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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCAS AGRÁRIAS DEPARTAMENO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO REPRODUTIVA DE CARNEIROS SANTA INÊS DURANTE O PRIMEIRO ANO DE VIDA DESENVOLVIMENTO TESTICULAR, PRODUÇÃO ESPERMÁTICA E PROTEÍNAS DO PLASMA SEMINAL Carlos Eduardo Azevedo Souza Médico Veterinário FORTALEZA-CE 2003

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO REPRODUTIVA DE CARNEIROS SANTA … · 3 S714a Souza, Carlos Eduardo Azevedo Avaliação da função reprodutiva de carneiros santa inês durante o primeiro

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Page 1: AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO REPRODUTIVA DE CARNEIROS SANTA … · 3 S714a Souza, Carlos Eduardo Azevedo Avaliação da função reprodutiva de carneiros santa inês durante o primeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO REPRODUTIVA DE

CARNEIROS SANTA INÊS DURANTE O PRIMEIRO

ANO DE VIDA DESENVOLVIMENTO TESTICULAR, PRODUÇÃO ESPERMÁTICA

E PROTEÍNAS DO PLASMA SEMINAL

Carlos Eduardo Azevedo Souza

Médico Veterinário

FORTALEZA-CE

2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO REPRODUTIVA DE

CARNEIROS SANTA INÊS DURANTE O PRIMEIRO

ANO DE VIDA DESENVOLVIMENTO TESTICULAR, PRODUÇÃO ESPERMÁTICA

E PROTEÍNAS DO PLASMA SEMINAL

AUTOR: CARLOS EDUARDO AZEVEDO SOUZA

ORIENTADOR: Prof° ARLINDO DE ALENCAR ARARIPE N. MOURA,

PhD.

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em Zootecnia – Área de Concentração: Reprodução de Ovinos.

FORTALEZA-CE

Janeiro de 2003

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S714a Souza, Carlos Eduardo Azevedo

Avaliação da função reprodutiva de carneiros santa inês durante o primeiro ano de vida: estudo do desenvolvimento testicular, produção espermática e caracterização das proteínas do plasma seminal. / Carlos Eduardo Azevedo Souza– Fortaleza, 2003.

xxii, 160f .:il . Orientador: Prof. Dr. Arlindo de Alencar Araripe

Noronha Moura. 1. Ovinos - Puberdade 2. Ovinos - Sêmen. 3. Ovinos -

Plasma seminal de ovinos CDD 636.38

Ficha catalográfica preparada pela Seção

de Catalogação e classi f icação da

Bibl ioteca Central da UFC

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Esta dissertação foi submetida como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em Zootecnia, outorgado pela

Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos

interessados na Biblioteca Central da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho da dissertação é permitida, desde

que seja feita de conformidade com as normas da ética científica.

____________________________________________________

CARLOS EDUARDO AZEVEDO SOUZA

DISSERTAÇÃO APROVADA EM 12/03/2003

____________________________________________________

Prof° Dr. ARLINDO DE ALENCAR ARARIPE N. MOURA

ORIENTADOR

____________________________________________________

Prof. Dr. AIRTON ALENCAR DE ARAÚJO

CONSELHEIRO (UECE/UFC)

____________________________________________________

Prof. Dr. JOSÉ TADEU OLIVEIRA

CONSELHEIRO (UFC)

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EPÍGRAFE

“Apenas observando o que

vemos na natureza podemos

errar. Somente o

experimento pode nos

revelar a verdade.”

Galileu Galilei

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6

Ao grande amor da minha vida,

Alethéia, por todos os momentos bons e

ruins que passamos sempre unidos. Por

nunca me deixar desistir, mesmo diante

dos maiores obstáculos.

OFEREÇO

Aos meus pais Augusto e Fátima, e

minha querida avó Nair pelo apoio

para superar e transpor as

dificuldades que ocorreram durante

mais uma conquista. Por terem

sempre acreditado em mim, mesmo

quando eu mesmo duvidava.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS A Deus, pela força que me impulsionou nunca deixando desistir.

Aos meus Pais (Augusto e Fátima) e irmãos (Lia, Rodrigo, Augusto Jr. e Ana), pela

compreensão e amor em todos os momentos de renúncia, ausência e impaciência.

À minha amada noiva e grande amiga Alethéia Carízia Baracho de Lima, pelo

companheirismo e amor imprescindíveis, estando sempre ao meu lado, mesmo nas

maiores turbulências. Que Deus possa abençoá-la em todos os seus desafios, pois, sem

seu apoio incondicional, a realização desse trabalho não teria sido possível.

Ao meu orientador prof. Arlindo Alencar Araripe Moura, pelos ensinamentos

profissionais e de vida que me foram passados.

Ao professor Airton Alencar Araújo, pela paciência e disponibilidade em colaborar com

esse trabalho.

Aos professores José Neuman Miranda Neiva e José Tadeu de Oliveira pelo grande

apoio neste desafio.

A todos os professores pelos conhecimentos, os quais posso me utilizar em favor dos

animais.

Aos meus amigos: Regiane Santos, Alexandre Rodrigues, Ana Kellen Lima, Noelita Melo,

Arnaud e Danielle Azevedo, Ana Cristina Holanda, Josefa Deis, Diones Oliveira Santos,

Almir Chalegre, Simone Aparecida e a todos com quem sempre pude contar.

À banca examinadora pela atenção dispensada na correção deste trabalho.

A todas as pessoas que estiveram comigo nesta longa jornada.

Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFC pela formação durante esse curso.

E a todos os animais, a quem prometo especial dedicação.

O meu sincero obrigado!

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S U M Á R I O

Página

LISTA DE TABELAS .......................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x

LISTA DE ABREVIAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiv

RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xx

1 - INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

2 - REVISÃO DE LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

2.1. Desenvolvimento Testicular em Ovinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

2.1.1. Estrutura Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

2.1.2. Cinética e Quanti f icação da Espermatogênese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08

2.2. Proteínas do Plasma Seminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.2.1. Proteínas Ligadoras de Fosfolipídeos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.2.2. Proteínas Ligadoras de Heparina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.2.3. Prostaglandina D Sintetase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2.2.4. Osteopontina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.2.5. Fosfolipase A2 .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.2.6. Sistema Kalikreína-Cininas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.2.7. Clusterina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.2.8. Lactoferrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.2.9. Proteínas não identi f icadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3 - MATERIAL E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.1. Localização do Experimento e Manejo dos Animais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.2. Desenvolvimento Corporal e Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

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3.3. Estudo da Puberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.4. Avaliação do Sêmen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.5. Determinação da Concentração de Testosterona no Plasma . . . . . . . . . . . . . 43

3.6. Avaliação das Proteínas do Plasma Seminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.6.1. Quanti f icação da Concentração de Proteína Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.6.2. Caracterização das Proteínas por PAGE-SDS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.7. Avaliação Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.7.1. Avaliação Morfológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.7.2. Avaliação Histológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.8. Análise Estatíst ica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.1. Desenvolvimento Ponderal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.1.1. Peso Corporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.1.2. Perímetro Torácico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.2. Biometria Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.2.1. Circunferência Escrotal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.2.2. Comprimento e Diâmetro Testiculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.2.3. Peso Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

4.2.4. Volume Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.2.5. Densidade Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.3. Concentração Periférica de Testosterona . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.4. Parâmetros Seminais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.4.1. Volume Ejaculado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.4.2. Motil idade Massal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

4.4.3. Motil idade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.4.4. Concentração Espermática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

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4.4.5. Patologias Espermáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4.5. Parâmetros Bioquímicos do Sêmen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.5.1. pH Seminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.5.2. Proteínas Seminais Totais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

4.5.3. Perfi l Eletroforético do Plasma Seminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

4.6. Puberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

4.7. Histologia Testicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

4.7.1. Biometria dos Túbulos Seminíferos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

4.7.2. Tipos Celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

4.7.3. Relações entre os Tipos Celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

4.7.4. Diâmetro dos Tipos Celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

4.8. Correlações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

4.8.1. Desenvolvimento Ponderal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

4.8.2. Desenvolvimento Reprodutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

5 - CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

7 - ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

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LISTA DE TABELAS

Página

TABELA 1. Biometria testicular de carneiros da raça Santa Inês abatidos

às 50 semanas de idade .......................................................................... 63

TABELA 2. Parâmetros produtivos e reprodutivos de carneiros da raça

Santa Inês à puberdade .......................................................................... 86

TABELA 3. Número por seção transversal e por testículo e produção diária

de células germinativas de carneiros da raça Santa Inês abatidos às 50

semanas de idade .................................................................................. 95

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12

LISTA DE FIGURAS

Página

FIGURA 1. Variação do peso vivo em função da idade, em carneiros da raça Santa

Inês....................................................................................................... 50

FIGURA 2. Variação do perímetro torácico em função da idade, em carneiros da raça

Santa Inês ............................................................................................... 51

FIGURA 3. Variação da circunferência escrotal em função da idade, em carneiros da

raça Santa Inês......................................................................................... 52

FIGURA 4. Variação do comprimento testicular em função da idade, em carneiros da

raça Santa Inês......................................................................................... 58

FIGURA 5. Variação do diâmetro testicular em função da idade, em carneiros da raça

Santa Inês ............................................................................................... 58

FIGURA 6. Variação da relação comprimento/diâmetro testicular em função da

idade, em carneiros da raça Santa Inês ........................................................... 59

FIGURA 7. Concentrações plasmáticas basais de testosterona em função da idade,

em ovinos da raça Santa Inês ....................................................................... 64

FIGURA 8. Volume ejaculado de sêmen colhido por eletroejaculação em função da

idade, em ovinos da raça Santa Inês............................................................... 66

FIGURA 9. Variação na motilidade massal do sêmen em função da idade, em

carneiros da raça Santa Inês......................................................................... 68

FIGURA 10. Variação na motilidade do sêmen em função da idade, em carneiros da

raça Santa Inês......................................................................................... 69

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FIGURA 11. Variação na motilidade progressiva do sêmen em função da idade, em

carneiros da raça Santa Inês......................................................................... 70

FIGURA 12. Variação no vigor espermático em função da idade, em carneiros da

raça Santa Inês......................................................................................... 71

FIGURA 13. Variação na concentração espermática em função da idade, em

carneiros da raça Santa Inês......................................................................... 72

FIGURA 14. Variação no percentual de alterações morfológicas do sêmen em função

da idade, em carneiros da raça Santa Inês........................................................ 73

FIGURA 15. Variação no pH do sêmen em função da idade, em carneiros da raça

Santa Inês ............................................................................................... 74

FIGURA 16. Variação na concentração protéica do sêmen em função da idade, em

carneiros da raça Santa Inês......................................................................... 76

FIGURA 17. Perfil protéico do plasma seminal determinado em SDS-PAGE de

ovinos da raça Santa Inês às 33 sem. de idade. As amostras A – G correspondem a

diferentes animais. H corresponde aos marcadores moleculares, variando de 10 a 250

kDa....................................................................................................... 80

FIGURA 18. Perfil protéico do plasma seminal determinado em SDS-PAGE de

ovinos da raça Santa Inês às 33 sem. de idade. As amostras A e D correspondem a

animais com menor população de células de Sertoli. B, C, F e G são amostras

pertencentes àqueles animais com maior população destas células. H corresponde aos

marcadores moleculares, variando de 10 a 250 kDa. A seta corresponde à banda do

fragmento de 74,3 kDa............................................................................... 82

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

µg - micrograma

µl - microlitro

ABP – proteína ligadora de andrógenos

ACE – enzima conversora da angiotensina

BSA – albumina sérica bovina

BSP – proteína seminal bovina

C – concentração espermática

CE – circunferência escrotal

CES – ciclo do epitélio seminífero

cm - centímetro

CS – célula de Sertoli

CT – comprimento testicular

CT50 – comprimento testicular às 50 semanas

DHT - dihidrotestosterona

DT – diâmetro testicular

DT50 – diâmetro testicular às 50 semanas

DTM – diâmetro tubular médio

EDTA – ácido etilenodiaminotetracético

FAA – antígeno associado à fertilidade

FSH – hormônio folículo estimulante

g - grama

g/d – gramas por dia

GAG - glicosaminoglicanos

GnRH – hormônio liberador de gonadotrofinas

GSH - glutationa

HAP – proteína com afinidade pela heparina

HBP – proteína ligadora de heparina

HDL – lipoproteína de alta densidade

HE – hematoxilina-eosina

IA – inseminação artificial

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IGF-I – fator de crescimento semelhante à insulina I

kDa - kiloDalton

kg - quilograma

L – comprimento tubular total

LF - lactoferrina

LH – hormônio luteinizante

mA - miliAmpere

ml - milili tro

MM – motilidade massal

MMP-2 – metaloproteinase 2 da matriz

MOP – motilidade espermática progressiva

MOT – motilidade espermática

mRNA – ácido ribonucléico mensageiro

N – contagem celular real

NC – contagem celular por secção transversal de túbulo seminífero

ng - nanograma

nm - nanômetro

NS – contagem de células de Sertoli por secção tubular transversal

NTS – população real de células de Sertoli

OPN - osteopontina

P – peso corporal

PA – peso ao abate

PAGE – eletroforese em gel de poliacrilamida

PB – proteína bruta

PCQ – peso de carcaça quente

PES – proteína epididimal específica

PGDS – prostaglandina D sintetase

pH – potencial hidrogeniônico

Pi – pontos de interesse

PLA2 – fosfolipase A2

PROT – concentração total de proteína no sêmen

PT – perímetro torácico

Pt – total de pontos

PV – peso vivo

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RC – rendimento de carcaça quente

RCD – relação comprimento/diâmetro testicular

RIA - radioimunoensaio

rpm – rotações por minuto

RT-PCR – transcrição reversa e reação em cadeia da polimerase

SDS – dodecil-sulfato de sódio

Sem. – semanas

SRD – sem raça definida

T - testosterona

TIMP-2 – inibidor tecidual da metaloproteinase 2

TS – secção transversal de túbulo seminífero

V - volt

VI – volume intersticial

Vt – volume do compartimento de interesse

VT – volume testicular

VTS – volume dos túbulos seminíferos

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RESUMO

Este estudo teve como objetivos determinar as relações entre aspectos do

desenvolvimento testicular, concentrações de testosterona, produção espermática e a

expressão de proteínas no plasma seminal de carneiros da raça Santa Inês durante o

primeiro ano de vida, bem como parâmetros quantitativos da espermatogênese aos 12

meses de idade. Entre 8 e 48 sem. de vida, 16 animais foram mantidos em

confinamento, avaliando-se semanalmente o perímetro torácico (PT), a circunferência

escrotal (CE), o comprimento (CT) e diâmetro testiculares (DT) e o processo de

desprendimento entre o pênis e o prepúcio. Uma vez iniciado o desprendimento

peniano, os animais foram submetidos semanalmente a coletas de sêmen por

eletroejaculação e, com a produção dos primeiros espermatozóides, avaliou-se a

motilidade massal (MM), motilidade (MOT), motilidade progressiva (MOP), vigor,

concentração espermática e a percentagem de células com defeitos. Amostras de sêmen

também foram centrifugadas, separando-se o plasma seminal para determinação da

concentração protéica total e do perfil protéico através de eletroforese desnaturante em

gel de poliacrilamida (SDS-PAGE). Às 50 sem. de idade, os animais foram abatidos

(56,3 ± 3,5 kg) e amostras dos testículos, fixadas em fluido de Bouin para avaliação dos

túbulos seminíferos. O peso dos animais evoluiu de 12,3 ± 0,7 kg às 8 sem. para 54,3 ±

1,6 kg às 48 sem. e a CE, de 9,8 ± 0,5 para 32,1 ± 0,4 cm no mesmo período,

apresentando evolução significativa somente até as 36 sem. de idade. Às 50 sem., o peso

da carcaça quente foi de 24,5 ± 3,8 kg, correspondendo a um rendimento de 48,6% em

relação ao peso ao abate. As concentrações de testosterona elevaram-se gradualmente de

0,37 ± 0,07 ng/mL às 9 sem. para 1,35 ± 0,23 ng/mL às 32 sem. e atingiu um valor

máximo (2,99 ± 0,23 ng/mL) às 42 sem., mas com decréscimo após esta fase. Os

primeiros espermatozóides foram detectados no ejaculado, em média, às 23,05 ± 0,94

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sem., mas os primeiros espermatozóides móveis, somente às 23,94 ± 0,98 sem. O

desprendimento entre o pênis e o prepúcio completou-se às 25,87 ± 0,72 sem. de vida.

Os valores relativos à motilidade espermática (MM, MOT, MOP e VIG) mostraram

uma fase de evolução rápida entre 18 e 30 sem. de idade, embora com maior

estabilização após esta idade. A concentração espermática só apresentou crescimento

significativo a partir de 30 sem., atingindo cerca de 1 x 109 células/mL entre 42 e 44

sem. de idade. O percentual de defeitos totais foi reduzido de cerca de 88% às 15 sem.

para aproximadamente 15% às 36 sem., mas com decréscimos graduais ainda após esta

idade. A concentração protéica total do plasma seminal elevou-se até às 48 sem., mas os

aumentos foram mais pronunciados entre 15 e 18 sem. (3,0 ± 0,0 para 14,2 ± 3,5

mg/mL) e entre 38 e 48 sem. (14,9 ± 1,2 para 19,95 ± 0,9 mg/mL). Com relação à

análise eletroforética unidimensional, uma ampla gama de proteínas foi detectada (de

5,9 a 170 kDa). Em todas as idades, as proteínas de massa molecular abaixo de 10 kDa

foram as mais abundantes e aquelas com massa molecular de 8,7 a 9,5 kDa; 16 a 16,6

kDa e 21 kDa estavam sempre presentes entre 15 e 33 sem. As proteínas com massa

molecular acima de 70 kDa apresentaram grande variação entre animais e entre idades.

No entanto, uma banda de 86 kDa foi detectada em animais a partir de 30 sem., quando

os parâmetros seminais começaram a apresentar melhoras significativas. Às 28 sem.,

animais com maior motilidade massal e motilidade progressiva (acima de 2,5 e 62%,

respectivamente) apresentaram uma banda de 64 kDa e, às 30 sem., essa proteína passou

a ser expressa por um maior número de animais, coincidindo com variações mais

significativas dos parâmetros seminais. Uma outra banda (74,3 kDa) foi secretada no

plasma seminal às 33 sem. apenas pelos animais que apresentavam maior população de

células de Sertoli por testículo. Às 50 sem. de idade, o epidídimo dos carneiros pesou

29,9 ± 1,2 g e o testículo, 191,2 ± 7,4 g. Os túbulos seminíferos representaram 79,7% do

volume do parênquima testicular e, para cada secção transversal de túbulo, observou-se

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em média 1,4 ± 0,1 espermatogônias A1, 5,2 ± 0,6 espermatogônias B; 21,7 ± 1,8

espermatócitos em leptóteno; 44,9 ± 1,9 espermatócitos em paquíteno e 145,7 ± 7,1

espermátides arredondadas e 14,9 ± 0,4 células de Sertoli (SC). Os animais

apresentaram 7,7 x 109 SC por testículo e 41,05 x 106 células de Sertoli por g de

parênquima testicular. O peso vivo correlacionou-se com a CE até 42 sem. de idade (r =

0,58 a 0,86) e, entre 33 e 48 sem., com os pesos testicular (r = 0,49 a 0,63) e epididimal

(r = 0,50 a 0,55). A circunferência escrotal esteve correlacionada com a idade em que se

completou o desprendimento peniano (r = -0,43 a -0,93), com a idade em que surgiram

os primeiros espermatozóides no ejaculado (r = -0,48 a -0,93) e com vários parâmetros

seminais a partir de 26 sem. (r > 0,50). Às 50 sem., foram identificadas associações

significativas entre a população de células de Sertoli (r = 0,37 a 0,45) e germinativas (r

= 0,46 a 0,61) e medidas testiculares. Além disso, animais mais precoces apresentaram

melhor qualidade seminal e maior circunferência escrotal, mas as correlações

envolvendo as concentrações de testosterona foram expressivas somente em idades

próximas à puberdade. O aumento da concentração protéica no plasma seminal pode

está relacionado às diversas funções exercidas por essas proteínas na maturação

epididimal e metabolismo espermático.

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20

ABSTRACT

This study was conducted to determine the relationships among testicular

development, blood testosterone concentrations, sperm production and the expression of

seminal plasma proteins in Santa Inês hairy sheep during the first year of life, as well as

the quantitative aspects of spermatogenesis at 12 months of age. Between 8 and 48 wk,

sixteen lambs were confined and submitted to weekly measurements of thoracic

perimeter (TP), scrotal circumference (SC), testicular length (TL) and diameter (TD), as

well as the detachment between penis and prepuce. Once this process started, the semen

of the rams was weekly collected by electroejaculation and, as sperm production started,

we evaluated wave (WM) and progressive motility (PM), vigor, sperm concentration

and the percentage of morphologically abnormal cells. Semen samples were also

centrifuged, and seminal plasma was obtained to determine its protein concentration and

to evaluate the electrophoretic profile in polyacrylamide gels (SDS-PAGE). At 50 wk,

rams were slaughtered (56.3 ± 3.5 kg) and testicular samples, fixed in Bouin’s fluid for

evaluation of seminiferous tubules. The body weight of the animals increased from 12.3

± 0.7 kg at 8 wk to 54.3 ± 1.6 kg at 48 wk. In the same period, SC also increased from

9.8 ± 0.5 to 32.1 ± 0.4 cm. These increases were significant only until 36 wk of age. At

50 wk, carcass weight was 24.5 ± 3.8 kg, yielding 48.6% of the slaughter weight.

Testosterone concentrations increased gradually from 0.37 ± 0.07 ng/ml at 9 wk to 1.35

± 0.23 ng/ml at 32 wk, reaching a maximum value of 2.99 ± 0.23 ng/ml at 42 wk,

decreasing after this phase. The first spermatozoa in ejaculate were detected, on

average, at 23.05 ± 0.94 wk, but the firs motile spermatozoa, only at 23.94 ± 0.98 wk.

Penis detachment was complete by 25.87 ± 0.72 wk of life. Values related to sperm

motility (WM, PM and vigor) showed rapid increases between 18 and 30 wk, tending to

show some stabilization thereafter. Sperm concentration increased significantly only

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after 30 wk, reaching approximately 1 x 109 cells/ml between 42 and 44 wk. Total

sperm defects were reduced with age, from almost 88% at 15 wk to approximately 15%

at 36 wk, but with slower decreases, even after that age. Total protein concentration in

seminal plasma increased until 48 wk, but increases were greater between 15 and 18 wk

(3.0 ± 0.0 to 14.2 ± 3.5 mg/ml) and between 38 and 48 wk (14.9 ± 1.2 to 19.95 ± 0.9

mg/ml). A wide variety of proteins was detected in the electrophoretic profile (5.9 to

170 kDa). At all ages, proteins bellow 10 kDa were the most abundant, and those with

molecular weight of 8.7 to 9.5, 16-16.6 and 21 kDa were always present between 15 and

33 wk. Proteins with molecular weight higher than 70 kDa showed large variation

among ages and individuals. However, a protein of 86 kDa was detected in the seminal

plasma after 30 wk, when seminal parameters increased steadily. At 28 wk, rams with

higher wave and progressive motility showed a protein of 64 kDa. After 30 wk, this

protein was expressed by a higher number of animals, coinciding with and improvement

in the seminal parameters and was no longer exclusive of the best samples. Another

protein, of 74.3 kDa, was secreted in the seminal plasma at 33 wk, only in the animals

that possessed the highest population of Sertoli cells per testis. At 50 wk, the epididymis

and testis weighed 29.9 ± 1.2 g and 191.2 ± 7.4 g, respectively. Seminiferous tubules

represented 79.7% of testicular parenchymal weight and, on average, each cross section

had 1.4 ± 0.1 A1 spermatogonia, 5.2 ± 0.6 B spermatogonia, 21.7 ± 1.8 leptotene

spermatocytes, 44.9 ± 1.9 pachytene spermatocytes, 145.7 ± 7.1 round spermatids, and

149 ± 0.4 Sertoli cells (CS). Also, animals had 7.7 x 109 CS/testis and 41.05 x 106 CS

per gram of parenchymal weight. Body weight was correlated with SC until 42 wk of

age (r = 0.58 to 0.86) and, between 33 and 48 wk, with testicular (r = 0.49 to 0.63) and

epididymal (r = 0.50 to 0.55) weights. Scrotal circumference showed correlation with

the age when penis detachment was complete (r = -0.43 to -0.93), when the first sperm

appeared in ejaculate (r = -0.48 to -0.93) and with various seminal parameters after 26

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wk (r > 0.50). At 50 wk, significant associations among Sertoli cell (r = 0.37 to 0.45)

and germ cell (r = 0.46 to 0.61) populations and testicular measurements have been

found. The most precocious animals showed better semen quality and higher scrotal

circumference, but correlations with testosterone concentrations were expressive only

close to puberty. The increase in seminal plasma protein concentration may be related to

the functions of those proteins in epididymal maturation and sperm metabolism.

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1

1. INTRODUÇÃO

A população ovina brasileira está estimada em 15 milhões de cabeças

(FAO, 2001) e desse total, cerca de 8 milhões localizam-se no Nordeste

(IBGE, 2001). Dentre as raças ovinas criadas no Nordeste, a Santa Inês é a de

maior expressão, devido à capacidade de adaptação à região, porte e potencial

produtivo e tem sido utilizada como raça pura ou em cruzamentos industriais

(OLIVEIRA & LIMA, 1994; SOUZA JUNIOR, 2000). Nos sistemas de

produção, a eficiência reprodutiva é um dos fatores essenciais para a

lucratividade (MATOS et al. , 1992) e, portanto, a produção de cordeiros

depende da seleção de reprodutores testados e com alta capacidade

fertilizante. Desse modo, é importante a inclusão de características

reprodutivas dentre os parâmetros utilizados em sua seleção (ISLAM &

LAND, 1977) A circunferência escrotal destaca-se por apresentar

herdabilidade moderada a alta, podendo contribuir para um expressivo

melhoramento genético devido às suas correlações com a produção e

qualidade do sêmen, níveis hormonais e características produtivas e

reprodutivas (LÔBO et al. , 1996; MARTIN et al. , 1992; YARNEY et al. ,

1990; OTT & MEMON, 1980).

Em ovinos, a circunferência escrotal apresenta correlações com a

produção espermática, capacidade de serviço e desenvolvimento sexual (OTT

& MEMON, 1980; YARNEY et al. , 1990; SOUZA et al. , 2001), comprimento,

largura e diâmetro testicular (SOUZA et al. , 2001; MOURA et al. , 1999;

SOUZA & COSTA, 1992; FREITAS et al. , 1991), diâmetro dos túbulos

seminíferos, peso epididimal, (OSINOWO et al. , 1992) Isto se deve, em parte,

ao fato de grande parte do volume testicular (aproximadamente 85%) ser

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ocupada pelos túbulos seminíferos, responsáveis pela espermatogênese

(WROBEL et al. , 1995).

Contudo, outros critérios além da circunferência escrotal devem ser

levados em consideração quando da avaliação reprodutiva do carneiro. A

análise da qualidade seminal é utilizada para definição de critérios mínimos

aceitáveis para a seleção de reprodutores. A motilidade e morfologia

espermática são as características seminais mais utilizadas para se avaliar o

potencial reprodutivo do macho (GODFREY et al. , 1990; CORREA et al. ,

1997). Entretanto, SMITH et al. (1981) não encontraram relação significativa

entre os parâmetros de avaliação da qualidade seminal individualmente e a

fertilidade a campo dos animais, indicando que esta deveria ser estimada pela

combinação de vários parâmetros. Ainda assim, estes parâmetros apresentam

capacidade limitada na avaliação do potencial reprodutivo (RODRIGUEZ-

MARTINEZ & LARSSON, 1998; ZHANG et al. , 1998; KJAESTAD et al. ,

1993). A razão da limitação destes testes para se predizer a fertilidade de um

animal está relacionada ao fato de que estes exames não levam em

consideração a habilidade dos espermatozóides de sofrer alterações funcionais

importantes para o processo de fertilização (AMMAN & HAMMERSTEDT,

1993). Mesmo técnicas desenvolvidas mais recentemente como a análise

computadorizada do sêmen e o teste de integridade acrossômica usadas para

complementar à análise seminal não apresentam altas correlações com índices

de fertilidade (BUDWORTH et al. , 1988; JANUSKAUSKAS et al. , 2000ab).

Portanto, a observação de que reprodutores com circunferência

escrotal e características seminais semelhantes ainda podem apresentar

diferenças de 20 a 25% nos índices de fertilidade (LARSON & MILLER,

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2000) tem estimulado a busca por outros marcadores de fertilidade

(HENAULT & KILLIAN, 1996).

O plasma seminal influencia a capacidade fecundante dos

espermatozóides. Seu conteúdo abrange secreções oriundas dos testículos,

epidídimos e glândulas sexuais acessórias (ampolas, glândulas vesiculares e

bulbo-uretrais) e serve como meio de transporte para os espermatozóides

durante a ejaculação e sobrevivência no trato genital feminino (EVANS &

MAXWELL, 1987), previne a capacitação espermática prematura

(YANAGIMACHI, 1994) e protege as células espermáticas contra danos

peroxidativos (SCHÖNECH et al. , 1996). Além do mais, o fluido seminal é o

meio natural para completar a maturação espermática através de processos

hormonais e enzimáticos (BARRIOS et al. , 2000). Durante o trânsito

epididimário e na ejaculação, os espermatozóides adquirem inúmeras

proteínas do plasma seminal que podem influenciar sua fertilidade

(YANAGIMACHI, 1994; KILLIAN et al. , 1993; MILLER et al. , 1990).

A influência potencial das proteínas seminais sobre a reprodução

chamou atenção devido a inúmeros estudos mostrando que sua expressão está

relacionada significativamente às taxas de não-retorno ao estro, classificação

andrológica (FOUCHÉCOURT et al. , 2002; BRAUNDMEIER & MILLER,

2001; PARENT et al. , 1999; BRANDON et al. , 1999; CANCEL et al. , 1998,

1999; GERENA et al. , 1998; KILLIAN et al. , 1993), capacidade dos

espermatozóides fertilizarem oócitos in vitro (HENAULT et al. , 1995;

HENAULT & KILLIAN, 1996) e à motilidade espermática (AMMAN et al. ,

1987; DIAMANDIS et al. , 1999).

Contudo, a deficiência de índices reprodutivos confiáveis em rebanhos

Santa Inês dificulta a adoção desses parâmetros como critério para a seleção

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de reprodutores. De fato, esta tem se dado, principalmente, baseada na

avaliação de padrões raciais de pelagem, tipo e conformação e, em alguns

casos, dados de ganho de peso. Dessa forma, um estudo detalhado do

desenvolvimento sexual e proteínas seminais destes reprodutores pode definir

critérios para seleção daqueles animais mais precoces e com melhor

fertilidade. Dado que parâmetros como a circunferência escrotal apresenta

alta herdabilidade e está relacionada com a fertilidade e idade à puberdade

das fêmeas, a seleção de melhores reprodutores também teria um efeito

positivo sobre a fertilidade do rebanho como um todo.

Nesse contexto, o conhecimento dos parâmetros de desenvolvimento

sexual e do perfil protéico do plasma seminal em fases reprodutivas críticas,

bem como suas associações, poderiam contribuir para sua utilização como

marcadores moleculares para fertilidade, auxiliando na seleção de

reprodutores mais férteis na raça Santa Inês.

Portanto, os objetivos desse trabalho foram:

• Determinar as relações entre a biometria testicular, puberdade,

concentrações basais de testosterona, produção espermática e

aspectos quantitativos da espermatogênese em carneiros da raça

Santa Inês durante o primeiro ano de vida;

• Determinar, através de eletroforese em SDS-PAGE, a massa

molecular das proteínas do plasma seminal, verificando a

relação entre sua expressão e características reprodutivas.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Desenvolvimento Testicular em Ovinos.

2.1.1. Estrutura Testicular

As principais funções do testículo estão relacionadas à secreção

hormonal e espermatogênese. Esta última é um processo contínuo, que resulta

na produção diária de espermatozóides a partir das células-tronco da linhagem

germinativa, denominadas espermatogônias (CASTRO et al. , 1997). Os

testículos passam da cavidade abdominal para a bolsa escrotal, onde se

mantêm a uma temperatura de 2 a 6°C abaixo da corporal, por volta dos 80

dias de prenhez nos ovinos (GIER & MARION, 1970; WAITES, 1970;

KASTELIC et al. , 1996) e pesam cerca de 200 a 300 gramas em animais

adultos (0,7% do peso corporal), sendo cobertos por uma cápsula fibrosa

chamada tunica albuginia , que contém as artérias e veias testiculares

(AMMAN, 1970; EVANS & MAXWELL, 1987). Em seu interior localiza-se a

maior parte da massa testicular, composta por seu parênquima.

O parênquima testicular, do ponto de vista morfofuncional, divide-se

em dois compartimentos distintos. O primeiro deles é composto pelos túbulos

seminíferos, que ocupam de 85 a 86% do volume testicular ovino (QUEIROZ

& CARDOSO, 1989; WROBEL et al. , 1995), os quais são estruturas

enoveladas contendo em seu interior o epitélio germinativo (SETCHELL,

1978). O outro compartimento consiste no espaço intertubular, composto por

tecido conjuntivo, onde se localizam os vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e

as células de Leydig (SETCHELL, 1991).

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O crescimento testicular em carneiros segue uma curva sigmóide, com

duas fases características (SALGUEIRO & NUNES, 1999; SOUZA et al. ,

2001). Nas fases pré-púbere e púbere, a circunferência escrotal aumenta

rapidamente de tamanho (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1990; MOURA

et al. , 1999; SANFORD et al. , 2000), paralelamente ao peso do animal

(NOTTER et al. , 1985; SOUZA et al. , 2000), devido principalmente ao rápido

desenvolvimento do parênquima testicular (FRANÇA & RUSSELL, 1998). Por

outro lado, a fase de pós-puberdade é caracterizada por um lento crescimento

testicular, tendendo a estabilização (SOUZA et al. 2000).

O desenvolvimento e função do epitélio germinativo estão ligados ao

desenvolvimento da parte somática do testículo (HOCHEREAU-DE-REVIERS

et al. , 1987), estando a taxa de crescimento testicular relacionada ao momento

em que as células de Leydig tornam-se funcionais. De fato, as células

somáticas são essenciais para a função normal do sistema reprodutivo

(RUSSELL et al. , 1994). Em carneiros, o volume total de tecido intersticial

está correlacionado positivamente com a produção de células germinativas

seja por testículo ou por célula de Sertoli (HOCHEREAU-DE-REVIERS et

al. , 1993). Já a população das células de Sertoli está relacionada ao tamanho

adulto dos testículos e à produção espermática (FRANÇA & RUSSELL,

1998).

Os cordeiros nascem com cerca de 250 x 106 células de Sertoli

indiferenciadas ou de pré-Sertoli por testículo (KILGOUR et al. , 1998). Entre

o nascimento e a puberdade, este número aumenta cerca de 500%, e pode ser

influenciado por fatores tais como a raça do animal, estação de nascimento,

nutrição e ambiente hormonal (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1987).

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7

Entre duas e oito semanas de vida, o volume testicular de cordeiros é

de cerca de 1,5cm³, ocupado em cerca de 50% pelos túbulos seminíferos, os

quais apresentam um diâmetro médio de 50µm. O epitélio seminífero é

composto por células de Sertoli indiferenciadas e pré-espermatogônias I,

localizadas no centro dos túbulos seminíferos. Entre 8 e 13 semanas, o

volume testicular atinge 5cm³, com os túbulos ocupando ainda 50% do

volume, mas o diâmetro tubular mede cerca de 60µm (STEGER & WROBEL,

1996). As células de Sertoli indiferenciadas multiplicam-se, num processo

mediado pelo FSH (KILGOUR et al. , 1998) e formam uma camada contínua

ao redor dos túbulos. As pré-espermatogônias I migram para a periferia dos

túbulos, e originam-se delas as primeiras pré-espermatogônias II (STEGER &

WROBEL, 1996).

No período compreendido entre 13 e 18 semanas de idade, o volume

testicular ultrapassa 15cm³, com cerca de 60% ocupados pelos túbulos

seminíferos. O diâmetro tubular evolui para 80µm. As células de suporte já

apresentam características típicas das células de Sertoli, e formam as

primeiras junções entre si, ainda incompletas (STEGER & WROBEL, 1996).

Por ocasião da puberdade, com aproximadamente 18 a 24 semanas, a

circunferência escrotal atinge cerca de 18 cm (SOUZA et al. , 2001). O

volume testicular supera os 25cm³ e o diâmetro tubular ultrapassa 100µm,

ocupando cerca de 63% do volume da gônada. As células de Sertoli param de

multiplicar-se e se diferenciam (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1987) e

suas junções intercelulares separam os compartimentos basal e adluminal. A

espermatogênese inicia-se nesta fase, com a formação das primeiras

espermatogônias A (STEGER & WROBEL, 1996).

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A fase de pós-puberdade é caracterizada por um crescimento mais

lento da circunferência escrotal, tendendo a estabilização (YARNEY &

SANFORD, 1993; SOUZA et al. , 2001). Esse crescimento lento se deve ao

fato de que mesmo após a maturidade sexual, os túbulos seminíferos ainda

apresentam pequenos crescimentos em seu comprimento (FRANÇA, 1987). O

volume testicular bem como o diâmetro tubular acompanha esse ritmo.

Contudo, os túbulos já ocupam seu volume adulto, cerca de 84 a 86% do

testículo (WROBEL et al. , 1995; STEGER & WROBEL, 1996). As células de

Sertoli passam a ligar-se mutuamente, formando a barreira hemato-testicular e

participando dos eventos cíclicos do epitélio seminífero (RUSSELL et al. ,

1990; STEGER & WROBEL, 1996). Correlação positiva e significativa foi

descrita entre o número total de células de Sertoli e de espermatogônias A1

por testículo (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1987), confirmando que a

eficiência da produção espermatogênica é estabelecida no início da

espermatogênese (JOHNSON et al. , 1994).

2.1.2. Cinética e Quantificação da Espermatogênese

Estudos morfológicos nos permitem compreender os fenômenos

fisiológicos a partir da associação entre forma e função. Apesar desta

associação ser mais nítida no âmbito macroscópico (BIELLI, 1999), como por

exemplo, a circunferência escrotal como indicadora da atividade testicular,

em nível histológico isto é menos evidente. A cinética espermatogênica

estuda o conjunto de processos citológicos e histológicos que ocorrem no

interior dos túbulos seminíferos (SANTOS, 1999). O conhecimento desta

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cinética se mostra de grande importância para a caracterização da atividade

testicular de uma dada espécie.

A espermatogênese é um processo altamente organizado e

precisamente sincronizado, através do qual espermatogônias diplóides

dividem-se por mitose para manter sua população e produzem ciclicamente

espermatócitos, os quais sofrem meiose e produzem espermatozóides

haplóides (JOHNSON et al. , 1991; SHARPE, 1994; JOHNSON et al. , 2000), o

qual dura 49 dias em ovinos, iniciando-se após a puberdade (COUROT et al. ,

1970).

A espermatogênese pode ser funcionalmente dividida em três fases: a

fase proliferativa, a meiose e a espermiogênese. A fase proliferativa, também

denominada espermatocitogênese, é aquela na qual as espermatogônias-tronco

sofrem divisões mitóticas, resultando em outra espermatogônia-tronco

visando repor sua população, e dão origem à outra população de

espermatogônias A, as quais se diferenciam em espermatogônias

intermediárias e B, e originam espermatócitos primários tetraplóides em pré-

leptoteno (COURTENS, 1983; RUSSELL et al. , 1990; JOHNSON et al. ,

2000).

Estes espermatócitos se proliferam e entram em divisão meiótica,

permitindo a troca de genes entre cromossomos homólogos, gerando,

sucessivamente espermatócitos secundários diplóides e espermátides

arredondadas haplóides. Na fase espermiogênica, as espermátides

arredondadas se diferenciam em espermátides alongadas, envolvendo

achatamento nuclear, condensação da cromatina e paralisação da transcrição,

além do desenvolvimento do flagelo e formação do acrossoma a partir do

complexo de Golgi, sendo liberadas no lúmen tubular na forma de

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espermatozóides (espermiação) (COURTENS, 1983; RUSSELL et al. , 1990;

JOHNSON et al. , 2000).

Durante a formação do acrossoma, o Complexo de Golgi, ao mesmo

tempo rico em glicosil-transferases (LETTS et al. , 1974) e contínuo com o

retículo endoplasmático (HERMO et al. , 1979) secreta numerosas vesículas

contendo grânulos de natureza glicoprotéica (SUZI et al. , 1971), onde se pode

detectar a presença de galactose e fucose. As microvesículas se fundem para

formar uma vesícula pró-acrossômica limitada por uma membrana assimétrica

(MOLLENHAUER et al. , 1976) contendo um grânulo acrossômico denso

(GURAYA, 1971) composto por enzimas, tais como acrosima, hialuronidase,

fosfatases, β-galactosidase e ativador do plasminogênio (CHANG et al. , 1974;

KANNAN, 1974; BROWN, 1975; TAITZOGLOU et al. , 2001).

No carneiro, as espermatogônias se dividem a cada 10,4 dias, e

poderiam gerar, oito dias depois, em teoria 64 espermatócitos I, cuja prófase

dura 14 dias. Estes entram em meiose, a qual dura cerca de 24 horas,

originando potencialmente 256 espermátides que gerarão, após 14 dias, igual

número de espermatozóides (COURTENS, 1983).

Entretanto, o rendimento máximo da espermatogênese depende da

população de células de Sertoli, a qual é definida entre 40 e 80 dias de idade,

antes da puberdade (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1987; SHARPE,

1994). Uma vez cessada a replicação das células de Sertoli, a produção

espermática depende do número total de espermatogônias e do número de

gerações entre a primeira geração das espermatogônias e a formação dos

espermatócitos primários (COUROT et al. , 1970). No carneiro, reconhecem-se

seis gerações de espermatogônias sendo três do tipo A, uma intermediária e

duas do tipo B. Entretanto, a perda de células germinativas pode chegar à

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cerca de 50% em relação ao potencial de produção de espermatozóides no

carneiro (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1976; JOHNSON et al. , 1991),

ocorrendo degeneração celular, principalmente por apoptose, principalmente

das espermatogônias e espermatócitos (BILLING et al. , 1996; SANTOS,

1999; YOUNG et al. , 2001).

Estas perdas relacionam-se principalmente a flutuações hormonais

decorrentes de alterações fotoperiódicas (LINCOLN, 1989; BILLING et al. ,

1996; YOUNG & NELSON, 2001), sendo as mudanças na secreção de FSH as

mais importantes (FURUTA et al. , 1994) ou de restrições alimentares

(NELSON et al. , 1992). Além disso, a morte celular por apoptose é o

principal mecanismo de eliminação de células defeituosas no processo

espermatogênico (BILLING et al. , 1996).

Ao avaliar-se uma seção de túbulos seminíferos, pode-se observar que

as células germinativas estão agrupadas em camadas, e que determinados

tipos celulares estão associados com outros, associações essas que aparecem

ciclicamente ao longo dos túbulos (RUSSELL et al. , 1990). Essas associações

cíclicas de células germinativas morfologicamente integradas com as demais

são denominadas estágios do ciclo do epitélio seminífero (CES), que é

definido como uma série de associações celulares ordenadas que ocorrem num

dado segmento tubular (RUSSELL et al. , 1990; SANTOS, 1999; JOHNSON et

al. , 2000). Sendo um fenômeno temporal, a duração do CES pode ser estimada

em dias e mantém-se constante para uma dada espécie (SANTOS, 1999). No

carneiro, estudos têm mostrado que o CES dura cerca de 10,4 a 10,6 dias em

animais lanados (ORTAVANT, 1956; HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. ,

1964) e 10,5 dias em animais deslanados (CARDOSO & QUEIROZ, 1988).

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ORTAVANT et al. (1977) dividiram o CES com base na meiose em

fase pré-meiótica, compreendendo os eventos ocorridos entre a espermiação e

a metáfase da primeira meiose, fase meiótica e fase pós-meiótica, incluindo

os eventos desde o final da meiose até a espermiação. A fase pré-meiótica,

ocupa cerca de 50% do CES em carneiros, enquanto a fase meiótica dura

apenas de 7 a 8% (ORTAVANT, 1956; CARDOSO & QUEIROZ, 1988).

Entretanto, a maneira mais usual de classificação do CES baseia-se na

avaliação morfológica das espermátides, especialmente seu núcleo (FRANÇA

& RUSSELL, 1998) juntamente com eventos meióticos, e resulta na divisão

do CES em oito estágios, senda a espermiação a divisora de dois ciclos

(WROBEL et al. , 1995; JOHNSON et al. , 2000).

No estágio 1, duas gerações de espermatócitos estão presentes.

Aqueles em pré-leptóteno são encontrados principalmente na região basal, e

também na região intermediária. Estas células apresentam inúmeras pontes

citoplasmáticas entre si, perdendo contato com a lâmina basal. Ultra-

estruturalmente pode-se observar inúmeras mitocôndrias e ribossomos livres.

O retículo endoplasmático rugoso é incomum, e composto de finos túbulos,

enquanto o complexo de Golgi consiste de lamelas e sáculos localizados na

região perinuclear. A região nuclear é caracterizada por heterocromatina de

padrão reticular, com um pequeno nucléolo. Elas apresentam um diâmetro

nuclear de 7,68 µm e volume celular de 622 µm³, constituindo cerca de 5% do

epitélio tubular (WROBEL et al. , 1995).

Espermatócitos em paquíteno, maiores, com 1.943,43 µm³, cujo núcleo

mede 10,70µm. Eles estão localizados próximo ao lúmen e seu

desenvolvimento se dá durante a maior parte da prófase meiótica. Os volumes

citoplasmáticos e nucleares crescem continuamente. A cromatina distribuída

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pelo núcleo, com pequenas quantidades de heterocromatina localizadas na

membrana nuclear interna, juntamente com o nucléolo. O retículo

endoplasmático rugoso forma cisternas achatadas na periferia celular,

enquanto o retículo liso ocupa a maior parte do citoplasma restante, na forma

de túbulos interconectados. As mitocôndrias apresentam cristas aumentadas e

se agrupam em uma matriz intermitocondrial densa, enquanto o complexo de

Golgi também se desenvolve (WROBEL et al. , 1995).

Por fim, uma geração de espermátides na fase cap está envolvida nos

processos laterais das células de Sertoli. Estas células mostram-se com núcleo

reduzido comparadas àquelas na fase de Golgi, com redução no número de

nucléolos. No fim dessa fase, o núcleo está periférico, com um grande

complexo de Golgi no pólo celular. As cisternas do retículo endoplasmático

liso se tornam vesiculares, com um conteúdo nevoado. Este estágio ocupa

cerca de 18% do CES, e o epitélio do túbulo mede cerca de 79µm (WROBEL

et al. , 1995).

No estágio 2, o epitélio apresenta cerca de 17,4µm de espessura.

Espermatócitos em leptóteno, com o dobro do volume celular (1.303 µm³) e

nuclear (9,72µm) daqueles em pré-leptóteno, apresentam heterocromatina

concentrada em uma das metades do núcleo, e mitocôndrias ovóides isoladas,

com pequenos aumentos no retículo endoplasmático rugoso e complexo de

Golgi. Estas células atravessam a barreira hemato-testicular, e a primeira

geração de espermatócitos atinge o paquíteno.

As espermátides entram na fase acrossômica, e estão situadas nos

processos apicais das células de Sertoli, com seus acrossomas localizados

basalmente, iniciando o alongamento nuclear. Estas células continuam o

processo de polarização iniciado na fase cap. A manchete, uma estrutura

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temporária que está relacionada ao intercâmbio de proteínas nucleares durante

as alterações nucleares, aparece no início dessa fase, e desaparece no final.

As mitocôndrias isoladas tendem a se agrupar, iniciando-se ainda os

processos autolíticos no citoplasma, com uma redução do volume

citoplasmático. Organelas, como o retículo endoplasmático e o complexo de

Golgi, perdem seu formato normal e se desintegram, havendo invasão de

extensões do citoplasma da células de Sertoli no citoplasma das espermátides

no final dessa fase (COURTENS & LOIR, 1981; WROBEL, 1995).

No terceiro estágio, aqueles leptótenos do estágio anterior atingem o

zigóteno, atravessando a barreira hemato-testicular e entrando na região

adluminal. Seu aspecto é muito parecido com o dos leptótenos, entretanto,

complexos sinaptonemais são observados, e persistem até o início do

diplóteno. O retículo endoplasmático rugoso desenvolve-se e suas cisternas

penetram entre as mitocôndrias agrupadas, e podem ocorrer corpos

lisossomais. Estas células medem cerca de 10,03µm e 1.360µm³,

respectivamente para o diâmetro nuclear e volume celular. Já os paquítenos

entram em diplóteno, as maiores células germinativas, atingindo 2.994µm³ de

volume celular. A distribuição de organelas e de cromatina são idênticas

àquela dos paquítenos, com um diâmetro nuclear de 11,39µm. As

mitocôndrias começam a isolar-se, l iberando sua densa matriz no citoplasma

(WROBEL et al. , 1995).

O estágio quatro compreende a fase de meiose, indo da metáfase da

primeira divisão meiótica até o final da segunda divisão. As células mais

comuns são espermatócitos secundários e espermátides arredondadas recém-

formadas. Os espermatócitos secundários têm vida breve e ocorrem apenas

nesse estágio. Seu volume celular (1.369,68µm³) e nuclear (342µm³) são

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aproximadamente, a metade daquele dos diplótenos. A membrana nuclear

apresenta ligeiras protuberâncias características e o retículo endoplasmático é

abundante. As mitocôndrias apresentam cristas dilatadas distribuídas ao

acaso. Neste estágio, encontram-se ainda espermatócitos em final de zigóteno

ou início do paquíteno e espermátides alongadas (WROBEL et al. , 1995).

Uma vez que os estágios 5, 6 e 7 apresentam curta duração e não

diferem significativamente entre si, foram agrupados em um só. Este estágio é

caracterizado por uma única geração de espermatócitos e duas gerações de

espermátides. As espermátides recém-formadas estão na fase de Golgi,

apresentando dimensões semelhantes às dos espermatócitos secundário, com

núcleo central e esférico. A cromatina apresenta-se granulada e com até três

nucléolos. O retículo endoplasmático liso predomina, formando túbulos

curtos, enquanto as mitocôndrias distribuem-se ao acaso. Já as espermátides

mais velhas estão em fase de maturação. Este fenômeno inicia-se no estágio 4

e vai até a espermiação. Ele envolve alterações, tais como o desenvolvimento

da peça intermediária, com mitocôndrias organizadas em 40 a 45 voltas em

espiral. O citoplasma é reduzido por um processo de autólise, acompanhado

por intensas alterações no núcleo (LOIR & COURTENS, 1979; WROBEL et

al. , 1995).

Durante o estágio 8, ocorre a espermiação das espermátides maduras,

que marca o limite entre dois ciclos do epitélio seminífero. A geração de

espermátides jovens do estágio anterior entra na fase de cap, e os

espermatócitos encontram-se em paquíteno, e reinicia-se o ciclo no estágio 1

(WROBEL et al. , 1995).

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2.2. Proteínas do Plasma Seminal.

A disponibilidade de reprodutores testados, com elevado potencial

reprodutivo é essencial para garantir a eficiência reprodutiva e a produção de

crias. Nesse contexto, a busca por indicadores da fertilidade masculina tem

sido o foco de vários estudos conduzidos nos últimos anos. A avaliação da

motilidade e concentração espermática são freqüentemente utilizadas para

avaliar a qualidade seminal, mas fornece informações limitadas sobre sua

fertilidade em potencial (ELLIOT, 1978; GRAHAM et al. , 1980; CORREA et

al. , 1997; RODRÍGUEZ-MARTÍNEZ & LARSSON, 1998; ZHANG et al. ,

1998; BRAHMKSHTRI et al. , 1999). Outros critérios, como a análise

computadorizada do sêmen e a integridade acrossômica ajudam a estimar a

qualidade seminal e têm sido relacionadas às taxas de não retorno, mas as

correlações são baixas (BUDWORTH et al. , 1988; KJAESTAD et al. , 1993;

JANUSKAUSKAS et al. , 2000ab). De fato, a maioria dos atuais

procedimentos de análise seminal não consegue explicar toda a fertilidade em

potencial dos reprodutores, provavelmente porque eles não levam em

consideração importantes etapas no processo de fertilização, como a

capacitação espermática e a reação acrossômica (AMMAN &

HAMMERSTEDT, 1993). Reprodutores pertencentes a centrais de

inseminação, que apresentam parâmetros seminais equivalentes, ainda

apresentam diferenças de 20 a 25% nas taxas de não retorno ao estro, os quais

não podem ser explicados pelas análises seminais de rotina (LARSSON &

MILLER, 2000). Portanto, a existência de reprodutores sub-férteis que

apresentam quadro seminal normal é uma observação importante e tem

estimulado a busca por outros marcadores para a fertilidade.

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O plasma seminal é fluido composto por secreções oriundas dos

testículos, epidídimos e glândulas sexuais acessórias (ampolas, glândulas

vesiculares e bulbo-uretrais), que influenciam a capacidade de fertilização

dos espermatozóides. Suas funções incluem o transporte dos espermatozóides

durante a ejaculação, ativação de espermatozóides imóveis, manutenção de

sua viabilidade no sistema reprodutivo feminino (EVANS & MAXWELL,

1987), prevenção de capacitação prematura (YANAGIMACHI, 1994) e

proteção das células espermáticas contra a peroxidação lipídica (SCHÖNECH

et al. , 1996). Além disso, o fluido seminal é o fluido natural para a maturação

espermática, que ocorre ao longo do trânsito epididimal, através de

mecanismos enzimáticos e hormonais (MILLER et al. , 1990;

YANAGIMACHI, 1994; LASSERRE et al. , 2001).

A potencial influência das proteínas seminais sobre a fertilidade veio

à tona devido a estudos mostrando que sua expressão está relacionada,

significativamente, às taxas de não retorno ao estro (KILLIAN et al. , 1993;

BRANDON et al. , 1999; PARENT et al. , 1999; BRAUNDMEIER & MILLER,

2001), taxas de penetração in vitro de oócitos (HENAULT et al. , 1995;

HENAULT & KILLIAN, 1996) e mesmo à motilidade espermática (AMMAN

et al. , 1987; DIAMANDIS et al. , 1999).

Contudo, as proteínas seminais também podem apresentar efeitos

adversos sobre a qualidade seminal. A presença de proteínas de baixa massa

molecular no sêmen tem sido apontada como a causa para a baixa fertilidade,

em bovinos da raça Nelore (UNANIAN et al. , 2001). Do mesmo modo, altas

concentrações de plasma seminal em diluidores têm se mostrado deletérias

para os espermatozóides sujeitos ao resfriamento e congelamento (PICKETT

et al. , 1975; MARTINUS et al. , 1991). Além disso, alguns componentes do

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plasma seminal podem interferir com a capacitação espermática, reação

acrossômica ou enzimas acrossômicas antes da fertilização (BRANDON et al. ,

1999). Estas proteínas deletérias podem incluir, entre outras, fatores

decapacitantes (ENG & OLIPHANT, 1978), fator anti-fertilidade humano

(AUDHYA et al. , 1987) e seminalplasmina bovina (BHARGAVA, 1986). O

estudo dessas proteínas pode contribuir para uma melhor compreensão dos

processos fisiológicos ligados à fertilidade e permitir seu uso como

marcadores moleculares, bem como para auxiliar a elaboração de diluidores

seminais mais eficientes.

2.2.1. Proteínas Ligadoras de Fosfolipídeos

A capacitação é um processo complexo que ocorre in vivo, após o

espermatozóide estar presente no trato genital feminino (MARTINEZ &

MORROS, 1996) e que envolve alterações bioquímicas e estruturais em sua

membrana, que incluem a perda de componentes adsorvidos, alterações em

sua composição lipídica e maior permeabilidade a íons (DE LAMIRANDE et

al. , 1997; CROSS, 1998; VISCONTI & KOPF, 1998). Estas alterações

permitem a interação espermática com o oócito e a reação acrossômica

(THÉRIEN et al. , 2001).

A perda de colesterol pela membrana espermática e uma redução na

proporção colesterol:fosfolipídeos estão entre as principais etapas da

capacitação (EHRENWALD et al. , 1988; THÉRIEN et al. , 1998). O plasma

seminal contém proteínas ligadoras de fosfolipídeos, denominadas BSPs, que

são secretadas pelas vesículas seminais e são importantes para a capacitação

espermática (DESNOYERS et al. , 1994). Elas são denominadas BSP A1/A2,

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BSP A3 e BSP 30-kDa, com massas moleculares de 15, 16,5 e 28-30 kDa,

respectivamente.

Estas proteínas ligam-se a fosfolipídeos contendo colina presentes na

membrana espermática, especialmente a fosfatidilcolina, e estimulam a

liberação de colesterol e fosfolipídeos por um curto período após a

ejaculação, induzindo reorganização da membrana e aparecimento de novos

receptores para glicosaminoglicanos semelhantes à heparina (GAGs) ou HDL

na membrana espermática (THÉRIEN et al. , 1998; 1999; MOREAU &

MANJUNATH, 1999; MANJUNATH & THÉRIEN, 2002).

No trato genital feminino, os espermatozóides são capacitados por

duas vias. Inicialmente, a ligação das BSPs à membrana espermática aumenta

o número de sítios de ligação para heparina, e os espermatozóides passam a

reagir com os GAGs (MILLER et al. , 1990). Em seguida, os espermatozóides

interagem com a HDL, estimulando uma segunda liberação de colesterol,

alterando a proporção entre este e os fosfolipídeos. Esta liberação

desestabiliza a membrana espermática e inicia vias de transdução que regulam

a expressão de receptores para proteínas da zona pelúcida na superfície

espermática, habilitando a reação acrossômica (BENOFF et al. , 1993;

THÉRIEN et al. , 1998). Os processos mediados pelas BSPs que levam à

capacitação espermática sugerem que diferenças detectadas em suas

concentrações no plasma seminal podem influenciar a fertilidade. Entretanto,

correlações entre índices de fertilidade e concentração de BSPs ainda não

foram estabelecidas (NAUC & MANJUNATH, 2000).

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2.2.2. Proteínas Ligadoras de Heparina

A heparina é um açúcar pertencente ao grupo dos GAGs, secretado no

trato genital feminino (LEE et al. , 1985), sendo um dos mais potentes

indutores da capacitação espermática em bovinos (HANDROW et al. , 1982;

MILLER & HUNTER, 1986), ligando-se aos espermatozóides por meio de

proteínas (NASS et al. , 1990).

Proteínas ligadoras de heparina (HBPs) são secretadas pela próstata,

glândulas bulbo-uretrais e vesiculares no plasma seminal, sendo estas últimas

a principal fonte (MILLER et al. , 1990). Estas proteínas não estão presentes

em espermatozóides epididimais (McCAULEY et al. , 1996) e sua expressão é

dependente de andrógenos, uma vez que animais castrados reduzem

significativamente a secreção de HBPs, a qual é restaurada aos níveis iniciais

após reposição de testosterona (NASS et al. , 1990).

Utilizando ensaios de ligação a heparina radioativa, MARKS & AX

(1985) observaram que espermatozóides oriundos de touros de alta fertilidade

possuem maior afinidade pela heparina que aqueles originados de touros de

baixa fertilidade, apesar dos dois grupos apresentarem o mesmo número de

sítios de ligação para heparina. Portanto, a afinidade, e não a presença da

HBP na membrana espermática, está relacionada ao potencial de capacitação

de reação acrossômica dos espermatozóides. Nesse contexto, cinco famílias de

HBPs com diferentes afinidades pela heparina foram identif icadas (MILLER

et al. , 1990). Entre elas, o complexo HBP-B5 é o que apresenta a maior

afinidade (BELLIN et al. , 1994), sendo formado por múltiplas proteínas, com

massas moleculares de 31, 24 e 14 – 18 kDa (MILLER et al. , 1990).

Em outro estudo, touros com circunferência escrotal e características

seminais equivalentes foram agrupados de acordo com a presença ou ausência

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da HBP-B5 na membrana espermática ou no plasma seminal. Os animais

foram mantidos com as fêmeas por dois meses, e a taxa de prenhez foi

determinada 60 dias após o fim da estação de cobertura. Touros que

apresentavam o complexo HBP-B5 ligado à membrana espermática, contudo

não detectável no plasma seminal, apresentaram uma fertilidade 17% maior

que aqueles com outros perfis de HBP-B5 (BELLIN et al. , 1994).

Possivelmente, toda HBP-B5 anteriormente presente no plasma seminal ligou-

se com maior afinidade aos espermatozóides induzindo capacitação mais

eficiente. De fato, quando machos de parâmetros andrológicos e seminais

semelhantes são agrupados com base no conteúdo de HBP na membrana

espermática, pode-se detectar diferenças de até 40% nas taxas de prenhez

(BELLIN et al. , 1996).

O antígeno associado à fertilidade (FAA) é um dos componentes do

complexo HBP-B5, com massa molecular de 31 kDa, é secretado pelas

glândulas vesiculares e próstata (BELLIN et al. , 1998; McCAULEY et al. ,

1999). Pesquisas mostraram que o FAA associado à membrana espermática

pode funcionar como marcador para fertilidade masculina, mesmo em machos

com idêntica capacidade de serviço, medida pelo número de ejaculações

aparentes, em touros expostos a novilhas em estro (BELLIN et al. , 1998). Em

um estudo comparando taxas de prenhez ao primeiro serviço, fêmeas

inseminadas com sêmen contendo FAA ligada aos espermatozóides

apresentaram taxa de prenhez 15,9% maior que aquelas inseminadas com

espermatozóides sem FAA (SPROTT et al. , 2000). Independentemente da

idade ou raça, touros FAA positivos foram 9% mais férteis que touros FAA

negativos (BELLIN et al. , 1998). Portanto, a determinação dos perfis de FAA

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pode ser utilizada para identificar animais sub-férteis, não detectados durante

o exame andrológico ou testes de capacidade de serviço.

A concentração de outro componente do complexo HBP-B5, com

massa molecular de 24 kDa (HBP-24), também está relacionado à ferti lidade.

Dados obtidos da mobilidade protéica em SDS-PAGE e homologia da

seqüência de aminoácidos permitiu a identificação desta proteína como o

inibidor tecidual de metaloproteinases 2 (TIMP-2) (CALVETE et al. , 1996;

McCAULEY et al. , 2001). Touros de maior fertilidade, definida como sendo o

número de vacas prenhes 60 dias após o início da estação de cobertura,

puderam ser discriminados daqueles de baixa fertilidade baseando-se na

presença de HBP-24 ligada aos espermatozóides (BELLIN et al. , 1996; 1998),

mas as vias envolvidas na regulação da reprodução por essa via ainda não

estão esclarecidas (McCAULEY et al. , 2001). Contudo, MÉTAYER et al.

(2002) relataram, recentemente, que o TIMP-2 é sintetizado pelo testículo e

está presente no fluido da cabeça do epidídimo do carneiro. Além do mais,

TIMP-2 parece ativar o precursor da “matrix metaloproteinase” 2 (MMP2),

que é uma das mais abundantes metalogelatinases presentes no epidídimo do

carneiro. A MMP2 é sintetizada no testículo, principalmente pelas células de

Sertoli, e é provável que atue no remodelamento da matriz extracelular

durante o desenvolvimento gonadal (ROBINSON et al. , 2001). O TIMP-2

inibe a atividade da MMP2 (NAGASE & WOESSNER, 1999), mas o

significado deste fato em relação ao desenvolvimento testicular permanece

indeterminado.

Em bodes, proteínas com afinidade pela heparina (HAP) compõem 18 a

19% da quantidade total de proteína presente no plasma seminal e sua

expressão está relacionada à atividade sexual. Estudos associando SDS-PAGE

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e cromatografia de afinidade mostraram que entre as HAP, uma banda de 178

kDa está presente apenas na estação sexual, enquanto uma de 119 kDa é a

mais abundante na estação não reprodutiva (LA FALCI et al. , 2002). A HAP

de 178 kDa causou leve redução tempo e dose dependente na motilidade

espermática após 60 minutos de incubação, sem danos acrossômicos. Por

outro lado, a incubação de espermatozóides com a HAP da estação não sexual

causou perda total da motilidade após 5 minutos, com importante perda

acrossômica.

2.2.3. Prostaglandina D Sintetase

Duas proteínas do plasma seminal foram detectadas em maior

quantidade no sêmen de touros de alta fertilidade comparados com aqueles de

média e baixa fertilidade, utilizados em centrais de inseminação artificial

(IA) (KILLIAN et al. , 1993). Neste estudo, os autores encontraram correlação

significativa (r = 0,89) entre a concentração dessas proteínas no plasma

seminal e a fertilidade de machos utilizados em pelo menos 1.000

inseminações com sêmen congelado. Estas proteínas foram identificadas

através de eletroforese bidimensional, Western Blotting e sequenciamento

como sendo prostaglandina D sintetase GSH-independente (PGDS) (GERENA

et al. , 1998) e osteopontina (OPN) (CANCEL et al. , 1997). Em um estudo

conduzido em cavalos, BRANDON et al. (1999) também encontraram

correlações entre a densidade protéica do plasma seminal e índices de

fertilidade em quatro estações de cobertura sucessivas. Uma dessas proteínas

demonstrou homologia antigênica com a OPN.

A prostaglandina D sintetase (26 kDa) catalisa a isomerização da

prostaglandina H2 a prostaglandina D2 (URADE et al. , 1985) e existe em duas

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formas distintas (URADE & HAYAISHI, 2000a), uma necessitando de

glutationa, e a outra independente desta (URADE et al. , 1987). Esta última é

membro da superfamília das lipocalinas, um grupo de proteínas que se liga e

transporta pequenas moléculas lipofílicas, como o retinol, progesterona e

feromônios do plasma ao trato reprodutivo, e através da barreira hemato-

testicular (PERVAIZ & BREW, 1987). Recentemente, FOUCHÉCOURT et al.

(2002) identificaram esta proteína no fluido epididimal do carneiro, com

cerca de 191 aminoácidos, com massa molecular de 21,1 kDa.

Estudos têm sugerido que a PGDS teria dupla função, funcionando

como enzima produtora de prostaglandina D2 intracelular, e como lipocalina

após sua secreção no espaço extracelular e diversos fluidos corporais

(TANAKA et al. , 1997; URADE & HAYAISHI, 2000b). No trato reprodutivo

masculino, a PGDS está presente nas células de Sertoli e Leydig, células

epiteliais do epidídimo e ampola de vários mamíferos, incluindo carneiro,

touro e cavalo (FOUCHÉCOURT et al. , 1999; RODRIGUEZ et al. , 2000a;

URADE & HAYAISHI, 2000b). Em touros, a expressão da PGDS foi

detectada apenas em túbulos contendo espermátides alongadas durante os

últimos estágios da espermatogênese, sugerindo que sua expressão varia

conforme o estágio do ciclo espermatogênico (GERENA et al. , 2000;

RODRÍGUEZ et al. , 2000a).

Em vista de sua localização no testículo e sua afinidade por

metabólitos da vitamina A (VAN PELT & DE ROOIJ, 1990; TANAKA et al. ,

1997), a PGDS deve ter um papel crucial na espermatogênese. Em ratos, sua

expressão no testículo mostra um aumento dependente da idade, independente

do peso testicular. Utilizando técnicas de RT-PCR, SAMY et al. (2000)

observaram que, no testículo adulto, há um aumento de cerca de 40 vezes na

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concentração de mRNA para PGDS comparado com testículos imaturos.

Observaram ainda que seu surgimento estava relacionado à produção dos

primeiros espermatozóides maduros.

As células de Sertoli expressaram cerca de três vezes mais PGDS que

as células germinativas, relacionando-se com a formação de junções

especializadas entre estas células e o estabelecimento da barreira hemato-

testicular, no início da puberdade. Apesar das células de Sertoli serem alvos

de hormônios hipofisários e esteróides, FSH, dihidrotestosterona e

testosterona não mostraram efeito aparente na expressão de PGDS por essas

células. Os retinóides, contudo, induziram um aumento significativo em sua

expressão (SAMY et al. , 2000).

Utilizando Northern Blotting e hibridização in situ , a expressão da

PGDS foi observada em células epiteliais da cabeça, corpo e cauda do

epidídimo em touros (RODRÍGUEZ et al. , 2000a), mas ele mostrou-se mais

abundante nas células principais da cabeça (GERENA et al. , 2000). Em

carneiros, PGDS mRNA foi detectado apenas na cabeça do epidídimo, e sua

secreção representou cerca de 25% da quantidade total de proteínas secretadas

no tecido. Semelhante ao encontrado em bovinos, sua quantidade é reduzida

progressivamente durante o trânsito epididimal, atingindo um valor 5 vezes

menor no fluido da cauda comparado àquele da cabeça, com alterações em

suas propriedades bioquímicas (FOUCHÉCOURT et al. , 1999). Esta proteína

também é encontrada nos fluidos testicular e epididimal, e no plasma seminal

(GERENA et al. , 1998). Nos espermatozóides, a PGDS se concentra no

segmento apical do acrossoma, e parece associar-se com a membrana

plasmática da cabeça do espermatozóide, uma vez que não é mais detectável

em espermatozóides bovinos após reação acrossômica (GERENA et al. , 2000).

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A castração induz redução na expressão da PGDS (FOUCHÉCOURT et al. ,

1999), sugerindo que andrógenos influenciam esta proteína ao nível de

expressão gênica ou estabilidade do mRNA.

A relação da PGDS com a fertilidade masculina pode resultar de sua

habilidade em funcionar como transportador lipofílico intercelular,

atravessando as barreiras hemato-testicular e hemato-epididimal. A

localização específica da PGDS nas espermátides e células de Sertoli no

testículo, e nas células principais do epidídimo, especialmente no segmento

proximal da cabeça, sugere que ele pode ser importante no desenvolvimento e

maturação espermática (GERENA et al. , 1998; 2000). Apesar da PGD2

representar de 7 a 10% das prostaglandinas detectadas no epidídimo de

carneiros, sua produção se dá independentemente da presença de PGDS no

lúmen. Estes achados, juntamente com aqueles de que esta proteína é capaz de

se ligar ao ácido retinóico e à testosterona no fluido epididimal, sugerem,

conforme observado em touros, que a PGDS age no trato reprodutivo do

carneiro como uma lipocalina, envolvida na regulação do epitélio epididimal.

Contudo, como baixas concentrações de PGDS foram encontradas no sêmen

de carneiros com alta fertilidade, é possível que altas concentrações de PGDS

no trato genital masculino não sejam essenciais para sua função reprodutiva

(FOUCHÉCOURT et al. , 2002).

2.2.4. Osteopontina

A osteopontina (OPN) é uma proteína altamente acídica (55 kDa), rica

em ácido aspártico, ácido glutâmico e serina (SORENSON & PETERSEN,

1994) e foi isolada inicialmente da matriz mineralizada de ossos bovinos

(FRANZEN & HEINEGARD, 1985). Estudos imunohistoquímicos localizaram

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a OPN na superfície luminal das células epiteliais do trato reprodutivo

(BROWN et al. , 1992), mas ela também está presente em fluidos biológicos,

como urina, leite e plasma seminal (SENGER et al. , 1989; CANCEL et al. ,

1997). Em média, a OPN é 2,6 vezes mais concentrada em animais de alta

fertilidade que naqueles de menos férteis (CANCEL et al. , 1997). Este estudo

encontrou ainda uma associação (R²=0,48) entre a densidade desta proteína no

plasma seminal e a fertilidade de touros (taxa de não retorno ao estro em pelo

menos 1.000 IAs), um resultado semelhante ao encontrado por KILLIAN et al.

(1993).

Várias formas de osteopontina tem sido descritas, incluindo as formas

fosforilada e não fosforilada. A primeira está associada com a superfície

celular, enquanto a última está presente na forma solubilizada, sugerindo

diferentes funções para esta proteína (PATARCA et al. , 1993). Em touros, a

OPN foi encontrada no plasma seminal, fluido das glândulas acessórias,

fluido da glândula vesicular e urina (CANCEL et al. , 1999). Contudo, a OPN

é secretada apenas pelas ampolas e glândulas vesiculares, indicando que a

proteína encontrada no plasma seminal origina-se dessas glândulas. A

expressão da osteopontina foi encontrada primariamente nos túbulos contendo

espermátides alongadas, envolvendo o lúmen do epitélio seminífero,

sugerindo que a expressão gênica da OPN, como o gene da PGDS, é regulada

pelo ciclo das células germinativas. No epidídimo, a osteopontina não foi

detectada nas células epiteliais de nenhum segmento, apesar de estar presente

nos espermatozóides em seu lúmen. Nas glândulas sexuais acessórias, sua

expressão foi observada apenas nas células epiteliais da ampola

(RODRÍGUEZ et al. , 2000b).

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Diferentemente dos achados de RODRÍGUEZ et al. (2000b), CANCEL

et al. (1999) não puderam demonstrar que a OPN liga-se aos espermatozóides

bovinos. Essas diferenças possivelmente devem-se a variações na detecção da

OPN e no estado funcional dos espermatozóides durante a maturação. É ainda

possível que a OPN se ligue fracamente aos espermatozóides, e seja retirada

durante o procedimento de lavagem. De fato, a relação entre a OPN no plasma

seminal e a fertilidade masculina pode ser indireta. Ela pode evitar a ligação

de bactérias ao epitélio reprodutivo, competindo pelos sítios de ligação das

integrinas que estão presentes nas células epiteliais, protegendo as glândulas

acessórias contra inflamações (BROWN et al. , 1992; RODRÍGUEZ et al. ,

2000b).

Considerando a função da OPN como molécula de adesão celular, é

possível que ela possa auxiliar na adesão das células germinativas em

desenvolvimento às células de Sertoli ou a outras células germinativas. A

osteopontina também pode estar envolvida na transferência de informação

entre células nos túbulos seminíferos. Uma vez que a OPN foi expressa

apenas no compartimento adluminal dos túbulos seminíferos e nos

espermatozóides localizados no epidídimo, esta proteína pode ainda estar

associada com o desenvolvimento das espermátides alongadas e dos

espermatozóides, influenciando a agregação de vesículas durante a formação

do acrossoma. Finalmente, é possível que mRNAs para osteopontina sejam

armazenados durante a espermatogênese para estar disponíveis para tradução

durante o desenvolvimento embrionário inicial (RODRÍGUEZ et al. , 2000b).

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2.2.5. Fosfolipase A2

Fosfolipases A2 (PLA2), de baixa massa molecular, são enzimas que

variam de 14 a 20 kDa, encontradas em fluidos corporais (DENNIS, 1994).

No trato reprodutivo, a PLA2 regula a maturação espermática e a reação

acrossômica (UPRETI et al. , 1994), convertendo fosfolipídios em lisolipídios,

como a lisolecitina. Espermatozóides tratados com lisolecitina apresentam

fusão das membranas plasmática e acrossômica durante a reação acrossômica

(ROLDAN & FRAGGIO, 1993), um evento essencial para a fertilização. Estas

enzimas foram detectadas no sêmen de carneiros (ROLDAN & FRAGGIO,

1993), bodes (ATREJA & GANDHI, 1992) e touros (SOUBEYRAND et al. ,

1997), próxima ao acrossoma (RIFFO & PARRAGA, 1996). No carneiro, há

baixos níveis desta proteína no plasma seminal, sugerindo que a PLA2

origina-se no epidídimo ou é liberada do espermatozóide (UPRETI et al. ,

1999).

Em bodes, altas concentrações de PLA2 estão presentes no plasma

seminal durante a estação não reprodutiva, com forte afinidade por heparina.

Esta proteína pode estar relacionada à deterioração da qualidade seminal

quando se utiliza diluidores baseados em leite. Provavelmente, estes efeitos

deletérios estão relacionados com a hidrólise de fosfolipídeos da membrana

espermática pela PLA2 presente na fração protéica com afinidade pela

heparina (HAP). Este efeito é mais intenso na HAP da estação não

reprodutiva, em meio rico em fosfolipídeos, sugerindo que um modulador da

PLA2 pode estar presente no sêmen em diferentes concentrações conforme a

estação. Uma função para a PLA2 no plasma seminal na estação reprodutiva

poderia estar relacionada à capacitação espermática, uma vez que sua

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modulação altera a fluidez da membrana espermática, o que constitui uma das

etapas da capacitação (LA FALCI et al. , 2002).

2.2.6. Sistema Kalikreína-Cininas

Os componentes do sistema kalikreína-cininas melhoram a motilidade

de espermatozóides ovinos e bovinos, a fresco ou criopreservados

(BRATANOV et al. , 1978ab). As cininas são os principais produtos deste

sistema e ativam a motilidade espermática após a ejaculação (SCHILL et al. ,

1989). O plasma seminal contém cininogênio (FINK et al. , 1990), o substrato

específico da kalikreína, cininas, o produto desta reação, e cininase, a enzima

inativadora das cininas (SCHILL et al. , 1989). No trato reprodutivo

masculino, a principal fonte de kalikreína é a próstata (FINK et al. , 1985),

mas seu exato significado fisiológico em mamíferos ainda não foi elucidado

(SOMLEV & SUBEV, 1997).

O plasma seminal bovino apresenta importante atividade de kalikreína,

que está significativamente associada a motilidade, mas não à concentração

espermática (SOMLEV et al. , 1996), sendo a bradicinina que apresenta efeito

estimulatório sobre esta motilidade. Este efeito é mais pronunciado em

ejaculados com baixos níveis de atividade da kalikreína, devido à

compensação no déficit de cininas. Nesse caso, a baixa atividade enzimática

leva a considerável ativação dos mecanismos reguladores da cinética

espermática causada pela proteína exógena (SOMLEV & HELILI, 1996;

SOMLEV & SUBEV, 1997). Contudo, a adição de maiores concentrações de

cininas aos espermatozóides acima da concentração ótima não leva a

posteriores aumentos na motilidade, indicando um efeito saturável (MISKA &

SCHILL, 1990).

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A enzima cininase II é outro componente do sistema kalikreína-cininas

encontrado no plasma seminal (MISKA et al. , 1988). Esta enzima,

identificada como enzima conversora da angiotensina 1 (ACE)

(HOHLBRUGGER et al. , 1984) é secretada pelos testículos, epidídimos e

próstata (KRASSNIG et al. , 1989) e é inespecífica com relação a seus

substratos. Além da angiotensina, ela hidrolisa outros peptídeos como a

bradicinina (BERNSTEIN et al. , 1992), inativando seus efeitos biológicos.

Inibidores da ACE seminal aumentaram o poder estimulante da bradicinina

sobre a motilidade espermática, bloqueando a influência negativa da ACE.

Este efeito abre a possibilidade do uso prático dos inibidores da ACE em

centrais de IA (SOMLEV & SUBEV, 1998).

Atividade significativa da ACE tem sido relatada no trato genital de

mamíferos, especialmente no epidídimo (VINSON et al. , 1997). A ACE

presente no plasma seminal do carneiro é secretada pelas células germinativas

e é liberada da membrana espermática ao longo do trânsito epididimal. Uma

vez no fluido, há uma redução em seu massa molecular de, aproximadamente,

105 kDa para 94 kDa, no fluido da junção entre cabeça e corpo epididimal,

sugerindo a perda de sua âncora na membrana (GATTI et al. , 1999). De

acordo com esses estudos, utilizando 2D-PAGE, a ACE estava totalmente

ausente do fluido epididimal de carneiros azoospérmicos. É possível que esta

enzima atue na maturação espermática (KÖHN et al. , 1998), evitando ativação

prematura da motilidade, mas isto ainda não foi confirmado.

A ACE existe em duas formas, uma somática (S) e outra testicular (T).

Camundongos knock-out para ambas enzimas (stst) apresentam prolificidade

muito baixa (KREGE et al. , 1995). Menos de 5% dos ovos fertilizados pelos

espermatozóides destes animais desenvolveram-se até o estágio de 8 células,

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comparado com mais de 65% em camundongos normais (STST), embora os

machos knock-out apresentassem histologia testicular, concentração,

morfologia, viabilidade e motilidade espermática, reatividade acrossômica,

bem como critérios avaliados por análise computadorizada do sêmen como

velocidade linear, deslocamento lateral de cabeça e movimento espermático

comparáveis aos de machos normais. Contudo, os animais STST obtinham

concentração espermática no oviduto 1 hora após a cobertura muito maior que

os animais knock-out nas mesmas condições. In vitro , estes animais

apresentaram número significativamente menor de espermatozóides ligados

por zona pelúcida que os animais STST .

Em outro estudo, com o objetivo de determinar as isoenzimas

importantes para a fertilidade, machos knock-out apenas para a isoenzima

somática (sTsT) foram produzidos, deixando a ACE testicular inalterada.

Nesse caso, a prolificidade foi equivalente àquela de animais normais, mas

significativamente maior que aquela de animais stst , mostrando que a

ausência da ACE somática não influencia a fertilidade. Já em animais knock-

out para uma alelo de cada isoenzima (stST), os espermatozóides st e ST são

funcionalmente idênticos. Apesar da ausência do gene para ACE testicular nas

células st , todas as espermátides maduras nesses machos contêm mRNA para

ACE testicular e a própria proteína, provavelmente devido às pontes

intercitoplasmáticas entre as células germinativas em desenvolvimento

(HAGAMAN et al. , 1998).

DEMOTT et al. (1995) demonstraram que as alterações na membrana

espermática durante a capacitação são importantes para a mediação

espermática do epitélio do oviduto. Desse modo, é possível que

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espermatozóides de machos stst l iguem-se ao epitélio do oviduto mas não

consigam desligar-se adequadamente devido à ausência da ACE testicular.

Em carneiros, a ACE seminal pertence a isoforma testicular liberada

no fluido epididimal (GATTI et al. , 1999). A atividade seminal da ACE ovina

está relacionada significativamente com a concentração espermática do

ejaculado. Em um estudo a campo, carneiros de baixa fertilidade tenderam a

apresentar menor atividade da ACE que aqueles de alta fertilidade. Nesse

caso, as ovelhas foram inseminadas cervicalmente e o índice de fertilidade foi

determinado como a proporção de ovelhas que pariram em relação ao número

total de fêmeas inseminadas. Os machos com maior atividade de ACE seminal

emprenharam significativamente mais fêmeas que aqueles com mais baixa

atividade, confirmando os estudos in vitro, sendo a atividade epididimal da

ACE zinco, cloreto e pH dependente (MÉTAYER et al. , 2001). Baseando-se

nesses achados, pode-se inferir que a atividade da ACE testicular está

relacionada a alguns parâmetros de qualidade seminal importantes para a

fertilidade.

2.2.7. Clusterina

A clusterina é uma glicoproteína presente em inúmeros tecidos e

fluidos fisiológicos, como o leite e o sêmen (WATTS et al. , 1990; KOUNNAS

et al. , 1995), tendo sido isolada, pela primeira vez, do fluido da rete testis de

carneiros. Esta proteína tem seu nome devido à sua habilidade de causar

agregação celular (BLASCHUK et al. , 1983). Devido à sua ampla

distribuição, a clusterina tem sido implicada em vários fenômenos

fisiológicos. Algumas de suas funções incluem interações intercelulares,

maturação espermática, regulação da ativação do sistema complemento,

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metabolismo de lipídeos, secreção endócrina e remodelamento da membrana

celular (FRITZ et al. , 1983; JENNE & TSCHOPP, 1989; DE SILVA et al. ,

1990; SYLVESTER et al. , 1991; TENNISWOOD et al. , 1992; BAILEY &

GRISWOLD, 1999; HUMPHREYS et al. , 1999).

No trato reprodutivo, a clusterina foi encontrada na próstata, glândulas

vesiculares, testículo, espermatozóides luminais e epidídimo (SENSIBAR et

al. , 1993; BAILEY & GRISWOLD, 1999; BRAUNDMEIER & MILLER,

2001). No epidídimo há um aumento em sua concentração na cabeça,

decrescendo progressivamente até a cauda. Esta proteína representa 1,5% do

total de proteínas no fluido luminal do segmento proximal da cabeça, 6% no

segmento médio e 7% no segmento distal. No fluido do corpo, constitui

13,5%, e 9,2% no fluido da cauda, com sua concentração variando de 3,9 a

4,8 mg/mL. A clusterina é uma das proteínas mais abundantes no epidídimo,

podendo compor até 24,8% da secreção epididimal total (FOUCHÉCOURT et

al. , 2000). Esta proteína associa-se tão fortemente à membrana espermática,

que é necessário o uso de detergentes para removê-la (LAW & GRISWOLD,

1994; BAILEY et al. , 2001). Devido à essa associação, sugere-se que sua

concentração está relacionada à qualidade seminal, mas os resultados de

estudos são contraditórios. Pacientes humanos com oligozoospermia e

azoospermia apresentam menores concentrações seminais de clusterina,

explicando, talvez, porque maiores concentrações seminais desta proteína

estejam associadas com maior taxa de sucesso na fertilização in vitro (CHOI

et al. , 1990; O’BRYAN et al. , 1990). Contudo, sêmen de touros que possuem

muitos espermatozóides ligados a clusterina atingem menor fertilidade,

determinada pela taxa de não retorno ao estro, bem como apresentaram maior

percentual de anormalidades morfológicas, um indicador de problemas na

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espermatogênese ou maturação epididimal (IBRAHIM et al. , 2000). De fato,

apesar de promissora, o uso da clusterina seminal como marcador molecular

para fertilidade ainda depende de maiores estudos para elucidar seu

mecanismo de ação.

A clusterina é induzida em resposta ao dano celular e é sintetizada,

principalmente, pelas células que sobrevivem a apoptose ou por aquelas

próximas daquelas que iniciam o processo. Esta proteína parece ligar-se a

moléculas hidrofóbicas como um mecanismo de eliminar componentes

celulares potencialmente danosos durante a degeneração das células

germinativas (CLARK et al. , 1997; BAILEY & GRISWOLD, 1999). A

clusterina pode inibir também a precipitação protéica induzida pelo estresse.

Este achado apóia a hipótese de que a clusterina expressa durante o estresse

celular age como chaperone , ou seja, l iga-se a proteínas parcialmente

desestruturadas, solubilizando-as e protegendo as células dos efeitos

citotóxicos da precipitação protéica. A clusterina pode ser a primeira

chaperone identificada em mamíferos (MICHEL et al. , 1997; HUMPHREYS

et al. , 1999; WILSON & EASTERBROOK-SMITH, 2000). Estes achados,

junto com as observações de que a expressão da clusterina está limitada às

células de Sertoli e, no epidídimo, ela está uniformemente presente nas

células epiteliais levou ARONOW et al. (1993) a apontar que essa proteína

participaria na proteção das membranas celulares expostas a moléculas

hidrofóbicas potencialmente tóxicas nas barreiras fluido-teciduais.

A associação da clusterina com o complexo de ataque a membranas

sugere que ela modula danos mediados pelo complemento, uma vez que ela

liga-se a complexos terminais do complemento, prevenindo sua inserção nas

membranas celulares. Os complexos resultantes são solúveis e incapazes de

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induzir lise celular. Isto pode ser importante para a proteção dos

espermatozóides no trato reprodutivo feminino (ROSENBORG &

SILKENSEN, 1995; MERI & JARVA, 2001). Apesar da clusterina apresentar

várias funções, em vários tecidos e fluidos biológicos, ainda não foi

determinado se esta proteína apresenta um mecanismo de ação comum. Desse

modo, a compreensão desse mecanismo é importante para o desenvolvimento

de ensaios para a clusterina e seu uso como marcador para fertilidade.

2.2.8. Lactoferrina

Uma das proteínas do plasma seminal envolvidas na manutenção da

motilidade espermática é a lactoferrina (Lf). Ela está presente também em

outros fluidos corporais, como leite (MASSON & HEREMANS, 1971),

lágrima (GACHON et al. , 1982) e fluido amniótico (NIEMELA et al. , 1989).

A Lf liga-se ao ferro iônico e pode participar de atividades anti-microbianas,

diferenciação celular e regulação gênica (FURMANSKI, 1995; NOZAKI et

al. , 2002), muito embora sua principal função esteja relacionada com o

transporte e armazenagem de ferro durante a lactação (SORRENTINO et al. ,

1999).

No trato genital masculino, a lactoferrina é um dos principais

componentes do fluido epididimal, estando em contato com os

espermatozóides durante o armazenamento na cauda do epidídimo (ARAÚJO,

2000). No fluido epididimal do garanhão, ele constitui cerca de 60% das

proteínas no corpo (15 mg/mL) (DRUART, 1998; FOUCHÉCOURT, 1999;

FOUCHÉCOURT et al. , 2000). Esta proteína liga-se aos espermatozóides

durante o trânsito epididimal (JIN et al. , 1997) ou após a ejaculação. No

plasma seminal, esta ligação ocorre na presença de fatores de ligação

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(THALER et al. , 1990). No trato genital feminino, a Lf é progressivamente

liberada da superfície espermática após a penetração no muco cervical (JIN et

al. , 1997), mas sua exata função nesse contexto ainda é desconhecida.

Recentemente, ARAÚJO (2000) mostrou o efeito benéfico da Lf sobre

a motilidade espermática, percentual de espermatozóides móveis e freqüência

de batimento flagelar in vitro em carneiros. Este efeito é dose dependente e

menos pronunciado na percentagem de espermatozóides móveis. A presença

desta proteína no diluidor seminal permite uma melhor manutenção dos

parâmetros citados acima. Possivelmente, este efeito esteja relacionado à

habilidade da lactoferrina em se ligar ao ferro, evitando a produção de

radicais livres, levando a peroxidação e danos à membrana espermática,

funcionando, desta forma, como um antioxidante, do mesmo modo que outras

proteínas epididimais (WAKABAYASHI et al. , 1999).

2.2.9. Proteínas Não Identificadas

O plasma seminal contém muitos compostos bioquímicos importantes

para a motilidade e viabilidade espermática no carneiro (ASHWORTH et al. ,

1994; GRAHAM, 1994; MAXWELL et al. , 1997) que melhoram a resistência

de espermatozóides suínos ao choque térmico (BERGER & CLEGG, 1985).

Além do mais, as membranas dos espermatozóides ovinos são menos

resistentes ao choque térmico comparado a outras espécies (FISER &

FAIRFULL, 1989). Estudos demonstraram que grande quantidade de proteínas

do plasma seminal são adsorvidas pelo espermatozóide, promovendo

alterações em sua superfície e, especialmente no carneiro, elas são capazes de

reverter danos à membranas causados pelo choque térmico (GARCIA-LÓPEZ

et al. , 1996; OLLERO et al. , 1997). De fato, as proteínas do plasma seminal

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ovino podem melhorar significativamente a sobrevivência e o percentual de

espermatozóides com membrana intacta sujeitos ao choque térmico. Este

efeito benéfico foi aumentado pela adição de ácido oléico/linoléico ou

vitamina E (PÉREZ-PÉ et al. , 2001). Concordando com esses achados,

aproximadamente 65% dos espermatozóides ovinos danificados pelo choque

térmico tiveram sua membrana restaurada após incubação com 1,4 mg de

proteínas do plasma seminal. A proporção de células restauradas foi

dependente da concentração de proteínas no meio, sugerindo que o plasma

seminal é muito importante na determinação da qualidade do ejaculado

(BARRIOS et al. , 2000).

No touro, RONCOLETTA et al. (1999), através de SDS-PAGE,

encontraram uma banda com 61,8 kDa e mobilidade relativa de 20,3 que

estava presente no sêmen de reprodutores de alta congelabilidade e sempre

ausente naqueles de baixa fertilidade, mostrando que alguns componentes

protéicos do plasma seminal podem melhorar a crioresistência espermática.

Em caprinos, estudo recente demonstrou que a motilidade espermática

foi significativamente melhorada quando o plasma seminal estava presente no

meio, tanto em sêmen a fresco ou descongelado. Além disso, a remoção do

plasma seminal aumentou o percentual de espermatozóides com a membrana

danificada (AZEREDO et al. , 2001). Outro estudo, realizado por MAXWELL

et al. (1999) mostrou que a suplementação de espermatozóides ovinos

descongelados com plasma seminal aumentou significativamente as taxas de

prenhez e prolificidade de ovelhas inseminadas cervicalmente a um nível

semelhante àquelas inseminadas intra-uterinamente. A cérvix da ovelha age

como uma barreira aos espermatozóides, especialmente aos danificados.

Considerando que o processo de congelamento danifica a membrana

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espermática, e reduz sua habilidade de ultrapassar a cérvix, a IA cervical com

sêmen descongelado em ovelhas resulta em taxas de concepção muito baixas

(MAXWELL et al. , 1999), impondo dificuldades à expansão da IA em ovinos.

Estes resultados mostram-se muito importantes para a indústria da IA, porque

indicam, pela primeira vez, que índices de fertilidade semelhantes aos obtidos

com inseminação intra-uterina podem ser obtidos pela via cervical com sêmen

descongelado.

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3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Localização do experimento e Manejo dos Animais

O experimento foi conduzido no Núcleo de Estudos em Forragicultura,

pertencente ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará

(UFC), situado a 3°45’ de latitude Sul e 38°32’ de longitude Oeste, com

altitude média de 15,5m acima do nível do mar.

Foram utilizados dezesseis cordeiros machos da raça Santa Inês, com

8,00 ± 0,13 semanas de idade. Os animais foram mantidos em confinamento

até os 12 meses de idade, alimentados com feno de tifton (11% PB) e capim-

elefante (4% PB), fornecidos para uma sobra de 10 a 15% do total ofertado, e

suplementação concentrada (18% PB – Ovinotech, Purina®) segundo os

requerimentos do NRC (1985), tendo acesso livre à água e mistura mineral

(Purinafós 65 Ovinos Plus, Purina®).

3.2. Desenvolvimento Corporal e Testicular

Semanalmente, a partir de oito semanas de vida, avaliou-se o peso vivo

(PV), perímetro torácico (PT), circunferência escrotal (CE), comprimento

(CT) e diâmetro testiculares (DT). O PT foi medido com auxílio de fita

métrica e tomado na região imediatamente caudal às espáduas.

A medida da CE foi tomada também com fita métrica, na parte inferior

da bolsa escrotal, em sua região mais larga (MARTINS FILHO, 1991), com os

testículos tracionados para baixo, a fim de evitar uma medida superestimada.

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Utilizando-se um paquímetro, determinou-se a medida dos dois testículos

na posição dorso-ventral (CT), desprezando-se a cauda do epidídimo e médio-

lateral (DT), obtendo-se a média dos dois testículos em cada período. Estas

medidas serviram para o cálculo da relação comprimento-diâmetro (RCD) nas

várias idades estudadas.

Às 50 semanas de idade, os cordeiros foram abatidos segundo métodos

recomendados pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (BRASIL,

1980). Os animais foram insensibilizados por concussão cerebral, sangrados,

esfolados e eviscerados, pesando-se a carcaça para estudo de rendimento.

Foram determinados o peso ao abate (PA), o peso de carcaça quente (PCQ) e

o rendimento de carcaça ( 100xPA

PCQRC = ), logo após a evisceração

(OLIVEIRA et al. , 2002).

3.3. Estudo da Puberdade

Nos mesmos períodos de mensuração da circunferência escrotal, avaliou-

se o grau de desprendimento entre a parte livre do pênis e a mucosa do

prepúcio, baseando-se em uma escala de 0 (completamente ligado) a 5

(totalmente livre), conforme WIGGINS & TERRIL (1953). O animal foi

considerado púbere quando apresentava o pênis totalmente desprendido.

3.4. Avaliação do Sêmen

Logo que iniciado o desprendimento peniano, amostras de sêmen foram

colhidas semanalmente por eletroejaculação, objetivando determinar a idade

em que aparecem os primeiros espermatozóides e o início da motilidade no

ejaculado, bem como as associações entre os parâmetros seminais e as demais

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características estudadas. O procedimento de eletroejaculação consistiu na

inserção de um eletrodo bipolar, lubrificado com vaselina, no reto do animal,

a uma profundidade de 15 a 20 cm, tomando-se a precaução de evitar danos à

mucosa retal. O eletrodo foi direcionado para o assoalho pélvico e foram

aplicados curtos estímulos (3 a 7 segundos) a intervalos de 15 a 20 segundos,

com intensidade média de 15V até a ejaculação, evitando-se desconforto

desnecessário ao animal (CAMERON, 1977).

Após limpeza do prepúcio, o sêmen foi colhido em um copo coletor

graduado acoplado à abertura prepucial para avaliação do volume ejaculado e

motilidade massal (MM), motilidade (MOT), motilidade progressiva (MOP), e

vigor dos espermatozóides. Nesta fase, o pH do ejaculado também foi

determinado utilizando tiras reagentes (MERCK®).

A motilidade massal é o movimento em massa dos espermatozóides no

plasma seminal, assemelhando-se a ondas do mar (NUNES et al. , 1997) e é

resultante da interação entre a motil idade e a concentração espermática

(WENKOFF, 1988). Imediatamente após a colheita do sêmen, ela foi avaliada

em uma gota de 50 µL de sêmen puro, sem lamínula, onde se arbitrou uma

nota subjetiva numa escala de 0 a 5, de acordo com a intensidade do

movimento dos espermatozóides, em microscopia óptica com aumento de

100X (SALAMON, 1976).

A motilidade foi avaliada no sêmen diluído 1:10 em solução salina

(0,9%), sob lamínula, em diversos campos, e representa a percentagem de

espermatozóides móveis, enquanto a MOP refere-se àqueles com motilidade

progressiva retilínea. Estes parâmetros foram avaliados em microscopia

óptica, sob aumento de 400X. O vigor, por sua vez, representa a intensidade

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da movimentação dos espermatozóides, sendo avaliado numa escala subjetiva

de 0 a 5 (NUNES, 1982; FONSECA et al. , 1992).

A concentração espermática foi determinada através da contagem dos

espermatozóides em uma câmara de Neubauer (CHEMINEAU et al. , 1991),

utilizando-se uma diluição seminal de 1:400 em solução formol-salina-

tamponada (EVANS & MAXWELL, 1987).

Após a colheita, foram confeccionados esfregaços seminais corados com

eosina-nigrosina (COLAS, 1980), onde se determinou a percentagem de

espermatozóides com defeitos totais e de cabeça, peça intermediária, cauda e

gotas proximais e distais. Foram contadas 200 células por esfregaço/coleta em

aumento de 1000X.

3.5. Determinação da Concentração de Testosterona no Plasma Sanguíneo

Amostras de sangue foram colhidas em tubos a vácuo (5 mL) contendo

EDTA nas fases de pré-puberdade (3 meses de idade), puberdade (5 e 6

meses) e pós-puberdade (8, 10 e 12 meses) através de punção da veia jugular.

Foram obtidas três amostras por animal, a intervalos de 30 minutos,

iniciando-se a coleta sempre entre 8:00 e 9:00 horas da manhã. O sangue foi

transportado ao laboratório em gelo para centrifugação (5000 rpm, 10

minutos, 4°C) e o plasma, armazenado a -20°C.

As concentrações plasmáticas de testosterona nas diferentes idades foram

quantificadas através de radioimunoensaio (Coat-a-Count Total Testosterone,

Diagnostic Products Corp., Los Angeles, California, USA), previamente

validado para o plasma ovino (CASTRILLEJO et al. , 1995). Todas as

amostras foram processadas em duplicatas. As amostras foram descongeladas

à temperatura ambiente e homogeneizadas em agitador Vortex (Scientific

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Industries Inc., USA) e 50µL de plasma foram pipetados em tubos de

polipropileno contendo anticorpos específicos para testosterona imobilizados

em sua parede. Em seguida, adicionou-se 1 mL de testosterona radioativa

(marcada com I1 25) por tubo, homogeneizou-se o conteúdo no Vortex e

incubaram-se os tubos em banho-maria a 37°C por 3 horas. Após a incubação

os tubos foram vertidos, decantados por 15 minutos e lidos em um Contador

Gamma (Nuclear Enterprises NE – USA). A sensibilidade do ensaio é de 0,04

ng/mL.

3.6. Avaliação das Proteínas do Plasma Seminal

Amostras de plasma seminal das idades entre 15 e 48 semanas foram

obtidas por centrifugação do sêmen logo após a colheita (3000 rpm, 5

minutos, 4°C) e mantidas congeladas (-20°C) para posterior análise do perfil

protéico.

3.6.1. Quantificação da Concentração de Proteína Total

Inicialmente, obteve-se uma curva analítica de calibração a partir de

soluções padrão, com concentrações de proteína conhecidas, encerrando 0, 5,

10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45 e 50 mg de albumina sérica bovina (BSA) mL- 1.

Adicionou-se a cada 100 µL padrão, 2,5 mL do reagente de Bradford

(BRADFORD, 1976) e as leituras de absorbância feitas a 595 nm, após 10

minutos de incubação.

A curva de calibração foi, então, estabelecida por espectrofotometria em

triplicata, gerando uma equação linear de absorbância x concentração (R² =

0,9761) através da qual foi possível a determinação do teor de proteínas totais

em cada uma das amostras experimentais.

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Para quantificação dos teores de proteína nas amostras, também em

triplicata, estas foram previamente diluídas na proporção de 1:80, em água

milli-Q, adicionando-se a 100 µL da amostra diluída 2,5 mL do reagente de

Bradford. Após 10 minutos, procedeu-se à leitura em 595 nm, obtendo-se o

valor de cada amostra como a média das triplicatas.

3.6.2. Caracterização das Proteínas por Eletroforese em Gel de Poliacrilamida

O perfil protéico do plasma seminal foi avaliado por eletroforese

desnaturante em gel de poliacrilamida na presença de dodecil-sulfato de sódio

(SDS-PAGE), segundo o método descrito por SCHÄGGER & VON JAGOW

(1987). Inicialmente, as amostras foram diluídas em tampão contendo SDS

para uma concentração de 2 mg mL-¹. O detergente aniônico SDS solubiliza as

proteínas, ligando-se a elas em uma proporção de 1,4:1 (REYNOLDS &

TANFORD, 1970), escondendo as cargas intrínsecas do polipeptídeo, de modo

que a carga líquida por unidade de massa torna-se, aproximadamente,

constante e a separação eletroforética se dá com base na massa molecular das

proteínas.

Foram util izados géis de poliacrilamida a 12,5% com dimensões de 10 x

10,5 cm. Adicionou-se 20 µg de proteína nos poços formados no gel de

empilhamento (3,5%) e utilizou-se marcadores moleculares na faixa de 10 a

250 kDa (RPN 800, Amersham Biosciences, USA). A corrida foi realizada em

geladeira, utilizando fonte para eletroforese com corrente elétrica de 20 mA

por gel, por um período de, aproximadamente, 2 horas. Ao final da corrida, os

géis foram retirados das cubas e corados com Coomassie Brilliant Blue R-350

(Amersham Biosciences, USA) por, aproximadamente, 15 horas e,

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posteriormente, lavados com solução descorante contendo 4:1:3,5 (v:v) de

água milli-Q, ácido acético e metanol, respectivamente, e fotografados.

3.7. Avaliação Testicular

3.7.1. Avaliação Morfológica

Após o abate, os testículos foram recolhidos, desencapsulados e

separados dos epidídimos, foram pesados e tomou-se as medidas de

comprimento (CT50) e diâmetro (DT50) de ambos os testículos. O volume

testicular foi calculado segundo a fórmula (SETCHELL & WAITES, 1964;

WROBEL et al. , 1995): .50506

12DTCT

VT××

A este resultado, aplicou-se o

fator de correção (x 0,945), uma vez que os testículos não são totalmente

elipsóides (WROBEL, 1990). O volume do parênquima testicular foi

calculado subtraindo-se 11% do volume testicular, correspondente ao

mediastino e à túnica albugínea (WROBEL et al. , 1995). A densidade

testicular foi calculada através da razão entre peso e volume testicular

(BIELLI et al. , 2000).

3.7.2. Avaliação Histológica

Um fragmento da região central do testículo esquerdo, de aproximadamente 4

mm de espessura, foi retirado e imerso em fluido de Bouin por 24 horas para fixação

e transferido para uma solução de etanol a 70%. Em seguida, os fragmentos foram

desidratados em concentrações crescentes de etanol (70% a 100%), diafanizados em

xilol e incluídos em blocos de parafina. Os blocos foram cortados em seções de 5 µm

de espessura, as quais foram montadas em lâminas, desparafinizadas em incubações

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com xilol e concentrações decrescentes de etanol (100% a 70%) e coradas com

hematoxilina-eosina (HE).

O diâmetro dos túbulos seminíferos (DTM) foi obtido em 10 seções transversais

para cada testículo, com uma ocular micrométrica em aumento de 400X. O mesmo

procedimento foi utilizado para a medição da altura do epitélio germinativo. Para

cada seção, o DTM foi obtido como a média de dois valores, e a espessura epitelial

como a média de quatro medições.

As proporções volumétricas de túbulos seminíferos (VTS) e espaço

intersticial (VI) foram estimadas segundo BIELLI et al. (2001), em aumento

de 400X. Foram contados 600 pontos por animal, totalizando 9.600 pontos

para a determinação do percentual volumétrico ocupado pelos componentes

estudados (CHALKLEY, 1943). Para tanto, utilizou-se a fórmula PtPiVt = ,

onde Vt representa o volume ocupado pelo componente de interesse (túbulo

ou interstício), Pi, o número de pontos sobre o componente de interesse e Pt,

o total de pontos contados.

A população celular dos túbulos seminíferos foi estimada pela contagem

dos núcleos das células germinativas e de Sertoli em 10 seções transversais

em aumento de 1000X, no estágio 2 para leptótenos e 1 e 8 do ciclo do

epitélio seminífero (CES) para as demais células, segundo HOCHEREAU-DE-

REVIERS et al. (1990). As contagens celulares foram corrigidas para

diâmetro nuclear e espessura do corte pela fórmula de Abercrombie

(ABERCROMBIE, 1946): ))(.5

5(mnucleolardiâmm

mNCNμμ

μ+

×= , onde N

representa a real contagem celular e NC representa o número de células

contadas por seção. Tomaram-se ainda os diâmetros nucleares das referidas

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células, contando-se 10 unidades por tipo celular em aumento de 1000X com

ocular micrométrica.

A população de células de Sertoli por testículo foi estimada através da

seguinte fórmula (BIELLI et al. , 2001): cortedoEspessura

LNsNTS..

×= , onde Ns

corresponde ao número médio de células de Sertoli por seção transversal de

túbulo seminífero, e L ao comprimento total dos túbulos seminíferos. O

mesmo procedimento foi aplicado às demais células germinativas.

Admitindo-se que os túbulos seminíferos são cilíndricos, o comprimento

tubular foi calculado conforme MARSHALL & PLANT (1996):

.

2

2

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛×

=DTM

VTSLπ

As populações de células de Sertoli e germinativas foram calculadas com

base em 10 seções transversais de túbulos seminíferos por animal

(BERNDTSON et al. , 1987). Baseados nos valores de N para cada tipo

celular, foram estimadas as proporções do número de espermatogônias A /

célula de Sertoli, número de espermátides / célula de Sertoli e espermatogônia

A.

A produção diária de células germinativas foi calculada a partir de seu

número total por testículo, dividido pela duração (10,4 dias) do CES em

carneiros (ORTAVANT, 1959; HOCHEREAU-DE-REVIERS, 1990).

3.8. Análise Estatística

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso (16

animais = 16 blocos). A análise de variância e os testes de Duncan e t de

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Student foram utilizados para determinar as diferenças dos parâmetros de

desenvolvimento corporal e testicular entre as idades. Utilizou-se ainda a

análise de variância e o teste de Student para determinação das diferenças na

secreção de testosterona ao longo das idades (SAMPAIO, 1998). Os valores

referentes às concentrações de testosterona sofreram transformação

logarítmica antes da análise (BIELLI, 1999).

As características de desbridamento peniano, motilidade massal e

vigor espermático foram analisadas pelo teste não paramétrico de Kruskal-

Wallis. As correlações entre os parâmetros foram calculadas pelo método de

Pearson (SAS, 2000).

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4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Desenvolvimento Ponderal

4.1.1. Peso corporal

O peso vivo dos animais apresentou uma evolução contínua de

12,31±0,65 kg às 8 semanas para 54,25±1,62 kg às 48 semanas (Figura 1),

com um ganho médio diário de 196,2 g. Estudos semelhantes mostraram

ganhos de peso de 157,6 a 191,6 g/d em cordeiros Santa Inês confinados na

mesma faixa etária (KAWAS et al. , 1986; MOURA et al. , 1999; SOUZA et

al. , 2000), o que mostra desempenhos equivalentes ou superiores aos obtidos

para os referidos animais.

0

10

20

30

40

50

60

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade (semanas)

Peso

Cor

pora

l (kg

)

ab

cd e

fg

h h, i i, j j k

FIGURA 1 – Variação do peso vivo em função da idade, em carneiros da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

O peso corporal médio dos animais ao abate foi 55,25 ± 3,50 kg e o

peso de carcaça quente, 24,49 ± 3,83 kg, correspondendo a um rendimento de

carcaça de 48,60 ± 2,24%. SOUZA et al. (1998), trabalhando com cordeiros

da raça Santa Inês confinados e abatidos às 24 semanas de idade,

apresentaram médias de peso ao abate de 29,50 a 34,75 kg, e pesos de carcaça

quente de 13,30 a 15,30 kg, com rendimentos de 44,03 a 45,08%. A diferença

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51

entre estes resultados sugere que o rendimento de carcaça dos carneiros é

influenciado pela idade, embora sejam necessários estudos mais específicos

para comprovação desta hipótese.

4.1.2. Perímetro Torácico

O perímetro torácico dos animais variou de 55,41 ± 1,10 cm às 8 sem.

para 87,84 ± 0,78 cm às 48 sem., aumentando mais rapidamente até 36 sem.,

mas com aumentos menores após 38 sem. (Figura 2). LÔBO et al. (1997)

mostraram que o crescimento do PT de carneiros Morada Nova foi de apenas

10% entre as idades de 30 e 52 sem. SOUZA et al . (2000), trabalhando com

cordeiros Santa Inês na mesma faixa etária, encontraram também maiores

variações no perímetro torácico até 32 sem. de vida. Possivelmente, o

crescimento dos animais após 36 sem. tem pouca relação com o crescimento

da estrutura óssea do tórax dos animais. Resultado semelhante foi encontrado

por LEDIC & DERAGON (1997) em touros Nelore.

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade (semanas)

Perím

etro

Tor

ácic

o (c

m)

ab

cd

ef

g hh,i i i i

FIGURA 2 – Variação do perímetro torácico em função da idade, em carneiros da raça Santa Inês.

Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

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52

4.2. Biometria Testicular 4.2.1. Circunferência Escrotal

O potencial das medições testiculares, em particular da circunferência

escrotal, como critério de seleção para a fertilidade masculina em carneiros,

já foi demonstrado (LAND, 1973; MATOS et al. , 1992). A circunferência

escrotal variou de 9,78 ± 0,46 cm às 8 sem. para 32,09 ± 0,37 cm às 48 sem.

(Figura 3). Estas variações foram significativas até 36 sem., quando alcançou

30,66 ± 0,49 cm. SOUZA et al. (2000) encontraram crescimento significativo

na circunferência escrotal em cordeiros Santa Inês até 28 sem. de idade (28,8

cm), e SOUZA et al. (2001) observaram aumentos da mesma magnitude em

cordeiros dessa raça até a idade de 32 sem. Em animais adultos (81 sem.),

durante a XVI Exposição Agropecuária de Recife, SALGUEIRO & NUNES

(1999) encontraram valor médio de 33,3 cm, o qual é próximo do valor

encontrado às 48 sem. em nossos animais, confirmando a tendência à

estabilização da CE a partir desta idade.

0

5

10

15

20

25

30

35

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade (semanas)

Circ

unfe

rênc

ia E

scro

tal (

cm)

a

bc

d ef

gh h h h h

FIGURA 3 – Variação da circunferência escrotal em função da idade, em ovinos da raça

Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

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53

Em um estudo comparando a circunferência escrotal em ovinos das

raças Santa Inês e Morada Nova, em diversas faixas etárias, FREITAS et al.

(1991) observaram valores de 29,0 e 26,2 cm entre 24 e 48 sem. de idade;

30,2 e 28,8 cm entre 48 e 96 sem.; 30,2 e 31,2 cm entre 96 e 144 sem.; e

finalmente 31,8 e 33,0 cm em animais com mais de 144 sem.,

respectivamente, para as duas raças. Estes resultados apóiam os nossos

achados de que a CE, nesta espécie, não aumenta significativamente após as

48 sem. de vida.

Parâmetros semelhantes foram achados por LÔBO (1996) que,

trabalhando com ovinos da raça Morada Nova, também de pequeno porte,

observou circunferência escrotal de 10,34 ± 0,74 cm às 16 sem. de idade,

comparado ao valor de 17,01 ± 0,77 nos cordeiros Santa Inês de mesma idade.

Ele encontrou, ainda, valores de 18,54 cm às 30 sem. e 23,82 cm às 48 sem.

de idade e relatou que o período de crescimento mais rápido se deu entre 16 e

30 sem. de idade, possivelmente devido aos efeitos das concentrações

crescentes de testosterona, características dessa fase, e seus efeitos sobre o

desenvolvimento do epitélio germinativo.

BELIBASAKI & KOUIMTZIS (2000), estudando o desenvolvimento

sexual de cordeiros de diferentes raças nativas da Grécia, encontraram valores

para a circunferência escrotal de 28,9; 27,5 e 27 cm, respectivamente, para as

raças Chios, Karagouniki e Serres às idades de 25, 27 e 30 sem. Nas raças

Horros e Menz (nativas da Etiópia), a circunferência escrotal cresceu de 14,5

e 14,1 cm para 19,9 e 20,2 cm, atingindo ainda 23,2 e 23,5 cm às 24, 32 e 48

sem., respectivamente. Embora estes animais apresentem menores valores de

CE em relação à raça Santa Inês, isto possivelmente se deve ao fato de eles

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54

também apresentarem pequeno porte (variação de 11 a 20 kg de peso vivo

entre essas idades) (TOE et al. , 2000).

Em animais lanados da raça Corriedale, MORAES et al. (1981) não

encontraram diferenças para circunferência escrotal entre animais com 48 e 96

sem. de idade (30,6 e 31,6 cm, respectivamente). Por outro lado, VIVANCO et

al. (1986), estudando o desenvolvimento da circunferência escrotal em animais

desta raça, observaram diferenças significativas nos valores de CE entre as

idades de 72 e 168 sem. Nesse caso, as medições foram feitas nos mesmos

animais, e estas variações podem ter refletido efeitos do fotoperíodo, uma vez

que às 72 sem. os animais estavam em estação não reprodutiva, o que não

ocorreu na segunda avaliação. Em animais mestiços Finnsheep X Rambouillet,

NOTTER et al. (1981) obtiveram valores de 10,8 a 25,6 cm entre as idades de

03 e 22 sem. de idade.

YARNEY et al. (1993), estudando o desenvolvimento sexual em

cordeiros Suffolk, observaram crescimento linear da circunferência escrotal

entre 4 e 27 sem., conforme nossos achados. No entanto, estes animais

estabilizaram o crescimento da CE em idade mais jovem, comparado aos

animais Santa Inês, refletindo possíveis diferenças entre genótipos, conforme

constataram CARR & LAND (1975).

O peso corporal e a idade são as duas maiores fontes de efeitos sobre a

CE, devendo ser levados em consideração no momento da seleção dos

reprodutores (LÔBO, 1996). A CE está correlacionada positivamente com o

peso corporal e a idade (JOBIM et al. , 1989; FREITAS et al. , 1991;

OSINOWO et al. , 1992), sendo as correlações entre CE e PV sempre maiores

que aquelas entre CE e idade (LÔBO, 1996). Entretanto, esses efeitos são

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55

particularmente pronunciados em animais jovens (ODABASIOGLU et al. ,

1992).

Inúmeros fatores ambientais podem influenciar o desenvolvimento

testicular. Em regiões temperadas, a estação do ano apresenta efeito

significativo sobre os valores da CE (LAND & SALES, 1977; PÉREZ-

CLARIGET et al. , 1998). BIELLI et al. (1997) observaram que a

circunferência escrotal de carneiros Corriedale apresentou regressão (-17%) no

inverno, voltando aos valores normais no outono. Esta regressão foi atribuída a

uma redução no diâmetro dos túbulos seminíferos (-23%) no mesmo período.

Isto se justifica, uma vez que estes ocupam aproximadamente 85% do volume

testicular em ovinos (WROBEL et al., 1995). Estas variações são governadas

por alterações no fotoperíodo, mecanismo pelo qual os animais registram a

duração da luminosidade diária (MALPAUX et al., 1996).

Embora o fotoperíodo exerça uma forte influência sobre o

desenvolvimento testicular, quanto mais próximo do equador, menores os

efeitos fotoperiódicos, tornando-se mais relevante a influência nutricional, de

tal modo que em regiões tropicais os efeitos da nutrição são mais pronunciados

(LINCOLN & SHORT, 1980). Ainda durante a gestação, BIELLI et al. (2002)

mostraram que a subnutrição da fêmea pode limitar o desenvolvimento

testicular do cordeiro, por reduzir a população das células de Sertoli.

MURRAY et al. (1990) encontraram correlações (r = 0,85) entre a

ingestão de energia e o crescimento testicular em cordeiros Merino. Em

animais deslanados, FREITAS & NUNES (1992) observaram diferenças

significativas para o valor da CE em animais sem raça definida, criados em

sistema semi-intensivo, entre as estações seca e chuvosa, com valores maiores

nesta última, refletindo maior abundância de alimentos. Os efeitos da nutrição

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56

sobre o desenvolvimento testicular envolvem respostas a curto ou longo prazo

(BLACHE et al., 2000). Os efeitos em curto prazo agem principalmente no

sistema neuroendócrino que controla a atividade testicular (MARTIN et al. ,

1994), enquanto aqueles em longo prazo agem sobre o desenvolvimento

testicular propriamente dito e produção espermática (OLDHAM et al., 1978).

MATOS et al. (1992) estudaram os efeitos de fatores ambientais sobre a

circunferência escrotal de cordeiros Rambouillet, não encontrando efeitos da

idade da mãe sobre a CE, mas observaram influência significativa do tipo e ano

de parto, apenas nas idades mais jovens. Outro efeito importante é o manejo

dos animais. Estes efeitos são eliminados quando se trabalha com grupos

contemporâneos. MORAES (1997), estudando a avaliação reprodutiva do

carneiro, observou que a CE só é válida como critério de seleção de

reprodutores dentro de grupos contemporâneos, visando minimizar variações

nas condições ambientais relativas às práticas de manejo. MORAES &

OLIVEIRA (1998), estudando os componentes da variância sobre a CE,

observaram que, aproximadamente, 50% da variância observada foram devidos

às diferentes condições de criação dos animais.

4.2.2. Comprimento e Diâmetro Testiculares

O CT e o DT apresentaram a mesma tendência que a CE, com variações

de 2,64 ± 0,11 cm a 10,01 ± 0,16 cm e 1,82 ± 0,09 cm a 6,01 ± 0,11 cm entre 8

e 48 sem., respectivamente (Figuras 4 e 5). Entretanto, estas variações só

foram significativas entre 12 e 36 sem. de idade. O fato do diâmetro testicular

não ter crescido significativamente entre 8 e 12 sem. pode estar relacionado ao

fato de que, em animais muito jovens, no início da espermatogênese, a taxa de

crescimento testicular apresentam-se muito reduzidas (AMMAN &

SCHANBACHER, 1983). YARNEY et al. (1990) mostraram que o diâmetro

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57

testicular de carneiros Suffolk aos 6 – 7 meses não foi maior que aos 13 – 14

meses de idade, apesar de um aumento de 60% no PV entre essas idades.

Maiores CE e CT entre 8 e 36 sem. são provavelmente conseqüência de uma

intensa proliferação das células germinativas e aumento de volume das células

de Sertoli, nos túbulos seminíferos (CURTIS & AMMAN, 1981).

Achados semelhantes para o comprimento testicular em cordeiros Santa

Inês foram relatados (MOURA et al., 1999; SOUZA et al. , 2001). FREITAS et

al. (1991), estudando a biometria testicular de três raças de ovinos deslanados,

conforme a faixa etária, observaram evolução entre as idades de 24 e 144 sem.

No entanto, os autores não relataram se estas diferenças foram significativas.

Para a raça Santa Inês, os valores variaram de 7,8 a 9,5 cm para o comprimento

testicular e de 4,9 a 5,5 cm para o diâmetro. O comprimento aumentou ainda de

7,3 e 6,8 cm para 8,7 e 8,7 cm, enquanto o diâmetro foi de 4,8 e 4,5 cm para

5,1 e 5,2 cm, respectivamente, para as raças Morada Nova e Somalis, nas

mesmas idades. Vale ressaltar que os menores valores encontrados para estas

raças podem estar relacionados a seu menor porte. No entanto, os autores não

relataram se havia diferenças significativas entre raças. Estas medições são

importantes, uma vez que o diâmetro testicular tomado em animais jovens

fornece indicação confiável do desempenho reprodutivo do animal adulto

(YARNEY & SANFORD, 1993).

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58

2

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5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade (semanas)

Com

prim

ento

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m)

a bc

de

f

gh h h h h

FIGURA 4 – Variação do comprimento testicular em função da idade, em ovinos da raça

Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

2

2,5

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4

4,5

5

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6,5

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Idade (semanas)

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(cm

)

aa

b

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d

e e,ff,g f,g f,g g

FIGURA 5 – Variação do diâmetro testicular em função da idade, em ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

A relação comprimento/diâmetro testicular (Figura 6) elevou-se entre

12 e 16 sem., mantendo-se constante entre 16 e 32 sem., e elevando-se

novamente das 32 sem. em diante, mas sem variações significativas após esta

idade. Estes dados mostram que o comprimento cresce mais rapidamente em

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59

comparação ao diâmetro testicular na fase pré-púbere e em algumas semanas

após a idade à puberdade até o início da maturidade sexual, quando este valor

estabiliza-se, revelando que o crescimento do CT e do DT não ocorre de

maneira uniforme, mas que esses valores se equilibram na pós-puberdade.

Resultados para esta relação foram confirmados em touros Nelore por

MOURA et al. (1999). CURTIS & AMMAN (1981) mostraram que, em touros

Holandeses, o comprimento dos túbulos seminíferos aumenta

significativamente na fase de pré-puberdade, juntamente com as

concentrações de testosterona. Entretanto, estes autores não puderam

relacionar de que modo estes fenômenos definem o formato testicular.

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

1,8

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade (semanas)

Circ

unfe

rênc

ia E

scro

tal (

cm)

aa

b,c

b b

b c

cc

c c

c

FIGURA 6 – Variação da relação comprimento/diâmetro testicular em função da idade, em

ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

4.2.3. Peso Testicular

O peso testicular apresenta uma curva de crescimento parecida com a da

circunferência escrotal. Os aumentos são pequenos entre 4 e 12 sem. de idade,

sendo aparentes e significativos entre 12 e 30 sem. de idade, paralelamente aos

níveis de testosterona (YARNEY & SANFORD, 1989). Os valores médios de

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60

peso testicular e epididimal às 50 sem. foram 191,25 ± 7,40 g e 29,93 ± 1,20 g

respectivamente, sendo que a primeira variável correspondeu a 0,38 ± 0,1% do

peso corporal. Os valores referentes a diâmetro e comprimento testicular foram

9,23 ± 0,18 e 6,35 ± 0,91 cm, respectivamente, e 184,59 ± 8,22 mL para volume

testicular. Valores detalhados para as duas gônadas são apresentados na Tabela

1.

Não existem estudos dessa natureza em carneiros da raça Santa Inês.

Contudo, QUEIROZ & CARDOSO (1989), trabalhando com ovinos deslanados

adultos, sem raça definida, encontraram valores médios de 90,3 g e 127,1 g para

o peso testicular de animais abatidos nos meses de junho e novembro, o que

corresponde a 47,2 e 66,4% do valor descrito no presente estudo. Possivelmente,

esta superioridade pode refletir efeitos de diferenças nutricionais, uma vez que

os animais, no referido estudo, foram criados a pasto. Os animais abatidos em

junho sofreram efeito da estiagem que, na referida região, vai de abril a

setembro, enquanto os últimos aproveitaram a estação chuvosa. BIELLI et al.

(2000), comparando os efeitos da nutrição sobre o desenvolvimento testicular de

carneiros Corriedale, observaram que animais suplementados a pasto durante a

prenhez e os primeiros 100 dias de vida apresentaram melhor desenvolvimento

testicular biométrica e histologicamente, comparados aos criados sem

suplementação.

Já em animais lanados, os valores para peso testicular variaram de 10 a 41

g, em ovinos Corriedale às 25 sem. de idade criados a pasto (BIELLI et al.,

2001) e de 130 a 275 g para animais com pelo menos 144 sem. de idade, da

mesma raça, respectivamente, para animais criados em pastagem nativa ou em

pastagem melhorada com suplementação (BIELLI et al., 1999). HOCHEREAU-

DE-REVIERS et al. (1990) obtiveram valores médios para peso testicular de 173

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61

e 255 g, respectivamente, para animais das raças Romanov e Ile-de-France, às 72

sem. de vida. Já em cordeiros Suffolk às 24 sem. de vida, WROBEL et al. (1995)

encontraram peso testicular de 113 g. Estes achados ilustram que o peso

testicular apresenta grandes variações em diferentes raças. Isto sugere que

componentes genéticos sejam importantes na determinação desta variável.

Nesse sentido, CHUBB (1992) estudou a ação de determinados genes

sobre o desenvolvimento testicular em camundongos. Ele encontrou dois genes

autossômicos cuja expressão estava relacionada com as diferenças no peso

testicular entre linhagens, devido a uma diferença na população das células de

Sertoli. Esta regulação se dava sobre a atividade mitótica dos precursores destas

células na pré-puberdade. A população de células de Sertoli está correlacionada

com o tamanho testicular adulto (SHARPE, 1994) em diversas espécies,

incluindo os ovinos (BIELLI et al., 2000). A multiplicação dessas células cessa

por ocasião da puberdade, e seu número define o número máximo de células

germinativas que um animal pode produzir. Um mecanismo genético semelhante

ao que existe em camundongos deve existir em ovinos, explicando as diferenças

observadas em relação ao peso testicular nas diferentes raças. Foi demonstrado

que o aumento do peso testicular é dependente do FSH, uma vez que cordeiros

Ile-de-France imunizados contra o FSH, entre o nascimento e 24 sem. de idade,

apresentaram pesos testiculares significativamente menores ao longo de todo o

período em relação àqueles não imunizados (KILGOUR et al., 1998).

4.2.4. Volume Testicular

Com relação ao volume testicular, cordeiros Corriedale às 25 sem. de vida

apresentaram valores de 9,5 mL a 41 mL (BIELLI et al., 2001), enquanto os

animais adultos apresentaram volumes de 147 a 272 mL (BIELLI et al., 1999).

Já em animais Suffolk, esse valor correspondeu, em média, a 101 mL para

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62

animais de 6 a 7 meses de idade (WROBEL et al., 1995), mostrando variações

semelhantes àquelas observadas para o peso testicular.

O volume ocupado pelo parênquima testicular foi de 164,3 mL (TABELA

2). Este valor foi maior que o encontrado em cordeiros recém-púberes

(WROBEL et al., 1995). O volume ocupado pelos túbulos seminíferos é

praticamente constante no feto, apresentando relação linear com o peso

testicular (COUROT, 1971), quando constituem de 40 a 50% do volume

testicular. Entre o feto e o nascimento, ele aumenta lentamente (cerca de 90X).

Entre o nascimento e 11 sem. de vida, seu volume continua aumentando

(1000X). Contudo, sua taxa máxima de crescimento ocorre por volta da

puberdade, às 22 sem. de vida (40.000 X) (COUROT, 1971).

4.2.5. Densidade Testicular

Já a densidade testicular, em ovinos Santa Inês, foi estimada em 1,04

g/mL. Em ovinos Corriedale, foram encontrados valores de 1,01 a 1,02 g/mL

para animais de 25 sem. (BIELLI et al., 2001) e 0,93 a 1,01 g/mL para animais

adultos (BIELLI et al., 1999), sugerindo que os testículos de carneiros Santa

Inês são mais densamente ocupados que aqueles de animais Corriedale. Estas

diferenças podem estar relacionadas ao regime alimentar dos animais (GASTEL

et al., 1995), contudo, estudos específicos precisam ser realizados para explicar

esta diferença.

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63

TABELA 1: Biometria testicular de carneiros da raça Santa Inês abatidos às 50

semanas de idade (X ± EPM)

Parâmetro Testículo Direito Esquerdo Médio

Peso (g) 192,40 ± 7,65 190,11 ± 7,38 191,25 ± 7,40

Comprimento (cm) 9,29 ± 0,18 9,17 ± 0,20 9,23 ± 0,18

Diâmetro (cm) 6,31 ± 0,10 6,39 ± 0,10 6,35 ± 0,09

Volume (mL) 183,78 ± 8,51 185,39 ± 8,54 184,59 ± 8,22

Volume Parênquima (mL) 163,57 ± 7,58 165,02 ± 7,59 164,28 ± 7,32

Densidade (g/mL) 1,03 ± 0,02 1,06 ± 0,03 1,04 ± 0,02

4.3. Concentrações Periféricas de Testosterona

As concentrações basais de testosterona elevaram-se progressivamente

entre 9 e 32 sem., de 0,37 ± 0,07 para 1,35 ± 0,23 ng/mL (FIGURA 7) e, a

partir dessa idade, houve aumentos maiores até 42 sem., quando ocorreu o

pico (2,99 ± 0,34 ng/mL). Daí em diante, sua concentração reduziu-se a um

valor equivalente àquele detectado às 32 sem. A redução na secreção de

testosterona após às 42 sem. pode ser conseqüência dos próprios níveis

elevados na corrente sanguínea antes dessa idade, os quais são aromatizados a

estradiol no sistema nervoso central, exercendo efeito negativo sobre o

hipotálamo (AUCLAIR et al. , 1995; SCOTT et al. , 1997) e hipófise (OLSTER

& FOSTER, 1986). Este é o primeiro relato sobre concentrações de

testosterona na raça Santa Inês, contudo, os achados deste estudo são

equivalentes àqueles relatados por LEE et al. (1976) para ovinos em

desenvolvimento (0,24 a 3,02 ng/mL).

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64

0

0,5

1

1,5

2

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4

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade (semanas)

Test

oste

rona

(ng/

mL)

a

b b,d

d

c

d

FIGURA 7 – Concentrações plasmáticas basais de testosterona em função da idade, em

ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

Estes resultados confirmam os achados em cordeiros Merino entre 14 e

30 sem. de idade (AUCLAIR et al. , 1995) e em cordeiros Ile-de-France

(CARREAU et al. , 1984) entre 7 e 34 sem. de idade que apresentaram

concentrações crescentes de testosterona plasmática. YARNEY & SANFORD

(1989) observaram que, em cordeiros entre 8 e 29 sem. de idade, as

concentrações plasmáticas de testosterona elevaram-se paralelamente ao peso

testicular dos animais. Foi constatado que o aumento na testosteronemia foi

devido a um aumento paralelo do número de sítios de ligação para FSH e LH

no testículo e nas concentrações basais de LH. As concentrações crescentes de

LH estimulam as células de Leydig a secretar testosterona (BEARDEN &

FUQUAY, 1992). LANGFORD et al. (1998), trabalhando com as raças

Canadian, Outaouais, Rideau e Finnish Landrace, observaram aumentos

significativos nas concentrações de testosterona entre 24 e 32 sem. de vida.

Eles observaram ainda que em todas as raças, as concentrações de

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65

testosterona às 48 sem. não foram significativamente diferentes daquelas às

32 sem., apesar de serem numericamente menores.

De uma forma geral, diversos estudos referentes à secreção de testosterona

em carneiros mostraram que existe uma aumento em suas concentrações

plasmáticas com a idade, até os 12 meses de idade. BIELLI et al. (2001),

trabalhando com cordeiros Corriedale entre 6 e 14 sem. de idade, encontraram

valores de 0,001 a 0,2 ng/mL, enquanto em animais com pelo menos 144 sem.,

desta raça, a testosteronemia varia de 0,05 a 1,19 ng/mL (BIELLI et al., 1999).

Do mesmo modo, VALENTIM et al. (1995) encontraram valores de 0,2 a 1,3

ng/mL em borregos da raça Churra antes de 26 sem. de idade, e valores de 0,2 a

2,8 ng/mL após as 26 sem. Entretanto, LAFORTUNE et al. (1984) obtiveram

valores de 2,0 a 4,51 e 0,4 a 1,19 ng/mL, respectivamente, para as raças

Romanov e Ile-de-France, à 1 e às 12 sem. de vida. Estes trabalhos mostram que,

de uma maneira geral, as concentrações de testosterona elevam-se entre o

nascimento e a pós-puberdade. Entretanto, alguns desses trabalhos não

permitiram determinar um pico para a secreção desse hormônio. Isso pode estar

relacionado ao número de coletas e ao intervalo entre as coletas.

4.4. Parâmetros Seminais

4.4.1. Volume Ejaculado

No presente estudo, a proporção de carneiros cujo sêmen pôde ser colhido

aumentou com a idade. Às 16 sem., apenas cerca de 20% dos animais chegavam

a ejacular, enquanto que às 42 sem., todos os animais ejaculavam normalmente.

O volume ejaculado aumentou significativamente entre as 15 sem. e as 24

sem. de idade, por ocasião da puberdade. A partir daí, apresentou aumento

contínuo até 48 sem. de vida (FIGURA 8).

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66

0

0,5

1

1,5

2

2,5

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Volu

me

Ejac

ulad

o (m

L)

a, c

a, b, c, d

b, c, d

cc

d d, e

e, ff f

f

g

FIGURA 8 – Volume ejaculado de sêmen colhido por eletroejaculação em função da idade,

em ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

A coleta de sêmen por eletroejaculação em carneiros foi descrita

inicialmente por GUNN (1936) e pode ser utilizada rotineiramente (até mais de

uma vez ao dia) sem danos à saúde dos animais (WHITE, 1977; EVANS &

MAXWELL, 1987). RODRIGUES et al. (1997) mostraram não haver diferenças

na qualidade do sêmen de caprinos, para os parâmetros de volume ejaculado,

motilidade, concentração espermática e pH, comparando os métodos de vagina

artificial e eletroejaculação para colheita de sêmen de caprinos. Além disso, em

um estudo sobre as características seminais de cabritos da raça Saanen entre o

nascimento e 44 sem. de idade, utilizavam a eletroejaculação ou vagina artificial

para colheita do sêmen dos animais sem discriminar o método de colheita

quando da avaliação dos dados (BECKER-SILVA et al., 1999).

Vários trabalhos têm demonstrado que os efeitos da idade sobre o

volume ejaculado são mais pronunciados em animais jovens. No entanto, em

animais acima de 48 sem. de idade esse efeito não foi demonstrado (MORAES

et al. , 1981; VIVANCO et al. , 1986; FREITAS & NUNES, 1992). O fato de

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67

SALGUEIRO & NUNES (1999) não terem encontrado resultado superior aos

nossos em carneiros Santa Inês com 81 sem. de idade, confirma a ausência de

efeitos da idade sobre este parâmetro em animais com mais de 48 sem. de

idade.

Os nossos achados validam os resultados obtidos anteriormente em

cordeiros jovens da raça Santa Inês (SOUZA et al. , 2000) mostrando uma

tendência de crescimento acentuado desse parâmetro entre a puberdade e as

48 sem. de idade. Esta técnica, embora cause algum desconforto momentâneo

aos animais (CAMERON, 1977), é a mais indicada para o estudo de animais pré-

púberes, pois permite que se evidencie os primeiros ejaculados, mesmo antes do

desprendimento total entre o pênis e o prepúcio dos animais, sem quaisquer

danos à sua saúde.

4.4.2. Motilidade Massal

Embora os animais começassem a ejacular às 15 sem., ejaculados com

motilidade massal só foram detectados às 21 sem. (FIGURA 9) e, a partir

desta idade, os aumentos foram significativos entre 21 e 24 sem., com uma

fase de crescimento rápido, e entre 27 e 48 sem., com crescimento mais lento,

tendendo à estabilização.

Do mesmo modo que o volume ejaculado, estudos mostram que os

efeitos da idade são mais pronunciados até umas poucas semanas após a

puberdade. De fato, em carneiros Santa Inês com 81 sem. de idade,

SALGUEIRO & NUNES (1999) encontraram valor médio de 3,72 para

motilidade massal. Este valor não foi maior que o encontrado às 48 sem. em

nosso estudo.

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68

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Mot

ilida

de M

assa

l (0

- 5)

a a a

bb

cc

cc c

c

d

FIGURA 9 – Variações na motilidade massal do sêmen em função da idade, em ovinos da

raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

Dentre os vários parâmetros utilizados para a avaliação da qualidade

seminal em ovinos, a motilidade massal define o movimento em massa dos

espermatozóides, resultando de uma interação entre a motilidade e

concentração espermática. Este parâmetro é bastante útil por ocasião de uma

avaliação inicial de grandes grupos de animais ainda não selecionados para

reprodução, para escolha daqueles que serão submetidos a exames mais

detalhados. No entanto, a motilidade massal pode não ser precisa o suficiente

para distinguir pequenas diferenças de qualidade espermática entre

reprodutores (CHEMINEAU et al. , 1991).

4.4.3. Motilidade

Os primeiros espermatozóides no ejaculado ocorreram em média às

23,05 ± 0,94 sem. de idade, quando os animais apresentavam 28,08 ± 0,99 kg

e CE de 22,44 ± 0,42 cm. Contudo, os primeiros espermatozóides móveis só

apareceram às 23,94 ± 0,98 sem., com os parâmetros de 28,63 ± 1,05 kg e

22,72 ± 0,44 cm, respectivamente para peso corporal e circunferência

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69

escrotal. Houve animais que apresentaram espermatozóides no ejaculado já às

18 sem. de idade, e um outro animal só veio a ejacular espermatozóides às 28

sem. A motilidade elevou-se significativamente de 0 para 12,5 ± 7,5% entre

15 e 18 sem. e de 42,7 ± 7,6 para 65,6 ± 4,4% entre 27 e 30 sem., atingindo

76,25 ± 2,4% às 48 sem. (FIGURA 10). Em resumo, os aumentos na

motilidade espermática foram mais pronunciados nas fases pré-púbere e

púbere, sendo mais discretos após esta fase.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Mot

ilida

de (

%)

ab

b

cc

d dd

d d

d e

FIGURA 10 – Variações na motilidade do sêmen em função da idade, em ovinos da raça

Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

A motilidade espermática é essencial para que o espermatozóide atravesse

o trato genital feminino e se desloque até o oviduto, para fertilizar o ovócito

(CAMERON, 1977). Este parâmetro é especialmente importante em ovinos,

devido a particularidades anatômicas da cérvix (EVANS & MAXWELL, 1987), e

deve ser avaliado regularmente devido aos seus efeitos sobre a fertilidade do

rebanho (VIVANCO et al., 1986).

Essa tendência de menores aumentos na motilidade após a puberdade é

confirmada pelos resultados de SALGUEIRO & NUNES (1999), com valor

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70

médio de 85% para este parâmetro em ovinos Santa Inês com 81 sem. de idade.

De fato, as características seminais de animais jovens tendem a melhorar com a

idade (WIEMER & RUTTLE, 1987). Esta melhora se dá, em parte, devido ao

crescimento e amadurecimento testicular (COUROT, 1979), caracterizado por

maior secreção de testosterona.

De maneira semelhante, o percentual de espermatozóides

progressivamente móveis (MOP) e o vigor espermático (FIGURAS 11 e 12)

aumentaram gradativamente até 27 sem., mas somente entre 27 e 30 sem. houve

aumento significativo. A partir de 30 sem., esse valor tendeu a aumentar com a

idade, mas as diferenças não foram significativas.

0102030405060708090

100

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Mot

ilida

de P

rogr

essi

va (%

)

a a a a

a

b

b

b b

b bb

FIGURA 11 – Variações na motilidade progressiva do sêmen em função da idade, em ovinos

da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

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71

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Vigo

r Esp

erm

átic

o (0

- 5)

a aa

aa

bb

bb

b

bb

FIGURA 12 – Variações no vigor espermático em função da idade, em ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

Enquanto a MOP caracteriza o percentual de espermatozóides com

motilidade progressiva, o vigor qualifica esse movimento, conferindo notas

subjetivas para sua intensidade. Os valores obtidos nesse trabalho a partir de 30

sem. de idade estão de acordo com os observados nesta raça (SOUZA et al.,

2000).

4.4.4. Concentração Espermática

A concentração espermática dos animais na fase recém-púbere foi muito

baixa, elevando-se significativamente após as 30 sem. de idade. Entre 30 e 42

sem. este valor permaneceu estável, aumentando novamente após as 44 sem.

(FIGURA 13), quando ultrapassou 1,0 x 109 de espermatozóides por mililitro de

sêmen ejaculado.

A concentração espermática é uma característica de grande importância,

especialmente quando do uso da IA, uma vez que a taxa de diluição e o número

de palhetas de sêmen produzidas dependem dela (EVANS & MAXWELL, 1987).

Em ovinos, devido a particularidades anatômicas da cérvix, o uso de sêmen

congelado por via cervical não é indicado. No entanto, uma estratégia comum

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tem sido aumentar a concentração espermática nas palhetas (SALAMON &

MAXWELL, 2000), uma vez que resulta em maior número de espermatozóides

viáveis, compensando os danos sofridos durante o

congelamento/descongelamento (GIL et al., 2002).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Con

cent

raçã

o Es

perm

átic

a (x

109 /m

L)

a a a a a

b b bb

c

cc

FIGURA 13 – Variações na concentração espermática em função da idade, em ovinos da raça

Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

Nossos resultados demonstraram valores muito baixos de concentração

espermática até as 27 sem. de idade, contra-indicando seu uso para reprodução.

Entretanto, a partir de 42 sem. de idade, este parâmetro atingiu valores que

permitem a utilização dos animais. A partir dessa idade, houve uma tendência a

aumentos (P = 0,07), mas sem resultados significativos. Do mesmo modo, REGE

et al. (2000) demonstraram que a concentração espermática aumenta

paralelamente à idade entre 36 e 48 sem. de vida em cordeiros. Estudos em

animais sem raça definida (FREITAS & NUNES, 1992) e Santa Inês

(SALGUEIRO & NUNES, 1999) acima de 48 sem. de idade mostraram valores

mais elevados de concentração espermática, mostrando que os valores poderiam

ainda aumentar até a maturidade sexual dos animais.

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73

4.4.5. Patologias Espermáticas

O percentual de alterações morfológicas é um exame detalhado de

qualidade seminal. Todos os ejaculados contêm alguns espermatozóides

anormais, mas amostras com alto percentual normalmente resultam em baixa

fertilidade (EVANS & MAXWELL, 1987). Às 15 sem. de idade, os animais

apresentavam cerca de 88% de espermatozóides defeituosos, este percentual

reduziu-se significativamente entre 24 sem. e 27 sem. e entre 33 e 36 sem.,

atingindo 15% e estabilizando-se daí em diante (FIGURA 14).

REGE et al. (2000) encontraram redução significativa neste percentual

entre 24 e 48 sem. de idade em ovinos nativos da Etiópia, evidenciando o

importante efeito da idade sobre este parâmetro em animais jovens. Apesar dos

resultados mostrarem valores compatíveis com aqueles de animais adultos, a

partir de 36 sem. de idade, diversos estudos mostraram que estes valores

poderiam ser ainda menores, uma vez atingida a maturidade sexual (FREITAS &

NUNES, 1992; MANDIKI et al., 1998).

0102030405060708090

100

12 17 22 27 32 37 42 47 52

Idade (semanas)

Alte

raçõ

es M

orfo

lógi

cas

(%)

a

a, b

a a

b

cb, c

dd d d

d

FIGURA 14 – Variações no percentual de alterações morfológicas no sêmen em função da

idade, em ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

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74

4.5. Parâmetros Bioquímicos do Sêmen

4.5.1. pH Seminal

O equilíbrio bioquímico do sêmen é essencial para a manutenção de sua

qualidade (PINHEIRO et al. , 1996). Segundo QUINN & WHITE (1968), o pH

seminal pode influenciar na susceptibilidade seminal ao choque térmico. Ele é

determinado, entre outros, pela presença de ácido cítrico e ácido láctico no

plasma seminal. O ácido cítrico é um componente normal do plasma seminal

de ruminantes, secretado pelas glândulas vesiculares sob estímulo da

testosterona (MACHADO et al. , 1999), enquanto o ácido láctico é resultado

do metabolismo anaeróbico da frutose pelos espermatozóides (WHITE, 1977).

O sêmen dos animais jovens apresentou-se bastante alcalino às 15 sem.

9,00 ± 0,00, havendo redução significativa desse valor a partir de 30 sem de

idade (FIGURA 15), até atingir 8,00 ± 0,17 às 48 sem. De fato, o decréscimo

dos valores de pH coincide com aumentos na concentração espermática dos

animais, levando a uma maior produção de ácido láctico, e com maior

secreção de testosterona.

7,8

8

8,2

8,4

8,6

8,8

9

9,2

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

pH

a a

a a a

b

b

b

b

b b

c

FIGURA 15 – Variações no pH do sêmen em função da idade, em ovinos da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

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75

EL-AZAB et al. (1998), trabalhando com cordeiros Rhamani entre 24 e

32 sem. de vida, encontraram valores de pH variando de 6,6 a 6,9. No entanto,

esses animais apresentavam maior concentração espermática (1,7 a 2,4 x

109/mL). Além disso, os animais foram alimentados com volumoso

amonizado, que exerce um abaixamento significativo sobre o pH.

Estudos em diversas raças, com animais acima de 48 sem. de idade, têm

mostrado valores de pH na faixa de 6,5 a 7,0 (MORAES et al. , 1981;

FREITAS & NUNES, 1992; IBRAHIM et al. , 1997) Entretanto, em todos

esses estudos, a concentração espermática dos animais estava bem acima

daquela encontrada em nossos animais. Baseando-se nos resultados de

SALGUEIRO & NUNES (1999) para concentração espermática em carneiros

Santa Inês com 81 sem. de idade, seria de se esperar que a concentração

espermática dos animais aumentasse à medida que atingissem a maturidade

sexual, levando à conseqüente redução nos valores de pH seminal. Vale

ressaltar que mesmo esses valores mais elevados de pH não causaram danos

ao metabolismo espermático, uma vez que os demais parâmetros seminais

estavam dentro da faixa preconizada para animais desta raça. Esses resultados

validam achados anteriores para esta raça (SOUZA et al., 2000) para os diversos

parâmetros seminais, em animais manejados de forma semelhante, mostrando

que, após 30 sem. de idade, ocorre melhora consistente nas características

seminais dos animais, permitindo seu uso como reprodutores somente após esta

idade.

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76

4.5.2. Proteínas Seminais Totais

A concentração protéica total do plasma seminal elevou-se gradualmente

até às 24 sem. de idade (FIGURA 16). Os aumentos foram mais pronunciados

entre 15 e 18 sem. (3,00 ± 0,00 para 14,16 ± 3,46 mg/mL) e entre 38 e 48 sem.

de vida (14,93 ± 1,16 para 19,95 ± 0,88 mg/mL).

Concentrações de proteínas no plasma seminal variando de 0,7 a 2,1

mg/mL são capazes de reduzir os danos causados a espermatozóides ovinos pelo

processo de congelamento dessas células (PÉREZ-PÉ et al., 2001). Estes

resultados foram confirmados por BARRIOS et al. (2000) e AZEREDO et al.

(2001), que observaram que algumas frações protéicas do plasma seminal são

capazes de recuperar a ultra-estrutura e permeabilidade da membrana de

espermatozóides já danificados pelo congelamento.

0

5

10

15

20

25

12 17 22 27 32 37 42 47

Idade (semanas)

Prot

eína

(mg/

mL)

a

bb

b, cb, c b, c

bb

b

cc

c

FIGURA 16 – Variações na concentração protéica do sêmen em função da idade, em ovinos

da raça Santa Inês. Médias de 16 animais; as barras verticais representam os respectivos erros-padrão das médias. Valores com as mesmas letras não diferem significativamente (α = 0,05).

Conforme observado, a concentração de proteínas seminais cresce em

paralelo com os níveis plasmáticos de testosterona, desenvolvimento sexual e

produção de espermatozóides. Inúmeras proteínas presentes no plasma

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77

seminal foram associadas aos parâmetros de qualidade do sêmen (KILLIAN et

al. , 1993; SPROTT et al. , 2000; FOUCHÉCOURT et al. , 1999; 2002; LA

FALCI et al. , 2002). Dentre elas, a ABP (androgen-binding protein) (JÉGOU

et al. , 1979) é secretada pelas células de Sertoli (HAGENAS et al. , 1975;

COUROT, 1980) e é responsável pelo transporte e concentração de

andrógenos nos testículos e epidídimos (HANSSON et al. , 1975; COUROT,

1980; CARREAU et al. , 1984), onde estimulam a síntese de receptores de

andrógenos, afetando os processos de espermatogênese e maturação

espermática epididimal (COUROT, 1980).

De fato, o epidídimo possui inúmeros receptores para hormônios

esteróides, especialmente receptores para andrógenos. A testosterona penetra

nas células e é convertida em 5α-dihidrotestosterona (DHT) pela 5α-redutase

(LINDZEY et al. , 1993). A DHT modula a expressão de inúmeras proteínas

epididimais andrógeno dependentes (FOURNIER-DELPECH et al. , 1981;

RODRÍGUEZ et al. , 2001). CARREAU et al. (1984) demonstraram que em

animais de 7 sem. de idade as regiões do epidídimo apresentam-se

indiferenciadas, e a ABP não é detectável. Por ocasião da puberdade, quando

se inicia a diferenciação das células epididimais, observou-se concentrações

crescentes de testosterona plasmática e no conteúdo epididimal de ABP e

testosterona. Nessa ocasião, inicia-se a secreção de uma série de proteínas e

glicoproteínas estimuladas pela testosterona (FOURNIER-DELPECH &

COUROT, 1980; FOUCHÉCOURT et al. , 1999). Entre elas, a prealbumin

epididymal specific (PES – 64 kDa) liga-se à região periacrossômica de

espermatozóides imaturos e permanece ligada mesmo após a ejaculação,

podendo estar envolvida nos processos de reação acrossômica (FOURNIER-

DELPECH et al. , 1988ab). A testosterona ativa também a função secretória

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78

das glândulas sexuais acessórias (SALISBURY et al. , 1978), as quais também

contribuem com a composição protéica do plasma seminal (HENAULT et al. ,

1995).

Entre outros fatores, a secreção dessas proteínas é bastante influenciada

pelo plano nutricional dos animais. EL-AZAB et al. (1998) observaram que

sua concentração elevou-se de 16,1 mg/mL para 39 mg/mL devido a

amonização do volumoso, de maneira dose dependente. Possivelmente, o

aumento do total de proteína bruta das dietas foi responsável por esse

crescimento na secreção protéica. PINHEIRO et al. (1996) observaram

comportamento idêntico em caprinos, com diferença significativa na secreção

protéica do plasma seminal ao longo do ano, sendo maior na estação chuvosa

(42,7 mg/mL) que na seca (34,1 mg/mL).

Essas proteínas têm ação tamponante, auxiliando na regulação de

osmolaridade e pH seminal (EL-AZAB et al. , 1998; MACHADO et al. , 1999).

Entretanto, apesar do aumento na secreção protéica, o pH seminal reduziu-se

no mesmo período. Este achado, aparentemente contraditório, explica-se pelo

fato de que a concentração espermática cresceu em magnitude muito maior

que a protéica, sobrepujando sua capacidade tamponante. De fato, com o

aumento da idade e da concentração protéica, os valores de pH devem cair

para sua faixa normal, entre 6,4 e 7,2 (MORAES et al. , 1981; PINHEIRO et

al. , 1996). Esta queda é vantajosa para os espermatozóides, pois a frutólise

torna-se mais lenta, reduzindo o consumo de nutrientes (MANN, 1975).

Nossos achados são semelhantes àqueles descritos por EL-AZAB et al.

(1998), que observaram redução no pH de animais alimentados com volumoso

amonizado em comparação àqueles sem amonização, apesar de um aumento na

secreção protéica, devido a aumentos na concentração espermática, e àqueles

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relatados por EL-CHAHIDA et al. (1977), que observaram correlação

negativa entre a concentração espermática e o pH seminal.

O presente trabalho é pioneiro na descrição detalhada de aspectos

ligados ao desenvolvimento sexual de cordeiros da raça Santa Inês durante o

primeiro ano de vida, incluindo aspectos de desenvolvimento ponderal,

testicular, secreção de testosterona, qualidade do sêmen e proteínas do plasma

seminal.

Os resultados mostram que à medida que aumentos do peso vivo dos

animais a partir de 8 semanas de idade são acompanhados por crescimento

testicular, avaliado pelo comprimento, diâmetro e circunferência escrotal até

cerca de 36 sem. de idade, quando estes valores se estabilizam, apesar do

aumento contínuo no peso vivo. O crescimento testicular é acompanhado por

aumento na secreção de testosterona, que atingiu um pico às 42 sem. de idade,

e pelo aparecimento de espermatozóides no ejaculado dos animais a partir de

23 sem. de idade. Daí em diante, os animais apresentaram uma fase onde a

qualidade seminal melhora rapidamente, entre 23 e 30 sem. de idade. A partir

de 36 sem. de idade, os animais já apresentavam qualidade seminal típica de

animais maduros, à exceção da concentração espermática, cujos maiores

aumentos se deram um pouco mais tarde.

Esta sincronia entre o crescimento testicular, secreção de testosterona e

produção espermática resultou ainda num aumento gradual na concentração

total de proteínas no plasma seminal. Esta elevação na concentração protéica

se deve, em parte, a uma ativação da diferenciação celular no epidídimo e

glândulas sexuais acessórias, mediadas pela testosterona, que ocorre por volta

da puberdade (CARREAU et al. , 1984) e que resulta em um processo ativo de

secreção protéica.

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80

4.5.3. Perfil Eletroforético do Plasma Seminal

Com relação à análise eletroforética, existe uma grande abundância de

proteínas no plasma seminal. Uma ampla gama de proteínas foi detectada,

variando de 5,9 a 170 kDa. Em todas as idades, as proteínas de massa

molecular abaixo de 10 kDa foram as mais abundantes. Entre elas, aquelas

com massa molecular de 8,7 a 9,5; 16-16,6 kDa e 21 kDa estavam sempre

presentes entre 15 e 33 sem. de idade (FIGURA 17).

FIGURA 17 – Perfil protéico do plasma seminal determinado em SDS-PAGE de ovinos da

raça Santa Inês às 33 sem. de idade. As amostras A – G correspondem a

diferentes animais. H corresponde aos marcadores moleculares, variando de

10 a 250 kDa.

THÉRIEN et al. , (1998; 1999) identificaram uma proteína de massa

molecular de 16-16,5 kDa presente no plasma seminal bovino, denominada

BSP A3. Esta proteína estava relacionada a alterações sofridas na membrana

espermática associadas ao processo de capacitação. Com relação à proteína de

21 kDa, FOUCHÉCOURT et al. (2002) identificaram no plasma seminal ovino

uma proteína de massa molecular 21,1 kDa, composta de 191 aminoácidos e

A B C D E F G H

8,7 a 9,5 kDa

21 kDa

16 a 16,6 kDa

250 160 105 75

50 35 30

25

15 10

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identificada como sendo a enzima prostaglandina-D-sintetase. Em touros,

KILLIAN et al. (1993) observaram que animais com maior abundância dessa

proteína no plasma seminal apresentaram maior taxa de fertilidade após IA

com sêmen congelado. Entretanto, em bovinos, ela apresenta massa de 26

kDa.

Aquelas com massa molecular acima de 70 kDa apresentaram grande

variação entre idades e entre animais. Possivelmente, elas constituíam

complexos protéicos maiores e, à medida que os animais se desenvolviam

foram hidrolisados ou glicosilados para sua ativação. No entanto, uma banda

com massa molecular de 86 kDa era característica de animais a partir de 30

sem. de idade, quando os parâmetros seminais, como um todo, começaram a

apresentar melhoras significativas.

Foi detectado que às 28 sem. de idade, animais que apresentavam maior

motilidade massal e motilidade progressiva (acima de 2,5 e 62%,

respectivamente) apresentavam uma banda de massa molecular de 64 kDa.

Essa banda estava presente apenas em um animal com parâmetros inferiores a

estes. FOURNIER-DELPECH et al. (1988ab) observaram que animais após 25

sem. de idade passavam a apresentar uma proteína epididimal de 64 kDa,

denominada PES, a qual se ligava aos espermatozóides, e permanecia ligada,

mesmo após a ejaculação. Levantou-se a hipótese de essa proteína estar

associada aos processos de reação acrossômica, uma vez que ela se ligava à

região periacrossômica, mas seu mecanismo de ação ou outras funções não

foram elucidadas. A partir de 30 sem. de idade, essa proteína passou a ser

expressa por maior número de animais, coincidindo com melhora nos

parâmetros seminais, e não era mais exclusiva dos animais com os maiores

valores de motilidade. Possivelmente, a partir de 30 sem. de idade, como essa

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proteína passou a ser expressa por um maior número de animais, sua ligação

com a motilidade não foi mais evidente. De fato, a motil idade espermática é

dependente de vários outros fatores (MORAES et al. , 1981).

Detectou-se, ainda, que uma proteína de 74,3 kDa era secretada no

plasma seminal às 33 sem. de idade somente naqueles animais com maior

número de células de Sertoli por testículo (FIGURA 18). IBRAHIM et al.

(1999) identificaram a clusterina no plasma seminal bovino com massa

molecular de 74 kDa, secretada pelas células de Sertoli e presente no fluido

da cauda do epidídimo. É possível que esta proteína de massa molecular 74,3

kDa seja a clusterina. Entretanto, análises mais detalhadas, incluindo

focalização isoelétrica e sequenciamento, precisam ser realizadas para

confirmar sua identidade.

FIGURA 18 – Perfil protéico do plasma seminal determinado em SDS-PAGE de ovinos da raça Santa Inês às 33 sem. de idade. As amostras A e D correspondem a animais com menor população de células de Sertoli. B, C, F e G são amostras pertencentes àqueles animais com maior população destas células. H corresponde aos marcadores moleculares, variando de 10 a 250 kDa. A seta corresponde à banda do fragmento de 74,3 kDa.

A B C D E F G H250 160 105 75

50 35 30

25

15 10

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Conforme foi demonstrado, o plasma seminal ovino apresenta uma

grande quantidade e variedade de proteínas. Essas proteínas variam

individualmente e conforme a idade. Contudo, algumas proteínas estão

presentes em todos os animais, e em todas as idades desde 15 até 33 sem. de

vida. Outras, no entanto, foram secretadas apenas em animais com melhores

parâmetros seminais, ou maior número de células de Sertoli por testículo, em

idades específicas.

Não foi possível identificar associações entre outras proteínas e os

parâmetros de qualidade do sêmen de maneira consistente em todas as idades.

Isto se deve, em parte, ao fato de que animais jovens apresentam

características seminais instáveis, próprias da fase de puberdade e primeiras

semanas pós-puberdade, de modo que fica difícil associar um único fator

como indicador da qualidade seminal. Em parte, é necessário a realização de

análises mais detalhadas para melhor caracterização e identificação das

proteínas encontradas, uma vez que a eletroforese unidimensional é apenas o

primeiro passo nessa direção.

Vale ressaltar, também, que KILLIAN et al. (1993) encontraram

diferenças no perfil protéico do plasma seminal, mesmo em animais de

parâmetros seminais semelhantes. Esses animais só puderam ser distinguidos

em termos de fertilidade a campo. Isto demonstra que, muitas vezes, a

presença de determinadas proteínas no plasma seminal, mesmo não estando

associadas aos parâmetros de motilidade e concentração espermática, podem

levar a diferenças nos índices de fertilidade.

Um outro fator que dificulta a associação da massa molecular das

proteínas a parâmetros seminais em animais jovens, é o fato de a eletroforese

unidimensional não permitir a identif icação de alterações sofridas pelas

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proteínas após a tradução, como glicosilação ou hidrólise. GATTI et al.

(1999) observaram que a enzima conversora de angiotensina 1 (ACE) é

secretada pelos testículos com massa molecular de 105 kDa, mas, durante o

trânsito epididimal esta proteína sofre alterações e passa a apresentar uma

massa de 94 kDa. IBRAHIM et al. (1999) observaram que a clusterina, ao ser

secretada no fluido da rete testis , apresenta massa molecular de,

aproximadamente, 94 kDa na forma dimérica ou 42 e 43 kDa nas formas

monoméricas. No fluido da cauda do epidídimo, a forma dimérica passa a

apresentar 74 kDa, enquanto as formas monoméricas, com 38, 39 e 40 kDa

passam a ligar-se à membrana espermática. Eles detectaram que essas

alterações de massa molecular se deram por deglicosilação ao longo do

epidídimo.

Portanto, estudos mais detalhados, incluindo focalização isoelétrica e

quantificação da atividade enzimática dessas proteínas nas fases específicas

de desenvolvimento devem ser realizados, para confirmar as associações das

diferentes proteínas com os parâmetros seminais.

4.6. Puberdade A puberdade constitui uma série de transformações fisiológicas que

resultam na aquisição da capacidade reprodutiva (WOOD & FOSTER, 1998).

Nessa fase, ocorrem alterações no crescimento das gônadas, desenvolvimento de

características sexuais secundárias e, nos machos, produção de espermatozóides a

um ponto onde a reprodução é possível (GANONG, 1991). É o resultado de um

ajuste gradual entre a atividade gonadotrófica crescente e a habilidade das

gônadas de assumir simultaneamente a esteroidogênese e a gametogênese

(YARNEY et al., 1990).

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Para o manejo reprodutivo adequado de um rebanho, faz-se necessário

conhecer a idade e o peso à puberdade das diferentes raças ovinas. O

conhecimento da idade à puberdade possibilita a introdução e adoção de práticas

simples de manejo, tais como a castração, desmame, separação por sexo e escolha

precoce de animais para a reprodução. Permite também, de forma mais correta, o

estabelecimento da idade para o uso dos animais jovens em reprodução (GIRÃO et

al., 1996) e em programas de seleção visando reduzir o intervalo de gerações

(MADANI & RAHAL, 1988; RENAVILLE et al., 2000).

Por ser um processo complexo, especialmente no macho, é difícil definir

um único evento como sendo seu marco inicial (FRENEAU et al., 2001). Em

pequenos ruminantes, não há consenso quanto ao seu início. A puberdade pode ser

descrita como sendo o início da fertilidade e o período de rápido desenvolvimento

que a precede (BRONSON & RISSMAN, 1986).

A idade à puberdade pode ser determinada através da demonstração da

primeira ejaculação com espermatozóides móveis (TRALDI, 1983;

CHAKRABORTY et al., 1989; BELIBASAKI & KOUIMTZIS, 2000;

NISHIMURA et al., 2000), ou através do desbridamento peniano (WIGGINS &

TERRIL, 1953; MOURA et al., 1999; SOUZA et al., 2001). O desbridamento

peniano tem sido apontado como uma conseqüência da ação dos hormônios

testiculares (ELOY & ROSA, 1998). Entretanto, WILDEUS & GIPSON (1994)

consideraram púberes apenas os animais que produziam um ejaculado contendo

espermatozóides com uma motilidade superior a 10%.

De nosso conhecimento, o presente trabalho é inédito no que diz respeito a

proporcionar um quadro detalhado da puberdade em carneiros da raça Santa Inês.

O desprendimento entre a parte livre do pênis e a lâmina mucosa interna do

prepúcio iniciou-se às 9 sem. de idade, sendo concluído em média às 25,87 ± 0,72

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sem., 2,3 sem. após o aparecimento dos primeiros espermatozóides no ejaculado e

1,9 sem. após o surgimento dos primeiros espermatozóides móveis. Os parâmetros

referentes ao desenvolvimento dos animais nesta fase encontram-se na Tabela 2.

TABELA 2: Parâmetros produtivos e reprodutivos de carneiros da raça Santa

Inês à puberdade (X ± EPM)

Parâmetro 1º SPZ* 1º SPZM* Desbridamento Peniano

Idade (semanas) 23,05 ± 0,94a 23,94 ± 0,98a 25,87 ± 0,72b

Peso corporal (kg) 28,09 ± 0,99a 28,63 ± 1,05a 30,69 ± 1,02a

Perímetro torácico (cm) 69,09 ± 0,75a 69,84 ± 0,79ab 71,66 ± 0,67b

Circunferência escrotal (cm) 22,44 ± 0,42a 22,72 ± 0,44a 24,03 ± 0,38b

Comprimento testicular (cm) 6,33 ± 0,17a 6,51 ± 0,20ab 6,87 ± 0,18b

Diâmetro testicular (cm) 4,25 ± 0,09a 4,35 ± 0,09ab 4,53 ± 0,10b

Volume ejaculado (mL) 0,38 ± 0,11a 0,33 ± 0,06b 0,60 ± 0,08a

Motilidade massal (0 – 5) - 0,06 ± 0,06a 1,04 ± 0,34b

Motilidade (%) - 18,44 ± 9,14a 43,57 ± 6,49b

Vigor (0 – 5) - 1,00 ± 0,22a 2,14 ± 0,26b

Alterações morfológicas (%) 75,25 ± 7,26a 60,21 ± 9,65a 54,79 ± 4,34a

Concentração espermática (x 106/mL) 40,00 ± 10,00a 60,00 ± 20,00a 70,00 ± 20,00a

pH 8,89 ± 0,05a 8,90 ± 0,05a 8,66 ± 0,09b

Concentração protéica (mg/mL) 20,39 ± 2,36a 17,77 ± 1,27a 16,14 ± 2,03a

* 1ºSPZ: primeiros espermatozóides; 1ºSPZM: espermatozóides móveis . Letras diferentes na mesma l inha di ferem significativamente (P < 0 ,05) .

Estes valores estão de acordo com aqueles observados na raça Santa

Inês, que desbridaram o pênis com idades de 24 sem. (SOUZA et al. , 2000) e

26,7 sem. (SOUZA et al. , 2001), e em animais lanados com 20 sem.

(HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1987) e 27,8 sem. (YARNEY &

SANFORD, 1993). Em caprinos, o desbridamento peniano ocorreu em idades

de 19 e 20 sem. para animais da raça Marota e mestiços com Anglo-Nubiano

(GIRÃO et al. , 1996), 20 sem. em animais de raças leiteiras (SMITH, 1986),

22 sem. na raça Baladi (ABI-SAAB et al. , 1997) e 16 sem. para cabritos

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Saanen (BECKER-SILVA et al. , 1999). Estes últimos apresentaram

espermatozóides no ejaculado às 20 sem., e espermatozóides móveis às 24

sem. de vida. O fato destes animais apresentarem idades médias de 20 e 24

sem. para apresentar espermatozóides imóveis e móveis, respectivamente,

após o desbridamento peniano é explicado pelo fato de que as coletas de

sêmen nesse estudo só tiveram início após o descolamento completo entre o

pênis e o prepúcio. Mesmo na primeira coleta de sêmen, vários animais

(23,08%) já apresentavam espermatozóides móveis no ejaculado, embora as

idades médias tenham sido mais elevadas.

Em cordeiros Suffolk, a idade à puberdade se deu entre 16 e 18 sem. de

idade, com os animais pesando cerca de 40 kg, baseando-se no percentual de

espermatozóides vivos no ejaculado (OLSTER & FOSTER, 1986). Entretanto,

os autores não descreveram que percentual de células vivas foi utilizado para

se considerar o animal púbere. O fato de estes animais serem mais precoces,

provavelmente está relacionado com o desenvolvimento corporal mais rápido

dessa raça, uma vez que os animais entraram em puberdade cerca de 5

semanas mais cedo, pesando 10 kg a mais, em média, enquanto HASSAN et

al. (2003), trabalhando com raças de menor porte, encontraram animais mais

tardios. Nesse sentido, FOSTER (1994) afirmou que o custo energético da

reprodução pode ser alto, especialmente em animais de reprodução estacional,

como os carneiros, onde a competição pela cobrição das fêmeas é grande, no

curto período em que elas são receptivas. Além disso, como a reprodução é

uma função não essencial à sobrevivência do indivíduo, ela apresenta baixa

prioridade energética em animais em crescimento. À medida que o animal

cresce a massa corporal aumenta, reduzindo a relação massa/superfície, e em

conseqüência, a taxa metabólica. Esta redução disponibiliza mais energia para

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os processos reprodutivos e permite o armazenamento de gordura,

acompanhado por aumento nas secreções de gonadotrofinas e esteróides

sexuais (LAFORTUNE et al. , 1984).

O mecanismo pelo qual o cérebro reconhece esses sinais está

relacionado à secreção de leptinas (FOSTER & NAGATANI, 1999). A leptina

é uma proteína produzida pelos adipócitos (ZHANG et al. , 1994), cujas

concentrações na circulação regulam o apetite (MORRISON et al. , 1998), e

sua síntese está correlacionada com a percentagem de gordura corporal

(DELAVAUD et al. , 2000). As ações da leptina sobre a secreção de GnRH, o

qual estimula o aumento na secreção de gonadotrofinas característico da

puberdade (OLSTER & FOSTER, 1986), se dão através da disponibilidade de

glicose. FOSTER & NAGATANI (1999) sugeriram que a leptina e a glicose

atuem conjuntamente sobre a secreção de IGF-I. Uma vez que as

concentrações plasmáticas de IGF-I aumentam significativamente por ocasião

da puberdade em ovinos (ROBERTS et al. , 1990), eles sugeriram que este seja

um dos sinais que iniciam o processo de puberdade. Confirmando essa

hipótese, RENAVILLE et al. (2000) observaram que em touros jovens existe

uma elevação nos níveis plasmáticos de IGF-I por ocasião da puberdade,

sendo que esta fase só é atingida com níveis mínimos de 150 ng/mL. Eles

observaram, ainda, que a restrição alimentar leve ou severa reduz os níveis

plasmáticos de IGF-I, retardando o início da puberdade em até 107 dias

(normal: 71 dias).

FOOTE & SIMPLÍCIO (1988) encontraram espermatozóides móveis em

cabritos Moxotó às 18,4 sem. de idade, mas o pênis tornou-se livre do

prepúcio às 17,8 sem. A liberação do pênis é visível e facilmente medida, e já

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que ocorre imediatamente antes ou logo após a primeira ejaculação de

espermatozóides móveis, representa um método útil para estimar a puberdade.

Ao avaliar a puberdade como o momento da primeira ejaculação em

vagina artificial, HASSAN et al. (2003) detectaram diferenças entre raças

quanto à idade (41; 42 e 48 sem.) e peso (38,7; 41,1 e 35,4 kg),

respectivamente, para as raças Ossimi, Awassi e Chios. Essas diferenças

sugerem que diferentes taxas de crescimento influenciam a idade à puberdade,

e que existe um componente genético, uma vez que todos os animais foram

criados nas mesmas condições, mas a raça Chios atingiu a puberdade mais

tardiamente e com um menor peso. O ejaculado característico da puberdade

apresentou um volume de 0,73 mL, motilidade de 48,3%, com 11,4% de

alterações morfológicas, concentração espermática de 16 x 106/mL e pH de

7,4.

Embora os animais atingissem esse estágio com diferentes pesos e

idades, não houve diferença significativa quanto à qualidade dos ejaculados

em nenhum dos parâmetros. Esses valores mostram-se próximos daqueles

encontrados por nós, e pequenas diferenças, especialmente quanto ao pH,

podem estar relacionadas a diferenças no manejo e alimentação, uma vez que

EL-AZAB et al. (1998) demonstraram que o tipo de volumoso pode exercer

efeito significativo sobre o pH seminal, devido a diferenças na

disponibilidade de nutrientes digestíveis e proteína total . A concentração

desta última no sêmen dos animais seria responsável pelo tamponamento.

Infelizmente, HASSAN et al. (2003) não avaliaram nesse estudo a

concentração protéica do sêmen dos animais.

AUCLAIR et al. (1995) citaram que em cordeiros, o desenvolvimento

puberal é caracterizado por aumentos na freqüência dos pulsos de LH,

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concentração de testosterona, volume testicular e queda na amplitude dos

pulsos de LH. MANN & LUTWAK-MANN (1981) observaram que, na maioria

dos mamíferos, o modelo de crescimento e desenvolvimento das células de

Leydig exibem duas ondas distintas, uma das quais ocorre por ocasião da

puberdade, elevando a concentração de testosterona e atividade

espermatogênica intratesticular, sendo que a separação entre o pênis e o

prepúcio é conseqüência da ação dos hormônios testiculares (JOHNSTONE,

1948). Desse modo, tanto o surgimento de espermatozóides no ejaculado

quanto o desbridamento peniano, característicos da puberdade, são

conseqüência dos mesmos processos fisiológicos, daí ocorrerem de maneira

gradativa e seqüencial.

Baseado nos achados de desenvolvimento testicular e qualidade

seminal, animais púberes, caracterizados pelo aparecimento de

espermatozóides no ejaculado e pelo desbridamento peniano ainda não

apresentam qualidade seminal compatível com seu uso para reprodução,

devido aos deficientes parâmetros de motilidade e concentração espermática,

associados ao elevado número de alterações morfológicas totais nos

ejaculados. A partir de 30 sem. ocorre uma melhora significativa nos

parâmetros de motilidade e às 36 sem., uma redução significativa no

percentual de alterações morfológicas totais. No entanto, somente às 42 sem.

ocorre uma elevação na concentração espermática considerável, tornando os

animais aptos à atividade reprodutiva. Portanto, somente a partir desta idade

os animais apresentam condições de ser utilizados como reprodutores, ou de

permitirem colheita de sêmen para utilização a fresco ou resfriado.

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4.7. Histologia Testicular

A espermatogênese está dividida em três fases, a espermatocitogênese,

a meiose e a espermiogênese (WROBEL et al. , 1994), que são caracterizadas

pela divisão e/ou diferenciação de espermatogônias, espermatócitos e

espermátides, respectivamente. A transferência dos espermatozóides, imóveis,

para e através do epidídimo está na dependência de contrações peristálticas

dos túbulos seminíferos e da parede do ducto epididimal (BEDFORD, 1975).

Estas são mediadas por camadas celulares de musculatura lisa (células

mióides) dos túbulos seminíferos, estimuladas pela produção parácrina de

ocitocina (ASSINDER et al. , 2000). A importância do estudo da

espermatogênese é fundamental para o conhecimento da fisiologia testicular e

para auxiliar a compreensão dos demais parâmetros da avaliação seminal

(WROBEL et al. , 1995; CASTRO et al. , 1997).

4.7.1. Biometria dos Túbulos Seminíferos

O diâmetro dos túbulos seminíferos é um dos indicadores do estado

funcional dos testículos. Estudos têm mostrado que esta variável está

significativamente correlacionada com a circunferência escrotal e com os

níveis de testosterona em ovinos jovens (GASTEL et al. , 1995) e,

principalmente, adultos (BIELLI et al. , 1999). BIELLI et al. (1997) relataram

que alterações estacionais no diâmetro tubular (-23%) são responsáveis pela

regressão na circunferência escrotal (-17%). Estas alterações foram

desencadeadas por mudanças proporcionais no fotoperíodo, uma vez que o

peso vivo dos animais não se alterou, revelando ausência de efeitos

nutricionais sobrepostos.

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92

Em nosso trabalho, os túbulos seminíferos apresentaram diâmetro médio

de 207,12 ± 2,95 µm, com comprimento total de 3.920,29 ± 206,19 m às 50

sem. de idade. De nosso conhecimento, não existem estudos descrevendo estes

parâmetros em ovinos da raça Santa Inês. Em ovinos deslanados adultos, sem

raça definida, o diâmetro médio dos túbulos seminíferos foi de 152,7 µm para

animais abatidos durante a estação seca, e de 171,0 µm naqueles abatidos na

estação chuvosa. Esta diferença foi significativa, demonstrando o efeito da

escassez de alimento sobre o diâmetro tubular (QUEIROZ & CARDOSO,

1989). Confirmando esses achados, BIELLI et al. (1999) observaram que

cordeiros Corriedale de 50 sem. de idade, criados em pastagem melhorada

apresentaram melhor recuperação no diâmetro dos túbulos seminíferos após a

regressão estacional dos testículos que aqueles alimentados em pastagem

nativa (231,1 X 202,6 µm). BIELLI et al. (2001) também mostraram que os

efeitos da nutrição se iniciam desde a gestação. Cordeiros filhos de ovelhas

criadas em pastagem melhorada apresentaram maior diâmetro tubular às 14

sem. de idade (113,92 µm) comparados àqueles filhos de ovelhas criadas em

pasto nativo (72,61 µm).

WROBEL et al. (1995) demonstraram que o diâmetro tubular não varia

em função do estágio do ciclo do epitélio germinativo, tendo encontrado

valores de 228,52 a 233,90 µm em cordeiros Suffolk às 28 sem. de idade.

Com relação à idade, os cordeiros nascem com um diâmetro tubular

médio de 40 µm, o qual cresce rapidamente até atingir cerca de 110 µm às 11

sem. de idade. A partir daí, o crescimento é mais lento, tendendo a se

estabilizar após 22 sem. de idade (200 µm) (COUROT, 1971). Estes achados

foram confirmados por BIELLI et al. (1999; 2001), os quais demonstraram

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que a idade exerce efeito significativo sobre o diâmetro tubular comparando

animais com 14 e 72 sem. de idade, não havendo diferenças nesse parâmetro

entre animais de 72 e 120 sem. Do mesmo modo, KILGOUR et al. (1998)

encontraram valores de 37,4 µm e 138 m, respectivamente para diâmetro e

comprimento tubular de cordeiros Ile-de-France ao nascimento, evoluindo

para 92,2 µm e 1.043 m às 14 sem. Eles constataram que esse crescimento é

mediado principalmente pelo FSH, uma vez que animais imunizados contra

esse hormônio apresentaram medidas significativamente inferiores. Eles

constataram, ainda, aumento posterior nesses parâmetros, que atingiram 116,1

µm e 1.210 m às 23 sem., com efeito idêntico do FSH.

Já o comprimento tubular parece evoluir de maneira bifásica, em

relação ao peso testicular. Ao longo da vida fetal, seu crescimento é muito

rápido, aumentando suas circunvoluções no parênquima testicular. Elevando-

se de cerca de 1m em embriões de 40 dias até 200m ao nascimento (X 200).

Entre o nascimento e 11 sem. de vida sua velocidade de crescimento cai para

5X, atingindo cerca de 1000m. Por volta da puberdade, os túbulos atingem

cerca de 3000m, correspondendo a um crescimento de apenas 3X em

comparação com 11 sem. Em animais adultos são citados valores de 2900m

para a raça Ile-de-France e 1608m para a raça Romanov (HOCHEREAU-DE-

REVIERS, 1990).

4.7.2. Tipos Celulares

Após a diferenciação fetal das gônadas, não se observa atividade

espermatogênica de diferenciação nos testículos ovinos antes da puberdade.

As únicas células observadas são as células germinativas primordiais e as

células de suporte (COUROT, 1971). Estas se multiplicam durante a vida

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fetal, constituindo cerca de 1 milhão e, após o nascimento, até a puberdade (7

a 8 bilhões), dando origem às células de Sertoli (COUROT et al. , 1971;

HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1987). As células de Sertoli estendem-se

da base ao lúmen dos túbulos seminíferos, com prolongações laterais e

luminais em forma de ramos de árvores (RUSSELL, 1993). Estas células

determinam a estrutura geral do epitélio seminífero por meio de junções

intercelulares envolvendo as células germinativas e controlando seu

posicionamento e metabolismo (BIELLI, 1999). O número de células de

Sertoli está altamente correlacionado com o tamanho testicular adulto, e

define a capacidade de produção de células germinativas (SHARPE, 1994;

BIELLI, 1999). Isto se deve à enorme gama de proteínas secretadas pelas

células de Sertoli (GRISWOLD, 1995), sob estímulo do FSH e testosterona

(COUROT, 1988; KILGOUR et al. , 1993; GRISWOLD, 1998), as quais

regulam o metabolismo das células germinativa.

Como a duração que a do ciclo espermatogênico em carneiros dura 50

dias (ORTAVANT, 1958) e o trânsito epididimário dura 16 dias (AMMAN,

1981), a espermatogênese deve ter começado por volta da 13 sem. de vida,

uma vez que os primeiros espermatozóides no ejaculado de nossos ovinos

apareceram com cerca de 23 sem. de idade.

A altura do epitélio germinativo revela o grau de funcionalidade tubular

(COUROT, 1971). Há um aumento progressivo da altura entre o nascimento e

a puberdade, quando ele atinge sua espessura máxima e estabiliza-se

(STEGER & WROBEL, 1996). No entanto, este parâmetro independe da fase

do ciclo do epitélio seminífero (WROBEL et al. , 1995). No presente trabalho

foi observada uma altura epitelial de 70,88 ± 1,49 µm em cordeiros Santa Inês

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às 50 sem. de idade. Estes achados estão de acordo com os achados de

cordeiros Merino com 24 a 28 sem. de idade, que apresentaram altura epitelial

de 76,11 a 85,03 µm (WROBEL et al. , 1995).

Os valores médios de células germinativas encontradas por seção

transversal estão de acordo com os observados em outras raças ovinas

(TABELA 3).

TABELA 3: Número por seção transversal e por testículo e produção diária de

células germinativas de carneiros da raça Santa Inês abatidos às 50

semanas de idade (X ± EPM)

Tipo Celular Por Seção Transversal Por Testículo

População População (x109)

Produção Diária (x107)

Espermatogônias A 1,18 ± 0,11 0,56 ± 0,05 5,35 ± 0,47

Espermatogônias Intermediárias 1,23 ± 0,15 0,65 ± 0,09 6,22 ± 0,88

Espermatogônias B 5,20 ± 0,55 1,96 ± 0,25 18,85 ± 2,40

Espermatócitos em Leptóteno 21,71 ± 1,78 7,71 ± 0,61 74,20 ± 5,80

Espermatócitos em Paquíteno 44,96 ± 1,93 13,31 ± 0,87 128,00 ± 8,30

Espermátides Arredondadas 145,73 ± 7,11 53,84 ± 4,38 517,70 ± 42,10

Não existem na literatura, dados referentes aos parâmetros histológicos

em carneiros da raça Santa Inês. Em ovinos deslanados sem raça definida, foi

detectado um total de 1,4 espermatogônias A, 7,6 espermatogônias B e 16,9

espermatócitos I em leptóteno por seção transversal de túbulo seminífero,

durante a estação seca. Estes valores aumentaram para 1,5; 11,0 e 23,7,

respectivamente, sendo significativos para espermatogônias B e

espermatócitos (QUEIROZ & CARDOSO, 1989). Estes resultados estão

próximos aos demonstrados nesse trabalho, e mostram o efeito da

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disponibilidade de alimentos sobre a população de células germinativas, à

exceção das espermatogônias A, mediada por menor secreção de

gonadotrofinas, especialmente o FSH, uma vez que este hormônio não

influencia a população de espermatogônias A, mas é essencial para produção

de espermatogônias intermediárias e B (KILGOUR et al. , 1993; 1994).

KILGOUR et al. (1993) encontraram, em animais Corriedale com 120

sem. de idade, uma população de 0,35 x 109 espermatogônias A por testículo,

muito próximo do nosso, que foi de 0,56 x 109. Eles mostraram que esse valor

não foi afetado pela imunização contra o FSH. Com relação à produção diária

de células germinativas (x 107 /testículo) foram observados os seguintes

valores: 3,8 espermatogônias A, 61,8 espermatogônias B, 129,8

espermatócitos em leptóteno, 126,6 espermatócitos em paquíteno e 455,5

espermátides arredondadas. Esses números são significativamente afetados

pela imunização contra o FSH, mas não contra o LH (KILGOUR et al. , 1994).

Estes valores também estão de acordo com os nossos achados. No entanto,

apesar dos cordeiros Santa Inês apresentarem menor produção diária de

espermatogônias B e espermatócitos em leptóteno, a produção de

espermátides arredondadas foi maior. É possível que uma maior taxa de

apoptose tenha ocorrido nos estágios intermediários da espermatogênese,

especialmente na meiose (WROBEL et al. , 1994; SANTOS, 1999), resultando

em menor produção de espermátides.

BIELLI et al. (2000) trabalhando com cordeiros Corriedale encontraram

uma população de 6,91 x 109 espermátides alongadas por testículo. Esse valor

está muito aquém daquele relatado para espermátides arredondadas nos

cordeiros Santa Inês e em outras raças (COUROT, 1971; HOCHEREAU-DE-

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REVIERS et al. , 1987; KILGOUR et al. , 1993; 1994; 1998). A explicação

para essa diferença pode estar relacionada ao manejo nutricional dos animais,

uma vez que eles foram criados em pastagem nativa melhorada. BIELLI et al.

(1999) demonstraram que uma baixa disponibilidade alimentar pode reduzir

significativamente o número de espermátides alongadas por testículo. Em

nosso caso, os animais foram criados em confinamento, presumivelmente

recebendo maior quantidade de proteína e nutrientes digestíveis.

Com relação à produção diária de células germinativas, foram

encontrados os seguintes resultados (x109) para animais das raças Ile-de-

France e Romanov, respectivamente: 3,8 e 2,2 espermatogônias A1, 110,0 e

70,0 espermatócitos I em leptóteno e 330,0 e 190,0 espermátides arredondadas

(HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. , 1990).

As células de Sertoli multiplicam-se principalmente durante a vida

fetal, aumentando seu número em 500X (COUROT, 1971), mas também após o

nascimento, até a puberdade (COUROT, 1971; HOCHEREAU-DE-REVIERS,

1987). Após essa fase, a população se estabiliza, não sofrendo efeitos

significativos da estação do ano (HOCHEREAU-DE-REVIERS, 1987;

QUEIROZ & CARDOSO, 1989) nem de restrição alimentar (BIELLI et al. ,

2000), mas seu número é significativamente reduzido por imunização contra o

FSH na fase pré-púbere (nascimento às 23 sem. de idade).

Após a puberdade, as células de Sertoli diferenciam-se gradualmente,

aumentando o tamanho de seu núcleo e citoplasma (MONET-KUNTZ et al. ,

1984) e na quantidade de receptores para FSH (YARNEY & SANFORD, 1985;

1989) e testosterona (CARREAU et al. , 1979). Esses eventos fazem com que

aumente sua capacidade de secreção de proteínas e estradiol (GRISWOLD,

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1998), importantes na regulação do metabolismo das células germinativas.

Seu volume altera-se ao longo do ciclo do epitélio seminífero, sendo maior

durante a meiose (WROBEL et al. , 1995), mostrando a flexibilidade desta

célula.

Na presente pesquisa foram observadas 14,94 ± 0,38 células de Sertoli

por seção transversal de túbulo seminífero. Em ovinos deslanados sem raça

definida, foram encontrados valores de 16,2 durante a época seca e 17,0

durante a chuvosa, sem diferença significativa (QUEIROZ & CARDOSO,

1989). COUROT et al. (1971) observaram que o número de células de Sertoli

por seção de túbulo seminífero aumenta exponencialmente com o peso

testicular entre o nascimento e 11 sem. de idade, quando tende a estabilizar-

se, com pequenos aumentos até a puberdade.

Em cordeiros Merino hipofisectomizados às 7 sem. de vida, o número

de células de Sertoli por seção de túbulo seminífero reduz-se rapidamente, até

se estabilizar 16 dias depois (COUROT, 1971). Dentre as células

sobreviventes, um grupo apresenta redução nuclear e citoplasmática, com

estruturas enegrecidas. Outro grupo apresenta citoplasma mais claro, contudo,

com retículo endoplasmático regredido e com menos ribossomos. Além disso,

essas células nunca se desenvolvem em células de Sertoli maduras,

características de animais não submetidos ao processo. Esses efeitos estão

associados, em especial, ao FSH (KILGOUR et al. , 1993), uma vez que a

imunização contra o LH não surtiu efeitos adversos à população de células de

Sertoli (KILGOUR et al. , 1994).

Em nosso trabalho, o número total de células de Sertoli por testículo foi

de 7,72 ± 0,45 x 109, com 41,05 x 106 células por grama de parênquima

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testicular e 42,31 x 106 células por mililitro de parênquima. Esse população

foi superior à encontrada em ovinos Corriedale às 72 sem. (4,13 a 5,19 x 109)

ou 120 sem. (4,51 a 5,57 x 109) de vida (BIELLI et al. 2000). Já em ovinos

Ile-de-France (COUROT, 1971) observou-se um crescimento em sua

população de 1,5 x 106 no embrião de 40 dias, tendo os animais nascido com

0,5 x 109 e atingido 4,5 e 8 x 109 as 11 e 23 sem. de idade, respectivamente.

Em animais Ile-de-France, foram observados valores de 2,8 x 109 e 1,36 x 109

para animais da raça Romanov, ambos às 72 sem. de vida (HOCHEREAU-DE-

REVIERS, 1990).

BIELLI et al. (2001) mostraram que ovelhas suplementadas durante a

gestação produzem cordeiros que tendem a ter maior número de células de

Sertoli às 25 sem. de idade. No entanto, após o nascimento, BIELLI et al.

(2000) não encontraram diferenças na população testicular de células de

Sertoli em animais criados em pastagem nativa ou melhorada às 72 sem. de

idade, confirmando os achados em ovinos deslanados (QUEIROZ &

CARDOSO, 1989). Estes efeitos também foram observados em carneiros

Merino às 144 sem. (HÖTZEL et al. , 1998). Animais alimentados com dietas

que permitiam o ganho de 142 g/dia apresentaram um número

significativamente maior de células de Sertoli/testículo (12 x 109) que aqueles

recebendo dietas que levaram a uma perda diária de peso da mesma magnitude

(7,7 x 109). Embora as células de Sertoli não mais se dividam após a

puberdade, é possível que nos animais alimentados com a dieta que levou a

perda de peso, tenha havido morte de parte da população de células de Sertoli,

levando a essas diferenças. Além do menor aporte de nutrientes (os animais

diferiram no peso vivo em 30 kg), os animais mais mal alimentados

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apresentaram concentrações de FSH significativamente menores, e o FSH

controla as divisões das células de Sertoli (COUROT et al. , 1971).

De fato, o FSH se mostra também fundamental para o metabolismo das

células de Sertoli (GRISWOLD et al. , 1995). Carneiros Ile-de-France

imunizados ao nascimento o FSH apresentaram número significativamente

menor de células de Sertoli por testículo às 23 sem. (1,73 x 109) comparados

com aqueles não imunizados (3,04 x 109) (KILGOUR et al. , 1998). Em

animais adultos da mesma raça, imunizados às 120 sem. de idade, durante 20

dias, as células de Sertoli apresentaram menor área superficial comparado

àqueles não imunizados (KILGOUR et al. , 1993). Esses efeitos foram devidos

particularmente ao FSH, uma vez que animais imunizados contra o LH não

mostraram alterações (KILGOUR et al. , 1994). Embora o total de células de

Sertoli de carneiros Santa Inês tenha sido maior que a população citada em

alguns trabalhos com outras raça, tais diferenças já foram relatadas

(HOCHEREAU-DE-REVIERS, et al. 1984; 1990).

4.7.3. Relações entre os Tipos Celulares

A contagem das células germinativas e de Sertoli em seções

transversais de túbulos seminíferos e suas proporções refletem o rendimento e

a eficiência do processo espermatogênico (QUEIROZ & CARDOSO, 1989),

permitindo a estimação das perdas ocorridas no processo.

O carneiro apresenta seis divisões espermatogoniais, sendo três do tipo

A, uma intermediária e duas do tipo B (HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. ,

1987), sendo que essas divisões são altamente dependentes do FSH

(KILGOUR et al. , 1993). A eficiência das mitoses espermatogoniais é

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101

avaliada pela razão entre o número de espermatócitos em leptóteno e o

número de espermatogônias A. Em nosso trabalho, foi obtido o valor de 14,80

± 1,29. Trabalhos com animais lanados mostram um valor da ordem de 16 em

animais adultos (ORTAVANT et al. , 1977) e 12,07 a 15,80 para animais

deslanados abatidos na época seca e chuvosa, respectivamente.

A razão entre os demais tipos de células germinativas por

espermatogônia A foi: 1,28 ± 0,21 espermatogônia intermediária, 3,81 ± 0,56

espermatogônias B, 25,29 ± 1,77 espermatócitos em paquíteno e 103 ± 9,03

espermátides arredondadas. Encontramos ainda uma proporção de 4,02 ± 0,12

espermátides arredondadas por espermatócito em paquíteno.

A proporção entre as células germinativas e de Sertoli fornece uma

estimativa da capacidade de suporte destas últimas. Nós encontramos os

seguintes resultados para essa proporção: 0,08 ± 0,01 espermatogônias A,

0,09 ± 0,01 espermatogônias intermediárias, 0,35 ± 0,04 espermatogônias B,

1,44 ± 0,10 espermatócitos I em leptóteno, 3,01 ± 0,12 espermatócitos I em

paquíteno e 9,79 ± 0,46 espermátides arredondadas. KILGOUR et al. (1998),

encontrou proporção semelhante à nossa, de 0,06 espermatogônias A por

célula de Sertoli, em cordeiros Ile-de-France abatidos com 23 sem. de idade.

No entanto, HOCHEREAU-DE-REVIERS et al. (1990) encontraram

valores de 1,19 e 1,41 espermátides arredondadas por célula de Sertoli,

respectivamente para as raças Ile-de-France e Romanov. Estes autores

observaram diferenças significativas entre as duas raças para este parâmetro,

indicando que as células de Sertoli das diversas raças apresentam diferentes

capacidade de suporte. Ainda assim, a grande diferença observada entre esses

resultados e os nossos pode refletir diferenças no método utilizado para sua

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102

determinação, no número de seções contadas e na seleção subjetiva do tipo

celular.

4.7.4. Diâmetro dos Tipos Celulares

Os valores encontrados para o diâmetro do núcleo e nucléolo das

células de Sertoli foram de 9,57 ± 0,15 µm e 2,58 ± 0,04 µm,

respectivamente. Até onde nós sabemos, não existem estudos relatando esses

valores para ovinos da raça Santa Inês, ou qualquer outra raça de ovinos

deslanados. Em carneiros Ile-de-France, KILGOUR et al. (1998) observaram a

seguinte evolução para o diâmetro nuclear das células de Sertoli: 5,44 µm ao

nascimento, 6,8 µm às 14 sem. e 8,4 µm às 23 sem. de idade. Detectaram

ainda que os dois últimos valores são reduzidos significativamente em

animais imunizados contra o FSH, revelando a importância desse hormônio na

regulação de seu metabolismo. Já em animais Merino, STEGER & WROBEL

(1996) observaram células de Sertoli cujo núcleo apresentava diâmetro de 9

µm em animais com 12 a 18 sem. de idade. Em cordeiros Suffolk, foram

relatados valores de 481,35 a 549,75 µm³ para o volume das células de

Sertoli, variando conforme o estágio do ciclo do epitélio seminífero

(WROBEL et al. , 1995).

Com relação às células germinativas, as espermatogônias A

apresentaram diâmetro nuclear e nucleolar de 9,18 ± 0,13 µm e 3,18 ± 0,08

µm, respectivamente. Em carneiros Merino, com idades de 2 a 20 sem., o

diâmetro médio das espermatogônias A foi de 8,65 µm (STEGER &

WROBEL, 1996), mostrando que o volume nuclear dessas células não varia

significativamente entre essas idades. Em relação as espermatogônias

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103

intermediária e B, os diâmetros nucleares foram respectivamente de 6,86 ±

0,12 µm e 5,60 ± 0,13 µm. Esses valores assemelham-se aos encontrados em

cordeiros Suffolk, que variaram de 7,52 a 8,41 µm, conforme o estágio do

CES (WROBEL et al. , 1995). Em relação aos espermatócitos, os valores para

o diâmetro nuclear das células em leptóteno e paquíteno foram de 5,83 ± 0,10

µm e 8,24 ± 0,14 µm, respectivamente. WROBEL et al. (1995) encontraram

valores de 7,68 µm para os leptótenos e 10,03 a 10,85 µm para os paquítenos,

conforme o estágio do ciclo do epitélio seminífero. Finalmente, com relação

as espermátides arredondadas, os cordeiros Santa Inês apresentaram diâmetro

nuclear de 5,69 ± 0,05 µm. Valores pouco maiores foram observados em

cordeiros Suffolk, sendo de 7,13 µm no estágio 8 e 6,87 µm no estágio 1 do

CES (WROBEL et al. , 1995).

Coletivamente, esses achados mostram que o núcleo das células

germinativas e de Sertoli não apresentam grandes variações em animais de

diferentes raças e idades. Por outro lado, o estágio do ciclo do epitélio

seminífero afeta significativamente estas variáveis, considerando que as

células germinativas estão em processos de mitose e meiose, e as células de

Sertoli possuem diferentes demandas metabólicas conforme o tipo de célula

germinativa que está sendo suportada, uma vez que se alteram também seu

volume citoplasmático, e tipo e distr ibuição das organelas (WROBEL et al. ,

1995).

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104

4.8. Correlações

4.8.1. Desenvolvimento Ponderal

O perímetro torácico (PT) às 48 sem. apresentou correlação com o PT

medido a partir das 8 sem. de idade (r = 0,55; P = 0,02), incluindo às 18 sem.

(r = 0,51; P = 0,04), às 28 sem. (r = 0,76; P<0,01) e às 38 sem. de idade (r =

0,82; P<0,01). O PT apresentou correlação significativa com o peso vivo

entre 8 e 48 sem. de idade (r = 0,70 a 0,95; P<0,01), mas estas correlações

apresentaram maior magnitude até 30 sem. de idade (r = 0,76 a 0,95; P<0,01)

do que após esse período (0,70 a 0,89). O PT entre 8 e 48 sem. esteve ainda

correlacionado com o peso ao abate (r = 0,66 a 0,83; P<0,01) e peso de

carcaça (r = 0,68 a 0,79; P<0,01).Estes resultados mostram que o perímetro

torácico medido na pré-puberdade e puberdade é um bom indicador do

desempenho produtivo dos animais pós-púberes. Após 30 sem. de idade, o

crescimento do tórax tende a estar menos associado ao peso corporal.

O perímetro torácico também esteve relacionado com as medidas de

biometria testicular, incluindo a circunferência escrotal (r = 0,55 a 0,86;

P<0,01), comprimento (r = 0,56 a 0,92; P<0,01) e diâmetro testicular (r =

0,49 a 0,83; P<0,05) entre 8 e 36 sem. de idade. Porém, após 36 sem. estas

correlações não foram significativas (P>0,05). O PT apresentou ainda

correlação com o grau de evolução do desbridamento peniano nas fases pré-

púbere e púbere (r = 0,54 a 0,84; P<0,05), e entre 8 e 14 sem. de idade,

também esteve correlacionado com as concentrações basais de testosterona às

23 sem. de idade (r = 0,49 a 0,62; P<0,04). O fato do perímetro torácico estar

correlacionado com o desbridamento peniano e com as concentrações de

testosterona por volta da puberdade indica que este hormônio constitui um

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105

fator comum no desenvolvimento de ambas as características. Estes resultados

confirmam achados anteriores para a raça Santa Inês (SOUZA et al. , 2000;

SOUZA et al. , 2001), mas este é o primeiro estudo a mostrar correlações entre

o perímetro torácico e as concentrações basais de testosterona. De fato, a

testosterona exerce um efeito anabólico sobre o crescimento esquelético em

cordeiros e, de maneira particular, sobre a taxa de mitoses dos condrócitos

(PERALTA et al. , 1994).

O peso vivo (P) medido às 48 sem. de idade esteve correlacionado com

o peso vivo a partir de 8 sem. de idade (0,54 a 0,99; P<0,01), resultados

semelhantes aos observados em cordeiros mestiços (½ e ¾ Santa Inês X SRD)

entre 8 e 16 sem. de idade (r = 0,81 a 0,95; SILVA & ARAÚJO, 2000) e em

animais Santa Inês entre as 4 e 30 sem. de idade (r > 0,65; QUESADA et al. ,

2002). O peso vivo avaliado entre 8 e 48 sem. de idade esteve ainda

correlacionado com o peso ao abate (r = 0,71 a 0,91; P<0,01) e com o peso de

carcaça (r = 0,77 a 0,94; P<0,01). Contudo, apenas o peso entre 8 e 12 sem.

esteve correlacionado com o rendimento de carcaça (r = 0,53 a 0,62; P<0,05),

embora correlações de menor magnitude tenham sido observadas quando os

animais foram pesados em outras idades (r = 0,12 a 0,34; P<0,10).

Provavelmente, estes resultados podem indicar alguma associação entre peso

vivo e peso de carcaça, mas os valores são pouco expressivos e de reduzida

significância estatística com relação ao rendimento de carcaça, sugerindo que

esta variável é influenciada por vários fatores, os quais não foram avaliados

em detalhes no presente trabalho. Um desses fatores seria a idade ao abate,

mas não do peso, uma vez que cordeiros Santa Inês abatidos em diferentes

faixas de peso às 24 sem. de idade apresentaram rendimentos de carcaça

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idênticos, apesar de diferenças significativas no peso vivo, com correlações

de baixa magnitude entre estas variáveis (SOUZA et al. , 1998). Contudo,

foram observadas correlações semelhantes às desse trabalho entre peso vivo e

de carcaça. Estes achados mostram que o peso vivo avaliado em cordeiros

jovens pode ser utilizado para estimar o peso dos animais às 50 sem. de idade,

bem como o peso de carcaça. O peso vivo entre 8 e 18 sem. de idade

correlacionou-se com as concentrações basais de testosterona às 23 sem. de

idade (r = 0,49 a 0,60; P<0,05) e os animais mais pesados entre 8 e 32 sem.

de idade foram os mais precoces com relação ao desbridamento peniano (r = -

0,57 a -0,88; P<0,01), e à idade do aparecimento dos primeiros

espermatozóides (r = -0,54 a -0,85; P<0,01) e espermatozóides móveis no

ejaculado (r = -0,50 a -0,83; P<0,01).

O peso vivo correlacionou-se com as medidas de circunferência escrotal

(r = 0,58 a 0,86; P<0,01), comprimento (r = 0,58 a 0,91; P<0,01) e diâmetro

testicular (r = 0,52 a 0,86; P<0,01) entre 8 e 42 sem. de vida, mostrando que

já às 8 sem. há uma intrínseca interação entre os eventos que coordenam o

desenvolvimento ponderal e sexual. Estas correlações tenderam a diminuir

com a idade, não sendo mais significativas a partir de 44 sem. de idade.

Relações semelhantes entre o peso corporal e biometria testicular foram

relatadas para a raça Santa Inês (SOUZA et al. , 2000; 2001) confirmando

esses achados. Correlações semelhantes, porém de menor magnitude (r = 0,65

a 0,74) foram relatadas entre peso vivo e biometria testicular em cordeiros

Horros e Menz às 24 e 36 sem. de idade para CE e entre 24 e 48 sem. (r =

0,60 a 0,68) para o diâmetro testicular (TOE et al. , 2000). Na presente

pesquisa, correlações semelhantes àquelas observadas por YARNEY et al.

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(1990) foram obtidas entre P e CE (r = 0,56 a 0,96) e diâmetro testicular (r =

0,86) de cordeiros Suffolk entre 4 e 27 sem. de idade. De fato, o peso

corporal, embora bom indicador do diâmetro testicular antes da puberdade,

apresenta pouca relação com o diâmetro após esta fase (YARNEY &

SANFORD, 1993).

O peso vivo entre 33 e 48 sem. está correlacionado com o peso

testicular (r = 0,49 a 0,63; P<0,05) e entre 38 e 48 sem. com o peso do

epidídimo (r = 0,50 a 0,55; P<0,05) às 50 sem. de idade. Foram detectadas

correlações significativas entre P partir de 27 sem. de vida e diâmetro

testicular (DT) às 50 sem. de idade (r = 0,54 a 0,70; P<0,05). Correlações

entre P e o comprimento testicular (CT) obtido às 50 sem. só foram

significativas a partir de 34 sem. de idade (r = 0,44 a 0,50; P<0,05), sendo de

menor magnitude, comparadas àquelas com o DT. O peso vivo a partir de 30

sem. de idade correlacionou-se com os seguintes parâmetros testiculares às 50

sem. de idade: volume testicular (r = 0,48 a 0,65; P<0,05), volume ocupado

pelo parênquima testicular (r = 0,48 a 0,64; P<0,05) e volume ocupado pelos

túbulos seminíferos (r = 0,48 a 0,68; P<0,01). Animais mais pesados a partir

de 30 sem. de idade apresentaram maior número de espermátides arredondadas

por testículo (r = 0,52 a 0,55; P<0,05). Estes animais também tenderam a

apresentar maior número de células de Sertoli por testículo, mas as

correlações não foram significativas (P = 0,06 a 0,09). Correlações

semelhantes e significativas entre o peso vivo e a circunferência escrotal e o

número de espermátides alongadas por testículo foram encontradas em

carneiros Corriedale às 72 e 120 sem. de idade (BIELLI et al. , 2000). No

entanto, estes autores não conseguiram detectar correlações entre o peso vivo

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108

e o volume ocupado pelos túbulos seminíferos ou número de células de Sertoli

por testículo. Estes achados sugerem que o peso vivo só está relacionado ao

volume testicular em idades jovens (até 50 sem. de idade).

Com relação aos parâmetros seminais, o peso vivo esteve

correlacionado com algumas características somente após a puberdade, mas

estas correlações se deram em idades específicas. O peso corporal entre 24 e

26 sem. correlacionou-se com o percentual de defeitos espermáticos totais (r

= -0,61 a -0,68; P<0,05), às 31 sem. correlacionou-se com o volume ejaculado

e motilidade massal (r = 0,55 e 0,70, respectivamente; P<0,05) e às 34 sem.

com o volume ejaculado (r = 0,58; P<0,05). Estas correlações foram

inconsistentes nas demais idades. Possivelmente, a dificuldade em se

encontrar correlações entre P e parâmetros seminais se deve ao fato de que

apesar de haver mecanismos comuns controlando seu desenvolvimento, como

foi mostrado pelas correlações com as características testiculares e

concentrações basais de testosterona, existem fatores que causam

instabilidade nesses valores, próprios dessas fases. Com base na literatura

examinada, este é o primeiro trabalho a mostrar esta sincronia entre os

parâmetros de desenvolvimento corporal e testicular, secreção de testosterona

e precocidade sexual em cordeiros Santa Inês.

O peso da carcaça dos animais apresentou correlações (P<0,05) com os

seguintes parâmetros às 50 sem. de idade: peso testicular (r = 0,58), peso do

epidídimo (r = 0,63), diâmetro (r = 0,58) e volume testicular (r = 0,51),

volume do parênquima testicular (r = 0,52) e ocupado pelos túbulos

seminíferos (r = 0,55) e com o diâmetro dos túbulos seminíferos (r = 0,48).

Estas correlações sugerem que animais com maior desenvolvimento corporal

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109

às 50 sem. também apresentaram maior desenvolvimento da estrutura

testicular. Estes resultados são apoiados pelos achados de BIELLI et al.

(2000), que observaram que os animais mais bem nutridos durante as

primeiras 72 sem. de vida apresentaram maior diâmetro dos túbulos

seminíferos e maior volume ocupado pelos TS.

As correlações entre a circunferência escrotal (CE) às 48 sem. e a CE

tomada entre 8 e 13 sem. de idade foram baixas (r < 0,42; P>0,05),

aumentando a partir de 14 sem. de idade, com maiores valores a partir das 24

sem. (r = 0,50 a 0,98; P<0,01). A CE apresentou correlações altas com o

comprimento (CT) (r = 0,67 a 0,96; P<0,01) e diâmetro testicular (DT) (r =

0,59 a 0,97; P<0,01) em todas as idades avaliadas entre 8 e 48 sem. de idade.

Comprimento e diâmetro testiculares também estiveram significativamente

correlacionados em todas as idades (r = 0,65 a 0,96; P<0,001), embora a

magnitude dessas correlações tendeu a reduzir-se após 36 sem. de idade (r =

0,65 a 0,78; P<0,01), uma vez que o crescimento do comprimento testicular

tende a se estabilizar mais cedo, enquanto o diâmetro continua apresentando

pequenos aumentos. Isto é demonstrado pela tendência de redução na relação

comprimento/diâmetro a partir das 36 sem. de idade.

4.8.2. Desenvolvimento Reprodutivo

A CE apresentou correlações significativas com as concentrações basais

de testosterona às 23 e 42 sem. de idade (r = 0,62 e 0,58; P<0,01) e com o

grau de desprendimento peniano entre 8 e 27 sem. de idade, quando esse

processo se completou (r = 0,51 a 0,93; P<0,01). A CE tomada entre 8 e 48

sem. esteve correlacionada com a idade em que se completou o desbridamento

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peniano (r = -0,43 a -0,93; P<0,01). Essas correlações foram maiores durante

a puberdade (12 a 28 sem.; r = -0,81 a -0,93; P<0,05) do que antes (r = -0,46

a -0,75; P<0,05) ou depois (r = -0,43 a -0,54; P<0,05). Animais com maiores

valores de CE entre 8 e 28 sem. de idade também apresentaram, mais cedo, os

primeiros espermatozóides (r = -0,51 a -0,94; P<0,05) e espermatozóides

móveis (r = -0,48 a -0,93; P<0,01) no ejaculado. Estas correlações mostram

que a CE tomada em cordeiros a partir de 8 sem. de vida pode ser utilizada

como indicadora da precocidade sexual, uma vez que animais com maiores

valores de CE apresentam maiores concentrações de testosterona e produzem

espermatozóides mais cedo. No caso do comprimento e o diâmetro testicular,

as correlações seguiram a mesma tendência da CE. Estes resultados mostram,

pela primeira vez para a raça Santa Inês, que existe uma sincronia entre o

crescimento testicular, secreção de testosterona, amadurecimento do trato

reprodutivo e início da produção de espermatozóides, de modo que aqueles

animais com maiores valores de biometria testicular na fase de pré-puberdade

são mais precoces, apresentam maior concentração periférica de testosterona

durante a puberdade, e maior biometria testicular às 48 sem. de idade. Os

resultados deste estudo confirmam as relações encontradas por SOUZA et al.

(2000) em cordeiros Santa Inês, e YARNEY & SANFORD (1993) em animais

Suffolk, entre medidas testiculares tomadas na pré-puberdade e precocidade

sexual. YARNEY & SANFORD (1990) também encontraram correlações

significativas entre as concentrações de testosterona e a biometria testicular

em cordeiros com 24 a 28 sem. de idade.

O peso testicular às 50 sem. de idade esteve correlacionado com a CE

avaliada entre 8 e 11 sem. de idade (r = 0,51 a 0,58; P<0,05) e após 33 sem.

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de idade (r = 0,55 a 0,80; P<0,01) e o peso do epidídimo, com a CE às 10 e 11

sem. (r = 0,50 a 0,51; P<0,05) e às 38 sem. de idade (r = 0,50; P<0,05),

mostrando que embora a CE esteja bastante relacionada ao peso dos testículos

às 50 sem. de idade, especialmente após a puberdade, ela não é um indicador

preciso do peso epididimal. Da mesma forma, o comprimento e o diâmetro

testiculares tomados entre 32 e 48 sem. apresentaram correlações (P<0,05)

com o peso testicular (r = 0,62 a 0,80; CT e r = 0,53 a 0,69; DT) e epididimal

(r = 0,47 a 0,62; DT). Comprimento e diâmetro testicular medidos entre 31 e

48 sem. de vida também apresentaram correlação (P<0,01) com as respectivas

medidas às 50 sem. de idade (r = 0,42 a 0,66; CT e r = 0,55 a 0,85; DT). De

fato, YARNEY & SANFORD (1993) mostraram que o diâmetro testicular em

idades jovens é um forte indicador de si mesmo em idades mais velhas (R² =

0,51 a 0,84).

A CE tomada entre 8 e 11 sem. de idade apresentou correlações com os

seguintes parâmetros testiculares às 50 sem. de idade: volume testicular (r =

0,53 a 0,72; P<0,05), volume ocupado pelo parênquima testicular (r = 0,53 a

0,65; P<0,05) e túbulos seminíferos (r = 0,54 a 0,64; P<0,05). Animais com

maiores valores de CT e DT entre 38 e 44 sem. de idade apresentaram maior

comprimento total dos túbulos seminíferos (r = 0,46 a 0,59; P<0,05). BIELLI

et al. (2000) também observaram correlações entre a circunferência escrotal e

o volume testicular e ocupado pelos túbulos seminíferos em carneiros

Corriedale às 72 e 120 sem. de vida. No entanto, não existem estudos dessa

natureza em carneiros da raça Santa Inês.

Com relação às características seminais, a CE apresentou correlações

significativas (P<0,05) com a motil idade massal (r = 0,49 a 0,59), motilidade

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(r = 0,59 a 0,72), motilidade progressiva (r = 0,52 a 0,68), vigor (r = 0,62 a

0,74), percentual de defeitos espermáticos totais (r = -0,77 a -0,80) e pH

seminal (r = -0,60 a -0,68), apenas entre 26 e 30 sem. e às 34 sem. de idade,

mostrando que em animais púberes, aqueles com maior CE apresentam

também sêmen de melhor qualidade. Estas fases coincidem com concentrações

crescentes de testosterona e transformações características da puberdade. No

entanto, não foram detectadas correlações significativas após essas idades,

embora os animais ainda tendessem a apresentar melhor qualidade seminal

(P>0,05). De fato, REGE et al. (2000) também não conseguiram encontrar

correlações de Pearson significativas entre o tamanho testicular e as

características seminais em animais com 36 a 48 sem. de idade, mas as

correlações genéticas foram significativas, especialmente com aquelas às 48

sem. FERREIRA et al. (1988) mostraram que a motilidade espermática

correlaciona-se positivamente e o percentual de defeitos totais, negativamente

com a circunferência escrotal tomada em idades jovens em carneiros. No

entanto, devido às correlações médias e inconsistentes entre a CE e os

parâmetros seminais em cordeiros com mais de 34 sem. de idade, a CE não

deve ser utilizada como único parâmetro de seleção de reprodutores nesta

fase. MORAES et al. (1997) observaram que após as 34 sem. de idade, mesmo

carneiros com testículos menores também podem apresentar sêmen de boa

qualidade, apoiando esta afirmação.

O peso testicular às 50 sem. de idade apresentou correlação (P<0,05)

positiva com o volume ejaculado (r = 0,53) e negativa percentual de defeitos

totais (r = -0,47) às 28 sem. Já às 31 sem., correlacionou-se positivamente

com a concentração espermática (r = 0,42) e com a motil idade massal às 33

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sem. (r = 0,47). O peso do epidídimo, por sua vez, correlacionou-se

positivamente com a concentração espermática às 31 sem. de idade (r = 0,53),

e negativamente com o percentual de defeitos totais às 36 sem. (r = -0,55).

A motilidade massal esteve significativamente (P<0,01) correlacionada

negativamente com o percentual de defeitos totais (r = -0,52 a -0,77) e pH (r

= -0,61 a -0,90), e positivamente com a concentração espermática (r = 0,51 a

0,77) entre 26 e 48 sem. de idade. A motilidade progressiva também

apresentou correlações significativas com o percentual de defeitos totais (r =

-0,57 a -0,96) e pH (r = -0,59 a -0,93) nessas mesmas idades. Estes resultados

mostram que a motil idade massal é um bom indicador da qualidade seminal,

para se selecionar quais animais serão submetidos a uma avaliação mais

detalhada. Mostram também que ejaculados com melhor motilidade

apresentam menor percentual de células defeituosas.

As concentrações de proteína total (PROT) no plasma seminal

apresentaram correlações com os parâmetros seminais apenas 36 e 44 sem. de

idade. Às 36 sem., foram detectadas correlações (P<0,05) entre PROT e

motilidade massal (r = 0,62), PROT e motilidade progressiva (r = 0,49),

PROT e vigor (r = 0,50) e PROT e concentração espermática (r = 0,51). Às 44

sem. essas correlações foram de PROT e MM (r = 0,60), PROT e MOT (r =

0,61), PROT e MOP (r = 0,49), PROT e vigor (r = 0,45) e PROT e C (r =

0,61). Estas correlações mostram que em determinadas idades pós-púberes, o

plasma seminal contém proteínas que estão significativamente associadas a

melhores parâmetros de motilidade e concentração espermática. O fato de

estas correlações não terem sido detectadas em outras idades pode estar

relacionado às instabilidades no quadro espermático próprias da puberdade e

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pós-puberdade. Estudos dessa natureza são necessários com animais adultos,

para se confirmar a natureza dessas correlações, e identificar quais proteínas

estariam relacionadas a esses parâmetros.

Os parâmetros de motilidade massal (r = 0,94), motilidade (r = 0,91), e

concentração espermática (r = 0,94) apresentaram correlação positiva e o

percentual de defeitos (r = -0,80) e pH (r = -0,85) correlacionaram-se

negativamente de maneira significativa com as concentrações de testosterona

às 23 sem. de idade, por ocasião da puberdade. Estes achados sugerem que as

maiores concentrações de testosterona nessa fase contribuíram para um

desenvolvimento testicular mais rápido, com conseqüente melhora no quadro

espermático. De fato, cordeiros adultos da raça Manchega mostraram

correlações significativas entre as concentrações de testosterona e as

concentrações espermática, de frutose e ácido cítrico, mostrando que maiores

concentrações desses parâmetros estão associadas à ação da testosterona

(BORQUE & VÁZQUEZ, 1999).

A CE tomada entre 42 e 48 sem. de idade correlacionou-se com a

produção diária de espermátides arredondadas (r = 0,46 a 0,52; P<0,05),

produção diária de espermatócitos em paquíteno (r = 0,56 a 0,61; P<0,02),

número de espermátides arredondadas (r = 0,46 a 0,51; P<0,05) e de

espermatócitos em paquíteno por testículo (r = 0,55 a 0,62; P<0,02) e número

de células de Sertoli por testículo (r = 0,37 a 0,45; P<0,05), mostrando que a

CE, após 42 sem. de idade, pode ser um bom indicador da capacidade

testicular de produção de células germinativas. Animais com maior CE às 48

sem. de idade apresentaram maior diâmetro dos túbulos seminíferos (r = 0,50;

P<0,05), mas não em idades mais jovens. BIELLI et al. (2000) encontraram

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correlações entre a CE e o número de células de Sertoli por testículos às 120

sem. de idade, mas não às 72 sem., mostrando que a população de células de

Sertoli só apresentam correlação com o tamanho testicular, quando este para

de crescer. É possível que mesmo às 48 sem. de idade, os testículos dos

animais ainda estivessem crescendo, apesar da tendência à estabilização.

Com relação às correlações entre a concentração espermática (C) e os

parâmetros histológicos dos testículos às 50 sem. de vida, às 27 e 28 sem. de

vida, respectivamente, foram detectadas correlações (P<0,05) a concentração

espermática e o número de espermátides arredondadas por seção transversal

de túbulo seminífero (r = 0,65 e 0,71), por célula de Sertoli (r = 0,71 e 0,53)

e por testículo (r = 0,67 e 0,62) e produção diária de espermátides

arredondadas (r = 0,68 e 0,63). A concentração espermática às 36 sem. de

idade esteve correlacionada com o número de espermatogônias A por seção de

túbulo seminífero (TS; r = 0,50; P<0,05) e C às 44 sem. de vida

correlacionou-se (P<0,05) com o número de espermatogônias A por célula de

Sertoli (r = 0,54), por testículo (r = 0,55), por seção transversal de TS (r =

0,65), produção diária de espermatogônias A (r = 0,56) e número de células

de Sertoli por seção de TS (0,57) e por testículo (r = 0,65).

Uma vez que a população de células de Sertoli é estabelecida até a

puberdade (SHARPE, 1994), essas correlações mostram a importância dessas

células no crescimento e produção de células germinativas, mostrando que

animais que possuem maior número de células de Sertoli, apresentam maior

produção diária de espermátides arredondadas e maior concentração

espermática.

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Com relação às correlações entre a secreção de testosterona e

parâmetros histológicos, foram detectadas correlações entre as concentrações

basais de testosterona (T) às 23 sem. de idade e o número de espermatogônias

B por célula de Sertoli (r = 0,53; P<0,05) e diâmetro nuclear das células de

Sertoli (r = 0,46; P<0,05). Às 32 sem., T correlacionou-se com o número de

células de Sertoli por grama de parênquima testicular (r = 0,51) e às 42 sem.,

T correlacionou-se novamente com o número de espermatogônias B por célula

de Sertoli (r = 0,53). Estas correlações entre T e parâmetros relacionados às

células de Sertoli são importantes, devido à importância das células de Sertoli

na regulação da espermatogênese. Sabe-se que as células de Sertoli

apresentam receptores para testosterona, e que estas células secretam

inúmeras proteínas sob estimulação deste hormônio (COUROT et al. , 1980;

NASS et al. , 1990; FOUCHÉCOURT et al. , 1999) as quais podem influenciar

a qualidade seminal. Nesse sentido, a maioria das características indicadoras

da qualidade seminal também esteve correlacionada com T às 23 sem. de

idade, sugerindo que maiores concentrações de T nesta idade estimulariam a

síntese de proteínas, por parte das células de Sertoli, importantes para o

metabolismo espermático.

O fato da grande maioria das características histológicas, mais

notadamente aquelas ligadas às células germinativas, não se correlacionar

com as concentrações de testosterona, deve-se ao fato de as concentrações

basais de testosterona não refletirem a capacidade máxima de secreção das

células de Leydig. Esta só se dá quando elas são estimuladas pela injeção de

GnRH (RODRIGUES, 2000). De fato, estudos com touros mostraram que

correlações entre os níveis estimulados de testosterona e características

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testiculares observadas após injeção de GnRH, não foram detectadas com os

níveis basais de testosterona (PALAZ et al. , 1994; GÁBOR et al. , 1995).

O peso testicular às 50 sem. de idade estava correlacionado com o

peso do epidídimo (r = 0,75; P<0,01), comprimento (r = 0,91; P<0,01),

diâmetro (r = 0,77; P<0,01) e volume testicular (r = 0,88; P<0,01), volume

ocupado pelo parênquima testicular (r = 0,89; P<0,01) e túbulos seminíferos (r

= 0,88; P<0,01). Correlacionou-se, ainda, com o número de espermatócitos em

leptóteno (r = 0,50; P = 0,04), e em paquíteno por célula de Sertoli (r = 0,59; P

= 0,017) e por seção de TS (r = 0,52; P = 0,047) e número de espermátides

arredondadas por célula de Sertoli (r = 0,66; P = 0,006) e por seção de túbulo

seminífero (r = 0,52; P = 0,007).

O peso do epidídimo esteve correlacionado com o comprimento (r =

0,59; P<0,01) e volume testicular (r = 0,53; P<0,01), com o volume ocupado

pelo parênquima (r = 0,52; P<0,01) e pelos túbulos seminíferos (r = 0,54;

P<0,01) e pelo diâmetro dos túbulos seminíferos (r = 0,54; P<0,05). Foram

detectadas correlações, também, com o número de espermatócitos em paquíteno

(r = 0,55; P<0,05) e espermátides arredondadas (r = 0,61; P<0,01) por célula de

Sertoli.

O volume testicular (VT) apresentou correlações de alta magnitude com

o volume do parênquima testicular (r = 0,99; P<0,001), volume ocupado pelos

túbulos seminíferos (r = 0,97; P<0,001), comprimento (r = 0,89; P<0,01) e

diâmetro testicular (r = 0,95; P<0,01) às 50 sem., e de média magnitude com

o número de espermátides arredondadas por célula de Sertoli (r = 0,58;

P<0,05) e por testículo (r = 0,50; P<0,05) e número de espermatócitos em

paquíteno por testículo (r = 0,50; P<0,05).

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118

O comprimento tubular total correlacionou-se com os seguintes tipos

celulares por testículo (P<0,05): número de células de Sertoli (r = 0,87),

espermatogônias B (r = 0,52), espermatócitos em paquíteno (r = 0,78) e

espermátides arredondadas (r = 0,77). Detectaram-se, ainda, correlações ainda

com a produção diária de espermatogônias B (r = 0,52), de espermatócitos em

paquíteno (r = 0,79) e de espermátides arredondadas (r = 0,78). Já o diâmetro

tubular correlacionou-se com o número de espermátides arredondadas por

seção de túbulo seminífero (r = 0,50; P<0,05) e por testículo (r = 0,54;

P<0,05).

Todos os tipos celulares por seção de TS correlacionaram-se (r > 0,80;

P<0,001) entre si por célula de Sertoli e por testículo, e com sua produção

diária. O número de espermatócitos em leptóteno correlacionou-se (P<0,05)

com as seguintes células por seção de TS: espermatócitos em paquíteno (r =

0,70), espermátides arredondadas (r = 0,53) e células de Sertoli (r = 0,55). Do

mesmo modo, o número de espermatócitos em paquíteno por seção de TS

esteve correlacionado (P<0,05) com o número de espermátides arredondadas

(r = 0,82) e células de Sertoli (r = 0,52) por seção de TS, número de

espermátides arredondadas (r = 0,61) e espermatócitos em leptóteno (r = 0,61)

por célula de Sertoli e leptótenos por testículo (r = 0,69).

O número de espermátides arredondadas por seção de TS esteve

correlacionado (P<0,05) com o número de espermatócitos em paquíteno e

leptóteno por testículo (0,67 e 0,62) e sua produção diária (r = 0,67 e 0,61),

respectivamente.

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119

Por sua vez, o número de células de Sertoli por testículo correlacionou-

se com todos os demais tipos celulares por testículo (r = 0,53 a 0,83; P<0,05)

e suas produções diárias (r = 0,52 a 0,82; P<0,05).

Os achados para esses tipos celulares estão de acordo com os resultados

obtidos em ovinos sem raça definida (QUEIROZ & CARDOSO, 1989), e

ressaltam a importância das células de Sertoli na regulação da

espermatogênese e suporte às células germinativas, demonstrado pelas

correlações entre população de células de Sertoli e números de células

germinativas, bem como sua produção diária por testículo.

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120

5 CONCLUSÕES

Os resultados desse estudo mostram, pela primeira vez, as interações

entre os eventos relacionados ao desenvolvimento testicular, secreção de

testosterona e aspectos quanti-qualitativos do sêmen durante o primeiro ano de

vida em carneiros Santa Inês. Desse modo, avaliação da biometria testicular em

cordeiros poderia permitir a pré-seleção de animais para reprodução.

Confirmou-se também que, à idade de 50 semanas, as células de Sertoli estão

associadas aos diversos tipos de células germinativas nos túbulos seminíferos,

enfatizando sua importância para a produção espermática.

Animais com maior desenvolvimento testicular foram também mais

precoces, atingindo a puberdade mais cedo. Entretanto, os parâmetros seminais

nessa fase sugerem que só algumas semanas mais tarde (cerca de 42 semanas de

idade) esses animais devem ser utilizados de forma moderada como

reprodutores, em sistema de monta controlada ou em colheita de sêmen para

uso a fresco. Com base nesses achados, a separação entre sexos deve ser feita

até 22 sem. de vida para se evitar prenhezes indesejadas, uma vez que a partir

dessa idade os animais já são capazes de produzir espermatozóides.

O aumento da concentração protéica no plasma seminal pode estar

relacionado às diversas funções exercidas por essas proteínas na maturação

epididimal e metabolismo espermático. As associações encontradas entre a

presença de determinadas bandas protéicas e alguns parâmetros reprodutivos

em idades específicas sugere a possibilidade de seu uso como marcadores

moleculares para a fertilidade. Entretanto, estudos mais detalhados são

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121

necessários para identificação e caracterização dessas proteínas, de modo a

confirmar essas associações.

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7 - ANEXOS

Anexo 1: Composição das soluções de estoque utilizadas para a determinação do perfil eletroforético das proteínas do plasma seminal.

Soluções

Reagentes A B C D** E F

Acrilamida* 30 g - - - - -

Bisacrilamida* 0,8 g - - - - -

Tris* (1,5M) - 18,17 g 12,0 g - -

Tris* (0,5M) 6,06 g

Ácido clorídrico (6N) (q.s.p.) - pH 8,8 pH 6,8 - - -

Glicina* - - - 57,6 g - -

SDS (10%)* - - - 40 mL 2,6 mL -

2-mercaptoetanol* - - - - 200 µL -

Persulfato de amônio* - - - - - 0,5 g

Solução C - - - - 1,25 mL -

Glicerol* 30 g - - - 1,26 g -

EDTA (Na4) 0,5M* - - - - 10 µL -

EGTA 0,2M* - - - - 25 µL -

Azul de bromofenol 0,1%* - - - - 1,5 mL -

Água milli-Q (q.s.p.) 100 mL 100 mL 100 mL 500 mL 10 mL 5 mL * Electrophoresis grade (99+%) – Acros Organics * N,N’-Methylene-Bis-Acrylamide, electrophoresis grade – Acros Organics * Tris(hydroxymethyl)aminomethane (99+%) – Acros Organics * Glycine, electrophoresis grade – Acros Organics * Dodecyl sulfate, sodium salt, electrophoresis grade – Acros Organics * 2-mercaptoethanol (electrophoresis) – Acros Organics * Ammonium persulfate (98+%) – Acros Organics * Glycerol (99+%) – Acros Organics * Ethylenediaminetetraacetic acid, tetrasodium salt – Sigma Aldrich * Ethylene glycol-bis(2-aminoethyl)-N,N,N’,N’-tetraacetic acid – Sigma Aldrich * Bromophenol blue – Sigma Aldrich ** Solução concentrada (8 X)

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Anexo 2: Soluções para o preparo dos géis utilizados para a determinação do perfil eletroforético das proteínas do plasma seminal.

Soluções de estoque Gel de empilhamento (3,5%) (µL)

Gel de separação (12,5%) (µL)

A 500 6.024

B - 4.680

C 1.250 -

SDS (10%) 49,3 150

F 50 100

TEMED* 15 15

Água milli-Q 3.100 4.027

*N,N,N’,N’-tetramethylethylenediamine (for electrophoresis) – Sigma Aldrich

Anexo 3: Solução de coloração* dos géis utilizados para a determinação do perfil eletroforético das proteínas do plasma seminal.

Solução Estoque Quantidade

Coomassie Brilliant Blue R-350** 1 tablete

Metanol (mL) 60

Água milli-Q (mL) 40

* Solução de estoque (0,4%), estável por uma semana (4°C). No momento da coloração,

misturar 1 parte da solução de estoque a 1 parte de solução a 20% de ácido acético.

** PhastGel Blue R – Amersham Biosciences

Anexo 4: Solução de descoloração dos géis utilizados para a determinação do perfil eletroforético das proteínas do plasma seminal.

Solução Estoque Quantidade

Ácido acético (mL) 100

Metanol (mL) 350

Água milli-Q (mL) 400