, e outro com a realização de dois desbastes, mais utilizado pelas empresas
florestais de produção de madeira para uso múltiplo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia de coleta de dados por painel de especialistas
Com o objetivo de se obter um sistema de produção de pínus que pudesse representar a
realidade mais comum na região Sul do Brasil, utilizou-se a metodologia de painel para a coleta dos
dados silviculturais e econômicos. Segundo De Zen & Peres (2002), o painel é um instrumento de
coleta de dados que permite agilidade e um elevado grau de conhecimento já que a elaboração dos
custos e do fluxo de caixa ocorrem com base nas informações técnicas da região em estudo e os
produtores participam da discussão, contribuindo com o seu conhecimento, retratando a realidade
usualmente encontrada na região e sendo inseridos como partícipes e co-responsáveis pelas
informações.
Um painel é composto por um ou mais pesquisadores, um técnico da região e um grupo de
cinco a sete produtores. Esse grupo, após a apresentação do sistema modal de produção inicialmente
proposto pelos pesquisadores, discutirá o mesmo e o modificará ou validará os coeficientes técnicos
e as entradas e saídas do fluxo de caixa, chegando a um consenso sobre o sistema de produção
comumente utilizado na região de estudo.
Execução do painel de especialistas
Representantes de empresas produtoras de Pinus spp. da região Sul do país em conjunto com
pesquisadores da Embrapa Florestas e representantes da Associação Paranaense de Empresas de Base
Florestal (APRE) reuniram-se no dia 09 de abril de 2013 e estabeleceram um sistema de produção
modal para a região Sul, com foco em manejo para madeira de processo (celulose), sem desbastes ou
desramas. Baseando-se na produtividade e no índice de sítio modal estabelecidos no painel, a curva
de crescimento foi simulada no software SisPinus de maneira a se obter a produtividade desejada com
base no índice de sítio mais comum, no ciclo de produção modal no regime sem desbastes e na
densidade de plantio informada.
Os preços dos produtos definidos no painel foram obtidos a posteriori (julho de 2013) por
meio de consulta a especialistas na área de comercialização de madeira de pínus no Sul do país. A
forma de comercialização escolhida foi a madeira carregada na borda do talhão, não incluindo o custo
de frete na análise. O fluxo de caixa foi elaborado com valores constantes, utilizando uma taxa mínima
de atratividade (TMA) real de 4% ao ano.
Após a execução do modal de especialistas para o sistema de produção sem desbastes, uma
empresa do setor que realiza desbastes foi contatada para obtenção das informações adicionais para
a formação do regime de manejo modal com desbastes, e os valores obtidos foram validados por dois
especialistas da área de gestão florestal.
Análise de viabilidade econômica
Os dados foram organizados em uma planilha MS Excel 2013 e realizou-se a análise de
viabilidade econômica e financeira utilizando oito indicadores financeiros, além do detalhamento da
apropriação do valor futuro da receita bruta para uma melhor visibilidade da remuneração dos fatores
de produção utilizados no sistema de produção. Alguns indicadores foram calculados duas vezes, uma
considerando o custo de oportunidade da terra e outra não considerando tal custo. O objetivo de não
considerar o custo da terra é avaliar qual o valor máximo a ser pago como remuneração pelo fator de
produção terra sem comprometer a viabilidade econômica do projeto. A seguir se apresenta alguns
conceitos fundamentais e os indicadores financeiros utilizados para a construção da análise.
Taxa mínima de atratividade e Fluxo de caixa
A taxa mínima de atratividade (TMA) é a taxa mínima a ser alcançada por determinado projeto
para que o mesmo seja considerado viável (KASSAI et. al, 2012). É utilizada também para descontar
os valores do fluxo de caixa para calcular o indicador Valor Presente Líquido (VPL) ou capitalizá-
los para calcular o indicador Valor Futuro Líquido (VFL). Serve como parâmetro para comparação
com a Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto e representa o rendimento de uma segunda melhor
alternativa de aplicação do capital para as mesmas condições de risco.
A TMA pode ser nominal ou real. A TMA nominal é aquela efetivamente solicitada pelo dono
do capital para empregá-lo em um projeto sendo, segundo Gitman (2010), composta por três
elementos: a taxa real de valorização do capital, a expectativa inflacionária para manutenção do poder
de compra da moeda, e um prêmio pago pelo risco adicional que o projeto oferece em relação a outros
investimentos de baixo risco que remunerem o capital à mesma taxa real de valorização.
Segundo Kassai et al (2012), o fluxo de caixa utilizado para representar as entradas e saídas
do projeto podem ser de três tipos: fluxos de caixa nominais, onde as entradas e saídas encontram-se
em valores correntes na época da sua realização; fluxos de caixa constantes, onde os fluxos de caixa
são apresentados em um mesmo padrão monetário, significando que os valores apresentados possuem
o mesmo poder de compra em um ano de referência, sendo retirada a influência da inflação do mesmo;
e fluxos de caixa descontados, onde todos os valores encontram-se descontados para o presente por
meio de uma taxa de desconto definida para o investimento, que é a TMA.
Um fluxo de caixa a nominal deve ser analisado utilizando uma TMA nominal, enquanto que
um fluxo de caixa a preços constantes deve ser analisado utilizando uma TMA real, de maneira que
o fluxo de caixa descontado resultante dos dois métodos será o mesmo se a taxa de inflação utilizada
para compor a TMA nominal for a mesma aplicada nas entradas e saídas do fluxo de caixa
(KLEMPERER, 1996).
Segundo Klemperer (1996), as análises ex ante de projetos florestais, devido à sua longa
duração e à dificuldade de se prever preços nominais no futuro, geralmente são realizadas utilizando
fluxos de caixa a preços constantes, devendo ser descontados por uma TMA real. Não é raro na
literatura encontrar trabalhos que constroem fluxos de caixa a preços constantes, mas referenciam
taxas de juros nominais, como a poupança ou a Selic, para atribuir valores a TMA. Este procedimento
resulta em um sobre-desconto dos valores do fluxo de caixa, ou na imposição de um pressuposto
pouco provável de que os preços de serviços, terra e produtos não sofrerão nenhum reajuste ao longo
do tempo. A adequação do tipo de TMA utilizado ao fluxo de caixa construído é um passo
fundamental para uma correta avaliação da atratividade financeira do empreendimento florestal.
Valor Presente Líquido (incluindo e não incluindo a terra)
O Valor Presente Líquido (VPL) é um indicador financeiro muito utilizado na avaliação
econômica de projetos, sendo definido pela soma algébrica das entradas e saídas do fluxo de caixa do
projeto descontadas para o presente a uma determinada taxa de juros (REZENDE & OLIVEIRA,
2001). O seu cálculo é definido pela equação 1.
𝑉𝑃𝐿 = ∑𝑅𝑗
(1+𝑖)𝑗𝑛𝑗=0 − ∑
𝐶𝑗
(1+𝑖)𝑗𝑛𝑗=0 eq.1
Onde: 𝑅𝑗 – receita ou entrada no ano j; 𝐶𝑗 – custo ou saída no ano j; 𝑖 – taxa de juros ou TMA
utilizada para o projeto; 𝑛 – duração do projeto.
Caso o VPL seja maior ou igual a zero, conclui-se que o projeto em questão remunera todos
os fatores de produção (terra, trabalho e capital) utilizados pelo projeto, sendo viável. Valores de VPL
menores do que zero indicam que as receitas obtidas pelo projeto não são suficientes para remunerar
os fatores de produção utilizados.
Valor Futuro Líquido (incluindo e não incluindo a terra)
O Valor Futuro Líquido (VFL) é definido pela soma algébrica das entradas e saídas do fluxo
de caixa do projeto capitalizadas para o ano do final da duração do projeto a uma determinada taxa
de juros (REZENDE & OLIVEIRA, 2001). O seu cálculo é definido pela equação 2.
𝑉𝐹𝐿 = ∑ 𝑅𝑗(1 + 𝑖)(𝑛−𝑗)𝑛𝑗=0 − ∑ 𝐶𝑗(1 + 𝑖)(𝑛−𝑗)𝑛
𝑗=0 eq.2
A interpretação do VFL é semelhante à do VPL, e a sua magnitude de valor se dá pela
consideração da remuneração do VPL para o final do horizonte de planejamento do projeto pela taxa
de desconto selecionada.
Valor Anual Equivalente ou VPL Anualizado (incluindo e não incluindo a terra)
O Valor Anual Equivalente (VAE) ou Valor Presente Líquido Anualizado (VPLA) é a
representação de uma série de pagamentos anuais de mesmo valor ao longo de toda a duração do
projeto, cujo VPL é exatamente igual ao VPL do projeto original. Ao converter o resultado líquido
do projeto (VPL ou VFL) em uma série anual de pagamentos, possibilita a comparação de projetos
com horizontes de duração diferentes em uma mesma base temporal (um ano) (SILVA & FONTES,
2005). Para que a comparação entre projetos possa ser realizada de maneira válida por este indicador
o pressuposto de que os projetos sejam repetidos ao longo do tempo deve ser atendido (KASSAI et
al., 2012). O indicador pode ser calculado por meio das equações 3 ou 4.
𝑉𝑃𝐿𝐴 = 𝑉𝑃𝐿𝑖(1+𝑖)𝑛
(1+𝑖)𝑛−1 eq. 3
𝑉𝑃𝐿𝐴 = 𝑉𝐹𝐿𝑖
(1+𝑖)𝑛−1 eq. 4
A interpretação do VPLA é semelhante à do VPL, e a sua magnitude de valor se dá pela
anualização do retorno obtido pelo VPL ou VFL. A interpretação deste indicador considerando ou
não o custo de oportunidade da terra no fluxo de caixa é muito útil ao gestor florestal.
Ao considerarmos o custo de oportunidade da terra no fluxo de caixa, todos os fatores de
produção (terra, trabalho e capital) utilizados pelo projeto foram remunerados, sendo o valor do
VPLA equivalente ao aumento de riqueza (excedente) anualizada gerado pelo projeto, que pode ser
comparado com outros projetos (que também tenham remunerado todos os fatores de produção
utilizados) para fins de seleção e escolha entre projetos.
Quando o fluxo de caixa é calculado sem a inserção do custo de oportunidade (ou custo de
arrendamento) da terra, o VPLA representa a parcela anual equivalente da riqueza gerada após a
remuneração de todos os fatores de produção utilizados projeto com exceção de um, a terra. Desta
forma, representa o valor máximo que poderia ser retirado anualmente do projeto para remunerar este
fator de produção sem comprometer a viabilidade do projeto. Seu valor pode ser comparado com o
custo de arrendamento da terra em questão para verificar se o valor em negociação excede o valor
máximo que o projeto tem condições de remunerar.
Desta maneira, o projeto será considerado viável se o valor do 𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎) for maior ou
igual a zero, e se o valor do 𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑠𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎) for maior ou igual ao custo de arrendamento anual da
terra onde o projeto será executado.
Valor Presente Líquido Infinito (incluindo o custo de terra) e Valor Esperado da Terra (VET)
(não incluindo o custo de terra)
O Valor Presente Líquido Infinito (VPLI) é dado pelo VPL de uma sucessão infinita do projeto
analisado ceteris paribus, sendo que a construção do fluxo de caixa do projeto remunera todos os
fatores de produção. Pode ser calculado pela equação 5.
𝑉𝑃𝐿𝐼 =𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎)
𝑖=
𝑉𝐹𝐿(𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎)
(1+𝑖)𝑛−1 eq. 5
A interpretação do VPLI é semelhante ao VPL, sendo o projeto viável se o valor do mesmo
for maior ou igual a zero. É um indicador utilizado para se comparar projetos alternativos com
horizontes de duração diferentes e indica a riqueza esperada caso o projeto analisado seja repetido
infinitamente sob as mesmas condições.
O Valor Esperado da Terra (VET) é dado pelo VPL de uma sucessão infinita do projeto
analisado ceteris paribus, sendo que a construção do fluxo de caixa do projeto remunera todos os
fatores de produção exceto a terra. Desta maneira, o valor calculado pelo VET representa o valor
máximo que pode se pagar pela aquisição da terra onde será executado o projeto em questão (SILVA
& FONTES, 2005). O indicador pode ser calculado pela equação 6.
𝑉𝐸𝑇 =𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑠𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎)
𝑖=
𝑉𝐹𝐿(𝑠𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎)
(1+𝑖)𝑛−1 eq. 6
A interpretação do VPLI e do 𝑉𝐸𝑇 se assemelha à interpretação do 𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎) e do
𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑠𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎), respectivamente. Com a diferença de que o projeto será considerado viável se o
𝑉𝑃𝐿𝐼 for maior ou igual a zero, ou se o 𝑉𝐸𝑇 for maior ou igual ao custo de aquisição da terra.
Taxa Interna de Retorno
Segundo Kassai et al (2012), a Taxa Interna de Retorno (TIR) representa a taxa de desconto
que iguala, em um único momento, o valor das receitas com o valor dos custos do projeto, sendo a
taxa de juros que iguala o VPL do projeto a zero.
0 = ∑𝑅𝑗
(1+𝑇𝐼𝑅)𝑗𝑛𝑗=0 − ∑
𝐶𝑗
(1+𝑇𝐼𝑅)𝑗𝑛𝑗=0 eq.7
O projeto será considerado viável se o valor calculado para a TIR for maior ou igual à Taxa
Mínima de Atratividade do capital.
Relação Benefício Custo
A Relação Benefício/Custo (B/C) é um indicador financeiro que apresenta a relação entre o
valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos do projeto (REZENDE & OLIVEIRA,
2001), e pode ser calculado pela equação 10.
𝐵/𝐶 =∑
𝑅𝑗
(1+𝑖)𝑗𝑛𝑗=0
∑𝐶𝑗
(1+𝑖)𝑗𝑛𝑗=0
eq. 10
Projetos que apresentem B/C maior ou igual a um são considerados viáveis. Este indicador
também serve para expressar quantas unidades monetárias, a valor presente, serão obtidas por cada
unidade monetária, a valor presente, investidas no projeto.
Custo Médio de Produção ou Custo Financeiro de Produção
O custo médio de produção (CMP) compara o valor presente da produção florestal resultante
do projeto com o valor presente do somatório dos custos do projeto, resultando em um custo médio
de produção por unidade de produto a valor presente (REZENDE & OLIVEIRA, 2001). Este
indicador serve como parâmetro para determinação de um preço mínimo de venda do produto
florestal para que o projeto seja considerado viável, ou seja, tenha condições de remunerar todos os
fatores de produção utilizados no projeto. O cálculo do indicador pode ser efetuado pela equação 11.
𝐶𝑀𝑃 =∑
𝐶𝑗
(1+𝑖)𝑗𝑛𝑗=0
∑𝑉𝑗
(1+𝑖)𝑗𝑛𝑗=0
eq. 11
Onde 𝑉𝑗 é a produção do produto florestal no ano j.
Distribuição da apropriação das receitas do projeto
Como os projetos florestais acumulam custos ao longo de vários anos e a receita se dá de
maneira concentrada em alguns anos, às vezes é difícil para pessoas não familiarizadas com a
matemática financeira compreender como uma receita tão elevada gera um indicador de valor
reduzido em alguns projetos. Com o objetivo de tentar facilitar tal compreensão, tomou-se a iniciativa
de decompor a apropriação das receitas brutas, capitalizadas para o final da duração do projeto, para
cada um dos grupos de fatores de produção (terra, capital) ou grupos de custo (desembolsos). O seu
valor foi decomposto em desembolsos, arrendamento, pagamento de juros sobre o capital e a
remuneração adicional ao investidor, dada pelo Valor Futuro Líquido incluindo a terra.
RESULTADOS
O painel contou com a participação de oito especialistas, incluindo representantes de empresas
florestais e pesquisadores da Embrapa Florestas, que definiram o sistema modal de produção de pínus
no Sul do Brasil com as seguintes características: preparo do solo apenas com enleiramento dos
resíduos (sem subsolagem/escarificação); plantio manual, sem adubação; os tratos culturais
considerados foram o combate à formiga, as roçadas e as capinas químicas.
O sistema não realiza poda e o preço considerado foi para madeira sem desrama. A densidade
de plantio foi de 1.600 árvores por hectare (espaçamento 2,5 m x 2,5 m), com um índice de sítio
modal de 22 e produtividade esperada de 36 m³/ha/ano aos 15 anos no povoamento sem a realização
de desbastes (RSD). O modal do sistema de produção com desbastes (R2D) incluiu dois desbastes,
caracterizado pelas seguintes operações adicionais: primeiro desbaste aos 8 anos, deixando um
remanescente de 800 árvores, segundo desbaste aos 12 anos deixando um remanescente de 450
árvores, e corte raso aos 19 anos de idade do povoamento. A produção esperada para estes dois
regimes de manejo, estratificada por produtos e os seus respectivos preços, pode ser observada na
Tabela 1.
Os custos de implantação foram R$ R$ 1.788,00/ha, e os custos de manutenção totalizaram
R$ 692,00/ha ao longo do primeiro ano e R$ 467,00/ha ao longo do segundo ano (Tabela 2). O custo
anual de arrendamento considerado foi de R$ 400,00/ha, sendo inserido no fluxo de caixa do ano 1
ao ano da idade de corte do regime de manejo em análise. Os custos anuais de administração (R$
26,00/ha), proteção florestal (R$ 126,00/ha) e conservação e manutenção de estradas não associadas
à colheita florestal (R$ 48,00/ha) foram inseridos nos períodos correspondentes.
Tabela 1 – Produção e preços por sortimentos dos regimes modais de produção de Pinus spp. no Sul do Brasil com base
em painel de especialistas.
Sortimento
Volume (m³/ha) Preço
(R$/m³) Regime RSD Regime R2D
Corte Raso 1º Desbaste 2º Desbaste Corte Raso
Total 540,00 80,5 94,0 392,2
S4 - ø ≥ 35 cm - - - 4,3 145,00
S3 – 25 ≤ ø < 35 cm 18,30 - 0,2 203,1 110,00
S2 – 18 ≤ ø < 25 cm 257,20 2,6 38,3 124,9 75,00
S1 – 08 ≤ ø < 18 cm 240,50 61,5 51,0 51,6 50,00
Energia (ø < 8 cm) 23,70 16,4 4,5 8,3 11,00
IMA (m³/ha/ano) 36,00 25,2 29,9 29,8
Tabela 2 – Custos silviculturais do plantio de Pinus spp. no Sul do Brasil com base em painel de especialistas.
Operação Fatores de Produção ou Atividade Ano Custo (R$/ha)
Preparo de solo – limpeza¹ Enleiramento 0 350,00
Plantio¹ Mão de obra, muda, equipamento 0 750,00
Combate à formiga (pré-plantio)¹ Mão de obra, isca granulada 0 36,00
Replantio¹ Mão de obra, mudas 0 70,00
Combate à formiga (pós-plantio)¹ Mão de obra, isca granulada 0 72,00
Roçada de manutenção – manual² Mão de Obra e Motoroçadeira 0 60,00
Aplicação de herbicida¹ Mão de obra e herbicida 0 450,00
Roçada de manutenção – mecanizada³ Roçadeira 1 182,00
Roçada de manutenção – manual² Mão de Obra e Motoroçadeira 1 60,00
Aplicação de herbicida¹ Mão de obra e herbicida 1 450,00
Roçada de manutenção – mecanizada³ Roçadeira 2 182,00
Roçada de manutenção – manual² Mão de Obra e Motoroçadeira 2 60,00
Aplicação de herbicida¹ Mão de obra e herbicida 2 225,00
1 – aplicação em 100% da área, 2 – aplicação em 30% da área, 3 – aplicação em 70% da área.
O custo de colheita, incluindo os gastos com as operações de corte, extração, carregamento,
supervisão e manutenção de estradas associadas à colheita foi estimado em R$ 29,00/m³ para o corte
raso no regime sem desbastes, de R$ 32,01/m³ para o primeiro desbaste, R$ 27,45/m³ para o segundo
desbaste, e de R$ 22,44/m³ para o corte raso no regime de manejo com desbastes. A forma de
comercialização utilizada foi a madeira no carreador, ficando o frete por conta do comprador da
madeira.
Análise de viabilidade econômica
Os indicadores de viabilidade econômica calculados para regime de manejo sem desbastes
(RSD) e para o regime de manejo com dois desbastes (R2D), os quais podem ser observados na
Tabela 3. O regime RSD mostrou-se viável economicamente uma vez que gera renda suficiente para
remunerar todos os fatores de produção utilizados (terra, trabalho e capital) durante os 15 anos de
execução do projeto e ainda sobra R$ 398,99 por hectare a valores atuais para aumentar a riqueza do
investidor, o que equivale a uma parcela anual de R$ 35,89 por hectare.
O regime em questão poderia pagar no máximo 4,43% como taxa mínima de atratividade real
sobre o capital sem comprometer a viabilidade financeira do projeto, ou um valor de arrendamento
anual de R$ 435,89 por hectare. O valor máximo que poderia ser pago pela terra sem comprometer a
viabilidade do projeto seria de R$ 10.897,13 por hectare e, na conjuntura analisada, cada real
investido neste projeto aumenta a riqueza do investidor em 2,19 centavos a valores atuais. A madeira
poderia ser comercializada até pelo preço médio de R$ 60,87 por metro cúbico carregado na borda
do talhão, ou R$ 31,87/m³ em pé.
Tabela 3 – Indicadores de viabilidade financeira para os regimes de manejo analisados.
Indicador Regime de manejo sem desbastes Regime de manejo com dois desbastes
Incluindo a terra Não incluindo a terra Incluindo a terra Não incluindo a terra
VPL (R$/ha) 398,99 4.846,34 4.129,23 9.382,80
VFL (R$/ha) 718,55 8.727,99 8.699,66 19.768,15
VPLA (R$/ha/ano) 35,89 435,89 314,39 714,39
VPLI (R$/ha) 897,13 7.859,84
VET (R$/ha) 10.897,13 17.859,84
B/C 1,0219 1,2240
TIR (%) 4,43 7,00
CMP (R$/m³) 60,87 60,71
O regime R2D também se mostrou viável do ponto de vista econômico, gerando renda
suficiente para remunerar todos os fatores de produção empregados (terra, trabalho e capital) pelo seu
custo de oportunidade ao longo dos seus 19 anos de execução, e gerando um excedente de riqueza de
R$ 4.129,23 por hectare em valores atuais, equivalente à uma parcela anual de R$ 314,39 por hectare.
O R2D pode remunerar terras com valor de arrendamento anual de até R$ 714,39 por hectare, ou
adquirir terra por até R$ 17.859,84 o hectare para implantação do projeto, sem comprometer a sua
viabilidade econômica. Cada real investido neste projeto aumenta a riqueza do investidor em 22,4
centavos em valores atuais. O custo médio de produção ficou em R$ 60,71/m³ da madeira empilhada
na borda do talhão, ou R$ 35,71/m³ em pé, sendo este o preço mínimo de venda da madeira para não
comprometer a viabilidade econômica do projeto.
Algumas vezes é difícil compreender estes indicadores aplicados a empreendimentos
florestais devido a sua característica de longo prazo, receitas concentradas ao final do investimento,
e um parcela significativa da receita bruta sendo utilizada para pagar os custos de oportunidade sobre
a terra e o capital, principalmente se estes fatores pertencerem ao investidor, o que implica no não
desembolso dos valores correspondentes à sua remuneração ao longo do projeto. Neste caso, o que
sobra no bolso do investidor ao final do ciclo é a soma do resultado líquido do empreendimento (VFL)
mais os custos de oportunidade dos fatores de produção que pertencem ao investidor. Com o objetivo
de facilitar esta compreensão, a apropriação das receitas brutas nos dois regimes de manejo analisados
foi decomposta e pode ser observada na Figura 1.
Embora este gráfico não deva ser utilizado para a comparação direta entre os dois regimes de
manejo, uma vez que ilustra o indicador Valor Futuro Líquido, que não pode ser utilizado para
comparar projetos com horizontes de duração diferentes, servindo apenas para observarmos quais
fatores de produção de apropriam da receita obtida ao final do projeto.
O regime R2D (mais longo) teve um aumento nos desembolsos de todos os custos com
exceção das despesas silviculturais e os custos de colheita (que independem da duração do projeto),
mas teve um pequeno aumento no volume total de madeira e, principalmente, uma alteração da
produção em sortimentos de menor preço (menor diâmetro) para sortimentos mais caros, refletindo
em um aumento significativo da receita bruta.
Figura 1 – Apropriação das receitas pelos fatores de produção utilizados.
Outro ponto que chama atenção foi o custo total de colheita menor no regime com dois
desbastes do que no regime sem desbastes. Neste estudo de caso isto ocorreu devido a diferenças no
rendimento das operações de colheita nos dois regimes, especialmente no corte raso, onde se
concentrou o maior volume retirado e o regime R2D teve uma redução de 22,62% no custo unitário
de colheita em comparação ao regime RSD. Este resultado também pode ter sido obtido devido à
coleta de informações sobre os custos de colheita e desbaste utilizadas no regime R2D não ter sido
realizada no painel, sendo consultadas um grupo diferente de empresas e especialistas que podem ter
uma realidade de rendimentos operacionais diferente daquela levantada pelo painel.
Análise de sensibilidade
A análise de sensibilidade permite verificar como a rentabilidade de um empreendimento se
comporta frente a alterações no cenário técnico e econômico estabelecido para a análise da sua
viabilidade financeira. A análise de sensibilidade verificou o impacto da taxa mínima de atratividade
no valor máximo que o projeto poderia pagar anualmente pelo arrendamento da terra sem
comprometer a sua viabilidade financeira (Figura 2).
Figura 2 – Alteração do 𝑉𝑃𝐿𝐴(𝑠𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎) em função da TMA real aplicada aos projetos florestais
Percebe-se que, caso a TMA real fosse elevada de 4% para 6% ao ano, o regime RSD poderia
remunerar o arrendamento anual da terra no máximo a R$ 276,16/ha sem comprometer a sua
R$ 2.947 R$ 2.947
R$ 3.000 R$ 3.800
R$ 15.660 R$ 13.958
R$ 6.000 R$ 7.600
R$ 3.254
R$ 7.071 R$ 2.009
R$ 3.468 R$ 719
R$ 8.700
R$ 33.589
R$ 43.948
R$ 3.597
R$ -
R$ 10.000
R$ 20.000
R$ 30.000
R$ 40.000
R$ 50.000
Custos Receitas Custos Receitas
Regime RSD (15 anos) Regime R2D (19 anos)
Juros s/ Receitas
Receitas
Valor Futuro Líquido
Juros s/ Terra
Juros s/ Despesas
Desp. Terra
Desp. Colheita e Carregamento
Desp. Gerais
Desp. Silvicultura
R$(400,00)
R$(200,00)
R$-
R$200,00
R$400,00
R$600,00
R$800,00
R$1.000,00
R$1.200,00
0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 14,0%
Val
or
Pre
sen
te L
íqu
ido
An
ual
izad
o (
sem
ter
ra)(R
$/h
a an
o)
Taxa Mínima de Atratividade real (% ao ano)
Regime RSD Regime R2D
viabilidade financeira. Já o regime R2D remuneraria o arrendamento aos atuais R$ 400,00/ha, o
capital a 6% ao ano, e ainda restaria o equivalente a uma parcela anual de R$ 99,02 ao investidor.
Outra informação relevante é que o regime R2D foi mais rentável do que o regime RSD para todos
os valores alterativos de TMA considerados.
A Figura 3 apresenta o impacto da TMA real na apropriação das receitas do regime R2D ao
final da duração do projeto. Os desembolsos (custos silviculturais, despesas gerais, arrendamento e
custo de colheita) permanecem os mesmos independente da TMA aplicada, assim como as receitas
obtidas pela venda da madeira nos desbastes e no corte raso. O que varia são os juros pagos pelo
capital utilizados nos desembolsos e recebidos pelas receitas intermediárias recebidas ao longo do
projeto (desbastes).
Figura 3 – Apropriação da receita do regime R2D sob diferentes TMAs reais
Observa-se que o total das receitas (receitas e juros sobre receitas intermediárias) superam o
total dos custos (desembolsos e juros sobre desembolsos) até uma TMA de 6% ao ano, resultando em
um VFL positivo para o regime de manejo. Os totais praticamente se igualam a uma TMA de 7% ao
ano, sendo esta aproximadamente igual a TIR do regime de manejo.
Nos cenários analisados, uma TMA superior a 7% ao ano, mesmo com um pequeno aumento
nos juros pagos sobre a receita obtida com os desbastes, o total das receitas é inferior ao total dos
custos, resultando em um VFL negativo. Ou seja, o projeto não gera renda suficiente para remunerar
todos os fatores de produção.
Outro ponto a destacar é que o custo do capital praticamente iguala ao valor dos desembolsos
(neste projeto) a partir de uma TMA de 8% ao ano, superando-o para TMA maiores. Devido a este
impacto é que o setor afirma que a atividade florestal, principalmente de ciclos mais longos, não é
compatível com elevados custos de oportunidade do capital.
CONCLUSÕES
O plantio de pinus sem desbastes (RSD) para aproveitamento de múltiplo uso, mas com foco
na produção de madeira para processo é economicamente viável na Região Sul do país, remunerando
todos os fatores de produção utilizados no empreendimento e aumentando a riqueza dos
empreendedores no equivalente a R$ 35,89 por hectare por ano. Entretanto, a condução desta floresta
com foco em madeira serrada (R2D) aumentaria de maneira significativa a sua viabilidade financeira,
no cenário analisado. A maior rentabilidade do regime R2D foi mantida para taxas mínimas de
atratividade real do capital variando de 2,0% a 12% ao ano. Tal análise pode sugerir focos de
produção à produtores florestais que tenham, nas suas redondezas, serrarias e laminadoras para
aquisição de madeira de maior diâmetro.
-R$ 20.000-R$ 10.000
R$ - R$ 10.000 R$ 20.000 R$ 30.000 R$ 40.000 R$ 50.000 R$ 60.000 R$ 70.000 R$ 80.000
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
Des
pes
as
Rec
eita
s
2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 10,0%
Val
ore
s p
or
hec
tare
no
19
º an
o
(em
R$
de
20
13
)
TMA real (ao ano)
Juros s/ Receitas
Receitas
VFL
Juros
Desembolsos
A análise também evidenciou o impacto que o aumento do custo de oportunidade do capital
tem na rentabilidade dos projetos florestais de pínus, apresentando como o custo de juros sobre o
capital aumenta a sua parcela de apropriação das receitas do projeto a taxas mínimas de atratividade
mais elevadas.
AGRADECIMENTOS
Esse estudo faz parte do projeto intitulado ”O macaco-prego (Cebus nigritus, Cebidae,
Mammalia) e as plantações comerciais de Pinus spp.: o problema, suas causas e propostas de manejo”,
uma parceria entre Embrapa Florestas e Celulose Irani S.A. e entre Embrapa Florestas e Fundo
Nacional para o Controle de Pragas Florestais – FUNCEMA. Os autores agradecem às empresas,
profissionais, e a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE), que colaboraram
fornecendo as informações para a realização do estudo.
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