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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA ADRIANO SCHIBINSKI PRESTES FERNANDO PARTICA DA SILVA AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL PONTA GROSSA 2009

Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

ADRIANO SCHIBINSKI PRESTES FERNANDO PARTICA DA SILVA

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

PONTA GROSSA 2009

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ADRIANO SCHIBINSKI PRESTES FERNANDO PARTICA DA SILVA

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Estadual de Ponta Grossa, como parte das exigências para a obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Jose Adelino Krüger

PONTA GROSSA 2009

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RESUMO

A atividade da construção civil no Brasil, para manter-se competitiva no mercado, busca constantemente a adoção de novas tecnologias e métodos construtivos. A utilização do sistema construtivo utilizando fôrmas ou moldes torna-se uma ferramenta crucial para empresas que buscam maximizar recursos, mão-de-obra e insumos para a construção. A adoção dessas novas tecnologias implica no surgimento de novos riscos para os trabalhadores, sendo necessários estudos para a resolução dos mesmos. A análise ergonômica do sistema construtivo utilizando fôrmas ou moldes é o objetivo proposto no presente trabalho, no qual o Diagrama de Corlett e Manenica, o método OWAS e a equação de NIOSH foram as ferramentas ergonômicas utilizadas para o levantamento dos dados. Utilizando o método OWAS, verificou-se que as atividades mais prejudiciais aos trabalhadores são as de levantamento, manuseio e abaixamento das peças. A equação de NIOSH caracterizou que as cargas das peças FA91,5 e CA30 podem gerar comprometimento no sistema musculoesquelético do trabalhador. Com o uso do Diagrama de Corlett e Manenica, sugere que as dores lombares, das mãos e dos joelhos são provenientes do transporte da peças FA91,5 e CA30. No entanto, as reais origens dos desconfortos e dores dos trabalhadores no canteiro de obras são de difícil identificação, uma vez que este se apresenta como um cenário hostil onde os riscos para os trabalhadores são originados de inúmeras fontes. Os resultados extraídos nesta pesquisa podem servir como recomendações e sugestões para futuros estudos visando a melhoria e o bem-estar do trabalhador. Palavras-chave: Construção Civil. Análise Ergonômica. Novos Métodos Construtivos.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 FIGURA 5 FIGURAS 6, 7 e 8 FIGURA 9 FIGURA 10 FIGURA 11 FIGURA 12 FIGURA 13 FIGURA 14 FIGURA 15 FIGURA 16 FIGURA 17 FIGURA 18 FIGURA 19 FIGURA 20 FIGURA 21 FIGURA 22 FIGURA 23 FIGURA 24 FIGURA 25 FIGURA 26 FIGURA 27 FIGURA 28 FIGURA 29 FIGURA 30 FIGURA 31 FIGURA 32 FIGURA 33 FIGURA 34 FIGURA 35 FIGURA 36 FIGURA 37 FIGURA 38 FIGURA 39 FIGURA 40 FIGURA 41 FIGURA 42 FIGURA 43 FIGURA 44 FIGURA 45 FIGURA 46 FIGURA 47 FIGURA 48 FIGURA 49 FIGURA 50 FIGURA 51 FIGURA 52 FIGURA 53 FIGURA 54 FIGURA 55 FIGURA 56

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

EXECUÇÃO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO................................. TERRAPLENAGEM.........................................................................MONTAGEM DO GABARITO.......................................................... MEDIÇÃO DO GABARITO............................................................... COLOCAÇÃO DAS TUBULAÇÕES................................................. MONTAGEM DAS FÔRMAS DO RADIER...................................... COLOCAÇÃO DA LONA PLÁSTICA............................................... MONTAGEM DA ARMAÇÃO........................................................... POSICIONAMENTO DAS MESTRAS DE CONCRETAGEM.......... RETIRADA DAS FÔRMAS.............................................................. CURA DO CONCRETO................................................................... MARCAÇÃO DO RADIER................................................................ INSTALAÇÃO DAS CANTONEIRAS............................................... ARMADURAS DE REFORÇO......................................................... INSTALAÇÃO DE REDE ELÉTRICA............................................... MONTAGEM DOS PAINÉIS ........................................................... APLICAÇÃO DO DESMOLDANTE.................................................. INSTALAÇÃO DAS FÔRMAS DE BATENTE.................................. MONTAGEM DAS FÔRMAS........................................................... TRAVAMENTO DOS PAINÉIS........................................................ POSICIONAMENTO DOS ANDAIMES............................................ PREENCHIMENTO COM CONCRETO........................................... CURA DAS PAREDES DE CONCRETO......................................... FIXAÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO DO TELHADO.................. MONTAGEM DA ESTRUTURA DO TELHADO............................... INSTALAÇÃO DAS TELHAS........................................................... MONTAGEM DA CUMEIRA............................................................. MONTAGEM DAS TESTEIRAS, CALHAS E RUFOS..................... INSTALAÇÃO DE ELETRUDUTOS................................................. INSTALAÇÃO DE INTERRUPTORES............................................. CAIXA DE DISTRIBUIÇÃO.............................................................. INSTALAÇÃO DO FORRO.............................................................. APLICAÇÃO DA TINTA SELADORA DO FORRO.......................... APLICAÇÃO DA TEXTURA DO FORRO......................................... APLICAÇÃO DA MASSA CORRIDA NAS PAREDES..................... REGULARIZAÇÃO DO PISO........................................................... INSTALAÇÃO DAS PORTAS.......................................................... INSTALAÇÃO DAS JANELAS......................................................... ASSENTAMENTO DO PISO CERÂMICO....................................... ASSENTAMENTO DE AZULEJOS.................................................. PINTURA DE PORTAS.................................................................... PINTURA DAS PAREDES INTERNAS............................................ PINTURA DAS TABEIRAS E TESTEIRAS...................................... APLICAÇÃO DE IMPERMEABILIZANTE........................................ PINTURA DAS PAREDES EXTERNAS.......................................... INSPEÇÃO E LIMPEZA GERAL...................................................... POSIÇÃO STANDART SEGUNDO NIOSH..................................... FLUXOGRAMA PARA DEFINIÇÃO DE QUALIDADE DA PEGA... CLASSIFICAÇÃO DAS POSTURAS PELO SISTEMA WINOWAS... MAPA DAS REGIÕES CORPORAIS PARA AVALIAÇÃO DE DOR/DESCONFORTO.................................................................... TRENA UTILIZADA NA PESQUISA................................................ BALANÇA ELETRÔNICA UTILIZADA NA PESQUISA.................... CÂMERA FOTOGRÁFICA UTILIZADA NA PESQUISA.................. TRABALHADORES COM TREINAMENTO E SEM TREINAMENTO...............................................................................

15 15 16 16 16 17 17 17 18 18 18 19 19 19 19 20 20 20 20 20 21 21 21 22 22 22 22 22 23 23 23 24 24 24 24 24 24 25 25 25 25 25 25 26 26 26 40 42 45

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FIGURA 57 FIGURA 58 FIGURA 59 FIGURA 60 FIGURA 61 FIGURA 62 FIGURA 63 FIGURA 64 FIGURA 65 FIGURA 66 FIGURA 67 FIGURA 68 FIGURA 69 FIGURA 70 FIGURA 71 FIGURA 72 FIGURA 73 FIGURAS 74 a 89 FIGURA 90 FIGURA 91 FIGURA 92 FIGURA 93 FIGURA 94 FIGURA 95 FIGURAS 96 a 103 FIGURA 104 FIGURA 105 FIGURA 106 a 118 FIGURA 119 FIGURA 120 FIGURA 121 FIGURA 122 FIGURA 123 FIGURA 124 FIGURA 125 FIGURA 126 FIGURA 127 FIGURA 128 FIGURA 129 FIGURA 130

– – – – − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − – − – − − − − − − − − − – – –

IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO SOBRE TRANSPORTE DE CARGAS.......................................................................................... CONFECÇÃO DO GABARITO........................................................ INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DO PISO................................................................................................. CONFECÇÃO DO RADIER............................................................. COLOCAÇÃO DAS CANTONEIRAS............................................... MONTAGEM DA ARMADURA DA PAREDE................................... INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DA PAREDE........................................................................................... MONTAGEM DAS FÔRMAS........................................................... CONCRETAGEM ............................................................................ DESMONTAGEM DAS FÔRMAS.................................................... PAR DE CASAS E PAREDE GEMINADA....................................... CONJUNTO DE FÔRMAS DE ALUMÍNIO ...................................... FÔRMA DE ALUMÍNIO 91,5 CM X 280 CM.................................... CANTONEIRA DE ALUMÍNIO 30 CM X 280 CM X 30 CM.............. FLUXOGRAMA DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA........... ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA FA91,5................................................... ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA CA30...................................................... ESQUEMA DAS ATIVIDADES DA TAREFA 01.............................. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.1................. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.1................................................................................ CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.2............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.2............................................................................... CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.3............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.3................................................................................ ESQUEMA DAS ATIVIDADES DA TAREFA 02.............................. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 2.1............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 2.1................................................................................ ESQUEMA DAS ATIVIDADES DA TAREFA 03.............................. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.1............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.1................................................................................ CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.2............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.2................................................................................ CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.4............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.4................................................................................ POSIÇÃO DE INÍCIO DE LEVANTAMENTO DA PEÇA FA91,5..... SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA FA91,5 ....................................... POSIÇÃO DE INÍCIO DE LEVANTAMENTO DA PEÇA CA30........ SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA CA30 .......................................... INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE DOR/DESCONFORTO NAS 28 REGIÕES CORPORAIS............................................................. LOCALIZAÇÃO DO DISCO L5-S1 DA COLUNA VERTEBRAL......

52 53

53 54 54 54

54 54 54 55 55 56 56 57 58

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 TABELA 2 TABELA 3 TABELA 4 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7

– – – – − – –

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS CONSTRUTIVOS................ CÁLCULO DO FATOR FREQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO............. FATOR QUALIDADE DE PEGA........................................................... VARIÁVEIS PARA CADA SITUAÇÃO.................................................. COEFICIENTES PARA A EQUAÇÃO DE NIOSH................................ VALORES DOS PESOS DAS PEÇAS, LIMITE DE PESO RECOMENDADO E ÍNDICE DE LEVANTAMENTO............................. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA ESCALA DE NÍVEIS DE DOR/DESCONFORTO DE CORLETT E MANENICA..........................

15 41 41 87 87

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 QUADRO 2 QUADRO 3 QUADRO 4 QUADRO 5 QUADRO 6 QUADRO 7

– − – – – – –

CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.1.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.2.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.3.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 2.1.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.1.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.2.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.4..........................................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1.1 OBJETIVOS.............................................................................................. 1.1.1 Objetivo Geral........................................................................................ 1.1.2 Objetivos Específicos............................................................................ 1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................ 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................................................. 2.2 SISTEMA CONSTRUTIVO UTILIZANDO FÔRMAS............................... 2.2.1 Descrição do Sistema Construtivo......................................................... 2.2.1.1 Fundações.......................................................................................... 2.2.1.2 Estruturas e paredes de concreto...................................................... 2.2.1.3 Coberturas.......................................................................................... 2.2.1.4 Instalações.......................................................................................... 2.2.1.5 Acabamento........................................................................................ 2.3 ERGONOMIA........................................................................................... 2.3.1 Segurança, saúde e bem-estar no trabalho.......................................... 2.3.2 A adaptação e projeto do posto de trabalho.......................................... 2.4 POSTURAS NO TRABALHO................................................................... 2.5 TRANSPORTE E LEVANTAMENTO MANUAL DE CARGAS................. 2.6 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO – A.E.T................................. 2.7 FERRAMENTAS ERGONÔMICAS.......................................................... 2.7.1 Método de NIOSH................................................................................. 2.7.2 Sistema OWAS...................................................................................... 2.7.3 Diagrama de áreas dolorosas de Corlett e Manenica (1980)................ 3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 4 ANÁLISES E DISCUSSÕES...................................................................... 4.1 O PROCESSO PRODUTIVO EM ESTUDO............................................. 4.2 ANÁLISE ATRAVÉS DO MÉTODO OWAS.............................................. 4.2.1 Descrição da Tarefa 01 – Transporte (para interior da casa), montagem, desmontagem e transporte (para exterior da casa) da peça FA91,5 realizadas por apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade......................................................................................................... 4.2.2 Descrição da Tarefa 02 – Transporte (para interior da casa com dois trabalhadores), montagem (um trabalhador), desmontagem (um trabalhador) e transporte (para exterior da casa por dois trabalhadores) da peça FA91,5................................................................................................... 4.2.3 Descrição da Tarefa 03 – Transporte, montagem, desmontagem e transporte da peça CA30 realizada por apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade................................................................................. 4.3 SOFTWARE WINOWAS ........................................................................ 4.3.1 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 01............... 4.3.2 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 02............... 4.3.3 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 03............... 4.4 AVALIAÇÃO DO LEVANTAMENTO DE CARGAS – NIOSH.................. 4.4.1 Situação 01 - Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador...................................................................................................... 4.4.2 Situação 02- Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador......................................................................................................

09 10 10 10 11

13 13 13 15 15 18 22 23 23 26 28 29 31 32 35 37 38 44 46

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4.5 AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE DESCONFORTO − DIAGRAMA DE CORLETT E MANENICA (1980).................................................................... 5 CONCLUSÃO............................................................................................. REFERÊNCIAS.............................................................................................. ANEXO A....................................................................................................... ANEXO B.......................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

A construção civil é responsável por 14,8% do PIB (Produto Interno Bruto)

do país. O setor de construção, que engloba edificações e construções pesadas,

responde por cerca de 9% do PIB e, dentro desse, estima-se que a construção de

edificações residenciais – objeto do estudo deste trabalho - represente cerca de 6%

do PIB (CIC/TREVISAN, 1999).

Internacionalmente, a atividade relacionada à produção habitacional assume

magnitudes diferenciadas em cada país, em função do seu estágio de

desenvolvimento. Porém, estima-se que sua participação seja também majoritária

dentro do valor agregado ou renda gerada pela construção civil (MCT/FINEP, 2000).

Além da importância econômica, a atividade da construção civil no país tem

relevante papel social, particularmente em função de dois aspectos. O primeiro é

relacionado à geração de empregos proporcionada pelo setor. Os dados disponíveis

mostram que o número de pessoas ocupadas no setor da construção era de 3,5

milhões em 1996, tendo sido de 4 milhões, no início da década de 90, representando

6 % do total do pessoal ocupado no período. O segundo relaciona-se ao elevado

déficit habitacional no país (CARDOSO, ABIKO E GONÇALVES, 2002).

Um estudo elaborado pela Fundação João Pinheiro em 2005, em parceria

com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, gerou

informações sobre o déficit habitacional e a inadequação dos domicílios no Brasil.

Os números apontados pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

- PNAD 2005 mostram que o déficit habitacional no Brasil passou de 7,2 milhões em

2004 para 7,9 milhões de domicílios em 2005 (DÉFICIT, 2006).

A construção civil é fortemente influenciada pelo desempenho global da

economia com grande sensibilidade a mudanças, reagindo favoravelmente e de

maneira rápida quando a economia se aquece. De maneira inversa, se houver

quadro de recessão na economia, a construção civil certamente sofrerá estagnação

nas suas atividades.

Conforme Iida (1992), a construção civil é um ramo de atividade que

emprega um grande contingente de mão-de-obra, principalmente daquela semi-

qualificada. Apesar de ser uma das mais antigas atividades produtivas do homem,

ela ainda é pouco estudada. É uma atividade que possui tarefas árduas e complexas

e o índice de acidentes desse setor é relativamente alto, devido à grande variedade

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de tarefas executas pelos trabalhadores, que apresentam pouco ou nenhum

treinamento prévio para a realização das mesmas.

Outro problema que ocorre entre os trabalhadores da construção civil é o

fato dos mesmos subestimarem os riscos existentes no ambiente de trabalho, fato

esse que ocasiona uma necessidade de treinamento e conscientização quanto aos

riscos existentes em cada situação de trabalho bem como a forma correta de

prevenção de acidentes do mesmo (RIBEIRO, SOUTO E ARAÚJO, 2005).

Além da grande importância no setor habitacional, a construção civil,

segundo Picchi (1993) e Franco (1993) apud Krüger (2002), gera toda infra-estrutura

física para o funcionamento das atividades dos outros setores de mercado.

Percebe-se que, de maneira direta ou indireta, a construção civil participa do

processo produtivo de geração de riquezas do país, despertando interesse da

comunidade científica, que sob a forma de pesquisa suporta a melhoria constante

desta importante atividade.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

A partir dos conceitos e conhecimentos da Engenharia de Segurança do

Trabalho, aplicar os princípios da Ergonomia para analisar o processo de construção

de casas com a utilização de fôrmas metálicas.

1.1.2 Objetivos Específicos

Analisar ergonomicamente parte do processo da atividade de construção de

casas com a utilização de fôrmas, utilizando as seguintes ferramentas ergonômicas:

• Diagrama de dores e desconforto de Corlett e Manenica para verificar

a incidência de dor e ou desconforto musculoesqueléticos nos

trabalhadores de construção civil;

• Critério do NIOSH para estabelecimento do limite de peso

recomendado e índice de levantamento a fim de avaliar a carga (kg) a

que são submetidos os trabalhadores;

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• Sistema OWAS para analisar as posturas adotadas pelos

trabalhadores durante suas atividades diárias;

• Sugerir de forma superficial, soluções para a atenuação e

neutralização de riscos, mostrando como a Ergonomia pode

solucionar problemas e contribuir para a melhoria das condições de

trabalho numa atividade da construção civil.

1.2 JUSTIFICATIVA

No Brasil, a construção civil tem como característica a forma artesanal de

atividades, principalmente com o uso de ferramentas manuais. O processo

construtivo desta atividade apresenta algumas características interessantes e

peculiares, que o diferenciam dos demais processos industriais (KRÜGER, 2002).

Krüger (2002) ressalta que muitas atividades da construção civil são

realizadas sob a influência das intempéries, intensificando a insalubridade e as más

condições de trabalho, sendo notória a precariedade do setor em termos de higiene

e segurança do trabalho, com elevados índices de acidentes. Os operários são

submetidos a esforços físicos excessivos causados pelas elevadas cargas que

manuseiam e transportam, além das posturas inadequadas e desgastantes às quais

são submetidos, devido às características das tarefas.

Corroborando as afirmações de Krüger (2002), Silva (1995) acredita que

ocorre marginalização da força de trabalho, caracterizada pelo desprovimento de

conhecimentos relativos à utilização de novas tecnologias.

Por esta atividade possuir tais características, mesmo não sendo intencional,

o processo dificilmente apresentará padronização nos resultados, acarretando o

pensamento de não se esperar o mesmo resultado anterior.

Segundo Oliveira (1993) apud Krüger (2002), há a necessidade de se buscar

novas tecnologias para baratear as habitações, bem como para construí-las de

forma mais rápida e com maior qualidade.

Para minimizar tal despadronização sem esquecer a rentabilidade,

atualmente muitas empresas vêm buscando diferentes técnicas de construção,

realizando diferentes atividades e utilizando novos materiais, exigindo novas formas

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de execução no canteiro de obras e conseqüentemente criando novos riscos para o

trabalhador.

Dentre os vários sistemas construtivos empregados atualmente na execução

de habitações de interesse social no Brasil, destaca-se o sistema construtivo

utilizando fôrmas no qual os painéis monolíticos de concreto armado são moldados

in loco. Esse sistema é utilizado no Brasil desde os anos 80 e pode ser empregado

tanto em edificações térreas como de múltiplos pavimentos (IPT, 1998).

Nesse sistema construtivo as vedações das edificações possuem função

estrutural e são executadas no local de utilização empregando o concreto armado.

Na execução das vedações utiliza-se fôrma dupla (madeira, metálica ou mista), na

conformação desejada dos painéis, com as esquadrias e parte do sistema elétrico e

hidráulico, como tubulações, quadros, registros e caixas de passagem, já

posicionados no local de utilização no interior da fôrma. Esse sistema apresenta alta

produtividade, baixo índice de perdas, rapidez na execução; economia no uso de

revestimentos, ou mesmo a eliminação do revestimento de regularização e

diminuição da mão-de-obra (LORDSLEEM JUNIOR, 1998).

Tendo ciência da importância da construção civil na economia, e que

atualmente novas tecnologias estão sendo utilizadas nos canteiros de obras para

melhoria de resultados e maximização de lucros, gerando novos conceitos, novos

processos produtivos e novos riscos ao trabalhador, é que se justifica este trabalho.

A finalidade deste trabalho é analisar ergonomicamente um novo processo produtivo

a fim de caracterizar se esta atividade está sendo desenvolvida de forma saudável e

digna, trazendo para o trabalhador menor sofrimento, maior segurança, maior

produtividade e organização no trabalho.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil no Brasil, segundo pesquisa do SINDUSCON – SP criou

entre agosto de 2007 e agosto de 2008 357.000 novas oportunidades formais de

emprego. Estes dados mostram que este setor apresenta um grande crescimento,

sendo um negócio muito atrativo para investidores.

(http://www.catenaecastro.com.br/news/construcao-civil-cria-vagas-no-brasil).

No Brasil mais de quatro milhões de brasileiros vivem longe das grandes

cidades; estes compartilham do mesmo sonho, a casa própria num condomínio, com

churrasqueira no jardim e acabamento interno que satisfaça esta classe,

considerada como classe C embora tenha alcançado o ensino superior, a renda

familiar não ultrapassa 3.500 reais mensais (REVISTA VEJA, 2008).

A maior competitividade estimula as empresas a buscarem exaustivamente

técnicas de construção que diminuam o custo, o tempo e conseqüentemente aumentem

a rentabilidade da obra além de buscar nichos de mercados que ainda não são tão

explorados pelo setor imobiliário.

Uma das várias tecnologias que atendem à otimização dos recursos,

tornando a obra mais econômica e conseqüentemente mais acessível para o

consumidor brasileiro, é o processo de construção de paredes de concreto por meio

de moldes (fôrmas), no próprio local. Em vez de construir paredes erguendo tijolo

sobre tijolo, os moldes são colocados sobre a base e a parede é formada no próprio

local onde será erguida. O método, utilizado atualmente no Chile e na Colômbia,

serve tanto para a construção de casas populares de médio como de alto padrão

(http//: www.concretshow.com.br).

2.2 SISTEMA CONSTRUTIVO UTILIZANDO FÔRMAS

Usar módulos (fôrmas) para construção de casas é uma tecnologia que

provém da Europa devastada, após a Primeira Guerra Mundial. Foi com essa

tecnologia que países como a Alemanha conseguiram se reestruturar num período

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de quinze anos de um déficit habitacional de cinco milhões de casas. Esse modelo

chegou ao Brasil na década de 60, quando o governo decidiu investir em fábricas de

peças modulares para a construção de casas populares, funcionando até meados de

1986, quando o Banco Nacional da Habitação fechou as portas. Então, algumas

construtoras brasileiras acumularam patrimônios milionários com a adoção desse

bem sucedido sistema, fato que explica por que mais de 25 empresas atualmente

possuem capital na bolsa para acumular recursos para seus projetos milionários de

expansão de mercado (REVISTA VEJA, 2008)

Entre as vantagens apontadas no método de construção de casa utilizando

fôrmas está a rapidez na execução, a utilização de pouca mão-de-obra, o menor

desperdício – uma vez que cada espaço é construído no tamanho certo, e a grande

redução de entulho proveniente de paredes quebradas. A tecnologia mostra que os

benefícios são ainda maiores quando os imóveis são produzidos em larga escala,

como os condomínios horizontais.

Os moldes dos imóveis podem ser feitos de duas maneiras: pelo sistema de

fôrmas de alumínio ou formas de PVC. Empresas especializadas alugam ou vendem

o material de acordo com a necessidade do cliente. O custo compensa em

construções acima de cem unidades. Atualmente são produzidos três tamanhos

padrões de fôrmas, sendo possível confeccioná-las de acordo com a necessidade

de cada cliente. (REVISTA VEJA, 2008)

O processo tem como principal objetivo a redução do tempo de construção,

pois após a instalação dos moldes é necessária apenas a injeção do concreto

pastoso por meio de tubos de mangueiras para o preenchimento da fôrma já na

posição desejada.

Em casas, por exemplo, é possível erguer uma moradia popular com cerca

de 70 metros quadrados em apenas 30 dias, com reduzido contingente de mão-de-

obra, com custo aproximado de R$ 20 mil reais. Metade do tempo de construção, se

comparado com as casas feitas de tijolo, além da redução de mão-de-obra,

conforme a tabela a seguir.

Page 16: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

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TABELA 1 − COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS CONSTRUTIVOS

Método com Moldes Método Convencional

Tempo para construir uma casa 01 mês 02 meses

Número funcionários/casa 11 18

Custo da Construção (m²) 540 reais 615 reais

Margem de Lucro 18% 15%

Preço do Imóvel (70m²) 85.000 reais 120.000 reais

FONTE: Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio e Poli/Usp (Veja 2008).

2.2.1 Descrição do Sistema Construtivo

O sistema construtivo utilizando fôrmas é dividido nas seguintes etapas:

fundações, estrutura, paredes de concreto, cobertura, instalações e acabamentos.

2.2.1.1 Fundações

Neste primeiro momento é executada a compactação do solo para evitar

possíveis deformidades do radier, se este sofrer algum tipo de sobrecarga durante a

execução da obra (Figura 01). Em seguida é efetuada a terraplenagem, na qual o

nivelamento e acerto do terreno deve ser o mais próximo possível da cota do

projeto, evitando a correção manual do terreno e consequentemente desperdício de

tempo (Figura 02).

FIGURA 2 – TERRAPLENAGEM FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 1 − EXECUÇÃO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO FONTE: Os autores (2009)

Page 17: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

16

Os próximos passos após a terraplenagem são a montagem e a marcação

do gabarito; nessa etapa é realizado o nivelamento, assim não há possibilidade de

erros de instalações e fôrmas, caracterizando essa etapa como um importante ponto

de controle (Figuras 03 e 04).

A colocação da tubulação elétrica e de esgoto (Figura 05) é a próxima etapa.

O posicionamento das tubulações deve ser criterioso, uma vez que estas são

embutidas nas paredes; o não atendimento deste item leva ao retrabalho na

montagem das fôrmas das paredes.

FIGURA 4 − MEDIÇÃO DO GABARITO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 3 − MONTAGEM DO GABARITO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 5 − COLOCAÇÃO DAS TUBULAÇÕES FONTE: Os autores (2009)

Page 18: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

17

Nessa etapa de trabalho, com o terreno previamente preparado é realizada a

montagem das fôrmas do radier seguindo criteriosamente as espessuras e

dimensões especificadas no projeto (Figuras 06, 07 e 08).

Para garantir uma eficiente cura do concreto, evitando que este não entre

em contato com a terra, é realizada nesta etapa a instalação da lona plástica (Figura

09). Logo após este passo é feita a montagem da armação, cuja finalidade é

proporcionar resistência ao radier (Figura 10).

Para o recebimento do concreto é imprescindível o correto posicionamento

das mestras de concretagem, como mostra a Figura 11. Neste momento é definida a

correta espessura do radier, especificada no projeto. A próxima tarefa é o

lançamento, a vibração e o sarrafeamento do concreto.

FIGURAS 6, 7 E 8 − MONTAGEM DAS FÔRMAS DO RADIER FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 9 − COLOCAÇÃO DA LONA PLÁSTICA FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 10 − MONTAGEM DA ARMAÇÃO FONTE: Os autores (2009)

Page 19: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

18

Com o concreto seco é realizada a retirada das formas do radier (Figura 12),

e se faz a cura do concreto por no mínimo três dias, evitando assim o risco de

fissuras e trincas no mesmo por retração plástica (Figura 13).

2.2.1.2 Estruturas e paredes de concreto

A próxima etapa desse sistema de construção é a confecção das paredes

utilizando as fôrmas ou moldes. O primeiro passo é a marcação do radier, devendo

ser feita com grande precisão, levando em conta o gabarito e a posição das

tubulações, que serão embutidas na parede (Figura 14). Posteriormente são

FIGURA 11 − POSICIONAMENTO DAS MESTRAS DE CONCRETAGEM FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 12 − RETIRADA DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 13 − CURA DO CONCRETO FONTE: Os autores (2009)

Page 20: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

19

instaladas as cantoneiras, como mostra a Figura 15, e em seguida as armaduras de

reforços, instalações de rede elétrica e rede hidráulica (Figuras 16 e 17).

Depois de instalado todo o esqueleto estrutural da casa e quando suas

instalações elétricas e hidráulicas estiverem preparadas, é o momento da montagem

dos painéis, constituindo assim as fôrmas que receberão o concreto.

As fôrmas de alumínio sempre serão montadas aos pares, o painel interior e

o painel exterior; estes receberão uma solução de desmoldante que facilitará o

desmonte dos painéis quando o concreto estiver seco. Essa etapa é de vital

importância para as fôrmas, uma vez que possibilita o desmonte sem a necessidade

de uso de materiais que poderiam danificar os painéis, além de reduzir o tempo que

seria gasto se houvesse a necessidade de limpá-los (Figuras 18 e 19).

FIGURA 14 − MARCAÇÃO DO RADIER FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 15 − INSTALAÇÃO DAS CANTONEIRAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 17 − INSTALAÇÃO DE REDE ELÉTRICA FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 16 − ARMADURAS DE REFORÇO FONTE: Os autores (2009)

Page 21: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

20

Após a montagem dos painéis internos, são instaladas as formas de

batentes das janelas e portas, como mostra a Figura 20. Em seguida é iniciada a

montagem dos travamentos entre estes painéis, para a estabilização da estrutura e

posterior recebimento do concreto (Figuras 21 e 22).

Com o término da montagem das placas, estas constituindo as fôrmas, é

necessária uma conferência criteriosa das mesmas, corrigindo o alinhamento e o

prumo se necessário, caso contrário o retrabalho será muito grande, pois as

correções das paredes de concreto só poderão ser feitas com a aplicação de

argamassa.

Com toda a estrutura travada e bem posicionada, o próximo passo é o

posicionamento dos andaimes de serviço nos quase as treliças são apoiadas e

travadas (Figura 23) permitindo que os trabalhadores possam montar o restante dos

painéis e em seguida preencher as fôrmas com o concreto (Figura 24).

FIGURA 18 − MONTAGEM DOS PAINÉIS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 19 − APLICAÇÃO DO DESMOLDANTE FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 20 − INSTALAÇÃO DAS FÔRMAS DE BATENTE FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 21 − MONTAGEM DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 22 − TRAVAMENTO DOS PAINÉIS FONTE: Os autores (2009)

Page 22: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

21

Uma vez aplicado o concreto e este estando seco, a atividade subseqüente

é a desmontagem das fôrmas. Neste momento é realizada a retirada dos andaimes

de serviço, dos fixadores de conexões hidráulicas e caixas elétricas, dos pinos e

travamentos. Durante a desforma é realizado o transporte dos painéis; estes serão

deslocados manualmente pelos operários até a próxima construção. Neste

momento, o trabalhador realiza grande esforço físico, pois o transporte é realizado

individualmente na maioria dos casos.

Depois de executada a desmontagem dos painéis, o processo de cura das

paredes é de suma importância (Figura 25), caso contrário, devido às altas

temperaturas, poderá ocorrer o aparecimento de fissuras nas paredes.

FIGURA 23 − POSICIONAMENTO DOS ANDAIMES FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 24 − PREENCHIMENTO COM CONCRETO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 25 − CURA DAS PAREDES DE CONCRETO FONTE: Os autores (2009)

Page 23: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

22

2.2.1.3 Coberturas

Com as paredes erguidas, o item que segue é a instalação de cobertura,

subdividida em 5 etapas, descritas nas Figuras 26 a 30, a seguir:

FIGURA 27 − MONTAGEM DA ESTRUTURA DO TELHADO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 26 − FIXAÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO DO TELHADO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 30 − MONTAGEM DAS TESTEIRAS, CALHAS E RUFOS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 29 − MONTAGEM DA CUMEIRA FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 28 − INSTALAÇÃO DAS TELHAS FONTE: Os autores (2009)

Page 24: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

23

As Figuras 26 e 27 apresentam a estrutura de fixação da estrutura do telhado.

As Figuras 28 e 29 ilustram a etapa de instalação das telhas e da cumeira

respectivamente. A montagem da testeira é apresentada pela Figura 30.

2.2.1.4 Instalações

Realizada a etapa de cobertura da casa, a próxima atividade construtiva é a

instalação dos eletrodutos, a passagem dos fios para as tomadas, interruptores,

chuveiros, a montagem da caixa de distribuição e a ligação dos circuitos (Figuras 31

a 33). A colocação dos espelhos e placas, a ligação à rede externa e o teste do

sistema elétrico finalizam esta etapa do processo.

A instalação do sistema hidráulico é a atividade sequencial das descritas

acima; começa pela montagem do cavalete de entrada de água, logo após vem a

instalação da pia da cozinha, do vaso sanitário, do tanque da área de serviço,

terminando na instalação do lavatório.

2.2.1.5 Acabamento

Para finalizar o processo construtivo, o acabamento é a última etapa a ser

realizada, subdividindo-se em 15 passos, conforme as figuras a seguir (Figuras 34 a

48):

FIGURA 31 − INSTALAÇÃO DE ELETRUDUTOS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 33 − CAIXA DE DISTRIBUIÇÃO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 32 − INSTALAÇÃO DE INTERRUPTORES FONTE: Os autores (2009)

Page 25: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

24

FIGURA 34 − INSTALAÇÃO DO FORRO FONTE: Os autores (2009)0

FIGURA 35 − APLICAÇÃO DA TINTA SELADORA DO FORRO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 36 − APLICAÇÃO DA TEXTURA DO FORRO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 37 − APLICAÇÃO DA MASSA CORRIDA NAS PAREDES FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 39 − INSTALAÇÃO DAS PORTAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 38 − REGULARIZAÇÃO DO PISO FONTE: Os autores (2009)

Page 26: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

25

FIGURA 42 − ASSENTAMENTO DE AZULEJOS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 43 − PINTURA DE PORTAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 44 − PINTURA DAS PAREDES INTERNAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 45 − PINTURA DAS TABEIRAS E TESTEIRAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 40 – INSTALAÇÃO DAS JANELAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 41− ASSENTAMENTO DO PISO CERÂMICO FONTE: Os autores (2009)

Page 27: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

26

2.3 ERGONOMIA

Etimologicamente, Ergonomia vem das palavras gregas ergon (trabalho) e

nomos (regras), e significa “Estudo das leis do trabalho”. Laville (1977) define

Ergonomia como uma disciplina que procura a melhoria das condições de trabalho.

Iida (1990) a define como um estudo da adaptação do trabalho ao homem. Partindo do pensamento de que o trabalho deve ser adaptado ao homem, e

não o contrário, é que só através do diagnóstico encontrado na análise de uma

atividade do trabalhador em seu posto de trabalho é possível atingir mais

rapidamente, de forma mais segura e a um menor custo, os objetivos visados em

termos da melhoria das condições de trabalho e, sobretudo, em termos

operacionais: confiabilidade, qualidade e produtividade.

FIGURA 47 − PINTURA DAS PAREDES EXTERNAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 46 − APLICAÇÃO DE IMPERMEABILIZANTE FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 48 − INSPEÇÃO E LIMPEZA GERAL FONTE: Os autores (2009)

Page 28: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

27

Segundo Sell (1990), a Ergonomia atua na adaptação do trabalho, da

técnica e do meio ambiente às pessoas e também contribui na adaptação das

mesmas ao trabalho, propondo esta análise sob dois ângulos, o trabalho e o

trabalhador. Stuebbe & Houshmand (1995), afirmam que o objetivo primário da

Ergonomia é balancear as exigências do trabalho com as capacidades do

trabalhador. Franco & Santos (1996) apud Krüger (1997) destacam que ao se

considerar o homem como apenas mais um elemento do sistema de produção, ele

tem que se adaptar às mudanças do processo, muitas vezes inadequadas, e que a

Ergonomia desponta com uma nova proposta: a adequação deste sistema ao

homem.

A Ergonomia pode ser definida, de maneira mais abrangente, como a

aplicação de conhecimentos científicos e de tecnologia no desenvolvimento de

ferramentas, máquinas, equipamentos, utensílios, dispositivos, sistemas e tarefas,

visando o conforto, a segurança, a saúde, a satisfação, o bem-estar e a eficiência no

trabalho e na vida cotidiana. Há que se considerar que o desenvolvimento de novas

tecnologias, como no presente trabalho, a construção de casas através da utilização

de fôrmas, implica progressivamente em novos constrangimentos impostos aos

trabalhadores. Também devem ser considerados os usuários indiretos, como por

exemplo, os consumidores, o pessoal da limpeza e da manutenção.

Segundo Falcão (2007), na Ergonomia leva-se em conta a sua abrangência

e o seu caráter interdisciplinar, pois exige a intervenção de estudiosos de vários

campos de atuação: Antropometria, Biomecânica, Fisiologia, Psicologia, Toxicologia,

Engenharia Mecânica, Desenho Industrial, Eletrônica, Informática, Gerência

Industrial, Engenharia de Produção. Esse amplo leque de disciplinas envolvidas

ressalta a complexidade da situação de trabalho, não sendo rara a seguinte

pergunta: a Ergonomia seria ciência ou tecnologia?

A Norma Regulamentadora NR 17 do Ministério do Trabalho e do Emprego,

intitulada “Ergonomia”, visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de

modo a proporcionar o máximo conforto, segurança e desempenho eficientes.

Condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao mobiliário, aos

equipamentos, à organização do trabalho e ao levantamento, transporte e descarga

de materiais. Estes últimos são focos do presente trabalho.

Page 29: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

28

A construção civil é um dos setores da economia que possui grande

capacidade de gerar empregos diretos e indiretos, contudo apresenta sérios

problemas em relação às condições de trabalho dos operários, baixa qualificação e

altos índices de acidentes.

As tarefas necessárias para a execução dos serviços na construção civil são

inúmeras, submetendo o trabalhador a executá-las em várias posições e alturas,

posturas incorretas e ações que Smallwood (1997) apud Krüger (1997) relaciona como:

flexão, trabalho em posições agachadas, alcance de posições distantes do corpo e

acima da cabeça, movimentos repetitivos, carregamento de materiais e equipamentos

pesados, uso de força física, exposição a vibrações e ruídos, subidas e descidas.

Avellan Paniagua (1995) apud Krüger (1997), ressalta que na construção

civil a aplicação da Ergonomia assume grande importância devido à forte demanda

de atividades manuais, que submetem os operários a trabalhos com alto grau de

penosidade.

A utilização da Ergonomia como ferramenta de estudos visando a melhoria

da qualidade de serviços na construção civil é um grande desafio. A dificuldade da

aplicação de resultados, face ao nível de diversidade de tarefas, a precariedade e a

improvisação encontrados dentro do ambiente de trabalho da construção civil são

obstáculos ao desenvolvimento de idéias e planos para o alcance na qualidade de

serviços e produtos. A obtenção da qualidade significa para as empresas a sua

sobrevivência num mercado cada vez mais exigente e competitivo (GONÇALVES e

DEUS, 2001)

2.3.1 Segurança, saúde e bem-estar no trabalho

Atualmente a modernização traz às empresas elevado número de padrões,

que desafiam os modelos organizacionais, a qualidade, a produtividade e a

aplicação dos talentos humanos. A satisfação desses padrões é um dos desafios

enfrentados pelo administrador, já que “o desenvolvimento tecnológico da

atualidade, fator irreversível e irrefutável, tem lançado no ambiente empresarial uma

dose cada vez maior de desafios” (BERGAMINI, 1980, apud PONTES, 2005).

Chiavenato (1999) afirma que as diferenças individuais fazem com que as

pessoas tenham as suas próprias características de personalidades individualizadas,

Page 30: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

29

suas aspirações, seus valores, suas atitudes, suas motivações, suas aptidões. Cada

pessoa é um fenômeno ímpar sujeito às influências de variáveis.

Quando as aspirações são afetadas, há a possibilidade de desencadear uma

série de descontentamentos que, por sua vez, poderão afetar o processo produtivo,

sendo que, nos dias atuais, “o ser humano, na busca da satisfação de suas

necessidades como um ser histórico e social, produz seus próprios bens através do

trabalho” (DETONI, 2001).

O significado do bem-estar individual e social se traduz no entendimento e

no conhecimento do trabalho numa perspectiva não somente do próprio posto de

trabalho, como também no posto de trabalho dos outros trabalhadores. Esse estado

proporciona ao empregado a sensação de satisfaçãor, já que expõe ao indivíduo a

valorização de seu trabalho. Desperta ainda o interesse pela organização, o que

resulta em empregados mais eficientes e eficazes.

Sob o ponto de vista homem/organização, o sentimento de inutilidade e

discriminação pode acarretar ao trabalhador insatisfação resultando em baixa

produtividade, maior número de rejeitos, acidentes de trabalho, declínio da qualidade

e consequentemente declínio da competitividade.

Botelho (1991) apud Pontes (2005) define a empresa ideal como sendo:

“aquela que produz o máximo possível, ao menor custo possível, gerando satisfação

para seus clientes e realizações para seus funcionários”.

Boog (1991) afirma que as organizações precisam tratar as pessoas como

pessoas e não como recursos, tais como equipamentos, prédios, mesas e cadeiras;

defende o autor que o bem-estar dos empregados nas organizações é de

fundamental importância, e para ocasionar tal mudança a cultura das organizações

deve acompanhar as novas posturas administrativas, nos quais novos padrões

organizacionais são exigidos pelo mercado.

2.3.2 A adaptação e projeto do posto de trabalho

Iida (2005) define o posto de trabalho como uma configuração física do

sistema homem-máquina-ambiente, uma unidade produtiva envolvendo um homem

e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o

circunda.

Page 31: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

30

Muitos autores defendem a adaptação do posto de trabalho ao trabalhador.

Elola et al. (1996) fundamentam esta idéia a partir de algumas afirmações: que há a

melhoria das condições físicas e psicológicas no posto de trabalho, levando a um

ambiente ótimo para o trabalhador e que também há a melhoria da produtividade, na

medida em que são reduzidos os períodos não produtivos no trabalho e a

ineficiência.

Segundo Krüger (2002), o homem trabalha cerca de um terço de sua vida, e

esse período é muito longo para se exigir que o trabalhador seja permanentemente

produtivo se o mesmo trabalha em condições penosas e desgastantes. Este mesmo

autor lembra que implantando um ambiente de trabalho satisfatório e digno haverá

melhoria física e psicológica do trabalhador resultando no aumento de motivação e

acréscimo da produtividade.

Iida (2005) afirma que é necessário obter informações sobre a natureza da

tarefa, equipamentos, posturas e ambiente, para se ter um projeto adequado do

posto de trabalho. Neste projeto, será realizada a análise da tarefa, dividindo-a em

três fases:

• primeira fase - descrição da tarefa: abrange os aspectos principais da

tarefa e as condições em que ela é executada;

• segunda fase - descrição das ações: devem se descritas em um nível

mais detalhado do que o da tarefa, concentrando-se mais nas

características que influem no projeto da interface homem-máquina e se

divide em informações e controles;

• terceira fase - revisão crítica: visa principalmente avaliar as condições que

poderiam provocar dores e lesões osteomusculares nos postos de

trabalho, levando-se em consideração principalmente as tarefas

altamente repetitivas (com ciclos menores que 90 s) e as ações estáticas.

Após a análise da tarefa deve-se identificar o grupo de usuários para que

as medidas antropométricas relevantes se realizem.

Page 32: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

31

2.4 POSTURAS NO TRABALHO

Segundo Aguiar (1996) apud Krüger (2002), postura é definida como a

maneira de permitir o melhor funcionamento das estruturas corporais, com o melhor

aproveitamento das forças e com o mínimo de desgaste. Também como a

resistência muscular ativa ao deslocamento do corpo pela gravidade ou pela

aceleração.

Krüger (2002) ressalta que a constante busca do equilíbrio corporal pela

melhor localização do centro de gravidade nem sempre resulta numa postura ideal

de trabalho e que o estabelecimento de uma postura e a possibilidade de sua

manutenção é função dos mecanismos de equilíbrio geral do corpo.

Muito pesquisadores associam as tarefas com manuseio de cargas e

posturas incorretas de trabalho com lesões nas costas, como por exemplo, alcançar

um objeto que está muito baixo força o trabalhador a girar as costas e o pescoço, ou

ainda alcançar um objeto que está muito alto força o trabalhador a elevar

exageradamente os braços e a cabeça.

Krüger (2002) afirma que para a minimização das lesões nas costas é

recomendável que todos os objetos estejam ao alcance dos braços, abaixo da altura

dos ombros e acima da altura dos joelhos, em frente ou imediatamente ao lado do

trabalhador. Sabe-se que esta disposição nem sempre ocorre, sendo que, apenas

os objetos mais leves devem ser manuseados fora desses limites e que também

devem ser eliminadas quaisquer posturas torcidas.

De acordo com Dul & Weerdmeester (1995) devem ser seguidas algumas

recomendações com relação às posturas:

− manter conservadas as articulações o tanto quanto possível em

posições neutras para a manutenção de uma postura ou realização de

um movimento. Nessa condição os músculos são capazes de liberar

força máxima; são exemplos de más posturas, nas quais as articulações

não estão em posição neutra, os braços erguidos, a perna levantada, a

cabeça abaixada e o tronco inclinado;

− evitar, sempre que possível, períodos prolongados com o corpo

inclinado. A parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura, pesa

40 kg, em média; quando o tronco pende para frente, há contração dos

Page 33: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

32

músculos e dos ligamentos das costas para manter essa posição; a

tensão é maior na parte inferior do tronco, onde surgem dores;

− a cabeça do adulto pesa de 4 a 5 kg, quando esta se inclina mais de 30

graus para frente, os músculos do pescoço são tensionados para manter

essa postura e começam a aparecer dores na nuca e nos ombros;

portanto, a cabeça deve ser mantida o mais próximo possível da postura

vertical;

− evitar posturas torcidas do tronco, pois causam tensões indesejáveis nas

vértebras. Os discos elásticos que existem entre as vértebras são

tensionados e as articulações e os músculos que existem nos dois lados

da coluna vertebral são submetidos a cargas assimétricas, que são

prejudiciais.

Todo o processo produtivo e sua organização devem buscar constantemente

a adaptação do trabalho ao trabalhador através de equipamentos, técnicas e

tecnologias, evitando sempre que possível as improvisações, pois estas, ao invés de

proporcionar melhorias das condições de trabalho, muitas vezes atuam como mais

uma fonte de risco à saúde do trabalhador.

2.5 TRANSPORTE E LEVANTAMENTO MANUAL DE CARGAS

Segundo a Norma Regulamentadora 17, transporte manual de cargas

designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado por um só trabalhador,

compreendendo o levantamento e a deposição de carga. De maneira complementar,

essa mesma norma define que transporte regular de cargas é toda atividade

realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o

transporte manual de carga.

Durante a situação de trabalho, a necessidade de exercer força tem como

consequência ao trabalhador o aparecimento de tensões mecânicas localizadas.

Essa exigência incrementada de energia conduz à sobrecarga nos músculos, no

coração e nos pulmões.

A exigência incrementada de energia é influenciada pelo tipo de carga

manuseada: a sua forma, o seu peso, as pegas que apresenta. Por exemplo, uma

Page 34: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

33

elevada carga nas costas, agindo continuamente, não exige somente dos músculos,

levando também ao desgaste dos discos intervertebrais.

Segundo Merino (1996) um dos principais problemas que enfrentam os

trabalhadores que manuseiam e movimentam cargas pesadas é a dor lombar,

derivando-se em problemas crônicos e agudos.

No âmbito nacional não existe uma verdadeira consciência dos sérios

problemas que acarreta para a saúde dos trabalhadores o manuseio de cargas

acima dos níveis máximos que o ser humano pode suportar. Segundo pesquisas, a

principal dor sentida pela população é a dor nas costas. No panorama mundial, em

1995, 80% da população, segundo Oliveira (1995), apresentaram dor nas costas.

Verbeek (1991) apud Merino (1996) afirma que as pessoas que apresentam

problemas na coluna vertebral constituem-se numa faixa cada vez maior. Segundo o

autor diversos estudos em vários países têm mostrado a relação entre as atividades

de manuseio e movimentação manual de cargas e a incidência de grande número

de acidentes e lesões osteoarticulares, sobretudo na região lombar.

Segundo estudo publicado em 1976, por Finocchiaro, de um levantamento de

5.000 perícias médicas no Estado de São Paulo, 32,44% destas correspondiam a

casos de espondilopatia lombar (inflamação do tecido ósseo), devido ao esforço

físico indevido ou ao esforço físico em flexão (posição errada para o esforço físico).

Os problemas lombares dos trabalhadores, em geral, continuam

aumentando. Merino (1996), citando Hildebrandt (1995), afirma que foi realizado um

levantamento na Holanda, com 8.748 trabalhadores de ambos os sexos e diferentes

profissões e ofícios, e verificou-se que 26,6% apresentaram dores nas costas de

forma frequente e que as atividades que apresentaram maior grau de incidência são

às relacionadas com o transporte e manuseio de materiais (construção civil,

serventes, estivadores, transportadores de peso em geral). Verificou-se também que

21% dos trabalhadores desse país tiveram licença por doença relacionada a

problemas nas costas durante esse ano, e 32% destes com incapacidade

permanente.

Assim, observa-se que apesar dos avanços da tecnologia e a mecanização

das tarefas, muitas atividades continuam sendo realizadas manualmente. Ainda

hoje, cargas além dos limites tolerados são manuseadas e movimentadas pelo

homem. Este é o caso dos sacos de adubo, farinhas, cimento, atividades portuárias,

Page 35: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

34

da construção civil, agrícolas e florestais, nos quais o trabalho manual com cargas

pesadas é uma constante.

A atual legislação brasileira, apresentada na Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT (CAMPANHOLE & CAMPANHOLE, 1994), referente às atividades de

levantamento e transporte de cargas (artigo 198 da Seção XIV, da prevenção da

fadiga, do Capítulo V) diz que é de 60 kg o peso máximo que um empregado pode

remover individualmente. Isto é aplicado a trabalhadores do sexo masculino. As

mulheres possuem uma capacidade menor que o homem para um trabalho que exija

muito esforço e seja contínuo. Os principais problemas apresentados pelas mulheres

que realizam este tipo de atividade estão relacionados a transtornos da circulação

sanguínea nos órgãos pelvianos e extremidades inferiores, transtornos na

menstruação, prolapso, aborto e parto. Este quadro fica acentuado se a mulher tiver

realizado este tipo de atividade desde a infância (MARÇAL, 1991).

No caso de crianças e adolescentes, este tipo de trabalho poderá afetar seu

desenvolvimento físico, especificamente o esquelético, podendo-se produzir

deformações na coluna vertebral, pélvis e tórax (MOURA, 1978).

Existe também uma disposição legal para a proteção da saúde dos

trabalhadores que diz: "Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de

cargas, por trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou

segurança". Já a Norma Regulamentadora NR 17, de Ergonomia, que faz menção

ao levantamento, transporte e descarga individual de materiais, não estipula nenhum

valor máximo para a realização deste tipo de atividade.

Marçal (1991) afirma que para situações de levantamento de pesos algumas

recomendações são importantes:

− deve ser restringido o número de tarefas com necessidade de carga

manual;

− devem ser criadas condições favoráveis;

− devem ser utilizadas as técnicas corretas;

− o posto deve ser projetado adequadamente para trabalho pesado;

− a carga deve ter a forma correta.

Com estatísticas em mãos, fica nítida a necessidade de leis, e neste caso,

devem ser consideradas muitas variáveis para definir as cargas limites a serem

manuseadas e movimentadas manualmente. As variáveis a serem consideradas

Page 36: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

35

são: idade e sexo dos trabalhadores, características da carga, condições de

percurso (distância e inclinação), frequência da atividade e posturas, treinamento.

No caso do Brasil, a atual legislação define um valor limite de carga máxima para o

homem de 60 kg e de 20 kg em trabalho ocasional; para o caso das mulheres, não

existem detalhes precisos das variáveis que influenciam este tipo de atividade, e se

realmente estas cargas são adequadas para atividades deste tipo.

A comunidade científica possui grande responsabilidade neste ínterim, uma

vez que já existem métodos qualitativos e quantitativos que mensuram cargas limites

a serem manuseadas pelo trabalhador. Porém, para a adoção destes métodos como

referência para a solução desses problemas, é necessária a conscientização dos

empregados e empregadores, tendo em mente que a ciência e a legislação podem

caminhar juntas para a solução de problemas do dia-a-dia, no trabalho.

2.6 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

A Ergonomia é uma tecnologia que estuda e analisa as relações entre o

homem e o trabalho. Sob o ponto de vista da ação ergonômica, esta se divide em

Ergonomia de Concepção e a Ergonomia de Intervenção (MAIA, 2008).

O mesmo autor acredita que seja inconcebível conduzir uma Análise

Ergonômica do Trabalho (A.E.T.) de todo um complexo industrial de grande porte,

pois se trata de um meio a serviço de um laudo ou de uma recomendação. No que

se entende que há de haver um foco, torna-se necessária a identificação de pontos

problemáticos para então trabalhar-se caso a caso.

No primeiro instante, quando ocorre a análise macroscópica, o ambiente de

trabalho é visualmente analisado e nele são identificados detalhes como

carregamento de cargas e utilização incorreta de equipamentos. Em geral este

primeiro contato com o ambiente de trabalho é superficial, necessitando de um

estudo mais detalhado, mais microscópico. Neste momento, faz-se uma avaliação

de posturas, métodos de trabalho e também alguns fatores ocultos que não são

perceptíveis na área estudada, como carga horária dos trabalhadores, horas extras,

dados do ambulatório médico, revezamentos, entre outros.

Page 37: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

36

Embora não exista um modelo oficial de Relatório de Análise Ergonômica do

Trabalho (A.E.T.), Couto (1996) sugere a seguinte sequência:

• introdução: justifica-se o porquê da análise naquela área;

• explicitação dos objetivos da pesquisa: descreve-se o que se pretende

com a pesquisa;

• descrição da tarefa: detalha-se a tarefa realizada naquele ambiente;

• descrição da metodologia da tarefa;

• descrição dos resultados encontrados;

• conclusões;

• recomendações.

Segundo Maia (2008), devido à sua superficialidade, a análise macroscópica

geralmente precisa ser completada com uma análise mais microscópica, quando o

problema será visualizado mais detalhadamente. Nesse contexto serão avaliadas

posturas e suas consequencias.

Couto (1996) lista algumas recomendações que atentam a cinco critérios

essenciais a uma solução ergonomicamente correta:

• biomecânico: a mecânica do ser humano funciona melhor na nova

situação?

• fisiológico: o indivíduo se cansa menos?

• epidemiológico: ocorre redução de lesões na nova situação?

• psicofísico: os trabalhadores aceitam bem a situação?

• critério de produtividade: aumenta o rendimento?

Maia (2008) afirma que deve-se observar a reação do trabalhador, visto que,

em geral, as recomendações em sua maioria alteram sua rotina de trabalho. O laudo

deve relatar o que deve ser feito e o que não deve ser feito, utilizando clareza e

objetividade. A bibliografia deve ser sempre apresentada, pois é ela que fornece

suporte técnico ao trabalho.

Embora utilize dados quantitativos em suas análises, a A.E.T. é uma

avaliação qualitativa, que é composta de uma sequencia de coletas de dados e

Page 38: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

37

informações criando suporte para mudanças necessárias, sendo a melhoria do

ambiente de trabalho, a satisfação e a integridade do trabalhador os objetivos

requeridos. (DUL e WEERDMEESTER, 1995).

A A.E.T. é um instrumento de avaliação pontual, no qual serão analisados

problemas de forma individual para proporcionar que a maior quantidade das

recomendações posteriores seja implementada com sucesso.

Segundo Vidal (2001) apud Maia (2008), o que caracteriza uma intervenção

ergonômica é a construção que vai viabilizar a mudança necessária, e que possa

inserir os resultados da Ergonomia nas crenças e nos valores das organizações que

as demandam e recebem seus resultados.

2.7 FERRAMENTAS ERGONÔMICAS

A Ergonomia contemporânea sugere métodos de análise de trabalho ou a

Análise Ergonômica do Trabalho (A.E.T.) que prevê mecanismos de identificação de

dores, desconforto e insatisfação do trabalhador (MAIA, 2008).

Segundo Maia (2008), as maiores dificuldades quando se trata de analisar e

corrigir as más posturas do trabalho são a identificação e o registro dos dados ou

componentes de atividade a serem estudadas, levando alguns pesquisadores a

proporem métodos práticos de registro e análise de postura que possam validar os

resultados das pesquisas nessa área.

O mesmo autor caracteriza como uma atitude científica a terminologia

inicialmente utilizada pelo motivo de que os estudos ergonômicos não possuíam

referenciais teóricos, desenvolvendo-se somente com base em experimentos. O

nascimento da Ergonomia deu-se pela necessidade de apresentar soluções para os

problemas originários de situações de trabalho que não correspondem com a

satisfação e aprovação do trabalhador no momento da realização da tarefa.

Abrahão e Pinho (1999) definem que os critérios de avaliação do trabalho

são sustentados por três eixos:

1. a segurança dos homens e equipamentos;

2. a eficiência do processo produtivo;

3. o bem-estar dos trabalhadores nas situações de trabalho.

Page 39: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

38

Adotando estes itens como referenciais para a real percepção das situações

reais de trabalho, faz-se necessária a sondagem do modelo de trabalho, das

características dos trabalhadores e da relação homem-trabalho na situação

estudada.

Segundo Wisner (1994), os métodos experimentais permitiram avanços

significativos na concepção e no melhoramento das situações de trabalho. Em

muitos casos, a observação do trabalho favorece a identificação e solução de

problemas que tendem a afetar a saúde do trabalhador.

A seguir serão descritas as ferramentas ergonômicas utilizadas no presente

trabalho.

2.7.1 Método de NIOSH

Sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and Health –

NIOSH (Estados Unidos), em 1980, ocorreu o desenvolvimento de um método para

determinar a carga máxima a ser manuseada e movimentada manualmente numa

atividade de trabalho (NIOSH, 1981).

Pesquisadores reuniram-se para estabelecer um método consistente através

de referências bibliográficas de todo o mundo concluindo que neste método levam-

se em conta quatro aspectos básicos.

a) epidemiológico: estudo das doenças, sua incidência, prevalência,

efeitos e os meios para sua prevenção ou tratamento (BARBANTI,

1994);

b) psicológico: considera o comportamento humano numa determinada

situação.

c) biomecânico: estuda as estruturas e funções dos sistemas biológicos,

usando conceitos, métodos e leis da mecânica. A biomecânica do

movimento humano trata do estudo do movimento durante o trabalho,

na vida diária e nos esportes. (BARBANTI, 1994);

d) fisiológico: estuda as funções do organismo vivo. O fenômeno do

crescimento, digestão, respiração, reprodução e excreção são

primordialmente fisiológicos. A fisiologia do exercício estuda as

funções do organismo em relação ao trabalho físico.

Page 40: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

39

Em 1991, o método NIOSH foi revisto, sendo proposto o Limite de Peso

Recomendado (L.P.R.) e o Índice de Levantamento (I. L.).

O grupo decidiu estabelecer um critério não baseado em determinada carga,

acima da qual seria problemático e abaixo da qual haveria segurança, nem se

basearam em estabelecer uma frequencia máxima, nem uma técnica especifica para

se fazer um esforço. O método utilizado estabeleceu que, para uma situação

qualquer de trabalho, no levantamento manual de cargas, existe um Limite de Peso

Recomendado (L.P.R.). O L.P.R., uma vez calculado, é comparado com a carga real

levantada no trabalho, obtendo-se então o Índice de Levantamento (I.L).

Assim, estipula-se que se o valor do I.L. for menor que 1.0, a chance de

lesão será mínima e o trabalhador estará em situação segura; se o valor for de 1.0 a

2.0, aumenta-se o risco; e se a situação de trabalho for maior que 2.0, aumentará o

risco de lesões na coluna e no sistema músculo-ligamentar.

A seguir, é apresentada a equação de cálculo utilizada para determinar o

Limite de Peso Recomendado:

LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FRLT x FFL x FQPC

O valor 23 corresponde ao peso limite ideal, aquele que pode ser

manuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, isto é,

nas melhores condições. Tais condições são definidas como: carga próxima ao

corpo (DH< 25 cm), elevação da carga a cerca de 75 cm (AV=75 cm), carga a ser

pega simetricamente, com boa pega que permita segurá-la em preensão da mão,

levantamento de uma pequena distância entre a origem e o destino e frequência de

levantamento não maior do que uma vez a cada 5 minutos. (COUTO, 1995).

A Figura 49 a seguir mostra o esquema da Posição Standart:

Page 41: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

40

FIGURA 49 − POSIÇÃO STANDART SEGUNDO NIOSH FONTE: Couto (1995)

Os fatores da equação são explicados a seguir:

• FDH - fator de distância horizontal do indivíduo à carga: (25/H)

DH - Distância Horizontal - é a distância em centímetros da linha do

tornozelo até o ponto em que as mãos seguram o objeto.

• FAV - fator de altura vertical da carga: 1 – 0.003 x (V – 75)

AV – Altura Vertical da Carga – é a altura em centímetros do chão ao

ponto em que as mãos seguram o objeto.

• FDVP - fator de distância vertical percorrida desde a origem até o

destino: (0,82+4,5/Dc)

Dc – Distância Vertical Percorrida – corresponde à diferença de altura

em centímetros da carga entre a origem e o destino.

• FRLT - fator de rotação lateral do corpo: 1- (0,0032A)

A – Ângulo de Rotação Lateral do Tronco – em graus

• FFL - fator de freqüência de levantamento

A Tabela 2 a seguir contém o fator de freqüência de levantamento e a

Tabela 3 a seguir demonstra os fatores de qualidade de pega.

Page 42: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

41

TABELA 2 – CÁLCULO DO FATOR FREQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO

FONTE: Couto (1995)

• FQPC – fator de qualidade da pega da carga

TABELA 3 – FATOR DE QUALIDADE DE PEGA

Fator Qualidade da Pega da Carga - FQPC

Pega Vc < 75 (cm) Vc > 75 (cm)

Boa 1,00 1,00

Razoável 0,95 1,00

Pobre 0,90 0,9 FONTE: Couto (1995)

A definição da qualidade de Pega da Carga é caracterizada pelo fluxograma

de Herrin (apud MERINO, 1996) a seguir:

Fator de Freqüencia de Levantamento - FFL

FREQUENCIA DURAÇÃO DA MANUTENÇÃO CONTÍNUA

Até 8 horas Até 2 horas Até 1 hora

Levantamento(s) por minuto

Vc < 75 (cm)

Vc ≥ 75 (cm)

Vc < 75 (cm)

Vc ≥ 75 (cm)

Vc < 75 (cm)

Vc ≥ 75 (cm)

0,2 0,85 0,85 0,95 0,95 1,00 1,00

0,5 0,81 0,81 0,92 0,92 0,97 0,97

1 0,75 0,75 0,88 0,88 0,94 0,94

2 0,65 0,65 0,84 0,84 0,91 0,91

3 0,55 0,55 0,79 0,79 0,88 0,88

4 0,45 0,45 0,72 0,72 0,84 0,84

5 0,35 0,35 0,60 0,60 0,80 0,80

6 0,27 0,27 0,50 0,50 0,75 0,75

7 0,22 0,22 0,42 0,42 0,70 0,70

8 0,18 0,18 0,35 0,35 0,60 0,60

9 0,00 0,15 0,30 0,30 0,52 0,52

10 0,00 0,13 0,26 0,26 0,45 0,45

11 0,00 0,00 0,00 0,23 0,41 0,41

12 0,00 0,00 0,00 0,21 0,37 0,37

13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,34

14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,31

15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,28

> 15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Page 43: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

42

FIGURA 50 – FLUXOGRAMA PARA DEFINIÇÃO DE QUALIDADE DA PEGA FONTE: Merino (1996)

Estabelecimento do Peso Máximo Recomendado de 23 kg (método NIOSH):

Ao estabelecer o limite de peso em 23 kg, os especialistas destacam que

este é o Limite de Peso Recomendado que 99% dos homens e 75% das mulheres

podem levantar sem causar problemas.

Em alguns países da Comunidade Européia, por exemplo, define-se 25 kg

como limite de carga; na Itália, trabalha-se com o valor de 30 kg para os homens e

20 kg para as mulheres.

Assim, é recomendado que para que uma pessoa possa levantar uma carga

de 23 kg, a situação de levantamento deve estar nas condições ideais anteriormente

citadas.

Segundo Couto (1995), o método de NIOSH possui algumas limitações:

• a equação não é aplicável a tarefas envolvendo elevação de objetos com

uma só mão, ou na posição sentado, ajoelhado ou agachado, ou ainda

elevações em espaços confinados que obriguem a posturas

desfavoráveis;

• também não contempla a elevação de pessoas, ou de objetos

extremamente quentes ou frios, sujos ou contaminados;

• também não estão incluídas tarefas como a elevação muito rápida e

frequente de objetos. Para estes tipos, serão necessárias avaliações

NÃO

NÃO

Page 44: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

43

biomecânicas, metabólicas e psicofísicas especificamente para cada

tarefa;

• a equação assume que a superfície de contato do calçado de trabalhador

com o solo tem um coeficiente de fricção estática, no mínimo, de 0,4 (de

preferência de 0,5). Se as condições de aderência forem inferiores, os

riscos e o acréscimo de esforços resultantes serão imprevisíveis;

• a equação assume que as tarefas de levantamento e de abaixamento de

pesos têm idêntico potencial para causar lesões lombares, isto é, levantar

uma caixa do chão e colocá-la sobre uma mesa comporta o mesmo risco

que descer essa caixa desde a mesa até ao chão. Esta afirmação anterior

pode não ser verdadeira se, em vez de manter a caixa nas mãos até

pousar no chão, o trabalhador apenas conduzir ou orientar a descida ou

mesmo deixá-la deslizar até ao chão. Pode ser necessário efetuar

avaliações psicofísicas, caso a caso, para tarefas específicas de descida

de pesos, pois as condições podem ser muitas variadas;

• a equação não inclui fatores para as consequências de circunstâncias

imprevistas, tais como pesos inesperadamente grandes, escorregamento

ou queda durante a execução das tarefas. Se o ambiente físico for

desfavorável será necessário avaliar o acréscimo metabólico resultante

desses fatores ambientais;

• a equação assume que quaisquer outras atividades de manipulação ou

movimentação efetuadas pelo trabalhador são mínimas e não requerem

dispêndio energético significativo. São exemplos de tarefas não

elevatórias segurar, empurrar, puxar, transportar objetos, andar e subir.

Se existirem atividades destes tipos, poderão ser necessárias medidas ou

estimativas da energia despendida ou da frequencia cardíaca a fim de

avaliar as exigências metabólicas das várias tarefas.

Apesar de ainda apresentar algumas importantes limitações, a Equação

NIOSH 91 tem, contudo, o mérito de se apoiar na compilação rigorosa de uma

grande quantidade de dados empíricos obtidos durante anos de investigação, dados

esses que a tornaram utilizável para a resolução de muitos problemas concretos de

concepção e análise de postos de trabalho e avaliação de riscos. A equação pode

ser considerada uma ferramenta que, bem utilizada, pode ser útil na prevenção das

dores e lesões.

Page 45: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

44

O método de NIOSH não considera o fator elevação com apenas uma das

mãos, fato muito frequente em atividades de movimentação de cargas. Para fins

práticos, a equipe técnica da Clínica del Lavoro, em Milão apud Couto (1995), faz a

seguinte recomendação: aplicar ao valor encontrado pela formula NIOSH o

multiplicador 0,6, obtendo-se assim uma aproximação mais real, ao se realizar uma

destas atividades com uma das mãos.

Segundo Couto (1995), uma das maiores vantagens do método NIOSH, é a

visualização de cada item integrante do cálculo, permitindo assim a atuação da

Ergonomia de forma efetiva sobre cada um.

2.7.2 Sistema OWAS

O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) foi

desenvolvido na Finlândia para analisar as posturas de trabalho na indústria de aço,

sendo proposto por pesquisadores finlandeses em conjunto com o Instituto

Finlandês de Saúde Ocupacional, seu nome deriva de OVAKO Working Posture

Analysing System.

Segundo Silva (2001), este método possibilita que a atividade seja

subdividida em diversas fases e posteriormente classificada, em seus diversos

momentos, para a análise das posturas no trabalho.

Ribeiro et al. (2004) ressaltam que o método OWAS tem como principal

objetivo analisar as posturas de trabalho que se apresentam inadequadas, identificar

as posturas mais prejudiciais e ainda identificar as regiões que são mais atingidas.

Para o registro dos dados, pode-se utilizar a observação direta ou

observação indireta (registro por vídeo ou registro fotográfico) possibilitando a

análise através da aplicação do método pelo pesquisador ou usando softwares

específicos, como o programa WinOWAS (2009).

Segundo o Manual WinOWAS (2009), este método possibilita o estudo e a

avaliação da postura do homem durante o ciclo de trabalho podendo ser uma

ferramenta para o planejamento e desenvolvimento de um novo método ou posto de

trabalho, para estudos ergonômicos e de saúde ocupacional.

Page 46: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

45

As quatro categorias de ação são classificadas conforme o grau de esforço

exigido pela atividade:

a) categoria 1 - Postura normal; não necessita de ação corretiva;

b) categoria 2 - Carga física da postura levemente prejudicial ao

trabalhador; há a necessidade de futuras ações corretivas;

c) categoria 3 - Carga física da postura prejudicial; há a necessidade de

ações corretivas a curto prazo;

d) categoria 4 - Carga física da postura extremamente prejudicial; há a

necessidade de correções imediatas.

Guimarães e Portich (2002) intitulam o método OWAS como uma ferramenta

de amostra que possibilita catalogar as posturas combinadas entre as costas,

pernas, braços e forças exercidas, determinando o efeito resultante sobre o sistema

musculoesquelético e possibilita também o exame do tempo relativo gasto em uma

postura específica para cada região corporal, determinando o efeito resultante sobre

o sistema musculoesquelético.

A Figura 51 a seguir mostra a combinação das posições das costas, dos

braços, das pernas.

FIGURA 51 – CLASSIFICAÇÃO DAS POSTURAS PELO SISTEMA WINOWAS. FONTE: Iida (2005)

Page 47: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

46

A ação a ser tomada depende dos resultados das combinações entre estes

membros. A frequência das diferentes posturas e a proporção que as representam,

durante o tempo de atividade, se determinam pela observação da atividade que se

analisa em intervalos de tempos iguais e em atividade normal de trabalho (PONTES,

2005)

2.7.3 Diagrama de áreas dolorosas de Corlett e Manenica (1980)

Para facilitar a identificação e localização das áreas dolorosas Corlett e

Manenica (1980) apud Iida (2005) desenvolveram um diagrama no qual a imagem

do corpo humano de costas está dividida em vários segmentos e após a jornada de

trabalho o trabalhador é abordado pelo pesquisador que faz com que ele aponte as

regiões nas quais sente dores e desconfortos.

O índice de desconforto é classificado em 5 níveis, com variação de 1

(nenhum desconforto) a 5 (intolerável desconforto), com base na localização feita

pelo trabalhador no diagrama apresentado na Figura 52 a seguir.

FIGURA 52 − MAPA DAS REGIÕES CORPORAIS PARA AVALIAÇÃO DE DOR/DESCONFORTO FONTE: Iida (2005)

Page 48: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

47

Maia (2008) afirma que através deste diagrama o pesquisador pode

identificar máquinas, equipamentos e postos de trabalho que promovem maior

desconforto postural.

Segundo Maia (2008), este método pode ser aplicado com ou sem auxílio de

softwares específicos, podendo ser vantajoso em algumas situações de pesquisa,

sendo esta uma metodologia simples, que dispensa interrupção do trabalho na

coleta de dados. Todavia, seus resultados baseiam-se exclusivamente na

colaboração do trabalhador entrevistado, podendo este omitir ou aumentar o índice

de desconforto no momento da avaliação.

Page 49: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

48

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa foi realizada em um período de dezembro de 2008 a

abril de 2009 num canteiro de obras de um dos 100 maiores grupos empresariais do

Brasil que atua há mais de 20 anos nas áreas da construção, incorporação e

administração de carteira imobiliária. O canteiro de obras localiza-se na cidade de

Ponta Grossa. A obra apresenta-se na fase um, num total de três fases, na qual

estão sendo construídas 140 casas, se caracterizando assim como o maior

condomínio particular horizontal da cidade.

O tema desta pesquisa são as atividades executadas em parte do sistema

produtivo de construção das casas utilizando fôrmas. As atividades analisadas em

questão são o levantamento, a montagem, a desmontagem, o manuseio e o

transporte dos componentes deste processo produtivo, as posturas assumidas na

execução das tarefas, assim como a análise de desconforto físico, utilizando o

diagrama de dores.

Corroborando o pensamento de Lakatos e Marconi (2001) a pesquisa é um

procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um

tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para

descobrir verdades parciais.

Esta pesquisa constituiu-se de referencial bibliográfico, uma vez que toda

pesquisa deve ser fundamentada num arcabouço de informações, sendo este o

suporte teórico para a realização da pesquisa em questão.

Foi realizado um estudo de caso, caracterizado como um estudo intensivo e

profundo de um ou de poucos objetos. Buscou-se compreensão de todo o assunto

investigado tendo como base o ambiente de trabalho e o processo de construção de

casas utilizando fôrmas.

Primeiramente foi necessária a identificação das etapas do processo

produtivo nas quais os trabalhadores se submetem às piores condições de trabalho,

tendo como perspectiva o manuseio e transporte de cargas, desconforto/dor postural

e levantamento de cargas.

Com as etapas definidas, houve a necessidade de caracterizar qual a

população inerente às etapas eleitas.

Page 50: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

No presente trabalho, durante as visitas realizadas no canteiro de obras,

percebeu-se que existiam diversas eq

Três dimensões de moradias estavam sendo construídas: casas com 47, 57 e 67 m².

Foi definido que a população a ser estudada seria toda a equipe (12 trabalhadores)

responsável pela montagem e desmontagem das cas

justificativa de que o conjunto de fôrmas relacionadas a esta dimensão de casa

apresentaria as maiores e mais pesadas peças

assim condições mais desgastantes de trabalho.

Sabendo que o conjunto de

de peças, foi necessário estabelecer quais peças seriam o alvo de estudo da

presente pesquisa. Para tal definição

estudada.

Definidas as peças

dimensões e pesos; para isto

eletrônica da marca Toledo modelo 2090

Com os valores de pesos e dimensões das peças, foi necessário estabelecer

quais cômodos das casas seria

estava presente em vários cômodos

posturais, formas de transporte

FIGURA 53 − TRENA UTILIZADA NA PESQUISA FONTE: Os autores (2008)

No presente trabalho, durante as visitas realizadas no canteiro de obras,

se que existiam diversas equipes responsáveis pelos conjuntos de fôrmas.

Três dimensões de moradias estavam sendo construídas: casas com 47, 57 e 67 m².

Foi definido que a população a ser estudada seria toda a equipe (12 trabalhadores)

responsável pela montagem e desmontagem das casas com 67 m², sob a

justificativa de que o conjunto de fôrmas relacionadas a esta dimensão de casa

apresentaria as maiores e mais pesadas peças, além de maior número

condições mais desgastantes de trabalho.

Sabendo que o conjunto de fôrmas era composto de uma grande quantidade

de peças, foi necessário estabelecer quais peças seriam o alvo de estudo da

te pesquisa. Para tal definição foi realizada uma pesquisa entre a população

as peças FA91,5 e CA30, foi necessária a medição de suas

dimensões e pesos; para isto foram utilizada trena de 3 metros (Figura

eletrônica da marca Toledo modelo 2090 (Figura 54).

Com os valores de pesos e dimensões das peças, foi necessário estabelecer

quais cômodos das casas seriam cenários de estudo, uma vez que uma das peças

presente em vários cômodos, permitindo uma infinidade de movimentos

posturais, formas de transporte etc.

TRENA UTILIZADA NA

FIGURA 54 − BALANÇA ELUTILIZADA NA PESQUISAFONTE: Os autores (2008)

49

No presente trabalho, durante as visitas realizadas no canteiro de obras,

uipes responsáveis pelos conjuntos de fôrmas.

Três dimensões de moradias estavam sendo construídas: casas com 47, 57 e 67 m².

Foi definido que a população a ser estudada seria toda a equipe (12 trabalhadores)

as com 67 m², sob a

justificativa de que o conjunto de fôrmas relacionadas a esta dimensão de casa

além de maior número, ocasionando

fôrmas era composto de uma grande quantidade

de peças, foi necessário estabelecer quais peças seriam o alvo de estudo da

foi realizada uma pesquisa entre a população

ssária a medição de suas

Figura 53) e balança

Com os valores de pesos e dimensões das peças, foi necessário estabelecer

o, uma vez que uma das peças

permitindo uma infinidade de movimentos

BALANÇA ELETRÔNICA A

s autores (2008)

Page 51: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

Para a definição dos cômodos foi realizada uma pesquisa com toda

população em estudo, os 12 trabalhadores. Após definidas as etapas do processo

produtivo, as peças e os cômodos fo

transporte e os movimentos posturais executados pelos trabalhadores para

manuseio, levantamento, montagem e desm

realizadas observações e registros fotográficos utilizando câmera digit

PC 1060 (Figura 55), durante as 8 visitas realizadas no canteiro de obras.

FIGURA 55 NA PESQUISAFONTE: Os

Com todas as variáveis definidas e todos os dados em mãos, p

realização desta pesquisa

classificação das posturas inadequadas e conseq

ergonômicos; para isto utilizou

computadorizada do sistema OWAS (Ovako Working Posture An

Para avaliação das zonas de dor/desconforto foi utilizado o Diagrama de

Corlett e Manenica (Anexo A)

fornece respostas com

intensidade.

Por fim, para o Limite de Peso Recomendado (L.P.R.) e o Índice de

Levantamento (I.L.) foi

foram extraídos de dados de campo com a utilização de observações, medições e

registros fotográficos.

Para a definição dos cômodos foi realizada uma pesquisa com toda

população em estudo, os 12 trabalhadores. Após definidas as etapas do processo

produtivo, as peças e os cômodos foi necessário estabelecer as formas de

transporte e os movimentos posturais executados pelos trabalhadores para

manuseio, levantamento, montagem e desmontagem das peças; para isso foram

observações e registros fotográficos utilizando câmera digit

durante as 8 visitas realizadas no canteiro de obras.

– CÂMERA FOTOGRÁFICA UTILIZADA NA PESQUISA

s autores (2008)

s as variáveis definidas e todos os dados em mãos, p

squisa foi utilizada uma análise ergonômica mais completa de

classificação das posturas inadequadas e conseqüentemente dos riscos

para isto utilizou-se o software WinOWAS

computadorizada do sistema OWAS (Ovako Working Posture An

Para avaliação das zonas de dor/desconforto foi utilizado o Diagrama de

nexo A), sendo este um instrumento de fácil utilização e que

fornece respostas com relação à existência de dor, sua localização e sua

Por fim, para o Limite de Peso Recomendado (L.P.R.) e o Índice de

utilizada a equação de NIOSH, cujos valores da equação

foram extraídos de dados de campo com a utilização de observações, medições e

50

Para a definição dos cômodos foi realizada uma pesquisa com toda

população em estudo, os 12 trabalhadores. Após definidas as etapas do processo

i necessário estabelecer as formas de

transporte e os movimentos posturais executados pelos trabalhadores para

ontagem das peças; para isso foram

observações e registros fotográficos utilizando câmera digital Canon Slim

durante as 8 visitas realizadas no canteiro de obras.

s as variáveis definidas e todos os dados em mãos, para a

foi utilizada uma análise ergonômica mais completa de

entemente dos riscos

se o software WinOWAS (2009), versão

computadorizada do sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System).

Para avaliação das zonas de dor/desconforto foi utilizado o Diagrama de

sendo este um instrumento de fácil utilização e que

existência de dor, sua localização e sua

Por fim, para o Limite de Peso Recomendado (L.P.R.) e o Índice de

os valores da equação

foram extraídos de dados de campo com a utilização de observações, medições e

Page 52: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

51

4 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Neste capítulo apresentam-se as análises dos dados coletados durante a

pesquisa realizada no canteiro onde foram utilizadas fôrmas para a construção de

edificações populares. As coletas de dados constituíram-se de registros e

observações de imagens, entrevistas, aplicações de formulários como o diagrama

de áreas dolorosas de Corlett e Manenica, medições das dimensões e pesos dos

componentes para a instalação das fôrmas. Foi utilizado o critério de NIOSH para o

estabelecimento do L.P.R. (limite de peso recomendado) em situações de

levantamento manual de cargas, e para análise postural das atividades, foi utilizado

o Sistema OWAS (Ovako Working Analysis System) através da aplicação do

software WinOWAS.

Para a construção das casas utilizando a tecnologia descrita no Capítulo 2

faz-se necessária a execução de várias fases. Entre estas fases, a montagem e

desmontagem das fôrmas são consideradas pelos trabalhadores as atividades que

requerem maior esforço físico e pior condição postural. Este relato levanta as

seguintes questões:

Esta etapa do processo produtivo é realizada corretamente tendo a postura

como perspectiva de estudo?

A técnica utilizada para o levantamento das peças considera o peso que as

mesmas possuem?

O trabalhador sente dor ou desconforto após a jornada de trabalho?

Para a resposta e esclarecimento destas questões foram analisados os

trabalhadores responsáveis pela montagem e desmontagem das placas que

segundo o mestre-de-obras, eram 12 trabalhadores por conjunto de fôrmas.

Observou-se que a população pesquisada é caracterizada por trabalhadores do

sexo masculino, na faixa etária entre 19 e 55 anos, alfabetizados, com grau de

escolaridade entre curso fundamental incompleto e curso médio completo.

Todos os trabalhadores são registrados com o cargo de servente e com

média de 5,4 meses de serviço local. Quanto à jornada de trabalho, esta é de

segunda a sexta-feira das 08 horas às 12 horas, com uma hora de intervalo para

almoço, retornando às 13 horas até às 17:30 horas, com 15 minutos para o lanche

Page 53: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

da tarde. Eventualmente, são realizadas horas

cumprimento das metas estipuladas pela empresa contratante.

Juntamente com

Corlett e Manenica (1980)

• Você teve treinamento e instruções

utilizadas no processo produtivo em questão?

• Você acha importante treinamento e instruções para o transporte das

peças utilizadas no processo produtivo em

Como mostram as

treinamento e 91,6% dos trabalhadores acham importante o treinamento de

transporte de cargas.

FIGURA 56TREINAMENTOFONTE: O

FIGURA 57TRANSPORTE DE CARGASFONTE: O

almente, são realizadas horas extras, conforme a necessidade do

cumprimento das metas estipuladas pela empresa contratante.

Juntamente com a apresentação do formulário de diagrama de dores de

(1980) foram realizadas as seguintes perguntas:

ocê teve treinamento e instruções para o transporte das peças

utilizadas no processo produtivo em questão?

Você acha importante treinamento e instruções para o transporte das

peças utilizadas no processo produtivo em questão?

Como mostram as Figuras a seguir, 66% dos trabalhadores não tiveram

treinamento e 91,6% dos trabalhadores acham importante o treinamento de

FIGURA 56 – TRABALHADORES COM TREINAMENTO E SEM TREINAMENTO FONTE: Os autores (2008)

FIGURA 57 – IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO SOBRE TRANSPORTE DE CARGAS FONTE: Os autores (2008)

Com treinamento

34%Sem

treinamento66%

Acham importante treinamento

91,6%

Não acham importante treinamento

8,4%

52

extras, conforme a necessidade do

a apresentação do formulário de diagrama de dores de

am realizadas as seguintes perguntas:

para o transporte das peças

Você acha importante treinamento e instruções para o transporte das

, 66% dos trabalhadores não tiveram

treinamento e 91,6% dos trabalhadores acham importante o treinamento de

INAMENTO E SEM

AMENTO SOBRE

Page 54: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

53

Os resultados destas questões são também uma justificativa para a

realização deste trabalho, uma vez que a grande maioria da população pesquisada

neste contexto admite que o treinamento e que as informações sobre transporte e

levantamento de cargas sejam de grande importância para

“...manter a saúde em dia e ser mais produtivo no trabalho...”

D.V., servente de obras responsável pela montagem e desmontagem das fôrmas.

Os resultados das análises são apresentados sob três perspectivas:

a) resultados das análises dos eventos posturais individuais localizados a

partir das atividades identificadas como propensas a risco biomecânico;

b) resultados do limite de peso recomendado e índice de levantamento das

peças classificadas pelos trabalhadores como as piores peças para

transporte, levantamento e manuseio;

c) resultados do formulário de diagrama de dores e desconforto.

4.1 O PROCESSO PRODUTIVO EM ESTUDO

A metodologia de construção de casas é apresentada de forma resumida

conforme entrevista realizada com o mestre-de-obras responsável pela execução do

projeto:

FIGURA 58 – CONFECÇÃO DO GABARITO FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 59 – INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DO PISO FONTE: Os autores (2009)

Page 55: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

54

FIGURA 60 – CONFECÇÃO DO RADIER FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 61 – COLOCAÇÃO DAS CANTONEIRAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 61 – INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DA PAREDE FONTE: Arquivos dos autores (2009)

FIGURA 64 – MONTAGEM DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 65 – CONCRETAGEM FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 62 – MONTAGEM DA ARMADURA DA PAREDE FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 63 – INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DA PAREDE FONTE: Os autores (2009)

Page 56: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

Embora o processo produtivo utilizando fôrmas apresente muitas tarefas, a

montagem e desmontagem foram o alvo do presente

que ainda não sejam tarefas convencionais

além de serem as atividades consideradas pelos trabalhadores como as que

requerem maior esforço físico e pior condição postural.

O processo construtivo das casas utilizando fôrmas realiza

pares, isto é, duas casas de cada vez

67).

FIGURA 66 FONTE:

FIGURA 67 – PAR DE CASAS E PAREDFONTE: Os autores (2009)

Casa A

Embora o processo produtivo utilizando fôrmas apresente muitas tarefas, a

montagem e desmontagem foram o alvo do presente trabalho, sob a justificativa de

que ainda não sejam tarefas convencionais, no setor de construção civil no Brasil

além de serem as atividades consideradas pelos trabalhadores como as que

requerem maior esforço físico e pior condição postural.

onstrutivo das casas utilizando fôrmas realiza

pares, isto é, duas casas de cada vez, sendo uma das paredes

FIGURA 66 – DESMONTAGEM DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)

PAR DE CASAS E PAREDE GEMINADA s autores (2009)

A

Parede Geminada

55

Embora o processo produtivo utilizando fôrmas apresente muitas tarefas, a

trabalho, sob a justificativa de

no setor de construção civil no Brasil

além de serem as atividades consideradas pelos trabalhadores como as que

onstrutivo das casas utilizando fôrmas realiza-se sempre aos

ndo uma das paredes geminada (Figura

Casa B

Page 57: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

56

Para a montagem das fôrmas são utilizadas inúmeras peças, acessórios,

pinos, cunhas, fechamentos, cantos, cantoneiras, alinhadores, grampos e

espaçadores, conforme tabela no Anexo B.

Assim como foram eleitas as atividades (pelos próprios trabalhadores) alvo

desta pesquisa, o mesmo aconteceu com as peças. Entre os doze trabalhadores

envolvidos na montagem e desmontagem, cem por cento da população entrevistada

elegeu entre as peças que compõem o conjunto do projeto para execução de 02

unidades residenciais de 67 m² (Figura 68), as fôrmas de 91,5 cm X 280 cm, com a

média de peso de 49,80 kg, e as cantoneiras de 30 cm X 30 cm X 280 cm, com a

média de peso de 51,60 kg,(Figuras 69 e 70) como as peças mais difíceis de serem

levantadas, transportadas e manuseadas.

FIGURA 69 – FÔRMA DE ALUMÍNIO 91,5 CM X 280 CM FONTE: Os autores (2009)

FIGURA 68 – CONJUNTO DE FÔRMAS DE ALUMÍNIO FONTE: Os autores (2009)

280 cm

91,5 cm

Page 58: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

57

As duas peças mencionadas anteriormente foram eleitas por motivos

distintos; a peça FA91,5 (fôrma de alumínio 91,5 cm X 280 cm e peso médio de

49,80 kg) foi eleita pois é considerada uma peça pesada, de difícil transporte e

manuseio, escolha justificada pela sua grande dimensão e seu peso; a peça CA30

(cantoneira de alumínio 30 cm X 30 cm X 280 cm e peso médio de 51,60 kg) foi

eleita pois é considerada uma peça pesada.

Analisando o projeto da casa, observa-se que as peças anteriormente

descritas estão presentes em grande parte dos cômodos das casas. A peça FA91,5

está presente em maior número (94 peças por conjunto), formando grande parte das

paredes internas e externas que constituem a casa; a peça CA30 está presente em

dois cantos externos da casa (2 peças por conjunto). Percebendo a grande

variabilidade de situações de trabalho realizadas com a peça FA91,5, realizou-se a

seguinte indagação para os trabalhadores:

“Qual é o cômodo da casa em que o transporte, levantamento e manuseio

das peças FA91,5 torna-se mais restrito e submete `as piores posturas e condições

de trabalho?”

Todos os trabalhadores elegeram o banheiro como a pior situação de

trabalho para a peça, sob a justificativa de que o acesso para o transporte desta

peça a este pequeno cômodo os submete a condições posturais comprometedoras à

saúde.

Para a peça CA30 não houve a necessidade de analisar qual o pior cenário

pois não há variabilidade quanto à sua localização na casa.

FIGURA 70 – CANTONEIRA DE ALUMÍNIO 30 CM X 280 CM X 30 CM FONTE: Os autores (2009)

30 cm

30 cm

280 cm

Page 59: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

58

Para demonstração mais clara e objetiva da estrutura adotada para

desenvolvimento desta pesquisa, é apresentado na Figura 71 a seguir, o fluxograma

de desenvolvimento da pesquisa, que demonstra os critérios adotados para a

seleção das amostras a serem estudadas.

FIGURA 71 – FLUXOGRAMA DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA FONTE: Os autores (2009)

Page 60: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

59

Uma vez escolhidas as peças e os cômodos para a presente pesquisa, foi

necessário estabelecer as formas de transporte realizadas pelos trabalhadores,

durante movimentação das peças FA91,5 e CA30.

Para a peça FA91,5 localizada no banheiro observaram-se as seguintes

tarefas realizadas pelos trabalhadores conforme o esquema da Figura 72, a seguir.

FIGURA 72 – ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA FA91,5 FONTE: Os autores (2009)

Tarefa 01

• Trajeto 01 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01

trabalhador;

• Trajeto 02 (linha cheia) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01

trabalhador;

• Trajeto 03 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01

trabalhador.

Tarefa 02

• Trajeto 01 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01

trabalhador;

Banheiro A Banheiro B

Trajeto 02

Trajeto 01 Trajeto 03

Page 61: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

60

• Trajeto 02 (linha cheia) – transporte da peça FA91,5 realizado por 02

trabalhadores;

• Trajeto 03 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01

trabalhador.

Para a peça CA30 localizada nos dois cantos externos da casa observou-se

a tarefa realizada durante o transporte da peça CA30 conforme o esquema da

Figura 73, a seguir.

FIGURA 73 – ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA CA30 FONTE: Os autores (2009)

Tarefa 03

• Trajeto 01 (linha cheia) – transporte da peça CA30 realizado por um

trabalhador durante todo o percurso de transporte.

Canto externo A Canto externo B

Trajeto 01

Page 62: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

61

4.2 ANÁLISE ATRAVÉS DO MÉTODO OWAS

Com as etapas do processo produtivo, as peças do conjunto e as formas de

transporte selecionadas, foram observadas as tarefas que os trabalhadores realizam

durante o processo de transporte, montagem e desmontagem das peças:

Tarefa 01 (peça FA91,5): Transporte para o interior da casa, montagem,

desmontagem e transporte para o exterior da casa da peça FA91,5, todas as

atividades realizadas por um trabalhador.

Tarefa 02 (peça FA91,5): Transporte para o interior da casa, montagem,

desmontagem e transporte para o exterior da casa da peça FA91,5, sendo que as

atividades de transporte são realizadas por dois trabalhadores e as atividades de

montagem e desmontagem continuam sendo realizadas por apenas um trabalhador.

Tarefa 03 (peça CA30): Transporte até o local da instalação da peça,

montagem, desmontagem e transporte para retirada da peça do local de instalação,

todas as atividades realizadas por um trabalhador.

As atividades que compõem as tarefas mencionadas anteriormente são

descritas a seguir:

4.2.1 Descrição da Tarefa 01 – Transporte (para o interior da casa), montagem, desmontagem e transporte (para o exterior da casa) da peça FA91,5 realizadas por apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade.

Observou-se durante a pesquisa que esta tarefa se desenvolve a partir de 6

atividades:

atividade 1.1 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça

FA91,5 do exterior da casa para o interior da nova casa (sala), esta com as

armaduras previamente confeccionadas;

atividade 1.2 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça

FA91,5 da sala para o interior do banheiro;

atividade 1.3 - Montagem da peça FA91,5 na parede do interior do banheiro

da nova casa;

atividade 1.4 - Desmontagem da peça FA91,5 da parede do interior do

banheiro;

atividade 1.5 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça

FA91,5 do interior do banheiro para o exterior do banheiro (sala da casa);

Page 63: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

62

atividade 1.6 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça

FA91,5 da sala da casa para o exterior da próxima casa que está pronta para

receber as fôrmas.

4.2.2 Descrição da Tarefa 02 – Transporte (para o interior da casa por dois trabalhadores), montagem (um trabalhador), desmontagem (um trabalhador) e transporte (para o exterior da casa por dois trabalhadores) da peça FA91,5.

Esta tarefa se desenvolve a partir de 6 atividades:

atividade 2.1 - Carregamento (transporte por dois trabalhadores) da peça

FA91,5 do exterior da casa para o interior da nova casa (sala), esta com as

armaduras previamente confeccionadas;

atividade 2.2 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça

FA91,5 da sala para o interior do banheiro;

atividade 2.3 - Montagem da peça FA91,5 na parede do interior do banheiro

da nova casa;

atividade 2.4 - Desmontagem da peça FA91,5 da parede do interior do

banheiro;

atividade 2.5 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça

FA91,5 do interior do banheiro para o exterior do banheiro (sala da casa);

atividade 2.6 - Carregamento (transporte por dois trabalhadores) da peça

FA91,5 da sala da casa para o exterior da próxima casa.

4.2.3 Descrição da Tarefa 03 – Transporte, montagem, desmontagem e transporte da peça CA30 realizada com apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade.

Observou-se durante a pesquisa que esta tarefa se desenvolve a partir de

04 atividades:

atividade 3.1 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça CA30

até o local onde se iniciará a montagem da peça, na cantoneira da casa, esta com

as armaduras previamente confeccionadas;

atividade 3.2 - Montagem da peça CA30;

atividade 3.3 - Desmontagem da peça CA30;

atividade 3.4 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça CA30

até o local onde se iniciará novo ciclo da tarefa.

Page 64: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

63

4.3 SOFTWARE WINOWAS

O software WinOWAS, assim como seu método originário OWAS, classifica

as posturas em 04 posições de dorso, 03 posições de braço, 07 posições de pernas

e 03 intervalos de peso. As combinações dessas posições, o intervalo do peso

selecionado e o tempo das posturas realizadas numa determinada atividade,

fornecem informações a partir de gráficos que classificam as atividades em 04

níveis, estes citados anteriormente no Capítulo 2.

4.3.1 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 01

Para a análise postural utilizando o software WinOWAS, as atividades

pertencentes à Tarefa 01 descritas anteriormente, foram divididas em sub-atividades

como ilustram o esquema das Figuras 74 a 89 e seus movimentos posturais

correspondentes, a seguir.

Page 65: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

64

64

Page 66: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

65

Analisando atentamente o esquema, nota-se que as atividades 1.1 e 1.2

(carregamento da peça FA91,5 para o interior da casa) são semelhantes às

atividades 1.5 e 1.6 (carregamento para o exterior da casa), pois nas suas sub-

atividades correspondentes, os trabalhadores sujeitam-se às mesmas condições

posturais e intervalos de tempo. O mesmo acontece com a montagem e

desmontagem das fôrmas (atividades 1.3 e 1.4), suas sub-atividades possuem as

mesmas posturas e mesmo intervalo de tempo.

Assim para a aplicação do software WinOWAS, as atividades

representativas da Tarefa 01, para fins de análises posturais foram:

• atividade 1.1 representando as atividades de carregamento tanto para o

interior quanto para o exterior da casa da peça FA91,5;

• atividade 1.2 representando as atividades de carregamento da peça

FA91,5 para o interior e exterior do banheiro;

• atividade 1.3 que representa tanto a atividade de montagem quanto a

atividade de desmontagem da peça FA91,5 no interior do banheiro.

Na atividade 1.1, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 25% risco 1 (não necessita ação corretiva), 25% risco 2 (há a

necessidade de futuras ações corretivas), 25% risco 3 (há a necessidade de ações

corretivas a curto prazo) e 25% risco 4 (ações corretivas imediatas).

A Figura 90 a seguir apresenta a interface do software utilizado com a

classificação geral da atividade estudada.

FIGURA 90 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.1 FONTE: Software WinOWAS

Page 67: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

66

A posturas 2143, 1243, 1273 e 4243 representam as seguintes sub-

atividades:

• postura 2143 – erguer a peça na posição vertical em relação ao solo

(Figura 73);

• postura 1243 – suspender a peça FA91,5 (Figura 74);

• postura 1273 – transporte da peça (Figura 75);

• postura 4243 – acomodar a peça no solo no interior da construção (Figura

76).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que a sub-atividade 1.1.4 apresenta o máximo risco ergonômico, ou seja risco 4

(Quadro 1).

QUADRO 1 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.1

Atividade Sub-

atividades Posturas

Coluna Braços Pernas Cargas

Categoria Geral

1.1

1.1.1 2143

Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1

Risco 3

1.1.2 1243

Risco 1 Risco 3 Risco 4 Risco 1

Risco 2

1.1.3 1273

Risco 1 Risco 3 Risco 2 Risco 1

Risco 1

1.1.4 4243

Risco 4 Risco 3 Risco 4 Risco 1

Risco 4

FONTE: Os autores (2009)

Observou-se que o maior risco durante a execução dessas sub-atividades é

proveniente da posição de flexão das duas pernas. A Figura 91 a seguir apresenta a

divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos

gerais dentro das categorias de risco.

Page 68: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

67

FIGURA 91 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.1 FONTE: Software WinOWAS

Para a execução dessa atividade, observou-se como ponto crítico a sub-

atividade em que o trabalhador realiza movimentos combinados de um dos braços

acima da linha dos ombros, flexão de pernas, torção e inclinação de dorso. Ressalta-

se também que a trabalhador executa todo o trabalho levantando, transportando e

manuseando cargas de até 50 quilogramas.

Para a redução dos riscos ergonômicos torna-se necessária a correção

imediata para os posicionamentos dos membros inferiores e correções futuras para

os posicionamentos de dorso e braços.

Na atividade 1.2, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 50% risco 1 e 50% risco 3. A Figura 92 a seguir apresenta a

interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.

Page 69: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

68

FIGURA 92 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.2 FONTE: Software WinOWAS

A posturas 1173 e 2153 representam as seguintes sub-atividades:

• postura 1173 – transporte da peça para o interior do banheiro (Figura 78);

• postura 2153 – no interior do banheiro, posicionar a peça FA91,5 para

posterior montagem (Figura 79).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que a sub-atividade 1.2.2 apresenta o risco ergonômico 3, necessita de correções

tão logo quanto possível. (Quadro 2)

QUADRO 2 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.2

Atividade Sub-

atividades Posturas

Coluna Braços Pernas

Cargas

Categoria Geral

1.2 1.2.1 1173

Risco 1 Risco 1 Risco 2

Risco 1 Risco 1

1.2.2 2153

Risco 3 Risco 1 Risco 4

Risco 1 Risco 3

FONTE: Os autores (2009)

Notou-se que os maiores riscos durante a execução destas sub-atividades

foram o movimento de flexão de uma das pernas e flexão da coluna vertebral. A

Page 70: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

69

Figura 93 apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus

enquadramentos gerais dentro das categorias de risco.

FIGURA 93 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.2 FONTE: Software WinOWAS

Para a execução da atividade 1.2, o trabalhador executa movimentos

posturais concomitantes de flexão de perna e coluna. A duração do período de

tempo em que o trabalhador sofre constrangimentos posturais nas sub-atividades

que compõem esta atividade é relativamente grande se comparado com as demais

sub-atividades analisadas. Esses dados corroboram as declarações dos

trabalhadores, que ressaltaram que o banheiro, por apresentar pequena dimensão, é

um cômodo onde as dificuldades de manuseio e manobras das peças são maiores.

Na atividade 1.3, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 50% risco 1 e 50% risco 3. A Figura 94 a seguir apresenta a

interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.

Page 71: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

70

FIGURA 94 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.3 FONTE: Software WinOWAS

A posturas 1223 e 2243 representam as seguintes sub-atividades:

• postura 1223 – levantamento da peça FA91,5 para início da montagem

(Figura 80);

• postura 2243 – posicionamento e montagem da peça FA91,5 (Figura

81).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que a sub-atividade 1.3.2 apresenta o máximo risco ergonômico, ou seja risco 4

(Quadro 3).

QUADRO 3 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.3

Atividade

Sub-

atividades Posturas Coluna

Braços Pernas Cargas

Categoria Geral

1.3 1.3.1 1223 Risco 1

Risco 3 Risco 2 Risco 1 Risco 1

1.3.2 2243 Risco 3

Risco 3 Risco 4 Risco 1 Risco 4

FONTE: Software WinOWAS

Page 72: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

71

O Quadro 3 demonstra que na sub-atividade 1.3.2, a coluna e os braços

apresentam risco 3, necessitando de correções logo que possível.

A Figura 95 apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e

pernas, seus enquadramentos dentro das categorias de risco e sugestões para

ações.

FIGURA 95 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.3 FONTE: Software WinOWAS

A flexão de ambas as pernas nesta atividade é caracterizada como uma

condição postural de risco 3, na qual a correção ergonômica deve ocorrer o mais

rápido possível.

O movimento realizado com um dos braços acima da linha do ombro se

caracteriza como um movimento postural de risco 3 e também merece atenção, pois

essa condição se mantém em 100% do tempo desta atividade.

4.3.2 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 02

Para a análise de posturas utilizando o software WinOWAS, as atividades

pertencentes à Tarefa 02 foram divididas em sub-atividades como ilustram as

Figuras 96 a 103 e seus movimentos posturais correspondentes.

Page 73: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

72

72

Page 74: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

73

Nas observações realizadas no canteiro de obras, constatou-se que as

atividades das Tarefas 01 e Tarefa 02 são semelhantes, diferenciando-se apenas

nas atividades 1.1 e 1.6 pertencentes à tarefa 01 (transporte da peça FA91,5

realizado por 01 trabalhador) com as atividades 2.1 e 2.6 pertencentes à tarefa 02

(transporte da peça FA91,5 realizado por 02 trabalhadores).

Analisando o esquema das Figuras 91 a 98 percebe-se que nas atividades

2.1 e 2.6 os trabalhadores realizam os mesmos movimentos posturais em intervalos

semelhantes, portanto as posturas analisadas no software WinOWAS da Tarefa 02

foram somente as posturas correspondentes da atividade 2.1.

Na atividade 2.1, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 25% risco 1 e 75% risco 3 . A Figura 104 a seguir apresenta a

interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.

FIGURA 104 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 2.1 FONTE: Software WinOWAS

A posturas 2143, 2153, 1173 e 2123 representam as seguintes sub-

atividades:

• postura 2143 – pegar a peça FA91,5 do solo (Figura 96);

• postura 2153 – suspender a peça FA91,5 (Figura 97);

Page 75: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

74

• postura 1173 – iniciar o transporte da peça (Figura 98);

• postura 2123 – acomodar a peça FA91,5 no solo no interior da

construção (Figura 99).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que as sub-atividades 2.1.1, 2,1,2 e 2.1.4 apresentam o risco ergonômico 3. (Quadro

4).

QUADRO 4 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 2.1

Atividade

Sub-

atividades Posturas Coluna Braços Pernas Cargas

Categoria Geral

2.1

2.1.1 2143 Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3

2.1.2 2153

Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1

Risco 3

2.1.3 1173

Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1

Risco 1

2.1.4 2123 Risco 3 Risco 1 Risco 2 Risco 1 Risco 3

FONTE: Os autores (2009)

Verificou-se que nas sub-atividades 2.1.1 e 2.1.2 os movimentos posturais

combinados de flexão de coluna e flexão das duas pernas e de uma das pernas

respectivamente atribuíram a essas sub-atividades o risco 3. Essa mesma

classificação aconteceu na atividade 2.1.4, na qual a flexão de coluna elevou essa

sub-atividade a uma situação em que há a necessidade de intervenções e correções

tão logo quanto possível.

Na sub-atividade 2.1.3 (carregamento da peça), nota-se que o maior risco

acontece nas pernas; a coluna e os braços são classificados como risco 1, não

necessitando de medidas corretivas para esta sub-atividade. A Figura 105 apresenta

a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos

gerais dentro das categorias de risco.

Page 76: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

75

FIGURA 105 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 2.1 FONTE: Software WinOWAS

Para a execução desta atividade, o trabalhador realiza movimentos

combinados de flexão de coluna vertebral e pernas, acentuando a classificação geral

das sub-atividades que compõem a atividade 2.1. A acima demonstra que em 100%

desta atividade, os braços realizam movimentos posturais que não oferecem riscos

ao trabalhador.

4.3.3 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 03

Para a análise de posturas utilizando o software WinOWAS, as atividades

pertencentes à Tarefa 03 descritas anteriormente, foram divididas em sub-atividades

como ilustram as Figuras 106 a 118 e seus movimentos posturais correspondentes.

Page 77: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

76

76

Page 78: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

77

No canteiro de obras, observou-se que na Tarefa 03 há duas formas

distintas de carregamento da peça CA30 (atividades 3.1 e 3.4). Na presente

pesquisa essas diferentes formas de transporte permitiram duas interpretações

posturais com relação à análise do software WinOWAS.

Em se tratando das atividades de montagem e desmontagem representadas

pelas atividades 3.2 e 3.3 respectivamente, os trabalhadores as realizam de forma

similar, isto é, as condições posturais e os intervalos de tempo de execução são os

mesmos.

Assim, para a aplicação do software WinOWAS, as atividades

representativas da Tarefa 03, para fins de análises posturais foram:

• atividade 3.1 representando a atividade de carregamento para o local

onde se iniciará a montagem da peça CA30;

• atividade 3.2 representando as atividades de montagem e desmontagem

da peça CA30;

• atividade 3.4 representando a atividade de carregamento para o local

onde se iniciará novo ciclo da tarefa 03.

Na atividade 3.1, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 20% risco 1, 40% risco 3 e 40% risco 3 . A Figura 119 a seguir

apresenta a interface do software utilizado com a classificação geral da atividade

estudada.

FIGURA 119 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.1 FONTE: Software WinOWAS

Page 79: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

78

A posturas 2143, 1143, 1173 e 1153 representam as seguintes sub-

atividades:

• postura 2143 – pegar a peça CA30 do solo para início do levantamento

(Figura 106) e colocar a peça no solo (Figura 109);

• postura 1143 – suspender a peça CA30 (Figura 107);

• postura 1173 – iniciar o transporte da peça CA30 (Figura 108);

• postura 1153 – acomodar a peça CA30 no solo, próximo da região onde a

mesma será montada (Figura 110).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que as sub-atividades de maior risco foram as 3.1.1 e 3.1.4 apresentando o risco

ergonômico 3 (Quadro 5).

QUADRO 5 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.1

Atividade Sub-

atividades Posturas

Coluna Braços Pernas Cargas

Categoria Geral

3.1

3.1.1 2143

Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1

Risco 3

3.1.2 1143

Risco 1 Risco 1 Risco 4 Risco 1

Risco 2

3.1.3 1173

Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1

Risco 1

3.1.4 2143

Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1

Risco 3

3.1.5 1153 Risco 1 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 2

FONTE: Os autores (2009)

Verificaram-se maiores riscos durante estas atividades devidas

principalmente às posições de flexão realizadas pela coluna vertebral e flexão das

pernas. A Figura 120 a seguir apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna,

braços e pernas, e seus enquadramentos gerais dentro das categorias de risco.

Page 80: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

79

FIGURA 120 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.1 FONTE: Software WinOWAS

Notou-se que as costas e as pernas são as regiões corporais que se

submetem aos maiores constrangimentos durante a execução desta atividade. Isso

se deve aos movimentos demasiados de flexão da coluna vertebral em que o

trabalhador realiza ao iniciar o levantamento da peça CA30 (Figura 101), repetindo

esta condição postural no momento em que o trabalhador realiza a deposição da

peça no solo (Figura 103). Nesta atividade, o transporte da peça CA30 mostrou-se

como uma sub-atividade que não submete o trabalhador a constrangimentos

posturais.

Na atividade 3.2, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 50% risco 2 e 50% risco 3 . A Figura 121 a seguir apresenta a

interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.

Page 81: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

80

FIGURA 121 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.2 FONTE: Software WinOWAS

A posturas 2143 e 1153 representam as seguintes sub-atividades:

• postura 2143 – levantamento da peça CA30 para início da montagem

(Figura 111);

• postura 1153 – posicionamento e montagem da peça CA30 (Figura 112).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que a sub-atividade 3.2.1 apresenta o risco ergonômico 3 necessitando de correção

o mais rápido possível (Quadro 6).

QUADRO 6 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.2

Atividade Sub-

atividades Posturas

Coluna Braços Pernas Cargas

Categoria Geral

3.2 3.2.1 2143

Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3

3.2.2 1153

Risco 1 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 2

FONTE: Os autores (2009)

Page 82: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

81

Observou-se que os maiores riscos durante esta atividade se devem à

combinação de flexão da coluna vertebral e das pernas. Estes movimentos são

realizados durante o levantamento da peça CA30, para em seguida realizar-se a

montagem da mesma. A Figura 122 a seguir apresenta a divisão dos riscos gerais

para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos gerais dentro das categorias

de risco.

FIGURA 122 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.2 FONTE: Software WinOWAS

Observou-se que ao analisar individualmente as pernas em cada sub-

atividade, o risco é 4 (Quadro 6). Porém ao analisar os enquadramentos gerais

como demonstra o gráfico acima, a classificação dos riscos das pernas enquadra-se

em risco 3 (Gráfico 8). Esse decréscimo de risco ergonômico se deve à combinação

de posturas, pois a realização concomitante das posturas das pernas com o trabalho

realizado dos braços abaixo da linha dos ombros resulta na atenuação dos riscos

ergonômicos.

Na atividade 3.4, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS

classificaram-se em 25% risco 1 e 75% risco 3 . A Figura 123 a seguir apresenta a

interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.

Page 83: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

82

FIGURA 123 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.4 FONTE: Software WinOWAS

A posturas 2143, 1173 e 2153 representam as seguintes sub-atividades:

• postura 2143 – levantar a peça CA30 do solo para início do transporte

(Figura 115) e acomodar a peça paralelamente em relação ao nível do

solo (Figura 118);

• postura 1173 – transportar a peça CA30 (Figura 116);

• postura 2153 – iniciar o abaixamento da peça CA30 (Figura 117).

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se

que as sub-atividades de maior risco foram as 3.4.1, 3.4.3 e 3.4.4 apresentando o

risco ergonômico 3. (Quadro 7).

QUADRO 7 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.4

Atividade Sub-

atividades Posturas Coluna Braços Pernas Cargas Categoria

Geral

3.4

3.4.1 2143 Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3

3.4.2 1173

Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1

Risco 1

3.4.3 2153

Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1

Risco 3

3.4.4 2143 Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3

FONTE: Os autores (2009)

Page 84: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

83

Analisando o quadro anterior percebe-se que a sub-atividade 3.4.2

(carregamento da peça CA30) não necessita de medidas corretivas, pois a

combinação postural desta sub-atividade resulta em risco 1. A Figura 124 a seguir

apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus

enquadramentos gerais dentro das categorias de risco.

FIGURA 124 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.4 FONTE: Software WinOWAS

Notou-se que a flexão da coluna nas atividades de erguer a peça CA30

juntamente com a flexão das pernas resulta em situações onde há necessidade de

intervenções ergonômicas para a atenuação dos riscos.

Mesmo com cargas de aproximadamente 50 kg, a combinação dos braços

abaixo da linha dos ombros com a movimentação da peça, classificou a sub-

atividade 3.4.2 como uma situação que não é necessária a adoção de medidas

corretivas.

Page 85: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

84

4.4 AVALIAÇÃO DO LEVANTAMENTO DE CARGAS – NIOSH

Para avaliar a manipulação de cargas por parte dos trabalhadores

responsáveis pela montagem e desmontagem das fôrmas, foi utilizado o método de

NIOSH. De acordo com o Work Practices Guide for Manual Lifting (apud MERINO,

1996), o método NIOSH foi desenvolvido em 1980 e revisado em 1991, nos Estados

Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and Health –

NIOSH, a fim de determinar a carga máxima a ser manuseada e movimentada

manualmente numa atividade de trabalho. Este método trabalha com equações no

sentido de prevenir ou reduzir a ocorrência de lombalgia relacionada ao

levantamento de cargas entre os trabalhadores.

Na presente pesquisa foram adotados alguns critérios para se estabelecer

quais as situações seriam analisadas para o emprego da equação de NIOSH. Um

dos critérios foi atender às limitações descritas no item 2.7.1 do capítulo 2, no

emprego da equação de NIOSH para o estabelecimento do limite de peso. Outro

critério de seleção das situações de levantamento de cargas foi o seguinte

questionamento aos 12 trabalhadores envolvidos no processo produtivo:

“Qual a pior situação de levantamento de cargas no processo de transporte,

montagem e desmontagem das peças FA91,5 e CA30?”

Para a peça FA91,5, 100% dos trabalhadores elegeram como pior situação

de levantamento de carga, o levantamento individual da peça, pois a mesma fica

suspensa, sem nenhuma das extremidades apoiadas no solo, como demonstram as

Figuras 125 e 126.

A peça CA30 erguida individualmente, totalmente suspensa e sem o apoio

das extremidades também foi considerada a pior situação com relação ao

levantamento de carga (Figuras 127 e 128).

As duas peças e suas respectivas situações eleitas pelos trabalhadores

possuem características que permitem o emprego da equação de NIOSH para o

estabelecimento do Limite de Peso Recomendado e Índice de Levantamento de

Carga.

Page 86: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

4.4.1 Situação 01- Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador.

Características da peça FA91,5:

• Peso médio: 49,8 quilogramas;

• Dimensões: 91,5 X 280 cm.

Características do

Com a peça FA91,5 em pé

trabalhador realiza flexão das duas pernas até que seus membros superiores

estejam situados a uma altura média de 1,40 m

metade do comprimento da placa, esta com 2,80 m (

manobra é que ao erguer a peça

facilitando o levantamento e transporte da mesma. Em seguida, com o corpo

tocando uma das bordas da placa e uma

apoiando a peça, o trabalhador realiza a pega das placas, utilizando o outro braço

para alavancar a peça e suspendê

As Figuras 125 e 1

FIGURA 125 – POSIÇÃO DE INÍCIO DELEVANTAMENTO DA PEÇA FA91,5FONTE: Os autores (2009)

Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador.

Características da peça FA91,5:

Peso médio: 49,8 quilogramas;

Dimensões: 91,5 X 280 cm.

Características do levantamento da carga:

Com a peça FA91,5 em pé, isto é, na posição vertical em relação ao solo, o

trabalhador realiza flexão das duas pernas até que seus membros superiores

uma altura média de 1,40 m; tal medida corresponde com

mento da placa, esta com 2,80 m (Figura 125

guer a peça torna-se necessária, a simetria de cargas,

facilitando o levantamento e transporte da mesma. Em seguida, com o corpo

tocando uma das bordas da placa e uma das mãos alinhadas na linha dos ombros

apoiando a peça, o trabalhador realiza a pega das placas, utilizando o outro braço

para alavancar a peça e suspendê-la ao ar (Figura 126).

e 126 ilustram os movimentos acima descritos.

POSIÇÃO DE INÍCIO DE FA91,5

FIGURA 126 – SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA FA91,5 FONTE: Os autores (2009)

85

Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador.

, isto é, na posição vertical em relação ao solo, o

trabalhador realiza flexão das duas pernas até que seus membros superiores

tal medida corresponde com à

125). O motivo desta

, a simetria de cargas,

facilitando o levantamento e transporte da mesma. Em seguida, com o corpo

das mãos alinhadas na linha dos ombros

apoiando a peça, o trabalhador realiza a pega das placas, utilizando o outro braço

ilustram os movimentos acima descritos.

SUSPENSÃO TOTAL DA

s autores (2009)

Page 87: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

4.4.2 Situação 02- Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador.

Características da peça

• Peso médio: 51,6 quilogramas;

• Dimensões: 30 X 280 X 30 cm.

Características do levantamento da carga:

Verticalmente em relação ao solo, assim como a situação 01, o trabalhador

flexiona as pernas de modo que a pega da peça CA30 seja a 1,40 m de altura,

corresponde à metade do comprimento da mesma

situação encontram-se de forma simétrica com relação à peça e o movimento de

suspensão da carga é concomitante ao levantamento do tronco do trabalhador este,

com as pernas retas (Figura

As Figuras 127 e 128

FIGURA 127 – POSIÇÃO DE INÍCIO DELEVANTAMENTO DA PEÇAFONTE: Os autores (2009)

Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador.

Características da peça CA30:

Peso médio: 51,6 quilogramas;

Dimensões: 30 X 280 X 30 cm.

Características do levantamento da carga:

Verticalmente em relação ao solo, assim como a situação 01, o trabalhador

flexiona as pernas de modo que a pega da peça CA30 seja a 1,40 m de altura,

corresponde à metade do comprimento da mesma (Figura 127

se de forma simétrica com relação à peça e o movimento de

suspensão da carga é concomitante ao levantamento do tronco do trabalhador este,

Figura 128).

s 127 e 128 ilustram os movimentos acima descritos.

POSIÇÃO DE INÍCIO DE LEVANTAMENTO DA PEÇA CA30

FIGURA 128 – SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA CA30 FONTE: Os autores (2009)

86

Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador.

Verticalmente em relação ao solo, assim como a situação 01, o trabalhador

flexiona as pernas de modo que a pega da peça CA30 seja a 1,40 m de altura, o que

127). Os braços nesta

se de forma simétrica com relação à peça e o movimento de

suspensão da carga é concomitante ao levantamento do tronco do trabalhador este,

ilustram os movimentos acima descritos.

SUSPENSÃO TOTAL DA

s autores (2009)

Page 88: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

87

Com os dados acima, obtidos a partir de registros fotográficos, relativos à

postura do operário - ângulos das articulações dos braços, tronco, coxofemurais,

joelhos e tornozelos - foi possível obter informações como a carga-limite e índice de

levantamento de carga recomendada, que corresponde ao peso que mais de 99%

dos homens e 75% das mulheres conseguem levantar (COUTO,1995).

A Tabela 4 a seguir apresenta as variáveis para as situações 01 e 02 e a

Tabela 5, adiante, traz os valores dos coeficientes da equação do NIOSH para cada

atividade.

TABELA 4 – VARIÁVEIS PARA CADA SITUAÇÃO

Variável Situação 01 Situação 02

Carga (kg) 49,8 kg 51,6 kg

H (cm) 45,75 cm 20 cm

V (cm) 140 cm 140 cm

D (cm) 30 cm 40 cm

A (graus) 0 graus 0 graus

F (levant./min.) 0,2 vezes por minuto 0,2 vezes por minuto

Qualidade de pega boa boa

FONTE: Os autores (2009)

TABELA 5 – COEFICIENTES PARA A EQUAÇÃO DE NIOSH

Coeficiente Situação 01 Situação 02

CH = 25 / H 0,546 1,25 (considera 1)

CV = 1 - 0,003(V-75) 0,805 0,805

CD = 0,82 + 4,5/D 0,97 0,932

CA = 1 - 0,0032A 1 1

CF = TABELA 2 0,85 0,85

CM = TABELA 3 1 1

FONTE: Os autores (2009)

Page 89: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

88

Resultados obtidos

Aplicando-se a equação do NIOSH, com os coeficientes da Tabela 5, obtêm-

se os seguintes valores para a carga máxima de trabalho (L.P.R.) e o índice de

levantamento (I.L.), para cada situação (Tabela 6):

TABELA 6 – VALORES DOS PESOS DAS PEÇAS, LIMITE DE PESO RECOMENDADO E ÍNDICE DE LEVANTAMENTO

Peso da peça L.P.R. I.L.

Situação 01 (peça FA 91,5) 49,8 kg 8,33 kg 5,97

Situação 02 (peça CA30) 51,6 kg 14,66 kg 3,51 FONTE: Os autores (2009)

Análise dos Resultados

Os valores da Tabela 6 demonstram que nas condições em que a peça

FA91,5 é levantada, o limite de peso recomendado (situação 01) não pode

ultrapassar 8,33 kg. O peso médio da peça é 49,8 kg e calculando o índice de

levantamento obtêm-se o valor de 5,97. Com este valor de índice de levantamento,

a situação 01 está acima de 2,0, que segundo Couto (1995) caracteriza-se como

uma situação na qual a chance de lesão musculoesquelética é alta.

Para a situação 02, verifica-se que o limite de peso recomendado é de 14,66

kg. A peça CA30 pesa em média 51,6 kg, nesta situação, o índice de levantamento é

3,51, caracterizando-se também como uma situação na qual a chance de lesão

musculoesquelética é alta.

4.5 AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE DESCONFORTO − DIAGRAMA DE CORLETT E

MANENICA (1980)

A avaliação foi realizada a partir dos resultados obtidos da aplicação da

escala de níveis de desconforto/dor de Corlett e Manenica. Ao final da jornada de

trabalho dos doze trabalhadores responsáveis pela montagem e desmontagem das

Page 90: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

89

fôrmas, foi solicitado que cada trabalhador avaliado mencionasse através de um

questionário (Anexo A), as regiões doloridas/desconfortáveis, começando sempre

pela pior e assim por diante, até que todas as regiões corporais fossem

mencionadas.

Para a escala de dores foram usados cinco pontos em ordem crescente de

níveis de desconforto ou dor, sendo que “01” representa nenhum desconforto/dor,

“02” representa algum desconforto/dor, “03” representa moderado desconforto/dor,

“04” representa bastante desconforto/dor e “05” representa intolerável

desconforto/dor.

Na Tabela 7 a seguir, estão os resultados da aplicação da escala de níveis

de desconforto/dor de Corlett e Manenica nos 12 trabalhadores.

TABELA 7 – RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA ESCALA DE NÍVEIS DE DOR/DESCONFORTO DE CORLETT E MANENICA Níveis de Desconforto/Dor

Partes do Corpo (1) Nenhum (2) Algum (3) Moderado (4) Bastante (5) Intolerável

00 - pescoço (11) 91,67% (01) 8,33% 01 - cervical (12) 100% 02 - dorsal (12) 100% 03 - cintura (11) 91,67% (01) 8,33% 04 - lombar (09) 75,01% (02) 16,66% (01) 8,33% 05 - região púbica (12) 100% 06 - ombro (esq.) (12) 100% 07 - ombro (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 08 - braço (esq.) (12) 100% 09 - braço (dir.) (12) 100% 10 - cotovelo (esq.) (10) 83,34% (01) 8,33% (01) 8,33% 11 - cotovelo (dir.) (12) 100% 12 - antebraço (esq.) (12) 100% 13 - antebraço (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 14 - punho (esq.) (11) 91,67% (01) 8,33% 15 - punho (dir.) (12) 100% 16 - mão (esq.) (10) 83,34% (02) 16,66% 17 - mão (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 18 - coxa (esq.) (12) 100% 19 - coxa (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 20 - joelho (esq.) (11) 91,67% (01) 8,33% 21 - joelho (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33%) 22 - perna (esq.) (12) 100% 23 - perna (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 24 - tornozelo (esq.) (12) 100% 25 - tornozelo (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 26 - pé (esq.) (12) 100% 27 - pé (dir.) (12) 100% FONTE: Os autores (2009)

Page 91: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

90

Analisando os dados da Tabela 7, pode-se observar que das 28 partes

analisadas do corpo, dentre os trabalhadores questionados, 14 partes (50%) do

corpo não foram apontadas como regiões que apresentassem algum nível de

dor/desconforto.

A região do corpo que apresentou maior freqüência de reclamações quanto

ao nível de desconforto foi a região lombar, representada pelo número quatro no

mapa de regiões corporais da Figura 52, sendo que 16,66% dos trabalhadores

indicaram como uma região de algum desconforto/dor e 8,33% dos trabalhadores

indicaram como uma região de moderado desconforto/dor (Figura 129).

Estes resultados suportam a afirmação de que segundo Merino (1996) a

compressão no disco L5-S1 da coluna vertebral, visualizada na Figura 130 a seguir,

pode ser suportada normalmente, sendo da ordem de 3400 Newton. Uma situação

de trabalho na qual exista uma força de compressão maior que 6600 Newton, é

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

8,33%

16,66%

16,66%

8,33%

8,33%

91,67%

100,00%

100,00%

91,67%

75,01%

100,00%

100,00%

91,67%

100,00%

100,00%

83,34%

100,00%

100,00%

91,67%

91,67%

100,00%

83,34%

91,67%

100,00%

91,67%

91,67%

91,67%

100,00%

91,67%

100,00%

91,67%

100,00%

100,00%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

0123456789

101112131415161718192021222324252627

Par

tes

do C

orpo Nivel de dor/desc. 5

Nivel de dor/desc. 4

Nivel de dor/desc. 3

Nivel de dor/desc. 2

Nivel de dor/desc. 1

FIGURA 129 – INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE DOR/DESCONFORTO NAS 28 REGIÕES CORPORAIS. FONTE: Os autores (2009)

Page 92: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

91

capaz de provocar microtraumas ou mesmo a ruptura no disco na maioria das vezes,

dentre outras lesões.

Entre os trabalhadores avaliados, 24,99% apresentaram algum desconforto

nas mãos (regiões 16 e 17), e segundo declaração dos mesmos, o motivo do

desconforto é a exigência de força requerida para o transporte das fôrmas.

O Gráfico 10 demonstra que não houve região corporal com classificação 5

(intolerável desconforto/dor). O maior nível de desconforto observado foi o nível 4

(bastante desconforto/dor) representado pelas seguintes regiões corpóreas:

• 00 – pescoço;

• 10 – cotovelo esquerdo;

• 13 – antebraço direito;

• 23 – perna direita;

• 25 – tornozelo direito.

Nenhum dos trabalhadores que apresentaram resultados de nível 4 de

desconforto/dor correlacionaram a origem do desconforto com o transporte,

FIGURA 130 – LOCALIZAÇÃO DO DISCO L5-S1 DA COLUNA VERTEBRAL FONTE:http://legal-anatomical.medicalillustration.com

Page 93: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

92

levantamento ou instalação das fôrmas, uma vez que os mesmos ressaltaram que a

origem dos desconfortos das regiões 00, 10, 13, 23 e 25 são de origens diversas,

como quedas, lesões provocadas fora do canteiro de obras, torcicolo etc.

Analisando o Gráfico 10 observou-se que há seis registros de moderada

dor/desconforto (nível 3) nas seguintes regiões corporais:

• 04 – região lombar;

• 07 – ombro direito;

• 10 – cotovelo esquerdo;

• 14 – punho esquerdo;

• 20 – joelho esquerdo;

• 21 – joelho direito.

Os trabalhadores que declaram sentir dor moderada nas regiões corporais

07, 10 e 14 explicam que tais desconfortos provêm de outros eventos e que o

transporte, levantamento e instalação das fôrmas não são os agentes causadores de

tais desconfortos. No entanto, os trabalhadores que declararam sentir dor nas

regiões corporais 04, 20 e 21 representadas pela região lombar, joelho esquerdo e

joelho direito respectivamente, informaram que tal dor ou desconforto teve início

quando os mesmos começaram as atividades de levantamento, transporte e

instalação das fôrmas.

Embora a metodologia do uso de diagrama de dores seja uma ferramenta

muito eficiente para a análise de desconforto e dor (EKLUND, 1984 apud PEQUINI,

2005), para se estabelecer se um determinado tipo de trabalho é responsável por tal

desconforto ou dor postural, torna-se necessária a utilização concomitante de outras

metodologias e ferramentas ergonômicas.

Page 94: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

93

5 CONCLUSÃO

No presente trabalho concluiu-se que a construção civil é uma atividade na

qual existem os mais variados tipos de trabalho, submetendo o trabalhador a

diversas formas de constrangimentos posturais.

Poucas indústrias apresentam a diversidade de riscos que a indústria da

construção civil destaca. Estes riscos têm maior repercussão em virtude das

condições de trabalho e dos aspectos específicos desta indústria, em cada país,

região e localidade. Dentre estes aspectos, podem ser citados os relativos ao

tamanho das empresas, à curta duração das obras, `a sua diversidade e à

rotatividade da mão-de-obra.

A adoção de novas tecnologias e sistemas construtivos tem como objetivo a

otimização de mão-de-obra e insumos, tornando nas obras o custo-benefício maior,

resultando em imóveis mais acessíveis e com maior lucratividade. Porém, a adoção

de novas tecnologias e sistemas construtivos acarreta novos riscos para o

trabalhador, sendo necessário apoio da comunidade científica para a atenuação ou

neutralização dos mesmos, através de estudos oficiais e formais.

A Ergonomia tem como objetivo a redução das doenças ocupacionais, fadiga

muscular, situações de riscos e acidentes, proporcionando uma redução nas perdas,

danos e custos à empresa e um melhor conforto, produtividade e desempenho do

trabalhador. Na presente pesquisa, a Ergonomia apresentou-se como uma

ferramenta crucial para a resolução de diversos problemas das mais variadas

origens, tendo a construção civil como cenário.

A construção de casas utilizando fôrmas oferece diversos riscos ao

trabalhador, por se tratar de uma atividade na qual é executada uma infinidade de

tarefas para a obtenção do produto final e por fornecer uma série de variáveis,

situações e modos de execução do trabalho. A presente pesquisa exigiu que os

autores do trabalho participassem do dia-a-dia no canteiro de obras, a fim de

selecionar qual ou quais seriam os objetos de estudo que fossem representativos

para uma análise fidedigna das tarefas e atividades em questão.

Quanto à avaliação das posturas adotadas pelos trabalhadores para a

execução das 3 tarefas alvo do estudo, algumas considerações foram possíveis:

Page 95: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

94

Na tarefa 1, a atividade 1.1 é executada de maneira que os trabalhadores

se submetem a constrangimentos posturais de nível 4, principalmente nos membros

inferiores; e em 50% das sub-atividades que compõem esta atividade, a flexão de

coluna para pegar e acomodar a peça FA91,5 no solo merece atenção e correções o

mais rápido possível.

As atividades 1.2 e 1.3 merecem atenção e necessitam de correções o mais

rápido possível, pois a flexão de coluna e pernas, se combinados, são movimentos

posturais constrangedores para os trabalhadores.

A tarefa 2 apresentou na atividade 2.1 o risco máximo, o risco 3. A

combinação das posturas que caracterizaram esta atividade foi a flexão de coluna e

pernas.

A tarefa 3 apresentou como risco máximo nas atividades 3.1, 3.2 e 3.4, o

risco 3 merecendo atenção com relação às medidas corretivas.

Em todas a tarefas, o momento em que o trabalhador se desloca com peça

apresentou risco 1, este não necessitando de medidas corretivas. Com esses dados

em mãos, conclui-se que as sub-atividades que originam as piores condições

posturais são as que o trabalhador realiza o levantamento, manuseio e abaixamento

das peças.

Quanto à análise do limite de peso recomendado e índice de levantamento,

as duas peças estudadas apresentam peso maior do que o recomendado. A peça

FA91,5 é 5,97 vezes mais pesada do que a recomendação e a peça CA30 é 3,51

vezes mais pesada do que a recomendação proposta pela equação de NIOSH.

Embora sejam peças com pesos aproximados, a discrepância dos índices de

levantamento se deve principalmente pelas dimensões das peças; a diferença de

distância horizontal da peça FA91,3 é de 45,75 cm e da peça CA30 é de 20 cm;

estes valores são os principais responsáveis por tal discrepância.

Com a aplicação da equação de NIOSH conclui-se que as peças estudadas

possuem características de dimensões e pesos nas quais a chance de lesão

musculoesquelética é alta.

Na aplicação do diagrama de dor e desconforto, percebeu-se que as dores

são de diversas origens, explicitando que a construção civil é uma atividade de

infindáveis fontes agentes causadores de dor ou desconforto.

O diagrama utilizado no presente trabalho não pôde elucidar se as dores e

desconfortos são originários do sistema construtivo utilizando fôrmas, embora as

Page 96: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

95

tendências de dores lombares, nas mãos e nos joelhos sugerem serem originadas

no processo produtivo em questão.

Os dados obtidos no presente trabalho esclarecem que o processo produtivo

estudado pode provocar danos à saúde, uma vez que os dados das ferramentas

ergonômicas utilizadas mostram que o peso limite e algumas posturas assumidas

são prejudiciais ao sistema musculoesquelético da população pesquisada.

Analisando os objetivos do presente trabalho verificou-se que estes foram

atingidos, mostrando que os métodos utilizados na pesquisa em questão foram

ferramentas eficazes para a resolução do problema proposto.

A partir dos resultados obtidos na presente pesquisa e utilizando os

conhecimentos de Ergonomia, para melhoria da condição de trabalho e

consequentemente o aumento da produtividade do trabalhador sugere-se:

• treinamento dos trabalhadores sobre transporte e manuseio de cargas;

• no momento do levantamento, abaixamento e manuseio das peças, realizá-

los de forma que reduza ou anule a flexão do dorso e pernas;

• minimizar o trabalho de manuseio das peças CA30 e FA91,5 com os

braços acima da linha dos ombros;

• evitar o máximo possível a realização dos movimentos posturais

combinados de flexão de pernas e dorso;

• no transporte das peças CA30 e FA91,5, realizá-lo com dois trabalhadores;

• instalação de alças nas peças CA30 e FA91,5;

• redução das dimensões e das cargas das peças CA30 e FA91,5.

No canteiro de obras, na perspectiva da Engenharia de Segurança do

Trabalho, as intervenções realizadas num posto de trabalho ou canteiro de obras

devem ser aceitas, entendidas e atendidas pelos trabalhadores.

Page 97: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

96

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Page 101: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

100

ANEXO A

DIAGRAMA DE CORLETT E MANENICA

FONTE: Adaptado de Corlett e Manenica (1980).

Page 102: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

101

ANEXO B

RELAÇÃO DAS PEÇAS – CASAS COM 67 M2

Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²)

Dimensões 91,5 cm x 280 cm 94 240,83

88,5 cm x 280 cm 4 9,91

88 cm x 280 cm 4 9,86

86,5 cm x 280 cm 4 9,69

85 cm x 280 cm 4 9,52

84 cm x 280 cm 4 9,41

78 cm x 280 cm 4 8,74

77 cm x 280 cm 4 8,62

74 cm x 280 cm 4 8,29

68,5 cm x 280 cm 4 7,67

68 cm x 280 cm 4 7,62

65 cm x 280 cm 4 7,28

62,5 cm x 280 cm 4 7

56,5 cm x 280 cm 4 6,33

55 cm x 280 cm 4 6,16

54 cm x 280 cm 4 6,05

50 cm x 280 20 28

41,5 cm x 280 cm 2 2,32

41 cm x 280 cm 2 2,3

40 cm x 280 cm 6 6,72

38,5 cm x 280 cm 10 10,78

37,5 cm x 280 cm 2 2,1

36,5 cm 280 cm 4 4,09

36 cm x 280 cm 1 1,01

33 cm x 280 cm 2 1,85

32 cm x 280 cm 3 2,69

30 cm x 280 cm 8 6,72

28,5 cm x 280 cm 4 3,19

28 cm x 280 cm 8 6,27

22,5 cm x 280 cm 2 1,26

20 cm x 280 cm 2 1,12

18,5 cm 280 cm 4 2,07

18 cm x 280 cm 2 1,01

29 cm x 220 cm 2 0,88

18 cm x 220 cm 2 0,79

18 cm x 60 cm 2 0,22

91,5 cm x 180 cm 4 6,59

35 cm x 180 cm 2 1,26 FONTE: Arquivos dos autores (2009)

Page 103: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

102

Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões

Canto Externo de 30 x 30 (Montado)

60 cm x 280 cm 2 3,36

Canto Externo de 20 x 32 (Montado)

52 cm x 280 cm 2 2,91

Canto Externo de 20 x 20 (Montado)

40 cm x 280 cm 10 11,2

Canto Externo de 18 x 20 cm (Montado)

38 cm x 280 cm 6 6,38

Fôrmas Abaixo/ Acima de Janelas

50 cm x 185 cm 4 3,7

60 cm x 160 cm 4 3,84

60 cm x 160 cm 4 3,84

60 cm x 100 cm 8 4,8

57,5 cm x 100 cm 8 4,6

60 cm x 120 cm 8 5,76

55 cm x 100 cm 8 4,4

60 cm x 60 cm 4 1,44

60 cm x 60 cm 8 2,88

60 cm x 60 cm 4 1,44

60 cm x 60 cm 8 2,88

57,5 cm x 60 cm 8 2,76

55 cm x 60 cm 8 2,64

50 cm x 60 cm 4 1,2

Fôrmas Superiores de Porta

60 cm x 70 cm 8 3,36

91,5 cm x 60 cm 4 2,2

87 cm x 60 cm 4 2,09

85 cm x 60 cm 4 2,04

84 cm x 60 cm 2 1,01

74 cm x 60 cm 2 0,89

73,5 cm x 60 cm 4 1,76

70 cm x 60 cm 4 1,68

68,5 cm x 60 cm 4 1,64

63,5 cm x 60 cm 4 1,52

60 cm x 60 cm 4 1,44

Fôrmas de Viga

42 cm x 124 cm 4 2,08

32 cm x 42 cm 1 0,13

Fôrmas de Oitão (Acima do nível + 2,8m)

32 cm x 214 cm 1 0,68

87 cm x 179,7 cm 4 6,25

29,5 cm x 179,7 cm 2 1,06

19,5 cm x 179,7 cm 2 0,7

57,5 cm x 113,8 cm 8 5,23

Page 104: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

103

32 cm x 113,8 cm 1 0,36

29 cm x 113,8 cm 2 0,66

55 cm x 63 cm 8 2,77

32 cm x 63 cm 2 0,4

20 cm x 63 cm 2 0,25

40 cm x 60 cm 8 1,92

30 cm x 40 cm 2 0,24

30 cm x 40 cm 2 0,24

FONTE: Arquivos dos autores (2009)

Page 105: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

104

Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões

Fôrmas Especiais de Oitão (Acima de 2,8m)

12,44 m2 2 24,88

11,93 m2 2 23,86

4,19 m2 2 8,38

1,32 m2 2 2,64

0,5 m2 1 0,5

0,5 m2 2 1

Fechamento (parede) de 12 cm

12 cm x 280 cm 1 0,34

12 cm x 100 cm 1 0,12

Fechamento (portas, janelas e viga) de 10 cm

10 cm x 218,7 cm 14 3,06

10 cm x 160 cm 2 0,32

10 cm x 120 cm 6 0,72

10 cm x 133 cm 2 0,27

10 cm x 117,4 cm 8 0,94

10 cm x 112,4 cm 4 0,45

10 cm x 100 cm 4 0,4

10 cm x 110 cm 4 0,44

10 cm x 87 cm 2 0,17

10 cm x 73,5 cm 2 0,15

10 cm x 70 cm 6 0,42

10 cm x 63,5 cm 2 0,13

10 cm x 60 cm 8 0,48

10 cm x 60 cm 2 0,12

10 cm x 57,4 cm 8 0,46

10 cm x 47,4 cm 4 0,19

10 cm x 35 cm 4 0,14

Fechamento (parede e porta) de 8 cm

8 cm x 280 cm 2 0,45

8 cm x 220 cm 2 0,35

8 cm x 218,7 cm 2 0,35

8 cm x 89,5 cm 2 0,14

Fechamento para Parede Dupla

16 cm x 280 cm 1 0,45

Fechamento Superior de Oitão de 12 cm

12 cm x 136 cm 1 0,16

Fechamento Superior de Oitão de 10 cm

10 cm x 266 cm 2 0,53

10 cm x 259,5 cm 2 0,52

10 cm x 219 cm 2 0,44

10 cm x 209 cm 2 0,42

10 cm x 136 cm 2 0,27

10 cm x 125 cm 2 0,25

Page 106: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

105

Fechamento Superior de Oitão de 8 cm

8 cm x 231 cm 2 0,37

8 cm x 224 cm 1 0,18

8 cm x 191 cm 4 0,61

8 cm x 74,5 cm 2 0,12

8 cm x 10 cm 2 0,02

FONTE: Arquivos dos autores (2009)

Page 107: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

106

Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões

Canto Interno 20 x 20 cm

40 cm x 280 cm 2 2,24

40 cm x 48 cm 2 0,38

Canto Interno 12 x 12 cm

24 cm x 280 cm 6 4,03

24 cm x 180 cm 2 0,86

Canto Interno 11,5 x 11,5 cm

23 cm x 280 cm 4 2,58

23 cm x 195,8 cm 2 0,9

Canto Interno 10 x 22 cm

32 cm x 280 cm 2 1,79

Canto Interno 10 x 20 cm

30 cm x 280 cm 4 3,36

30 cm x 40 cm 2 0,24

Canto Interno 10 x 19,5 cm

29,5 cm x 280 cm 2 1,65

29,5 cm x 179,7 cm 2 1,06

Canto Interno 10 x 19 cm

29 cm x 280 cm 2 1,62

29 cm x 113,8 cm 2 0,66

Canto Interno 10 x 10 cm

20 cm x 280 cm 58 32,48

20 cm x 63 cm 2 0,25

20 cm x 60 cm 4 0,48

20 cm x 48 cm 2 0,19

20 cm x 42 cm 4 0,34

Fôrmas Negativas de Janela - 5 cm de espessura

10 cm x 120 cm 6 0,72

10 cm x 220 cm 20 4,4

Total 705,31

FONTE: Arquivos dos autores (2009)

Page 108: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

107

Colunas1 Colunas 2 Colunas 3

Acessórios Quantidade Quantidade

Cantoneira 2" x 2" x 280 cm 20

Cantoneira 2" x 2" x 220 cm 2

Cantoneira 2" x 2" x 179,7 cm 4

Cantoneira 2" x 2" x 113,80 cm 2

Cantoneira 2" x 2" x 63 cm 2

Cantoneira 2" x 2" x 60 cm 2

Cantoneira 2"x 2" x 40 cm 4

Pino 3.200

Cunha 3.200

Suporte de Andaime 30

Suporte de Alinhador 400

Suporte Tipo "L" para apoio de forma de 100 cm 8

Saca Espaçador Tipo Martelo 1

Alinhador Duplo Vazado 340 cm 1

Alinhador Duplo Vazado 300 cm 22

Alinhador Duplo Vazado 200 cm 20

Alinhador Duplo Vazado 220 cm 6

Alinhador Duplo Vazado 235 cm 8

Alinhador Duplo Vazado 135 cm 4

Alinhador Duplo Vazado 335 cm 6

Alinhador Duplo Vazado 360 cm 8

Alinhador Duplo Vazado 265 cm 4

Alinhador Duplo Vazado 175 cm 2

Alinhador Duplo Vazado 155 cm 4

Alinhador Duplo Vazado 170 cm 4

Alinhador Duplo Vazado 270 cm 6

Alinhador Duplo Vazado 100 cm 16

Alinhador Duplo Vazado 250 cm 6

Alinhador Duplo Vazado 305 cm 2

Espaçador duplo de 8 cm 100

Espaçador de 12 cm 100

Espaçador de 10 cm 700

Espaçador de 8 cm 450

Fonte: Arquivos dos autores (2009)

Page 109: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

108

Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões

Canto Externo de 20 x 20 cm (montado)

40 cm x 280 cm 2 2,24

Canto Interno 10 x 10 cm

20 cm x 113,8 cm 2 0,46

20 cm x 108 cm 2 0,43

Canto Interno 10 x 10 cm 4 0,82

TOTAL 57,16

Acessórios

Cantoneira 2" x 2" x 280 cm (montadas nos cantos externos)

4

Fonte: Arquivos dos autores (2009)

Page 110: Avaliação Ergonômica do Transporte e Manuseio de Formas de

109

Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões

88cm x 280 cm 4 9,86

71,5 cm x 280 cm 4 8,01

60 cm x 280 cm 4 6,72

45 cm x 280 cm 4 5,04

36,5 cm x 280 cm 4 4,09

32 cm x 280 cm 1 0,9

22 cm x 280 cm 4 2,46

30 cm x 220 cm 2 1,32

Fôrmas de Oitão (Acima do nível 2,8 m)

52,5 cm x 113,8 cm 4 2,39

29 cm x 113,8 cm 2 0,46

Abaixo/Acima de Janelas

52,5 cm x 100 cm 4 2,1

52,5 cm x 60 cm 4 1,26

Fôrmas de Vigas

55 cm x 102 cm 8 4,49

32 cm x 102 cm 1 0,33

Fôrmas Negativas de Janela – 5 cm de espessura

8 cm x 220 cm 2 0,35

10 cm x 120 cm 2 0,24

Fechamento (parede) de 12 cm

12 cm x 280 cm 1 0,34

12 cm x 40 cm 1 0,05

Fechamento (portas, janelas e vigas) de 10 cm

10 cm x 119,5cm 2 0,24

10 cm x 110 cm 4 0,44

Fechamento (parede e porta) de 8 cm

8 cm x 85 cm 2 0,14

Canto Externo de 18 x 18 cm (montado)

36 cm x 280 cm 2 2,02

FONTE: Arquivos dos autores (2009)