Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
LUCAS CRUZ SILVA
RENAN DA VENDA ACOSTA
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE POÇOS DE PETRÓLEO ATRAVÉS
DA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCEDIMENTOS DE CANHONEIO
Niterói, RJ
2016
LUCAS CRUZ SILVA
RENAN DA VENDA ACOSTA
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE POÇOS DE PETRÓLEO ATRAVÉS
DA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE PROCEDIMENTOS DE CANHONEIO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Engenharia
de Petróleo da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel
em Engenharia de Petróleo.
Orientador:
Profa. Juliana Souza Baioco
Niterói, RJ
2016
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
S586 Silva, Lucas Cruz
Avaliação da produtividade de poços de petróleo através da
simulação numérica de procedimentos de canhoneio / Lucas Cruz
Silva, Renan da Venda Acosta. – Niterói, RJ : [s.n.], 2016.
148 f.
Trabalho (Conclusão de Curso) – Departamento de Engenharia
Química e de Petróleo – Universidade Federal Fluminense, 2016.
Orientador: Juliana Souza Baioco.
1. Poço de petróleo. 2. Canhoneio. 3. Método dos volumes finitos.
4. Equação da difusividade hidráulica. I. Acosta, Renan da Venda.
II. Título.
CDD 622.3381
AGRADECIMENTOS DA DUPLA
À UFF que propiciou um ambiente de conhecimentos e desafios que contribuíram
para a nossa evolução.
À nossa orientadora Juliana Baioco pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho
de conclusão de curso dada desde o início, quando ainda não sabíamos ao certo sobre o que
apresentar.
Ao aluno de mestrado da UFRJ Ronnymaxwell Santana pela grande ajuda na etapa
de execução do software usado neste trabalho e pronto atendimento seja por e-mail ou em
algumas das visitas ao laboratório do SAGE, na UFRJ.
Por fim, aos amigos da UFF: Luão, 01, Ruth Bruno, Nativa, Batata, Fraga, Gabriel
(Madureira), Renatinho, Tonhão (Borracha), Jéssica, Luiza, Thiago Velho e JP.
AGRADECIMENTOS DO LUCAS
Primeiramente agradeço aos meus pais, Socorro e Valdemir, que sempre me
apoiaram nos meus estudos e sempre buscaram a melhor forma de contribuir para meu
crescimento. Além de me guiar e me dar conselhos que levarei para o resto da minha vida.
Às minhas irmãs que me inspiraram e me ajudaram nessa conquista, sempre com
incentivos aos estudos.
À equipe da Raízen, pessoas muito dedicadas e companheiras, que são
comprometidas com o trabalho, exercendo-o com extrema qualidade, além de terem contribuído
para o meu crescimento e início nessa caminhada profissional.
Aos meus amigos de infância, de Goiânia, da faculdade, de Liverpool, do TETO,
da China, do mandarim que me acompanharam ao longo da minha vida, e que de alguma forma,
contribuíram para meu crescimento, tanto profissional, quanto em momentos de lazer.
Finalmente, ao Renão (vulgo esponjinha), que contribuiu junto comigo para a
realização desse trabalho de conclusão de curso, e por ser um grande amigo que me
acompanhou desde o começo da faculdade.
AGRADECIMENTOS DO RENAN
Agradeço a Deus, por todos os desafios superados e conquistas alcançadas ao longo
destes anos, no meio pessoal, acadêmico e profissional.
À pessoa mais importante na minha vida, minha mãe, Elaine, por incondicional
apoio, carinho, amizade e esforços realizados. Ao meu pai, Luiz Fernando, pelos conselhos,
exemplos e preocupação para que eu me torne um profissional tão bom quanto ele é e acima de
tudo uma pessoa querida por todos.
Ao meu irmão, Victor, por ser para mim uma referência de responsabilidade e
caráter.
À minha namorada e amiga, Julia, por fundamental apoio e compreensão nas
diversas noites de estudo e no período de intercâmbio para a Hungria e por seu amor e carinho
nesses mais de 6 anos que estamos juntos e por muitos que ainda virão.
Aos meus avós, tios, padrasto, primos, mas em especial para meu avô, Souza (in
memoriam), pela sua dedicação, amor e amizade que sempre teve comigo, e que lamento muito
não estar presente para me ver formado como engenheiro de petróleo.
Aos meus amigos da UFF e também os que construí ao longo da vida pelos
momentos de estudo, lazer e amizade. Em especial ao meu amigo e dupla neste TCC, Lucas
(Paraíba), por sua grande amizade desde os tempos de estudo de Orgânica I ou Cálculo I em
sua casa mas também pela enorme contribuição para que este trabalho desse certo.
Ao Botafogo de Futebol e Regatas, por me proporcionar momentos de felicidade e
de sofrimento. “Botafogo, meu destino, sua estrela e seu brilho, me chamaram me atraíram, não
escolho, fui escolhido”.
Por fim, à companhia Parnaíba Gás Natural, por acreditar no meu potencial e em
especial ao time de reservatórios, equipe de enorme conhecimento técnico e que sempre me
ajudou muito durante período de estágio, não só em esclarecimento de dúvidas para realização
deste projeto de conclusão de curso, mas também passando conhecimento que considero de
grande importância na minha formação acadêmica.
"Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível”.
Charles Chaplin
RESUMO
Atualmente, a operação de canhoneio é amplamente conhecida e
executada em poços de petróleo. Esta operação consiste em comunicar a região interna do poço
com o reservatório, a partir de cargas explosivas alocadas dentro de canhões que são descidos
no poço e que formam aberturas na formação, com uma certa geometria de abertura e taxa de
penetração, a depender do tipo de carga usada, tipo de rocha a ser canhoneada, etc.
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo principal estudar este processo e
analisar a relação entre tipo de carga explosiva, geometria de abertura e taxa de penetração na
rocha com um dos principais parâmetros da indústria do petróleo, que é a produtividade dos
poços. O modelo matemático envolveu a utilização da Equação da Continuidade, Equação de
Darcy e Equação de Estado, a fim de se obter a Equação da Difusividade Hidráulica, lei que
melhor rege o escoamento de fluidos em meios porosos. O modelo numérico foi usado para se
obter uma solução aproximada, porém coerente com a realidade do sistema poço-reservatório.
Para isso, utilizou-se o Método dos Volumes Finitos e o método IMPES (Implict Pressure
Explict Saturation).
Todo equacionamento numérico-matemático foi realizado no software Wolfram
Mathematica 9, levando-se em consideração alguns parâmetros importantes, como a
determinação do grid de simulação (a fim de se coletar os melhores resultados e ser viável em
tempo computacional), determinação da permeabilidade da zona canhoneada (sendo
considerada muito maior que a permeabilidade usada para o restante do reservatório), critério
de estabilidade, entre outros parâmetros. Com isso, o principal resultado gerado é relativo à
produtividade dos poços para cada cenário estudado, que posteriormente foi analisado e
comparado.
Palavras-chave: Canhoneio, Equação da Difusividade Hidráulica, Método dos
Volumes Finitos, Método IMPES.
ABSTRACT
Nowadays, the perforation operation is widely known and executed in oil well. This
operation consists in communicate the inside region of the well with the reservoir, using
explosive charges allocated inside the gun which are put in the well and penetrate the rock
formation, with a certain open geometry and penetration rate, depending on gun charge type,
rock properties and etc.
So, this paper has as a main objective study this process and analyse the relation
between explosive charges, geometry of the perforation, penetration rate on the rock with one
of the main parameters of the petroleum engineering, which is productivity. The mathematical
model involved the development of the continuous equation, Darcy equation and the state
equation, in order to obtain the hydraulic diffusivity equation, which determines the fluid flow
through porosity environment. The numerical model was used to obtain an approximate result,
but still reliable to reality of a system well-reservoir. For that, were used finite volume method
and the implicit pressure explicit saturation method (IMPES).
All the numeric-mathematical equations was made in Wolfram Mathematica 9,
considering some important parameters, as study of the grid (important to choose a reliable
result but also in a worth time, which would use less computer work time), determination of the
permeability in the perforated zone (been considered higher than the rest of the reservoir), and
other parameters. Thereby, the main output is related to the well productivity for each case
study, which was analysed and compared.
Key-words: Perforation, hydraulic diffusivity equation, finite volume method,
implicit pressure explicit saturation method (IMPES).
LISTA DE SIGLAS
A Área de uma face
AOF Absolut open flow
API Grau API
B Fator Volume Formação
Bo
Fator Volume Formação do óleo
Boi Fator Volume Formação inicial do óleo
Bw
Fator Volume Formação da água
Bwi
Fator Volume Formação inicial da água
Cf Compressibilidade efetiva
co Compressibilidade do óleo
cw
Compressibilidade da água
g Gravidade
k Permeabilidade absoluta
kro
Permeabilidade relativa ao óleo
krw
Permeabilidade relativa à água
m Massa
mα Vazão mássica em direção α
macúmulo Massa de acúmulo
mentrada Massa de entrada
msaída Massa de saída
mfonte Massa fonte
P Pressão
p Pressão interna
Pbolha Pressão de bolha
Pc Pressão capilar
Pcow Pressão capilar óleo-água
Pmolhante Pressão molhante
Pnão molhante Pressão não molhante
Pi Pressão inicial
Po Pressão de óleo
Poi Pressão de óleo inicial
Pw Pressão de água
Pwi Pressão de água inicial
qpoço,STD Vazão de poço por unidade de volume em condições STD
qo,STD Vazão de óleo em condições STD
qw,STD Vazão de água em condições STD
r Raio
S Saturação
Sf Saturação de fluido
So Saturação de óleo
Sw Saturação de água
Soi Saturação de óleo inicial
Swi Saturação de água inicial
SPF Shot-per-foot
T Temperatura
t Tempo
V Volume
Vf Volume de fluido
Vt Volume total
Vp Volume de vazios/poros
ρ Massa específica
µ Viscosidade do fluido
µo Viscosidade do óleo
µom Viscosidade do óleo morto
µw Viscosidade da água
Φ Potencial de fluxo
ϕ Porosidade
ʋ Velocidade
ʋr Velocidade na direção r
ʋz Velocidade na direção z
ʋӨ Velocidade na direção Ө
Δt
Variação de tempo
ΔV
Variação de volume
η
Constante da difusividade hidráulica
ºAPI
Grau API
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 O desenvolvimento da tecnologia de canhoneio ................................................. 27
Figura 2.2 Canhoneio convencional ..................................................................................... 28
Figura 2.3 Canhoneio TCP ................................................................................................... 29
Figura 2.4 Canhoneio através da coluna de produção .......................................................... 29
Figura 2.5 Carga explosiva ................................................................................................... 30
Figura 2.6 Processo de canhoneio (momento da explosão) .................................................. 31
Figura 2.7 Classificação de canhoneio ................................................................................. 32
Figura 3.1 Rocha reservatório contendo três fluidos: água, óleo e gás ................................. 37
Figura 3.2 Curvas de permeabilidade relativa versus saturação de água .............................. 39
Figura 3.3 Exemplo de gráfico de fator volume formação de um óleo ................................. 42
Figura 3.4 Elemento cilíndrico e seção de análise ................................................................ 44
Figura 3.5 Malha uniforme .................................................................................................... 53
Figura 3.6 Malha não uniforme ............................................................................................. 53
Figura 4.1 Esboço da região canhoneada (cenário 1) ........................................................... 66
Figura 4.2 Esboço da região canhoneada (cenário 2) ............................................................ 66
Figura 4.3 Esboço da região canhoneada (Cenário 3) ........................................................... 67
Figura 4.4 Esboço da região canhoneada (Cenário 4) ........................................................... 67
Figura 4.5 Evolução exponencial do tempo para cada grid ................................................... 70
Figura 4.6 Comprimento na direção r de cada bloco ............................................................. 74
Figura 4.7 Número de blocos em cada região ....................................................................... 75
Figura 4.8 Tempo do passo de tempo e tempo total de simulação ........................................ 76
Figura 4.9 Utilização de malha irregular e sua função, valor de convergência da
pressão e altura da região de transição entre a região do óleo e o
aquífero ............................................................................................................. 76
Figura 4.10 Determinação de uma vazão prescrita ............................................................... 77
Figura 4.11 Pontos iniciais e finais de abertura da zona de óleo e água ............................... 77
Figura 4.12 Representação gráfica do aquífero, da zona de óleo e da zona aberta
à produção ....................................................................................................... 79
Figura 4.13 Reservatório cilíndrico e a representação da diferença da zona de
óleo e água..................................................................................................... 79
Figura 4.14 Auxiliares para preencher os valores nas matrizes............................................. 80
Figura 4.15 Gráfico fator volume – formação ....................................................................... 81
Figura 4.16 Gráfico da viscosidade da água e óleo em função da pressão ........................... 82
Figura 4.17 Gráfico da permeabilidade relativa da água e do óleo em função
da saturação .................................................................................................... 83
Figura 4.18 Gráfico da pressão capilar em função da saturação ........................................... 83
Figura 4.19 Matriz porosidade .............................................................................................. 84
Figura 4.20 Auxiliares para preenchimento da permeabilidade na zona
Canhoneada .................................................................................................... 84
Figura 4.21 Condições para colocar os pontos de alta permeabilidade na zona
canhoneada .................................................................................................... 85
Figura 4.22 Colocação da anisotropia na matriz permeabilidade ......................................... 85
Figura 4.23 Integral para descrever a região de transição ..................................................... 86
Figura 4.24 Matriz auxiliar para realizar o método IMPES .................................................. 86
Figura 4.25 Condições de simulação para que haja convergência ........................................ 87
Figura 4.26 Condições de iteração ........................................................................................ 87
Figura 4.27 Condição de execução das equações do óleo e suas equações .......................... 88
Figura 4.28 Condição para eliminar a zona de água e de injeção do problema
abordado ....................................................................................................... 89
Figura 4.29 Volume produzido acumulado ........................................................................... 89
Figura 4.30 Condição de simulação para convergir .............................................................. 89
Figura 4.31 Primeira condição – Condição de valores internos da matriz ............................ 90
Figura 4.32 Segunda condição – condição da primeira coluna sem os vértices ................... 90
Figura 4.33 Terceiro condição - condição da última coluna sem os vértices ........................ 91
Figura 4.34 Quarta condição – condição da primeira linha sem os vértices ......................... 91
Figura 4.35 Quinta condição - condição da última linha sem os vértices ............................. 91
Figura 4.36 Sexta condição – Condição do vértice 1x1 ........................................................ 91
Figura 4.37 Sétima condição - Condição do vértice Nzx1 .................................................... 92
Figura 4.38 Oitava condição - Condição do vértice 1xNr ..................................................... 92
Figura 4.39 Nona condição - Condição do vértice NzxNr .................................................... 92
Figura 4.40 Gráfico de vazão de óleo X tempo (Cenário 1) ................................................. 94
Figura 4.41 Gráfico de vazão de óleo X tempo (Cenário 2) ................................................. 94
Figura 4.42 Gráfico de vazão de óleo X tempo (Cenário 3) ................................................. 95
Figura 4.43 Gráfico de vazão de óleo X tempo (Cenário 4) ................................................. 95
Figura 4.44 Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 1) ................................ 96
Figura 4.45 Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 2) ................................ 97
Figura 4.46 Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 3) ................................ 97
Figura 4.47 Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 4) ................................ 98
Figura 4.48 Comportamento da pressão de fundo de poço ao longo do
reservatório (esboço para os cenários 4x1 e 6x1) ...................... 98
Figura 4.49 Comportamento da pressão de fundo de poço ao longo do
reservatório (esboço para os cenários 4x2 e 6x2)
...................... 99
Figura 4.50 Produção de óleo acumulado (Cenário 1) ......................................................... 99
Figura 4.51 Produção de óleo acumulado (Cenário 2) ......................................................... 100
Figura 4.52 Produção de óleo acumulado (Cenário 3) ......................................................... 100
Figura 4.53 Produção de óleo acumulado (Cenário 4) ......................................................... 101
Figura 4.54 Produção de óleo acumulada (Cenários 1, 2, 3 e 4) .......................................... 101
Figura 4.55 Produção de óleo acumulado – 5 anos (Cenário 1) .......................................... 103
Figura 4.56 Produção de óleo acumulado – 5 anos (Cenário 2) .......................................... 103
Figura 4.57 Produção de óleo acumulado – 10 anos (Cenário 1) ......................................... 104
Figura 4.58 Produção de óleo acumulado – 10 anos (Cenário 2) ........................................ 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Características de projéteis de canhoneio ......................................................... 21
Tabela 4.1 Geometria de canhoneio dos cenários analisados ............................................. 65
Tabela 4.2 Tempo de Simulação ......................................................................................... 70
Tabela 4.3 Volume de óleo produzido para todos os grids ................................................. 71
Tabela 4.4 Casos executados no critério de permeabilidade .............................................. 73
Tabela 4.5 Tempo de simulação para permeabilidade de canhoneio mil vezes maior ....... 74
Tabela 4.6 Dados de geometria do sistema ......................................................................... 76
Tabela 4.7 Dados do reservatório ....................................................................................... 77
Tabela 4.8 Tempo de execução por cenário ........................................................................ 93
Tabela 4.9 Volume de óleo produzido .............................................................................. 101
Tabela 4.10 Volume de óleo produzido – 5 e 10 anos .................................................... 105
SUMÁRIO
1 Introdução ....................................................................................................................... 21
1.1 Estrutura do trabalho ................................................................................................ 22
2 Canhoneio ........................................................................................................................ 24
2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 24
2.2 Histórico ...................................................................................................................... 26
2.3 Descrição do processo de canhoneio .......................................................................... 27
2.4 Classificação ............................................................................................................... 32
2.4.1 Underbalance ........................................................................................................ 33
2.4.2 Overbalance .......................................................................................................... 33
2.4.3 Extreme Overbalance ............................................................................................ 34
3 Modelagem ...................................................................................................................... 35
3.1 Propriedade das Rochas .............................................................................................. 35
3.1.1 Rochas Reservatório ............................................................................................. 35
3.1.2 Porosidade ............................................................................................................. 35
3.1.3 Compressibilidade ................................................................................................ 36
3.1.4 Saturação dos fluidos ............................................................................................ 37
3.1.5 Permeabilidade ...................................................................................................... 38
3.2 Propriedade dos fluidos ..............................................................................................
40
3.2.1 Viscosidade ........................................................................................................... 40
3.2.2 Fator Volume-Formação ....................................................................................... 41
3.2.3 Pressão Capilar ..................................................................................................... 42
3.3 Modelos matemáticos ................................................................................................. 43
3.3.1 Equação da Continuidade ..................................................................................... 43
3.3.2 Equação de Darcy ................................................................................................. 47
3.3.3 Equação de Estado ................................................................................................ 48
3.3.4 Equação da Difusividade Hidráulica .................................................................... 48
3.4 Modelo numérico ........................................................................................................ 51
3.4.1 O método dos Volumes Finitos ............................................................................ 51
3.4.2 Execução do Método dos Volumes Finitos ......................................................... 54
3.4.3 Método IMPES ..................................................................................................... 60
3.4.4 Execução do Método IMPES ................................................................................ 61
4 Estudo de Caso ................................................................................................................ 65
4.1 Critérios de simulação ................................................................................................ 68
4.1.1 Determinação do Grid ........................................................................................... 68
4.1.2 Critério de permeabilidade .................................................................................... 71
4.1.3 Critério de estabilidade ......................................................................................... 73
4.2 Construção do simulador ............................................................................................
75
4.2.1 Dados de Entrada .................................................................................................. 75
4.2.2 Procedimento de cálculo ....................................................................................... 78
4.2.3 Processo de iteração .............................................................................................. 87
4.3 Resultados ................................................................................................................... 93
4.3.1 Um ano de produção ............................................................................................. 93
4.3.2 Cinco e dez anos de produção ............................................................................... 102
5 Conclusão ......................................................................................................................... 106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 108
APÊNDICE A ..................................................................................................................... 110
APÊNDICE B ..................................................................................................................... 111
APÊNDICE C ..................................................................................................................... 112
APÊNDICE D ..................................................................................................................... 113
APÊNDICE E ..................................................................................................................... 114
APÊNDICE F ..................................................................................................................... 115
APÊNDICE G .................................................................................................................... 116
APÊNDICE H .................................................................................................................... 117
APÊNDICE I ...................................................................................................................... 118
APÊNDICE J ...................................................................................................................... 119
APÊNDICE K .................................................................................................................... 120
1 Introdução
Após a perfuração e completação de um poço de petróleo, é necessária a realização
da etapa de canhoneio. Isso por que, é através deste processo que o poço fica de fato aberto à
produção, uma vez que, após as cargas serem disparadas, estas perfuram o revestimento (casing)
e um pequeno trecho da formação produtora de óleo, conectando a parte interna do poço com a
rocha reservatório.
Entretanto, as grandes questões a serem levantadas em um processo como este estão
relacionadas à posição do canhão e o tipo de carga a ser usada, pois, a depender do tipo de carga
escolhida, sua disposição no canhão e a quantidade, uma determinada geometria de abertura na
rocha e uma certa taxa de penetração será alcançada. A tabela 1.1 resume alguns tipos de carga
e sua penetração média na rocha. Quanto à posição do canhão, a solução para isso usualmente
é canhonear o poço em regiões afastadas da zona de água, a fim de minimizar a produção de
água.
Tabela 1.1 – Características de projéteis de canhoneio
FONTE: Adaptado de Schlumber, HSD Perforating Gun
22
Sendo assim, um grande objetivo e motivação deste trabalho é a análise de
diferentes geometrias de abertura e penetração de canhoneio e sua relação direta com a
produção de petróleo. Para isso, foi utilizado um simulador numérico de reservatórios,
desenvolvido por SANTANA (2014), a partir de equações de fluxo de fluido em meios porosos,
método dos volumes finitos e método IMPES (Implict Pressure, Explict Saturation). Na
execução dos diversos cenários de simulação, foi tomado o cuidado de manter constantes as
propriedades de rocha e fluido e apenas variar de um caso para o outro a geometria de canhoneio.
Estes cenários foram analisados para o período de 1 ano de produção, mas também para 5 e 10
anos. Após a execução, estes cenários foram alvo de análise, comparação, grande aprendizado
e desafios para trabalhos futuros.
Outra grande motivação no desenvolvimento deste trabalho foi gerar um trabalho
que pudesse servir para aprendizado e estudo para gerações futuras do curso de Engenharia de
Petróleo da Universidade Federal Fluminense, a fim de aproximar mais o aluno da simulação
de reservatórios, facilitando a análise de como cada propriedade de rocha e fluido influenciam
na produtividade de poços de petróleo.
1.1 Estrutura do trabalho
Para um melhor entendimento e compreensão do leitor, este trabalho de conclusão
de curso foi organizado da seguinte forma:
Capítulo 1: Introdução, objetivo, motivação e estrutura do trabalho;
Capítulo 2: Breve revisão bibliográfica, tratando de assuntos ligados ao canhoneio
como: Definição, histórico, descrição do processo e classificação;
Capítulo 3: Metodologia envolvida no simulador, como: Propriedades de rocha e
fluido, modelo matemático (Equação da Continuidade, Equação de Darcy, Equação de estado
e Equação da Difusividade Hidráulica) e modelo numérico (Método dos Volumes finitos e
método IMPES);
Capítulo 4: Passo a passo da funcionalidade do simulador, como: dados de
entrada, correlações adotadas, matrizes de permeabilidade e saturação, processo de iteração e
resultados obtidos. Além disso é apresentado a forma de determinação do grid de simulação,
critérios usados para determinação de permeabilidade, critério de estabilidade e comparação e
23
análise dos diversos cenários estudados;
Capítulo 5: Apresentada conclusão do trabalho e desafios para trabalhos futuros.
24
2 Canhoneio
Após a perfuração, a maioria dos poços são construídos com a utilização de tubos
de aço (revestimentos). Esse processo ocorre devido a uma série de objetivos a serem cumpridos
para a futura exploração. Um deles é possibilitar a seletividade de zonas que serão exploradas
ou injetadas, outro, por exemplo, seria evitar desmoronamento ou colapso da parede da
formação e manter um diâmetro constante. Assim, para manter essa coluna de revestimentos
fixa formando o poço, o espaço anular entre o tubo de aço e a rocha sofre uma cimentação,
promovendo total fixação. Após a cimentação, como se pode perceber, perde-se o contato do
poço com o reservatório, e para que possa ser feita uma reconexão, o canhoneio é o processo
utilizado para tal acontecimento.
O processo consiste em abrir caminhos no tubo metálico e na formação, variando
de geometria e propriedades físicas de acordo com cada diferente tipo de reservatório. São
utilizadas cargas explosivas alocadas dentro de canhões que são descidos no poço e por isso,
danos à formação acontecem no momento de abertura dos túneis, o qual prejudica o fluxo de
fluidos pela diminuição da permeabilidade dessa zona afetada. Tal perda de permeabilidade se
dá devido à compactação dos detritos da carga no processo de explosão em que os jatos das
cargas entram na formação com alta energia.
Assim, esse processo é de grande importância para que a execução seja feita de
maneira a maximizar os túneis, minimizando os possíveis danos que venham a ocorrer, para
que a vida produtiva do poço seja a maior possível.
2.1 Revisão Bibliográfica
Ao longo do desenvolvimento da indústria de petróleo, desafios para sua
prospecção foram aparecendo. No começo primitivo, os reservatórios eram tão rasos e simples
que contrastam a realidade atual de busca por essa riqueza no fundo do assoalho oceânico.
Assim, técnicas foram sendo desenvolvidas para tal complexidade. A completação, uma das
etapas do processo de upstream, sofreu um grande estudo para melhoramento e
aperfeiçoamento, já que é diretamente ligada ao desempenho do poço. Alguns estudos de
25
canhoneio são apresentados como forma de entender a geometria que esta operação condiciona
o poço e alguns avanços que esta área sofreu.
HARRIS (1966) através de equações de um sistema ideal conseguiu resolver, com
um modelo baseado em simulações computacionais, o problema de calcular fluxo em um poço
completado e canhoneado. Ele conseguiu resultados com 3% de erro, além de determinar efeitos
de skin numa série de curvas adimensionais. Assim, com esse modelo, taxas de produtividade
puderam ser rapidamente estimadas numa atividade de campo real e efeitos de anisotropia
puderam ser atribuídos ao modelo para precisão do cálculo. Harris observou uma melhor
produtividade em canhoneados mais extensos e distribuído perpendicularmente ao poço,
formando planos horizontais.
FURUI (2007) estudaram técnicas para aumentar a produtividade, já que essa parte
do canhoneio é crucial para o desempenho ao longo da vido do poço, a fim de melhorar o projeto,
dano e efeitos de turbulência. Foi determinado que o liner rasgado, fechado, canhoneado e até
mesmo o com presença de gravel-pack, mostraram um aumento de dano, caracterizando perda
de produtividade, já que o fluxo convergente para os canhoneados aumenta a velocidade do
fluido nas vizinhanças do poço e, além disso, qualquer perda redução da permeabilidade dessa
zona (devido à perfuração, completação e outros processos) aumenta o fluxo convergente e
também o fator de skin. Além disso, em seus estudos, quando ocorre significante perda de
permeabilidade, mesmo quando o canhoneio está nas zonas danificadas, a completação
canhoneada teve melhor desempenho do que utilizando o liner rasgado. Outra observação
importante foi o efeito na zona esmagada, que tem um efeito significativo na produção. Mesmo
assim, foi visto que quando o canhoneio é feito na direção de menor permeabilidade em
reservatórios anisotrópicos, esse efeito é reduzido.
Por último, BAREE (2014) estudaram possíveis tratamentos para que a
produtividade seja máxima levando em consideração fatores econômicos de investimento,
processos que aumentassem o comprimento lateral do canhoneado, faturamento e
melhoramento do projeto do poço. Foi concluído que, a longo prazo, a fratura no comprimento
afeta pouco o desempenho de recuperação, mas, num primeiro momento, o índice de
produtividade (IP) aumentou significativamente. Esse processo faz com que seja necessária
uma intervenção para realização de recuperação mais cedo no reservatório, fazendo com que
todo o processo de faturamento inicial seja repensado, pois isso poderá implicar um maior gasto
em menor tempo. Porém, caso sejam feitos tais processos em diferentes tempos, isso não afetará
26
no montante final extraído. Assim, a realização de tal técnica será feita ou não de acordo com
estratégias de mercado, aproveitando altas e baixas no preço do petróleo.
2.2 Histórico
No começo da indústria do petróleo, os poços perfurados eram simples aberturas na
rocha, onde não se fazia uso de tubos de metal para revestimento. Eram típicos buracos abertos
ou que sofriam um disparo contra a rocha com cargas explosivas para estimular o escoamento
de hidrocarbonetos para o poço. Com a evolução da indústria, os poços ficaram mais profundos
e as condições de reservatório tornaram-se mais complexas, tornando o método de completação
com invólucro de canhoneio essencial e familiar no desenvolvimento do campo de óleo. Assim,
esta é uma parte da indústria do petróleo que se dedicou a desenvolver melhores técnicas a fim
de se realizar o melhor canhoneio, em termos de performance e segurança.
No começo dos anos 1900, métodos de perfuração mecânicos foram usados. Trata-
se de uma única lâmina que perfura a tubulação através de uma rotação. A Figura 2.1 mostra
este tipo de perfuração e algumas outras, evidenciando a evolução desta técnica ao longo dos
anos.
A utilização de um projétil veio no meio dos anos 1920. O primeiro mecanismo de
canhoneio utilizado em grande escala foi arma com projétil introduzido em 1932. Nesse método,
um material de aço mais duro que da tubulação perfura o revestimento e o cimento com pouco
dano, e penetra na formação em curtas profundidades. Esse mecanismo foi substituído pelo
mecanismo canhoneio com carga moldada, conhecido como jet perforator ou jet charger.
27
Figura 2.1 – O desenvolvimento da tecnologia de canhoneio
FONTE: Roscoe e Lenn, 1996
Ao longo das décadas, sistemas de canhoneio foram desenvolvidos para uma grande
variedade de aplicações. Atualmente, sofisticados equipamentos detonadores, combinam cargas
moldadas de forma específica com o sistema de wireline, tubing ou coiled tubing, a fim de
correlacionar o melhor resultado para obter o cenário desejável. Qualquer que seja o tamanho
ou método de execução, os explosivos são desenvolvidos em um padrão de intervalo de
canhoneio.
A dimensão do canhoneio é feita de acordo com a necessidade e características do
reservatório, podendo ser feitos múltiplos disparos adjacentes, formando uma espessura na
vertical, ou até mesmo disparos em diferentes sentidos a fim de explorar outras direções do
reservatório.
2.3 Descrição do processo de canhoneio
No processo de canhoneio, é feito inicialmente um reconhecimento da região que
será canhoneada, a fim de evitar certas zonas do reservatório que poderia afetar a produtividade.
Após o reconhecimento da região desejada, as cargas moldadas são alocadas dentro de canhões,
os quais são cilindros de aço que possuem orifícios para fixação. Em seguinte, é escolhido o
método de canhoneio, podendo ser o canhoneio convencional, canhoneio TCP (Tubing
Conveyed Perfurating) ou canhoneio através da coluna de produção. (THOMAS, 2011).
28
As cargas moldadas são criadas para criar uma cavidade ou espaço entre o material
explosivo e a parede alvo. Promovendo o fenômeno conhecido como efeito Monroe, uma onda
de choque produzido pela detonação acelera e deforma o invólucro numa velocidade entre 7300
e 8200 m/s no espaço vazio. (ROSCOE, 1996)
Esse jato da explosão é capaz de cortar materiais de aço de diferente espessura,
dependendo da forma do vazio entre detonador e a tubulação de aço e distância do alvo.
Por causa da eficiência das cargas moldadas serem maiores que a cargas massivas,
elas podem oferecer uma menor quantidade de explosivo necessário para o mesmo objetivo.
No canhoneio convencional as cargas são montadas dentro de receptáculos os quais
evitam o contato delas com o fluido do poço, mostrado na Figura 2.2. O disparo é feito a partir
de um acionamento no cabo elétrico. Junto ao canhão, é descido um perfil CCL (Casing Collar
Locator) para averiguar a profundidade exata dos disparos.
Figura 2.2 - Canhoneio convencional.
FONTE: Perrin, 1999
Já no canhoneio TCP, o canhão já desce acoplado junto à coluna de tubos (Figura
2.3), o qual possui um grande diâmetro e alta densidade de disparos. Esse procedimento é
possível ser realizado com “pressão negativa” (Undebalance), quando ocorre à limpeza dos
túneis.
29
Figura 2.3 - Canhoneio TCP.
FONTE: Perrin, 1999
Por último, no processo de canhoneio através da coluna de produção, os canhões
são descidos por dentro da coluna de produção já montados com o cabo elétrico para a
realização do disparo. A grande vantagem desse processo é a não necessidade de desequipar o
poço para efetuar o canhoneio, mesmo que seja numa nova zona, como pode ser observado na
Figura 2.4.
Figura 2.4 - Canhoneio através da coluna de produção.
FONTE: Perrin, 1999
30
Os tipos de cargas disponíveis são as gun perforating e a jet perforating. A primeira,
feita com munição, perdeu um pouco seu espaço para a jet perforating, estas formadas por jatos
com cargas moldadas. Pelo seu modelo de jatos e a não utilização de munição, este método
consegue uma vantagem maior já que obtém uma melhor penetração e menor dano a formação.
(HARRIS, 1966)
No canhoneio que utiliza o método de jatos, este possui um invólucro externo
(container), o explosivo principal a carga iniciadora (espoleta) e o liner cônico metálico que
penetrará a formação. Atrás da carga iniciadora, passa o cordão de detonação que está
interligado a todas as outras cargas que sofrerão detonação, como observado na Figura 2.5.
(BELLARBY, 2009)
Figura 2.5 - Carga explosiva.
FONTE: Bellarby, 2009 modificado
O invólucro externo é feito de um material metálico e será responsável por suportar
toda a força contrária de recuo que sofrerá após a detonação e evitar interferência nas cargas
adjacentes. O formato cônico de cargas (CSC) cria cavidades cônicas para orifícios circulares
e grande penetração na formação. Combinações de múltiplas cargas são usadas para penetração
em múltiplas direções para melhor extração do hidrocarboneto. O uso de invólucros de aço ao
invés de zinco diminui o decaimento de produtividade da formação, reduz o dano dos
componentes associado à detonação e reduz o custo com fluidos de completação necessários.
31
Tem um papel muito importante para obtenção de máximo de desempenho do disparo. Cada
processo tem sua característica quantidade de carga e dimensão de explosão empregada, assim,
o invólucro externo deve seguir um padrão rígido de fabricação para desempenhar sua função.
A carga iniciadora faz a ligação do cordão de detonação e o explosivo principal,
sendo mais sensível à detonação do que o explosivo principal que será acionado por ela.
O liner cônico metálico é projetado pela explosão e direcionado para a parede da
formação e assim ocorre a formação dos túneis. Tal processo é mostrada na Figura 2.6.
No começo da utilização desse processo, esse liner era feito de um metal rígido e
resistente, o qual após a sua utilização, pedaços e resíduos ficavam na formação prejudicando
o fluxo de fluidos. Após alguns estudos, esse liner passou a ser fabricado por um metal que,
após o disparo, se pulverizava e não prejudicava a finalidade do processo, que é aumentar a
permeabilidade da zona a ser explorada.
Figura 2.6 - processo de canhoneamento (momento da explosão).
FONTE: Bellarby, 2009 modificado
32
Além dessas características levantadas, o explosivo principal pode ter diferentes
características, adequando-se a o projeto proposto. Há cargas voltadas para atingir
profundidades de canhoneado maior, como as deep penetration (DP) e a super deep penetrarion
(SDP), ou àquelas voltadas para um maior diâmetro de entrada, como a big hole (BH) e a super
big hole (SBH). (HARRIS, 1966)
2.4 Classificação
Na realização do disparo do canhoneio, há um encontro das pressões exercidas pelo
poço e pela formação. Desta forma, há uma classificação do processo perante a pressão
resultante, podendo ser de underbalance, overbalance ou extreme overbalance. (Figura 2.7)
(SILVA, 2007)
Figura 2.7 - Classificação de canhoneio.
FONTE: SILVA, 2007 modificada
33
2.4.1 Underbalance
O canhoneio underbalance é caracterizado por ser feito quando a pressão do
reservatório é maior que a pressão do poço. Este método foi empregado na indústria de petróleo,
pois estudos indicam que uma pressão maior no reservatório facilitaria a limpeza de detritos
remanescentes da explosão que por ventura poderiam se alocar nos canais abertos na formação,
gerando um tamponamento e consequentemente uma perda da permeabilidade.
Além dessa vantagem, nas limpezas dos canais, como esse método está numa
pressão menor que a do reservatório, o fluido contido no poço não invade a formação e assim
não a contamina, e o fluxo do reservatório para o poço acontece. Desta forma, como o poço já
possui a vantagem de começar a ser produzido, o poço deve estar todo completado antes da
operação de canhoneio.
Normalmente é preferível utilizar esse método de canhoneio pela sua vantagem de
limpeza de canais e de logo em seguida começar a produção mesmo com o aumento de custos
para a segurança, já que o poço estará vulnerável à pressão do reservatório.
2.4.2 Overbalance
O canhoneio overbalance é caracterizado por haver uma pressão maior no poço do
que na formação. A intensão de manter uma pressão maior é para utilizar o fluido de
completação como amortecedor, isto é, evitar surgência oriunda da formação. Assim, há uma
contaminação da rocha reservatório pelo fluido contido no poço, podendo gerar custos
adicionais futuros para a realização de um tratamento da área afetada.
Nesse método, ocorre o tamponamento causado pelo disparo e pela pressão do poço
superior a do reservatório, já que partículas do fluido, do cimento e do revestimento são
lançadas contra a formação, sendo compactados, bloqueando a passagem do fluido do
reservatório a ser produzido, gerando uma queda de produtividade.
Assim, esse método tem vantagens, pois gera uma segurança no amortecimento da
pressão e a possibilidade de ser executado antes do poço estar totalmente completado.
34
2.4.3 Extreme Overbalance
Este método de canhoneio é um aperfeiçoamento da técnica de overbalance, a
diferença nesse método é que o diferencial de pressão entre o poço e a formação e muito maior
em direção à rocha.
A ideia dessa técnica é criar fraturas de pequena penetração e alta condutividade
que extende-se desde o começo da formação e ultrapassa a zona danificada, causada pelo fluido
e pelo processo, gerando assim um raio de drenagem bem maior que o os outros métodos geram.
Como esse processo segue o padrão do método overbalance, era de se esperar o
tamponamento, porém, devido ao grande diferencial de pressão, os resíduos resultantes do
disparo acabam sendo forçados a se deslocarem para o fundo dos túneis, minimizando o seu
prejuízo na produção e assim promovendo uma região limpa para a produção. Como a pressão
é muito maior do que a que está sendo exercida na formação, isso promove a formação de
fraturas radiais de pequena penetração que contribuirão para a produção futura de fluido.
35
3 Modelagem
3.1 Propriedades das rochas
Como em todo o trabalho será lidado diretamente com equações e interferências
diretas nas rochas reservatório, o estudo e definição de algumas propriedades básicas das
mesmas se faz necessário. Sendo assim, são discutidas algumas dessas variáveis a seguir, como
porosidade, compressibilidade, saturação de fluidos e permeabilidade.
3.1.1 Rochas reservatório
Após geração e migração, o petróleo é acumulado em uma rocha chamada
reservatório. Para constituir uma rocha reservatório, esta deve apresentar porosidade (item 3.1.2)
e permeabilidade (item 3.1.5).
Apenas para contextualizar e exemplificar pode-se dizer que o mais frequente tipo
de rocha-reservatório encontrado são os arenitos, seguido pelas rochas carbonatadas, como
calcários, dolomitas, etc. Existem ainda algumas rochas como os folhelhos e alguns carbonatos,
porosos, porém impermeáveis, que podem constituir reservatórios quando se apresentam
naturalmente fraturados (Thomas, 2001).
3.1.2 Porosidade
A porosidade, uma das mais importantes propriedades de uma rocha-reservatório,
mede a capacidade da rocha armazenar fluidos. Nesse sentido, a porosidade pode ser definida
como a razão entre o volume de “espaços vazios”, interconectados ou não, da rocha e o seu
volume total. Matematicamente, essa propriedade é elucidada na equação 1.
36
Φ =
𝑉𝑝
𝑉𝑡
(1)
Do ponto de vista da engenharia de petróleo, o que mais interessa, na verdade, é a
porosidade efetiva da rocha. Essa propriedade pode ser entendida pela equação 1, porém
levando em consideração no dimensionamento do volume de vazios apenas os poros que
estejam interconectados e que possibilitem o escoamento de fluidos.
Além disso, de acordo com o período em que ocorreu a deposição do material
sedimentar, a porosidade pode ser classificada em porosidade primária ou porosidade
secundária. (Rosa, 2011).
Porosidade primária: É a porosidade que se desenvolveu durante a deposição do
material sedimentar.
Porosidade secundária: É quando a porosidade se desenvolve através de um
processo geológico que ocorreu após a deposição do material sedimentar.
3.1.3 Compressibilidade
À medida que os fluidos contidos em uma rocha-reservatório são produzidos,
ocorre uma variação de pressão interna na rocha, a qual fica sujeita a tensões resultantes
diferentes. Essa variação de pressão faz com que ocorram mudanças nos grãos, poros e algumas
vezes no volume total da rocha. Essa variação do volume poroso, chamado de
compressibilidade efetiva, que é o objetivo de descrição dessa seção. A compressibilidade
efetiva pode ser definida pela equação 2.
𝑐𝑓 =
1
𝑉𝑝
𝜕𝑉𝑝
𝜕p
(2)
Considerando o volume total da rocha constante e usando a definição de porosidade,
chega-se a definição da equação 3.
37
𝑐𝑓 =
1
ɸ
𝜕ɸ
𝜕p
(3)
3.1.4 Saturação de fluidos
Para definir o valor econômico de um reservatório, deve-se ter conhecimento do
conteúdo percentual de cada fluido – água, gás e óleo – nos espaços porosos, já que a rocha
reservatório pode estar saturada desses três fluidos em qualquer configuração, como se pode
observar, por exemplo, na figura 3.1.
Figura 3.1 - Rocha reservatório contendo três fluidos: água, óleo e gás. FONTE: ROSA, 2011
Sendo assim, define-se como saturação de um fluido em um meio poroso como a
fração ou porcentagem do volume de poros ocupado pelo fluido. Em termos matemáticos,
através da equação 4.
Sf =
𝑉𝑓
𝑉𝑝
(4)
38
3.1.5 Permeabilidade
Como dito anteriormente, um dos principais objetivos deste trabalho é comparar,
através das diferentes geometrias de abertura e penetração na rocha, alguns parâmetros
importantes relativos à produtividade de diferentes tipos de canhoneio. Sendo assim, a
permeabilidade é uma das propriedades de maior impacto neste trabalho, pois, como será visto
no capítulo 4, nas regiões afetadas pelo canhoneio serão considerados valores de
permeabilidade muito mais elevados que o adotado para todo o reservatório. É exatamente
através deste aumento de permeabilidade que as diferentes geometrias de abertura e penetração
são estabelecidas.
Essa propriedade expressa a capacidade do meio poroso se deixar atravessar por
fluido, ou seja, a facilidade de escoamento de fluidos oferecida pela rocha. Basicamente pode
ser classificada em permeabilidade absoluta, efetiva e relativa. Permeabilidade absoluta ocorre
quando apenas um fluido está saturando a rocha. Já a permeabilidade efetiva é a comparação
entre o movimento de um fluido em relação a outro e a permeabilidade relativa é a razão entre
a permeabilidade efetiva e outra medida de permeabilidade, que geralmente é a absoluta.
O valor absoluto da permeabilidade é expresso na forma tensorial, em coordenadas
cilíndricas de acordo com a equação 5:
K =
𝑘𝑟𝑟(𝑟, 𝜃, 𝑧) 𝑘𝑟𝜃(𝑟, 𝜃, 𝑧) 𝑘𝑟𝑧(𝑟, 𝜃, 𝑧)𝑘𝜃𝑟(𝑟, 𝜃, 𝑧) 𝑘𝜃𝜃(𝑟, 𝜃, 𝑧) 𝑘𝜃𝑧(𝑟, 𝜃, 𝑧)𝑘𝑧𝑟(𝑟, 𝜃, 𝑧) 𝑘𝑧𝜃(𝑟, 𝜃, 𝑧) 𝑘𝑧𝑧(𝑟, 𝜃, 𝑧)
(5)
Entretanto, os valores absolutos de permeabilidade só são aplicados quando o fluxo
em meio poroso ocorre em uma única fase. Para o fluxo de duas fases (água e óleo), deve-se
usar valores de permeabilidade relativa ao óleo e permeabilidade relativa à água. A figura 3.2
apresenta a relação das permeabilidades relativas ao óleo e à água com a saturação de água.
39
Figura 3.2 – Curvas de permeabilidade relativa versus saturação de água FONTE: ROSA, 2011
Considerando fluxo de duas fases (água e óleo), percebe-se que à medida que a
saturação de água diminui, a sua permeabilidade relativa também diminui. No início a queda é
pequena, pois o outro fluido, no caso o óleo, passa a ocupar inicialmente o centro dos capilares
de maior diâmetro, mas ainda não constitui uma fase contínua. Com a maior queda da saturação
de água – e consequente aumento da saturação de óleo – este passa a formar uma fase contínua,
começa a fluir e então o processo continua até a saturação de água atingir a saturação irredutível,
na qual a água para de fluir e então sua permeabilidade relativa é zero.
As equações 6 e 7 serão usadas neste trabalho para o cálculo da permeabilidade
relativa ao óleo e à água, respectivamente. Dessa forma, o valor efetivo de permeabilidade para
o óleo e para a água é o resultado da multiplicação da equação 5 com as equações 6 e 7,
respectivamente. (Corey, 1954)
𝑘𝑟𝑜(𝑆𝑤) = (1 −
𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖
1 − 𝑆𝑤𝑖)3
(6)
𝑘𝑟𝑤(𝑆𝑤) = (
𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖
1 − 𝑆𝑤𝑖)3
(7)
40
3.2 Propriedades dos fluidos
Assim como as propriedades das rochas, alguns conceitos acerca dos fluidos são
muito importantes e bem utilizados ao longo desse trabalho e na engenharia de petróleo de
modo geral. Com isso, algumas dessas correlações são expostas a seguir, como as em relação
ao fator volume formação, viscosidade, etc. No que diz respeito às interações químicas entre os
fluidos, estas são desconsideras no desenvolvimento deste trabalho. Portanto, não são
levantadas reações químicas entre os fluidos e estes com a rocha.
3.2.1 Viscosidade
Viscosidade é uma propriedade de fluidos que indica a resistência ao fluxo, ou seja,
é a resistência oferecida pelo líquido quando uma camada se move em relação a uma camada
subjacente. Quanto maior a viscosidade, maior é a resistência ao movimento e menor é sua
capacidade de escoar (fluir).
A viscosidade de um líquido é afetada pelas variações de temperatura e pressão de
forma que esta propriedade decresce com a temperatura e cresce com a pressão. Como neste
trabalho é assumida a pressão de reservatório maior que a pressão de bolha para todo período
de análise, a viscosidade do óleo nele existente é estimada através de um ajuste na viscosidade
desse óleo na pressão de bolha, para levar em conta o nível de subsaturação. A viscosidade do
óleo pode ser obtida de acordo com a Lei de Darcy através das correlações de Standing, equação
8. (Standing, 1981)
𝜇𝑜 = (𝜇𝑜𝑚 + 0,001 ∙ (𝑃 − 𝑃𝑏) ∙ 0,000145 ∙
(0,024𝜇𝑜𝑚1,6 + 0,038𝜇𝑜𝑚
0,56)) ∙ 10−3
(8)
onde 𝜇𝑜𝑚 é a viscosidade do óleo morto e pode ser representada matematicamente, com um
ajuste razoável, através dá equação 9.
41
𝜇𝑜𝑚 = (0,32 +
1,8. 107
°API4,53) ∙ (
360
𝑇(°𝐹) + 200)𝑎
𝑎 = 𝑎𝑛𝑡𝑖log (0,43 +8,33
°𝐴𝑃𝐼)
(9)
3.2.2 Fator Volume-Formação
Uma mistura da fase líquida em condições de reservatório é na verdade óleo com
certa quantidade de gás dissolvido. Com isso, na indústria do petróleo, para que os cálculos
sejam corretos, é necessário usar o fator volume-formação que é a razão entre o volume que a
fase líquida (óleo e gás dissolvido) ocupa em condições de pressão e temperatura quaisquer e o
volume do que permanece como fase líquida quando a mistura alcança as condições-padrão.
Para o caso do óleo, é usada a correlação apresentado na equação 10 e para a água
a equação 11.
B𝒐 =
volume de óleo + gás dissolvido nas condições p, T
volume de óleo no tanque (medido nas condições − padrão)
(10)
Bw =
volume da água nas condições p, T
volume de água (medido nas condições − padrão)
(11)
Não será exposto o fator volume formação para o gás pois neste trabalho não foi
considerado gás em solução ou capa de gás no reservatório.
De forma genérica, o fator volume formação do óleo pode ser representado através
da figura 3.3. Nela, pode-se concluir que o comportamento do fator volume formação em
pressões acima da pressão de bolha é praticamente linear. Isso se deve ao fato de que acima da
pressão de bolha a variação de volume do fluido com a pressão deve-se somente à
compressibilidade do líquido existente no reservatório, já que não há liberação de gás. Dessa
42
forma, entende-se que o fator volume formação é dependente principalmente da
compressibilidade dos fluidos, resultando na equação 12 para o óleo e na equação 13, por
analogia, para a água:
𝐵𝑜(𝑃) = 𝐵𝑜𝑖 + 𝑐𝑜 ∙ 𝐵𝑜𝑖 ∙ (𝑃𝑖 − 𝑃) (12)
𝐵𝑤(𝑃) = 𝐵𝑤𝑖 + 𝑐𝑤 ∙ 𝐵𝑤𝑖 ∙ (𝑃𝑖 − 𝑃) (13)
Figura 3.3: Exemplo de gráfico de fator volume formação de um óleo FONTE: Rosa, 2011
3.2.3 Pressão Capilar
Quando dois fluidos (no caso deste trabalho, água e óleo) estão em contato direto e
aprisionados em poros, uma descontinuidade na pressão existe através da interface que separa
esses dois fluidos, de modo que a fase que não molha preferencialmente a rocha possui maior
pressão do que a que está em contato direto com a rocha. A equação 14 aponta essa definição.
(Rosa, 2011)
43
Pc = Pnão molhante − Pmolhante
(14)
Na maioria dos reservatórios de petróleo, a fase molhante é a água e a fase não
molhante é o óleo. Sendo assim, esse trabalho seguirá essa tendência e, haja visto que
geralmente a fase molhante preenche preferencialmente os poros menores e mais fechados, será
assumido um valor de 15% para saturação de água irredutível, ou seja, água que não se desloca
ao longo de toda vida produtiva do poço. Então, a pressão capilar óleo-água pode ser observada
a partir da equação 15. (Rosa, 2011)
𝑃𝑐𝑜𝑤(𝑆𝑤) =
0,1
(𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖
1 − 𝑆𝑤𝑖)1,3 ∙ 100000
(15)
3.3 Modelos matemáticos
Ao longo de toda análise das influências acerca do processo de canhoneio em poços
de petróleo, vai ser utilizada a Equação da Difusividade Hidráulica, que é uma equação muito
utilizada na engenharia de reservatórios para predição de vazão de produção e distribuição de
pressão no reservatório. Contudo, para formulação da Equação da Difusividade Hidráulica, é
necessário introduzir algumas outras equações: Equação da Continuidade (Lei de conservação
de Massa), Equação de Darcy e Equação de estado. (Rosa, 2011)
3.3.1 Equação da Continuidade
A equação da continuidade está relacionada à conservação de massa, na qual
descreve a variação de massa dentro do meio poroso, considerando a massa que entra, a massa
que sai e uma determinada massa fonte. A equação 16 descreve a massa resultante de acúmulo.
44
𝑚𝑎𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 = 𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑚𝑠𝑎𝑖 + 𝑚𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 (16)
Considerando o elemento cilíndrico apresentado na figura 3.4 e admitindo fluxo nas
direções radial, circunferencial e vertical, a massa de entrada total e saída podem ser
compreendidas através das equações 17 e 18.
Figura 3.4 – Elemento cilíndrico e seção de análise. FONTE: Ertekin, 2001
∑𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑚𝑟−∆𝑟/2 + 𝑚𝜃−∆𝜃/2 + 𝑚𝑧−∆𝑧/2 (17)
∑𝑚𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑚𝑟+∆𝑟/2 + 𝑚𝜃+∆𝜃/2 + 𝑚𝑧+∆𝑧/2 (18)
Com relação ao termo de acúmulo, este pode ser obtido através de simples variação
volumétrica no meio poroso, assumindo que o volume de controle é constante ao longo do
tempo. Segue formulação, considerando antes a equação 19 que trata da vazão mássica medida
em condições de superfície em uma direção α, na equação 20:
𝑚α = (𝜌 ∙ 𝜐
𝐵∙ 𝐴)
(19)
45
𝑚acúmulo =[(𝜌 ∙ 𝜙 ∙
𝑆𝐵)
𝑡+Δ𝑡− (𝜌 ∙ 𝜙 ∙
𝑆𝐵)
𝑡]
Δ𝑡∙ Δ𝑉
(20)
Partindo da mesma equação 19, podemos reescrever as equações 17 e 18 nas
seguintes equações 21 e 22:
∑𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = (𝜌 ∙ 𝜐𝑟
𝐵∙ 𝑟 ∙ Δ𝜃 ∙ Δ𝑧)
𝑟−Δ𝑟/2
+ (𝜌 ∙ 𝜐𝑧
𝐵∙ 𝑟 ∙ Δ𝑟 ∙ Δ𝜃)
𝑧−Δ𝑧/2+(
𝜌 ∙ 𝜐𝜃
𝐵∙ Δ𝑟 ∙ Δ𝑧)
𝜃−Δ𝜃/2
(21)
∑𝑚𝑠𝑎í𝑑𝑎 = (𝜌 ∙ 𝜐𝑟
𝐵∙ 𝑟 ∙ Δ𝜃 ∙ Δ𝑧)
𝑟+Δ𝑟/2
+ (𝜌 ∙ 𝜐𝑧
𝐵∙ 𝑟 ∙ Δ𝑟 ∙ Δ𝜃)
𝑧+Δ𝑧/2+(
𝜌 ∙ 𝜐𝜃
𝐵∙ Δ𝑟 ∙ Δ𝑧)
𝜃+Δ𝜃/2
(22)
Com relação ao termo de massa fonte, este considera a massa decorrente da
produção de fluidos através dos canhoneados e pode ser representada através da equação 23:
𝑚𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 = 𝜌 ∙ 𝑞𝑝𝑜ç𝑜,𝑆𝑇𝐷
(23)
Partindo das equações 20,21,22 e 23, pode-se reescrever a equação 16, já
dividindo o resultado por 𝚫𝑽 que em coordenadas cilíndricas equivale a 𝒓 ∙ 𝚫𝒓 ∙ 𝚫𝒛 ∙ 𝚫𝛉, o
que resulta na equação 24:
46
[(𝜌 ∙ 𝜙 ∙𝑆𝐵)
𝑡+Δ𝑡− (𝜌 ∙ 𝜙 ∙
𝑆𝐵)
𝑡]
Δ𝑡
=1
𝑟∙
[(𝜌 ∙ 𝜐𝑟
𝐵 ∙ 𝑟)]𝑟−
∆𝑟2
− [(𝜌 ∙ 𝜐𝑟
𝐵 ∙ 𝑟)]𝑟+
∆𝑟2
∆𝑟+
1
𝑟
∙
[(𝜌 ∙ 𝜐𝜃
𝐵 )]𝜃−
∆𝜃2
− [(𝜌 ∙ 𝜐𝑟
𝐵 )]𝜃+
∆𝜃2
∆𝜃
+
[(𝜌 ∙ 𝜐𝑧
𝐵 )]𝑧−
∆𝑧2
− [(𝜌 ∙ 𝜐𝑧
𝐵 )]𝑧+
∆𝑧2
∆𝑧+ 𝜌 ∙
𝑞𝑝𝑜ç𝑜,𝑆𝑇𝐷
∆𝑉
(24)
Para se chegar na Equação da Continuidade em coordenadas cilíndricas e em duas
fases, o último passo é considerar a vazão do poço por unidade de volume e colocar os limites
𝚫𝒓, 𝚫𝒛, 𝚫𝛉 𝐞 𝚫𝐭 tendendo a zero, o que resulta finalmente na equação 25:
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜌 ∙ 𝜙 ∙
𝑆
𝐵)
= − [1
𝑟∙
𝜕
𝜕𝑟∙ (
𝜌 ∙ 𝜐𝑟
𝐵∙ 𝑟) +
1
𝑟∙
𝜕
𝜕𝜃∙ (
𝜌 ∙ 𝜐𝜃
𝐵) +
𝜕
𝜕𝑧
∙ (𝜌 ∙ 𝜐𝑧
𝐵)] + 𝜌 ∙ 𝑞𝑝𝑜ç𝑜,𝑆𝑇𝐷
(25)
A equação 25 ainda pode ser reduzida a equação 26, se a intenção for apresentar
Equação da Conservação de Massa para uma geometria qualquer.
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜌 ∙ 𝜙 ∙
𝑆
𝐵) = −∇(�� ∙
𝜌
𝐵) + 𝜌 ∙ 𝑞𝑝𝑜ç𝑜,𝑆𝑇𝐷
(26)
47
3.3.2 Equação de Darcy
A próxima etapa para alcançar a equação da difusividade hidráulica, é a elucidação
da lei que orienta o transporte de fluidos em meio poroso, a Lei de Darcy. Esta lei relaciona a
velocidade com os gradientes de potencial, através da equação 27:
ʋ = −
𝑘(𝑥)
𝜇(𝑃)∙ ∇Φ
(27)
O termo Φ representa o potencial de fluxo. O potencial é o agente responsável e
propulsor do deslocamento do fluido no meio poroso. A regra básica é de os fluidos sempre se
deslocarem de pontos de maior para pontos de menor potencial, ou seja, o potencial diz o
sentido do escoamento no meio poroso. Se em um meio poroso existe deslocamento de fluido
de um local para outro, é intuitivo que estes locais possuem potèncias de fluxo diferentes.
Quando o fluxo é assumido na horizontal, ou seja, os pontos de observação estiverem na mesma
altura em relação a um plano horizontal, o componente gravitacional é zero e o potencial se
reduz ao efeito de pressão.
Feitas estas considerações, a equação de Darcy adotada neste trabalho será a
exposta através das equações 28 para óleo e 29 para a água.
ʋ = −
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇∙ ∇P
(28)
ʋ = −
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇∙ ∇P
(29)
48
3.3.3 Equação de Estado
Última das equações a ser exposta antes de introduzir a Equação da Difusividade
Hidráulica, a Equação de Estado descreve como o volume de rochas e fluidos se comportam na
variação de pressão e temperatura, através da compressibilidade de fluidos (será assumido
sistema isotérmico, assim existirão apenas variações de pressão). Para o óleo e a água, a
compressibilidade é expressa pela equação 30.
c =
1
𝜌(𝜕𝜌
𝜕𝑃)
𝑇=𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.
(30)
Como o óleo a água apresentam valores de compressibilidade muito baixos, estes
são considerados incompressíveis, apresentando massas específicas com valor de grandeza
muito semelhantes e constantes na posição e tempo. Sendo assim, esta será uma condição a ser
adotada no item (3.3.4), no desenvolvimento da Equação da Difusividade Hidráulica.
3.3.4 Equação da Difusividade Hidráulica
Após o desenvolvimento da Equação de Conservação de Massa, Equação de Darcy
e Equação de Estado, pode-se, enfim, reorganizá-las para se obter a Equação da Difusividade
Hidráulica. O primeiro passo é eliminar a velocidade de fluxo da equação 26, usando as
equações 28, 29 e 30, resultando na equação 31:
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜌 ∙ 𝜙 ∙
𝑆
𝐵) = ∇(𝜌 ∙
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟
𝜇 ∙ 𝐵∙ ∇𝑃) + 𝜌 ∙ 𝑞𝑝𝑜ç𝑜,𝑆𝑇𝐷
(31)
O próximo passo é expandir os termos em parênteses da equação 31, através da
Regra da Cadeia, resultando na equação 32.
49
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜙 ∙
𝑆
𝐵) ∙ 𝜌 + (𝜙 ∙
𝑆
𝐵) ∙
𝜕𝜌
𝜕𝑡= 𝜌 ∙ ∇ (
𝑘(𝑟,𝑧)∙𝑘𝑟
𝜇∙𝐵∙ ∇𝑃) + (
𝑘(𝑟,𝑧)∙𝑘𝑟
𝜇∙𝐵∙ ∇𝑃) ∙
∇(𝜌) + 𝜌 ∙ 𝑞𝑝𝑜ç𝑜,𝑆𝑇𝐷
(32)
O último passo é a eliminação das parcelas (𝒌(𝒓,𝒛)∙𝒌𝒓
𝝁∙𝑩∙ 𝜵𝑷) ∙ 𝜵(𝝆) e (𝝓 ∙
𝑺
𝑩) ∙
𝝏𝝆
𝝏𝒕
já que os termos 𝝏𝝆
𝝏𝒕 e 𝜵(𝝆) são muito pequenos, considerados desprezíveis (simplificação para
fluidos pouco compressíveis). Sendo assim, feita esta simplificação e dividindo os outros
termos da equação 32 por 𝝆, chega-se a Equação da Difusividade Hidráulica para o óleo e para
a água, através das equações 33 e 34, respectivamente.
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜙 ∙
𝑆𝑜
𝐵𝑜) = ∇(
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜) + 𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷
(33)
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜙 ∙
𝑆𝑤
𝐵𝑤) = ∇(
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇𝑃𝑤) + 𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
(34)
Além disso, deve-se considerar a relação de saturação e pressão capilar entre as
fases óleo e água a partir da equação 35 e 36, respectivamente.
𝑆𝑜+𝑆𝑤 = 1
(35)
𝑃𝑜−𝑃𝑤 = 𝑃𝑐𝑜𝑤
(36)
50
Com estas relações, pode-se usar as equações 35 e 36 para eliminar os termos 𝑺𝒐 e
𝑷𝒘 das equações 33 e 34, já que, usualmente, a saturação avaliada é da água e a pressão a do
óleo. Esta alteração resulta nas equações 37 e 38:
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜙 ∙
(1 − 𝑆𝑤)
𝐵𝑜) = ∇(
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜) + 𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷
(37)
𝜕
𝜕𝑡∙ (𝜙 ∙
𝑆𝑤
𝐵𝑤) = ∇(
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) + 𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
(38)
A fim de preparar as equações para o tratamento numérico, a última manipulação
antes do mesmo é aplicar a Regra da Cadeia com respeito a 𝑷𝒐 aos termos transientes das
equações 37 e 38, resultando nas equações 39 e 40.
(1 − 𝑆𝑤) ∙ 𝐶1 ∙
𝜕𝑃𝑜
𝜕𝑡− 𝐶2 ∙
𝜕𝑆𝑤
𝜕𝑡= ∇(
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜) + 𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷
(39)
𝑆𝑤 ∙ 𝐶3 ∙
𝜕𝑃𝑜
𝜕𝑡+ 𝐶4 ∙
𝜕𝑆𝑤
𝜕𝑡= ∇(
𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) + 𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
(40)
Onde:
𝐶1 = 𝜙 ∙
𝜕
𝜕𝑃𝑜(
1
𝐵𝑜) +
1
𝐵𝑜∙𝜕𝜙
𝜕𝑃𝑜
(41)
51
𝐶2 = (
𝜙
𝐵𝑜)
(42)
𝐶3 = 𝜙 ∙
𝜕
𝜕𝑃𝑜(
1
𝐵𝑤) +
1
𝐵𝑤∙𝜕𝜙
𝜕𝑃𝑜
(43)
𝐶4 = (
𝜙
𝐵𝑤)
(44)
O grande desafio ao se analisar as equações 39 e 40, é o fato da maioria dos
parâmetros destas equações serem funções das incógnitas a serem determinadas do problema,
como a pressão e saturação. Outro problema é que variáveis como permeabilidades relativas e
vazão de produção de óleo e água sofrem alterações de valor ao longo de todo o período de
estudo enquanto o poço estiver em produção e variação espacial ao longo de todo o reservatório.
Nesse sentido, o uso da modelagem numérica se apresenta como uma grande ferramenta para a
resolução deste sistema de equações e é isto que será abordado no item a seguir.
3.4 Modelo numérico
3.4.1 O Método dos Volumes Finitos
Como dito no item anterior, o grande objetivo desta seção é o desenvolvimento do
tratamento numérico das equações 39 e 40, a fim de se obter uma solução aproximada, porém
coerente com a realidade do sistema poço-reservatório. Desta forma, a primeira questão a ser
levantada é qual método de discretização adotar, ou seja, qual método mais se encaixa na análise
dos resultados obtidos no estudo das diferentes geometrias de canhoneio, que é o grande desafio
deste trabalho.
A literatura tem à disposição muitos destes métodos de discretização, como a
discretização por diferenças finitas, elementos finitos ou volumes finitos. Porém, uma série de
fatores motivaram a escolha pelo método dos volumes finitos. Este método descreve o
reservatório através de volumes de controle, assegurando a conservação das propriedades em
52
cada um destes volumes. Os fatores para a escolha foram: (Hartmann, 2011)
1. A capacidade deste método de lidar com a conservação de propriedades (balanço
de massa), característica fundamental se tratando de uma análise que envolve escoamento de
fluidos em meios porosos;
2. Como será visto a diante, o fato da geometria a ser analisada ser de pouca
complexidade, não requerendo uma malha sofisticada para análise e pretenções deste trabalho;
3. Não existir grande complexidade geológica no reservatório em questão, como
falhas por exemplo;
4. Um dos métodos mais populares e conhecidos para a resolução do problema em
questão.
Uma vez decidido pelo uso do Método dos volumes finitos, o próximo passo, antes
de manipular as equações propriamente ditas, é a exposição do padrão de discretização do
reservatório. A malha é composta por um total 𝑵𝒓𝑵𝒛 de blocos, visto que 𝑵𝒓 é o número de
segmentos no raio e 𝑵𝒛 o número de segmentos na altura.
Deve-se destacar ainda que a discretização utilizada não é uniforme. A figura 3.5
mostra uma malha uniforme e a figura 3.6 mostra um esboço da malha implementada neste
trabalho, não uniforme. Assim, percebe-se que a malha adotada nas proximidades do poço é
muito mais fina do que a adotada para regiões mais distantes. Isso é diretamente relacionado ao
objetivo do trabalho que é a análise da eficiência da geometria do canhoneio, que evidentemente
acontece em regiões próximas ao poço. O tamanho real (em metros) correspondente a cada
bloco será apresentado no capítulo 4. Também no capítulo 4 (item 4.2.1) é exposta a equação
usada para refinar o tamanho dos blocos junto ao poço.
Complementarmente, deve estar claro que cada volume apresenta propriedades
constantes, calculadas a partir de médias e que o procedimento utilizado de resolução para
pressão será implícito, ou seja, todas as pressões são consideradas desconhecidas em um
determinado intervalo de tempo.
53
Figura 3.6 - Malha Não Uniforme FONTE: Adaptado de Santana, 2014
Figura 3.5 - Malha Uniforme FONTE: Adaptado de Santana, 2014
54
3.4.2 Execução do Método dos Volumes Finitos
O método dos Volumes Finitos será aplicado às equações 39 e 40. Integrando-as
com relação ao volume de controle V em um tempo 𝜟𝒕 , se obtém as equações 45 e 46:
∫ ∭ ⌈(1 − 𝑆𝑤) ∙ 𝐶1 ∙𝜕𝑃𝑜
𝜕𝑡− 𝐶2 ∙
𝜕𝑆𝑤
𝜕𝑡⌉ 𝑑𝑉𝑑𝑡 = ∫ ∭ ∇(
𝑘(𝑟,𝑧)∙𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜∙𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜)𝑑𝑉𝑑𝑡 +
𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡
∫ ∭ (𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷 )𝑑𝑉𝑑𝑡
𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡 (45)
∫ ∭ ⌈𝑆𝑤 ∙ 𝐶3 ∙𝜕𝑃𝑜
𝜕𝑡+ 𝐶4 ∙
𝜕𝑆𝑤
𝜕𝑡⌉ 𝑑𝑉𝑑𝑡 = ∫ ∭ ∇(
𝑘(𝑟,𝑧)∙𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤∙𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) 𝑑𝑉𝑑𝑡 +
𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡
∫ ∭ (𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷 )𝑑𝑉𝑑𝑡
𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡 (46)
Relaciona-se a parcela divergente das equações 45 e 46 com as respectivas integrais
de superfície ao longo dos volumes de controle e estas integrais de superfície com um somatório
variando de 1 a 6, pois, de acordo com a figura 3.4, o volume cilíndrico apresenta 6 fáceis. Estas
relações estão expostas através das equações 47 e 48:
∫ ∭∇(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜)𝑑𝑉𝑑𝑡
𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡
= ∯(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜)𝑑𝑆
𝜕𝑉
= ∑(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜) ∙ 𝑛�� ∙ ∆𝑆𝑖
6
𝑖=1
(47)
55
∫ ∭∇(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤))𝑑𝑉𝑑𝑡
𝑉
𝑡+Δ𝑡
𝑡
= ∯ (𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) 𝑑𝑆
𝜕𝑉
= ∑(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) ∙ 𝑛�� ∙ ∆𝑆𝑖
6
𝑖=1
(48)
O passo seguinte é avaliar cada uma das parcelas das equações 47 e 48. Sendo assim,
são computados os gradientes de 𝐏𝐨 e 𝐏𝐨 − 𝐏𝐜𝐨𝐰 em cada uma das direções de fluxo, levando
em consideração que os gradientes 𝝏𝑷𝒐
𝝏𝜽 são nulos, já que se considera inexistência de
escoamento na direção circunferencial. Além disso, para as derivadas parciais restantes, aplica-
se aproximação por Series de Taylor de Primeira Ordem, se obtendo, através das equações 49
e 50, a discretização do termo difusivo do óleo e da água, respectivamente.
∑(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜) ∙ 𝑛�� ∙ ∆𝑆𝑖
6
𝑖=1
=
= (𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑒
∙𝑃𝑜,𝑒 − 𝑃𝑜,𝐶
(∆𝑟𝑒 + ∆𝑟𝐶
2 )∙ (𝑟𝐶 +
∆𝑟𝐶2
) ∙ ∆𝜃𝐶 ∙ ∆𝑧𝐶
−(𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑤
∙𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑤
(∆𝑟𝐶 + ∆𝑟𝑤
2 )∙ (𝑟𝐶 −
∆𝑟𝐶2
) ∙ ∆𝜃𝐶 ∙ ∆𝑧𝐶
+(𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑛
∙𝑃𝑜,𝑛 − 𝑃𝑜,𝐶
(∆𝑧𝑛 + ∆𝑧𝐶
2 )∙ (𝑟𝐶) ∙ ∆𝑟𝐶 ∙ ∆𝜃𝐶
−(𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑠
∙𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑠
(∆𝑧𝐶 + ∆𝑧𝑠
2 )∙ (𝑟𝐶) ∙ ∆𝑟𝐶 ∙ ∆𝜃𝐶
(49)
∑(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) ∙ 𝑛�� ∙ ∆𝑆𝑖
6
𝑖=1
= (50)
56
= (𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑒
∙(𝑃𝑜,𝑒 − 𝑃𝑜,𝐶) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑒 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶)
(∆𝑟𝑒 + ∆𝑟𝐶
2 )∙ (𝑟𝐶 +
∆𝑟𝐶2
) ∙ ∆𝜃𝐶 ∙ ∆𝑧𝐶
−(𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑤
∙(𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑤) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑤)
(∆𝑟𝐶 + ∆𝑟𝑤
2 )∙ (𝑟𝐶 −
∆𝑟𝐶2
) ∙ ∆𝜃𝐶
∙ ∆𝑧𝐶
+(𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑛
∙(𝑃𝑜,𝑛 − 𝑃𝑜,𝐶) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑛 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶)
(∆𝑧𝑛 + ∆𝑧𝐶
2 )∙ (𝑟𝐶) ∙ ∆𝑟𝐶 ∙ ∆𝜃𝐶
−(𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑠
∙(𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑠) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑠)
(∆𝑧𝐶 + ∆𝑧𝑠
2 )∙ (𝑟𝐶) ∙ ∆𝑟𝐶 ∙ ∆𝜃𝐶
Quanto o tratamento dos termos de vazão e transientes das equações 45 e 46, para
o segundo, considera-se constante ao longo de todo volume de controle para um mesmo instante
de tempo, sendo então simplificado por (∆𝑽)𝒄. Já os termos de vazão, foram calculados por
unidade volumétrica, então, a integração no volume resulta imediatamente em vazão de
produção do bloco para um dado intervalo de tempo. Sendo assim, após a integração no volume,
as equações 45 e 46 resultam nas equações 51 e 52:
∫ ⌈(1 − 𝑆𝑤) ∙ 𝐶1 ∙𝜕𝑃𝑜
𝜕𝑡− 𝐶2 ∙
𝜕𝑆𝑤
𝜕𝑡⌉ ∆𝑉𝐶𝑑𝑡 = ∫ ∑ (
𝑘(𝑟,𝑧)∙𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜∙𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜) 𝑛𝑖 ∙ ∆𝑆𝑖𝑑𝑡 +6
𝑖=1𝑡+∆𝑡
𝑡
𝑡+∆𝑡
𝑡
∫ (𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷 )𝑑𝑡
𝑡+Δ𝑡
𝑡 (51)
∫ ⌈(𝑆𝑤) ∙ 𝐶3 ∙𝜕𝑃𝑜
𝜕𝑡+ 𝐶4 ∙
𝜕𝑆𝑤
𝜕𝑡⌉ ∆𝑉𝐶𝑑𝑡 = ∫ ∑ (
𝑘(𝑟,𝑧)∙𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤∙𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) 𝑛𝑖 ∙ ∆𝑆𝑖𝑑𝑡 +6
𝑖=1𝑡+∆𝑡
𝑡
𝑡+∆𝑡
𝑡
∫ (𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷 )𝑑𝑡
𝑡+Δ𝑡
𝑡 (52)
Falta ainda realizar a integração com relação ao tempo. Com relação ao termo
difusivo, por não depender do tempo, sua integral resulta em ∆𝒕 . O termo de vazão também é
integrado em ∆𝒕 , já que em um mesmo step a vazão é assumida como constante.
Com relação a parcela transiente, os termos 𝝏𝑷𝒐
𝝏𝒕 e
𝝏𝑺𝒘
𝝏𝒕 devem ser discretizados
57
antes de serem integrados, resultando respectivamente em 𝝏𝑷𝒐
𝝏𝒕=
(𝑷𝒐−𝑷𝒐𝒊)
𝚫𝒕 e
𝝏𝑺𝒘
𝝏𝒕=
(𝑺𝒘−𝑺𝒘𝒊)
𝚫𝒕 .
Desta forma, as equações 51 e 52 geram as equações 53 e 54:
[(1 − 𝑆𝑤𝑖) ∙ 𝐶1 ∙
(𝑃𝑜 − 𝑃𝑜𝑖)
Δ𝑡− 𝐶2 ∙
(𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖)
Δ𝑡] ∙ Δ𝑉𝐶 ∙ Δ𝑡
= ∑(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜∙ ∇𝑃𝑜)𝑛𝑖 ∙ ∆𝑆𝑖 ∙ Δ𝑡 + (𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷
) ∙ Δ𝑡
6
𝑖=1
(53)
[(𝑆𝑤𝑖) ∙ 𝐶3 ∙
(𝑃𝑜 − 𝑃𝑜𝑖)
Δ𝑡+ 𝐶4 ∙
(𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖)
Δ𝑡] ∙ Δ𝑉𝐶 ∙ Δ𝑡
= ∑(𝑘(𝑟, 𝑧) ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤∙ ∇(𝑃𝑜 − 𝑃𝑐𝑜𝑤)) 𝑛𝑖 ∙ ∆𝑆𝑖 ∙ Δ𝑡
6
𝑖=1
+ (𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷 ) ∙ Δ𝑡
(54)
Substituindo as equações 49 e 50 em 53 e 54 e dividindo tudo por 𝚫𝑽𝑪 ∙ 𝚫𝒕,
tem-se para o óleo e para a água, respectivamente as equações 55 e 56.
1
Δ𝑡∙ [(1 − 𝑆𝑤𝑖) ∙ 𝐶1 ∙ (𝑃𝑜 − 𝑃𝑜𝑖) − 𝐶2 ∙ (𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖)]
= + (𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑒
∙(𝑃𝑜,𝑒 − 𝑃𝑜,𝐶)
(∆𝑟𝑒 + ∆𝑟𝐶
2)
∙(𝑟𝐶 +
∆𝑟𝐶2 )
𝑟𝐶 ∙ Δ𝑟𝐶
−(𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑤
∙(𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑤)
(∆𝑟𝐶 + ∆𝑟𝑤
2 )∙(𝑟𝐶 −
∆𝑟𝐶2 )
𝑟𝐶 ∙ Δ𝑟𝐶
+(𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑛
∙(𝑃𝑜,𝑛 − 𝑃𝑜,𝐶)
(∆𝑧𝑛 + ∆𝑧𝐶
2 )∙
1
Δ𝑧𝐶
(55)
58
− (𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑧
∙(𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑠)
(∆𝑧𝐶 + ∆𝑧𝑠
2 )∙
1
Δ𝑧𝐶+
(𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷 )
Δ𝑉
1
Δ𝑡∙ [(𝑆𝑤𝑖) ∙ 𝐶3 ∙ (𝑃𝑜 − 𝑃𝑜𝑖) + 𝐶4 ∙ (𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖)]
= (𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑒
∙(𝑃𝑜,𝑒 − 𝑃𝑜,𝐶) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑒 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶)
(∆𝑟𝑒 + ∆𝑟𝐶
2 )
∙ (𝑟𝐶 +∆𝑟𝐶2
) ∙ Δ𝜃𝐶 ∙ Δ𝑧𝐶 − (𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑤
∙(𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑤) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑤)
(∆𝑟𝐶 + ∆𝑟𝑤
2 )∙ (𝑟𝐶 −
∆𝑟𝐶2
) ∙ Δ𝜃𝐶
∙ Δ𝑧𝐶 + (𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑛
∙(𝑃𝑜,𝑛 − 𝑃𝑜,𝐶) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑛 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶)
(∆𝑧𝑛 + ∆𝑧𝐶
2 )
∙ (𝑟𝐶) ∙ Δ𝑟𝐶 ∙ Δ𝜃𝐶 − (𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑠
∙(𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜,𝑠) − (𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶 − 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑠)
(∆𝑧𝐶 + ∆𝑧𝑠
2)
∙ (𝑟𝐶) ∙ Δ𝑟𝐶 ∙ Δ𝜃𝐶
+(𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉
(56)
Afim de simplificar um pouco as equações 55 e 56, pode-se separar os termos
dependentes de pressão e os termos constantes e aplicar variável transmissibilidade (relacionada
a comunicação de fluidos entre os blocos) resultando nas equações 57 e 58.
𝜏𝑜,𝑛 ∙ 𝑃𝑜,𝑛 + 𝜏𝑜,𝑠 ∙ 𝑃𝑜,𝑠 + 𝜏𝑜,𝑒 ∙ 𝑃𝑜,𝑒 + 𝜏𝑜,𝑤 ∙ 𝑃𝑜,𝑤 − 𝜏𝑜,𝐶 ∙ 𝑃𝑜,𝐶
= 𝐶𝑜𝑝,𝐶 ∙ (𝑃𝑜 − 𝑃𝑜𝑖) + 𝐶𝑜𝑤,𝐶 ∙ (𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖) −(𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉𝐶
(57)
59
𝜏𝑤,𝑛 ∙ 𝑃𝑜,𝑛 + 𝜏𝑤,𝑠 ∙ 𝑃𝑜,𝑠 + 𝜏𝑤,𝑒 ∙ 𝑃𝑜,𝑒 + 𝜏𝑤,𝑤 ∙ 𝑃𝑜,𝑤 − 𝜏𝑤,𝐶 ∙ 𝑃𝑜,𝐶
= 𝐶𝑤𝑝,𝐶 ∙ (𝑃𝑜 − 𝑃𝑜𝑖) + 𝐶𝑤𝑤,𝐶 ∙ (𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖) −(𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉𝐶
+ 𝐷𝑐𝑜𝑤,𝐶
(58)
Onde (equações 59 e 60):
𝜏𝑜,𝑛 = (
2
Δ𝑧𝐶 + Δz𝑛) ∙ (
1
Δ𝑧𝐶) ∙ (
𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑛
𝜏𝑜,𝑠 = (2
Δ𝑧𝐶 + Δz𝑠) ∙ (
1
Δ𝑧𝐶) ∙ (
𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑠
𝜏𝑜,𝑒 = (2
Δ𝑟𝐶 + Δr𝑒) ∙ (
1
Δ𝑟𝐶+
1
2𝑟𝐶) ∙ (
𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑒
𝜏𝑜,𝑤 = (2
Δ𝑟𝐶 + Δr𝑤) ∙ (
1
Δ𝑟𝐶−
1
2𝑟𝐶) ∙ (
𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑜
𝜇𝑜 ∙ 𝐵𝑜)𝑤
𝜏𝑜,𝐶 = 𝜏𝑜,𝑠 + 𝜏𝑜,𝑒 + 𝜏𝑜,𝑤 + 𝜏𝑜,𝑛
𝐶𝑜𝑝,𝐶 = (1 − 𝑆𝑤𝑖
Δ𝑡) ∙ [𝜙 ∙
𝜕
𝜕𝑃𝑜∙
1
𝐵𝑜+
𝜕𝜙
𝜕𝑃𝑜∙
1
𝐵𝑜]𝐶
𝐶𝑜𝑤,𝐶 = −(1
Δ𝑡) ∙ [𝜙 ∙
1
𝐵𝑜]𝐶
(59)
𝜏𝑤,𝑛 = (
2
Δ𝑧𝐶 + Δz𝑛) ∙ (
1
Δ𝑧𝐶) ∙ (
𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑛
𝜏𝑤,𝑠 = (2
Δ𝑧𝐶 + Δz𝑠) ∙ (
1
Δ𝑧𝐶) ∙ (
𝑘𝑧 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑠
𝜏𝑤,𝑒 = (2
Δ𝑟𝐶 + Δr𝑒) ∙ (
1
Δ𝑟𝐶+
1
2𝑟𝐶) ∙ (
𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑒
𝜏𝑤,𝑤 = (2
Δ𝑟𝐶 + Δr𝑤) ∙ (
1
Δ𝑟𝐶−
1
2𝑟𝐶) ∙ (
𝑘𝑟 ∙ 𝑘𝑟𝑤
𝜇𝑤 ∙ 𝐵𝑤)𝑤
𝜏𝑤,𝐶 = 𝜏𝑤,𝑠 + 𝜏𝑤,𝑒 + 𝜏𝑤,𝑤 + 𝜏𝑤,𝑛
𝐶𝑤𝑝,𝐶 = (𝑆𝑤𝑖
Δ𝑡) ∙ [𝜙 ∙
𝜕
𝜕𝑃𝑜∙
1
𝐵𝑤+
𝜕𝜙
𝜕𝑃𝑜∙
1
𝐵𝑤]𝐶
(60)
60
𝐶𝑤𝑤,𝐶 = +(1
Δ𝑡) ∙ [𝜙 ∙
1
𝐵𝑤]𝐶
𝐷𝑐𝑜𝑤,𝐶 = 𝜏𝑤,𝑛 ∙ 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑛 + 𝜏𝑤,𝑠 ∙ 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑠 + 𝜏𝑤,𝑒 ∙ 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑒 + 𝜏𝑤,𝑤 ∙ 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝑤
− 𝜏𝑤,𝐶 ∙ 𝑃𝑐𝑜𝑤,𝐶
As equações 57 e 58 são o produto final das manipulações matemáticas do Método
dos Volumes Finitos. Na próxima seção, estas equações são tratadas pelo Método Implict
Pressure, Explicit Saturation (IMPES), no qual são calculados os valores de pressão e saturação
em cada bloco, a fim de otimizar este procedimento.
3.4.3 Método IMPES
O método IMPES surgiu no início das simulações de reservatórios e é uma das
técnicas mais populares se tratando de resolução de equações como as equações 57 e 58, onde
os fluidos modelados são pouco compressíveis ou incompressíveis. Além disso, este método
foi escolhido devido a alguns outros fatores como: (Silva, 2008)
Facilidade de implementação, se comparado com outros métodos;
Pequeno demanda computacional, já que a única variável desconhecida é a
pressão, e, como dito, através dela é calculada a saturação;
Como dito anteriormente, produz bons resultados em fluxo bifásico
imcompressível ou pouco compressível (exatamente o caso deste trabalho);
Gera boas aproximações quando a malha a ser modelada não é muito sofisticada,
que é o caso do estudo em questão.
A grande desvantagem deste método é a exigência de pequena variação de saturação
em um mesmo passo de tempo devido à aproximação explícita para a saturação que o método
reproduz. Contudo, como será visto no capítulo seguinte, este não foi um grande problema na
execução deste trabalho.
De forma simplificada, este método visa resolver de forma parcialmente
desacoplada as variáveis de pressão e saturação, de maneira que a pressão é calculada
61
implicitamente ao longo do reservatório, enquanto que a saturação é atualizada de forma
explícita, usando os dados da própria pressão. Sendo assim, entende-se que a entrada de uma
variável serve como resultado para a outra variável. (Ertekin, 2001)
3.4.4 Execução do Método IMPES
O primeiro passo para execução deste método é o isolamento dos termos de
saturação em ambas as equações 57 e 58 e igualando-as se tem a equação 61:
1
𝐶𝑜𝑤,𝐶∙ [𝜏𝑜,𝑛 ∙ 𝑃𝑜,𝑛 + 𝜏𝑜,𝑠 ∙ 𝑃𝑜,𝑠 + 𝜏𝑜,𝑒 ∙ 𝑃𝑜,𝑒 + 𝜏𝑜,𝑤 ∙ 𝑃𝑜,𝑤 − 𝜏𝑜,𝐶 ∙ 𝑃𝑜,𝐶
− 𝐶𝑜𝑝,𝐶 ∙ (𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜𝑖) +(𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉]
=1
𝐶𝑤𝑤,𝐶
∙ [𝜏𝑤,𝑛 ∙ 𝑃𝑜,𝑛 + 𝜏𝑤,𝑠 ∙ 𝑃𝑜,𝑠 + 𝜏𝑤,𝑒 ∙ 𝑃𝑜,𝑒 + 𝜏𝑤,𝑤 ∙ 𝑃𝑜,𝑤 − 𝜏𝑤,𝐶
∙ 𝑃𝑜,𝐶 − 𝐶𝑤𝑝,𝐶 ∙ (𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜𝑖) − 𝐷𝑐𝑜𝑤,𝐶 +(𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉𝐶]
(61)
Agora, agrupando os termos em comum de pressão, encontra-se a equação 62. Esta
equação é aplicável para cada volume finito do reservatório:
𝐴𝑛 ∙ 𝑃𝑜,𝑛 + 𝐴𝑠 ∙ 𝑃𝑜,𝑠 + 𝐴𝑒 ∙ 𝑃𝑜,𝑒 + 𝐴𝑤 ∙ 𝑃𝑜,𝑤 − 𝐴𝐶 ∙ 𝑃𝑜,𝐶 = 𝐵𝐶 (62)
Onde:
𝐴𝑒 = 𝜏𝑜,𝑒 −
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ 𝜏𝑤,𝑒
(63)
62
𝐴𝑤 = 𝜏𝑜,𝑤 −
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ 𝜏𝑤,𝑤
(64)
𝐴𝑛 = 𝜏𝑜,𝑛 −
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ 𝜏𝑤,𝑛
(65)
𝐴𝑠 = 𝜏𝑜,𝑠 −
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ 𝜏𝑤,𝑠
(66)
𝐴𝐶 = 𝜏𝑜,𝐶 + 𝐶𝑜𝑝,𝐶 −
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ (𝜏𝑤,𝐶 + 𝐶𝑤𝑝,𝐶)
(67)
𝐵𝐶 = [
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ (𝐶𝑤𝑝,𝐶) − 𝐶𝑜𝑝,𝐶] ∙ 𝑃𝑜𝑖 − [
𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙ (𝐷𝑐𝑜𝑤,𝐶)]
+ [𝐶𝑜𝑤,𝐶
𝐶𝑤𝑤,𝐶∙(𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉−
(𝑞𝑜,𝑆𝑇𝐷 )
Δ𝑉]
(68)
Uma forma de visualizar melhor a equação 62 é através da forma matricial:
(Santana, 2014)
[𝐴] ∙ [𝑃] = [𝐵]
(69)
Onde:
[𝐴] = Matriz de elementos 𝐴𝑖,𝑗 expressa a relação entre cada volume de controle i e os blocos
adjacentes j.Sua diagonal principal equivale aos termos 𝐴𝐶 e as diagonais imediatamente a
esquerda e a direita representam 𝐴𝑤𝑒 𝐴𝑒 respectivamente. Para os elementos posicionados na
fronteira do reservatório, 𝐴𝑤𝑒 𝐴𝑒 são iguais a zero. As outras diagonais representam os
termos simbolizados por 𝐴𝑠𝑒 𝐴𝑛, também existentes apenas para elementos que nçao estejam
na fronteira do sistema.
63
[𝑃] =
𝑃𝑜,1
𝑃𝑜,2
𝑃𝑜,3
𝑃𝑜,4
⋮⋮⋮
𝑃𝑜,𝑖
⋮⋮⋮
𝑃𝑜,𝑛−1
𝑃𝑜,𝑛
(63)
[𝐵] =
𝐵1
𝐵2
𝐵3
𝐵4
⋮⋮⋮𝐵𝑖
⋮⋮⋮
𝐵𝑛−1
𝐵𝑛
(64)
Pela abordagem matricial, finalmente a pressão implícita pode ser obtida pela
equação 62 e com a pressão conhecida, pode-se calcular a saturação do reservatório pela
equação 65:
[𝐴]−1 ∙ [𝐵] = [𝑃]
(65)
64
𝑆𝑤 = 𝑆𝑤𝑖 +1
𝐶𝑤𝑤,𝐶
∙ [𝜏𝑤,𝑛 ∙ 𝑃𝑜,𝑛 + 𝜏𝑤,𝑠 ∙ 𝑃𝑜,𝑠 + 𝜏𝑤,𝑒 ∙ 𝑃𝑜,𝑒 + 𝜏𝑤,𝑤 ∙ 𝑃𝑜,𝑤 − 𝜏𝑤,𝐶
∙ 𝑃𝑜,𝐶 − 𝐶𝑤𝑝,𝐶 ∙ (𝑃𝑜,𝐶 − 𝑃𝑜𝑖) − 𝐷𝑐𝑜𝑤,𝐶 +(𝑞𝑤,𝑆𝑇𝐷
)
Δ𝑉]
Com isso, o papel do simulador será calcular as equações 62 e 65, a medida que
atualiza os valores de constante 𝑨𝒏 , 𝑨𝒔, 𝑨𝒆, 𝑨𝒘, 𝑨𝑪 e 𝑩𝑪 em cada passo de tempo. Assim,
pode-se dizer que toda abordagem matemática e numérica foi tratada neste capítulo, o que dá o
embasamento teórico para prosseguimento do estudo de caso no capítulo a seguir.
65
4 Estudo de caso
Depois de levantados conhecimentos de canhoneio para entendimento do processo,
dados de um reservatório para uma simulação, propriedades de rocha e fluido e
desenvolvimento matemático e numérico, este capítulo tem o objetivo de explicar a construção
do simulador, para uma posterior análise e comparação dos resultados obtidos.
O programa utilizado para construção dessa simulação foi o Wolfram Mathematica
9, que foi capaz de reproduzir as equações descritas no capítulo 3, juntamente com hipóteses
matemáticas e numéricas. Esse programa foi construído com a intenção de formular um
simulador numérico de produção de reservatórios capaz de simular diversos cenários, diferindo
um cenário em relação ao outro apenas com relação à geometria de abertura e penetração do
canhoneio. Condições de produção de reservatório, bem como a movimentação de fluido na
rocha porosa, determinação de regiões de fluido, zonas canhoneadas e zonas abertas, além de
outras variáveis para efetuar o estudo de fluxo de óleo também foram levadas em consideração.
A estratégia de análise do trabalho foi de simular quatro cenários diferentes para o
período de um ano de simulação. Como dito anteriormente, a fim de comparar apenas a
interferência da geometria do canhoneio na produtividade de poços de petróleo, a única
mudança entre os cenários é a geometria do canhoneio. Estes cenários podem ser diferenciados
a partir da tabela 4.1.
Além disso, a fim de observar o comportamento da produção de óleo, pressão de
fundo, fator de recuperação, entre outros fatores, o cenário número 1 e 2 foi simulado para cinco
e dez anos.
Tabela 4.1: Geometria de canhoneio dos cenários analisados
Cenário Nomenclatura Intervalo Canhoneado (m)
1 4x1 20
2 4x2 20
3 6x1 30
4 6x2 30
66
A diferença entre os cenários 1 e 2 e entre os cenários 3 e 4 está na penetração do
canhoneio na rocha reservatório. Os cenários 2 e 4 possuem cerca de duas vezes mais
penetração que os cenários 1 e 3, porém, o critério utilizado para alcançar este valor é explicado
no item 4.1.3. As figuras 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4 mostram um esboço de cada um dos cenários para
uma melhor visualização e entendimento da diferença entre os mesmos.
4.1 – Esboço da região canhoneada (cenário 1)
4.2 – Esboço da região canhoneada (cenário 2)
67
4.3 – Esboço da região canhoneada (cenário 3)
4.4 – Esboço da região canhoneada (cenário 4)
68
4.1 Critérios de simulação
4.1.1 Determinação do Grid
Antes de dar continuidade a explicação do simulador, é importante ressaltar a
determinação do grid. Em problemas de método numérico, são utilizadas soluções aproximadas
em determinadas posições, de maneira viável, trocando as soluções de conhecimento exato em
todos os pontos analisados do tempo e espaço.
A determinação de grid vai da lógica empregada no problema, da análise crítica do
engenheiro, e da viabilização de projeto. Esse processo envolve estabelecer regiões mais
relevantes para o estudo da simulação, que é adaptado de um modelo de simulação geológico
mais refinado para um mais simples, realizando o upscalling, no qual o tamanho de blocos do
grid na região mais crítica à análise, são menores, a fim de coletar melhores informações, e em
pontos mais distantes, esses blocos tornam-se maiores, perdendo essa característica refinada
para que se ganhe tempo de execução do problema, o que viabiliza o projeto, dentro das
circunstâncias, exigindo menos trabalho computacional, e ainda garante qualidade de projeto.
Assim, para escolha da malha foi levantado certos aspectos:
Os efeitos de pressão devem estar fundamentados no espaço cilíndrico do
reservatório, agrupando os pontos de interesse, como os de fronteiras e junto ao poço, e obtendo
valores de vazão com pequenas variações próximas aos grids mais refinados;
O tempo dentro de um valor que permita estabilidade e convergência dos valores,
e ao mesmo tempo, que não comprometa o tempo de simulação quando comparado com outros
grids;
Como explicado, o grid tem menor tamanho próximo à região do poço, para que
sejam criados efeitos de escoamento, no qual esses blocos estarão organizados numa função
logarítmica. Na vertical, o grid tem uma variação homogênea, facilitando determinar as regiões
aberto ao fluxo de fluido.
Durante a discretização do tempo foi notado que havia problemas para
determinação do passo de tempo, principalmente pelo uso do método IMPES, que foi um dos
principais métodos utilizados para a modelagem numérica. Diante das simulações, como tempo
69
total de simulação seria um ano, foi pensado em alguns passos de tempo, até alcançar o valor
de um dia, que, para tal, a convergência ocorria, já que mudanças bruscas nas vazões de
produção eram vistas para valores maiores. Porém, visto que os valores ainda oscilavam, foi
adotado um passo de tempo adaptativo, o qual tem papel de reduzir o passo de tempo cada vez
que o programa encontrar instabilidade de solução e assim, retomar ao valor previamente
definido. Porém, nem sempre a retomada para valores maiores conseguia garantir a
convergência, fazendo o programa permanecer numa constante mudança de passo de tempo e
assim estendendo o tempo total de simulação.
Após esse novo problema, o passo de tempo de um dia foi adotado, já que para os
grids testados, esse valor garantia a convergência além de possibilitar a utilização de uma faixa
de vazão de 100 m³/dia a 800 m³/dia.
Com esse problema resolvido, bastava determinar o número de blocos a ser usado.
Inicialmente, os grids analisados para o reservatório foram:
5x5
10x10
15x15
20x20
25x25
Para análise de grid, foi utilizado tempo de simulação de apenas dois meses. O
motivo do curto espaço de tempo de simulação foi para conseguir uma gama maior de grids
para a análise sem que levasse muito tempo de simulação e determinar a partir de qual grid
consegue-se valor com pouca discrepância. Sendo assim, foram escolhidos valores aleatórios,
porém condizentes com a realidade, e simulado para a primeira análise e comparação entre os
grids. O tempo obtido para cada grid pode ser visualizado na Tabela 4.2.
70
Tabela 4.2 – Tempo de simulação
Grid Numérico Tempo (segundos)
5x5 6
10x10 85
15x15 202
20x20 364
25x25 612
Assim, com essa análise, percebe-se inicialmente um crescimento exponencial do
tempo (figura 4.5) à medida que o grid aumenta.
Figura 4.5 – Evolução exponencial do tempo para cada grid
Ao longo do desenvolvimento dos grids, foi notado que o grid 5x5 eliminava região
de interesses para análise da região aberta a produção, sendo descartado antes de seguir para os
critérios de análise.
A partir disso, ainda falta definir qual exatamente dos grids será utilizado. Assim,
como comentado, o valor agora de critério será o resultado de volume de óleo produzido, para
visualizar em quais grids o valor gerado são próximos. Primeiramente, pode-se observar na
tabela 4.3 que a diferença entre os volumes de óleo obtidos para cada grid foram muito próximos.
5x5
10x10
15x15
20x20
25x25, 612
0
100
200
300
400
500
600
700
0 2 4 6
Tem
po
Grid
Evolução do tempo de simulação
Tempo (segundos)
71
Tabela 4.3- Volume de óleo produzido para todos os grids
Grid
Numérico Volume de óleo
(m³)
Discrepância
(%)
5x5 0 -
10x10 30702 -
10x15 30660 0,14
15x15 30642 0,06
20x20 30612 0,10
25x25 30610 0,01
Assim, visto que os valores são próximos, o valor do grid 25x25 é eliminado já que
na tabela 4.2 ele apresentou um tempo de execução muito superior que os outros testes, 1543
segundos. Seguindo a mesma lógica, os grids de 20x20 e 15x15 também foram eliminados, pois
levaram tempo superior (não tão grande quanto o 25x25) que outros grids menores. Por essa
lógica, o 10x15 deveria ser eliminado e o 10x10 mantido, porém, este por ter apenas 10 blocos
na direção do raio ficaria um pouco mais limitado no dimensionamento de profundidade
alcançada pelo canhoneio. Sendo assim, o grid 10x15 foi o escolhido por ter maior quantidade
de blocos na direção do raio e ainda sim manter um tempo menor que o grid 15x15, já que na
vertical não era necessário maior divisão de blocos. O resultado de simulação não será
prejudicado e o tempo total de simulação para casos de um ano (proposta de simulação dos
casos) não será muito longo, podendo ser estudado várias situações de canhoneio.
4.1.2 Critério de permeabilidade
Após a determinação do grid de simulação a ser usado, outro critério de
fundamental importância a ser analisado é o valor de permeabilidade. Esse critério deve ser
verificado, visto que há duas regiões com diferentes permeabilidades, a do canhoneio e a da
rocha reservatório.
Nesta análise, o desafio é determinar o menor e maior valor que se pode empregar
para a permeabilidade do canhoneio e da rocha reservatório e o intervalo que o simulador gere
valores condizentes com a realidade.
72
O primeiro teste foi executar o programa com a permeabilidade de reservatório no
valor de 150mD e a permeabilidade do canhoneio no valor de 1500mD (ou seja, permeabilidade
do canhoneio 10 vezes maior). Para esse caso, o simulador convergiu sem problemas.
Sendo assim, resolvemos aumentar a permeabilidade do canhoneio para o valor de
15000mD e manter a permeabilidade do reservatório. (ou seja, nesse caso, a permeabilidade do
canhoneio seria de 100 vezes maior). Entretanto, para esse caso, o programa diminuía o passo
de tempo e não conseguia convergir (o motivo para a não convergência será explicado no item
4.1.3). Então, concluímos que o valor adotado para a permeabilidade do canhoneio estava muito
elevado.
Então, executamos mais um caso, mantendo de novo a permeabilidade do
reservatório no valor de 150mD e aumentando a permeabilidade do canhoneio agora para o
valor de 2000mD. Mais uma vez, o programa apenas reduzia o passo de tempo e não convergia
após um tempo de simulação muito grande.
Após executados estes três casos, podemos concluir que o valor máximo de
permeabilidade do canhoneio seria próximo de 1500mD. Assim, o próximo passo foi verificar
o valor mínimo a ser adotado para permeabilidade do reservatório, a fim de conseguir o maior
range entre as duas permeabilidades.
Desta maneira, executamos mais um caso, fixando dessa vez a permeabilidade do
canhoneio em 1500mD e admitindo a permeabilidade do reservatório em 1mD. Para este caso,
o programa não convergiu.
Um quinto caso foi executado, fixando mais uma vez a permeabilidade do
canhoneio em 1500mD e ajustando a permeabilidade do reservatório em 10mD, porém este
caso também não convergiu.
No momento que executamos o quinto caso que não convergiu, pensamos que a não
convergência não se deu devido aos valores usados, mas sim a grande diferença entre os dois
valores de permeabilidade (150 vezes maior). Então, executamos um sexto caso, com uma
diferença de range na ordem de 100 vezes maior e então admitimos os valores de 10mD e
1000mD para permeabilidade do reservatório e do canhoneio, respectivamente. Para este caso,
o programa executou a simulação sem problemas de convergência e em um tempo de simulação
adequado. Dessa forma, julgamos os valores estarem condizentes com a realidade e então
73
encerramos o estudo de critério de permeabilidades. A tabela 4.4 mostra de forma simplificada
todos os casos executados para o critério de permeabilidades.
Tabela 4.4 – Casos executados no critério de permeabilidade
4.1.3 Critério de estabilidade
Como foi explicado anteriormente, a ideia inicial deste trabalho é de usar uma
malha refinada junto ao poço, já que é exatamente nestes blocos que o canhoneio tem maior
influência, a fim de gerar blocos com um tamanho na direção “r” bem pequeno. Entretanto,
uma malha muito refinada perto do poço pode conduzir a soluções instáveis e, portanto, a
resultados pouco ou nada representativos. (Rosa, 2011)
Nesse sentido, o critério para análise de estabilidade e definição da malha ideal deve
obedecer ao critério de von Newmann. Este critério possui soluções para a abordagem explícita
e implícita, porém, como neste trabalho foi adotada uma análise explícita para a saturação
(Método IMPES), a solução para este caso será abordada a seguir. (Rosa, 2011)
Após manipulação matemática da formulação explícita para saturação, este critério
gera como solução a inequação 66:
∆𝑡 ≤
1
2
(∆𝑥)2
𝜂 (66)
74
onde, ∆𝑡 é intervalo de tempo, ∆𝑥 é o tamanho da malha e 𝜂 =𝑘
𝜙.𝜇.𝐶𝑡
É neste ponto que se encontra a maior adversidade deste trabalho. Ao mesmo tempo
em que devemos adotar permeabilidades elevadas justamente para caracterizar a zona
canhoneada (no item 4.1.2 foi decidido que iria ser adotado 10mD para a zona não canhoneada
e 1000mD para a zona canhoneada), a constante da difusividade hidráulica (𝜂) acaba ficando
com um valor elevado e então o tamanho da malha deverá ser maior para que o lado direito da
inequação 66 seja maior que o lado esquerdo (∆𝑡). É exatamente esta a explicação para muitos
casos não convergirem quando simulados no item 4.1.2. Um exemplo desta não convergência
pode ser visualizado na tabela 4.5, onde foi simulado para uma permeabilidade mil vezes maior
na região de canhoneio e com o aumento do grid, houve diminuição do tamanho do bloco (∆𝑥).
Tabela 4.5- Tempo de simulação para permeabilidade de canhoneio mil vezes maior
Grid
Numérico Tempo
(segundos)
5x5 6
10x10 87
10x15 137
15x15 não converge
20x20 não converge
25x25 não converge
Sendo assim, visando a convergência do simulador e após uma série de rodadas de
simulação, foi adotado que a malha usada para todos os cenários simulados deveria ser a exposta
na figura 4.6. Esta figura deve ser entendida como o primeiro valor sendo o tamanho na direção
r do primeiro bloco (17,3568 metros), o segundo valor o tamanho do segundo bloco (24,4924
metros), e assim por diante, totalizando os 600 metros que é tamanho do raio usado para o
reservatório.
Figura 4.6 – Comprimento na direção r de cada bloco
75
4.2 Construção do simulador
Nesse momento, são explicados minuciosamente os principais códigos do programa
Wolfram Mathematica, levantando os pontos mais importantes para posterior análise e
comparação dos cenários. Vale ressaltar que o simulador em si foi construído de forma genérica
(para ser aplicado em qualquer tipo de reservatório) e, por conta disso, considera alguns
fenômenos irrelevantes para este trabalho em específico, como injeção/produção de água.
Sendo assim, tais condições foram mantidas no simulador, porém inativas, como é exposto mais
a diante.
4.2.1 Dados de entrada
Os dados de entrada correspondem às informações iniciais de reservatório, além de
outras condições iniciais que dizem respeito ao funcionamento do simulador em si. Os dados
que caracterizam o reservatório foram escolhidos de forma a representar um reservatório
genérico, porém condizente com a realidade. São elas:
Número de blocos na zona do óleo e água (Figura 4.7)
Figura 4.7 – Número de blocos em cada região
Tempo do Time-Step e tempo de simulação (Figura 4.4). Como pode-se observar
na figura 4.8 (os valores encontram-se em segundos), foi utilizado um passo de tempo na
simulação de 1 dia.
76
Figura 4.8 – Tempo do passo de tempo e tempo total de simulação
Malha irregular no sentido do raio, representado pela equação de malha
logarítmica, descrevendo o upscaling. O erro máximo de pressão no qual o programa reinicia o
looping caso o erro seja maior que o declarado. Por último, a altura de transição de água e óleo,
na qual representa o intervalo que saturação varia gradativamente, que será descrito futuramente
no programa. (Figura 4.9)
Figura 4.9 – Utilização de malha irregular e sua função, valor de convergência da pressão e altura da região de
transição entre a região do óleo e o aquífero
Dados de geometria do sistema e pontos iniciais (Tabela 4.6)
Tabela 4.6: Dados de geometria do sistema
Nomenclatura no Wolfram
Mathematica Valor Unidade Descrição
radius 600 m Raio do reservatório
height 50 m Altura da zona de óleo
azimuth 2𝜋 - Variação radial do reservatório
aquifer 2 -
Proporção do aquífero sobre a
espessura da camada de óleo
rwf 3,5*0,0254 m Raio do poço
R0 3.5*0,0254 m Equivalente ao valor do raio do poço
Z0 0 -
𝜃0 0 -
T0 0 -
Condição de contorno interno, importante para iniciar o programa com vazão
prescrita e não com a pressão. (Figura 4.10). Trata-se da região onde o fluido é produzido,
consequentemente a região canhoneada de interesse, podendo ser dupla ou até mesmo com
injeção de água. Nesse trabalho, foi abordado a completação simples no óleo.
77
Figura 4.10 – Determinação de uma vazão prescrita
O intervalo Δo1 e Δo2 representam a região aberta do poço, bastante importante
para essa simulação, já que será a região onde ocorre o canhoneio, portanto, região onde a
geometria do mesmo é descrita. É de fundamental entendimento que a geometria da região
canhoneada é descrita por meio dos valores de permeabilidade mais elevados e pela condição
de que pontos de canhoneio possuem a vazão não nula ou pressão prescrita (Figura 4.10). O
intervalo Δw1 e Δw2 representa a região aberta do poço no aquífero, entretanto neste trabalho
não haverá região aberta no aquífero, portanto foram adotados valores iguais. (Figura 4.11)
Figura 4.11 – Pontos iniciais e finais de abertura da zona de óleo e água
Dados relacionados ao reservatório, como propriedades de rocha
(compressibilidade, saturação, etc.), propriedades de fluido (viscosidade, fator volume-
formação, densidade, etc.), vazões de produção de óleo e de água (esta última considerada igual
à zero), etc., fechando assim o conjunto de dados para iniciar o programa (Tabela 4.7). Note
que nessa parte adotam-se dois valores de permeabilidade horizontal: a do reservatório e a do
canhoneio, sendo a permeabilidade do canhoneio muito maior que a do reservatório, pois, como
dito anteriormente, é feito isso para caracterizar a zona aberta após a operação de canhoneio,
zona de produção.
Tabela 4.7: Dados do reservatório
Nomenclatura no
Wolfram Mathematica Valor Unidade Descrição
Pinic 2 ∗ 107 Pa Pressão inicial do reservatório
Pbolha 8 ∗ 106 Pa Pressão de bolha
78
Pwf 8 ∗ 106 Pa Pressão de fundo de poço (igual à pressão de
bolha para garantia de não formação de gás)
PwfW 8 ∗ 106 Pa Pressão de fundo na água
Qprod 400 𝑚3/𝑑 Vazão de produção de óleo
QprodW 0 𝑚3/𝑑 Vazão de produção de água
Boi 1,104 - Fator volume formação inicial do óleo
Bwi 1,04 - Fator volume formação inicial de água
𝜙𝑐 0,15 - Porosidade
co 1,5 ∗ 10−9 𝑃𝑎−1 Compressibilidade do óleo
cw 4 ∗ 10−10 𝑃𝑎−1 Compressibilidade da água
cf 4,4 ∗ 10−10 𝑃𝑎−1 Compressibilidade da formação
k 10 mD Permeabilidade
kcanhoneio 1000 mD Permeabilidade da região afetada pelo
canhoneio
kvh 0,1 - Permeabilidade na vertical
Temp 80 ºC Temperatura
𝑑𝑜60,60 0,875 - Densidade do óleo
𝜌𝑤 1 ∗ 103 𝑘𝑔/𝑚3 Massa específica da água
𝜌𝑜 0,9 ∗ 103 𝑘𝑔/𝑚3 Massa específica do óleo
g 9,81 𝑚/𝑠2 Gravidade
𝜇𝑤𝑖 0,7 cp Viscosidade inicial da água
Swi 0,2 - Saturação inicial de água
Swcon 0,15 - Saturação de água conata
4.2.2 Procedimento de cálculo
Nesta etapa do programa, são executadas as constantes e plotados gráficos para
melhor visualização da região do canhoneio, zona de óleo, zona de água e reservatório. A figura
4.12 monstra a divisão da região da água e do óleo, além da região aberta a ser produzida.
Também fica visível que o aquífero é o dobro do tamanho da zona do óleo. Já a figura 4.13, na
79
primeira parte mostra como um todo a região do reservatório, sendo este em geometria
cilíndrica. O escoamento circunferencial foi descartado, já que as propriedades serão
consideradas homogêneas e assim o modelo torna-se uma análise bidimensional, mostrada do
lado direito da imagem.
Figura 4.12 – Representação gráfica do aquífero, da zona de óleo e da zona aberta à produção
Figura 4.13 – Reservatório cilíndrico e a representação da diferença da zona de óleo e água
Para tal condição, fica nítido o porquê da consideração de uma pressão inicial de
reservatório, mostrada nos dados de entrada, de 2 x107 Pascais.
80
É neste momento também que o grid é executado, utilizando os dados de entrada,
além de auxiliares para descrever as matrizes de saturação de permeabilidade. Tais auxiliares
irão descrever os pontos dentro das matrizes, e assim não precisarão ser inseridos os valores,
um por um, nas matrizes. (Figura 4.14)
Figura 4.14 – Auxiliares para preencher os valores nas matrizes
Em seguida, são declaradas funções para caracterização do programa, tais como
determinação da malha irregular, dimensionamento dos blocos em “r”, já que nessa direção que
ocorre a variação irregular dos blocos, ademais dimensionamento da matriz raio e volume de
blocos, necessário para aplicação do método de volumes finitos.
Juntamente com essa descrição, são colocadas as equações para cálculo do método
de volumes finitos, dentre elas estão: fator volume formação de óleo e água, grau API,
viscosidade do óleo e água, sendo feito uma plotagem para melhor visualização dessas
propriedades com a variação de pressão, como o do fator volume-formação. (Figura 4.15)
81
Figura 4.15 – Gráfico fator volume - formação
Em relação à viscosidade, como foi explicado no capítulo 3, foi utilizado a
viscosidade do óleo, obtida de acordo com a Lei de Darcy através das correlações de Standing.
(Standing, 1981). Para a água, a viscosidade foi assumida como constante e igual a 0,7
centipoise, em condições de reservatório (temperaturas elevadas) (Figura 4.16).
82
Figura 4.16 – Gráfico da viscosidade da água (Pa.s) e óleo em função da pressão (Pa).
São também apresentadas curvas de permeabilidade de óleo e água (Figura 4.17).
A pressão capilar adotada no modelo é exposta na figura 4.18. Nela, fica evidenciado que a
pressão capilar é considerada nula a partir da saturação de água conata e depois assumida
constante para evitar problemas de convergência. Também é feito uma plotagem em função de
saturação para visualizar a variação dessas propriedades.
83
Figura 4.17 – Gráfico da permeabilidade relativa da água e do óleo em função da saturação.
Figura 4.18 – Gráfico da pressão capilar em função da saturação
Partindo da hipótese que a água molha mais a rocha e há uma maior possibilidade
dela se alocar em poros menores da rocha, sendo assim adsorvida, o modelo assume que essa
água alocada nesses poros e em regiões menos aberta a produção, serão incapazes de ser
produzida, fazendo com que seja adotado um valor de 15% de saturação de água irredutível.
84
Após a execução de todos esses dados, iniciam-se as matrizes do programa.
Primeiramente a de porosidade (Figura 4.19), depois a de permeabilidade, sendo esta formada
primeiramente pelo valor do canhoneio do reservatório, e logo após, utilizando auxiliares 5 e 6
para descrever a região de permeabilidade do canhoneio. (Figura 4.20)
Figura 4.19 – Matriz porosidade
Figura 4.20 – Auxiliares para preenchimento da permeabilidade na zona canhoneada
Estes auxiliares são equações que posicionam a permeabilidade de canhoneio,
descrita nos dados, na região que foi adotada. Ao colocar as matrizes da permeabilidade, os
auxiliares entram no equacionamento para localizar essa região. (Figura 4.21)
85
Figura 4.21 – Condições para colocar os pontos de alta permeabilidade na zona canhoneada.
O canhoneio foi dimensionado apresentando uma região da matriz permeabilidade
com um valor muito alto, ficando simples a visualização e funcional a quantificação dessa
região, representado pela região vermelha na matriz exposta no apêndice A.
Depois, com os primeiros auxiliares descritos, é feito condições com as fronteiras
dos blocos, sendo na vertical, aplicado a anisotropia e na horizontal mantem as condições de
permeabilidade previamente descritas. (Figura 4.22)
Figura 4.22 – Colocação da anisotropia na matriz permeabilidade
Após esse procedimento, finaliza-se com as matrizes de pressão e saturação,
realizando o mesmo método que foi feito com a permeabilidade, porém, utilizando-se de uma
86
integral (figura 4.23) para acompanhar a variação dessas matrizes, já que é assumida certa
molhabilidade da rocha.
Figura 4.23 – Integral para descrever a região de transição
Devido a molhabilidade da rocha, na zona de óleo encontra-se água, além de existir
uma zona de transição com crescentes valores de saturação de água que aumentam
gradativamente até o valor de 100%, que representa a região do aquífero. A matriz de saturação
pode ser vista no Apêndice B.
Vale ressaltar que é criado uma matriz auxiliar a saturação para executar o método
IMPES. (Figura 4.24)
Figura 4.24 – Matriz auxiliar para o realizar o método IMPES
Para finalizar o método, são construídas equações de transmissibilidade, explicadas
no capítulo 3, nas quatro direções dos blocos, e depois são rearranjadas as constantes para
melhor visualização e escrita do cálculo no momento das iterações. Além disso, tais rearranjos
serão usados para construção da matriz inversa (também definidas no capítulo 3), que será
utilizada no looping para cálculo das pressões. Ao final, são colocadas condições de
convergências do programa para evitar erros de simulação numérica. (Figura 4.25)
87
Figura 4.25 – Condições de simulação para que haja convergência
4.2.3 Processo de iteração
Num primeiro momento de iteração são determinadas condições de execução para
o programa, para que este continue iterando dentro dessa condição toda vez que retornar o
looping, além de ser o momento em que é acionado o método IMPES, entrando as equações
declaradas previamente. (Figura 4.26)
Figura 4.26 – Condições de iteração
Após as condições de simulação terem sido colocadas, são determinadas as
premissas de zona de óleo, água e injeção a ser analisadas no looping. Neste problema, o foco
está na zona canhoneada de óleo, sendo descartada do processo de produção, a zona de água e
a injeção. Sendo assim, dentro do looping são construídos testes para que sejam executadas as
equações utilizando esses valores de zona, como por exemplo, o ponto inicial e final de abertura
de óleo serem valores diferentes, enquanto os pontos aberto na zona de água e de injeção, serem
88
valores iguais, fazendo com que o programa pule esta parte e foque no objetivo principal. A
figura 4.27 mostra a completa execução de óleo e a figura 4.28 apenas a condição de inatividade
da região da água e de injeção, já que estas não são o objetivo deste trabalho.
Figura 4.27 – Condição de execução das equações do óleo e suas equações
89
Figura 4.28 – Condição para eliminar a zona de água e de injeção do problema abordado
Assim, são calculadas vazões de óleo em cada passo de tempo e a cada iteração
somada para obtenção do volume total. (Figura 4.29)
Figura 4.29 – Volume produzido acumulado
Após o término do cálculo das vazões, inicia-se o processo de cálculo de pressões.
No método IMPES, essa parte utiliza-se a matriz inversa daquele rearranjo feito na matriz da
transmissibilidade, que foi falado previamente, sendo o primeiro passo a ser feito. Logo após,
é feita a condição de simulação para convergência, que não é nada mais do que reduzir o passo
de tempo, caso o programa não consiga convergir naquele pré-estabelecido. (Figura 4.30)
Figura 4.30 – Condição de simulação para convergir
Depois, seguindo a lógica que foi feito no cálculo das vazões, são colocadas as
condições de zonas produzidas, eliminando a região aberta da zona de e a região de injeção
água (isto é eliminado apenas com a aplicação de um mesmo valor para os pontos inicial e final),
que nesse estudo de caso será considerado.
90
No cálculo das saturações são criadas nove condições. Cada condição trabalha com
uma determinada região. A primeira condição isola a região de fronteira, excluindo a posição
inicial (i≠1 e j≠1) e final da matriz (i≠Nr e j≠Nz) colocando um sinal de diferente para a
condição verdadeira, executando assim as equações para os valores internos da matriz. (Figura
4.31)
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.31 - Primeira condição – Condição de valores internos da matriz
Na segunda condição, é analisada a primeira coluna da matriz (i=1), excluindo
valores da extremidade dessa coluna (j≠1 e j≠Nz). (Figura 4.32)
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.32 - Segunda condição – condição da primeira coluna sem os vértices
O mesmo ocorre para análise da terceira, quarta e quinta condição; sendo a última
coluna excluindo as extremidades (i=Nr, j≠1 e j≠Nz) (Figura 4.33), a primeira linha salvo das
extremidades (j=1, i≠1 e i≠Nr) (Figura 4.34), e a última linha também sem as extremidades
(j=Nz, i≠1 e i≠Nr) (Figura 4.35), respectivamente.
91
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.33 - Terceiro condição - condição da última coluna sem os vértices
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.34 – Quarta condição – condição da primeira linha sem os vértices
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.35 - Quinta condição - condição da última linha sem os vértices
Após esse passo, completamos cinco das nove condições citadas e fica claro
visualizar que faltam as condições dos quatro vértices da matriz, sendo assim, temos as
condições do primeiro vértice (i=1 e j=1) (Figura 4.36) depois do final da primeira coluna (i=1
e j=Nz) (Figura 4.37), seguido do terceiro vértice na última coluna e primeira linha (i=Nr e j=1)
(Figura 4.38) e por último, o último ponto (i=Nr e j=Nz) (Figura 4.39).
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.36 - Sexta condição – Condição do vértice 1x1
92
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.37 - Sétima condição - Condição do vértice Nzx1
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.38 - Oitava condição - Condição do vértice 1xNr
[
𝒂𝟏𝒙𝟏 𝒂𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝟐𝒙𝟏 𝒂𝟐𝒙𝟐 … 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝟐𝒙𝑵𝒓
⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛−𝟏𝒙𝑵𝒓
𝒂𝑵𝒛𝒙𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝟐 ⋯ 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓−𝟏 𝒂𝑵𝒛𝒙𝑵𝒓 ]
𝒋𝒙𝒊
Figura 4.39 - Nona condição - Condição do vértice NzxNr
Com essas condições, são montadas as equações para cada região da matriz,
utilizando o método IMPES com as matrizes de transmissibilidade.
Ao final, novamente os valores vão sendo acumulados, e é refeito o teste de
simulação, isto é, o teste para verificar caso necessite de redução de passo de tempo para
reexecutar o processo em um passo de tempo menor.
Assim, ao final do cálculo da vazão, pressão e saturação, o processo iterativo acaba
e assim avança-se para a parte final do programa.
93
4.3 Resultados
Após as etapas de determinação do grid, testes para escolha da permeabilidade ideal
a ser usada para a região de canhoneio e para região do reservatório, critério de estabilidade e
execução de todo o processo iterativo como descrito anteriormente, finalmente chega-se aos
resultados desta análise. Primeiramente serão apresentados os resultados para os cenários 1 a 4,
no tempo de simulação de um ano. Depois serão expostos os resultados do cenário para cinco
e dez anos.
4.3.1 Um ano de produção
A tabela 4.8 mostra o tempo que o computador levou para simular cada cenário para
o período de produção de um ano. O computador utilizado para tais simulações foi um de
processador i5 – 2410M de 2,30 GHz.
Tabela 4.8: Tempo de execução por cenário
Cenários Tempo de execução (s)
1 910,96
2 771,74
3 1655,12
4 1521,98
Um dos principais resultados obtidos pela simulação é a vazão de óleo alcançada
durante o período de um ano. As figuras 4.40, 4.41, 4.42 e 4.43 mostram os patamares
alcançados para os cenários 1,2,3 e 4, respectivamente.(apenas para relembrar: os cenários 1 e
2 tem intervalo canhoneado de 20 metros e os cenários 3 e 4 tem intervalo de 30 metros). Como
era de se esperar, todos os casos permanecem, no início da simulação, com vazão constante e
igual a 400 m³/d, já que foi assumido como dado de entrada este valor fixo de vazão. Acontece
que, como já explicado no início deste capítulo, a pressão de fundo de poço deve cair e atingir
no mínimo valor igual a pressão de bolha, a fim de evitar a produção de gás. Dessa forma, no
94
momento em que a pressão atinge a pressão de bolha, como esta não pode mais reduzir, a vazão
começa a diminuir. Sendo assim, a comparação entre os cenários no que diz respeito à vazão
deve ser avaliada no que diz respeito ao tempo que o poço consegue produzir no patamar de
400 m³/d. Através dos gráficos pode-se observar que o cenário 2 tem um tempo maior com a
vazão inicial do que o cenário 1 e o mesmo ocorre na comparação dos cenários 4 e 3.
Figura 4.40 – Gráfico de Vazão de óleo X Tempo (Cenário 1)
Figura 4.41 – Gráfico de Vazão de óleo X Tempo (Cenário 2)
95
Figura 4.42 – Gráfico de Vazão de óleo X Tempo (Cenário 3)
Figura 4.43 – Gráfico de Vazão de óleo X Tempo (Cenário 4)
Outros gráficos que são interessantes de serem analisados são os que dizem respeito
á pressão de fundo de poço. As figuras 4.44, 4.45, 4.46 e 4.47 mostram o comportamento de
pressão de fundo para os cenários 1,2,3 e 4 respectivamente. Neles pode-se analisar o
decaimento da pressão de fundo até atingir o valor de pressão de bolha, e a partir deste dia, a
pressão se mantem constante até o final da simulação. Este comportamento já era esperado,
uma vez que nos dados iniciais é imposta essa condição. Entretanto, assim como a vazão, a
análise também reside no tempo que a pressão leva para atingir a pressão de bolha.
96
Comparando os cenários, percebe-se que os que possuem maior penetração de
canhoneio (cenários 2 e 4) levam mais tempo para terem a pressão de fundo atingindo a pressão
de bolha. Para um melhor entendimento deste fenômeno, um esboço de decaimento da pressão
de fundo pode ser analisado através das figuras 4.48 e 4.49. Na figura 4.48, pode-se perceber
que a pressão possui uma tendência de decaimento, mas quando encontra a zona de maior
permeabilidade, este comportamento muda, levando um maior tempo para atingir a pressão de
bolha. A figura 4.49 mostra a mesma ideia da figura 4.48, porém esta, por ter uma zona maior
ainda de permeabilidade, leva ainda mais tempo para atingir a pressão de bolha.
Figura 4.44 – Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 1)
97
Figura 4.45 – Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 2)
Figura 4.46 – Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 3)
98
Figura 4.47 – Comportamento da pressão de fundo de poço (Cenário 4)
Figura 4.48: Comportamento da pressão de fundo ao longo do reservatório (esboço para os cenários 4x1 e 6x1)
99
Figura 4.49: Comportamento da pressão de fundo ao longo do reservatório (esboço para os cenários 4x2 e 6x2)
As figuras 4.50, 4.51, 4.52 e 4.53 mostram a produção acumulada de óleo, no
período de um ano, para os cenários 1,2,3 e 4 respectivamente. Como era de se esperar, os
cenários 2 e 4 possuem os maiores níveis de produtividade, se comparados com os cenários 1 e
3, respectivamente. A tabela 4.9 evidencia os valores exatos acumulados para cada cenário e a
figura 4.54 os valores de volume de óleo acumulado em um único gráfico, a fim de se obter
uma melhor comparação entre os cenários.
Figura 4.50: Produção de óleo acumulada (Cenário 1)
100
Figura 4.51: Produção de óleo acumulada (Cenário 2)
Figura 4.52: Produção de óleo acumulada (Cenário 3)
101
Figura 4.53: Produção de óleo acumulada (Cenário 4)
Figura 4.54: Produção de óleo acumulada (Cenários 1, 2, 3 e 4)
Tabela 4.9: Volume de óleo produzido
Cenários Volume de óleo produzido (m³)
1 121 111
2 124 641
3 122 512
4 142 657
110000
115000
120000
125000
130000
135000
140000
145000
.
Produção de Óleo durante 1 ano
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
Cenário 4Vo
lum
e d
e ó
leo
(m
³)
102
Deve-se relembrar também que é muito importante saber o volume de óleo in place
quando se analisa o volume de óleo produzido. Considerando a geometria cilíndrica do
reservatório (com raio igual a 600 metros e altura da zona de óleo de 50 metros), porosidade
(neste trabalho a porosidade adotada foi de 15%), saturação de óleo na zona de óleo (neste
trabalho a saturação de óleo adotada foi de 80%) e fator volume-formação inicial (adotado
1,104), chega-se ao valor de aproximadamente 6 146 594,32 m³ para o volume de óleo in place
na zona de óleo.
Como não é o foco deste trabalho, a produção de água não será apresentada.
Contudo, os valores de volume de água acumulada são extremamente baixos (na ordem de 3%
em relação ao volume de óleo). Isto porque a saturação de água inicial assumida na zona de
óleo foi de 20% e de água irredutível de 15%, então o volume de água a ser produzido na zona
de óleo é muito baixo. Soma-se a isso o fato da mobilidade da água ser próxima de zero para
valores abaixo de 20% de saturação de água, como pode ser visto no gráfico de permeabilidades
relativas (Figura 4.17).
O último resultado a ser analisado consiste nas matrizes de saturação e pressão de
fundo obtidas após o período de um ano de simulação para os cenários 1, 2, 3 e 4. Estas podem
ser encontradas nos apêndices C, D, E F, G, H, I e J, respectivamente. O que pode ser analisado
nelas, é que como o período de simulação é curto (um ano), as mudanças em relação as matrizes
iniciais de saturação e pressão (apêndices A e B) são bem sensíveis.
4.3.2 Cinco e dez anos de simulação
Como dito anteriormente, o objetivo de simular os cenários 1 e 2 para cinco e dez
anos é de avaliar a produtividade em um período maior de tempo. Sendo assim, as figuras 4.55
e 4.56 apresentam o volume de óleo acumulado em cinco anos para os cenários 1 e 2,
respectivamente e as figuras 4.57 e 4.58 apresentam o volume de óleo acumulado em dez anos
para os cenários 1 e 2, respectivamente.
103
Figura 4.55: Produção de óleo acumulada – 5 anos (Cenário 1)
Figura 4.56: Produção de óleo acumulada – 5 anos (Cenário 2)
104
Figura 4.57: Produção de óleo acumulada – 10 anos (Cenário 1)
Figura 4.58: Produção de óleo acumulada – 10 anos (Cenário 2)
Para uma melhor visualização, a tabela 4.10 evidencia os valores exatos
acumulados para cada cenário.
105
Tabela 4.10: Volume de óleo produzido – 5 e 10 anos
Cenário Tempo de
Produção (anos) Volume de óleo acumulado (m³)
1 5 259 975
2 10 267 852
1 5 307 779
2 10 316 968
106
5 Conclusão
Este trabalho analisou, através de simulação numérica, como a geometria de
canhoneio afeta a produtividade de poços de petróleo, parâmetro de grande importância na
indústria de petróleo. Para esta análise, foi necessária uma grande abordagem acerca das
principais equações que regem o escoamento de fluidos em meios porosos, a fim de se obter a
Equação da Difusividade Hidráulica. A partir desta equação, foi preciso um estudo extenso no
que diz respeito a métodos numéricos para então adotar a metodologia mais adequada para este
estudo, que foram os Métodos dos Volumes Finitos e o Método IMPES.
Após abordagem teórica, toda modelagem matemática foi transferida para o
simulador. Nesta etapa, um grande estudo em determinação de grid, no que diz respeito à
critério de permeabilidades e análise de estabilidade foi realizado, a fim de se obter resultados
mais próximos do real e coerentes com a literatura.
De maneira geral, os resultados obtidos para os diversos cenários simulados foram
qualitativa e comparativamente satisfatórios. Pôde-se cumprir com o objetivo inicial do
trabalho que era de comprovar e comparar como diferentes tipos de aberturas do poço para
produção, ou seja, diferentes geometrias de abertura e penetração de canhoneio interferem
diretamente na produtividade de poços de petróleo. Entende-se que é de fundamental
importância para o profissional que trabalha na área, tomar esta decisão de forma acertada, de
acordo com as características do reservatório, a fim de conseguir a maior produtividade possível,
sem afetar negativamente o reservatório. Além disso, vale destacar a resposta da pressão de
fundo para cada cenário analisado. Esta propriedade se comportou como era esperado, decaindo
à medida que a produção se desenvolvia e se mantendo constante após alcançar a pressão de
bolha.
É importante destacar ainda que existem algumas melhorias que podem ser
implementadas neste trabalho para gerar resultados ainda mais realísticos. A principal delas é
quanto o refinamento do grid próximo ao poço. Neste trabalho, foi possível representar de forma
condizente com a realidade o intervalo de canhoneio. Entretanto, no que diz respeito á
geometria de penetração, devido à escolha de simulação de forma explícita para a saturação, a
análise ficou mais no campo comparativo. Isto porque não foi possível conciliar o refino da
107
malha próxima ao poço e ao mesmo tempo usar valores elevados para representar a
permeabilidade na zona afetada pelo canhoneio sem ocorrerem problemas de estabilidade.
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AHMED, T., Reservoir Engineering Handbook, 2nd Ed. Gulf Professional Publishing, Texas,
2000
BAREE, R.; COX, S; MISKIMINS, J.; GILBERT, J.; CONWAY, M.; Economic Optimization
of Horizontal Well Completions in Unconventional Reservoirs, SPE, Texas, 2014
BELLARBY, J., Well Completion Design, Elsevier, Oxford, 2009
CASTRO, Á, The Muskat Problem, Escola Superior Normale, Paris, 2012
COREY, A.T.: The Interrelation Between Gas and Oil Relative Permeabilities, Producers
Monthly, 1954
DAKE, L.P., Engenharia de Reservatórios, Ed. Campus/Elsevier, 2014
DANTAS, J., Influência da Areia Argilosa na Recuperação de Petróleo por Injeção de Vapor,
Dissertação de Mestrado, UFRN, Natal, 2009
DA SILVA, R., Simulação de Escoamento Bifásico Óleo-Água em Reservatórios de Petróleo
Usando Computadores Paralelos de Memória Distribuída, Tese de Doutorado, Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, 2008
ERTEKIN, T., ABOUT-KASSEM, J.H. e KING, G.R., Basic Applied Reservoir Simulation,
Texas, 2001
FURUI, K., Optimization of Horizontal Well-Completion Design With Cased/Perforated or
Slotted Liner Completions, SPE, 2007
GOMES, D., Completação, Instituto de Química, USP, 2014
109
HARRIS, D.P., Transactions of the Society of Mining Engineering, American Institute of
Mining Engineering, 1966
HARTMANN, H.G., Método dos Volumes Finitos Aplicado ao Escoamento Bifásico Óleo-
Água em Reservatórios de Óleo Considerando Efeitos de Aquecimento no Poço Produtor,
Projeto de Graduação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fevereiro 2011.
JIANG, L; TAO, Y.; YI, F.; On Muskat Problems, Departamento de Matemática da
Universidade de Suzhou, 1996
ROSA, Adalberto; CARVALHO, Renato; XAVIER, José, Engenharia de Reservatórios de
Petróleo, Ed. Interciência, Rio de Janeiro, 2011
ROSCOE, B; LENN, C.; Oil and Water Flow Rate Logging in Horizontal Wells Using
Chemical Markers and a Pulse-Neutron Tool, SPE, Abu Dhabi, 1996
SANTANA, R., Análise Numérica da Formação de Cones de Água em Reservatórios de
Petróleo, Projeto de Graduação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014
STANDING, M.B., Volumetric and Phase Behavior of Oil Field Hydrocarbon Systems, Nona
Edição. Richardson, Texas, 1981
110
APÊNDICE A
Representação da matriz permeabilidade com zona aberta do poço destacada
111
APÊNDICE B
Matriz de saturação inicial na zona do óleo, transição e aquífero
112
APÊNDICE C
Matriz de Saturação final (Cenário 1)
113
APÊNDICE D
Matriz de Pressão final (Cenário 1)
114
APÊNDICE E
Matriz de Saturação final (Cenário 2)
115
APÊNDICE F
Matriz de Pressão final (Cenário 2)
116
APÊNDICE G
Matriz de Saturação final (Cenário 3)
117
APÊNDICE H
Matriz de Pressão final (Cenário 3)
118
APÊNDICE I
Matriz de Saturação final (Cenário 4)
119
APÊNDICE J
Matriz de Pressão final (Cenário 4)
120
APÊNDICE K
Simulador de Produtividade de Canhoneio
Alunos: Lucas Cruz Silva
Renan da Venda Acosta
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148